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ELEMENTOS do ESTI LO TIPOGRÁFICO

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ELEMENTOS DO ESTILO TIPOGRÁFICO


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ELEMENTOS do
ESTILO TIPOGRÁFICO
versão 3 o
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Robert Bringhurst
tradução de André Stolarski

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COSACNAIFY
aos meus colegas & amigos

nos mundos das letras:

escritores & revisores,

designers de tipos, tipógrafos,

gráficos & editores,

guiando palavras e livros

por seus caminhos inocentes e letais


SNL
NK

I
SUMÁRIO

Apresentação da edição brasileira 9

Prefácio 15

1 Oprojeto maior 23

2 Ritmo «proporção 32

3 Harmonia & contraponto 54

4 Formas & dispositivos estruturais 71

5 Símbolos não alfabéticos 86

6 Escolhendo & combinando tipos 105

7 Interlúdio histórico 133

8 Dando forma à página 159

g O que há de mais avançado 195

10 Preparando a fonte 216

11 Olhando os catálogos de amostras 229

APÊNDICE A: Oalfabeto ativo 315

APÊNDICE B: Glossário de caracteres 329

APÊNDICE C: Glossário de termos tipográficos 352

APÊNDICE D: Designers detipos 366

APÊNDICE E: Fundições tipográficas 380

Leitura adicional 392

Posfácio à terceira edição 400

Glossário inglês-português 402

Índice remissivo 407


me meme s comumçm me son - — DO PRO pr O e O IT RD DT RR TT PM DT Pg m
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA

Numa época em que os debates sobre design gráfico e tipografia


dão grande destaque à ruptura dos limites estabelecidos pelas
tradições de ofício e por certas doutrinas modernas, não deixa
de ser curioso o estrondoso sucesso deste livro. Além disso, ele
não parece ser diferente de outros livros e manuais de tipografia
que se baseiam na tradição, e mesmo em relação a estes parece
estar em desvantagem: não traz exemplos práticos de trabalhos
profissionais, reduz as ilustrações ao indispensável, não tem repro-
duções fotográficas e possui um texto denso, que.cobre a maioria
de suas páginas. Mesmo assim, é quase impossível encontrar uma
lista de livros essenciais sobre.tipografia que não o inclua em
seus primeiros postos. Traduzido para dezenas de línguas, chega
à sua.terceira edição como uma unanimidade entre designers
gráficos do mundo inteiro. Qual é, afinal de contas, a razão desse
fenômeno?
À resposta está escondida em uma definição específica de
estilo literário que inspirou o título do livro e que aparece logo
de início: “O estilo literário, diz Walter Benjamin,'é o poder de
mover-se livremente pelo comprimento e pela largura do pensa-
mento tingistico sem deslizar para a banalidade: Estilo tipográ-
fico, nesse sentido amplo e inteligente da palavra, não significa
nenhum estilo em particular - meu estilo, seu estilo, neoclássico
ou barroco, mas o poder de mover-se livremente por todo o do-
mínio da tipografia e de agir a cada passo de maneira graciosa e
vital, sem ser banal? É essa pretensão ambiciosa - dar ao leitor
as informações necessárias para alcançar essa liberdade instru-
mental e, sobretudo, intelectual - que o diferencia dos manuais
práticos, dos compêndios históricos e dos volumes introdutórios
sobre o assunto.
Quem tem ou já leu qualquer livro sobre o tema sabe que
existem duas maneiras clássicas de começar a falar sobre tipogra-
fia. Uma delas é paradigmática e parte de elementos específicos,
como a constituição das letras, para.chegar ao todo, à obra gráfica
completa. Seu interesse principal recai sobre os componentes da
tipografia. A outra é prática. Ela parte de uma situação fictícia
em que o designer deve começar do zero, definindo um a um os
formatos, materiais e componentes gráficos que completarão o
trabalho; nela, o interesse é fundamentalmente utilitário.
Neste livro, o interesse central é o texto; ele é a razão de ser da
tipografia. Se pensarmos na generalidade de um escrito qualquer,
talvez essa afirmação careça de força para justificar um livro; mas
basta constatar que o conhecimento humano deveu sobretudo à
tipografia o mérito de sua duração para que a coisa mude de figu-
ra. Mais do que isso: a história da tipografia é também a história.
Apresentação de sua tentativa de fazer jus aos textos que ela concretizou, de
da edição produzir-seà sua semelhança, com a mesma qualidade, poesia e
brasileira sofisticação. Não por acaso, esta é a primeira afirmativa do autor:
“A tipografia existe para honrar seu conteúdo”.
Com toda essa carga, digamos assim, intelectual, coma é pos-
sível que este seja um livro ininterruptamente recheado de infor-
mações práticas quase indissociáveis das discussões teóricas?
A resposta para isso, é claro, já foi dada, Se a tipografia pre--
cisa honrar seu conteúdo, se a principal tarefa do tipógrafo, nas
palavras do autor, é descobrir “a lógica externa da tipografia na
lógica interna do texto” não existe probléma tipográfico que não
seja, também, um problema de linguagem. Esse é, com efeito, o
vetor do livro, a chave para entender a segiiência de seus capí-
tulos e a razão pela qual ele trata desde o início, sem cerimônias,
de questões como o espacejamento de letras e palavras ou dos
modos de recuar um parágrafo. Este livro não é, enfim, apenas o
produto de um intelectual ou de um praticante, mas de alguém
que pensa enquanto faz. Por isso mesmo, não organiza conceitos,
mas prioridades.
Uma das maiores qualidades de Robert Bringhurst é trans-
formar esse longo trajeto em uma agradável viagem, aliando
erudição, conhecimento técnico e clareza a uma prosa deliciosa.
Essas qualidades levaram o renomado designer de tipos Hermann
Zapf a declarar: “Espero que este livro venha a se tornar a Bíblia
de todos os tipógrafos” — desejo que parece ter se tornado uma
incontestável realidade,

to A segiiência dos capítulos e anexos deste livro pode ser re-


sumida da seguinte maneira: O projeto maior (1) fala das relações
entre tipografia e conteúdo; Ritmo & proporção (2) entra no movi-
mento horizontal e vertical que caracteriza a tipografia (unidades
básicas de construção dos tipos, espacejamento, linhas, parágrafos
etc); Harmonia é contraponto (3) trata dos tamanhos, estilos, fa-
mílias e contrastes das fontes de texto (Aqui vale um comentário:
as palavras ritmo, harmonia e contraponto, todas pertencentes ao
âmbito musical, não aparecem nos títulos desses capítulos por

10
acaso: de todas as analogias do livro, a da tipografia com a música
certamente é a mais forte. Isso porque a música também é um
gênero de discurso que, como a tipografia, possui um código de
registro que é matemático, abstrato, estruturado e proporcional
e que é ao mesmo tempo a chave das performances mais livres,
irreverentes e emocionadas. Com todas essas semelhanças, os
músicos contemporâneos parecem sentir-se bem mais à vontade Apresentação
com o seu código que os tipógrafos.) da edição
O quarto capítulo, Formas & dispositivos estruturais, mostra brasileira
o papel das aberturas, títulos, cabeças, tabelas e outros elementos
na construção de um discurso. Símbolos não alfabéticos (6) discute
alguns dos caracteres cujo número ultrapassa em muito o alfabeto
latino tradicional e completa o acervo de elementos básicos. Es-
colhendo é combinando tipos (5) é menos um capítulo de regras
que de considerações: técnicas, práticas, históricas, pessoais e
culturais; mas é também um capítulo aberto à complexidade tipo-
gráfica do mundo: páginas multiculturais, novas ortografias. Essa
discussão é aprofundada no capítulo Interlúdio histórico (7), uma
história da passagem das antigas formas dos escribas às formas
da letra tipográfica latina e das suas transformações estilísticas
e técnicas ao longo dos últimos seiscentos anos. Dando forma à
página (8) é uma espantosa e clarissima tour de force matemática
pelas proporções orgânicas, mecânicas e (novamente) musicais
que governaram o desenho de páginas tão antigas quanto o Egi-
to ou tão complexas quanto o clássico índice do atlas do jornal
The Times. O capítulo O que há de mais avançado (9) confronta
a riqueza das informações anteriores com as possibilidades e os
desafios da tecnologia atual. Seu complemento prático é o capí-
tulo Preparando a fonte (10), uma coleção de princípios práticos
para a edição direta de fontes digitais, que encerra as discussões
da primeira parte.
Abre-se então um novo livro, de repertório e consulta, que
começa com o capítulo Olhando o catálogo de amostras (11) - uma
seleção ilustrada e comentada das fontes serifadas, sem serifa, gó-
ticas, inscricionais, caligráficas e gregas mais apreciadas pelo autor.
Cinco apêndices, uma lista de leituras e um índice onomástico
completo complementam e aprofundam informações dispersas.

to Omaior desafio envolvido nesta tradução consiste certamen-


te na ausência de referências oficiais acessíveis sobre terminologia
tipográfica em língua portuguesa e na inconsistência do uso desse
vocabulário no Brasil.

1
Há três causas para isso: nossa curta tradição tipográfica
(de todo modo mais ligada ao uso que à produção de tipos), a
desmontagem do saber específico baseado na produção mecânica
com a substituição da base produtiva por equipamentos digitais
nas décadas de 1980 e go e à poderosa imposição do uso da ter-
minologia inglesa no cotidiano dos designers pelos programas
Apresentação utilizados nesses mesmos equipamentos. É uma situação irônica,
da edição uma guerra de termos que acontece justamente no momento em
brasileira que a tipografia amplia seus adeptos e se profissionaliza em um
ritmo sem precedentes no país.
À tradução de uma obra de referência como esta é, portanto,
um momento oportuno para ajudar a estabelecer uma termino-
logia profissional mais precisa. Para isso, recorri a várias fontes
escritas e ao auxílio de profissionais e docentes envolvidos com
essas questões: Alexandre Wollner, Claudio Rocha, Edna Cunha
Lima, Fernanda Martins, Francisco Homem de Mello, Gustavo
Goebel Weyne, Priscila Farias, Rafael Cardoso e Rodolfo Capeto,
a quem agradeço pela paciência, cuidado e atenção.
Na ausência de consenso geral, três critérios básicos foram
utilizados na tradução dos termos tipográficos: (1) utilizar, sem-
pre que possível, termos consagrados ou tecnicamente aceitos
em português, não por convicções nacionalistas, mas porque
a constituição de um vocabulário técnico em língua própria é
decisiva para o domínio pleno dessa mesma técnica; (2) ceder ao
uso de termos correntes e popularizados em língua inglesa para
facilitar a leitura e mantera utilidade do texto no atual estágio da
transição dos hábitos de nomenclatura do inglês para o português;
(3) respeitar as definições e as intenções originais do autor. As
definições mais problemáticas aparecem comentadas em notas
laterais, ao lado de sua primeira aparição.
A importância da questão terminológica tornou inevitável a
adição de um glossário inglês-português de termos tipográficos,
que, para ser completo, teve que acomodar outros termos além
daqueles que aparecem exclusivamente neste livro. Em que pese
a opção por este ou aquele termo específico na tradução do texto
do livro, a lista não raro inclui mais de uma alternativa em portu-
guês ao mesmo termo inglês, quando a polêmica, a validade ou o
costume assim o impõem. O leitor também irá encontrar ali refe-.
rências às páginas onde aparecem as notas laterais que comentam
as definições problemáticas mencionadas no parágrafo anterior.
Assim, além de ser um instrumento de ampliação de repertório,
essa lista deve servir principalmente como uma companheira na

12
consulta a fontes de informação e no uso de ferramentas tipo-
gráficas em língua inglesa, que ainda são maioria absoluta. Essa
mesma preocupação determinou também que o índice remissivo
do livro mantivesse os termos em inglês grafados entre colchetes
após as referências em português. Em resumo, esta edição incluí
duas ferramentas que permitem ao leitor ir do português ao inglês
e do inglês ao português sem grande esforço. Apresentação
Outras três providências tomadas para facilitar a leitura e à da edição
consulta foram: (1) traduzir literalmente os títulos bibliográficos brasileira
que aparecem nas notas laterais, (2) manter a grafia original dos
nomes comerciais das fontes citadas no livro e (3) traduzir os
textos dos exemplos tipográficos sempre que possível, mantendo
a versão original das citações literárias em notas laterais.
O termo design merece ainda um breve comentário: ele foi
mantido no original sempre que possível, o que tem a vantagem
de evitar a problemática luta entre as noções de desenho, projeto e
desígnio que o compõem. Na impossibilidade de fazê-lo, o termo
desenho foi utilizado nos casos que aludiam explicitamente ao ato
de desenhar e o termo projeto em todas as outras ocasiões.
É claro que existem impasses da versão portuguesa que não
são específicos do vocabulário, mas dos próprios problemas tipo-
gráficos que aparecem no livro: como pontuar (ou não) as abre-
viações, quais são os problemas de kerning específicos de nossa
língua, qual.a média de caracteres das palavras em português e
assim por diante, Essas e muitas outras questões ultrapassam a
mera tradução e requerem a produção de conteúdo específico ao
contexto brasileiro. Isso foi feito de três formas: (1) mediante a
adaptação pura e simples das informações originais, (2) por meio
de comentários ou adições que aparecem em colchetes no texto
principal ou 3) em notas laterais. Mesmo assim, certas passagens
que tratam de questões específicas da língua inglesa foram manti-
das tais como aparecem na versão original, ainda que parecessem
inúteis ao cotidiano do trabalho do tipógrafo brasileiro (como é
o caso. das menções à tipografia vitoriana).
Nas leituras adicionais recomendadas pelo autor, fiz referên-
cias às edições disponíveis em língua portuguesa quando possível,
e adicionei, em nota lateral, uma pequena lista de obras ligadas
ao assunto publicadas originalmente no Brasil.

A.S.

13
— Tudo o que os símbolos escritos podem dizer já passou.
Eles são como pegadas deixadas por animais. Essa é a razão pela
qual os mestres da meditação recusam-se a aceitar que os escritos
sejam definitivos. O objetivo é atingir o ser verdadeiro por meio
dessas pegadas, dessas letras, desses signos — mas a realidade
mesma não é um signo, ela não deixa pistas. Ela não chega a nós
por meio de letras ou palavras. Nós podemos ir até ela seguin-
do letras e palavras até o lugar de onde vieram. Mas enquanto
estivermos preocupados com símbolos, teorias e opiniões, não
conseguiremos alcançar seu princípio.
— Mas abdicar de símbolos e opiniões não nos deixa no vazio
absoluto do ser?
— Sim,

KIMURA KIÚHO, Kenjutsu Fushigi Hen


[Dos mistérios da arte da espada],
1768

Uma verdadeira revelação, me parece, termina por emergir so-


mente depois da teimosa concentração em um problema solitário.
Eu não me incluo entre os inventores ou os aventureiros, nem
entre.os viajantes que buscam destinos exóticos. O meio mais
certo — e também o mais rápido — de despertar o senso de maravi-
lhamento em nós mesmos é olhar intencional e ininterruptamente
para um único objeto. Repentinamente, milagrosamente, ele irá
revelar-se como algo que jamais havíamos visto.

CESARE PAVESE, Diálogos com Leucó,


1947
PREFÁCIO

Existem muitos livros sobre tipografia. Alguns deles são modelos


da arte que ensinam. No entanto, quando me dispus a compilar
uma lista simples de princípios de trabalho, uma das primeiras
referências nas quais pensei foi a pequena obra-prima de William
Strunk e E.B, White, Os elementos do estilo. Mas a brevidade é a
essência do manual de técnica literária de Strunk e White. Este
livro é mais longo que aquele, e há uma razão para isso.
Se a tipografia faz algum sentido, ele é visual e histórico, O
lado visível da tipografia está sempre à mostra, e o material para
o seu estudo é vasto e difundido, A história das letras e de seu.uso
também é visível para quem tem acesso a manuscritos, inscrições
e livros antigos, mas é em grande parte invisível para quem não
tem. Por isso, este livro cresceu e tornou-se mais que um pequeno
manual de etiqueta tipográfica. Ele é o fruto de muitas longas
caminhadas pela selva das letras: em parte, um guia de bolso para
as maravilhas que ali se encontram; em parte, uma meditação
sobre os princípios ecológicos, as técnicas de sobrevivência e a
ética que ali vigoram. Os princípios da tipografia, tais como os
entendo, não são um conjunto de convenções mortas, mas cos-
tumes tribais de uma floresta encantada, onde vozes ancestrais
ressoam em toda direção e onde vozes novas passam, indo em
direção a formas das quais não há registro.
Seja como for, uma questão aparece com frequência em meu
pensamento: numa época em que todas as pessoas bem-pen-
santes se esforçam para lembrar-se que todos são livres para ser
diferentes e tornar-se ainda mais diferentes, como é possível que
alguém escreva um livro de regras com alguma honestidade? Que
razão e que autoridade possuem.estes mandamentos, sugestões
e instruções? Os tipógrafos, afinal, certamente deveriam ter a
liberdade de seguir ou de sinalizar as trilhas que desejassem.
À tipografia desenvolve-se como um interesse. comum, e não
há nela qualquer caminho onde não haja desejos e direções em
comum. Um tipógrafo determinado a forjar novas rotas precisa
mover-se, assim como outros viajantes solitários, por terras desa-
bitadas, contra o veio do terreno, cruzando os caminhos trilhados
por outros no silêncio que precede o amanhecer. O assunto deste
livro não é a solidão tipográfica, mas as estradas velhas e viajadas
que passam pelo coração da tradição: cada um de nés é livre para

15
segui-las ou não, e podemos nelas entrar ou delas sair quando
quisermos - se ao menos soubermos que estão lá e tivermos uma
noção de onde nos levarão. Essa liberdade nos será negada se a
tradição for velada ou tida como morta. À originalidade está em
toda parte, mas muito dela será bloqueado se o caminho que leva
às primeiras descobertas for barrado ou hipertrofiado.
Prefácio Se.você usar este livro como um guia, sinta-se à vontade para
sair da estrada quando quiser. (Esta abertura, aliás, é o que define
mais precisamente a utilidade de uma estrada: alcançar pontos
individuais de saída.) Fique também à vontade para quebrar as
regras - quebre-as com beleza, deliberadamente, bem. Esse é um
dos fins para os quais elas foram criadas.
As formas das letras mudam sem parar, mas, porque.são
vivas, diferem pouco entre si. Os princípios da clareza tipográfi-
ca também foram pouco alterados desde a segunda metade do
século 15, quando os primeiros livros com tipos romanos foram
impressos. De fato, a maioria dos princípios de legibilidade.e de
desenho examinados neste livro era conhecida e usada pelos es-
cribas egípcios que produziam escritos hieráticos com canetas de
junco nos papiros do ano 1000 aC. Amostras de sua obra podem
ser vistas nos museus do Cairo, Londres e Nova York -- tão vivazes,
sutis e legíveis quanto há trinta séculos.
Os sistemas de escrita variam, mas não é difícil aprender a
reconhecer uma boa página, venha ela da dinastia chinesa Tâng,
do Novo Reino Egípcio ou da Itália renascentista. Os princípios
que unem essas distantes escolas de desenho baseiam-se na es-
trutura e na escala do corpo humano - em particular do olho, da
mão e do antebraço — e na anatomia invisível (mas não menos real,
exigente e sensual) da mente humana. Não gosto de chamá-los de
princípios universais porque boa parte.deles é exclusiva de nossa
espécie. Os cachorros e as formigas, por exemplo, lêem e escrevem
por meio de processos mais químicos. No entanto, os princípios
nos quais a tipografia se baseia são suficientemente estáveis para
resistir às inúmeras levas de nossas modas e manias.
É verdade que as ferramentas tipográficas estão mudando
com força e velocidade consideráveis, mas este.não é um manu-
al voltado ao uso de qualquer sistema ou meio de composição
tipográfica em particular. Presumo que a maioria dos leitores
deste livro irá compor boa parte de sua tipografia no formato
digital, usando computadores, mas não alimento nenhum pre-
conceito com relação à marca do computador ou à versão do
programa que eles irão utilizar, Os elementos essenciais do estilo

16
têm mais a ver com os objetivos almejados pelos tipógrafos do
que com as volúveis excentricidades de suas ferramentas. Nou-
tras palavras, a própria tipografia depende muito menos de um
dispositivo específico do que da linguagem PostScript, utilizada
para converter o desenho destas letras e o destas páginas em
código tipográfico. Se eu tiver conseguido realizar aquilo a que
me propus, este livro será tão útil aos artistas e aos antiquários Prefácio
que compõem tipos de metal fundido à mão e produzem provas
em.prensas planas quanto àqueles que checam seu trabalho em
uma tela ou impressora a laser e depois o enviam a dispositivos
de saída digitais de alta resolução por meio de discos ópticos ou
cabos de transmissão.
A tipografia é o ofício que dá forma visível e durável - e
portanto existência independente - à linguagem humana. Seu
cerne é a caligrafia — a dança da mão viva e falante sobre um palco
minúsculo — e suas raízes se encravam num solo repleto de vida,
embora seus galhos sejam carregados de novas máquinas ano
após ano. Enquanto a raiz viver, a tipografia continuará a ser uma
fonte de verdadeiras delícias, conhecimentos e surpresas.
Como ofício, a tipografia tem uma grande fronteira e muitas
preocupações compartilhadas com a escrita e com a edição, de
um lado, e com o design gráfico, de outro — mas não pertence a
nenhum deles. Este volume, por sua vez, não é nem um manual
de estilo editorial nem um livro de textos sobre design, embora
fale de ambos. De ponta a ponta, a perspectiva é primordialmente
tipográfica- e espero que este livro, precisamente por essa razão,
possa.ser útil aqueles cujo trabalho ou interesse esteja centrado
em campos adjacentes.
Este livro deve muito aos relatos e exemplos de vários ami-
gos e mestres de ofício - Kay Amert, Stan Bevington, Crispin
Elsted, Glenn Goluska, Peter Koch, Vic Marks, George Payerle e
outros - e ao trabalho de dois artistas modelares: o velho Adrian
Wilson e Hermann Zapf. Vários artistas e estudiosos do mundo
todo compartilharam o seu conhecimento de maneira genêrosa.
James Mosley, sua equipe e seus sucessores da St Bride Printing
Library, em Londres, foram especialmente prestativos. Sou grato
a todos.
Tenho muito que agradecer a várias outras pessoas por suas
contribuições à segunda e, agora, à terceira edição deste livro. Seus
nomes aparecem no Posfácio.

R.B.

17
Sinopse
histórica

bertura:
o espaço Vaso RENASCENTISTA (séculos 15 e 16): traço modulado; eixo humanista foblt-
abertoemletras quo]; terminais precisos, feitos com pena; abertura grande; itálico equivalente
COMO GS «independente do romano.

O objetivo desses
diagramas é
mostrar o eixo
do traço, queêo
eixo da pena que
desenha a letra.
Esse eixo muitas
vezes difere do
eixo da própria
letra, Uma pena
que aponta para
O noroeste pode
produziruma BARROCA (século 17): traço modulado; eixo variável; serifas e terminais
Jetra ereta ou modelados; abertura moderada; itálico subordinado e intimamente ligado
ainda uma letra ao
queapontapara Tomano, Nas letras barrocas, é comum o aparecimento de um eixo secundá-
o nordeste, rio vertical - mas o eixo primário do traço é normalmente oblíquo.

18
Sinopse
histórica

NEOCLÁSSICA (século 18): traço modulado; eixo racionalista Ivertical]; — adnatas (“nascidas
serifas adnatas e refinadas; terminais em gota; abertura moderada; itálico junto de”): que
o . fluem para a haste
inteiramente subjugado pelo romano.

ROMÂNTICA (sécuios 13 e 19): traço hiper modulado; eixo racionalista


intensificado; serifas abruptas e finas; terminais em botão; abertura pequena;
itálico subjugado. Nas letras neoclássicas e nas românticas o eixo primário é
normalmente vertical e o eixo secundário é obliquo.

19
Sinopse
histórica

REALISTA (século 19 e início do século 20): traço não-modulado; eixo verti-


cal presumido; abertura pequena; serifas ausentes ou abruptas, de peso igual
ao traço principal; itálico ausente ou trocado pelo romano inclinado.

MODERNISTA GEOMÉTRICA (século 20): traço não-modulado; arcos


muitas vezes circulares (sem eixo); abertura moderada; serifas ausentes ou de
peso igual ao traço principal; itálico ausente ou trocado pelo romano inclina-
do. A modelagem, porém, normalmente é bem mais sutil do que aparenta.

20
Sinopse
histórica

MODERNISTA LÍRICA (sécuio 20): redescoberta da forma renascentista;


traço modulado; eixo humanista; serifas e terminais com forma oriunda da
pena; abertura grande; itálico parcialmente libertado do romano.

PÓS-MODERNA (final do século 20 e início do século 21): paródia freqien-


te da forma neoclássica, romântica ou barroca: eixo racionalista ou variável;
serifas e terminais afiados. (Há muitos tipos de letras pós-modernas; este é
apenas um exemplo).

21
rigo Habraam numerá
1a mofaica lege(feptim
nfed natural: fuit ratio
idit enim Habraam de
m quoc; gentium patr
's oés gentes hoc uidel«
m eft:cuius ille iultitia
us eft:qui poft multas
imum omnium diuin:
> nalcerétur tradiditsue
gnum:uel uthoc quaí
Çfuos imitari conaret:au
um nobis modo eft.Po |
Tipo romano gravado em 1469 por Nicolas Jenson, tipógrafo francês que tra-
balhava em Veneza. O original tem aproximadamente 16 pt. Aqui é mostrado
tal como Jenson o imprimiu, mas com o dobro de seu tamanho real. É o an-
cestral do tipo mostrado no topo da página 28 (o Centaur, de Bruce Rogers).

22
O PROJETO MAIOR

1.1 PRIMEIROS PRINCÍPIOS

LLI1 A tipografia existe para honrar seu conteúdo, |


ul tum
Assim como a oratória, a música, a dança, a caligrafia - como
tudo que empresta sua graça à linguagem -, a tipografia é uma
arte que pode ser deliberadamente mal utilizada. É um ofício por
meio-do qual os significados de um texto (ou sua ausência de
significado) podem ser clarificados, honrados e compartilhados,
ou conscientemente disfarçados.
Em um mundo repleto de mensagens que ninguém pediu
para receber, a tipografia precisa frequentemente chamar a aten-
ção para si própria antes de ser lida. Para que ela seja lida, precisa
contudo abdicar da mesma atenção que despertou. A tipografia
que tem algo a dizer aspira, portanto, a ser uma espécie de estátua
transparente, Outra de suas metas tradicionais é a durabilidade —
não uma imunidade à mudança, mas uma clara superioridade
em relação à moda. A melhor tipografia é uma forma visual de
linguagem que liga a atemporalidade ao tempo.
Um dos princípios da tipografia durável é, sempre, a legibi-
lidade. Mas há um outro. Trata-se de um interesse, merecido ou -
não, que doa sua energia vital à página. Ele assume várias formas
e recebe diversos nomes, incluindo serenidade, vitalidade, riso,
graça e alegria.
Esses princípios se aplicam, de diferentes maneiras, à ti-
pografia de cartões de apresentação, de manuais de instrução
e de seles postais assim como a edições de escrituras relígiosas,
de clássicos literários e outros livros que aspiram alcançar essa .
posição. Dentro de.certos limites, esses mesmos princípios se
aplicam até mesmo a relatórios de bolsas de valores, listas de
horários de companhias aéreas, caixinhas de leite e anúncios
classificados. No entanto, o riso, a graça e a alegria, assim como a
própria legibilidade, se alimentam de significado, e o significado
geralmente é provido pelo escritor, pelas palavras e pelo assunto
- não pelo tipógrafo.
Em 1770, um projeto de lei foi apresentado ao parlamento
inglês com as seguintes disposições:

23
« toda mulher, de qualquer idade, classe, profissão ou grau, seja
ela virgem, noiva ou viúva, que [...] se ofereça a, seduza ou traia
em casamento quaisquer dos súditos de Sua Majestade, por meio
de perfumes, maquiagens, colônias, dentes artificiais, perucas, lã
espanhola, espartilhos, brincos de argola, sapatos de salto alto [ou]
saias-balão, estará sujeita às penalidades da lei em vigor contra a
Primeiros bruxaria [e] seu casamento, em caso de condenação, será declarado
princípios inválido.

A função da tipografia, tal como a entendo, não é nem am-


pliar o poder das bruxas nem enfraquecer suas defesas, como
queria esse desafortunado parlamentar, que vivia o terror de ser
tentado e enganado. As satisfações do ofício vêm de elucidar — e
talvez até de enobrecer — o texto, não de iludir o leitor desavisado
aplicando perfumes, maquiagens e espartilhos a uma prosa vazia.
Por outro lado, textos humildes, como anúncios classificados ou
listas telefônicas, podem beneficiar-se tanto quanto qualquer
outro de um bom banho tipográfico e de uma muda de roupas.
E muitos livros, assim como muitos guerreiros, dançarinos ou clé-
rigos de ambos os sexos, podem ficar bem com alguma pintura em
seu rosto, ou mesmo com um osso atravessado em seu nariz.

11.2 As letras têm vida e dignidade próprias.

Letras que honram e elucidam o que os homens vêem e dizem


também merecem ser honradas, Palavras bem escolhidas me-
recem letras bem escolhidas; estas, por sua vez, merecem ser
compostas com carinho, inteligência, conhecimento e habilidade,
A tipografia é um elo, e como tal deve ser tão forte quanto o resto
da corrente, por uma questão de honra, cortesia ou puro deleite.
À escrita começa com a impressão das pegadas, com sinais
que são deixados. Assim como a fala, a escrita é um ato perfei-
tamente natural que os homens levaram à complexos extremos.
=,

O tipógrafo sempre teve por tarefa adicionar um contorno algo


desnaturado, uma casca protetora artificial e ordenada ao poder
da mão que escreve. As ferramentas para isso foram alteradas
ao longo dos séculos e o grau exato de artificialidade desejado
variou de lugar para lugar e de época para época, mas o caráter
da transformação essencial que separa manuscrito e tipografia
quase não mudou.
O propósito original da tipografia era simplesmente o de
copiar. A tarefa do tipógrafo era imitar a mão do escriba para per-

24
mitir uma replicação rápida e exata, Dúzias, centenas, milhares de
cópias eram impressas em menos tempo de que um escriba pre-
cisaria para fazer apenas uma. Essa desculpa para compor textos
com tipos desapareceu. Na era da fotolitografia, do escaneamento
digital e da impressão offset, ficou tão fácil imprimir diretamente
a partir de um manuscrito quanto de um texto composto. Mas a
tarefa do tipógrafo mudou muito pouco: continua sendo a tarefa O projeto
de conferir ilusão de velocidade e vitalidade sobre-humanas - e maior
de.paciência e precisão sobre-humanas - à mão que escreve.
A tipografia não passa disto: escrita idealizada. São raros Em inglês, o termo
type pode
os escritores de hoje que. possuem a habilidade caligráfica dos
significar “tipo” ou
antigos escribas. Mesmo assim, a variedade de suas “vozes” e es- “tipografia. No
tilos literários evocam incontáveis versões dessa escrita ideal, O segundo caso, a
tipógrafo precisa responder em termos visíveis a essas visões sutil diferença
entre type e
cegas e às vezes invisíveis. typography
Em um livro mal desenhado, as letras, pulverizadas, postam- está naquilo que
se come cavalos famintos no campo. Em um livro desenhado enfatiza —
o produto ou
mecanicamente, elas assentam como pães mofados e carne de aatividade —
terceira na página. Já em um livro bem-feito, no qual designer, e não encontra
compositor tipográfico e impressor fizeram, todos, o seu trabalho, equivalente no
português. Nesta
as letras estão vivas, não importa quantos milhares de linhas e pá- tradução, as
ginas tenham de ocupar. Elas dançam em seus lugares. De vez em palavras tipo e
quando, levantam-se e dançam nas margens e nos corredores, trpografia foram
utilizadas para
Simples como possa parecer, a tarefa de utilizar letras de designar type,
modo criativo sem interferir no texto é uma empreitada difícil e dependendo do
recompensadora. Em condições ideais, é tudo o que se pede dos contexto, [NT]

tipógrafos — e é o bastante.

1.13 Há um estilo além do estilo,

O estilo literário, diz Walter Benjamin, “éo poder de mover-se Extraído do


livremente pelo comprimento e pela largura do pensamento lin- ensaio de Walter
Benjamin “Karl
gúístico sem deslizar para a banalidade” Estilo tipográfico, nesse Kraus” (1931).
sentido amplo e inteligente da palavra, não significa nenhum
estilo em particular - meu estilo, seu estilo, neoclássico ou bar-
roco —, mas o poder de mover-se livremente por todo o domínio
da tipografia e de agir a cada passo de maneira graciosa e vital,
sem ser banal, Nesse sentido, tem estilo a tipografia que pode
andar por terrenos familiares sem cair em lugares-comuns, que
responde a novas condições com soluções inovadoras e que não
irrita-o leitor com sua própria originalidade, na busca vaidosa
do aplauso.

25
A tipografia está para a literatura assim como a performance
musical está para a composição: é um ato essencial de 'interpreta-
ção, cheio de infinitas oportunidades para a iluminação ou para a
estupidez. Muita tipografia mantém distância da literatura, dados
os muitos usos da linguagem, que também incluem as embalagens
ea propaganda. Como a música, a tipografia pode ser usada para
Primeiros manipular comportamentos e emoções, mas não é nesse palco
princípios que os tipógrafos, músicos e outros seres humanos nos mostram
o seu melhor ângulo.A tipografia, quando dá o melhor de si, é
uma arte de lenta execução, merecedora da mesma apreciação
informada que às vezes dispensamos às interpretações musicais,
e é capaz de nos dar em troca prazer e alimento similares.
Os mesmos alfabetos e desenhos de página podem ser usa-
dos em uma biografia de Gandhi e em um manual sobre o uso
e o posicionamento estratégico de armas biológicas. A escrita
pode ser usada tanto para cartas de amor como para declarações
de ódio, e as próprias cartas de amor podem ser usadas tanto
para manipular e extorquir como para deliciar o corpo e a alma.
Evidentemente, não há nada intrinsecamente nobre e digno de
confiança na palavra escrita ou impressa. Mesmo assim, várias
gerações de homens e mulheres recorreram à escrita e ao meio
impresso para abrigar e compartilhar suas esperanças, percepções,
sonhos e medos mais profundos. É a elas, e não ao chantagista, ao
oportunista ou ao agiota, que o tipógrafo deve responder.

1.2 TÁTICA

1.21 Leia o texto antes de fazer o seu projeto visual.

A única tarefa essencial do tipógrafo é interpretar e comunicar o


texto. Seu tom, seu andamento, sua estrutura lógica determinam
as possibilidades de sua forma tipográfica. O tipógrafo está para
o texto assim como o diretor teatral está para a peça ou o músico
para a partitura.

12.2 Descubra a lógica externa da tipografia na lógica interna


do texto.

Um romance .muitas vezes parece ser um rio de palavras que


flui continuamente do começo ao fim, numa série de cenas sem
título. Pesquisas acadêmicas, livros didáticos, livros de receitas
e outras obras de não-ficção raramente são homogêneos assim;

26
muitas vezes, aparecem recobertos por títulos de capítulos, seções,
subtítulos, blocos de citações, notas de rodapé, notas finais, listas
e exemplos ilustrativos. Tais características podem permanecer
obscuras no manuscrito, mesmo que estejam claras na mente
do autor. Em respeito ao leitor, elas requerem identidade e for-
ma tipográfica próprias. Cada uma das camadas e cada um dos
níveis do texto devem ser consistentes, distintos, e ainda assim O projeto
(em geral) harmônicos em sua forma. maior
Portanto, a primeira.tarefa do tipógrafo é ler e entender o
texto; a segunda é analisá-lo e mapeá-lo. Só então a interpretação
tipográfica pode começar.
Se o texto tiver muitas camadas ou seções, pode precisar não
apenas de títulos e subtítulos, mas também de títulos correntes,
que reaparecem a cada página ou par de páginas, lembrando
aos leitores qual é a vizinhança intelectual que estão visitando Peter Matthiessen
no momento. é conhecido no
Brasil pelo livro
Romances raramente precisam de tal sinalização, mas fre- Brincando nos
quentemente requerem marcadores tipográficos de outros gêneros. campos do Senhor.
O romance Far Tortuga, de Peter Matthiessen (Nova York, 1975; Ken Kesey é o
autor de Um
projeto de Kenneth Miyamoto), usa dois tamanhos de tipo, três estranho no ninho,
margens diferentes, blocos de parágrafos que flutuam livremente mas Sometimes

e outros dispositivos tipográficos para separar pensamento, dis- a Great Notion é


considerada sua
curso e ação, O romance Sometimes a Great Notion, de Ken Kesey obra-prima. [nr]
(Nova York, 1964), parece ter a fluidez da prosa tradicional, mas
alterna repetidamente o romano e o itálico no meio das sentenças O termo redondo
para distinguir a fala das personagens entre si daquilo que dizem também é muito
usado no meio
em silêncio a si mesmas. editorial para
Poesia e textos dramáticos às vezes pedem uma paleta ti- designar os tipos
pográfica mais extensa. Algumas das traduções do grego clás- romanos. [NT]

sico feitas por Douglass Parker e das traduções do zuni feitas


por Dennis Tedlock usam romanos, itálicos, negritos, versais Ver por exemplo
Aristófanes, Four
e versaletes em diversos tamanhos para emular as marcações Comedies (Ann
dinâmicas da música. As performances tipográficas de. Robert Arbor, Michigan,
Massin em as peças de Eugêne Ionesco fazem uso de linhas de 1969); Dennis
Tedlock, Finding
texto que se intersectam, letras esticadas e derretidas, borrões de the Center (Nova
tinta, pictogramas e uma família tipográfica para cada uma das York, 1972);
personagens da peça. Nas obras de artistas tais como Guillaume Eugêne lonesco, La
Cantatrice (Paris,
Apollinaire e Guy Davenport, as fronteiras entre autor e designer 1964) e Délire à
às vezes desaparecem.
A escrita funde-se à tipografia e o texto se deux (Paris, 1966).
torna sua própria ilustração. Há exemplos da
obra de Massin
O tipógrafo deve analisar e revelar a ordem interna do texto em Typographia
da mesma maneira que um músico deve revelar a ordem interna ns. (1965).

27
da música que interpreta. Mas o leitor, assim como o ouvinte, de-
veria, em retrospecto, poder fechar seus olhos e enxergar aquilo
que jaz por trás das palavras que esteve lendo.A performance
tipográfica deve revelar a composição interna, não substituí-la.
Os tipógrafos, bem como outros artistas e artesãos - aí incluídos
músicos, compositores e autores — devem, via de regra, fazer o
Tática seu trabalho e desaparecer.

1.2.3 Faça com que a relação visual entre o texto e seus outros
elementos (fotografias, legendas, tabelas, diagramas, notas) seja
um reflexo de sua real relação.

Se o texto está atado a outros elementos, onde estes devem ficar?


Se forem notas, devem ficar ao lado da página, no pé, ao final do
capítulo ou do livro? Se forem fotografias ou ilustrações, devem
ser inseridas no corpo do texto ou em uma seção própria? E se as
fotografias tiverem remissões, créditos ou legendas, estas devem
ficar próximas ou acomodadas separadamente daquelas?
Se houver mais de um texto - como nas incontáveis publica-
ções editadas no Canadá, na Suíça, na Bélgica e em outros países
multilíngiies -, de que modo esses textos a um tempo iguais e
separados devem ser arranjados? Devem correr lado a lado para
enfatizar sua igualdade, compartilhando talvez um conjunto único
de ilustrações, ou ser impressos de costas um para o outro, para
enfatizar sua diferença?
Não importa qual seja sua relação com o texto, fotos ou
mapas às vezes precisam ser agrupados em separado porque re-
querem papéis ou tintas diferentes. Se tal for o caso, que remissão
tipográfica será necessária?
Essas e outras questões similares, que confrontam a prática
do tipógrafo diariamente, precisam ser respondidas caso a caso.
A página tipográfica é um mapa da mente; é também com fre-
quência um mapa da ordem social da qual emerge. E, para bem
ou para mal, mentes e ordens sociais não cessam de mudar.

1.2.4 Escolha uma fonte ou um conjunto de fontes que elucide e


honre o caráter do texto.

Este é o começo, o meio e o fim da prática da tipografia: escolha


e use os tipos com sensibilidade e inteligência. Os aspectos desse
princípio são explorados ao longo deste livro e considerados em
detalhe nos capítulos 6, 7 e 10.

28
Assim como as palavras e as sentenças, as letras têm tom,
timbre.e caráter. Assim que um texto e um tipo são escolhidos,
inicia-se uma intersecção de dois fluxos de pensamento, dois
sistemas rítmicos, dois conjuntos de hábitos, ou ainda de duas
personalidades. Não é preciso que elas vivam juntas e contentes
para sempre, mas, de um modo geral, não convém partir de uma
relação conflituosa. O projeto
A metáfora básica da composição tipográfica é a de que um maior
alfabeto (ou todo o léxico, no chinês) é um sistema de partes inter-
cambiáveis. Nele, a palavra forma, em vez de ser reescrita, pode ser
cirurgicamente revisada para transformar-se nas palavras firma
ou fôrma ou forja ou força ou foram, ou ainda, com um pouco ata
mais de trabalho, na palavra abacaxi. A caixa de tipos do velho
compositor tipográfico é uma bandeja de madeira subdividida que
carrega centenas desses bits de informação intercambiáveis. Essas
aaa
partículas subsemânticas, essas unidades chamadas de “espécimes”
pelos impressores tipográficos, são letras fundidas em corpos aaa
de metal padronizados, esperando pelo momento em que serão
agrupadas em combinações significativas, depois dispersadas e
novamente recombinadas em outras formas. A caixa de tipos do
ada
compositor é um dos ancestrais primordiais do computador — e
não é por acaso que a composição tipográfica, tendo sido um dos
ada
últimos ofícios a ser mecanizado, tenha sido um dos primeiros
a ser computadorizado. aa.
No entanto, os bits de informação manipulados pelo tipó-
grafo diferem em um aspecto essencial dos bits do programador.
Compostos à mão em metal duro, à máquina em metal moldável,
aa
ou digitalmente com um computador, cada vírgula, cada parêntese,
cada c — e, conforme o contexto, cada espaço em branco - tem um
estilo e um nítido valor simbólico, Além de serem microscópicas
obras de arte, as letras também são símbolos úteis. Elas significam
o que são e o que dizem.
A tipografia é a arte e o ofício de lidar com essas unidades
de informação de duplo significado. O bom tipógrafo trabalha
com elas de modo inteligente, coerente, sensível. Quando o tipo
é mal escolhido, aquilo que as palavras dizem lingúisticamente
e aquilo que as letras inferem visualmente ficam dissonantes, de-
sonestos, desafinados.

12.5 Dê forma à página e emoldure o bloco de texto de modo a


revelar e honrar cada elemento, cada relação entre os elementos e ”
cada nuança lógica do texto. .

29
Escolher a forma da página e posicionar o tipo sobre ela é muito
parecido com emoldurar e pendurar um quadro. Uma pintura
cubista em uma moldura do século 18 ou uma natureza-morta
do século 17 em uma fina moldura cromada não ficam piores do
que um texto inglês do século 19 composto com tipos da França
do século 17 e posicionado assimetricamente em uma página
Tática modernista alemã.
Se o texto for longo ou se faltar espaço, ou ainda se houver
muitos elementos, talvez múltiplas colunas sejam necessárias. Se
as ilustrações e o texto andarem lado a lado, qual deles terá prece--
dência sobre o outro? E se essa ordem ou grau de proeminência
mudar? O texto sugere simetria perpétua, assimetria perpétua
ou algo a meio caminho?
Mais uma vez: o texto sugere o fluxo contínuo e impertur-
bável da prosa justificada ou o contínuo flerte entre a ordem e o
caos evocado pela composição alinhada à esquerda e desalinhada
O termo cabeço à direita? (Os títulos correntes e as notas laterais no reto — páginas
também é da direita, ímpares - deste livro são compostos deste último modo.
utilizado para
indicar aquilo
No verso — páginas da esquerda, pares —, são desalinhados à es-
que se imprime querda. Os alfabetos legíveis da direita para a esquerda, tais como
na cabeça das o árabe ou o hebraico, ficam perfeitamente bem desalinhados à
páginas, mas título
corrente refere-se
esquerda, mas nos alfabetos que correm para a direita, como o
especificamente latim, o grego ou o tailandês, esse tipo de composição enfatizao
às informações fim da linha, e não o seu início, o que faz dele uma opção inade-
referentes a titulos
de publicação,
quada para composições extensas.)
capítulos e A elaboração da forma da página anda de mãos dadas com
seções. [NT] a escolha do tipo, e ambas são preocupações tipográficas perma-
nentes. O tema das formas e das proporções das páginas é tratado
em maior detalhe no capítulo 8.

1.2.6 Dê total atenção tipográfica mesmo a detalhes incidentais.

Parte do que o tipógrafo deve compor, assim como um pouco


do que todo músico precisa tocar, é trabalho corriqueiro. Mesmo
uma edição de Platão ou de Shakespeare irá conter algum texto
de rotina: números de página, números de cena, notas de texto,
indicação de copyright, nome e endereço da editora, texto de
quarta capa — para não mencionar as passagens ornamentais e a
música de acompanhamento que são implícitas ao próprio texto.
No entanto, assim como um bom músico pode compor uma
balada de cortar o coração com algumas palavras banais e uma
melodia trivial, também o tipógrafo pode produzir uma tipografia

30
pungente e bela partindo da parafernália bibliográfica e do joio
textual, A habilidade de fazê-lo nasce do respeito pelo texto como
um todo e do respeito pelas letras em si mesmas.
Talvez esse princípio devesse ser formulado assim: dê total
atenção tipográfica especialmente aos detalhes incidentais,

1.3 SUMÁRIO O projeto


maior
Sempre há exceções, sempre há desculpas para o inusitado e para
a surpresa, mas talvez possamos concordar que, via de regra, a
tipografia deveria prestar os seguintes serviços ao leitor:

convidá-lo à leitura;
revelar.o teor e o significado do texto;
tornar clara a estrutura e a ordem do texto;
conectar o texto a outros elementos existentes;
induzir a um estado de repouso energético, que é a condição
ideal da leitura.

Servindo ao leitor desta forma, a tipografia, assim como uma


performance musical ou uma produção teatral, deveria servir a
dois outros fins: honrar o texto pelo que ele é (sempre supondo
que o texto vale a pena do tipógrafo) e honrar e contribuir com
a.sua própria tradição - a tradição da própria tipografia.

31
RITMO & PROPORÇÃO

2.1 MOVIMENTO HORIZONTAL

Comecemos com uma antiga metáfora: se o pensamento é um fio


de linha, o narrador é um fiandeiro - mas o verdadeiro contador
de histórias, o poeta, é um tecelão. Essa velha abstração, própria
das narrativas faladas, foi transformada em um fato novo e visí-
vel pelos escribas. Após longa prática, seu trabalho ganhou uma
textura tão homogênea e flexível que a página escrita passou a
ser chamada de textus (tecido, em latim).
O instrumento tipográfico, seja ele um computador ou uma
régua de composição, funciona como um tear. E o tipógrafo, assim
como o escriba, procura tecer o texto da maneira mais homogênea
possível. Do mesmo modo, os bons tipos são desenhados para
Embora as palavras produzir uma textura vivaz e homogênea, mas o espacejamento
espacejamento e. descuidado de letras, linhas e palavras pode rasgar esse tecido.
espaçamento sejam
parecidas, apenas a
Outra antiga metáfora: a densidade. da textura de uma pá-
primeira aplica-se gina escrita ou composta é chamada de cor. Isso nada tem a ver
exclusivamente à com tintas verdes ou vermelhas; refere-se apenas à escuridão da
tipografia. (nr;
massa de tipos. Uma vez satisfeitas as demandas de legibilidade
e de ordenação lógica, a homogeneidade da coré o objetivo mais
comum almejado pelo tipógrafo. E isso depende de quatro fatores:
o desenho do tipo, o espacejamento das letras, das palavras e das
linhas. Nenhum é independente do outro.

211 Defina uma entrepalavra que se ajuste ao tamanho e à


entreletra natural da fonte.

Os tipos são normalmente medidos em paicas e em pontos (ex-


plicados em detalhe nas páginas 36162), mas o espacejamento
horizontal é medido em emes, e o eme é uma medida variável. Um
eme é a distância equivalente ao tamanho do tipo. Em um tipo
de 6 pontos, um eme mede 6 pontos; em um tipo de 12 pontos
mede 12 pontos; e em um tipo de 60 pontos mede 60 pontos.

LU]
eme de 12... 118. ea 24 ra 236 pt

32
Portanto, o espaço de um eme é proporcionalmente o mesmo em Outro termo
utilizado para
qualquer tamanho.
designar essas
As máquinas de composição tipográfica geralmente dividem mesmas distâncias
o eme em unidades. Emes de 18, 36 ou 54 unidades, por exemplo, em português é o
são comumente encontrados em máquinas mais antigas. Nos quadratim. Mais do
que se relacionar
dispositivos mais recentes, o eme pode ter até mil unidades. Os com asletras men,
tipógrafos, por sua vez, tendem a dividi-lo em frações simples: ele indica o campo
meio eme, um terço de eme e assim por diante, sabendo que o quadrado que
contém o desenho
valor unitário dessas frações irá variar de uma máquina para do tipo e que
outra. A metade de um eme é chamada de ene, origina a medida,
Se o texto for composto desalinhado à direita, a entrepalavra Esta tradução, no
entanto, incorpora
(o espaço entre palavras) pode.ser fixa e imutável. Se o texto for a popularização
justificado (alinhado à esquerda e à direita, como neste livro), internacional das
ela precisa ser flexível. Em qualquer caso, o tamanho ideal da unidades eme e ene,
reservando o termo
entrepalavra varia de acordo com a circunstância, dependendo “quadratim” para
de fatores como entreletra, cor e tamanho do tipo. Um tipo mais o quadrado eme
espacejado ou mais pesado irá necessitar de um intervalo maior (em square). [nt]

entre palavras. Em tamanhos maiores, quando a entreletra di-


minui, a entrepalavra pode diminuir também, Para um tipo de

»|z
texto normal em um tamanho de texto normal, o valor típico da

wjm
entrepalavra é de um quarto de eme, que pode ser grafado como
M/4.(Um quarto de eme é normalmente igual ou um pouco maior
do que a largura de composição da letra t.)
A língua também tem algum efeito na entrepalavra. Em A entrepalavra
línguas altamente flexionadas, como o latim, a maior parte dos nativa da fonte
usada aqui tem
limites das palavras é indicada por marcas gramaticais, e um 227 unidades, ou
espaço menor é portanto suficiente. No inglês, [no português; e 227 mulésimos de
em outras línguas pouco flexionadas, o bom espacejamento de eme, O programa
de composição
palavras faz a diferença entre uma linha que precisa ser decifrada foi instruído para
e uma;linha que pode ser lida com eficiência. permutir uma
Se o texto for justificado, uma entrepalavra mínima razoável entrepalavra
mínima de 85%
ficará em um quinto de eme (M/5), e M/4 irá constituir uma boa no texto principal,
média a ser alcançada. Uma medida máxima razoável para textos São 193 unidades
justificados é M/2. Se a entrepalavra puder ficar em m/3, tanto - pouco menos que
Mis, Já a máxima
melhor. No entanto, para alfabetos mais espacejados ou com- é de 150%, ou 340
postos em tamanhos menores, m/3 normalmente é uma média unidades - pouco
melhor a ser atingida, e M/4 passa a ser um mínimo melhor. Em mais que M/3.

uma linha de versais espacejadas pode ser necessário usar uma


entrepalavra de M/2,

21.2 Escolha uma largura de coluna confortável.

33
Qualquer comprimento de linha que contenha entre 45 e 75 ca-
racteres é amplamente reconhecido como satisfatório para uma
página de uma coluna composta em tipo e tamanho de texto, A.
linha de 66 caracteres — contando letras e espaços — é geralmente
considerada ideal, Para trabalhos com múltiplas colunas, uma
outra média, que varia de 40 a 50 caracteres, é melhor.
Movimento Se o tipo for bem composto e bem impresso, pode-se usar
horizontal linhas de 85 ou go caracteres para textos descontínuos, tais
como bibliografias ou notas de rodapé — estas com entrelinha
generosa —, sem nenhum problema. No entanto, mesmo com
uma entrelinha altruísta, linhas com média maior do que 75 ou
8o caracteres ficarão provavelmente longas demais para uma
leitura contínua.
Um mínimo prático razoável para textos justificados em
Quando os miolos inglês é a linha de 40 caracteres [em português, 48]. Linhas mais
das próprias letras curtas podem ser perfeitamente bem compostas com um pou-
(e não apenas
a entrepalavra) co de paciência e sorte, mas no trabalho cotidiano linhas com
forem elásticos, média menor do que 40 ou 38 caracteres trarão uma erupção
a justificação de espinhas brancas ou porcos-espinhos: espaços derramados e
pode ser levada
a extremos mais erráticos entre as palavras ou uma epidemia de hifens. Se a linha
radicais. Ver for curta, o texto deverá ser composto desalinhado à direita. Em
Pp 207-09. doses maiores, mesmo esse tipo de composição pode parecer
anoréxico se a linha contiver menos de 30 caracteres, mas em
porções pequenas e isoladas (notas marginais desalinhadas, por
exemplo) a linha mínima pode chegar a 12 ou a 15 caracteres.
Em todo caso, esses comprimentos de linha são médias, e
eles incluem, além das letras, espaços em branco e pontuação.
A maneira mais simples de calculá-los é utilizar uma tabela de
composição como a da página 37. Para fazê-lo, meça o compri-
Faz diferença mento do alfabeto romano internacional básico em caixa-baixa
escrever caixa
- abedefghijkimnopqrstuvwxyz- no tipo e no tamanho que quiser,
baixa sem hífen e
caixa-baixa com ea tabela irá mostrar o número médio de caracteres que podem
hífen. O primeiro aparecer em uma linha específica, Na maior parte das fontes de
termo designa a texto, o alfabeto romano de 10 pontos vai medir entre 120 e 140
caixa tipográfica
concreta usada pontos de comprimento, mas um alfabeto itálico de 10 pontos pode
pelo tipógrafo, chegar a magros 100 pontos ou menos, enquanto um bold pode
O segundo, atingir 160. O alfabeto de 12 pontos irá medir 1,2 vez o compri-
uma qualidade
própria das letras mento do alfabeto de 10 pontos, como era de se esperar - mas não
minúsculas exatamente, a não ser que tenha sido gerado a partir do mesmo
tipográficas, desenho-mestre, sem modificações na entreletra.
O mesmo vale
para caixa alta e Em uma página de livro convencional, a largura da coluna
caixa-alta, [nt] costuma ter 30 vezes o tamanho do tipo, mas há linhas cujo

34
comprimento diminui para 20 ou aumenta para até 40 vezes,
mantendo-se dentro de um alcance previsível. Se, por exemplo,
o tamanho do tipo for de 10 pontos, essa largura poderia ficar
entre 30 x 10 = 300 pt, que equivale a 300 + 12 = 25 paicas. O com-
primento típico de um alfabeto em caixa-baixa para uma fonte
de texto de 10 pontos é de 128 pontos, e a tabela de composição
nos mostra que essa fonte, composta em um espaço de 25 paicas, Ritmo e
irá acomodar aproximadamente 65 caracteres por linha. Proporção

2.1.3 Faça a composição desalinhada do texto se esse tipo de


composição se ajustar tanto ao texto quanto à página,

No texto justificado, há sempre uma negociação entre a homo-


geneidade do espacejamento e a frequência de hifens. O melhor
acordo dependerá da natureza do texto e da especificidade do
projeto. Bons compositores preferem evitar linhas com hifens
consecutivos, mas hifens fregientes são melhores do que um es-
pacejamento sujo, e a composição desalinhada é ainda melhor,
Larguras estreitas — que dificultam ao extremo a boa justifi-
cação — são normalmente utilizadas quando o texto é composto
em várias colunas. Nessas condições, a composição desatinhada
à direita dará leveza à página, diminuirá sua rigidez e irá prevenir
uma irrupção de.hifens.
Muitos tipos sem serifa ficam melhores quando compestos
sem justificação, não importa qual seja o comprimento da linha;
as fontes monoespacejadas, que são comuns em máquinas de
escrever, sempre ficam melhores quando compostas desalinhadas,
no estilo padrão dessas máquinas. Uma máquina de escrever (ou
uma impressora de qualidade similar controlada por computador)
que justifica suas linhas imitando a composição tipográfica é uma
máquina presunçosa e inculta, que macaqueia a forma externa
mas deixa de lado a verdade interior da tipografia.

te Ao compor texto desalinhado em um computador, arranje


um tempo para refinar a compreensão de seu programa a
respeito do que seja um desalinhamento honesto. Muitos
programas se predispõem a definir uma linha mínima e uma
máxima. Se deixarmos, eles irão hifenizar as palavras e ajustar
o espacejamento sem levar em conta se o texto é justificado
ou não. Nessas condições, a composição desalinhada vai
produzir uma ondulação ordenada ao longo da margem direita,
fazendo com que o texto se pareça com a barra de uma saia

35
plissada. Esse método combina as piores características da
justificação com as piores características da composição
desalinhada e elimina as virtudes de ambas. A não ser que a
linha seja insuportavelmente estreita, é melhor compor em
desalinhamento rígido na maioria dos casos, ou seja, com
espacejamento fixo entre palavras, sem definir um
Movimento comprimento mínimo de linha e sem nenhum hífen além do
horizontal que já for inerente ao texto, Nesse tipo de composição, quebras
de linha com hifens podem ocorrer em palavras como auto-
sustentabilidade, que já possuem seu próprio hífen, mas
precisarão de intervenção manual para ocorrer em palavras
como hifenização ou contraproducente, que não o possuem.

2.1.4 Use um único espaço entre sentenças,

No século 19 — que para a tipografia e para o desenho de tipos


significou uma inflacionária idade das trevas -, muitos compo-
sitores eram incentivados a rechear seus textos com espaços a
mais entre as frases. No século 20, várias gerações de datilógrafos
foram ensinadas a fazer o mesmo, pressionando a barra de espaço
duas vezes após o ponto final, Quem abdica desse estranho hábito
vitoriano em sua datilografia e em sua composição tipográfica só
tem a ganhar. De um modo geral, apenas um espaço é necessá-
rio depois de um ponto, de um ponto-e-vírgula ou de qualquer
outra marca de pontuação. Espaços maiores (um espaço ene, por
exemplo) são pontuações em si mesmos.
Essa regra é por vezes alterada quando se trata de compor
textos em grego ou latim clássico, em sânscrito romanizado e em
linguagem fonética, ou noutros tipos de texto em que as orações
iniciem com minúsculas, Na ausência de maiúsculas, um espaço
ene cheio (M/2) entre orações pode ser bem-vindo.

2.1.5 Use pouco ou nenhum espaço em meio a cadeias de iniciais.

Nomes como W.B. Yeats e J.C.L. Prillwitz podem receber espaços


ultrafinos [também conhecidos como espaços-cabelo ou espaços
de apelo], espaços finos ou nenhum espaço após os pontos. Um
espaço normal segue após o último ponto da cadeia.

2.16 Espaceje todas as segiiências de versais e versaletes, bem


como todas as segiiências longas de dígitos.

36
MÉDIA DE CARACTERES POR LINHA

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

80 40 48 56 64 72 80 88 96 104 128
112 120 136 144 152 160

85 38 45 53 6o 68 76 83 91 98 106 121
113 129 136 144 151 A coluna da
go 36 43 so 57 64 72 79 86 93 100 107 25 122 136 143 esquerda indica
95 34 41 48 55 62 69 75 82 89 96 103 no 117 130 137 o comprimento
100 33 40 46 53 59 66 73 79 86 92 99 106 12 125 132 do alfabeto em
105 32 38 44 51 57 63 70 76 82 89 95 101 108 120 127 caixa-baixa.
no 30 37 43 49 55 6 67 73 79 85 92 98 104 16 122 A linha do topo
115 29 35 41 47 53 59 64 yo 76 82 88 94 100 uz indica a largura
120 28 34 39 45 50 56 62 67 73 78 84 90 95 uz da coluna em
125 27 32 38 43 48 54 59 65 70 75 8 86 108 paicas,
130 26 31 36 41 47 52 57 62 67 73. 78 83 88 104
135 25 30 35 40 45 50 55 6e 65 70 75 8o 8s 100 Uma definição
140 24 29 34 39 44 48 53 58 63 68 73 77 8a 97 precisa da
145 23 28 33 37 42 47 51 56 61 66 70 75 8o 94 unidade ponto
150 23 28 32 37 41 46 51 55 do 64 69 74 78 92 encontra-se no
155 22 27 31 36 40 45 49 54 58 63 67 72 76 90 apêndice c,
160 22 26 30 35 39 43 48 52 56 6 65 69 74 87 páginas 361-62.
165 2 25 30 34 38 42 46 51 55 59 63 68 72 84
170 a 25 29 33 372 41 45 49 53 57 62 66 70 82
175 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 80
180 20 23 27 31 35 39 43 47 51 55 59 62 66 78
185 19 23 27 30 34 38 42 46 49 53 57 61 65 76
190 19 22 26 30 33 37 41 44 48 52 56 59 é3 74
195 18 22 25 29 32 36 40 43 47 so 54 58 61 72
200 18 21 25 28 32 35 39 42 46 49 53 56 6o 70
210 17 20 23 27 30 33 37 40 43 47 se 53 57 67
220 16 19 22 25 29 32 35 38 41 45 48 51 54 64
230 15 18 21 24 27 30 33 36 40 43 46 49 52 61,
240 15 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 49 58
250 14 2” 20 22 25 28 31 34 36 39 42 45 48 56
260 14 16 19 22 24 27 30 32 35 38 41 43 46 54
270 13 16 18 21 23 26 29 31 34 36 39 42 44 52
280 13 15 18 20 23 25 28 30 33 35 38 40 43 so
290 12 15 17 20 22 24 27 29 32 34 37 39 41 49
300 12 14 1 19 21 24 26 28 31 33 35 38 40 47
320 u 13 16 18 20 22 25 27 29 31 34 36 38 45
340 10 13 15 17 19 21 23 25 27 29 32 34 36 42
360 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 40

37
Acrônimos como IBGE e ONU são fregientes em alguns textos;
o mesmo acontece com abreviações como DVD, TV, AM € EM.
O valor normalmente utilizado para espacejar essas sequências
As maiúsculas de maiúsculas (versais e versaletes) é de 5% a 10% do tamanho
tipográficas são do tipo.
divididas em duas
classes: as versais, Nas fontes digitais, é simples atribuir uma largura extra.
que têm altura para todos os versaletes, de modo que o espacejamento ocorra
de caixa-alta, e
automaticamente, Já os valores de largura das versais são normal--
os versaletes, que
têm altura de mente dados com base na suposição de que elas serão utilizadas
caixa-baixa, O em conjunto com as minúsculas, mas o espacejamento pode
termo maiúsculas ainda assim ser automatizado com o uso de tabelas de kerning
foi, portanto,
evitado, em nome (ver seção 2.1.8).
desses termos Em títulos e subtítulos, um espacejamento extra é muitas
mais precisos, e o vezes desejável. Linhas justificadas de versais espacejadas são
termo capitular,
muitas vezes
compostas, em geral, com a inserção de um espaço normal (de m/5
utilizado com o a M/4) entre as letras. Isso corresponde a um espacejamento de
mesmo significado 20% a 25% do tamanho do tipo. Mas o espaço extra entre as letras
de versal, foi
reservado para pede mais espaço entre as linhas, Um tipógrafo renascentista que
as letras que se compusesse um título de várias linhas com versais espacejadas
destacam no início em tamanho de texto normalmente comporia “brancos” entre as
de capítulos ou
parágrafos, [NT] linhas: o equivalente, em composição manual, ao espaço duplo
do operador.
A língua Não há um valor ótimo generalizado para o espacejamento
portuguesa possui de versais titulares ou display. O espacejamento efetivo nas boas
equivalentes
para os termos inscrições clássicas e em manuscritos posteriores varia de 5% a
Kern e kerning: 100% do tamanho nominal do tipo.À quantidade de espaço é mui-
crena e crenagem. to menos importante que seu equilíbrio. Segiiências como LA ou
O mesmo
acontece com os AvA podem não precisar de nenhum espaço, enquanto sequências
tipos, também como NN e HIH implorarão por uma abertura generosa.
conhecidos como
tipos de ostensão.
Os termos ingleses, WAVADOPATTIMMILTL
contudo, ainda
reinam absolutos
e foram mantidos
WAVADOPATTIMMILTL
aqui, [NT]
Versais espacejadas, acima; com kerning, sem espacejamento, abaixo,

Muitos tipógrafos também preferem espacejar segiiências de


números. O espacejamento é essencial para a leitura rápida de
cadeias longas e essencialmente desprovidas de significado, tais
como números seriais, e é útil até mesmo em segiiências menores,
tais como números de telefone e datas. Números compostos em
pares não precisam de espacejamento; cadeias de três ou mais

38
podem precisar de algum respiro. Essa é a razão que há por trás
do antigo hábito europeu de compor números telefônicos na
forma 00 00 00 00 ao invés de 0000-0000.

2.1.7 Não espaceje minúsculas sem necessidade. As designações de


peso tipográfico
Frederic Goudy gostava de dizer que o homem que espacejasse (light, semibola,
bold, black etc.)
minúsculas estaria “roubando ovelhas”, Se essa expressão precisa foram mantidas
de alguma atualização, talvez seja apenas para acrescentar que o em inglês por sua
mesmo aconteceria também com as mulheres que o fizessem. popularidade e
aproximação dos
Não obstante, como é o caso com qualquer regra, essa só vale nomes originais.
até onde a razão alcança. O porquê de não espacejar minúsculas Já as larguras
é que isso dificulta a sua legibilidade, mas há alguns alfabetos em foram indicadas
por termos
caixa-baixa aos quais esse princípio não se aplica. portugueses que
Títulos compostos com versais estreitas, sem serifa e exape- não sugerem
radamente espacejadas tornaram-se uma marca registrada, se não deformação:
estreito em vez
um clichê, da tipografia pós-moderna. Nesse contexto, subtítulos de condensado,
podem ser tranquilamente compostos com minúsculas estreitas, largo em vez de
sem serifa e com espacejamento modesto. Uma separação mode- estendido. Nomes
de batismo que
rada pode fazer com que as minúsculas de tipos como o Univers incluem essas
bold estreito fiquem mais legíveis. Ligaturas que não são essenciais designações em
serão evidentemente omitidas no texto espacejado. outras línguas
foram mantidos
no original. (Entre

desdenhar e definhar
as escalas de
gradação de pesos
tipográficos em
português, destaca-
Minúsculas em Univers bold estreito, espacejadas em 10%, sea proposta de
Goebel Weyne
e Washington
Seria possível fazer um quadro detalhado da resistência Dias Lessa, que
inerente dos tipos minúsculos ao espacejamento. Perto do topo se baseia na
da lista (entre os mais inadequados) estariam os itálicos renas- escala proposta
por Adrian
centistas, tais como o Arrighi, cuja estrutura pressupõe uma Frutiger para a
verdadeira ligação entre as letras. Pouco depois ficariam os ro- família Univers
manos renascentistas. Mais adiante encontrariamos tipos como e foi incluída
no Manual para
o Syntax, que ecoam formas romanas renascentistas mas não têm Planejamento
serifa. Lá pelo meio da lista veríamos tipos sem serifa como o de embalagens,
Helvetica, em que só a força de vontade mantém as letras unidas. desenvolvido
em 1976 pelo
Tipos bold estreitos sem serifa ficariam no fim da lista. O espace- Instituto de
jamento sempre sabota um romano ou um itálico renascentista. Desenho Indutrial
Mas ao chegar na outra ponta, onde se encontram os tipos sem do MAM RJ para
o Ministério da
qualquer fluidez caligráfica, o espacejamento de minúsculas pode Indústria e do
ser genuinamente benéfico. Comércio). [nt]

39
Ao isolar elementos individuais, o espacejamento tem um
papel garantido onde as palavras são menos importantes que as
Mais informações letras. O espacejamento provavelmente será útil onde as letras
sobre tabelas funcionarem uma a uma (como em acrônimos e endereços ele-
de kerning nas
páginas 221-26. trônicos), sejam elas versais, versaletes ou minúsculas.
O espacejamento também tem outras funções tradicionais
fora do domínio dos tipos romanos ou itálicos. Tipos góticos, de

Sab um modo geral, não têm companheiros itálicos ou bold, nem ver-
saletes. Para indicar ênfase, os métodos mais simples à disposição
são o sublinhado e o espacejamento. O primeiro era o método

dsb usual dos escribas, mas o último mostrou-se mais prático para
os impressores tipográficos. Na tipografia digital, no entanto,
sublinhar é tão fácil quanto espacejar e às vezes causa menos
danos à página.
Em cirílico, a diferença entre a caixa-baixa e os versaletes é
mais sutil do que nos alfabetos grego e latino, mas os versaletes são
2KÁ igualmente importantes para os tipógrafos cirílicos mais hábeis.
Antigamente, quando os tipos cursivos em cirílico eram raros e
os versaletes quase inexistentes, a rotina de sua composição era
KU similar à dos tipos góticos fraktur, com minúsculas retas (roma-
nas) espacejadas substituindo versaletes e cursivas (itálicas). A
melhoria dos tipos cirílicos tornou essa prática obsoleta.
O termo display,
que aparece na 21.8 Faça kernings modestos e consistentes ou não faça nada.
página 38, refere-
se aos tipos
utilizados em É impossível escapar das inconsistências no espacejamento entre
tamanhos maiores, letras, dadas as formas do alfabeto latino. Pequenas irregularidades
especialmente são, afinal, essenciais à legibilidade dos tipos romanos. O Kerning
em projetos de
sinalização, mas - a alteração do espaço entre pares de letras específicos - pode
também em locais aumentar a consistência do espacejamento em palavras como
de destaque tais Washington ou Toronto, onde as combinações Wa e To recebem
como cabeçalhos
de jornais e kerning. No entanto, nomes como Wisconsin, Túbingen, Tbilisi,
embalagens. Seu Los Alamos e palavras comuns tais como as inglesas The ou This
equivalente permanecem mais ou menos imunes a alterações.
português (tipo
de ostensão) não Compositores manuais raramente fazem o kerning de tipos
tem o mesmo em tamanho de texto, pois seus pares precisam ser ajustados
alcance, Como manualmente, um de cada vez. A composição tipográfica por
o termo inglês
também identifica computador auxilia o kerning extensivo, mas não deixa de requerer
esse tipo de fonte julgamento — e nisso o computador não ajuda. Quanto menos
no mercado kerning, melhor; um kerning inconsistente é pior do que nada.
internacional, a
grafia inglesa foi Nos tipos digitais, assim como nos tipos fundidos, cada letra
mantida, [Nr] tem uma largura própria. Mas os sistemas de composição compu-

40
tadorizados podem modificá-la de muitas maneiras. O kerning das
fontes digitais é feito geralmente com o uso de tabelas de kerning,
que podem especificar a redução ou o aumento do espacejamento
de cada par de letras, números ou símbolos.Dessa maneira, es-
paços podem ser adicionados automaticamente a combinações
como HH e removidos de combinações como Ty: Atualmente, as
tabelas de kerning pré-fabricadas são componentes rotineiros de Ritmo e
fontes digitais bem-feitas, mas ainda requerem uma boa edição proporção
para se ajustarem aos estilos e às necessidades individuais. Se
você utilizar um programa com kerning automático, faça vários
testes antes de confiar em suas decisões, tomando o tempo que
for necessário para reparar suas limitações.
As tabelas de kerning geralmente tiram espaço de combi-
nações como Av, Aw, Ay, A, “A, E e de todas as combinações nas
quais o primeiro elemento é T, V, W, ou Y e o segundo elemento
éac de gm,n,0,P, LS, UV WX y Ou z. Nem todas essas
combinações ocorrem em inglês [ou em português], mas qualquer
sistema de kerning deveria acomodar nomes como Tchaikovsky,
Tmolos, Tsimshian, Vásquez, Château d'Yquem e Ysaje.
Normalmente, a tabela também adiciona espaços a seqiiên-
cias como £) £), £], f2, £!, (f; [f; €] e [3. Em alguns itálicos é preciso
adicionar espaços aos pares gg e gy. Se o seu texto incluir esses
pares, outras sequências — gf; gj, af e qj, por exemplo — também
poderão precisar de atenção.
O kerning de combinações envolvendo vírgulas e pontos
-taiscomor,/r./w/v./w/w./ye/Y.- é comum, especialmente
em tamanhos maiores. Mas cuidado com combinações como F./
B/T./V. As maiúsculas precisam do seu espaço e algumas combi-
nações são facilmente enganadoras. P.F. Didot pode ser lido como
RE Didot se o kerning ali for feito com muito entusiasmo.
Os algarismos são normalmente omitidos das tabelas de
kerning, mas não raro necessitam dele mais do que as letras. A
maioria das fontes, metálicas ou digitais, é equipada com alga-
rismos tabulares — que possuem a mesma largura de composição,
para que as suas colunas possam se alinhar, Se você for forçado
a utilizar uma fonte assim, precisará lançar mão de uma terapia
intensiva de kerning. Uma boa fonte de texto, em vez disso, irá
oferecer-lhe algarismos proporcionais. Uma fonte digital no for-
mato OpenType poderá colocar quatro opções à sua disposição:
algarismos alinhados proporcionais e tabulares (titulares) e al-
garismos de texto proporcionais e tabulares. Quando utilizados
em um texto, é provável que os algarismos necessitem de algum

41
kerning em relação a si mesmos e ao traço ene, não importa qual
seja o seu corte,
Seja qual for o kerning que fizer, certifique-se de que ele
não produzirá colisões com caracteres diacríticos tais como
acentos. A palavra Volta pode receber um kerning mais estreito
do que a palavra Vô em muitos tipos; o mesmo acontece com
Movimento a palavra Tempo em relação à palavra Tênis. Atente também
horizontal para o efeito composto de kernings sucessivos. Os apóstrofos de
LHôtel e DArtagnan podem ser bastante aproximados, mas duas
aproximações em sequência no nome L Anse aux Meadows irão
produzir uma colisão.

I740-I900 1/7/40-I900
Numerais da Sabon sem keming, à direita, e com bom keming, à esquerda.

Uma tabela de kerning escrita expressamente para uma lín-


gua irá requerer sutis alterações para poder fazer jus a outra. Em
inglês, por exemplo, é normal fazer o kerning das combinações
d'mr's*t, que aparecem em contrações comuns, Em francês,
são as combinações 'a “à 'e é '&'o 0, que aparecem em elisões. Em
2 textos norte-americanos nativos, os apóstrofos podem aparecer
ad em muitos outros contextos. Em espanhol, faz-se o kerning das
combinações'; e“. Em alemão, o tipógrafo cuidadoso irá retirar
«, espaço das combinações ;T' ,E',V V ;W »W e poderá adicioná-lo
ê aJeas,).
A letra c não é um membro plenamente consolidado do
alfabeto alemão, e em tempos passados restringia-se apenas às
ck ligaturas ch e ck. Quem lê textos compostos com fontes feitas
na Alemanha em outras línguas que não o alemão muitas vezes
“.
considera o kerning dessas combinações desconfortável por sua
i estreiteza, ou no mínimo acha a proteção lateral direita do c muito
pequena. Já nas fontes holandesas é comum encontrar um kerning
estreito demais na sequência ij,
Em português, as As tabelas binomiais de kerning são ferramentas tipográficas
combinações Tã, poderosas e úteis, mas não eliminam nem a necessidade nem o
Pã, Vá, dá, dé, dó,
d'ú, dá, dê e do prazer de fazer ajustes finais à mão. Nomes como T.V.R. Murti
requerem cuidado e T.R.V. Murti, por exemplo, contêm problemas tipográficos
especial. [NT] microscópicos que nenhuma tabela binomial de kerningé capaz
de resolver. Fontes que oferecem kerning polinomial (tabelas que
podem espacejar pares de letras de diversas maneiras de acordo

42
com o contexto) já existem há uma década e é possível que um
dia venham a se tornar a norma. Até o momento, são raridades.

21.9 Não altere a largura ou a forma das letras sem necessidade.

O design de tipos é uma arte praticada por poucos e dominada por


muito poucos — mas os programas de edição de fontes permitem Ritmo e
que qualquer pessoa altere instantaneamente as larguras e formas proporção
de letras às quais um artista pode ter dedicado décadas de estudo,
anos de inspiração e um raro conjunto de habilidades. O poder
de destruir o trabalho de um designer de tipos deve ser utilizado
com cuidado. Seja como for, não há método mais infeliz do que
condensar ou expandir arbitrariamente as letras para ajustar um
texto ineditável a um espaço inalterável.
Em diversas fontes, por exemplo, o ponto de exclamação, o
ponto de interrogação, o ponto-e-virgula e o dois-pontos precisam
de uma proteção lateral esquerda maior do que aquela especi-
ficada por seus fabricantes; seja como for, a largura de qualquer
caractere deve ser alterada com um único propósito: melhorar a
composição tipográfica,
A legibilidade das letras tipográficas não depende apenas de
sua forma ou da tinta que as imprime, mas também do espaço
vazio esculpido entre elas e à sua volta. Quando o tipo é moldado
e composto à mão, esse espaço é definido fisicamente por blocos
de metal. Quando ele é reduzido a um desenho armazenado em
formato digital ou fotográfico, continua a possuir um espaço
próprio, definido pela altura e pela largura nominais de seu corpo.
Mas no mundo dos tipos digitais um designer ou um compositor
<
sem nenhuma consideração pelas letras pode facilmente compri-
mi-las em trens de gado e enviá-las para o abate.

entreletra entreletra
Quando as letras são maltratadas dessa maneira, suas reservas
de legibilidade se esgotam. Nessa hora, não lhes resta mais nada
a não ser decepcionar e brutalizar o leitor.

21.10 Não estique o espaço até arrebentar.

Uma lista (um sumário ou uma receita, por exemplo) oferece a


oportunidade de construir verdadeiras estruturas arquitetônicas
nas quais o espaço entre os elementos pode separá-los e uni-los

43
ao mesmo tempo. Entre as maneiras de deixar tal oportunidade
escapar, duas são muito apreciadas: abrir grandes precipícios de
espaço sobre os quais o olho não consegue saltar sem a ajuda da
mão e utilizar linhas pontilhadas pouco esclarecedoras que for-
çam o olho a caminhar cabisbaixo pela largura da página como
se fosse um prisioneiro sendo escoltado de volta à cela,
Movimento Os exemplos seguintes mostram duas das muitas maneiras
horizontal de lidar com uma lista, Separar títulos e números, alinhar um à
esquerda e outro à direita, com ou sem pontilhado, irá apenas
embaralhar a informação:

Introdução 7
Capítulo 1 O sexo mágico dos centauros 11
Capítulo 2 O sonho de Poliphilo 43

Prólogo « página5
Pontos em que o acordo é possível » página 9
Diferenças irreconciliáveis » página 11
Conclusão « página 163
Índice + página 164
2.2 MOVIMENTO VERTICAL

221 Escolha uma entrelinha básica que se ajuste ao tipo,


ao texto e à largura da mancha de texto,

Como o espaço, o tempo pode ser dividido de inúmeras maneiras.


Para fins práticos, porém, o tempo musical é dividido em alguns
intervalos proporcionais: metades [colcheias], quartos [semicol-
cheias), oitavos [fusas], dezesseis avos [semifusas) etc. Em música,
de um modo geral, o tempo respeita essas medidas. Experimente
adicionar uma semicolcheia a uma pauta com um tempo definido;
anota equivalente deverá aparecer em algum lugar perto dali para
compensá-la. O fraseado e o ritmo podem sair do andamento
- como acontece no canto de Billie Holiday e nos solos de trompete
de Miles Davis —, mas a força do fraseado e da síncope do blues
desaparecerão se a batida não estiver presente.
O espaço na tipografia é como o tempo na música. É infini-
tamente divisível, mas alguns poucos intervalos proporcionais
podem ser muito mais úteis do que uma oferta ilimitada de
valores arbitrários.

44
Na tipografia, a medida do espaço horizontal é obtida quase
que inconscientemente, Uma fonte é escolhida e preparada e a
largura da coluna é definida. Quando os tipos são compostos, a
largura é preenchida pelo ritmo variado das formas repetidas das
letras, que são música para os olhos.
Já o espaço vertical é medido de forma diversa. É preciso es-
colher não apenas a altura da coluna ou da página - mas também Ritmo e
uma unidade rítmica básica. Essa unidade é a entrelinha, que é proporção
a distância de uma linha de base a outra.
Um tipo de onze pontos com entrelinha de corpo é designado
pela notação u/n. A altura teórica do tipo é de 11 pontos (do
topo do d à base do p, se o tipo for de corpo cheio), e a distância Um tipo tem corpo
da primeira à segunda linha de base também é de 11 pontos. Se cheio quando as
extremidades
você adicionar dois pontos à entrelinha, esse valor irá mudar para superiores e
11/13. O tamanho do tipo permanecerá inalterado, mas a distância inferiores da tipo
entre as linhas de base terá aumentado para 13 pontos e o tipo coincidem com os
limites verticais
terá mais espaço para respirar. de sua área de
O texto deste livro, por exemplo, foi composto em 10/12 x construção. [nt]
21. Isso quer dizer que o tamanho do tipo é de 10 pontos, que a
entrelinha adicional é de 2 pontes — o que dá uma entrelinha total
de 12 pontos — e que a largura da linha é de 21 paicas.
Um pequeno texto publicitário cu um título podem ser com-
postos com entrelinha negativa (18/15, por exemplo), contanto
que as ascendentes e as descendentes não colidam:

este é um exemplo
brj
de entrelinha negativa
Textos contínuos raramente são compestos com entrelinha
ext
negativa e apenas alguns tipos de texto ficam com boa legibilidade.
quando compostos com entrelinha de corpo. A maior parte dos
textos requer uma entrelinha positiva. Especificações como 9/11,
Sr]
erf
10/12, 11/13 e 12/15 são rotineiras. Colunas mais largas requerem
mais entrelinha do que colunas mais estreitas. Tipos mais pesa-
dos precisam de mais entrelinha do que tipos mais leves. Tipos
de corpo grande pedem uma entrelinha maior do que tipos de Bauer Bodoni e
corpo pequeno. Fontes como a Bauer Bodoni, com cor forte e eixo Bembo, ambas
com 40/42.
vertical rígido, precisam de muito mais entrelinha do que fontes
como a Bembo, em que a cor é clara e o eixo se baseia na escrita
manual. Fontes sem serifa, por sua vez, pedem mais entrelinha
que suas companheiras serifadas.

45
Uma quantidade extra de entrelinha também é bem-vinda
quando o texto for engrossado por sobrescritos, subscritos, ex-
pressões matemáticas ou pelo uso frequente de versais. Um texto
em alemão deveria ter uma entrelinha ideal um pouco maior do
que o mesmo texto em latim ou francês, simplesmente em virtude
da maior freqiiência de maiúsculas.
Movimento
vertical 2.2.2 Adicione e retire espaços verticais em intervalos definidos.

Assim como o tempo não pode ser alterado arbitrariamente na


música, a entrelinha não deve ser arbitrariamente modificada
na tipografia.
Páginas e colunas são normalmente compostas com altura
uniforme, mas em algumas situações é melhor variar, Uma coleção
de pequenos textos tais como os itens de um catálogo, quando
é composta em páginas com várias colunas, fica melhor e mais
legível se o texto não for serrado em colunas de mesma altura,
Uma reunião de poemas curtos também está fadada a gerar pá-
ginas com altura de coluna variável, Tanto melhor,
A prosa contínua não oferece essa desculpa para a variação,
e portanto é normalmente composta em páginas de mesma al-
tura de coluna, desenhadas em pares simétricos. Nesse formato
as linhas e os blocos de texto das páginas opostas devem estar
alinhados, bem como as linhas na frente e no verso da folha (as
No Brasil, é mais páginas assim chamadas de reto e verso). Os tipógrafos verificam
comum referir-se a suas provas de prelo segurando-as em pares contra a luz, para
essas páginas como
páginas ímpares e certificarem-se de que o texto e as marcas de corte coincidem de
páginas pares, (NE; uma página para a outra. As provas já impressas são checadas da
mesma maneira: as folhas são colocadas contra a luz para verificar
se os blocos de texto dão as costas um para o outro quando a folha
é impressa dos dois lados.
Títulos, subtítulos, citações em destaque, notas de rodapé,
ilustrações, legendas e outras intromissões criam síncopes e va-
riações sobre a base rítmica da entrelinha regular. Estas podem e
devem emprestar vitalidade à página, mas o texto principal deve
retornar precisamente à mesma batida e ao mesmo andamento
depois de cada uma delas. Isso significa que a quantidade total de
espaço vertical consumida em cada desvio do texto principal deve
ser necessariamente um múltiplo comum da entrelinha básica.
Se o texto principal correr em 11/13, as intromissões precisam
equivaler a algum múltiplo de 13 pontos: 26, 39, 52, 65, 78, 91,
104 e assim por diante,

46
Os subtítulos deste livro são entrelinhados da maneira
mais simples possível, com uma linha branca antes e depois. Sua
entrelinha também poderia ser assimétrica, com mais espaço
em cima do que embaixo, desde que a entrelinha adicional fosse
equivalente a um número par de linhas de texto.
Se você compuser um texto em 11/13,0s modos de entrelinhar
os seus subtítulos ficarão restritos às seguintes possibilidades: Ritmo e
proporção
subtítulos 11/13 em versaletes, com 13 pt acima e abaixo;
subtítulos 11/13 em caixa-alta e baixa, com 8 pt acima es pt
abaixo, uma vez que 8 + 5 = 13;
subtítulos 11/13 em versais com 26 ptacima e 13 pt abaixo;
subtítulos unilineares 14/13 em itálico de caixa-alta e baixa
com 16 ptacima.e 10 pt abaixo. (Nesse caso, a entrelinha ne-
gativa tem apenas a função de facilitar a codificação. Se os sub-
títulos tiverem apenas uma linha, nenhuma sobreposição irá
ocorrer.)

22.3 Não sufoque a página.

A maioria dos livros atualmente impressos com o alfabeto latino


leva de 30 a 45 linhas por página. O comprimento médio de linha
nesses livros vai de 60 a 66 caracteres. No inglês e nas línguas
românicas, presume-se que uma palavra tenha em média cinco
caracteres e um espaço. É possível inserir de dez a onze palavras Em português, no
em uma linha de 60 a 66 caracteres, e a página, se estiver cheia, entanto, essa média
sobe para seis. [NT]
comportará de 300 a 500 palavras.
Muitos problemas tipográficos interessantes aparecem fora
desses limites convencionais. Se um texto merecer a honra, uma
bela página pode ser composta com muito poucas palavras. Uma
página com 17 linhas de 36 caracteres, por exemplo, terá apenas
cem palavras. No outro extremo, uma página com 45 linhas de
70 caracteres abrigará 525 palavras. Se você quiser mais de 500
palavras por página, talvez seja bom cogitar o uso de colunas
múltiplas. Uma página de livro com duas colunas pode abrigar 750
palavras confortavelmente. Se necessário, pode chegar a mil.
Não importa quão cheia ou vazia, a página precisa respirar,
e num livro — isto é, num texto longo feito para ser habitado pelo
leitor — é preciso que ela respire em ambas as direções. Quanto
mais longa for a.linha, maior será o espaço necessário entre as
linhas. Duas colunas de linhas curtas serão portanto mais com-
pactas do que uma coluna de linhas longas.

47
2.3 BLOCOS & PARÁGRAFOS

2.3.1 Não recue a primeira linha dos parágrafos iniciais.

A função do recuo do parágrafo é marcar uma pausa, separando o


parágrafo de seu precedente. Se um parágrafo é precedido por um
Blocos e título ou por um subtítulo, o recuo é supérfluo e pode, portanto,
parágrafos ser omitido - como acontece aqui.

2.3.2 Em um texto contínuo, marque todos os parágrafos que se


seguem ao primeiro com um recuo de pelo menos um ene,

A tipografia, como as outras artes — da culinária à coreografia —,


requer um equilíbrio entre o familiar e o estranho, entre o que é
confiavelmente consistente e o imprevisto. Os tipógrafos olham
com prazer para o comprimento imprevisível do parágrafo, mas
aceitam a consistência simples e reconfortante do recuô inicial.
O parágrafo da prosa e seu equivalente em verso, a estrofe, são
unidades básicas do pensamento lingúístico e do estilo literário.
O tipógrafo precisa articulá-los o suficiente para torná-los claros,
cuidando para que a forma não roube a cena do conteúdo. Se as
unidades de pensamento ou as fronteiras entre os pensamentos
parecerem mais importantes do que eles próprios, o tipógrafo
terá fracassado.
to Ornamentos podem ser inseridos nos recuos de parágrafo,
mas poucos textos ganham com a ornamentação.
Os parágrafos
também podem ser marcados por linhas caídas, como é o caso
deste, mas acabam se tornande cansativos em textos longos. As
linhas caídas também causam o aumento do trabalho de revisão e
correção. 9 Marcas de parágrafo, caixas e pontos podem ser usados
para sinalizar as quebras de um fluxo de texto contínuo, às vezes
com excelentes resultados. Em termos de espaço, esse formato é
mais econômico do que os parágrafos recuados convencionais,
mas pode incorrer em trabalho e despesas adicionais em razão
das emendas e correções.
Os recuos externos e internos são as duas opções restantes. Os
recuos externos trazem consigo outras possibilidades, tais como
o uso de letras marginais ampliadas.
Essas e outras variantes têm seu uso, mas a forma mais básica, mais
inconfundível e ao mesmo tempo mais discreta de marcar um
parágrafo é o recuo simples: um quadrado branco.

48
Quanto basta recuar? O recuo de parágrafo mais comum é de
um eme. Outro valor-padrão é uma entrelinha. Se o seu texto for
composto em 11/13,0 recuo será ou de 11 pt (um eme) ou de 13 pt
(uma entrelinha). Um ene (meio eme) é o mínimo praticável.
Se as linhas forem longas e as margens forem generosas, um
recuo de 1)2 ou 2 emes poderá parecer mais luxuoso do que um
eme, mas recuos maiores do que 3 emes são em geral contrapro- Ritmo e
ducentes. Quando as últimas linhas de um parágrafo são curtas proporção
e os parágrafos seguintes têm recuos grandes, as páginas ficam
esfarrapadas,
Parágrafos em bloco "justificados à esquerda e à direita] não
têm recuo e são separados de seus vizinhos de cima e de baixo
por uma entrelinha adicional - uma linha branca, em geral. São
comuns em cartas de negócios e memorandos; como sugerem pre-
cisão, nitidez e rapidez, podem ser úteis também em outros tipos
de documentos curtos. Em sequências mais longas, no entanto,
poderão parecer desprovidos de alma e pouco convidativos.

23.3 Use entrelinha extra antes e depois de um bloco de citações.

Há muitas formas de distinguir blocos de citações do texto prin-


cipal. Por exemplo: mudando o tipo (normalmente do romano
para o itálico) ou o tamanho (de 1 pt para 10 pt ou 9 pt) ou
abrindo um recuo lateral.
Combinações desses métodos são frequentemente utilizadas,
mas um dispositivo só já é suficiente. Se o seu recuo de parágrafo
for modesto, você poderá usá-lo também na lateral das citações
por uma questão de coerência. Mesmo que as suas citações sejam
compostas em um tamanho menor do que o texto normal, você
poderá manter a entrelinha intacta. Se o texto principal tiver 10/12,
as citações poderão ter 10/12 itálico ou 9/12 romano. Se preferir
uma densidade maior ou tiver muita vontade de economizar
espaço, poderá compô-las em 9/11 ou 9/10%.
Independentemente de como a citação estiver composta, será
preciso criar uma distinção visível entre ela e o texto principal,
antes e depois. Isso normalmente se traduz em uma ou em meia
linha'branca no começo e no fim do bloco. No entanto, se.a en-
trelinha da citação diferir da entrelinha do texto principal, esses
brancos precisam ser elásticos. É deles a única chance de trazer
o texto de volta à sua batida,
Suponha que o seu texto principal tenha 11/13 e que um bloco
de citação de cinco linhas composto em 10/12 se intrometa. A

49
altura da citação é 5 x 12 = 60. Esse espaço precisa ser inflado até
atingir um múltiplo de 13 e voltar à batida do texto, O múltiplo
mais próximo de 13 nesse caso é 5 x 13 = 65. O espaço restante
éde65-60=5,e5+2=2,5,0 que não é suficiente. Adicionar
2,5 pt antes e depois não é suficiente para criar uma separação
adequada. O próximo múltiplo de 13 é 6 x 13 = 78,0 que já é
Blocos e uma opção melhor: 78 — 60 = 18€ 18 + 2 = 9. Portanto, adicione
parágrafos uma entrelinha de 9 pt antes e depois do bloco e o texto voltará
ao seu alinhamento.

2.3.4 Recue ou centralize citações em verso.

Versos são normalmente compostos alinhados à esquerda e de-


salinhados à direita, e as citações em verso dentro da prosa não
devem ser privadas de sua forma original. Mas para distinguir
citações em verso da prosa que as envolve é preciso recuá-las
ou centralizá-las tomando como base sua linha mais longa. É
preferível centralizá-las quando a largura da coluna de prosa for
substancialmente maior do que a linha do verso. A passagem a
seguir, por exemplo, foi centralizada a partir de sua primeira linha,
que também é a maior.

“God guard me from Deus me proteja do que os homens pensam


those thoughts Só com suas mentes;
men think/ In the
mind alone / He Quem canta uma canção duradoura
that sings a lasting Pensa com a medula.
song! Thinks in
a narrow bone:
Suponha que o seu texto principal tenha sido composto em
William Butler uma largura de coluna de 24 paicas e que você tenha decidido
Yeats,“A Prayer compor as citações em verso em itálico no tamanho do texto.
for Old Age.
Suponha ainda que a linha mais longa de sua citação meça 269
pontos. O recuo dessa citação poderia ser calculado assim: temos
a largura total de coluna da prosa, que é de 24 x 12 = 288 pt;a
diferença entre essa largura de coluna e o verso mais longo é de
288 — 269 = 19 pt.O recuo teoricamente perfeito para essa citação
é de19 + 2 = 9,5 pt. No entanto, se um outro recuo um pouco
menor ou um pouco maior do que 9,5 pt estiver sendo usado, seja
para blocos de citações, seja para a prosa, não haverá nenhum
problema em casar a citação em verso com esse recuo.
Suponha, no entanto, que a linha mais longa do verso meça
128 pontos. A largura de coluna, mais uma vez, é de 288 pontos,
e 288 — 128 = 160. À metade de 160 é igual a 80 pontos. Não é

50
provável que nenhum outro recuo próximo de 80 pontos estivesse
sendo utilizado. Nesse caso, o recuo do bloco de citação em verso
teria precisamente esse valor.

2.4 ETIQUETA DE HIFENIZAÇÃO & PAGINAÇÃO

As regras listadas abaixo são práticas comuns do ofício na com- Ritino e


posição de texto justificado. Com exceção da última, todas as proporção
outras são programáveis, mas a operação dessas regras afeta ne-
cessariamente o espacejamento de palavras e, consequentemente,
a textura e a cor da página. Se as decisões forem delegadas a um
programa, elas deverão ser julgadas por um olho treinado — e
nenhum programa de composição deveria ter permissão para
comprimir, expandir ou espacejar as letras de um texto arbitraria-
mente para ajustá-lo ao espaço disponível. Problemas desse tipo
devem ser resolvidos com um projeto criativo, sem ludibriar o
leitor e o texto nem atirar pérolas às máquinas. Para uma breve
discussão a respeito dos mecanismos de justificação digitais, aos
quais a maior parte desse trabalho é delegada atualmente, ver
S 9.4, página 207.

2.41 Nos finais de linha hifenizados, deixe pelo menos duas


letras para trás e leve pelo menos três letras para a próxima linha.

Fi-nalmente é uma hifenização de fim de linha convencionalmente


aceita, mas finalmen-te não, porque o que sobra da palavra na
linha seguinte é muito pouco.

2.4.2 Evite deixar que a última linha de um parágrafo seja


o final de uma palavra hifenizada ou qualquer palavra com
menos de três letras.

2.4.3 Evite hifenizar mais de três linhas consecutivas.

2.4.4 Utilize a hifenização de nomes próprios apenas em


último caso, a não ser que eles apareçam tanto quanto outros
substantivos comuns,

2.4.5 Faça a hifenização de acordo com as convenções da língua.

Em português hifeniza-se na-tu-ral; em inglês, nat-u-ral.


A velha
regra alemã que hifenizava Glockenspiel como Glok-kenspiel foi

Si
O livro Harts Rules alterada por lei em 1998, mas quando se divide óssze em húngaro,
for Compositors o resultado ainda é 0sz-sze. Em espanhol, as consoantes duplas Il e
[Regras de Hart
para compositores) rr nunca são separadas (a única hifenização possível na expressão
(39º ed, 1983) inclui arroz con pollo é, portanto, arroz con po-ilo).
As convenções de cada
um bom e sucinto língua são parte de sua herança tipográfica e devem ser seguidas
guia de regras
de hifenização e normalmente, mesmo na composição de palavras estrangeiras
pontuação isoladas ou em citações breves.
de várias línguas
européias. Seu
gordo sucessor,o 2.4.6 Use espaços duros para conectar pequenas expressões
Oxford Guide to numéricas e matemáticas.
Siyle [Guia de
estilo de Oxford],
editado por Robert Pode ser que no teclado você enxergue só uma barra de espaço,
Ritter (2002), é mas os tipógrafos usam vários espaços invisíveis: o espaço comum,
mais abrangente espaços fixos de vários tamanhos (o espaço eme, o ene, 0 espaço
mas muito menos
prático, De todo fino, o espaço de algarismo etc.) e o espaço duro ou não-quebrável.
modo, sempre vale O espaço duro pode ser aumentado como se fosse um espaço
a pena consultar normal quando a linha for justificada, mas não irá quebrar com
um manual de
estilo para a a quebra de linha. Espaços duros são úteis para prevenir quebras
língua em questão de linha em sentenças como 6,2 mm, 8 cm,4 x 4 ou página 3 e
- no francês, capítulo 5.
por exemplo, a
referência é o Quando for necessário quebrar expressões algébricas ou nu-
Lexique des rêgles méricas mais longas, tais como a + b=c,a quebra deve acontecer
typographiques junto do sinal de igual ou de qualquer outra pausa lógica clara.
en usage à
Fimprimerie
nationale 2.4.7 Evite iniciar duas ou mais linhas consecutivas com a
(Paris, 1990). mesma palavra,

2.4.8 Jamais inicie uma página pela última linha de um


parágrafo com várias linhas.
No meio editorial
brasileiro, o termo A terminologia tipográfica diz tudo. Linhas isoladas de um pará-
vitiva também é grafo que principia na última linha de uma página são chamadas
usado para indicar de órfás, Elas não têm passado, mas têm um futuro, e não precisam
a palavra que
sobra sozinha na preocupar o tipógrafo. Já as réstias dos parágrafos que terminam
última linha de na primeira linha de uma página são chamadas de viúvas. Elas têm
um parágrafo e passado mas não têm futuro. Parecem escorçadas e desoladas. Na
os termos linha
enforcada ou maioria - quem sabe na totalidade - das culturas tipográficas do
forca são usados mundo, é costume dar a elas a companhia de uma linha adicional.
para indicar Essa regra é aplicada em íntima conjunção com o texto.
linhas isoladas
que enfeiam uma
página. [nt] 2.4.9 Equilibre páginas opostas movendo linhas individuais.

52
As páginas com mais de duas colunas normalmente ficam melho-
res quando as colunas são compostas com alturas diversas. É o
equivalente vertical da composição desalinhada à direita. Quando
há apenas uma ou duas colunas principais por página, tante as
colunas quanto as duplas de páginas são usualmente compostas
com altura uniforme (exceto nos finais de capítulo ou seção).
Não use entrelinhas adicionais ou entrepalavras expandidas Ritmo e
para equilibrar páginas opostas; é melhor exportar ou importar proporção
linhas individuais da dupla anterior ou seguinte. A mesma técnica
é utilizada para evitar o aparecimento de viúvas e para aumentar
ou encurtar capítulos que poderiam terminar em miíseras poucas
linhas em sua página final. No entanto, esse equilíbrio deve ser
obtido com delicadeza. No fim das contas, nenhuma dupla de
páginas de texto contínuo deve receber ou dispensar mais de
uma'linha.

2.410 Evite utilizar hifens quando o texto é interrompido.

Os manuais de estilo às vezes insistem que ambas as partes de uma


palavra hifenizada precisam estar na mesma página (em outras
palavras, que a última linha de uma página nunca deve terminar
com um hífen). Virar a página, no entanto, não é um ato de in-
terrupção do texto em si mesmo. É muito mais importante evitar
quebras de palavra em locais onde o leitor tende a ser facilmente
distraído por outras informações, ou seja, sempre que um mapa,
um gráfico, uma fotografia, um olho de texto, uma barra lateral
ou outra interrupção qualquer se intrometer.

2.4.1, Abandone toda e qualquer regra de hifenização e


paginação que não satisfaça as necessidades do texto,

53
HARMONIA & CONTRAPONTO

3.1 TAMANHO

3.11 Não componha sem uma escala.

A mais simples das escalas que existe tem uma nota só. Usar ape-
nas uma nota chama a atenção para parâmetros como ritmo e
inflexão. Os primeiros tipógrafos do Renascimento compunham
seus livros com uma única fonte - ou seja, um tipo de um úni-
co tamanho --, suplementada por grandes iniciais desenhadas à
mão ou gravadas especialmente para as aberturas de capítulos.
Suas páginas mostram como uma só fonte é capaz de produzir
texturas com homogeneidade sensual e variedade rítmica bem
maiores que as de uma máquina de escrever, em que as letras
frequentemente têm largura, peso e tamanho únicos.
Uma série de tamanhos comuns desenvolveu-se entre os
Alguns exemplos tipógrafos europeus no século 16, sobrevivendo com poucas mu-
dos muitos nomes
antigos dos tama-
danças e adições durante quatrocentos anos. Nos primeiros tem-
nhos tipográficos;. pos, os tamanhos eram chamados por nomes em vez de números.
6 pt: nonpareil Quando medida em pontos, a série tradicional é a seguinte:
z ptiminion
8 pt: brevier ou
texto pequeno
9 pt: burgeois
ou galliard
10 pt: garamond
cosas A A
ou long primer 6738910 hN12141618 2124 36
u pt: paica
pequena ou
Essa é a equivalente tipográfica da escala diatônica, No en-
filosofia
12 pt: paica tanto, os equipamentos modernos permitem compor todos os
14 pt: augustin sustenidos, bemóis e intervalos tonais que residem nos seus in-
ou inglês
tervalos. Tipos de 20, 22, 23 e 10%2 pontos estão disponíveis para
18 pt: great primer
quem quiser. O designer pode atualmente escolher uma nova
escala ou linha tonal para cada novo trabalho,
Esses novos recursos são úteis, mas raramente o são todos
de uma vez. Você pode usar a velha escala familiar ou novas es-
calas de sua própria lavra, mas limite-se de início a um conjunto
modesto de intervalos distintos e relacionados. Comece com um
tamanho e trabalhe lentamente a partir dele. Com o tempo, as
escalas que escolher, assim como as fontes, irão tornar-se carac-
terísticas reconhecíveis de seu estilo pessoal,

54
3.2 ALGARISMOS, VERSAIS E VERSALETES

3.21 Use algarismos titulares para acompanhar versais e


algarismos de texto em todas as outras circunstâncias,

A data é 23 de agosto de 1832 e são 3 horas da manhã no aparta-


mento 6-B do número 213-A da rua Beacon; faz 27º€ ou 81º E; O Harmonia e
preço, é R$ 47.000 OU US$ 28.200, Os códigos postais são NL 1034 contraponto
wR Amsterdam; sr 00170 Helsinki 17; Honolulu 96814; Londres
wWC1 2NN; Nova Déli 110 003; Toronto M5s 265 e Dublin 2.

MAS É 1832 E FAZ 27ºC EM VERSAIS.

Os algarismos arábicos - conhecidos em árabe como alga-


- rismos indianos, argâm hindiyya, já que os árabes os trouxeram VYY
da Índia — entraram para a tradição dos escribas europeus no
século 13. Antes disso (e depois também, por numerosas razões), £0 NY
eles utilizavam algarismos romanos — grafados em caixa-alta
quando apareciam em meio a outras versais e em caixa-baixa AS:
entre minúsculas. Os tipógrafos naturalmente herdaram esse
costume de compor algarismos romanos em harmonia com as Os algarismos
palavras: arábicos da escrita
latina derivam
dos algarismos
O número xiii em minúsculas E O XIII EM VERSAIS indianos da escrita
O NÚMERO XIII EM VERSALETES árabe (acima).

eo numeral romano xiii em itálico

Quando os algarismos arábicos se uniram ao alfabeto romano,


também receberam formas maiúsculas e minúsculas. Os tipógra-
fos chamam os primeiros de algarismos de texto ou elzevirianos e
fazem questão de utilizá-los sempre que o texto circundante for Elzevir é o nome
composto em caixa-baixa ou em versaletes. Suas formas alterna- de uma família
holandesa que
tivas são chamadas de algarismos titulares ou alinhados, porque floresceu nos
se alinham entre si e com as maiúsculas. séculosis e 16 e
disseminou esses
algarismos com
Algarismos 1234567890 de texto comportamento
de minúsculas,
ALGARISMOS 1234567890 ALINHADOS gravados na época
pelo puncionista
ALGARISMOS 1234567890 COM VERSALETES Christoffel van
Dijck. [nr]
Algarismos de texto 1234567890 itálicos

55
Os algarismos de texto eram a forma comum da tipografia
européia entre 1540 e 1800, mas em meados do século 18, quando
os mercadores e os donos de lojas estavam aptos a escrever mais
números do que letras, os algarismos manuscritos desenvolveram
proporções próprias. Esses algarismos, quase que literalmente
pertencentes a uma “classe média”, adentraram o âmbito da ti-
O puncionista pografia em 1788, quando um puncionista britânico chamado
elabora a Richard Austin gravou uma fonte contendo algarismos alinhados
punção, que é a
principal matriz com %4 da altura das versais para o fundidor John Bell.
na produção
tradicional de Letras e algarismos 1234567890 Bell
tipos, Ela é gravada
ou aberta em em romanos e 1284567890 em itálicos
metal adoçado,
temperada e No século 19 — que não foi um bom período para a tipografia
utilizada para
puncionar uma
— os fundidores esticaram esses algarismos até que a altura das
peça de metal, versais e os algarismos alinhados virassem norma na tipogra-
O resultado fia comercial. Os tipos renascentistas revivesceram no início do
é a matriz de
produção do tipo,
século 20 e os algarismos de texto voltaram aos livros. Mas os
ou contratipo, algarismos alinhados continuaram a ser rotina no jornalismo e na
que contém o propaganda, Nos anos 1960, as máquinas de fotocomposição, com
seu desenho
vazado, Essa peça suas fontes truncadas, voltaram a transformar os algarismos de
é finalmente texto em raridades. Hoje, as melhores fundições digitais oferecem
acomodada na uma vasta seleção de fontes com algarismos de texto e versaletes,
ferramenta onde
é despejado que costumam ser vendidos separadamente e implicam despesas
o chumbo adicionais, mas são essenciais à boa tipografia. É melhor pessuir
líquido que será uma boa fonte com todas as suas partes — incluindo algarismos
tranformado
em tipo. [NT] de texto e versaletes - do que cinqiienta fontes incompletas.
É verdade que os algarismos de texto raramente são úteis
em anúncios classificados, mas o fato é que são muito prestativos
para compor tudo o mais, incluindo bons originais de revistas
e jornais. São elementos básicos do discurso tipográfico e um
sinal de civilidade: sinal de que o dinheiro não tem o dobro da
importância das idéias, e também de que os números não temem
se associar em pé de igualdade às letras.
É verdade também que várias excelentes fontes de texto com
e sem serifa foram originalmente editadas sem esses algarismos,
dentre as quais a Méridien de Adrian Frutiger, a Gill Sans de Eric
Gill, a Futura de Paul Renner, a Syntax de Hans Eduard Meier, a
Comenius e a Optima de Hermann Zapf e a Carmina de Gudrun
Zapf-von Hesse. Em muitas delas há evidências de que os alga-
rismos de texto faziam parte da concepção original e até mesmo
do projeto acabado; após décadas de atraso, alguns dos caracteres

56
faltantes foram editados, Diante de qualquer fonte desprovida de
algarismos de texto, é razoável indagar se a intimidação ou mesmo
a censura comerciais não foram responsáveis por isso.
Durante boa parte dos séculos 19 e 20, os algarismos alinha-
dos foram amplamente chamados de “modernos”; já os algarismos
de texto eram chamados de “old-style” "estilo antigo]. Pregava-se
o modernismo como um dever sagrado e os números eram de Harmonia e
certo-modo endeusados. O modernismo não seria nada se não contraponto
fosse.complexo, mas seu evangelho era a simplicidade radical.
Muitos esforços foram feitos para reduzir o alfabeto latino a uma
única versão (o telégrafo, o teletipo e as marquises das salas de
espetáculo, com seus tipos e letreiros sempre em versais, tam-
bém são produtos daquela época). Esses esforços não vingaram
no tocante ao plano mais geral das letras. Já com os números o
sucesso da campanha foi considerável. As máquinas de escrever
foram desde cedo equipadas com letras de ambas as caixas, mas
seus algarismos se limitaram à caixa-alta. E delas surgiram os
teclados de computador.
Não obstante, a civilização tipográfica parece determinada
a prosseguir. Os algarismos de texto voltaram ao cotidiano do
design de tipos, e ademais podem ser supridos retroativamente
às fontes às quais foram prematuramente negados. Por mais co-
mum que seja, o uso de algarismos alinhados em textos corridos
é uma atitude ignorante, que rejeita violentamente a verdade
das letras.

