Você está na página 1de 80

MD.

UnidadDidácticaGrupo(01)Pt

MÓDULO

FUNDAMENTOS DE ELETROTECNIA I

UNIDADE

CORRENTE ALTERNADA
UD009864_V(01)
CORRENTE ALTERNADA

ÍNDICE

OBJETIVOS ................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO............................................................................................. 4
1. FORMAS DE CORRENTE ELÉTRICA ....................................................... 5
1.1. CORRENTE UNIDIRECIONAL .......................................................................... 6
1.2. CORRENTE BIDIRECIONAL NÃO ALTERNADA.............................................. 7
1.3. CORRENTE BIDIRECIONAL ALTERNADA ...................................................... 7
1.4. CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL .......................................................... 8
1.4.1. PERÍODO ................................................................................................... 9
1.4.2. FREQUÊNCIA ............................................................................................. 9
1.4.3. PRODUÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL ................................... 11
1.4.4. AMPLITUDE MÁXIMA ............................................................................... 13
1.4.5. VALOR ALGÉBRICO MÉDIO ........................................................................ 14
1.4.6. VALOR EFICAZ ......................................................................................... 15
1.5. REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DA CORRENTE ALTERNADA
SINUSOIDAL .................................................................................................. 18
2. POTÊNCIAS TRIFÁSICAS ..................................................................... 24
3. TIPOS DE CIRCUITOS ........................................................................... 28
3.1. CIRCUITO PURAMENTE RESISTIVO ............................................................ 30
3.2. CIRCUITO PURAMENTE INDUTIVO .............................................................. 32
3.3. CIRCUITO PURAMENTE CAPACITIVO ......................................................... 38
3.4. CIRCUITO RL SÉRIE ....................................................................................... 41
3.5. CIRCUITO RC SÉRIE ...................................................................................... 49
3.6. CIRCUITO RLC SÉRIE .................................................................................... 56
4. SIMPLIFICAÇÃO DE CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA ............ 63
CONCLUSÃO ............................................................................................ 69

1
CORRENTE ALTERNADA

AUTOAVALIAÇÃO .................................................................................... 71
SOLUÇÕES ............................................................................................... 75
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 77

2
CORRENTE ALTERNADA

OBJETIVOS

Com esta unidade didática, pretendemos que adquira conhecimentos e compe-


tências para:

 Identificar as diferentes formas de onda.

 Representar as diferentes grandezas de um sinal alternado.

 Descrever o processo de obtenção de ondas sinusoidais.

 Analisar circuitos RL série, RC série e RLC série.

 Determinar as potências num circuito em corrente alternada.

3
CORRENTE ALTERNADA

INTRODUÇÃO

No início da produção de eletricidade utilizava-se apenas a corrente contínua, e


a cada dia que passava cada vez mais utilizadores consumiam esta forma de
energia. Desta maneira surgiu a necessidade de transportar essa energia das
centrais de produção de energia elétrica para os consumidores.

Inicialmente pensou-se em transportar a energia elétrica em corrente contínua


até aos consumidores, mas surgiram alguns problemas: para uma determinada
potência, por exemplo, 1 MW a 230 V, as linhas de transporte em corrente con-
tínua necessitariam de suportar correntes elevadíssimas, na ordem dos 4348 A,
o que provocaria um aumento de secção dos cabos que constituíam a linha,
aumentando exponencialmente os custos na construção das linhas de distribui-
ção de energia elétrica.

Este problema solucionou-se facilmente! Como? Simplesmente pensou-se em


elevar a tensão para a ordem dos 220 kV, desta maneira, conseguia-se diminuir
a intensidade de corrente que atravessavam as linhas, mas todo este esforço foi
em vão, visto que não era possível reduzir a tensão nas instalações dos consu-
midores.

A produção de corrente alternada começou a ser feita em 1832. Devido à pro-


dução dos transformadores trifásicos foi possível aumentar e diminuir os valo-
res de tensão junto às instalações dos consumidores. Mais tarde, conseguiu-se
também converter este tipo de corrente alternada em corrente contínua atra-
vés de circuitos retificadores.

4
CORRENTE ALTERNADA

1. FORMAS DE CORRENTE ELÉTRICA


Como sabemos, as correntes e tensões contínuas são grandezas que circulam
sempre no mesmo sentido (unidirecional) e têm um valor constante.

As grandezas elétricas podem classificar-se em função do tempo:

Para analisar este tipo de grandezas utiliza-se um parelho chamado Osciloscó-


pio. Através deste conseguimos visualizar as formas de onda das tensões, as
formas de onda das correntes, medir tensões, correntes e frequências.

5
CORRENTE ALTERNADA

Osciloscópio.

1.1. CORRENTE UNIDIRECIONAL

Uma corrente unidirecional é uma corrente cujo sentido não varia, mas cujo
valor ao longo do tempo não é necessariamente constante. A corrente contínua
é uma corrente unidirecional.

Três exemplos de correntes unidirecionais.

6
CORRENTE ALTERNADA

1.2. CORRENTE BIDIRECIONAL NÃO ALTERNADA

Uma corrente de sentido variável é uma corrente cujo sentido varia ao longo do
tempo. Podemos definir dois sentidos neste tipo de corrente, sentido positivo e
sentido negativo.

1.3. CORRENTE BIDIRECIONAL ALTERNADA

Uma corrente alternada:

 É uma corrente de sentido variável (bidirecional);

 É periódica dado que existe a repetição da sua configuração, ao longo


do tempo.

 Distingue-se por ter um valor médio algébrico nulo.

Nas ondas alternadas, o conjunto de valores assumidos, em cada um dos senti-


dos, designa-se por alternância ou semionda/ semiciclo. Analisando a figura
anterior pode verificar que existem então alternâncias positivas e alternâncias
negativas.

7
CORRENTE ALTERNADA

Corrente alternada triangular (esquerda) e corrente alternada quadrada (direita).

O conjunto de duas alternâncias consecutivas designa-se por ciclo.

Ciclo.

1.4. CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL

Uma corrente alternada sinusoidal é uma corrente alternada cujo valor é uma
função sinusoidal do tempo. Este tipo de corrente é a mais importante, dado
que a energia fornecida pela rede elétrica é produzida sob esta forma.

8
CORRENTE ALTERNADA

Corrente alternada sinusoidal.

1.4.1. PERÍODO

É o tempo que demoram duas alternâncias consecutivas, ou o tempo que é


gasto na duração de um ciclo. É representado pela letra T, e expressa-se em
segundos.