3.2.2 Use versaletes espacejados para abreviações e acrônimos


que aparecem em meio a textos comuns.

Essa é uma boa regra para quase todos os casos, com exceção de
acrônimos geográficos de duas letras e de nomes próprios. Assim:
3:00 AM, 3:00 PM, II Guerra Mundialou wwiII [em inglês], 0As,
OTAN, OMS é OMC; mas JEK e Fr.J.A.S O'Brien, OMI; 0 HMS
Hypothesis eo Uss Ticonderoga; Washington, DC e Brasília, DF;
o Prelúdio e Fuga em Bb menor, Bwv 867, de J.S. Bach.
Muitos tipógrafos preferem utilizar. versaletes para abrevia-
ções postais (Rio de Janeiro, RJ) e para siglas geográficas com mais
de duas letras. Assim: EUA [ou USA, em inglês] e Sydney, Nsw.
Mas é preciso ser consistente quando abreviações longas e curtas
caírem juntas. Do ponto de vista do tipógrafo, é preferível usar
versaletes em tipos com detalhes refinados e pequena altura-x,
e versais em tipos com grande altura-x e formas robustas.

57
Os versaletes genuínos não são simplesmente versões enco-
lhidas das versais. Eles diferem delas no peso do traço, na entre-
letra, nas proporções internas e na altura. Um bom conjunto de
versaletes é desenhado como tal desde o início. Espessar, encolher
e esmagar as capitulares com comandos pré-fabricados de mo-
dificação digital irá produzir apenas uma paródia.
Algarismos, Os versaletes inclinados - ABCDRFG — foram desenhados
versais e e gravados para um número relativamente pequeno de fontes
versaletes na história do desenho dos tipos. Eles podem ser falsificados
“com maquinário digital, inclinando-se os romanos, mas é me-
lhor escolher uma fonte que os inclua (como é o caso desta aqui
utilizada, Minion de Robert Slimbach); caso contrário, o melhor
é continuar a viver sem eles. Algarismos inclinados (itálicos), por
outro lado, são demandas básicas e estão disponíveis em quase
todas as boas fontes de texto.

3.2.3 Encaminhe as disputas tipográficas aos supremos tribunais


da fala e do pensamento.

O tipo é uma escrita idealizada e sua função normal é registrar


uma fala idealizada. Acrônimos tais como CD € TV OU TNT EDNA
são compostos em versaletes porque essa é a maneira pela qual
os pronunciamos. Outros, tais como UNESCO, OVNI € AIDS, que
não são pronunciados como letras mas como palavras, estão em
via de se tornar precisamente isto: palavras. Quando um escritor
os acolhe integralmente em seu discurso e pede aos seus leitores
que façam o mesmo, também o tipógrafo deve incorporá-los ao
discurso comum da tipografia, compondo-os em caixa-baixa:
Unesco, ovni e aids. Palavras acronímicas tais como laser e radar
já trilharam a mesma estrada há tempos,
Os logogramas incorrem em uma questão mais delicada. Um
número crescente de pessoas e instituições, de e.e. cummings a
WordPerfect, procura o tipógrafo em busca de tratamento especial,
Antigamente, eram os agentes de reis e de divindades a exigir que
os nomes deles fossem escritos em tamanhos maiores ou com-
postos com tipos especialmente ornamentados; hoje em dia, são
as empresas e os produtos de massa que demandam uma ajuda
extra das maiúsculas ou então uma fonte privativa, enquanto há
certos poetas que pedem, ao contrário, para ser deixados inte-
gralmente aos cuidados da caixa-baixa vernacular, No entanto, a
tipografia é um discurso visual em que deuses e homens, santos
e pecadores, poetas e executivos são tratados fundamentalmente

58
da mesma maneira. E o tipógrafo, em virtude de seu ofício, hon-
ra a guarda dos textos e opõe-se implicitamente à propriedade
privada das palavras.
Logotipos e logogramas aproximam a tipografia dos hierogli-
fos, que tendem a ser mais olhados que lidos. Também a condu-
zem para o reino dos doces e das drogas, que tendem a provocar
dependência, afastando-a da condição de alimento, que promove Harmonia e
a autonomia do ser. À boa tipografia é como o pão: pronto para contraponto
ser admirado, louvado e repartido antes de ser consumido.

3.3 LIGATURAS

3.31 Use as ligaturas requeridas pela fonte e os caracteres


requeridos pela língua em que você estiver compondo.

Na maior parte dos tipos romanos, a letra f espraia-se além de


frfriofi
seu próprio espaço. Na maioria dos itálicos, o f estende-se de
ambos os lados. Os tipógrafos chamam essas superposições de
kerns.[crenas). Apenas uns poucos kerns estão implícitos em uma Seted
fonte normal - como aqueles no braço do f e no rabo do j -, en-
quanto outros - como a superposição na combinação Te — são
refinamentos opcionais, independentes das letras,
Ão projetar-se no espaço à sua frente, o braço do f colide com
J
certas letras — b, f,h, 1,j,k,1 - e com os pontos de interrogação, A ligatura lâm-alif
aspas e parênteses que estiverem em seu caminho, acima faz parte da
Yakoul Arabic de
A maioria das antigas fontes européias foi desenhada pri- Nabih Jaroudi As
mordialmente para ser composta em latim, em que as sequências ligaturas pi-tau,
fb, fh, fj e fk não ocorrem; mas as sequências ff, fi, fl, fhi e ffl são chi-ômega e mu-
alfa-iota, abaixo, são
fregiientes. O mesmo conjunto de ligaturas já foi suficiente para da Wilson Greek de
o inglês, e essas cinco ligaturas são hoje uma norma nas fontes Matthew Carter,
romanas e itálicas tradicionais. À medida que o ofício da tipo-

mA
grafia se espalhava pela Europa, novas ligaturas regionais eram
adicionadas, Um fj e um a eram necessários na Noruega e na Di-
namarca em palavras como field, fjord e neer. Um os era requerido
na França e um $£ (Eszett, dois esses ou “ss”) na Alemanha, junto
com vogais acentuadas e tremadas. Letras duplas que são lidas UM
como uma sé — Il em espanhol, ij em holandês e ch em alemão,
W+T>M
por exemplo — eram forjadas como peças únicas para mercados
regionais. Um fi) era necessário na Islândia. Novas letras indivi-
KTPAL
duais foram adicionadas, tais como o 1 polonês, o ii espanhol e
o 9 dinamarquês e norueguês. Ligaturas puramente decorativas urnas
também foram adicionadas a diversas fontes. > MOS

59
Embora não seja O inglês continua a absorver e a criar novas palavras — ford,
uma lingua franca
internacional,
gaffhook, halfback, hors doeuvre — que pedem mais ligaturas do
o português é que a lista latina fornece. Como língua internacional, também
falado por mais de precisa acomodar nomes como Youngfox, al-Hajji e Asdzgá Yolgai,
duzentos milhões que às vezes exigem do alfabeto romano coisas que os primeiros
de pessoas em
diversos países, designers não previam. No mundo digital, alguns desses caracteres
e não cessa compostos podem de fato tomar conta de si: não há nenhuma
de incorporar demanda premente pela pré-fabricação especial de um fb ou de
vocábulos
estrangeiros ao um fh se as letras isoladas puderem ser digitalmente justapostas
seu léxico. Int) com limpeza. Já em trabalhos de display elas podem ser cruciais.
Designers mais recentes, atentos a essas exigências polilíngies,
muitas vezes simplificaram o problema desenhando tipos em
aue nenhuma sequência de letras envolve colisões.

5; ace as eb Ef un ft
is Da, SE oo fo fa fi e A fans
Th EExezeBSHhAtfit
ASAZNhATRMANAR
Nas duas linhas de cima: ligaturas de uma fonte itálica gravada na década de
1650 por Christoffel van Dijck. Nas duas linhas de baixo: ligaturas da Adobe
Ligaturas Caslon, uma fonte digital de Carol Twombly, a partir de William Caslon (c. 1750).
decorativas tais São tipos barrocos. Como tais, incluem um conjunto de ligaturas com fe ou-
como ste Th
tornaram-se tro formado com os longo (f,/). O s longo e suas ligaturas eram normais na
merecidamente tipografia européia até o fim do século 18, embora já houvessem sido gravadas
raras.À ligatura ff fontes cujo desenho eliminava a sua necessidade desde os anos 1640.
é ainda mais rara,
mas foi gravada em
pelo menos uma A separação das letras fe i é por vezes crucial. Em turco, i
fonte (a Requiem com pingo e : sem pingo - ou em maiúsculas, 1 e 1 - são duas
Talic de Jonathan
Hoefler),e pode letras diferentes; Para compor bem em turco, é necessária uma
ser utilizada em fonte cujo desenho do fnão mascare essa diferença.
pelo menos duas Isso não descarta a questão das cinco ligaturas latinas. Al-
palavras: as alemãs
Sauerstofiflasche guns tipos mais antigos (Bembo, Garamond, Caslon, Baskerville
(tanque de e outras criações notáveis) felizmente permanecem conosco em
oxigénio) e revivals digitais e metálicos. Muitos tipos novos ainda perpetuam
Sauerstoff-
flaschenspiler o espírito desses antigos desenhos. Eles normalmente são su-
(lavadora de pridos com as cinco ligaturas básicas porque precisam delas. E
tanque de para os tipógrafos digitais existem programas que as inserem
oxigênio).
automaticamente,

60
Se o seu programa insere ligaturas automaticamente, pro-
cure certificar-se de que (1) o programa está inserindo todas as
ligaturas que você deseja e nenhuma que você não deseja e (2)
essas ligaturas permanecem onde são colocadas.

tffgãt Harmonia e
contraponto

fg flth tl
A fonte Bembo, composta com ligaturas (acima) e sem ligaturas (abaixo)

As boas fontes digitais OpenType normalmente incluem as


cinco ligaturas latinas (ff, ff, ff], fi, fl) e muitas delas incluem as
duas ligaturas escandinavas (ff; f)). Pode ser que incluam também
um conjunto de ornamentais e arcaicas (€2, sb, St, Thy; fi, Ík, 11, ffi,
etc.), - e às vezes o número dessas ligaturas especiais (caracteres
arcaicos conhecidos como quaints pelos tipógrafos de língua
inglesa) é maior na versão itálica que na romana. Quando um tal
Th
banquete de ligaturas for servido, elas virão divididas em duas
classes, básicas e discricionárias. Se o seu programa dialogar com
as fontes OpenType, ele pode ser instruído para usar as ligaturas
de uma delas ou de ambas. No entanto, nem sempre essas classes
são bem-definidas. Pelo menos por enquanto, todas as fontes da
série “Adobe Originals” trazem a ligatura Th erroneamente clas-
sificada como básica. Se elas não forem editadas, será impossível
obter fi, f), ff e ffi sem levar uma Th de brinde. Se você quiser
tê-la, não há problema. Mas a Th tem um pedigree diferente da fi
e suas irmãs, Ela pertence a outro registro estilístico. Ambos os
registros podem ser colocados lado a lado, mas não misturados
arbitrariamente.

GAffiftirifi
Combinações com e sem ligaturas na Sabon (à esquerda) e na Trump Me-
diával (à direita). Em fontes como essas as ligaturas de f são opcionais, e a
maioria delas possui apenas um conjunto parcial.

61
Alguns programas que inserem ligaturas automaticamente
também irão removê-las assim que as letras forem espacejadas. Se.
você deixar que.o seu programa justifique as linhas adicionando
espaços entre as letras, pode ser que descubra ligaturas presentes
em uma linha e ausentes em outra. À melhor solução para isso
é a justificação inteligente: não deixe o programa espacejar o
Ligaturas texto normal.

3.3.2 Se quiser evitar o uso de ligaturas, retrinja-se aos tipos que


não necessitam delas.

É perfeitamente possível evitar o uso de qualquer ligatura e ainda


assim obter uma bela composição tipográfica. Tudo o que se pede
é um tipo em que o f romano e o itálico não tenham kerning
— e algumas das melhores fontes do século 20 foram deliberada-
mente equipadas com essa característica. Aldus, Melior, Mendoza,
Palatino, Sabon, Trajanus e Trump Mediival são exemplos de
fontes que compõem bem sem ligaturas. Mas elas existem para
essas fontes, parciais ou completas, e podem contribuir com um
toque de refinamento; mesmo assim, nenhuma colisão salta à
vista quando são omitidas.
A escolha é maior ainda entre as não-serifadas.As ligaturas
podem ser importantes para o desenho de fontes como a Gill
Sans de Eric Gill, a Legacy Sans de Ronald Arnholm, a Scala
Sans e a Seria Sans de Martin Majoor, mas são irrelevantes para
muitas outras. (Ligaturas falsas, compostas por letras separadas,
normalmente estão presentes nas versões digitais dessas fontes,
mas o uso desses caracteres “frios” não produz nenhum efeito
visual.)

3.4 FAMÍLIAS & ALIANÇAS TRIBAIS

3.4.1 No casamento do tipo com o texto, ambas as partes trazem


seus pressupostos culturais, seus sonhos e suas obrigações
familiares, Aceite-as.

Cada texto, cada manuscrito (e naturalmente cada linguagem e


cada alfabeto) tem suas próprias exigências e expectativas. Alguns
tipos são mais adaptáveis a essas demandas do que outros. No
entanto, também eles têm seus hábitos e pressupostos individuais.
Muitos deles, por exemplo, têm.ricas ligações históricas e regionais
— assunto que é tratado em maior profundidade no capítulo 7.

62
Aa
Por ora, considere apenas a sociologia dos tipos. Que tipos de
famílias e de alianças eles formam?
A união entre as letras romanas em caixa-alta e em caixa-
baixa — na qual as maiúsculas têm a primazia da antiguidade
e as minúsculas têm o poder — tem-se mantido firme por doze
séculos. Essa monarquia constitucional do alfabeto é uma das
BDB
ccQ
instituições culturais européias mais duradouras.
Às capitulares ornamentadas, os versaletes e os algarismos
de texto foram os primeiros agregados dessa união. No início, os
itálicos eram uma tribo separada; recusavam se associar com as
minúsculas romanas, mas formavam alianças próprias com as ver-
sais e os versaletes romanos (não-itálicos).A caixa-alta inclinada
Dd
foi desenvolvida apenas no século 16. A essa altura, os romanos,
itálicos e versaletes já formavam uma aliança tribal ampliada, e a Eege
maior parte das famílias tipográficas continua a incluí-los.

Ff
Os tipos condensados e bold viraram moda no século 19,
desbancando parcialmente os itálicos e os versaletes. Os pesos
bold e os conjuntos de algarismos titulares têm sido adiciona-
dos retroativamente a muitas fontes antigas, embora careçam
de qualquer justificativa histórica, As fontes de texto antigas,
quando convertidas do metal para o formato digital, aparecem
normalmente disponíveis em duas versões fundamentalmente
diferentes. As melhores fundições digitais fornecem autênticas
reconstruções; outras fornecem fontes sem versaletes, algarismos
de texto e outros componentes fundamentais, e costumam ainda
sobrecarregá-las com o fardo de um bold postiço.
Entre as fontes de texto recentes, duas estruturas familiares
básicas se tornaram comuns, O modelo simplificado é composto
apenas por romanos, itálicos e algarismos de título em vários pe-
sos — light, medium, bold e black, por exemplo.
As estruturas mais
elaboradas incluem versaletes e algarismos de texto, embora estes
por vezes estejam presentes apenas nos pesos mais leves.
Uma família com todos esses elementos forma uma série
hierárquica, que se baseia não na ascendência histórica, mas na
adaptabilidade geral e na fregiiência de uso. E a série funciona
dessa maneira por força não tanto do costume quanto de questões
fisiológicas. A monumentalidade das maiúsculas, o volume dos
tipos bold, o fluxo caligráfico e (na maioria das vezes) a inclina-
ção do itálico destacam-se de modo eficaz sobre um fundo ro-
mano pacífico e predominantemente perpendicular. Experimen-
te reverter essa ordem: o texto não irá apenas parecer peculiar;
irá também causar desconforto físico ao leitor.

63
Primárias: caixa-baixa romana 1.1
Secundárias: Caixa-alta Romana 21
VERSALETES ROMANOS 2.2
algarismos de texto romanos: 123 2.3
caixa-baixa itálica 2.4
Famílias Terciárias: Cx. Alta, Tálica Genuina. (Cursiva.) & Caudal 31
e alianças algarismos de texto itálicos: 123 3.2
tribais VERSALETES INCLINADOS 3.3
Algarismos de Título Romanos: 123 3.4
caixa-baixa bold 3.5
Em inglês, as letras Quaternárias: Caixa-alta Itálica Falsa (Inclinada) 41
caudais (também Caixa-alta Bold 4.2
chamadas
de caudatas) são VERSALETES BOLD 4.3
conhecidas pelo algarismos de texto bold: 123 44
termo swash. [NT] caixa-baixa itálica bold 45
Quinárias: Algarismos de Titulo Hálicos: 123 5.1
Caixa-alta Itálica (Inclinada) Bold 5.2
algarismos de texto itálicos bold: 123 5.3
Algarismos de Título Bold: 123 5.4
Hexárias: Algarismos de Título Itálicos Bold: 123 6

As fontes de cada uma dessas categorias são convocadas ao


Na América do uso pelas fontes das categorias acima por meio de uma gramática
Norte, a referência de regras editoriais e tipográficas surpreendentemente complexa,
da tradição
editorial é o O tipógrafo pode ficar à vontade para intervir nesse processo e
Chicago Manual of alterá-lo como quiser. Mas a boa tipografia é boa porque tem força
Style [Manual de e beleza naturais. Os melhores resultados surgem, via de regra, ao
Estilo de Chicago],
agora em sua 25º se encontrar o melhor tipo para o trabalho e então guiá-lo com
edição (2003). [Na mãos tão cuidadosas quanto possível.
Brasil, os manuais
de estilo dos
grandes jornais, 3.4.2 Não use uma fonte de que você não precisa. r
como O Estado de
S. Paulo, Folha de O casamento do tipo e do texto requer cortesia com os parentes,
S. Paulo e O Globo,
competem por o que não quer dizer que todos devam vir morar com eles, nem
essa posição.] mesmo que todos tenham de visitá-los.
Os tipos romanos bold não existiam até o século 19. Os itá-
licos bold são ainda mais recentes. Várias gerações de bons tipó-
grafos trabalharam satisfeitas sem essas variações. Contudo, os
fabricantes de fontes agora costumam vender esses pesos adicio-
nais como parte do pacote básico, encorajando os tipógrafo — es-

64
romanas O diagrama à
esquerda é um
caixa-baixa mapa rodoviário
da gramática
de uma grande
família tipográfica
convencional

Ir — TS
AI itálicas |
VERSALETES
(os fios mais
pesados indicam a
extensão básica da
VERSALETES VERSAIS caixa-baixa INCLINADOS
família nuclear).
bold O tipógrafo
pode mover-se
caixa diretamente ao
baixa longo de qualquer
uma das linhas
CD O dl - por exemplo,
da minúscula
CAUDAIS & romana para a
VERSAIS O ral bold VERSAIS minúscula bold, ou
BOLD caixa-baixa INCLINADAS para a maiúscula,

E
ou ainda para o
versalete. Uma
mudança brusca
da minúscula
romana para a
VERSAIS BOLD maiúscula bold ou
INCLINADAS para a maiúscula
itálica, no entanto,
irá criar um
curto-circuito
pecialmente os iniciantes — a usá-los, quer precisem, quer não. nas convenções
Os tipos bold e semibold têm seu valor. Eles podem ser usa- da gramática
dos, por exemplo, para destacar itens numa lista, para compor tipográfica.

títulos e subtítulos em caixa-alta e baixa de tamanhos pequenos,


para marcar o início de um texto em uma página complexa ou
para engrossar a espessura de linhas que serão impressas com
tinta pálida ou vazadas (em negativo) em um campo de cor, Usa-
dos com economia, podem enfatizar com eficiência números
ou palavras, tais como intertítulos, palavras-chave ou números
de referência de dicionários. Também podem ser usados (como
freguentemente o são) para gritar com o leitor, desviando sua
atenção; ou para destruir a integridade histórica de um tipo de-
senhado antes do nascimento dos tipos romanos bold; ou ainda
para criar anacronismos não intencionais, como se um motor a
vapor ou um fax fossem usados como objeto de cena em uma
montagem de Rei Lear.

3.4.3 Use as romanas inclinadas com parcimônia e seja ainda


mais econômico com as romanas inclinadas artificialmente,

65
É verdade que a maioria das romanas é ereta e que a maioria
das itálicas é inclinada para a direita - mas o que realmente as
A transitividade diferencia é o seu fluxo, não sua inclinação. As itálicas têm uma
de uma serifa, estrutura mais cursiva que as romanas, ou seja, o itálico aproxima-
que é uma
qualidade de seu se mais da escrita à mão ou da escrita contínua, As serifas itálicas
desenho, não tem são normalmente transitivas: são traços diretos de entrada e saída,
nenhuma relação representando a chegada desde a pena da letra anterior e sua
com os assim
chamados tipos partida para a próxima. Já as serifas romanas são geralmente refle-
de transição ou xivas: mostram a pena dobrando-se sobre si mesma, enfatizando
transicionais,
o fim do traço. As serifas itálicas tendem portanto a inclinar-se
que perfazem
uma categoria em um ângulo que é natural da escrita, traçando o curso de uma
histórica. As letra a outra. Já as serifas romanas, especialmente na base das
serifas que letras, tendem a nivelar-se, amarrando as letras não apenas uma
possuem essa
qualidade são às outras mas também a uma linha invisível comum.
chamadas Algumas itálicas são mais cursivas do que outras; o mesmo
de serifas de ocorre com as romanas. Mas qualquer itálica tende a ser mais
conexão.|nT]
cursiva do que a romana com que faz par.

eclimmuu
Baskerville romana e itálica. A Baskerville tem um fluxo caligráfico menor
do que a maioria das fontes que a precederam, mas as serifas do itálico são,
como em suas predecessoras, transitivas e oblíquas, mostrando o caminho
da pena letra a letra. As serifas romanas são reflexivas e niveladas, amarrando
as letras em uma mesma linha.

As primeiras fontes itálicas tinham apenas uma modesta


inclinação e eram desenhadas para ser usadas com maiúsculas
romanas eretas. Existem belos exemplares de itálicas manuscritas
do século 15 sem qualquer inclinação, e há algumas excelentes
versões tipográficas, antigas e modernas, com inclinações de ape-
nas 2º ou 3º. Há, contudo, itálicas que chegam a 25º.
As romanas e as itálicas levaram vidas bastante indepen-
dentes até meados do século 16. Antes disso, os livros eram com-
postos ou em romanas ou em itálicas, nunca em ambas. Foi no
alto Renascimento que os tipógrafos começaram a utilizar as
duas em diferentes aspectos do mesmo livro. As romanas eram
geralmente usadas no texto principal e as itálicas no prefácio, nas
notas introdutórias, nas notas laterais e nas citações blocadas ou
em versos, O costume de combinar romanas e itálicas na mesma
linha, lançando mão do itálico para enfatizar palavras individuais

66
e marcar classes específicas de informação, desenvolveu-se no
século 16 e floresceu no 17. Os tipógrafos barrocos apreciavam
a atividade extra criada por essa mistura de fontes na página e
a convenção tornou-se de tal modo útil para editores e autores
que nenhuma mudança subsequente no gosto tipográfico con-
seguiu afugentá-la de todo. A modulação entre.o romano e o
itálico é hoje uma técnica tipográfica básica e rotineira, mais ou Além das famílias
menos como a. modulação musical entre os tons maior e menor que consistem
de romanas
(o sistema que fez a conexão entre esses tons é, obviamente, outra inclinadas e eretas,
invenção barroca). existem agora
Desde o século 17, muitas tentativas procuraram frear a na- muitas famílias
compostas de
tureza cursiva e fluida do itálico, redesenhando-o segundo o mo- itálicos inclinados
delo romano, Muitos tipos assim chamados “itálicos desenhados” eeretos (ou quase
nos últimos duzentos anos não passam de romanos inclinados, eretos). À fonte
Zapf Chancery, de
também conhecidos como oblíquos. Há também muitos híbridos Hermann Zapf
entre eles. (17c, 1979) é um
À medida que os tipos itálicos minúsculos se metamorfo- exemplo disso.
A“romana” é
seavam em romanos inclinados, suas proporções também eram uma itálica com
alteradas. Assim é que muitos dos itálicos (mas não todos) são uma inclinação
de 5% a 10% mais estreitos do que seus companheiros romanos. de 4º; a“itálica”
também é uma
Por outro lado, muitos dos romanos inclinados (com exceção itálica, mas com
dos desenhados por Eric Gill) são tão ou mais largos do que seus versais caudais e
companheiros romanos eretos. inclinação de 14º,
Outro exemplo
é a Cerigo, de
Jean-Renaud Cuaz

1 adeimpru adefmpru Do pt) (rrc, 1993), em que


a“romana” é uma

» adefmpru adefmpru psp


itálica com uma
inclinação de 0º e
a“itálica” é em

; adefmpru adefmpru tum essência, o mesma


desenho com uma
inclinação de 19º.
« adefmpru adefmpru vai
s adefmpru adefmpru um
1 Méridien romana e itálica, de Adrian Frutiger; 2 Lucida Sans romana e itálica,
de Kris Holmes & Charles Bigelow; 3 Perpetua romana com sua itálica — na
verdade uma romana inclinada híbrida —, desenhada por Eric Gill; 4 Univers
romana e sua oblíqua (uma romana legítima inclinada), de Adrian Frutiger;
5 Romulus romana e oblíqua (novamente uma inclinação de uma romana
intacta), de Jan van Krimpen.

67
Os tipos itálicos renascentistas foram desenhados para per-
mitir a leitura contínua, e os itálicos modernos, baseados em prin-
cípios similares, tendem a possuir virtudes parecidas. Os itálicos *
barrocos e neoclássicos, por sua vez, foram desenhados para servir
de fontes secundárias, e o melhor é deixar que façam seu papel. Já
os romanos inclinados são, em geral, tipos de subordinação ainda
Famílias mais fiel, Eles nos têm acompanhado por dez séculos ou mais, mas
e alianças raramente conseguiram superar o status de dublês caligráficos ou
tribais de perturbações momentâneas dos romanos eretos.
Os programas de composição digital podem distorcer as
letras de muitas maneiras: estreitando, expandindo, delineando,
sombreando, inclinando e assim por diante, Se a única diferença
entre a romana e a fonte que a acompanha fosse a inclinação, a
romana sozinha já seria suficiente para o computador: versões
inclinadas poderiam ser produzidas à vontade. Mas a itálica não
é a romana inclinada, e mesmo uma boa romana oblíqua é mais
do que simplesmente uma romana com uma inclinação.
A inclinação eletrônica direta das letras muda o peso dos
traços verticais e inclinados, enquanto o peso dos traços horizon-
tais permanece o mesmo. Os traços que correm de noroeste para
sudeste na forma original - como a haste direita do A ou as curvas
superior direita e inferior esquerda do O — são rotacionados e
tendem à verticalidade quando a letra é inclinada. A rotação faz
com que eles engrossem. Mas os traços que correm de nordeste
para sudoeste, tais como a haste esquerda do A e as outras curvas
do O, sofrem uma rotação que os distancia ainda mais do eixo
vertical: ela os afina. À curvatura dos traços também é alterada
nessa metamorfose, As inclinações naturais de um calígrafo dese-
nhando uma romana inclinada diferem do que é conveniente para
a máquina. Mesmo o “itálico” das maiúsculas, que hoje raramente
passa de um romano inclinado, requer um desenho e uma edição
individuais para alcançar uma forma perene.
Os programas de desenho e edição de fontes digitais con-
tinuam a melhorar graças aos esforços conjuntos de calígrafos,
tipógrafos e engenheiros. Nesse processo, eles continuam a mi-
metizar de um modo cada vez mais aproximado aquelas ferra-
mentas primitivas e sutis que estão na raiz de toda tipografia: a
régua tipográfica, o pincel, o cinzel e a pena. As regras capazes
de transformar as romanas em boas romanas inclinadas, e não
em paródias de si mesmas, podem certamente ser depreendidas
da análise minuciosa da prática dos melhores escribas. Se certas
partes do seu procedimento podem ser definidas com precisão

68
mecânica, também podem ser confiadas às máquinas, Mas as
regras de transformação de uma romana em uma itálica não
podem ser definidas claramente, pois tais regras não existem.
Como as maçãs e as bananas, os dois tipos de letra têm diferentes
genealogias. Eles formam uma herança comum e compartilham
uma mesma origem evolucionária, mas nenhum deles é uma

AA4
modificação do outro.
000 TT
Harmonia e

A Adobe Caslon romana, à mesma romana inclinada eletronicamente e as ver-


sais itálicas verdadeiras desenhadas. A inclinação média do itálico é de 20º,

adui 000
A Palatino romana, a mesma romana inclinada eletronicamente e a itálica.

AHEMRSTY
Versais itálicas verdadeiras: as formas caudais da Minion itálica de Robert
Slimbach. É a estrutura, não a inclinação, que define as letras itálicas.

De tempos em tempos, contudo, algum tipógrafo irá desejar


uma versão inclinada de fontes como a Haas Clarendon ou a
Egyptian 505 de André Giirtler, para a qual não foram desenha-
dos nem um itálico nem uma versão inclinada. Nessas ocasiões,
uma romana inclinada gerada pelo computador pode satisfazer
como solução temporária, Mas a inclinação deve ser modesta
(talvez 10º no máximo), já que inclinações menores equivalem
a distorções menores.

3.5 CONTRASTE

3.51 Mude um parâmetro de cada vez.

69
Quando o seu texto for composto em uma.romana média de
12 pt, não será necessário compor seus títulos em maiúsculas
itálicas bold de 24 pt. Se os tipos bold lhe agradam, comece por
experimentar o peso bold da fonte do texto, em caixa-alta e baixa,
no corpo do texto. Experimente, como alternativas, itálicas em
caixa-alta e baixa, versaletes espacejados ou versais espacejadas
Contraste no peso e tamanho do texto. Se quiser um corpo maior, tente
usar primeiro uma versão maior do tipo do texto, em caixa-alta
e baixa, no mesmo peso. Em uma página equilibrada, o peso deve
diminuir levemente, e não aumentar, à medida que o tamanho
aumenta.

3.5.2 Não polua acena.

Quando um tipo bold é utilizado para enfatizar as palavras, é


normalmente melhor deixar a pontuação no fundo, ou seja, na
fonte básica do texto. São as palavras que merecem ênfase em
uma segiiência como a que se segue, não a pontuação:

«.. nas ilhas de Lombok, Bali, Flores, Timor e


Sulawesi, os mesmos tecidos...

Contudo, se os mesmos nomes forem enfatizados pela com-


posição em itálico em vez de bold, manter a pontuação romana
não trará nenhuma vantagem. Com texto itálico, a pontuação
itálica produz um espacejamento melhor e fica portanto com
uma aparência menos obstrutiva:

«« Nas ilhas de Lombok, Bali, Flores, Timor e


Sulawesi, os mesmos tecidos...

Se no entanto sua ênfase for produzida com versaletes es-


pacejados, mudando a estatura e a forma das letras em vez de
seu peso ou de sua.inclinação — e desse modo minimizando o
distúrbio superficial da página -, a questão da pontuação deixará
de existir. A pontuação utilizada com versaletes (com exceção
dos pontos de interrogação e de exclamação) é normalmente
idêntica à romana; será necessário apenas checar a acuidade de
seu espacejamento:

«.. nas ilhas de LOMBOK, BALI, FLORES, TIMOR €


SULAWESI, Os mesmos tecidos...

70
FORMAS & DISPOSITIVOS ESTRUTURAIS

4.1 ABERTURAS

411 Faça da folha de rosto um símbolo da dignidade e da


presença do texto. /)
Se o texto for imensamente reservado e decoroso, a página de títu-
lo deverá ter essas mesmas propriedades; se o texto for desprovido
de qualquer decoro, ela deverá, por honestidade, comportar-se
do mesmo modo.
Pense na página em branco como se fosse um prado alpino,
ou como se fosse a pureza do ser indistinto. O tipógrafo adentra
esse espaço e precisa alterá-lo. O leitor irá entrar ali mais tarde,
para ver o que o tipógrafo fez.A verdade fundamental da página
em branco deve ser infringida, mas não deve nunca desaparecer
completamente — e tudo o que a modifica pode muito bem ter a
mesma paz e vitalidade que a caracteriza. Quando se constrói uma
folha de rosto, não basta despejar uma porção de letras grandes
pré-fabricadas no centro da página, nem escavar alguns bura-
cos no silêncio com um pesado maquinário tipográfico e seguir
adiante. Tipos grandes e até mesmo gigantes podem ser belos e
úteis, mas o egulíbrio é muito mais importante que o tamanho
— e o vazio é aquilo que basicamente constitui o equilíbrio. Tipo-
graficamente, o equilíbrio resulta do espaço em branco. Muitas
boas folhas de rosto consistem em uma ou duas modestas linhas
próximas ao topo e uma ou duas próximas da base, com pouco
ou nada além de um espaço tenso e equilibrado entre elas.

41.2 Não permita que os títulos oprimam o texto.

Em livros, as maiúsculas espacejadas com o peso e 0 tamanho do


texto são muitas vezes perfeitamente adequadas para titular. Não
é o caso do belo projeto de uma revista desenhada por Bradbury Para mais
Thompson, que fica no outro extremo, no qual o título — a pala- exemplos do
seu trabalho,
vra BOOM - é composto em maiúsculas bold gigantes e estreitas ver Bradbury
que preenchem toda a dupla de páginas. O texto, por sua vez, é Thompson, The
composto em uma coluna alta e estreita que fica dentro da haste Art of Graphic
Design (1988).
do grande B. O título engoliu o texto, mas este renasceu, lépido
e eloqiiente, tal um Jonas saído da baleia.

71
A maioria das tentativas frustradas de criar um título fica
entre esses dois extremos, e o problema delas é que o título muitas
vezes espalha seu peso ao redor, desequilibrando e descolorindo a
página. Se ele for composto em um tamanho maior do que o do
texto, é quase sempre melhor fazê-lo com uma fonte de título leve
em caixa-alta e baixa, ou com uma versão mais leve da fonte de
As versais texto. As versais vazadas (como as iniciais da Castellar nas páginas
vazadas são 74 e 176) são outro dispositivo que os tipógrafos têm utilizado
bastante
conhecidas desde o século 15 para ganhar tamanho sem peso excessivo.
pelo termo Há outras maneiras de criar letras grandes de peso leve, mas
inglês inline e algumas delas aparecem apenas na hora de produzir as chapas ou
em menor grau
pelo francês de imprimir. O tipógrafo pode, por exemplo, reticular o tipo (isto
gravé. Há ainda é, quebrar a imagem com um filtro óptico ou eletrônico) ou, se o
outro termo orçamento permitir, instruir o impressor para que ele o imprima
em português,
clareado, que com uma segunda tinta de um tom mais pálido.
tem origem no

LG 20 30 40 50
termo italiano
schiarito. [nt]

60 70 80 90 100
Texto reticulado. Os números indicam a porcentagem de cobertura de tinta
permitida pela retícula.

41.3 Componha os títulos e as aberturas de forma que eles


contribuam para o desenho geral,

Os livros do Renascimento, com seus títulos longos e suas mar-


gens grandes, não costumavam deixar nenhum espaço suple-
mentar no topo dos capítulos. Já nos livros modernos, onde os
títulos diminuíram e as margens foram engolidas pela pressão
inflacionária, deixa-se às vezes um terço da página vago apenas
para celebrar o fato de que ali se inicia um capítulo. Mas esse
espaço não é por si só suficiente. para que se obtenha um senso
de majestade e de celebração; por outro lado, a ausência de espaço
não é necessariamente um sinal de.pobreza tipográfica.
Renques de estreitas casas geminadas que se abrem direta-
mente para a rua não são apenas encontradas nas favelas urbanas,
mas também nas mais adoráveis vilas mediterrâneas e cidades
montanhesas italianas. Uma página cheia de letras tem as mesmas
possibilidades. Ela pode descambar para uma favela tipográfica

72
ou transformar-se em um modelo de arquitetura encantadora,
engenharia hábil e economia simples. Amplos gramados subur-
banos e largos quintais tipográficos podem ser desoladores e
vazios, mas também podem ser acolhedores e graciosos. Podem
exibir verdadeiros tesouros, tais como o tesouro do espaço vazio,
mas também podem ser recheados com os souvenirs das boas
intenções do tipógrafo. Bebedouros de pássaros neoclássicos, Formas e
anões de jardim e flamingos de um rosa desbotado, todos têm o dispositivos
seu equivalente no mundo tipográfico. estruturais.

41.4 Marque cada início e cada retomada de texto.

O modo mais simples de iniciar qualquer bloco de prosa é partir


da margem esquerda, sem recuos, como faz este parágrafo. Em
uma página pacífica, onde.o texto é anunciado por um título ou
por um subtítulo, isso é o bastante. Mas se o texto ou uma nova
seção do texto começar no topo da página, sem um título para
marcá-lo, talvez seja necessário fazer um pouco de alarde. Esse
também é o caso quando a página de abertura está muito carre-
gada. Se ali houver um título de capítulo, uma epígrafe, uma nota
lateral, uma fotografia e a legenda dessa fotografia, a abertura do
texto irá precisar de uma faixa, de uma cartola ou de um vistoso
vestido vermelho para chamar a atenção.
Os florões (ou fleurons - ornamentos tipográficos) são muito
gos
usados para indicar aberturas de texto, e são frequentemente
impressos em vermelho, a segunda cor habitual do tipógrafo. A
frase de abertura, ou toda a primeira linha, também pode ser
composta em versalete.ou em caixa-alta e baixa bold. Outro exce-
lente método para marcar o início do texto, herdado das antigas
práticas dos escribas, é usar uma grande maiúscula
inicial: uma
capitular, versal ou lettrine. As capitulares podem
ser tratadas de
diversas maneiras, Recuadas ou centralizadas, podem
saltar para
SE

fora do texto. Alinhadas à esquerda, podem aninhar-se.no


texto
(os tipógrafos as chamam de capitulares baixadas, em oposição
às capitulares elevadas). Se houver espaço, podem ficar salientes
na margem esquerda. Elas podem ser compostas no mesmo
tipo
do texto ou em um tipo completamente diferente. Tanto
na tra-
dição dos escribas quanto na tipográfica - quando o orçamento
permite -, as capitulares também são geralmente vermelhas
ou
de outra cor que não o preto.
As capitulares elevadas são mais fáceis de compor bem a
partir de um teclado, mas as capitulares baixadas têm ligações

73
dilectam, quoadusque
ipsa velit.”
SCULETUR OX DILECTI MEI;
me osculo oris sui; quia ecce iste.venit, saliens
meliora sunt ubera tua in montibus, transiliens
Aberturas vino, q fragantia unguentis colles. 4 Similis est dilectus
optimis. Oleum effusum meus capreae, hinnulogue
nomen tuum; ideo adoles- cervorum. En ipse stat post.
centulae dilexerunt te. parietem nostrum, respi-
RAHE ME, post te ciens per fenestras, pro-
curremus in odorem spiciens per cancellos. En
unguentorum tuorum. dilectus meus loquitur mihi.
Introduxit merex in URGE, propera, amica
cellaria sua; exsultabimus et mea, columba mea,
laetabimur in te, memores formosa mea, et veni.
uberum tuorum super 4 Iam enim hiems transiit;
vinum. Recti diligunt te. imber abiit, et recessit.
IGRA SUM, sed 4 Flores apparueruntin
« formosa, filiae terra nostra....
Ierusalem, sicut AVI PEDES MEOS,
tabernacula Cedar, sicut quomodo inquinabo
pelles Salomonis. Nolite me illos? 4 Dilectus meus
Trechos do Cântico
considerare quod fusca sim, misit manum suam per
dos cânticos
compostos em guia decoloravit me sol. Filfi foramen, et venter meus
Aldus 10/12 x 10 matris meae pugnaverunt intremuit ad tactum eius.
desalinhado à contrame....» q Surrexit ut aperirem
direita.
Capitular elevada:
“ A DIURO VOS, filiae dilecto meo; manus meae
Castellar 54 pt. Ierusalem, per stillaverunt myrrham, et
Capitular capreas cervosque digiti mei pleni myrrha
baixada; Aldus
42 pt, espacejada
camporum, ne.suscitetis, probatissima. Pessulum
linha a linha. neque evigilare faciatis ostiimei....

O termo capitular mais fortes com a tradição dos escribas e das prensas tipográfi-
baixada é preferido cas. O preparo e o espacejamento das capitulares baixadas são
a capitular
rebaixada, que pode expedientes que os tipógrafos fazem por diversão, para testar sua
produzir confusão, habilidade e sua intuição visual. Compor a primeira palavra ou
pois também indica frase após a capitular em versais, versaletes ou bold, para criar uma
o rebaixamento
próprio da retícula ponte entre a capitular e o texto comum, também é uma prática
de impressão. [NT] recorrente. Alguns exemplos disso são mostrados acima.

74
Se a letra inicial for A, £ ou O, pode surgir a seguinte ques-
tão: a letra inicial é ela mesma uma palavra? A resposta.a essa Em inglês, o
mesmo acontece
questão deve aparecer no espacejamento do texto em relação à
com as iniciais
capitular. Se a primeira palavra do texto for Amoral, por exemplo, Ateo [NT]
um espaço muito grande entre a inicial A e o resto da palavra
estará fadado a criar confusão.
Formas e
41.5 Se.o texto iniciar com uma citação, inclua as aspas iniciais. dispositivos
estruturais
Às aspas têm uma tradição que remonta aos escribas na qualidade
de sinais editoriais adicionados post facto aos textos de outras
pessoas, mas só vieram a se transformar em rotina tipográfica no
final do século 16. Por essa época, elas eram comumente omitidas
das aberturas dos textos por interferirem nos hábitos estabeleci-
dos do posicionamento de grandes iniciais. Alguns manuais de
estilo ainda prescrevem essa concessão à conveniência como uma
regra de procedimento.A tipografia digital, no entanto, simplifica
o controle do tamanho e do posicionamento das aspas de abertura,
independentemente de o texto começar com uma versal ou não.
Em respeito ao leitor, as aspas devem aparecer.

4.2 TÍTULOS E SUBTÍTULOS

4.21 Componha títulos de forma a contribuir com o estilo do


todo.

Os títulos podem assumir muitas formas, mas uma das primei- O termo saliente
ras escolhas a fazer é determinar a sua simetria ou assimetria. (hanging) substitui
com vantagens
Titulos simétricos, dispostos no centro da largura da coluna, são alguns termos
conhecidos pelos tipógrafos como títulos centralizados. Títulos em uso tais
assimétricos normalmente tomam a forma de títulos laterais à como pendurado,
avançado ou
esquerda, que podem ser alinhados, salientes ou levemente re- mesmo recuado
cuados da margem esquerda. Títulos laterais à direita funcionam para fora. [nz]
bem em certos contextos, mas frequentemente ficam melhores
como títulos do que como subtítulos. Um título curto composto Esses princípios
em uma linha e alinhado à direita precisa de tamanho e peso são obviamente
revertidos na
substanciais para evitar que o leitor o ignore completamente. composição de
Uma maneira de dar proeminência aos títulos sem aumentá- alfabetos legíveis
los é compô-los inteiramente dentro da margem, como acontece da direita para a
esquerda, tais como
com os títulos correntes (ou cabeças laterais) utilizados ao longo o árabe e o hebraico.,
deste livro.

75
4.2.2 Utilize tantos níveis de título quantos precisar: nem mais,
nem menos,

Em geral, é melhor escolher uma forma predominantemente


simétrica ou assimétrica para os títulos. Misturá-las a esmo leva à
confusão tanto estilística como lógica. Mesmo assim, o número de
Títulos e níveis à disposição pode ser levemente aumentado, se necessário,
subtítulos por meio de combinações judiciosas. Se títulos simétricos forem
“adicionados a uma série fundamentalmente assimétrica ou vice-
versa, é normalmente melhor acomodar esses visitantes no topo
ou na base da pilha hierárquica. Duas séries hierarquizadas são
mostradas a título de exemplo nas páginas 78-79.
Nas indicações dos originais para a composição tipográfica,
os níveis de títulos geralmente recebem letras em vez de nomes:
títulos-a, títulos-s, títulos-c e assim por diante. Usando essa ter-
minologia, os títulos na próxima dupla de páginas vão de A a 7.

4.3 NOTAS

4.31 Seo textô incluir notas, escolha a sua melhor forma.

Se as notas forem utilizadas para detalhes secundários, é correto


compô-las em um tamanho menor do que o do texto principal,
No entanto, o hábito acadêmico de relegar as notas ao pé da
página ou ao fim do livro é um espelho das práticas vitorianas
sociais e domésticas, em que a cozinha era mantida longe das
vistas e a criadagem embaixo da escada. Se as notas tiverem per--
missão para mover-se pelas margens — tal como acontecia nos
livros renascentistas -, poderão aparecer onde são necessárias e
ao mesmo tempo enriquecer a vida da página.
As notas de rodapé são a própria encarnação da imperti-
nência, mas têm lá suas utilidades, Se forem curtas e pouco fre-
quentes, podem ocupar pouco espaço, ser fáceis de achar quando
demandadas e fáceis de ignorar quando não interessarem. Longas
notas de rodapé são inevitavelmente uma distração: sua leitura
é tediosa e sua contemplação é cansativa. Notas de rodapé que.
invadem a página seguinte (como quase.toda nota longa acaba.
fazendo) são um abjeto fracasso de design.
Notas finais podem propiciar economia de espaço, são menos
complicadas de projetar e mais baratas de compor e seu tamanho
pode aumentar à vontade. Elas também deixam as páginas mais
limpas, exceto por um certo salpicado de caracteres sobrescritos.

76
Mas elas requerem do leitor mais sério o uso de dois marcadores
de texto e uma leitura com os dois olhos e as duas mãos, saltando
para frente e para trás entre as partes popular e esnobe do texto.
As notas laterais dão mais vida e variedade à página e são
as mais fáceis de achar e de ler, Desenhadas com cuidado, não
precisam aumentar a página nem o custo de sua impressão.
Às notas de rodapé raramente precisam ter mais do que 8 Formas e
ou 9 pt. Notas finais costumam ser compostas em pequenos ta- dispositivos
manhos de texto: 9 ou 10 pt. Já as notas laterais são compostas estruturais
em corpos que podem atingir o tamanho do texto principal, de-
pendendo de sua fregiiência, de sua importância e do formato
geral da página,

4.32 Cheque o peso e espacejamento dos caracteres sobrescritos.

Se as notas laterais não forem muito frequentes, poderão ser com-


postas sem nenhum sobrescrito (como neste livro) ou com o
mesmo símbolo (normalmente um asterisco) reutilizado constan-
temente, ainda que várias notas apareçam na mesma página. Para
as notas finais, a regra é usar algarismos sobrescritos. Para notas
de rodapé, pode-se utilizar símbolos se as notas forem poucas. (A
ordem tradicional é* + + Il 9, mas depois do asterisco, da adaga
e da adaga dupla essa ordem deixa de ser familiar para a maioria
dos leitores.) Contudo, os algarismos são mais transparentes e
sua ordem é muito mais difícil de confundir.
Muitas fontes incluem conjuntos de algarismos sobrescritos,
mas nem sempre seu desenho e tamanho são satisfatórios. Às
vezes, algarismos de texto compostos em tamanho reduzido em
uma linha de base elevada são a melhor ou a única escolha. No
entanto, estabelecer o melhor tamanho, peso e espacejamento
dos sobrescritos irá requerer certos cuidados. Em muitos tipos,
algarismos menores semibold ficarão melhores do que algarismos
maiores de peso normal, Além disso, quanto menores eles forem,
maior será a necessidade de aumentar a sua entreletra.
Os algarismos sobrescritos frequentemente aparecem ao
final de frases ou sentenças. Se estiverem bem acima da linha,
podem receber um kerning sobre a vítgula ou o ponto final, mas
isso pode ameaçar a legibilidade do texto, especialmente se ele
for composto em um tamanho modesto.

4.3.3 Utilize algarismos sobrescritos no texto e algarismos


normais nas notas.

77
ce Título principal de seção cs
E UM HOMEM gasta a metade do seu dia caminhando no
bosque por amor ao bosque, ele corre o risco de ser tratado
como um nefelibata; mas se agir como um especulador o
dia inteiro, desmatando o bosque e fazendo com que a terra fique
Títulos e descalvada antes do seu tempo, será estimado como um cidadão
subtítulos industrioso e empreendedor.

SUBTÍTULO PRINCIPAL

Rã Os meios pelos quais é possível ganhar dinheiro levam, quase


sem exceção, ao abismo. Ter feito qualquer coisa pela qual você
meramente ganhou dinheiro equivale a não ter feito nada, ou
pior... Se você ganhar dinheiro como escritor ou palestrante,
será preciso ser popular, o que equivale a cair no abismo na per-
pendicular...

Subtítulo centralizado pesado

&Visitamos os correios cada vez mais constante e desesperada-


mente à proporção que nossa vida interior se desfaz. Pode estar
certo de que o pobre sujeito que sai levando o maior número de
cartas... não tem ouvido a si mesmo há um bom tempo.

SUBTÍTULO CENTRALIZADO MÉDIO

k3 Não sei ao certo, mas ler um jornal por semana é demais. Tentei
fazê-lo recentemente, e durante tanto tempo que fiquei com a
impressão de não estar habitando a região onde nasci. O sol, as
nuvens, a neve, as árvores não me dizem muita coisa....

Subtítulo centralizado leve

&8 É impossível servir a dois mestres. É preciso mais do que um


dia de devoção para conhecer e possuir a riqueza de um dia... Ver
realmente o sol nascer ou se pôr todo dia, e assim relacionarmo-
nos com um fato universal, nos manteria.sãos para sempre.

SUBTÍTULO LATERAL NA LINHA À mente deveria ser uma


hipetro: do grego
Ev úraidpay, arena pública...? Ou deveria.ela própria ser um pedaço do céu,
“ao arlivre” um templo hipetro, consagrado ao serviço dos deuses?

78
Título principal
de seção
& SE EU TIVER QUE SER uma passagem, que eu
seja o leito dos regatos das montanhas, dos riachos parnasianos,
e não dos esgotos da cidade... Eu acredito que a mente pode ser
permanentemente. profanada se prestar atenção às coisas triviais, Formas e
tingindo todos os nossos pensamentos de trivialidade, dispositivos
estruturais
SUBTÍTULO CENTRALIZADO PRINCIPAL

Nosso próprio intelecto deverá ser pavimentado com paralelepí- Os textos destas
pedos: sua fundação quebrada em fragmentos para que as rodas da Páginas foram
extraídos da obra
viagem passem por cima; e se você quiser saber qual é.o material Life Without
capaz de. produzir o pavimento mais durável, basta olhar para Principle, de HENRY
dentro de algumas de nossas mentes... DAVID THOREAU,
publicada pela
primeira vez
fa SUBTÍTULO CENTRALIZADO ORNAMENTADO fa em 1863. O tipo
utilizado na
página oposta é
Não leiao Times. Leia o Eternities... Até mesmo os fatos da o Adobe Caslon
ciência podem empoeirar na mente. por causa de sua secura, a 10/12 x 21,€ nesta
não ser que sejam de um certo modo apagados a cada manhã, ou página o Monotype
Centaur & Arrighi
melhor, fertilizados pelas umidades da verdade fresca e viva. regravado 11/12 X 21

SUBTÍTULO LATERAL RECUADO

O conhecimento não chega a nós nos detalhes, mas em lampejos


de luz celestial. Sim, cada pensamento que passa pela mente ajuda
a desgastá-la, a esgarçá-la ea aprofundar os sulcos, os quais, assim
como nas ruas de Pompéia, evidenciam o quanto ela foi usada.

Subtítulo lateral recuado secundário

Quando quisermos obter cutura mais do que batatas e ilumi-


nação mais do que doces, então os grandes recursos do mundo
serão sobrecarregados e exauridos, e o resuitado, seu produto
mais importante, não serão escravos ot: operários, mas... santos,
poetas, filósofos. ...

Subtítulo lateral na linha Numa palavra, assim como um monte de


neve é formado quando o vento repousa em caimaria, onde sopra
uma caimaria de Verdade aparece uma instituição...

79
No texto principal, os algarismos sobrescritos são utilizados para
indicar notas porque eles diminuem a interrupção da leitura. São
1 b coadjuvantes tipográficos: sua pequenez exprime sua importância
a relativa e sua posição elevada os mantém fora do fluxo do texto
principal e faz com que sejam mais fáceis de achar. Já na própria
nota o número não é um coadjuvante, mas um alvo. Portanto, o
1 . ad número na nota deve.ter o seu tamanho integral.
Os algarismos das notas de rodapé ou finais podem ser sa-
lientes à esquerda (como os algarismos marginais nas duas pá-
ginas seguintes e o número da nota de rodapé abaixo). Afora o
espaço em branco, nenhuma pontuação é normalmente necessária
entre o número e o texto da nota.

43.4 Evite ambigilidades na numeração e no posicionamento de


notas finais,

Os leitores não deveriam nunca ser forçados a caçar as notas finais.


De um modo geral, isso significa que elas não deveriam aparecer
em pequenas moitas ao fim de cada capítulo. É melhor colocá-las
todas juntas no final do livro. Sempre que possível, elas devem
ser numeradas sequencialmente do começo ao fim do livro e as
notas propriamente ditas devem ser desenhadas de modo que os
algarismos fiquem prontamente visíveis. Se a numeração das notas
for reiniciada a cada seção, capítulo ou artigo, será necessário usar
títulos correntes junto das notas para indicar o caminho. Se esses
títulos indicarem, por exemplo, “Notas das páginas 44-62”, os
leitores serão facilmente orientados. Mas se indicarem algo como
“Notas do Capítulo 5” será necessário que o capítulo 5 também
seja identificado por um título corrente próprio.

4.4 TABELAS & LISTAS

4.41 Faça a edição de tabelas com a mesma atenção dispensada


ao texto, e componha-as como um texto a ser lido,

As tabelas são notórias devoradoras de tempo na composição, mas


os problemas que elas trazem são com freqiiência tanto editoriais

1 Esta nota de rodapé é sinalizada por um algarismo sobrescrito no texto, mas


a nota propriamente dita é indicada por um algarismo saliente composto no
mesmo tamanho que o restante do texto da nota. O texto principal desta página
foi composto em 10/12 x 21 € o texto da nota em 8/11.

80
quanto tipográficos. Se a tabela não for planejada de forma legível
desde a sua autoria, o tipógrafo que queira torná-la legível terá
de recompô-la ou reprojetá-la desde o início. Para alternativas
Assim como o texto, as tabelas ficam canhestras quando abor- gráficas de tabelas
tipográficas, ver
dadas de forma puramente técnica. Boas soluções tipográficas não Edward R. Tufte,
costumam surgir em resposta a perguntas do tipo “Como posso The Visual Display
of Quantitative
enfiar essa quantidade de caracteres naquele tanto de espaço?”
Information
Mas se as tabelas forem abordadas como uma outra forma de [A visualização
texto, que deve ser tão boa de ler quanto de olhar, vários princí- de informações
pios ficarão claros: quantitativas]
(2º ed., 2001)
Todo o texto deve correr na horizontal ou, em casos mais raros, e Envisioning
obliquamente. Compor títulos de coluna na vertical para ganhar Information
espaço é bastante factível se o texto estiver em japonês ou chinês, [Visualizando
a informação]
mas não se tiver sido escrito no alfabeto latino. (1990).
Letras pequenas demais ou estreitas demais para uma leitura
confortável não fazem parte da solução.
A mobília (fios, caixas, pontos e outros guias da viagem pelo
espaço tipográfico) deve ser reduzida ao mínimo e a informação
deve ser enfatizada ao máximo.
Onde forem absolutamente necessários, fios, blocos de cor ou
outros guias e divisores devem correr nas seguintes direções pre-
dominantes: verticalmente no caso de listas, índices e algumas
tabelas numéricas, e horizontalmente nos demais casos.
Um fio que separa a primeira ou a última coluna da tabela do
espaço em branco adjacente não costuma ter função alguma.
Uma tabela - como qualquer outro texto em várias colunas — deve
conter em si uma quantidade adequada de espaço em branco,

4.41 Evite o excesso de pontuação nas listas,

Uma lista é, por definição, um arranjo espacial e numérico. Quem


recita uma lista normalmente usa os dedos para enumerá-la, e
listas compostas tipograficamente pedem com frequência ges-
tos similares. Isso significa que elas devem ganhar tanta clareza
quanto for possível por meio do posicionamento e da indicação
espacial, normalmente feitas com pontos, traços ou algarismos
(há exemplos disso nestas duas páginas e ao longo deste livro). Se
os números ganharem visibilidade tanto por sua posição (ficando
salientes na margem, por exemplo) ou por sua proeminência
(sendo compostos em um tipo contrastante, por exemplo), difi-
cilmente será necessário utilizar pontuação adicional — pontos
extras, parênteses ou outros similares.

81
Linhas pontilhadas, que levam o olho de uma palavra ou
número a outra ou outro, são raramente benéficas nas tabelas.

4.4.2 Componha listas e colunas de algarismos alinhadas à


direita ou no ponto decimal.

100 Na maioria das fontes, os algarismos têm todos a mesma largura,


embora haja frequentemente uma forma alternativa do número
um, mais estreita, Este um ajustado é geralmente.utilizado para

111 compor algarismos em meio ao texto, enquanto o um desajustado


ou tabular (com a largura padronizada dos outros algarismos) é
mais usado para compor algarismos em colunas. A própria fonte

100 ou o programa de composição devem ter também um espaço


numérico - um espaço em branco fixo correspondente à largura
de um numeral padronizado, sem kerning. Isso torna mais sim-

WI ples a composição de listas e colunas de algarismos alinhados


mecanicamente com rigor.
Se você alterar as larguras de composição dos algarismos,
fizer o kerning de combinações numéricas ou utilizar o um ajus-
tado ao compor colunas ou listas, os dígitos individuais não serão
alinhados, mas suas colunas ainda poderão sê-lo. Para boa parte
do conteúdo tabular (como na primeira tabela abaixo) isso é su-
ficiente. Se for necessário apor notas em uma tabela com colunas
alinhadas à direita, os sobrescritos devem ficar salientes à direita
da margem (como na coluna 3, linha 2 do exemplo a seguir), para
não romper o alinhamento.

8 98 998 9,75
9 99 999* 10
10 100 1000 10,25

un 101 1001. 10,5

Acima: colunas alinhadas com algarismos não alinhados e um asterisco saliente.


Abaixo: colunas com alinhamento misto.

Áster 2:3 24X36 0,667 a=2b


Valeriana 271:20 813x60 13550 64=€

4.4.3 Escolha alinhamentos tabulares harmoniosos e legíveis


tanto para textos quanto para os algarismos.

82
Tabelas simples e listas de itens emparelhados, como as amostras
de sumários na página 44, ficam quase sempre melhores quan-
do alinhadas umas contra as outras, com a coluna da esquerda.
alinhada à direita e vice-versa, Relatórios financeiros e outras
tabelas numéricas normalmente seguem o padrão oposto: uma
coluna de palavras à esquerda é alinhada à esquerda e as colunas
de algarismos subseqgiientes são alinhadas à direita ou na vírgula Formas e
decimal. Qualquer caractere que se repita — um sinal de multipli- dispositivos
cação ou de igual, por exemplo — é um forte candidato ao posto estruturais
de caractere de alinhamento tabular. No entanto, muitas colunas
com vários alinhamentos diferentes podem gerar um enorme caos
visual, Nesses casos, é melhor às vezes compor todas as colunas
(ou a maioria delas) alinhadas totalmente à direita ou à esquerda
em nome da clareza geral,

4.5 CONTEÚDO INICIAL E FINAL

4.51 Deixe um espaço em branco adequado no começo e no fim


de toda publicação.

Um breve relatório de pesquisa pode ter uma ótima aparência


sem nenhum espaço em branco além daquele fornecido pelas
margens normais da página. É difícil dizer o mesmo de um livro,
cujo texto deve ser — e deve parecer ser - uma entidade viva e
arfante, não um pedaço de carne seca embalada a vácuo, Um
cordel. ou um livreto com encadernação costurada à mão pode
principiar diretamente pela folha de rosto. De outro modo, é
costume fazer com que o rosto seja precedido de uma falsa folha
de rosto. Também é costume deixar uma folha ou pelo menos
uma página em branco no final do livro. Esses brancos fornecem
espaço para escritos e anotações e permitem ao texto relaxar em
sua encadernação.

4.5.2 Dê um espaço adequado às preliminares.

Um texto precedido por uma interminável cadeia de apresenta-


ções, prefácios, introduções e prólogos tem poucas chances de ser
lido, mas uma dedicatória enfiada na página de uma ficha técnica
já suficientemente povoada deixa de ser absolutamente uma de-
dicatória. E um sumário incompleto (ou inexistente), que não se
dá ao menos uma página, é usualmente um sinal de desespero
tipográfico ou de desrespeito ao leitor.

83
4.5.3 Equilibre os conteúdos inicial e final,

Os livros são normalmente feitos com cadernos — folhas impressas


e dobradas -, que formam, cada um, uma unidade de 8, 12, 16, 24
ou 32 páginas. O caderno de 16 páginas é de longe o mais comum.
Os tipógrafos, portanto, procuram fazer com que a maioria de
Conteúdo seus livros pareça divinamente determinada e concebida de modo
inicial e a conter um múltiplo de 16 páginas. Os tipógrafos mais experi-
final mentados não recitam apenas o mantra dos pontos e das paicas
em suas meditações — 12, 24, 36, 48, 60, 72... —, mas também o
mantra dos cadernos in octavo: 16, 32, 48, 64, 80, 96, 112, 128, 144,
160, 176, 192, 208, 224, 240, 256, 272, 288, 304, 320, 336, 352, 368,
384, 400... Essas são as dimensões dos livros que lemos.
Em uma obra de prosa contínua, a ilusão do amor divino
pelo número 16 é obtida pelo ajuste direto do texto original. Se
o seu comprimento for medido com acuidade, a página pode ser
desenhada para produzir um livro com o comprimento apropria-
do. Livros mais complicados são cercados por uma parafernália
feita não apenas das típicas falsa folha de rosto, folha de rosto,
ficha técnica, página de dedicatória e algumas brancas eventuais,
mas talvez também de um sumário detalhado, uma lista de grá-
ficos, mapas e ilustrações, uma lista de abreviações, uma ou duas
páginas de agradecimento e um prefácio, contrabalançado por
apêndices, notas finais, bibliografia, índice e glossário. Ajustar o
texto principal de um original para um volume desse tipo pode ser
altamente complexo, e a grande aura do material inicial e final do
livro pode ter seu espaço subtraído ou conservado, Mas tanto nos
livros simples como nos complexos cabe ao tipógrafo equilibrar o
conteúdo inicial, o conteúdo final e o texto. Um maço de páginas
em branco no final de um livro não é um sinal de gentileza para
com o leitor que gosta de tomar notas, mas de descuido.

84
ABCDEFGHIKL
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XY Zabcdefghil
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A

S&aadaçeeece

Turis precepta fint hec » Honefté vinere , alterum


30n ledere , fuum cuiq stribucre . Eluius fiudij due
unt pofitiones, Publicum €3º prinatum. Publicum
ius eft, quod ad flatum rei Romana fbeclar. Prina
tum, quod ad fingulorum utilitatem pertiner.
Dicendum eft igitur deinreprinato, quod rriperti-
tum eft: colle&lum est enim ex naturalibus pracep-
tis, aut gêtium aur cinilibus. Jus naturale efe quod

Uma fonte romana titular de 42 pt (gravada em c. 1530 e revisada em c. 1550)


e uma fonte de texto itálica (c. 1529). Ambas foram gravadas por Claude
Garamond em Paris, O itálico aparece em seu tamanho original e o romano
reduzido em um quinto. As matrizes da fonte romana sobrevivem no Museu
Plantin-Moretus, Antuérpia.

85
SÍMBOLOS NÃO ALFABÉTICOS

5.1 ESTILO NÃO ALFABÉTICO

O tipógrafo precisa lidar com uma crescente horda de manchas,


ondulações, hifens, pontos e ideogramas que viajam com o alfabe-
to sem realmente pertencer a ele, As marcas mais essenciais desse
conjunto — ponto, vírgula, parênteses e similares — são sinais que
indicam pausas lógicas e entonação, de um modo muito parecido
com as pausas e as modulações em uma partitura. Alguns deles,
tais como o cifrão e o sinal de porcentagem, são abreviações
estilizadas. Outros, como o asterisco e a adaga, são silenciosas
remissões tipográficas. E há aqueles que, normalmente mudos,
tentaram se infiltrar na tradição oral. Quem diz abre aspas, fe-
cha aspas ou isso barra aquilo ou é isso e ponto final! está, é claro,
mostrando sua divida para com esses sinais paraliterários.
Quando olhamos a paleta dos símbolos não alfabéticos da
perspectiva da tradição tipográfica e dos escribas, ela se mostra
muito mais flexível e expressiva do que parece quando vista pela
estreita grelha do teclado do digitador. Um tipógrafo não irá ne-
cessariamente usar mais símbolos não alfabéticos por página do
que um datilógrafo. De fato, muitos bons tipógrafos usam menos.
Mas mesmo o mais lacônico dos tipógrafos aprende a falar essa
língua de sinais com uma elogiiência que os processadores de
texto e as máquinas de escrever não permitem,

54.1 Para invocar a tradição das inscrições, use o ponto médio.

As primeiras inscrições alfabéticas não possuíam nenhuma mobi-


lia não alfabética, nem mesmo espaços entre as palavras.À medida
que a escrita se difundiu pela Grécia e pela região da Itália, esses
espaços apareceram e um sinal suplementar foi adicionado: um
ponto centralizado, para marcar frases ou abreviações. Esse ponto,
o ponto médio, continua sendo uma das formas mais simples e
eficazes de pontuação tipográfica — tão útil nas listas, cabeçalhos
e placas de sinalização atuais quanto no mármore gravado de
vinte séculos atrás.

Avenida Rio Branco 325 + Suíte 6

86
Os calígrafos romanos faziam as letras de suas inscrições
com um pincel chato, que seguravam com a mão direita. Grosso
em uma direção, fino na outra, como uma pena caligráfica, ele
produz um traço modulado, isto é, o peso do traço varia de modo
previsível de acordo com a direção. Um exemplo disso é a letra O.
Como o escriba segura o pincel em sua mão direita, os traços são
mais grossos na direção noroeste/sudeste, na inclinação natural
do antebraço e da mão. Usando o mesmo pincel, os calígrafos
romanos também desenvolveram a sutil coreografia de giros e
torções no final dos traços, que produz a imperial serifa romana. BE E
As maiúsculas romanas retêm essas formas há dois mil anos. Tanto na escrita
asiática quanto

Ori"1 M na européia, os
"

traços modulados
são normalmente
Quando o ponto médio é feito do mesmo modo com a mesma serifados e os traços
sem modulação não
ferramenta, transforma-se em uma cunha pequena e encurvada, Serifas pinceladas
uma torção do pincel no sentido horário, com uma pequena cauda. transitivas são

Ao cair para a linha de base, esse ponto com cauda se converte evidentes no tipo
mincho acima,
na nossa vírgula.As mesmas tradições inscricionais e caligráficas desenhado por
nos deixaram outras marcas úteis, tais como os dois-pontos (:), a Takaichi Hori. Os
barra oblíqua (/), o hífen (-) e o travessão (— ou —). mesmos kanji e
kana são mostrados
abaixo em um
512 Use símbolos não alfabéticos e diacríticos em consonância tipo não-serifado
com a fonte básica, desenhado por
Yasubumi Miyake,
Mincho katsuji, ou
Uma fonte de tipos normal! contém hoje aproximadamente duas “escrita da Dinastia
dúzias de formas que resultam da mutação de alguns poucos Ming; é, de um
modo grosseiro, a
sinais ancestrais de pontuação (ponto, vírgula, ponto-e-vírgula, contrapartida da
aspas, colchetes, parênteses, traços e assim por diante). Inclui romana serifada
também cerca de uma dúzia de sinais diacríticos (acento agudo, - mas a estrutura

de sua serifa é
grave, circunflexo, til, ogonek, trema e outros), alguns logogramas mais cursiva, como

ma
legais e comerciais (O & $ % %o etc.) e alguns sinais aritméticos. a do itálico.
Nos conjuntos de caracteres latinos 150 (tabelas de fontes defini-
das pela Organização Internacional de Normalização e utilizadas
atualmente como um padrão pela maioria das fundições digitais
na Europa e na América do Norte), o número de símbolos não
alfabéticos supera o alfabeto latino básico na proporção de três
para.um.
Em algumas fontes, esses caracteres não alfabéticos são be-
lamente desenhados; em outras simplesmente não têm desenho.
Muitas vezes eles são apenas emprestados de uma outra fonte, que
pode ter sido desenhada. com peso e estilo diferentes.

87
Muitos caracteres não alfabéticos são notórios por seu mau
desenho e devem ser sempre inspecionados na avaliação de
uma nova fonte, Entre eles estão os colchetes [ ), frequentemente
escuros demais; os parênteses (), muitas vezes simétricos e finos
demais; o asterisco *,o sinal de parágrafo g e o sinal de seção S, não
raro duros e insípidos, e o sinal numérico 4, usualmente grande
Estilo não demais para qualquer uso mais interessante que a identificação
alfabético dos números telefônicos das propagandas de cadeias de lojas
norte-americanas. As fontes equipadas com boas versões desses
caracteres frequentemente precisam emprestá-los àquelas que não
os têm. Mas nem toda boa versão irá resolver o problema,

atas col?
1234507TZ
Caracteres não alfabéticos neoclássicos à maneira de John Baskerville, acima,
e os não alfabéticos neo-humanistas da Palatino de Hermann Zapf, abaixo.
Assim como as letras, eles diferem de um tipo para outro e de um período
histórico para outro — e diferem essencialmente do mesmo modo.

at& Sé '!?
123456Tz
O tipo Baskerville, um exemplar neoclássico do século 18,
requer um asterisco neoclássico, com um número par de lóbulos
— cada um deles com a forma simétrica de uma gota. Mas um tipo
neo-humanista do século 20 como o Palatino requer um asterisco
com um caráter mais caligráfico - com lóbulos mais afiados e
levemente assimétricos, pendendo para um número mais próxi-
mo de cinco que de seis e mostrando o traço da pena caligráfica.
Fontes bem-feitas são distinguíveis por diferenças similares nos
pontos de exclamação e de interrogação, nas aspas e na vírgula,
Nem mesmo simples pontos são facilmente intercambiáveis.
Uns são elípticos, outros têm forma de. diamante e alguns são

88
quadrados em vez de redondos, Seu peso e seu espacejamento
também variam. A invisibilidade visível dos sinais de pontuação,
que é essencial à sua função, depende desses detalhes. O mesmo
acontece, por conseguinte, com a invisibilidade visível do tipo
como um todo. Na república da tipografia, mesmo o sinal mais
humilde e incidental é considerado um cidadão.

5.1.3 Em cabeçalhos e títulos, use o melhor ampersand disponível,

O ampersand é um símbolo desenvolvido a partir do latim et, Os pioneiros da


do qual derivou a conjunção aditiva e. É uma das mais antigas tipografia faziam
uso generoso
abreviações alfabéticas e assumiu uma fantástica variedade de do ampersand e
formas ao longo dos séculos. Os desenhos oferecidos atualmente apreciavam sua
são pretzels grosseiros e pouco inspirados, imitações não musi- variedade formal,
especialmente
cais da clave de sol. Nas fontes itálicas, o símbolo é muitas vezes ao compor em
menos reprimido que nas romanas. Suas versões mais criativas itálico, O impressor
são frequentemente mais úteis, uma vez que o ampersand é mais francês do século 16
Cristophe Plantin
utilizado em trabalhos de display. É raro haver uma razão para utilizava às vezes
que não se empreste o ampersand itálico para usá-lo em um quatro simbolos
texto romano. bem diversos entre
si no curso de um
mesmo parágrafo,
Shakespeare e Go. mesmo ao compor
obras austeras como
Brown & Son a Bíblia Multilíngue.
em oito volumes,
Smith & Daughter na qual arriscou
sua fortuna e à qual
dedicou mais de seis
A Trump Mediãval itálica (no topo) foi desenhada por Georg Trump; a Pon- anos de sua vida,
tifex romana (nas duas linhas seguintes), por Friedrich Poppi; em ambas, o
ampersand itálico tem mais estilo.

5.1.4 Tenha consideração até mesmo pelo humilde hífen.

Vale a pena olhar mais de perto para os hifens. Eles já foram mais
sutis e variados do que tendem a ser hoje. O hífen era original-
mente um simples traço da pena, normalmente o traço mais fino
que podia ser obtido com a pena caligráfica, em um ângulo de 20º
a 45º acima da horizontal. Para distinguir o hífen da vírgula (que
também podia ser escrita como um traço simples e inclinado),
ele era frequentemente dobrado, como um sinal de igual subindo
montanha acima.
Muitos tipógrafos renascentistas preferiam usar o hífen
inclinado com o itálico e o horizontal com o romano. Outros mes-

89
clavam-nos a esmo - uma das várias técnicas usadas então para
dar um toque de variedade caligráfica à página tipográfica. Mas
após a morte do mestre impressor Robert Estienne em 1559 e de
Claude Garamond em 1561 o horizontal passou a ser a norma.
Em sua maioria, os hifens hoje em oferta são curtos, ásperos,
grossos e perfeitamente horizontais, como se viessem refugiados
Estilo não de uma fonte Helvetica. As vezes essa escolha pode ser atribuída
alfabético ao designer, outras não. O hífen duplo desenhado por Hermann
Zapf em 1953 para a sua fonte Aldus, por exemplo, foi omitido
quando a fonte foi publicada para venda em 1954. A Centaur
fundida desenhada por Bruce Rogers tinha um hifen inclinado
a 48º, mas a Monotype colocou uma barra horizontal no seu
lugar ao adaptá-la para composição mecânica em 1929. À versão
original da Electra de W.A. Dwiggins tinha um hífen sutilmente
cônico, inclinado a 7º; cópias posteriores substituíram-no por
uma forma insossa e anônima.
Se você estiver tentado a redesenhar uma fonte existente com
um editor digital, o hífen é um bom caractere para começar. Ele
é comparativamente simples, e você poderá talvez restaurar as
intenções originais do designer, em vez de subvertê-las.

gh
Algumas poucas alternativas ao insosso hífen horizontal
ainda estão em circulação, e vale a pena surrupiá-las para opor-
tunamente utilizá-las em outros tipos. O hífen da Monotype

sh
Poliphilus é inclinado (como no desenho original) a 42º. Na
Monotype Blado (a companheira itálica da Poliphilus) o hífen
inclina-se a 35º e é cônico. Os hifens da maioria das fontes de
Poliphilus & texto de Frederic Goudy são inclinados em ângulos que variam
Blado, acima; de 15º a 50º. Algumas versões digitais preservam essa caracteris-
Kennerley, abaixo.
tica, e outras são mais homogêneas. Hifens inclinados e.cônicos
também podem ser encontrados em muitos dos tipos de Oldrich
g-h Menhart (na versão original de sua Figural, por exemplo, o cone
do hífen romano vai numa direção e o do itálico na outra). À
Arrighi de Frederic Warde, a Photina itálica de José Mendoza e
gh a Trajanus de Warren Chappell têm hifens horizontais,
mas com
serifas assimétricas, que lhes dá um leve movimento angular. O
hífen da Trinité de Bram de Does - um modelo de sutileza — é
essencialmente horizontal e sem serifa, mas tem um leve toque
caligráfico ao final.

bem-feito /olho-de-boi
Arrighi de Frederic Warde à esquerda; Trajanus de Warren Chappell à direita.

go
Os hifens já variaram consideravelmente em comprimento,
mas a maioria agora obedece ao padrão de um quarto de eme.
Às vezes um hífen mais curto é melhor. Alguns dos econômicos
hifens holandeses de Gerard Unger e de Martin Majoor (em
tipos como Swift, Flora e Scala) não medem mais do que um
quinto de eme.
É melhor deixar os hifens de final de linha salientes à direita Símbolos
da margem direita, como acontece ao longo deste livro. Essa era não
uma prática comum entre os escribas, que faziam isso com faci- alfabéticos
lidade, mas sua emulação no metal é muito tediosa.A tipografia
digital volta a torná-la potencialmente fácil - embora nem todo
programa esteja ansioso para cooperar.

5.2 TRAVESSÕES, BARRAS & PONTOS

5.21 Use travessões ene espacejados em vez de travessões eme


sem espaços ou hifens com espaços para separar frases,

Os teclados dos computadores e das máquinas de escrever pos-


suem apenas um traço horizontal: o hífen. No entanto, qualquer
fonte. normal de texto inclui pelo menos três: o hífen e dois ta-
manhos de travessão, o travessão ene — que tem a largura de um
ene (meio eme,m/2) - e o travessão eme — com a largura de um
eme (dois enes). Diversas fontes também incluem um sinal de
subtração, que pode.ter ou não os mesmos comprimento e peso
do travessão ene. Algumas incluem ainda um travessão numérico
(que tem o comprimento de um numeral), um travessão com
três quartos de eme e um travessão com o comprimento de um
terço de eme (M/3).
Na datilografia, um hífen duplo (--) é normalmente usado À Câmara
para indicar um travessão.A aparição de hifens duplos em um Brasileira do Livro
ainda utiliza hifens
documento tipográfico é sinal de que a composição foi feita por duplos nas versões
um digitador e não por um tipógrafo. Um tipógrafo usaria um tipográficas de suas
travessão eme, um travessão com três quartos de eme ou ainda um fichas de Dados
Internacionais
travessão ene, dependendo do contexto ou de seu estilo pessoal. de Catalogação
O travessão eme é o padrão do século 19 e ainda é prescrito em na Publicação
muitos manuais de estilo editorial, mas é muito grande para ser (cre). [nt]

utilizado com as melhores fontes de texto. Assim como o espaço


duplo entre sentenças, ele pertence à estética prolixa e postiça
da tipografia vitoriana.
Quando usado para marcar frases ou expressões — assim -,O
travessão ene recebe um espaço normal de ambos os lados.

g1
5.2.2 Utilize travessões ene ou travessões de um terço de eme sem
espaços entre os dígitos de uma série.

Assim: 3-6 de novembro; 4h30-5h; 25-30 mm, O travessão, quan-


do composto bem junto aos caracteres (e com bastante cuidado no
espacejamento), faz às vezes da preposição a e das contrações à e
Travessões, às. O hifen é curto demais para funcionar assim, e em alguns tipos
barras e o travessão ene (tradicionalmente recomendado) parece muito
pontos longo. Um travessão de um terço de eme. (M/3) frequentemente
acaba sendo a melhor escolha. Travessões desse tipo faltam em
muitas fontes, mas são fáceis de fazer em equipamento digital,
encurtando-se um travessão ene,
Quando termos compostos são ligados por um travessão em
meio à prosa corrida, dicas sutis de tamanho e espacejamento
podem ser cruciais, e a confusão pode facilmente vir à tona. Uma
sentença como O avião fará o trajeto Toronto - Londres é uma
armadilha lingúística e tipográfica. Quando ela aparece sozinha
em uma agenda ou uma lista, a frase Toronto - Londres é clara,
mas em prosa corrida é melhor, tanto editorial quanto tipografi-
camente, omitir o travessão e inserir duas preposições honestas:
de Toronto a Londres.

5.2.3 Use travessão eme ao introduzir discursos diretos.

O código Unicode O travessão eme, seguido de um espaço fino (M/5) ou de um


(ver p. 197) define espaço cheio, é o método geralmente adotado na Europa para
um caractere
especial [u+2015]
indicar diálogos e faz muito menos estardalhaço que as aspas:
como o travessão
de citação ou — Então este é um romance francês? — disse ela.
discurso direto, As
fontes que contêm — Não — disse ele —, é de Manitoba.
esse caractere são
raras, O travessão
5.2.4 Em listas e bibliografias, use uma linha de 3 emes para
eme é a norma
tipográfica. indicar repetição, quando necessário.

Uma linha de travessões eme composta sem espaços forma uma


linha mediana contínua. A linha de 3 emes é o velho padrão bi-
bliográfico para indicar a repetição de um nome. Por exemplo:

Boas, Franz, Arte primitiva. Oslo: Aschebourg, 1927. Reeditado em: Cambridge,
Mass.: Harvard University Press, 1928; Nova York: Dover, 1955,
————, Mitologia tsimshiana, BAE Ann. Rep. 31. Washington, DC: Bureau of
American Ethnology; 1916.

92
Recentemente muitos acadêmicos abandonaram esse estilo
bibliográfico, mas a linha de 3 emes ainda tem muitos usos não
acadêmicos.

525 Usea barra oblíqua em datas enomes e a barra fracional


em frações desalinhadas.
Símbolos
A barra, assim como o travessão, é mais variada na vida realdo não
que no teclado. Uma fonte normal inclui uma barra vertical e alfabéticos
duas outras com inclinações diferentes. A mais íngreme delas
(/) é uma forma alternativa da vírgula. Ela é útil em meio a datas
(06/06/99 = 6 de junho de 1999) e em textos em que teria sido
possível utilizar vírgulas ou parênteses.

quarta-feira / 3 de agosto / 1977


Hospedaria Tibetana / Thamel / Katmandu
Universidade de Victoria, Toronto / Ontario
ele/ela bateu nele/nela

A outra barra da fonte é a fracional, que serve para construir


frações como “2. Ela geralmente se incina quase a 45º e recebe
kerning de ambos os lados. Mas é a barra inclinada, e não a fra-
cional, que é utilizada para construir frações alinhadas tais como
2n/3 (observe, por exemplo, a diferença de inclinação e kerning
entre as duas barras na especificação tipográfica 8/9/).

5.2.6 Use um sinal de multiplicação (x) em vez da letra x para


indicar dimensões e multiplicações.

Uma pintura tem 26 x 42 cm; os suportes têm 5 x 10 cm e as


prateleiras têm 5 x 25 cm; o papel de carta norte-americano tem
215 X 278 mm e o A4 tem 210 X 297 mm.

5.2.7 Use reticências que se ajustem à fonte.


4x4
A maioria das fontes digitais agora inclui, entre outras coisas,
reticências pré-fabricadas (uma fileira de três pontos na linha
de base). Muitos tipógrafos, não obstante, preferem fazer as suas
próprias. Alguns preferem compor os três pontos juntos ... com
um espaço normal de palavra antes e depois. Outros preferem
«.. adicionar espaços finos entre os pontos. Espaços grossos (M/3
são prescritos pelo Chicago Manual of Style, mas eles são mais

93
uma excentricidade vitoriana. Na maioria dos contextos, tais
reticências são largas demais.
Reticências sem espaços funcionam bem com algumas fon-
tes e tipos, mas não com todos, Em textos pequenos - notas de
rodapé com 8 pt, por exemplo — geralmente é melhor adicionar
um espaço (que pode chegar a m/5) entre os pontos. Pode ser
melhor usar espaço extra no meio de fontes leves e abertas tais
como a Baskerville, e menos espaço na companhia de uma fonte
escura como a Trajanus ou qualquer outra composição em bold.
(De um modo geral, as reticências usadas neste livro fazem parte
da fonte e são compostas como um único caractere.)
Em inglês (mas geralmente não em francês [nem em portu-
guês]), um quarto ponto, o ponto final, é adicionado às reticências
que ocorrem no final de uma sentença, e 0 espaço que as antecede
desaparece.... Quando as reticências se combinam com uma
virgula, a um ponto de exclamação ou de interrogação, aplica-se
n...! o mesmo princípio tipográfico. Nos demais casos requer-se um
espaço antes e outro depois.
A norma culta da
língua portuguesa 5.2.8 Trate a pontuação como notação, não como expressão, na
não prevê a
utilização de maior parte do tempo.
espaço anterior às
reticências. [nt] De tempos em tempos, o tipógrafo encontra em sua escrivaninha
um manuscrito no qual os pontos de exclamação e de interroga-
ção se mancomunam em grupos de seis ou nove. Algumas pala-
vras podem estar escritas em maiúsculas grifadas e outras podem
ter sido sublinhadas cinco vezes. Se a página for escrita à mão,
os travessões podem ficar mais longos e as exclamações podem
espichar até onde der. Com tempo e equipamento suficientes, o
tipógrafo pode de fato chegar perto de reproduzir aquilo que vê.
Ele pode até mesmo aumentar a sua intensidade dramática de
muitas maneiras. A tipografia teatral é um gênero que vicejou
durante boa parte do século 20, mas seus limites ainda estão
amplamente inexplorados.
No entanto, a maior parte dos escritos e da tipografia se dá
por satisfeita em permanecer abstrata, como é o caso dos roteiros
das peças de teatro e das partituras musicais. O texto de Macbeth
não precisa estar manchado de sangue e salpicado de lágrimas;
precisa ser legível, E a partitura da sonata “Hammerklavier” de
Beethoven não precisa de notas realçadas para marcar seus
fortíssimos nem de notas fraturadas para indicar seus acordes
quebrados. À partitura é um código abstrato e não um gesto

94
puro.À peça e a partitura tipográficas também são performances Ver Joseph Blotner
& Noel Polk,“Note
a seu modo - mas apenas no nível do texto. A. partitura se cala
on the Texts; in,
para que o pianista possa tocar. O roteiro da peça pode sussurar William Faulkner,
enquanto os atores berram. Noveis 1930-1945
William Faulkner, assim como a maioria dos romancistas (Nova York: Library
of America, 1985),
americanos de sua geração, datilografava seus rascunhos finais. p.1.021,e Novels
Noel Polk, um literato especializado em Faulkner, preparou 1936-1940 (1990), p.
1108, Reproduções
novas edições desses romances em anos recentes, Ele descobriu.
fotográficas dos
que o escritor tinha o costume de datilografar três hifens em manuscritos e
vez de usar um travessão e quatro ou cinco pontos para obter o dos originais
datilografados
efeito das reticências, mas de vez em quando saía martelando as
de Faulkner
teclas e espalhando dúzias de pontos e hifens em segiiência. Polk foram também
decidiu não reproduzir exatamente esses trejeitos de teclado de publicadas em
Faulkner, mas também não quis deixá-los totalmente de fora de, 25 volumes sob o
título The Faulkner
sua edição. Ele então criou uma regra que convertia dois, três ou Manuscripis (Nova
quatro hifens em um travessão eme e cinco ou. mais hifens em York: Garland,
1986-87).
um travessão de dois emes. Tudo o que fosse composto por até
seis pontos era convertido por ele em reticências normais, e sete
pontos eram utilizados onde quer que Faulkner tivesse datilo-
grafado sete pontos ou mais.
Essas decisões tipográficas poderiam ter sido diferentes nas
mãos de outros editores e tipógrafos. Mas o princípio subjacente a
elas é apropriado: a pontuação é notação fria; não é fala frustrada;
é código tipográfico,
É presumível que Faulkner não recorria a esses surtos de
pontuação extravagante porque era incapaz de expressar-se com.
palavras. Ele podia, no entanto, estar procurando por algumas
teclas que o teclado simplesmente não tinha.A tarefa do tipógrafo
é conhecer o vocabulário e a gramática da tipografia e mobilizá-
os expressamente em benefício de Faulkner.

5.3 PARÊNTESES

5.3.1 Use os melhores colchetes e parênteses disponíveis e


componha-os com espacejamento adequado,

Tradicionalmente, os parênteses tipográficos são linhas puras,


como a barra (/), o travessão ene (-) e o travessão eme (—); são
linhas curvas - normalmente segmentos de círculos perfeitos, sem
variação de peso -, e em muitas fontes antigas eram ajustados
com folga ou compostos com espaço abundante entre eles e o
texto que envolviam. Parênteses na forma de linhas avolumadas

95
(grossas no meio e finas nas pontas) apareceram primeiro no
início do período barroco, perderam-se de vista na era neoclás-
sica e viraram moda, juntamente com os algarismos alinhados,
no século 19, Muitas das melhores fontes do século 20 (como a
Centaur de Bruce Rogers e a Bembo da Monotype Corporation,
por exemplo) foram revivals históricos que reafirmaram suas
Parênteses formas antigas.

(abc) (abc
A Monotype Centaur e a Monotype Baskerville, acima. A Trump Mediával
Antiqua, de Georg Trump, e a Berling, de Karl-Erik Forsberg, abaixo.

abc) (abc)
Nas antigas Os parênteses de alguns tipos recentes, tais como o Trump Me-
classificações diával Antiqua, de Georg Trump, e o Comenius, de Hermann
tipográficas
alemãs, Antiqua Zapf, são traços modulados e assimétricos, baseados nas formas
significa romana naturais da pena caligráfica. Em outros desenhos recentes (Melior
e meditival na e Zapf International, de Hermann Zapf, e Berling, de Karl-Erik
verdade quer dizer
renascentista, Forsberg, por exemplo), os parênteses são simetricamente grossos
uma vez que no meio e finos nas extremidades, como no padrão do século 19,
os arquitetos mas são esticados para formar uma superelipse parcial, o que
e escribas da
Renascença lhes confere mais tensão e graça.
ressuscitaram e Parênteses que possuem a forma das linhas avolumadas do
atualizaram as século 19 são um elemento-padrão de muitas fontes digitais e têm,
formas romanas
e carolíngeas sido frequentemente adicionados, por engano ou de propósito,
do Medievo, A a alfabetos aos quais não pertencem - os revivals dos tipos de
despeito de seu
impressão de Garamond e Baskerville, são exemplo disso.
nome, a Trump
Mediival Antiqua, Se você for obrigado a trabalhar com uma fonte com parên-
ou Trump teses insatisfatórios, empreste um par melhor de alguma outra.
medieval romana, E quaisquer que sejam os parênteses com os quais você trabalhe,
vem das formas
renascentistas certifique-se de que o seu espacejamento não seja muito apertado
tardias. (o que é frequente nas fontes mais recentes).

96
5.3.2 Use parênteses eretos (isto é, “romanos”) em vez de parênte-
ses, colchetes e chaves inclinados, mesmo se.o contexto for itálico.

Parênteses e colchetes não são letras e não faz muito sentido dizer Essa regra tem sido
que sejam romanos ou itálicos. Existem parênteses verticais e mais quebrada que
seguida desde o fim
inclinados, e os parênteses das fontes itálicas são quase sempre do século 16. Mas
inclinados, mas a preferência deve ficar, em geral, com os parên- foi mais seguida
teses verticais, Isso significa que eles devem vir da fonte romana que quebrada pelos
melhores tipógrafos
e.que talvez precisem de espacejamento adicional quando usados entre os pioneiros
com letras itálicas. a compor livros
em itálico; Aldus

efe) (efg)
Manutius, Gershom
Soncino, Johann
Froben, Simon de
Colines, Robert
Estienne, Ludovico
degli Arrighi e
Henri Estienne.
Os colchetes inclinados usualmente encontrados em. fontes
itálicas são, no mínimo, menos úteis ainda. que os parênteses
inclinados. Se, por um infortúnio qualquer, houvesse um livro
ou um filme intitulado O soluço de minha [sic] mãe, os colchetes
inclinados poderiam ser úteis como uma maneira de indicar que
eles e o seu conteúdo fazem parte do título. De qutro modo, o uso
deve ater-se aos colchetes verticais, não importando se o texto é
romano ou itálico: “O soluço de minha [sic] mãe” e“o soluço de
minha [sic] mãe”,

5.4 ASPAS E OUTRAS INTROMISSÕES

5.41 Reduza o uso de aspas ao mínimo, especialmente com tipos


renascentistas.

Os tipógrafos trabalharam muito bem sem aspas durante séculos.


Nos primeiros livros impressos as citações eram marcadas pela
mera nomeação do falante.- como ainda acontece com a maioria
das edições da Vulgata Latina e da Bíblia do rei Jaime. No Alto
Renascimento a citação era geralmente marcada por uma mu-
dança de fonte; de romano para itálico ou vice-versa. As aspas
foram gravadas pela primeira vez em meados do século 16, e no
início do século 17 já havia impressores que gostavam de usá-las
em profusão. Em livros dos períodos barroco e romântico as
aspas são às vezes repetidas no início de cada linha de uma longa
citação. Quando essas distrações foram finalmente omitidas, o

97
espaço que elas ocupavam foi muitas vezes mantido. Essa é a
origem do bloco de citação recuado, Já os blocos de citação do
Renascimento eram compostos com um tipo contrastante em
tamanho e largura de linha integrais.
Há três formas de aspas de uso comum. Vírgulas elevadas
<>» e invertidas — “aspas” e “aspas — são geralmente preferidas na
Grã-Bretanha e na América do Norte [assim como no Brasil], As
vírgulas alinhadas com a base e invertidas — aspas“ — são mais
“an d”
amplamente usadas na Alemanha, e muitos tipógrafos preferem
que elas tomem a forma de apóstrofos inclinados ("—") em vez
de vírgulas com cauda (,-*). As aspas francesas (Guillemets),
und“ também conhecidas como aspas angulares — «estas» ou «estas»
— são a forma corrente na Itália e na França e são muito usadas
«et» no resto da Europa. Os tipógrafos italianos e franceses compõem
suas aspas angulares com as pontas para fora, « assim », enquanto
os alemães normalmente as compõem »de modo inverso« Em
»und« ambos os casos, é costumeiro usar espaços finos entre elas e o
texto que envolvem.
O livro Pause and As aspas estão suficientemente arraigadas à linguagem sígnica
Bgect [Pausa e do mundo editorial moderno para que seja difícil dispensá-las
efeito] (1993), de
M.B. Parkes, é em muitos tipos de texto. No entanto, muitos autores não pro-
uma informativa fissionais fazem uso excessivo delas. Os bons editores e os bons
história da tipógrafos reduzem sua aparição ao mínimo, retendo apenas
pontuação.
aquelas que contribuem com informação relevante.
Quando as aspas (incluindo as angulares) são utilizadas, fica
a questão: quantas? A prática britânica usual é usar aspas indi-
viduais primeiro e aspas duplas dentro das simples. “Então quer
dizer que “não alfabético” significa o que eu estou pensando que
significa? disse ela, suspeitando de algo. Quando essa convenção
O termo face, que for utilizada, a maior parte das aspas será simples e portanto
na tipografia menos obtrusiva,
tradicional
indica a parte Na América do Norte [e também no Brasil] a prática comum
protuberante do é inversa. “Então”, disse ela, “quer dizer que 'não alfabético signifi-
tipo metálico que ca...?”Essa convenção, usando simples dentro de duplas ao invés
contém o desenho
a ser impresso, de duplas dentro de simples, é garantia de.que as bandeiras das
também designa aspas serão hasteadas. Mas algumas faces — a Galliard de Matthew
um conjunto Carter, por exemplo — têm aspas proeminentes, enquanto outras
completo de glifos
com as mesmas possuem formas mais discretas. Leve o tipo e o texto em conside-
características em ração ao decidir que convenção adotar para marcar citações.
um ou mais pesos,
enfatizando seu
caráter impresso, 5.4.2 Posicione as aspas de forma consistente em relação ao resto
bidimensional, [nr] da pontuação.

98
A pontuação é normalmente posicionada dentro das aspas angula-
res — simples ou duplas — que fecham a citação se pertencer a esta.
Caso contrário, fica de fora. Com outras marcas de citação o uso “dentro”
é menos consistente, A maioria dos redatores norte-americanos « f »
prefere ter suas vírgulas e pontos finais dentro das aspas, “assim ota.
mas mantém seus dois-pontos e seus ponto-e-vírgulas de fora.
Muitos redatores britânicos preferem deixar toda pontuação de Posicionar vírgulas
fora, junto com o leite e o gato. As habilidades de kerning das com- é Pe finais
positoras digitais, em especial nas mãos de tipógrafos publicitários, esnbém é ma
desenvolveram um terceiro estilo intermediário, no qualas aspas — tendência brasileira,
de fecho ficam acima das vírgulas e dos pontos. Tipograficamente, embora não haja
nenhum padrão
essa é uma boa idéia para algumas fontes em tamanhos grandes, estabelecido. [nt]
mas esse não é o caso para muitas fontes em tamanho de texto, em
que aspas ou apóstrofos espacejados podem se parecer bastante
com um ponto de interrogação ou de exclamação. A eliminação da
pontuação após
as abreviações p

“kern, kerning,; kerned? e pp mencionada


abaixo no item
5.4.4 não é corrente
nas citações
Quando as aspas não recebem kerning, não há nenhuma dife- bibliográficas
rença tipográfica no fato de estarem antes ou depois de vírgulas e brasileiras,
pontos.A diferença tem mais a ver com uma discrição editorial do incluindo as desta
editora, mas foi
que visual, Mesmo assim, tanto os tipógrafos quanto os editores mantida aqui por
devem ser consistentes, seja qual for o caminho escolhido. uma questão de
coerência. INT]

5.4.3 Em inglês, omita o apóstrofo dos plurais numéricos.

Em inglês, as casas são construídas com 2 x 45; pais e filhos passam Os caibros usados
pelos terrible twos. Os europeus mataram tantos europeus nos nas construções
norte-americanas
19305 quantos americanos nativos e africanos nos 18005, são nomeados a
partir de sua seção
5.4.4 Elimine outras pontuações desnecessárias. em polegadas, daí a
expressão 2 X 4.
A expressão terrible
Omita o ponto após unidades métricas e outras abreviações auto- twos baseia-se na
evidentes. Componha 5,2 m e 520 cm, mas 36 pol. ou 36, e nas crença de que a fase
mais difícil na vida
referências bibliográficas p 36f, ou pp 306-14. de uma criança
Os redatores e compositores tipográficos norte-americanos acontece aos dois
tendem a inserir pontos depois de todas as abreviações ou a anos de idade,
A letra s indica
não inserir nenhum ponto em nenhuma (o que é mais raro). A década ou século
primeira prática produz um texto cheio de balas de chumbinho quando aposta
e buracos de minhoca; a segunda pode gerar confusão. O ma- a dois ou três
algarismos. [n7!
nual de estilo da Universidade de Oxford, amplamente seguido

99
no Reino Unido, tem muito a recomendar como solução de
compromisso.À regra é: use um ponto apenas quando a palavra
terminar de forma prematura. Ele deve ser omitido se a abreviação
iniciar com a primeira letra da palavra e terminar com a última.
Assim: Sra Bodoni, Sr John Adams Jr e Srta Lucy Chong-Adams,
Dr McBain e Sto Tomás de Aquino; mas Prof. Czeslaw Milosz e
Cap. James Cook.
No Brasil, mesmo Ospontos são igualmente desnecessários em siglas e outras
essas abreviações abreviações comumente escritas com maiúsculas ou versaletes.
podem apareçer
sem ponto em Assim: 300 aC e 450 DC; Washington, DC, e México, DE; Van-
alguns contextos couver, BC, e Darwin, NT,
pela obviedade Para o bem da higiene tipográfica, hifens desnecessários
de seu significado
(Prof, Av, Tel também devem ser omitidos no inglês. Desse modo, avant garde,
etc), em favor da bleeding heart, halfhearted, postmodern, prewar, silkscreen e type-
limpeza gráfica, face são preferíveis às alternativas hifenizadas. (Uma boa prática
o que torna
essa regra mais editorial, no entanto, é hifenizar adjetivos compostos, a não ser
flexível, nr) que eles possam ser fundidos em palavras únicas ou destacados
como substantivos próprios. Assim, uma fonte.do século 20 é uma
A língua twentieth-century typeface, mas o século 20 é twentieth century.
portuguesa não Do mesmo modo, as letras caixa-baixa são lowercase letters, mas
admite nenhuma
liberdade no caixa baixa é lower case.)
emprego do Em inglês, os apóstrofos são necessários para alguns plurais,
hifen. (nr) mas não para outros, e.a inconsistência é melhor do que uma
profusão de marcas desnecessárias. Assim: Erics Restaurant, dos
and don'ts; the ayes have it but the Is don't; the ewes are coming but
the yous are staying home; Compact Dises, CDS, CD-ROMS.

5.4.5 Insira ou preserve a pontuação quando ela for importante


para o significado,

A frase gira sol amarelo é ambígua quando falada, mas se quem


fala sabe o que quer dizer ela será perfeitamente clara.A tipografia
responde à inflexão vocal distinguindo entre gira, sol amarelo e
girassol amarelo.
Na cuidadosa linguagem da ciência e da poesia, os hifens
podem ser ainda mais importantes. Considere a seguinte lista de
nomes: copo de leite, copo-de-leite, amor perfeito, amor-perfeito,
sempre viva, sempreviva, sempre-viva, sem fim, sem-fim, Todos
esses nomes estão corretos tais como foram escritos, mas não
estariam se um redator ignorante ou um tipógrafo obcecado
pela higiene gráfica procurassem padronizar a hifenização. Os
termos são escritos de modo diferente porque alguns são feitos

100
de substantivos emprestados e outros de substantivos genéricos.
O copo de leite é aquilo que diz que é: um copo; já um copo-de-
leite não: trata-se de uma planta ornamental. Do mesmo modo,
quem diz que presenteou seu amor com um amor-perfeito e que
agora vive um amor perfeito indica, certamente com ironia mas
com perfeita clareza, as semelhanças e as diferenças entre um e
outro. Sempre viva indica imortalidade, mas também pode de- Símbolos
notar esperteza; sempre-viva com hífen é uma planta; sem hifen não
e.com a inicial maiúscula, um romance. de Antonio Callado. As alfabéticos
diferenças, embora sutis, são perfeitamente audíveis na fala de
quem sabe o que diz (e que diz amor perfeito e amor-perfeito,
sempre viva e sempreviva). O bom tipógrafo dá visibilidade a
essas distinções de modo sutil. No presente estado da arte tipo-
gráfica e da convenção editorial, isso não se faz com a junção
indistinta de palavras independentes ao longo da página, mas
pelo posicionamento judicioso e sutil dos hifens.

5.5 DIACRÍTICOS

5.5.1 Use os acentos e os caracteres alternativos que os nomes


próprios e as palavras e frases importadas requisitarem.

A simplicidade é boa, mas a pluralidade também..A. principal


função da tipografia (não a única) é a comunicação, e.a maior
ameaça à comunicação não é a diferença, mas a semelhança. A
comunicação cessa quando um ser deixa de ser diferente do outro:
quando não há nada de estranho com que cismar e nenhuma
informação nova para trocar, Por essa razão (entre outras), a
tipografia e os tipógrafos devem honrar a variedade e a comple-
xidade'da linguagem, da identidade e do pensamento humanos,
em lugar de homogeneizá-los ou escondê-los.
A tipografia já foi um ofício fluentemente multilíngue e mul-
ticultural..
Os grandes tipógrafos dos séculos 15 e 16 trabalhavam
de bom grado com a letra humanista do Norte da Itália [whitelet-
aaa
ter], a escrita gótica-italiana ou alemã [blackletter], a manuscrita
francesa, o hebraico asquenaze e sefardita e diversas modalidades
Ns
do grego ortóptico, cursivo e caligráfico. Os melhores.tipógrafos
do século 20 seguiram seus passos. No entanto, o etnocentrismo
e o racismo tipográficos também prosperaram nos últimos cem
anos, e boa parte dessa estreiteza se institucionalizou no modo
de funcionamento das máquinas. Fontes e teclados mal-educados
e não regenerados, incapazes de compor qualquer coisa que vá

101
além do mais rudimentar alfabeto anglo-americano, ainda não
são difíceis de achar.
A tecnologia digital recente tornou possível a qualquer ti-
pógrafo criar caracteres especiais sob demanda — um luxo que
pouquíssimos têm desfrutado desde o século 17. Fontes pré-
embaladas impecavelmente desenhadas e com conjuntos de
Diacríticos caracteres suficientes para compor qualquer palavra em todas
as línguas européias e em algumas asiáticas encontram-se agora
disponíveis até para a mais humilde das empresas domésticas.
Não obstante, ainda há jornais norte-americanos de grande cir-
culação deliberadamente incapazes de grafar corretamente até
mesmo os nomes de grandes capitais, compositores e estadistas,
ou a lista anual dos ganhadores do Prêmio Nobel, por medo de
letras como fi ou é.
Nem os tipógrafos nem as suas ferramentas devem trabalhar
com o lamentável pressentimento de que ninguém irá apreciar
ou mesmo mencionar crêpes flambées ou aioli, de que ninguém
terá nomes como Antonín Dvorák, Soren Kierkegaard, Stéphane
Mallarmé ou Chloê Jones e de que ninguém viverá em Óbidos
ou Árhus, em Kroméifi ou (ster Vrã, Prúhonice, Nagykórôs,
Dalasysla, Kirkagaç ou Kóln.

5.5.2 Faça um remapeamento do controlador de fontes e do


teclado para ajustá-los às suas próprias necessidades.

O teclado convencional de um computador inclui vários ca-


racteres - Mg A +=()|1-<>- raramente requisitados pela
maioria dos compositores tipográficos, enquanto caracteres bem
mais úteis, tais como os travessões ene e eme, o acento agudo,
o ponto médio e as reticências, não são encontrados em lugar.
nenhum. À não ser que o seu teclado se ajuste às suas necessi-
dades tal como ele é, remapeie-o. Ele deve dar acesso imediato
a quaisquer caracteres acentuados e não alfabéticos que você
utilizar regularmente.
à não ser que o seu programa componha ligaturas auto-
maticamente, você poderá achar mais fácil inseri-las mediante
uma rotina de substituição após a composição total do texto.
Mas alguns tipógrafos (e eu sou um deles) preferem rearranjar
suas fontes ou teclados de modo que todas as ligaturas básicas
fiquem diretamente acessíveis no teclado, como acontece na
monotipo, As aspas de abertura e fecho também podem ser in-
seridas com o uso de rotinas de substituição, mas a maioria dos

102
]
programas de digitação e composição o faz automaticamente,
(Isso significa, é claro, que esses programas sempre farão a esco-
lha errada em palavras como a holandesa $-Hertongenbosch ou
a navaja Ashjjh Asdzáán, que o tipógrafo terá que corrigir à mão
- ou através de uma outra rotina de busca e substituição.
Os compositores que raramente usam caracteres acentuados
não raro preferem compô-los através de códigos mnemônicos, Símbolos
utilizando uma tecla funcional que redefine momentaneamente não
o teclado. Os programas que operam dessa maneira serão capazes alfabéticos
de produzir um ó a partir da combinação o + /, um É der + y,
um Ú a partir de U + o e assim por diante. Mas se você usa tais
caracteres com alguma fregiiência, talvez valha a pena mapeá-los
diretamente no teclado. Uma das maneiras de fazê-lo é instalar
teclados pré-fabricados para cada uma das linguagens de, que
precisar. Esse método, no entanto, impõe mudanças constantes à
medida que palavras diferentes aparecem em textos multilíngiies,
e requer a memorização de muitos arranjos diferentes. Uma outra
solução é criar um teclado personalizado (ou vários teclados, se
for o caso) que se adeqjiie às suas necessidades particulares, inse-
rindo os caracteres onde melhor lhe convier.
Um típico teclado personalizado para uma fonte latina apa-
rece na próxima página. O propósito desse arranjo em particular
é o trabalho genérico com textos multilingies. Ele pode incluir
coisas complexas como manuais e embalagens para produtos
técnicos vendidos no mercado global e coisas simples como o
endereçamento de um envelope para a Polônia ou a soletração
correta dos nomes do programa de uma apresentação sinfônica
em Chicago ou em Detroit.
O arranjo mostrado acomoda mais de vinte línguas euro-
péias, incluindo albanês, alemão, basco, bretão, catalão, dinamar-
quês, espanhol, galês, inglês, faroês, finlandês, flamengo, francês,
frísio, holandês, húngaro, islandês, italiano, norueguês, polonês,
português, romanço e sueco, Também pode acomodar várias O tagalogue é a
línguas africanas e nativas da América, assim como a maioria língua principal
das Filipinas.
das línguas do Pacífico grafadas com a escrita latina (incluindo: O bikol, o cebuano,
o bahasa indonês, o bikol, o cebuano, o fijiano, o hiligainoniano, o hiligainoniano e
o ilocano, o malauiano, o maori, o tagalogue e o taitiano). o ilocano são outras
linguagens filipinas
Um teclado-padrão ampliado às suas dimensões máximas com vários milhões
poderá dar acesso direto a 47 x 6 = 282 glifos. É o suficiente para de falantes cada.
lidar com todas as variantes européias do alfabeto latino.
Os caracteres individuais são identificados e discutidos nos
apêndices A & B, pp 315-351.