Período.

Na União Europeia a tensão e a corrente fornecida pela rede elétrica têm um


período de 0,02 s.

1.4.2. FREQUÊNCIA

Ao número de ciclos realizados num segundo, dá-se o nome de frequência.


Inicialmente a unidade da frequência denominava-se ciclos por segundo, atual-
mente a frequência é expressa por f e a sua unidade é o Hertz (Hz).

9
CORRENTE ALTERNADA

Múltiplos do Hertz:

 quilohertz – 1 kHz = 103 Hz - 1000 Hz;

 megahertz – 1 MHz = 106 Hz = 1000 000 Hz;

 gigahertz – 1 GHz = 109 Hz = 1000 000 000 Hz;

 terahertz – 1 THz = 1012 Hz = 1000 000 000 000 Hz;

A frequência e o período relacionam-se de forma inversa:

onde:

 f – frequência (hertz – Hz);

 T – período (segundos – s).

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

Problema 1 – Determine o período de uma onda al-


ternada de 50 Hz.
Solução:
T = 1/f = 1/50 = 0,02 s = 20 ms.
Problema 2 – Sabendo que o período de uma onda
alternada sinusoidal é de 50 ms, determine a fre-
quência da onda.
Solução:
f = 1/T = 1/(50∙10-3) = 20 Hz.

10
CORRENTE ALTERNADA

1.4.3. PRODUÇÃO DE CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL

A produção de corrente alternada é feita através de uma máquina elétrica rota-


tiva chamada de alternador.

Alternador de 12,5 kVA. Fonte: http://maqmami.com.br/prod/1003.

O alternador é constituído por uma parte rotativa (rotor) e uma parte estática
(estator). Na parte rotativa existe um eletroíman, que quando alimentado pro-
duz dois polos magnéticos, um polo norte e um polo sul. Na parte estática da
máquina existem bobinas onde se induzem f.e.m (forças eletromotrizes) quan-
do o rotor roda.

Produção de uma corrente alternada sinusoidal.

11
CORRENTE ALTERNADA

Em 1, o polo norte afasta-se (com uma velocidade constante), a corrente induzi-


da cria um polo sul para evitar esse afastamento. Quando o polo norte vai da
posição 1 para 2, a f.e.m aumenta. Em 2, a f.e.m é máxima, começando a dimi-
nuir à medida que o rotor se aproxima da posição 3.

Produção de uma corrente alternada sinusoidal.

Em 3, a f.e.m é nula porque o polo sul vai se afastar da bobina, induzindo nesta
bobina um polo norte, nesta fase existe uma inversão do sentido da f.e.m. Em 4,
a f.e.m é máxima (sentido contrário). O rotor volta de novo à posição 1, comple-
tando-se um ciclo de uma onda alternada sinusoidal. Se um rotor realizar 60
rotações por segundo, então a frequência gerada por esta máquina será de 60
Hz.

Produção de uma corrente alternada sinusoidal.

12
CORRENTE ALTERNADA

1.4.4. AMPLITUDE MÁXIMA

A amplitude é o valor máximo que a alternância atinge, ou seja, é o valor instan-


tâneo mais elevado pela grandeza em causa, seja esta, uma corrente, uma ten-
são ou uma f.e.m.

O valor máximo ou valor de pico representa-se por Um, Im, Em, UP, IP ou EP.

Como existem amplitudes positivas e negativas, o valor medido entre os dois


valores máximos, positivo e negativo, dá-se o nome de valor de pico a pico. O
valor de pico a pico representa-se por UPP, IPP ou EPP.

Amplitude.

O valor de pico a pico para esta forma de onda é dado por:

Caso tenhamos uma forma de onda de uma tensão alternada o valor de pico a
pico será:

13
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 IPP – valor de pico de uma corrente (ampere – A);

 UPP – valor de pico de uma tensão (volt – V);

 Im – valor máximo da corrente (ampere – A).

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique o seguinte exemplo:

Problema 3 – Sabendo que o valor máximo de uma


corrente alternada sinusoidal é de 5 A, determine o
valor de pico a pico para esta forma de onda.
Solução:
IPP = 2∙Im = 2∙5 = 10 A.

1.4.5. VALOR ALGÉBRICO MÉDIO

Para determinarmos o valor médio considera-se apenas metade do ciclo da


forma de onda, isto porque o valor médio de um ciclo é zero.

O valor médio de uma corrente sinusoidal, de uma alternância representa o


valor que a grandeza contínua deve possuir para transportar, no mesmo tempo,
a mesma quantidade de eletricidade.

Valor médio de uma corrente.

14
CORRENTE ALTERNADA

A relação entre o valor médio e o valor máximo é a seguinte:

no caso das tensões:

onde:

 Imed – valor algébrico médio de uma corrente (ampere – A);

 Umed – valor algébrico médio de uma tensão (volt – V);

 Im – valor máximo da corrente (ampere – A).

1.4.6. VALOR EFICAZ

O valor eficaz designa-se como o valor existente numa grandeza contínua, no


mesmo intervalo de tempo T, que produz a mesma quantidade de calor por
efeito de Joule, produzido pela mesma grandeza alternada.

Valor eficaz de uma corrente.

15
CORRENTE ALTERNADA

O valor eficaz representa-se por I, Ieficaz ,Irms, U, Ueficaz , Urms. No caso da cor-
rente alternada sinusoidal o valor eficaz é menor que o valor máximo.

Por exemplo, valor eficaz da corrente elétrica é dado por:

no caso das tensões:

onde:

 I – valor eficaz da corrente (ampere – A);

 U – valor eficaz da tensão (volt – V);

 Im – valor máximo da corrente (ampere – A);

 Um – valor máximo da tensão (volt – V).

Quando se indica o valor de uma corrente ou tensão em circuitos de corrente


alternada e não se especifica se este valor é máximo ou eficaz, consideramos
sempre que o valor é eficaz. Também é importante frisar que os aparelhos de
medida nos dão sempre indicação de valores eficazes.

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

16
CORRENTE ALTERNADA

Problema 4 – Um aquecedor é alimentado por uma


tensão alternada sinusoidal de 230 V. Determine o
valor máximo que esta tensão pode atingir.
Solução:

Um = U∙ = 230∙ = 325,27 V.
Problema 5 – Calcule o valor eficaz de uma corrente
sinusoidal cujo valor máximo é de 11 A.
Solução:

I = Im / = 11/ = 7,78 A.
Problema 6 – Dada a seguinte forma de onda, de-
termine a frequência da onda, o valor eficaz, o valor
pico a pico e o valor médio da tensão de uma alter-
nância.

Solução:
f = 1/T = 1/20∙10-3 = 50 Hz.

U = Um/ = 10/ = 7,07 V.


UPP = 2∙Um = 2∙10 = 20 V.
Umed = (2∙Um)/π = (2∙10)/π = 6,37 V.
Problema 7 – Um voltímetro está ligado a um circui-
to em corrente alternada, este indica no seu ecrã
uma tensão de 55 V. Determine o valor máximo da
tensão.

Um = U∙ = 55∙ = 77,78 V.

17
CORRENTE ALTERNADA

1.5. REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DA CORRENTE


ALTERNADA SINUSOIDAL

A figura anterior representa a construção de uma corrente alternada sinusoidal.


Em primeiro lugar necessitamos de traçar os eixos dos tempos e das intensida-
des de corrente. Na esquerda, temos uma circunferência com um raio de 3 cm
(corresponde a 3 A, ou seja, 1 cm = 1 A).

Necessitamos de traçar um vetor radial na posição inicial (posição 1), este vetor
radial à medida que roda no sentido anti-horário, a projeção vertical deste dá-
nos o valor da corrente nesse determinado instante.

Neste caso traçamos 12 posições, e transpomos as suas projeções para os pon-


tos no eixo do tempo e unimos estes pontos. Desta forma, quando o vetor re-
gressa à posição inicial, está completado um ciclo.

18
CORRENTE ALTERNADA

Para cada posição do vetor, o seno do ângulo que este faz com a horizontal é:

BA é o valor instantâneo i da corrente e OB é o valor da amplitude máxima Im.


Desta forma:

Fazendo :

O valor instantâneo de uma grandeza alternada sinusoidal (neste caso a tensão,


mas também poderá ser uma corrente) - u - pode representar-se matematica-
mente em função do tempo - t:

19
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 – valor instantâneo da tensão (volt – V);

 – velocidade angular (radianos por segundo – rad/s);

 Um – valor máximo da tensão (volt – V).

Como sabemos que a velocidade angular é o número de radianos varridos por


segundo, podemos afirmar que:

Quando os valores máximos das grandezas em estudo não coincidem com o


mesmo tempo, dizemos que as duas grandezas se encontram com uma dife-
rença de fase, encontram-se desfasadas.

Desfasamento entre duas grandezas sinusoidais.

20
CORRENTE ALTERNADA

Na figura anterior, a grandeza i2, parte do “0” e atinge o seu valor máximo em T/4.
A grandeza em estudo i1, parte andes de “0”, mas atinge o seu valor máximo antes
da grandeza i2 atingir o seu máximo. Desta forma podemos afirmar que as cor-
rentes estão desfasadas, já que os máximos de i1 não coincidem com os máximos
de i2. A grandeza que atinge em primeiro lugar o seu máximo está em avanço em
relação à outra grandeza. t0 é o desfasamento em tempo entre os máximos das
duas correntes. Neste caso podemos afirmar que i1 está em avanço em relação a
i2. Podemos também afirmar que i2 está em atraso em relação a i1.

Desta forma é importante estabelecer como se define o desfasamento entre


duas grandezas sinusoidais, sendo estas correntes ou tensões.

Vamos verificar os casos típicos de desfasamentos!

CASO 1 – EM FASE

Neste tipo de caso, as grandezas estão em fase, as grandezas assumem os valo-


res máximos ao mesmo tempo. Os vetores destas grandezas têm a mesma di-
reção e o mesmo sentido.

Correntes em fase.

21
CORRENTE ALTERNADA

CASO 2 – EM QUADRATURA

Neste tipo de caso, uma das grandezas está num máximo e a outra é nula. Os
vetores correspondentes entre estas duas grandezas formam um ângulo de 90º.

Neste caso, u2 está em quadratura e em atraso em relação a u1.

Tensões em quadratura.

22
CORRENTE ALTERNADA

CASO 3 – EM OPOSIÇÃO

Neste tipo de caso, as grandezas (no gráfico estão representadas f.e.m) anulam-
se ao mesmo tempo. Quando uma atinge um máximo positivo, a outra atinge
um máximo negativo. Os vetores fazem um ângulo de 180º.

23
CORRENTE ALTERNADA

2. POTÊNCIAS TRIFÁSICAS
Em todos os circuitos de corrente alternada, constituídos, por exemplo, por mo-
tores (bobines), baterias de acumulação (condensadores), lâmpadas, etc., exis-
tem sempre três tipos de potência, a aparente, a ativa e a reativa.

A potência ativa P é a potência que é efetivamente consumida num circuito. É


possível medir esta potência através de um Wattímetro em W.

A potência ativa é dada pela seguinte expressão:

onde:

 P – potência ativa (watt – W);

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A);

 U – tensão elétrica (volt – V);

 cos(φ) - fator potência.

De uma forma geral, a potência reativa Q não é consumida, a energia reativa


circula no circuito, sob forma de corrente.

24
CORRENTE ALTERNADA

Por exemplo, num circuito em corrente alternada com apenas com uma bobina,
a energia é armazenada numa bobina sob forma de campo magnético. Nos
condensadores esta forma de energia é armazenada sob campo elétrico.

De uma maneira geral, a potência reativa Q é a potência injetada pela reatân-


cia indutiva e pela reatância capacitiva na rede, não consumida. A potência rea-
tiva Q pode ser medida pelos Contadores de Energia Reativa.

A potência reativa Q é dada pela seguinte expressão:

onde:

 Q – potência reativa (volt. ampere-reativo – VAr);

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A);

 U – tensão elétrica (volt – V);

Quando um circuito é composto apenas por resis-


tências é designado de um circuito puramente resis-
tivo. Nesse caso, P = R∙I2 = U∙I = S, ou seja, a potência
ativa é igual à potencia aparente.

A potência aparente S é a potência que aparentemente se consome num cir-


cuito em corrente alternada. Esta potência exprime-se na unidade Volt. Ampere
(VA) e é dada pela seguinte expressão:

25
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 S – potência aparente (volt. ampere – VA);

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A);

 U – tensão elétrica (volt – V);

P
φ

Q S

Diagrama de potências.

Através de do diagrama anterior podemos determinar as seguintes expressões:

Através de uma projeção vetorial podemos relacionar estas três potencias.