103
mt ;WTe
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sat WISH RAI) UA
normal 12345 67890 - =
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Exemplo de sHuET QWERTYUIOPÓO
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ou
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Mk àDaeionrLgyé
cit ÀAÓÇAENO«» N£
smeT ZXCVBNM me. ? Á E
nomal zxcovbamam,. (f à ce
Ak à O ça ção Ro À a

Os caracteres ambíguos são os seguintes: Linha 1: Shift-6 é o sinal de grau,


Alt-hifen é o travessão enee Alt-igual é o travessão eme, Linha 4: Aft-vírgula é
o A ordinal. Alt-ponto é a ponto médio. À tecla de barra é uma barra inclinada
comum, não uma barra fracional. Alt-barra é o o ordinal.
As duas teclas extras mostradas à direita naJinha de baixo são colocadas
em diversas posições de acordo com cada fabricante. Em um teclado comum,
uma delas leva a contrabarra e a barra vertical quebrada; a outra leva o tra-
vessão ondulado e o acento grave flutuante. Aqui, a tecla da contrabarra foi
redefinida para levar as.Jetras a e.n com acento agudo em caixa-alta e baixa,
A tecla do travessão ondulado foi redefinida para.levar os quatro ditongos
tipográficos ou vogais ligadas, As teclas de aspas duplas e únicas seguem a
convenção das “smart quotes”, que inserem as aspas corretas no início e.no
final dos vocábulos. Todas as outras teclas são codificadas na relação um-a-
um, preduzinda um glifo único e completo a cada toque,
Existem 188 caracteres neste arranjo de teclado. Outros 94 caracteres — o
suficiente para acomodar todas as.variações do alfabeto latino utilizadas na
Europa ocidental e oriental — podem ser adicionados através das combina-
ções Shift-Cnirl e. Shift-Alt,
“Alt” e “Cntrl” são códigos de teclado da “crença” pc. No teclado de um
Macintosh, seus equivalentes são as teclas: “Option” e “Command”.

104
ESCOLHENDO & COMBINANDO TIPOS

6.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

611 Considere o meio para o qual o tipo foi originalmente


projetado.

Os puristas tipográficos gostam de ver cada família tipográfica


utilizada na tecnologia para a qual foi desenhada. Esse princípio,
levado ao pé da letra, significa que todos os tipos desenhados
antes de 1950 devem ser feitos em metal, impressos com prensa
tipográfica e compostos à mão. A maioria dos tipógrafos faz isso
de uma maneira ao mesmo tempo menos rígida e mais complexa,
dispondo-se a preservar não todas, mas pelo menos algumas das -
características que definem o caráter original de um tipo.
Do ponto de vista técnico, muito pode ser feito para aumen-
tar as chances de sobrevivência de um tipo à sua tradução para a
composição digital e para a impressão ofjset.

61.2 Ao usar adaptações digitais de tipos desenvolvidos para a


prensa tipográfica, escolha fontes fiéis ao espírito e à letra de seus
velhos desenhos,

A impressão tipográfica acomoda as letras dentro do papel, mas


a impressão offset as dispõe na superfície, Muitas diferenças sutis
resultam desses dois modos de. imprimir. A prensa tipográfica
dá um pouco mais de volume e definição à letra, especialmente
nos traços mais deigados, e aumenta a proeminência das pontas
das serifas mais finas. Os tipos de metal são projetados para tirar
partido dessas características da impressão tipográfica.
Na impressão offset - e nos processos fotográficos de prepara-
ção de artes-finais para fotografia e chapas de impressão offset— os º
traços finos tendem a ficar mais finos e as pontas das serifas mais , 1
delicadas são engolidas. Em faces como a Bembo, por exemplo,
a impressão ofjset tende a fazer com que os pés doie doleas
cabeças do H e do I fiquem levemente convexos, ao passo que a
impressão tipográfica tende a torná-los levemente côncavos.
Os tipos desenhados para a manipulação fotográfica e a
impressão offset têm portanto seu peso e acabamento definidos
diferentemente daqueles desenhados para impressão tipográfica,

105
Adaptar um tipo produzido para impressão tipográfica para a
composição digital está longe de ser uma tarefa simples.
As traduções digitais insatisfatórias oriundas de fontes ori-
ginais de metal são às vezes muito escuras ou muito claras ou
indefinidas como um todo, ou têm o peso de linha desigual ou,
ainda, são infiéis em suas proporções. Por vezes carecem de al-
Considerações garismos de texto e outros componentes essenciais ao desenho
técnicas original. Às vezes, negligenciam os ajustes sutis que a passagem
da impressão tipográfica tridimensional para a impressão offset
bidimensional requer.

6.1.3 Escolha tipos que sobrevivam -- e se possível prosperem —.


nas condições finais de impressão.

Os alfabetos Bembo, Centaur, Spectro e Palatino são belos e sutis,


mas se você compuser um texto em 8 pt com uma impressora a
dd laser em um papel comum a 300 dpi, as formas refinadas dessas
fontes serão esfoladas na áspera lama digital do processo de cria-
ção de sua imagem. Se a saída final for um texto de 14 pt composto
aa diretamente em chapa com resolução de 2800 dpi e então impres-
so por uma boa litografia ofjset no melhor papel revestido, cada
uma de suas nuanças pode ficar cristalina, mas o resultado ainda
irá ressentir-se da falta de caráter e textura do meio tipográfico
de impressão para o qual as faces foram desenhadas.
Algumas das fontes de aparência mais inocente são na ver-
dade as mais difíceis de reproduzir por meios digitais.A Optima,
por exemplo - uma fonte sem serifa e aparentemente simples — é
integralmente construída com curvas e estreitamentos sutis cuja
reprodução adequada só é obtida nas mais altas resoluções.
Faces com serifas indefinidas e avolumadas, miolos abertos,

a ad modelagem suave e pretensões mínimas de graça aristocrática


têm as melhores chances de sobreviver às indignidades da baixa
resolução. As faces Amasis, Caecilia, Lucida, Stone e Utopia, por

dd exemplo, prasperam em alta resolução mas também sobrevivem a


condições mais cruéis, letais para fontes como a Centaur, a Spec-
trum, a Linotype Didot ou quase todas as versões da Bodoni.

6.1.4 Escolha fontes adequadas ao papel no qual serão impressas


ou um papel adequado às fontes que você pretende usar.

À maior parte dos tipos renascentistas e barrocos foi feita para


ser impressa em papéis fortes e vívidos por meios razoavelmente

106
robustos. Eles fenecem ao serem depositados nas superfícies duras
e brilhantes das folhas que ficaram em voga no fim do século
18. À maioria dos tipos neoclássicos e românticos, por outro
lado, foi projetada para demandar papéis lisos. Papéis ásperos e
tridimensionais quebram suas linhas frágeis. Fontes geométricas Ostipos associados
modernistas, tais como a Futura, ou eminentemente realistas, a essas categorias
históricas estão
como a Helvetica, podem ser igualmente impressas em papéis representados
ásperos e lisos porque são fundamentalmente monocromáticas nas pp. 18-21€
(ou seja, o peso de seus traços é praticamente uniforme). No são exploradas
em detalhe no
entanto, a aura de perfeição maquinal que emana de uma Futura capítulo 7.
é reforçada por um papel liso e contradita (ou contrabalançada)
por um papel de feições caseiras.

6.2 TIPOGRAFIA PRÁTICA

6.21 Escolha fontes apropriadas à tarefa e ao assunto.

Você está projetando, digamos, um livro sobre corridas de bicicle-


tas e encontrou uma fonte chamada Bicicleta no catálogo de tipos,
com raios no O, um À em forma de selim, um T que lembra um
guidão e pequenos calçados com travas pisando sobre as longas
serifas unilaterais das ascendentes e descendentes, como se fossem
pés pedalando. Será essa a fonte perfeita para o seu livro?
De fato, tipos e bicicletas são bastante parecidos. Ambos são
idéias e máquinas, e nenhum deles deve ser sobrecarregado com
excesso de equipamentos ou empecilhos. Imagens de pés que.
pedalam não farão com que o tipo se mova mais rapidamente,
assim como trilhas de fumaça e imagens de lanchas envenenadas
ou de raios elétricos afixadas no quadro da bicicleta não podem
aumentar a sua velocidade.
O melhor tipo para um livro sobre corridas de bicicletas será,
antes de mais nada, um tipo inerentemente bom. Em segundo
lugar, deverá ser um tipo bom para livros, ou seja, um bom tipo
para uma confortável leitura longa. Em terceiro lugar, será um
tipo simpático ao tema. Será provavelmente inclinado, forte e ágil;
talvez também italiano. Mas provavelmente não irá carregar-se.
de um frete excessivo de ornamentos e fantasias.

6.2.2 Escolha fontes que possam fornecer todos os efeitos


especiais de que você precisar.

Se o seu texto incluir muitos algarismos, você talvez queira usar

107
uma fonte em que os numerais sejam especialmente bem de-
senhados. As fontes Palatino, Pontifex, Trump Mediával e Zapf
International são exemplos recomendáveis. Mas se você preferir
usar algarismos alinhados com três quartos de altura, suas opções
passarão a ser fontes como a Bell, a Trajanus e a Weiss.
Se você precisar de versaletes, deixe, as fontes que não os
Tipografia possuem (como a Frutiger e a Méridien) fora do páreo; mas se
prática precisar de uma boa gama de pesos, tipos como o Spectrum serão
desqualificados. Se, precisar de. caracteres fonéticos que. corres-
pondam aos normais, algumas de suas opções serão Lucida Sans,
Stone Serife Sans e Times Roman. Para os caracteres cirílicos, sua
escolha ficará entre as fontes Charter, Minion, Lazurski, Officina,
Quadraat ou Warnock, ou ainda, entre as não-serifadas, Syntax,
Myriad e Futura. Para os gregos, Georgia ou Palatino; para os
cheroquis, Plantagenet. Se for preciso usar fontes com e sem serifa
numa mesma família, as fontes Haarlemmer, Legacy, Lucida, Le
Monde, Officina, Quadraat, Scala, Seria ou Stone serão opções
possíveis, Esses assuntos são explorados em maior detalhe no
capítulo 11, que trata de cada fonte individualmente.
Os efeitos especiais também podem ser obtidos mediante
combinações mais heterodoxas, que são objeto da S6.5.

6.2.3 Tireo máximo proveito daquilo que utilizar.

Quando não houver nada além de batatas para o jantar, pode-se


caçar uma cebola, um pouco de pimenta, sal, coentro e creme de
leite na cozinha para enriquecer o prato, mas não adianta nada.
fingir que as batatas são na verdade camarões ou cogumelos.
Quando a única fonte disponível for uma Cheltenham ou
uma Times Roman, é preciso que o tipógrafo aproveite ao máxi-
mo suas virtudes, não importa quão limitadas elas sejam. Itálicos,
versaletes e algarismos de texto serão muito úteis se puderem ser
adicionados, mas não se ganha nada fingindo que a Times Roman
é uma Bembo ou que a Cheltenham é uma Aldus disfarçada.
De um modo geral, uma fonte com méritos modestos deve
ser tratada com grande discrição, formalidade-e cuidado. Ela
deve ser composta em tamanhos modestos (ou, ainda melhor,
em um tamanho único), com as maiúsculas bem espacejadas, as
entrelinhas generosas e a caixa-baixa bem ajustada, com kerning
modesto. O comprimento de linha deve ser ótimo e as proporções
da página, impecáveis. Numa palavra, a tipografia deve ser rica
e soberbamente comum, de modo que a atenção se dirija para a

108
Baskerville romana
e sua itálica
Escolhendo e
Helvetica romana combinando
tipos

e sua obliqua
Palatino romana
e sua 1tálica
Times New Roman
e sua itálica

A Baskerville é uma fonte inglesa neoclássica desenhada em Birmingham na


década de. 1750 por John Baskerville, Tem um eixo racionalista, uma impávida
simetria e um acabamento delicado..
A Helvetica, feita no século 20, é uma revisão suíça de uma fonte alemã
realista do século 19. Os primeiros pesos foram desenhados em 1956 por Max
Miedinger, baseados na antiga Odd-job Sanserif da Berthold Foundry (ou Akzi-
denz Grotesk, como é chamada em alemão). A linha pesada e sem modulação
e a pouca abertura evocam uma imagem de. força bruta e persistência, Os
levíssimos pesos editados em anos recentes contribuíram muito para reduzir
o seu caráter rude, mas pouco para melhorar sua legibilidade.
A Palatino é uma fonte modernista lírica com uma arquitetura neo-hu-
manista, ou seja, ela não é desenhada, mas escrita, e baseia-se em formas
renascentistas. Foi criada em 1948 por Hermann Zapf.
A Times Roman — mais apropriadamente Times New Roman-— é um pasti-
che histórico desenhada por Victor Lardent para Stanley Morison em Londres
em 1931. Tem um eixo humanista mas proporções maneiristas, peso barroco
e um acabamento preciso, neoclássico.

109
qualidade da composição e não para a individualidade das letras.
Apenas as fontes que resistem a um minucioso escrutínio devem
ser compostas de forma a permiti-lo,
Tirar o máximo daquilo que existe significa sempre usar
menos do que aquilo de que se dispõe.A Baskerville, a Helvetica,
a Palatino e a Times Roman - quatro das fontes mais disponíveis
Tipografia —, por exemplo, não têm nada a oferecer umas às outras a não ser
prática a discórdia pública. Nenhuma é boa companheira para qualquer
das outras porque cada uma delas se baseia em um conceito
diferente a respeito daquilo que constitui a forma de uma letra.
Se a paleta disponível limitar-se a essas quatro fontes, a primeira
coisa a fazer é escolher uma delas para a tarefa em questão e
ignorar as outras três.

6.3 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

Assim como acontece com outras artes, a tipografia se alimenta


de seu próprio passado. Ela pode fazê-lo com a insensibilidade
de um saqueador de túmulos ou com a piedade da adoração cega
aos antigos. Também pode fazê-lo de maneira sagaz, iluminada
e profundamente criativa.
Os tipos romanos estão conosco há mais de cinco séculos. Já
seus componentes de origem -- maiúsculas e minúsculas romanas,
símbolos não alfabéticos e numerais arábicos — nos acompanham
há muito mais tempo. Há tipógrafos decididos a evitar a todo
custo o uso de tipos feitos em tempos antigos, mas até mesmo eles
precisam aprender um pouco a respeito de como as velhas letras
funcionavam, porque as formas antigas ainda vivem nas formas
novas. Os tipógrafos que usam tipos antigos voluntariamente e
que querem usá-los de modo inteligente precisam aprender tudo
o que puderem a respeito da herança de que desfrutam.

6.31 Escolha uma fonte na qual os ecos e as associações


históricas estejam em harmonia com o texto.

Qualquer biblioteca contemporânea pode oferecer exemplos


de anacronismo tipográfico. É possível encontrar livros sobre a

abc
Itália de hoje e sobre a França do século 17 compostos com as
fontes Baskerville e Caslon, gravadas na Inglaterra do século 18.
Hátivros sobre a Renascença compostos com fontes que perten-

abc cem ao barroco e livros sobre o barroco compostos com fontes


da Renascença. Para um bom tipógrafo, não basta simplesmente

nO
evitar essas contradições risíveis. O tipógrafo procura iluminar o
conteúdo, aumentar sua compreensão, sua energia, e fazer com
que sua fonte e sua forma o acomodem perfeitamente,
Isso não quer dizer que os bons tipógrafos recusem necessa-
riamentea mistura de séculos e culturas, Muitos se deliciam em
fazê-lo — especialmente quando não têm outra opção. Um texto
da antiga Atenas, por exemplo, não pode ser composto em uma Escolhendo e
antiga versão ateniense dos tipos romanos. Um tipo desenhado combinando
na América do Norte nos anos 1990 pode muito bem ser.utilizado tipos
em seu lugar, Textos da França do século 17 ou da Inglaterra do
século 18 podem ser perfeitamente bem compostos em fontes
desenhadas recentemente. No entanto, uma fonte genuinamen-
te apropriada a um texto histórico provavelmente terá algum
conteúdo histórico próprio razoavelmente claro. Não há fonte
igualmente apropriada aos textos da Grécia antiga, do barroco
francês e do período neoclássico inglês - embora não faltem
fontes igualmente impróprias para cada qual deles.
As filiações históricas de fontes individuais são discutidas
nos capítulos 7 e 1.

6.3.2 Deixe que o tipo fale o seu idioma natural.

Os livros que atravessam fronteiras históricas e abordam


vários
contextos podem propor problemas tipográficos comple
xos e
estimulantes. No entanto, se um texto solicitar
um tipo renas-
centista, frequentemente irá solicitar também
uma tipografia
tenascentista. De. um modo geral, isso significa
que as páginas
Possuirão margens e proporções Ienascentistas
, sem tipos bold;
pode também. significar a utilização de
capitulares grandes, do
estilo renascentista de lidar com citaçõe
s e, ainda, a segregação
dos tipos romanos e itálicos. Se o texto
pedir um tipo neoclássico
vai pedir também um desenho de página
neoclássico, Quando
você se propuser a utilizar uma
fonte histórica, proponha-se
igualmente à tarefa de aprender o
idioma tipográfico para o qual
ela foi prevista. (Algumas obras de
referência que podem ser úteis
na resolução de problemas particul
ares são listadas Í
Leitura Adicional.)
Po capitulo
6.4 CONSIDERAÇÕES CULTURAIS & PESSOAIS
6.43. Escolha fontes cuijo espírito
1 e caráter
PE ind
acordo com o texto, ;
ividual estejam de

Wu
Associações acidentais raramente são um bom ponto de partida

abc para escolher uma fonte. Os livros de poemas de Marvin Bell,


poeta judeu norte-americano do século 20, por exemplo, foram
compostos algumas vezes com a fonte Bell — que é inglesa, pres-

abc biteriana e do século 18-— apenas por causa de seu nome. Tro-
cadilhos desse tipo são uma espécie de diversão particular dos
tipógrafos, que às vezes funciona; mas uma página tipográfica
precisa se alimentar de afinidades reais para ser bem desenhada
a ponto de.ganhar vida própria.
As letras têm caráter, espírito e personalidade. Os tipógrafos
aprendem a discernir essas características trabalhando com suas
formas em primeira mão durante anos, bem como estudando e
comparando o trabalho de outros designers contemporâneos e
do passado. Ao serem inspecionados de perto, os tipos fornecem
muitas pistas acerca das vidas e dos temperamentos de seus
designers, e até mesmo a respeito de suas nacionalidades e cre-
dos. Fontes escolhidas com base nesses aspectos tendem a gerar
resultados mais interessantes do que aquelas escolhidas por sua
mera disponibilidade ou pela coincidência de seu nome.
Se, por exemplo, você estiver compondo um texto escrito por
uma mulher, talvez prefira usar uma fonte desenhada por uma
a a mulher, Em séculos passados, tais fontes eram raras ou inexis-
tentes, mas agora há várias dentre as quais escolher. Elas incluem
a admirável Alcuin, a Carmina, a Diotima e a Nofret, famílias
ada de autoria de Gudrun Zapf-von Hesse, a Elizabeth, de Elizabeth
Friedlânder, a Sierra e a Lucida, de Kris Holmes, a Shannon, de
Janice Prescott Fishman, a bela fonte de texto Chaparral e suas
fontes titulares, Charlemagne, Lithos e Trajano, de Carol Twombly,
a Journal ea Mrs Eaves, de Zuzana Litko, e a Rhapsodie, de Ilse
Schiile, Para alguns propósitos, é possível recuar até o trabalho
de Elizabeth Colwell, cuja Colwell Handletter, editada pela ATE
em 1916, foi a primeira fonte norte-americana desenhada por
uma mulher.
No entanto, o texto de-um autor francês ou um texto sobre
a França talvez possam ser mais bem compostos em uma fonte
francesa, independentemente do gênero do autor ou do designer.
As opções incluem as fontes Garamond, Jannon, Mendoza, Méri-
dien, Vendôme e muitas outras, mas mesmo essa lista abreviada
cobre um espectro considerável.A Garamond — para a qual foram
feitos muitos revivals recentes — foi desenhada na Paris do século
16. Ela deve muito às formas italianas e pertence ao mundo do
catolicismo da Renascença. À Jannon é igualmente elegante, mas

112
Garamond romana
e sua 1tálica
Escolhendo e
romana coravinando
Jjannon

e sua oblíqua
Mendoza romana
e sua itálica

Méridien romana
e sua itálica
Vendôme romana
e sua oblíqua
A Stempel Garamond é a réplica de uma romana e itálica de texto desenhada
por Claude Garamond (c. 1490-1561) feita pela Fundição Stempel (comparar
as reproduções de alguns tipos feitos por Garamond na página 85).
A Monotype “Garamond” 156 é um revival de um tipo desenhado por Jean
Jannon (1580-1658), o maior gravador de tipos do barroco francês. Seu tipo
foi outrora confundido com o de Garamond e ainda é costume vendê-lo sob
o seu nome,
A Mendoza foi desenhada em cerca de 1990 por José Mendoza y Almeida.
A Méridien, de Adrian Frutiger, e a Vendôme, de François Ganeau, são produ-
tos dos anos 1950. Ganeau, que trabalhou como pintor, escultor e cenógrafo
mais que como tipógrafo, baseou a Vendôme nas letras de Jannon, mas
deslocou-as ludicamente em direção ao neoclassicismo francês.

113
,

não é conformusta. Pertence mais à Reforma que à Renascença, e


seu designer, Jean Jannon, foi um protestante francês que sofreu
perseguições religiosas por toda a vida. À Vendôme, desenhada
por François Ganeau, é uma fonte bem-humorada do século
20, que deve muito à Jannon, À Mendoza, desenhada em Paris
em 1990, volta às resistentes raízes humanistas de onde brotou a
Considerações Garamond.À Méridien, feita nos anos 1950, está mais de acordo
culturais e com o espírito secular do desenho industrial suíço do século 20,
pessoais mas ainda assim possui maiúsculas régias, quase imperiais, e um
itálico muito nítido e gracioso. Esses cinco espécimes diferentes
suscitam outras diferenças no desenho da página, na escolha do
papel e na encadernação; suscitam até mesmo o uso de diferen-
tes textos, assim como diferentes instrumentos musicais pedem
fraseados, tempos, modos ou tons diferentes.
Mesmo nações como a Grécia e a Tailândia, que possuem
alfabetos próprios, compartilham uma tradição multinacional no
desenho tipográfico. Não obstante, algumas fontes parecem exalar
um caráter nacional mais forte do que outras. Frederic Goudy,
por exemplo,é amplamente considerado o norte-americano mais
fervoroso de todos os tipógrafos norte-americanos. O tipógrafo
sensível não deveria escolher um dos tipos de Goudy para compor,
digamos, o texto da Constituição mexicana ou canadense.
os
Esse assunto é objeto de estudo para toda uma vida, e para
tipógrafos mais sérios uma fonte vitalícia de descobertas e deleite.
11. O apêndice
Aqui, ele é tratado mais extensamente no capítulo
D (página 366) é um índice remissivo de designers de tipos.

6.5 A PÁGINA MULTICULTURAL


aste é outra.
A consistência é uma das formas da beleza, O contr
página e até mesmo um bom livro pode m ser compostos
Uíma boa
ao fim. Podem
com um tipo de um único tamanho do começo
flores ta tropi cal ou uma
também esbanjar variedade, como uma
metrópole contemporânea.
a.
6.51 Comece com uma única familia tipográfic
mentos inteiros podem
A maioria das páginas e muitos docu
com apenas uma família
ser perfeitamente bem compostos à
na que você tiver sua
tipográfica. No entanto, talvez a pági três nivei s de
tulo, dois ou
frente requeira um título de capí em meio ao texto ,
blocadas
subtítulos, uma epígrafe, citações

u4
algumas equações matemáticas, um gráfico de barras, várias ad
notas laterais explicativas e algumas legendas de fotografias e
mapas. Famílias tipográficas extensas - Legacy; Lucida, Quadraat, q A G
Seria ou Stone — podem ter recursos suficientes até mesmo para
essa tarefa, Outra possibilidade é a série abrangente criada por aAdq
Gerard Unger e conhecida como Demos, Praxis e Flora - uma
família sem sobrenome a uni-la. Cada uma dessas modalidades asda
inclui romanas e itálicas em vários pesos, serifadas e sem serifas
correspondentes e outras variações, Se você se restringir às fontes
da mesma família, terá variedade e homogeneidade ao mesmo
tempo: muitas formas e tamanhos, mas uma mesma cultura
tipográfica. Tal aproximação é bem apropriada a alguns textos,
mas é empobrecedora em outros.
Você também pode, é claro, tirar fontes da cartola e misturá-
las aleatoriamente.
Entre esses extremos fica a grande arena da mistura e da arti-
culação cuidadosas, na qual a inteligência tipográfica, no mais das
vezes, faz seu trabalho e divertimento da maneira mais criativa.

6.5.2 Respeite a integridade do romano, do itálico e do versalete.

Oferecer fontes na forma de uma tríade de desenhos compatíveis


entre si, composta de tipos romanos, itálicos e versaletes, tem sido
a prática habitual dos designers de tipos desde meados do século
16. Como alguns desses casamentos são mais felizes do que outros,
é bom examinar os romanos e os itálicos tanto separadamnte
como em conjunto ao escolher uma fonte.
Há várias ocasiões dignas de celebração em que um itálico
desenhado por um artista casou-se com um romano de outro e
ambos foram felizes para sempre. Essas correspondências sempre
implicam algum redesenho (e a fonte mais redesenhada é sempre
o itálico, tido como auxiliar e “feminino” na tipografia pós-renas-
centista). Há também casos em que o romano e o itálico foram
desenhados pelo mesmo artista mas com um intervalo de vários
anos. No entanto, meros casos amorosos, nos quais o romano
de uma família faz par temporário com o itálico de outra, têm
poucas esperanças de sucesso. Misturar versaletes de uma com
maiúsculas de outra, menos ainda.
Se você usar os tipos de modo estritamente renascentista,
tratando romanos e itálicos como entes separados mas iguais,
sem misturá-los na mesma linha, verá que é possível expandir
ainda mais a sua latitude combinatória. O itálico da Lutetia, de

115
Jan van Krimpen, combina-se muito bem com o romano da
ulterior Romanée, por exemplo, se a aproximação não for muito
íntima, Uma é visivelmente mais madura quea outra, mas têm.
cor e estrutura semelhantes e são patentemente o trabalho de
um mesmo designer.

A página 6.5.3 Avalie os tipos bold por seus próprios méritos.


multicultural
Os primeiros tipos de impressão bold foram os tipos góticos
utilizados por Gutenberg na década de 1440. Nos dois séculos
seguintes, os tipos góticos foram amplamente utilizados não
apenas na Alemanha, mas na França, na Espanha, na Holanda e
na Inglaterra. (Eis por que os tipos góticos são às vezes vendidos
nos Estados. Unidos como “Olde English”)
Os tipos romanos bold, porém, são uma invenção do século
19. Os itálicos bold são ainda mais recentes, e é difícil encontrar
uma versão desenhada com êxito antes de 1950. Romanos e
itálicos bold foram adicionados retroativamente a muitas fontes,
mas frequentemente não passam de paródias dos desenhos
originais.
Antes de usar um peso bold — em especial um bold itálico
— pergunte a si mesmo se irá realmente precisar dele, Se a resposta
for sim, evite famílias como a Bembo, a Garamond qu a Basker-
ville, às quais os pesos bold foram adicionados retroativamente,
portanto sem pertencer a elas de fato. Em vez disso, é possível
escolher uma família do século 20 como a Méridien, a Nofret.ou a.
Scala, em que os vários pesos fazem parte do desenho original.
Se sua fonte não tem um peso bold, talvez seja possível encon-
trar um bold apropriado em sua vizinhança. A Aldus de Hermann
Zapf, por exemplo, é uma família do século 20 baseada no modelo
renascentista e limitada ao romano, ao itálico e ao versalete, No
entanto, ela é uma.prima de primeiro grau da família. Palatino,
feita pelo mesmo designer, que inclui um peso bold, e a Palatino
bold fica razoavelmente, bem ao lado de um texto em Aldus.

a amianto; b balão; 3 triádico


A Aldus romana de 16 pt com a Palatino bold de 15 pt.

Resultados igualmente interessantes podem ser freqiente-


mente obtidos com uma busca muito mais aprofundada. Afinal,
a função do tipo bold é contrastar com o texto romano. Se o bold.


for usado em pequenas doses sem ser combinado intimamente
com o romano, uma diferença de peso e de estrutura pode ser
vantajosa. Nessas condições, o tipógrafo pode escolher livremente
tanto o romano quanto o bold de acordo com o mérito de cada
um, mais em busca de uma compatibilidade básica que de uma
estreita conexão genética.
Escolhendo e
c celacanto; d diplodoco; 4 quase combinando
tipos
A Sabon romana de 16 pt com a Zapf International demibold de 15 pt

Um texto pode, por exemplo, ser composto em Sabon com


a Zapf International servindo de fonte titular e a Zapf Interna-
tional demi ou heavy sendo utilizada em subtítulos e destaques.
Estruturalmente, elas são fontes muito diferentes, com pedigrees
igualmente diversos. À Sabon, contudo, tem a calma e o fluxo
estável. necessários à. composição de textos, enquanto a vitali-
dade da Zapf International faz dela uma fonte excelente para a
titulação -- e essa.vitalidade persiste até mesmo nos pesos mais
pesados. Por outro lado, a maioria das fontes bold com estrutura.
próxima da Sabon fica parecendo alargada e deformada.
A não ser quando misturavam iínguas, os tipógrafos do sé-
culo 215 — Nicolas Jenson, por exemplo — raramente misturavam
fontes. Eles adoravam páginas homogêneas. O peso romano bold,
portanto, era um apêndice. que.não fazia nenhuma falta. Mesmo
assim, se você estivesse usando uma das boas fontes baseadas
nas romanas de Jenson e quisesse embelezá-la com um peso bold,
poderia considerar o uso de um bold de.Jenson. Os únicos tipos
escuros que Jenson grayou foram tipos góticos.

Elêve elefante; fino filibusteiro; lví fitogênico


A Centaur de Bruce Rogers (aqui com 16 pt) acompanhada da San Marco de
Karlgeorg Hoefer (12 pt). A Centaur é baseada na romana que Nicolas Jenson
gravou em Veneza em 1469. A San Marco é baseada nas rotundas que ele
gravou na mesma cidade na década de 1470.

6.5.4 Escolha fontes titulares e display que.reforcem a estrutura


da fonte de texto.

Fontes titulares, display e manuscritas podem ser escolhidas de


acordo com os mesmos princípios considerado para os tipos bold.

117
Similaridades incestuosas raramente são necessárias, mas empatia
e compatibilidade são bem-vindas. Uma fonte geométrica de alto
contraste como a Bauer Bodoni, bela como possa ser, tem poucas
chances como alternativa de titulação para um texto composto
em Garamond ou Bembo, cujo contraste é diminuto e cuja es-
trutura é fundamentalmente caligráfica (misturar a Bodoni com
A página a Baskerville é uma experiência bem mais feliz, uma vez que a
multicultural primeira antes amplifica do que contradiz a segunda).

6.5.5 Combine fontes serifadas e sem serifa com base em sua


estrutura interna.

Quando o texto básico é composto com uma fonte serifada,


é quase sempre útil usar uma sem serifa. em outros elemen-
tos, tais como tabelas, legendas e notas. Em textos complicados.
-— verbetes de dicionários, por exemplo — pode ser necessário
também misturar serifadas e sem serifa na mesma linha. Se você
escolheu uma família que inclui ambas, seus problemas podem
estar resolvidos. No entanto, há muitos bons casamentos entre
fontes com e sem serifa de famílias diferentes que ainda anseiam
por ser consumados.
A versão da
Frutiger utilizada
aqui, conhecida
Frutiger Méridien Univers
como Frutiger Suponha que.o seu texto principal tenha sido composto em
Next, é fruto
de uma revisão
Méridien —uma serifada romana e itálica desenhada por Adrian.
recente, Frutiger. Seria razoável procurar de início uma fonte sem serifa
correspondente entre as outras criações de Frutiger. Ele é um pro-
lífico designer de fontes com e sem serifa, de modo que há várias
possibilidades de escolha.A Univers é a mais utilizada entre suas
fontes sem serifa. Mas há uma outra, batizada com seu próprio
nome, que é muito mais próxima da Méridien em estrutura e que
funciona muito bem como sua companheira.
A Syntax de Hans Eduard Meier é uma fonte sem serifa cuja
estrutura é muito diferente tanto da Frutiger quanto da Umvers.
Ela se baseia em formas serifadas da Renascença, como as de
Garamond, e funciona bem com fontes como a Stempel ou a
Adobe Garamond, ou ainda com a Sabon, outra descendente da.
Garamond, desenhada por um contemporâneo e conterrâneo de
Meier, Jan Tschichold.
Se a sua escolha recair sobre uma sem serifa mais geométrica
como a Futura, uma romana renascentista dificilmente lhe caberá

18
como companhia serifada. Não obstante, várias romanas baseadas
na obra de Bodoni exalam o mesmo espírito da Futura. Elas não
aspiram ao movimento tipográfico, mas à pureza geométrica.

Gabocse escobaG
Escolhendo e
Gabocse escoba(G combinando
tipos

Gabocse escoba(r
Syntax e Minion, acima; Futura e Berthold Bodoni, ao centro; Helvetica e
Haas Clarendon, abaixo.

6.6 MISTURANDO ALFABETOS

6.6.1 Faça a escolha de fontes não-latinas com o mesmo cuidado


dedicado às latinas.

Combinar caracteres latinos com hebraicos ou árabes não é muito


diferente de misturar letras romanas com góticas ou serifadas com

aN
não-serifadas. Por mais que esses alfabetos pareçam ser muito
diversos entre si, e ainda que sejam lidos em direções diferentes,
todos eles têm a mesma origem e são escritos com ferramentas

ad
similares. Muitas semelhanças estruturais escondem-se debaixo
de suas óbvias difererças. Um livro que envolve mais de um alfa-
beto gera, portanto, os mesmos problemas que um livro bilíngiie

a8
ou multilíngiie inteiramente composto com caracteres latinos.
Em cada caso, o tipógrafo precisa decidir se enfatiza ou se miri-
miza as diferenças — depois de estudar o texto. Em geral, quanto
mais próxima for a mistura de alfabetos, mais importante será
a semelhança de sua cor e de seu tamanho, independentemente
de suas diferenças formais superficiais.
Os alfabetos latino, grego e cirílico têm estruturas tão pró-
ximas quanto o romano, o itálico e os versaletes (e na maioria
das fontes cirílicas a caixa-baixa aproxima-se em cor e forma
dos versaletes latinos). Combinações aleatórias do grego e do
latino ou do latino e do cirílico são tão pouco proveitosas quanto
aquelas entre o romano, o itálico e o versalete. No entanto, ótimos
conjuntos de fontes relacionadas foram desenvolvidos e algumas
famílias poliglotas Romogêneas foram projetadas.

119
Tanto Platão como Aristóteles
citam o trecho de Parmênides
que diz Tpútiotov uêv “Epwra Vebv
Misturando , , « . .
alfabetos unticato rávtTwv: “O primeiro
de todos os deuses a vir
à mente de sua mãe foi
O AMOR FÍSICO.
Tpexyw 60roTBOpHIIH NPHpojy H
3aBeIIaJH MHPY CBOIO PexHrHIO,
TO ecTb Quxocoquio u uckyccmeo,
diz um personagem chamado
Chatov no romance
Os demônios, de Dostoiévski:
“Os gregos deificavam a natureza
e legaram ao mundo sua religião,
a qual é filosofia e arte.”
A Minion romana, itálica e versalete, de Robert Slimbach, com as formas
eretas e cursivas da Minion Cyrillic e da Minion Greek.

As letras gregas, assim como as palavras gregas, são uti-


lizadas para vários fins em países que não falam grego. Mé-
dicos, membros de fraternidades estudantis norte-americanas,
astrônomos e escritores têm incursionado nesse velho alfabeto
em busca de símbolos. Em virtude do seu uso freqiente. na
matemática e. nos escritos técnicos, há sempre um punhado

no
de letras gregas escondidas em praticamente todo sistema de
composição digital. a, 3, y, O, 7, £2 (alfa, beta, gama, teta, pi,
ômega maiúscula) e seus confrades normalmente se hospedam
junto com outros símbolos matemáticos em uma. fonte-gueto
chamada pi. Mas compor um texto grego nessa fonte é uma
tarefa ingrata: as fontes pi não têm as marcas de respiração, os
acentos utilizados na linguagem clássica e.nem mesmo os dois Escolhendo e
caracteres diacríticos simples que sobrevivem no grego moderno combinando
(o acento agudo e a diérese); algumas fontes pi incluem apenas tipos
dez maiúsculas gregas -TAO ASTIL DF O, já que as outras
-ABEHZIKMNOPTYX- têm formas romanas familiares,
embora nem sempre tenham os mesmos valores fonéticos.
Um texto que incluir uma única citação em grego não vai
ficar satisfeito com uma fonte pi e pedirá uma fonte grega. Uma
fonte grega de texto incluirá não apenas o alfabeto completo
mas também a pontuação correspondente e todos os diacríticos
monotônicos (modernos) ou politônicos (clássicos). Vai incluir
ainda as duas formas do sigma minúsculo (c, utilizada em finais
de palavra, e o, nos demais lugares). Se for polifônica, a fonte terá
ainda três vogais longas com subscritos iota (&, fj, à, por exemplo).
Com sorte, também terá uma alentada tabela de kerning. Pedir
isso de uma indústria na qual não há oficialmente outra cultura
que não a do comércio, outro propósito que não o ganho finan-
ceiro, já é pedir muito. Mas mesmo pedir muito não é o bastante.
Em grego, assim como em qualquer outro alfabeto, o tipo deve
se ajustar ao texto, Deve também se ajustar ao contexto, que
provavelmente será povoado. de romanos e itálicos.
Pode ser que existam atualmente no mercado sessenta mil
fontes em formato digital para o alfabeto latino. Elas incluem algo
em torno de sete mil famílias, Talvez. 2% delas sejam realmente
úteis para a elaboração de textos - mas cem famílias tipográ-
ficas ainda é um número muito generoso, e as fontes de texto
disponíveis abarcam uma ampla gama estilística. Garimpando
aqui e ali, é possível desenterrar várias dúzias de fontes digitais
de grego — mas, novamente, apenas uma pequena porcentagem
delas terá potencial real para trabalhos com texto. Portanto, é
quase sempre melhor escolher uma fonte grega primeiro e uma
romana ou itálica correspondente depois, mesmo que apenas
algumas palavras ou apenas uma citação em grego apareçam no
texto a ser composto.
Duas fontes de texto grego com ótimas credenciais -a New
Hellenic de Victor Scholderer, desenhada em 1927, e a Porson

121
YZIZ COMO ALMA / À ALMA COMO TNQEJE.
A segunda proposição de Tales declara que o Todo
é vivo, ou tem alma em si (Tó m&v Euypuxov). Essa
afirmação dá conta da mobilidade do quois. Seu movi-
mento e seu poder de gerar outras coisas que não a si
mesmo devem-se à sua vida (Wyuxr)), um princípio de
O texto desta página
foi composto em atividade interior e espontâneo. (Cf. Platão, Leis 892c:
iTc Mendoza 10/13 TrúcIv BoúÃovtal Aéyely yeveoIv TI) TrEpl TA TrpódTO:
com a GPS Neo
Hellenic 12 pt. Na
ei dE pavijoeTAL Wuxi) TpÓTOV, OU TUp oUdE GMp puxt
outra página, o N' êv mpÓTOIS yeyevnuévn, oxedov óplórara Aéyorr &v
romano e o itálico
foram compostos
eivai diapepóvrwo qúoEL.)...
em Figural 10/13, Via de regra, os filósofos gregos descrevem o quais
eo grego emcrs como algo que está para o universo assim como a alma
Porson 10,5 pt. As
maiúsculas em está para o corpo. Anaximenes, o terceiro milesiano, diz:
ambas as fontes olov 1) pux7) 1] nueTépa np ovca cuyxparei Yuãs, Ka
gregas forara
redimensionadas (a ôÃov TOV KÓcuov TvEÚpa Kai Gmp trepiéxet. “Assim como
edição original do nossa alma é ar e nos dá unidade, também um sopro ou
livro de Cormford,
impressa em 1912,
um ar abarca todo o cosmos”1...
foi composta com a A segunda função da alma - conhecer - não era a
curiosa combinação
da Century
princípio distinta do movimento. Aristóteles diz: papêv
Expanded com a yãp TI puxiv AutreioBor xaipev Gappeiv popeiodaa,
Porson Greek). êti dé ôpyileoBai Te Koi aiobávada: Kai Siavorisder
Taúta dé TávIa KivijoEIS Elvol BoxoUoiv. dev oindeiv
TIO &v aúTI KweicBa. “Diz-se da alma que sente dor
e alegria, confiança e medo, e ainda que pode zangar-se,
perceber e pensar; e todos esses estados são tomados como
movimentos, o que poderia levar a crer que a própria alma
é movida."? O sentido-percepção (aioônoIs), que não se
distinguia do pensamento, era tido como o tipo de toda
cognição, e isso é uma forma de ação à distância.?

1 Frag. 2. Comparar com o “sopro sem limites” além dos céus, de Pitágoras, que é
inalado pelo mundo (Arist., Fís. 213b22), e com a “razão divina” de Heráclito,
que nos rodeia (wepiéxei) e que trazemos para dentro por meio da respiração
(Sext. Emp., Adv. Mat. vil.127).
2 De anima 408b1.
3 De anima 41042: Aqueles que fazem com que a alma consista de todos os ele-
mentos, e que sustentam que o semelhante percebe e conhece o semelhante, “as-
sumem que perceber é como ser o objeto de uma ação ou como ser movido, e que
q mesmo é verdadeiro em relação a pensar e a conhecer” (tô NX aloBávesdai
máoxel T1 xal Kiveloda: TBéaciw ôpoics Sê xal Tô voriv TE Kal yiyvdoxEIv).

122
Acreditava-se que toda essa ação, além disso, requeria um
meio ou um veículo contínuo, unindo a alma que conhece
ao objeto que é conhecido. E mais: a alma e seu objeto deve-
riam não apenas estar assim unidos em contato físico, mas
deveriam também ser semelhantes ou afins...
Segue-se desse princípio que, para que a alma conheça
o mundo, o mundo deve consistir da mesma substância que Os textos nesta
página e na
a alma. quons e alma precisam ser homogêneos. Aristóteles anterior foram
formula a doutrina com grande precisão: adaptados do livro
de EM. CORNFORD
From Religion
door O êxi TO yivdoKerw Kai Tô alobávecdar Tv SvrTwv,
e 73 a ? A a * z Ee bd

to Philosophy:
obror dé Aéyovor TYjv buxijy TAS dpxás, oi gêv mheious moL-
+, q 2 4 a * > t € 1 /
A Study in the
Origins of Western
odvres, TaúTAS, oi dé piav, TaúTIv, domep EpmedokAis pév éx Speculation
Tó oroixelav mávrcy, elvar dE Kai Exaorov fuxijy ToúTmv,
“e

(Da religião à
Aéymv ouTws filosofia: um
estudo das origens
da especulação
yaim uêv yãp yaiav ônamapnev, dart 5 Vdmp, ocidental!
aibép: & aibépa Siav, àráp tupi mõp aiônÃov, (Londres, 1912).
cropy?) dé oropyiy, velxos dé Te velxei Avypúd. Algumas das
citações gregas
foram expandidas
rôv avrôv dé Tpómov Kai DAáruwv êv TO Traimw Tijv pu- ealgumas foram
Xv é TÓDV OTOLxElwv moi” yryváokesda yáp TO ópuoiay TO retiradas das notas
ópoLov, TO de mpáyuara êx Tódv Apyájv elvar. e inseridas no texto
principal. Isso faz
«Aqueles que enfatizaram seu conhecimento e percepção com que a prosa de
Cornford soe mais
de tudo o que existe identificaram a alma com os princípios pedante e menos
absolutos, quer reconhecessem uma pluralidade de princí- lúcida do que
realmente é, mas
pios, quer apenas um. Assim, Empédocles compunha a alma submete os tipos
a partir de todos os elementos, considerando-os ao mesmo a um teste mais
árduo e permite
tempo como almas. Suas palavras são: ao mesmo tempo
uma demonstração
tipográfica mais
«Com terra vemos terra, com água água,
compacta.
«com ar ar límpido, fogo arrasador por fogo,
«amor por amor, e luta luta sangrenta.

«Da mesma maneira, Platão, no Timeu, constrói a alma


a partir dos elementos. O semelhante, sustenta, é conhecido
pelo semelhante, e as coisas que conhecemos são compostas
pelos princípios absolutos...»

4 De anima 404b8-18.

123
de Richard Porson, projetada em 1806 - são mostradas em sua
encarnação digital nas páginas 122 e 123.A fonte grega de Porson
foi primeiramente encomendada pela Cambridge University Press,
mas tornou-se a favorita em Oxford no século 20,a0 passo que a
New Hellenic de Scholderer tornou-se a favorita em Cambridge,
A New Hellenic, em particular, possui um eminente pedigree.
renascentista discutido na $ 11.7.

6.6.2 Faça com que a continuidade tipográfica corresponda à


continuidade do pensamento.

Um texto composto em um único dialeto pode conter muitos


saltos e buracos, enquanto um texto que pula e desliza por entre
várias línguas e alfabetos pode traçar um caminho perfeitamente
suave. À continuidade, ou a falta de continuidade, que subjaz
ao texto deve ser revelada, e não disfarçada, no tecido que o
tipógrafo urde.
Um autor que cita grego, hebraico, russo ou árabe fluente-
mente na fala deveria poder fazer o mesmo na página. Na prática,
isso significa que quando se mesclam alfabetos deve haver um
grande equilíbrio entre eles, tanto na cor quanto no contraste.

abyohi &Byo81 abyohi


abyohi àByo61 abyohi
abyohi &pyol1 abyohi
A New Hellenic de Victor Scholderer lado a lado com a Mendoza de José
Mendoza (acima), com a Caecilia de Peter Matthias Noordzij (ao centro) e
com a Adobe Jenson (abaixo). A Mendozaé um tipo com baixíssimo contraste
(os traços grossos e finos são praticamente os mesmos). A New Hellenic e
a Caecilia têm um traço não-modulado — noutras palavras, sem qualquer
contraste, A New Hellenic e a Adobe jenson têm um outro tipo de compatibi-
lidade estilística, Ambas têm origem na obra de Nicolas Jenson, que em 1469
gravou o pai desse alfabeto romano e em 1471 o avô desse alfabeto grego.

Fluxo e inclinação são outros fatores a considerar, especial-


mente ao se eguilibrarem alfabetos latinos e gregos. Muitas fontes

124
gregas (a Porson e a Didot, por exemplo) são estruturalmente
comparáveis ao itálico, ou seja, são cursivas. Algumas delas, no en-
tanto, são eretas (como a Didot) e algumas são inclinadas (como
a Porson). Quando romano, itálico e grego são combinados na
página, o grego pode ser ereto como o romano ou pode harmo-
nizar com o itálico em fluxo e inclinação. Pode também ganhar
um ar distante, com um andar e uma inclinação próprios, Escolhendo e
combinando
6.63 O equilíbrio óptico é mais importante do que o matemático, tipos

Outros dois fatores importantes a, considerar quando os tipos


ficam lado a lado são o torso (a altura da letrax ou simplesmente
altura-x) e a extensão. Quando um tipo grego com hastes longas
aparece ao lado de um tipo latino com hastes curtas, a diferença
salta aos olhos. Grandes disparidades na altura-x ficam ainda
mais óbvias. No metal, essa é uma severa restrição tipográfica. Já
no meio digital é fácil igualar com exatidão o torso de qualquer
fonte grega ao de uma latina, por meio de ajustes de tamanho
microscópicos. Mas o objetivo é obter uma igualdade óptica, não
matemática. O grego clássico, debaixo de sua nuvem de diacríticos,
precisa de mais espaço para respirar do que os tipos romanos.
Aliás, é a legibilidade desses sinais que dá a medida mínima da
composição de texto grego em notas de rodapé.

abyohi 45y08 abyohi


abyohi &fBy08 abyohi
abyohi àByo% abyohi
Acima, o tipo grego de Richard Porson ao lado da Electra de WA. Dwiggins.
Ao centro, a Didot Greek fazendo par com a Adobe Caslon. Abaixo, a Bodoni
Greek de Takis Katsoulides com a Esprit romana e itálica de Jovica Veljovié.
Tanto a Electra itálica quanto a Porson Greek têm uma inclinação de 10º,
enquanto a Caslon itálica inclina-se a 20º. À Porson, com seu eixo raciona-
lista, também tem uma afinidade estrutural com a Electra. A Didot Greek,
embora neoclássica na forma, é cromaticamente mais próxima da Caslon.
A brincalhona Bodoni Greek de Katsoulides é estrutural e espiritualmente
mais próxima da Esprit.

125
Esses versos foram Ho a mpeayIrpe>xAaaio Bac,
são da $5 do
B copokosoM
roxy de Anna Mas eu o advirto de que
Akhmatova,
ro 4 >KUBY BIHOCACAHU pas.
Misturando
alfabetos esta é minha última existência.
Hu aacTouKOú, HM KACHOM,
Não como andorinha ou bordo,
Ha. TPpOCrHuKOM U HU 3Be3AOM...
nem como bisão ou estrela...
A versão portuguesa As palavras de Anna Akhmatova nas letras de Vadim Lazurski. O tipo é o
éumalivre Lazurski Cyrillic acompanhado de seu correspondente romano,
tradução da versão
em inglês [nr].
Os tipos da página 123 pareciam bons quando foram esboça-
dos com letras gregas não acentuadas de altura-x idêntica à das ro-
manas. Mas ao serem substituídas pelos caracteres corretamente
acentuados, as letras, que continuavam matematicamente corretas,
ficaram opticamente grandes demais. O equilíbrio foi restituído
ao encolhê-las de 11 para 10,5 pt. À altura-x do tipo tem (como
é usual em fontes neoclássicas de texto) apenas cerca de dois
quintos do tamanho do corpo,À diferença na altura-x entre 10,5
eu pt.corresponde a dois quintos de meio ponto. Isso equivale
A unidade um a aproximadamente o um, ou menos de 0,08 mm. Não é muito,
(mícron) equivale mas é o suficiente para equilibrar ou desequilibrar a página.
a um milionésimo
de metro. [nt].
6.7 NOVAS ORTOGRAFIAS

Nenhum sistema de escrita é fixo. Até mesmo nossos modos


de escrever latim e grego clássicos continuam mudando, acom-

cb panhando as inovações gramaticais e ortográficas de línguas


constantemente mutantes como o inglês. Além disso, muitas
linguagens antigas na fala são novas na escrita, e boa parte delas
ainda não estabeleceu sua forma grafada.

SO Na América do Norte, por exemplo, o navajo, o hopi, o


tlinguite, o cree, o ojibwa, o inuctitut e o cheroqui, entre outras

126
línguas, desenvolveram sistemas de escrita razoavelmente estáveis,
que produziram uma literatura impressa substancial. No entan-
to, muitas línguas nativas norte-americanas ainda estão sendo
escritas de maneiras diferentes pelos estudiosos e estudantes
que se interessam pelo assunto. Algumas, como o tsimshian, o
fox.e o kwalewala, já possuem uma literatura considerável, mas
seus sinais gráficos são tão incômodos que até os estudiosos já Escolhendo e
deixaram de usar, combinando
Geralmente, os tipógrafos precisam enfrentar esses proble- tipos
mas aos poucos. Alfabetos inteiros são frequentemente criados
por decreto, mas é mediante pequenos passos que um verdadeiro
estilo tipográfico evolui.

6.71 Não adicione nenhum caractere desnecessário.

A expansão colonial levou o alfabeto arábico ao Norte da África


e a boa parte da Ásia meridional, cruzou o Norte da Ásia com a
escrita cirílica e espalhou o alfabeto latino ao redor do mundo.
Para bem ou para mal, a maioria daqueles que.aprendem a ler,
d
$
e escrever em línguas recém-grafadas sujeita-se a escrever em
uma linguagem antes de tudo colonial. Desse modo, tanto para
5
b
os leitores quanto para os tipógrafos, os alfabetos básicos latino,
cirílico e arábico são muitas vezes o ponto de partida mais fácil
para grafar esses idiomas e, quanto menor for a quantidade de
símbolos adicionais requerida, melhor. O sonho de uma língua
Cs $
comum, imposto a muitas culturas minoritárias, provou ser um
pesadelo para a maioria delas, No entanto, em um mundo onde
existem não uma ou duas, mas centenas de línguas e literaturas
ancestrais e clássicas, as preces em nome da restauração da di-
versidade implicam o sonho de uma escrita comum.

Wa'giên sglê'figua lã'na hin sáwan, “Klwa la tlãla'n k gia”


Litelin?

Wagyaan sqqinggwa Ilaaana hin saawan, “Kkwa lla ttalang


hl gyadliittsin?

Uma oração na língua haida, na sua primeira ortografia padronizada (em


1900) e em uma versão mais recente, simplificada. Na primeira, as consoan-
tes glotalizadas são marcadas por exclamações e as vogais longas por macros.
Na última, ambas são indicadas por duplicação. (Tradução: Então aquele que
estava na proa disse; “Vamos trazê-lo a bordo")

127
6.7.2 Adicione apenas caracteres que sejam visualmente.distintos.

A textura da página tipográfica não depende apenas da maneira


como a tipo é desenhado, composto e impresso, mas também da
fregiiência de letras diferentes. O latim é mais homogêneo do
que o inglês (e muito mais homogêneo que o alemão) porque
Novas usa menos letras ascendentes e descendentes, nenhum caractere
ortografias acentuado e pouquíssimas maiúsculas (nas mãos da maior parte
dos redatores), As linguagens polinésias - o maori e o havaiano,
por exemplo -, que têm abundância de vogais e escassez de con-
soantes, têm uma textura ainda mais cremosa do que o latim e
requerem um alfabeto ainda menor,
A maioria das linguagens, no entanto, necessita de mais
consoantes do que aquelas oferecidas pelo alfabeto latino. Pode
haver (como é o caso do haida e do tlinguite) quatro formas de k
ou (como acontece nas línguas khoisan do Sudoeste da África) 36
diferentes estalos de língua — e se cada um deles for lexicalmente
significativo, cada qual irá precisar de uma forma distinta,
As vogais são razoavelmente fáceis de elaborar quando há
necessidade; com exceção do y; elas não têm extensões. O navajo,
No alfabeto navajo por exemplo, inclui doze formas de a — a, aa, 3, 33, à, dá, da, aá, á,
(saad bee altnt), as dá, 43, 9á — todas facilmente distinguíveis. Tipograficamente, não
vogais longas são
duplicadas eas haveria nenhum problema em incluir mais doze.
nasais são grafadas Já as consoantes não são facilmente ramificáveis, precisa-
com um ogonek, mente porque muitas possuem extensões.À visita indesejada de
Os tons altos são
marcados com um formas tipográficas deficientes é portanto fregiente, O lakota, por
acento agudo. As exemplo (a língua dos-Teton Sioux), requer duas formas de A. Ste-
vogais longas de phen Riggs, o primeiro a publicar um dicionário euma gramática
tom alto levam
dois agudos, um do lakota, em 1852, optou por marcar a segunda forma com um
em cada vogal, ponto suspenso: k. Esse caractere confunde-se facilmente com
As vogais longas a partícula li, Uma ortografia mais recente do lakota (o sistema
descendentes
recebem um Txakini, desenvolvido por Violet Catches) substitui o h pontuado
agudo apenas na de.Riggs pelo x, que é mais fácil de compor, mas sobretudo mais
primeira vogal e difícil de confundir.
as ascendentes o
recebem apenas No tlingit; que é falado e escrito no Sul do Alasca, no Yukon
na segunda, Às e no Norte da Columbia Britânica, as consoantes uvulares são
consonantes marcadas por sublinhados, o que funciona bem com k e com x,
glotalizadas (eje-
tivas) são seguidas mas pode não funcionar tão bem com g. Formas como g, é ou 8,
de apóstrofos. embora sejam menos consistentes, são mais compactas e, mais
uma.vez, difíceis de confundir.
À obsessão pela consistência não foi o único fator que levou
os primeiros linguistas a grafar g em vez de $. Assim como acon-

128
teceu com muitos dos primeiros sistemas de escrita do século 20,
o alfabeto tlingit foi desenvolvido no teclado de uma máquina
de escrever norte-americana. As publicações mais recentes em
tlingit são compostas em computadores que utilizam versões
modificadas da Palatino ou da Stone, mas a metáfora férrea da
máquina de escrever ainda não perdeu sua força.
A máquina de escrever e a prensa tipográfica ainda são fer- Escolhendo e
ramentas economicamente viáveis e prestigiadas socialmente em combinando
diversas partes do mundo - e isso não deve impedir o desenho tipos
de novos alfabetos. A fonte Pan Nigerian, mostrada abaixo, foi
gravada e fundida para composição manual em 1983, e a partir
de 1985 entraram em produção máquinas de escrever com uma
versão monoespacejada da fonte.

àbbcddeséfghiiíjkRI
ABBCDDESÉFGHIIJKKL
MNOOPRSSTUUVWYZ
mnóoprsstúivwyz
O alfabeto Pan Nigerian, desenhado em 1983 por Hermann Zapf em cola-
boração com Victor Manfredi, que normatiza as ortografias missionárias
utilizadas até então para o hausa, o igbo, o ioruba, o edo, o fulfulde e várias
outras línguas nigerianas.

6.73 Evite redefinir caracteres familiares por capricho.

As línguas maias têm utilizado a escrita romana desde a década


de 1550, mas mais de uma ortografia permanece em uso.A mais
antiga, talvez, baseada na tradição manuscrita do Popol Vuh, usa
os numerais 3 e 4 e os dígrafos 4h e 4, (incluindo a vírgula) para
grafar várias consoantes glotalizadas. As palavras do quiché
para sol e lua, por exemplo, podem ser escritas como K'ih e ic',
como kkih e icc ou ainda como 3ih e iq, e a palavra para sangue
pode ser grafada como quif'z, quittz ou qui4,. No último caso
— e em nenhum outro — a vírgula é parte da palavra e não marca
a pontuação.
Embora não seja tão pitoresca quanto os hieroglifos maias,
essa escrita alfanumérica atrai vários estudiosos e amadores, talvez
por força de sua própria estranheza. Tipograficamente, no entanto,

129
ela suplica por clarificação, seja pela criação de novos símbolos
não ambíguos, seja pelo retorno às simples, velhas e boas letras
romanas (o que atualmente é uma prática comum).

6.7.4 Não misture fontes a esmo se precisar incluir caracteres


especiais.

Takaqóm quer Se um texto implica composição ocasional de palavras como


dizer você vai fakagóm ou nta-nafonf fonenks, é melhor planejá-la desde o
emergir em
alto chehalis; início. Há dois alfabetos fonéticos oficiais em uso: o internacional
unto-maefon] (IPA) e o norte-americano. No entanto, os caracteres extraordi-
fonenks é a nários requeridos foram gravados apenas para poucas fontes (a
expressão fonética
internacional Lucida Sans, a Stone e a Times estão entre os exemplos, A Stone
pronunciada Phonetic — usada aqui — existe nas versões com e sem serifa). O
em inglês tipógrafo tem portanto duas opções: compor todo o texto em uma
(international
phonetics). fonte para a qual os caracteres fonéticos correspondentes estejam
disponíveis, de maneira que as transcrições fonéticas apareçam
de modo transparente sempre que se quiser, ou compor o texto
principal em um tipo adequadamente contrastante, alternando
para a fonte fonética (acompanhada de sua fonte de texto cor-
respondente, se necessário) a cada transcrição.
Quando forem usadas faces contrastantes nas transcrições
fonéticas e no texto principal, deve-se compor o todo de cada
passagem ou palavra fonética na fonte escolhida, e não apenas
os caracteres fonéticos individuais. A miscelânea tipográfica, em
que as letras de uma mesma palavra provêm de fontes e alfabetos
diferentes,é um sinal de fracasso tipográfico. Formas tais como
“BatOgli”e “?edón heldek?” (outrora empregadas na escrita do chi-
peuian, uma língua nativa canadense) ou “Orastona” e Usadan”
(ainda utilizadas para escrever o avestan, uma língua antiga) são
problemáticas do ponto de vista tipográfico porque misturam
dois alfabetos numa única palavra. Essas misturas raramente
dão certo, a não ser que todas as fontes envolvidas tenham sido
desenhadas como uma única família (é o caso deste livro, em que
foram utilizados um latim e um grego unificados).

6.8 MONTANDO UMA BIBLIOTECA TIPOGRÁFICA

6.81 Escolha sua biblioteca de fontes com cuidado e devagar.

Alguns dos melhores tipógrafos que já existiram possuíam ape-


nas uma fonte romana por vez, uma gótica e uma grega. Outros

130
podiam ter até cinco ou seis romanas, duas ou três itálicas, três
góticas e três ou quatro gregas. Hoje, o tipógrafo pode comprar
fontes aos milhares em cDs e copiar muitos outros milhares da
internet: mais fontes do que qualquer ser humano poderia usar,
€ ainda assim uma seleção sempre incompleta.
Na tipografia, assim como na filosofia, na música e na gas-
tronomia, é preferível ter um pouco do que há de melhor do que Escolhendo e
chafurdar no lodaçal do descuido, da rotina e da cópia. combinando
As fontes de estoque que acompanham muitos programas e tipos
impressoras caseiras são às vezes generosas em quentidade, mas
são as fontes erradas para muitas tarefas e para muitas pessoas, e
além disso muitas delas são desprovidas de certas partes essenciais
(versaletes, algarismos de texto, ligaturas, sinais diacríticos e não
alfabéticos importantes).
Comece comprando um bom alfabeto ou uma boa família, ou
ainda alguns tipos relacionados, com todos os seus componentes
intactos. E em vez de pular de uma fonte para outra, procurando
experimentar de tudo, fique com as suas primeiras escolhas pelo
tempo que for suficiente para aprender suas virtudes e limitações
antes de seguir adiante.

131
À Lithos (1988), de Carol Twombly, a Herculanum (1990) e a Rusticana, .
ambas de Adrian Frutiger, são tipos baseados em antigas inscrições me-
diterrâneas. Neste exemplo, a Lithos foi impressa em chapado, a Hercu-
lanum com retícula média e a Rusticana com retícula leve.

132
INTERLÚDIO HISTÓRICO

A impressão com tipos móveis não foi inventada na Alemanha na


década de 1450, como os europeus frequentemente alegam, mas
na China, por volta de 1040. Antes que a Gutenberg, deveriamos
prestar nossas honras a um engenheiro erudito chamado Bí
Sheng (33). As mais antigas obras impressas na Ásia em tipos
móveis que sobreviveram ao tempo parecem datar do século 13,
mas há um claro relato do processo de composição tipográfica,
e do papel de Bí Shêng no seu desenvolvimento, de autoria de
Shên Kuô, um ensaísta do século 12. O relato de Shen
A nova tecnologia alcançou a Coréia na primeira metade Kuô aparece em
seu Mêngxi Bitán
do século 13 e por volta de 1450 já havia chegado à Europa. Lá, (FREI),
encontrou a já longa e fértil história da letra romana. E foi ali que ou “Ensaios do
floresceu — diferentemente do que havia acontecido na China riacho dos sonhos"
Para maiores
—, em razão do número muito menor de glifos requerido pelas informações,
ver
escritas européias. Mesmo no final do século 19, a.maior parte Denis Twichett,
do que era impresso na China usava o mesmo método utilizado Printing and
Publishing in
para fazer os primeiros livros impressos no século 8: cunhar à Medieval China
mão páginas inteiras de texto em chapas de madeira. Para fazer Umpressão e
correções, entalhava-se a área do erro, inseria-se ali um tampão edição na China
medieval]
de madeira e cunhavam-se os caracteres corretos. Noutras pa- (Londres, 1983), e
lavras, o texto era tratado do mesmo modo que as ilustrações Thomas F Carter,
xilogravadas. Na China, a página tipográfica é conhecida até The Invention
of Printing in
hoje como huóban (:£44.), ou “tábua viva”. A mesma técnica era China and its
utilizada para fazer as ilustrações xilogravadas que. muitas vezes Spread Westward
acompanhavam o texto impresso, [A invenção
da impressão
na China e
7.1 AS PRIMEIRAS FORMAS DE ESCRITA sua expansão
ocidental], 2* ed
(Nova York, 1955).
As mais antigas letras européias que chegaram até nossos dias
são as maiúsculas gregas gravadas em pedra. Os traços são finos
e esqueléticos, quase etéreos - o oposto da substância pesada
em que eram esculpidos. As letras são feitas principalmente com
linhas retas; quando as curvas aparecem, têm uma abertura muito
grande. Isso significa que formas como 8, C e M, que podem ser
relativamente abertas ou fechadas, são tão abertas quanto possi-
“ vel. Essas letras pioneiras não eram construídas com compasso
e régua, mas desenhadas à mão livre, e não tinham nenhuma
serifa - tampouco os traços de entrada e saída deixados por

133
uma escrita fluente, nem os traços simétricos de acabamento
tipicamente adicionados às letras pelos escribas.
Com o tempo, seus traços engrossaram, a abertura diminuiu
e as serifas apareceram.As novas formas, utilizadas em inscrições
ao longo do império grego, serviram de modelo para as escrituras
formais na Roma imperial. Essas letras das inscrições roma-
As nas — escritas com um pincel chato, enpunhado em ângulo como
primeiras uma pena, e posteriormente gravadas na pedra com um martelo
formas de e um cinzel -, serviram por sua vez de modelos para os calígrafos
escrita e designers de tipos ao longo dos últimos dois mil anos. Elas têm
uma abertura modesta, um traço modulado (cuja espessura varia
com a direção) e serifas formais cheias e vivazes.

ABCSPOR
A Trajan, desenhada por Carol Twombly em 1988, baseia-se na inscrição da
base da Coluna de Trajano em Roma, gravada em 113 aC.

As letras européias sofreram muitas outras mudanças entre a


época das inscrições romanas e a de Gutenberg. Desenvolveram-
se maiúsculas estreitas e rústicas, unciais largas e outras formas.
A escrita se espalhou pelos rincões mais distantes da Europa, e
surgiram vários alfabetos e escritas regionais. Os escribas mo-
násticos — que também eram desenhistas, copistas e arquivistas
- mantiveram vivas muitas das letras antigas. Eles as utilizavam
nos títulos, subtítulos e iniciais, mas optavam por escritas novas
e mais compactas nos textos corridos. Uma dicotomia básica
originou-se dessa rica multiplicidade de letras: a das maiúsculas
- letras grandes, solenes e formais — e das minisculas — letras
menores, mais informais, ou ainda a da caixa-alta e da caixa-baixa,
como as chamamos hoje.

CAROLUS MAGNUS
“carolino” ou “carolíngio” indica algo do tempo
do imperador Carlos Magno («Grande Carlos»)
A Charlemagne de Carol Twombly (acima), a Alcuin de Gudrun Zapf-von Hesse
(ao centro) e a Carolina de Gottfried Pott (abaixo) baseiam-se nas maiúsculas
e minúsculas carolíngias dos manuscritos europeus dos séculos 9 e 10.

134
Muitas das antigas convenções dos escribas sobrevivem na
composição tipográfica de hoje. Os títulos ainda são compostos
em letras grandes e formais; grandes iniciais marcam o começo
de capítulos ou seções; maiúsculas pequenas marcam uma frase
de abertura. A página bem-feita é hoje o que era então: uma janela
para a história, para a linguagem e para a mente; um mapa daquilo
que é dito e um retrato da voz que fala silenciosamente. Interlúdio
Na Alta Idade Média e na Baixa Renascença, um escriba eu- histórico
ropeu bem-treinado podia conhecer oito ou dez estiios de escrita
diferentes, Cada estilo era definido precisamente como um tipo,
guardado na memória como uma fonte, e cada um tinha seu uso.
Escrituras sagradas, documentos legais, romanças, cartas pessoais
e de negócios requeriam diferentes escritas, e formas particulares
evocavam linguagens e regiões específicas.
Quando a tecnologia dos tipos móveis chegou, a Europa
possuía um rico acervo de escritas góticas, bizantinas, românti-
cas e humanistas, além de uma grande coleção de letras antigas.
Elas ainda permanecem conosco de alguma forma, mas a escrita
humanista, baseada na minúscula carolíngia, tornou-se a forma
central: é a caixa-baixa romana desdobrando-se em milhares de
variações, mutações e híbridos, como a hera ou a rosa,

7.2 A LETRA TIPOGRÁFICA LATINA

Há muitos sistemas de classificação de tipos em uso. Alguns deles


usam termos fabricados, como “garalde” e “didone”, Outros se
valem de rótulos familiares mas vagos, tais como “old style” ou
“estilo antigo” “moderno” e “transicioral”. Todos esses sistemas
funcionam até certo ponto e todos deixam muito a desejar. Ao
fim e ao cabo, não fazem nem boa ciência nem boa história.
Descrições e classificações tipográficas rigorosamente cien-
tíficas são certamente possíveis, e pesquisas importantes vêm
sendo feitas nesse campo há vários anos. Assim como o estudo
científico de plantas e animais, a ciência ainda jovem da tipologia
tipográfica envolve medição precisa, análise minuciosa e o uso A história da arte
cuidadoso de termos técnicos descritivos. das formas das
letras latinas é
No entanto, as letras não são apenas objetos da ciência, pois tratada em maior
também pertencem ao âmbito da arte e participam de sua história. detalhe em uma
Elas têm mudado com o tempo do mesmo modo que a música, incompleta série
de ensaios
a pintura e a arquitetura, e a elas são atribuídos os mesmos ter- na revista Serif,
mos históricos aplicados a esses campos: renascentista, barroco, númerogs1as
neoclássico, romântico e assim por diante. (1994-97).

135
Essa maneira de classificar as letras tem uma outra van-
tagem importante, já que a tipografia nunca ocorre isolada. A
boa tipografia requer não apenas um conhecimento do tipo em
si mesmo, mas também uma compreensão da relação entre as
letras e todas as outras coisas criadas e realizadas pelo homem.
A história da tipografia é exatamente isto: o estudo das relações
A letra entre o desenho tipográfico e as demais atividades humanas — a
tipográfica política, a filosofia, a arte e a história das idéias. É uma busca que
latina se estende por toda a vida, mas que é informativa e recompen-
sadora desde o início,

721 A letra romana renascentista

As letras romanas renascentistas foram desenvolvidas pelos eru-


ditos e escribas da Itália setentrional nos séculos 14.e 15. Sua
tradução do manuscrito para o tipo começou em 1465 na Itália
e continuou por mais de um século. Assim como a pintura e a
música, as formas tipográficas do Renascimento são plenas de
luzes e espaços serenos e sensoriais. Elas têm sido um ponto de
referência tipográfico há quinhentos anos.
É bem possível. que as matrizes ou punções romanas mais
antigas a sobreviver sejam as de Garamond, gravadas em Paris
na década de 1530. Para tipos mais antigos não restou nenhuma.
outra evidência além dos próprios livros impressos. Embora não
reste dúvida quanto à estrutura e à forma básica desses primei-
ros tipos, todas as réplicas existentes dos tipos do século 15 são
reconstruções hipotéticas no que diz respeito aos seus detalhes
mais sutis.
Assim como as maiúsculas inscricionais romanas, as minús-
culas romanas têm um traço modulado e um eixo humanista.
Isso significa que as letras têm a forma produzida por uma pena
empunhada pela mão direita em uma posição de escrita relaxada
e confortável. Os traços grossos vão no sentido noroeste/sudeste,
que é o eixo do antebraço do escritor destro. As serifas são bem-
definidas, o traço é leve e o contraste entre os traços grossos e
finos é geralmente modesto.
Em resumo, as características da primeira letra romana
renascentista são estas: ”

hastes verticais
.

bojos aproximadamente circulares


e

traço modulado

136
eixo humanista consistente
contraste modesto
altura-x modesta
serifas de topo bem-definidas e inclinadas (em letras como b er)
serifas de base bilaterais abruptas, chatas ou levemente abertas
e espraiadas (em letras como r, le p)
terminais abruptos produzidos com traço de pena nas letras Interlúdio
a Gfer, ' histórico
barra ascendente no e, perpendicular ao eixo do traço
a fonte romana é solitária (não há itálico ou bold)

abcefonopj
“abcefgnopj
abcefgnop) .
abcefgnop)
Quatro reconstruções de tipos romanos renascentistas feitas no século 20.
A Centaur (topo) foi desenhada pelo tipógrafo americano Bruce Rogers em
Boston por volta de 1914, a partir da obra de Nicolas Jenson (Veneza, 1469).
A Bembo (segunda) foi gravada pela Monotype em Londres em 1929 com
base no desenho de Francesco Griffo (Veneza, 1499). A Adobe Garamond
(terceira) foi desenhada em 1988 por Robert Slimbach em São Francisco a
partir de Claude Garamond (Paris, c. 1540).À prt Van den Keere (abaixo) é a
reconstrução de Frank Blokland de uma fonte gravada por Hendrik van den
Keere para Christophe Plantin (Antuérpia, 1575). NE

Nas formas renascentistas posteriores (de 1500 em diante),


as letras são sutilmente suavizadas e ficam mais contidas:

137
* as serifas de topo aproximam-se mais da forma de uma cunha.
* asserifas de base ficam menos abruptas e mais adnatas (fluindo
suavemente em direção à haste)
* osterminais das letras c, fe r tornam-se menos abruptos e apro-
ximam-se mais da forma de gota
* abarra do e fica horizontal
A letra
tipográfica 7.22 A letra itálica renascentista
latina
Se Roma fica no meio da Itália, por que então os tipos romanos
são de uma categoria separada dos itálicos? Essa parece ser
uma questão para a qual os tipógrafos devem ter uma resposta.
Pergunta e resposta, no entanto, têm tanto a ver com religião e
política quanto com caligrafia e tipografia.

abcefonopxyz
abcefonopxyz
Dois revivals de tipos renascentistas italianos. A Monotype Arrighi (acima) é
derivada de uma das séries de itálicas desenhada por Frederic Warde (Londres
e Paris, 1925: 29), a partir de Ludovico degli Arrighi (Roma, 1524).À Monotype
Bembo itálica (abaixo) foi gravada em Londres em 1929, baseada no trabalho
de Arrighi e Giovanantonio Tagliente (Veneza, 1524).

O tipo romano é composto de duas partes básicas bastante


diferentes. A caixa-alta, que de fato vem de Roma, baseia-se nas
inscrições imperiais. A caixa-baixa foi desenvolvida na Europa
setentrional no fim da Idade Média, sobretudo na França e na
Alemanha, e recebeu seu polimento final na Veneza da Baixa
Renascença. Entretanto, ela também é romana no sentido mais
abrangente da categoria. Enquanto a caixa-alta é um legado
do Império Romano, a caixa-baixa é uma herança do Sagrado
Império Romano -— o sucessor cristianizado do império pagão. À
caixa-baixa ganhou sua forma básica nas mãos dos escribas cris-
tãos, muitos dos quais foram empregados como administradores

138
e professores pelo sagrado imperador romano Carlos Magno no
final do século 8.
As letras itálicas, por outro lado, são filhas da Renascença
italiana. Alguns dos primeiros itálicos vêm de Roma, outros
vêm de outras partes da Itália, e quando sofreram sua primeira
conversão tipográfica ainda exalavam farto sabor e frescor local.
No entanto,
as primeiras fontes itálicas, gravadas entre 1500 e 1540, Interlúdio
possuíam apenas caixa-baixa. Eram usadas com versais romanas histórico
eretas, mas não com a caixa-baixa romana.
As características da letra itálica renascentista podem ser
resumidas da seguinte maneira:

hastes verticais ou de inclinação bem regular, não excedendo 10º


bojos geralmente elípticos
traço leve e modulado
eixo humanista consistente
baixo contraste
altura-x modesta
formas cursivas com serifas de entrada e saída bem-definidas
e obliquas
descendentes serifadas dos dois lados ou não-serifadas de todo
terminais abruptos ou em gota
caixa-baixa.itálica casada com versais romanas pequenas e ere-
tas, e ocasionalmente com capitulares caudais; de resto, o itálico
é inteiramente independente do romano

Os itálicos do início do Renascimento são conhecidos como


aldinos, em homenagem ao estudioso e editor Aldus Manutius, Ver reproduções
que encomendou. o primeiro tipo itálico a Francesco Griffo dois Málicos
em 1499. É estranho constatar que, em 2004, nem uma única Página 208.
reconstrução autêntica de um itálico aldino parecia estar dispo-
nível, fosse em metal ou em formato digital, A Monotype Bembo
romana e a Monotype Poliphilus são baseadas no trabalho de
Griffo, mas suas companheiras itálicas não — elas vêm de outra
época. A itálica digital cujo desenho mais se aproxima. de uma
aldina é a Dante itálica, de Giovanni Mardersteig, mas mesmo
nela as versais são inclinadas e não eretas.

72.3 A letra maneirista

A arte maneirista é a arte da renascença à qual foram adicionados


sutis exageros — de extensão, angularidade ou tensão, por exemplo.
r

139
Os tipógrafos maneiristas, que trabalhavam principalmente na
Itália e na França no início do século 16, inauguraram a prática

E coin
de usar tipos romanos e itálicos no mesmo livro e até na mesma
página - embora raramente na mesma linha. Foi também durante
o período maneirista que as versais romanas inclinadas foram
adicionadas pela primeira vez às itálicas em caixa-baixa.
A letra

abefopabefop
Dois tipos recentes feitos de acordo com a tradição maneirista. A Poetica
(acima) é uma itálica chancerelesca baseada em modelos do século 16, Foi
projetada por Robert Slimbach e publicada pela Adobe em 1992. À Galliard
(abaixo), desenhada por Matthew Carter, foi publicada pela Linotype em 1978.
É baseada em letras gravadas no século 16 por Robert Granjon.

Há muitos bons exemplos de tipos maneiristas do século 16,


incluindo fontes romanas de titulação com extensores longos
e delicados, itálicos de chancelaria com extensores ainda mais
longos e por vezes ornamentados, bem como fontes de texto com
extensores curtos, mas com formas mais tensas. Interpretações
digitais de alguns desses tipos foram feitas recentemente. Dois
exemplos significativos - um ornamentado e outro mais contido
— são mostrados acima,

72.4 A letra barroca

A tipografia barroca, assim como a pintura e a música barrocas,


transpira atividade e delicia-se com o jogo dramático e incansável
de formas contraditórias. Uma das características mais óbvias de
qualquer fonte barroca é a grande variação de eixo de uma letra
para outra. As itálicas barrocas são ambidestras, ou seja, são es-
critas tanto com a mão direita como com a esquerda. Foi também
durante o barroco que os tipógrafos criaram pela primeira vez o
hábito de misturar romanas e itálicas na mesma linha.

140
De um modo geral, as letras barrocas parecem mais mo-
deladas e menos manuscritas do que as formas renascentistas,
não evidenciando tanto o traço direto da pena. Mesmo assim,
assumem formas variadas. Elas triunfaram na Europa ao longo
do século 17, resistiram por boa parte do 18 e experimentaram
um revival entusiástico durante o 19.
Interlúdio

abefopabefop
histórico

abefopabefop
abefopabefop
abetopabefop
Quatro revivals de tipos barrocos. A Monotype “Garamond” (topo) é baseada
em fontes gravadas por Jean Jannon por volta de 1621. À DTL Elzevir (segun-
da) baseia-se em fontes gravadas por Christoffel van Dijck em Amsterdã na
década de 1660. A Linotype Janson Text (terceira) toma como base as fontes
gravadas por Miklós Kis por volta de 1685 em Amsterdã. A Adobe Caslon
(abaixo), de Carol Twombly, parte das fontes gravadas por William Caslon na
década de 1730 em Londres.

As letras barrocas em geral diferem das renascentistas das


seguintes maneiras:

* o eixo do traço da caixa-baixa romana e itálica varia bastante


dentro de um único alfabeto
* ainclinação média da itálica é de 15º a 20º e muitas vezes varia
consideravelmente dentro do mesmo alfabeto
* maior contraste

141
* maior altura-x
* abertura geralmente reduzida
* suavização ainda maior dos terminais abruptos para a forma
de gota
as serifas de topo das romanas tornam-se cunhas afiadas
as serifas de topo das ascendentes itálicas tornam-se precisas
A letra e niveladas
tipográfica.
latina
7.25 A letra rococó

Os períodos históricos aqui referidos — o renascentista, o barroco


e assim por diante - abrangem todas as artes, e naturalmente
não estão limitados, na tipografia, às letras romanas e itálicas.
Os tipos góticos e manuscritos também passaram pelas mesmas
fases. No entanto, o período rococó, com seu grande amor pelo
ornamento floreado, se restringe quase que totalmente aos góticos
e aos manuscritos.

Embora fosse
nascido e formado
na Alemanha,
Fleischman
abcefgnopy
CEFOTZ
mudou-se para
a Holanda antes
do seu trigésimo
aniversário e ali
ficou pelo resto da
vida, Fleischmann é
a soletração alemã

abcefonopy
de seu nome; a
forma holandesa
Fleischman é a
que ele escolheu
para usar em
todos os espécimes
tipográficos que
publicou As versões
digitais do tipo A DTL Fleischmann. Note as formas ornamentadas do g, do y e de várias
de Fleischman, maiúsculas, além do contraste exagerado no o. Esse contraste é característi-
publicadas na cos nos tipos românticos gravados por Firmin Didot e Giambattista Bodoni
Holanda, foram
criadas pelo depois da morte de Fleischman em 1768. No entanto, os tipos românticos
designer de tipos têm um eixo obsessivamente vertical. O eixo principal do tipo de Fleischman
Erhard Kaiser, é oblíquo. Estruturalmente, essas letras pertencem ao barroco, mas sua ten-
que as batizou de
Fleischmann,
dência ao ornamento e ao exagero os distancia dos primeiros tipos desse.
estilo, Essa é uma razão para chamá-las de rococés.

142
Os tipos romanos e itálicos certamente foram utilizados pe-
los tipógrafos do rococó, que frequentemente contornavam seus
textos com ornamentos tipográficos, medalhões gravados etc. Eles
produziram muita tipografia rococó, mas poucos tipos romanos
e itálicos rococós. Vários romanos e itálicos que poderiam de
fato ser classificados como rococós foram no entanto gravados
nos anos de 1738 e.1739 em Amsterdã pelo puncionista Johann Interlúdio
Michael Fleischman, nascido na Alemanha. Versões digitais dessas histórico
fontes foram editadas recentemente pela Dutch Type Library em
's-Hertongenbosch.

7.2.6 A letra neoclássica

De um modo geral, a arte neoclássica é mais estática e contida do Nesta seção é quasd
que a renascentista e a barroca, além de ter um interesse muito impossível não
confundir estilos
maior pela consistência rigorosa. Às letras neoclássicas seguem com letras. As letral
esse padrão. Nelas ainda se pode observar um eco da pena, mas o góticas citadas na
ângulo natural da escrita é rotacionado até virar um eixo estrita- seção 7.2.5 fazem
parte de um gênerd
mente vertical ou racionalista. As letras têm contrastee abertura separado do latino,
moderados,
mas seu eixo é ditado por uma idéia, não pela verdade mas ele também
da anatomia humana. Elas são produto da era racionalista: formas vive boa parte dos
períodos e estilos
frequentemente belas e calmas mas indiferentes à beleza mais pelos quais passou
complexa do fato orgânico. Se as letras barrocas são ambidestras, o gênero latino.
as letras neoclássicas são contidamente não-cursivas. Assim, é possível
pensar em letras
A primeira fonte neoclássica, conhecida como romain du roi góticas rococós,
(romana do rei), foi desenhada na França na década de 1690. No mas não em uma
entanto, não foi obra de um tipógrafo, mas de um comitê gover- fase gótica da
letra latina, Essa
namental composto por dois padres, um escrituário e um enge- confusão não ocor
nheiro. Outras fontes neoclássicas foram desenhadas e gravadas em inglês, em que
na França, na Inglaterra, na Itália e na Espanha durante os séculos as letras góticas
são designadas
18 e 19,€ algumas delas permaneceram em uso contínuo a despeito pelo termo
de todas as mudanças subseqiientes de estilo e de moda. blackletter. [nt]
O impressor e estadista americano Benjamin Franklin era
um profundo admirador do tipo neoclássico de seu contempo-
râneo inglês John Baskerville, e o fato de o seu tipo ter sido mais
importante nos Estados Unidos e na França do que jamais foi
em sua terra nativa deve-se em parte ao apoio de Franklin. Mas a
conexão entre Baskerville e a América do Norte depende de algo
mais importante do que o gosto de Benjamin Franklin. As letras
de Baskerville correspondem muito de perto ao estilo oficial da
arquitetura norte-americana. Elas são tão pura.e imperturbavel-
mente neoclássicas quanto o prédio do Capitólio, a Casa Branca

143
e muitos outros edifícios estatais e federais (as Câmaras dos
Deputados de Londres e de Ottawa, que são neogóticas em vez
de neoclássicas pedem uma tipografia de outra espécie).

A letra
tipográfica
abefopabefop
abetopabefop
latina

abetopabefop
Três revivals de letras neoclássicas feitos no século 20. Acima: Monotype Four-
nier, baseada em tipos gravados por Pierre Simon Fournier em Paris por volta
de 1740. Ao centro: Monotype Baskerville, baseada nos desenhos de John
Baskerville, feitos em Birmingham por volta de 1754. Abaixo: Monotype Bell,
baseada nos tipos gravados em Londres em 1788 por Richard Austin para o
fundidor de tipos e editor John Bell.

Em resumo, as letras neoclássicas diferem das barrocas das


seguintes maneiras:

* eixo predominantemente vertical tanto na romana quanto


na itálica
* inclinação do itálico geralmente uniforme, com média de 14º
ai6
* serifas normalmente adnatas, embora mais finas, achatadas
e.niveladas

7.27 A letra romântica

O neoclassicismo e o romantismo não são movimentos sequen-


ciais na história européia. Eles marcharam lado a lado durante
o século 18 e boa parte do século 19, vigorosamente opostos em
alguns aspectos, intimamente unidos em outros. Tanto as letras
neoclássicas quanto as românticas aderem a um eixo racionalista,

144
e ambas parecem mais desenhadas que escritas, mas é possível
fazer algumas distinções precisas entre as duas. À diferença mais
óbvia está no contraste, Nas letras românticas iremos normal-
mente encontrar as seguintes características:

modulação abrupta do traço,


eixo vertical intensificado por meio do contraste exagerado Interlúdio
endurecimento dos terminais, da gota para o círculo histórico
serifas mais finas e abruptas
abertura reduzida.

abefopabefop
abefopabefop
abefopabefop
abefopabefop
Quatro revivals de letras românticas. A Monotype Bulmer (acima) baseia-se
numa série de fontes gravadas por William Martin em Londres no início dos
anos 1790. A Linotype Didot (segunda), desenhada por Adrian Frutiger, é
baseada nas fontes que Firmin Didot gravou em Paris entre 1799 e 181. À
Berthold Bodoni (terceira) vem das fontes gravadas por Giambattista Bodoni
em Parma entre 1803 e 1812. A Berthold Walbaum (abaixo) baseia-se nos tipos
gravados por Justus Erich Walbaum em Weimar por volta de 1805.

Essa notável alteração no projeto de tipos — assim como


todas as alterações nesse campo - é o registro de uma mudança
de fundo na escrita manual, As letras românticas são formas nas
quais a pena larga desapareceu. Em seu lugar veio a pena pontuda
e flexível. A pena larga produzia um traço suavemente modula-

145
do cuja espessura variava com a direção, mas a pena pontuda
comporta-se de maneira bem diferente. O traço de uma pena
flexível muda repentinamente de espessura de acordo com as
mudanças de pressão. Utilizada com moderação, ela produz um
floreio neoclássico. Manuseada com mais força, gera um floreio
mais dramático e romântico. O contraste dramático é essencial
A letra para boa parte da música e da pintura românticas e também para
tipográfica o desenho dos tipos românticos.
latina As letras românticas podem ser extraordinariamente belas,
mas carecem do ritmo fluente e estável das formas renascentistas.
É precisamente esse ritmo que convida o leitor a adentrar o texto
e prosseguir na leitura. Já as formas estatuárias das letras român-
ticas convidam o leitor, ao contrário, a contemplá-las de fora.

72.8 A letra realista

Os séculos 19 e 20 foram palco de uma assombrosa variedade de


escolas e movimentos artísticos — realismo, naturalismo, impres-
sionismo, expressionismo, art nouveau, art déco, construtivismo,
cubismo, expressionismo abstrato, pop art, op art e muitos outros.
Praticamente todos esses movimentos tiveram ressonância no
mundo tipográfico, embora poucos deles tenham sido importan-
tes o bastante para merecer um lugar neste breve levantamento.
Uma dessas ressonâncias - que ainda está longe de se extinguir
— constitui-se no realismo tipográfico.

albceignop
aoceignopn
A Akzidenz Grotesk (acima) é um tipo realista editado pela fundição Berthold,
de Berlim, em 1898. É a ancestral imediata da Franklin Gothic (1903), de
Morris Benton, e da Helvetica, editada pela fundição Haas em 1952. À Haas
Clarendon (abaixo), desenhada em 1951 por Hermann Eidenbenz, é um revival
de um tipo realista anterior, a primeira Clarendon, gravada por Benjamin Fox
para Robert Besley em 1845 em Londres.

146
Muitos pintores realistas do século 19 - Gustave Courbet, Fran-
çois Millet e outros — viraram as costas para Os temas e poses
sancionados pela academia, pondo-se a pintar pessoas comuns
fazendo coisas comuns. Os designers de tipos realistas - Alexan-
der Phemister, Robert'Besley e outros, que não compartilharam
da fama póstuma dos pintores - trabalharam com um espírito
similar. As letras que faziam eram simples e francas, baseadas na Interlúdio
escrita das pessoas a quem era negada a oportunidade de apren- histórico
der a ler e escrever com fluência e elegância. As letras realistas
muitas vezes têm a mesma forma básica das letras neoclássicas
e românticas, mas a maior parte delas ou tem pesadas serifas
egípcias ou não tem serifa alguma. O traço é homogêneo na
maioria dos casos, e a abertura (frequentemente um parâmetro
de bom êxito ou de graça. nos alfabetos) é minúscula. Versaletes,
algarismos de texto e outros sinais de sofisticação e elegância
estão quase sempre faltando nessas letras.

729 Modernismo geométrico: a destilação da função

abceignop
aloceignop
Dois tipos geométricos modernistas. A Futura (acima) foi desenhada na Ale-
manha em 1924-26 por Paul Renner, A Memphis (abaixo) foi desenhada em
1929 por Rudolf Wolf, diretor de arte da fundição Stempel. O desenho original
da Futura incluía algarismos de texto e muitos caracteres alternativos alta-
mente geométricos, que nunca foram editados em metal, embora a londrina
The Foundry o tenha feito em formato digital em 1994.

O primeiro modernismo assumiu várias formas tipográficas


intrigantes. Uma das mais óbvias é a forma geométrica. A arqui-
tetura mais econômica e rigorosa do início do século 20 tem a sua
contrapartida em famílias tipográficas igualmente geométricas
desenhadas na mesma época, frequentemente pelas mesmas
pessoas. Como acontece com seus predecessores realistas, esses

147
tipos não fazem nenhum tipo de distinção entre o traço principal
ea serifa, Ou as serifas têm o mesmo peso dos traços ou sequer
existem. No entanto, a maioria das fontes do modernismo geo-
métrico busca antes a pureza que o populismo. Algumas exibem
o estudo de inscrições arcaicas; outras incluem algarismos de
texto e outras sutilezas, mas as suas formas se devem mais às
A letra formas matemáticas puras do círculo e da linha do que às letras
tipográfica manuscritas,
latina
7210 O modernismo lírico: a redescoberta da forma humanista

abefopabefop
abefopabefop
abefopabefop
abefopabefoy
Quatro fontes neo-humanistas ou modernistas líricas. A Spectrum (no topo)
foi desenhada por Jan van Krimpen na Holanda durante os anos 1940 e edita-
da tanto pela Enschedé quanto pela Monotype em 1952. A Palatino (segunda)
foi desenhada por Hermann Zapf em Frankfurt, 1948. A Dante (terceira) é
um projeto de Giovanni Mardersteig, Verona, 1952. A Pontifex (abaixo) foi
desenhada por Friedrich Popp!, Wiesbaden, 1974. Com exceção da última,
todas foram originalmente gravadas à mão em metal, exatamente como os
tipos renascentistas.

Uma outra fase de grande importância no design de tipos moder-


nista tem laços estreitos com o expressionismo abstrato na pintura.
Os pintores do século 20 redescobriram os prazeres físicos e
sensoriais do ato de pintar e o desfrute das formas orgânicas em

148
contraposição às mecânicas. Ao mesmo tempo, os designers de
tipos estavam ocupados em redescobrir os prazeres das letras
manuscritas, por oposição às desenhadas. Com a redescoberta da
caligrafia veio a redescoberta da pena larga, do eixo e da escala
humanistas das letras da Renascença. O modernismo tipográfico
é fundamentalmente a reafirmação da forma renascentista. Não
há uma fronteira rígida entre o design modernista e o revival Interlúdio
renascentista. histórico

721 A letra expressionista

Nessa sua faceta, o modernismo tipográfico é mais áspero que


lírico, mais concreto que abstrato. Três de seus designers, Rudolf
Koch, Vojtech Preissig e Oldrich Menhart, exploraram essa senda
no início do século 20. De algum modo, eles são a contrapartida
tipográfica de pintores expressionistas como Vincent van Gogh
e Oskar Kokoschka. Pintores e designers de tipos mais recentes,
tais como Zuzana Litko, provaram que o gênero ainda é bastante
produtivo. :

abceíshijop
abetopabefop
Duas fontes expressionistas — uma modernista e outra pós-moderna. A Preis-
sig (acima) foi projetada em Nova York em 1924 pelo artista tcheco Vojtech
Preissig. Ela foi gravada e fundida em Praga em 1925. Já a Journal de Zuzana
Litko (abaixo) foi projetada em Berkeley em 1990 e editada em formato digital
pela Emigre.

Os designers expressionistas usam as mais diversas ferramen- O ponto de controle


tas. Tanto Koch quanto Preissig frequentemente lapidavam suas é aquele que
define as formas
próprias letras em metal ou madeira. Menhart trabalhava com das curvas Bézier,
caneta e papel áspero. Litko explorou as severas economias das utilizadas nos
rotinas de plotagem digital, lapidando seus tipos de um ponto de programas de
desenho digital
controle a outro não com um canivete, cinzel ou lima, mas com (ver também
linhas retas digitalizadas. PP. 198-202) [NT]

149
7.212 Pós-modernismo elegíaco

O modernismo no design de tipos está enraizado no estudo


da história, dos fatos da anatomia. humana e nos prazeres da
caligrafia, Assim como a própria Renascença, o modernismo é
mais do que uma fase ou uma moda que simplesmente segue seu
A letra curso e expira. Ele permanece bastante vivo nas artes em geral e
tipográfica no design de tipos em particular, embora não pareça mais dar a
latina última palavra. Ao longo das últimas décadas do século 20, críti-
cos de arquitetura, literatura e música — juntamente com outros
estudiosos dos assuntos humanos — começaram a perceber mo-
vimentos que se afastavam do modernismo. Na faita de qualquer
nome próprio, esses movimentos passaram a ser chamados por
um único nome: pós-modernismo. E o pós-modernismo é tão
visível no mundo tipográfico quanto em outros campos.

abefopabefop
abefopabefop
Duas fontes pós-modernas. A Esprit (acima) foi desenhada por Jovica Veljovié
(Belgrado, 1985). A Nofret (embaixo) foi projetada por Gudrun Zapf-von Hesse
(Darmstadt, 1990). Ambos os tipos cantam onde muitas fontes pós-modernas
guincham. Mesmo assim, a canção é mais elegfaca do que lírica.

As letras pós-modernas, assim como os edifícios pós-mo-


dernos, frequentemente revisitam e reciclam formas neoclássicas,
românticas e outras formas pré-modernas. Nas suas melhores
expressões, fazem-no com uma leveza envolvente e com um
apurado senso de humor. À arte pós-moderna é em boa parte
extremamente autoconsciente, mas também profundamente brin-
calhona. Os designers pós-modernos — que muitas vezes também
foram designers modernos — provaram que é possível infundir
nas formas neoclássicas e românticas e no eixo racionalista uma
genuína energia caligráfica,

7.2.13 Pós-modernismo geométrico

150
Algumas fontes pós-modernas são altamente geométricas. Assim.
como suas predecessoras geométricas modernistas, ou têm serifas
egípcias ou não têm nenhuma, mas muitas vezes são produzidas
em ambas as variedades ao mesmo tempo ou são híbridas. Ao
que parece, raramente se baseiam na linha e no círculo puros e
simples, mas quase sempre em formas mais estilizadas e assi- -
métricas. Assim como outros tipos pós-modernos, manifestam Interlúdio
intensa nostalgia de algo pré-moderno. Muitas dessas fontes histórico
devem suas formas a antigas letras industriais, incluindo as
fontes das máquinas de escrever e a ubíqua arte foiclórica dos
outdoors manufaturados das auto-estradas norte-americanas.
Elas não reciclam idéias neoclássicas ou românticas, mas realistas.
Sua contribuição a essa despretensão industrial não se limita ao
humor pós-moderno, incluindo também os frutos da sofistica-
ção tipográfica: algarismos de texto, versaletes, abertura larga e
modelagem e equilíbrio formal sutis.

abefopabefop
abefopabejop
Duas fontes geométricas pós-modernas: a Triplex Sans (acima) e a Officina
Serif (abaixo). A Triplex itálica foi desenhada por John Downer em 1985. Suas
companheiras romanas — uma com serifa, outra sem — foram desenhadas por
Zuzana Liéko em 1989-90, e o ménage à trois completo foi editado em 1990
pela Emigre. A Officina (ITC, 1990) foi desenhada por Erik Spiekermann, Foi
editada tanto na versão serifada quanto na sem serifa.

Assim como a arte neoclássica, a arte pós-moderna é acima


de tudo uma arte da superfície: uma arte mais de reflexos do que
de visões. Ela tem se locupletado no mundo raso da impressão
offset de alta velocidade e do design digital, onde o modernismo
vive à míngua. Mas o mundo dos escribas, no qual tem suas
raízes o ofício do design de tipos, também era um mundo sem
profundidade. Era o mundo dos pintores góticos, no qual tudo se
fazia presente em um único plano. Ao menos nesse sentido, tanto
o pós-modernismo quanto o modernismo enfrentam a tarefa

151
primordial que deu origem à tipografia, que é a de responder a
um mundo multidimensional usando apenas duas dimensões
(ou pouco mais que isso).

7.3 COMPOSIÇÃO TIPOGRÁFICA MECÂNICA

Composição 731 A linotipia


tipográfica
mecânica Inventada na década de 1880 por Ottmar Mergenthaler e bastante
modificada ao longo dos anos, a Linotipo é uma espécie de cru-
zamento entre uma máquina de fundir, uma máquina de escrever,
uma vending machine e uma escavadeira. Ela consiste numa série
Máquina usada de rampas, cintas, rodas, elevadores, garras, desentupidores e
na venda ou parafusos controlados por um grande teclado mecânico. Seu
distribuição de
bebidas, comestíveis, complexo mecanismo compõe uma linha de matrizes, justifica a
cigarros, impressos linha fazendo deslizar cunhas pontiagudas nos espaços entre as
ete. [nt] palavras e então funde toda a linha na forma de uma única barra
metálica pronta para a impressão tipográfica.
O design de tipos para a Linotipo era restringido por três
Para um relato fatores básicos. Em primeiro lugar, o kerning não é possível sem
detalhado o auxílio de matrizes especiais (o fitálico básico em uma fonte
“ da expansão da
composição Linotype sempre tem, portanto, cabeça e cauda atrofiadas). Em
mecanizada, ver segundo lugar, o eme é dividido em apenas dezoito unidades,
Richard E. Huss, The desencorajando sutilezas de proporção. Finalmente, as matrizes
Development of
Printers Mechanical
itálicas e romanas são casadas, de modo que na maioria das fontes
Typesesting Methods cada letra itálica precisa ter a mesma largura de sua companheira
(O desenvolvi- romana.
mento dos métodos
mecânicos de
Apesar dessas restrições, várias fontes projetadas para a Lino-
composição dos tipo tiveram sucesso artístico. A Aldus e a Optima de Hermann
impressores) 1822- Zapf, a Fairfield de Rudolph Rúgicka, a Juliana de Sem Hartz e
«gas (1973).
as fontes Electra, Caledonia e Falcon, de W.A. Dwiggins, todas
foram desenhadas para a Linotipo. A Linotype Janson, adaptada
de originais de Miklós Kis do século 17 por Zapf em 1952, é ou-
tro eminente sucesso. Muitas fontes Linotype, entretanto, foram
modificadas em sua digitalização para poderem usufruir do
kerning das máquinas digitais e para que tivessem restauradas as
proporções independentes do romano e do itálico.

73.2 A monotipia

Em 1887, Tolbert Lanston, competindo com Mergenthaler, criou


uma máquina que estampava letras individuais em metal frio e

152
as compunha em linhas. Esse invento foi logo abandonado em
favor de outro, construído em 1900 por John Bancroft, colega de
Lanston, que moldava letras individuais usando metal derretido
em vez de estampá-las a frio. Conhecida como “Monotipo”, a
máquina foi logo vendida no mundo todo. Na verdade, trata-se
de duas máquinas: um terminal e um dispositivo de saída. Nesse
aspecto, é um arranjo bastante parecido com a maior parte das Interlúdio
máquinas de composição comandadas por computador. No en- histórico
tanto, o terminal da Monotipo tem um grande teclado mecânico,
incluindo sete alfabetos completos e caracteres não alfabéticos,
O teclado, comandando pinos pressionados por ar comprimido,
fura uma fita de papel parecida com um rolo de pianola estreito.
O dispositivo de saída é a fundição, que lê a fita de papel jogando
mais ar comprimido através dos buracos e então funde e compõe
as letras.
O eme da Monotipo, assim como o da Linotipo, é dividido
em apenas dezoito unidades, mas as romanas e as itálicas têm
larguras independentes, é possível fazer kerning e, como o tipo
permanece sendo composto por letras separadas, pode-se fazer
ajustes posteriores à mão. Os caracteres maiores do que 24 pt são
moldados individualmente e separados para composição manual.
Na verdade, a Monotipo é tanto uma fundição portátil quanto
uma máquina de composição - e é cada vez mais usada como tal,
ainda que seu sistema de unidades imponha restrições ao design
de letras e ela seja incapaz de moldar caracteres em metal duro.

7.3.3 Impressão bidimensional

De meados do século 15 a meados do século 20, a maioria das


letras romanas era impressa com uma técnica baseada na escul-
tura. Nesse processo, cada letra é entalhada em tamanho real
na ponta de uma punção de aço. À punção é então usada para
golpear uma matriz de metal mais macio. Essa matriz é ajustada
em um molde, e o tipo tridimensional de metal é moldado com
uma liga de chumbo, estanho e antimônio. As letras moldadas
são travadas em uma moldura e colocadas em uma prensa de
impressão, onde são entintadas. Sua imagem é então impressa
como que adentrando o papel, produzindo uma imagem visual e
tátil.A cor e o brilho da tinta juntam-seà textura macia do papel
prensado, assentando por entre as fibras brancas e ásperas que
envolvem as letras e as linhas, Um livro produzido dessa maneira
é uma inscrição maleável, uma escultura flexível em baixo relevo.

153
A luz negra do texto brilha de dentro para fora de uma página
bem impressa na prensa tipográfica.
Os tipógrafos renascentistas se deliciavam com a profundida-
de e com a textura que obtinham com esse método de impressão.
Já os impressores neoclássicos e românticos, tais como Baskerville,
—viam as coisas de outro jeito. Na falta de outro método, Baskerville
Composição imprimia suas folhas com uma prensa tipográfica, mas passava-
tipográfica as a ferro como se.fossem roupa amassada para tirar o pouco de
mecânica escultura que lhes restava.
Com o desenvolvimento da litografia no final do século
18, a impressão deu mais um passo atrás em direção ao mundo
bidimensional dos escribas medievais. Desde meados do século
20, à maior parte dos impressos comerciais tem sido feita por
Em inglês, meios bidimensionais. O método normal é a fotolitografia offset,
a palavra em que uma imagem digital ou fotográfica é gravada em uma
offset indica
transferência; chapa, entintada, transferida para uma manta intermediária lisa
uma composição e deposta sem profundidade na superfície da página.
(setting) obtida Nos primórdios da impressão comercial em offset,a tipogra-
pela retirada de
alguma coisa de fia ainda era composta nas máquinas Linotype ou Monotype. As
um lugar (to take provas eram feitas em uma prensa tipográfica, depois recortadas,
something of) coladas e fotografadas. Os designers de tipos viam seu trabalho
para colocação
em outro, [NT] ser alterado nesse processo. Muitas das letras desenhadas para im-
pressão tridimensional ficavam mais fracas quando impressas em
duas dimensões. Mas outras letras prosperaram: as geométricas,
que evocavam mais o trabalho do desenhista que o do joalheiro,
eas letras fluidas que lembravam o legado dos escribas.

73.4 A fototipia

Um clarão de luz passa através da imagem de uma letra vazada em


um vidro ou um filme fotográfico; o tamanho da letra é alterado
por uma lente; sua posição final é fixada por um espelho e ela é
exposta como qualquer outra imagem fotográfica em um papel ou
filme fotossensível. As máquinas que operam por esse princípio
são filhas naturais da câmera fotográfica e da impressão offset.
Elas foram projetadas e patenteadas na década de 1890 e postas
em uso constante para compor títulos e manchetes por volta de
1925, mas foi só nos anos 1960 que dominaram o mercado.
Assim como a sofisticação e a sutileza da tipografia composta
à mão pareceram ser inicialmente postas de lado após a aparição
das máquinas de composição, a sofisticação lentamente adquirida
por essas máquinas pareceu ser deixada de lado em face dessa

154 '
nova onda tecnológica. As fotocompositoras eram rápidas, mas
nada sabtam das mudanças sutis nas proporções das letras de um
tamanho para outro. Suas fontes não tinham ligaturas, algarismos
de texto e versaletes. As fontes norte-americanas não tinham nem
mesmo os mais simples caracteres acentuados. A escolha de fontes
era reduzida. E com o uso súbito e amplamente difundido dessas
máquinas complexas, porém simplificadoras, veio o colapso final Interlúdio
do antigo sistema.de ofício dos aprendizes e das guildas. histórico
As máquinas de fotocomposição e os seus usuários mal
tinham começado a dar conta dessas disfunções quando o equi-
pamento digita! apareceu para substituí-las. Algumas fontes ex-
celentes chegaram a ser desenhadas para a fototipia - da Apollo
de Adrian Frutiger (1962) à Trinité de Bram de Does (1982) —,
mas em retrospecto a era da fototipia parece apenas um breve
interregno entre o metal quente e a composição digital. No fim
das contas, a inovação mais importante do período 1960-80 não
foi a conversão das fontes para o filme ou para o metal, mas o
advento dos computadores para editar, compor, corrigir o texto
e comandar as últimas gerações das máquinas de composição.