26
CORRENTE ALTERNADA

O fator potência de um recetor ou de um circuito em corrente alternada é da-


do pelo quociente entre a potência ativa P e a potência aparente S. Na prática é
importante saber a razão entre a potência ativa e a potência aparente. De uma
maneira geral, esta é a razão entre a potencia realmente consumida P pela má-
xima potência que poderia ser consumida S.

onde:

 cos(φ) – fator potência (grandeza adimensional);

 S – potência aparente (volt. ampere – VA);

 P – potência ativa (watt – W).

27
CORRENTE ALTERNADA

3. TIPOS DE CIRCUITOS
Nos circuitos que utilizamos no dia a dia existem vários recetores, estes receto-
res comportam-se de maneira diferente quando estão submetidos à corrente
contínua (c.c) ou à corrente alternada (c.a).

Gerador C.A

Simbologia

Existem alguns componentes em que o seu modo de funcionamento é sempre


o mesmo quando funcionam em corrente contínua e corrente alternada, por
exemplo, as resistências.

28
CORRENTE ALTERNADA

Os circuitos elétricos são constituídos por três tipos de elementos elétricos:

Resistências Bobinas Condensadores

Os condensadores e as bobinas são muito utilizados em corrente alternada e


estes comportam-se de maneira diferente quando funcionam em c.a e c.c.

Em corrente alternada irá existir a aplicação da lei de Ohm. A sua fórmula é da-
da por:

onde:

 U – tensão elétrica ou diferença de potencial (volt – V);

 Z – impedância (ohm – Ω);

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A).

A impedância Z (oposição à passagem de corrente alternada) deriva da frequên-


cia imposta pelo sistema. Assim, em corrente alternada, a relação entre a tensão
e a corrente a uma dada frequência depende da impedância Z. A impedância Z
vai sempre depender de duas variáveis. Da componente óhmica que a resistência

29
CORRENTE ALTERNADA

elétrica impõe no circuito e da reatância que poderá ser de carácter indutivo, im-
posto pela bobina, ou de caracter capacitivo, imposto pelo condensador.

Sabemos que a resistência elétrica oferece uma oposição à passagem da cor-


rente elétrica no circuito. Mas e o condensador e a bobina que efeitos irão ofe-
recer à passagem da corrente?

Para perceber estes efeitos iremos estudar os seguintes circuitos.

3.1. CIRCUITO PURAMENTE RESISTIVO

Um circuito puramente resistivo é constituído por uma resistência puramente


óhmica e é alimentado por uma tensão alternada sinusoidal. Na figura seguinte
está representado um circuito puramente resistivo.

Circuito puramente resistivo.

Como o circuito não possui reatância verifica-se que Z = R, logo a tensão aplica-
da a este circuito pode ser determinada pela seguinte expressão:

Neste tipo de circuito, a corrente e a tensão encontram-se em fase, isto porque


a tensão e a corrente atingem o seu máximo no mesmo instante de tempo.

30
CORRENTE ALTERNADA

A figura abaixo representa a tensão aplicada e a corrente que circula neste tipo
circuito:

u,i

Umáx u
i
Imáx

i u

w
Tensão e corrente em fase.

As formas de onda da corrente e da tensão neste tipo de circuito são dadas


pelas seguintes expressões:

No diagrama vetorial representam-se os vetores das tensões, das correntes e


das impedâncias do circuito (neste caso Z = R). É também onde podemos repre-
sentar o ângulo de desfasamento das grandezas elétricas.

φ= 0º φ= 0º
U I U R
I
R
Diagrama vetorial de um circuito puramente resistivo.

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

31
CORRENTE ALTERNADA

Problema 8 – Uma resistência de 40 Ω é percorrida


por uma intensidade de corrente de 2 A. Determine a
tensão aplicada nesta resistência.
Solução:
U = Z∙I = R∙I = 40∙2 = 80 V.
Problema 9 – Sabe-se que um circuito em corrente
alternada é composto por uma carga resistiva de 300
Ω. Determine a corrente que atravessa esta carga
quando lhe é aplicada uma tensão de 15 V.
Solução:
I = U/R =15/300 = 0,05 A = 50 mA.

3.2. CIRCUITO PURAMENTE INDUTIVO

As bobinas puras têm resistência zero. Na prática não há bobinas puras, exis-
tem apenas bobinas em que o caráter resistivo da mesma é tão baixo que é
desprezado.

Quando aplicamos uma determinada tensão alternada a uma bobina, o valor da


corrente que atravessa a mesma será muito inferior comparando ao mesmo
valor de tensão, quando aplicado em corrente contínua.

Ensaio Leitura

U (V) I (A)

c.c 30 0,4

c.a 30 0,03

Isto quer dizer o quê?

A bobina em corrente contínua comporta-se simplesmente como uma resistên-


cia, digamos que é simplesmente a resistência do fio.

32
CORRENTE ALTERNADA

Em c.c:

Quando aplicamos à bobina uma tensão alternada verificamos que o quociente


entre a tensão e a corrente atingiu um valor mais elevado, que seria de 1000 Ω.

Esta oposição à passagem de corrente num circuito é denominada de impe-


dância Z do circuito.

onde:

 Z – impedância (ohm – Ω);

 U – tensão aplicada em c.a (volt – V);

 I – intensidade de corrente (ampere – A).

A impedância Z desta bobina seria então de 1000 Ω. A razão pela qual existe
esta diferença de valores entre c.c e c.a é devida às Leis de Faraday e Lenz, isto
é, quando uma bobina é percorrida por uma corrente alternada existe uma rea-
ção magnética, causando uma oposição à passagem de corrente, esta oposição
é chamada de reatância indutiva XL, causando assim uma impedância Z eleva-
da.

A relação matemática entre a resistência R, a reatância indutiva XL e a impedân-


cia Z é a seguinte:

33
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 Z – impedância (ohm – Ω);

 R – resistência (ohm – Ω);

 XL – reatância indutiva (ohm – Ω).

Isto quer dizer que:

Então conseguimos afirmar que só existe uma reatância indutiva em circuitos


em corrente alternada, já que é estritamente necessário que exista uma varia-
ção de fluxo magnético para que exista esta reatância indutiva XL.

A reatância indutiva de uma bobine é tanto maior quanto maior for a frequên-
cia f da tensão alternada e tanto maior quanto maior for o coeficiente de au-
toindução L ou indutância L.

Uma fórmula muito utilizada para calcular a indutância L de uma bobina com
um núcleo de ferro é:

34
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 L – indutância (henry – H);

 N – número de espiras;

 S – secção da espira (metro quadrado – m2);

 – comprimento da bobina (metros – m);

 – permeabilidade magnética do núcleo (henry por metro – H m-1).

Um circuito puramente indutivo é um circuito formado por uma bobina pura


(o caráter resistivo da bobina é zero) e é alimentado por uma tensão alterna-
da sinusoidal. Na figura seguinte está representado um circuito puramente in-
dutivo.

Circuito puramente indutivo.

A Lei de Ohm aplicada para este tipo de circuitos de corrente alternada é dada
por:

onde:

 U – tensão elétrica (volt – V).;

 Z – impedância (ohm – Ω);

35
CORRENTE ALTERNADA

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A);

 XL – reatância indutiva (ohm – Ω).

Como neste tipo de circuito só existe componente indutiva, a impedância Z é


igual à reatância indutiva XL.

A reactância indutiva XL é expressa na seguinte fórmula:

onde:

 XL – reatância indutiva (ohm – Ω);

 f – frequência (hertz – Hz);

 L – coeficiente de autoindução ou indutância (henry – H).

Neste tipo de circuito, a corrente e a tensão encontram-se desfasadas, isto por-


que a tensão atinge o seu máximo primeiro que a corrente.

u,i

Umáx u
Imáx
i
u
i φ= - 90º t

w
Desfasamento entre a tensão e a corrente num circuito puramente indutivo.

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

36
CORRENTE ALTERNADA

Problema 10 – Uma bobina de indutância de 0,25 H


está a ser alimentada por uma tensão alternada de
60 V, 400 Hz. Determine a impedância do circuito e a
corrente fornecida pela fonte.
Solução:
Z = XL = 2∙π∙f∙L = 2∙π∙400∙0,25 = 628,32 Ω.
I = U/Z = U/XL = 60/628,32 = 0,095 A = 95 mA.
Problema 11 – Uma bobina com um reatância indu-
tiva de 5 Ω está a ser alimentada por uma tensão al-
ternada de 15 V. Determine a intensidade de corren-
te que percorre esta bobina.
Solução:
I = U/Z = U/XL = 15/5 = 3 A.

O ângulo de desfasamento entre a tensão e a corrente neste tipo de circuitos é


de 90º. Isto porque quando uma das grandezas atinge o seu valor máximo a
outra atinge, no exato momento, o seu valor mínimo. Nos circuitos puramente
indutivos a corrente encontra-se sempre em atraso, em relação à tensão. As
formas de onda da corrente e da tensão são dadas pelas seguintes expressões:

No diagrama vetorial, a tensão e a corrente representam-se em quadratura,


com um ângulo de fase (φ) de -90˚, com a corrente em atraso em relação à
tensão.

37
CORRENTE ALTERNADA

φ= -90º
U

Z
Diagrama vetorial de um circuito puramente indutivo.

3.3. CIRCUITO PURAMENTE CAPACITIVO

Um circuito puramente capacitivo é um circuito constituído por um condensa-


dor e é alimentado por uma tensão alternada sinusoidal. Na figura seguinte está
representado o circuito puramente capacitivo.

Circuito puramente capacitivo.

A Lei de Ohm aplicada para este tipo de circuitos de corrente alternada é dada
por:

38
CORRENTE ALTERNADA

onde:

 U – tensão elétrica (volt – V);

 Z – impedância (ohm – Ω);

 I – intensidade de corrente elétrica (ampere – A);

 XC – reatância capacitiva (ohm – Ω).

Como neste tipo de circuito só existe componente capacitiva, a impedância Z é


igual à reatância capacitiva XC.

A reactância capacitiva XC é expressa na seguinte fórmula:

onde:

 XC – reatância capacitiva (ohm – Ω);

 f – frequência (hertz – Hz);

 C – capacidade ou capacitância (farad – F).

Neste tipo de circuito, a corrente e a tensão encontram-se desfasadas, isto por-


que a corrente atinge o seu máximo primeiro que a tensão.

Desfasamento entre a tensão e a corrente num circuito puramente capacitivo.

39
CORRENTE ALTERNADA

À semelhança do circuito anterior, o ângulo de desfasamento entre a tensão e a


corrente neste tipo de circuitos é de 90º. Isto porque quando uma das grande-
zas atinge o seu valor máximo a outra atinge, no exato momento, o seu valor
mínimo.

Mas nos circuitos capacitivos a corrente encontra-se sempre em avanço em


relação à tensão.

As formas de onda da corrente e da tensão são dadas pelas seguintes expres-


sões:

No diagrama vetorial a tensão e a corrente representam-se em quadratura, com


um ângulo de fase (φ) de 90˚ com a corrente em avanço em relação à tensão.

Z
I
φ= 90º U

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

40
CORRENTE ALTERNADA

Problema 12 – Determine a intensidade de corrente


que percorre um circuito em corrente alternada
composto por um condensador de 2 µF, quando este
é alimentado por uma tensão alternada de 60 V, 200
Hz.
Solução:
Z = XC = 1/(2∙π∙f∙C) = 1/(2∙π∙200∙2∙10-6) = 397,89 Ω.
I = U/Z = U/XL = 60/397,89 = 0,151 A = 151 mA.
Problema 13 – Um circuito puramente capacitivo é
composto por um condensador de 25 µF, é alimen-
tado por uma tensão alternada de 90 V, 100 Hz. De-
termine a impedância deste circuito.
Solução:
Z = XC = 1/(2∙π∙f∙C) = 1/(2∙π∙100∙25∙10-6) = 63,66 Ω.
Problema 14 – Um condensador é alimentado por
uma tensão alternada de 120 V, 50 Hz é percorrido
por uma intensidade de corrente de 0,7 A. Calcule a
reatância capacitiva e a capacidade do condensador.
Solução:
XC = U/I = 120/0,7 = 171,43 Ω.
C = 1/(2∙π∙f∙ XC) = 1/(2∙π∙50∙171,43) = 18,57 µF.

3.4. CIRCUITO RL SÉRIE

É um circuito constituído por uma bobine e uma resistência associados em série,


como se mostra no seguinte circuito representado. Este tipo de circuitos é muito
utilizado na produção de campos magnéticos alternados (motores, alternado-
res, transformadores, etc.) e para a limitação de correntes alternadas.

41
CORRENTE ALTERNADA

Circuito RL.