73.5 A regravação histórica e o design do século 20

Muitos tipos novos foram desenhados nos últimos cem anos, e


boa parte dos tipos mais antigos foi ressuscitada. De 1960 a 1980,
a maior parte dos novos tipos e dos revivals foi desenhada para
fotocomposição, e desde 1980 quase todos foram projetados para
composição digital. No entanto, a maioria das fontes mais antigas
hoje vendidas em formato digital já tinha passado por um outro
* filtro estilístico. Essas fontes foram regravadas no início do século
20 ou como tipos de fundição, ou na forma de matrizes para a Li-
notipo e para a Monotipo.A tipografia foi radicalmente reformada
entre 1920 e 1950 pela reinvenção comercial da história tipográfica.
Vale a pena rever esse processo para entender um pouco do que
aconteceu, uma vez que seu resultado ainda nos afeta.
Duas companhias distintas — uma na Inglaterra, outra nos
Estados Unidos — ascenderam com a Monotipo e seguiram dois
programas de desenvolvimento bastante diversos. À companhia
inglesa, assessorada em seu auge por um especialista chamado
Stanley Morison, gravou uma série de fac-símiles baseados na
obra de Francesco Griffo, Giovanantonio Tagliente, Ludovico
degli Arrighi e outros designers pioneiros. Foi Morison que teve
a idéia de transformar as fontes renascentistas independentes em

155
famílias mediante o casamento da romana de um designer com
uma itálica precedente e auto-suficiente de outra autoria. Entre
os frutos colhidos nessa empreitada estão a Poliphilus e a Blado
a dq (uma das romanas de Griffo casada com uma versão alterada de
uma das itálicas de Arrighi), a Bembo (uma versão posterior da
mesma romana acasalada com uma versão alterada de uma das
ad itálicas de Tagliente) e o casâmento estrondosamente brilhante e
bem-sucedido da Centaur romana (desenhada por Bruce Rogers)
com a Arrighi itálica (desenhada por Frederic Warde). Esse pro-
ad grama ainda foi complementado por novas fontes encomendadas
a artistas como Eric Gill, Alfred Fairbank, Jan van Krimpen e
Berthold Wolpe.
A Lanston Monotype — a companhia norte-americana - pro-
duziu algumas regravações históricas por conta própria e editou
muitas fontes novas ou historicamente inspiradas de seu consultor,
Frederic Goudy. Uma terceira campanha para recriar a histó-
ria da tipografia em um formato comercializável foi montada
pela Linotype, sob a direção do mestre impressor inglês George
William Jones.
Muitas das grandes fundições'tipográficas — incluindo a
ATP (American Type Founders) nos Estados Unidos, a De-
berny & Peignot na França, a Enschedé na Holanda, a Stempel
na Alemanha e a Grafotechna na Tchecoslováquia — manti-
veram programas próprios ambiciosos, que em alguns casos
duraram até os anos 1980. Os revivals das fontes de Claude
Garamond, Miklós Kis e outros designers antigos foram sur-
gindo dessas fundições ao longo do século 20, junto com novas
fontes importantes projetadas por profissionais como Hermann
Zapf, Jan van Krimpen, Adrian Frutiger, Oldrich Menhart e Hans
Eduard Meier.A Palatino de Hermann Zapf, que se tornou a fonte
mais utilizada (e pirateada) do século 20, foi gravada à mão em
aço e moldada como um tipo de fundição à moda antiga nos
anos 1949-50, numa época não muito distante do zumbido das
máquinas de fototipia e dos primeiros computadores.
A antiga história do design de tipos é a história das formas
feitas por artistas e artesãos individuais, que começaram suas
carreiras como aprendizes e as terminaram como mestres e pe-
quenos homens de negócios. A escala da indústria se ampliou nos
séculos 17 e 18, e as questões da moda preponderaram cada vez
mais sobre as questões artísticas. No final do século 19, os critérios
comerciais haviam mudado os métodos e o gosto do mercado, As
punções e as matrizes eram cada vez mais gravadas à máquina a

156
partir de grandes letras-padrão, e os modelos caligráficos foram
praticamente ignorados.
A redescoberta da história e dos princípios da forma tipo-
gráfica no século 20 não foi associada a nenhuma tecnologia em
particular, Ela ocorreu entre estudiosos e artistas que puseram
suas descobertas em ação onde quer que encontrassem utilidade:
nas fundições tipográficas, nas fábricas de máquinas de compo- Interlúdio
sição tipográfica, nas escolas de arte e em seus próprios estúdios histórico
pequenos e independentes.
» A despeito das pressões comerciais, as melhores fundições
de metal de antigamente, assim como as boas fundições digitais
recentes, eram mais do que fábricas movidas meramente pelo
mercado. Tratava-se de instituições culturais, à altura das boas
editoras e dos ateliês dos bons gravadores, ceramistas, tecelões
e artesãos de instrumentos. O que lhes conferia esse status era
a grandeza dos designers de. tipos, mortos ou vivos, cuja obra
reproduziam - pois os melhores designers de tipos são os Stra-
divarius da literatura: não meros fazedores de produtos vendáveis,
mas artistas que desenham e fazem os instrumentos que outros
artistas usam.

73.6 Tipografia digital

É muito cedo para fazer um resumo da história da tipografia di-


gital, mas as técnicas de bitmapping, ampliação e hinting têm evo-
luído muito rapidamente desde o desenvolvimento do microchip
no início dos anos 1970. Ao mesmo tempo, as velhas tecnologias,
livres de suas obrigações comerciais, ainda estão longe de morrer.
O tipo de fundição, a monotipo, a linotipo e a prensa tipográfica
continuam sendo importantes instrumentos artísticos, ao lado
do pincel e do cinzel, do lápis, da goiva e da caneta.
O estilo tipográfico não se baseia em nenhuma tecnologia de
composição ou de impressão, mas no primitivo e não obstante su-
til ofício da escrita, As letras derivam sua forma dos movimentos
da mão humana, restringida e amplificada por uma ferramenta.
Essa ferramenta pode ser complexa como um instrumento de di-
gitalização ou um teclado especialmente programado ou simples
como um pedaço de pau afiado. Em ambos os casos, o essencial
está na firmeza e na graça do próprio gesto, não na ferramenta
com que é feito.

157
7.4 A PLURALIDADE DA HISTÓRIA TIPOGRÁFICA.

Todo alfabeto é uma cultura. Toda cultura tem sua própria versão
da história e seu próprio acúmulo de tradições — este capítulo
abordou apenas a história recente de um único alfabeto. Os
alfabetos e silabários árabes, armênios, birmaneses, cheroguis,
S
creenses, cirílicos, devaganáris, geórgios, gregos, guzarates, he-
braicos, japoneses, coreanos, malasianos, tâmiles e telugus — para
citar apenas uns poucos — têm suas histórias próprias, em alguns
casos tão intrincadas ou longas quanto a história das letras latinas,
oi

ou mesmo mais longas. Esse é, evidentemente, o caso da escrita


logográfica dos chineses. Em alguns momentos essas histórias se
encontraram; em outros, divergiram. Neste início de século 21 é
possível observar um inédito grau de convergência, No entanto,
é

o desafio e a motivação da tipografia multilíngiie ainda devem



Di

muito ao compartilhamento momentâneo de uma página por


histórias tipográficas diversas. Os tipógrafos que trabalham com
múltiplos alfabetos são multiplamente abençoados: a eles é dada a
chance de aprender tanto a história da cultura quanto os aspectos
técnicos de cada escrita em questão.
As histórias dos tipos gregos e cirílicos são contadas mais
sucintamente no capítulo 1;a produção e a herança das fundições
individuais são brevemente resumidas no apêndice z.

158
DANDO FORMA À PÁGINA.

Um livro é um espelho flexível da mente e do corpo. Seu tamanho


e proporções gerais, a cor e a textura do papel, o som que produz
quando as páginas são viradas, o cheiro do papel, da cola e da
tinta, tudo se mistura ao tamanho, à forma e ao posicionamento
dos tipos para revelar um pouco do mundo em que foi feito. Se
o livro se parecer apenas com uma máquina de papel produzida
conforme a conveniência de outras máquinas, só máquinas vão
querer lê-lo.

8.1 PROPORÇÕES ORGÂNICAS, MECÂNICAS E MUSICAIS

Uma página - como um edifício ou uma sala — pode ter qual-


quer tamanho e proporção, mas algumas são nitidamente mais
agradáveis que outras, e algumas têm conotações bem específicas.
Um folheto que se abre e se reabre na mão é intrinsecamente
diferente de uma carta formal, que descansa plana e imóvel, ou
de um bilhete manuscrito que se dobra em quartos e se coloca
em um envelope com outra forma e tamanho. E todas essas
modalidades, por sua vez, são diferentes de um livro, no qual as
páginas fluem segiiencialmente aos pares.
Por uma questão de conveniência, muita tipografia se baseia
nos tamanhos padronizados dos papéis industriais, que vão das
folhas de impressão no formato 66 x 96 cm aos cartões de apre- No texto original,
sentação convencionais no formato 5,5 x 8,4 cm. Alguns formatos, os formatos
informados são
tais como os dos encartes dos CDs, estão condenados a restrições os da indústria
de tamanho especialmente rígidas. Mesmo assim, muitos projetos norte-americana:
tipográficos começam com a oportunidade e a necessidade de 88,9 x 114,3 cm e
88,9 x 50,8 mm.
selecionar as dimensões da página.
[nt]
Raramente a escolha é livre. Uma página com 31 x 48 cm, por
exemplo, será provavelmente inconveniente e cara, pois excede os
29,7 x 42 cm do formato A3 - uma unidade industrial padronizada.
Um folheto com 12,7 x 22,8 cm, por sua vez, pode ser inaceitável,
não importa quão belo seja, pois não cabe num envelope comer-
cial padrão, que tem 11,9 x 22,4 cr. Mas uma vez estabelecido o
reino da praticabilidade,e sabendo-se que as dimensões da página
deverão respeitar certos limites, como é que se escolhe? Adota-se
o que for mais fácil, maior, ou que tiver o tamanho padrão mais
conveniente? Confia-se cegamente no instinto?

159
Nessas questões, a intuição comporta-se muitas vezes como
uma memória disfarçada: funciona muito bem quando é treinada
e do contrário precariamente. Em um ofício como a tipografia,
no entanto, é útil estar habilitado a calcular as respostas com
exatidão, não importa o quão se tenha os instintos perfeitamente
afiados. Nesse aspecto, a história, as ciências naturais, a geometria
Proporções e a matemática são todas relevantes para a tipografia — e é sempre
orgânicas, possível contar com a sua ajuda.
mecânicas e Os escribas e os tipógrafos, assim como os arquitetos, têm
musicais configurado espaços visuais há milhares de anos. Algumas pro-
perções são recorrentes em seus trabalhos porque agradam ao
olho e à mente). assim como alguns tamanhos são recorrentes
Porane-siorconforiáveis para g(mão, Muitas dessas proporções
são inerentes a figuras geométricas simples, como o triângulo
equilátero, o quadrado, o pentágono, o hexágono € o octógono
regulares. Elas não só parecem agradar a pessoas de séculos e pa-
íses muito distintos como também são proeminentes na natureza,
Duas obras úteis muito além do âmbito humano. Elas ocorrem nas estruturas de
sobre forma e. moléculas, cristais minerais, bolhas de sabão e flores, bem como
estrutura orgânicas
são: D'Arcy em livros, templos, manuscritos e mesquitas.
Thompson, On As tabelas nas páginas 164--65 listam algumas proporções de
Growth and página derivadas de figuras geométricas simples. Elas ocorrem
Form [Forma e
crescimento) (ed. repetidamente na natureza e as páginas que as incorporam são
rev. 1942) e Peter recorrentes em manuscritos e livros da Europa renascentista, das
S. Stevens, Patterns dinastias chinesas Tâng e Sông, do Antigo Egito, do México pré-
in Nature [Padrões
na natureza) colombiano e da Roma antiga. Parece que sua beleza vai além da
(1974). Outro questão do gosto regional ou da última moda. Portanto, trabalhar
livro igualmente ebrincar com elas pode servir a dois propósitos: desenvolver bons
importante
a respeito de instintos tipográficos e obter referências úteis para a análise de
estruturas feitas desenhos antigos e para o cálculo de novos projetos.
pelo homem é Várias outras proporções foram incluídas nas tabelas para
Symmetries of
Culture; Theory and servir de comparação. Há muitas razões numéricas simples, vários
Practice of Plane tamanhos industriais padronizados e diversas proporções que
Pattern Analysis envolvem quatro números irracionais importantes na análise
[Simetrias da
cultura: teoria e de estruturas e processos naturais. São eles; 1 = 3,14159..., que
prática da análise equivale ao perímetro de um círculo cujo diâmetro é igual a
de padrões planos) um; V2 = 1,41421...5 que é a diagonal de um quadrado de lado
(1988), de Dorothy
Washbura & igual a um; e = 2,71828..., que é a base dos logaritmos naturais;
Donald Crowe, e q =1,61803..., número que será discutido em profundidade na
próxima seção. Algumas dessas proporções reaparecem no corpo
humano; outras, nas escalas musicais, De fato, um dos sistemas
mais simples para definir as proporções de uma página baseia-se

160
nos intervalos recorrentes da escala diatônica, Na Europa, o uso
das páginas que incorporam essas proporções musicais básicas
é corriqueiro, há mais de mil anos.
Dimensionar e espacejar tipos, assim como compor e tocar
música ou pintar uma tela, tem muito a ver com intervalos e
diferenças. À medida que a textura é construída, relações preci-
sas e discrepâncias mínimas ficam perceptíveis. Estalebecer as Dando
dimensões gerais de uma pápina é em grande parte uma questão forma à
de somas e limites. Nesse âmbito, é normalmente suficiente — e página
melhor — que a harmonia estrutural seja mais implícita que im-
posta. Essa é uma das razões pelas quais os tipógrafos tendem a
se apaixonar por livros. As páginas flexionam-se e viram-se; suas
proporções fluem e refluem em relação à forma subjacente, Mas a
harmonia dessa forma não é menos importante nem mais difícil
de perceber que a harmonia das formas das próprias letras.
A página é um pedaço de papel, mas também é uma propor-
ção visível e tangível, que soa em silêncio o baixo contínuo do
livro. Nela descansa o bloco de texto, que precisa dialogar com a
página. Os dois juntos — página e bloco — produzem uma geome- Em chinês,a
tria polifônica, que por si só é capaz de prender o leitor ao livro, área de texto é
conhecida como
mas também de fazê-lo dormir, enervá-lo ou afugentá-lo. vixin (RS),
A aritmética e a matemática também podem afastar alguns uma expressão
leitores, e este capítulo está salpicado de ambas. Os leitores bem bastante útil. Yê
significa página;
podem se perguntar se isso realmente é necessário tão-somente xin significa
para escolher o lugar que um bando de letras deve ocupar no coração e mente,
papele ele deve ser cortado. Naturalmente, a resposta é não. Não
é minimamente necessário entender de matemática para fazer o
que ela descreve. Quem anda a pé ou de bicicleta não precisa das
análises matemáticas a respeito dessas operações tão complexas.
Conchas e caracóis constroem espirais logarítmicas perfeitas sem
precisar de nenhuma tabela logarítmica, régua de cálculo ou teo-
ria de séries infinitas. O tipógrafo também pode construir belas
páginas sem saber o significado de símbolos como x ou q e até
megmo sem saber somar e subtrair, se tiver um olho bem-educado
e souber que teclas apertar na calculadora e no teclado.
A matemática não está aí para impor trabalhos forçados a
ninguém; ao contrário, seu único propósito é o prazer. Ela está
aí para garantir o prazer daqueles que gostam de examinar o que
estão fazendo, o que fizeram ou o que farão, talvez na esperança
de fazê-lo ainda melhor. Aqueles que preferem atuar sempre de
modo direto, deixando a análise para outros, podem se contentar
em memorizar as figuras deste capítulo e pervagar o texto.

161
8,1:2

Proporções
orgânicas,
mecânicas e
musicais
7º maior, 8:15 7º menor, 9:16

6' maior;3:5 6:menor,5:8

| 5,213 | si dim/4º aum, 1: 2 41,3:4

3 maior, 4:5 3º menor, 5:6

2º maior, 8:9 2? menor, 15* 16

uníssono, 1:1

Correspondência entre as proporções de página e a escala cromática,


do uníssono (embaixo) à oitava (no topo). As correlações musicais são
mostradas em detalhe na página oposta.

162
PROPORÇÕES DE. PÁGINA COMO INTERVALOS MUSICAIS

oitava 1:2 1:2 c-c” quadrado duplo

7º maior 8:15 1:1875 C-B


— y2menor 9:16 1:1,778 c-BL t livros Dando
— 6º maior 3:15 1:L,667 c-A (estreitos forma à
6º menor 5:18 1:16 C-A -1:Q página

5º 2:3 U15 c-g


«dim º .
5º dim NE ats44 c-Gb página O valor da quinta
4º aum. 3 c-FÊ auto-replicante diminuta e da
quarta aumentada
é calculado aqui
4º 3:4 1:4333 C-E de acorda com o
sistema musiçal da
“escala temperada”.
3º maior 4:5 1:1,25 C-E -q:z Todos os outros
L— 3º: menor 5:6 1:42 c-EL | livros intervalos são
2º maior 8:9 Lis c-D [largos calculados de
acordo com
2º menor 15:16 1:1,067 C-D o sistema da
“escala justa”.
uníssono 1:11 11 c-c pág quadrada

Formatos de página derivados da escala cromática, As duplas de páginas que


incorporam as proporções acima são mostrados na página oposta.
Os intervalos perfeitos (quinta e quarta) coincidem exatamente com os for-
matos de página favoritos da Idade Média européia, que ainda se encontram
em uso: são as proporções de página 2:3e3:4. Os tipógrafos da Renascença
faziam uso extensivo de páginas mais estreitas, que correspondem aos maio-
res intervalos impuros (sexta e sétima maiores e menores).
Cada formato de página tem um par com o qual se alterna. Se uma página
de proporção 5 : 8 for dobrada, produzirá uma folha de proporções 4.: 5. Se
for dobrada mais uma vez, produzirá novamente outra folha de proporções
5:8, Da mesma maneira, a proporção 1 : 2 alterna-se com a proporção 1:1.
A proporção 3: "2, que corresponde à quinta diminuta e à quarta aumentada
da “escala temperada”, é à única que se alterna consigo mesma.
Em termos musicais, essas proporções alternantes formam inversões
harmônicas (a inversão harmônica de uma quinta, por exemplo, é uma quarta,
e a inversão harmônica de uma sexta menor é uma terça maior). O total da
soma de cada um desses pares de intervalos é sempre uma oitava.

163
Proporções de página e bloco de texto Tamanhos em cm

Quadrado duplo 1:2 N,4xX22,9 12,77 X 25,4 144X27,9


oitava Octógono alto 1:1,924 N,9x 22,9 13:2X 25,4 14,5 X 27,9
8:15 1:1,875 12,22X 22,9
7º maior Hexágono aito 1:1,866 14,1X27,9
Octógono 1:1,848 V,5 x 22,9 13,7 X25,4 15,2 x 279

5:19 151,8 12,7 X22,9


9:16 1:1,778 133x22,9
7 menor HEXÁGONO = 1:/3 1:1,732 12,5X21,6 13,2 X 22,9 16,3 x 27,9
Pentágono alto 1$1,701 12,7x 21,6 13,5x22,9 16,5x 27,9
3:5 1:1,667 13x21,6
6º maior Folha legal 1:1,647 21,6 x 35,6
SEÇÃO ÁUREA 7:1,618 13,5 x21,6 14,2X22,9 14,2x 27,9
5:8 1:1,6 12,7 X20,3
6º menor PENTÁGONO 1:1,539 14.x21,6 15x 22,9 18,3 X 27,9
2:3 11,5 15,2 X 22,9 18,5 x 27,9
quinta Iso =1:N2 1:1,414 16,3x 22,9 18x 25,4 19,8 x 27,9
s:7 1:14
Pentágono pequeno 1:1,376 16,5 x 22,9 18,5 x 25,4 20,3 X 27,9
3:4 1:1,333 17,3X 22,9 191 X25,4 22,9X30,5
quarta Meio octógono alto 1:1,307 17,5X22,9 19,6 x 25,4 21 13 xX27,9

Folha formato carta 1:1,294 21,6 x 27,9


4:5 111,25 18,3 x 22,9 20,3 X 254 22,4X 27,9
3º maior Meio octógono 1:1,207 211X25,4 231X27,9
5:6 171,2 19,1 x 22,9
3º menor M Pentágono truncado 1:1,176 21,6 x 25,4 239X279
6:7 1:1,167 19,6 x 22,9
ea 1:1,156
Hexágono virado 1:1,155 19,8x 22,9 221X25,4 241X27,9
8:9 1:1,125 20,3 x 22,9 22,6 x 25,4 24,9% 27,9
2 maior Octógono alto cruz. 1:1,082 21,1x22,9 23,6 x 25,4 25,9 X 27,9
15:16 1:1067. 21,3X22,9 23,9 X 25,4 26,7 x 27,9
2 menor Pentágono virado 1:1,081 21,8x 22,9 24,1X25,4 26,7 x 27,9
QUADRADO 7:13 254X 25,4
nos

22,9X22,9 219% 2h9


unissono Pentágono largo 1:0,99 22,9xX22,9 2534X 2441 279 xX26,7
Octógono largo cruz. 1:0,924 23,4X21,6 25,4% 23,4 219X 25,7
9:8 1:0,889 244% 21,6 27,9x24,9
2º maior Hexágono largo 1:0,866 24,9x21,6 254X221 27,9 X 24,1
has!

Octógono cruz, cheio 1:0,829 26,2x 21,6 25,4X21,1 2149X234

54 1:0,8 26,9 x 21,6 27,9X 22,4

3º maior Folha carta horizontal 1:0,773 22,9X 21,6 25,4X19,6

164
Proporções de colunas Tamanhos em paicas

a Quadrado quádruplo 1:4 10x 40 Nx44 12x48 oitava dupla


1: As 1:3,873 10x39
4:95 1:3,75 12X45 14º maior
5:18 1:3,6 10x36 12xX43
9:32 1:3,556 nx39 14º menor
1:iz 1:3,464 ux38 15x52
b Asa octogonal 113414 12X41
3:10 1:3,333 12x 40 15xX50 13º maior
1:29 1:3,236
5:16 1:32 15x48 13º menor
1:NiO 1:3,162 12x38
WT 1:3,142 14x44
c Pentágono duplo 1:3,078 2x37 14x43 16x49
d Quadrado triplo 1:3 12x 36 14X42 16x 48 12
e Asaoctogonallarga 1:2,993
z 1:2/2=1:N8 1:2,828
f Asa pentagonal 1:2,753 16 x44
1:e 1:2,718 14.x38 18x 49
3:8 1:2,667 15x 40 18x 48 E
wNZ 1:2,646
g Seção ampliada 1:2,618
h Coluna octogonalalta 1:2,613 18x 47
i Coluna octogonal!
média 1:2514
215 1:25 16x40 18x 45 20x 50 10º maior
j Coluna octogonal
curta 112414
5:12 N:24 20 x 48 10º menor
k Asa hexagonal 1:2,309 16x37 20x 46
m Pentágono duplo
truncado 1:2,252
4:9 1:2,25 20X 45 9º maior
1: 5 1:2,236 w7x38 23X47
sin 1:22 20xX44 24X 53
13:32 1:2,133 24x52 9º menor
A Quadrado duplo 12 18x36 21x42 24x 48 oitava

[Os intervalos listados na coluna da direita desta página são intervalos com-
postos da escala cromática. Oitava + segunda menor = nona menor; oitava +
terça maior = décima maior; oitava + quinta = décima-segunda etc.]

165
L
y

> O
Proporções

O
orgânicas,
mecânicas e
musicais

KA
oi
Ss
S

o
ES
E PRefsão Páginas derivadas do pentágono: F pentagonal alta, 1: 1,707; H pentago-
mostrados aqui nal, 1:1,539; ] pentagonal curta, 1 : 1,736; M pentagonal truncada, 3: 1, 176;
na forma de
páginas duplas, P pentagonal virada, 1 : 1,051; R pentagonal larga, 1 : 0,951; fasa pentagonal,
H,)Memsão 1:2,753; m pentágono duplo truncado, 1 : 2,252. A página pentagonal difere
mostrados como em 2% do formato padrão norte-americano para o pequeno livro comercial,
páginas simples.
que equivale à metade do formato carta: 215 x 276 mm. À seção áurea, uma
proporção de página mais eminente, também está presente no pentágono (ver
página 172). Na natureza, a simetria pentagonal é rara em formas inanimadas,
As bolhas de sabão empilhadas parecem esforçar-se para obtê-la mas nunca
são bem-sucedidas de todo, e não há cristal mineral que tenha uma verdadeira
estrutura pentagonal, mas esta é um componente básico de muitos seres
vivos — das rosas e amores-perfeitos aos ouriços e estrelas do mar.

166
Dando
forma à
página

Páginas derivadas do hexágono: € hexagonal alta, 1 : 1,866; E hexagonal, Todos os formatos


1:3=1:1,732; N hexagonal virada, 1:1,155; T hexagonal larga, 1: 0,866; desta página
são mostrados
k asa hexagonal, 1 : 2,309. O hexágono consiste em seis-triângulos equilá- em forma de
teros, e cada um desses forrnatos de página pode ser derivado diretamente páginas duplas.
do triângulo. O que o hexágono faz é meramente clarificar seu caráter de
imagem espelhada, como nas páginas de um livro. As estruturas hexagonais
estão presentes tanto no mundo orgânico quanto no inorgânico — nos lírios
e nos ninhos de vespas, por exemplo, e nos flocos de neve, cristais de sílica
e no solo lodoso crestado pelo sol. As proporções da página hexagonal larga
estão a 0,1% da razão natural n/e, enquanto a página hexagonal virada (que
equivale ao hexágono largo rotacionado a 90º) se aproxima da razão e/r (a
página hexagonal usada neste livro é analisada na página 6).

167
N
4

N
Proporções
orgânicas,
mecânicas e
musicais

B,D,0,SeUsão Páginas derivadas do octógono: B octogonal alta, 1: 1,924; D a página octogo-


mostrados como nal, 1:1,848; K página meio octogonal alta, 1 : 1,307; L página meio octogonal,
páginas duplas.
1:1,207; O octógono alto cruzado, 1: 1,082;S página octogonal cruzada larga,
1:0,924; U página octogonal cruzada inteira, 1: 0,829; b asa octogonal, 1 :
3414; e asa octogonal larga, 1 : 2,993; , 1, j colunas octogonais alta, média
ebaixa, 1:2,613,1:2,514€1:2,414.À página meio octogonal alta (K), usada
no tempo dos romanos, difere 1% do padrão carta norte-americano. Seriam
as proporções derivadas do pentágono e do hexágono mais agradáveis do
que aquelas derivadas do octógono? Seja como for, elas são muito mais fre-
quentes do que as formas octogonais na estrutura das plantas floridas e em
toda parte no mundo animado.

168
Dando
forma à
página

Páginas derivadas do círculo e do quadrado: A página quadrado duplo, 1:2; Com exceção
Z página quadrado largo, que é o padrão Iso, 1: Y2m 1:1,414; Q quadrado de Zuntodos os
perfeito; z duplo 150,1 :22m1:2,828. A proporção 1 : (2 equivale à relação página são
do lado com a diagonal de um quadrado. Um retângulo com essas proporções — apresentados como
(e somente ele) pode ser cortado pela metade ou duplicado indefinidamente, páginas duplas.
produzindo novos retângulos com a mesma proporção. Por essa razão, essa
proporção foi escolhida como a base dos formatos de papel iso (sigla inglesa
da Organização Internacional de Padronização). A folha a4, por exemplo, é o
tamanho-padrão de carta europeu e brasileiro: 210 x 297 mm.
A página iso ou de quadrado largo está latente não apenas no quadrado
mas também no octógono.

169
AO

Proporções
orgânicas,
mecânicas e
musicais

AZ AI

A4 A3

AS

Tamanhos de folha so: Ao=841xN89gmm A3=297x420 mm


Al=594xX84imm A4=210xX297 mm
AZ=420x594Mmm AS=148x210mm

Dobrar uma folha de proporções 1 : V2 irá resultar em uma folha com meta-
de do tamanho mas com as mesmas proporções. Tamanhos-padrão de papel
baseados nesse princípio estão em uso na Alemanha desde o início dos anos
1920. À base do sistema é a folha Ao, que tem área de 1 mº. No entanto, jus-
tamente porque ela é unicamente recíproca a si mesma, a página Iso é, em seu
isolamento, o menos musical de todos os principais formatos de página, e
precisa de um bloco de texto de outro formato para ganhar contraste.

170
8.2 A SEÇÃO ÁUREA

A seção áurea é uma relação simétrica feita de partes assimétricas,


"Dois números, formas ou elementos incorporam a seção áurea
quando o menor está para o maior assim como o maior está
para a soma dos dois. Isto é a: b = b: (a + b). Na linguagem
da álgebra, essa razão Ei: q =1:(1+ 5 )/2, e na linguagem da Dando
trigonometria é 1 : (2 sin 54º). Seu valor aproximado em termos forma à
decimais é1:1,61803. Tm Página
O segundo termo dessa razão, q (a letra grega phi), é um
número com várias propriedades raras. Se você somar 1 a q, vai
obter seu quadrado (y x q). Se subtrair 1 de q, vai obter sua re-
ciproca (1/9). E se multiplicar q indefinidamente por ele mesmo
obterá uma série infinita feita de uma única proporção, que é 1: q.
Representados na forma tipográfica que os matemáticos apreciam,
esses comportamentos assumem a seguinte forma:

pri=q?

q-1=1/q

quia=iiq=qiç'=qriç'=q'qt=qtiçê..

Se procurarmos uma aproximação numérica da razão 1: q,


iremos encontrá-la em uma sequência chamada série de Fibonacci,
em referência a Leonardo Fibonacci, um matemático do século 13.
Embora tenha morrido dois séculos antes de Gutenberg, Fibonacci
é tão importante na história da tipografia quanto na da matemática
européias. Ele nasceu em Pisa, mas estudou no Norte da África.
Ao voltar, apresentou a matemática árabe aos estudiosos do Norte
da Itália e os algarismos arábicos aos seus escribas.
Como matemático, Fibonacci interessou-se por vários pro-
blemas, entre os quais o da propagação ilimitada. O que acontece
— ele se perguntava - se tudo procriar e nada morrer? À resposta
é uma espiral logarítmica de crescimento, Expressa numa série
de números inteiros, essa espiral toma a seguinte forma:

O1:1:2:3:5-8-13-21:34-55:89-144:233:377- 610-
987 + 1.597 * 2.584 - 4.181 + 6.765 - 10.946 - 17.711 - 28.657...

Aqui, depois dos dois primeiros termos, cada termo é a soma


dos dois termos precedentes. Quanto mais longe prosseguirmos

171
A seção
áurea

A área reticulada
representa um
espelho de duas
páginas no qual
cada uma incorpora
a seção áurea. À raiz
da espiral, que é o
33
umbigo da página,
fica na intersecção
das diagonais. Essa
é uma estrutura
da Renascença:
mensurada e
formada com
precisão, mas ao
mesmo tempo
aberta e incontida.
Assim como
a imagem que G seção durea, 1: =1:1,618.... No pentágono, o lado s e a corda cincorpo-
Thoreau fazia da
mente (página ram a seção áurea. O pequeno está para o maior assim como o maior está
78), ela é hipetra para o todo, ous:c=c:(s+<). Quando duas cordas se entrecruzam, elas se
(compare-a com a dividem mutuamente na mesma proporção: a :b=b:c, ondec=a+b. Mais
estrutura medieval
da página 189, ainda: b=s. Portanto, a:s=s:c=e:(s+)=1:Q.
igualmente elegante Uma sequência evolutiva de figuras que incorporam a seção áurea também
porém fechada, e define o caminho de uma espiral logarítmica, Se os comprimentos dos lados
com a estrutura
resolutamente linear dessas figuras forem arredondados para os números inteiros mais próximos,
da página 170). o resultado é uma série de Fibonacci feita de números inteiros.

172
nessa série, mais perto chegaremos de uma aproximação precisa
do número q. Ássim5:8=1:1,6;8:13=1:1,62513:21=
1: 1,615; 21:34 = 1: 1,619 e assim por diante,
No mundo da matemática pura, essa espiral do crescimento
que é a série de Fibonacci segue infinita. No mundo dos mortais,
a espiral é logo e repetidamente interrompida pela morte e por
outras considerações práticas - mas é ainda assim visível a curto Dando
prazo. Essas versões abreviadas da série de Fibonacci e da pro- forma à
porção 1: q podem ser vistas nas estruturas de abacaxis, pinhas, página
girassóis, ouriços-do-mar, caracóis, conchas nautilóides e também
nas proporções do corpo humano,
Se convertermosa razão 1: ou1: 1,61803 em porcentagens, A seção áurea,
a parte menor será próxima de 38,2% e a maior será de 61,8% do 1: 4 difere em,
aproximadamente
todo. Mas é possível achar as proporções exatas da seção áurea em 1% do intervalo
várias figuras geométricas simples. Entre elas estão o pentágono, da sexta menor na
onde as proporções são relativamente óbvias, e o quadrado, onde escala cromática,
A proporção 5:8,
elas se escondem nas profundezas. Girassóis, caracóis e seres hu- que é o valor
manos que usam a seção áurea não a inventam; eles a escolhem. aritmética da sexta
A seção áurea era muito admirada pelos geômetras e arqui- menor musical, é
frequentemente
tetos da Grécia clássica e por matemáticos, escribas e arquitetos usada em
renascentistas, que faziam frequente uso dela em seu trabalho, Foi tipografia como
também muito admirada por artistas e artesãos — incluídos aí os uma aproximação
grosseira da
tipógrafos - na era moderna. A série de livros Penguin Classics seção áurea.
foi fabricada por mais de meio século com o tamanho-padrão de
111 X 180 mm, que incorpora a seção áurea. O sistema Modulor
do arquiteto suíço Le Corbusier também se baseia nela.
Se os corpos tipográficos forem escolhidos de acordo com a
seção áurea,o resultado será novamente uma série de Fibonacci:

(a) 5:8:13:21:34:55:
89...

Sozinhos, esses tamanhos já são.adequados a muitas tarefas


tipográficas. No entanto, para criar uma escala de corpos mais
versátil, uma segunda e uma terceira série podem ser intercaladas.
As possibilidades incluem:

(b) 6-10-16-26:42-68-u0...
(co) 4:7-1-18-29- 47-76...

Essas três séries — a, b e c — obedecem à regra de Fibonacci


(cada termo é a soma dos dois precedentes). A série b também se
relaciona com a série a pela simples duplicação de seus termos.

173
A combinação de a e b é, portanto, uma série de Fibonacci dupla
com incrementação simétrica, o que forma uma escala de corpos
tipográficos muito versátil:

(d) 6-8-10-13-16:21:26-34:42:55+
68...

A seção A série de Fibonacci dupla utilizada por Le Corbusier em sua


áurea obra arquitetônica (com outras unidades de medida) também é
útil à tipografia de um modo similar:

(9) 4
5
6%
8 io
13
à7
21
2h
34
ag
55
2
89

g d f ck

Como achar a seção áurea em um quadrado, Comece com o quadrado abcd.


Bisseccione-o (com a linha ef) e desenhe uma diagonal em cada metade (ec
e ed). Forma-se um triângulo isósceles, cde, composto de dois triângulos
retângulos, Estenda a base do quadrado (desenhe a linha gk) e projete cada
uma das diagonais (as hipotenusas de cada um dos triângulos retângulos)
sobre a base estendida. Agora ce = cg e de = dk. Desenhe o novo retângulo
efgh. Ele e sua imagem espelhada, ejkf, têm, cada um, as proporções da seção
áurea. Ou seja, ch: gh= gh: (gh +eh)=ej:jk=jk:(jk+ej)=1: p (compare
o resultado com a figura Z, na página 169).

174
Dando
forma à
página

A relação entre o quadrado e a seção áurea é perpétua. Cada vez que um


quadrado é subtraído de uma seção áurea, resta uma nova seção áurea. Se
dois quadrados sobrepostos são formados dentro de uma seção áurea, dois
retângulos menores com as proporções da seção áurea são criados nas ex-
tremidades, junto com uma coluna central estreita de proporções 1:(p +1)
=1:2,618. É a seção ampliada g, que aparece na tabela da página 165, Se um
quadrado for subtraído dessa coluna, a seção áurea será restaurada.

175
A seção
áurea see PARÁGRAFO,
por exem-
plo, foi recuado de acordo com a seção áurea. O recuo está para
o restante da linha assim como o restante da linha está para a
largura de coluna. Aqui, a medida equivale a 21 paicas e a inden-
tação equivale a 38,2% disso, ou seja, a 8 paicas.
A margem de A margem de abertura tem sete linhas
abertura é o (aqui iguais a 7 paicas). Se somarmos a ela a paica de espaço em
espaço em branco
adicional no topo branco criada pelo próprio recuo, teremos um quadrado imagi-
da página. [nr] nário de 8 paicas no canto superior esquerdo do bloco de texto.
O tamanho da capitular elevada relacio-
na-se por sua vez com o do recuo e 0 da margem superior. Oito
paicas equivalem a 96 pt e 61,8% disso são 59,3 pt. Mas a relação
entre um tipo de 59 ou 60 pt e um recuo de 8 paicas seria difícil
de perceber, já que uma letra de 60 pt não tem a altura visível de
60 pt. Por isso, a inicial usada aqui tem altura de versal efetiva de
60 pt. Dependendo do tipo, ela poderia ter qualquer valor nominal
entre 72 e 100 pt; aqui, trata-se de uma Castellar de 84 pt.

8.3 PROPORÇÕES DA PÁGINA EM BRANCO

83.1 Escolha proporções de página inerentemente satisfatórias


em vez de tamanhos em estoque ou formatos arbitrários.

As proporções de uma página são como os intervalos na música.


Em um dado contexto, algumas são consoantes e outras disso-
nantes, Algumas são familiares; outras são também inescapáveis,
por sua presença nas estruturas do mundo natural e do mundo
construído. Algumas proporções também parecem particular-
mente ligadas aos seres vivos. É verdade que o desperdício au-
menta se uma página A4 (210 x 297 mm) for cortada no formato
185,6 X 297 mm 01 148,5 x 297 mm, ou se uma página de livro de
140 x 210 mm for estreitada para 131,3 X 210 mm. Mas uma página
orgânica é visível e sensivelmente diferente de uma mecânica, e o
seu próprio formato pode suscitar certas reações e expectativas
no leitor, independentemente do texto que contiver.

176
8.3.2 Escolha proporções de página apropriadas ao conteúdo, ao
tamanho e às ambições da publicação.

Não há proporções ideais, mas algumas são nitidamente mais


imponentes e outras mais acanhadas. De um modo geral, uma
página de livro, assim como uma pessoa, não deve nem assumir
um ar de superioridade nem arquear-se. Formatos mais estreitos Dando
pedem uma espinha mais suave ou aberta, para que o livro perma- forma à
neça aberto ao ser folheado, e os tamanhos menores destinam-se página
apenas a textos que possam ser compostos em medidas estreitas.
A página estreita adapta-se melhor aos tamanhos maiores.
Em livros comuns com textos simples de tamanho modesto,
tipógrafos e leitores gravitam em torno de proporções que vão
daleveeágils:9 [1:1,8]atéa pesada esolene4:5 [1: 1,25).
Páginas mais largas do que 1 : V2 são úteis principalmente em
livros que necessitam do excesso de largura para acomodar mapas,
tabelas, notas laterais ou ilustrações grandes, e também em livros
nos quais é preferível usar múltiplas colunas.
Quando o trabalho envolve ilustrações importantes, são elas
que geralmente decidem a forma da página. É comum escolher
uma página um pouco mais alta do que a ilustração média, para
deixar um espaço em branco respirando no pé da página e permitir
a inclusão de legendas.A página e/x ou hexagonal virada, 1 : 1,16,
por exemplo, que é um pouco mais alta do que um quadrado per-
feito, é útil para originais quadrados, tais como fotos tiradas com
câmeras de formato quadrado. A página 71/e ou hexagonal larga,
1:0,87 é útil para fotos com proporção de paisagem no formato
4X 5,ea página octogonal cruzada cheia, 1: 0,83, para fotografias
de paisagem no formato mais largo de 35 mm (as transparências
de 35 mm sem corte incorporam a proporção 2 : 3).

8.3.3 Escolha proporções de página e de coluna cujas associações


históricas se ajustem ao seu projeto.

Os primeiros escribas egípcios - quando não escreviam na vertical


— tendiam a produzir linhas longas e colunas largas. Essa linha
egípcia reaparece em outros contextos ao longo dos séculos; nas
tabuletas imperiais romanas, nas escrituras e contratos da Europa
medieval e em muitos trabalhos mal projetados de prosa acadê-
mica do século 20. De um modo geral, isso é um sinal de que o
ato de escrever é mais enfatizado que o de ler, e de que a escrita
é vista mais como um instrumento de poder que de liberdade.

177
Ea prolixidade, oral ou visual, raramente é uma virtude.
Os primeiros escribas hebreus geralmente preferiam colu-
nas mais estreitas, e seus colegas gregos estreitavam-nas mais
ainda. Mas, assim como os egípcios, eles faziam rolos, não livros
costurados. Por isso, é difícil fazer comparações diretas entre o
seu trabalho e as modernas noções de página. Um rolo pode ser
Proporções aberto até onde for preciso, expondo uma, duas, três colunas, Essa
da página abordagem flexível do conceito de página sobrevive até certo
em branco ponto nos primeiros códices (livros costurados). Há alguns livros
antigos cuja largura é até três vezes maior que a altura, outros mais
próximos do quadrado e muitos com formas intermediárias.
Na Europa medieval, muitos livros — mas certamente não
todos — assentaram-se em proporções que iam de1:1,5a1:1,25.
Depois da construção dos moinhos, os papéis passaram a vir em
folhas com proporções que costumavam ser de 2: 3 [1:1,5] ou
3:4 [1:1,33]. Essas proporções, que correspondem aos intervalos
acusticamente perfeitos de quarta e quinta, também reproduzem
uma à outra a cada dobra. Se uma folha tem 40 x 60 cm [2 :3],
sua dobra produzirá uma folha de 30 x 40 cm [3 : 4], cuja dobra
por sua vez, produzirá uma folha de 20 x 30 cm e assim por
diante. As folhas de impressão de 25 x 38" [aproximadamente
2:3) ede20 x 26" faproximadamente 3: 4) usadas hoje na América
do Norte são sobreviventes dessa tradição medieval.
A proporção de página 1: Y2, que hoje é o padrão euro-
peu, também era conhecida pelos escribas medievais. A página
meio-octogonal alta, 1 : 1,3 (hoje preservada nos papéis-carta
norte-americanos) tem um pedigree similar. O Museu Britânico
tem um livro romano de placas de cera precisamente com essas
proporções, datado de cerca de 300 aC.
Ostipógrafos renascentistas continuaram a produzir livros na
proporção 1:1,5. Eles também desenvolveram certo entusiasmo
pelas proporções mais estreitas.As proporções 1 : 1,87 (hexagonal
alta),1 : 1,7 (pentagonal alta),1 : 1,67 [3:5] é claro,1: 1,62,a
seção áurea, eram usadas pelos tipógrafos venezianos antes do final
do século 15.À página mais estreita era preferida especialmente
para obras artísticas e científicas. Páginas mais largas e mais aptas
a acomodar uma coluna dupla eram preferidas para textos legais
e eclesiásticos (até hoje é mais comum encontrar bíblias, registros
judiciais, manuais hipotecários e testamentários compostos em
páginas largas do que livros de poemas ou romances).
As proporções de página renascentistas (geralmente entre
1:1,4€1: 2) sobreviveram até o barroco, mas os livros neoclás-

178
sicos freqiientemente se mostraram mais largos, retornando à
obesa proporção romana 1 : 1,3.

8.4 O BLOCO DE TEXTO

8.41 Seo texto convida à leitura contínua, componha-o em


colunas nitidamente mais altas que largas, Dando
forma à
O movimento horizontal predomina na escrita alfabética e, para página
os iniciantes, também na leitura. Mas o movimento vertical pre-
domina para aqueles que desenvolveram essa habilidade.A coluna
alta é um símbolo de fluência, um sinal de que o tipógrafo não
espera que o leitor decifre as palavras uma a uma.
As altíssimas e estreitíssimas colunas de jornais e revistas,
porém, viraram sinônimos de prosa descartável, de leitura displis-
cente e apressada.A largura um pouco maior não dá apenas mais
presença ao texto; ela sugere que ele pode merecer uma leitura
mais atenta e saborosa, uma citação e talvez uma releitura,

8.4.2 Faça com que a forma do bloco de texto se equilibre e


contraste com o formato geral da página.

Proporções úteis para os formatos de página também o são para


dar forma aos blocos de texto. Isso não quer dizer que as propor-
ções de ambos devam ser iguais, o que era muito frequente nos
livros medievais. Na Renascença, muitos tipógrafos preferiam
páginas mais polifônicas, em que as proporções da página e do
bloco diferem. Mas não faz sentido diferenciá-las se isso não for
feito com clareza e propósito de gradação, como ocorre com os
intervalos musicais,
Em que pese toda a beleza da geometria pura, um bloco de
texto perfeitamente quadrado em uma página perfeitamente
quadrada com margens iguais não é a melhor forma para se
encorajar a leitura. Ler, assim como andar, envolve navegação, e o
bloco quadrado de texto no bloco quadrado de papel não oferece
muitos marcos e pistas. Para dar um senso de direção ao leitor e
alguma vida e majestade à página, é preciso quebrar essa mesmice
inexorável e procurar um outro tipo de equilíbrio. Algum espaço
precisa ser estreito para que outro possa ser largo, e algum espaço
precisa estar vazio para que outro possa estar cheio.
No formato simples mostrado logo a seguir, uma página de
proporções 1 : 1,62 (a seção áurea) carrega um bloco de texto

179
A

cujas proporções são 1 : 1,8 [5 : 9). Essa diferença constitui um


acorde visual primário, que gera energia e harmonia na página.
Ele é complementado por harmonias secundárias geradas pelas
proporções das margens e pela posição do bloco de texto - não
no centro da página, mas no alto e atraído pela espinha.
No exemplo abaixo, o bloco de texto é simétrico, mas seu po-
O bloco de sicionamento não.À página esquerda é um espelho da direita, mas
texto não há espelhamento vertical. A dupla é simétrica na horizontal
(a direção na qual as páginas são viradas para frente e para trás à
medida que o leitor consulta o livro) mas assimétrico na vertical
(a direção na qual a página se assenta enquanto o olho do leitor
vai insistentemente abrindo caminho para baixo).
Esse entrelaçamento de simetria e assimetria, de equilíbrio e
contraste de formato e tamanho, não era novo quando esse exem-
plo foi projetado (Veneza, 1501). Os primeiros tipógrafos europeus
herdaram uns bons dois mil anos de pesquisa desses princípios
por seus antecessores, os escribas. Ainda assim, esses princípios
são bem flexíveis, e incontáveis novas páginas tipográficas simples
e duplas continuam esperando para ser projetadas.

Dupla de páginas de autoria provável de Francesco Griffo (Veneza, 1501). O


texto é a Eneida de Virgílio, inteiramente composto em um itálico de caixa-baixa
preciso e simples, 12/12 x 16, com versaletes romanos de aproximadamente
5 pt de altura. As dimensões originais da página são 10,7 x 17,3 Cm.

180
8.5 MARGENS & SATÉLITES

8.5.1 Inclua as margens no seu projeto.

Na tipografia, as margens têm três tarefas. Elas precisam amarrar


o bloco de texto à página e amarrar as páginas opostas uma à
outra com a força de suas proporções. Em segundo lugar, devem Dando
emoldurar o bloco de texto de um modo que se ajuste ao seu dese- forma
nho. Finalmente, precisam proteger o bloco de texto, facilitandoa página
visualização do leitor e tornando o manuseio conveniente (noutras
palavras, deixando espaço para os polegares).A terceira tarefa é
fácil, e a segunda não é difícil. A primeira é como escolher um
tipo: é uma oportunidade infinita para o jogo tipográfico e ao
mesmo tempo um sério teste de habilidade.
Talvez 50% do caráter e da integridade de uma página estejam
em suas letras. Boa parte dos outros 50% reside nas margens.

8.5.2 Inclua o projeto nas margens,

Os limites do bloco de texto raramente são absolutos. Eles são


mordiscados e pinicados por recuos de parágrafo, linhas brancas
entre seções, espaços entre colunas e pelo respiro das aberturas
de capítulo; são infestados por números salientes, parágrafos
ou títulos salientes, marcadores marginais, fólios (números de
página), títulos correntes, notas marginais e outros satélites
tipográficos. Esses elementos — sejam eles recorrentes como os
fólios ou imprevisíveis como as notas e os números marginais
— devem ser projetados para dar vida à página e para atar ainda
mais a página ao bloco de texto.

8.5.3 Marque o caminho do leitor.

Os fólios são úteis na maioria dos livros com mais de duas páginas.
Podem ficar em qualquer lugar agradável e fácil de achar na página,
mas na prática isso se reduz a: (1) no topo da página, alinhado
com a borda exterior do bloco de texto (um lugar comum para
fólios acompanhados de títulos correntes); (2) no pé, alinhado ou
levemente recuado em relação à borda exterior do bloco de texto;
(3) no quarto superior da margem externa, após o limite externo
do texto; (4) ao pé da página, centralizado horizontalmente sob
o bloco de texto (o que confere uma feição neoclássica mas não
é a melhor para navegação rápida). Fólios próximos aos cantos

181
externos são mais fáceis de achar nas páginas de um livro pequeno.
Emlivros e revistas grandes, o canto inferior externo é geralmente
a presa mais fácil para o ataque coordenado do olho e do polegar.
Fólios na margem interna raramente merecem consideração. São
invisíveis quando preciso e chamam muito a atenção quando não
estão fazendo nada. (É comum compor fólios em corpo de texto,
Margens e perto do bloco de texto. Eles sumirão se ficarem muito distantes,
satélites a não ser que sejam muito escuros, claros ou grandes. Reforçados
para sobreviver sós, provavelmente irão virar uma distração.)

8.5.4 Não reitere o óbvio.

Os títulos correntes têm servido de equipamento-padrão em


bíblias e em outras obras volumosas por dois mil anos. Máquinas
fotocopiadoras, capazes de separar com facilidade um capítulo
ou uma página do resto de um livro ou de um jornal, deram nova
importância aos títulos correntes de cabeça e de rodapé.
No entanto, a não ser por medida de segurança contra piratas
fotocopiadores, não faz sentido incluir títulos correntes na maior
parte dos livros que têm uma forte voz autoral ou um assunto
único, mas eles continuam sendo essenciais na maior parte das
antologias e dos trabalhos de referência, grandes ou pequenos.
Assim como os fólios, os títulos correntes criam um inte-
ressante problema tipográfico. Eles são inúteis se o leitor tem de
caçá-los e precisam distinguir-se do texto de algum modo; por
outro lado, eles não têm nenhum valor independente e não podem
se tornar uma distração.A composição dos títulos correntes com
versaletes espacejados do tamanho do texto, ou com o mesmo tipo
do texto em uma segunda cor, quando o orçamento o permite,
tem sido uma prática tipográfica comum desde 1501.

8.6 MALHAS CONSTRUTIVAS & ESCALAS MODULARES

8.61 Use uma escala modular se precisar subdividir a página.

As malhas são frequentemente usadas no desenho de revistas e


jornais e em outras situações em que elementos gráficos imprevi-
siveis precisem ser combinados de maneira rápida e ordenada.
As escalas modulares servem mais ou menos ao mesmo
propósito das malhas, mas são mais flexíveis. Uma escala modular,
assim como uma escala musical,é um conjunto to preestabelecido de
proporções harmônicas. Em essência, é uma régua cujas Unidades

182
Dando
forma à
Página

Malha-padrão para uma revista de três colunas

são indivisíveis (ou são tratadas como tais) e de tamanho não uni-
forme. A sequência tradicional de corpos tipográficos mostrada na
página 54, por exemplo, é uma escala modular. As segiências de
Fibonacci simples e duplas discutidas nas páginas 173-74 também
o são, Com efeito, essas escalas podem ser postas diretamente em
uso no desenho de páginas pela simples alteração de pontos para
paicas. Mais exemplos aparecem na página seguinte.
É perfeitamente possível criar uma nova escala modular para
qualquer projeto que a requeira, e ela pode se basear em qualquer
proporção conveniente, única ou múltipla - um dado tamanho
de página, por exemplo, ou as dimensões de um conjunto de
ilustrações, ou algo implícito no tema abordado, Uma obra de
astronomia poderia usar uma escala modular baseada em mapas
esteiares ou na !ei das distâncias interplanetárias de Bode. Um livro
sobre arte grega poderia ser desenhado usando-se os intervalos de
uma ou mais escalas musicais gregas, ou, é claro, da seção áurea.
Uma obra de literatura modernista poderia ser desenhada com o
uso de algo mais deliberadamente hermético - talvez uma escala
baseada nas proporções da mão do autor. De modo geral, uma
escala baseada em duas relações proporcionais (1: pq e1: 2,por
exemplo) produzirá resultados mais flexíveis e interessantes do
que uma escala apoiada numa única relação.
A escala modular de meia paica da página seguinte é na. Ver Le Corbusier,
verdade uma versão em miniatura da escala arquitetônica de Le Le Modulor
(Boulogne, 1950).
Corbusier, que é baseada nas proporções do corpo humano,

183
68H 687

Malhas
construtivas +] 55 1 55
+ 54
e escalas
151
modulares

H 46
4455 | 45T 4
420

H 37
34 7 34 1 34 133

30 + =) 30
a =] 28
26H 225 127

5 22.5 23)
7 21 "4 21 20 |
« H 19

16.H vo
H 15 145 H
4 + 4.5
13 1 13 4
10H 10.5 | 9 H 10 H 30
18 3 15 8 H
6H| 65 [1 6 H 1 6
sHT7º «HT 4 HH 45 45 H
A 3 25113 LH 3 3
2H 5 15 LH 2
O ' os! Em 05 chi
A B c D

Quatro exemplos de réguas modulares em paicas (com metade do tamanho


real). A Escala modular de paica inteira. B Escala modular de meia paica. Am-
bas são séries duplas de Fibonacci, baseadas nas razões 1: pe1:2.€ Escala
de intervalo medieval, baseada nas proporções 2:3 e 1:2. D Escala de Timeu,
uma versão simplificada da escala pitagórica descrita no Timeu de Platão.

184
Dando
forma à
página

Uso da escala modular. Páginas e blocos de texto foram subdivididos com a


escala modular de meia paica. As páginas têm 52 x 55 paicas (21,9 x 23,2 em)
com margens de 5,5,5 e 8 paicas. O bloco de texto básico é um quadrado de
42 paicas. Há milhares de subdivisões possíveis (ver mais exemplos comple-
xos baseados nos mesmos princípios em Le Modufor, de Le Corbusier).

185
8.7 EXEMPLOS

A fórmula para se desenhar uma página perfeita não direfe em


nada da fórmula utilizada para se escrever uma página perfeita:
comece pelo canto superior esquerdo e vá seguindo para a direita
e para baixo; depois, vire a página e tente de novo. Os exemplos
Exemplos nas páginas seguintes mostram apenas alguns dos muitos tipos
de estruturas tipográficas que podem aparecer pelo caminho,
De fato, a trama do texto e a alfaiataria da página são profun-
damente interdependentes. É possível discuti-las separadamente
e resolver seus problemas individuais formulando uma série de
perguntas simples. No entanto,as respostas a essas questões devem
confluir para uma única resposta no final. A página, o panfleto ou
o livro devem ser vistos como um todo se assim devem parecer.
Se eles parecerem ser apenas uma série de soluções individuais
para problemas tipográficos separados, quem vai acreditar na
coerência de sua mensagem?
Os seguintes simbolos são utilizados na análise dos exemplos
das próximas páginas:

Proporções: P = proporção de página: a/l


T = proporção do bloco de texto: b/m
Tamanho de página: [== largura da página (tamanho de corte)
a = altura da página (tamanho de corte)
Bloco de texto: m = medida (largura do bloco de texto principal)
b = altura do bloco de texto principal (excluindo
títulos cortentes, fólios etc)
A =altura da linha (entrelinha)
ns largura da coluna secundária
c= largura de coluna, quando há mais de uma
coluna em número par
Margens: e = margem da espinha (margem de trás)
t= margem de topo (margem de cabeça)
f= margem de fora (margem frontal)
mp = margem de pé
i= intercolúnio (em páginas com várias colunas)

As proporções de página e de bloco de texto (P e T nos exem-


plos) são dadas aqui como valores simples (1,414, por exemplo).
Para achar os mesmos valores na tabela da página 164, procure
pela mesma proporção (1 : 1,414, por exemplo).

186
Dando
forma à
página

P «= variável; T = 1,75. Margens: t = 2/12; mp = 1,5t; i=t/2 ou t/3. Colunas


de texto do Pergaminho a de Isaías, da caverna 1 de Qumran, Mar Morto. A
coluna tem 29 linhas de altura e 28 paicas de largura. O comprimento de linha
resultante tem cerca de 40 caracteres. Noutro ponto, as larguras variam de
21,5 a 39 paicas. Os parágrafos começam em novas linhas mas não são recua-
dos — em conformidade com a nitidez e o desenho quadrado dos caracteres
hebraicos. (Palestina, talvez século 1 aC.) Tamanho original: 26 x 725 cm.

P=15[2:3) T=1,7 [pentágono alto). Margens: e=t= //9; f= 2e. O texto é


um romance de fantasia atribuído a Francesco Colonna, Hyprerotomachia Po-
liphili, composto em uma fonte romana gravada por Francesco Griffo. (Aldus
Manutius, Veneza, 1499). Tamanho original: 20,5 x 31 em.

187
Exemplos

P= 1,62 [seção áurea]; T = 1,87 [hexágono alto]. Margens: e=I/g;t= e;f=2e,


Coluna secundária: i «= 1/75; n = e. O texto é composto com o tipo romano de
14 pt de Claude Garamond; as notas marginais são compostas com um itálico
de12 pt. O espaço entre o texto principal e as notas laterais é mínimo, de 6
ou 7 pt, contra uma medida principal de texto de 33,5 paicas. No entanto, as
diferenças de tamanho e desenha evitam qualquer confusão. O texto é uma
história da Guerra dos Cem Anos. (Jean Froissart, Histoire et Cronique. Paris:
Jean de Tournes, 1559) Tamanho original: aproximadamente 21 x 34 cm.

188
r Dando

XK forma à
Página
N
=

P=T=35[2:3]. Margens: e=l/g:t=a/o: f= 2e; mp = 2t, As margens estão, Os escribas que


portanto, na proporção e:t:f:mp=2:3:4:6.Uma estrutura medieval empregavam
este formato
básica, imponente e elegante, que funciona para qualquer página ou bloco frequentemente
de texto, desde que ambos fiquem em uníssono, As margens da espinha e projetavam
de topo podem ser nonos, décimos, doze-avos ou qualquer outra proporção suas páginas
de modo que a
derivada do tamanho da página. Os doze-avos, é claro, resultam numa página altura da linha
mais cheia e eficaz, com menos espaço em branco. Mas se a proporção da fosse um fator
página for de2:3 e as margens da espinha e de topo basearem-se em noros, par da margem
da espinha, Se
como ocorre aqui, a consonância do bloco de texto com a página será consi- A=s/gaaltura
deravelmente aprofundada, porque b = |, ou seja, a altura do bloco de texto do bloco de texto
será igual à largura da página. Assim, m:labra=l:a=m:bme:t=fimp será de 27 linhas,
SeA=s/4,ela será
= 2:3. O ponto a, onde as diagonais meias e inteiras se cruzam, situa-se a de 36 linhas.
um terço da distância para baixo e para o lado do bloco de texto e da página.
Jan Tschichold, 1955, a partir de Villard de Honencourt (França, c. 1280), Ver,
de Tschichoid, The Form of The Book (1991).

PÁGINA OPOSTA! P= 1,5 [2:3]; T = 2 [quadrado duplo]. Margens: e = fe [/5:


= e/2. Um livro de poemas inteiramente composto em um itálico caligráfico
com versais romanas, O designer e editor deste livro era um mestre calígrafo,
certamente atento para a tradição que reza que as margens internas devem
ser menores que as externas. Ele a respeitava em seus livros de prosa, mas
neste livro de poemas optou por centralizar o bloco de texto na página, Todo o
texto foi composto no mesmo tamanho, Os títulos foram compostos com as
maiúsculas da fonte de texto, espacejadas em aproximadamente 30%, Não há
títulos correntes ou outras distrações. (Giangiorgio Trissino, Canzone, Roma:
Ludovico degli Arrighi, c. 1523). Tamanho original: 12,5 x 18,75 cm.

189
Exemplos

P=1,5[2:3]; T=1,54 [pentágono de bloco de texto]. Margens: e =s 1/20; t =


e=aj3o;f=1/15=4e/3; mp = at. É o formato usado para o Índice da quinta
edição do Times Atlas of The World (Londres, 1975). A página tem um formato
medieval padrão. O texto é composto em Univers 5,5 pt com 0,1 pt de entre-
linha numa largura de 12 paicas subdividida em cinco colunas por página. As
colunas são separadas por os verticais finos. As palavras-chave e os fólios
no topo da página são compostos em Univers Semibold 16 pt (essas cabeças
foram incluídas no cálculo das dimensões e do formato do bloco de texto por
sua proeminência). O texto tem 204 linhas de altura, permitindo uma média
de mil nomes por página para 217 páginas. O Índice é uma obra-prima de seu
gênero: um potente símbolo tipográfico, um eficiente trabalho de referência e
um confortável texto de consulta. Tamanho original: 30 x 45 cm.

190
Dando
forma à
página

P=1,414 [N2]; T = 1,62 [P, à seção áurea]. Margens: e=t=l/gef=mp=


2e, Este é um formato simples para o posicionamento de um bloco de texto
com seção áurea em uma página iso, amarrando os dois com margens na
proporção 1: 2. Duas posições possíveis para os fólios aparecem aqui: na
margem superior externa e (como uma alternativa) abaixo do canto inferior
externo do bloco de texto. Também há um amplo espaço para notas late-
rais na margem externa, se necessário. Se as margens da espinha e de topo
dessas páginas forem aumentadas para //8, e se 0 bloco de texto e a página
forem mantidos em suas proporções, a relação das margens torna-se f= mp
= Pe, outra seção áurea,
.

PÁGINA OPOSTA: P = 1,1; T = 0,91; C= 1/6. Margens: & == [/14; fm 26; t 2a 38; mp=
3e/2; i= m/20. As proporções do bloco de texto são o recíproco das proporções
da página: 0,91 = 1/1,1, ou seja, o bloco de texto tem o mesmo formato da
página rotacionada a 909º. No entanto, se os intercolúnios forem removidos
do bloco de texto e as quatro colunas formarem um bloco sólido, o bloco de
texto terá a mesma forma da página na mesma orientação. Noutras palavras,
o bloco de texto foi expandido da mesma forma da página para a sua forma
recíproca única e inteiramente pela adição de espaço em branco. O texto é a
Bíblia Grega, composta em unciais, com aproximadamente 13 caracteres por
linha. Não há espaços entre as palavras, mas há alguma pontuação e o texto
tem um leve desalinhamento à direita, com quebras de linha escolhidas cui-
dadosamente. Esta peça de sutil habilidade artesanal foi produzida no Egito
no século 4. É o Codex Sinaiticus, Add. Ms. 43725, na Biblioteca Britânica,
Londres. Tamanho original: 34,5 x 38 em,

191
Exemplos

P= 1,414 [N2]; T = 2 [quadrado duplo]. Margens: e = [/12; mp = 2t= ajg; f=


1/3. A larga margem externa desse livro manuscrito tinha um propósito: ficou
deliberadamente vazia para que o proprietário pudesse adicionar notas late-
rais. O texto é uma segilência de poemas curtos do poeta romano Horácio,
escrito em minúsculas carolíngias. (Ms, Plut. 34.1, Biblioteca Laurenciana,
Florença, século 10)

P=1,176 [página pentagonal truncada); T = 1,46. Margens: e = a/1); t = 5s/6;


f=5e/2; mp = 3e/2. Colunas: c = 31/10; i = e/4. Uma série de ensaios sobre
a arte do século 20 (composto desalinhado à direita na Pontifex de Friedrich
Poppl, 11/13 x 17), publicada no Canadá em 1983 com várias ilustrações de
página inteira. Tamanho original: 24x 28 cm.

192
8.8 IMPROVISAÇÃO E AJUSTES

8.81 Improvise, calcule e improvise mais um pouco,

Os valores numéricos - usados por todos os tipógrafos em seu


trabalho cotidiano — dão uma impressão de exatidão. De fato, me-
dições cuidadosas e cálculos precisos são importantes na tipografia, Dando
mas não são o seu propósito; em todo projeto há momentos em forma à
que a exatidão mede forças com a aproximação. No que se refere ao página
comportamento mecânico, há a expansão e a contração do papel
e as margens de erro das impressoras, dobradeiras e guilhotinas
- isso para não falar dos computadores e dos programas tipográ-
ficos. É tão raro para o tipógrafo beneficiar-se dessas variações
quanto preveni-las. No que se refere ao planejamento, no entanto,
há usos bem mais interessantes para a imprecisão.
Alguns tipógrafos preferem projetar partindo da aritmética
desde o início, num espaço composto de pequenos tijolos invisíveis
chamados pontos e paicas. Outros preferem trabalhar no espaço
bidimensional livre de um bloco de anotações, convertendo seus
desenhos posteriormente em medidas tipográficas. A maioria
dos trabalhos envolve uma combinação desses métodos, com
eventuais colisões entre eles. Mas as inexatidões que aparecem
no arredondamento das unidades, nos conflitos entre as cêntra-
lizações e os espacejamentos óptico e aritmético, na combinação
de proporções e na conversão de um sistema de mensuração
em outro devem ser encaradas como oportunidades, não como
inconsistências a serem ignoradas, mascaradas ou amaldiçoadas.
A “escala temperada” da máquina de composição e a “escala justa”
do bloquinho de notas devem ser utilizadas para testar e refinar
uma à outra até que a resposta final apareça cantando,

8.8.2 Ajuste o tipo e os espaços dentro do bloco de texto usando


intervalos tipográficos, mas confie nas proporções livres para
ajustar o espaço em branco,

Às proporções são mais flexíveis que as paicas, e normalmente


é mais interessante e conveniente trabalhar com unidades intei-
ras. Uma margem de 5,32 paicas, por exemplo, suplica para ser
arredondada para 5, 5,25 ou 5,5. No entanto, as paicas em si são
menos importantes do que as proporções, e o sistema de tamanhos
e unidades tipográficas presta melhor serviço à relação das letras
entre si do que às relações entre os espaços vazios. Como regra

193
geral, é melhor primeiro aumentar o bloco de texto aos poucos e
depois reajustar as margens, prestando então mais atenção às pro-
porções absolutas que às unidades de medida mais convenientes.
Quando o espaço é medido puramente em pontos, a tentação de
rearranjá-lo em paicas inteiras é milagrosamente arrefecida.

Improvisação 8.8.3 Faça com que o desenho da página seja flexível o suficiente
e ajustes para criar um lar onde o texto possa morar.

Os arquitetos constroem cozinhas, salas e quartos com proporções


perfeitas para que seus clientes possam fazer muitas coisas ali
— entre as quais uma enorme bagunça, De modo semelhante, os
tipógrafos constroem páginas com proporções perfeitas para então
distorcê-las à vontade. O texto tem precedência sobre a pureza do
desenho, e a textura tipográfica do texto tem precedência sobre
as proporções absolutas da página individual.
Se, por exemplo, três linhas restarem desoladas numa página
só delas no fim de um capítulo, o projeto precisa se desdobrar
para acomodá-las. As escolhas óbvias são: (1) abrir uma linha em
duas duplas (isto é, adicionar uma linha à altura do bloco de texto
de dois pares de páginas opostas), deixando a última página com
uma linha a menos; (2) tirar uma linha das seis duplas precedentes,
adicionando desse modo doze linhas à página final; ou (3) repro-
porcionando algum elemento não textual — talvez uma ilustração
ou um espaço em branco do início do capítulo, se houver.
Num livro, os inícios de capítulo espaçosos saltam à vista,
como se espera deles. Reproporcionar a sua margem superior
não é portanto uma boa opção, a não ser que todos os inícios de
capítulo possam ser reproporcionados igualmente. Tirar uma
linha de doze páginas é, em face disso, um mal nitidamente maior
do que adicionar uma linha a duas duplas.
Se o documento tiver poucas páginas, todo ele poderia —- e
provavelmente deveria— ser redesenhado para acomodar o texto,
mas num livro com muitas páginas, linhas viúvas, subtítulos
órfãos e finais abruptos de capítulos ou seções a necessidade de
reproporcionar algumas duplas é inevitável. Um desenho rígido,
que exige uma altura de bloco de texto invariável, não é portanto
apropriado para nenhuma cobra de qualquer tamanho, Alterar a
entrelinha de páginas curtas para preservar uma altura de bloco
padronizada (às vezes chamada de justificação vertical) é uma
solução tão pobre quanto entuchar espaços em branco entre
parágrafos. Essas excentricidades destroem a trama do texto e
assim atingem o âmago do livro.

194
O QUE HÁ DE MAIS AVANÇADO

Os padrões mais avançados de conhecimento e tecnologia no


campo da tipografia têm muito mais a ver com o conhecimento e


a habilidade dos seus praticantes do que com as sutilezas de suas
ferramentas, mas estas podem de fato inibi-los ou libertá-los, de
modo que as limitações dessas ferramentas também têm algum
interesse, O assunto é de especial atenção neste momento, já que
essas ferramentas estão sujeitas a mudanças muito rápidas.

9.1 O ALFABETO DE CEM MIL CARACTERES

Diz-se com fregiiência considerável que o alfabeto latino pos-


sui 26 letras, que o grego tem 24 e o árabe 28. Se acaso você se
restringir a apenas uma caixa — alta ou baixa -, a um panorama
histórico estreito e ao dialeto predominante, essa afirmação
pode ser verdadeira, Se incluir maiúsculas e minúsculas, le-
tras acentuadas e um conjunto global de consoantes e vogais -
áadddigãanaçéteodéelnninódsssbpúúuwyziz
e todo o resto —, verá que o alfabeto latino não tem afinal 26 le-
tras; tem perto de seiscentas e pode crescer a qualquer momento.
O alfabeto que os classicistas usam atualmente para grafar o
grego clássico, com seu longo desfile de vogais e diacríticos —
ARAARRASS AAA assim por diante - é comparativamente
modesto: menos de trezentos glifos ao todo.
Como se não bastasse, matemáticos, gramáticos, químicos e
até mesmo tipógrafos são inclinados a adicionar novos elementos
ao alfabeto latino globalizado de seiscentos caracteres: numerais
arábicos, pontuação, símbolos técnicos, letras emprestadas do
hebraico, do grego e do cirílico e ainda, quando as ietras requerem
ou convidam, algumas ligaturas e formas tipográficas alternativas.
Nesse estágio, não resta nenhuma esperança de precisar o número
de espécimes e glifos, mas o total já passa de mil.
No final do século 18, a caixa baixa típica de um compositor
manual anglófono tinha 54 compartimentos, que guardavam tipos
romanos ou itálicos de a a z, numerais arábicos, ligaturas básicas,
espaços e pontuação. A caixa alta tinha outros 98, contendo ver-
saletes e caracteres não alfabéticos. Esse total, 98 + 54 = 152, era
o lote mínimo desse compositor. Quando caracteres adicionais
eram necessários — o que era frequente -, caixas suplementares

195
eram utilizadas. Dois pares dão 304 compartimentos; três pares
dão 456; quatro pares, 608. Esse foi por algum tempo o estádio
mais comum para as partidas tipográficas. Não se sabe como
era a arrumação das caixas de Gutenberg, mas sabe-se 0 quanto
eram grandes. Em vez de 26, ele usava 290 caracteres de um tipo
em tamanho único, numa escrita sem acentuação, para compor,
O alfabeto sua Bíblia de 42 linhas. A Monotipo, construída cinco séculos
de cem mil mais tarde, com 255 (e mais tarde 272) posições em uma caixa
caracteres de matrizes-padrão, não ficava muito atrás.
Os primeiros computadores e links de e-mails, por compara--
Muitos teclados de ção, viviam na pobreza tipográfica. O alfabeto que eles usavam era
computador têm o conjunto básico de caracteres definido pelo Código Norte-Ame-
mais de cem teclas,
mas apenas 47 ricano Padronizado de Intercâmbio de Informação (American
delas estão ligadas Standard Code for Information Interchange, ou Ascr1). Cada
a caracteres (esse caractere limitava-se a sete bits de informação binária, de modo
número impar vira
par com a barra de que o número máximo de caracteres era 27 = 128. Destes, 33 deles
espaço). Cada tecla eram normalmente subtraídos para servir de códigos de controle,
de caractere tem, e um era o código correspondente a um espaço vazio. Com isso
no minimo, uma
posição normal restavam 94, O que não era sequer suficiente para acomodar o
e outra elevada, conjunto básico de caracteres úteis do espanhol, francês ou ale-
o que totaliza 94 mão, O fato de tal conjunto de caracteres ter sido por muito tempo
possibilidades
= os caracteres considerado suficiente diz muita coisa a respeito da estreiteza
básicos do AscIL cultural da civilização ou da tecnocracia norte-americana em
No entanto, as
meados do século 20.
teclas podem
ser facilmente O conjunto de caracteres asci1 ampliado, em uso genera-
remapeadas e lizado desde 1980, é composto por caracteres de oito bits. Isso
codificadas para dá um total de 2º = 256 espaços. Via de regra, cerca de 230 glifos
produzir quairo
caracteres cada ocupam esses espaços. Os programas de editoração e compo-
(um exemplo desse sição frequentemente limitam a seleção útil a 216 ou menos. O
teclado aparece na registro elevado desse conjunto — inteiramente invisível em um
página 92). Quando
mais de 47x 4= teclado normal de computador — é normalmente preenchido
188 caracteres são com caracteres selecionados do Conjunto de Caracteres Latinos
necessários ao 1, estabelecido pela 1so (a Organização Internacional de Nor-
mesmo tempo,
pode-se muito bem malização em Genebra). Esses caracteres — à, € é 1i e outros — são
usar mais de um identificados e discutidos no apêndice B).
mapa de teclado, O lote de 216 ou 230 caracteres é minguado, mas atende
As teclas de função
normalmente são à. comunicação básica de todas as línguas “oficiais” da Europa
utilizadas para Ocidental e da América do Norte. Esse limite ignora as neces-
passar deum sidades dos matemáticos, linguistas e outros especialistas, além
mapa a outro: do
latim ao grego ao dos milhões de seres humanos que usam o alfabeto latino para
cirílico ao hebraico, o hauçá, o húngaro, o Játvio, o navajo, o polonês, o romeno, o
por exemplo, tcheco, o turco, o vietnamita, o galês,o ioruba e assim por diante,

196
O conjunto de.caracteres Iso não é o alfabeto nem do mundo
real nem da Assembléia Geral da ONU, mas da OTAN: uma recor-
dação tecnológica da mentalidade do nós-ou-eles que prosperou
durante a Guerra Fria,
Programas bons e acessíveis, capazes de lidar com milhares
de caracteres de maneira eficiente, já estavam à venda (e eram de
fato amplamente utilizados) no início dos anos 1980. A padroni- O que há
zação industrial primeiro encolheu essa paleta para em seguida de mais
ampliá-la enormemente. Algumas ferramentas tipográficas ainda avançado
não alcançaram esse estágio. Programas tipograficamente paro-
quiais e culturalmente retrógrados circulam por toda a parte.
Os antigos tipógrafos pediam gravar novas punções e fundir
caractereres à vontade. Essa liberdade também existe no com-
putador. No entanto, achar lugar para todas essas letras em um
alfabeto-padrão compartilhado requer, no mundo digital, um
salto de oito para dezesseis bits na definição dos caracteres. Ao
darmos esse salto, o alfabeto aumenta para 2!º = 65.536 caracteres.
A primeira versão de um conjunto-padrão de caracteres desse
porte - conhecida como Unicede — foi esboçada no final dos
anos 1980 e publicada no início da década seguinte. Até o ano
2000, os rudimentos do Unicode haviam sido incorporados aos
sistemas operacionais dos computadores domésticos e as maiores
fundições digitais os tinham adotado como um novo padrão de
codificação.
Como qualquer padrão, o Unicode não é perfeito, mas cons-
titui um protocolo funcional tanto para um generoso alfabeto Ver The Unicode
latino quanto para a coexistência tecnológica do árabe, do bengali, Standard,
Versão 4.0.0, em
do chinês, do cirílico, do devaganári, do grego, do hebraico, do wwwunicode.org.
coreano, do latim, do tailandês, do tibetano e de centenas de outras
escritas. Entretanto, logo ficou claro que 65 mil caracteres não
eram suficientes. Para ampliar o conjunto, 2*º = 2.048 espaços
originais foram destinados a funcionar em pares. Isso permite
a adição de 1.024? = 1.048.576 caracteres. Em sua última forma
publicada (versão 4.0.0, editada em 2003), o Unicode define
96.382 caracteres, reserva 137.468 para uso privado e ainda deixa
aproximadamente 878 mil livres para futura alocação.
Poucos de nós iremos precisar (e ninguém vai querer me-
morizar) de cem mil caracteres. Os tipógrafos que trabalham
com o chinês fregiientemente conseguem dominar vinte mil; os
que lidam com o coreano aprendem três mil ou mais; a maioria
dos humanos alfabetizados aprende com mil caracteres ou me-
nos. Mesmo assim, os autores, redatores, tipógrafos e cidadãos

197
comuns que querem apenas poder soletrar Dvorák, Milosz, Mg'ii
o ou al-Fãrãbi, ou citar um verso de Sófocles ou Pushkin, ou os
rã: Vedas, Sutras e Salmos, ou escrever q + 1, são beneficiários de
um sistema inclusivo a esse ponto, assim como qualquer pessoa
dias

que queira ler seus e-mails em um alfabeto que não o latino ou


w<

numa língua que não a sua própria.


Pode ser também que jamais haja uma fonte de cem mil
mus

caracteres bem-feitos projetados por um único designer. Não


gem

obstante, boas fontes codificadas para o sistema Unicode com


44

bem mais de dez mil caracteres já estão disponíveis, e os sistemas


operacionais dos computadores estão habilitados a processá-los.
Mais importante porém é a sua capacidade de ligar e ajustar con-
juntos de símbolos e alfabetos específicos uns aos outros mediante
Ba
QL

ajustes no peso, na entreletra e na escala das fontes. Essa espécie


de diplomacia tipográfica é tarefa de alguma importância — e
quando os caracteres são unidos dessa maneira, compartilhando
>
lis

o mesmo espaço tipográfico, estejam eles na mesma fonte ou não,


4

o Unicode pode servir como um mecanismo de coordenação.


O Unicode é relativamente novo, mas muitos dos recursos
a

que ele cataloga são antigos. Os programas de composição, os


links de comunicação e os teclados estão apenas começando a
alcançá-lo.

9.2 A SUBSTÂNCIA DA FONTE

Dentro da minúscula confraria dos fundidores de metal e dos


impressores tipográficos há um subgrupo capaz de discutir dias
e noites sobre receitas para tipos de metal. Entre essas pessoas, a
O tspo de metal questão que envolve adicionar ou subtrair 5% de tina ou antimô-
é tipicamente
nio ou 1% de cobre pode levar a longas e exaltadas barganhas. Na
composto
de 60 a 80% de comunidade dos editores tipográficos digitais e dos programado-
chumbo, 15 à 20% res há um subgrupo correspondente, capaz de discutir até a morte
de antimônio sobre os méritos de um formato digital em relação a outro.
esa 10% de estanho.
Alguns fundidores Entre 1980 e 2000, vários formatos digitais foram introdu-
também gostam zidos. Seus patrocinadores alegavam que os seus produtos eram
de adicionar uma superiores aos seus antecessores, e em alguns casos tinham fun-
pitada de cobre,
damentos para tal. Em cada caso, porém, resultou que aquilo que
de fato importa não é tanto o formato utilizado, mas o nível de
envolvimento artesanal, bom senso e atenção ao detalhe. Tanto
na fundição metálica quanto na digital o padrão é estabelecido
pelo ser humano que faz o trabalho, e não pela receita ou pela
marca das ferramentas.

198
As fontes bitmap começaram a ser usadas na década de
1970. Elas são definidas por mera adição e subtração: este pixel
ligado, aquele desligado, estes ligados, aqueles desligados. Em 1982,
com a introdução da linguagem PostScript, as fontes bitmap das
impressoras rapidamente deram lugar às fontes definidas por
linhas de contorno escaláveis (scalable outlines). Uma década
depois surgiu o formato TrueType, que difere do PostScript em O que há
dois aspectos essenciais. Em primeiro lugar, PostScript e TrueType demais
têm maneiras bem diversas de lidar com o processo denomina- avançado
do hinting (ou seja, modos diversos de enfrentar os problemas
causados pela resolução inadequada). Em segundo lugar, suas
matemáticas descritivas são diversas. Ambos interpretam as for-
mas das letras em termos de curvas Bézier (ou seja, baseiam-se em
técnicas algébricas desenvolvidas por Paul de Casteljau e Pierre
Bézier na França nos anos 1960 e 1970) — mas as curvas PostScript
são cúbicas, ao passo que as curvas TrueType são quadráticas.
Em mecânica, uma curva desse tipo, conhecida como chaveta,
é uma tira flexível que se deforma quando submetida a tensão.
Os construtores de barcos e os fabricantes de móveis utilizam-
nas para desenhar curvas. Em matemática, essa curva (spline) se
comporta como se fosse composta de fibras: é robusta o suficiente
para manter-se firme e ao mesmo tempo elástica o suficiente para
retesar-se e dobrar-se, alongar-se e retrair-se.
Pense em uma curva como em linha tênsil, encurvada por
meio de alavancas posicionadas em suas extremidades. Tal curva
pode ser matematicamente definida em termos de quatro pontos.
Dois deles são seus pontos finais (endpoints), e os outros dois, situ-
ados nas extremidades das alavancas, são seus pontos de controle
(control points). Se essas duas alavancas imaginárias puderem ser
alongadas, encolhidas, puxadas e empurradas independentemente,
será preciso utilizar equações cúbicas (do tipo x = at? + b? + ct
+ d) para descrever a curva, e ela será chamada de curva cúbica
(cubic spline).
As alavancas não são parte da curva,e os pontos de controle,
portanto, podem ficar fora da curva. No caso mais simples, porém,
o comprimento das alavancas é igual a zero e os pontos de con-
trole e finais coincidem. Nesse caso, a curva é uma linha reta.
Um modo de simplificar uma curva cúbica é amarrar as
alavancas para que os dois pontos de controle coincidam (ou para
que um ponto de controle tenha uma relação fixa com o outro).
Se isso for feito, a descrição matemática poderá ser simplificada,
indo de cúbica a quadrática (por exemplo, x = at? + bt + c).

199
Todas as curvas
quadráticas podem
ser perfeitamente
expressas em
curvas cúbicas,
mas a recíproca
não é verdadeira,
Nas equações
quadráticas, a maior
potência é dois
(e.g,x ão quadrado:
%); em equações
cúbicas, é três
(ego xao cubo: 2º).
O e à esquerda, codificado em PostScript, é descrito por meio de 18 curvas cú-
bicas definidas por 60 pontos. O e à direita, codificado em TrueType, é descrito
por meio de 23 curvas quadráticas definidas por 52 pontos. Os pontos finais
são representados por quadrados e os pontos de controle por círculos.

Hã ainda outras complicações. Uma curva cúbica, por exem-


plo, pode ter pontos adicionais de ancoragem ou inflexão; uma
quadrática, não. Em suma, as curvas cúbicas podem ser complexas
E, ou simples; já as quadráticas podem ser apenas comparativamente
simples. Traduzir uma curva cúbica para a forma quadrática pode.
Uma curva cúbica significar a conversão de uma curva em várias (e mesmo assim a
simples, acima, e tradução pode resultar imperfeita). Assim, uma letra TrueType
a mesma curva
(mais ou menos) terá, na maioria dos casos, mais curvas que a sua equivalente
reconcebida na Postscript, mas essas curvas serão definidas por um número
forma de duas menor de pontos, e em termos matemáticos estes serão normal-
mente mais simples de descrever.
Muitos formatos de fonte baseados na linguagem PostScript
foram desenvolvidos no decorrer dos anos. O único que prospe-
rou foi uma versão inicial conhecida como Type One. As fontes
PostScript são conseqiientemente designadas como Ps, T-1 ou
ps-1 (para a maioria dos fins, esses termos são sinônimos). De-
zenas de milhares de fontes estão hoje disponíveis nesse formato,
Muitas também estão disponíveis no formato TrueType (r'T),
frequentemente convertidas diretamente do código PostScript.
Em ambos os casos, o nível de qualidade técnica — assim como
o de seu desenho — vai do patético ao soberbo.
Uma promissora ampliação do Ps-1, desenvolvida no início
dos anos 1990, é conhecida como Multiple Master (MM, ou
Matriz Múltipla). As fontes no formato MM são continuamente
ajustáveis ao longo de vários eixos determinados pelo designer.
Esses eixos podem incluir, por exemplo, largura, peso, tamanho
ótimo, comprimento das extensões, forma do terminal ou infor-

200
mação de serifa. Até hoje, no entanto, relativamente poucas fontes Na terminologia
chegaram a ser feitas. daddobe o eixo
O primeiro formato TrueType resultou em duas variações chamado de óptico,
importantes, São elas as fontes Graphic Extension (6x), primei- não de ótimo.
ramente editadas em 1994,e TrueType Open (TTO),de1995.Esses Oque está em
formatos são importantes, dada a sua habilidade de acomodar aa fica
grandes conjuntos de caracteres aliada.à substituição contex- que é tão visceral
tual automática de variantes e de ligaturas. Essas capacidades quanto óptica.
são essenciais para muitas escritas asiáticas (árabe, devaganári,
tibetano e malaiala, por exemplo). São também vitais no caso de
várias formas históricas (e possivelmente algumas futuras) das
escritas grega e latina.

ddddddaddad
A Adobe Jenson MM pode ser modificada tanto no peso quanto no tamanho
ótimo. Aqui, uma letra de peso uniforme é ampliada de 6 a 72 pt em seu ta-
manho ótimo. As formas são então redimensionadas para a mesma altura-x
para que suas formas e pesos efetivos possam ser comparados. Se cada letra
for composta no tamanho previsto, o equilíbrio óptico será atingido.

Os fabricantes de programas de editoração e composição não


responderam a esses avanços com a avidez esperada, Foi em parte
por isso que os criadores dos formatos PostScript (Adobe Sys-
tems) e os herdeiros do formato TrueType (Microsoft) chegaram a
um acordo no final dos anos 1990 em torno de um outro formato,
conhecido como OpenType (oT ou oTE). Exteriormente, uma
fonte OpenType lembra uma fonte 6x ou. TTO. Ela pode incluir
um colossal conjunto de caracteres com múltiplas codificações
(por exemplo, milhares de caracteres chineses e coreanos e um
conjunto pan-europeu latino, grego e cirílico completo, com
variantes regionais). Vários estilos de algarismos e diversos con-
juntos de versaletes podem residir na mesma fonte em caixa-alta
e baixas.A fonte também pode incluir um ou vários conjuntos de
regras para substituição automática de caracteres alternativos e
ligaturas e para o reposicionamento automático de certos glifos
em determinados contextos. Além disso, as formas de uma OT
podem ser descritas tanto em termos cúbicos quanto quadráticos.
Noutras palavras, seu núcleo pode ser tanto Ps quanto TT.
O programa de composição precisa trabalhar junto com
tal fonte para fazer valer suas características. Submetidas a um

201
programa paroquial, as qualidades oT de uma fonte oT somem
e ela passa a se comportar como uma T-1 ou uma TT normal
com 216 caracteres acessíveis ou menos.
Muitos milhares de fontes or foram editados — e, mais uma
vez, sua qualidade varia de lamentável a estupenda. Algumas fon-
tes oT de fato não tiram nenhuma vantagem das capacidades do
A substância formato e são funcionalmente idênticas ao arroz-com-feijão das
da fonte fontes Ps ou TT. Outras são ricas e sutis. É impossível verificar
isso sem abrir o pacote e examinar seu conteúdo.
A tipografia e a edição de fontes não vão salvar o mundo,
mas a coexistência pacífica e o intercâmbio entre os sistemas de
escrita do mundo poderiam ser um passo nessa direção. Mesmo
esse modesto objetivo está bem distante e pode não ser alcançado
nunca — mas ele agora é perceptível, o que já é alguma coisa.

9.3 A FONTE MULTIDIMENSIONAL

9.31 Glifos & caracteres

Os tipógrafos frequentemente ficam surpresos ao notar que não


é possível encontrar versaletes, algarismos de texto, caracteres
caudais e outros dispositivos de que precisam no expansivo
catálogo Unicode, mas isso acontece porque a lista de caracteres
Unicode não é composta de símbolos tipográficos, e sim textuais.
Seu objetivo é abarcar todos os sinais lingúisticamente relevan-
tes, e não todas as suas formas e permutações tipograficamente
desejáveis. Em razão da inconsistência de seu projeto original e
dos padrões Iso que absorveu, mesmo a edição mais recente do
Unicode inclui alguns insistentes caracteres compostos. Em tese,
entretanto, os autores, redatores e usuários do Unicode pensam e
transmitem sinais elementares (f + f + i, por exemplo, em vez de
$i), cabendo aos tipógrafos transformar essas entidades abstratas
latentes em manifestações patentes infinitamente variáveis.
Esse modo de pensar a transmissão e a tipografia de textos
tem-se provado muito frutífero, especialmente em relação às
escritas não latinas. Além disso, tem induzido designers e fundi--
dores de tipos a fazer distinções cuidadosas entre um conjunto

ZY£ de caracteres e uma paleta de glifos. As formas normal e caudal


da letra z nas fontes Arrighi ou Poetica, por exemplo, são glifos

ZZZ, diferentes que correspondem a um só caractere. De fato, essa


distinção entre caracteres e glifos foi familiar aos escribas durante
milênios, e também o foi para Gutenberg.

202
Nos primórdios da tipografia, os puncionistas com fregiên-
cia gravavam várias versões de letras comuns e outros caracteres
(tais como o hífen), para que suas variações sutis — e muitas vezes
subliminares - dessem vigor à página. Um compositor manual,
remexendo uma caixa de tipos em busca de um e, poderia encon-
trar qualquer uma das várias de suas formas similares, mas nunca
formas idênticas, Poucos leitores perceberiam essa diferença de O que há
modo consciente, mas cada uma dessas letrinhas sorrateiramente de mais
variantes dava seu quinhão de vitalidade à página — vitalidade avançado
que sobrevive mesmo após quinhentos anos de permanência na
estante de uma biblioteca. Isso procede em parte da excelência
artística dos puncionistas e em parte do uso de um sistema que
permite aos glifos exceder os caracteres em número.
A Sophia de Matthew Carter — para tomar um exemplo
mais recente — é uma fonte digital feita apenas de maiúsculas,
que contém no entanto glifos múltiplos para vários caracteres.
Há quatro formas de T, três formas de E, F e R, duas formas de
A,€,G,H,I, Ke de.muitas outras letras. Algumas das variantes Para as origens
são independentes; outras são componentes de ligaturas que da Sophia, ver
Stanley Morison,
podem ser personalizadas. A aposta da Sophia no conjunto de Politics and Script
caracteres é pequena, uma vez que ela não tem caixa-baixa, mas (Oxford, 1972),
sua paleta de glifos é ampla (e seu autor já foi convidado a am- 98-103,€ a resenha
das fontes Sophia
pliá-la ainda mais). e Mantinia em
Afora casos especiais de fontes como a Sophia ou a Poetica, a Print, 48(2) (Nova
maioria das fontes de tipos latinos se limita atualmente a um glifo York, 1994),121-22,

para a maioria dos caracteres e a alguns poucos glifos contextuais,


tais como ff e ffi. Já no âmbito da família existem vários glifos
por caractere: a, à, A, à e às vezes muitos outros. No entanto, em
línguas como o inglês as regras para escolhê-los são tão editoriais
quanto tipográficas. No alfabeto árabe, ao contrário, é essencial As ligaturas lexicais
que haja múltiplos glifos em toda fonte, e sua escolha é governada (xe, ce, 8, etc)são
aquelas cujo uso
por regras majoritariamente escriturais ou tipográficas. Na escrita é definido por
árabe não há maiúsculas, versaletes ou itálicos, mas as ligaturas lexicógrafos e
são frequentes e mesmo uma fonte árabe simples contém algo em gramáticos. Elas
estão inseridas
torno de cem glifos básicos para as 28 letras árabes, uma vez que no Unicode, As
a maioria das letras tem quatro formas diferentes: inicial, medial, ligaturas tipográficas
final e multiposicional. (6%, ct, etc) são
aquelas cujo uso é
Isso explica a necessidade dos caracteres de “uso privado” no primordialmente
Unicode. Ligaturas tipográficas, algarismos de texto, versaletes, uma questão de
letras caudais e outros glifos alternativos são inseridos nesse estilo tipográfico.
Essa distinção
domínio. O programa de composição deve então ser ensinado não é de modo
encontrá-los. algum absoluta,

203
O INTELECTO HUMANO

A fonte
É FORÇADO A ESC'LHER,
multi-

Meme p A PERFEIÇÃO DA VIDA


OU Dº TRABALHO IA
— € AO DECIDIR;SE PELA
SEGUNDA, NECESSITARÁ
RECUSAR + A MANSÃO
oncomsas CELESTIAL, DESVAIRANDO
uma livre adaptação
do original:“The
intellect of man is
forced to choose/

pestcimorie NA ESCURIDÃ? ++
| And ifittake
the second must
refuse / A heavenly

mst WILLIAM- BUTLER: YEATS


A Sophia, de Matthew Carter (Carter & Cone, 1993), tem glifos alternativos
para vários caracteres. Muitas dessas alternativas formam ligaturas.

204
>

9.3.2 Variação manual, aleatória e programada

O texto é uma cadeia de caracteres. A fonte é uma paleta de glifos,


acompanhada de todas as informações necessárias para encadear
os glifos e fazer com que eles casem com os caracteres (tabelas de
largura, de kerning e assim por diante). Se pensarmos em tipo-
grafia nesses termos, fica claro que toda fonte poderia oferecer ao O que há
tipógrafo uma variada gama de escolhas — noutras palavras, uma de mais
variada paleta de glifos, mapeados talvez de maneiras diversas avançado
em relação ao mesmo conjunto de caracteres-padrão.
A família tipográfica Mrs Eaves, de Zuzana Licko (Emigre,
1996), é um exemplo disso. Ela possui cinco membros: romano,
itálico, romano bold e dois tamanhos de versaletes. O romano,
o itálico e o bold são equipados com uma bateria suplementar de O que define um
71 ligaturas, Algumas são sutis e outras francamente irreverentes, grande número de
ligaturas? Hoje em
Um programa de apoio arquitetado por Just van Rossum deixa dia existem apenas
o compositor decidir que ligaturas usar, para então implantá-las dez ou doze delas
automaticamente onde a cadeia equivalente de caracteres apare- em uma fonte
normal de texto
cer. É assim que a maioria dos sistemas que lidam com ligaturas latino (x, c2,2£,
opcionais deveria funcionar. CE, 8,6, 8, ,,,
file por vezes fj e
f5), mas há 36 na

ae se Cky ee ffy fir gg ggy É


fonte utilizada na
Bíblia de 42 linhas
de Gutenberg (c.
ip à ky oe ce $p |s Ís Ih tt tty ty 1455), 45 na segunda
civilité de Robert
Granjon (c. 1570),

ae 2 dy Eee bh T Dri gp 55 na Poetica de


Robert Slimbach

à ky oe ce Db [5 Spy ttttyty tw (1992), setenta no


primeiro itálico
de Francesco
Griffo (1499) e
aproximadamente
Algumas ligaturas da fonte Mrs Eaves, de Zuzana Litko, Existem trinta ligatu- 350 em cada uma
ras para os versaletes, quarenta para a caixa-baixa e uma híbrida (Th). Cada das fontes das
Gregas Reais de
uma delas existe em três formas: romano, itálico e bold, A fonte (excluídas Claude Garamond.
suas ligaturas complementares) baseia-se no romano e no itálico de John (c.1541).
Baskerville. Seu nome deve-se a Sarah Ruston Eaves (Mrs Richard Eaves), que
foi governanta e amante de Baskerville por dezesseis anos, e legitima esposa
por outros onze (após a morte de seu primeiro marido).

Se cada fonte pode ter um conjunto de glifos ligeiramente


diferenciado, não faz sentido contar com que o programa esco-
lha por si mesmo quais deles usar de maneira eficaz. Outras três

205
possibilidades sugerem-se.a si mesmas: (1) a escolha dos glifos
pode ser delegada ao tipógrafo, que irá selecioná-los e inseri-los à
mão um a um; (2) a escolha pode ser aleatória onde haja variações
de desenhos de letras individuais; (3) as regras para a escolha de
glifos podem ser feitas sob medida para a fonte e implantadas
nela mesma.
A fonte A primeira opção tem sido a pratica usual com os tipos
multi- fundidos há séculos. A Poetica, a Sophia e a Zapf Renaissance,
dimensional em suas encarnações PostScript comuns, pertencem à mesma
tradição. Ao incluir glifos suplementares para certos caracteres,
essas fontes oferecem aos tipógrafos o mesmo grau de liberdade
(e pedem de volta o mesmo investimento de habilidade e atenção)
de que os compositores manuais desfrutavam desde os tempos
de Gutenberg, Ratdolt e Jenson.
A segunda opção - deixar que as variantes escolhidas pelo
designer se defendam por si mesmas aleatoriamente — também
é um método antigo e valorizado. Francesco Griffo, Claude Ga-
ramond e Simon de Colines são apenas dois dos muitos mestres
antigos que lapidavam múltiplas formas para suas letras. Algumas
letras alternativas (com formas tais como -y e 1) eram usadas de
modo seletivo nos inícios e nos finais das palavras, em contextos
em que sua largura adicional era útil para a linha. Outras, mal
David Pye discute diferindo entre si no limite do visível, podiam servir — e serviam
a importância
— para avivar o texto aleatoriamente.
do limite da
visibilidade em Outro tipo de variação aleatória envolve a interação entre
seu perspicaz, The a habilidade do artesão e a textura dos materiais. As letras de
Nature and Art of
Griffo e Colines eram gravadas com imenso cuidado, mas eram
Workmanship
IA natureza ea arte talhadas à mão em latão, fundidas, moldadas e compostas à mão,
da artesania] (1968). entintadas à mão com tinta feita à mão e impressas manualmente
em uma prensa manufaturada em madeira sobre papel feito à
mão. Cada passo do caminho introduzia pequenas variações que
ninguém planejava. Num mundo de máquinas extremamente.
apuradas, essas texturas produzidas pela intervenção humana
são apagadas e prevalece uma mesmice estéril.
Em face disso, o computador é um dispositivo ideal para
reviver esse velho luxo das variações aleatórias no limite do percep-
tível (que nada tem a ver com caos). No entanto, os programas de
composição convencionais concentram-se no ideal insustentável.
do controle absoluto, e foram marcados no passado pela idéia de
usar um único glifo por caractere. Têm sido feitas muitas tenta-
tivas de introduzir uma camada de variação aleatória, mas todas
a contrapelo do desenvolvimento tecnológico. Assim ocorreu.

206
com a fonte Beowolf, de Erik van Blokland e Just van Rossum.
Em sua primeira versão experimental (1990), ela se utilizava do
dispositivo de saída para criar perturbações verdadeiramente
aleatórias a partir de um único conjunto de letras. Embora ela
não funcionasse em todos os sistemas, e malgrado o fato de ter ff
ue
sido ultrapassada rapidamente pela evolução das máquinas e dos
programas, a Beowolf permanece sendo um marco importante
na história do esforço de ensinar aos computadores o real legado
da tipografia. Na versão
OpenType da
Zapfino de
ceececece cecececee ececerree Hermann Zapf,a
sequência
A Beowolf (FontShop, 1990) é, na sua raiz, uma escultural fonte romana de p+ppodeser
automaticamente
texto desenhada por Erik van Blokland, As letras são enviadas ao dispositivo convertida para
de.impressão por meio de uma sub-rotina concebida por Just van Rossum, pr+pamas
que provoca distorções em cada letra dentro de certos limites, mas de modo existem muitas
indeterminado. Há três graus de aleatoriedade à disposição. Assim, cada outras opções.
Quatro delas são
letra é uma surpresa. mostradas abaixo

Além dessas duas opções - substituição manual e aleatória -,


há ainda uma terceira: incluir as regras de seleção de glifos na pró-
pria fonte, Isso resulta em variações previsíveis. Esse é atualmente
der
o método reinante para a obtenção de-variações tipográficas, pois
é adotado pelos patrocinadores das fontes GX, TTO COTE.
Por ora, então, a meta da aleatoriedade que enche os olhos
dugper
— uma variação limitada mas imprevisível - segue mendigando
nas calçadas da tipografia computadorizada.
Vale a pena persegui-
Ja?A comunicação requer controle - assim como a vida o requer
— mas requer igualmente um contexto que escape ao
tape
die
controle.
À graça não-premeditada é tão crucial para a vivacidade de
uma
Página como para a de um jardim.

9.4 MÉTODOS DE JUSTIFICAÇÃO

9:42 Use a melhor mecanismo de justificação disponível

A maior parte. da tipografia composta nos últimos quinhentos


anos é justificada, e essa justificação tem sido feita, na maioria
dos casos, linha a linha, com a simples alteração dos espaços entre
as palavras. Mas há maneiras melhores de. fazê-lo. Os escribas
justificavam à medida que escreviam, inserindo abreviações e
alterando sutilmente a largura das letras. Gutenberg reproduziu

207
Texto justificado As nações não são grandes de fato somente por ter indiví-
à esquerda, com duos numerosos, livres e ativos [nem as corporações
formato de glifos e
espacejamento de por sua fatia de mercado e por seus lucros], mas quando
palavras e caracteres esses números, essa liberdade e essa atividade [ou essa fa-
invariáveis. tia de mercado e esses lucros] são empregados a serviço
de um ideal maior que o de um ser humano comum toma-
do em si mesmo. - MATTHEW ARNOLD [& EVE SMITH]

Texto justificado As nações não são grandes de fato somente por ter indivi-
apenas pela variação duos numerosos, livres e ativos [nem as corporações por
do espacejamento
entre palavras. sua fatia de mercado e por seus lucros], mas quando esses
números, essa liberdade e essa atividade [ou essa fatia de
mercado e esses lucros] são empregados a serviço de um
ideal maior que o de um ser humano comum tomado em si
mesmo. - MATTHEW ARNOLD [& EVE SMITH]

Texto justificado As nações não são grandes de fato somente por ter indiví-
apenas pela variação duos numerosos, livres e ativos [nem as corporações por
do espacejamento
entre letras, sua fatia de mercado e por seus lucros], mas quando esses
números, essa liberdade e essa atividade [ou essa fatia de
mercado e esses lucros] são empregados a serviço de um
ideal maior que o de um ser humano comum tomado em si
mesmo.- MATTHEW ARNOLD [& EVE SMITH]

Texto justificado As nações não são grandes de fato somente por ter indiví-
apenas pela duos numerosos, livres e ativos [nem as corporações por
alteração das
formas dos glifos, sua fatia de mercado e por seus lucros], mas quando esses
números, essa liberdade e essa atividade 'ou essa fatia de
mercado e esses lucros; são empregados a serviço de um
ideal maior que o de um ser humano comum tomado em si
mesmo. - MATTHEW ARNOLD [& EVE SMITH]

Texto justificado por As nações não são grandes de fato somente por ter indivíduos
uma combinação numerosos, livres e ativos [nem as corporações por sua fatia
de alterações nas
formas dos glifos e de mercado e por seus lucros], mas quando esses números,
nos espacejamentos essa liberdade e essa atividade [ou essa fatia de mercado e
das palavras € esses lucros] são empregados a serviço de um ideal maior
das letras,
que o de um ser humano comum tomado em si mesmo.
— MATTHEW ARNOLD [& EVE SMITH]

208
tal proeza gravando e moldando uma hoste de abreviações e
ligaturas, acompanhadas de múltiplas versões de determinadas
letras, cuja largura diferia modestamente. No início dos anos 1990,
Peter Karow e Hermann Zapf desenvolveram um meio de fazer
algo bem parecido no meio digital - e sem precisar recorrer às
abreviações dos escribas.
O computador, ao contrário de uma monotipo ou linotipo, é O que há
perfeitamente capaz de calcular os prós e os contras das quebras de mais
de linha ao longo de um parágrafo inteiro. Ele pode quebrar uma avançado
linha, seguir adiante, voltar, quebrá-la de novo, outra vez e assim
sucessivamente, sempre que as linhas subsequentes derem razões
para isso, Sabe-se que os compositores manuais faziam o mesmo,
mas a rejustificação manual é lenta e tediosa, Já o computador,
tendo aprendido o truque, pode fazê-lo num piscar de olhos.
Outra coisa que o computador pode fazer -. porque Karow
ensinou como- é justificar o texto fazendo sutis alterações na
largura das letras.
A boa justificação é calculada parágrafo a parágrafo em
vez de linha a linha, e a melhor justificação digital se baseia
atualmente.em ajustes microscópicos nos espaços entre as letras
e dentro delas, bem como nos espaços entre as palavras. Neste
livro, por exemplo, o mecanismo de justificação foi instruído a
permitir uma variação de +3% no espacejamento entre caracteres
e para ajustar a largura dos glifos individuais em +2%. A maior
parte dos trabalhos ainda é feita com o ajuste dos espaços entre
as palavras, mas as linhas quase sempre contêm mais letras que
espaços. Ajustes mínimos nos espaços entre as letras e dentro
delas vão portanto bem mais longe quando se trata de criar uma
página de cor e textura homogêneas.
Em inglês [e em português], em que cada linha contém
em média cinco vezes mais letras que espaços, a elasticidade
permitida no espacejamento intra- e entre caracteres deve per-
manecer em torno de um quinto da elasticidade permitida no
espacejamento das palavras.

9.5 PIXELS, PROVAS & IMPRESSÃO

9.51 Seo texto será lido na tela, desenhe-o para ela,

Assim como as florestas, os campos e os jardins, as páginas podem


absorver — e irão retribuir — a atenção que lhes for dispensada,

209
Entretanto, muita tipografia não é mais composta para a página,
mas para a tela de um computador. A tela pode vibrar com suas
cores fluidas, mas os melhores monitores têm resolução lastimável
(algo em torno de 140 dpi: menos de um quarto da norma cor-
rente para as impressoras a laser e menos de 6% da norma para as
compositoras digitais profissionais [typesetters]). Quando o texto
Pixels, é apresentado grosseiramente, o olho sai à procura de distração,
provas e coisa que não falta na tela do computador.
impressão A tela imita o céu, não a terra. Ela bombardeia nossos olhos
com luz em vez de esperar pelo nosso olhar para retribuir-nos a
dádiva da visão. Ela não é ao mesmo tempo serena e vívida, como
um campo florido, como o semblante de alguém que pensa ou
ainda como uma página tipográfica bem-feita. E nós lemos a tela
como quem lê o céu: em varreduras rápidas, adivinhando o clima
pela mudança das formas das nuvens, ou como os astrônomos,
examinando detalhes de imagens telescópicas. Buscamos ali
mais pistas e revelações que sabedoria. Isso faz da tela um lugar
atraente para a publicidade e para a dogmatização, mas não tão
atraente para textos reflexivos.
Noutras palavras, a tela é um ambiente de leitura ainda mais
fugídio que o jornal. Nela, orações intrincadas e longas, cheias
de palavras pouco familiares, têm poucas chances de sobreviver,
assim como as formas delicadas e sutis das letras em tamanho
de texto. Caracteres sobrescritos, subscritos, notas de rodapé,
notas finais, notas laterais, todos desaparecem. Na luz agressiva
e na resolução grosseira da tela, esses acessórios textuais são
difíceis de ver. Pior ainda: pôem a perder a indispensável ilusão
de velocidade, de modo que são substituídos por links e pelos
saltos do hipertexto. Assim, todos os subtextos podem ter o
mesmo tamanho e os leitores têm a liberdade de pular de texto
Texto
para texto como uma criança zapeando a TV. Quando a leitura
assume essa forma, tanto as orações quanto as formas das letras
de regridem a uma simplicidade tosca. Já as formas criadas para
forr
Dos es
sinalização e para papel de jornal tendem a sobreviver. As boas
fontes de texto para a tela são portanto aquelas com baixo con-
traste, torso grande, interiores abertos, terminais sólidos e serifas
retas ou sem serifa,
Se um texto que corre peja tela tem alguma coisa de impor-
tante a dizer, ele ainda necessita da atenção do tipógrafo, assim
como qualquer outro texto impresso. Pode até ser que oleitor, e
não o tipógrafo, venha a escolher a fonte, Mesmo assim,otipógrafo
pode ter algum controle sobre outros fatores do ritmo tipográfico

210
- tamanho, largura da mancha de texto, entrelinha, Mais impor-
tante: o tipógrafo compõe a página virtual, determinando forma
e frequência dos títulos, orientação e posicionamento das ilustra-
ções e disposição das bordas e dos parágrafos. Ele dá forma visível
e exterior à ordem intrínseca e invisível do texto. Isso determina
em grande parte quem irá ler o texto e como irá fazê-lo.
O que há
9.5.2 Confira o tipo em todas as etapas. de mais
avançado
As letras digitais podem ser impressas diretamente sobre o papel
com impressoras a laser, podem ser compostas em papel fotos-
sensível ou em filme, positivo ou negativo, a partir do qual são
feitas as chapas de impressão litográficas, os blocos tipográficos
ou as telas serigráficas; ou podem ser gravadas diretamente sobre
as chapas de uma impressora offset. Todas essas transformações
eletrostáticas e fotográficas dão margem à superexposição ou à
subexposição do tipo.
Confira a precisão da cor e das formas tipográficas em todas
as etapas, e verifique a consistência do começo ao fim. À expo-
sição inconsistente do tipo acontece frequentemente quando o
trabalho é composto em seções sucessivas ou quando páginas
corrigidas são rodadas novamente, No entanto, inconsistências
podem ocorrer mesmo quando todo o trabalho for rodado de
uma vez na mesma máquina, Se dois lotes diferentes de filme
ou papel fotossensível forem misturados inadvertidamente, as
mesmas configurações de máquina não irão impedir a produção
de dois resultados diferentes.
Erros mecânicos também podem acontecer no mundo su-
perficialmente higiênico e high-tech dos tipos computadorizados.
Muita página desenhada com requinte foi arruinada por um rolo
de impressão solto ou uma tarracha mal lubrificada. Sobreponha à
página impressa uma grade.de referência para checar a consistên-
cia da entrelinha, verificar se as colunas mú.tipias estão alinhadas
como deveriam e se o bloco de texto não ficou trapezoidal (a não
ser que tenha sido desenhado com tal forma).

9.5.3 Siga o trabalho até a impressão.

Todas as decisões tipográficas -- a escolha do tipo, do corpo e


da entrelinha, o cálculo das margens e a definição do formato
do papel — implicam suposições acerca da impressão. É bom
saber de antemão: se essas presunções têm alguma chance de

211
ser satisfeitas. Os bons impressores têm muito a ensinar a seus
clientes, e o melhor tipógrafo sempre pode encontrar algo para
aprender. Mesmo assim, o caminho que vai da mesa do redator
à gráfica continua sendo uma jornada frequentemente atemori-
zada por perigos e surpresas. À razão para isso é que essa viagem
normalmente. liga dois âmbitos econômicos diversos. De um
Pixels, lado, um ente singular - um manuscrito — move-se lentamente
provas e pelas mãos de indivíduos — autor, redator, tipógrafo — que fazem
impressão julgamentos e tomam decisões individuais e têm a liberdade (ao
menos temporária) de mudar de idéia, Do outro lado, um produto
caríssimo (o papel branco) passa de modo irreversível e em alta
velocidade por uma máquina igualmente caríssima (e também
obsessivamente faminta).
Sob alguns aspectos, os métodos digitais ajudaram a recons-
truir a relação próxima que a.redação, a tipografia e o design de
tipos mantinham na época de ouro da prensa tipográfica. Mas
tudo o que o autor, o designer de tipos, o redator e o tipógrafo
fazem ainda depende das habilidades e métodos do impressor
- e enquanto a tipografia, para muitos, voltou à escala da oficina
caseira, a impressão ganhou as dimensões da indústria pesada.
A liberdade propiciada pelos equipamentos e programas digitais
de composição tipográfica, baratos e padronizados, também tem
seu preço — o preço da mesmice e da superficialidade enfadonhas
em todo o trabalho que o tipógrafo faz. O uso de.papéis, tintas,
impressoras e máquinas de encadernação padronizadas pode
facilmente apagar tudo o que resta do toque pessoal do tipógrafo.
Não obstante, a impressão é o usual objetivo da tipografia.
Ainda que por falta de opção, recai sobre o tipógrafo, mais
que sobre qualquer outro, a tarefa de vencer o vão entre um
mundo preocupado com a prova final perfeita e o mundo que irá
reproduzi-la industrialmente, Ninguém trabalha tão perto dessa
fronteira quanto o tipógrafo, e ninguém tem mais necessidade
de entender o que acontece em ambos os lados,
As margens dos livros não podem ser calculadas corretamen-
te até que o método de encadernação seja escolhido, e elas não
ficarão corretas se esse método não for seguido. O tipo não pode
ser eleito sem que se defina o tipo de papel em que será impresso,
e não ficará bem caso essa intenção seja traída. Uma mudança de
três milímetros no padrão de dobra ou no tamanho de refilo irá
arruinar uma página meticulosamente dimensionada.
Uma outra forma de sabotar o tipo é imprimi-lo com a tinta
errada. O controle cromático é importante mesmo quando não

212
houver uso de cores, pois há vários tons de preto, alguns penden-
do para o vermelho, outros para o azul. Os pretos avermelhados
são aceitáveis nos papéis em tom de marfim. Se o papel for mais
próximo do cinza ou do branco, o preto da tinta deverá se apro-
ximar do azul. No entanto, se o texto e as ilustrações em cores
forem impressas de uma vez só, o preto será o preto de escala e
a densidade do tipo ficará à mercê dos ajustes finais de cor feitos O que há
pelo impressor. de mais
O brilho da tinta raramente cria problemas no papel fosco. avançado
Já em material brilhante a sua luminosidade muitas vezes foge
ao controle. Para preservar a legibilidade sob luz artificial, as
tintas utilizadas para imprimir texto em papel brilhante devem
ser menos reflexivas que o papel,

9.6 PRESERVANDO O SISTEMA

9.61 Consulte os ancestrais,

À tipografia é um ofício antigo e uma velha profissão, bem como


uma fronteira tecnológica permanente, É também uma espécie
de custódia. O léxico e as letras do alfabeto de um povo - cro-
mossomos e genes da cultura letrada — ficam sob os cuidados
do tipógrafo. Preservar o sistema significa bem mais do que me-
ramente comprar as fontes mais novas lançadas pelas fundições
digitais ou as últimas atualizações dos programas de composição
tipográfica.
A progressão das mudanças nos métodos de composição
tipográfica tem sido vertiginosa — aproximando-se talvez da série
de Fibonacci - por mais de um século. Entretanto, a tipografia,
assim como a poesia e a pintura, a tecelagem e a arte de contar
histórias, não melhorou. Essa é a maior prova de que a tipografia
está mais próxima da arte que da engenharia. Como todas as
artes, ela é basicamente imune ao progresso, embora não seja
imune à mudança. A melhor e a pior tipografia são tão boas ou
tão más quanto sempre foram. A velocidade de certos processos
certamente aumentou; alguns truques velhos e difíceis pareceram
ficar mais fáceis e outros novos foram aprendidos. Ainda assim, a
qualidade da tipografia e da impressão, sua fidelidade a si mesmas,
ea graça e a dignidade da página não são maiores do que eram
em 1465. Em muitos aspectos, a tipografia digital ainda fica muito
atrás dos métodos e recursos dos compositores renascentistas e
dos escribas medievais.

213
Preservar o sistema significa estar aberto às surpresas e às
dádivas do futuro, mas também significa. manter o futuro em
contato com o passado. Para tanto, é preciso olhar as obras anti-
gas e as novas com o mesmo interesse. Reproduções, é claro, são
ótimas dentro de seus limites, mas você nunca irá saber o que
é um manuscrito ou um livro impresso do século 15 até tocá-lo,
Preservando cheirá-lo, tomá-lo em suas mãos.
o sistema
9.6.2 Zele tanto pela baixa quanto pela alta tecnologia.

Um tipógrafo digital provavelmente faz uso de duas ferramentas


um tanto frágeis, mas muito capazes: um computador com teclado
e monitor e algum tipo de dispositivo de prova, normalmente
uma impressora a laser. O resto do sistema - um outro compu-
tador que transmite o trabalho para a impressora e um gravador
digital de chapas de alta resolução — pode estar a quilômetros
de distância.
No computador do tipógrafo provavelmente há uma série de
programas interdependentes, que com alguma certeza incluem
um editor de texto, um programa de composição, uma biblioteca
de fontes digitais, um gerenciador de fontes e um editor de fon-
tes. Pode ser também que haja um editor fotográfico e algumas
ferramentas de desenho eletrônico. Atualmente, os programas de
composição por sua vez incluem um conjunto de ferramentas de
manipulação tipográfica, apagando a antiga fronteira entre texto
e ilustração. Todas essas ferramentas são novas, mas o ofício é
antigo.
Além destas, outras ferramentas não menos essenciais ao
sistema ainda são necessárias: uma régua de paicas, um caderno
de esboços, uma mesa de desenho instrumentada e uma bi-
blioteca de obras de referência com exemplos de boa tipografia
para alimentar discussões e trazer inspiração. Geralmente esses
equipamentos de baixa tecnologia são os que mais necessitam
de atualizações.
Uma única boa fonte é melhor e mais útil que uma infinidade
de fontes medíocres. Aqui, como sempre, “boa” significa várias
coisas. Significa que as letras devem ter sido claramente intuídas,
lucidamente desenhadas e também convincentes. Significa que
fazem um sentido mudo e irrefutável tanto para o corpo como
para a mente. Significa ainda que o tecido no qual são urdidas
é bem feito. Se o tipo for de metal, significa que o metal foi bem
moldado — duro, preciso, livre de bolhas e depressões - e homo-

214
geneamente revestido. Se o tipo for digital, significa que os glifos
foram alinhados corretamente e dimensionados de modo con-
sistente, com larguras acuradas e instruções de kerning sensíveis,
Uma fonte pode ser (e pode não ser de fato ) um artefato eletrônico
imensamente sofisticado: não apenas uma obra-prima de design,
mas uma intangível peça de artesanato enriquecida por vários
olhos e mentes habilidosos, frequentemente não mencionados. O que há
A complexidade do equipamento utilizado atualmente pela de mais
maioria dos tipógrafos desaponta alguns observadores e estimula avançado
outros. Alguns ficam animados e outros se irritam com o seu
evidente poder e com a facilidade de sua operação. Em meio a
essa complexidade, no entanto, a tipografia continua sendo o que
é: a fatura de sinais significativos, duráveis, abstratos e visíveis.
Quando o sistema falha, o ofício, seus propósitos, seus valores e
todas as suas possibilidades subsistem,

215
PREPARANDO A FONTE

A escrita começa com a inscrição de marcas que significam algo,


ou seja, traços deixados por gestos significativos. A tipografia,
por sua vez, começa com o arranjo de marcas significativas que
já estão produzidas, Nesse sentido, fazer tipografia é como tocar
piano — um instrumento bem diferente da voz humana, Nele, as
notas já estão definidas, mas não sua ordem, duração e amplitude.
As notas são fixas mas podem ser rearranjadas infinitamente,
produzindo música significativa ou ruído sem sentido.
No entanto, os pianos precisam ser afinados. O mesmo vale
para as fontes. Para usar um termo mais literal, as fontes precisam
ser editadas tão cuidadosamente quanto os textos - e, assim como
os textos, podem precisar ser reeditadas caso as circunstâncias
mudem. A edição de fontes, assim como a de textos, começa antes
do seu nascimento e nunca termina,
Pode ser que você prefira confiar a edição de suas fontes a um
profissional, como os pianistas fazem com os afinadores. Se você
for o editor de uma revista ou o gerente de uma editora, esse tal-
vez seja o melhor modo de proceder. Mas os tipógrafos devotados,
assim como os alaudistas e os violonistas, muitas vezes sentem
que eles mesmos devem afinar os instrumentos que tocam.

10.1 CONSIDERAÇÕES LEGAIS

10.11 Verifique a licença antes de afinar uma fonte digital.

Em geral, as fontes digitais não são vendidas integralmente, mas


licenciadas ao usuário, e os termos do licenciamento podem va-
riar. Alguns fabricantes alegam acreditar que a melhoria de uma
fonte de sua lavra infringe seus direitos. Ninguém acredita que
afinar um piano ou encher os pneus de um carro possa infringir
os direitos do fabricante, independentemente de o carro ou o
piano terem sido alugados, vendidos por leasing ou comprados
normalmente, Os tipos de impressão haviam sido tratados do
mesmo modo desde o tempo de Bi Shêng até a década de 1980.
De um modo geral, os tipos de metal e os fototipos ainda o são.
No âmbito digital, em que a fonte é inteiramente intangível, es-
sas velhas noções de propriedade sofrem pressões para serem
alteradas.

216
A licença-padrão da Linotype Library diz: “Você pode mo-
dificar o programa da fonte para satisfazer as demandas de seu
projeto” A licença-padrão da FontShop tem uma cláusula similar:
“Você tem o direito de modificar o programa da fonte para uso
personalizado pessoal e de negócios, mas não para revenda ou
redistribuição” Já as licenças da Adobe e da Agfa Monotype não
contêm essas cláusulas. A licença da Monotype diz: “Você não Preparando
pode alterar o programa da fonte com o propósito de adicionar a a fonte
ela qualquer funcionalidade [...). Você concorda em não adaptar,
modificar, traduzir, converter ou por qualquer meio alterar o
programa da fonte”.
Se sua licença proíbe a melhoria da fonte, a única maneira
legal de afiná-la é contornar a licença usando um programa. Você
pode, por exemplo, usar um editor externo de kerning para ignorar
a tabela de kerning da fonte. Essa é a maneira menos elegante de
fazê-lo, mas inúmeros erros de espacejamento e de kerning podem
ser disfarçados — se precisarem ser — por esse expediente,

10.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E ESTÉTICAS

10.21 Não conserte o que não está quebrado,

Qualquer elemento da fonte pode ser afinado - letras, conjunto


de caracteres, codificação de caracteres, espacejamento e espaços
laterais, tabela de kerning, hinting e, nas fontes OpenType, as regras
para a substituição de caracteres. O que não precisa de afinação
ou conserto não deve ser tocado. Se você quiser revisar a fonte
apenas pelo prazer de revisá-la, é melhor desenhar sua própria
fonte; e se quiser dissecar a fonte de alguém para praticar, como
o estudante de biologia cortando um sapo, você deve cremar ou
enterrar seus resultados.

10.2.2 Se a fonte estiver desafinada, conserte-a de uma vez por


todas.

Um dos modos de.refinar a tipografia de um texto é percorrê-lo


linha a linha, inserindo e removendo espaços aqui e ali e reposi-
cionando caracteres errantes um a um. Mas se você fizer esses re-
finamentos na própria fonte, não precisará fazê-los novamente.

10.2.3 Respeite o texto em primeiro lugar, as letras em segundo, o


designer de tipos em terceiro e a fundição em quarto.

217
As necessidades do texto devem ter precedência sobre o desenho
da fonte; a integridade das letras tem precedência sobre o ego do
designer; a sensibilidade artística do designer deve.ter precedência
sobre a ânsia de lucro da fundição; e o ofício da fundição deve
ter precedência sobre tudo o mais.

Considerações 10.2.4 Não pare de consertar.


éticas e
estéticas Verifique todos os textos que você compuser para ver que melho-
rias podem ser feitas, Então, volte à fonte para fazê-las. Pouco a
pouco, você e o instrumento — quer dizer, a fonte — irão se tornar
um só e O tipo composto começará a cantar. Lembre-se porém
que esse processo nunca termina. Não existe fonte perfeita.

10.3 APERFEIÇOANDO O CONJUNTO DE CARACTERES

10.31 Se houver glifos defeituosos, conserte-os.

Se as letras básicas de sua fonte tiverem sido desenhadas de ma-


neira medíocre, provavelmente será melhor abandoná-la do que
editá-la. Mas muitas fontes combinam excelentes formas básicas
com caracteres suplementares desleixados ou estranhos a elas.
Nesses casos, você pode estar certo de que as letras básicas são
o produto de um verdadeiro designer, cujo artesanato merece
respeito, e os caracteres suplementares foram adicionados por
um desatento empregado da fundição; seus erros devem ser cor-
rigidos imediatamente.

I+t2=3<9>6tT:2X4
a+b=c-
ab - O 2007
Li+2=3<9>6tT-2x4
ar+b=c:a(Db: O2007
A Photina de José Mendoza y Almeida é um excelente produto de design, mas
todos os pesos e estilos da Photina Monotype digital, tal como foi editada
pela fundição, trazem sinais aritméticos e outros caracteres não alfabéticos
fora de escala e de posição, e os sinais de copyright e de arroba são estranhos
à fonte. As versões cruas são mostradas em cinza e as corrigidas em preto,

218
eêubaséuda
Embora seja um tipo caseiro, a Kennerley de Frederic Goudy é bastante agra-
dável, além de ser útil a vários propósitos; mas na versão digital da fundição
Lanston as letras foram atulhadas com alguns diacríticos absurdos. Acima, à Preparando
esquerda: quatro caracteres móveis acentuados tais como foram editados pela a fonte
fundição. Acima, à direita: versões corrigidas. Todas as fontes são candidatas
a melhorias similares. Abaixo, à esquerda: quatro caracteres acentuados da
Minion de Robert Slimbach, editada pela Adobe em 1989 após cuidadoso
refinamento. Abaixo, à direita: os mesmos glifos, revisados por Slimbach dez
anos depois, durante a preparação da sua versão OpenType.

4tiúsáecia
Você pode descobrir, por exemplo, que caracteres não alfa-
béticos tais como O + + x =: - — O são grandes ou pequenos
demais, muito claros ouescuros, altos ou baixos ou destoam do
alfabeto básico de outros modos. Também pode descobrir que
diacríticos de glifos tais como à ç é fi ô à estão mal desenhados,
mal posicionados ou fora de escala em relação às letras.

10.3.2 Se os algarismos de texto, ligaturas e outros glifos de que


você precisa sempre não residem na fonte-base, providencie-os,

Para produzir textos legíveis, você irá precisar quase sempre de


algarismos de texto, mas a maioria das fontes digitais é vendida
em vez disso com algarismos tabulares. A maioria também inclui
as ligaturas fi e fl, mas exclui as ligaturas ff, ff, ff], f ou ff. Pode
ser que você encontre alguns dos glifos faltantes em uma fonte
suplementar (uma “fonte expert”), mas isso não é suficiente, Po-
nha todos os glifos básicos juntos na fonte-base.
Se você, assim como um bom tipógrafo renascentista, uti-

[1
lizar apenas parênteses e colchetes eretos (ver $5.3.2), copie es-
sas formas da fonte romana para a itálica, Somente então elas
poderão receber kerning e espacejamento corretos sem causar
estardalhaço.

10.3.3 Se os glifos de que você precisa faltarem de todo, faça-os,

219
As fontes de texto ISO convencionais (PostScript ou TrueType)
dão a você um conjunto básico de caracteres europeu ocidental.
Caracteres europeus orientais como q édê gh in 6 r$ túnormal-
mente não são incluídos. O mesmo acontece com os espécimes
galeses W e j e com inúmeros caracteres necessários às línguas
africanas, asiáticas e norte-americanas nativas.
Aperfeiçoando Os componentes necessários para fazer esses caracteres po-
o conjunto de dem estar presentes na fonte, e juntá-los não é difícil, mas você
caracteres precisa de um lugar para colocar os caracteres que você fizer. Se
você precisar de apenas uns poucos e não se importar com a
compatibilidade dos sistemas, pode colocá-los em lugares des-
perdiçados, tais como as posições 4 <>1| -*, às quais se pode
ter acesso diretamente do teclado, ou as posições € + * 221 %o |,
às quais se pode chegar mediante utilitários de inserção, códigos
de caractere ou personalização do teclado.
Se você precisar adicionar muitos desses caracteres, precisará
fazer uma fonte suplementar ou, o que é ainda melhor, uma fonte
ampliada (TrueType ou OpenType). Se estas servirem ao seu uso
exclusivo, os caracteres extras podem ser posicionados onde você
quiser. Se forem compartilhadas, cada novo glifo deverá ser iden-
tificado por seu nome PostScript e por seu número Unicode.

10.3.4. Verifique e corrija as proteções laterais

O espacejamento das letras faz parte da essência de seu desenho.


Uma fonte bem feita não deve precisar de muitos ajustes, com
exceção do refinamento de seu kerning. Lembre-se, no entanto,
que as tabelas de kerning existem por causa de segiiências pro-
blemáticas como f*, gy, “A, To, Va e 74. Se você chegar à conclusão
de que pares simples como oo ou oe requerem kerning, é um
sinal de que a proteção lateral das letras está deixando a desejar.
É melhor corrigir esses espaços do que compor uma tabela de
kerning inchada.
O espacejamento de muitos caracteres não alfabéticos, no
entanto, tem a ver tanto com estilo editorial quanto com desenho
tipográfico. A não ser que suas fontes sejam feitas sob medida, é
impossível que o designer de tipos ou a fundição saibam do que
você precisa ou prefere. Eu normalmente aumento a proteção
esquerda do ponto-e-vírgula, dos dois-pontos, dos pontos de
interrogação e de exclamação, bem como o espaço interno das
aspas angulares e dos parênteses, em busca de uma solução de
compromisso que me.deixe a meio-caminho no Canal da Man-

220
cha: nem o espacejamento apertado preferido pela maioria dos
editores anglófonos, nem o espacejamento amplamente aberto
costumeiro na França. Se eu trabalhasse com a língua francesa o
tempo todo, talvez aumentasse essas folgas ainda mais.

abc: def; ghx? klm! «non» Preparando


a fonte
abc: def; ghx? Kim! «hmm»
abç: déf; ghx? klm! «oui»
Três opções para o espacejamento dos caracteres não alfabéticos básicos na
Centaur digital da Monotype: a edição da fundição (no topo), o espacejamento
francês (embaixo) e um meio-termo. Fazer esses ajustes um a um ou por
meio de um editor de kerning é tedioso. É muito mais fácil incorporar suas
preferências à fonte, se você souber exatamente o que quer. ,

10,3.5 Refine a tabela de kerning.

Os tipos digitais podem ser impressos em três dimensões, com


o uso de chapas de zinco ou de polímeros, e os tipos de metal
podem ser impressos achatados, a partir de fotos ou de imagens
escaneadas das provas da prensa tipográfica. Normalmente, no
entanto, os tipos metálicos são impressos em três dimensões e
os tipos digitais em duas. Os tipos bidimensionais produzem
impressões mais limpas e mais precisas que os tridimensionais,
mas o ganho em precisão raramente compensa a profundidade
e a textura perdidas. Uma página digital tem tudo para parecer
anêmica ao lado de uma página impressa diretamente a partir
de tipos metálicos compostos à mão.
Esse desequilíbrio pode ser tratado pelo aprofundamento
no universo das duas dimensões. Os tipos digitais são capazes de.
receber refinamentos de espacejamento e de kerning que vão além
daqueles que podem ser obtidos no metal, e a principal maneira
de chegar a esse refinamento é a tabela de kerning.
Verifique sempre as proteções laterais dos algarismos e das
letras antes de editar a tabela de kerning. A verificação de erros
nessas folgas pode ser feita rapidamente desativando-se o ker-
ning e compondo-se os caracteres em pares, em tamanho grande:
11223344... qqwweerrttyy... Se O espacejamento dentro dos pares

221
variar ou parecer consistentemente contraído ou solto, é provável
que as proteções precisem de alteração.
A função de uma tabela de kerning é conseguir aquilo que
mesmo as proteções laterais perfeitas não conseguem. Uma che-
cagem apurada da tabela de caracteres envolve, portanto, a verifi-
cação de todas as permutações de caracteres possíveis: 1213141516
Aperfeiçoando - qwaegratayquaigogpg... (als(d(f(g(hG(Kk(I... Ja)s)d)f)g...
o conjunto de -1-2-3-4-5,.. FqEwTeTrTtIy TuTiToTp...e assim por diante,
caracteres A checagem de uma fonte ISO simples irá consumir várias horas;
a de uma fonte pan-européia, vários dias.
O kerning baseado em classes (class-based) pode ser utilizado
para acelerar o processo. Nele, letras similares, tais como a á à â à
à à á à q, são tratadas como uma só e recebem o mesmo kerning.
Essa é uma excelente maneira de começar o trabalho se você
estiver fazendo o kerning de uma fonte grande, mas não é um
bom modo de terminá-lo. As combinações Ta e Tá, Tie Ti il e.íl,
i) ei) provavelmente irão pedir tratamentos diferentes.
Seqiiências de kerning tais como Tp, Tt e f( podem parecer
absurdas, mas elas podem ocorrer — e ocorrem — em textos reais.
(Tpig é o nome de uma cidade nas montanhas do Daguestão,
próxima do extremo sul da Federação Russa; Ttanuu é um impor-
tante sítio histórico na costa da Columbia Britânica; sequências
tais como y = f(x) ocorrem rotineiramente em matemática.) Se
você sabe quais textos quer compor com uma determinada fonte,
e sabe que combinações como essas jamais irão ocorrer, pode
certamente omiti-las da tabela. Mas se estiver preparando uma
fonte de uso geral, mesmo em uma única língua, lembre-se de que
ela deve acomodar a frase estrangeira ocasional e os nomes de
pessoas, lugares e coisas reais ou fictícias. Isso pode envolver com-
binações pouco usuais. (Alguns exemplos adicionais: McTavish,
FitzWilliam, O"Quinn, dogfish, jack o”-lantern, Halloween.)
Também é bom checar a fonte usando um arquivo de teste
— um texto especialmente desenhado para caçar caracteres au-
sentes ou mal formados e pares de kerning muito apertados ou
muito soitos. As páginas 224-25 contêm um pequeno exemplo
de um arquivo desse tipo, mostrando a diferença entre uma fonte
não preparada e outra preparada.
Não é difícil que uma fonte 150 bem-preparada (que pode
conter algo em torno de dois mil caracteres úteis) tenha uma
tabela de kerning com mil pares listados.
As instruções de kerning
para grandes fontes OpenType são normalmente guardadas de
outra forma, mas os dados de.kerning para uma fonte latina pan-

222
européia, quando convertidos para o formato tabular, podem
chegar facilmente a trinta mil pares. Em uma fonte latina-grega-
cirílica bem-preparada, a decompilação das instruções de kerning
pode gerar uma tabela de 150 mil pares. Lembre-se porém que
não são os números que contam. O que conta é a inteligência e
o estilo do kerning. Lembre-se também que não há fonte cujo
kerning não possa ser melhorado. Preparando
a fonte
10.3.6 Verifique o kerning da entrepalavra.

O espaço entre palavras — aquela caixa branca invisível — é o


caractere mais comum de quase todo texto. Ele normalmente
recebe kerning quando encontra glifos inclinados ou vazios na
parte inferior: aspas, apóstrofos, as letras A, T, V,W eY e frequen-
temente os numerais 1, 3 e 5. Mas ele não recebe um kerning maior
que a espessura de um cabelo queo aproxime ou que o afaste de
um fminúsculo precedente, romano ou itálico.

Foi Leonardo Boff quem pediu


Um ataif sem mel
Ou foi Boris Karloff que
Pediu uma vodka Orloff sem gelo?
A fonte Van Dijck digital editada pela Monotype, antes e depois da edição da Esse erro,
tabela de keming. Da forma como foi editada, a tabela adiciona 127 unidades documentado em
testes metódicos
(milésimos de eme) entre a letra fe o espaço de palavra na versão romana das fontes
e 228 ha versão itálica, A tabela corrigida adiciona seis unidades na romana Monotype em
e nenhuma na itálica. Outros refinamentos menos drásticos da tabela de 1991, ainda estava
presente nas fontes
kerning também foram feitos nas últimas duas linhas. compradas da Agfa
Monotype em
Um exemplo de advertência.A maioria dos revivals digitais meados de 2004.

da Monotype que eu venho testando ao longo os anos tem sé-


rias falhas nas tabelas de kerning. Um problema em particular
é recorrente nas fontes Monotype Baskerville, Centaur & Ar-
righi, Dante, Fournier, Gill Sans, Poliphilus & Blado, Van Dijck
e outras obras-primas da coleção. São tipos bastante testados e
de desenho excepcional, mas a despeito da tradição as tabelas
do fabricante pedem a adição de um espaço grande (que pode

223
ERta£ou . cákeldo chef Eduvre!
Making of [6] (6) df” E 40 vÊS)
Making of [NCIS APAE UP NTÕes,
VF) gnac, Y grande, Ypres, Les Woêvres, a
A fonte desta
página foi composta
Oret de vres, a Voire e a Vauvise ficam na
assim como veio: França. Yves e 1)” boise são aves. Lyford é
é um artefato de
engenharia digital no Texas e Lv se-auk-Griffons em Québec;
magnificamente
complexo, capaz na, na Polônia. Cnarte, jar eY sáye) em
de compor má
tipografia em
Yale. Kyoto e Ryotsu no Japão, Kyikpak no
cinco escritas e delta do Yukon, eeken na Noruega, lu
em mais de cem
línguas diferentes. no Quênia, não em Rwanda... Walton, West
Na página oposta,
Virginia, mas Er Oregon. Tlálpan fica
uma versão bem- perto deKgchimilco, México; Osfeos
preparada da
mesma fonte: o e ÉPlophagou ficam no Chipre, Gyettl na
mesmo grande
conjunto de letras stria, (Fegng na Dinamarca, Vgringsfossen
arroz-com-feijão
afinado para e Varóy na Noruega; Tchula no Mississipi,
funcionar direito.
Tittabawassee em Michigan. Twodot em
Alguns dos lapsos
Montana, Y wamum na Birmânia. Yo
na tabela de kerning ewymir, Ensvi eYôden,VRirio, s
original foram
circundados, el yr ficam no Eddas.(Tgrberget e(Vãg na
Noruega, Ktipas e Tmolos na Grécia, Vasquez
fica na Argentina, Vreden na Alemanha, a
Voi-Vincke-StraBe fica em Miinster, Ydovino
na Rússia. Itérbio éY terbium em inglês.
Touissant LC Ouverture, Será que Wôlfflin,
Wolfe, Mitosz e Wu Wiuestão na biblioteca?
Os exemplos
0, 11:46 Bim e o que são os(1980s?
que se referem
exclusivamente
à língua inglesa Parte de um arquivo de texto feito para testar glifos ausentes ou deslocados e
e os nomes de lapsos na tabela de keming. Fonte crua à esquerda, preparada à direita.
localidades foram Há muitas versões da Times New Roman. A versão testada aqui é a Times
mantidos como
aparecem no New Roman PS MT, versão 2.76, que é a fonte-padrão de texto nas versões
original, [NT] recentes do sistema operacional Microsoft Windows. É uma fonte OpenType

224
“Ataif” ou “Ataif”. O cake do chef d'ceuvre!
Making of [of] (of) “of” “of” of? of! of*.
Making of [of] (of) of” “of” of? of! of*. Ydes,
Yffignac, Ygrande, Ypres, Les Woêvres, a
Fóret de Wcevres, a Voire e a Vauvise ficam na
Preparando
França. Yves e D'Amboise são aves. Lyford é a fonte
no Texas e L' Anse-aux-Griffons em Québec;
Eyna, na Polônia. Yriarte, Yciar e Ysaye, em
Yale. Kyoto e Ryotsu no Japão, Kwikpak no
delta do Yukon, Kvaken na Noruega, Kyulu
no Quênia, não em Rwanda... Walton, West
Virginia, mas «Wren», Oregon. Tlálpan fica
perto de Xochimilco, México; Os Zygos
e Xylophagou ficam no Chipre, Zwettl na
Áustria, Feng na Dinamarca, Voringsfossen
e Vergy na Noruega; Tchula no Mississipi,
Tittabawassee em Michigan. Twodot em
Montana, Ywamum na Birmânia. Yggdrasil
e Ymir, Yngvi e Vóden, Vídriô, Skeggjóld
e Tyr ficam no Eddas. Tgrberget e Vág na
Noruega, Ktipas e Tmolos na Grécia, Vásquez
fica na Argentina, Vreden na Alemanha, a
Von-Vincke-StraBe fica em Miinster, Vdovino
na Rússia. Itérbio é Ytterbium em inglês.
Touissant [Ouverture, Será que Wôlfflin,
Wolfe, Mitosz e Wa Wú estão na biblioteca?
ISI0-1620, II:00 PM € O que são os 19808?

com sabor TrueType, incluindo glifos pan-europeus, latinos, gregos, vietna-


mitas, cirílicos, hebraicos e árabes. Não dispõe dos algarismos de texto, das
ligaturas e dos versaletes típicos das fontes OpenType de características com-
pletas, e suas habilidades OT se limitam ao conjunto de caracteres árabes.
O keming é bom até onde vai, mas não chega perto de onde deveria ir.

225
chegar a M/4) sempre que a letra f for sucedida de um espaço
de palavra. O resultado é uma grande mancha branca depois
de qualquer palavra terminada em f, a não ser que um sinal de
pontuação intervenha,
Pode haver discussão entre os tipógrafos profissionais se o
espaço a mais deveria ser de zero, dez ou mesmo 25 milésimos de
Aperfeiçoando eme, No entanto, nenhuma disputa profissional se daria entre um
o conjunto de quarto ou um oitavo de eme, Um espaço adicional desse tamanho
caracteres é um erro tipográfico pré-fabricado que arrancaria murmúrios
de descrédito e correções instantâneas de Stanley Morison, Bruce
Rogers, Jan van Krimpen, Eric Gill e outros que, com seu gênio e
conhecimento, ajudaram a formar a herança da Monotype. Mas
esseé um erro fácil de corrigir para quem tiver a ferramenta
necessária: um editor de fontes digitais.

10.4 HINTING

10.4.1 Se a aparência da fonte ficar insatisfatória em baixas


resoluções, verifique o hinting.

Hints [dicas ou instruções] digitais são importantes sobretudo


para definir o modo como o tipo irá aparecer na tela. Falando
de um modo geral, existem dois tipos de hints: os genéricos, que
são aplicados a toda a fonte, e os especificos, que são aplicados
apenas a caracteres individuais. Muitas fontes são vendidas sem
eles, e há de fato pouquíssimas fontes vendidas com hints que
não possam ser melhorados,
Fazer hints manualmente é tedioso ao extremo, mas qualquer
bom editor de fontes recente inclui rotinas automáticas para a
tarefa. Elas são suficientes para transformar fontes com hints
insatisfatórios em fontes mais legíveis na tela. (À longo prazo, a
solução serão as telas de alta resolução, que tornarão esse processo
irrelevante, a não ser em tamanhos muito pequenos.)

10.5 CONVENÇÕES DE NOMENCLATURA

A lei comum presume que os desenhos herdados, assim como os


textos herdados, pertençam ao domínio público. Novos desenhos
(ou os programas nos quais esses desenhos estão conservados, nos
Estados Unidos) são protegidos por um certo prazo por copyright;
os nomes dos desenhos também são protegidos pela legislação
de marcas registradas. No fim das contas, os nomes são frequen-

226
temente mais protegidos, porque as infrações envolvendo marcas
registradas são quase sempre muito mais fáceis de provar do que
as que envolvem copyright. Mesmo assim, há ocasiões em que um
tipógrafo precisa fazer reparos nos nomes que os fabricantes dão
às suas fontes digitais.
As fontes de texto geralmente são vendidas em famílias, que
podem incluir um smorgasbord de pesos e variantes. Mas.a maio- Preparando
ria dos programas de editoração e composição as vê de modo a fonte
estreito e estereotipado, reconhecendo apenas a família nuclear:
romano, itálico, bold e bold itálico. Os atalhos de teclado facilitam
a mudança de uma para outra dessas modalidades, e os códigos
empregados são genéricos. Em vez de dizer “Mude para tal etal
fonte com tal e tal tamanho? eles dizem, por exemplo, “Mude para
o equivalente itálico desta fonte, seja ele qual for”, Essa convenção
faz com que as instruções sejam transferíveis. Você pode mudar
o tipo e o tamanho de um parágrafo ou de um arquivo inteiro, e
o romano, o itálico e o bold serão convertidos corretamente. A
mais infima inconsistência nos nomes das fontes pode impedir
que esse truque funcione - e nem todos os fabricantes nomeiam
suas fontes de acordo com as mesmas convenções. Para que as
fontes sejam ligadas umas às outras, seus nomes de família pre-
cisam ser idênticos e os nomes das fontes precisam respeitar as
regras utilizadas pelo sistema operacional e pelo programa em
questão.
Se, por exemplo, você instalar a Scala ou a Scala Sans de
Martin Majoor (editada pela FontShop) em um pc, irá notar que
o itálico e o romano não estarão conectados. São fontes espeta-
cularmente bem desenhadas, com bom kerning e completamente
equipadas com os algarismos de texto e versaletes necessários
— quase tudo o que uma fonte digital deveria ser -, mas as versões
para PC precisam ser renomeadas em um editor de fontes para
que funcionem como se espera.

227
Candido leggiadretto,er caro guantos
Checoprianetto axorio,er frefche rofes
Chividial mondo mai fidolci fboglie:
Cofihaneffio del bel velo altretanto-
O inconflantia de 'humane cofê-
Purquestoé furtos Eviê,ch'iomene fpoglie.
Quatro
tipos itálicos
firo,cr domino Left Chrifto,Gratias ago deo meo femper pro
exemplares
uobis de gratia deisque data efEuobis per Chriftk Lefum ,quod
is onibus ditati cftis per ipfune,is omni fermone, ex omni cos
guitione (quibus rebus teftimonikra Lefi Chrifti confirmatil fuit
it uobis) adeo ut no deftituamini in ullo dono,expettátes reue

Nuda latus Martizac fulg


T bermodoontiaca munita
Le gênie étonnant qui lui donna naissance.
Toi qui sus concevoir tant de plans à la fois,
A Vimmortalité pourquoi perdre tes droits?

Muitos milhares de tipos encontram-se atualmente à venda, incluindo mi-


lhares de cópias de antigos tipos de fundição. Esta página mostra quatro dos
milhares de excelentes tipos que não estão à venda. Nenhuma dessas fontes
existe em formato original — e até onde sei, nenhuma cópia metálica, fotográ-
fica ou digital razoavelmente fiel foi feita. De cima para baixo, são elas:
1 A Petrarca Itálica: uma itálica aldina de 12 pt desenhada e gravada por Fran-
cesco Griffo em 1503 para Gershom Soncino, que a utilizou em impressões
Para saber mais feitas em Fano, na costa do Mar Adriático, a leste de Florença. (Notar as duas
sobre Colines, ver formas do d ao longo do texto.)
Kay Amert, "Origins
of'the French Old
2 A Froben Itálica: uma itálica aldina de 12 pt gravada para Johann Froben pelo
Style: The Types of incógnito Mestre de Basel (possivelmente Peter Schoeffer, o Jovem). Froben
Simon de Colines” começou a utilizar este tipo em 1519.
[Origens do Velho
Estilo francês: os
3 A Colines St Augustin Itálica [ampliada]: uma itálica de 13 pt desenhada e
tipos de Simon de gravada por Simon de Colines, Paris. Ele já havia gravado muitas romanas
Colines) (1992): 17- ao terminar este tipo, em 1528, mas esta pode ter sido sua primeira itálica.
40,€ Fred Schreiber,
Simon de Colines 4 A Firmin Didot Itálica Nº 1: uma itálica neoclássica de 12 pt gravada por Didot
(Provo, Utah, 1995). ainda com 19 anos, na oficina de seu pai em Paris, 1783.

228
OLHANDO OS CATÁLOGOS DE AMOSTRAS

A tipografia é escrita idealizada, mas não há limites para o nú-


mero de fontes, assim como não há fim para as visões do que
seja ideal. As fontes discutidas neste capítulo abrangem um
longo espectro histórico, percorrendo os períodos renascen- U
tista, barroco, neoclássico, romântico, moderno e pós-moder-
no, Elas também são vistas em sua grande variedade estilística
— formais, informais, fluidas, onduladas, delicadas e robustas.
A ênfase, entretanto, recai sobre os tipos que eu pessoalmente
gosto de ler e reler. Cada tipo aqui exposto me parece de grande
importância histórica e prática, e tenho para mim que cada um
deles está entre os melhores de sua espécie, Mas todos também
têm suas limitações. Incluí fontes bem conhecidas, tais como a
Baskerville e a Palatino, outras injustamente esquecidas, como a
Romulus Sans, a Heraklit e a Manuscript Cyrillic, e várias outras
que são novas o bastante para que ainda não tenham tido tempo
de estabelecer-se. Algumas, como a Photina e a Vendôme, já são
bem conhecidas na Europa mas raramente são vistas na América
do Norte; outras, como a Deepdene, tiveram a mesma recepção
desequilibrada no sentido inverso.
Muitos dos leitores deste livro terão acesso aos catálogos
digitais mantidos nos sites dos vendedores de fontes. Agora que
os tipos se tornaram primordialmente um bem de consumo
digital, os catálogos impressos estão saindo de cena — mas eles
continuam sendo recursos valiosíssimos, uma vez quea internet,
assim como o metrô, não é um destino: o propósito principal
dos tipos ainda é a impressão. Ao oferecer aqui amostras de
tipos impressos, indicando alguns pontos de referência e certas
características ocultas, espero facilitar a vida de quem navega
entre os seus espectros desencarnados,
Quase todas as fontes apresentadas neste. capítulo existem
atualmente em formato digital, embora algumas ainda não te-
nham certos componentes essenciais algarismos de.texto, por
exemplo. Muitas dessas falhas têm sido remediadas nos últimos
anos porque os tipógrafos expressaram seus desejos. Mesmo
assim, algumas fundições digitais continuam a produzir fontes
em versões abreviadas, deformadas ou. pirateadas. A. presença
de um tipo nesta amostra não é de modo algum um endosso de
toda e.qualquer versão comercializada (anotei alguns dos casos

229
nos quais uma fonte que eu gostaria de incluir parecia requerer
antes uma edição drástica).
Quem compra um tipo deve estar ciente de que está sempre
comprando uma cópia do desenho original de alguém. Deve-se
preferir as cópias licenciadas às não-licenciadas por duas razões
importantes. Primeira: se o designer estiver vivo, a licença im-
Nomenclatura plica que as fontes estão sendo vendidas com a sua permissão e
& sinonímia que os royalties da venda estão sendo pagos. Segundo: a licença
oferece alguma esperança — mas, infelizmente, pouca garantia
- de que as fontes não estão sendo vendidas de forma truncada
ou mutilada,

11.1 NOMENCLATURA & SINONÍMIA

Este capítulo é norteado por apenas um princípio:

u.11 Chame o tipo por seu nome honesto, se puder,

Os tipos mais antigos normalmente chegam a nós sem nenhum


nome. distintivo, contendo apenas pistas exíguas sobre quem os
desenhou. Precisar esse registro, estabelecer a cronologia e dar
ao tipo o devido crédito é a tarefa básica da história tipográfica.
Quem admira os tipos antigos também gosta de falar deles, e é
preciso ter nomes que sirvam a esse propósito. Esses nomes são
dados por pura conveniência, mas sem a menor afeição.
Os tipos novos e as cópias dos antigos também precisam de
nomes. Como objetos de comércio, são quase sempre batizados
O nome Palatino por quem os vende, com ou sema cooperação do designer. Logo
alude ao calígrafo
italiano do no começo de sua carreira, Hermann Zapf desenhou um tipo que
século 16 Giovanni chamou de Medici. Depois de algumas discussões entre fundidor
Battista Palatino, e designer, o nome foi descartado. Quando as propagandas das
mas o tipo não se
baseia em nenhum primeiras fontes começaram a aparecer, elas já eram conhecidas
tipo desenhado como Palatino.
por ele. Esse, no entanto, não é o fim da história. Uma década após o
A verdadeira
origem do nome seu lançamento tanto como fonte de metal como para a Linotipo,
está no Mons a Palatino tornou-se objeto de cobiça comercial por parte dos
Palatinus- o fabricantes de fontes para máquinas de fototipo. O desenho de
Monte Palatino em
Roma, local em
Zapf - ou melhor, seus dois desenhos razoavelmente diferentes
que foi erguido um para fundição e para a Linotipo — passou a ser copiado a torto e
importante templo a.direito, e as cópias começaram a ser vendidas sob nomes como
dedicado a Apolo,
além de vários Pontiac, Patina, Paladium e Malibu. Uma versão plagiada mais
palácios imperiais. recentemente é vendida como Book Antiqua. A Helvetica de

230
Max Miedinger - embora não seja uma fonte tão distinta nem
tão original em primeira instância - também tem sido objeto de
generalizada cobiça mercantil, sendo copiada até hoje com nomes
como Vega, Swiss e Geneva.À Optima, também de Hermann Zapf,
é plagiada como Oracle; a Pontifex, de Friedrich Poppl, como
Power, e assim por diante.
O problema não é novo. Os tipos romanos e gregos de Nicolas Olhando os
Jenson foram copiados por outros impressores na década de 1470, catálogos de.
O mesmo aconteceu com tipos de Griffo, Caslon, Baskerville e amostras
Bodoni no tempo em que viveram. E isso ocorre até hoje, ainda
que atualmente, com esses artistas mortos e enterrados e com o
seu trabalho pertencendo ao domínio público, possamos tanto
copiar livre e honestamente o seu trabalho quanto dar a essas
cópias nomes igualmente honestos.
Parte desse problema reside no fato de que o desenho tipográ- No Brasil, assim
fico não é efetivamente protegido como propriedade intelectual na como em boa parte
dos países que
maioria das jurisdições. Os tribunais não aprenderam a distinguir possuem uma Lei
entre a maestria e o plágio tipográficos. Já os nomes podem ser de Direito Autoral,
facilmente convertidos em marcas registradas. Os competidores uma obra artística
ou intelectual
que plagiam desenhos podem dessa forma ser forçados a dar ou- passa a pertençer
tros nomes para as suas cópias. No mundo literário, a lei funciona ao domínio público
ao contrário. A legislação de direito autoral protege a substância somente sessenta
anos após a morte
e o texto, não o título de uma história, poema ou livro. do autor, Até lá, seu
Essa anomalia legal às vezes dá margem a outras complicações. usa ou reprodução
Os primeiros tamanhos e pesos da Futura de Paul Renner foram ficam condicionados
à permissão do
editados pela fundição Bauer, em Frankfurt, no ano de 1927. O autor ou do detentor
tipo foi um sucesso comercial e artístico, e outras fundições logo dos direitos da obra,
copiaram seu desenho. Sol Hess, da Lanston Monotype, redese- mediante ou não
o pagamento de
nhou a fonte e chamou-a de Twentieth Century; a ATF vendeu copyright. [ne]
sua própria imitação como Spartan. No entanto, a Futura que
havia sido editada pela Bauer era uma tímida encarnação do
desenho original de Paul Renner. Ele havia desenhado vários
caracteres alternativos, mas a fundição editou apenas os mais
O
convencionais. Em 1993, David Quay e Freda Sack, da The Foundry, Ny
em Londres, fizeram uma tradução digital do desenho original
de. Renner, mas as convenções do mercado impediram-nos de
tm,

chamá-la de Futura. Sua versão — artisticamente a primeira ver-


são conhecida da Futura, mas comercialmente uma das últimas
a serem produzidas - foi vendida sob o nome Architype Renner.
Embora esse não fosse o nome escolhido por Renner, ele faz jus
ao sério tipógrafo, pois não faz brincadeiras infames e reconhece
claramente o designer originai.

231
cordta uale
Categorias tipográficas tais como romano e itálico não são fixas. Este é o traço
ampliado de um tipo serifado de 16 pt gravado na Itália central em 1466-67,
Nomenclatura provavelmente por Konrad Sweynheym. É o segundo tipo usado por ele e por
& sinonímia seu sócio Arnold Pannartz, que o utilizou para imprimir livros em Roma de
1467 a 1473. Assim como o tipo Alcuin de Gudrun Zapf-von Hesse, desenhado
cinco séculos mais tarde, ele não é propriamente nem romano nem itálico:
está ensaizado na tradição escriturária carolíngia, que precede qualquer uma
dessas divisões.

Este capítulo pode ser resumido como uma litania de nomes,


com brevíssimas histórias anexas. Um dos aspectos da história de
cada fonte é o meio em que ela nasceu. No começo de cada entrada,
esse meio de origem é indicado por um código simples:

M= tipo metálico para composição manual


A = tipo para composição automática em metal
E = tipo projetado para fotocomposição
D = tipo projetado em formato digital

11.2 FONTES DE TEXTO SERIFADAS ”

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Albertina. e Esta é uma boa família de texto desenhada em
1965 pelo calígrafo holandês Chris Brand. Ela foi inicialmente
editada pela Monotype, não em metal, mas como uma das
primeiras fontes da corporação a ganharem uma patente para
fotocomposição. Às formas são quietas e alertas, a largura. é
econômica e o eixo vem da mão humanista. O itálico nítido,
com seus pontos sutilmente elípticos, inclina-se a modestos 5º.A
Albertina foi projetada como uma família multilíngiie, incluindo
os alfabetos latino, cirílico e grego, mas a Monotype finalizou e
vendeu apenas as formas latinas. O tipo foi editado de forma
renovada e completa em versão digital pela DTL em. 1996, com
seus necessários algarismos de texto e os versaletes romanos e
itálicos. O cirílico apareceu em. 2003 e seu companheiro grego
foi lançado em 2004. A gama de pesos também é completa. (Ver
também pp 300, 305.)

232
AQ123 ábçdefehijklmnopgrstivwxyz
abcêfshijóp AQ 123 ABCÊFGHIJÕP
Alcuin p Uma fonte carolíngea forte e graciosa desenhada em
1991 por Gudrun Zapf-von Hesse e editada pela urw. Como
acontece com qualquer carolíngea genuína, a Alcuin não é de
fato nem romana, nem itálica, e não tem nem precisa de uma
companheira. O terreno onde finca suas raízes são escritos feitos
à mão, que precedem em 600 anos a separação do romano e
do itálico. Mesmo assim, ela tem uma gama completa de pesos
com algarismos de texto e versaletes. A composição de textos
excelentes não requer nada além disso. Essa fonte não deve ser
utilizada quando a inflexibilidade editorial requerer uma itálica.
(Ver também pp 134, 232.)

abcefghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Aldus a Romana-e-itálica desenhada em 1953 por Hermann
Zapf para acompanhar sua nova fonte para fundição, a Palatino,
como fonte de temanho de textos para linotipo. A Aldus é mais
estreita que a Palatino e tem uma linha mediana (vale dizer, uma
altura-x) mais baixa. É uma fonte de texto compacta e esculpida
com precisão, com raízes na tradição dos escribas da Renascença.
Os versaletes e algarismos de texto são essenciais ao seu espírito,
mas as ligaturas não são necessárias. A Aldus digital preserva a
igualdade da largura de composição em linotipo entre romana e
itálica. A Palatino, a Michelangelo e a Sistina são fontes titulares
aliadas, e a Palatino bold pode ser utilizada quando uma compa-
nheira mais pesada for requerida. (Ver também pp 74, 117, 234.)

abcéfghijóp 123 AQ abcéfshijôp


Amethyst D O impressor e puncionista canadense Jim Rimmer
desenhou as capitulares desta fonte em Vancouver em 1994 e ini-
cialmente chamou-a de Maxwellian. Ele rebatizou-a de Amethyst
em 1999 ao desenhar a caixa-baixa. Em 2002, depois das primeiras
provas de impressão, Rimmer revisou e melhorou o peso de livro,
escurecendo-o em aproximadamente 2%. À essa altura, a Amethyst
havia se tornado uma fonte útil de texto. A fonte vem em estado
rústico da fundição e precisa ser editada para servir à composi-

233
Traduções digi-
tais da Palatino
(à esquerda)
e da Aldus (à
direita). Trata-se
de duas fontes
relacionadas,
desenhadas de
1948 a 1953 por
Hermann Zapf.
Algumas letras
selecionadas são
aqui mostradas
com 72 pt para
comparação.
Os alfabetos
romanos básicos
também são
mostrados com
18 pt (Palatino
em cima, Aldus
embaixo).

(É bom notar que ( (o mdrho,


k ed ed,- quê
nenhum desses
cortes foi pensado
para ser visto em abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
72 pt.
Os tamanhos abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
grandes da Pala-
tino de fundição 1234567890: ABCDÉFG
são mais delica-
dos que estes, 1234567890'ABCDÉFG
ea Aldus é uma
fonte de texto ABCDEFGHIJKLMNO
para a qual não
foram desenhadas ABCDEEFGHIJKLMNO
versões grandes.
As ampliações, no abcdefehijkimnopgrstuvwxyz
entanto, facilitam
a comparação.) abcdefghijkimnopgrstuvwxyz

234
ção de textos. Vale a pena o esforço. A admiração e a afinidade.
do designer com Frederic Goudy são visíveis nessa e em muitas
outras de suas fontes - como a Alberta, por exemplo. Também
são perceptíveis na Kaatskill, uma colaboração transgeracional
para a qual Goudy desenhou o romano e Rimmer o itálico.

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Apollo » A Apollo, de Adrian Frutiger, foi encomendada para
a máquina Monophoto em 1960 e produzida em 1962. Frutiger
aproveitou a oportunidade para repensar sua primeira fonte de
texto, a Méridien, desenhada oito anos antes.À Apollo não tem a
mesma agudeza, mas seu olho menor, suas serifas mais rombudas
e sua modulação reduzida fazem com que ela funcione melhor
que a Méridien em tamanho de texto. Além disso, ela vem com
as ligaturas de f, os algarismos de texto e os versaletes que faltam
à Méridien. (Ver também p 260.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Arrus D Uma fonte de texto elegante e graciosa, desenhada
pelo calígrafo Richard Lipton para a Bitstream em 1991. Ela é
reconhecível por suas serifas gravadas simetricamente na base
das romanas e assimetricamente no seu topo. Traz uma gama
completa de pesos, com algarismos de texto e versaietes.A Cataneo,
uma fonte caligráfica igualmente graciosa de autoria do mesmo
designer (Bitstream, 1994), faz-lhe excelente companhia.

abcêfenmõp 123 AQ abeéfehaóp


Baskerville m John Baskerville desenhou esta romana-e-itálica
na década de 1750. As versões iniciais foram gravadas por John
Handy sob os olhos atentos de Baskerville. O resultado é a suma
do racionalismo tipográfico do século 18 — uma fonte muito mais
popular na França republicana e nas colônias americanas do que
na Inglaterra do século 18, onde foi feita.
Muitas das fontes digitais vendidas com o nome de Basker-
ville são razoavelmente fiéis ao seu desenho, mas os versaletes e
os algarismos de texto, muitas vezes omitidos, são essenciais ao
espírito da fonte origina! e ao fluxo homogêneo do texto. A versão
digital exibida aqui é a Monotype Baskerville, Existem também
pelo menos duas versões cirílicas: uma produzida pela Monotype

235
e outra pela ParaType, sob licença da 1Tc. (Ver também pp 19,
66, 88, 96, 109,144.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfohijóp


Bell m A Bell original foi gravada em Londres em 1788 por
Richard Austin para um editor de nome John Bell. Foi calorosa-
mente recebida tanto ali quanto nos Estados Unidos e largamente
utilizada em Boston e na Filadélfia na década de 1790. Ainda é útil
para trabalhos de design de época, como uma opção à Baskerville.
À Monotype gravou um fac-símile em 1931, e essa versão tem sido
digitalizada. A Bell tem mais variações axiais que a Baskerville,
mas é igualmente uma fonte inglesa neoclássica. As serifas são
bastante afiadas, mas o espírito geral é ainda assim mais próximo
do tijolo que do granito, evocando mais a estalagem de Lincoln
quea de St Paul, mais os jardins de Harvard que a Pennsylvania
Avenue, mais a fábrica que o shopping center. Os numerais da Bell
têm três quartos de altura e não chegam a ser nem salientes nem
completamente alinhados. (Ver também pp 56,144.)

abcêfehijóp 123 AQ abcéfghijôpy


Bembo m Produzida em 1929 pela Monotype, que se baseou em
uma gravação romana feita em Veneza por Francesco Griffo em
1495. O tipo original do século 15 não tinha itálicos, e a Monotype
testou duas possíveis acompanhantes. Uma foi a Fairbank itálica;
O nome Bembo a outra foia Bembo itálica, mais suave, mostrada aqui. Essa itálica
foi dado em é essencialmente uma revisão da Blado (a itálica gravada para a
referência ao Poliphilus), com referências indiretas a uma fonte desenhada em
escritor veneziano
Pietro Bembo Veneza na década de 1520 por Giovanantonio Tagliente. Tanto a
(1470-1547) versão romana quanto a itálica da Bembo são mais discretas e mais
porque a romana distantes das suas fontes de origem do que a Centaur e a Arrighi.
na qual a fonte
se baseou foi Mesmo assim, são tipos serenos e versáteis de genuína estrutura
primeiramente renascentista, que sobreviveram de algum modo à transição para
utilizada em seu a composição digital e para a impressão ofjset. Algarismos de texto
pequeno livro De
Aetna, publicado e versaletes são essenciais. As fontes bold são irrelevantes para o
por Aldus em 1496. seu espírito. (Ver também pp 61, 137, 138, 264.)

abcefghijópy! AQ abcéjghijôpy
Berling:m Desenhada pelo tipógrafo e calígrafo sueco Karl-Erik
Forsberg, esta fonte foi editada em 1951 pela fundição à qual deve

236
o seu nome, a Berlingska Stilgjuteriet de Lund, na Suécia. É um
desenho neo-humanista com uma vigorosa modulação do traço.
As ascendentes e descendentes são ainda mais frequentes em sueco
do que em inglês. As descendentes são excepcionalmente curtas.
As ascendentes têm altura normal, mas foram desenhadas para
dispensar ligaturas. A fonte tem agudeza e clareza escandinavas,
com bicos afiados no f, no j, no y e no ! romanos. Os algarismos

=
tabulares têm boa forma, mas os de texto (omitidos de todas as
versões digitais que pude ver) são decididamente melhores. (Ver

O
também p 96.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfehijôp


s.A

Bodoni Mm Giambattista Bodoni, de Parma, um dos mais prolíficos


designers de tipos, é também o correspondente tipográfico mais
próximo de Byron e Liszt: o arquirromântico da tipografia. Suas
centenas de tipos, desenhadas entre 1765 e 1813, quando morreu,
abrangem uma variedade considerável, e o Museu Bodoni em
Parma abriga mais de 25 mil punções de sua autoria. Os revivals
editados em seu nome refletem apenas uma pequena parte de
sua herançae muitos deles não passam de paródias de suas idéias,
As características mais típicas desses revivals são serifas finas e
abruptas, terminais redondos, eixo vertical, abertura pequena, alto

Q
contraste e modulação exagerada. As Bodonis da 1Tc, digitalizadas
em 1994-95 sob a direção de Sumner Stone, são os revivals mais
próximos do estilo maduro de Bodoni (há três versões, baseadas
nos originais de 6, 12 e 72 pt). Outras favoritas são a Bodoni
gravada por Louis Hoell para a fundição Bauer de Frankfurt em
1924 e a versão da Berthold Foundry, produzida em 1930. Ambas
foram editadas em formato digital. Versaletes e algarismos de
texto são essenciais a todos esses desenhos.A versão mostrada.
aqui é a Bauer. (Ver também pp 19, 145.)

abcefghiôp 123 AQ abcéfghijôp


Bulmer Mm William Martin, de Birmingham, era irmão de Robert
Martin, assistente-chefe de Baskerville. Pode ser que ele tenha
aprendido a talhar punções com John Handy, puncionista de
Baskerville, e que tenha tido suas primeiras lições de design de
tipos com o próprio Baskerville, William mudou-se para Londres
em 1786 e no início dos anos 1790 começou a gravar tipos repletos
de formas baskervillianas, ainda que consideravelmente mais em-

237
e

brutecidos. As serifas eram abruptas e o contraste muito intenso.


Estava-se nos inícios da tipografia romântica inglesa. Os tipos de
Martin foram patrocinados e promovidos pelo impressor William
Bulmer, a cujo nome ficaram associados. Eles foram copiados em
1928 por Morris Benton para a ATE e posteriormente para a Mono-
type e para a Intertype. Existem atualmente diversas versões digitais.
A mais abrangente delas foi lançada pela Monotype em 1994. (Ver
também p 145.)

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Caecilia p Primeiramente editada pela Linotype em 1991, esta
fonte foi desenhada na Holanda por Peter Matthias Noordzij, cuja
esposa se chama Cécile, Caecilia Metella, uma antiga homônima,
foi a quarta esposa do general romano Lucius Cornelius Sulla (c.
138-78 aC), que saqueou Atenas em 86 aC. Ao voltar da campanha,
liderou o lado vencedor da guerra civil romana de 82 aC e foi
empossado ditador romano. Em 81 aC, Caecilia foi acometida
por uma doença não identificada, passada a ela, segundo alguns
romanos, pelo próprio Sulla. O general divorciou-se da esposa
moribunda e fez com que ela fosse levada para fora de casa, para
evitar contaminação. Uma Caecilia posterior, também nativa de
Roma, é reverenciada pela tradição cristã como a santa padroeira
da música. O tipo que compartilha seu nome com o dessas três
mulheres é gracioso e vigoroso, e sua utilidade se estende a textos
de.vários tipos. É uma fonte neo-humanista de serifa retangular,
talvez a primeira de sua espécie, acompanhada por uma itálica
verdadeira de serifa retangular, desenhada com parâmetros re-
nascentistas, inclinando-se modestamente a 5º. Há uma gama de
pesos, com versaletes e algarismos de texto. As versões licenciadas
são vendidas com o nome de PMN Caecilia. Não há nenhuma
fonte chamada Sulla. (Ver também p 124.)

abcéfghijóp 123 AQ abcéfehijôp


Californian m A ancestral dessa fonte é a University of Cali-
fornia Old Style de Frederic Goudy, gravada como fonte de uso
interno em 1938.À Lanston Monotype publicou a fonte em 1956
com o nome de Californian. A versão digital aqui mostrada é
Os diacríticos foram a FB Californian, feita em 1990 por David Berlow para o Font
reposicionados Bureau, em Boston. É útil compará-la com a rTc Berkeley, uma
nessas fontes da
FB Californian. interpretação mais pasteurizada do mesmo original, produzida
em 1983 por Tony Stan como fonte para fotocomposição. Ainda

238 .
perde
u

virtudes do tipo original,


d
a.
«

muitas
que a Berkeley retenha de texto
the faltam osalgarii smos de
muito de seu car áte r. Ta mbém
requer — & que estão p
e os versalete s que o des enho
low . (Ve r pág ina seguinte.)
versão de Ber
hyOp
“A

abcêfghijóp 123 AQ abcéfg


4

desenhou esta fon. te, lançada


on Hesseconstruída
j
Carmina D Gudrun Za p f-vmbora a partir dede outras
outra
ela Bitstream em 1987. E min a é mais
ea Nofr et, a Car
fontes de texto da designer,a Diotima canç ões ou poe mas
(daí seu nome: carmina são
versátile lírica
Como tantas outras fontes
Hricas). Há uma boa gama de pesos. caracteres
conjunto de
digitais, porém, foi publicada com um
os de texto. Tais
procustiano, sem nenhum estoque de algarism
jamais foram
algarismos faziam parte do projeto original, mas
editados.

abcefghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Cartier » O tipógrafo canadense Carl Dair começou a trabalhar
nesta fonte na Holanda em 1957. Quando morreu, em 1967, à
versão display das romanas estava efetivamente completa, mas
a itálica ainda era um esboço extremamente adornado e exiguo.
Nenhum peso de texto ou versalete havia sido desenhado. Apesar
disso, o tipo foi editado às pressas para composição em filme,
a tempo para as comemorações do centenário canadense, em
1967. Apesar de suas fraquezas, a Cartier romana tornou-se a
fonte nacional do Canadá de facto, frequentemente utilizada em
selos e em outros projetos de celebração, Era em princípio uma
romana com sabor gótico francês q bastante para estabelecer uma
diferença crucial entre Ottawa e Washington. À raiz do desenho
das letras está nos estudos de Dair sobre a impressão parisiense
e florentina do século 15, especialmente os trabalhos de Ulrich
Gering e Antonio Miscomini.
Na década de 1970, o tipógrafo britânico Robert Norton gerou
alguma confusão ao produzir uma versão domesticada e asséptica
da Cartier e ao dar-lhe o nome de um colonizador inglês: Raleigh
(a Raleigh, no entanto, quase nunca é vista como uma fonte de
livro, já que Norton nunca deu a ela um itálico.) Nos anos 1990,
um outro canadense, Rod McDonald, incumbiu-se de resgatar O
projeto de Dair, editando o romano e o itálico para que fossem
úteis em tamanho de texto, suprindo os versaletes, semibolds e

239
A FB Califor-
nian (à esquer-
dajea ITC
Berkeley (à di
reita) são am-
bas derivadas
da University of
California Old
Style, de Frede-
- — ricGoudy. Para
faciltar a com-
paração, os
dois cortes são
— mostrados em
tamanhos ligei-
ramente dife-
rentes: 74 pt
(FB Californian)
e 77 ptqiTC
Berkeley).
Na metade
inferior da pági-
na as duas
fontes apare-
cem com 18 pt e.
ceatíormian abedefghijklmnopqrstuvwxyz
acima, Berkeley
abaho, abcdefghijkimnopqrstuvwxyz
1234567890:ABCDÉ
1234567890-:ABCDÊ
ABCDEFGHIJKLMNO
ABCDEFGHIJKLMNO
abcdefehijklmnopgrstuvwxyz
abcdefehijklmnopgrstuvwxyz
240
bolds faltantes e dando ao tipo seu primeiro espacejamento meti-
culoso. O resultado, que ganhou o nome Cartier Book, começou
a circular em 1998 e foi editado pela Agfa Monotype em 2000.
As respectivas gregas e cirílicas estão a caminho, assim como um
conjunto de florões (folhas de bordo, ramos de pinheiros etc) para
os quais Dair havia feito alguns desenhos preliminares.

abcefehijôp 123 AQabcéfohijôp Adobe Caslon


vista com 20 pt

abcéfghijôóp 123 fo /o abcéfebiop Founder's Caslon de...


«+18 pt [Great Primer]
vista com 24 pt

abcefohijóp 122 10 /o abcéfebizôp «12 pt [Paica]


vista com 21 pé

abcêfghijóp 123 fo /o abcéfebizop e 8 pt (Brevier]


vista com 21 pt

Caslon. m William Caslon desenhou e gravou um grande número


de tipos romanos, itálicos e não-latinos entre 1720 e o ano de sua
morte, 1766. Sua obra é o símbolo tipográfico do barroco inglês
e acha-se muito bem preservada. Caslon publicou espécimes
completos, e uma vasta coleção de suas punções encontra-se na
St Bride Printing Library, em Londres. Não há muita dúvida de
que Caslon tenha sido o primeiro grande abridor de tipos inglês,
e no mundo anglófono seus tipos há muito compartilham a
aura quase legendária e igualmente desalentadora do cachimbo
e das pantufas, do bom carro usado e da poltrona favorita. Os

D
oportunistas tipográficos têm portanto utilizado à vontade o
reconfortante nome de Caslon, e muitas das fontes vendidas
atualmente como suas não passam de meras paródias, A Adobe
Caslon, desenhada por Carol Twombly em 1989, é uma descen-
dente digital respeitosa, sensível e bem-feita, equipada não apenas
com algarismos de texto e versaletes, mas com versais caudais
opcionais, ornamentos e outros acessórios antiquados. É produ-
zida atualmente como uma fonte OpenType com um conjunto
de caracteres latinos pan-europeus, mas sem gregos ou cirílicos.
(Infelizmente, ninguém ainda fez uma versão digital das belas
gregas politônicas de Caslon).
Para aqueles que buscam maior veracidade histórica, Justin
Howes produziu versões digitais, diretamente a partir de espé-
cimes impressos, de. diversos tamanhos dos tipos originais de
Caslon, que preservam, a seu modo perfeitamente estático, um
sabor da textura dinâmica e rugosa da impressão nos tempos

241
r à EB cotr

desse tipógrafo, editadas com o nome Founder's Caslon pela H.W.


Caston & Co. (Ver também pp 18, 63, 78, 125, 141.)

abcefehijôp 123 AQ abcéfabijóp


Centaur é Arrighi m A Centaur romana foi desenhada em
1912-14 por Bruce Rogers, que se baseou no tipo romano gravado
A Golden Type de em Veneza por Nicolas Jenson em 1469. Em 1928 ela foi levemente
O

William Morris,
gravada emi8go, higienizada durante sua transposição para a monotipo. Frederic
3
k

foi a primeira Warde desenhou a Arrighi itálica em 1925, amparado em uma


AS

tentativa moderna fonte caligráfica desenhada por Ludovico degli Arrighi nos anos
de recriar a
romana de Nicolas 1520. Em 1929, após várias revisões, Rogers escolheu a fonte de
Jenson. À Doves Warde para ser a companheira itálica da Centaur, o que exigiu
Roman, desenhada ainda mais revisões. Essas fontes são utilizadas tanto separadas
por Emery Walker
e gravada por quanto em conjunto,
í Edward Prince Quando impressas diretamente na prensa tipográfica, não
em 1909, foi uma têm rivais em seu poder de evocar o espírito tipográfico da Re-
versão mais bem-
sucedida, Mas o nascença veneziana, mas no mundo bidimensional da composição
he tipo de Walker digital e da impressão offset esse poder se perde facilmente. O
<
desapareceu dá
mesma maneira
problema é agravado por vulnerabilidades na digitalização da
l que o de Jenson. Arrighi, que destroem o equilíbrio obtido quando os tipos eram
R Depois de usá-lo casados em metal.
par dezesseis anos,
é Thomas Cobden-
A Cloister Old Style de Morris Benton (ATE, 191325), a Vene-
Sanderson zia de George Jones (Shanks, 1916; Linotype, 1928), a Eusebius de
atirou-o Ernst Detterer (Ludlow, 1924),a Legacy de Ronald Arnholm (rc,
sorrateiramente 1992) e à Adobe Jenson de Robert Slimbach (Adobe, 1996) são
aa rio Tâmisa
da ponte outras importantes tentativas de fazer justiça ao mesmo original.
Hammersmith, (Ver também pp 18, 22, 79, 90, 96, 117, 137, 138, 204, 221, 232.)

abcêfghijóp 123 AQ abcêfghijôp

[O
Chaparral p Osverdejantes carvalhos que ficam 20 pé das colinas
da Califórnia são conhecidos em espanhol como chaparros. A
paisagem seca e ensolarada na qual vicejam é o chaparral. Carol
Twombly completou essa fonte extraordinariamente limpa e
aparentemente imperturbávei em 1997 e logo depois aposentou
se como designer da Adobe. A maioria das boas fontes de, textc
deve parte de seu poder à modulação rítmica das linhas. Aguih:
alguma modulação, mas muito pouca,e o poder vem do caminh
do traço: do sutil desarredondamento das circunferências e d
microscópica estreitamento das hastes. Há uma gama de pesc
eo conjunto de caracteres é latino pan-europeu.
AQ ábedefghijkimidparstâvwxyz
Clarendon m Clarendon é o nome de um gênero de tipos vito-
rianos disseminados por uma fonte gravada por Benjamin Fox
para Robert Besley na Fann Street Foundry de Londres em 1845.
Essas fontes refletem os aspectos francos, impassíveis, insípidos
e irrefreáveis do Império Britânico. A elas falta refinamento,
mas também ímpeto e malícia. Elas nos olham com desdém e
postam-se com firmeza, mas não brilham. Noutras palavras, elas
consistem em traços grossos que se dissolvem em grossas serifas
egípcias, têm gordos terminais circulares, eixo vertical, olho ge-
neroso, baixo contraste e abertura mínima. O original não tinha
itálico, uma vez que a fonte não possuía nada que lembrasse a
mão fluente ou o bico de uma goiva em seu pedigree (Stephenson
Blake, no entanto, editou uma versão romana inclinada da Cla-
rendon original de Besley, conhecida como Consort, em metal
de fundição, em 1953).
Hermann Eidenbenz desenhou uma versão da Clarendon
para a fundição Haas de Múnchenstein, Suíça, em 1951, e em 1962
a fundição finalmente adicionou a ela o peso leve que transfor-
mou a série, removendo o seu fardo pré-moderno e dotando-a de
insubstacialidade pós-moderna. Com esse feitio - uma espécie de
moldura metálica nostálgica livre de toda a obscuridade vitoriana
-, a fonte tem vários usos autênticos. A Monotype Clarendon
não tem a presença da Haas Clarendon, que é aversão mostrada
aqui. Uma fonte próxima — uma espécie de Clarendon emudecida
- éa Century Schoolbook de Morris Fuiler Benton, editada pela
ATE em 1924 e pela Monotype, em formato para máquina, em
1928. Ela também tem um peso leve disponível atualmente. em
formato digital, (Ver também pp 119, 146.)

abcéfehijóp 123 AQ abcéfghijôp


Comenius » O teólogo tcheco Jan Ámos Komensky, ou Come-
nius, que viveu no século 17, é lembrado por seus esforços para
;
À

estabelecer uma educação pública universal na Europa. Por causa


Sm
1

de sua insistência, não há hoje nenhuma incongruência entre o


y

aprendizado sagrado e o secular. O tipo que apropriadamente


levou seu nome distingue-se pela mistura lúcida de formas

humanistas e racionalistas. Desenhado por Hermann Zapf, foi


primeiramente editado pela Berthold em 1980. O eixo na versão

243
romana é variado,e os bojos são assimétricos. O resultado é uma
fonte viva, pulsando energia estática. O itálico é consistente em
seu eixo e repleto de movimento vibrante, Existem dois pesos bold,
ambos graciosos e dramáticos em seu contraste. Os algarismos
de texto foram desenhados mas nunca foram editados.

abcefehijôp 123 AQ abcéfehijôp


.. ez f 2. A
Fontes
de texto
serifadas Dante m Romana-e-itálica desenhada por Giovanni Mardersteig
e gravada à mão em aço em 1954 por Charles Malin. A Monotype
fez uma adaptação para a composição automática em 1957 e pro-
duziu uma versão digital no início dos anos 1990. No formato de
fundição, a Dante é uma das grandes conquistas da tipografia do
século 20; uma fonte neo-humanista imponente e cuidadosamente
trabalhada, que é acompanhada por um itálico lúcido e vivaz.
Mardersteig foi o maior estudioso moderno da obra de
Francesco Griffo, e a Dante - embora não seja de fato uma cópia
de qualquer dos tipos de Griffo — tem mais do seu espírito do
que qualquer outra fonte atualmente à venda. Seu itálico, quando
utilizado com versais romanas eretas em tamanho reduzido, é o
formato moderno que mais se aproxima de uma autêntica itálica
aldina.A versão digital da Monotype é, no entanto, um pouco
mais embrutecida que suas antecedentes de metal. Versaletes e
algarismos de texto fazem parte da quintessência do projeto de
Mardersteig. (Ver também p 148.) .

abcêfohijôp 123 AQabcéfohyôp


..

Deepdene A Esta talvez seja a mais delicada e lírica das muitas


fontes de livro desenhadas por Frederic Goudy, A abertura é
maior do que de costume em seu trabalho, a altura-x é modesta,
o eixo é serenamente neo-humanista e o desenho é homogêneo
e gracioso, Goudy desenhou a romana em 1927, dando a ela o
nome de sua casa em Marlborough, Nova York (a casa, por sua
vez, deve seu nome à Deepdene Road em Long Island). A itálica,
inclinada a apenas 3º, foi completada no ano seguinte, quando a
O alinhamento e o fonte foi editada pela Lanston Monotype. Leve como é, a itálica
espacejamento da também tem força suficiente para funcionar como uma fonte de
Deepdene digital
da Lanston foram texto independente. Versaletes e algarismos de texto (mcluídos
editados para na versão digital da Lanston) são exigências do desenho. Os ca-
produzir a fonte racteres caudais disponíveis em fontes suplementares são menos
mostrada aqui.
um trunfo que uma tentação.

244
abcéfghijõo 1235 AQ abcéfghijôp

5
Diotima m Projetada por Gudrun Zapf-von Hesse e gravada
pela fundição Stempel de Frankfurt em 1953, é hoje editada pela
Linotype-Hell em formato digital. A romana é larga ea itálica é
marcadamente estreita. Há versaletes, não existem pesos bold. A
fonte deve seu nome à mais antiga filósofa de que se tem registro,
Diotima de Mantinéia, cuja metafísica do amor é recitada por Só-
crates no Banquete de Platão, À Diotima faz parte de uma família
detipos mais extensa de autoria da mesma designer, cultivada por
mais de trinta anos. Entre seus parentes figuram a série Nofret,
a Ariadne (uma fonte de iniciais caudais) e a Smaragd, uma bela
fonte titular de caracteres vazados. (Ver também p 246.)

abcefghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Documenta D Frank Blokland começou a trabalhar nesta fonte
de texto robusta e aberta em 1986. Ela foi editada por sua firma, a
Dutch Type Library, em 1993. Os versaletes e algarismos de texto
são fornecidos para toda a gama de pesos. Uma companheira
sem serifa tão despretensiosa e bem-feita quanto ela foi lançada
em 1997.

abcéfghi;ôp 123 AQ abcéfshijôp


Electra A Muitas das primeiras fontes de livro do século 20 são
variações criativas das formas neoclássicas e românticas. Isso
faz com que elas pareçam ser, retrospectivamente, importantes
precursoras do design pós-moderno. Três delas foram criadas
nos Estados Unidos para linotipo e tornaram-se imediatamente
gêneros de primeira necessidade da atividade editorial norte-
americana. Uma delas é a Fairfield de Rudolph Rúzidka, editada
em 1940. As outras são a Electra de W.A. Dwiggins, lançada em
1935, € à Caledonia, do mesmo autor, publicada em 1938. Em sua
forma original para linotipo, a Electra era a mais vivaz das três,
o que não acontece necessariamente com sua versão digital. A
Electra foi primeiramente editada com uma romana inclinada
no lugar de uma itálica, mas o próprio Dwiggins substituiu-a
em 1940 pela itálica simples e nítida que hoje é habitualmente
utilizada. Os versaletes e algarismos de texto são inerentes ao
desenho, (Ver também p 125.)

245
A Diotima roma-
na (à esquerda)
e o peso normal
da Nofret Ro-
aa olo CC
cé tí gg
mana (à direita):
duas fontes
relacionadas,
desenhadas
num lapso de
aproximadamen-
te trinta anos

findo tt
por Gudrun
Zapf-von Hes-
se. À Diotima
foi desenhada
como uma fonte
de fundição para
Impressão em

AA HH
prensa tipográ-
fica. A Nofret foi
projetada ini-
cialmente para
fotocomposição.
Elas são exibidas
aqui à guisa de
comparação em abcdefghijktmnopqrstuvwxyz
zo pte em 18 pt,
ambas em for- abcdefshijkimnopqrstuvwxyz
mato digital.
1234567890
1234567890
ABCDEFGHIJKLMNOPO
ABCDEFGHIJKLMNOPOQ
abcdefghijkimnopgrstuvwxyz
abcdefghijkImnopgrstuvwxyz

246
abcêfshijôp 123 AQ abcéfghijôp
Esprit » Desenhada por Jovica Veljovié em Belgrado e editada
pela rTc de Nova York em 1985, a Esprit tem romanas com serifas
afiadas e itálicas com eixo variável, grande altura-x e pequena
abertura. Os traços e bojos da caixa-baixa estão repietos de
linhas oblíquas e curvas assimétricas, que acrescentam ainda
mais energia à sua estrutura neobarroca, já fundamentalmente
turbulenta, Uma fonte semelhante, embora mais simples, é a
Veljovié — um projeto anterior da mesma designer. Versaletes e
algarismos de texto estão implícitos no desenho. Os algarismos
de texto itálicos, desenhados há muito tempo, ainda aguardam
edição. (Ver também pp 125, 250.)

AHQ 123 ábçdefohijklmitipgrstâvwayz


Fairbank A Em 1928, quando o calígrafo inglês Alfred Fairbank
desenhou esta fonte e a ofereceu à Monotype, a corporação con-
siderou-a uma possível companheira para a sua nova Bembo
romana. Ela era estreita e tinha uma inclinação de apenas 4º, mas
possuía grande força tênsil, De acordo com a estimativa do con-
sultor tipográfico da Monotype, Stanley Morison, ela ofuscava a eta]
decorosa romana de fala mansa para a qual havia sido prometida,
mesmo depois de ser domesticada pelos desenhistas da companhia.
Uma itálica mais suave — a atual Bembo itálica.— foi então gravada
para substituí-la. O itálico de Fairbank permaneceu desde essa
época como um tipo solitário, rotineira e erroneamente descrito
como“Bembo Condensed Italic” (contra os desejos expressos de
seu designer).
De fato, sa solidão tipográfica é sua essencial vocação. Os
itálicos humanistas de Griffo, o mestre da Basiléia, e de Arrighi,
dos quais essa fonte descende, foram empregados em idêntica
solidão para a composição de textos longos, e não como acom-
panhantes de tipos romanos existentes. A Fairbank tem esse.
mesmo e rico potencial.
Quando Robin. Nicholas e Carl Cossgrove finalmente digi-
talizaram a fonte na Monotype, em 2003, voltaram aos desenhos
de Fairbank, restaurando as versais eretas originais e.os longos
extensores da caixa-baixa. Também adicionaram vários caracteres
caudais inúteis porém legítimos, além de um conjunto inteira-

247
mente ilegítimo de algarismos tabulares, que não tem base nem
na tradição caligráfica nem na estética pessoal de Fairbank. Para
construir uma versão digital funcional desse tipo altamente útil,
os algarismos de texto do próprio Fairbank precisam ser movidos
da fonte caudal para a básica,

Fontes
detexto
abcéfghijóp 123 AQ abcéfehijôp
serifados Fairfield À Uma fonte de texto desenhada por Rudolph Rúzicka
para linotipo, lançada em 1939. Assim como a Electra de seu ami-
go e colega W.A. Dwiggins, a Fairfield tem um eixo racionalista,
e permaneceu, também como aquela, como uma fonte típica
da atividade editorial norte-americana por aproximadamente
quarenta anos. Ela foi digitalizada em 1991 por Alex Kazcun, que
substituiu os estreitos fe j da linotipo por caracteres com kerning
e diminuiu a largura de composição do itálico. Também aumentou
o contraste da fonte (fazendo com que sua chave pré-moderna
girasse levemente em direção ao design pós-moderno), adicionou
pesos alternativos à gama original e incluiu o itálico alternativo
de Rúzicka, estranhamente rebatizado de'“caption font” [fonte de
manchetes ou fonte titular).

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Figural m A verdadeira Figural foi desenhada na Tchecoslo-
váquia por Oldtich Menhart em 1940 e finalmente gravada e
moldada pela fundição Grafotechna, em Praga, em 1949. Uma
versão digital foi criada por Michael Gills e editada pela Letraset
SsBU

em 1992. Exceto para alguns afortunados impressores de prensas


tipográficas, essa versão digital embuçada é a única forma pela
qual o tipo está disponível atualmente.
Menhart foi o mestre do expressionismo no design de tipos,
e.a Figural é uma de suas melhores criações: romanas e itálicas
rugosas porém graciosas, que preservam deliberadamente a irre-
gularidade expressiva das formas escritas à pena. A Manuscript,
outra fonte do mesmo designer, é mais rude, embora tenha um
caráter similar, e a sua Monument é uma fonte titular compatível
com a Manuscript e com a Figural. Embora a versão digitalizada
da Figural ressinta-se da falta da maravilhosa abrasividade do
original, ainda é uma boa fonte de texto para uso em tamanho
modesto. Mas, como toda a obra de Menhart, merece um revival
digital mais autêntico. (Ver também p 123.)

248
abcêfghijôp 123 AQ abcéfshijóp
CFGIT-CFGIFOQT
Fleischmann m Esta é uma família digital baseada em fontes
romanas e itálicas gravadas por Johann Michael Fleischman [sic]
em Amsterdã entre 1738 e 1739. Fleischman foi um hábil e prolífico
puncionista e fundidor tipográfico, cuja obra, assim como a de
Bodoni, tem uma extensão considerável. No final dos anos 1730,
ele e o seu competidor Jacques-François Rosart gravaram tipos
de. texto verdadeiramente rococós. A arquitetura dessas fontes é
fundamentalmente. barroca, mas percebe-se um contraste exa-
gerado no o e no g'itálicos e romanos, e em todas as maiúsculas
redondas. As serifas das maiúsculas são ostensivas e abruptas.
A interpretação digital de Erhard Kaiser, editada pela DTL em
1995, é um pouco mais dócil que a metálica. Ela inclui algarismos
de texto, versaletes e uma gama de ligaturas ornamentais. (Ver
também p 142.)

abcêfehijôp 123 AQ abcéfghizóp


Fournier m Os tipos de Pierre-Simon Fournier têm sua origem
no mesmo período histórico — e no mesmo espírito racionalista
— dos desenhos de John Baskerville e da Bell de Richard Austin.
No entanto, esses tipos não são de modo algum parecidos. As
fontes de Fournier são tão francesas quanto as fontes de Bell e
Baskerville são inglesas, bem como altamente personalizadas,
pois nos falam sutilmente do próprio criador.
Fournier é também famoso pelo uso de ornamentos. Assim
como Mozart, ele se move entre um neoclassicismo puro e sur-
preendentemente poderoso e um rococó aéreo. Suas letras têm
mais variação de eixo que as de Baskerville, suas romanas são
um pouco mais estreitas e suas itálicas são mais afiadas. No fim
da.vida, Fournier gravou algumas das primeiras fontes romanas
condensadas. Ainda como Mozart, Fournier deliciava-se ao desli-
zar das formas neoclássicas nas quais foi pioneiro para as formas
mais antigas do barrroco, que admirava e que herdou,
Entretanto, Fournier virou as costas para o barroco em um
aspecto importante. Ele gravava suas romanas e itálicas como
fontes semelhantes mas independentes, que diferiam de modo
bastante deliberado na altura-x, Em 1925 a Monotype gravou duas

249
séries separadas baseadas em seu trabalho. Editadas em metal,
foram chamadas Monotype Fournier e Monotype Barbou, Apenas
a primeira foi digitalizada, mas ambas preservaram as proporções
disparatadas do romano e do itálico. As convenções editoriais
Xx00 modernas ainda se prendem ao barroco, e frequentemente exigem
que o romano e o itálico sejam misturados em uma única fonte,

bbpp
Penso, no entanto, que a Fournier deveria ser utilizada à maneira
de Fournier, ou então redesenhada. (Ver também p 144).

abcefghijôp 123 AQ abcéfghióp


Galliard e Galliard já foi o nome de um corpo tipográfico
= 9 pt -, bem como de uma dança e da forma musical dessa
dança. A família tipográfica hoje conhecida por esse nome foi
projetada por Matthew Carter, editada pela Mergenthaler em
1978 e posteriormente licenciada pela rrc. Ela compreende uma
romana e uma itálica nítidas e formais porém enérgicas, baseadas
nos desenhos do abridor de tipos francês Robert Granjon, que
viveu no século 16.À obra de Granjon que sobreviveu aos séculos
é suficiente para provar que ele foi um dos melhores puncionis-
tas de todos os tempos. A Galliard é uma homenagem feita por
Carter tanto ao homem quanto à obra. É também um exemplo
proeminente de um revival tipográfico maneirista. Algarismos
de texto e versaletes estão implícitos no desenho. Conjuntos de
ligaturas maneiristas e versais caudais estão disponíveis para o

41
exercício da tipografia de época.A melhor de suas muitas versões
digitais parece ser — o que não é surpresa — a do próprio Carter,
lançada em 1992 pela Carter & Cone.A fonte display mais óbvia
para ser utilizada com a Galliard é a Mantinia (ver página 310),
também de sua autoria - mais uma homenagem àquele artista
de intelecto extraordinário, grande precisão e habilidade técnica
exemplar. (Ver também p 140.)

Garamond (1) m Claude Garamond (ou Garamont),


que morreu em
1561, foi um dos muitos grandes puncionistas tipográficos a
trabalhar em Paris no início do século 16, Seu mestre, Antoine
Augereau, e seus talentosos contemporâneos são hoje lembrados
apenas por estudiosos, enquanto Garamond goza de fama póstuma.
Muitas de suas punções e matrizes sobrevivem em coleções de
museus, e aprender a reconhecer seu estilo não é difícil, Isso não
impediu que ele recebesse crédito por tipos que jamais poderia
ter desenhado e que provavelmente não teria admirado.

250
,

As romanas de Garamond são formas imponentes da Alta


Renascença com eixo humanista, contraste moderado e extensores
longos. Ele também produziu várias e belas itálicas, com algumas
das primeiras versais inclinadas, mas aparentemente não nutriu
nenhum interesse pela nova idéia radical de colocar romanas e
itálicas lado a lado, Os revivals de seus tipos romanos são freqiien-
temente combinados com itálicos baseados na obra de Robert
Granjon, seu colega mais jovem. Há três revivals da Garamond e
(A
da Garamond/Granjon que merecem séria consideração:
A Stempel Garamond, editada pela fundição Stempel em 1924 Os espécimes
e posteriormente digitalizada pela Linotype; ampliados acima
pertencem à“1520
A Granjon, desenhada por George William Jones e editada pela Garamond” de
Linotype em 1928 — agora também na biblioteca digital da Li- William Ross Mills,
notype- ea uma fonte titular
mais próxima dos
Adobe Garamond, projetada por Robert Slimbach, editada em reais desenhos de
forma digital pela Adobe em 1989 e relançada em 2000 no for- Garamond que
mato latino pan-europeu OpenType. qualquer outra
versão digital
A Sabon de Jan Tschichold, listada separadamente nas pp Ela é editada pela
268-69, também se baseia de perto nos originais de Garamond, Tiro Typeworks
Versaletes e algarismos de texto encontram-se disponíveis para de Vancouver,

todas essas versões e são fundamentais para os seus desenhos,

aDcefghijôp 123 AQ abcéfebizôp Stempel Garamond


com 18 pt

abcefghijôp 123 AQ abcéfghiôp


Linotype Granjon
com 18 pt

abcêfehijóp 123 AQ abcéfghijôp Adobe Garamond


com 18 pt

A Stempel Garamond é a única das três na qual tanto a ro-


mana quanto a itálica são baseadas em uma Garamond genuína
(seu modelo, a itálica gros romain de Garamond, é reproduzido
na página 85). O ritmo e as proporções da Stempel itálica são, não
obstante, muito diferentes do original,
Uma linhagem de desenhos totalmente diferente, baseada na
obra de Jean Jannon, é também vendida como Garamond. Ela é
discutida em detalhe logo a seguir. (Ver pp 113, 137 254.)

Garamond (2) m Jean Jannon, nascido em 1580, foi o primeiro


dos grandes artistas tipográficos do barroco europeu, mas tam-
bém foi um protestante francês que fazia impressões ilegais sob
regime católico, e o tipo que gravou e moldou durante o início
do século 17 foi confiscado por agentes da coroa francesa em 1641

251
(é possível que Jannon tenha sido reembolsado posteriormente).
Depois de permanecer guardado por dois séculos, foi revivido e
incorretamente identificado como trabalho de Claude Garamond.
As punções sobreviventes ainda estão na Imprimerie Nationale
de Paris.
O tipo de Jannon é elegante e desordenado: varia bastante
no eixo e na inclinação, tem serifas afiadas e é assimétrico. Os
melhores revivals dessas letras amáveis e claramente não-gara-
mondianas são:
A “Garamond” are, desenhada por M.F Benton e editada em
a

1918-20;
A“Garamont?” da Lanston, desenhada por Frederic Goudy e edi-
»

tada em 1921;
A“Garamond” Monotype, editada em 1922,e
w

A “Garamond” Simoncini, desenhada por Francesco Simoncini


dh

e editada em metal pela fundição Simoncini em Bolonha, no


ano de 1958.
À Monatype empenhou-se particularmente no caso de Jan-
non, editando dois cortes diferentes do itálico, tanto em metal
quanto em formato digital, A Monotype 156, na qual a inclinação
das capitulares varia estrepitosamente, é mais próxima dos origi-
nais de Jannon.A Monotype 176 é uma revisão corporativa: uma
tentativa de regenerar 0 impenitente abridor de tipos francês, ou
ao menos sua caixa-alta itálica. Mas a irregularidade está no âmago
do barroco e das letras de Jannon, assim como pode ter estado
no âmago da sua recusa em conformar-se à religião então oficial,
Prefiro, por essa razão, a Monotype 156 (chamada de “alternativa”
em seu formato digital).

abcêfohijôp 123 AQ abcéfabijóp


Monotype
“Garamond” de 18 pt

abcefehijôp 123 AQ abcéfabijóp


Simoncini
“Garamond” de 18 pt

Há ainda uma outra versão do tipo de Jannon que é vendida


Osalgarismos como “Garamond 3”. É a “Garamond” da ATE de 1918 tal como
detextocos adaptada em 1936 para linotipo, dessa vez revisada para composi-
versaletes estão
ausentes da edição ção digital. Ela é perfeitamente útil como fonte de texto, mas não
da Garamond possui a graça levemente despenteada da“Garamond” Monotype
Simoncini. Eles
nem o apelo mais penteado e ereto da versão de Simoncini.
foram adicionados
à versão A“Garamond” rrc, desenhada na década de 1970 por Tony
mostrada aqui. Stan, também não tem nada a ver com a tipografia de Garamond;
é uma forma radicalmente distorcida do tipo produzido por Jan-

252
non: distante tanto do espírito barroco quanto do renascentista.
(Ver também pp 113, 141, 254.)

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Haarlemmer A Jan van Krimpen desenhou este tipo para a Mo-
notype em 1938 para atender a uma encomenda particular. Sua
produção em formato digital pela Dutch Type Library precisou
esperar até 1996. O romano baseia-se na Romulus. O itálico, no
entanto, foi produto de um novo desenho, de 1938. Na década
de 1940 Van Krimpen revisou-o, produzindo a Spectrum. Ao
digitalizá-lo, Frank Blokland criou uma companheira sem serifa,
baseada em grande parte na Romulus Sans de Van Krimpen,
que foi editada em 1998 com o nome Haarlemmer Sans. (Ver
também p 270.)

abcêfshijôóp 123 AQabcéfshijôp


Hollander p Emtipografia, poucas coisas são mais úteis do que
fontes simples, sólidas, despretensiosas e bem-intencionadas. À
Hollander, desenhada por Gerard Unger em 1983 e editada ape-
nas em 1986, é uma das diversas famílias com essas qualidades.
As fontes Swift (1985) e Oranda (1992), de autoria do mesmo
designer, são similares.A Hollander é mais volumosa que a Swift,
mas tem serifas mais pontudas e tende portanto a sofrer mais
com tratamentos comerciais rudes (baixa resolução, impressão
desqualificada, papéis inferiores).

Jannon Ver Garamond (2), pp 251-52.

Janson Ver Kis, p 256.

abcéfohijóp 123 AQ abcéfohijôp


Jenson m Muitas variedades de tipos alegam ter-se inspirado
na romana gravada em 1469 na cidade de Veneza por Nicolas
Jenson. Algumas dessas derivações são obras-primas; outras,
tudo menos isso. A Centaur de Bruce Rogers é merecidamente a
sua recriação mais conhecida, mas a Centaur digital produzida
pela Monotype não passa de um fantasma bidimensional da ho-
menagem tridimensional de Rogers ao tipo de Jenson. A Adobe
Jenson, projetada por Robert Slimbach e editada em 1995, refaz

253
A Stempel
Garamond ro-
mana (à esquer-
da) é baseada
de fato na obra
de Claude Gara-
mond (embora
seu f; tanto na
romana quanto
na itálica, seja
distorcido em

rr kk XX
virtude de
uma insensata
tentativa de
escapar do uso
de ligaturas).
A"Garamond”
Monotype (à
direita) baseia-
se no trabalho
de Jean Jannon.
Esses dois
tipos excelentes RESN
provêm de sé-
culos, espíritos
e mãos diferen- abcdefghijklmnopqgrstuvwxyz
tes, e portanto
certamente me- abcdefohijklmnopqrstuvwxyz
recem nomes
diferentes, Eles 1234567890 ABCDÉFG
são mostrados
aqui lado a lado 1234567890:ABCDÉFG
—o Stempel
comgopteo ABCDEFGHIJKLMT
ABCDEFGHI!KLMNT
Monotype com
78 pt- e abaixo
um sobre o
outro, ambos abcdefehijkimnoparstuvwxyz
com 18 pt.
abedefobijtelmnopgrstuvsyz

254
os passos de Rogers e também de Frederic Warde. Aitálica baseia-
se no mesmo modelo da Arrighi itálica de Warde — um desenho
separado que foi revisado posteriormente para servir de itálico
para a Centaur. Quando se comparam apenas as fontes digitais,
fica claro - ao menos para mim — que a Adobe Jenson tem um
melhor equilíbrio entre a romana e.a itálica e maior tolerância
ao raquitismo estrutura! da impressão bidimensional, embora o
mesmo não aconteça quando as duas são utilizadas na impressão
direta em prensa tipográfica (usando chapas de polímero para a
Adobe Jenson). A Cloister de M.F. Benton e a Legacy de Ronald
Arnholm também são famílias tipográficas com as quais esses tipos
podem ser comparados (a Adobe Jenson e a Cloister são mais
próximas do que a Adobe Jenson e a Centaur em alguns aspectos
interessantes),A família foi lançada nos formatos Multiple Master
e OpenType. As versões oT incluem versaletes, algarismos de texto,
um itálico caudal, alguns florões e um conjunto de caracteres
latinos pan-europeus. (Ver também pp 22, 124, 201)

abcêfenijóp 123 AQ abcéfghijôp


e. ? 0. me 7 ..A

Joanna m Desenhada pelo artista inglês Eric Gill e gravada pela


Caslon Foundry, em Londres, no ano de 1930, A versão para a
monotipo foi produzida em 1937. É uma fonte de simplicidade
espartana, com serifas chatas e muito pouco contraste, mas que
varia consideravelmente o eixo de seus traços. O itálico tem uma
inclinação de apenas 3º e está impregnado das formas romanas,
mas é suficientemente mais estreito que a romana para evitar
confusões. Os algarismos de texto são essenciais ao desenho de Gill.
A Gill Sans é uma companheira óbvia e bastante satisfatória.

abcelghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Journal p Uma fonte rude e eminentemente legível desenhada
por Zuzana Litko e editada em 1990 pela Emigre. Algarismos
+

de texto e versaletes fazem parte do desenho. Uma versão mais


ampla conhecida como Journal Ultra e uma série de pesos estão
disponíveis. (Ver também p 149.)

abcêfghijóp 123 AQ abcêfehijóp


Kennerley m. Desenhado em 1911, este foi o primeiro tipo bem-
sucedido de Frederic Goudy (ele tinha então 46 anos, mas sua

255
,

carreira tipográfica estava apenas começando). Por conta própria,


quis produzir um tipo com algo do sabor da Caslon — ea Kenner-
ley tem um quê de sua despretensão caseira, embora tenha voltado
às formas renascentistas para constituir sua base arquitetônica
e boa parte de seus detalhes estruturais. O itálico foi desenhado
sete anos depois do romano, mas Goudy encontrara seu estilo: os
dois casam bem. Os algarismos de texto e versaletes requeridos
pelo desenho foram incluídos na versão digital da Lanston.
(A grafia“Kennerly” aparece em alguns catálogos, mas a fonte
foi encomendada pelo editor Mitchell Kennerley [1878-1950] de
quem recebeu seu nome.) (Ver também p 219.)

abcêfghijôpz 123 AQ ahcéfehijlôp


.. Om . rIja

Kinesis D Projetada por Mark Jamra e editada pela Adobe em


1997, à Kinesis quebra com alguma beleza várias convenções do
wÔw

design tipográfico. As descendentes têm serifas proeminentes


inclinadas e bilaterais e as ascendentes não têm serifa nenhuma
— apenas uma terminação alargada do traço, que é ligeiramente
calciforme nas romanas e inclinado nas itálicas. Os pontos do i e
do j são cônicos, bem como o são os traços do f e do t e todas as
serifas unilaterais (Com exceção do z em caixa-baixa). As serifas
bilaterais, no entanto, são grossas e quase uniformes na largura
DL

do traço. O itálico inclui algumas formas romanas inclinadas (1,


D e os bojos cursivos e triangulares da caligrafia maneirista. A
versão OpenType da família, editada em 2002, inclui algarismos
de texto e versaletes em uma ampla gama de pesos, mas não
possui caracteres europeus orientais.

abcêfehijôp 123 AQ abcéfobijnôp


Kis m O húngaro Miklós Kis é uma figura de destaque na tipo-
grafia holandesa e na de seu próprio país. Passou a maior parte
da década de 1680 em Amsterdã, onde aprendeu o ofício e gravou
alguns tipos barrocos maravilhosamente denteados e compactos.
No entanto, durante muitos anos seu trabalho foi incorretamente
creditado ao puncionista holandês Anton Janson e tomado como
a suma do desenho barroco da Holanda. Como o comércio não
tem consciência, os tipos de Kis são vendidos até hoje, mesmo
por conhecedores, com o nome de Janson.
Algumas das punções e matrizes originais de Kis chegaram até
a fundição Stempel, em Frankfurt. A Janson da Stempel é, conse-

256 -
NI
quentemente, o verdadeiro tipo de Kis, com caracteres germânicos
(à, 8, it etc) bastante toscos adicionados por outras mãos. A.Lino-
type Janson, baseada nos originais de Kis, foi gravada em 1954 sob
a supervisão de Hermann Zapf. A Monotype Janson e a Monotype
Erhardt também foram adaptadas - com menos sucesso, penso eu
— dos desenhos de Kis.A Linotype Janson Text (1985), produzida
da mesma maneira, me parece ser sua versão digital mais bem-
sucedida: baseada nos originais de Kis e na excelente versão de
Zapf para linotipo, foi preparada sob a supervisão de Adrian
Frutiger. (Ver também p 141.)

abcêfehijóp 123 AQ abcéfghijôp


Legacy D A Legacy de Ronald Arnholm (rrc, 1992) é, creio, a
mais delicada das muitas tentativas feitas durante o século 20 para
dar nova vida bidimensional aos antigos tipos tridimensionais
do tipógrafo Nicolas Jenson. A delicadeza, porém, nem sempre
constitui uma desvantagem num tipo para impressão, e a Legacy

al
possui de fato interesse em outros aspectos. Ela é o casamento
de um redesenho da romana de Jenson com um redesenho de
uma das itálicas de Garamond — não de Arrighi -, e é o único
revival da romana de Jenson que inclui tanto a forma serifada
quanto a sem serifa,
O modelo que ampara a romana é reproduzido na pá-
gina 18 e o que está por trás da itálica aparece na página 74.
A Legacy possui um olho substancialmente maior que ambos, e
nesse sentido viola.os sensos de proporção tanto de Garamond
quanto de Jenson. Mesmo assim, é uma família com muitos
méritos e usos. (Ver também pp 281-82.)

abcefghijop 123 AO abcefehijop


abcefehijop 123 AO abcefohijop
bpbpbpbpbpbpbpbpbpbpbpbp
Lexicon p Desenhada por Bram de Does em 1992 e editada
em formato digital pela Enschedé. Como o nome sugere, foi
encomendada para compor um novo dicionário holandês. Por,
conseguinte, foi desenhada para ser compacta como um tipo
bíblico mas também para funcionar em uma grande variedade
de tamanhos, permitindo vários tons e graus de ênfase. Existem

257
seis pesos (AF), com versaletes romanos e itálicos em todos eles,
e cada um dos pesos tem duas versões da caixa-baixa romana e
itálica: nº 1 com extensores curtos; nº 2 com extensores normais.A
Lexicon 2A (o peso leve com extensores normais) é um excelente
tipo de texto, apto a vários usos, e a Lexicon 18 (o segundo peso,
com extensores curtos) é uma boa companheira para produzir
Fontes notas e outros conteúdos compactos.
de texto
serifadas abcefghijopz 123 AO abcefghijop
Manuscript m Desenhada na Tchecoslováquia por Oldíich Me-
nhart em meio à 11 Guerra Mundial e editada pela Grafotechna,
de Praga, em 1951.À Manuscript é ainda mais rude que a Figural,
também de Menhart, mas suas formas ásperas são cuidadosamente
escolhidas e justapostas.À romana e a itálica são perfeitamente
equilibradas entre si e em si mesmas. Os numerais são grandes,
mas seu alinhamento é satisfatoriamente desigual. Há uma versão
cirílica correspondente. (A versão mostrada aqui é uma prova de
digitalização feita por Alex White.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Mendoza p Projetada por José Mendoza y Almeida em Paris e
lançada pela rrc em 1991.É uma fonte de texto humanista vigorosa
e ressaltante, com baixo contraste e acabamento espartano, em
muitos aspectos mais próxima das encantadoras itálicas e romanas
de texto da Paris do século 16 do que qualquer outra fonte digital.
A Mendoza prospera sob manuseio cuidadoso, mas é robusta o
bastante para sobreviver a condições letais para outras fontes de
texto. Versaletes e algarismos de texto são implícitos ao desenho,
mas as ligaturas teriam melhor fortuna se fossem redesenhadas
ou esquecidas. Há também uma extensa gama de pesos. (Ver
também pp 61, 113, 122, 124.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Méridien m/F Esta foi a primeira fonte de texto de Adrian Fru-
tiger, projetada em 1954 para.a Deberny & Peignot, em Paris. À
versão romana foi gravada e fundida para composição manual.
A itálica, porém, a despeito de seu equilíbrio e fluxo impecável,
foi forçada a esperar, sendo então lançada (com uma nova encar-
nação da romana) apenas em formato fototipográfico. As versais

“258
romanas, com sua autoridade e dignidade incomuns, compõem
uma excelente fonte display. A Frutiger, fonte de autoria do
mesmo designer, é uma útil companheira sem serifa, mas na
ausência de versaletes e algarismos de texto a correlata Apollo
é frequentemente mais útil em trabalhos de texto. (Ver também
Pp 67 113, 118, 260.)
Olhando os
abcêfehijôp 123 AQ abcéfghijôp catálogos de
amostras
Minion D A primeira versão desta família, desenhada por Ro-
bert Slimbach perto de São Francisco, foi editada pela Adobe em
1989. As versões Multiple Master e OpenType foram lançadas
mais recentemente, À Minion é uma família de texto neo-hu-
manista desenvolvida na integra, que, no sentido tipográfico, é
especialmente econômica para se compor — ou seja, ela produz
alguns caracteres a mais por linha do que a maioria das fontes do
mesmo corpo sem parecer espremida ou comprimida. Versaletes
e algarismos de texto são essenciais ao seu desenho e estão dis-
poníveis em toda a sua gama, em vários pesos romanos e itálicos.
Sua forma OpenType, chamada Minion Pro, inclui um conjunto
de ornamentos tipográficos, itálicos caudais e caracteres gregos
e cirílicos eretos e cursivos. A itálica caligráfica de Slimbach,
chamada Poetica, é uma fonte útil para lhe fazer companhia.
(A Minion Pro é a fonte com a qual este livro foi composto. Ver
também pp 119, 120, 219.)

abcéfghijôp 125 AQ abcéfghijôp


Nofret E Nofret, que significa “a bela” era um nome feminino
popular no Antigo Egito. Em 1984 uma exposição preparada
pelo Museu do Cairo foi inaugurada em Munique sob o título
Nofret: Die Schône: Die. Frau in Alten Agypten, [Nofret, a bela: a
mulher no Antigo Egito], e naquele ano a fonte Nofret de Gudrun
Zapf-von Hesse foi lançada pela fundição Berthold. Em muitos
aspectos ela repensaa Diotima, desenhada pela mesma designer
três décadas antes: a romana é mais compacta, mas a itálica tem
largura similar, Há uma ampla gama de pesos, e mesmo os mais
pesados retêm sua graça. Em termos tipográficos, a Nofret não
é uma egípcia. É mais uma resposta à questão O que aconteceria
auma egípcia tipográfica se adquirisse graça feminina? Versaletes
e algarismos de texto são implícitos ao desenho. (Ver também
PP 150; 246.)