Neste tipo de circuito é aplicada uma tensão alternada U, desta forma, o circuito
é percorrido por uma intensidade de corrente I. A oposição à passagem de cor-
rente alternada neste tipo de circuito é chamada de impedância Z (efeito con-
junto entre R e XL).

Neste tipo de circuito, a corrente e a tensão encontram-se desfasadas. A indu-


tância imposta no circuito faz com que esta crie um desfasamento entre a cor-
rente e a tensão.

Como a tensão elétrica atinge o seu valor máximo antes do valor máximo da
corrente, podemos concluir que, neste tipo de circuitos, a tensão elétrica en-
contra-se em avanço em relação à corrente.

u,i

u i Umáx
Imáx
u
φ
i t

w
Desfasamento entre a tensão e a corrente num circuito RL série.

42
CORRENTE ALTERNADA

Pelo estudo do circuito puramente resistivo e puramente indutivo, sabemos que


a corrente que circula no circuito encontra-se em fase com a tensão aplicada à
resistência UR e que a mesma corrente se encontra desfasada de 90º da tensão
aplicada na bobina UL.

Diagrama vetorial e Triângulo das tensões.

Desta forma, podemos afirmar que a tensão aplicada ao circuito é:

onde:

 U – tensão aplicada ao circuito (volt – V);

 UR – tensão aplicada na resistência (volt – V);

 UL – tensão aplicada na bobina (volt – V).

Esta expressão é essencial caso queiramos calcular a tensão aplicada no circui-


to, na resistência ou na bobina.

43
CORRENTE ALTERNADA

Se dividirmos as tensões pela corrente neste tipo de circuito, teremos o triângu-


lo das impedâncias.

Triângulo das impedâncias.

A impedância (oposição total à passagem de corrente alternada) neste tipo de


circuitos é medida em Ohm (Ω), é representada pela letra Z e é dada pela se-
guinte expressão:

44
CORRENTE ALTERNADA

Triângulo das impedâncias, tensões e potências.

Com os três triângulos, das potências, tensões e potências podemos obter to-
das as fórmulas relacionadas com um circuito RL série:

Tensões:

45
CORRENTE ALTERNADA

Potências:

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das impedâncias:

46
CORRENTE ALTERNADA

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das tensões:

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das potências:

Desta forma temos várias expressões para calcular todas as grandezas neste
tipo de circuitos, podemos obter todas estas fórmulas através dos triângulos
das potências, impedâncias e tensões.

47
CORRENTE ALTERNADA

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

Problema 15 – Uma bobina, com indutância de 0,3 H


e uma resistência de 40 Ω estão associadas em série,
estas são alimentados por uma tensão eficaz de 220
V, 45 Hz. Calcule:
a) A reatância da bobina.
b) A impedância do circuito.
c) A intensidade absorvida.
d) As tensões UR e UL.
e) O ângulo φ.
f) A potência ativa, reativa e aparente deste cir-
cuito.
Solução:
a) XL = 2∙π∙f∙L = 2∙π∙45∙0,3 = 84,82 Ω.

b) Z = = 93,78 Ω.
c) I = U/Z = 220/93,78 = 2,35 A.
d) UR = R∙I = 40∙2,35 = 94 V.
UL = XL∙I = 84,82∙2,35 = 199,33 V.
e) cos(φ) = R/Z = 40/93,78 = 0,43 ⇔ φ = cos-1(0,43) =
64,53°.
f) P = UR∙I = 94∙2,35 = 220,9 W.
Q = UL∙I = 199,33∙2,35 = 468,43 VAr.
S = U∙I = 220∙2,35 = 517 VA.

48
CORRENTE ALTERNADA

3.5. CIRCUITO RC SÉRIE

Um circuito RC série é um circuito constituído por um condensador e uma resis-


tência associados em série.

Circuito RC série.

Neste tipo de circuito é aplicada uma tensão alternada U, desta forma, o circuito
é percorrido por uma intensidade de corrente I. A oposição à passagem de cor-
rente alternada neste tipo de circuito é chamada de impedância Z (efeito con-
junto entre R e XC).

Neste tipo de circuito, a corrente e a tensão encontram-se desfasadas. A capaci-


tância imposta no circuito faz com que esta crie um desfasamento entre a cor-
rente e a tensão.

Como a corrente elétrica atinge o seu valor máximo, antes do valor máximo da
tensão, podemos concluir que a corrente elétrica se encontra em avanço em
relação à tensão.

49
CORRENTE ALTERNADA

u,i

u Umáx
Imáx
i
i
φ
u
t

w
Desfasamento entre a tensão e a corrente num circuito RC série.

Sabemos pelo estudo do circuito puramente resistivo e puramente capacitivo


que a corrente que circula no circuito encontra-se em fase com a tensão aplica-
da à resistência UR e que a mesma corrente se encontra desfasada de 90º da
tensão aplicada no condensador UC.

Diagrama vetorial.

Desta forma, podemos afirmar que a tensão aplicada ao circuito é:

onde:

 U – tensão aplicada ao circuito (volt – V);

 UR – tensão aplicada na resistência (volt – V);

50
CORRENTE ALTERNADA

 UC – tensão aplicada no condensador (volt – V).

Esta expressão é essencial caso queiramos calcular a tensão aplicada no circui-


to, na resistência ou no condensador.

Se dividirmos as tensões pela corrente neste tipo de circuito, teremos o triângu-


lo das impedâncias.

Triângulo das impedâncias.

A impedância (oposição total à passagem de corrente alternada) neste tipo de


circuitos é medida em Ohm (Ω), é representada pela letra Z e é dada pela se-
guinte expressão:

51
CORRENTE ALTERNADA

Triângulo das impedâncias, tensões e potências.

Com os três triângulos, das potências, tensões e potências podemos obter to-
das as fórmulas relacionadas com um circuito RC série:

Tensões:

52
CORRENTE ALTERNADA

Potências:

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das impedâncias:

53
CORRENTE ALTERNADA

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das tensões:

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das potências:

Desta forma temos várias expressões para calcular todas as grandezas neste
tipo de circuitos, podemos obter todas estas fórmulas através dos triângulos
das potências, impedâncias e tensões.