259
Versões digitais
da Méridien (à
esquerda) e da
Apollo (à direita),
ambas de Adrian
Frutiger. A pri-
meira — inicial-
mente um tipo
de fundição,
embora as matri-
zes tenham sido
gravadas apenas
para a romana —
foi terminada
em 1954. À últi-
ma — projetada
para composi-
ção em filme —
foi completada
em 1962. Algu-
mas letras sele-
cionadas são
mostradas aqui
com 72 pt (Méri-
dien) e o pt
(Apollo). Os abcdefghijkimnoparstuvwxyz
alfabetos bási-
cos (Méridien abcdefghijkImnopgrstuvwxyz
1234567890:ABCDÉ
acima, Apollo
abaixo) são mos-
trados com 13 pt.
1234567890-ABCDÉ
ABCDEFGHIJKLMNO
ABCDEFGHIJKLMNO
abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
abcdefohijkimnopgrstuvwxyz

260
abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp
Oficina p Projetada por Erik Spiekermann e colegas, foi editada
em 1990 pela ITC. É uma fonte de texto estreita e simples porém
robusta, inspirada na máquina de escrever e prestativa para
compor muita matéria que tempos atrás teria ficado em formato
datilografado. Ela é forte o bastante para resistir a tratamentos
rudes (impressão a laser de baixa qualidade, por exemplo) e
suficientemente bem construída para prosperar sob melhores
condições de impressão. Há uma fonte sem serifa que lhe faz
companhia. Às versões cirílicas, tanto da Officina Serif quanto
da Officina Sans, foram desenhadas em 1994 por Tagir Safaev
e editadas em formato digital pela ParaGraph (hoje ParaType).
(Ver também p 151.)

abcêfehijóp 123 AQ abcéfohijôp


Palatino Linotype
digital com 18 pt

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Aldus digital da
Linotype com 18 pt

Palatino m/A Esta romana-e-itálica foi desenhada em 1948 por


Hermann Zapf, que planejara de início batizá-la como Medici.A
versão para fundição foi gravada em aço por August Rosenberger
na fundição Stempel, de Frankfurt, e posteriormente adaptada

E
por Zapf para linotipo. Em seu formato fotográfico e digital,
tornou-se a mais usada de todas as fontes neo-humanistas, tanto
por profissionais quanto por amadores. É o desenho de Zapf mais
universalmente admirado, e também o mais pirateado.
Nas suas encarnações autênticas, a Palatino representa uma
contribuição tipográfica esplendidamente equilibrada, influente
e graciosa — mas a Aldus, sua parente próxima, que foi expressa-
mente desenhada para composição de textos, é normalmente uma
escolha melhor para esse propósito, e a Palatino pode acompa-
nhá-la como fonte titular. Há um peso bold, desenhado em 1950;
um peso bold itálico foi adicionado aproximadamente trinta
anos mais tarde, com a evidente intenção de combater versões
forjadas. A família expandida da Palatino inclui dois conjuntos
de capitulares display (Michelangelo e Sistina), uma fonte de
texto grega (Heraklit) e capitulares gregas (Phidias). Versaletes
e algarismos de texto são essenciais à fonte.
Como a Palatino foi desenhada inicialmente para ser uma
fonte titular para composição manual em metal e apenas pos-

261
teriormente adaptada para uso em corpo de texto na linotipo,
existem duas versões fundamentalmente diferentes e ao mesmo
tempo autênticas da Palatino itálica, Há uma versão larga, origi-
nalmente combinada. com a romana.de largura de composição
letra-a-letra, como requer a linotipo, e uma versão mais estreita e
elegante, pensada para a composição manual, As versões digitais
Fontes disponíveis atualmente baseiam-se no desenho para fundição. As
de texto fontes digitais OpenType (conhecidas oficialmente como Palatino
serifadas Linotype) incluem um novo alfabeto grego e um novo cirílico,
bem como um conjunto de caracteres pan-europeus completo e
também, em algumas encarnações, o chit quôc-ngit — o conjunto
de caracteres latinos empregado no vietnamita. (Ver também pp
21, 69, 88, 109, 116, 148, 230, 234, 277, 303, 306.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijóp


Photina p Uma fonte de texto com eixo predominantemente
racionalista, pequena abertura e largura de composição estreita,
mas de inconfundível energia caligráfica. Foi projetada por José
Mendoza y Almeida e primeiramente editada para fotocomposição
pela Monotype em 1972. Possui diversos pesos, e as versões bold
são graciosamente desenhadas, Suas proporções são deliberada-
mente próximas da Univers, que é uma excelente companheira
sem serifa. É uma das primeiras e uma das melhores fontes de
texto pós-modernas, Os versaletes e os algarismos de texto são
implícitos ao seu desenho. (Ver também p 218.)

abcêfghijóp 123 AQ abcefehijôp


DO SPY OEM Sdrés LI DG
Plantagenet p William Ross Mills desenhou a versão inicial
desta fonte em meados dos anos 1990 e publicou-a pela Tiro
Typeworks em 1996. Em 2004 produziu uma revisão cabal, lançada
com o nome Plantagenet Novus. A nova versão inclui conjuntos
de caracteres latinos pan-europeus e gregos com sortimentos
adicionais para as línguas norte-americanas nativas que são es-
critas com letras latinas, um conjunto correspondente de silábicas
cheroquis e uma gama de caracteres caudais e ornamentais. Mas
por que uma fonte com estrutura neoclássica e um conjunto de
caracteres que liga a Grécia clássica à América do Norte nativa
deveria ostentar o apelido da família anglo-normanda que deu à

262
Inglaterra todos os seus reis, de Henrique 11 em 1154 a Ricardo 111
em 1485? Eu não sei. Mas Plantagenet é um antigo nome francês
da planta arbustiva conhecida como giesta (em francês moderno,
la plante genêt). Conta-se que Geoffrey de Anjou, fundador da
família e ávido caçador, cultivava-a e usava-a em seu chapéu
para ocultar-se dos pássaros.A planta foi trazida da Europa para
a América do Norte junto com o alfabeto latino, e desde então Olhando os
ambos proliferaram ali desordenadamente. catálogos de
amostras
AQ123 AQdbcdefohijkmiiopgrstivwxyz
aeb MS QUA pm
Poetica D Itálica chancerelesca feita por Robert Slimbach e
editada pela Adobe em 1992.A família básica consiste em quatro
variações sobre um mesmo itálico, com intensidades de cauda-
lidade variáveis. Há também cinco fontes de capitulares caudais,
duas de letras alternativas em caixa-baixa, duas de iniciais em
caixa-baixa, duas de. terminais nessa mesma caixa, dois conjuntos
de versaletes (com e sem ornamentação), uma fonte de frações e
ligaturas-padrão, outra de ligaturas ornamentais, uma de orna-
mentos não alfabéticos e outra só de ampersands.A fonte básica
é uma itálica neo-humanista simples, bastante apropriada para
textos extensos. Às fontes suplementares permitem qualquer
grau de diversão ou ostentação tipográfica que se deseje, (Ver
também p 140.)

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijóp


Poliphilus é Blado m Poliphilus, que significa “amor múltiplo”,
é o nome do protagonista do romance de fantasia de Francesco
Colonna intitulado Hypnerotomachia Poliphili, ou “A luta onírica
de Poliphilus”, impresso por Aldus Manutius em 1499 com um
Ú
tipo romano que fora recém-revisado por Francesco Griffo. Em
1923 a Monotype tentou reproduzir essa fonte para usar em sua
máquina, e o resultado foi a Monotype Poliphilus. Esse foi um dos
primeiros experimentos envolvendo a ressurreição de desenhos
renascentistas; os desenhistas da Monotype copiaram a própria
impressão direta da prensa tipográfica, incluindo boa parte do
espalhamento da tinta, em vez de depurar as formas impressas
para restaurar o que o puncionista havia esculpido. A fonte que
daí resultou é rude e algo desalinhada, porém charmosa, tal qual

263
A Bembo (à es-
querda) e a Poli-
philus (3 direita):
duas tentativas
de reproduzir
um tipo venezia-
no do século 15
em termos do
século 20.
Ambas baseiam-
se na mesma
caixa-baixa ori-
ginal, mas em
dois conjuntos
diferentes de
maiúsculas. As
fontes são vistas
aqui com 74 pt e
com 18 pt.

(A Poliphilus,
evidentemente,
nunca foi pen-
sada para ser
vista em público abcdefehijklmnopqrstivwxyz
com esse grau
de ampliação. O abcdefehijklmnopqrstuvwxyz
maior tamanho
disponível de suas 1I234567890:ABCDÉEFG
matrizes de metal
é de 16 pt). 1I234$67890ºABCDÉFG
ABCDEFGHIJEKLMNO
ABCDEFGHIJKLMNO
abcdefohijklmnopgrstuvwxyz
abcdefehijklmnopgrstuvwxyz

264
um aristocrata da Renascença surpreendido ao acordar com a
barba por fazer, andando de meias entre o quarto e o banheiro.
No mundo asséptico e impecável da impressão offset, essa rudeza
finalmente se fez valer.
Seis anos após produzir a Poliphilus,a Monotype repetiu sua
experiência. com um resultado bastante diferente, A Monotype
Bembo (1929) baseia-se em um estado anterior do mesmo ori-
ginal: a mesma caixa-baixa com um conjunto de versais prévio.
As diferenças entre a caixa-baixa da Monotype Bembo e a da
Poliphilus podem ser grandes, mas são diferenças de interpreta-
ção, não de projeto.
A Blado, companheira itálica da Poliphilus, não tem como
base nenhum dos sublimes tipos itálicos do próprio Griffo (um
dos quais é mostrado na página 228), mas uma fonte advinda
de um meio intelectual bem diverso, desenhada por Ludovico
degli Arrighi por volta de 1526 (Arrighi morreu logo depois de
terminar essa fonte - provavelmente sua sexta itálica — adquirida
pelo impressor Antonio Blado, de Roma. Não havia nenhum
tipo chamado Arrighi quando o revival de 1923 foi produzido,
Mesmo assim, a Monotype considerou melhor dar ao seu revi-
val o nome do impressor que a utilizou, e não ao calígrafo que
a desenhou.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfshijôp


Pontifex » Desenhada por Friedrich Poppl em Wiesbaden e
editada em 1976 pela fundição Berthold, de Berlim. É uma das
várias fontes eminentes do século 20 construídas sobre bases
maneiristas. Outros exemplos incluem a Méridien, de Adrian
Frutiger, a Trump Mediâval, de Georg Trump, e a Galliard, de
Matthew Carter. São quatro fontes bem distintas, desenhadas por
artistas bastante diferentes para três meios tipográficos diversos,
mas compartilham vários conceitos estruturais. Todas têm um
eixo humanista nas romanas, uma altura-x de proporções incomu-
mente grandes, uma tendência à forma aguda, angular e tensa na
conformação de letras individuais e uma considerável inclinação
no itálico — de 12º a 14º. Essas características foram herdadas dos
puncionistas franceses do maneirismo, tais como Jacques de
Sanlecque, Guillaume Le Bé e Robert Granjon. A Galliard é, de
fato, um revival das letras de Granjon, ao passo que a Pontifex, a
Trump e a Méridien são criações modernas independentes, mas
com o espírito da produção maneirista que as antecedeu. Juntas,

265
essas fontes demonstram a variedade e a profundidade daquilo
que se poderia chamar o aspecto neomaneirista da tradição
moderna. (Ver também pp 89, 148.)

abcéfehijôp 123 AQ abcéfghijôp


“e. a. / ..A-

Quadraat p Editada pela FontShop em 1993, a Quadraat, de


Fred Smeijers, é um estudo de contrastes: uma romana flexível e
com olho grande, mas com suave fluidez, casada com uma itálica
angular e quebrada, porém robusta,A engenhosidade criativa que
foi aplicada aqui estende-se à cirílica correspondente e à compa-
nheira sem serifa. O tipo foi publicado com kerning proficiente e
é vendido com todas as partes — versaletes e algarismos de texto
- intactas. Alguns tipos refinados foram feitos no final do século
20, e esse certamente é um deles, Ele não é apenas bonito: sua
beleza é mais estranha e mais profunda que isso. (Ver também
Pp 283, 306.)

abcefehijóp 123 AQ abcéfehijôp


Requiem D A Requiem é bonita onde a Quadraat não é, mas
sua beleza também é mais profunda que a simples boniteza.
Equivale, a seu modo, aos grandes tipos de livro neo-humanistas
do início do século 20: Bembo, Centaur e Dante. No entanto, ela
é o fruto de uma era ainda mais tardia, mais autoconsciente e
mais comprometida consigo mesma, Seus modelos também são,
portanto, posteriores: trata-se das escritas da Alta Renascença,
que também eram agudamente conscientes de si mesmas. Além
disso, a Requiem, ao contrário da Bembo, da Centaur e da Dante,
nasceu no meio digital, no qual duas dimensões são obrigadas a -
fazer o trabalho de três. Ela foi criada em Nova York por Jonathan
Hoefler, que desenhou as maiúsculas no início dos anos 1990 e.
completou a família em 1999. O projeto surgiu da encomenda de
uma revista duvidosamente intitulada Travel and Leisure [Viagem
e lazer], mas, como acontece com todo bom tipo, nutriu-se de
auto-disciplina não menos que de auto-indulgência, A itálica,
como a Poetica de Robert Slimbach, deve-se à obra de Ludavico
degli Arrighi, e inclui uma série de ligaturas artificiosas e jocosas
para prová-lo. As maiúsculas romanas com as quais o projeto foi,
iniciado também se baseiam na obra de Arrighi. Já a caixa-baixa
romana é tributária de outro calígrafo do século 16, Ferdinando
Ruano. (Ver também pp 60, 311.)

266
abcêfghijôp 123 AQabcéfighijp Rialto com 22 pt
(para títulos)

abcêfghijóp 123 AQabcefighijôp Rialto com 21 pt


[sic] (para textos)

Rialto p A Requiem é bonita; a Rialto é ainda mais bonita, mas


também aqui a sua beleza é mais profunda que isso. Batizada
em homenagem à ponte dos amantes em Veneza, é produto do
esforço conjunto do calígrafo veneziano Giovanni de Faccio e
do tipógrafo austríaco Lui Karner. O resultado é uma fonte de
extraordinária amabilidade caligráfica, que. no entanto é forte
o bastante para suportar textos de livros substanciais (quando
utilizada corretamente). O uso correto começa com a lembrança
de que existem dois conjuntos de fontes.A. própria Rialto é na
verdade uma fonte titular, preferencia! para uso com 18 pt ou
mais. À Rialto Piccolo é a melhor escolha para 16 pt ou menos
— ou seja, para todos os tamanhos de texto. Além da romana e
da itálica, também há os versaletes e um alfabeto semibold, um
conjunto completo de ligaturas e bons caracteres itálicos alter-
nativos, A itálica inclina-se a 2º e compartilha com a romana o
mesmo conjunto de versais. Foi editada em 1999 pela df Type em
Texing, perto de Viena. (Ver também p 312.)

abcefghijop 123 AO abcefghijop


Romanée mt Desenhada por Jan van Krimpen e gravada em aço
por Paul Helmut Râdisch na fundição Enschedé em Haarlem, na
Holanda.A romana deve muito de seu espirito à Garamond, Van
Krimpen desenhou-a em 1928 para ser a companheira de uma
itálica gravada em meados do século :7 por um outro admirador
de Garamond, Christoffe! van Dijck. No entanto, Van Krimpen
ficou insatisfeito com a relação entre as duas fontes, gravadas no
mesmo país com trezentos anos de diferença. Em 1948 ele pro-
jetou uma itálica própria - seu último tipo - para acompanhar a
Romanée romana, Ela se distinguiu pela proeminência de suas
descendentes, serifadas de ambos os lados, e por sua inclinação,
muito menor que a itálica de Van Dijck. Assim como as itálicas
do início do século 16, e ao contrário daquelas feitas tanto por
Garamond quanto por Van Dijck, ela combina uma caixa-baixa
cursiva com maiúsculas eretas.
“Juntas elas sucumbem, mas separadas se afirmam como finos
desenhos” disse o colega mais jovem de Krimpen, Sem Hartz, De fato,

267
a Romanée itálica é bastante auto-suficiente. Talvez essas fontes se-
jam mais bem utilizadas à maneira renascentista — não à maneira de
Van Dijck mas à de Garamond, ambos seus predecessores e colegas
— com a itálica empregada em passagens separadas em vez de
entrelaçada em um texto romano. Embora exista há muitos anos,
a Romanée digital ainda aguarda seu lançamento comercial,

abcêfohijôp 123 AQ abcéfghijôp


í .. as 4 ..

Romulus M Já se disse, com alguma justiça, que Jan van Krimpen


projetou três tipos romanos: a Lutetia (1925),a Romanée (1928) e
um terceiro ao qual deu os nomes Romulus, Haarlemmer, Sheldon
e Spectrum em diversos momentos das décadas de 1930 e 1940.
A sequência dos itálicos é diferente: Lutetia (1925), Cancelleresca
Bastarda (1934), Haarlemmer (1938), Spectrum (c. 1942) e Roma-
née (1949). Para a Romulus, Van Krimpen não desenhou nenhum
itálico. Em vez disso, seguiu os conselhos de Stanley Morison e
desenhou uma segunda versão da romana, que se inclina a 11º, mas
logo purgou esse pecado, desenhando o itálico mais elaborado
e mais tecnicamente desafiador de sua carreira, a Cancelleresca
Bastarda, incorporando-o à família Romulus.
Quando vista apenas como uma romana acompanhada de
uma versão inclinada, a Romulus parece ser um tipo bem-feito
mas empobrecido. Na realidade, ela faz parte de uma grande fa-
mília produzida entre 1931 e 1936, que é a antecessora de famílias
como a Legacy, a Scala e a Quadraat. Até hoje, a DTL digitalizou
apenas a romana e a inclinada serifadas. Elas serão mais úteis
quando o resto da família - a Canceileresca Bastarda, a Romulus
Sans, a Romulus Greeke a Romulus Open Capitals - também
estiver disponível. (Ver também pp 67, 270.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Sabon m/A Projetada por Jan Tschichold.A versão para fundição
foi editada pela Stempel em 1964, seguida pelas versões para lino-
tipo e monotipo em 1967.À série é composta de romana, itálica,
versaletes e semibold, amplamente baseados na obra de Claude
Garamond e de seu pupilo Jacques Sabon, que após a morte de
Garamond foi contratado para reparar e completar um conjunto
de punções feitas por seu mestre. A estrutura das letras é fiel aos
modelos da Renascença francesa, mas a fonte de Tschichold tem
um olho maior do que qualquer dos tipos gravados por Garamond,

268
com exceção dos menores tamanhos. À Sabon foi pensada para
servir como uma fonte para livros em geral e o faz muitíssimo bem,
embora seja amena quando comparada com os tipos originais
de Garamond. (Ver também pp 61, 117.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfehijôpy


Scala p É uma fonte de texto neo-humanista nítida, com serifas
pontudas e baixo contraste, projetada por Martin Majoor na déca-
da de 1980 para a sala de concertos Vredenburg em Utrecht (talvez
isso explique seu batismo, que homenageia uma sala de ópera de
Milão). Foi publicamente editada pela FontShop International de
Berlim em 1991. Ela tem muitos dos méritos da Joanna de Eric Gill
- para não falar de seus muitos méritos próprios -, mas dispensa
suas excentricidades. Os versaletes e algarismos de texto estão
implícitos no desenho e as licenças básicas das fontes da pr Scala
vêm pré-equipadas com algarismos de texto e com um conjunto
completo de ligaturas, como se o seu propósito fosse realmente
a composição de texto e não a mera digitação. Há também um
ramo sem serifa da família. (Ver também pp 284, 286-87.)

abcefghijãp 123 AQ abcéfehijôp


Seria D Assim como a Scala, a Seria é uma obra de Martin Ma-
joor, editada pela FontShop em 2000. O designer escreveu que,
após completar a Scala, quis produzir uma fonte mais “literária”.
Se ela é realmente mais literária que a Scala, não tenho como
dizer. Seu olho pequeno e seus extensores longos tiram de fato
um pouco de sua utilidade, mas eu mesmo a utilizei com gran-
de satisfação, em textos literários ou não, na companhia de sua
correspondente sem serifa. A itálica inclina-se em apenas um
grau.A itálica e a romana têm versais eretas, mas elas não são as
mesmas. As da itálica são ligeira mas perceptivelmente cursivas.
(Ver também p 284.)

ábçdefahijklmiopgrstâvwxyz 123
AQAQAQNEDEEGEMMM
Silentium D Desenhada por Jovica Veljovié e editada no formato
OpenType pela Adobe em 2000. É uma fonte carolíngia, como
a Alcuin de Gudrun Zapf-von Hesse. Não há necessariamente

269
Versões digitais
de três tipos
de Jan van
Krimpen: Ro-
mulus (à es-
dad.
V pp 4
bbb
bbb ccc
querda),
Haarlemmer
(no centro)
e Spectrum
(à direita).

lfgog
A Romulus é
mostrada aqui
com 78 pt, a Ooo

UU.
Haarlemmer
comyzptea
Spectrum com
82 pt.

CCI
Os itálicos e os
algarismos das
três são bem
distintos, mas na
caixa-baixa ro-
mana as diferen-
ças reduzem-se
aquelas que abcdefohijklmnopqrstuvwxyz
poderiam ser
encontradas em abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
tamanhos dife-
rentes de um abcdefghijkImnopgrstuvwxyz
único tipo grava-
do à mão. Os
alfabetos básicos
1234567890
em caixa-baixa 1234567890/1234567890
das três são
mostrados para abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
comparação
com 18 pt, abcdefgahijkimnopgrstuvwxyz
abcdefghijklmnopgrstuvwxyz

270
O
nenhum itálico, mas há quatro conjuntos de maiúsculas (uma
escrita e três desenhadas, que incluem uma vazada e um conjunto
negativo, útil para o uso de versais), diversas ligaturas e caracteres
alternativos à maneira dos escribas e um impressionante conjunto
de ornamentos.

abcêfghijôp 1234689 AQ abcéjghijôp


Spectrum m/A Esta fonte é refinamento da Haarlemmer, de-
senhada por Jan van Krimpen na década de 1940, adiada pela
Ir Guerra e editada tanto pela Enschedé como pela Monotype
em 1952. Foi a última fonte de texto produzida por Krimpen e é
hoje uma das mais utilizadas.A romana e a itálica são reservadas,
elegantes e bem-casadas. Seu eixo é humanista, sua abertura é
grande e suas serifas são simultaneamente afiadas e achatadas
(em tipografia, essa. característica não é nem contraditória nem
malquista). Os versaletes e os inconfundíveis algarismos de texto
Spectrum, com seus curtíssimos extensores, são essenciais. Um
semibold foi adicionado por Sem Hartz e gravado pela Monotype
em 1972. (Ver também pp 148, 270.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Swift D Esta fonte de olho grande foi desenhada por Gerard
Unger e lançada em 1987 por Rudolf Hell em Kiel. Ela é decla-
radamente um tipo jornalístico, mas tem muitos usos adicionais.
Embora o olho seja grande ea largura de composição estreita, as
letras são nítidas e abertas, com terminais e serifas cinzelados nas
pontas e em formato de cunha. Seu eixo é humanista e sua abertura
é grande, A itálica é fluente e tensionada, com uma inclinação de
6º. O torso dessas letras é volumoso o suficiente para que a Swift
possa funcionar bem sem algarismos de texto e versaletes, mas
estes já se encontram editados pela Elsner é Flake.A Praxis, uma
família sem serifa, e a Flora, uma itálica sem serifa ereta, ambas
de Unger, são úteis acompanhantes da Swift.

abcefehijóp 123 AQ abcéfghijôp


Trajanus m/A A Trajanus, de Warren Chappell, foi editada em
1939 como fonte para fundição pela Stempel e em formato de
máquina pela Linotype. Suas formas angulares e escuras ecoam
os primeiros escritos renascentistas e alguns dos mais antigos

271
tipos romanos de impressão, utilizados na Itália e na Alemanha
até serem superados pela whiteletter veneziana e depois pela
romana e a itálica aldinas. Ainda assim, a Trajanus é uma fonte
notavelmente graciosa, e a romana é acompanhada por uma itálica
igualmente nítida e fluente. Os numerais, assim como os da Bell,
têm formas alinhadas e com três quartos de altura.
Há uma fonte bold para acompanhá-la, projetada por Chap-
pell, e uma Trajanus cirílica desenhada por Hermann. Zapf. A
Lydian, uma fonte sem serifa de autoria do próprio Chappell, é
outro desenho próximo, um pouco mais escuro que a Trajanus
mas de angularidade semelhante. Após longo atraso, a Linotype
editou uma versão digital em 1997. O cirílico, no entanto, existe
apenas nas matrizes de metal da Linotype.

Trinité » Uma família de texto desenhada em 1978-81 por Bram


de Does para a fundição Enschedé em Haarlem, Holanda. A
encomenda comêçou com um desafio: criar no mundo volúvel
e efêmero da fototipia uma fonte que fosse tão ressonante e
reservada quanto os tipos de metal gravados à mão de Jan van
Krimpen. O impressionante resultado foi editado em filme em 1982
pela Bobst/Autologic em Lausanne, mas nunca foi efetivamente
distribuído.A Trinité foi novamente editada em formato digital
pela Enschedé em 1991.
Existem três pesos da romana larga, dois da estreita, dois de
versaletes e dois da itálica. Todos os pesos e larguras da romana e
da itálica incluem três variações dos extensores: curtos, normais e
longos. As capitulares e o torso da caixa-baixa permanecem com
a mesma altura, mas os extensores ganham alturas e profundida-
des variadas. Os dois pesos da itálica também foram editados no
formato caligráfico (com extensores curvos). À romana normal
(a Trinité 2, que tem extensores normais nas versões larga e
estreita) é ótima fonte de texto para uso convencional.À versão
larga é 9% mais ampla que a estreita e mantém o mesmo ritmo
interno (ambas mantêm a relação de largura entre as letras à, n
em na proporção exata de 1: 2: 3). As romanas inclinam-se a
1º,€e as itálicas a 3º.
A Trinité não tem caracteres separados para ligaturas. Estas
são construídas por partes. O f+ ie o f+ j, por exemplo, combinam-
se para formar as ligaturas fi e fj (eis a razão pela qual os pingos
do i e do j dançam nas diferentes versões da fonte: a Trinité 1 e
2 os pingos são mesclados ao arco do f; enquanto na Trinité 3,a
mais alta das versões, eles se acomodam sob seu braço). Em seu

272
Q ábbbçdddêtffgge O

A aqgrstiivwxyyyZ 1) uançod
Olhando os

+ 1234567890 = |

Q ábbbbçadddêriggg O
(hhhhij vijkkkkilimiopppp)
A qqqgrstiivwxyyz 1]
+ 1234567890 =

Q ábbbçdddêfffege O
(hhhijyijkkkilimnoppp)
A aqgrstiivwxyyyz 1]
+ 1234567890 =
Trinité romana larga (acima), itálica (ao centro) e romana estreita (abaixo). As
três variações de cada fonte romana e as quatro da itálica são vistas lado a
lado, Apenas as letras com extensores variam em cada uma delas.

273
formato atual, a família completa consiste em 81 fontes digitais
separadas, com fontes misturadas, conjuntos especiais e outras
variantes. Meia dúzia já seria abundante para muitos textos nor-
mais. As complexidades técnicas da série não devem obscurecer
a simplicidade de sua beleza, que se vale da herança de Jan van
Krimpen e das formas da Renascença italiana. Até mesmo os
seus sinais aritméticos possuem uma leve assimetria que remete
à caligrafia dos escribas. Isso é suficiente para dar vida às suas
formas na composição de textos, e não chega a ornamentá-las a
ponto de inviabilizar o seu uso. Os versaletes e os algarismos de
texto são componentes essenciais da família.

abcêfghijóp 123 AQ abcéfshijôp


Trump Meditival m/A Esta é uma fonte muito robusta, desenhada
por Georg Trump. Foi primeiramente editada em 1954 pela fun-
dição Weber, de Stuttgart, como um tipo para fundição e também
em formato de máquina pela Linotype. É uma romana-e-itálica
vigorosa e angular, com eixo humanista mas torque e proporções
maneiristas.A abertura é moderada; as serifas são substanciais e
abruptas. Os numerais, tanto em formato de texto quanto titular,
são notavelmente bem desenhados. A versão digital mantém o f
sem kerning da Linotype. Uma gama de pesos encontra-se dis-
ponível, mas o conjunto de ligaturas é apenas parcial. Uma série
de excelentes fontes manuscritas criadas pelo mesmo designer
— Codex, Delphin, Jaguar, Palomba e Time Script, por exemplo
— e sua fonte titular egípcia, chamada City, são companheiras
potencialmente úteis. (Ver também pp 61, 96.)

abcefghijóp 123 AQ abcéfobijôp


Van den Keere m Esta é uma família de romanas digitais mode-
ladas a partir de uma fonte de 21 pt gravada em 1575 por Hendrik
van den Keere, de Ghent, para Cristophe Plantin, de Antuérpia.
Existem vários pesos, todos com os requeridos versaletes e outros
componentes. No entanto, Van den Keere não gravou um úrico
itálico em toda a sua longa e ilustre carreira como puncionista.A
itálica que aqui faz par com a sua romana baseia-se no trabalho
de seu amigo e colega mais velho François Guyot. As versões
digitais desses tipos foram produzidas por Frank Blokland em
's-Hertongenbosch e editadas pela Dutch Type Library em 199597.
(Ver também p 137.)

274
abcêfghijôp 123 AQ abcéfebijóp
Van Dijck m A família hoje chamada Van Dijck - inicialmente
editada pela Monotype em 1935 — baseia-se em uma itálica gravada
em Amsterdã por Christoffel van Dijck em cerca de 1660 e em
uma romana que provavelmente também é sua (as matrizes da
itálica sobreviveram; a romana é conhecida apenas por alguns
espécimes impressos). Essas fontes holandesas barrocas são
serenas e graciosas, modestas na sua altura-x, estreitas no itáli-
co e relativamente espaçosas no romano. Uma comparação da
Van Dijck com a Kis mostra um pouco da extensão da tradição
tipográfica barroca holandesa. O tipo de Van Dijck tem algo da
serenidade industriosa encontrada no trabalho de seus grandes
contemporâneos, os pintores Pieter de Hooch e Jan Vermeer.
Infelizmente, a versão digital da Monotype para a Van Dijck
perdeu muito do poder e da elasticidade da sua versão metálica
(a Elzevir, da Dutch Type Library, é outra tentativa mais recente
de tornar a acender o espírito de Van Dijck no formato digital).
(Ver também pp 60, 141.)

abcéfghijôp 123 AQ abcéfohijôp


Veljovié E Desenhada por Jovica Veljovié e editada em 1984 pela
ITC. Trata-se de uma vivaz fonte pós-moderna, com muito movi-
mento envolto em seu eixo racionaiista e muita energia perfurante
emergindo de suas serifas longas, pontudas e abruptas.À Veljovié
possui uma grande.variedade de pesos. As fontes com algarismos
de texto são produzidas pela Elsner & Flake. Os versaletes, embora
façam parte do desenho original, nunca chegaram a ser lançados.
A Veljovié faz excelente companhia à Gamma e à Esprit- ambas
da mesma designer — e também pode ser amigada com sua boa
fonte manuscrita Ex Ponto. (Ver também p 21.)
Berthold Waibaum
abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp com 16 pt

abcêfghijdp 123 AQ abcéfehijôp


Monotype Walbaum.
com 20 pt

Walbaum m Justus Erich Walbaum, um contemporâneo de


Beethoven, figura ao lado de Giambattista Bodoni e de Firmin
Didot como um dos maiores designers de tipos românticos
da Europa. Ele foi o último dos três, mas também pode muito

275
bem ter sido o mais original. Walbaum gravou suas fontes nas
cidades de Goslar e Weimar no início do século 19. Todas as suas
matrizes foram compradas pela fundição Berthold um século
mais tarde, de modo que a Berthold Walbaum, em sua forma
metálica constituiu o efetivo tipo de Walbaum. Sua versão digital
é uma tradução próxima e cuidadosa. A Monotype Walbaum,
diferente como possa ser, também é bastante autêntica. A versão
O ajuste de da Berthold é baseada nas fontes maiores, e a da Monotype nos
espacejamento da tamanhos de texto.
Walbaum digital
da Berthold foi Todo grande designer romântico teve sua própria influência
extensivamente no design do século 20. O fantasma de Firmin Didot pode ser
ecutado para apalpado na Frutiger de Adrian Frutiger, o de Bodoni assombra
produzir as fontes
utilizadas aqui, a Futura de Paul Renner e o espírito de Walbaum comparece em
alguns dos últimos trabalhos de Hermann Zapf. No entanto, todas
essas encarnações implicaram um verdadeiro salto criativo, não
imitação. (Ver também p 145.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


'Pthe, qua Sp fghj ayx &
Zapf Renaissance D Projetada pelo designer de tipos Hermann
Zapf em 1984-85 e lançada em 1986 pela Scangraphic, esta fa-
milia retorna a muitos dos princípios que animaram a Palatino,
uma de suas primeiras fontes, produzida quarenta anos antes.
No entanto, a Zapf Renaissance foi projetada para o mundo
altamente tecnológico e bidimensional da imagem digital, não
para o universo mais lento e multidimensional da prensa manual
manejada pelo artesão. Assim sendo, o resultado produzido por
ela é menos impressório e escultural e mais pictórico e escritural
— ao mesmo tempo, é mais tolerante com a liberdade caprichosa e
até mesmo licenciosa da tipografia digital para com os tamanhos
de texto. A família inclui uma romana, uma itálica, um jogo de
versaletes, um peso semibold e uma itálica caudal com um rico
sortimento de marcas de parágrafo e florões.
A Palatino Linotype Greek, uma fonte bem mais contemporá-
nea da Zapf Renaissance que da Palatino original, mostra-se uma
boa companheira grega para essa romana. (Ver também p 277.)

276
Linotype
Palatino digital
(à esquerda)
eZapf
Renaisssance
(à direita).
Ambas são
mostradas aqui
com 72 pte
18 pt.

Esses tipos
têm muito em
comum, mas
a Palatino foi
inicialmente
desenhada como
um tipo para

HH
fundição, com
peso e proporção
modificados de
tamanho para
EA

tamanho e com
E

a expectativa
” uh de que fosse
impresso em três
dimensões. Já à
abedefghijklmnopgrstuvwxyz Zapf
Renaissance foi
abcdefshijkimnopqrstuvwxyz projetada como
uma fonte digital
1234567890'ABCDÉFG livremente
dimensionável,
1234567890-ABCDÉFG em que um
modelo servia
ABCDEPFGHIJKLMNO para todos os
tamanhos, na
ABCDEFGHIJKLMNO expectativa de
ser impressa
abcdefohijkimnopgrstuvwxyz apenas em duas
dimensões.
abcdefghijkimnopgrstuvwaxyz

277
2A+has +antya+ clâimtan al ql 2a
TASAD HAYUII MPt ITMIS TH Md
IML RA EdA AMLM JAF dIUNIR MAI
AaBI DREIT dO AdM MY FAIA tUT
Fontes de Uma etrusca sem serifa de 14 pt gravada por William Caslon para a Oxford
texto sem University Press por volta de 1745. As letras cursivas sem serifa são tão anti-
serifa gas quanto a própria escrita, mas este é um de seus primeiros espécimes.

11.3 FONTES DE TEXTO SEM SERIFA

As letras sem serifa possuem uma história tão longa e tão célebre
quanto a das serifadas. As maiúsculas sem serifa aparecem nas
primeiras inscrições gregas e reaparecem em Roma no terceiro
eno segundo século antes de Cristo, voltando à cena em Floren-
Muitas rotundas ça no início da Renascença. O fato de as letras sem serifa dos
e tipos gregos arquitetos florentinos do século 15 não haverem sido traduzidas
gravados nas
décadas de 1460 em tipos de metal na década de 1470 talvez não passe de um
e 1470 incluem acidente histórico.
formas sem serifa, Em Atenas e depois em Roma, o traço modulado e a serifa
mas nenhum é
consistentemente bilateral eram as marcas registradas e os símbolos escriturais do
não-serifado (um império. As letras sem serifa e sem modulação, ou no máximo
exemplo recente com um sutil afinamento em seus traços, eram emblemas da
nessa linha é a San
Marco, de Karlgeorg república, Essa conexão entre formas sem serifa e movimentos
Hoefer, mostrada populistas ou democráticos é recorrente na Itália renascentista
na página 292), e na Europa setentrional dos séculos 18 e 19.
Os primeiros tipos sem serifa foram gravados no século 18,
A importância
da Haiky itálica mas para outros alfabetos que não o latino. Um tipo de impressão
foi apontada pela Jatino sem serifa foi gravado para Valentin Haiiy, em Paris, no ano
primeira vez por de 1786 —- mas o tipo de Haiiy foi pensado para ser invisível. Seu
James Mosley, Para
mais informações propósito era ser aplicado em baixo-relevo, sem tinta, para que os
sobrea história das cegos pudessem lê-lo com os dedos. O primeiro tipo latino sem
letras sem serifa, serifa feito para quem podia ver, gravado por William Caslon 1v
ver o seu ensaio
“The Nymph em Londres em torno de 1812, baseou-se nas letras dos pintores
and the Grot” [A. de letreiros e tinha apenas maiúsculas, As fontes bicamerais (com
ninfa ea grota], caixa-alta e baixa) sem serifa aparentemente tiveram sua primeira
Dypographica, nova
série, n.12 (1965), gravação feita em Leipzig na década de 1820.
e Nicolete Gray;A A maioria dos tipos sem serifa do século 19 era escura, gros-
History of Lettering
[Uma história
seira e densamente fechada. Essas características ainda são óbvias
dos letreiros) em fontes como a Helvetica e a Franklin Gothic, a despeito das
(Oxford, 1986). reduções de peso e de outros refinamentos a que foram submetidas

278
ao longo dos anos. Tais fontes são lembranças culturais de alguns
dos dias mais desalentadores da Revolução Industrial.
Ao longo do século 20 as letras sem serifa evoluíram muito
em sutileza, aparentemente em virtude de.três fatores principais.
Um é o estudo das inscrições gregas arcaicas, com seu traço
delgado e elástico e sua abertura grande. Outro é a busca da geo-
metria pura, uma meditação tipográfica feita inicialmente sobre Olhando os
o círculo e a linha e posteriormente sobre figuras geométricas catálogos de
mais complexas. O terceiro é o estudo da caligrafia renascentista amostras
e da forma humanística, de importância vital tanto na história
recente das letras sem serifa quanto das serifadas. Retrospectiva-
mente, no entanto, parece que, por muitos anos tanto os designers
quanto os fundidores tipográficos relutaram estranhamente em
acreditar que alguém pudesse simplesmente escrever uma letra
humanista e deixar as serifas de fora. Quando isso ocorre, tudo e
nada acontece: se o traço tem largura, sua ponta também ganha
forma e contorno — ela toma o lugar da serifa.

abcêefghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Caspari p Desenhada por Gerard.Daniéls e editada pela Dutch
Type Library em 1993. É uma fonte de texto simples, de fatura
sutil e com. atributos humanistas essenciais, que incluem uma
abertura grande, um itálico genuíno com a modesta inclinação
de 6º, algarismos de texto, versaletes e uma impressionante eco-
nomia formal. Ela foi uma das primeiras fontes sem serifa editada
de forma verdadeiramente apropriada para uso em textos, com
EA
todas as partes funcionais em seu lugar. Dariêls adicionou uma
versão cirílica em 2003. O que ainda falta é um peso de livro. (Ver
também pp 288-89.)

AQ ábçdefghijkimnoparstiivwxyz
Flora »/p Desenhada por Gerard Unger, lançada por Rudolf Hell
em 1985 e licenciada na íntegra pela ITC em 1989. É uma autêntica
itálica sem serifa — e foi, creio, a primeira de sua espécie a se apro-
ximar do formato chanceleresco. Pode ser muito bem utilizada
sozinha, mas foi projetada para funcionar como companheira da
=

Praxis (uma romana sem serifa) e da Demos (romana e itálica


serifadas), ambas do mesmo designer. Como a sua inclinação é
de apenas 2,59 funciona melhor com a Praxis quando utilizada
para compor blocos de texto separados.

279
Ver Gerard Unger, Gerard Unger falou persuasivamente a respeito da impor-
“Dutch Landscape tância das horizontais em seus tipos. Ele asssocia o forte impulso
with Letters”
["Paisagem holandesa
horizontal da Hollander e da Swift à planura da paisagem holan-
com letras") no desa em meio à qual vive. No entanto, são as verticais que parecem
nº14 do periódico realmente importar na maioria de suas itálicas, incluindo a Swift,
Gravisie (Utrecht,
1989): 29-52.
a Hollander e a Flora. (Ver também pp 91, 115.)
Original Frutiger
com 18 pt abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijão
abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp
Frutiger Next
com 18 pt

Frutiger g/D Adrian Frutiger desenhou esta fonte em 1975 com O


intuito original de sinalizar o aeroporto Paris-Roissy. Ela foi então
editada pela Mergenthaler para uso em suas máquinas de foto-

dC,
composição e imediatamente prosperou como fonte tipográfica.
e |

Tudo o que lhe faltava em termos de uma estrutura humanista


era compensado por sua geometria arejada e leve, por sua grande
e

abertura e equilíbrio. Ela também fazia um par especialmente


bom com a Méridien e a Apollo, do mesmo designer, embora tal
mistura aparentemente não fizesse parte do projeto original e
malgrado o fato de que elas não tivessem compatibilidade de corpo.
Na conversão de sinalização para fonte tipográfica, foi adicionada
uma romana inclinada em vez de uma itálica genuína.
Em 1999-2000 Frutiger redesenhou a fonte, adicionando
uma itálica verdadeira, incorporando curvas sutis às hastes dos
romanos e alterando a gama de pesos para incluir um peso de
livro. Houve outras pequenas melhorias - o reposicionamento dos
diacríticos, por exemplo — que melhoraram a fonte para trabalho
de texto, mas ainda não há algarismos de texto ou versaletes, como
na Méridien.A versão revisada, editada pela Linotype em 2001, é
conhecida como Frutiger Next, (Ver também pp 118, 288-89.)

abcêfghijop 123 AQ abcéfghijôp


Futura m Essa foi a primeira e permanece sendo a melhor de
todas as fontes geométricas sem serifa. Foi desenhada por Paul
PT
Renner em 1924--26 e lançada pela fundição Bauer de Frankfurt
em 1927. É uma fonte trabalhada com sutileza, mas muitas cópias
foram feitas, com diversos nomes, em metal, filme e em formato
digital, Esses produtos todos não foram de modo algum bem feitos
quanto o original — e nem todos os pesos que foram adicionados
à família são de autoria de Renner.

280
Por mais geométrica que seja, a Futura é uma das fontes sem
serifa mais harmoniosas e rítmicas já feitas. Suas proporções são
graciosas e humanas — próximas às da. Centaur na dimensão
vertical. Isso ajuda atorná-la adequada - como a todas as demais
fontes aqui examinadas - à composição de textos extensos (isso
evidentemente não quer dizer que ela seja apropriada para textos
dd
de todo tipo). A nova versão digital editada pela Neufville, de
Barcelona, inclui algarismos de texto e versaletes, que faziam parte
do projeto original de Renner mas nunca haviam sido editados
em metal, (Ver também pp 20, 119, 147, 231, 288.)
ff
abcefghijôp 123 AQ abcéfghijôp
Gill Sans a Desenhada por Eric Gill e editada pela Monotype
em 1927. É uma fonte sem serifa distintamente britânica mas
altamente legível, composta de formas humanistas latentes e de
formas geométricas explícitas. A abertura varia (é grande no c,
moderada no s romano, menor no e romano). O itálico, assim
como o de Fournier, gravado dois séculos antes, constituiu uma
conquista revolucionária em sua época. Vários livros foram
compostos com sucesso em Gill Sans, embora isso requeira um
senso preciso de cor e proporção. Algarismos de texto e versa-
letes - utilíssimos quando a fonte é utilizada em textos - foram
finalmente adicionados pela equipe de design da Monotype em
1997. (Ver também pp 288,302.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Haarlemmer Sans p Quando digitalizou a Haarlemmer de Jan
van Krimpen na Dutch Type Library em meados dos anos 1990,
Frank Blokland criou esta fonte para ser sua companheira digital.
À própria Haarlemmer, gravada pela Monotype, havia sido feita
sob encomenda particular. O mesmo ocorreu seis décadas mais
tarde com a Haarlemmer Sans. A fonte está disponível ao público
desde 1998. Versaletes e algarismos de texto estão implícitos no
projeto. (Ver também p 253 e comparar com a Romulus Sans de
Van Krimpen, p 284.)

abcéfghijôp 123 AQ abcéfghijóp


Legacy Sans D Uma fonte projetada por Ronald Arnholm e lançada
pelairc no ano de 1992. Até onde sei, trata-se da única tentativa já

281
publicada de produzir uma versão sem serifa da romana de Nicolas
Jenson. Arnholm fez primeiramente o desenho da versão serifada,
e durante o processo promoveu algumas alterações drásticas nas
proporções de Jenson; mesmo assim, permaneceram semelhanças.
O alfabeto itálico não se baseia na Arrighi, mas na gros romain de
Garamond.A modulação do traço é maior na Legacy Sans do que
na maioria dos tipos sem serifa. Algarismos de texto e versaletes
fazem parte do projeto. (Ver também pp 257, 288.)

abcefghijóp 123 AQ abcéfghijóp


Lucida Sans D Esta fonte admirável, projetada por Kris Holmes e
Charles Bigelow em 1985, é parte integrante daquela que é a maior
família tipográfica do mundo, Com efeito, o clã Lucida inclui não
apenas letras romanas e itálicas com e sem serifa, mas também
gregas, hebraicas, vietnamitas, latinas e cirílicas, pan-asiáticas e
pan-européias, um conjunto completo de caracteres fonéticos, uma
multiplicidade de conjuntos de símbolos matemáticos, um itálico
caudal, letras góticas, manuscritas, uma ramificação ligeiramente
amarrotada conhecida como Lucida Casual, uma série de maior
« contraste chamada Lucida Bright, outra projetada para baixas
resoluções batizada de Lucida Fax, um conjunto de fontes de
máquina de escrever com largura fixa e ainda um outro conjunto
com as mesmas características conhecido como Lucida Console
projetada para emular terminais. No entanto, os algarismos de
texto eos versaletes, essenciais aos trabalhos civilizados de texto,
ainda são omitidos por toda e qualquer fundição digital que tem
comercializado a fonte, (Ver também página 288.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Optima original
com 18 pt

abcêfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Optima Nova
com 8 pt

Optima original
com 18 pt BCDEFGHIKLMNOPRSW
Optima Nova
com 18 pt BCDEFGHIJKLMNOPRSW
Optima m/a/p Projetada por Hermann Zapf entre os anos
de 1952 e 1955 e lançada em 1958, tanto como fonte para fun-
dição pela Stempel quanto em forma de matrizes para linotipo.

282
O alargamento dos seus traços deriva de inscrições gregas sem
serifa e de inscrições romanas sem serifa da Florença renascentista,
mas em outros aspectos sua arquitetura é neoclássica.A Optima
“itálica” é uma pura romana inclinada. Além de possuir vários
pesos, a fonte tem um grego de texto combinado, desenhado
por Zapf e editado pela Linotype em 1971 (imas que, até onde sei,
jamais foi digitalizado).
A Optima Nova, uma revisão digital produzida pelo próprio
Zapf e por Akira Kobayashi, foi completada em 2003. Diversas
modificações foram feitas na romana, como o afiamento dos ter-
minais (especialmente visível nas letras a, c,f,s,C,G) eo retorno
ao sutil estreitamento dos traços principais (presente no tipo
original de metal, esse estreitamento havia sido abandonado na
primeira conversão para o formato digital por causa das “escadas” >
que produzia nas baixas resoluções). Os algarismos de texto ro-
manos também faziam parte do desenho original para fundição,
gravados em tamanho de teste mas não postos à venda, Eles foram
retomados na Optima Nova e receberam a adição de algarismos
de texto itálicos. Os caracteres diacríticos foram reposicionados
ea largura.de algumas letras romanas (D e W, por exemplo) mu-
dou perceptivelmente, O itálico é um novo desenho, produzido
por Kobayashi sob a supervisão de Zapf. A Optima Nova itálica
inclina-se a 15º (enquanto o original inclinava-se a 1º) e inclui
formas cursivas das letras a, e, f,g e 1. (Ver também p 288.)

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôp


Quadraat Sans D Fred Smeijers, um tipógrafo que trabalha em
Arnhem, na Holanda, é uma das poucas pessoas inicialmente
treinadas como designer de tipos e posteriormente autodidatas no
ofício de puncionista.A FontShop International lançou a versão
serifada da sua Quadraat em 1993 e a versão sem serifa em 1997.
São fontes pós-modernas e no entanto fortemente enraizadas
na tradição barroca holandesa. O rebuscamento é uma marca
registrada do barroco, e essa é uma das fontes mais rebuscadas
que eu já usei. Seu desenho também figura entre os mais rigo-
rosos. Assim como sua companheira serifada, a Quadraat Sans
não é e não precisa ser bonitinha. É, em vez disso, inteligente,
Algarismos de texto e versaletes são equipamentos-padrão. (Ver
também pp 266, 288.)

283
AQ abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
Romulus Sans m O principal projeto de Jan van Krimpen na
década de 1930 foi a extensa família Romulus, composta por
uma romana com e sem serifas, uma itálica chanceleresca, uma
Fontes de romana inclinada, uma fonte para títulos aberta e uma grega.
texto sem Atualmente muitos designers têm embarcado em projetos seme-
serifa Ihantes, mas nos anos 1930 ninguém havia feito isso. O membro
mais interessante dessa família era a Romulus Sans, concebida
para desafiar a nova e revolucionária sem serifa de Eric Gill (a
Gill Sans, editada em 1927). Apenas quatro pesos da romana
sem serifa haviam sido gravados em um único tamanho (12 pt)
quando a fundição Enschedé, para a qual trabalhava Van Krimpen,
estancou o projeto.A Romulus Sans é a base da Haarlemmer Sans,
de Frank Blokland (Ver p 281).

abcêfghijôp 123 AQ abcéfghijôpy


Scala Sans D Trata-se de uma bela sem serifa humanista proje-
tada por Martin Majoor e editada em 1994 pela FontShop Inter-
national, de Berlim. É também uma das fontes sem serifa mais
humanizadas que conheço. Possui um itálico e um conjunto de
versaletes nítidos e bastante legíveis. Seus algarismos de texto e o
conjunto completo de ligaturas-padrão estão presentes na fonte
básica. No itálico, mesmo as letras naturalmente geométricas
da ponta do alfabeto latino (y, w; y) são cursivas à sua maneira
afiada e ossuda.A relação entre as formas serifadas e sem serifa
da Scala é examinada em detalhe nas pp 286-87. (A Scala Sans
é a fonte sem serifa utilizada ao longo deste livro. Ver também
pp 269, 288.)

abcêfghijóp 123 AQ abcéfohijôp


.. e 4, “A

Seria Sans D Assim como sua correspondente serifada, esta fonte


sem serifa de Martin Majoor explora o terreno comum à estrutura
renascentista italiana e ao mundo da contenção holandesa. Seus
extensores são longos e graciosos e a espessura dos traços varia,
apesar de ser opticamente uniforme,A Seria Sans percorre boa
parte do caminho que leva à realização do sonho de obter um
tipo sem serifa puro, que começara com Edward Johnston, Eric

284
Gille Jan Van Krimpen.A variante itálica, assim como sua prima
serifada, inclina-se a apenas um grau e dessa maneira comparti-
lha muitas de suas versais com a versão romana. A família Seria
Sans foi editada pela FontShop de Berlim no ano 2000. (Ver
também p 269.)

abcêfghijõp 123 AQ abcéfghijôpy Syntax original


com iz pt

abcéfghijôp 123 AQ abcéfshijôpy “Linotype Syntax”


coma pt

Syntax m/p Foi a última fonte de texto sem serifa a ser co-.
mercialmente moldada em metal, e na minha opinião a melhor.
Hans Eduard Meier projetou a versão original na Suíça em fins
dos anos 1960, e ela foi gravada e moldada na fundição Stempel
de Frankfurt em 1969. A romana pode ser considerada uma
verdadeira neo-humanista sem serifa. As formas renascentistas
que estamos acostumados a ver acompanhadas de serifas e traços
modulados são simplesmente desenhadas com formas sem serifa
e (quase) não moduladas. A itálica, no entanto, é híbrida: trata-se,
fundamentalmente, de uma romana inclinada. E um exame mais
minucioso revelará que a romana também é inclinada. Na itálica,
a inclinação vai a 12º; na romana, chega a algo como meio grau
— esse meio grau, porém, já é suficiente para conferir vitalidade Para uma variante
e movimento às suas formas. A largura de seus traços varia de norte-americana
maneira muito sutil e as suas pontas são aparadas em ângulos nativa da Syntax,
ver Dell Hymes,
diversos. Há vários pesos disponíveis, mas o tipo é fortemente “Victoria Howard's
distorcido acima do semibold, como é comum nas fontes neo- “Gitskux and His
humanistas. Older Brother”
['Gitskux e seu
A utilidade da Syntax original em trabalhos de texto possuía irmão mais
restrições pela ausência de algarismos de texto e de versaletes. velho; de Victoria
Hans Meier redesenhou toda a família no fim da década de 1990, Howard],* in
Brian Swann, ed.,
adicionando esses componentes, fazendo ajustes muito pequenos Smoothing the
nas romanas e alterações mais substanciais nas itálicas. As novas Ground: Essays on
letras itálicas são mais estreitas do que as antigas, e três delas -- f; Native American
Oral Literature
jey - tornaram-se mais cursivas que antes. O designer também [Aplainando o
adicionou versões serifadas e semi-serifadas dessa fonte. Essas terreno; ensaios
revisões aumentam substancialmente a abrangência e a versati- sobre a literatura
oral norte-
lidade do tipo, mas o cerne da realização de Meier permanece americana nativa)
exatamente onde estava: na estrutura nua da romana, (Ver tam- (Berkeley, 1983).
bém p 288.)

285
AsScala e a
Scala Sans, de
Martin Majoor,
mostradas aqui
À ”

a.
)

D CC
comy4 pte

HF
Suas formas e E ft

fr
O)

mente relaciona-
D
das e altamente
compatíveis, ES Res LN 4"
mas muitas A»
diferenças sutis (O
persistem.
Remover
as serifas de um
alfabeto altera -
as larguras rela- ,
tivas dos caracte- IN AN
res, O que por = ——+
sua vez transfor- AT)
ma o ritmo da
fonte. Na Scala ..
Roman, por ab cdefghij kimnop qrstu V W X y Z
exemplo, as ..
capitulares sem abcdefgh 1) kl m nopg rStUVWXYZ
serifa são unifor- Z
mementemais 1I234567890-ABCDÉFG
estreitas que as
seriado, 1234567890-ABCDÉFG
amei ABCDEFGHIJKLMN
bém é levemente
mais estreita, ABCDEFGHIJKLMN
mas a grande
diferença apa- OPQRSTUVWXYZ

medo OPQRSTUVWXYZ
haon.

286
Na Scala itálica,
muitas letras
minúsculas sem
serifa são na ver-
dade mais largas
que as serifadas,
embora o alfabe-
to como um todo
seja mais estreito.
A Scala Serif, por
sua vez, tem um
traço claramente
modulado, en-
quanto a Scala
Sans é optica-
mente
(mas não ver-
dadeiramente)
monocromática.
Traços afinados e
alargados apare-
cem nas formas
senifadas e sem
senfa (no ombro
da letra a roma-
abcdefohijklmnopgrstuvwxyz na, na barra do
e romano e nas
abcdefehijklmnopgrstuvwxyz versões romana
e itálica do g,
1234567890 por exemplo).
Mas o traço sem
1234567890 serifa nunca é tão

ABCDEFGHIJKLMN afinado quanto o


serifado.

ABCDEFGHIJKLMN
OPORSTUVWXYZ
OPORSTUVWXYZ

287
abcdefghijklmnopgrsiuvwxyz
FUTURA: caracteres cursivos: nenhum

abcdefghijkImnopgrstuvwxyz
FRUTIGER ORIGINAL: caracteres cursivos: nenhum
Quociente de
“italicização” abcdefghijkimnopgrstuvwxyz
de treze
OPTIMA ORIGINAL: caracteres cursivos: nenhum
“itálicos” sem
serifa
abcdefghijkimnopgrstuvwxyz
SYNTAX ORIGINAL: caracteres cursivos: bedpq

abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
GILL SANS: caracteres cursivos: abcdfpg

abcdefghijkimnopgrstuvwxyz
OPTIMA NOVA: caracteres cursivos: abdejglpqu 1o

abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
CASPARI: caracteres cursivos: abcdeghmnpg u

A Floraea abcdefghijkimnopgrstuvwxyz
Lucida Sans são
mostradas aqui FLORA: caracteres cursivos: abcdefehmnpgru 4
com 17 pt. Todos
os outros exemplos
são mostrados
abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
com 18 pt. LUCIDA SANS: caracteres cursivos: abcdefghmnpgru 14
abcdefghijklmnopgrstuvwxyz
SCALA SANS: caracteres cursivos: abcdefhmnpgtuvwy 16

A Triplex itálica abcdefghijklmnopgrstuvwxyz


- galfabeto mais
LEGACY SANS: caracteres cursivos: abcdefghkmnpariuy
quebrado mostrado
aqui — parece
receber a nota mais abcdefghijkImnopgrstuvuwxuyz ”
alta. Conclusão;
a fratura pode QUADRAAT SANS: caracteres cursivos: abcdefghimnpquowy
coexistir com a
cursividade, embora
uma coisa não
abcdefghijklmnoparstuvwxyz
seja igual à outra. TRIPLEX: caracteres cursivos: abcdefphikimnopqgrtuvwxyz 24

288
LGUNS ITÁLICOS não são nada itálicos — ou seja, não são cursivos.
Outros são realmente bastante itálicos. Essa é uma das grandes
diferenças entre os tipos sem serifa. É possível mensurar esse aspecto
cruamente, contando o número de letras caixa-baixa com carac-
terísticas visivelmente cursivas. Isso não nos diz se uma fonte é boa ou ruim,
mas nos diz algo a respeito do tipo de virtude que ela pode possuir ou não.
A mesma análise também pode ser feita nas itálicas com serifa, mas o
normal é que todas as letras caixa-baixa de uma itálica serifada de formato
humanista tenham características eminentemente cursivas. Não há, no entan-
to, nenhum itálico sem serifa para o qual esse enunciado pareça verdadeiro
(nesse sentido, a caixa-baixa da Triplex itálica de John Downer chega perto de
100% de letras cursivas, a despeito de suas formas altamente geométricas
— mas ela não é cem por cento sem serifa).
As características que fazem uma letra sem serifa ser considerada cursiva
são muitas vezes bastante sutis. Em letras como b, h, m, p our, por exemplo,
sua forma cursiva é revelada apenas pelo formato do bojo ou pelo ângulo e
pela altura em que as curvas encontram as hastes.

bb pp rr: bb pp rr
Na Frutiger (acima, à esquerda), as formas oblíquas do b, do p e do r não são
mais cursivas que as eretas. Já na Legacy Sans (acima, à direita) as formas
obliquas são visivelmente itálicas. Elas diferem das formas romanas corres-
pondentes em estrutura tanto quanto em inclinação,
O g pode ser cursivo ou não-cursivo, independentemente de possuir a
forma binocular comum nas fontes romanas serifadas ou a forma monocular
típica tanto das itálicas caligráficas tais como a Trinité quanto das sem serifa
realistas tais como a Helvetica.

88 85 4 07894
Na Syntax (1), o g oblíquo mantém seu formato romano essencialmente não-
cursivo. Na Legacy Sans (2), o g itálico difere um pouco mais do romano: sua
inclinação ganha ao menos um pouco de ginga. O g da DTL Elzevir itálica
(3) - uma fonte barroca serifada, baseada na obra de Christoffel van Dijck
— fornece uma base para comparação. O g da Frutiger (4) é monocular mas
não é cursivo, mesmo quando se inclina, Na Caspari de Gerard Daniéls (5) o
g itálico é monocular e cursivo, assim como o g da Méridien itálica (6).

, 289
11.4 LETRAS GÓTICAS

Os primeiros tipos a serem gravados na Europa, entre os quais


figuram todos aqueles utilizados por Johann Gutenberg, eram
góticos. As escritas e os tipos impressos com essa forma já foram
utilizados por toda a Europa - na Inglaterra, França, Hungria, Po-
Letras lônia, Portugal, Holanda e Espanha, tanto quanto na Alemanha —,
góticas e algumas espécies chegaram a triunfar até mesmo na Itália, Os
tipos góticos são a contrapartida do estilo arquitetônico de mes-
mo nome, e assim como ele podem ser considerados uma parte
proeminente do legado europeu, embora tenham florescido mais
vigorosamente e por mais tempo na Alemanha que em qualquer
outro lugar.

de Seeft bronsghenanderdienten
goghen opgegaenis Jnlichtebere
denghenedteindupiternilieficieeri
indie Chemevesdoors.omrelepoe
Uma textura de 14 pt gravada por Henric Pieterszoon Lettersnider, prova-
velmente na Antuérpia em 1492 (as matrizes dessa fonte — provavelmente
as mais antigas que existem — estão atualmente no museu Enschedé em
Haarlem).

Assim como acontece com os tipos romanos, há uma infinida-


de de variações da escrita gótica. Os tipos góticos, no entanto, são
razoavelmente mais simples, e não é preciso que nos ocupemos
Em português, a de todos eles aqui. No entanto, é importante observar a presença
variante fratura de quatro famílias principais: textura, fratura, bastarda e rotunda
também é chamada
de fraturada, (uma outra variedade gótica que fregiientemente aparece listada
termo por vezes nos catálogos tipográficos é a Schwabacher, que é o nome da
utilizado para bastarda utilizado na Alemanha). Nenhuma dessas famílias se
denotar a própria
letra gótica, o que restringe a um período histórico em particular. Assim como o
pode gerar alguma romano e o itálico, todas elas sobreviveram a diversas mutações
confusão. INT] históricas. As diferenças entre elas são muitas e complexas, mas
é possível percebê-las examinando apenas a letra o minúscula,
Embora o o da textura seja desenhado apenas com dois traços,
ele parece ser essencialmente hexagonal. Em uma fratura, é
normalmente achatado do lado esquerdo e curvado no direito.
Já na bastarda é comum vê-lo pontiagudo no topo e na base e
bojudo em ambos os lados. Na rotunda, é essencialmente ovalado
ou redondo.

290
00O
Formas minúsculas típicas na textura, fratura, bastarda e rotunda.
Olhando os
Ainda que vivamos em um mundo devotado às romanas e às catálogos de
itálicas, as letras góticas podem ser utilizadas em vários contextos amostras
para efeito de ênfase ou contraste, e não precisam ser confinadas
a logotipos de jornais ou aos títulos de tratados religiosos. Os de-
signers de tipos tampouco as abandonaram. Algumas excelentes
letras góticas foram desenhadas no século 20 por artistas alemães
como Rudolf Koch e pelo norte-americano Frederic Goudy.

AO ábçdefabijklmnopgrstivwxyz

Í
Clairvaux D A letra gótica dos Monges Brancos. A abadia cis-
terciense de Clairvaux, a meio caminho entre Paris e Basiléia,
foi fundada por são Bernardo em 1115 € floresceu durante todo
o século 12. O tipo de mesmo nome, desenhado por Herbert
Maring e.editado pela Linotype em 1990, tem muito da simpli-
cidade professada pela antiga ordem cisterciense, e aproxima-se
mais das formas da minúscula carolíngia do que qualquer outra
bastarda, sendo portanto mais legível que a maioria delas aos
olhos modernos.

j
AO ábeoefafiRimnopgrstivwneyz fp
Duc de Berry p Uma bastarda francesa leve, projetada por
Gottfried Pott e editada em formato digital pela Linotype em 1991.
Creio que Jean de France, o duque de Berry (1340-1416), teria
considerado essas formas familiares, mas elas não se baseiam na
escrita de nenhum dos abundantes Livros de horas que possuiu.

AO dbedfaijklunopacitivtuxia |
Fette Fratura A Essa fratura romântica e pesada foi desenhada por
Johann Christian Bauer e editada por sua fundição em Frankfurt
por volta de. 1850. Ela traz consigo fortes evidências de que a “fat
face” vitoriana tem mais parentesco com as letras góticas do que
com as romanas.

291
ÃO ábrdighikimiipocatêomruz É
Goudy Text A Desenhada por Frederic Goudy e editada pela
Monotype em 1928. É uma textura estreita, suave e levemente
ornamentada, relativamente legível tanto na caixa-alta quanto
na baixa. Há um segundo conjunto de capitulares conhecido
como Lombardic, O tipo é mal-ajustado tanto no formato de
máguina quanto no digital, mas sua qualidade justifica o trabalho
de salvamento.

A O abcdefghijRImnoparstuvwxyz
Goudy Thirty A Esta foi uma das últimas fontes de autoria de
Frederic Goudy, deliberadamente concebida como um memorial
para si mesmo (“Thirty” [trinta] é o código jornalístico para “final
da matéria”). É uma rotunda leve e simples, desenhada em 1942,
editada pela Lanston Monotype em 1948 e atualmente publicada
em formato digital pela Lanston Type Co. Ela aparece em duas
versões, que diferem nas formas do a, do s, do w e de boa parte
das maiúsculas.

RO abcdefahijbtmnopyesftuosorya
Rhapsodie m Trata-se de uma Schwabacher (a bastarda alemã)
enérgica e legível, desenhada por Ilse Schiile e editada pela Ludwig
& Mayer, de Frankfurt, em 1951. Há um conjunto alternativo de
capitulares ornamentais. Não consegui encontrar uma versão
digital da fonte.

ÃO ábcdefabijkimnóparstivwey 8
San Marco p Desenhada por Karlgeorg Hoefer e editada em
formato digital pela Linotype em 1991. Esta é a primeira fonte
gótica digital a inspirar-se nas rotundas gravadas em Veneza na
década de 1470 por Nicolas Jenson. A San Marco é-igualmente
uma rotunda - o gênero de letra gótica que possui maior cone-
xão com a Itália e é estruturalmente mais próximo das formas
romanas. Seu nome se deve à abobadada catedral de São Marcos,
localizada no centro cerimonial da cidade de Jenson. (Ver tam-
bém página 117.)

292
A abedefabiisbnnoparfstunazys
Trump Deutsch m Desenhada por Georg Trump e editada em
metal pela fundição Berthold em 1936.É uma textura escura, larga,
côncava, despojada e enérgica. Tanto a caixa-alta quanto a baixa
são formas abertas e facilmente legíveis. Até onde sei, nunca foi Olhando os
digitalizada. catálogos de

216 Abc fnhirimnbnarstivsmx 5


amostras

Wilhelm Klingspor Schrift m Rudolf Koch finalizou esta textura


estreita e ornamental em 1925, nomeando-a em homenagem ao
recém-falecido co-proprietário da fundição Klingspor Bros. em
Offenbach, onde Koch ocupava o posto de designer-chefe. Nem
todos os glifos alternativos presentes na bela versão metálica
foram digitalizados.

11.5 UNCIAIS º

As letras unciais foram amplamente utilizadas pelos escribas Diz-se com


europeus entre os séculos 4 e 9, tanto em latim quanto em grego, frequência que a
palavra uncial
mas ao despontar a época de Gutenberg já haviam desaparecido (do latim uncia)
por completo do uso comum. Nenhuma uncial foi gravada em quer dizer polegada.
formato de tipo até o século 19, e quando isso finalmente acon- As duas palavras
[levando-se em
teceu foi unicamente para atender aos propósitos de estudiosos consideração a
ou antiquários. No século 20, no entanto, um grande número de pronúncia da
designers retomou 9 interesse por suas formas, entre os quais é palavra inglesa
para polegada,
possível mencionar Sjoerd de Roos, William Addison Dwiggins, inch] estão de fato
Frederic Goudy, Oldrich Menhart, Karlgeorg Hoefer e Giinter relacionadas, mas
Gerhard Lange. Victor Hammer, artista e impressor, dedicou sua uma tradução
melhor de uncial
vida tipográfica a elas. é simplesmente
Historicamente, as unciais podem ser definidas como letras “medida pequena* ou
unicamerais - possuem apenas uma caixa, como acontecia com “padrão pequeno”
todos os alfabetos europeus até a Idade Média tardia -, mas nem
todas as recentes exibem o mesmo comportamento. As primeiras
unciais, assim como as mais recentes, são ora serifadas, ora não,
e podem ainda ser moduladas ou monocromáticas. Atualmente,
sua utilização se restringe sobretudo aos displays, mas algumas
delas são suficientemente silenciosas para se espraiar por páginas
de texto.

293
AQ 123 ábçõerghijklmiõp
qRStuVWXYZ 125 VUGIQ 436
American Uncial m É o quarto tipo desenhado por Victor Ham-
Unciais mer, o segundo para 0 qual abriu as punções e o primeiro que
produziu após fugir da Áustria para os Estados Unidos em 1939.
Todos os tipos de Hammer são unciais. Dois deles — este e o Pindar,
seu predecessor - são bicamerais. O American Uncial foi fundido
em âmbito privado em Chicago em 1945, comercializado pela

A
Klingspor e vendido na Europa como Neue Hammer Unziale,
A maioria dos tipos digitais vendidos como “American Uncial”
baseia-se em uma fonte unicameral chamada Samson, que Ham-
mer desenhou na Itália na década de 1920. As versões digitais da
autêntica American Uncial são atualmente vendidas, como suas
antecessoras de metal, com o nome Neue Hammer Unziale.)

áÁBÇõDEFGDYUKLONÔP
URSTÚVIWXVYZ 123 22 0epõ

QD
Omnia p Uma fonte unicameral de unciais cursivas levemente
serifadas e redondas, com grande abertura e eixo humanista, de-
senhadas por Karlgeorg Hoefer, editada pela Linotype em 1991.

11.6 TIPOS MANUSCRITOS

Em seu uso comum, o termo “manuscrito” significa tudo aquilo


que não é tipografia. Ele indica a escrita - o modo de linguagem
visual utilizado em âmbito público pelos caligrafos e em âmbito
privado por outras pessoas letradas, incluindo os próprios tipó-
Para o autor, o grafos. Quando o manuscrito endurece, quebra e começa a parecer
termo “tipos um tipo, costumamos chamá-lo de impressão [printing]: mas
manuscritos” [script
types] é uma impressão não deixa de ser aquilo que os impressores fazem com
contradição em os tipos - mesmo com aqueles que se parecem com manuscritos,
qualquer língua. os quais tendemos a chamar de tipos manuscritos ou scripts. Um
Em português, o
termo “script” (sem observador inocente poderá concluir daí que o inglês é uma língua
otermo*type” subnutrida, cujos falantes não conseguem gerar palavras novas
também é utilizado mesmo quando precisam delas,
para designar
esses tipos e foi Na raiz dessa confusão, no entanto, esconde-se um pouco
mantido aqui. [NT] de bom senso. Tipo é a escrita editada ou imitada, traduzida ou

294
parafraseada, dignificada ou ridicularizada - mas a escrita é uma
versão fluida e linear de signos epigráficos mais desconexos. A
diferença entre “tipo” e “escrita” reitera a diferença entre carac-
teres giíficos e gráficos, ou gravados e escritos - uma diferença
estabelecida pelo menos 1,500 anos antes do nascimento da
prensa tipográfica.
A ânsia de juntar romano com itálico parece ser um esforço Olhando os
para usar tipo e escrita, ou glífico e gráfico, ae mesmo tempo. catálogos de
Isso explica em parte o porquê da dificuldade de classificar uma amostras
fonte como a Poetica. Será ela uma manuscrita ou uma itálica
solitária (sem romanos)?
Os manuscritos foram bem-sucedidos como tipos de fundi- Para saber mais
ção, fotográficos e digitais, e muitos bons designers- Imre Reiner, sobre a história dos
primeiros tempos
por exemplo- concentraram-se tão exclusivamente neles quanto das manuseritas
outros o fizeram com os tipos romanos. Mas a importância que impressas, ver o
os tipos manuscritos tiveram no mundo da prensa tipográfica ensaio de Stanley
Morison “On Script
comercial não é a mesma que têm no mundo da impressão bidi- Types” [Sobre os
mensional, É caro gravar fotograficamente um original escrito à tipos manuscritos),
mão e imprimi-lo na prensa tipográfica. Por outro lado, é fácil The Fleuron,n,
a (:921):1-42.
escanear ou fotografar um trabalho caligráfico especialmente
encomendado e então reproduzi-lo em offset. Assim, o melhor tipo
manuscrito destinado a complementar uma página tipográfica
tende a ser feito sob encomenda.
Há dúzias de excelentes fontes manuscritas disponíveis. Entre
elas incluem-se a Marigold e a Visigoth de Arthur Baker, a Choc
e a Mistral de Roger Excoffon, a Salto e a .Saltino de Karlgeorg
Hoefer, a Derby e a El Greco de Giinter Gerhard Lange, a Squire
de Michael Neugebauer, a Vivaldi e a Magnificat de Friedrich
Peter, a Matura e a Pepita de Imre Reiner, a Caflisch e a Sanvito
de Robert Slimbach e a Jaguar e a Palomba de Georg Trump.
Optei por ilustrar aqui apenas uma mancheia de manuscritas
pelas quais tenho particular interesse. Duas delas — a Eaglefeather
ea Tekton - são manuscritas arquitetônicas e poderiam muito
bem ter sido incluídas entre os tipos de texto. No entanto, eu as
inseri aqui pelo que elas revelam sobre o processo de transição
da escrita para a impressão, do manuscrito para a tipografia e do
tipo manuscrito para o romano eo itálico.

abcêfghijóp 123 ABDQ abcéfghijôp


Eaglefeather p Família thpográfica criada em 1994 por David
Siegel.e Carol Toriumi-Lawrence, baseada na grafia arquitetônica

295
de Frank Lloyd Wright (1867-1959). A Eaglefeather foi editada
em duas formas, chamadas de formal e informal, mas a diferença
reside apenas na caixa-baixa romana; as duas compartilham um
itálico, um conjunto de capitulares romanas, versaletes, algarismos
e caracteres não alfabéticos. A Eaglefeather Informal, mostrada
aqui, consiste na verdade em duas itálicas. A “romana” é uma
itálica nítida, sem serifa e sem inclinação.À “itálica” é composta
pelo mesmo conjunto de letras com uma inclinação de 10º,

AB, 123 ábçdeehijklmadsaprtirrupeya


MA EEE AE dO Tgho cio,
Ex Ponto p Essa manuscrita lírica de terminais afiados foi de-
senhada por Jovica Veljovié e editada pela Adobe em três pesos
em 1995. Seu desenho foi completado no exílio, e o seu nome
alude à Epistulae ex Ponto, ou “cartas do Mar Negro” escritas no
exílio antes de 13 aC pelo poeta romano Ovídio. A nova versão
OpenType da fonte inclui três conjuntos de versais e um amplo
sortimento de ligaturas e letras variantes.

ÃO abepefabisklmmoporstumrya
Legende m Uma manuscrita larga, escura e desconexa, com olho
pequeno mas de excelente legibilidade. Foi desenhada por Ernst
Schneidler e editada pela fundição Bayer, de Frankfurt, em 1937.
É um dos melhores exemplares modernos de uma categoria de.
manuscritas maneiristas inaugurada por Robert Granjon em Lyon
O nome civilité no ano de 1557. Os tipógrafos se referem a elas como civilités.
vem do uso da
manuscrita de
Granjon em uma AQ 123 ábçoefshijkmnsprstiywaxyz
das primeiras
traduções de um Ondine m Uma manuscrita a pena, escura porém aberta, lúcida
dos best-sellers
de Desiderius e desconexa, desenhada por Adrian Frutiger e originalmente
Erasmus, De editada pela Deberny & Peignot em Paris em 1953. Foi um dos
civilitate morum
primeiros desenhos de Frutiger e continua sendo sua única fonte
puerilium lbellus,
ou*Um pequeno manuscrita. (Uma ondine é uma ninfa do mar, e.a Ondine de
livro para Frutiger é um tipo repleto de ondas).
crianças sobre o
comportamento
civilizado? AQ ábçdêfa hijklmÃo parstivwxyz
Present m Uma manuscrita a pincel leve, larga e desconexa,

296
desenhada por Friedrich Sallwey e editada pela fundição Stem-
pel de Frankfurt em 1974. Em sua versão digital, a família foi
ampliada para abrigar versões normais e condensadas da fonte
em três pesos,

abcdêéfghijóp 123 AQ abcéfghijôp


Tekton p Esta fonte, baseada na grafia do arquiteto Frank Ching,
foi desenhada por David Siegel e editada pela Adobe em 1989.
Na segiiência, foram lançadas as versões Multiple Master, GX e
OpenType. Esta última inclui algarismos de texto e versaletes. Em
tamanhos modestos, a Tekton funciona como uma sem serifa. Em
corpos maiores, suas serifas em forma de pequenas contas ficam
visíveis. Trata-se também fundamentalmente de um alfabeto, e
não de dois, uma vez que a Tekton possui uma oblíqua pura em
lugar de uma itálica.A escrita original pode ser vista no livro de
Ching Architectural Graphics [Desenho arquitetônico] (Nova York,
1975; 2º ed. 1985), que foi impresso a partir de páginas manuscritas.
A terceira edição do livro, publicada em 1996, foi composta em
Tekton semi-estreita digital.

ARS & Soglojtiniisgintinope


AO CDE
ÃO bry do nto tatipyo crepe.
para
MA DAS ibidifaptliyy
cjegjréiomega.
Zapfino D Este tour de force caligráfico foi desenhado por Her-
mann Zapf e editado pela Linotype em 1998 como um conjunto
de quatro alfabetos acompanhados de uma fonte separada com
ligaturas suplementares. Uma versão ampliada apareceu em 2004
com o nome de Zapfino Extra. Essa encarnação inclui versaletes,
caracteres alternativos e caudais adicionais, e uma versão escura de
um dos alfabetos, conhecida como Zapfino Forte.É um casamento
exemplar de habilidade artística e técnica.A utilização efetiva de
um tipo como esse. requer paciência e habilidade consideráveis.
Por essa razão, ele é um campo de provas bastante útil tanto para
os tipógrafos quanto para os calígrafos. (Ver também p 207).

297
pHXóuepóp Te AcayApoy óuoUl Kai AÚXpo
Apeosyrs de Ye devo TAXITI putoe
Gregos mes By Yo, no) eds li à ny,
Três tipos gregos antigos. No topo: o Grego Complutensiano, fonte ortóptica
de 16 pt gravada por Arnaldo Guillén de Brocar em Alcalá de Henares, perto
de Madri, em 1510. Ao centro: a cursiva de 10 pt gravada por Francesco Griffo
em Veneza em 1502 (mostrada aqui em tamanho natural). Embaixo: uma
grega caligráfica de 18 pt gravada por Robert Granjon na década de 1560.

11.7 GREGOS

A palavra ortóptico Os tipos gregos têm uma longa e complexa história própria, ainda
vem do grego que intimamente entrelaçada com a história dos tipos romanos.
0p865, que quer As primeiras fontes completas do grego foram gravadas em Ve-
dizer ereto; cursivo
vem do latim neza e em Florença por Nicolas Jenson, Francesco Griffo e por
currere, correr ou outros tipógrafos que simultaneamente estavam gravando as
apressar-se, primeiras fontes romanas e itálicas. Simon de Colines, Claude
echancelaria vem
do latim cancelli, Garamond, Robert Granjon, Miklós Kis, Johann Fleischman e
literalmente William Caslon também fizeram bons tipos gregos, que foram
“pequenos amplamente utilizados. No entanto, o primeiro livro grego im-
caranguejos.
Cancelli veio presso na própria Grécia foi o Livro de Salmos do Monte Athos
aserotermo de 1759, e a primeira imprensa grega secular foi inaugurada
latino usado durante a Guerra da Independência, com a ajuda de Ambroise
para designar
cercas, barreiras Firmin-Didot, em 1821.
ecancelas, é Adaptações gregas de fontes romanas populares - Basker-
finalmente para
ville, Caledonia, Helvetica, Times New Roman, Univers e outras
indicar a barreira
ornamental que — receberam edições da Linotype, da Monotype e de outras com-
ficava entre panhias, e são hoje bastante utilizadas na Grécia. Mas ali, assim
os oficiais e os
como em boa parte da Europa Oriental, as formas mais líricas
peticionários
nos fóruns. É, do modernismo têm demorado a chegar. Mesmo no mundo
noutras palavras, multinacional dos estudos clássicos, onde é constante a demanda
abarraà qualos por tipos gregos que harmonizem com romanos neo-humanistas,
advogados ainda
são chamados. sua oferta é muito pequena.
Os manuscntos Três classes importantes de tipos gregos nos têm acompa-
chancerelescos nhado desde o século 15: as ortópticas, as cursivas e as maruscritas
floresceram onde
quer que atuassem chancerelescas.A grega ortóptica é análoga à romana do alfabeto
advogados. latino; noutras palavras, não é cursiva.
As letras são relativamente

298
autocontidas e habitualmente eretas, e podem ou não possuir
serifas. O tipo grego cursivo, que pode ser ereto ou inclinado,
é análogo ao itálico. O grego chancerelesco não passa de uma
forma mais elaborada do cursivo, mas atingiu um nível de in-
trincamento tipográfico de que os tipos itálicos chancelerescos
jamais chegaram perto.
Os tipos gregos ortópticos da Renascença parecem-se com Olhando os
as romanas renascentistas, mas ao mesmo tempo diferem delas catálogos de
de várias maneiras interessantes. De um modo geral, o traço tem amostras

uma espessura bem mais regular, suas pontas são definidamente


retangulares e suas serifas, quando estão presentes, são curtas,

S&P
abruptas e unilaterais; triângulos, círculos e linhas geométricas
são proeminentes na estrutura dessas fontes, embora não a ponto
de eliminar curvas mais complexas. Essa é a forma mais antiga
da tipografia grega, vista pela primeira vez nos alfabetos parciais
gravados por Peter Schoeffer, o Velho, em Mainz e por Konrad
Sweynheym em Subiaco, localidade próxima a Roma, em 1465. É
também o estilo do primeiro tipo grego inteiramente amadurecido As gregas politonais
são fontes com
e politonal gravado por Nicolas Jenson em Veneza em 1471.
um complemento
O melhor exemplo antigo do grego ortóptico, na opinião de integral de
muitos historiadores, é o Grego Complutesiano de Arnaldo Guil- diacríticos
lén de Brocar, gravado na Espanha em 1510. Poucos anos depois alexandrinos. Para
mais detalhes, ver
disso, as gregas ortópticas desapareceram.completamente e não páginas 324 e 362.
foram ressuscitadas até o fim do século 19. À versão moderna mais
utilizada é o tipo New Hellenic, desenhado por Victor Scholderer
em Londres em 1927.
A primeira fonte grega cursiva foi gravada por um artesão não PS

OL
identificado em Vicenza, a oeste de Veneza, em 1475.À segunda,
gravada em Veneza por Francesco Griffe, demorou mais vinte
anos para aparecer - mas era uma manuscrita chancerelesca
elaborada e não uma simples cursiva, à maneira da fonte anô-
nima de Vicenza. Griffo gravou uma grega cursiva simples em
1502, mas as gregas chancerelescas continuaram sendo moda na
Europa pelos duzentos anos que se seguiram.
Uma grega cursiva simples pode ser transformada em uma
manuscrita chancerelesca com a adição de ligaturas, e o inverso
se dá com sua supressão. No entanto, o número de ligaturas
necessárias ao grego chega facilmente a várias centenas, e em
alguns casos a mais de mil.
As gregas chancerelescas foram gravadas por vários artistas de
Garamond a Caslon, mas os designers neoclássicos e românticos
-aí incluídos Baskerville, Bodoni, Alexander Wilson e Ambroise

299
Firmin-Didot — retornaram às formas cursivas mais simples. A
fonte grega de Firmin-Didot ainda é frequentemente utilizada
tanto na França quanto na Grécia, mas o tipo grego mais visto no
mundo anglófono é o desenhado em 1806 por Richard Porson.
As fontes gregas neo-humanistas, tais como a Antigone de
Jan van Krimpen, a Heraklit e a Palatino Greek de Hermann
Gregos Zapf e a Minion Greek de Robert Slimbach, abriram um novo
capítulo na história do alfabeto grego ao incorporar a estrutura
humanista das romanas e itálicas da Renascença à caixa-baixa
grega. Ironicamente, o desenvolvimento desses tipos coincidiu
com o abandono do estudo dos clássicos pelos guardiães da
cultura européia.
O grego, assim como o latim, evoluiu para a forma bica-
meral no fim da Idade Média. As caixas-altas dos dois alfabetos
compartilham da mesma herança, e mais da metade das formas
maiúsculas de ambos ainda permanece idêntica (o mesmo acon-
tece com as unciais gregas e latinas). No entanto, a evolução da
caixa-baixa grega seguiu por um caminho diferente. Embora haja
uma escrita grega plácida e formal, com espirito semelhante ao
da caixa-baixa romana, as minúsculas gregas são usualmente
cursivas. Em consegiência disso, a maioria das fontes gregas se

“Aux
parece com as itálicas renascentistas: maiúsculas formais e eretas
acompanhadas de minúsculas fluentes e muitas vezes inclinadas.
Nenhuma. verdadeira fonte de apoio foi desenvolvida na tradição
tipográfica grega: nenhuma que ampliasse e contrastasse com o
alfabeto primário como o itálico faz com o romano.
Entretanto, diversos designers do século 20 adicionaram
variantes inclinadas e bold aos seus alfabetos gregos a partir de
imitações de modelos latinos, de modo que uma mudança pode
estar a caminho. Várias das fontes mostradas aqui, no entanto,
foram desenhadas para uso solitário ou mesmo suplementar, para
compor letras gregas misturadas com fontes romanas.

àBySetrydiehpvêoTpoctupxya
abydelndikAnvêonpoçtupx po
Albertina D Chris Brand projetou esta grega nos anos 1960, jun-
to com a Albertina latina e a cirílica. De início, somente a fonte
latina foi produzida. A grega foi editada somente em 2004, pela
DTL, tanto na forma ereta quanto na cursiva — mas até o momento
apenas numa versão monotônica. (Ver também pp 232, 305.)

300
apBydezn3KAuvEoTpoctupy
yo
Antigone m Desenhada por Jan van Krimpen e editada pela
Enschedé em 1927. É uma grega neo-humanista delicadamente
esculpida, destinada à composição de poesia lírica. Foi gravada
especificamente para casar com a Lutetia romana e itálica do Olhando os
mesmo designer, mas compõe bem com outras fontes latinas, catálogos de
como a Romanée e a Spectrum. Ela não tem versão digital. amostras

ABydecmdxAuvEompocivpx
da
Bodoni m Giambattista Bodoni desenhou e gravou um grande
número de fontes gregas ao longo de sua carreira. A estrutura
de algumas é neoclássica, e a de outras, romântica; algumas são
cursivas inclinadas, e outras são fontes inscricionais compostas
apenas de maiúsculas.A assim chamada Bodoni Greek, tal como
é conhecida no mercado tipográfico, não é de fato de autoria de
Bodoni, embora pareça ser um de seus desenhos: é uma versão
ereta de uma fonte gravada em formato inclinadá por Bodoni
em 1786 (a Longus Greek de 18 pt).
Não sei qual fundição gravou a primeira adaptação comercial
das gregas de Bodoni, mas sei que ela era usada na Alemanha
na década de 1850. Muitas fundições alemãs copiaram a versão
comercial inicial, e ela serviu como o tipo grego indefectível dos
livros alemães por mais de cem anos. A fonte mostrada aqui é
uma interpretação digital feita em 1993 para a Sociedade de Fontes
Gregas (Greek Font Society) de Atenas por Takis Katsoulides. Sua
arquitetura é romântica, mas ela foi poupada do contraste exage-
rado encontrado em muitas romanas e itálicas recentes que foram
propagandeadas como Bodonis. A família, tal como foi editada
pela GFs, inclui uma forma inclinada e uma ereta, um bold e um
conjunto de versaletes gregos. (Ver também p 125.)

aBydecnBixApuvEorpoctup
xa
ABTAEZHOKAME
Didot m Não são poucos os tipógrafos que se perguntam por
que as fontes Didot gregas se parecem tão pouco com as romanas.
A razão para isso é que suas versões originais foram gravadas em
épocas diferentes por pai e filho, incorporando assim as diferenças

301
entre as relações que ambos criaram com duas tradições tipográ-
ficas distintas. As gregas Didot originais são obra de Ambroise
Firmin-Didot, cujo pai, Firmin Didot, gravou as mais conhecidas
Didot romanas e itálicas. As romanas, gravadas no calor .da Re-
volução Francesa, têm uma estrutura estritamente racionalista,
deixando para trás qualquer vestígio de variedade barroca.
As gregas de Didot têm um traço de mão esquerda absorvido
das gregas maneiristas e barrocas de Granjon, Jannon, Ris, Caslon
e Fleischman, As maiúsculas são abertamente esquizofrênicas, com
serifas neoclássicas adnatas nos traços finos e serifas românticas
abruptas no caso dos traços grossos. A versão digital exibida aqui
foi feita para a Sociedade Grega de Fontes (Greek Font Society)
>
por Takis Katsoulides em 1993. (Ver também p 125.)

ABTAEIHDOIKAMNMEOONPLCTVAXVO
Diogenes p Alfabeto de maiúsculas arcaicas puras feito por
Cristopher Stinehour em Berkeley no ano de 1996. À fonte foi
encomendada pelo impressor Peter Rutledge Koch para ser utili-
zada em uma edição dos fragmentos de Parmênides. Ela se baseia
em inscrições do século 5 aC na antiga cidade grega de Phokaia e
em sua colônia Elea, na costa da Itália, onde Parmênides nasceu.
Um peso de livro levemente mais escuro (mostrado acima) foi
adicionado em 2003.

aBydecmBiKAuvioTTpoGTUbx
Um
Gill Sans A Projetada como uma companheira da Gill Sans
romana na década de. 1950, não pelo próprio Eric Gill, mas pelos
desenhistas da Monotype. Dado que os desenhos originais da pró-
pria romana também haviam sido modificados, pode-se concluir
que a Gill Sans grega dista duplamente do artista a quem deveo
seu nome. Mesmo assim, é um projeto com desenho muito limpo
So

e aplicável.A caixa-baixa, assim como a sua correspondente latina,


inclui algumas serifas residuais. Há vários pesos disponíveis, tanto
na forma ereta quanto na oblíqua, mas nenhum peso de livro foi
editado comercialmente,

abydecndAnvEoroocTUAxbo
Heraklit: m/a Fonte desenhada por Hermann Zapf e editada tanto
pela Stempel quanto pela Linotype em 1954. É uma grega de texto

302
neo-humanista, feita para ser usada com a Palatino e a Aldus, am-
bas do mesmo designer. Uma fonte grega titular chamada Phiídias
pode ser usada como acompanhamento: é a contrapartida grega
da Michelangelo de Hermann Zapf. A Palatino Linotype Greek
(ver abaixo) é a sucessora digital da Heraklit.

APBySelTBiKANVEOTpOSTUPXWO
New Hellenic A Projetada por Victor Scholderer e editada pela A New Hellenic
Monotype em 1927, é uma grega ortóptica que reafirma a tradição digital mostrada
aqui sofreu
de Nicolas Jenson, Antonio Miscomini e Arnaldo Guillén de Bro- as seguintes
car, em detrimento da tradição cursiva e caligráfica de Francesco modificações:
Griffo, Simon de Colines e Claude Garamond. É aberta, ereta, as proteções
laterais de vários
graciosa e estável, com uma modulação mínima de traços e serifas caracteres não
ínfimas. Várias letras têm formas variantes bem-feitas. Uma versão alfabéticos foram
Gigital da fonte, mostrada aqui, foi feita em 1993 para a Greek Font revisadas, uma
tabela de kerning
Society por Takis Katsoulides (o nome utilizado em sua venda é foi adicionada e,
Neo, e não New Hellenic). (Ver também pp 122, 124.) finalmente, todas as
maiúsculas e cinco

&BydelcmOKAuvéoTIgoOcTUAxba
glfos alternativos
(2,3.€,€, W) foram
redimensionados.

ABydelnOnKAuvéorpocçivaxpw
Palatino p Em meio à conversão da Palatino na pan-européia
“Palatino Linotype; Hermann Zapf criou uma grega ereta e uma
itálica com dois pesos, baseado em sua anterior Heraklit (ver aci-
ma). Uma gama completa de caracteres monotônicos e politônicos
foi incluída. Porém, a fonte foi digitalizada na Microsoft, e não
na Linotype. É certo que seus grafismos são encantadores, mas
inexiste kerning e os diacríticos são tão pálidos que desaparecem
em tamanho de texto. Quando os diacríticos são fortalecidos
(como na primeiras das duas espécimes mostradas acima), essa
grega se combina primorosamente não só com a Palatino mas
com muitas outras fontes latinas. (Ver também pp 261, 306.)

dBydelnduApvéompostubyba
Porson Mm Desenhada pelo ciassicista inglês Richard Porson para
a Universidade de Cambridge e gravada por Richard Austin a
partir de 1806, esta fonte foi logo copiada por várias fundições, e
em 1912 uma versão editada foi lançada pela Monotype. Ela foi a
fonte grega uasada para a coleção Oxford Ciassic Texts por mais de

303
um século. É uma fonte calma mas cheia de energia, com desenho
neoclássico e que compõe bem com várias romanas. Durante sua
longa e frutífera carreira, à Porson caixa-baixa se ajustou bem a
várias séries distintas de maiúsculas, nenhuma delas projetada
para combinar-se com o desenho original da Porson. À versão
digital da fonte, mostrada aqui e em outras partes deste livro,
foi produzida em 1996 por George Matthiopoulos para a Greek
Font Society de Atenas, Ela foi editada e o tamanho das versais
foi reduzido em cerca de 10%. (Ver também pp 109, 113.)

cfydelndruveompostupy lo
ci vi A EO TE SAT o x
Wilson D Fontes gregas tão bem-feitas quanta essa sempre fo-
ram uma raridade, embora aquelas que almejassem tal qualidade
tenham sido outrora comuns. Atualmente, essa é a única fonte
grega digital de sua espécie. Foi produzida por Matthew Carter
em 1995, com base nas fontes gregas de Alexander Wilson de
Glasgow, mestre puncionista, médico e astrônomo do século 18.
Ela é enriquecida com formas alternativas e ligaturas, algumas
das quais são mostradas aqui.

11.8 CIRÍLICAS

O alfabeto cirílico foi adaptado do grego no século 9, e o primeiro


tipo cirílico foi gravado na Cracóvia por Ludolf Borchtorp em
1490. Um tipo cirílico melhorado foi gravado em Praga em 1517
pelo bielo-russo Frantsysk Skaryna, mas o primeiro cirílico cursivo
só seria gravado em 1583.À história subsequente dos tipos cirí-
licos é em grande parte paralela à dos latinos, com a importante
exceção da ausência de uma fase humanista ou renascentista;
além disso, a ligação íntima entre letras eretas e itálicas, que é
vista com naturalidade pela tipografia européia ocidental, não se
desenvolveu no contexto do cirílico: foi apenas no século 18 que
ambas foram postas lado a lado. Os tipos eslavos, assim como a
literatura eslava, passaram mais ou menos diretamente do medievo
ao barroco tardio. Por essas e outras razões mais abertamente
políticas é que o movimento neo-humanista no design de tipos
também tardou a chegar às letras cirílicas.
Com pequenas variações, o cirílico é usado hoje por apro-
ximadamente meio bilhão de pessoas, que escrevem em russo,

304
ucraniano, bielo-russo, búlgaro, macedônio e outras línguas eslavas.
Em Sérvia e Montenegro, é usado para grafar o servo-croata, e na
Moldávia para escrever o romeno. Também é o alfabeto comum
a um sem-número de línguas desconexas, do abkhaziano ao uz-
beque, faladas e escritas ao longo da antiga União Soviética.
Muitos excelentes designers de tipos trabalharam na Rússia
e em suas repúblicas vizinhas no século passado. A lista inclui Olhando os
Vadim Lazurski de Odessa, Galina Bannikova de Sarapul, Anatoli catálogos de
Shchukin de Moscou, Pavel Kuzanyan e Solomon Telingater de amostras
Tbilisi Um número reduzido desses desenhos chegou ao Ocidente,
e muitos, de fato, ainda estão por ser produzidos como tipos.
A Linotype, a Monotype, a ParaType e outras fundições
editaram versões cirílicas de fontes latinas: Baskerville, Bodoni,
Caslon, Charter, Gill Sans, Helvetica, Frutiger, Futura, Jannon,
Kabel, Officina, Plantin, Syntax, Times, Univers e outras fazem
parte da lista. Quase todas elas têm seus usos, que incluem a
composição de textos multilíngiies, em que a correspondência
entre fontes latinas e cirílicas pode ser necessária. No entanto,
nem todas essas derivações merecem distinção pelo seu desenho
ou são adequadas para textos corridos.
As fontes de texto cirílicas estão sendo cada vez mais cons- Algarismos de
truídas com as mesmas variações apresentadas pelos melhores texto estão
disponíveis para
tipos de texto latinos: romanas, itálicas, versaletes e algarismos todas as fontes
de título e texto, frequentemente em vários pesos. Em russo, o cirílicas mostradas
tipo romano é chamado de npamo mpudr (pryamoi shrift, ou nas páginas
seguintes.
“tipo ereto”) e o itálico de xypcus (kursiv) ou kypcuBHbIX WpHdT
(kursivnyi shrift). Assim como as latinas sem serifa, as cirílicas sem
serifa são produzidas na maioria das vezes com letras oblíquas
(HaxnoHHbIX IUpudbr = naklonnyi shrift, ou “tipo inclinado”) no
lugar de itálicas verdadeiras.

aósrmexoQpur AJKO abezdesmogu;


Albertina D Assim como a Albertina Greek, esta foi desenhada
por Chris Brand na década de ig6o mas não foi produzida até
2004. Casa-se perfeitamente com suas companheiras gregas e
latinas. (Ver também pp 232, 300.)

abBrgexopm AIKO absedecoçõuy


Baskerville a Baskerville não chegou a desenhar uma cirílica, mas
várias fundições fizeram adaptações de suas romanas e itálicas.

305
A melhor delas é a da Monotype, desenhada em 1930 pelo jovem
Harry Carter, que logo se tornaria um grande historiador de tipos.
Para alguns textos russos do século 18 e posteriores, uma fonte
de origem ocidental e com o espírito do Iluminismo francês é
bastante apropriada. A Baskerville cirílica é uma escolha óbvia
para esse propósito — em especial para publicações bilingiies, se
a Baskerville também for apropriada para a tradução.

aberaexodry AXKO abbedexoqus


Lazurski m Cirílica neo-humanista projetada pelo designer de
livros russo Vadim Lazurski e produzida em 1962 com duas formas
e nomes diferentes. Na Rússia, foi editada para composição me-
cânica com o nome Garnitura Lazurskogo. A versão de fundição,
editada por Giovanni Mardersteig e gravada sob sua direção por
>ÃãsH

Ruggiero Olivieri, é conhecida como Pushkin. Esse formato foi


utilizado apenas na imprensa de Mardersteig, a Officina Bodoni
em Verona. Vladimir Yefimov adaptou-o para fotocomposição
em 1984, adicionando-lhe um peso bold. Tanto ela quanto sua
companheira latina foram editadas em formato digital pela Para-
Graph, em Moscou, em 1991. Os algarismos de texto necessários
foram editados em 1997. (Ver também página 126.)

aóBrgexopiy AJKO aósedexoçuy,


Minion p Uma cirílica neo-humanista desenhada por Robert
Slimbach para fazer companhia à sua Minion latina. Foi pri-
meiramente editada pela Adobe em 1992 e reeditada no formato
OpenType pan-europeu em 2000. (Ver também pp 120, 259.)

aósrgexxodny AXO abszdexopiu,


vn

Palatino D A Palatino Ciryllic, assim como a Palatino Greek, foi


projetada por Hermann Zapf na década de 1990 como parte da
conversão da Palatino em “Palatino Linotype”. É especialmente
útil em trabalhos multilíngies. (Ver também página 261.)

a6BrmexodII, AXKO abecdesjcopus


Quadraat D A maioria das adaptações cirílicas de fontes latinas
tem um ar superficial,A Quadraat Cyrillic de Fred Smeijers é uma
maravilhosa exceção a essa regra. (Ver também página 266.)

306
aóBraexobiy AXKO abBedexoçus
Warnock D A Warnock, assim como a Minion, é uma família
tipográfica pan-européia - latina, grega e cirílica - projetada por
Robert Slimbach e editada pela Adobe em formato OpenType em
2000. Ela é mais pontuda e mais artificial que a Minion (simples-
mente desenhada em vez de escrita). Também é menos íngreme
(o itálico inclina-se a 15º em vez de 12º) O cirílico me parece ser
o ramo mais bem sucedido da família.

11.9 VERSAIS DE INSCRICÃO & CALIGRÁFICAS

Todo texto principia ao menos uma vez. A maior parte dos tex-
tos pára e principia de novo repetidamente até tomar seu curso.
Esses começos — de orações, parágrafos, capítulos ou seções
- constituem as portas e janelas do texto. Os escribas europeus
começaram a marcar as aberturas mais importantes com letras
maiúsculas grandes e por vezes ornamentadas — as chamadas
versais capitulares -, mesmo antes que o alfabeto latino desen-
volvesse uma caixa-baixa.
Em muitos dos primeiros livros impressos, um espaço era
reservado para que essas iniciais fossem pintadas à mão. Os im-
pressores também começaram a imprimi-las, em múltiplas cores,
desde 1459. Um grande número de bons alfabetos de capitulares
foi produzido a partir dessa tradição: eram fontes tipográficas
desenhadas para compor títulos ou textos curtos, ou para ser
usadas com uma letra de cada vez. Alguns desses alfabetos — a
Lithos de Carol Twombly e a Smaragd de Gudrun Zapf-von Hesse,
por exemplo - são glíficos ou de inscrição; outros, puramente
caligráficos.
Como o objetivo das fontes de inscrição é o uso com outras
fontes em tamanho de texto, muitas delas são vazadas, com o
interior do traço removido para suavizá-las. As capitulares Lu-
tetia e Romulus Open de Jan van Krimpen, por exemplo, foram
produzidas com o esvaziamento das maiúsculas dessas fontes de
texto. Já a Cristal de Rémy Peignot e a Castellar de John Peters
foram feitas desde o início como fontes incisas e não existem de
outra forma.
É claro que as maiúsculas de qualquer fonte de texto podem
ser ampliadas para serem usadas como versais, mas o resultado
costuma sacrificar suas proporções. Versais titulares bem-pro-

307
porcionadas são um patrimônio de poucas fontes de texto (a
Dante de Giovanni Mardersteig e a Manticore de John Hudson
são exemplos disso). De tempos em tempos, porém, as versais
Amostras de várias de uma fonte titular ou textual bicameral criam vida própria.
dessas fontes Isso ocorreu, por exemplo, com as fontes Albertus, de Berthold
são mostradas
na página 314. Wolpe, Cartier, de Carl. Dair, Avant Garde, de Herb Lubalin, e
com a Codex e a Delphin, de Georg Trump, As fontes listadas
abaixo foram todas projetadas especificamente como versais de
título, não de texto.

AEGOW
Ariadne m Trata-se de uma fonte de iniciais caligráficas desenha-
da por Gudrun Zapf-von Hesse e editada pela fundição Stempel
de Frankfurt em 1954. Ao serem utilizadas em corpo de texto,
essas iniciais combinam especialmente bem com a Diotima, da
mesma designer. Em tamanhos maiores, faz excelente par com
a Palatino e a Aldus.

ABCDKYZ
Augustea mia Versais de inscrição formais com serifas mar-
cantes, desenhadas por Aldo Novarese e Alessandro Butti e edi-
tadas em metal no ano de 1951 pela fundição Nebiolo, de Turim.
Há também uma versão vazada vendida originalmente com o
nome de Augustea Filettata e hoje digitalizada como Augustea
Open. Uma caixa-baixa também foi posteriormente adicionada
às versais. O resultado é conhecido como Augustea Nova, (Ver
também página 314.)

ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
Castellar A Versais vazadas assimetricamente, de modo que os
traços esvaziados fiquem clatos à esquerda e escuros à direita. A
fonte foi desenhada por John Peters e editada pela Monotype em
1957. (Ver também pp 74, 176, 314.)

308
ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
Charlemagne p Essas despreocupadas versais carolinas, baseadas
nos escritos titulares carolíngios e nas versais dos séculos 9 e 10,
foram desenhadas por Carol Twombly e editadas em forma digital Olhando os
pela Adobe em 1989.A nova versão OpenType inclui um conjunto catálogos de
de caracteres latinos pan-europeus. (Ver também pp 134, 314) amostras

ABCDEFGHIJKLM
AKMNRUNVYNZ
NOPQRSTUVWXYZ
Herculanum D Desenhada por Adrian Frutiger e editada pela
Linotype em 1990. Há muitas letras variantes. Herculanum era
uma cidade romana próxima à atual Nápoles que teve o mesmo
destino de Pompéia: foi enterrada pela erupção do Vesúvio em
79 aC, À fonte que.leva o seu nome baseia-se nas letras escritas
e pintadas do primeiro e segundo séculos aC. Essas inscrições
romanas não-oficiais e informais foram uma fonte de inspiração
para Prutiger por meio século.As maiúsculas da sua Ondine (pá-
gina 296), desenhadas no início dos anos 1950, também derivam
delas. (Ver também página 132.)

ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
[AOAZTZYYXDVO
ACEEGILÓSUUZ
Lithos D Versais sem serifa com abertura grande e forma vivaz,
baseadas em antigas letras de inscrição gregas, desenhadas por
Carol Twombly e editadas pela Adobe em vários pesos. Seu traço
apresenta várias modulações sutis.A nova versão OpenType da
fonte inclui latim e grego pan-europeus. Uma importante pre-
cursora dessa fonte é a Pericles de Robert Foster, editada pela ATF
em 1934 e hoje negligenciada. (Ver também página 132.)

309
ABBAGST [ISÍLOERBTr]T
ABCDEFGHIJKLM
Versais de
NOPOQRSTUVWXYZ
inscrição e
caligráficas
YYTA NECY TT PH &e
Mantinia p Trata-se de uma fonte complexa baseada nas grafias
encontradas na obra do pintor Andrea Mantegna (1431-1506). Os
pintores Andrea del Castagno, Fra Angelico e outros artistas do
século 15 dedicaram às suas letras o mesmo zelo que dispensaram
às suas figuras humanas, mas não existiu nenhum pintor renas-
centista que considerasse o alfabeto com tanta seriedade quanto
Andrea Mantegna. O tipo que o homenageia foi projetado por
Matthew Carter e editado pela Carter & Cone em 1992.

ABCDBCDE
Michelangelo e Sistina M Estes alfabetos compõem dois conjuntos
de versais serifadas e foram projetados por Hermann Zapf para
atuar como complementos das fontes Palatino e Aldus. As ver-
sões originais dessas duas fontes — a leve e atlética Michelangelo
e a sombria e eclesiástica Sistina — foram gravadas por August
Rosenberger e editadas pela fundição Stempel em 1950-51. Existe
ainda um terceiro membro dessa família que atende pelo nome
de Phidias e é uma contrapartida grega da Michelangelo. (Ver
também p 314.)

ABCDPQR
Monument M Um conjunto de. versais vazadas e abertas ori-
ginalmente desenhadas por Oldrich Menhart e moldadas em
1950 pela fundição Grafotechna, de Praga. A impassibilidade
imperial, típica das letras gravadas nas inscrições romanas, foi
transformada em uma espécie de dança folclórica majestosa pelas
mãos de Menhart.

310
ABCDE F6HISELAR
OPARSTUVWEYZ
Neuland m Alfabeto composto por versais romanas escuras,
irregulares e sem serifa. As letras foram projetadas e gravadas Olhando os
por Rudolf Koch e editadas em metal pela fundição Klingspor catálogos de
em Offenbach em 1953. Koch abriu as punções originais à mão amostras
livre, sem o auxílio de desenhos-modelo. Cada tamanho da
versão de fundição tem, portanto, várias idiossincrasias próprias.
Essas sutilezas foram perdidas em todas as versões digitais. (Ver
também p 314.)

Requiem Titling p A família Requiem, projetada por Jonathan


Hoefler, inclui não apenas dois pesos display romanos e.itálicos,
mas também dois pesos completos de letras-galhardete, que vêm
equipadas com um sortimento de terminais, espaços e conectores
floreados. (Ver também p 266.)

3u
ABCDEFGHIJKLM
dILYTLYTIYLTIILYIRE
NOPORSTUVWXYZ
Versais de
inscrição e Rialto Titling D Este conjunto de versais caligráficas elegantes e
caligráficas leves faz parte da família Rialto, projetada por Giovanni de Faccio
e Lui Karner e editada em 1999. (Ver também p 267.)

ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
Rusticana p Componente de um grupo de três fontes de Adrian
Frutiger baseadas nas variedades mais populistas e menos impe-
riais das inscrições romanas. Os outros membros da família são
a Herculanum e a Pompeijana. A Rusticana deve suas formas às
inscrições romanas dos séculos 4 e 5 a€. (Ver também p 132.)

ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
Smaragd p Um conjunto de capitulares leves porém poderosas,
desenhado por Gudrun Zapf-von Hesse e editado pela fundição
Stempel em 1952. Smaragd quer dizer esmeralda, mineral no qual
os segredos de Hermes Trismegisto — a encarnação grega de Thoth,
o inventor da escrita — foram notoriamente gravados.

AABCDEFGHIJKLMM
NOPQRSTUVWXXYZ
Sophia D Desenhada por Matthew Carter e editada pela Carter
& Cone em 1993. Esta fonte complexa, que inclui muitos glifos
variantes, baseou-se originalmente no alfabeto encontrado na
inscrição de uma cruz feita em Constantinopla em meados do
século 6 e presenteada ao bispo de Roma pelo imperador bizantino
Justino 11 e por sua esposa — que mais tarde também viria a ser
sua regente -, a imperadora Sophia. (Ver também pp 203-04).

312
ABCDEFGHIJKLM
NOPORSTUVWXYZ
Trajan D Capitulares serifadas baseadas nas inscrições da base
da Coluna de Trajano em Roma, gravadas no início do século
2 aC. À fonte foi desenhada por Carol Twombly e editada em Olhando os
formato digital pela Adobe, Na sua versão OpenType, ela inclui catálogos de
o conjunto completo dos caracteres latinos pan-europeus. (Ver amostras
também p 134.)