54
CORRENTE ALTERNADA

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

Problema 16 – Um condensador de 20 µF e uma re-


sistência de 80 Ω estão associados em série, estes
são alimentados por uma tensão eficaz de 250 V, 50
Hz. Calcule:
a) A reatância capacitiva.
b) A impedância do circuito.
c) A intensidade absorvida.
d) As tensões UR e UC.
e) O ângulo φ.
f) A potência ativa, reativa e aparente deste cir-
cuito.
Solução:
a) XC = 1/(2∙π∙f∙C) = 1/(2∙π∙50∙20∙10-6) = 159,15 Ω.

b) Z = = 178,13 Ω.
c) I = U/Z = 250/178,13 = 1,40 A.
d) UR = R∙I = 80∙1,40 = 112 V.
UC = XC∙I = 159,15∙1,40 = 222,81 V.
e) cos(φ) = R/Z = 80/178,13 = 0,45 ⇔ φ = cos-1(0,45) =
63,26°.
f) P = UR∙I = 112∙1,40 = 156,8 W.
Q = -XC∙I2 = -159,15∙1,402 = -311,93 VAr.
S = U∙I = 250∙1,40 = 350 VA.

55
CORRENTE ALTERNADA

3.6. CIRCUITO RLC SÉRIE

Um circuito RLC série é um circuito constituído por uma bobine, um condensa-


dor e uma resistência associados em série, como se mostra no seguinte circuito
representado.

Circuito RLC série.

Pelo estudo dos circuitos RL série e RC série, sabemos que a corrente que circu-
la em ambos os circuitos encontra-se em fase com a tensão da resistência UR e
que a mesma corrente encontra-se desfasada de 90º da tensão do condensa-
dor UC e da tensão da bobine UL.

Num circuito RLC série, podemos afirmar que a tensão aplicada ao circuito é:

onde:

 U – tensão aplicada ao circuito (volt – V);

 UR – tensão aplicada na resistência (volt – V);

 UL – tensão aplicada na bobina (volt – V);

 UC – tensão aplicada no condensador (volt – V).

56
CORRENTE ALTERNADA

Esta expressão é essencial caso queiramos calcular a tensão aplicada no circui-


to, na resistência, na bobina e no condensador.

Os circuitos RLC série podem ser divididos em três tipos:

 Circuito indutivo – um circuito RLC série é um circuito indutivo quando


UL > UC e XL > XC.

Triângulo das impedâncias, tensões e potências num circuito RLC com caráter indutivo.

 Circuito capacitivo – um circuito RLC série é um circuito capacitivo


quando UC > UL e XC > XL.

57
CORRENTE ALTERNADA

Triângulo das impedâncias, tensões e potências num circuito RLC com caráter capacitivo.

 Circuito resistivo puro - um circuito RLC série é um circuito resistivo pu-


ro quando UC = UL e XC = XL. Neste caso o circuito entrará em ressonân-
cia. O estudo da ressonância em circuitos de corrente alternada não
será abordado nesta formação.

Diagrama vetorial das tensões de um circuito RLC com caráter resistivo puro.

Neste tipo de circuito só faz sentido desenhar graficamente o desfasamento


entre a corrente elétrica e a tensão quando se souber se o circuito tem cará-
ter indutivo ou caráter capacitivo.

A impedância (oposição total à passagem de corrente alternada) neste tipo de


circuitos é medida em Ohm (Ω), é representada pela letra Z e é dada pela se-
guinte expressão:

Com os três triângulos, das potências, tensões e potências podemos obter to-
das as fórmulas relacionadas com um circuito RLC série:

58
CORRENTE ALTERNADA

Tensões:

Potências:

A potência reativa total Q de um circuito RLC série é dada pela soma das po-
tências reativas da bobine QL e do condensador QC.

59
CORRENTE ALTERNADA

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das impedâncias:

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das tensões:

60
CORRENTE ALTERNADA

Seno, cosseno e tangente dos ângulos φ do triângulo das potências:

Desta forma temos várias expressões para calcular todas as grandezas neste
tipo de circuitos, podemos obter todas estas fórmulas através dos triângulos
das potências, impedâncias e tensões.

Antes de prosseguir com o seu estudo verifique os seguintes exemplos:

61
CORRENTE ALTERNADA

Problema 17 – Um condensador de 30 µF, uma bo-


bina de 0,4 H e uma resistência de 60 Ω estão asso-
ciados em série, são alimentados por uma tensão efi-
caz de 140 V, 75 Hz. Calcule:
a) A reatância capacitiva.
b) A reatância indutiva.
c) A impedância do circuito.
d) A intensidade absorvida.
e) As tensões UR, UL e UC.
f) O ângulo φ.
g) A potência ativa, reativa e aparente deste cir-
cuito.
Solução:
a) XC = 1/(2∙π∙f∙C) = 1/(2∙π∙75∙30∙10-6) = 70,74 Ω.
b) XL = 2∙π∙f∙L = 2∙π∙75∙0,4 = 188,50 Ω.

c) Z =

= 132,16 Ω.
d) I = U/Z = 140/132,16 = 1,06 A.
e) UR = R∙I = 60∙1,06 = 63,60 V.
UL = XL∙I = 188,50∙1,06 = 199,81 V.
UC = XC∙I = 70,74∙1,06 = 74,98 V.
f) cos(φ) = R/Z = 60/132,16 = 0,45 ⇔ φ = cos-
1
(0,45) = 63,26°.
g) P = UR∙I = 63,60∙1,06 = 67,42 W.
QL = XL∙I2 = 188,50∙1,062 = 211,80 VAr.
QC = -XC∙I2 = 70,74∙1,062 = -79,48 VAr.
Q = QL + QC = 211,80+(-79,48) = 132,32 VAr.
S = U∙I = 140∙1,06 = 148,40 VA.

62
CORRENTE ALTERNADA

4. SIMPLIFICAÇÃO DE CIRCUITOS EM
CORRENTE ALTERNADA

Por vezes é necessário agrupar um conjunto de condensadores, bobinas ou


resistências, estes podem estar associados em série, em paralelo ou em associ-
ações mistas.

C1 C2 C1

C2
a)

b)

A capacidade equivalente C de um agrupamento de condensadores em parale-


lo será simplesmente a soma das capacidades de todos os condensadores exis-
tentes no circuito, ou seja:

com:

 C – capacidade (farad - F).

63
CORRENTE ALTERNADA

A capacidade equivalente C de um agrupamento de condensadores em série


será o inverso da soma dos inversos da capacidade dos condensadores existen-
tes neste agrupamento, ou seja:

com:

 C – capacidade (farad - F).

Se pretendermos determinar a resistência total equivalente de um circuito


composto por resistências associadas em série, a resistência equivalente é igual
à soma das resistências que compõem o circuito, teremos então:

com:

 RT – resistência total equivalente (ohm - Ω).