313
Da esquerda
para a direita:
Albertus
Augustea
Avant Garde

Cartier
Castellar
Charlemagne

Codex
Cristal
Delphin

Michelangelo
Monument
Neuland

Pericles
Romulus Open
Sistina

314
APÊNDICE A: O ALFABETO ATIVO

Usm censo feito hoje será impreciso amanhã, mas o alfabeto latino,
em suas viagens pelo mundo, evoluiu para um conjunto ativo
de. mais de seiscentos caracteres (considerando maiúsculas e
minúsculas), reforçado por aproximadamente outros quinhentos
vindos de seus aliados mais próximos, O grego e o cirílico, Uns
poucos caracteres listados a seguir se restringem a uma única
língua: a maioria é utilizada por dúzias ou centenas de línguas.
Cada caractere conta com três exemplos no máximo.

Letras latinas adicionais Exemplos de uso

a RB aesc faeroês; islandês Todos os termos


b'B b com topo em gancho fulfulde; hauçá; kpelle que aparecem
nesta lista
ó D eth faeroês; islandês em itálico são
dD dyet servo-croata; vietnamita discutidos no

d'D d com topo em gancho fulfulde; hauçá apêndice B,

4D d com cauda eve


página 329.

em gancho
schwa azaerbaijano; canuri
ama
“+ou

epsilon africano dinka; eve; tuí


f com cauda eve
em gancho
gama africano eve; kpelle
imod
istoa

h riscado maltês
1 sem ponto azerbaijano; turco
im me de

iriscado micmac; mixtec; sahaptin


k com topo em gancho hauçá
MENA

kra groenlandês antigo


Iriscado navajo; polonês
Me te

1 duplamente riscado kutenai


biam (lambda riscado) lilooet; nuxalk; okanagan
eng eve; saami setentrional;
SO
Z

uolofee
o cortado dinamarquês; faeroês;
norueguês
o chifrudo vietnamita
o aberto atsina; eve; tuí
ethel francês; inglês arcaico
í s longo irlandês; pan-europeu arcaico

315
eszett alemão; inglês recente
b thorn anglo-saxão, islandês
F triscado saami setentrional
U uchifrudo vietnamita
V vcacheado eve
wynn inglês arcaico
Letras Y ycom topo em gancho fulfulde
latinas yogh anglo-saxão, inglês arcaico
adicionais 3 ex skolt

Letras latinas infletidas Exemplos de uso

a agudo tcheco; islandês; espanhol


Pr po Poe fp Pe fps Poe boy pol e is
od» DA DR SDS GOA De (Dr po poe por fo por que po» poa poe po

a grave francês; italiano


a duplo grave poética servo-croata
a circunflexo cri; francês; galês
a circunflexo invertido mandarim romanizado
a tremado estoniano; finlandês; alemão
a anelado arikara; cheyenne; sueco
a com macro | a longo córnico; letão; maori
a breve| a curto latim; romeno; vietnamita
a arqueado poética servo-croata
a com til português; vietnamita
a com hoi vietnamita
DA PD pa pp

a circunflexo agudo vietnamita


a circunflexo grave vietnamita
a circunflexo com til vietnamita
a circunflexo com hoi vietnamita
a circunflexo com ponto vietnamita
inferior
a breve agudo vietnamita
qe gõa qe poe
de ie ia bos Dx

a breve grave vietnamita


a breve com til vietnamita
a breve com hoi vietnamita
a breve com ponto vietnamita
poe

inferior
a tremado agudo tutchone
poa

a tremado grave tutchone


pos

Db

a tremado com macro tutchone


Sa

a com ponto inferior| tuí; vietnamita


fo

a com nang
a sublinhado kwakwala; tsimshian
>
a)

316
a agudo sublinhado kwakwala
So IRD

a com ogonek | polonês; lituano; navajo


>
a com cauda
a agudo com ogonek navajo; apache ocidental
De Ex

DD

a grave com ogonek dogrib; gwichin; sekani

aesc agudo islandês antigo; linguística O alfabeto


Bs

aesc macro | aesc longo anglo-saxão; escandinavo ativo


Bi

antigo

b com ponto superior gaélico antigo


o

tm

cagudo polonês; servo-croata


ADO
mom

ccircunflexo esperanto
c circunflexo invertido | tcheco; letão; lituano
com cha
c com ponto superior maltês; gaélico antigo
NADO

cglotal kalispel; kiowa; nuxalk


mon

cha glotal comox; kalispel; lilooet


c cedilha | c suave albanês; francês; turco

d com ponto superior gaélico antigo


Ato
Go

d com gancho palatal/ tcheco; eslovaco


d com hácek
d com macro basco antigo
fd fds Sat

d com ponto inferior tuí; árabe romanizado


DO

d com vírgula inferior livoniano

e agudo tcheco; francês; húngaro


str dd
E MD E

egrave catalão; francês; italiano


e duplo grave poética servo-croata
e circunflexo francês; português; galês
Me Mr

e circunflexo invertido tcheco; mandarim romanizado


prt th td tr rd ttf e te

e com ponto superior lituano


Me

e tremado albanês; francês


MD:

e anelado arikara; cheyenne


Di Gde

e com macro/ e longo córnico; maori


e breve | e curto latim
Dr CDE

earqueado poética servo-croata


e com til vietnamita
CDI

e com hoi vietnamita


MD

317
e circunflexo agudo vietnamita

tróetria tê trá
MM
e circunflexo grave vietnamita
e circunflexo com til mandarim romanizado

CDS O
e circunflexo com mandarim romanizado
circunflexo invertido
td trá tri e circunflexo com macro vietnamita
CH

Letras e circunflexo com hoi vietnamita


Mk

latinas e circunflexo com ponto vietnamita


(>

infletidas inferior
e com ponto inferior| tuí; vietnamita
“td
o

e com nang
e com ogonek/ polonês; lituano; navajo
ea!
o

e com cauda
e agudo com ogonek navajo; apache ocidental
try rs
ed» em

e grave com ogonek dogrib; gwichin; sekani

schwa agudo comox; Lushutseed; sechelt


Us

epsílon africano dinka


[sei
em: é

tremado
epsílon africano til kpelle; tuí
em
co

f com ponto superior gaélico antigo


epjo
[A

g agudo macedônio romanizado


cara caga ga: ga do» va
QDO

g circunflexo aleúte; esperanto


g circunflexo invertido heiltsuk; kwakwala; skolt
g com ponto superior ifiupiag; kiksht; maltês
g breve azaerbaijano; tártaro; turco
DOGG

geglotal lingiística norte-americana


g com traço inferior tlinguite
g com vírgula invertida letão; livoniano

h circunflexo esperanto
E ED?
ERR

h com ponto superior lacota antigo


h com ponto inferior árabe e hebraico romanizados

iagudo islandês; gaélico; espanhol


amado fumar
ae md qutf pets een

igrave dogrib; italiano; sekani


i duplo grave poética servo-croata
aro Jr

i circunflexo francês; romeno; galês


icircunflexo invertido mandarim romanizado
to tie

I pontuado azaerbaijano; tártaro; turco


itremado francês
Ps

318
i É ianelado arikara; cheyenne
1 1 icommacro/ilongo córnico; letão; maori
í Í ibrevelicurto latim; vietnamita
1 | iarqueado poética servo-croata
1 1 icomtil guarani; kikuyu; vietnamita
i É icomhoi vietnamita
i I icom ponto inferior/ igbo; vietnamita O alfabeto
i com nang ativo
i I icomogonek/ chiricahua; dogrib; navajo
icom cauda
í Í iagudo com ogonek chiricahua; mescalero; navajo
| É igrave com ogonek dogrib; guichin; sekani

j j jcircunfiexo esperanto
j j jcircunflexo invertido lingiiística norte-americana

k K Kagudo macedônio romanizado


EK kglotal comox; kiowa; osage
k K kcircunflexo invertido skolt
k K kcom vírgula inferior letão; livoniano
k K kcom traço inferior sahaptin; tlinguite

Í É agudo eslovaco
FL/L I com gancho palatal eslovaco
IL lgotal heiltsuk; nisgha; tsimshian
1 L Icom ponto inferior/ sânscrito romanizado
Isilábico
Icom cedilha / 1 suave letão
Oba (prpdufemdo

lcom vírgula inferior livoniano; romeno


AUT 4

Icom traço inferior malaiala romanizado


lcom ponto inferior sânscrito romanizado
e macro

1 lriscado com ponto ifiupiaq


inferior
à A blam glotal kalispel; lilooet; nuxalk

mM mglotal kwalkwala; nisgha; tsimshian


mM m com ponto superior gaélico; sânscrito romanizado
mM m com ponto inferior sânscrito romanizado

úN nagudo chiricahua; polonês; navajo


à N ngrave mandarim romanizado

319
n glotal kwakwala; nisgha; tsimshian

ms
n com ponto superior sânscrito romanizado
n anelado arikara

t=scgpso
n circunflexo invertido

ZA
tcheco; mandarim romanizado
n com til basco; catalão; espanhol
n cedilha | n suave letão
Letras n com vírgula inferior letão
BSS

latinas n com ponto inferior tuí; sânscrito romanizado


infletidas n com traço inferior malaiala romanizado

o agudo gaélico; navajo; espanhol


oo
MOCOODOGOGCOGOGO

o duplo agudo húngaro


o grave catalão; dogrib; italiano
oo

o duplo grave poética servo-croata


o circunflexo francês; português; galês
xo

o circunflexo invertido mandarim romanizado


o com ponto superior livoniano
OO

o tremado hopi; alemão; turco


o anelado arikara; cheyenne,
O O

o com macro / o longo córnico; maori


o breve/ o curto latim; coreano romanizado
OD

o arqueado poética servo-croata


o com til estoniano; português
O

o com hoi vietnamita


CO

o com ponto superior livoniano


e macro
o tremado com macro livoniano
O:
GQOAGA0O

o com tile macro livoniano


O

o circunflexo agudo vietnamita


OQ

o circunflexo grave vietnamita


O

o circunflexo com til vietnamita


O

o circunflexo com hoi vietnamita


O

o circunflexo com ponto vietnamita


O

inferior
o com ponto inferior| igbo; vietnamita; ioruba
O
o

o com nang
o com ogonek| navajo; seneca; islandês antigo
O
Oro"O

o com cauda
o agudo com ogonek islandês antigo; navajo
o grave com ogonek dogrib; guichin; sekani
O

o cortado agudo islandês antigo; lingiistica


Mo
Ss

320
o chifrudo agudo vietnamita
Qolooo o chifrudo grave
Q mara
vietnamita
o chifrudo com til vietnamita
o chifrudo com hoi vietnamita
o chifrudo com ponto vietnamita
inferior
O alfabeto
o aberto agudo dangme ativo
u

VOOO

o aberto com trema dinka


o

o aberto com til kpelle; tuí


O

o aberto com ogonek kioway lingiiística


O

norte-americana

p glotal kiowa; kwakwala; osage


3 Me
tm

p com ponto superior gaélico antigo

aq glotal kwakwala; nuxalk; tsimshiamn


Ou
O

ragudo basco antigo; sorbiano


r anelado arikara
DIA
te o

r circunflexo invertido alutiig; tcheco; sorbiano


r com ponto inferior| sânscrito romanizado
em

r silábico
r cedilha / r suave letão
cego dog ot nt

r com vírgula inferior livoniano; romeno


FIA

r com traço inferior malaiala romanizado


r com ponto inferior sânscrito romanizado
e macro

s agudo polonês; sânscrito romanizado


Un
Gs

s glotal lingiística norte-americana


Ce UK CD
Ux o

s circunflexo invertido tcheco; omaha; letão


s com ponto superior gaélico antigo
s longo pontuado gaélico antigo
mo

s glotal com, lacota; omaha


“ns
Uns

circunflexo invertido
s com ponto inferior ioruba; árabe romanizado
«cn

ALAN <A

s com traço inferior tlinguite


do

s cedilha turco
so

s com vírgula inferior romeno


o

tcom ponto superior gaélico antigo


HS
e

321
t T tcom gancho palatal/ tcheco; eslovaco
tcom hácek
t T tglotal kiowa; tsimshian
t T tcommacro basco antigo; lacota
t T tcom ponto inferior árabe e hebraico romanizados
t T tcom vírgula inferior livoniano; romeno
Letras
latinas ú O uagudo islandês; navajo; espanhol
infletidas q Ú uduplo agudo húngaro
aU ugrave dogrib; italiano; sekani
“O uduplo grave poética servo-croata
à O ucircunflexo francês; galês
ú Ú ucircunflexo invertido mandarim romanizado
uU utremado estoniano; alemão; turco
à Ú uanelado | u krouzek arikara; cheyenne; tcheco
ú O ucom macro | u longo córnico; lituano; maori
ú Ú ubreve/u curto latim; coreano romanizado
à O uarqueado poética servo-croata
úlO ucom til vietnamita; kikuyu
uU ucomhoi vietnamita
à U utremado agudo mandarim romanizado
à O utremado grave mandarim romanizado
à Ú utremado com macro mandarim romanizado
ú O utremado com mandarim romanizado
circunflexo invertido
ul) ucom ponto inferior/ igbo; vietnamita
u com nang
yu U ucom ogonek/ lituano; mescalero; polonês
u com cauda
é U uagudo com ogonek mescalero; navajo
YU ugrave com ogonek gwichin; sekani; Taguish

é À uchifrudo agudo vietnamita


v O uchifrudo grave vietnamita
q O uchifrudo com til vietnamita
it À uchifrudo com hoi vietnamita
uv Y uchifrudo com ponto vietnamita
inferior

w W w agudo galês
wW wgrave galês
w W w glotal heiltsuk; klamat; tsimshian

322
w W w circunflexo | w longo chichewa; galês
w W w tremado tsimshian
w W wanelado arikara
w W w breve gã; tuí

x circunflexo aleúte
ide to De
peso po d

x glotal chiwere; tsimshian O alfabeto


x glotal com ponto tsimshian ativo
inferior
x circunflexo invertido heiltsuk; kwakwala
DS hs Dé
a DS ps pi

x com ponto inferior nuxalk; okanagan


x com traço inferior sahaptin; tlinguite
x cedilha caucasiano romanizado

y agudo faeroês; islandês; galês


ygrave galês
ha da
ea e

y glotal. - heiltsuk; klamat; tsimshian


Bed Seje Cf Cio Se] ez Sa

y circunflexo galês
y tremado francês; holandês
e

y com macro córnico; livoniano


y glotal com trema tsimshian
rd te e e

y com til guarani; tuí; vietnamita


y com hoi vietnamita
y com ponto inferior| vietnamita
y com nang

z agudo polonês; sorbiano


NNIN

z glotal lillooet
A

z circunflexo invertido | tcheco; letão; lituano


[E

zhet
z com ponto superior maltês; polonês
NINO
N

z com ponto inferior árabe romanizado

ezh circunflexo klamat; skolt


No
UN

invertido

323
Grego básico Grego monotônico a À qpsil
perispomene
alfa /1 alfa tonos a daseia

ne

ps

ss ss
beta/ 2 epsílon tonos

Dm x eSAMNAQUZEZDArgOENHENE»

qa

"Az ps
HAN DINA GA gama /3 eta tonos a daseia

ms ms
delta/ 4 iota tonos
Letras epsilon / 5 iota dialytika

tt
mi
gregas zeta/7 iota dialytika perispomene
básicas e eta/8 tonos
infletidas teta/ 9 ômicron tonos epsílon oxeia

qm
iota /10 upsílon tonos epsílon bareia
co

qm
capa/ 20 Y upsílon e psili

timittmitd
Cas (Or CG
lambda/ 30 dialytika £ psili oxeia
mi/40 upsílon e psili bareia
o

ni/so dialytika tonos £ daseia


gem sSesavaoOM<.T

na CR co
csif 60 & ômega tonos £ daseia oxeia
ômicron / 70 e daseia
pi/8o Grego politônico bareia
rô /100
sigma/ 200 alfa oxeia eta oxeia
a

tau /300 alfa bareia eta bareia


DS
ep

ipsíflon /400 alfa eta


fi/ 500 perispomene perispomene
qui/ 600 a psili 4H q psili
pa o pe

psi/700 a psili oxeia 7H q psili oxeia


Pr

ômega/ 800 a psili bareia 7H 4 psili bareia


a psili n'H q psili
SM

Grego alternativo perispomene perispomene


a daseia 1 H y daseia
me
By;

8 beta alternativo a daseia ij'H q daseia oxeia


9 teta alternativo oxeia Y'H q daseia
x capa alternativo a daseia bareia

»

o pialternativo bareia 1H 4 daseia


& sigma terminal a daseia perispomene
pa
x

c sigma luniforme perispomene nã eta iota


C sigma luniforme alfa iota
Í 1 oxeia
>
E QL RR

capitular & oxeia 4 bareia


f
& fialternativo & bareia ú n perispo-
(etc) & perispo- mene
mene nºHL q psili
À q psili n"H q psili oxeia
SD ride
os

é À a psili oxeia àa "H q psili bareia


A a psili bareia
ss

324
f H q psili rô psili ômega iota

Te
fo H perispomene rô daseia «w oxeia

Q
q daseia w bareia
í “H q daseia ipsílon oxeia w perispo-
oxeia ipsílon bareia mene

q
iºH n daseia ipsílon cp psili
[o]
e

bareia perispomene ty psili oxeia O alfabeto


À 'H q daseia dY v psili q» psili bareia ativo
perispomene v psili oxeia « psili
vY v psili bareia perispomene
í iota oxeia vY v psili « daseia
i iota bareia perispomene «w daseia
i iota vY v daseia oxeia
perispomene VY v daseia oxeia w daseia
4 psili DY uv daseia bareia
+ psili oxeia bareia « daseia
psili bareia vY vu daseia perispomene
psili perispomene
perispomene u dialytika Grego numérico
T idaseia à dialytika
mea

s daseia oxeia oxeia F digamma/6


3 qa
Rm

1 daseia U dialytika antigo


o

bareia bareia S stigma/6novo


1 daseia v dialytika q qoppa/90
[o

perispomene perispomene 2 sampi/9goo


1 iota dialytika 7 qoppa alternat.
e

Foxeia ômega oxeia a” chifre direito


my

e e

i bareia ômega bareia (p/ num. 1-999)


mt

i perispo- ômega +4 chifre esquerdo


e

mene perispomene - (1000-n)


« psili
E E e e
Sov0o

ó ômicron «w psili oxeia Grego linguístico


oxeia cw psili bareia
Ô ômicron co psili  alfa longo
bareia perispomene Á alfa curto
q

30 opsili w daseia I iota longo


oO

mi
E e

SO o psili oxeia «w daseia Í iota curto


mt

970 o psili bareia oxeia Y ipsilon longo


cu

ó O o daseia «w daseia Y ipsílon curto


Te

S'O o daseia oxeia bareia y ponto sup.


TD Ora

5"O o daseia « daseia Ô circunflexo


bareia perispomene O circunflexo
glam (À glot.)

325
Cirílico russo Outros cirílicos

aÃa ca chuvache

que
DS px

E Pe
6B 6/6 =b mari etc

qo
fg de
BBe =v ossetiano

nos q)
os O

O
rr zi=g servo-croata

as
pH 9/g =d

mma
Letras ucraniano

DS
macedônio etc

o
a
cirílicas eEe =efie

O e

SE.
básicas e xXKxw =Z bachquir, cazaque etc

Mm

Ea
infletidas 333 =z abkhásio, iacuto etc

Pura
TT
e E]
uMu =i bachquir etc

E E
nMú =jfi chuvache

A. o: SE
ED torto
Para as pessoas KKK =k bachquir, tártaro etc
O O

ED khanty
que cresceram em ala =l
companhia do
alfabeto latino, pode MMym =m N
[diy servo-croata
NT

E SO A NT

ser supreendente EHH =n 2idz macedônio


e (Det rd o] O

“ms

o fato de quea oO0Oo =o s. servo-croata


E Dr

forma cursiva do T te
nIn/ã=p' servo-croata
[|

cirílico seja m, que


a forma cursiva do pPp =r macedônio
De

o
MD

nsejadoug € que cCec =s ucraniano


a

a forma cursiva do
as

TTm/i=t moldávio
DD

E seja 3». As formas


A

cursivas minúsculas yYy =u udmurte


da

Wu l
E

típicas são, portanto, dDA =f calmuco, tártaro etc


ESRS
=s: o
Os da
E
MO OE DS

mostradas para
todas as letras xXx =x/kh udmurte
ot

cirílicas nesta lista. uu =clts bachquir


O MO

“lg =éch abkhásio


DS] ID

<

N
4

mr HE wa =5/sh macedônio
quis
o
de de EU

tadjique
Uma

ma =shch
quit

+ bs =“duro udmurte
ão E

puiZ

brblb =y servo-croata
ta

N
quaiS

b bo =“suave Khakhaz
Juiz
re res

993 =é bielo-russo etc


bata

A letra I invariante,
mw 0% =yufiu abaza, inguche etc
pum

frequentemente
E e

res ds

romanizada como afa =vyafia ucraniano


JZ5.
o

houx,é uma letra


macedônio etc
DR

independente
H M
ASS

macedônio etc
RES
PRA

do alfabeto em
ma

algumas línguas cazaque, tadjique etc


FORRO DRA

caucasianas, mas é
abkhásio
FARRA
A ar
BANS
I

usada com maior


Dono,

frequência em azaerbaijano
dígrafos e trigrafos, chuktchi etc
como por exemplo
oULouloliseo
bachquir
macedônio etc
ma .

“ls do idioma abaza,


li

326
5 Eb hp =nj macedônio etc Fonética
HH 4 =n/ng bachquir, tuvano etc internacional
sNy =njf khanty, koryak etc
WHH =ngh altaico, iacuto etc VOGAIS
à 66 =ô altaico, chórico etc
dO =ô servo-croata a B
a Ga =ô abkhásio e a O alfabeto
BIbm =p abkhásio i t ativo
PDP5D=i servo-croata o e
Oq =s bachquir chuvache u u“
TTma=t abkhásio CONSOANTES
lu =ts abkhásio
;Y > =úw uzbeque etc b B B Este é apenas um

Dm
7Yy=àú tadjique c ç esqueleto do alfa-
beto 1PA, que

AO
y3jy =iú altaico,khantyete d d õ também admite o
$Yy =ú chuvache etc f usa de mais de
$+Y3y=à servo-croata g
tam
cinquenta diacríti-
GY cos. Os nomes € as
vYr=i/a bachquir etc h H funções de seus
Ty =a cazaque j f símbolos podem
e

eOeo =0/6 tuvano,yukhaguir


etc k ser vistos no Hand-
book of the Inter-
865 =6 khanty 1 Lts national Phonetic
gr

xXx =h/h tadjique, uzbeque etc m Association


q Ty cê abkhásio, tadjique n nN [Manual da Asso-
ciação Fonética
uly = chórico p Internacional)
14« =dz/c azaerbaijano q (1999).
“mg =é udmurte I
mm

BrbI é =y mari
aca

e Ce =tç abkhásio s
DS

e C4 =tç abkhásio t
hh h =h bachquir, buriato etc v
yu ly =dá macedônio etc w
E

wWwWw =w yukhaguir x
ma
Tomnanx

Zz
Hom

Cirílico antigo ?
FANS

|
Ee yo 5 Br yat fo
Z

e Ce yes glCm ye INFLEXÕES


s Ss zelo E EE ks
1I 7 izhe yr y ps 7
*j

sue

h Bh derv e 06 fita 1
Lt

elo

vlw ot vVv izhitsa Â


4
Tm

327
Traço único Traço múltiplo

* ponto superior , cedilha +... reticências


* ponto médio * hoi + divisão
- ponto final ? parada glotal * diferente
. ponto inferior “til + mais ou menos
Índice visual e marcador - travessão & jogo-da-velha
, de caracteres ” apóstrofo ondulado É sustenido
virgula invertida; O parênteses n sinal monetário
<
não
alfabéticos vírgula virada [3 chaves
» vírgula * anel Pictogramas
» vírgula inferior º grau
* ac agudo * asterisco
Todos os termos * ae grave Traço duplo t adaga
desta lista que " plica 4 adaga dupla
aparecem em itálico
são discutidos " aspas falsas ” trema = indicador
individualmente simples : dois-pontos o» hera
no apêndice n. Os
” macro ; ponto-e-vírgula
termos restantes
são tratados em três - hifen “2 aspas Letras modificadas
grupos: (1) sinais - subtração »“ aspas
aritméticos, (2)
sinais monetários e
traço inferior 1! ponto de arroba
(3) sinais musicais, travessão ene exclamação copyright
— travessão eme à? ponto de centavo
vinculum interrogação euro
pn

| barra vertical " plica dupla ampersand


G

! barra fracional ” ac agudo florim


f barra duplo libra
Gs

À barra invertida * ac grave sinal


negação duplo fonográfico
[] colchetes aspas duplas marca
() parênteses falsas de parágrafo
angulares = igual marca
V raiz quadrada | barra vertical registrada
« aspas francesas quebrada seção
> maior que || barra vertical cifrão
ia

< menor que dupla marca


“ ac. cincunf inv. + adição comercial
ac. circunflexo x multiplicação iene
arco «» aspas francesas nulo
Rae

breve [ 1 colchetes por cento


a ac. circunf. falso 1 bequadro por mil
. ogonek b bemol

328
APÊNDICE B: GLOSSÁRIO DE CARACTERES

Evidentemente, não há limite para o número de caracteres tipo-


gráficos. Mesmo assim, há um limite para o número de varian-
tes glíficas por meio das quais esses caracteres se efetivam. Este
apêndice lista os caracteres incluídos nas fontes de.texto latinas
do padrão Iso (Ps-1, TrueType ou OpenType) e pan-européias
(rro ou OpenType). Também lista alguns poucos caracteres
adicionais de importância tipográfica duradoura. Os números
Unicode de cada caractere aparecem em colchetes ao fim de cada
entrada. Alguns deles (especialmente os diacríticos) têm mais de
um endereço no sistema Unicode. Via de regra, apenas um desses
endereços é aqui descrito. Quando o mesmo caractere ocorre
tanto na caixa-alta quanto na baixa. (o aesc, por exemplo), seus
dois endereços Unicode são informados.

acento agudo Acento usado em vogais — á éí ó ú y & — de línguas


como espanhol, francês, gaulês, húngaro, islândês, italiano, navajo
4
a
e tcheco e em consoantes — é ú í $ Z - bascas, croatas, polonesas e
do sânscrito romanizado. No chinês romanizado, o acento agudo
é utilizado em vogais e em uma consoante nasal -á éiúó úú
- para marcar o tom ascendente, Também é usado em consoantes
cirílicas — É e K - no macedônio e em todas as vogais no grego. As
versões maiúsculas e minúsculas das seis vogais agudas básicas
aparecem nas fontes de texto latinas Iso. As fontes pan-européias
normalmente incluem as formas maiúsculas e minúsculas das
cinco consoantes agudas e da antiga vogal islandesa é. O schwa
agudo (5) e o aberto (5) e as vogais nasais vibrantes das línguas
atabascanas fnativas norte-americanas] — á é f 6 ú — somente são
encontradas em fontes especializadas. ju+0301]

acento agudo duplo Diacrítico usado em duas vogais húngaras:


ô e ú. Também chamado de trema longo. O nome “Hungarian
umlaut” [trema húngaro], usado no jargão PostScript, é inútil,
uma vez que as vogais de trema. curto ô e ii também ocorrem
naquela língua. Não confundir com a “plica dupla” [double prime]
nem com as aspas de fecho. [U+030B]

acento circunflexo Acento usado em vogais -â 8100 WY


— cree [relativas à língua falada pelo povo indígena Cree, do Cana-

329
dá], francesas, galesas, portuguesas, romenas, turcas, vietnamitas
e de muitas outras línguas. Em textos transliterados (do árabe,
grego, hebraico e sânscrito, por exemplo), é utilizado às vezes
como um substituto do macro para indicar vogais longas. No tai
romanizado, indica um tom descendente.A maioria das fontes
de texto latinas inclui todas as vogais circunflexas, com exceção
do w e do j galeses. [U+0302]

acento circunflexo falso Também conhecido, em vão, como


circunflexo ascii. Assim como a barra invertida e as aspas falsas,
anb é um caractere calcificado no teclado-padrão Ascit. O acento
circunflexo verdadeiro (*) é um caractere diferente e genuíno; o
mesmo acontece com o e lógico (*, o sinal de conjunção lógica).
Não tendo nenhuma função tipográfica, o circunflexo falso tam-
bém não tem forma tipográfica. Noutras palavras, não é de fato
um caractere. É um elemento desperdiçado no teclado, esperando
por algo que venha a residir ali, [u+005E]

acento circunflexo invertido Sinal utilizado em consoantes


e vogais — € é n É $ Z — croatas, eslovacas, eslovenas, saamis, li-
tuanas, sórbias, tchecas e de outras escritas. No tai romanizado,
indica um tom ascendente. No chinês romanizado, é usado para
marcar o terceiro tom retroflexo (tom ascendente/descendente)
do mandarim-padrão: à & iii ô à ú. É utilizado ainda em vários
novos sistemas de escrita de línguas norte-americanas nativas.
Por alguma razão obscura, a maior parte das fontes Iso inclui
apenas um 5 e um £ em caixa-alta e baixa, deixando outras com-
binações tão frequentes quanto essas à mercê de montagens com
o acento flutuante.As fontes pan-européias contêm um conjunto
maior mas ainda incompleto de letras acentuadas com circunfle-
xo invertido (normalmente té nrsze CD ENRKS TZ). Esse
acento também é chamado de hácek, que é seu nome tcheco. Em
tcheco, no entanto, esse caractere é na verdade uma variante do
gancho palatal, que pode tomar a forma de circunflexo ou após-
trofo. [U+030C]

acento grave Usado em vogais - à &1 0 à — em francês, italiano,


português, catalão, vietnamita e em muitas outras línguas. No
chinês romanizado, é usado nas vogais â8iô à à para indicar o
tom descendente, Em gaélico, é usado em lugar do macro para
marcar vogais alongadas, As cinco vogais graves básicas estão
presentes na maioria das fontes de texto latinas. [U+0300]

330
acento grave duplo Sinal diacrítico servo-croata que, assim como
o arco, é utilizado em cinco vogais e uma consoante silábica: à &i ô
iz (em cirílico, à & ii à ) p). É um sinal prosódico, que indica um
tom descendente curto, Embora não seja empregado na escrita
comum, é utilizado no ensino, na linguística e em edições de
poesia metrificada. É raramente encontrado em fontes de texto.
[u+o30r]

adaga Marca de referência usada principalmente em notas de


rodapé. Na tipografia européia, também é um sinal utilizado
para marcar o ano da morte ou o nome de pessoas falecidas, e
na lexicografia para marcar formas obsoletas. Na edição de tex-
tos clássiços, as adagas são usadas para marcar passagens tidas
como duvidosas. Também chamada de obelisco, óbelo ou cruz.
[U+2020])

adaga dupla Marca de referência de notas de rodapé, também


chamada de diesis ou. obelisco duplo, [U+2021]

aesc Esta ligatura é uma letra do alfabeto em dinamarquês, norue-


guês, anglo-saxão e nórdico antigo, que corresponde parcialmente
ao ii sueco. Também é às vezes utilizada (desnecessariamente) em
latim. Em inglês, palavras de origem grega eram outrora grafadas
com a quando continham a combinação grega au (alfa iota). A
palavra aesthetics era, portanto, grafada como «esthetics. Desse
modo, arcaísmos deliberados e citações pedantemente corretas
ainda requerem essa ligatura, mesmo em inglês. Aesc (gesc, na
velha grafia) pronuncia-se éch. [U+00C6, +00E6]

agudo Ver acento agudo.


123
algarismos Uma fonte de texto normalmente inclui ao menos
um conjunto de algarismos, que deveriam ser — mas muitas ve-
zes não são - algarismos de texto (osE). As fontes de apoio e as
45
fontes OpenType frequentemente incluem três conjuntos adício- A abreviação OSF
[Old-style figures]
nais: algarismos tabulares (ou alinhados), superiores e inferiores. não corresponde
Os superiores são utilizados como exponenciais, sobrescritos e à expressão
numeradores fracionais. Os inferiores são utilizados como de- algarismos de texto,
mas é usada em
nominadores fracionais. Nas fórmulas químicas (H,O etc) e nos
vários programas
subscritos matemáticos, algarismos inferiores mais baixos são de composição
necessários. [U+0030-- 0039; +00B2, +00B3, +OOB9, +2070, e por isso foi
mantida. [NT]
+2074-—2079; +2080—2089]

331
ampersand Sinal gráfico que representa a conjunção e, cuja
criação deve-se aos escribas da Roma Antiga. Suas muitas
formas - & & & & &c-— derivam da palavra latina et. [O
ampersand também é conhecido como e comercial, embora
sua utilização nunca tenha se restringido a esse âmbito.A ori-
gem do nome está na expressão escolar inglesa ligada a uma
ladainha de aprendizado do alfabeto (onde o & era até não
muito tempo atrás a última letra):“A per se ah, B per se buh,
«. and per se and”, ou seja, uma letra que por si só representa a
palavra and. À variação escocesa epershand (de“et per se and”) é
mais lógica e indica a origem latina da letra.) [U+0026]

anel Também chamado de krouZek. Um sinal diacrítico usado


em dinamarquês, norueguês, sueco e em outras línguas, inclusive
norte-americanas nativas. O A redondo escandinavo (À e à = IPA
2) está presente nas fontes de texto 1so, mas o ú e o Ú (u com
krouZek), igualmente comuns em tcheco, precisam ser encon-
trados em fontes do Leste Europeu ou pan-européias, ou então
Go

construídos a partir de seus componentes isolados, Em certas


línguas norte-americanas nativas o anel marca letras afônicas.
O 4 anelado maiúsculo ou versalete é.0 simbolo das unidades
ângstrôm (10º À =1 um). [U+0304]

apóstrofo Também chamado de vírgula elevada. Trata-se de uma


marca de elisão em inglês, francês, italiano e em muitas outras
línguas. No inglês, partiu desse uso para tornar-se também um

dd
sinal possessivo (Its = it is= isso é, mas Johns = Johnes = perten-
cente a John). Um apóstrofo sobreposto (não confundir com o
acento agudo) é o símbolo lingiiístico padrão para as consoan-
tes glotalizadas: m p q wW etc. Por uma questão de conveniência,
esses símbolos são frequentemente convertidos em consoantes
seguidas por apóstrofos normais. Consoantes apostrofadas desse
tipo são comuns na tipografia. O d e o t apostrofados (d e £, cujas
formas maiúsculas são D e f) são letras do alfabeto em tcheco;
o mesmo acontece com o Te o E eslovacos, ao passo que ch; K;
K Ls t tE ts;x; x e suas maiúsculas correspondentes (grafadas
com apóstrofos, não com circunflexos invertidos) são letras do
alfabeto em tlinguite. Quando usado isoladamente, o apóstrofo
fregientemente serve como um sinal de parada glotal. No có-
digo Unicode, essas funções são cuidadosamente diferenciadas.
Ver também aspas aspas falsas, parada glotal e gancho palatal.
[u+02Bc, +0313, +0315, +2019]

332
apóstrofo(s) invertido(s) Formas mutantes das aspas simples
e duplas. Aparecem em muitas fontes de propaganda ede texto € CC
gravadas no início e no final do século 20. [U+201B, +202F]

arco Sinal diacrítico utilizado em vogais e em uma consoante


silábica - à 810 £ (e nos caracteres cirílicos correspondentes:
a8ÃoypB)- para marcar o tom descendente longo em servo-

AS
croata. Embora não sejam empregadas na escrita comum, essas
formas são utilizadas no ensino, na lingúística e em algumas
edições de poesia metrificada. Poucas fontes de texto incluem o
arco ou os glifos compostos nos quais ele é utilizado. Não confun--
dir com o circunflexo, que é angular. Também conhecido como
breve invertido. [u+0311]

aspas Uma fonte-padrão Iso inclui quatro tipos de aspas fran- .


cesas e seis formas de aspas anglo-germânicas:*”,, “”, Uma delas
também é o apóstrofo. Outra é graficamente idêntica à vírgula
mas é codificada separadamente. Em português, inglês e espanhol <€ €..2)>
seu uso comum é este e “este”; em alemão, é assim e assim“ Essa
diferença também acontece no uso de aspas francesas e alemãs:
nas línguas românicas, as aspas apontam para fora, e no alemão «ac
para dentro. Assim, em francês, comme ça” et «comme ça»;em — , .,
alemão, auf diese Weise“ und »diese Weise«, As aspas francesas
duplas e simples são amplamente utilizadas como marcas de
citação nos alfabetos latino, cirílico e grego na Europa, na Ásia £
e na África.As tentativas de introduzi-las nas Américas tiveram <6>
um êxito apenas ligeiro. As aspas francesas simples não devem ..
ser confundidas com os colchetes angulares nem com osope- ) >A «
radores aritméticos maior que e menor que. Elas também são ,
chamadas de aspas angulares e [na tipografia internacional] de €€)
guillemets (palavra francesa que se refere ao puncionista do século
16 Guillaume Le Bé, a quem é atribuída a invenção do guillemet).
Ver também plica, plica dupla e aspas falsas. [U+004B, +00BB,
+2039, +203A, +2329, +2324]

aspas falsas Trata-se de um grupo de refugiados da máquina de


escrever. Os programas de composição tipográfica interpretam
e contextualizam os toques de teclado associados às marcas de
citação, convertendo as aspas falsas em aspas verdadeiras [smart my test
quotes] (nunca de modo infalível). Mesmo não tendo nenhuma a ia
função tipográfica, as aspas falsas continuam ali, ocupando espaço
na fonte. Ver também aspas, plica e plica dupla. [u+0022, 0027]

333
aspas francesas Ver aspas.

asterisco É normalmente um caractere sobrescrito usado so-


bretudo como chamada de nota. Na tipografia européia, é am-
plamente utilizado para marcar o ano de nascimento de uma
pessoa (assim como a adaga, substituindo uma cruz, é utiliza-
da para indicar o ano do falecimento). Na filologia e em ou-
tras ciências, é usado para marcar formas hipoteticamente re-
construídas ou fetais. O asterisco pode tomar muitas formas
(* ** ** * por exemplo). Ele aparece na primeira escrita pic-
tográfica suméria e seu uso como símbolo gráfico tem sido inin-
terrupto há pelo menos cinco mil anos. [U +0024]

arroba Símbolo comercial que [em inglês] significa em ou à taxa


de. O correio eletrônico deu-lhe vida nova e por essa razão ele
é agora ocasionalmente bem desenhado. Ainda assim, não tem
utilidade em textos normais. [U+0340] -

barra Ver barra obliqua

barra fracional Usada com numerais superiores e inferiores para


a construção de frações personalizadas. Conhecida em inglês
como solidus. O solidus foi uma moeda imperial romana introdu-

39 zida por Constantino em 309 dC. Uma libra romana era composta
de.72 solidi, e um solidus compunha-se de 25 denarii. Os britâni-
cos basearam sua própria cunhagem imperial, assim como seus
símbolos (£/s/d, para libras, shillings e pence), no modelo romano,
e no devido tempo solidus se tornou não apenas uma expressão
para shilling mas tambémo próprio nome da barra com a qual os
shillings e os pence eram grafados. (Considerando o desenho e o
espacejamento dos caracteres na maior parte das fontes modernas,
é melhor usar a barra fracional apenas para grafar frações. Uma
barra oblíqua itálica é normalmente o melhor caractere para
compor referências à moeda imperial britânica). Ver também
barra oblíqua, que é um caractere distinto. [U+2044]

barra inclinada Ver barra oblíqua

barra invertida Um presente insólito do teclado de computador.


Ainda que seja essencial
às operações elementares dos computado-
res, não tem nenhuma função aceita em tipografia. [U+o05c]

334
|
barra oblíqua Traço utilizado por escribas medievais e por mui-
tos escritores posteriores como uma forma de vírgula [em inglês,
esse sinal é chamado de virgule). Também é usado para construir
frações niveladas (ex: 1/3), para representar uma quebra de linha
quando versos são compostos em prosa e ainda em datas, ende-
a/c
reços e em tudo aquilo que requeira um sinal de separação. Na
escrita das línguas cóis da África ocidental a barra oblíqua é usada
algumas vezes para representar estalos dentais ou laterais. [Em
português, a barra oblíqua é simplesmente referida como barra;
em inglês, seu apelido é slash ou front slash, que a distingue. da
barra invertida, backslash.] É mal posicionada em muitas fontes
e consegiientemente. precisa ser levemente editada. Comparar
com barra fracional. [U+002E]

barra vertical dupla É um símbolo-padrão em trabalhos bi-


bliográficos e uma antiga marca de referência convencional na IR

tipografia européia. Não faz parte da maioria das fontes de texto,


mas pode ser facilmente produzida com a crenagem de duas
barras verticais. [U+0216]

barra vertical quebrada A despeito de sua importância para


os programadores de computador e de sua presença no teclado
AscrI padrão, a barra vertical quebrada não tem função tipográ-
fica. É mais uma tecla e outra vaga na fonte que suplica por uma
redefinição que a torne tipograficamente útil. Intencionalmente
também é chamada de pipe. [U+0046]

barra vertical No contexto mais amplo da matemática, a barra


vertical é utilizada como um sinal de valor absoluto; nos estudos
prosódicos, sua presença indica uma cesura; nos cálculos pro-
positivos (em que é conhecida como traço de Sheffer) funciona
como um sinal de não-conjunção. Em trabalhos bibliográficos,
tanto a barra vertical quanto a barra vertical dupla são utilizadas.
Também chamada de “cesura”,

bola Versão ampliada do ponto médio, usada principalmente


b
Otermo bullet
como marcador tipográfico. Os marcadores são normalmente também pode
alinhados para fora da margem, como acontece com os números, indicar marcadores
para indicar os itens de uma lista, ou centralizados na largura do não-circulares;
a tradução bola
texto para separar blocos de texto maiores. Ver também ponto seguiu a definição
médio. [U+2022] do autor. [NT]

335
breve Acento usado em vogais e consoantes - à &1g 6 ú —- em
malauiano, romeno, turco, vietnamita e em algumas formas do
coreano romanizado. Em inglês, é usado em transcrições fonéticas
para marcar vogais de duração curta. Em textos sobre métrica
e prosódia, é o sinal de uma sílaba ou vogal quantitativamente
curta. Também é utilizado no i russo (ú, cuja forma cursiva é ií)
e, no bielo-russo e no uzbeque, em uma outra vogal, j. O acento
breve é sempre curvo, e não deve ser confundido com o acento
circunflexo. [U+0306]
me

breve invertido Ver arco.

cedilha Acento usado em consoantes — assim como o ç em cata-


lão, francês, nahuatl e português e as letras ç e g em turco. No letão
e no romeno, a vírgula inferior é preferida. Não confundir com o
ogonek ou gancho nasal, cuja curva assume outra forma e que é
usado com vogais. O nome significa pequeno z. O ge o $ turcos
não aparecem na maioria das fontes de texto ISO. [U+0327]

chaves As chaves são raramente requeridas em trabalhos de


texto, mas podem funcionar muito bem como um conjunto su-
plementar no exterior (ou no interior) de parênteses: (([- ])3.
Na matemática, são usadas para indicar sentenças e conjuntos.
Em edição de papiros clássicos, são fregientemente utilizadas
para marcar supressões editoriais. [U+007B, +007D]

circunflexo Ver acento circunflexo.

cifrão Ver sinais monetários,

colchetes Esses caracteres essenciais à composição de textos são


utilizados para interpolações em meio a citações e também como
um conjunto secundário e interno de parênteses. Na edição de
textos clássicos, os restauros editoriais normalmente são marcados
com colchetes, ao passo que as inserções editoriais e conjecturais
são marcadas com colchetes angulares e as supressões o são com
chaves. Os colchetes duplos (raros de achar, a não ser em fontes
técnicas) são utilizados por estudiosos de escrituras para marcar
supressões feitas pelo autor ou pelo escriba, e não pelo editor. Na
edição de manuscritos e papiros, os colchetes também marcam
hiatos causados por danos físicos. (U+005B, +005D]

336
colchetes angulares Esses caracteres úteis estão ausentes da
maioria das fontes de texto, mas podem ser facilmente encon-
trados em fontes pi e em algumas fontes góticas e gregas. Eles
têm várias funções na escrita científica e matemática. Na edição
de textos clássicos, os colchetes angulares são utilizados para
(a)
marcar adições editoriais, enquanto as chaves o são para indicar
supressões. Ver também colchetes.

contrabarra Ver barra invertida.

copyright Em fontes maldesenhadas, o símbolo de copyright


aparece às vezes sobrescrito, mas seu lugar de direito em tipografia
éa linha de base: O. [U+0049]

crase Ver acento grave.

diese Nome alternativo para a adaga dupla.

diérese Ver trema.

diferente de Símbolo útil porém ausente da maioria das fontes


de texto 150. É essencial para a composição matemática e de 01
importância ocasional nos textos em geral, [U+2260]

Ao
dois-pontos Marcador gramatical herdado dos escribas medie-
vais europeus. É usado em matemática para indicar razões e, em
lingiifstica, como marca de prolongamento. [U+0034]

dyet Letra básica do alfabeto em servo-croata e vietnamita, tam-

dD
bém usada no macedônio romanizado. Sua forma maiúscula é, via
de regra, a mesma do eth maiúsculo, mas seu conceito é diverso,
e por isso seu endereço Unicode é diferente. [u+omno, +01]

eng Letra do alfabeto em saami setentrional (língua falada em


regiões da Escandinávia e do norte da Rússia) e em muitas línguas
africanas. Sua forma minúscula também é utilizada na lingiistica
e na lexicografia para representar o som ng em palavras como
yN
wing. (Notar como essas mesmas letras podem representar sons
diferentes, como nas palavras inglesas wing, Wingate, singlet e sin-
ge: 1, n-g, ng, nd3.) O eng é encontrado em fontes pan-européias
e pan-africanas. [U+014A, +014B]

337
eszett A ligatura ss (s longo + s curto [f + s]) já foi essencial para

Bj
a composição em inglês e ainda o é em alemão. Não confundir
com o beta grego, 8. Note-se que nem todas as circunstâncias de
ss em alemão são convertidas em 8. [U+ooDF, + 0148]

eth Letra do alfabeto em anglo-saxão, faroês, em islandês e da


IPA. O eth maiúsculo é igual ao dyet, mas as formas minúsculas

õ D não são intercambiáveis e as letras representam sons bastante


diferentes (a pronúncia do nome eth aproxima-se do som de um
z sibilado, como na palavra azul pronunciada com língua presa).
fu+o0Do, +00F0]

ethel Ligatura antigamente usada em inglês e ainda essencial


para a composição em francês. As palavras e os nomes ingleses
derivados do grego eram escritas com o ethel (ou cethel), que cor-
e

responde ao ot (omicron iota) grego. A forma antiga de palavras


inglesas como ecumenical era, portanto, cecumenical (do grego
olkoo, ou “casa”), e o nome grego Oidirovo, (Oidipous) latinizado
como Oedipus era escrito como CEdipus. Desse modo, a ligatura
ainda se faz necessária para arcaísmos deliberados e para a citação
academicamente correta de fontes antigas, assim como para a
grafia de termos franceses tais como hors dozuvre. No alfabeto da
IPA, Ce, (E e 6 são três letras diferentes. [u+ 0152, +0153]

ew Ver riscado.

ezh Forma alterada da letra z, representando geralmente o som


da letra em palavras como ajuste, que é o som do % tcheco ou
do 7 polonês. O ezh é uma letra do alfabeto skolt, uma língua da
família saami, falada no norte da Rússia e da Finlândia. A forma
minúscula também faz parte do alfabeto IPA e está portanto
presente em quase todas as fontes de caracteres fonéticos. Não
confundir com yogh. [U+01B7, +0292]

frações Três frações -- lá Wa 3% — aparecem nas maioria das fontes

4)
de texto 150, e outras seis — Ye 5 % 5% 7 %- em algumas fontes
pan-européias. [U+00BC—00BE; +2153—215E]

gancho nasal Ver ogonek,

gancho palatal Diacrítico usado nos alfabetos tcheco e eslovaco


para marcar as assim chamadas consoantes suaves ou palatais.

338
Assemelha-se a um apóstrofo ou aspas simples de fechamento,
mas seu espacejamento é diferente (mais próximo à esquerda).
Em algumas fontes, ele ainda difere levemente do apóstrofo em da.
formato e tamanho. Combina com as consoantes ascendentes
minúsculas (d, 1, É) e com uma maiúscula (E). As formas mai-
úsculas do d e do t são D e T (e o L é uma forma alternativa
do E). O acento circunflexo invertido é usado em maiúsculas
e minúsculas não ascendentes (É, é, À, t). Em tcheco, ambas as
formas desse diacrítico são conhecidas como hácek, “gancho” Ver
D
também vírgula inferior. [U+030C]

grau Usado tanto em matemática quanto em textos normais


para indicar temperaturas, inclinações, latitudes, longitudes e 32
posições de bússola. Não confundir com o sobrescrito ou o ordinal,
utilizado em abreviações como Nº, nem com o anel, um sinal
diacrítico. [u+ooBo]

H riscado Letra do alfabeto maltês correspondente ao caractere


árabe q (h). Seu nome maltês é h magtugha,“h cortado” É encon- h H
trada em fontes de texto pan-européias. [U+ 0126, +0127]

hácek Ver acento circunflexo invertido e gancho palatal.

hera Um tipo de florão com forma de folha de hera (a palavra


hera vem do latim hedera, que é a designação inglesa comum
para este sinal). É um dos mais antigos ornamentos tipográficos, Êo»
presente em inscrições gregas antigas. [U+2619, +2766, +2767)

hífen O mais curto dos travessões, [U+002D]

hoi Esta é uma das cinco marcas tonais postas em uso nas vogais
do alfabeto vietnamita. Assemelha-se a um pequeno ponto de
interrogação sem pingo e significa o tom declinante-ascendente, O
Em vietnamita, a grafia do nome é, naturalmente, hói, que sig-
nifica “pergunta”. Em inglês, também é chamada de cur [cacho].
[u+0309]
isem pingo e I com pingo São, ambas, letras do alfabeto turco,
em que a forma minúscula do 1 é1€ a forma maiúscula doi é. A
forma sem pingo indica uma vogal reversa (ur, no alfabeto IPA) e
a forma com pingo uma vogal frontal, como o i de perito, [U+0130,
1d
+0131)

339
indicador O indicador tipográfico não é nem um instrumento
[sl obtuso nem um porta-moedas fechado: é uma mão que aponta
silenciosamente. Frequentemente, porém, ele é empetecado com
plissados na manga. O indicador, uma invenção barroca, está
ausente do conjunto de caracteres 150 € precisa ser encontrado
em fontes suplementares. [U+2614—261F]

jogo-da-velha Termo informal também conhecido como “cer-


quilha” (informática) ou “antifen” (sinal de abertura de espaço em
trabalhos de revisão). Na língua inglesa, é um sinal de indicação
numérica, Seu uso como um símbolo da libra avoirdupois tornou-
$36 se arcaico. Em cartografia, indica a presença de uma vila: oito
campos ao redor de uma praça central. Essa é a razão de seu nome
inglês octothorp, que quer dizer “oito campos”. [U+0023]

kropka Ver ponto superior.

krouzek Ver anel.

L riscado Letra básica do alfabeto em navajo, polonês e muitas

I É
outras línguas. A Sinfonia nº 3 de Henryk Mikolaj Górecki, por
exemplo, intitula-se Symfonia Piesni Zalosnycch, ou “Sinfonia
de canções tristes O L riscado também é conhecido por seu
nome polonês, ew. Está presente na maioria das fontes de texto
latinas mas é frequentemente inacessível a softwares bitolados.
[u+oi41, +0142]

letras Pelo menos três variedades de letras aparecem em uma


fonte latina comum. Normalmente, há um alfabeto completo em
caixa-alta e baixa e um alfabeto parcial de letras superiores, usado
em abreviações numéricas tais como as inglesas 1º!, 299, gºd (first,
second, third), a francesa 1º (premier, premiére) e as portuguesas
e espanholas 2º e 2º, Elas também são usadas em algumas abre-
viações verbais, tais como 4º = quarto; 8º = oitavo; M" = mister, Nº
= número. No inglês, a maior parte dessas formas é atualmente
arcaica, O alfabeto Iso básico inclui apenas duas letras superiores,
o a ordinal e o o ordinal, essenciais para a composição de texto
em línguas românicas (eles são chamados de ordinais por causa
de sua utilização nos números ordinais: primeiro, segundo, tercei-
ro...)..Um conjunto mais completo — convencionalmente limitado
a?bdeilmnorst pode ser encontrado com maior fregiiência em
uma fonte “expert” ou OpenType.

340
As fontes OpenType rotineiramente incluem versaletes em
adição a essas três modalidades.
As fontes pan-curopéias integrais
também trazem um conjunto completo de caracteres gregos e
cirílicos. Algumas fontes contêm letras caudatas e ornamentais,
como os longo (Í) e suas ligaturas.
Note que a identidade das letras varia de língua para língua.
O dígrafo ch, por exemplo, é tido como uma única letra em tcheco,
lituano e espanhol; !I é uma única letra em espanhol e em basco;
dd, ff, ng; Il, ph, rh e th são tratados da mesma forma em galês, o
que também acontece com os dígrafos dz, lj e nj em servo-croata
(correspondendo aos cirílicos 11,1b e 15). [U+0041— 0054; +0061—
0074; FOOCO— 00D6; +00D8— 00F6; +00OF8-—O0FE, etc)

ligaturas As fontes 150 básicas limitam-se a duas ligaturas tipo-


gráficas: fi e fl. Definições rígidas do conjunto de glifos, que não
deixam espaço para ligaturas adicionais (tais como ff, ffi, fl e f),
fig
são um desastre para a tipografia. As ligaturas requeridas pelas
especificidades do desenho de uma fonte devem residir sempre
em seu conjunto básico. ct sp
As ligaturas lexicais ve, ZE, ce, CE e £ são genuínos caracteres
Unicode, e aparecem separadamente neste apêndice. Já as ligaturas
tipográficas tais como fi e st são glifos, não caracteres, e aparecem
na seção de “uso privado” do Unicode.

macro Sinal diacrítico que indica vogais longas -â 816 U - em


várias línguas: fijiano, hauçá, letão e lituano, entre outras. Tam-
bém é utilizado com a mesma função nas versões romanizadas
do árabe, grego, hebraico, japonês, sânscrito e de outras línguas,
além de marcar os tons nivelados do chinês romanizado. Alguns
d
escritores da língua falada pelos índios sioux também o utilizam
para grafar consoantes não aspiradas (€ k Dt). [u+o304]

marca comercial Ver trademark.

marca de parágrafo Antiga marca usada pelos escribas no início

q
de um parágrafo ou de uma seção de texto principal, ainda usada
com o mesmo propósito (e ocasionalmente como uma marca de
referência) pelos tipógrafos, Também conhecida como “pacote”
ou “pé-de-mosca” em português, e como pilcrow, em inglês. Faces
bem-desenhadas oferecem marcas de parágrafo com alguma
personalidade - | 99qC9 «df -, preferíveis ao desgastado e
anódino padrão 11, Ver também seção. [u+ 0086]

341
marca registrada Este caractere é apropriadamente sobrescrito,
embora o sinal de copyright, em outras circunstâncias similar,
não o seja. [U+004E]

mu A letra 1 minúscula grega representa o prefixo micro- = 104


Desse modo, miligramas escreve-se mg e microgramas ug (um
milionésimo de metro ou mícron, antes designado pela letra 4,
escreve-se hoje gn). [U+03Bc]

uang Ver ponto inferior.

negação O sinal de negação anteriormente usado no cálculo


proposicional (em lógica simbólica) era o travessão ondulado (-),
mas isso gerava confusão, pois ele também era utilizado como um
sinal de similaridade. Hoje, sua forma usual é o traço angulado
(=). Ele faz parte do conjunto-padrão de caracteres latinos ISO
e é incluído na maioria das fontes de texto digitais, embora seja
inútil sem os outros operadores lógicos, tais como UNA v E,
que quase nunca são encontrados em fontes de texto. Também
chamado de negação lógica ou não lógico. [u+004c]

negação lógica Ver negação,

nulo Também conhecido como zero riscado ou cortado. É um


glifo usado para distinguir o zero das letras O e o. No entanto,
essa forma é facilmente confundida com o o riscado (g, 9), uma
letra dos alfabetos dinamarquês e norueguês, e também com a
letra grega phi (q, 4). A forma atravessada do nulo, caractere,
também pode ser confundida com o teta grego (8). O glifo nulo
aparece em algumas fontes de texto e em muitas fontes técnicas
e fonéticas. (Como forma alternativa do zero, esse glifo não tem
endereço próprio no Unicode.)

obelisco Também conhecido como obelus (plural obeli). Sinô-


nimo de adaga.

o chifrudo Letra do alfabeto vietnamita que. representa uma


vogal fechada semi-retraída não arredondada (um o não arre-
dondado, o Y do 1PA). [U+oiÃo, +OIAI).

o riscado Letra básica do alfabeto em norueguês e em dinamar-


quês, correspondendo genericamente ao ô sueco. A forma em

342
caixa-baixa também faz parte do alfabeto IPA. A última peça de
Ibsen, por exemplo, chama-se Nár vi dode vâgner, e uma de suas
primeiras peças intitulava-se Fru Inger til Ostrát: A letra é neces-
sária em outras línguas, para possibilitar a composição de nomes
o (0)
como Jorgen Moe e Soren Kierkegaard. [U+00D8, +00F8]

ogonek Sinal diacrítico utilizado em vogais - a ei o q — do lituano,


navajo, polonês e de outras línguas. Também conhecido como
gancho nasal. Não confundir com a cedilha, que tem a curva
virada para o outro lado e é usada em consoantes. Ogonek é um
diminutivo polonês que.significa “rabinho” mas que também é
utilizado para nomear o cabinho da maçã. As vogais com ogonek
são conhecidas como vogais com cauda. Um ogonek invertido é
usado na consoante 3, da língua bashkir,

ordinais Ver letras.

parada glotal A parada glotai é um som em busca de um caracte-


re, um som básico de muitas línguas que agora é escrito em letras
latinas, mas para o qual os alfabetos latino, grego e cirílico não
têm nenhum símbolo tradicional. Os linguistas usam o caractere
2 ou? (um ponto de interrogação castrado) para representá-lo,
mas o símbolo mais comumente usado em textos compostos é o
apóstrofo. No árabe romanizado, por exemplo, a vírgula invertida
ou a aspa de abertura (') é muitas vezes usada para representar a
letra ain (£), cujo símbolo fonético é £ ou $, e o apóstrofo é usado
para representar a hamza (e, |, |,etc), a parada glotal árabe. Desse
modo, a grafia romanizada da palavra árabe “alcorão” é al-Quran,
a palavra “árabe” é grafada como 'arab, e“a família” é escrita como
al-á'ila, Em espanhol, a parada glotal é conhecida como saltillo
(pequeno salto). Ver também apóstrofo, vírgula invertida e aspas.
[U+0294, +02BC, +ozco]

(a)
parênteses Usados como marcadores de frase gramaticais e ma-
temáticos, e por vezes para isolar números ou letras em uma lista.
[U+0028, +0029]

pipe Ver barra vertical quebrada.

plica Abreviação de minutos de arco (60' = 1º) e da unidade de


medida pé (1 = 12” [um pé = doze polegadas]). Minutos e segun- 60'
dos não devem ser confundidos com apóstrofos nem com aspas

343
falsas ou verdadeiras, embora esses glifos tenham uma forma
similar e uma agradável inclinação em algumas fontes (especial-
mente as góticas fraturadas). Ver também apóstrofo, aspas, aspas
falsas e plica dupla. [U+2032]

plicas duplas [Double prime) Abreviação de arcos de segundo


(360” =1º) e de polegadas (1º = 2,54 cm). Não confundir com
60”
aspas, aspas falsas ou acento agudo duplo. As plicas duplas são
raramente encontradas nas fontes de texto. Ver também plica.
[u+2033]

ponto de exclamação Em espanhol, o ponto de exclamação in-


vertido é usado no início da frase e a exclamação propriamente
dita no final. Em matemática, o ponto de exclamação é usado
para simbolizar números fatoriais (4! = 4 X 3 x 2 x 1). Também
é muito utilizado para representar os estalos palatais das línguas
khoisan africanas, como, por exemplo, no nome !Kung. Impres-
sores britânicos costumam chamar o ponto de exclamação de
screamer [gritador]. [U+ 0021, +0041]

ponto de interrogação Em espanhol, o ponto de interrogação,


além de finalizar uma pergunta, é usado de cabeça para baixo no
início da frase. [U+0037, +00BF]

ponto final Sinal que indica o fim de uma oração em todas as


línguas européias. Também é uma letra do alfabeto em tlinguite,
pronunciada como uma parada glotal, Em fonética, sinaliza uma
quebra silábica. [u+002E]

ponto inferior Sinal diacrítico usado em consoantes - dh 11


ristz- em árabe, hebraico e sânscrito romanizados, e princi-
palmente em vogais de diversas línguas africanas e em outras
línguas asiáticas. Os editores de inscrições e de papiros usam-no
rotineiramente para marcar todas as letras cuja leitura é incerta.
O ponto inferior também é uma marca tonal vietnamita, que
marca as vogais glotalizadas baixas (a àAAà êi qu etc). Seu apelido
tipográfico, nang, é uma forma simplificada de seu nome próprio
vietnamita, náng. Não está incluído na maioria das fontes de texto
latinas. [u+0323]

ponto médio Antiga marca de pontuação européia, muito usada


para sinalizar itens de uma lista vertical e a para separar itens

344
numa linha horizontal. Um ponto médio com espacejamento
apertado também é bastante usado para separar sílabas ou letras,
especialmente no catalão, quando um [junta-se a outro (em cata-
lão, assim como em espanhol, o Il é tratado como uma letra única:
quando um [ é adjacente mas separado de outro, escreve-se LI.
Exemplos disso são as palavras catalãs cel-les [células], col-lecció
[coleção] e paral-lel [paralelo].) O mesmo sinal é utilizado nas
multiplicações escalares da matemática e nas conjunções lógicas
da lógica simbólica. Também chamado de ponto mediano ou
intermediário, [U+00B7]
(As versões maiúscula e minúscula do conjunto L + ponto
médio [1 &1.] são desnecessariamente tratadas como caracteres
únicos pela ISO e consequentemente pelo Unicode: [U+013E &
+o140!)

ponto superior Sinal diacrítico usado para acompanhar conso-


antes - é g m à 2 — em gaélico antigo, maltês, polonês e sânscrito
romanizado, e em vogais - é 1 - em lituano e em turco. Em foné-
tica, é amplamente empregado como um sinal de palatalização. É
bastante conhecido por seu nome polonês, kropka. Ver também
ieIsem pingo. [u+0307]

ponto-e-vírgula Marcador gramatical híbrido entre a vírgula


e o dois-pontos, derivado da prática dos escribas europeus. Em
grego, no entanto, o mesmo símbolo é utilizado como ponto de as
interrogação. [U+003B]

por cento Partes por cento. Não confundir com o símbolo c/o,
“in care of” [aos cuidados de, ou a/c), que às vezes é gravado como Yo
um único caractere. [U+0025]

por mil Partes por milhar (61% = 6,1%). Embora raramente


necessário na tipografia textual, ganhou um lugar ao sol nos con-
juntos latinos ISO. [U+2030]
Yo
punho Ver indicador.
q
radical O sinal da raiz quadrada, normalmente usado em con-
junção com o vinculum: N1o = 3,162227766... [U+2214]

reticências: O sinal de elisão e de pausa retórica: três pontos. e...

[uU+2026]

345
slongo Esta forma mais alta do s parece-se com um f sem bar-

f
ra (note-se porém que sua forma romana tem uma “espora” à
esquerda). O s longo era comumente usado em inglês (ufed in
English, ufed in English, USED IN ENGLISH) até.o final do século
18, cumprindo a função do s nas posições inicial e intermediárias.
O s curto era utilizado nos finais de palavra e usualmente como o
segundo s de um par. O conjunto s longo + s curto forma a ligatu-
ra 8 [eszett], ainda usada em alemão. O s longo ainda é utilizado
na escrita gótica, embora seja arcaico na romana e na itálica. Ele
frequentemente implica um substancial conjunto adicional de
ligaturas — ex: fb fh fi fk 1 MM fl [u+ 0177)

schwa Uma letra e rotacionada, utilizada para representar uma


vogal curta € suave (no jargão técnico da fonética, uma vogal não
arredondada semicentral). O schwa ocorre em muitas línguas
nativas da África e da América do Norte. Duas formas maiúsculas
são correntes na África: d e O. Note que a primeira delas não é
rotacionada, mas espelhada horizontalmente. [u+0259]

seção Forma do s duplo adotada pelos escribas, hoje utilizada


principalmente em estatutos e códigos legais, quando seções par-
ticulares são citadas como referência (a abreviação plural, que
significa seções, é produzida pela duplicação do símbolo: $$).
[No Brasil, essa prática legal terminou por associar o símbolo de
seção aos parágrafos dos documentos, transformando-o também
em um sinal de parágrafo). ju+0047]

simbolo monetário genérico O nome inglês deste caractere, lou-


se, vem do alemão Filzlaus, “piolho-do-púbis, chato”. Ele conserva
um lugar na fonte para um símbolo monetário (1). Também é
conhecido em inglês como sputnik. Como não tem função real,
não possui uma forma autêntica. [U+ 0044]

simbolos monetários A maioria dos conjuntos de caracteres

$ £
Iso produzidos em safras recentes inclui seis símbolos monetá-
rios reais - $ £ € f £ $ — e um símbolo imaginário, xi. Este assim
chamado símbolo monetário genérico não tem nenhuma função a
não ser guardar lugar para que um símbolo monetário real (rúpia,
f É peseta etc) possa ser inserido. O sinal de centavo (g), uma he-
rança tipográfica norte-americana, é igualmente irrelevante para
a maioria dos trabalhos e permanece no conjunto de caracteres
por pura nostalgia.

346
O símbolo do dólar, um $ cortado [ou cifrão], descende
de um antigo símbolo do shilling, e passou a ser utilizado por
muitas outras moedas, tais como sol, peso, escudo, iuane, etc. O
sinal da libra esterlina, um L riscado e cursivo, deve-se ao termo
latino libra (também fonte da abreviação lb, usada para a libra
avoirdupois). O sinal £ é hoje utilizado não apenas para a moeda
britânica, mas para as libras ou liras de muitos Estados da África e
do Oriente Médio, O símbolo dos florins holandeses é a sua inicial
f, normalmente mais baixa e mais larga que o f minúsculo itálico.
O sinal do shekel israelense (shegel no hebraico romanizado) é
nm. Ver também símbolo monetário genérico. [U+ 0024, +0042,
+O0043, +O0OAS, +0192, +20aC, etc!

sinal fonográfico O símbolo de copyright das gravações sonoras


[em inglês, phonomark]. Também estranhamente conhecido como
sinal de publicação. [u+ 2117]

sinais aritméticos Apenas oito sinais básicos fazem parte da


maioria das fontes de texto: + — + x = < = >, Quando são re-
queridos outros simbolos matemáticos, tais como + = V=Y
= >, geralmente é melhor usar todos os símbolos da mesma
fonte técnica - incluindo os básicos -, para que todas as formas
combinem em cor e tamanho, [U+002B, +2212, +OOB1, +OOD7,
+00E7, +003C, +003D, +003E, etc)

sinal de multiplicação Um x sem serifa, normalmente quadran-


gular. Ver sinais aritméticos. [U+00D7]

sinais musicais São necessários três símbolos musicais elemen-


tares — > | k, bemol, sustenido e bequadro — para compor textos
comuns que fazem referência aos tons e modos da notação mu-
sical européia (a Sonata Op. 10 em Ab de Beethoven, a Suíte
para Alaúde em Fim de Ennemond Gaultier etc). Esses caracte-
res, no entanto, não fazem parte da maioria das fontes de texto.
(O “jogo-da-velha” não é adequado para substituir o sustenido.)
[U+266D— 266F]

T riscado Letra do alfabeto saami setentrional que represen-


ta o som da letra s pronunciado com língua presa [1PA 0). É
normalmente incluída nas fontes de texto latinas pan-européias.
[u+0166, +0167]

347
thorn Letra básica do alfabeto anglo-saxão e do inglês pré-mo-

Pb
derno, assim como do islandês: Pótt pu langfôrull legôir.... Tem o
som da letra 1PA 6: um s pronunciado com a língua presa, como
na palavra inglesa thorn. Não confundir com o caractere wynn.
[U+00DE, +00FE]

til Diacrítico usado em vogais - à i 6 à — de diversas línguas,


tais como estoniano, português e vietnamita, e pelo menos numa
consoante - à — em espanhol, quechua, tagalog e em sânscrito
avr

romanizado, entre outras línguas. Os caracteres À, à, N, à, Ô e


ô aparecem na maioria das fontes de texto 150. As fontes pan-
européias incluem igualmente as antigas vogais groenlandesas
11,ú,UÚ.[u +0303]

traço inferior Diacrítico necessário em muitas línguas africanas


e norte-americanas nativas, com algumas utilidades no inglês.
Pode ser utilizado como uma alternativa ao ponto inferior na
composição do árabe e do hebraico romanizados. Para desimpedir
as descendentes, é preciso utilizar uma versão reposicionada do
caractere em questão. Ver também travessão baixo. [U+0332]

trademark Caractere sobrescrito que indica marca comercial,


encontrado na maioria.das fontes de texto mas inútil fora do
contexto dos trabalhos comerciais. [U 42122]

travessão As fontes de texto latinas incluem, no mínimo, um


travessão eme, um travessão ene e um hifen. Um travessão nu-
mérico e um travessão de três quartos de eme às vezes são igual-
mente incluídos; os travessões de um terço de eme são mais raros.
[u+2013, +2014, etc]

travessão baixo Caractere iso padrão, cuja posição coincide


com a da linha de base. Não confundir com o traço inferior.
[u+oosr]

travessão ondulado Caractere raro nos textos mas importante


em lógica e matemática como sinal de similaridade (a -- b) cem
lexicografia como sinal de repetição, O mesmo sinal tem sido
usado em lógica simbólica para indicar negação, mas para evitar
confusão o sinal de negação angular ou não lógico (=) é preferido.
Aos olhos da Iso e do consórcio Unicode, o travessão ondulado
encontrado nos teclados de computador é um til ascii - que é um

348
caractere útil aos programadores de computador mas desprovido
de significado para os tipógrafos. A maioria das fontes de fato
contém um travessão ondulado, não um til, nessa posição. Para
o Unicode, o verdadeiro travessão ondulado tem um endereço
diferente, embora tenha a mesma forma gráfica. O verdadeiro til
é diferente em todos os aspectos e funciona somente como um
sinal diacrítico. [U+007E; +2053, +223C]

trema Sinal diacrítico utilizado em vogais -â gid ú w y - de


muitas línguas, incluindo albanês, alemão, bretão, estoniano, fin-
landês, sueco, turco e galês, e com menor frequência também em
inglês, grego, espanhol, português e francês. Os linguistas distin-
guem entre o umlaut, que indica uma mudança na pronúncia de
uma única vogal (como no alemão schôn), e o trema, ou diérese,
que indica a separação de vogais adjacentes (como em naifou
em alcagiete). O símbolo tipográfico é o mesmo em referência
ao inglês e às línguas românicas o termo correto normaimente é
trema ou diérese, enquanto umiaut é o termo correto em relação
à maior parte das outras línguas nas quais o símbolo é utilizado.
Com exceção do w galês e do E e 5 africanos, as vogais tremadas
estão presentes na maioria das fontes de texto latinas. Vem do
latim trêma.
Em húngaro existem duas formas de.trema: o ponto duplo,
usado em vogais curtas, e o acento duplo agudo ou trema longo,
usado em vogais longas (ú é a forma longa de ii).
A letra j é uma vogal às vezes usada no francês arcaico e
ainda requerida na forma moderna de alguns poucos nomes de
pessoas e de lugares. Também é uma forma alternativa da ligatura
ij em flamengo. [U+0308]

trema longo Ver acento agudo duplo.

u chifrudo Letra do alfabeto vietnamita que representa uma


vogal fechada retraída não arredondada (o uz do alfabeto IPA).
[U+oIAF, +OIBO]

AA
vinculum Barra ou linha elevada utilizada em matemática
(No) e em ciências (AB) para indicar a unidade de um grupo.
[u+203E]

vírgula Marcador gramatical que descende dos primeiros escri-


bas. Em alemão e em outras línguas da Europa oriental a vírgula é

349
usada como aspas de abertura. Em toda a Europa [assim como no
Brasil] ela também é usada como ponto decimal, ao passo que na
América do Norte essa função é desempenhada pelo ponto final.
Ali, a vírgula separa os milhares, enquanto na Europa prefere-se
o espaço [no Brasil, o ponto]. Assim, 10,000,000 = 10 000 000
[ou 10.000.000]; no entanto, um número como 10,001é tipogra-
ficamente ambíguo: poderia indicar dez e um milésimo ou dez
mil e um, de acordo com o contexto em que fosse empregado.
[u+002c]

vírgula inferior Uma variante da.cedilha popularizada no início


do século 20 pelo uso de máquinas de escrever que não tinham
uma cedilha legitima.A persistência do hábito fez com que ela
passasse a ser preferida por vários escritores e alguns tipógrafos
que trabalham com o letão e o romeno. Nessas línguas ela é usada
para marcar as consoantes suaves (palatais) - ]n rg t - e suas
correspondentes maiúsculas; tornou-se, noutras palavras, uma
forma variante do gancho palatal.
Em virtude de sua descendente, o g palatal minúsculo letão
(6) é indicado por uma forma invertida e elevada desse diacrítico,
a vírgula inferior invertida. [U+0326]

vírgula inferior invertida Este sinal diacrítico é uma variação da


vírgula inferior utilizada na forma minúscula do g suave letão (g).
A forma maiúscula dessa letra é G. (O g é a única letra palatalizada
do letão que tem uma descendente.) Ver também vírgula inferior.
[u+0326, usado em U+0123]

vírgula invertida Também chamada de aspas de abertura simples,


propósito com o qual é utilizada em inglês, espanhol e muitas
outras línguas. No árabe e no hebraico transliterados, também
é usada para representar a letra “ain (E) ou ayin (v), uma conti-
nuante faríngea (1PA 1), enquanto seu sinal oposto, o apóstrofo,
representa a parada glotal. Os nomes Rei Ibn Sa'ud e Vale de
Beqa'a são exemplos de seu uso. Apenas a forma bem-curvada
do glifo (“em vez de”) é útil em trabalhos de transliteração. Ver
também parada glotal, aspas e apóstrofo invertido. [U+2018]

yogh Forma arcaica do y na Europa ocidental, ainda utilizada


por vezes em textos do inglês antigo e médio. O poeta inglês
Layamon, por exemplo, viveu no século 12 e escrevia com um
alfabeto inglês que incluía os caracteres aesc, eth, thorn e yogh;

350
esta última aparecia no lugar do ípsilon: Laçamon. A pronúncia
varia com o contexto entre.o som do y na palavra inglesa layer
[ou do i na portuguesa rodeio] e do g na portuguesa água. O
yogh é muito raro nas fontes de texto. O numeral 3 não é um
substituto satisfatório.
NOTA: Várias obras de referência (incluindo as três primeiras
edições do The Unicode Standard [O padrão Unicodel, ambas as
edições do Phonetic Symbol Guide [Guia de símbolos fonéticos]
de Pullum e Ladusaw e a primeira e segunda edições do presente
livro) não distinguem o yogh do ezh, Os dois caracteres podem
ser graficamente idênticos e portanto efetivados por um único
caractere no mesmo glifo, mas são diferentes na origem e no som
— e agora também no Unicode. [u+ozic, +021D]

351
APÊNDICE C: GLOSSÁRIO DE TERMOS

Os nomes dos caracteres e diacríticos individuais (acento cir-


cunflexo, dyet, barra, ponto médio etc) não aparecem neste glos-
sário. Eles podem ser encontrados no apêndice B. As definições
sumárias de categorias históricas (renascentista, barroco etc)
aparecem no capítulo 7.

10/12 x 18 Um tipo de dez pontos (10 pt) composto com entreli-


nha de 12 pt (2 pt de espaço extra além do tamanho de corpo
de10 pt, que resulta em um total de 12 pt de linha de base a
linha de base) em uma largura de texto de 18 paicas.
Abertura As aberturas de letras como €C,c,8,s, a, e. Fontes hu-
manistas como a Bembo e a Centaur têm aberturas grandes,
ao passo que fontes românticas como a Bodoni e realistas
como a Helvetica têm aberturas pequenas. Aberturas muito
grandes ocorrem em inscrições gregas arcaicas e em fontes
como a Lithos, que derivam das primeiras.
Abrupta e adnata As serifas podem ser abruptas, tangenciando
a haste bruscamente, em ângulo, ou adnatas, fluindo suave-
mente a partir da haste ou ao seu encontro. O termo “adnato”
vem do latim “nascer junto”,
Aldino Relativo à casa editorial mantida em Veneza por Aldus
Manutius entre 1494 e 1515. À maior parte dos tipos de sua
autoria - que incluíam romanos, itálicos e gregos — foi grava-
da por Francesco Griffo, de Bolonha. Os tipos que lembram
os de Grifo, assim como a tipografia que se parece com a
de Aldus, são chamados de aldinos.À Monotype Poliphilus
ea Bembo romana são revivals aldinos, embora suas com-
panheiras itálicas não o sejam. Atualmente, não há itálicas
ou gregas aldinas em circulação.
Algarismos de caixa-baixa Algarismos de texto.
Algarismos de estilo antigo [Conhecidos em inglês como old-style.]
Um sinônimo de algarismos de texto.
Algarismos de texto Algarismos - 123 45 6 - desenhados para
coadunar-se às minúsculas em cor € tamanho. A maioria
dos algarismos de texto é composta de formas ascendentes
e descendentes. Comparar com algarismos alinhados, alga-
rismos nivelados e algarismos titulares.
Algarismos de título Algarismos — 123 45 6 — desenhados para

352 ,
coadunar-se com as letras maiúsculas em tamanho e cor,
Comparar com algarismos de texto.
Algarismos nivelados Sinônimo de algarismos alinhados.
Algarismos salientes Ver algarismos de texto.
Algarismos tabulares Algarismos de altura homogênea. O termo
é normalmente utilizado como sinônimo de algarismos de.
título, mas alguns algarismos tabulares são menores e mais
leves do que as letras maiúsculas,
Altura de versal Distância entre a linha de base e a linha de versal
de um alfabeto, que é a altura aproximada das letras mai-
úsculas, Ela é frequentemente menor, mas às vezes maior,
do que a altura das letras minúsculas com ascendentes. Ver
também linha de base e altura-x,
Altura-x A distância entre a linha de base e a linha mediana de
um alfabeto, que normalmente corresponde à altura apro-
ximada das letras minúsculas sem extensores — a, c,e, m,n,
0,5,8, , W W X, Z — e do torso das letras b, d,h, k, p, q, y. À
relação da altura-x com a altura de.versal é uma caracterís-
tica importante de toda fonte latina bicameral, enquanto a
relação da.altura-x com o comprimento do extensor é uma
propriedade crucial de qualquer caixa-baixa latina ou grega.
Ver também linha de base, altura de versal e olho.
Bastarda Uma categoria das letras góticas. Ver página 290.
Bicameral Um alfabeto bicameral é a reunião de dois alfabetos.
OQ moderno alfabeto latino, que você está lendo, é um exem- À
plo disso. Ele. tem uma caixa-alta e uma baixa, unidas e ao
mesmo tempo fáceis de distinguir - como a Câmara dos
Deputados e o Senado. Os alfabetos unicamerais (o árabe, o
hebraico e o devanágari, por exemplo) têm apenas uma caixa.
Os alfabetos tricamerais têm três — e uma fonte normal de
tipos romanos será tricameral se tiver caixa-alta, caixa-baixa
e versaletes,
Bilateral Que se estende para ambos os lados. As serifas bilaterais,
sempre reflexivas, são típicas das fontes romanas, enquanto
as serifas unilaterais são típicas das romanas, carolíngias e
itálicas.
Bitmap Imagem digital em formato não inteligente. Uma letra
pode ser delineada morfologicamente, como uma série de
pontos de referência e de trajetórias idênticas ao seu peri-
metro, ou embriologicamente, como uma série.de traços que
produzem sua forma. Tais delineamentos são parcialmente
independentes de noções como tamanho e posição.À mes-

353
ma imagem também pode ser delineada de modo bastante
acurado, porém superficial, a partir dos endereços de todos
os pontos (ou bits) e sua representação digital. Este tipo de
delineamento, o bitmap, restringe a imagem a uma orienta-
ção e tamanho.
Blackletter Ver letra gótica.
Glossário Bloco de citação Uma citação que se destaca do texto principal e
de termos forma um parágrafo próprio, muitas vezes recuado ou com-
tipográficos posto em uma fonte diferente ou de menor tamanho em
relação ao texto principal.
Bojo Formas geralmente redondas ou elípticas que definem o
formato básico de letras como C, G, O na caixa-alta e b,c,e,
o, pe d na caixa-baixa. [Também chamado de olho (em um
sentido diferente do exposto neste livro) ou barriga.)
Capitular Grande maiúscula inicial, elevada ou baixada. Também
chamada de letrina e de versal, em inglês.
Capitular elevada Grande maiúscula ou versal composta sobre
a mesma linha de base da primeira linha do texto.
Capitular baixada Grande maiúscula ou versal encaixada no
bloco de texto (ver exemplos na página 74). Comparar com
capitular elevada.
Caudal Letra que se refestela em volteios de grande luxúria.
Algumas letras caudais recebem floreios adicionais; outras
simplesmente ocupam um espaço a mais, As letras caudais
são normalmente cursivas, e as fontes caudais, portanto, cos-
tumam ser itálicas. As maiúsculas verdadeiramente itálicas
(diferentes das maiúsculas romanas inclinadas) também
são usualmente caudais. (1s Capitulares dessa Oração são
Exemplos). A Zapf Renaissance itálica de Hermann Zapf e a
Poetica de Robert Slimbach são fontes nas quais a caudali-
dade pode ser estendida à caixa-baixa.
Caudata Ver caudal.
Cícero Unidade de medida igual a 12 pontos Didot. É o equiva-
lente europeu continental da paica britânica e norte-ameri-
cana, embora o cicero seja um pouco maior que a paica. Ele
equivale a 4,52 mm ou à 0,178 polegada. Ver ponto.
Chancerelesca Classe de letras cursivas, caligráficas, que geralmen-
te têm ligaturas adicionais e extensores alongados e curvos.
Muitas letras chancerelescas (mas nem todas) também são
formas caudais.
Contraste Na análise das formas tipográficas, esse termo normal-
mente se refere ao grau de diferença entre os traços grossos

354
e finos de determinada letra. Em fontes românticas como
a Bulmer e a Bodoni o contraste é alto. Já em fontes não-
moduladas, tais como a Gill Sans e a Futura, ele é baixo ou
inexistente.
Cor Grau de escuridão da área tipográfica, que não deve ser con-
fundido com o peso da própria fonte, O espacejamento das
palavras e das letras, a entrelinha e a incidência de versais,
para não mencionar a tinta e o papel usados na impressão,
tudo isso afeta a cor tipográfica.
Corpo (1) No que diz respeito aos tipos de fundição, o corpo
é o próprio bloco de metal tipográfico a partir do qual se
projeta o espelho da imagem esculpida da letra. (2) Já em
relação aos fotótipos ou aos tipos digitais, é a face retangular
do bloco de metal onde a letra seria montada se fosse um
relevo metálico tridimensional em vez de uma imagem ou
um bitmap bidimensional. Nesse caso, o corpo restou como
uma ficção útil para dimensionar e espacejar os tipos. Ver
tamanho de corpo.
Crena Ver kern.
Cursivo Fluente. Frequentemente utilizado como sinônimo de
itálico.
Dingbat Glifo ou símbolo tipográfico sujeito a desdém por não
possuir nenhuma relação aparente com o alfabeto. Muitos
dingbats são pictogramas, tais como as minúsculas represen-
tações de igrejas, aviões, esquiadores, telefones e outras tantas
utilizadas pela indústria do turismo. Outros são símbolos
mais abstratos — marcas de preenchimento, cruzes, simbolos
cartográficos, naipes de cartas e assim por diante. Comparar
com fiorão e hera, no apêndice B.
DPI Dots per inch, ou pontos por polegada. A unidade de medi-
da habitual da resolução de saída na tipografia digital e na
impressão a laser.
Eixo Em tipografia, o eixo de uma letra geralmente significa o
O O
eixo do traço, que por sua vez revela o eixo da pena ou de
outro instrumento utilizado para desenhá-la. Se uma letra
tem traços grossos e finos, basta encontrar os traços gros-
00
oo
sos e estendê-los em linhas. Essas linhas revelam o eixo (ou
eixos, pois pode haver vários) da letra. Não confundir com
inclinação.
Eixo humanista Um eixo de traçado oblíquo, que reflete a incli-
nação natural da escrita manual. Ver pp 18-21.
Eixo racionalista Eixo vertical, típico das formas tipográficas

355
neoclássicas e românticas. Ver pp 18-19. Comparar com eixo
humanista,
Eme Em mensuração linear, é uma distância igual ao tamanho
do tipo. Em mensuração quadrada, é o quadrado que defi-
ne o tamanho do tipo. Assim, um eme tem 12 pt (ou é um
quadrado de 12 pt) em um tipo de 12 pt e 1 pt em um tipo

L
de u pt. Também chamado de quadratim, em português, e
de mutton, em inglês.
Ene Meio eme,
Entrelinha Jem inglês lead] Na tipografia metálica, a entrelinha
era produzida por uma tira de metal amolecido, que podia
ser de chumbo ou de bronze [lead e leading, em inglês, vêm
da palavra lead (pronuncia-se léd), que quer dizer chumbo].
Atualmente, o termo refere-seà distância entre a linha de
base de uma linha e a da linha seguinte.A entrelinha pode
ser negativa, isto é, menor que o corpo do tipo utilizado.
Um texto composto em 16/14, por exemplo, tem entrelinha
negativa.
Entrelinha de corpo Texto composto sem entrelinha adicional, ou
seja, com espaço de linha equivalente ao tamanho do tipo.
Tipos compostos em u/n ou 12/12, por exemplo, são tipos
com entrelinha de corpo.
Entrepalavra Espaço entre palavras. Quando a tipografia é com-
posta alinhada à esquerda e desalinhada à direita, a entre-
palavra pode ter tamanho fixo, mas quando a tipografia é
justificada, sua elasticidade é praticamente uma obrigação.
Espaço fino Em trabalhos feitos por impressão direta na prensa
tipográfica, é um espaço que mede M/5, ou um quinto de eme.
Em composição digital, é às vezes entendido como M/6 ou
v|z

»Iz
“IE

M/8. Comparar com espaço ultrafino, espaço médio e espaço


grosso.
Espaço grosso Espaço que normalmente mede m/3, ou um terço
de eme, Também conhecido como espaço gordo.
Espaço não-quebrável Espaço entre palavras que não pode ser
transformado em quebra de linha.
Espaço médio Espaço equivalente a m/4, ou um quarto de eme.
Espaço ultrafino Espaço normalmente equivalentea m/24 ou,
mais imprecisamente, à espessura de uma folha de papel,
Também chamado de espaço-cabelo, espaço de apelo ou es-
paço manual,
Espécime A peça individual de tipo metálico é uma letra de ta-
manho e estilo únicos. No mundo da tipografia digital, onde

356
dd
as letras não têm existência física até que sejam impressas,
esse termo foi amplamente substituído pela palavra giifo.
Um glifo é uma versão — uma encarnação conceitual e não
material - do símbolo abstrato chamado “caractere” Desse

88
modo, z e z são glifos diferentes (da mesma fonte) para o
mesmo caractere.
Extensores São ascendentes e descendentes, isto é, as partes da le-
tra que se estendem abaixo da linha de base, como nas letras
p eq, ou acima da linha mediana, como nas letras b e d.
Florão Do francês fleuron. Um dingbat da horticultura — orna-
mento tipográfico que normalmente possui a forma de uma
flor ou folha. Alguns florões são desenhados para serem com-
postos a granel e em combinações, produzindo o equivalente
a um papel de parede tipográfico.
Fólio Termo bibliográfico que designa página ou folha. Em ti-
pografia, um fólio não é a própria página, mas o número da
página,
Fólio cego Página que faz parte da sequência de numeração mas
que não ostenta nenhum número visível.
Fólio baixado Fólio disposto no pé da página quando os fólios
de outras páginas são posicionados perto do topo. Muito
utilizado em aberturas de capítulo.
Fonte Conjunto de tipos ou glifos. No universo dos tipos me-
tálicos, refere-se a um dado alfabeto com todos os seus ca-
racteres acessórios e em um dado tamanho. No mundo dos
fotótipos, refere-se usualmente ao sortimento dos modelos
que compõem a paleta de glifos, sem relação com o tamanho
ou com a tira (ou disco) de filme onde esses modelos são
armazenados. No âmbito da tipografia digital, a fonte é a pró-
pria paleta de glifos ou a informação digital que a codifica.
Fonte pi Fonte de símbolos matemáticos ou similares, desenhada
para ser usada em conjunto com uma ou mais fontes de
texto.
Fração composta Fração não incluída na fonte (%s2, por exemplo),
que precisa ser feita sob demanda a partir de componentes
separados.
Fratura Classe de letras góticas, Ver página 290. »
Gancho Ver terminal em gota.
Giifo A corporificação de um caractere, Ver espécime.
Gótico Tipo de letra que está para a tipografia assim como o
gótico está para a arquitetura; um nome genérico atribuído
a uma grande variedade de formas que vêm predominan-

357
JD
temente do Norte da Europa, Assim como as construções
góticas, os tipos góticos podem ser maciços ou leves. Eles
são fregiientemente altos e pontudos, mas às vezes podem
ser arredondados. Comparar com Whiteletter.
As categorias

OA de tipos góticos incluem bastarda, fratura, quadrata, rotunda


e textura. Ver página 290.
Haste Traço principal mais ou menos retilíneo, que não faz parte
do bojo. A letra o não tem haste; a letra 1 consiste apenas em
haste e serifas.
Hint É costume definir matematicamente as letras que compõem
uma fonte digital, em termos de contornos ou modelos que
podem ser livremente dimensionados, rotacionados e mo-
vidos. Quando as páginas são compostas, as linhas desses
contornos recebem posições e tamanhos específicos. Então,
é preciso que elas sejam rastreadas, ou seja, convertidas em
formas sólidas feitas de pontos com a resolução do dispo-
sitivo de saída. Se o seu tamanho for muito pequeno ou se
a resolução de saída for muito baixa, o rastreamento ou a
grade resultante serão grosseiros e os pontos preencherão
o modelo matemático com grande imperfeição. Hints são
as regras utilizadas nesse processo de rastreamento, Elas
são irrelevantes em tamanhos grandes e em altas resoluções,
mas são cruciais em tamanhos menores e resoluções baixas,
em gue a distorção é inevitável. As fontes digitais com hints
incluem-nas como partes integrais da definição da própria
fonte, [A palavra hint vem do inglês “dica”]. Ver também
bitmap.
Humanista Refere-se às letras originadas em meio aos huma-
nistas do Renascimento italiano e que persistem até os dias
de hoje, Dividem-se em dois tipos principais - romanas e
itálicas -, ambos derivados das maiúsculas romanas e das
minúsculas carolíngias,
As letras humanistas mostram clara-
mente o traço de uma pena larga empunhada por um escriba
destro, Elas têm um traço modulado e um eixo humanista.
[Ver whiteletter.]
Impressão cega No contexto da prensa tipográfica, impressão
cega significa imprimir sem tinta, produzindo um resultado
visível mas sem cor.
Inclinação Ângulo de inclinação da haste e dos extensores das
letras, A maioria dos itálicos (mas nem todos!) inclina-se
para a direita entre 2º e 20º. Não confundir com eixo.
Intercolúnio A coluna em branco situada entre duas colunas

358
tipográficas ou as margens entre a espinha e os blocos de
texto espelhados.
1pA Sigla da Associação Fonética Internacional [International
Phonetic Association] e do seu alfabeto. A organização foi
W
fundada em 1886. O alfabeto é um conjunto de símbolos fo-
néticos, marcas tonais e diacríticos. Embora seja amplamente
utilizado, está sujeito a refinamentos e modificações constan-
Da
tes - como qualquer sistema científico. Ver página 327.
Iso Organização Internacional de Normalização [International
Organization for Standardization], com sede em Genebra.
Una agência de cooperação internacional para padronização
industrial e científica, Seus membros são as organizações de
padronização nacionais de mais de cem países.
Iálico Classe de letras mais cursivas que o romano mas menos
cursivas que as manuscritas, inicialmente desenvolvida na
Itália do século 15 a partir de escritas carolíngias. Na maio-
ria dos itálicos, as letras em separado são implicitamente
conectadas por suas serifas transitivas.
Justificar Ajustar o comprimento da linha para que ela fique ali-
nhada à esquerda e à direita. No alfabeto latino, é comum
que a composição tipográfica seja ou justificada ou alinhada
à esquerda e desalinhada à direita.
Kern Parte de uma letra que invade o espaço de outra. Em mui-
tos alfabetos, o f romano tem um Kern à direita, o j romano
tem um kern à esquerda e o fitálico tem um kern em cada
lado. O verbo inglês to kern significa alterar o espacejamento
de certas combinações de delas — To ou VA, por exemplo
- para que o membro de uma letra seja projetado sobre ou
sob o corpo ou o membro de outra.
Lágrima Ver terminal em gota.
Largura da mancha de texto Comprimento-padrão da linha de
texto, ou seja, a largura da coluna ou do bloco de texto com-
pleto, normalmente medida em paicas,
Ligatura Duas ou mais letras costuradas em um único caractere.
A sequência ffi, por exemplo, forma uma ligatura na maioria
das fontes de texto latinas.
Linha branca Espaço de uma linha.
Linha de base Seja escrito à mão ou composto tipograficamente,
o alfabeto latino minúsculo traz implícito um contingente
composto por pelo menos quatro linhas: linha de topo, li-
nha média, linha de base e linha de fundo. A linha de topo
é aquela alcançada pelas ascendentes de letras como b, d, b,

359
k,1. A linha mediana marca o topo de letras como a, c, e, m,
x, e o topo do torso de letras como b, d, h. A linha de base
é aquela sobre a qual todas as letras repousam. A linha de
fundo é aquela alcançada pelas descendentes de letras como
peq.A linha de versal, que marca o topo de letras maiúsculas
tais como H, não coincide necessariamente com a linha de
topo da caixa-baixa.
Letras redondas como c e o normalmente adentram a
linha de base. Letras pontudas como v e w perfuram-na,
enquanto as serifas de pé de letras como h e m repousam
precisamente sobre ela,
Linha pontilhada Linha de pontos finais ou médios igualmente
espaçados, utilizada às vezes para ligar textos justificados à
esquerda a numerais justificados à direita em um sumário ou
outro contexto similar (não há nenhuma neste livro).
Logograma Forma tipográfica específica ligada a uma certa pa-
lavra. Exemplo: as grafias atípicas dos nomes e.e. cummings,
HapaTpad, TrueType e WordPerfect.
M/3 Um terço de um eme, ou seja, 4 pt em um tipo de 12 pt,8 pt
em um tipo de 24 pt,
Mancha de texto Parte da página ocupada pelo texto.
Margem externa Borda ou margem exterior de uma página de
livro, ou seja, a borda ou margem oposta ao seu dorso.
Medida Ver largura da mancha de texto..
Miolo Espaço em branco envolvido por uma letra, seja total-
mente, como nas letras d e o, seja parcialmente, como nas
letras cem.
Modulação Em tipografia, é uma variação usualmente cíclica e
previsível.da largura do traço. Em letras monocromáticas
(não-moduladas) como a Frutiger, o traço sempre tem basi-
camente a mesma largura. Em uma fonte como a Bembo ou,
a Centaur, o traço baseia-se no rastro de uma pena de bico
largo, que produz traços “cruzados” finos e traços “puxados”
grossos. Quando as letras são escritas com esse instrumento,
a modulação ocorre automaticamente.
Monotônica A ortografia grega moderna retém apenas uma de.
suas antigas marcas de acentuação, a óteia (oxeia) ou acento
agudo, (De fato, o grego tem sido frequentemente escrito e
às vezes composto dessa maneira, mas essa prática foi oficia-
lizada apenas em 1982). As fontes desenhadas para compor
em grego dessa forma são chamadas de monotônicas.
Seu
acento agudo (renomeado como tonos) é geralmente vertical,

360
Comparar com politônica.
Não alfabético Um símbolo tipográfico utilizado com o alfabe-
to mas sem lugar na ordem alfabética. Diacríticos como o
acento agudo, o trema, o acento circunflexo e o circunflexo
invertido não são alfabéticos, assim como o asterisco, a adaga,
a marca de parágrafo, a vírgula e o parêntese.
Neo-humanista Designa letras recentes cujas formas revivem e
reafirmam princípios humanistas.
Old-Style Estilo antigo. Sinônimo comum, embora pobre, de

bbb
algarismos de texto.
Olho Sinônimo de bojo na caixa-baixa. Um olho grande significa
uma grande altura-x. Um olho aberto significa uma grande
“abertura.
Ortóptica Classe de escritas e tipos gregos que floresceu na Euro-
pa ocidental entre 1200 e 1520 e foi revivida no início do sé-
culo 20. As gregas ortópticas são não-cursivas e normalmente 34
bicamerais. Noutras palavras, são análogas à forma romana
da escrita latina. Suas maiúsculas e minúsculas costumam ser
eretas. As serifas, quando se fazem presentes, são usualmente
Ol
curtas, abruptas e unilaterais. As figuras geométricas do cír-
culo, da linha e do triângulo são normalmente proeminentes
em sua estrutura.A New Hellenic de Victor Scholderer é um
exemplo de grega ortóptica.
Paica Unidade de medida equivalente a 12 pontos. Duas paicas
diferentes são de uso comum. (1) Na medida tradicional dos
impressores, a paica equivale a 4,22 mm ou a 0,166 polegada
— cerca de um sexto de polegada. Essa é a unidade que se
costuma usar na América do Norte e na Grã-Bretanha para
medir o comprimento de uma linha e a altura da mancha
de texto. (2) A paica PostScript equivale precisamente a um
sexto de polegada: 0,166666...”. (Note-se: a equivalente eu-
ropéia continental da paica é o cícero, que é 7% maior.)
Parágrafo de linha caída Parágrafo indicado pela queda direta
de um espaço de linha a partir do final do parágrafo prévio,
sem que a nova linha recue para a margem esquerda (ver
exemplo na página 48).
Parágrafo francês Parágrafo composto com a primeira linha jus-
tificada à esquerda e com as linhas subsequentes recuadas,
como nos verbetes deste glossário.
Peso O grau de escuridão (ou pretume) de um tipo, independen-
temente de seu tamanho. Ver também cor.
Politônica Vem desde o século xv a composição do grego clássi-

361
co que utiliza uma gama de acêntos tônicos e outros sinais
diacríticos herdados dos escribas alexandrinos, Esses dia-
críticos — oxeia (acento agudo), bareia (grave), perispomene
(circunflexo), psili (aspiração fraca), daseia (aspiração forte),
€a trema e iota subscrito — são usados isoladamente e em várias

(O
L
combinações. O grego moderno retém apenas o acento agudo
(reinterpretado como um sinal vertical denominado tonos)
e um trema ocasional. As fontes gregas que vêm equipadas
com o conjunto completo de acentos são consegiientemente
conhecidas como politônicas e as fontes gregas modernas
como monotônicas.
Ponto (1) Na medida tradicional britânica e norte-americana,
um ponto equivale a um doze avo de paica — 0,3515 mm
ou 0,01383 polegada, Em números redondos, há 72 pontos
por polegada, ou 28,5 pontos por centímetro. (2) Na Europa
continental utiliza-se o ponto Didot, que é um pouco maior.
O ponto Didot (um doze avo de um cícero) equivale a 0,38
mm ou 0,01483 polegada. Em números redondos, há 26,5
pontos Didot por centímetro ou 67,5 por polegada. (3) Qua-
se todos os dispositivos de composição digital, bem como
as linguagens PostScript e TrueType, arredondam o ponto
precisamente para 1/72 de polegada e a paica para um sexto
de polegada,

ct
ppI Ver DPI.
Quaint Um espécime ou glifo antiquado, utilizado para recriar o
sabor tipográfico de uma era passada, As ligaturas ct, sp e st,
bem como o s longo e suas ligaturas, são exemplos.
Quadratim Sinônimo de eme.
Resolução Na tipografia digital, a resolução é a espessura do grão
da imagem tipográfica composta, normalmente medida
em pontos por polegada (DPI). As impressoras a laser, por
exemplo, geralmente têm uma resolução que varia entre 300
€ 1200 DPI, ao passo que os equipamentos de composição
digital ultrapassam significativamente este último valor. A
resolução de uma tela de Tv fica em torno de apenas 50 DPI,
e a da maioria das telas de computador fica abaixo de 100
DPI. No entanto, outros fatores além da resolução afetam a
imprecisão ou a precisão da imagem composta, incluindo
o desenho inerente dos caracteres, a destreza. com que eles
são digitalizados, a tecnologia de hinting utilizada para com-
pensar “rastreamentos” grosseiros e o tipo de filme ou papel
utilizado na sua reprodução.

362
Rotunda Classe de.tipos góticos. Ver página 290.
Sangramento O verbo “sangrar” significa alcançar a borda da
página impressa. Já o substantivo “sangramento” se aplica a
um impresso sem margem. Se uma imagem é impressa além
da linha de corte, irá sangrar quando a página for refilada.
Fotografias, linhas, figuras sólidas e retículas ou padrões de
fundo podem frequentemente sangrar. Já os tipos raramente
o fazem.
Sanserif Derivação das antigas formas do inglês sans serife sans
surryphs; sinônimo de sem serifa e não-serifado.
Serifa Traço adicionado ao início ou ao fim dos traços principais
de uma letra. No alfabeto romano, as serifas normalmente
são traços de acabamento reflexivo, que formam paradas
unilaterais ou bilaterais (unilaterais caso sejam projetadas
apenas para um lado do traço principal, como as serifas no
topo do T e no pé do L, e bilaterais caso sejam projetadas
para ambos os lados, como as serifas no pé do T e no topo
do L). As serifas transitivas - suaves traços de entrada ou
saída — são comuns no itálico.
Existem muitos termos para descrever as serifas, especial-
mente no que diz respeito ao seu desenvolvimento nas fontes
romanas, Mais do que bilaterais e unilaterais, elas podem ser
compridas ou curtas, grossas ou finas, pontudas ou cegas,
abruptas ou adnatas, horizontais, verticais ou oblíquas, afila-
das, triangulares e assim por diante. Nas texturas e em algu-
mas fraturas, elas normalmente têm forma de diamante; em
fontes manuscritas arquitetônicas, tais como a Eaglefeather
ea Tekton, são virtualmente redondas.
Serifa egípcia Ver serifa retangular.
Serifa reflexiva Um tipo de serifa que conclui o traçado da pena
retrocedendo sobre si mesma. Às serifas reflexivas são típicas
das fontes romanas, incluindo a que compõe o texto deste
livro. Elas sempre implicam uma pequena parada abrupta e
uma reversão da direção da pena. São mais frequentemente
bilaterais. Ver também serifa transitiva.
Serifa retangular Serifa abrupta ou adnata com a mesma espessu-
ra do traço principal. As serifas retangulares são uma marca
registrada dos chamados tipos egípcios ou clarendon - dois
grupos de fontes realistas produzidos em grande quantidade
desde o início do século 19. Exemplos disso são a Memphis,
a Rockwell e a Serifa. A PMN Caecilia é um exemplo mais
recente. Também conhecida como serifa egípcia.

363
Serifa transitiva Tipo de serifa que flui diretamente em direção ao
traço principal ou a partir dele sem parar para.reverter sua

mM direção, recorrente em muitos itálicos. As serifas transitivas


costumam ser unilaterais: estendem-se apenas para um lado
da haste. Ver também serifa reflexiva.
Tamanho de corpo Em termos gráficos, é a altura da face do tipo,
e em termos da prensa tipográfica é a profundidade do corpo
do tipo. Originalmente, era a altura da face do bloco de metal
no qual cada letra individual era moldada. Na tipografia di-
gital, é a altura de.seu equivalente imaginário — o retângulo
que define o espaço possuído por uma determinada letra —,
e não a dimensão da própria letra. Os tamanhos de corpo
são geralmente medidos em pontos — mas os tamanhos eu-
ropeus são normalmente medidos em pontos Didot, que são
7% maiores do que os pontos utilizados na Grã-Bretanha e
na América do Norte.
Terminal circular Forma circular ao final do braço, perna ou bojo

cf
de letras como a, c, £,j, 1, y: Encontrada em muitas romanas
e itálicas do período romântico, em algumas realistas e em
muitas fontes recentes com ascendência romântica. Exem-
plos: Bodoni, Scotch, Roman e Haas Clarendon. Ver também
terminal pontiagudo e terminal em gota.
Terminal em gota Protuberância.similar a uma gota que apare-

cf
ce na ponta do braço de letras como a, c, £, g,j,r.e y. Essa é
uma característica típica de fontes da Alta Renascença e dos
períodos barroco e neoclássico, e permanece presente em
muitas fontes recentes construídas em linhas barrocas ou
neoclássicas. Exemplos: Jannon, Van Dijck, Kis, Caslon, Four-
nier, Baskerville, Bell, Walbaum, Zapf International, Galliard.
Ver também terminal circular e terminal pontiagudo.
Terminal pontiagudo Uma espora afiada encontrada particular-

cf
mente no f, e também nas letras a, c, £,j, y, em muitas romanas
do século 20 e, em menor grau, nas itálicas. Exemplos: Per-
petua, Berling, Méridien, Pontifex, Veljovié, Calisto,
Textura Uma classe de tipos góticos. Ver página 290.
Título cruzado Um titulo ou subtítulo centralizado sobre o texto.
Comparar com título lateral.
Título lateral Titulo ou subtítulo alinhado à esquerda (mais ra-
ramente, à direita) ou levemente recuado. Comparar com
título cruzado.
Unicameral Que tem apenas uma caixa, como o alfabeto árabe, o
hebraico e muitas fontes romanas de título, Ver bicameral.

364
Unicode Projeto iniciado em 1988 com o objetivo de padronizar
a codificação dos caracteres de todas as escritas do mundo.
Ver página 197.
Vazada Letra cujas partes internas de seus traços principais foram
escavadas e retiradas, deixando os contornos mais ou menos
intactos, Fontes vazadas têm cor mais clara, mas preservam
as formas e as proporções da fonte original. Letras contor-
nadas [outline em inglês], por outro lado, são produzidas
pelo desenho de uma linha ao longo de seu exterior e pela
remoção completa da forma original e são, portanto, mais
grossas e menos definidas que suas originais.A Castellar,
a Smaragd e a Romulus Open Kapitalen são exemplos de
fontes vazadas.
Vazio Ver ímiolo.
Whiteletter [Termo inglês complementar ou similar a “huma-
nista) enfatizando o contraste entre as letras humanistas e
góticas (blackletter x whiteletter).] Letras geralmente leves a O
preferidas pelos escribas e tipógrafos humanistas nos séculos
15 € 16, diferentes da escrita e dos tipos góticos, mais escuros,
usados em textos eclesiásticos e legais. A letra humanista é a
correspondente tipográfica da arquitetura românica, assim
como a gótica corresponde ao estilo arquitetônico de mesmo
nome. [Ver humanista.)

365
APÊNDICE D: DESIGNERS DE TIPOS

Um índice biográfico de designers importantes para.a história


tipográfica e de todos aqueles que atualmente produzem tra-
balhos importantes daria para fazer um livro inteiro. A lista
a seguir vai pouco além de um punhado de referências cruzadas de
designers importantes cujo trabalho é mencionado noutras partes
deste livro. [A lista segue a ordem alfabética dos sobrenomes.)