Se pretendermos determinar a resistência total de um agrupamento de resis-


tências associadas em paralelo teremos que saber que o inverso da resistência
equivalente de uma associação de resistências em paralelo é igual à soma dos
inversos das resistências parciais:

64
CORRENTE ALTERNADA

com:

 RT – resistência total equivalente (ohm - Ω).

L1
L1 L2

L2
a) b)
Agrupamento em série a) e agrupamento em paralelo b) de indutâncias (bobinas).

Se pretendermos determinar a indutância total equivalente de um circuito


composto por indutâncias associadas em série, a indutância equivalente é igual
à soma das indutâncias que compõem o circuito, teremos então:

com:

 LT – indutância total equivalente (henry - H).

Se pretendermos determinar a indutância total equivalente de um agrupamen-


to de indutâncias associadas em paralelo teremos de saber que o inverso da
indutância total equivalente de uma associação de indutâncias em paralelo é
igual à soma dos inversos das indutâncias parciais:

com:

 LT – indutância total equivalente (henry - H).

65
CORRENTE ALTERNADA

EXEMPLO - Na figura seguinte está representado um circuito RLC série em cor-


rente alternada. Pretende-se simplificar o circuito de maneira a que tenhamos
apenas um elemento resistivo, um elemento capacitivo e um elemento indutivo.

R1 L1 C1

150Ω 14mH
1µF
L2
C2
1mH

10µF
R2

1kΩ
Circuito RLC.

Passo 1 – Simplificar os elementos que se encontram associados em para-


lelo.

Analisando o circuito da figura podemos afirmar que as bobinas L1 e L2 estão


associadas em paralelo. A indutância total equivalente será:

R1 L C1

150Ω 0.933mH
1µF
C2

10µF
R2

1kΩ
Circuito RLC - indutância equivalente.

66
CORRENTE ALTERNADA

Analisando o circuito da figura podemos afirmar que os condensadores C1 e C2


estão associados em paralelo. A capacitância total equivalente será:

R1 L C

150Ω 0.933mH
11µF

R2

1kΩ
Circuito RLC - capacidade equivalente.

Passo 2 – Simplificar os elementos que se encontram associados em série.

Analisando o circuito da figura podemos afirmar que as resistências R1 e R2 es-


tão associadas em série. A resistência total equivalente será:

R L C

1150Ω 0.933mH
11µF

Circuito RLC simplificado.

67
CORRENTE ALTERNADA

CONCLUSÃO

Nesta unidade didática estabelecemos os princípios básicos sobre corrente


alternada; alguns dos conceitos serão muito importantes ao longo da sua for-
mação.

Na corrente alternada a forma de representação mais comum é a forma de on-


da de uma corrente alternada sinusoidal.

A partir deste tipo de representação podemos determinar o seu período, a sua


frequência, a sua amplitude, o seu valor médio e o seu valor eficaz. Também
será possível comparar uma forma de onda com outras formas de onda a fim
de saber qual é o desfasamento entre elas.

Os circuitos mais comuns e utilizados em corrente alternada são:

 RL série.

 RC série.

 RLC série.

69
CORRENTE ALTERNADA

AUTOAVALIAÇÃO

1. O paralelo entre três condensadores de 10 µF é de:

a) 10 µF.

b) 20 µF.

c) 30 µF.

d) 50 µF.

2. Uma grandeza é periódica quando:

a) Mantém os valores constantes ao longo do tempo.

b) Repete os mesmos valores ao fim de um intervalo de tempo.

c) Consegue dissipar energia ao fim de um intervalo de tempo.

d) Consegue gerar energia ao fim de um intervalo de tempo.

3. A amplitude é:

a) O valor médio assumido pela onda, ao longo do período.

b) O valor médio assumido pela onda, ao longo de um ciclo.

c) O valor máximo assumido pela onda, ao longo do período.

d) O valor eficaz assumido pela onda, ao longo de um ciclo.

71
CORRENTE ALTERNADA

4. As correntes elétricas unidirecionais podem ser:

a) Não alternadas.

b) Alternadas.

c) Contínuas.

d) Bidirecionais.

5. A unidade de medida da frequência é o:

a) Volt.

b) Hertz.

c) Ohm.

d) Watt.

6. Uma lâmpada absorve da rede uma corrente cuja amplitude é de 2 A.


Determine o valor eficaz da corrente.

a) 0,55 A.

b) 0,94 A.

c) 1,41 A.

d) 2,83 A.

7. Determine o período de uma forma de onda de 80 Hz.

a) 10,5 ms.

b) 11,5 ms.

c) 12,5 ms.

d) 20 ms.

72
CORRENTE ALTERNADA

8. Um condensador, alimentado por uma tensão alternada sinusoidal de


230 V, 60 Hz é percorrido por uma intensidade de corrente de 0,92 A.
Determine a reatância capacitiva.

a) 250 Ω.

b) 325 Ω.

c) 375 Ω.

d) 500 Ω.

9. Uma resistência de 120 Ω está ligada em série com um condensador


de 20 µF, este circuito é alimentado por uma tensão alternada de 150
V, 50 Hz. Determine a tensão UC.

a) 39,70 V.

b) 51,10 V.

c) 89,50 V.

d) 119,70 V.

10. Um circuito RLC série é constituído por uma resistência de 50 Ω, um


condensador de 150 µF e uma bobina de 0,5 H. Este circuito é alimen-
tado por uma tensão de 100 V, 50 Hz. Calcule a tensão parcial UL.

a) 9,39 V.

b) 21,73 V.

c) 108,40 V.

d) 146,50 V.

73
CORRENTE ALTERNADA

SOLUÇÕES

1. c 2. b 3. c 4. c 5. b

6. c 7. c 8. a 9. d 10. c

75
CORRENTE ALTERNADA

BIBLIOGRAFIA

 Carreira Matias, José Vagos (2015), vol 1, Eletricidade e Eletrónica. Lisboa:


Didáctica Editora.

 Carreira Matias, José Vagos (1997), vol 3, Eletricidade 10.º Ano. Lisboa:
Didáctica Editora.

 Maqmami (s.d.). Disponível em: http://maqmami.com.br/prod/1003.

 Morais, Simões (2011), Elementos de Eletricidade. Porto: Porto Editora.

 Rodrigues, José (1991), Eletrotecnia Corrente Alternada. Lisboa: Didáctica


Editora.

77

Você também pode gostar