LUDOVICO DEGLI ARRIGHI (c. 1480-1527) Calígrafo italiano


e designer de pelo menos seis fontes itáticas chancelerescas.
A Vicenza e a Arrighi (a companheira itálica da Centaur)
de Frederic Warde baseiam-se em uma de suas fontes. A
Monotype Blado (a acompanhante itálica da Poliphilus) é
uma aproximação grosseira de outra.
ANTOINE AUGEREAU (C€. 1490-1534) Puncionista e impressor
parisiense, Autor de várias romanas de texto e de pelo menos
uma grega. Junto com seu contemporâneo Simon de Coli-
nes, Augereau definiu o estilo da tipografia francesa mais
tarde identificado com o nome de seu aprendiz mais famoso,
Claude Garamond. Na véspera de Natal do ano de 1534 foi
enforcado e teve seu corpo queimado em praça pública, por
imprimir um salmo sem a devida permissão.
RICHARD AUSTIN (€. 1765-1830) Puncionista inglês, produziu
fontes neoclássicas e românticas. Gravou o tipo Bell original,
a primeira Scotch Roman e a versão original da Porson Greek.
A Caledonia de W.A. Dwiggins baseia-se primordialmente
na obra de Austin.
JOHN BASKERVILLE (1706-75) Calígrafo, impressor e homem de
negócios inglês. Designer de uma série de romanas, itálicas
e de uma grega, todas neoclássicas. A maioria das fontes
vendidas em seu nome baseia-se em sua obra, e algumas a
evocam de perto. Suas punções se encontram atualmente
na University Library de Cambridge e na St Bride Printing
Library de Londres. Um conjunto de matrizes originais an-
teriormente abrigado em Paris encontra-se hoje na fundição
Frutiger, em Miinchenstein, Suíça.
LUCIAN BERNHARD (1885-1972) Alemão emigrado para os
Estados Unidos. Pintor, poeta, designer industrial e tipógrafo.
Autor de um grande número de fontes romanas, caracteriza-

366
das por seus longos extensores, cuja gravação e molde foram
realizados sobretudo pela ATF e pela fundição Bauer.
CHARLES BIGELOW (1945) Tipógrafo e acadêmico norte-ame-
ricano. Co-projetou a família Lucida com Kris Holmes.
ARCHIBALD BINNEY (1762-1838) Escocês que emigrou para os
Estados Unidos. Foi treinado como puncionista em Edim-
burgo. Junto com James Ronaldson, outro emigrante escocês, Designers
estabeleceu na Filadélfia a Binney «& Ronaldson Foundry, detipos
onde gravou tipos barrocos, neoclássicos e românticos.
FRANK BLOKLAND (1959- ) Designer de tipos holandês e fun-
dador da Dutch Type Library em 's-Hertongenbosch, Suas
fontes incluem a Berenice e a Documenta. Seus revivals histó-
ricos incluem a DTL Van den Keere e sua companheira itálica
Guyot.
GIAMBATTISTA BODONI (1740-1813) Puncionista, impressor e
prolífico designer de tipos italiano, Trabalhou em Roma e em
Parma. É conhecido por suas fonts romanas de talhe escuro
e afiado, compreendendo romanas, itálicas e gregas — estas
últimas, às vezes impetuosamente ornamentais -, embora
também tenha desenhado e gravado uma boa. quantidade
de fontes neoclássicas. A Bauer Bodoni, a Berthold Bodoni
e algumas das outras fontes hoje vendidas em seu nome
baseiam-se em sua obra. Suas punções estão no Museu
Bodoniano em Parma.
LUDOLF BORCHTORP (c. 1470-c. 1510) Matemático e grava-
dor polonês. Autor das primeiras fontes de tipos cirílicos,
produzidas na Cracóvia por volta de 1490 para o impressor
Szwajpolt Fiol,
CHRIS BRAND (1921-99) Calígrafo holandês, autor da família
Albertina. Alguns de seus melhores trabalhos - incluindo a
fonte hebraica Zippora, a família Elsschot e a Denise itálica
— ainda aguardam lançamento.
DAN CARR (1951- ) Puncionista, poeta, tipógrafo e impressor
norte-americano. Co-proprietário, com Julia Ferrari, da Gol-
gonooza Letter Foundry, em Ashuelot, New Hampshire, Carr
é um dos poucos puncionistas vivos em atividade. Projetou e
gravou a romana de fundição Regulus e a grega de fundição
Parmenides; desenhou a família digital Chêneau.
MATTHEW CARTER (1937- ) Designer de tipos, puncionista e
acadêmico nascido na Inglaterra e radicado nos Estados
Unidos, com base em Cambridge, Massachusetts. Suas fontes
de texto incluem a Auriga,a Charter, a Galliard e a Manutius;

367
entre suas fontes titulares estão a Mantinia e a Sophia. Seus
revivals históricos incluem a grega Wilson.
WILLIAM CASLON (1692-1766) Gravador, puncionista é fundi-
dor inglês; autor de muitas romanas, itálicas, gregas e outras
fontes não-latinas visualmente barrocas, A ATE Caslon, a
Monotype Caslon e a Adobe Caslon de Carol Twombly
Designers são intimamente baseadas em sua obra, Uma coleção de
de tipos suas punções encontra-se atualmente na St Bride Printing
Library, em Londres.
WARREN CHAPPELL (190491) Designer de livros norte-ameri-
cano treinado na Alemanha, onde estudou com Rudolf Koch,
Suas fontes incluem a Trajanus, a Lydian e a Eichenauer, que
ainda não foi manufaturada.
SIMON DE COLINES (c. 1480-1547) Puncionista, mestre-tipó-
grafo e impressor francês. Autor de mais de uma dúzia de
fontes romanas, várias itálicas, diversas góticas e uma bela
grega cursiva. Colines parece ser o responsável pela criação
do estilo tipográfico da idade de ouro francesa. Fez parte do
mesmo circulo que congregava Garamond e Augereau. Até
hoje, nenhuma de suas fontes foi traduzida para o formato
digital,
CARL DAIR (1912--67) Tipógrafo e designer de livros canadense,
trabalhou principalmente em Toronto. Autor do projeto da
Cartier romana, uma familia tipográfica ainda incompleta
quando de sua morte e finalizada posteriormente por Rod
McDonald.
GERARD DANIELS (1966- ) Designer de tipos e tipógrafo ho-
landês, estudou com Gerrit Noordzij em Haia. Projetou a
Caspari.
ISMAR DAVID (1910-96) Designer de livros, arquiteto, artista
gráfico e designer de tipos nascido na Alemanha e naturali-
zado norte-americano. Suas fontes incluem a David Hebrew,
editada pela Intertype em 1954, e várias fontes em fotogravura
que ainda aguardam tradução digital.
GIOVANNI DE FACCIO (1966- ) Calígrafo italiano. Co-projetou
com Lui Karner a família Rialto, produzida por sua fundição
digital df Type.
FRANÇOIS-AMBROISE DIDOT (1730-1804) Impressor e editor
parisiense. Designer de várias romanas e itálicas neoclássicas,
gravadas sob sua supervisão por Pierre-Louis Vafflard. Pai
de Firmin Didot e fundador da dinastia Didot na imprensa
e na tipografia.

368
FIRMIN DIDOT (1764-1836) Impressor e puncionista parisiense;
filho de E-A. Didot e aprendiz de Pierre-Louis Vafilard; pai
de Ambroise Firmin-Didot. Autor de várias fontes neo-
clássicas e das fontes românticas que lhe granjearam reco-
nhecimento póstumo. À Monotype Didot e a Didot digital
da Linotype (projetada por Adrian Frutiger) são baseadas
em sua obra. Designers
BRAM DE DOES (1934- ) Tipógrafo holandês, foi designer-chefe de tipos
da Joh. Enschedé en Zonen, Haarlem. Projetou as famílias
Trinité e Lexicon.
WILLIAM ADDISON DWIGGINS (1880-1956) Designer e tipó-
grafo norte-americano. Dwiggins desenhou fontes exclu-
sivamente para linotipo. Nas décadas de 1930 e 1940, criou
também o estilo tipográfico da editora Alfred.Knopf, de Nova
York. Suas fontes serifadas incluem a Caledonia, a Eldorado,
a Electra e a Falcon. Sua única sem serifa completa é a Metro.
Sua uncial chama-se Winchester. Muitos de seus desenhos
tipográficos estão hoje na biblioteca pública de Boston.
ALFRED FAIRBANK (1895-1982) Calígrafo inglês, desenhou a
Fairbank itálica.
AMBROISE FIRMIN-DIDOT (1790-1876) Acadêmico, puncionis-
ta e impressor francês. Filho de Firmin Didot (cujo nome
adotou como seu próprio sobrenome) e neto de François-
Ambroise Didot. Autor das primeiras fontes Didot gregas.
JOHANN MICHAEL FLEISCHMAN (1701-68) Puncionista e
fundidor alemão que atuou na Holanda. Um hábil e prolí-
fico gravador de romanas, itálicas e de góticas ornamentais.
Também autor de várias fontes árabes e gregas. Suas primei-
ras romanas e itálicas são barrocas, mas na década de 1730
Fleischman gravou uma série de fontes de texto suficiente-
mente idiossincráticas e autoconscientes para poderem ser
chamadas de rococó. Grande parte da sua obra remanescente
está hoje no Museu Enschedé em Haarlem.
KARL-ERIK FORSBERG (1914-95) Calígrafo e tipógrafo sueco,
designer da romana de texto Berling. Suas fontes titulares
incluem a Carolus, a Ericus e a Lunda.
PIERRE SIMON FOURNIER (1712-68) Impressor e puncionista
francês. Autor de várias fontes e ornamentos tipográficos do
neoclassicismo francês, Quase todo o seu acervo original foi
danificado ou perdido. A Monotype Fournier e a Barbou são
baseadas em sua obra, e a Electra de WA. Dwiggins deve
muito ao estudo dela.

369
HENRI FRIEDLAENDER (1904-96) Designer de tipos e biblio-
gráfico israelense, nascido na França de pai holandês e mãe
inglesa. Boa parte de seus estudos foi feita na Alemanha.
Em 1950, depois de vinte anos na prancheta de desenho, sua
família hebraica Hadassah foi finalmente transformada em
um molde de prova pela fundição Amsterdam. Em 1958, após
Designers revisão suplementar, suas versões finais foram editadas.
detipos ADRIAN FRUTIGER (1928-) Suíço emigrado para a França,
Prolífico e versátil designer de tipos e de sinalização, viu-
se em meio à incipiente transição dos tipos de metal para
os fotótipos. Apollo, Breughel, Glypha, Iridium e Méridien
estão entre suas fontes serifadas. Suas fontes sem serifa in-
cluem a Avenir, a Frutiger e a Univers. A lista de seus tipos
titulares e manuscritos inclui a Herculanum, a Ondine, a
Pompeijana e a Rusticana.
CLAUDE GARAMOND (Cc. 1490-1561) Puncionista francês, tra-
balhou principalmente em Paris. Autor de muitas fontes
romanas, de pelo menos duas itálicas e de um conjunto
A grafia Garamont completo de gregas chancelerescas. Suas punções e matrizes
é hoje costumeira remanescentes encontram-se atualmente no Museu Plantin-
na França.À grafia
inglesa Garamond Moretus, em Antuérpia, e na Imprimerie Nationale, de Paris.
é derivada do latim A Stempel Garamond romana e itálica, a Linotype Granjon
Garamondius, romana, a Berthold Garamond romana de Giinter Gerhard
muito usada pelo
próprio Garamont, Lange, a Adobe Garamond romana de Robert Slimbach e a
Legacy itálica de Ronald Arnholm baseiam-se em seus de-
senhos. O mesmo não acontece com a Monotype Garamond.
(Ver também pp 250-54.)
ERIC GILL (1882-1940) Gravador e lapidário inglês, trabalhou
na Inglaterra e no País de Gales. Suas fontes serifadas in-
cluem a Joanna, a Perpetua e a Pilgrim. Sua única fonte sem
serifa é a Gill Sans. A Perpetua Greek também é sua, mas a
Gill Sans Greeké obra de.outras mãos, Os desenhos de Gill
estão hoje na St Bride Library, em Londres. Algumas de suas
matrizes e punções encontram-se na Cambridge Uni-
versity Library; outras, na Clark Library, em Los Angeles;
no entanto, nenhuma dessas punções foi gravada pelo
próprio Gill.
FREDERIC GOUDY (1865-1947) Designer de tipos e fundidor
norte-americano. A lista de. suas fontes serifadas inclui a
University of California Old Style (posteriormente adaptada
para composição mecânica sob o nome Californian), a Deep-
dene, a Italian Old Style, a Kaatskill, a Kennerley, a Village

370
nº1ea Village nº 2. Suas góticas incluem a Franciscan, a
Goudy Text e a Goudy Thirty. Entre suas fontes titulares
estão a Forum, a Goudy Old Style e a Hadriano. A Goudy
Sans é sua única fonte sem serifa, e sua única uncial é a Friar.
A maior parte do material original de Goudy foi destruída
num incêndio em 1939. O que sobreviveu está no Rochester
Institute of Technology. Designers
ROBERT GRANJON (c. 1513-90) Puncionista francês, trabalhou de tipos
em Paris, Lyon, Antuérpia, Frankfurt e Roma. Autor de mui-
tas romanas, itálicas e manuscritas renascentistas e maneiris-
tas, diversas gregas, uma cirílica, algumas hebraicas e também
das primeiras fontes árabes bem-sucedidas, Algumas de suas
punções e matrizes se encontram no Plantin-Moretus Mu-
seum, em Antuérpia, e no Nordiska Museet, em Estocolmo,
A Galliard de Matthew Carter baseia-se primordialmente na
Ascendonica romana e itálica de Granjon.
FRANCESCO GRIFFO (Cc. 1450-1518) Puncionista bolonhéês, tra-
balhou em Vereza, Bolonha e em outras localidades italia-
nas. Autor de pelo menos sete romanas, três itálicas, quatro
gregas e uma hebraica. Não se sabe de nenhuma punção
ou matriz de sua autoria que tenha sobrevivido, e a casa
de Aldus Manutius em Veneza, onde Griffo desenvolveu a
maior parte de seu trabalho, desapareceu (o terreno é hoje
ocupado por um banco). Não obstante, as letras de Griffo
têm sido pacientemente reconstituídas a partir de livros
impressos nos quais os seus tipos aparecem. O tipo Griffo, O posfácio
de Giovanni Mardersteig, é uma réplica exata de uma de de Giovanni
Mardersteig à obra
suas fontes. A Monotype Bembo romana baseia-se mais de Pietro Bembo,
Evremente na mesma fonte. A Monotype Poliphilus é uma De Aetra (Verona:
reprodução grosseira da mesma caixa-baixa com maiúsculas Oficina Bodoni,
1969), é uma boa
diferentes.A Dante romana e itálica de Mardersteig também introdução aos
se baseia em um estudo minucioso da obra de Griffo. De um tipos romanos
modo geral, suas itálicas receberam muito menos atenção de Griffo e a seus
derivados. Mais
que suas romanas. importante ainda
ARNALDO GUILLÉN DE BROCAR (Cc. 1460-1524) Mestre impres- éa série de ensaios
sor e tipógrafo espanhol, trabalhou em Alcalá de Henares, coletados no seu
livro Senti (1988).
hoje subúrbio de Madri. Autor de várias romanas e ao menos
duas fontes gregas, das quais a mais notável é a Compluten- Complutensian
sian Greek, gravada por volta de 1510. [complutense)
significa “de
FRANÇOIS GUYOT (c. 1510-720) Puncionista e fundidor tipo- Complutum”, que
gráfico nascido em Paris. Mudou-se para Artuérpia na é oantigo nome
década de 1530, onde passou a maior parte do resto de romano de Alcalá.

371
sua vida gravando tipos para o impressor Cristophe Plantin,
entre outros.
VICTOR HAMMER (1882-1967) Impressor nascido na Áustria, tra-
balhou principalmente na Itália e nos Estados Unidos. Todos
os tipos de Hammer são unciais, entre os quais se incluem
American Uncial, Andromache, Hammer Uncial, Pindar e
Designers Samson. Seus desenhos e punções tipográficos encontram-se
de tipos na Universidade de Kentucky, em Lexington.
JONATHAN HOEFLER (1970-- ) Designer e fundidor tipográfico
digital norte-americano, proprietário da Hoefler Type Foun-
dry em Nova York. Projetou as fontes Hoefler Text, Hoefler
Titling, Gestalt, a família Requiem e outras.
KRIS HOLMES (1950- ) Calfgrafa norte-americana. Designer da
Isadora e da Sierra; projetou a Shannon com Janice Fishman
e a família Lucida com Charles Bigelow.
JOHN HUDSON (1968- ) Designer de tipos e especialista em
codificação digital multilíngie anglo-canadense. Projetou
as fontes Aeneas e Manticore e fundou a Tiro Typeworks
em Vancouver com Ross Mills.
MARK JAMRA (1956-) Tipógrafo e artista gráfico norte-america-
no, treinado na Suíça. Projetou diversas fontes pós-modernas
como Jamille, Latienne e Kinesis.
JEAN JANNON (1580-1658) Puncionista e impressor francês. Suas
romanas e itálicas barrocas, gravadas em Paris e em Sedan,
parecem ser os primeiros tipos barrocos. Boa parte de seu
material sobrevive na Imprimerie Nationale, em Paris, onde
seus tipos são conhecidos como os caractêres de luniversité.
As fontes Monotype “Garamond”, Linotype “Garamond” 3,
atr “Garamond”, Lanston “Garamond” e Simoncini “Gara-
mond” baseiam-se em sua obra. (Ver pp 250-254.)
NICOLAS JENSON (c.1420-80) Puncionista e impressor francês,
trabalhou em Veneza. Autor de pelo menos uma romana,
Além de sua uma gregae cinco rotundas. As punções de Jenson desapare-
romana de 16 pt,
ceram, mas seus tipos têm sido frequentemente copiados de
Jenson gravou ao
menos as versais seus livros impressos.A Centaur de Bruce Rogers, a Legacy
de uma fonte de de Ronald Arnholm e a Adobe Jenson. de Robert Slimbach
12 pt. Além de suas romana baseiam-se neles,A San Marco de Karlgeorg Hoefer
cinco rotundas
(que iam de 12 pta é em boa parte inspirada nas rotundas de Jenson.
21 pt), ele também GEORGE WILLIAM JONES (1860-1942) Impressor e designer
chegou a gravar de tipos inglês. Autor da Linotype Estienne, da Linotype
a caixa-baixa de
uma sexta fonte Granjon e da Venezia romana, posteriormente acoplada a
ainda menor, uma itálica de Frederic Goudy. Todas as fontes de Jones são

372
reconsiruções históricas, A Linotype Granjon foi a primeira
adaptação comercial de uma Garamond romana, acompa-
nhada de uma Granjon itálica.
LUI KARNER (1948- ) Tipógrafo e impressor tipográfico austríaco.
Co-projetou a família Rialto com Giovanni de DeFaccio, de
quem é sócio na fundição digital dfType.
MIKLÓS TÓTFALUSI KIS (1650-1702) Acadêmico, impressor e Designers
gravador de tipos húngaro. Kis foi treinado em Amsterdã, de tipos
trabalhando ali e em Kolozsvár (atual Cluj, na Romênia). À
Stempel Janson foi moldada sobre suas punções remanescen-
tes. A Linotype Janson Text (tanto na versão metálica quanto
digital) e a Monotype Erhardt baseiam-se em sua obra.
RUDOLE KOCH (1876-1934) Calígrafo e artista alemão. A Koch
Antiqua ea Neuland estão entre as suas fontes de título. Suas
góticas incluem a Claudius, a Jessen, a Wallau e a Wiehelm
Klingspor Schrift.A Kabel é sua única sem serifa. Muito de
seu material, anteriormente guardado no Klingspor Archive,
em Offenbach, encontra-se hoje na Haus fiir Industriekultur,
em Darmstadt.
HENK KRIJGER (1914-79) Tipógrafo e artista holandês, nascido
e criado em Sumba, na Indonésia. Seu nome indonésio é
Senggih. Designer de diversas fontes de título, das quais a
Raffia é a mais importante,
JOOS LAMBRECHT (€.1510-56) Puncionista, fundidor e impres-
sor flamengo. Autor de várias romanas de qualidade, uma
itálica e pelo menos uma textura. Todo o seu material original
pereceu, mas seus exemplares impressos sobreviveram.
VADIM VLADIMIROVICH LAZURSKI (1909-94) Calígrafo e
designer de livros russo. Sua família Lazurski inclui alfabetos
cirílico e latino, O cirílico também existe em uma versão de
fundição conhecida como Pushkin.
GUILLAUME LE BÉ q velho (1525-98) Puncionista francês, tra-
balhou em Paris, Florença, Veneza e Roma. Autor de muitas
fontes hebraicas, algumas belas romanas e também de tipos
musicais.
HENRIC PIETERSZOON LETTERSNIDER (1492-1511) Puncio-
nista holandês, trabalhou em Gouda, Antuérpia, Rotterdã e
Delft. Autor de um número substancial de tipos góticos e de
fontes com iniciais grandes,
ZUZANA LICKO (1961-) Designer de tipos eslovena emigrada
para os Estados Unidos. Co-fundadora da revista Emigre e
da fundição digital Emigre, dela derivada. Autora das fontes

373
Journal, Electrix e Modula, entre outras. É co-designer da
Triplex, com John Downer.
RICHARD LIPTON (1953- ) Artista gráfico norte-americano.
Designer da Arrus. Com Jacqueline Sakwa, projetou a fonte
manuscrita Cataneo.
MARTIN MAJOOR (1960-) Artista gráfico holandês treinado na
Designers Arnhem Academy. Designer das famílias Scala e Seria.
de tipos GIOVANNI MARDERSTEIG (1892-1977) Alemão emigrado para
a Itália. Mestre impressor, acadêmico, tipógrafo e designer
de tipos. Autor das fontes Dante, Fontana, Griffo e Zeno. Sua
obra encontra-se na Officina Bodoni, em Verona.
GABRIEL MARTÍNEZ MEAVE (1972- ) Designer de tipos mexica-
no. Trabalha perto da Cidade do México. Suas fontes incluem
a Organica, a Integra, a Neocodex e a Mexica.
ROD MCDONALD (1947- ) Artista gráfico e designer de tipos
canadense. Trabalhou em Toronto e, desde 2002, em Halifax.
Seu trabalho inclui a família Laurentian e a Cartier Book,
uma família tipográfica iniciada por Carl Dair.
HANS EDUARD MEIER (1922- ) Tipógrafo suíço. Projetou a
Barbedor, a Syndor e várias versões da Syntax.
JOSÉ MENDOZA Y ALMEIDA (1926- ) Artista gráfico e designer
de tipos francês, atuante em Paris. Suas fontes incluem: Men-
doza, Photina, Pascal, Fidelio (uma manuscrita chanceleres- "
ca), Sully Jonquiêres (uma itálica ereta) e Convention.
OLDRICH MENHART (1897-1962) Designer de tipos e calígrafo
tcheco. Entre suas fontes latinas serifadas encontram-se a
Figural, a Menhart e a Parliament. Sua família Manuscript
inclui fontes latinas e cirílicas. Suas fontes de título incluem
a Czech Uncial e a Monument.
WILLIAM ROSS MILLS (1970- ) Designer de tipos canadense.
Fundou, com John Hudson, a Tiro Typeworks em Vancouver.
Autor da família Plantagenet Novus (latim, grega e cheroqui)
e de duas famílias de tipos silábicos canadenses - -Ugammag
e Pigiarnic — para composição no idioma inutitut. Entre seus
revivals históricos está a 1520 Garamond Roman.
ANTONIO DI BARTOLOMEO MISCOMINI (€, 1445-c. 95) Pun-
cionista e impressor italiano, provavelmente nascido em
Bologna. Desenvolveu a maior parte do seu trabalho em
Veneza, Módena e Florença, onde produziu impressões no
início da década de 1490 e deu forma definitiva aos seus tipos
gregos ortópticos e romanos.
GERRIT NOORDZIJ (1950-) Tipógrafo e professor holandês. Foi

374
responsável pela formação de designers de tipos na KABK
(Koninklijke Academie van Beeldende Kunsten [Academia
Real de Belas-Artes]), em Haia, de 1960 a 1990, por essa via
influenciando profundamente os rumos do design de tipos
moderno na Holanda e alhures. Somente um de seus projetos
encontra-se atualmente disponível ao público: a família Ruse, A“Ruse de
que foi editada em formato digital pela fundição Enschedé. Noordzij chamava-
se originalmente
PETER MATTHIAS NOORDZIJ (1961- ) Tipógrafo e fundidor “Rus-E” — a versão
digital holandês. Designer da pmN Caecilia e proprietário E de uma fonte
da fundição Enschedé. desenhada para
uma bibliografia
PRIEDRICH PETER (1933- ) Calígrafo e artista visual canadense. russa, Espécimes
Nasceu em Dresden e estudou em Berlim. Designer das de cinco de suas
fontes manuscritas Vivaldi e Magnificat. romanas, de duas
gregas e de uma
ALEXANDER PHEMISTER (182994) Puncionista escocês. Au- bastarda estão
tor da Old Style Antique, editada pela Miller & Richard, de . incluídos no
Edimburgo, desde 1858, Mudou-se para Boston em 1861, onde volume Haagse
Letters (1996), de
trabalhou para a Dickenson Foundry. Lommen e Verheul.
FRIEDRICH POPPL (192382) Calígrafo alemão. Suas fontes
serifadas incluem a Pontifex e a Poppl Antiqua. A Laudatio
é sua fonte não-serifada. Entre suas fontes de título estão a
Nero e a Saladin.A Popp! Exquisit e a Residenz fazem parte
de sua produção de tipos manuscritos.
JEAN-FRANÇOIS PORCHEZ (1964- ) Designer de tipos francês;
fundador e propretário da Porchez Typofonderie, situada em
Malakoff, nas proximidades de Paris. Projetou as fontes Angie,
Apolline, Parisine e a extensa família Le Monde, criada para
o jornal parisiense de mesmo nome.
RICHARD PORSON (1759-1808) Acadêmico clássico inglês. De-
signer da Porson Greek original, gravada em aço por Richard
Austin, A Monotype Porson e a Grs Porson digital são inti-
mamente baseadas em seu trabalho,
EUDALD PRADELL (1721-88) Puncionista e fundidor catalão.
Trabalhou em Barcelona e em Madri. Alguns dos melho-
res livros espanhóis do século 18 foram impressos com
seus tipos,
VOJTÉCH PREISSIG (1873-1944) Artista, tipógrafo e professor
tcheco, trabalhou na Tchecoslováquia e em Nova York. Proje-
tou diversas fontes de texto e de título, incluindo a que leva o
seu nome. Os desenhos que. lhe sobreviveram encontram-se
na Abadia de Strahov, em Praga.
ERHARD RATDOLT (1447-1528) Puncionista e impressor alemão,
trabalhou em Augsburgo e Veneza. Autor de pelo menos dez

375
góticas, três romanas e uma grega. Em 1486 editou o primeiro
livro de espécimes tipográficos de que se tem notícia.
IMRE REINER (1900-87) Artista e designer húngaro, trabalhou na
Alemanha, nos Estados Unidos e na Suíça. Foi um hábil xiló-.
grafo e ilustrador de livros. Autor de várias fontes manuscritas
expressionistas.
Designers PAUL RENNER (1878-1956) Tipógrafo, designer de tipos e pro-
de tipos fessor alemão. Renner projetou a gótica Ballade, a Futura, a
Renner Antiqua e a Renner Grotesk. Seus desenhos para a
Futura encontram-se na Fundición Tipográfica Bauer, de
Barcelona.
JIM RIMMER (1934- ) Puncionistae designer de tipos canadense.
Produziu revivals digitais de várias fontes de Frederic Goudy,
assim como novas fontes de texto — dentre as quais se des-
tacam a Amethyst e a Albertan — com espírito similar. Suas
fontes de título incluem a Credo, um revival da Pericles de
Robert Foster.
BRUCE ROGERS (1870-1957) Tipógrafo americano, trabalhou
principalmente em Boston, Londres e Oxford. Projetou a
Montaigne e a Centaur, Os desenhos originais desta última
estão agora na Newberry Library, em Chicago.
SJOERD HENDRIK DE ROOS (1877-1962) Designer, tipógrafo e
impressor holandês. Autor das unciais Libra e Simplex, da
sem serifa Nobel e da De Roos romana e itálica.
RUDOLPH RÚZICKA (1883-1978) Tipógrafo norte-america-
no nascido na Tchecoslováquia. Projetou a Linotype
Fairfield e a Primer.
JACQUES DE SANLECQUE 0 velho (1558-1648) Puncionis-
ta francês, aprendiz de Guillaume Le Bé, o velho. Autor
de várias belas romanas e itálicas, de tipos musicais e de
uma série de fontes não-latinas como a Armenian, a
Samaritan e a Syriac.
JACQUES DE SANLECQUE o jovem (1613-59) Filho de Jacques
de Sanlecque, o velho, citado acima. Puncionista e fundidor
francês reverenciado pela sua elegância técnica no talhe de
pequenos corpos tipográficos.
VICTOR SCHOLDERER (1880-1971) Acadêmico clássico e biblio-
tecário inglês, Desenhou a New Hellenic Greek.
FRANTSYSK HEORHII SKARYNA (€.1488-c. 1540) Médico, tradu-
tor e impressor bielo-russo, educado na Cracóvia e em Parma.
Autor de várias fontes cirílicas, com as quais fez trabalhos de
impressão em Praga e em Vilnius,

376
ROBERT SLIMBACH (1956-:) Designer de tipos norte-america-
no. Faz parte do quadro da Adobe desde 1987. Suas fontes
incluem a Cronos, a Adobe Garamond, a Giovanni, a Minion,
a Poetica, a Slimbach, a Utopia, a Kepler e a Warnock. Entre
suas fontes manuscritas estão a Sanvito e a Caflisch. Dese-
nhou com Carol Twombly a família Myriad,
FRED SMEIJERS (1961- ) Tipógrafo e designer de tipos holan- Designers
dês. Autor da família Quadraat, da Reynard e do proveitoso detipos
livro Counterpunch [Contragolpe ou Contrapunção].
ERIK SPIBKERMANN (1947 ) Artista gráfico alemão. Um dos
fundadores da fundição digital FontShop. Designer das
famílias Meta e Officina.
SUMNER STONE (1945-) Designer de tipos norte-americano, foi
o primeiro diretor do departamento tipográfico da Adobe
Systems. Autor das fontes Silica, Cycles, Stone Print e da
família Stone, que inclui formas serifadas, não-serifadas e
“informais”,
KONRAD SWEYNHEYM (C. 1415-77) Monge e impressor ale-
mão. Trabalhou na Itália central. É o provável autor de
duas romanas e uma grega, que ele e seu parceiro Arnold
Pannartz usaram em Subiaco e em Roma entre os anos
de 1464 e 1473.
GIOVANANTONIO TAGLIENTE (fl. 1500-25) Caligrafo italia-
no. Desenhou ao menos uma fonte itálica chanceleresca.
A Monotype Bembo itálica é derivada dessa fonte.
AMEBBT TAVERNIER (€.1522-70) Puncionista e impressor flamen-
go. Trabalhou principalmente em Antuérpia, Autor de várias
romanas, itálicas, góticas e tipos manuscritos civilité.
GEORG TRUMP (1896-1985) Artista e designer de tipos alemão.
Começou sua carreira como pupilo de Ernst Schneidler. Suas
fontes serifadas de texto incluem a Mauritius, a Schadow e a
Trump Mediâval. A Trump Deutsch figura entre suas fontes
góticas. Suas fontes de título e manuscritas incluem a Codex,
a Delphin, a Jaguar e a Time.
JAN TSCHICHOLD (1902--74) Alemão emigrado para a Suíça.
Designer da família Sabon e da manuscrita Saskia. Vários
de seu desenhos fototipográficos foram destruídos durante
a Segunda Guerra Mundial.
CAROL TWOMBLY (1959- ) Designer tipográfica e artista visual
norte-americana. Foi um dos designers de tipos da equipe
da Adobe Systems de 1988 a 1999. Sua obra inclui a família
detexto Chaparral e as fontes de título Charlemagne, Lithos,

377
Nueva, Trajan e Viva. A Adobe Caslon é seu revival digital
da obra de William Caslon. Desenhou a fonte Myriad com
Robert Slimbach.
GERARD UNGER (1942- ) Designer de tipos e professor holandês.
Entre suas fontes serifadas figuram a Amerigo, a Demos, a
Hollander, a Oranda, a Paradox e a Swift; suas fontes sem
Designers serifa incluem a Argo, a Flora e a Praxis.
de tipos HENDRIK VAN DEN KEERE (C,1540-80) Puncionista belga. Tra-
balhou em Ghent e em Antuérpia. Gravou várias romanas é
góticas, ao menos um tipo manuscrito (um civilité) e diversas
fontes de tipos musicais. A DTL Van den Keere romana é
baseada em sua obra.
CHRISTOEFEL VAN DIJCK (1606-69) Puncionista holandês.
Autor de diversas romanas, itálicas e góticas barrocas. As
fontes Monotype Van Dijcke DTL Elzevir baseiam-se em seu
trabalho. A Romanée, de Jan van Krimpen, e a Hollander, de
Gerard Unger, fazem eco à sua obra de diversas maneiras.A
maior parte de sua produção pereceu. As punções e matrizes
remanescentes podem ser encontradas no Museu Enschedé,
em Haarlem.
JAN VAN KRIMPEN (1892-1958) Tipógrafo holandês. Suas fontes
serifadas incluem a Lutetia, a Romanée, a Romulus, a Sheldon,
a Spectrum, a Haarlemmer e a Cancelleresca Bastarda, uma
itálica chanceleresca. Sua única sem serifa é a Romulus Sans.
A Antigone é a sua fonte grega. Suas fontes titulares incluem
a Double Augustin Open Capitals, a Lutetia Open Capitals
e a Romulus Open Capitals. Com exceção da Haarlemmer
e da Sheldon, todas essas fontes foram primeiramente gra-
vadas na Enschedé por Paul Helmuth Rãdisch. Apesar da
importância de seu trabalho, boa parte dele ainda aguarda
edição digital.
JOVICA VELJOVIÉ (1954- ) Calígrafo e designer de tipos nas-
cido em Kosovo, formado em Belgrado e em atividade na
Alemanha, Seus tipos incluem a Gamma, a Esprit, a Ex Ponto,
a Silentium e a Veljovié,
JUSTUS ERICH WALBAUM (1768-1837) Fundidor tipográfico e im-
pressor, é autor de diversas fontes neoclássicas e românticas,
Tanto a Berthold Walbaum quanto a Monotype Walbaum
baseiam-se em punções e matrizes que lhe remanesceram.
FREDERIC WARDE (1894-1939) Tipógrafo norte-americano,
Trabalhou principalmente na França, na Itália e na Inglaterra.
Desenhou as itálicas Vicenza e Arrighi. Alguns de seus dese-

378
nãos estão na Newberry Library, de Chicago. As punções e as
“matrizes da primera Arrighi (gravada à mão) encontram-se
no Rochester Institute of Technology.
EMIL RUDOLF WEISS (1875-1942) Poeta, pintor, calígrafo e
designer de tipos alemão. Autor de uma fratura, de uma
textura (Weiss Gothic), de uma rotunda (Weiss Rundgo-
tisch), uma romana-e-itálica (Weiss Antiqua), um conjunto Designers
de ornamentos tipográficos e três séries de maiúsculas de de tipos
título ou iniciais, Todas elas foram gravadas por Louis Hoeli
e editadas pela fundição Bauer, de Frankfurt,
ALEXANDER WILSON (1714-86) Puncionista, fundidor tipográ-
fico e astrônomo escocês. Trabalhou em Camlachie, perto
de Glasgow. Autor das melhores romanas, itálicas e gregas
produzidas no Iluminismo escocês.
BERTHOLD WOLPE (1905-89) Calígrafo e tipógrafo alemão
que passou o final de sua vida na Inglaterra. Sua fonte de
texto chama-se Pegasus. Suas fontes de título incluem a
Albertus e a Hyperion.
HERMANN ZAPF (1918- ) Mestre calígrafo, designer
de tipos,
artista e professor alemão, Desenhou as serifadas Aldus, Co-
menius, Euler, Hunt Roman, Marconi, Melior, Optima, Orion,
Palatino, Zapf Book e Zapf Renaissance. Sua não-serifada
mais conhecida é a Optima. Suas góticas incluem a Gilgen-
gart,a Winchester e a Stratford. A lista de suas fortes titulares
inclui a Kompakt, a Michelangelo, a Sistina, a Venture, a
Zapf Chancery, a Zapf Civiiité e a Zapf International, Entre
suas gregas figuram a Attika, a Euler, a Heraklit, a Optima,
a Palatino Greek e a Phidias; entre as manuscritas estão a
Venture, a Zapf Chancery, a Zapf Civilité e a Zapfino.
GUDRUN ZAPR-VON HESSE (1918 ) Calígrafa e designer de
livros alemã. Sua produção inclui as fontes de texto e de título
Alcuin, Carmina, Diotima, Nofret; Ariadne e Smaragd.

379
APÊNDICE E: FUNDIÇÕES TIPOGRÁFICAS

Uma autêntica enciclopédia mundial das fundições do passado


e do presente, abarcando a tipografia em metal, a fotográfica
e a digital, seria sem dúvida um documento muito útil - mas
também de considerável extensão.A breve relação aqui apresen-
tada limita-se àquelas que, em qualquer daqueles três processos,
lançaram ou preservaram desenhos originais que me parecem
ter valor duradouro para a composição de textos em latim, grego
ou cirílico.
Muitos dos designers de tipos listados no apêndice D (Robert
Granjon, William Caslon e Hendrik van den Keere, por exemplo)
também moldaram e venderam seus próprios tipos. Suas fundições
foram novamente listadas aqui somente quando (1) sobreviveram
aos seus fundadores e se.tornaram entidades independentes ou
(2) ainda permanecem ativas.
Os números de telefone e fax e os endereços das fundições es-
tão sujeitos a mudanças constantes. Na atual conjuntura, o mesmo
pode ser dito de sua saúde financeira e de seu decorrente estado
legal, Informações atualizadas podem ser obtidas na internete na
imprensa comercial. Há ainda outras referências úteis, tais como os
catálogos consolidados de vendedores como a Precision Type, de
Commack, Nova York, e a FontShop, de Berlim, além dos websites
de vendas on-line como os da MyFonts e da Identifont.

Adobe Systems, San Jose, Califórnia. Essencialmente uma com-


panhia de software, fundada em 1982 por John Warnock e
Charles Geschke. Foi a Adobe que originalmente desenvolveu
a linguagem computacional PostScript - uma das pedras
fundamentais da tipografia digital. Foi ainda co-criadora,
com a Microsoft, do formato de fonte OpenType. No início
dos anos 1980, instituiu uma fundição digital e um ambicioso
programa de desenvolvimento tipográfico, sob a direção de
Sumner Stone, A Adobe editou versões digitais de muitos
tipos históricos, bem como desenhos originais de Robert
Slimbach, Sumner Stone, Carol Twombly, Jovica Veljovié e
muitos outros.
Agfa, Wilmington, Massachussets. Em 1988 a Agfa-Gevaert ab-
sorveu a Compugraphic Corporation, que manufaturava
máquinas de fotocomposição e matrizes de filme. Uma

380
fundição digital conhecida como Agfa-Compugraphic foi
então formada e passou por várias mãos (uma delas foi a
Bayer Corporation). Em 1997 a Agfa adquiriu o que restou
da Monotype, e em 1998 foi constituída uma nova empresa,
a Agfa Monotype. À Agfa editou por si novos desenhos de
Otl Aicher, David Siegel e outros.
Amsterdam, Amsterdã. Fundição de metal estabelecida em Rot- Fundições
terdã em 1851 por Nicolaas Tetterode a partir do estoque da tipográficas
fundição Broese em Breda. A firma mudou-se para Ams-
terdã em 1856 e em 1892 alterou seu nome de Lettergieterij
N. Tetterode para Lettergieterii Amsterdam. As operações
de moldagem tipográfica arrefeceram na década de 1970 e
cessaram de todo em 1988. Ao longo do século 20 a fundição
editou desenhos inéditos de S.H. de Roos e Dick Dooijes. As
matrizes e outros materiais que sobreviveram estão agora na
biblioteca da Universidade de Amsterdã.
ATF (American Type Founders), Elizabeth, Nova Jersey. Foi a maior
fundição tipográfica de metal da América do Norte, forma-
da em 1892 pelo amálgama de várias companhias menores.
Nos seus melhores dias, editou desenhos originais de M.F
Benton, Lucian Bernhard, Frederic Goudy e vários outros.
Embora a companhia tenha começado a perder força na
década de 1920, conseguiu sobreviver até 1993. Sua biblioteca
encontra-se atualmente na Columbia University, em Nova
York, e a maior parte de seu material tipográfico foi para a
Smithsonian Institution, em Washington, DC,
Bauer, Frankfurt. Fundição de metal criada em 1837 por Johann
Christian Bauer. Ganhou escala de rede internacional por
volta do fim do século 19. Como tal,a Bauer deixou de existir
em 1972, mas um ramo do velho império, a Fundición Tipo-
gráfica Bauer, em Barcelona, remanesceu (ver RTB adiante).
A Bauer editou fontes originais de seu fundador e, mais tarde,
de Lucian Bernhard, Imre Reiner, Paul Renner, Emil Rudolf
Weiss e outros. As punções e matrizes sobreviventes encon-
tram-se hoje na PTB, em Barcelona, e na WMD, em Leipzig.
Berlingska Stilejuteriet, Lund, Suécia. Fundição tipográfica de
metal e casa de impressão, que ganhou importância com
a moldagem das fontes originais de Karl-Erik Forsberg
durante o século 20.
H. Berthold, Berlim. A metalúrgica de Hermann Berthold entrou
no negócio de fundição tipográfica em 1893. Adquiriu as
punções e matrizes originais de J.E. Walbaum e, mais tarde,

381
editou fontes originais de Gúnter Gerhard Lange, Herbert
Post, Imre Reiner e outros. A Berthold já estava envolvida
na criação de fotótipos desde 1935. Ela deixou de moldar
tipos de metal em 1978 e passou a produzir fontes digitais
na década de 1980, atividade que praticamente cessou em
1993, embora a fundição tenha voltado a vender suas pró-
Fundições prias fontes. Sua coleção de punções e matrizes encontra-se
tipográficas atualmente sob os cuidados do Museum fir Verkehr und
Technik, em Berlim.
Bitstream, Cambridge, Massachussets. Fundição digital fundada
em 1981 por Matthew Carter e Mike Parker, que deixaram
a companhia tempos depois. A Bitstream editou revivals
digitais de muitas fontes antigas, além. de novos desenhos
de Matthew Carter, John Downer, Richard Lipton, Gerard
Unger, Gudrun Zapf-von Hesse e outros.
Carter & Cone, Cambridge, Massachussets. Fundição digital criada
em 1992 por Matthew Carter e Cherie Cone. Edita desenhos
originais e revivals históricos de Carter.
Caslon Foundry, Londres. Fundição tipográfica de metal fundada
por William Caslon por volta de 1723 e mantida como um
negócio de família por quatro gerações. Sobreviveu como a
empresa de H.W. (Henry William) Caslon até 1936. A maioria
das punções remanescentes mais antigas está hoje na St Bride
Printing Library, em Londres. O material mais novo ficou
com a companhia Stephenson, Blake, Em 1998, Justin Howes
adquiriu os direitos do nome H.W. Caslon & Co. Ostentando
esse nome, sua fundição digital em Northamptonshire edita
a série conhecida como Founder's Caslon.
Deberny & Peignot, Paris, Joseph Gaspard Gillé, o velho, um dos
aprendizes de Fournier, abriu sua própria fundição em Paris
no ano de 1748 e deixou o negócio para seu filho em 1789. Em
1827, 0 romancista Honoré de Balzac adquiriu-a como parte
do seu acalentado império de escritura, impressão e edição.
Logo de saída tudo deu errado, mas a fundição foi resgatada
por seu gerente e comprada por Alexandre de Berny. Gustave
Peignot criou em 1865 o seu próprio negócio de fundição
tipográfica, que teve a primeira fase criativa sob o comando
de seu filho e de seu neto, Georges e Charles Peignot, ao
editar revivals históricos da obra de Jean Jannon e ao fundir
uma série de tipos baseados no lettering de Nicolas Cochin,
um gravador do século 18, As fundições De Berny e Peignot
fundiram-se em 1923. Sob a direção de Charles Peignot, a

382
firma ampliada editou novos desenhos de Adolphe Cassandre,
Adrian Frutiger e outros. Quando a produção da Dé» foi
encerrada em 1975, os desenhos tipográficos e a biblioteca
da companhia foram para a Biliothêque Forney, de Paris, e a
maioria do material tipográfico — incluindo um conjunto de
matrizes originais de Baskerville.-- foi para a fundição Haas
(hoje Frutiger), em Múnchenstein. As punções de Baskerville, Fundições
que antes também eram mantidas pela Dé, estão hoje na tipográficas
Cambridge University Library.
dfType, Texing, Áustria. Fundição digital criada em 1999 pelo
calígrafo veneziano Giovanni deFaccio e pelo impressor-ti--
pógrafo Lui Karner.A fundição edita a família Rialto e outras
fontes de título e texto, com base na caligrafia de deFaccio.
DTL (Dutch Type Library), 's-Hertongenbosch, Holanda. Fundição
« digita! instituída por Frank Blokland em 1990. Editou fontes
originais de sua autoria, de Chris Brand, Gerard Daniéls,
Sjoerd de Roos, Gerard Unger e outros, além de revivals his-
tóricos dos tipos de Christoffel van Dijck, Jan van Krimpen,
J.M. Fleischman e Hendrikevan den Keere.
EETS (Etaípea EXAnvisvv Turoypaçikáv Eroelwv). Listada
* aqui por seu nome inglês: Greek Font Society £GEs).
Elsner & Flake, Hamburgo. Fundição digital criada em 1989 por
Ginther Flake e Veronika Elsner. A firma produziu numero-
sos revivals digitais e as versões digitais originais de diversas
fontes da ITC.
Emigre, Sacramento. Fundição digital criada em 1985 em Berkeley
por Rudy Vanderlans e Zuzana Litko. Em 1992 o escritório
mudou-se para Sacramento. A firma edita fontes originais
de Licko, Vanderlans, John Downer e outros.
Joh. Enschedé en Zonen (Johann Enschedé & Sons), Haarlem,
Holanda. Indústria de impressão e fundição tipográfica
que funcionou de 1743 a 1990. Em dois séculos e meio de
operação,a companhia adquiriu acervos de diversas origens,
incluindo algumas das punções e matrizes de J.M. Eleisch-
man e Cristoffel van Dijck. No início do século 20, editou
os tipos de seu designer-chefe, Jan van Krimpen, em metal.
Em 1990, seu estoque de matrizes e punções foi transferido
para o Enschedé Museum.
The Enschedé Font Foundry, Hurwenen, Holanda. Fundição digital
estabelecida em 1991 sob a direção de Peter Matthias Noordzi).
Editou projetos originais de autoria de Bram de Does, Gerrit
Noordzij, Christoph Noordzij e Fred Smeijers.

383
Esselte Letraset, Londres, A Letraset Ltd. foi fundada em 1959
como um fabricante de letras em decalque. Foi adquirida pela
empresa suíça Esselte em 1981 e alguns anos depois passou a
editar suas fontes em formato digital. Sua biblioteca digital
atualmente inclui revivals históricos e desenhos originais de
Michael Gills, Michael Neugebauer e outros.
Fundições Fann Street Foundry, Londres. Fundição de metal criada em 1802
tipográficas por Robert Thorne. Teve sua fase mais criativa na década
de 1850, quando foi possuída por Robert Besley e editou
desenhos originais gravados por Benjamin Fox. O material
sobrevivente foi adquirido pela Stephenson, Blake em 1905.
Font Bureau, Boston. Fundição digital criada em 1989 por David
Berlow e Roger Black. Editou revivals históricos e projetos
originais de John Downer, Tobias Frere-Jones, Richard Lipton,
Greg Thompson e outros.
FontShop International, Berlim. Fundição digital estabelecida em
1989 por Erik Spiekermann. Editou projetos originais do
próprio Spiekermann, de Erik van Blokland, Martin Majoor,
Just van Rossum, Fred Smeijers e muitos outros.
Walter Fruttiger, Múnchenstein, Suíça. As raízes da fundição
Fruttiger, que vem operando sob esse nome desde 1989, re-
montam a um empreendimento criado por Jean Exertier em
1580, Por mais de dois séculos foi conhecida como fundição
Haas, nome devido a Johann Wilhelm Haas, que comprou a
companhia em 1740. Seu acervo anterior ao século 18 é escasso,
e em sua longa existência não chegou a gerar um número
significativo de desenhos originais. Na primeira metade do
século 20, entretanto, a Haas editou novos desenhos de Walter
Diethelm e, em 1951, as primeiras versões da Helvetica de Max
Miedinger. Possui algumas matrizes originais de Baskerville,
adquiridas da D & Pp,
FTB (Fundición Tipográfica Bauer), Barcelona. Uma fundição de
metal estabelecida em 1885. É o último ramo sobrevivente da
antiga rede Bauer, e mantém atualmente boa parte do material
tipográfico que dela restou. De 1992 à 1995 foi conhecida
como ETN,ou Fundición Tipográfica Neufville - nome ainda
utilizado pelo braço digital da companhia.
Genzsch & Heyse, Hamburgo. Fundição de metal estabelecida em
1833 e absorvida pela Linotype em 1963. Editou tipos góticos
e humanistas [whiteletter] desenhados por Friedrich Bauer,
Otto Hupp e outros.
Golgonooza Letter Foundry, Ashuelot, New Hampshire, Estabe-

384
lecida em 1980 por Dan Carr e Julia Ferrari, que moldam
tipos a partir de matrizes da Monotype e editam as fontes
do próprio Carr, algumas das quais gravadas em aço e outras
criadas em formato digital.
Grafotechna, Praga. Fundição de metal que ganhou importância
com suas moidagens da obra de Miroslav Fulín, Oldrich
Menhart, Vojtech Preissig e de outros designers tchecos. Fundições
Grs (Greek Font Society), Atenas. Fundição digital criada em 1992. tipográficas
Editou versões de tipos gregos de. importância histórica
desenhados por Ambroise. Firmin-Didot, Richard Porson
e Victor Scholderer, assim como novos desenhos de Takis
Katsoulides e George Matthiopoulos.
Haas Foundry. Ver Walter Fruttiger.
Hoefler Type Foundry, Nova York, Fundição digital criada por
Jonathan Hoefler em 1990. Edita projetos de Hoefler e de
seu sócio Tobias Frere-Jones. Também produziu importantes
revivals digitais dos tipos Fell,
Dr-Ing. Rudolf Hell, Ver Linotype.
Imprimerie Nationale, Paris. Casa de impressão e fundição es-
tabelecida por Luís x1!1 em 1640 como Imprimerie Royale,
Com a Revolução Francesa (1789), tornou-se a Imprimerie
Nationale e, posteriormente, a Imprimerie de la République.
Com a coroação de Napoleão 1 em 1804, ela foi novamente
rebatizada, desta vez com o nome de Imprimerie Impériale.
Depois da Restauração de 1815, voltou a ser a Imprimerie
Royale. Em 1848, depois de mais duas revoluções, passou
a se chamar novamente Imprimerie Nationale, nome que
manteve desde então - com exceção do hiato 1852-1870, sob
o domínio de Napoleão r11, quando voltou a ser chamada de
Imprimerie Impériale. Possui as punções e matrizes de autoria
de Jean Jannon (o nascedouro da maioria das “Garamonds”
que existem no mundo) e uma grande quantidade de mate-
riais de importância histórica para a tipografia das línguas
asiáticas. Ao longo dos anos, patrocinou desenhos originais
de Firmin-Didot, Philippe Grandjean, Marcellin Legrand,
Louis-René Luce e José Mendoza y Almeida, entre outros. É
a única instituição remanescente a manter puncionistas em
sua folha de pagamento. .
Intertype (International Typesetting Machine Co.), Nova York.
Quando as patentes básicas da Mergenthaler Linotype expi-
raram, em 1912, um grupo de investidores havia se formado
em Nova York e estava pronto para construir uma máquina

385
muito similar à Linotipo para ser a sua competidora. Às
matrizes editadas para as máquinas intertipo incluíam no-
vas adaptações de fontes de fundição desenhadas por Dick
Dooijes e S.H, de Roos. Em 1947 à Intertype já se encontrava
envolvida com o processo de fotocomposição. Depois de uma
fusão na década de 1950, a firma passou a ser conhecida como
Fundições Harris Intertype Corporation e tornou-se um dos principais
tipográficas fabricantes de matrizes fotográficas.
ITC (International Typeface Corporation), Nova York. Fundada por
Aaron Burns e Herb Lubalin em 1969 como uma agência de
licenciamento e distribuição de tipos. Seu domínio original
limitava-se aos fotótipos. Na década de.1980 a ITC iniciou
o licenciamento de fontes digitais. Mas foi apenas em 1994
que ela passou a produzir e comercializar suas fontes dire-
tamente. Por mais de uma década foi possível reconhecer a
presença de um estilo rrc imediatamente identificável: um
torso grande padronizado com serifas intercambiáveis, que
reduziam o alfabeto e a sua história a um figurino superficial,
Essa abordagem procustiana do desenho tipográfico perdeu
força na década de 1980, Coincidentemente, a companhia foi
comprada em 1986 pela Esselte Letraset. Seu catálogo inclui
projetos originais de Ronald Arnholm, Matthew Carter, Erik
Spiekermann, Hermann Zapf e muitos outros.
Klingspor Brothers, Offenbach. Fundição de metal criada em 1842
e identificada por muitos nomes diferentes até ser adquirida
por Karl Klingspor em 1892. Editou fontes originais de Peter
Behrens, Rudolf Koch e Walter Tiemann. Após seu fechamen-
to em 1953, sua biblioteca e seus desenhos foram transferidos
para o Klingspor Museum, em Offenbach, e a maioria das
matrizes foi para a fundição Stempel, de Frankfurt.
Lanston Monotype Machine Co.; Filadélfia.A monotipo, tal como a
conhecemos, foi concebida por John Sellers Bancroft, natural
da Filadélfia, em 1900. No entanto, ela resultou de uma série
de máquinas anteriores, inventadas por Tolbert Lanston, de
Washington DC, a partir de 1887. À companhia americana
criada para manufaturar e vender esses dispositivos começou
devagar e foi logo ultrapassada pela sua contrapartida ingle-
sa, formada uma década depois com os mesmos objetivos
e quase com o mesmo nome (ver Monotype Corporation).
Entretanto, a firma americana continuou no negócio, mu-
dando-se para a Filadélfia em 1901.€ procurando criar uma
agenda de-design própria em menor escala, o que incluía a

386
gravação de matrizes de revivals históricos e de desenhos
t originais de Frederic Goudy, Sol Hess e outros. O material
que sobreviveu foi dispersado em 1983.
Lanston Type Co., Mt Stewart, Prince Edward Island, Canadá. Em
1983, Gerald Giampa adquiriu uma coleção de padronagens e
desenhos da Lanston Monotype Company da Filadélfia. Com
essas bases, estabeleceu uma fundição digital em Vancouver, Fundições
movendo-a para sua localidade atual em 1994. Sua biblioteca tipográficas
consiste quase que inteiramente em versões digitalizadas
de fontes da Monotype norte-americana, especialmente
trabalhos de Frederic Goudy.
LetterPerfect, Seattle & Nova York. Fundição digital criada em 1986
por Paul Shaw e Garret Boge. Especializou-se em fontes de
título, muitas das quais têm pedigrees históricos cuidadosa-
mente pesquisados.
Linotype Library, Frankfurt. Em 1886, no bairro nova-iorquino
do Brooklyn, Ottmar Mergenthaler começou a vender sua
recém-inventada máquina de linotipo. Isso levou à fundação,
em 1890, da Mergenthaler Linotype Ltd.; no Brooklyn, e da
Mergenthaler Linotype & Machinery Ltd., em Manchester.
! Seis anos depois foi criada em Berlim a sua associada ale-
mã, a Mergenthaler Setzmaschinen-Fabrik. Muitas de suas
primeiras matrizes foram produzidas por encomenda pela
fundição Stempel, de Frankfurt; a partir de desenhos de ar-
tistas como Warren Chappell, Georg Trump e Hermann Zapf.
Outras foram feitas na Inglaterra com base nos desenhos da
George W. Jones, e nos Estados Unidos a partir dos desenhos
de WA. Dwiggins, Rudolph Ruzicka e outros.À companhia
iniciou a produção de equipamentos de fotocomposição e
matrizes fotográficas na década de 1950, de fotocompositores
cRT (tubo de raio catódico) na década de 1960 e de compo-
sitoras a laser de alta resolução na década de 1980. A firma
alemã, que se tranferira para Frankfurt em 1948, fundiu-se
coma Dr.-Ing Rudolf Hell gmbH, de Kiel, em 1990. Em 1997
a fundição digital da Linotype se desmembrou do grupo sob
o nome Linotype Librarye no ano seguinte se instalou em
Bad Homburg, ao norte de Frankfurt.A firma editou muitas
de suas antigas fontes para linotipo em formato digital, além
de novos desenhos de Adrian Frutiger, Karlgeorg Hoefer e
outros, Uma vasta coleção de materiais mais antigos do ramo
norte-americano da companhia encontra-se atualmente no
Rochester Institute of Technology, em Rochester, Nova York,

387
e na Universidade de Kentucky, em Lexington.
The Ludlow Typograph Co., Chicago. Washington Ludlow, de Chica-
go, começou a produzir maquinário de moldagem tipográfica
em 1906, mas a moldadora Ludlow, vendida pela companhia
durante o início do século 20, foi projetada e construída
posteriormente, em 1909, por William Reade. A máquina
Fundições produzia tiras de matrizes tipográficas exclusivas compostas à
tipográficas mão, de modo que era utilizada quase que unicamente para a
composição de displays. No entanto, muitas das fontes Ludlow
foram adaptadas com sucesso para a composição digital de
textos. A companhia editou tanto revivais históricos quanto
projetos originais, principalmente de autoria de seu diretor
tipográfico, R.H. Middleton. Suas operações encerraram-se
na América do Norte em 1986. O ramo inglês, fundado no
início dos anos 1970, fechou em 1990.
Ludwig & Mayer, Frankfurt. Fundição de metal criada em cerca
de 1920 e que encerrou suas operações em 1985. O acervo
remanescente foi transferido para a FTB, em Barcelona. Em
seu auge, a empresa editou desenhos originais de Jakob Erbar,
Helmut Matheis, Ilse Schiile e outros.
Mergenthaler. Ver Linotype.
Miller & Richard, Edimburgo. Fundição de metal criada em 1809
por George Miller, a quem veio juntar-se Walter Richard em
1832, Editou desenhos originais de Richard Austin, Alexander
Phemister e outros. Quando encerrou suas operações em 1952,
teve seu material transferido para a Stephenson, Blake,
The Monotype Corporation, Redhill, Surrey, Inglaterra. Uma
entidade denominada Lanston Monotype Company foi
inicialmente constituída nos Estados Unidos em 1887. Outra,
chamada Lanston Monotype Corporation (mais tarde sim-
plesmente Monotype Corporation) foi criada uma década
depois na Inglaterra. (Para informações sobre a companhia
norte-americana, ver Lanston Monotype.) A fase tipografi-
camente criativa da companhia inglesa começou em 1922,
com a chegada do consultor tipográfico Stanley Morison.
Ao longo das décadas seguintes, a Monotype inglesa gravou
vários revivals históricos meticulosamente pesquisados, bem
como desenhos originais de Eric Gill, Giovanni Mardersteig,
José Mendoza y Almeida, Victor Scholderer, Jan van Krim-
pen, Berthold Wolpe e outros. A firma começou a produzir
equipamentos de fotocomposição e matrizes fotográficas na
década de 1950 e equipamentos de composição a laser nos

388
anos 1970. No início da década de 1990, uma companhia
nova e menor, a Monotype Typography, foi criada com o
intuito de produzir e comercializar tipos digitais, incluindo
as reencarnações digitais das fontes originalmente gravadas
em metal para monotipo. Ela se fundiu à Agfa em 1999, dan-
do origem à Agfa Monotype. Ainda é possível encomendar
matrizes de metal ao Monotype Trust, na Inglaterra. Fundições
Nebiolo, Torino. Fundição metálica criada em 1878 por Giovanni tipográficas
Nebiolo a partir de um amálgama de diversas companhias
menores e mais antigas. Ganhou importância com seus
moldes dos desenhos originais de Alessandro Butti e Aldo
Novarese. Encerrou suas operações por volta de 1990.
Neufville Foundry, Barcelona. Ver FTB.
Nordstedt, Estocolmo. Fundição metálica, possuía matrizes da
Robert Granjon, François Guyot, Ameet Tavernier e outros.
O acervo remanescente encontra-se no Nordiska Museet,
em Estocolmo.
Fonderie Olive, Marselha, Fundição metálica que encerrou suas
atividades em 1978. Editou vários desenhos originais de Roger
Excoffon, François Ganeau e outros. O acervo que restou pode
ser encontrado na fundição Fruttiger, em Múnchenstein.
ParaType, Moscou. Em :998, tornou-se a sucessora da fundição
digital ParaGraph (Parallei Graphics), que havia sido fundada
em 1989. Edita desenhos originais e revivals históricos de for--
tes cirílicas, latinas, georginas, árabes, hebraicas e gregas.
Pie Tree Press & Foundry, New Westminster, Columbia Britânica,
A gráfica e fundição de Jim Rimmer, inaugurada em 1960,
produz hoje tipos metálicos e digitais feitos por Rimmer e
outros.
Plantin-Moretus Museum, Antuérpia. A casa de impressão e fun-
dição estabelecida por volta de 1555 por Cristophe Plantin foi
conservada por aproximadamente três séculos por descen-
dentes do genro de Plantin, Jan Moretus. Converteu-se em
museu em 1877. Sua rica coleção inclui materiais originais de
Claude Garamond, Robert Granjon, Hendrik van den Keere,
Ameet Tavernier e outros artistas antigos.
Polygraphmash (HIIO Ionurpapmaur), Moscou.A seção de dese-
nho do Instituto de Impressão Mecânica, que funcionou de
1938 a 1992, editou projetos tipográficos de Galina Bannikova,
Nikolai Kudryashev, Pavel Kuzanyan, Vadim Lazurski, Anatoli
Shchukin e outros.
Scangraphic, Hamburgo. Anteriormente Mannesmann Scan-

389
graphic, fabricante de equipamentos de fotocomposição.
Começou a editar fontes digitais na década de 1980. Estas
eram mal-acabadas, mas incluíam um importante projeto
de Hermann Zapf.
Schelter e» Giesecke, Leipzig. Johann Gottfried Schelter e Christian
Friedrich Giesecke abriram essa fundição em 1819. Muitas de
Fundições suas primeiras fontes foram projetadas pelo próprio Schelter.
tipográficas Em 1946 a firma foi estatizada sob o nome. Typoart.
D, Stempel, Frankfurt. Após ser fundada por David Stempel em
1895, essa companhia absorveu as holdings de diversas outras
fundições alemãs. Também editou várias fontes originais de
Hermann Zapf, Gudrun Zapf-von Hesse e outros, e vendeu
tipos moldados a partir das matrizes originais de Miklós Kis.
Após seu fechamento em 1986, teve seu material tipográfico
transferido para um museu conhecido como Haus fiir Indus-
trickultur, em Darmstadt. As ferramentas do último mestre
puncionista da Stempel, August Rosenberger (que gravou
as versões originais da Palatino, de Zapf), encontram-se
atualmente.
no Gutenberg Museum, em Mainz,
Stephenson Blake é Co., Sheffield, Inglaterra. Fundição metálica
criada em 1819 por John Stephenson, James Blake e William
Garnet, usando materiais adquiridos principalmente de
William Caslon 1v. Com o tempo, a empresa incorporou ma-
terial adicional da Fann Street Foundry, da Caslon Foundry
original e de outras empresas. Boa parte do material tipo-
gráfico herdado encontra-se atualmente no jovem London
Type Museum, embora a fundição ainda molde e venda
alguns tipos.
Stone Type Foundry, Palo Alto, Califórnia. Fundição digital esta-
belecida em 1991 por Sumner Stone. Edita fontes desenhadas
por seu proprietário, como a Cycles e a Silica.
Tetterode, Ver. Amsterdam.
Tiro Typeworks, Vancouver. Fundição digital criada em 1994 por
John Hudson e William Ross Mills. Seu nome deve-se ao es-
cravo romano Marcus Tullius Tiro (libertado em 53 aC), que
serviu como escriba de Cicero.À fundição se especializou no
projeto e na codificação de fontes não-latinas, especialmente
aquelas que envolvem um grande número de caracteres
contextuais alternativos.
Typoart, Dresden.& Leipzig. Fundição metálica formada em 1946
mediante a estatização das empresas Schelter & Giesecke e
Scriftguss. De 1964 até 1995, quando suas atividades cessaram,

390
teve Albert Kapr como designer-chete, O materia! tipogrático
remanescente encontra-se na WMD, em Leipzig.
URW (Unternehmensberatung Karow Rubow Weber), Hamburgo.
Estabelecida como uma firma de software em 1971, a URW foi
conduzida para a tipografia digital por Peter Karow, um físico
entusiasta da tipografia, que ali ingressou em 1972.À empresa
desenvolveu o sistema de digitalização tipográfica Ikarus (um Fundições
predecessor da linguagem PostScript). Editou um bom núme- tipográficas
ro de revivals históricos e fontes originais de Hermann Zapf,
Gudrun Zapf-von Hesse e outros.À URW entrou em concorda-
ta em 1995. Sua biblioteca tem sido comercializada desde então
por um sucessor corporativo conhecido como “uRW++.
Johannes Wagner, Ingolstadt. Fundição criada em 1902 em Leipzig
por Ludwig Wagner e transferida para Ingolstadt em 1949 por
seu filho Johannes. Adquiriu matrizes das fundições Berthoid,
Johns, Weber e:outras, e continua a moldar tipos.
C.E. Weber, Fundição metálica estabelecida em 1827, editou
fontes originais de Georg Trump e outros. Fechou em 1971,
e o material remanescente foi comprado pelas fundições
Stempel e Wagner.
wMD (Werkstitten und Museum fiir Druckkunst), Leipzig. Museu
tipográfico em atividade, fundado em 1994 por Eckehart
Schumacher-Gebler. Seu grande acervo de material tipográ-
fico inclui punções e matrizes originais de Johann Christian
Bauer, Lucian Bernhard, Jakob Erbar, Albert Kapr, Paul
Renner, Jacques Sabon e muitos outros.
Y<&Y, Carlisle, Massachussets. Fundição digital especializada em
fontes e sistemas para a composição de textos matemáticos
e científicos. Editou desenhos originais de Charles Bigelow,
Kris Holmes e Hermann Zapf.

391
LEITURA ADICIONAL

A lista traz também A tipografia é uma empresa antiga e polilíngiie, e a literatura re-
obras em alemão,
cente sobre tipografia digital é vasta. Boa parte dela, no entanto,
francês, russo e
italiano. Os nomes ou é altamente técnica ou francamente superficial, Esta pequena
em versaletes lista inclui apenas uma seleção dos trabalhos mais importantes
indicam edições de
maior destaque, As
disponíveis.
edições disponíveis
em português 1, LIVROS & ARTIGOS
substituem as
originais. Outras
publicações sobre Adobe Systems Inc. PostScript Language Reference Manual. 3º ed.
tipografia editadas Reading, Massachussets: 1999.
originalmente
em português
Amert, Kay. “Origins of the French Old Style: The Types of Simon
podem aprofundar de Colines) Printing History 26/27 (1992): 17-40.
questões contidas Anderson, Donald M. The Art of Written Forms. Nova York:
aqui. É o caso dos 1969.
livros O tipo da
gráfica, de Claudio Avrin, Leila. Scribes, Script and Books: The Book Arts from Anti-
Ferlauto, Projeto quity to the Renaissance. Chicago & Londres: 1991.
tipográfico, de
Claudio Rocha, e
Barker, Nicolas. Aldus Manutius and the Development of Greek
da coleção Qual é o Script and Type in the Fifteenth Century. 2º ed. Nova York:
seu tipo?, todos da 1992.
editora Rosari (São
Paulo: 2001-0s);
Benjamin, Walter. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
dos recentes A técnica” in, Magia e técnica, arte e política. São Paulo: 1993.
evolução da escrita, Bennett, Paul A., ed. Books and Printing:A Treasury for Typophiles.
de Carlos Horcades,
Cleveland: 1951.
e Tipos, de Aldemar
A, Pereira, ambos da Berry, John, ed. Language Culture Type: International Type Design
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bienal. 15 edições ao todo, 198596. [Ver tb. Gerrit Noordzij,
Letterletter (2001).) Leitura
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mensal, 1881—.
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wwwarts.gla.ac.uk/1PA/ipa.html
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pography/links/links.asp?type=foundries&part=1
Omniglot: www.omniglot.com/writing/atoz.htm
Unicode: www.unicode.org

399
POSFÁCIO À TERCEIRA EDIÇÃO

A tipografia, assim como a linguagem, é mais importante para


mim pelas coisas que ela torna possíveis do que por qualquer
coisa que alcance em si mesma. Espero que ao escrever um livro
sobre o assunto não tenha dado a impressão de que o design ou a
tipografia são fins em si mesmos, nem de que as questões técnicas
são importantes por si próprias.
Alguns velhos amigos e mentores tipográficos são mencio-
nados no Prefácio. Devo agradecimentos a muitos outros, entre
os quais Christian Axel-Nilsson, Charles Bigelow, Frank Blokland,
Fred Brady, Dan Carr, Matthew Carter, Sebastiano Cossia Casti-
glioni, Bur Davis, James Dô Bá Phuôc, Bram de Does, o falecido
John Dreyfus, Paul Hayden Duensing, Richard Eckersley, Peter
Enneson, Christer Hellmark, Richard Hendel, Sjaak Hubregtse,
John Hudson, Peter Karow, Peter Koch, John Lane, Ken Lunde,
Linnea Lundguist, Jim Lyles, Rod McDonald, o falecido Michael
Macrakis, George Matthiopoulos, William Ross Mills, Gerrit No-
ordzij, Peter Matthias Noordzij, Thomas Phinney, Will Powers, Jim
Rimmer, Robert Slimbach, Jack Stauffacher, Sumner Stone, Adam
Twardoch, Carol Twombly, Gerard Unger, Ken Whistler, Glenda
Wilshire, Vladimir Yefimov, Donald Young e Maxim Zhukoyv, que
fizeram deste livro algo muito melhor e de seu autor alguém bem
menos ignorante em muitos sentidos.
As traduções da obra — especialmente para o russo e o grego
— puseram-me cada vez mais em contato com tipógrafos muito
mais familiarizados do que eu com tipos gregos, cirílicos e outros
tipos não-latinos. Sua leitura cuidadosa e envolvimento com o
texto ensinaram-me muitas coisas. Nesse aspecto, sou especial-
mente grato a Vladimir Yefimov e a Maxim Zhukov.
A maioria dos desenhos foi feita à mão para a edição original
e recriada em formato digital para a segunda edição por Glenn
Woodsworth, Susanna Gilbert e John McKercher foram de grande
ajuda nas atualizações da presente edição.
Para aqueles preocupados com tais coisas, devo registrar que
a primeira edição deste livro foi composta no programa Ventura
Publisher, a segunda em QuarkXPress e a terceira em InDesign.
Cada mudança foi acompanhada por um aumento marcante
de capacidades técnicas. Ainda assim, em todos esses casos fui
obrigado por vezes a subverter os programas, forçando-os a fazer

400
coisas que seus criadores não haviam previsto - ou que haviam
previsto e expressamente excluído.
O livro envolveu o teste minucioso de muitas fontes tipográ-
ficas — a maioria digital, algumas metálicas. Elas foram fornecidas
por quase todas as fundições mencionadas no apêndice E e por
algumas outras que deixaram de funcionar.
Testar uma fonte perfeita — seja na forma de metal de fun- Posfácio
dição, de uma caixa de matrizes, de uma tira de filme ou de in- à terceira
formação digital — é algo que ainda não aconteceu comigo. Já edição
testei desenhos muito belos e pujantes — feitos extraordinários
de engenharia de hardware e de software —, mas ainda assim ne-
nhuma fonte que dispensasse as melhorias de uma edição sensível
chegou a cruzar o meu caminho, Uma das razões para isso é que
——

todo trabalho sempre deixa algo por fazer: nenhum designer pode
prever a lógica interna de todos os textos e linguagens possíveis,
q

nem todas as outras formas de uso a que os tipos são devidamente


confiados. Uma outra razão é que a composição tipográfica é um


exercício de colaboração, assim como a interpretação a partir de
um roteiro ou de uma partitura.
Há quem sonhe com um mundo perfeito onde textos prote-
gidos por copyright sejam traduzidos mediante glifos protegidos
por copyright de acordo com regras protegidas por copyright, sem
nenhuma.intervenção humana exceto aquela de alimentar uma
máquina com uma gravação, enquanto o dinheiro flui perpe-
tuamente entre todos os envolvidos. Há também aqueles que
pensam que instalar cadeiras e ares-condicionados no inferno
irá torná-lo tão bom quanto o céu. Na verdade, trabalhar com
tipografia é uma tarefa mundana, que tem muito menos a ver com
sentar-se e ligar a TV do que com andar de pernas para o ar por
uma paisagem sempre diversa e infinita que de outra maneira
ficaria distante demais para se ver.

401
GLOSSÁRIO INGLÊS-PORTUGUÊS

Além dos tipógrafos O objetivo deste glossário é permitir black preto 39


mencionados na a consulta aos termos tipográficos blackletter letra gótica, fraturada,
apresentação da da língua inglesa que aparecem fratura 143
edição brasileira, na edição original deste livro e bleed sangramento, sangrado,
foram consultados facilitar a tradução de termos de sangria
os dicionários da uso cotidiano do tipógrafo, Por isso, block paragraph parágrafo em
lingua portuguesa alguns termos ligados à atividade bloco
Houaiss e Aurélio,
que não aparecem no livro também body corpo
o Dicionário de
foram incluídos. Muitos têm mais de bold bold, negrito, preto 39
artes gráficas de
uma versão em português. As razões book peso de livro, book
Frederico Porta
(Porto Alegre:
para isso vão das variações lexicais bowl bojo, barriga, tigela (morfol.)
1958), 0 Dicionário
de região para região à simples brace chave, colchete
da comunicação disputa ou incipiência na definição bracket parêntese, colchete
de Carlos Alberto terminológica, Nesses casos, 0 termo breve breve (sinal diacrítico)
Rabaça e Gustavo que aparece em primeiro lugar foi bullet bola, marcador, bullet 335
Barbosa (Rio de utilizado nesta tradução. Os números Ca

Janeiro: 1978), ao final de algumas linhas indicam cap versal, capitular, letrina,
OascdaaDo páginas com notas de tradução a cabidola 38,74
organizado por João respeito do termo em questão. cap height altura de versal,
de Souza Leite (São altura de capitular ou altura
Paulo, 2000), os acute acento agudo de caixa-alta
volumes Elementos aesc [x] aesc (caractere) cap line linha de versal
de bibliologia de ampersand ampersand, e comercial, caption título, manchete (tipog.);
Antônio Houaiss esperlueite legenda (Tv, cinema, tipog.)
(Rio de Janeiro:
analphabetic não alfabético caron caron (sinal diacrítico)
1967),À construção
angle brackets parênteses angulares, cedilla cedilha
do livro, de
colchetes angulares chancery (letra) chanceleresca,
Emanuel Araújo
angled dash travessão angulado itálica caligráfica ou
(Rio de Janeiro:
1986), 0 manual
aperture abertura, vão ornamentada
Produção Gráfica apex vértice (morfol.) character caractere
de Lorenzo Baer apostrophe apóstrofo circumílex circunflexo
(São Paulo, 2* ed; arch arco (morfol.) colon dois-pontos, cólon
1999) e os estudos arithmetical signs sinais aritméticos colophon colofão
morfológicos arm braço (morfol.) comma vírgula
Tipografia ascender ascendente (morfol) composing stick componedora,
comparada, de asterisk asterisco régua tipográfica
Claudio Rocha at [6] arroba compressed comprimido,
(São Paulo: 2005), axis eixo (morfol) estreito 39
Formas do tipo, de Ca condensed estreito, condensado,
Maria Ferrand e backslash contrabarra compactado 39
João Manuel Bicker banner letter letra-galhardete connection conexão
(Coimbra: 2000) e bar barra vertical, cesura, copy (texto) original
oartigo “Notas para traço de Sheffer copyfit ajuste
uma normatização
barredH H riscado copyright copyright, copirráite
da nomenclatura
barredL L riscado counter miolo, contraforma, vazio,
tipográfica” de
Priscila Farias (São barred'T T riscado oca, rebaixo do olho
Paulo: 2004). [nt]
baseline linha de base counterpunch contrapunção
bastarda bastarda crisp nítido

402
crossbar barra endnote nota finai
crosshead subtítulo eng eng (caractere)
currency symbols símbolos eszett eszett, letra 8, s agudo
monetários eth eth (caractere)
cursive cursivo ethel ethel (caractere)
cut (to cut) gravar, talhar, abrir, exclamation ponto de exclamação
cortar tipos extended largo, estendido 39
Cy extender extensor (morfol.) ps
dagger adaga, obelisco, cruz longa, eye olho (morfol) Glossário
obélo ezh ezh (caractere) inglês-
dash travessão, traço a português
degree grau face face, tipo, fonte 98
depth altura de coluna, feather pena, caniço
descender descendente figure space espaço de algarismo
design design, projeto, desenho, figures algarismos, numerais
desígnio 13 finial remate (morfol.)
diagonal stem haste diagonal fist indicador, punho
(morfol.) fitted one um ajustado
dieresis diérese fleuron florão
diesis diese, adaga dupla flush and hung parágrafo francês,
dimension sign sinal de recuo escalonado
multiplicação, vezes folio fólio
dingbat dingbat font fonte
discretionary ligature ligatura footnote nota de rodapé
discricionária foot serif serifa inferior
display (face, type etc) (tipo, face) fore-edge margem externa
display, de ostensão 40 foundry fundição
dot leader linha pontilhada fractions frações
dotless i i sem pingo fraktur fratura, fraturada
dotted I I com pingo fraktur 290
double acute acento agudo duplo full on the body de corpo cheio 45
double bar barra vertical dupla Ow

double dagger adaga dupla, díese, glottal stop parada glotal


obelisco duplo glyph glifo, pictograma
double grave acento grave duplo grave acento grave.
double prime plica dupla, mesmo grid malha, grade, grelha, grid
texto, polegada, segundo guillemets aspas suíças, aspas
dpi (dots per inch) (dpi) pontos por francesas
polegada guiter entrecoluna, intercolúnio,
drop cap capitular baixada, capitular entre colunas
descida, capitular jusante 74 Ca

drop line linha caída hátek hácek (acento circunflexo


dry transfer decaique invertido)
dumb caret acento grave falso hair space espaço ultrafino,
dumb quotes aspas genéricas, aspas espaço-cabelo, espaço de apelo,
falsas, aspas duplas retas espaço manual
dyet dyet (caractere) half title page falsa folha de rosto,
Cy falso rosto
elevated cap capitular elevada, hand escrita, manual,à mão
capitular montante, hanging saliente, pendurado,
ellipsis reticências em balanço 75
em eme, quadratim 33 hanging figures algarismos de texto,
en ene, meio quadratim 33 algarismos salientes, algarismos

403
hanging figures (cont) light crosshead título centralizado
em balanço 75 leve
hard hyphen hífen duro, hífen Eight sidehead título lateral leve
não-quebrável lining figures algarismos alinhados,
hard space espaço duro, algarismos tabulares
espaço não-quebrável, espaço link ligação (morfol)
sem quebra Linotype machine linotipo
head cabeça, título logogram logograma
Glossário headnote nota de cabeça, longs s longo
inglês- nota de topo loop arco, voluta (morfol.)
português heavy crosshead subtítulo pesado louse símbolo monetário genérico
hedera hera, florão lower case caixa baixa
hint hint, instrução, dica (do tipógrafo) 34
hinting Ainting lowercase caixa-baixa (caractere) 34
hoi hoi (sinal diacrítico) lowercase figures algarismos de
hornedo o chifrudo texto, algarismos caixa-baixa
homedu U chifrudo lowline linha baixa
hyphen hífen Lad

ow macron macro (sinal diacrítico)


indent recuo interno, recuo, main crosshead subtítulo principal
indentação, alínea measure largura da mancha, área ou
initial inicial, capitular bloco de texto, bitola
inline (tipo) vazado, clareado, inline, medium crosshead subtítulo médio
gravé 72 medium sidehead. subtitulo lateral
inverted comma vírgula invertida médio
italic itálico, cursivo mid space espaço médio
Car midline linha mediana, linha da
junction junção altura-x
justify justificar midpoint ponto médio, ponto
Ow mediano, ponto intermediário
kem Kern, crena, compensação modulation modulação
kerning kerning, crenagem, monospaced monoespacejado
compensação Monatype machine monotipo
kropka kropka, ponto superior musical sign sinal musical
krouzek krouzek, anel muiton eme, quadratim
Cu Ca

Jachrymal terminal terminal nang nang, ponto inferior


em gota, terminal em bulbo, nasal hook: gancho nasal, ogonek
terminal lacrimal (morfol.) negation negação, negação lógica,
layout leiaute, layout: não Jógico
lead entrelinha nick incisão (morfol.)
leg perna (morfol) nonbreaking hyphen hífen
letter letra não-quebrável, hífen duro
Ietterfit ajuste entreletras, ajuste nonbreaking space espaço
interliteral não-quebrável, espaço duro,
letterform letra, forma literal, espaço sem quebra
forma da letra, letra-forma null nulo, zero riscado, zero cortado
letterpress prensa tipográfica, nut ene
impressão direta Cm

letterspace entreletra, obelisk obelisco, obélo


interespacejado oblique oblíquo, falso itálico
ligature ligatura, ligadura octothorp jogo-da-velha,
light claro 39 antífen (revisão: abrir espaço),

404
octothorp (cont) cs
cerquilha (informática), tralha, radical sign sinal de raiz
sinal numérico ragged (alinhamento) irregular
offset offser, ofsete 154 ragged left desalinhado à esquerda
ogonek ogonek, gancho nasal, cauda ragged right desalinhado à direita
old-style estilo antigo ranging figures algarismos
old-style figures algarismos em alinhados
estilo antigo, elzevirianos ou de raster grade ou malha de varredura
texto 55 digital Glossário
open counter miolo aberto (morfol,) rasterization rastreamento, inglês-
open quote aspas de abertura varredura português
ordinal ordinal recto reto, anverso, frente, página
ornamented crosshead subtítulo ímpar
ornamentado reflexive serif serifa reflexiva 66
orphan órfã, linha enforcada, registered trademark marca
forca 52 registrada
osr (abrev.) algarismos em estilo resolution resolução
antigo, algarismos elzevirianos, reversed apostrophe apóstrofo
algarismos de texto 331 invertido
outdent recuo externo ring anel (sinal diacrítico)
outline type tipo contornado, roman romano, redondo (edit.),
tipo filetado, tipo delineado, regular 27
tipo outline rotunda rotunda
overdot ponto superior round redondo (morfol.)
a round terminal terminal redondo,
palatalhook gancho palatal terminal em botão
paragraph parágrafo run-in sidehead, subtítulo lateral
parentheses parênteses na linha
per cent por cento running head título corrente, cabeço,
per mille por mil cabeçalho 30
period ponto ca
phonomark marca fonográfica sanserif sem serifa, não-serifado
phototype fotótipo schwa schwa (caractere)
pica paica script type tipo manuscrito,
piece fraction fração composta script 294
pilcrow marca de parágrafo, script escrita
parágrafo, pacote, pé-de-mosca section seção
pipe barra vertical quebrada, pipe semibold semibold, meio-preto,
point ponto meio-negrito 39
prime plica, aspas simples retas, semicolon ponto-e-vírgula
minuto, pé serif serifa, cerifa, ápice, filete,
proportional figures algarismos rabisco
proporcionais set solid entrelinha de corpo, sem
proportional oldstyle entrelinha
figures algarismos de texto set-width largura de composição
proporcionais shoulder ombro (morfol.)
punchcutter puncionista, gravador sidebearing proteção lateral,
de punções 56 folga lateral, avizinhamento,
Ca sidebearing
quad quadratim, eme sidehead subtítulo lateral
quaint tipo arcaico sidenote nota lateral
question ponto de interrogação signature caderno
quotation marks aspas sinkage margem de abertura

405
slab serif serifa retangular, serifa torso torso, altura-x (morfol.)
quadrada, serifa egípcia tracking espacejamento
slashedo o cortado trademark marca comercial
slope inclinação (morfol.) transitive serif serifa de conexão,
sloped serif serifa inclinada serifa transitiva 66
smart quotes smart quotes, aspas transitive type tipo de transição,
automáticas tipo transicional 66
small capital versalete. tumed undercomma virgula
Glossário smart quotes smart quotes inferior invertida
inglês- solidus barra fracional type tipo, tipografia 2
português sort espécime, caractere móvel, peça, typeface tipo, face 98
sortimento type design design de tipo
space espaço, espaço comum type designer designer de tipos
spacing espacejamento, typesize tamanho de corpo
espaçamento 32 Os

spine espinha (parte interna do uBdc CAb, caixa-alta e baixa


livro), lombada, dorso (parte umlaut trema
externa) uncial uncial
spread página dupla undercomma vírgula inferior
spur espora (morfol.) underdot ponto inferior
sputnik marcador monetário underscore traço inferior
square brackets colchetes unegual diferente de
stem haste unfitted one um desajustado,
stress tensão (morfol.) um tabular
subscript subscrito, inferior, baixado unicameral unicameral
superscript sobrescrito, suspenso, unserifed sem serifa, não-serifado
alceado, elevado, subido uppercase caixa-alta (caractere)
swash caudal, caudata (fem.) 64 upper case caixa alta (do tipógrafo)
swung dash travessão ondulado Ca

w versal versal 38,74.


tabular figures algarismos tabulares verso verso, página par
tail cauda (morfoL) vertical serif serifa vertical
teardrop terminal terminal em vinculum vinculum, vínculo
gota, lágrima, terminal lacrimal, virgule barra oblíqua
terminal em bulbo (morfol.) e
text figures algarismos de waist cintura (morfol.)
texto, algarismos elzevirianos, wedge cunha, triângulo (serifa),
bodonianos, ingleses ou caron (sinal diacrítico)
modemos weight peso (morfol.)
textblock bloco de texto white line linha, linha branca
textura textura (morfol.) whiteletter whiteletter, letra
thick space espaço grosso, espaço humanista veneziana
gordo wide largo (morfol) 39
thin diagonal diagonal fina widow viúva, órfã, linha enforcada,
thin space espaço fino forca 52
thormn thorn word space entrepalavra, espaço
three-to-em espaço gordo, espaço intervocabular
grosso wynn wynn (caractere)
tilde til Cor

title page folha de rosto x-height altura-x, altura-de-x


titling figures algarismos de título, Cy

titling figures (cont.) yogh yogh, jogue


algarismos alinhados

406
ÍNDICE REMISSIVO

Nomes de tipos aparecem em itálico, Aldus 62,74, 90, 116, 152, 234, 261, 303,
As palavras entre colchetes referem-se 308, 310, 379, 407
aos termos originais em inglês ligados alemão 42, 46, 59, 103, 109, 128, 196,
à atividade tipográfica. 316-323,333 Índice
alfabetos tricamerais [tricameral
abertura [opening] 18,109,133, 134,
alphabets] 340,353 abertura —
142, 352 alfabetos unicamerais [unicameral
Arnholm
abertura de capítulo [chapter alphabets] 353,364
opening] 72-73 alfabeto bicameral [bicameral
abertura de texto [text opening] 71- alphabet] 353
75 alfa iota (caractere) 324
abreviações, pontuação de algarismos [figures) 55-57, 63,331
[abbreviations, punctuation 352-353
of] 99 altura-x [x-height] 57, 125, 126,
acento [accent] ver diacrítico 353 ver também torso
acento agudo [acute] 329 altura de coluna [depth] 46
acento agudo duplo [double altura de versal [cap height] 353 ver
acute] 329 também caixa, versaletes
acento circunílexo [circumflex] 329 Amasis 106
acento circunflexo falso [false American Uncial 294,372
circumflex) 330 Amerigo 378
acento circunflexo invertido Amethyst 233,376
(sinal diacrítico) [inverted ampersand 89,332
circumflex] 330 Amsterdam, fundição 381
acento circunílexo invertido Andromache 372
(caractere) [wedge] 330 Angelico, Fra 310
acento grave.[gravel 330 anglo-saxão 316-317, 331,338,348
acento grave duplo [double antifer ver jogo-da-velha
grave] 331 Antigone 300,301,378
acrônimos ver também siglas Apollinaire, Guillaume 27
adaga [dagger] 331 Apolline 375
Adobe Systems 201, 380, 392, 432 Apollo 155, 235, 259, 260, 280, 370
Aeneas 372 apóstrofo [apostrophe] 98-100, 332,
aesc (caractere) 329, 331, 350 339
Agfa Monotype 217, 241,381 ver apóstrofo invertido [inverted
também Monotype apostrophe] 333
Aicher, Ot! 381 . árabe 30,55, 75) 119124, 127 171,195,
ajuste entreletra [letterfit] 43 197, 201, 203, 225, 317-318, 321-323,
Akhmatova, Anna 126 330, 339, 341, 343344, 348, 350,353
Akzidenz Grotesk 109, 146 Architype Renner 231
albanês 103,317,349 arco (sinal diacrítico) [arch] 333
Albertan 376 Argo 378
Albertina 232,300-301, 305,367 Ariadne 245,308,379
Albertus 308,379 armênio 158
Alcuin 112, 134, 232, 233» 2695379 Arnholm, Ronald 62, 242, 255, 257
aldinos ver tipos aldinos 281,370,372,386

407
Arnold, Matthew 208 Baskerville (cont.)
Arrighi 39,79, 90, 138, 156, 202, 223, 18,143, 223, 229, 235, 298, 299,
236, 242, 255, 265, 282, 366,379 364 ver também cirílicas
Arrighi, Ludovico degli 97,138, 155, cirílica 305
189, 242, 247, 257, 265, 266,366 Baskerville, John 88,109,144,154,
arroba fat] 334 205, 231, 235, 237, 249, 299, 366, 383
Arrus 235,374 bastarda 290,353
arte gótica 151,290 Bauer ver Fundición Tipográfica
Índice arte românica 365 Bauer
ascii (American Standard Code for Bauer, fundição 231, 280, 367, 379381
Arnold = Information Interchange) 196 Bauer, Johann Christian 291,381,391
Bi Shêng aspas [brackets] 87,333 Behrens, Peter 386
aspas angulares [angle Bell 56,108, 112, 144, 236, 249, 272,
brackets] ver aspas francesas 364,366
[guillemets] Bell, John 56,144,236
aspas francesas [guillemets] 98,333, Bell, Marvin 112, 121
334,337 Bembo 45, 60-61, 96, 105, 106, 108,
assimetria [assymmetry] 180 116, 118, 137, 138, 139, 156, 236-237,
asterisco [asterisk] 88,334 247, 264, 265, 266, 352, 360, 371,377
ATF (American Type Founders) 112, Bembo, Pietro: De Aetna 236,371
156,231,381 bengali 197
Attika 379 Benjamin, Walter 25
Augereau, Antoine 250, 366 Benton 146, 238, 242, 243, 252, 255, 381
Augustea 308 Benton, Morris Fuller 146, 238, 242
Auriga 367 Beowolf 207
Austin, Richard 56,144, 236, 249, 303, Berenice 367
366,375,388 Berkeley 238,240
Avant Garde 308 Berling 96,236,364,369
Avenir 370 Berlow, David 238,384
avestan 130 Bernardo de Clairvaux,
São 291
Ca Bemhard, Lucian 366,381,391
bahasa indonês 103 Berry, Jean, Duque de 291
Baker, Arthur 295 Berthold, fundição 146
Ballade 376 Berthold, Hermann 381
Balzac, Honoré de 382 Besley, Robert 146,243,384
Bancroft, John Sellers 386 Bézier, curva [Bézier splinej 199
Bannikova, Galina 389 Bézier, Pierre 199
Barbedor 374 bibliografias 92
Barbou 250,369 biblioteca tipográfica [type
barra [crossbar] 335 library) 130
barra fracional [solidus) 93 bicameral ver alfabeto bicameral
barra invertida finverted bikol 103
crossbar] 334 bielo-russo 326,336
barra obliqua [virgule] 87,93,335 Bigelow, Charles 67, 282,367,37%
barra vertical quebrada [pipe] 343 391,400
barroco 9,18, 25, 60; 67, 68, 96,97; Binney, Archibald 367
106, 109; 110, 111, 113, 140, 142, 241, bitmap 199,353
249, 250, 251, 252, 256, 283, 302, 352, bitmap, fontes 199
369,372 Bitstream 382
Baskervilie 60, 66, 88, 94,96, 10, 116, BiShêng 133

408
Black, Roger 384 Carr, Dan 367
Blado 90,156, 223, 263, 265, 366 Carter, Harry 306
Blake, James 390 Carter, Matthew 59,98, 140, 203, 250,
biam 315,319 265, 304, 310, 312, 367, 371, 382, 386,
bloco de texto [textblock) 161, 397 400
164--169, 179-194,360 Carter, Thomas E 133
Blokland, Erik Van 207 384 Carter & Cone 382
Blokland, Frank 137, 245, 253» 281, 367%, Cartier 239,308,374
383,400 Caslon 60,69,79,141241,305,364 Índice
Bodoni 45, 106, 118, 319, 145, 237, 355, 368,378
367 Caslon, fundição 382,390 Black—
greek 125,301 Caslon, William 60,141,231,278,298, Clairyaux
Bodoni, Giambattista 119,142,145, 299.302, 368, 378, 380, 382
231, 237 249, 275, 301, 305,367 Caslon, William Iv 278,390
Boge, Garret 387 Caspari 279,289,368
bojo (da letra) [bowl] 354 Cassandre, Adolphe Mouron 383
bold, tipo 63-65,70, 16-18 Castagno, Andrea del 320
Borchtorp, Ludolf 304, 367 Casteljau, Paul de 199
Brand, Chris 232,300,305, 367, 383 Castellar 72,74, 176,308
bretão 103,349 catalão 103,317 320, 330, 336, 345
Breughel 370 Cataneo 235,374
breve (sinal diacrítico) 336 caudal [swash] 64, 65, 69,354
Broese, fundição 381 caudata ver caudal
Bulmer 145,237 355 cebuano 103 ,
Bulmer, William 238 cedilha [cedilla) 336
Burns, Aaton 386 Centaur 79,90, 96, 137, 156, 221, 223,
Butti, Alessandro 308,389 236, 242, 253, 255, 266, 366, 372,
Byron, George Gordon 237 376
Ca Century Schoolbook 243
cadernos (de livro) [gatherings, cerquilha ver jogo-da-velha
signatures] 84 cesura [caesura] 335
Caecilia 106,124, 238, 363.375 chanceleresco ver tipo chanceleresco
Caecilia Metella 238 Chaparral 242,378
Caflisch 295,377 Chappell, Warren 90,271,368, 387
caixa, baixa e alta [case, upper and Charlemagne 12,134
lower] 58, 63,134; 195,340,353 Charter 108
Caledonia 152, 245, 298, 366, 369 chaves [braces] 336
Californian 238,240 Cheltenham 108
Calisto 364 cheroqui 158
Cancelleresca Bastarda 268,378 chineses 158, 201
Cântico dos cânticos 74 chinês 158, 201
caracteres [characters] 37 Ching, Frank 297
caracteres fonéticos [phonetic chipewian 130
characters] 130,359 cícero [cicero] 354,362
Carlos Magno 134,139 circunflexo ver acento circunflexo
Carmina 56,112,239,379 cirílico 40,108, 119, 126, 127, 158, 195,
Carolina 134 197, 201, 225, 304-306, 326-327, 367
carolíngea, escrita [Carolingean City 274
writing] 134,192,232,
269 civilité ver tipos civilité
Carolus 369 Clairvaux 291

409
Clarendon 69,119,146,243, 364 cursivo (cont.)
clarendon, tipos 243, 363 289, 355 ver também itálico
Claudius 373 cirílico 304
Cloister 242,255 grego 298
Cobden-Sanderson, Thomas 242 Cycles 377390
Cochin, Nicolas 382 Czech Uncial 374
Codex 274,308,377 Ca

colchetes [square brackets] 336 Dair, Carl 239, 308, 374.393


Índice Colines, Simon de 97,206, 228, 298, Daniels, Gerard 279, 289, 368, 383
303, 368 Dante 139,148,223,244,266, 308,
Clarendon Colonna, Francesco 263 371,374

-- Diotina Colwell, Elizabeth 112 Davenport, Guy 27


Colwell Handletter 112 David, Ismar 368
Comenius 56,96, 243379 David Hebrew 368
Comenius,Jan 243 Davis, Miles 44
composição desalinhada [ragged Deberny& Peignot 156,382
setting] 35-36 Deepdene 229,244,370
composição tipográfica mecânica Delphin 274,308,377
[mechanical typesetting] 152-158 Demos 115,279,378
comprimento do alfabeto [alphabet Denise 367
length] 34-35 Derby 295
Compugraphic 380 design de livros 177
Cone, Cherie 382 Detterer, Ernst 242
conjuntos de caracteres [character devaganari 158, 197, 203, 353
sets] 87195-198,
282, 315, 329-351 De Roos 376
paletas de glifos 202-205,357 dfType 267383
consoantes uvulares [uvular diacríticos, sinais [diacritics] 42, 87,
consonants] 128 101-104, 329-351
Consort 243 diálogo, tipografia de [dialogue,
conteúdo final [final matter] 84 ver typography of] 92
também notas finais [endnotes] didone, tipo 135
conteúdo inicial [initial matter) 83- Didot 106,145, 228,301,369
84 Greek 125,301,369
contraste 70; 114, 124,145; 354 Didot, Ambroise Firmin ver Firmin-
Convention 374 Didot, Ambroise
copyright (símbolo) 337 Didot, Firmin 142,145, 228, 275,369,
coreano 158, 197, 201, 336 385
Cornford, Francis M. 122, 123 Didot, François-Ambroise 368
corpo (do tipo) [body (of the diese [diesis] 337
type) 364 Dietheim, Walter 384
corrida de bicicletas e tipografia 107 digitais [digitals]) 229
cor (tipográfica) 32,119,211,355 digital, tipografia [digital
Cossgrove, Carl 247 typography] 106, 121, 151, 152157
Courbet, Gustave 147 198-202, 213-214
Credo 376 Dijck, Christoffel Van ver Van Dijck,
cree 126, 158 Christoffel
Cristal 307 dinamarquês 59, 103, 331, 332, 342
Cronos 377 dingbats 355
curl (sinal diacrítico) 339 Diogenes 302
cursivo [cursive] 40,66-69, 87 125, Diotima 239, 245, 246, 259,308, 379

410
1 TS

Eçasmus, Desiderius 296


Diotima de Mantinea
245 Erbar, Jakob 388,39)
s,
ditongos, tipográficos [diphtong Erhardt 257373
typographic] 104 ver Ericus 369
Lligatures)
também ligaturas escalas modulares [modular
Documenta 245 367 scales] 182-185
369,400
Does, Bram de 155257 27% escribas 40
87,328 ,337
dois-pontos [colon] 43 escribas, tradição dos 151154 Índice
Dooijes, Dick 381 chineses & japoneses 16,87
120
Dostoiévski, Fyodor egípcios 16, 1777178, 192
n Capitals 378 Diotima
Dou ble Aug ust in Ope
europeus 134135: 177 1804213 233,
Doves, Roman 242 — Eve
374, 38% 383% 293,307
| Downer John 151289» gregos 178
384 hebraicos 178
ppI ver resolução, digital justificação 207
tec
prL ver DuTyp h
Lib rary
modulação do traço 87 278
Duc de Berry 291 pena larga vs pena pontuda 145-
mm

245253
Dutch Type Library' 143 146
n 90125
e ce teto mt

Dwiggi ns, Wil lia m Add iso


pontuação 8789
152, 245, 248, 293, 366, 369:387 romano 87278
dyet (caractere) 315337 eslovaco 319
Cu
esloveno 317
Englefenther 295363
205 espacejamento entre letras
Eaves, Sarah Ruston 1
iletterspacing] 38-39,220-22
Edo, dinastia 129 espaço space)
pets (Greek Font Society) 383
Egyptian sos 69 entre palavras 33-36, 356
Eichenauer 368 entre sentenças 36
Eidenbenz, Hermann
146,243 fino [thin] 356
eixo (das letras) [axi s (of grosso [thick] 356
letterforms)) 18, 136, 140,142, 144 médio [mid] 356
149,355 não-quebrável [hard] 52,356
Eldorado 369 ultrafino [hair] 356
Electra 90,125, 152, 245, 248,
369 espanhol 52,59, 103, 196, 316-321, 341,
Electrix 374 344,349,350
Elizabeth uz espécimes [sorts] 29, 195-204

Elsner, Veronika 383 Esprit 125,150,247, 275378


Esselte Letraset 384
Elsner & Flake 271,275,383
Elsschot 367 Estienne 372
Elzevir 141,275,289:378 Estienne, Hensi !I 97
El Greco 295 Estienne, Robert 90,97
32-33,153, 356,360
estilos artísticos e tipografia [artistic
eme [em]
Emigre 373
ção
encaderna
,383
[binding] 212 styles & typography] 133-158
estônio 348
ene [en] 356 eszett (caractere) .59, 316, 338
eng (caractere) 315,337 eth (caractere) 315,338 .
Enschedé, Johan en Zonen 156, 383
ethel (caractere) 315,338
Enschedé Font Foundry 156, 369, 383 etnocentrismo tipográfico 101-192
entrelinha de corpo [solid setting] 45 Euler 379
entrepalavra [word space] 33-39, Eusebius 242
223--226, 356 Eve Smith 208

411
TT

Excoffon, Roger 295,3 89


Exertier, Jean 384
fontes (cont)
expressionismo 146,148,248
extensão da letra [extension
TrueType 220,225
] 225 TrueType Open 201, 207
extensores [extenders] 3s7 fontes gx [6x fonts] 201,207
Ex Ponto 275,296,328 fontes TrueType [TrueType
ezh (caractere) 316,338 fonts] 199-202, 207, 220
Índice Cy
FontShop 207, 217, 227, 266
“fat face” 291 forma geométrica Igeometric
Faccio, Giovanni de 267 312,3
68, form] 147-148, 151,160-169, 281,
Excoffon - 299,361
373:383
Garamond Fairbank 236, 247369 forma lógica (do texto) 26-31
Forsberg, Karl-Erik 96,236
Fairbank, Alfred 156, 247,369
Fairfield 152,245,2 48,376 Foster, Robert 309
Foundry The 147
fala (como referência paraa
Fournier 144, 223,249,281,364
tipografia) [speech] 58,100-101 Fournier, Pierre-Simon 249
Falcon 152,369
famílias tipográficas [type Fox, Benjamin 146,243
fox (língua Algonquiana) 127
families] 62-69, 14-19, 156,227
frações [fractions] 338
Fann Street Foundry 384,390 Franklin, Benjamin 143
faroês 103, 315,323,338 Franklin Gothic 146,278
Faulkner, William 95 fratura 40,290, 291, 357
Ferrari, Julia 385 Friediaender, Henri 394
Fibonacci, Leonardo 171 Friedlânder, Elizabeth 112
Fidelio 374 frísio 103
Figural 90,122, 248, 258, 374 Froben 97,228
fijiano 103,341 Frutiger 108,118, 258,276,280, 289,
Filipinas, língua 103 305
finlandês 103,349 Frutiger, Adrian 56, 67, 113, 118, 132,
Firmin-Didot, Ambroise 298, 145, 155, 156, 235, 257; 258, 260, 265,
300--299, 302, 369, 385 276,280, 296, 309,312
Fishman, Janice Prescott 112, 372 fulfulde 129
Flake, Giinther 383 fundição tipográfica
flamengo 103 [typefoundry] 153,155-157
Fleischman, Johann Michael 142, 143, Fundición Tipografica Bauer 381,384
249, 298, 302, 369,383 Fundición Tipografica Neufville 384
Fleischmann 142,249 fundições tipográficas
Flora 91,115,271,279-280,378 [typefoundries] 380-391
florão [fleuron] 73,241,276,311,357 Futura 56,107, 108, 119, 147, 231,276,
folhas de rosto [title pages] 71 280, 281, 305
fólios [folios] 181,190,357 Cu

fonéticos ver caracteres fonéticos “garalde' tipos 135


fontes [fonts] gaélico 328, 319, 321, 330, 345
bitmap 199 galês 103,196,220, 316--323, 330,349
digital 121,198-202, 216-217, 229 Galliard 54, 98,140, 250,265,364
GX 201,207 Gamma 275
OpenType 201,217, 219,220,222, gancho nasal [nasal hook] 336,343
224, 259, 269, 329, 331, 340 gancho palatal (palatal hook] 338
pi 121 Ganeau, François 113,114
PostScript 199,200, 201, 206, 220 Garamond 60, 96, 112, 114, 116, 18,137,

412
Garamond (cont.) gregos monotônicos [monotonic
250-254 Greeks] 121
Jannon, tipo de (conhecido grego 30,101, 108, 114, 119-126, 158,
como) 13,14 178, 195, 197, 201, 225, 278, 279,
Garamond, Claude 90, 113, 136, 137, 298-301,324-325
156, 188, 205, 250-254, 267 diacríticos 121- 122, 324-325
gregas 205,298,299,303 lingúístico 325
itálica 267 modernismo 298
Garamont 250 monotonal 121 Índice
Geoffrey de Anjou 263 numérico 325
Georgia 108 politonal 121,299,362 Garamond
Gering, Ulrich 239 taxonomia de 298-301, 360 - hebraico
Geschke, Charles 380 Grego Complutensiano 299,371
Gestalt 372 Grifo 371,374
Grs ver Gregk Font Society Griffo, Francesco 137, 139, 155, 180,
Gilgengart 379 205, 206, 228, 231, 236,244,247,
Gill, Eric 56, 62, 67, 156, 226, 255, 269, 265, 298, 299, 303,352,371
281, 284, 302,370,388 groenlandês 315, 348
Gills, Michael 384 guillemets ver aspas francesas
Gill Sans 56, 62, 223, 255, 281, 302,305, Guillén de Brocar, Arnaldo 298
355370 Giirtler, André 69
Giovanni 377 Gutenberg, Johann Gensfleisch 116,
glam 325 133, 134, 171, 196, 202, 205, 206, 207,
glífico (em oposição a gráfico) 290,293
[glyphic] 295 bíblia de 42 linhas 196,205
glifos e paletas de glifos [glyphs and Guyot 367
glyph palletes] 202-207,357 Guyot, François 371
glotalizada [glottalized) 127,129,332 Gx ver fontes 6x
Glypha 370 Cy

Golden Type 242 Haarlemmer 108, 253, 268, 270, 271,


Golgonooza Letter Foundry 367 281,378
góticos, tipos [Gothic types] 40, Haarlemmer Sans 281
116, 117, 142, 290, 358,373 ver Haas, fundição 146,384
também arte gótica [Gothic art] Haas, Johann Wilhelm 384
Goudy, Frederic 39,90, 114, 156,219, háctek (circunflexo invertido) 330,
235,238, 240, 244, 252, 255, 291, 292, 339
293,370,372,376, 380, 381, 387 Hadassah 370
Goudy Old Style 371 Hadriano 371
Goudy Sans 371 haida 127128
Goudy Text 292,371 Hammer, Victor 293,372
Goudy Thirty 292,371 Hammer Uncial 372
grade ver malha Handy John 235.237
Grafotechna, fundição 248, 310 Harris Intertype 386
Grandjean, Philippe 385 Hartz, Sem 152,267,271
Granjon 251,372 haste [stem] 358
Granjon, Robert 140, 205,250, hausa 129,196,341
251, 265, 296, 298, 371, 380, 389, Haiiy Valentin 278
398 havaiano 128
grau, sinal de [degree sign] 339 hebraico 30,75, 101, 119, 124, 158, 195,
Greek Font Society 383 197; 225,341,344,350,353

413
hebreus 178 iniciais (cont.)
Hell, Rudolf 387 de nomes pessoais 36
Helvetica 39,90, 107, 109, 110, 119, 146, inscrições tipográficas 86-87
230,278, 289, 298, 305,384 instinto 159-160
Heraklit 261,300, 302, 303,379 Integra 374
hera [hedera] 339 International Phonetic Alphabet
Herculanum 132,309, 312,370 (IPA) 130,359
Hermes Trismegistos 312 inuctitut 126, 374
Índice Hess, Sol 231,387 iorubá 129, 196, 320,321
hífen [hyphen] ver iota, subscritos 121,362
hebreus também travessões Iridium 370
formas 87,89-91,339 Eadora 372
— Joanna
Uso 51-53, 100-101, islandês 103,338,348
hiligainoniano 103 Iso ver International Organization
hinting digital 226,358 for Standardization
hipertexto 210 italiano 103 ,
história da tipografia 10-22, no-111, Ttalian Old Style 370
133-158 itálico 63-64, 66, 67, 68, 69,70, 85,115,
histórica, autenticidade 0-1 125,359
Hoefer, Karlgeorg 117, 278, 292, 293, aldino 139,228
294,295,372,387 Colines 228
Hoefler 372 Dante 139
Hoefler, Jonathan 60,266, 311,372, Didot 228
385 ereto 67
Hoefler Type Foundry 385 Fournier 249-250
Hoell, Louis 237,379 origens 139
hoi (sinal diacrítico) 339 sem serifa 278
holandês 59,103 transitividade 66
Holiday, Billie 44 vs romano inclinado 66-70
Hollander 253,280,378 isem pingo e I com pingo [dotlessi
Holmes, Kris 67, 112, 282, 367, 372,391 and dotted 1] 339
hopi 126,320 a

Howes, Justin 241,382


Jaguar 274,295,377
Hudson, John 372,374390 Jamille 372
humanista 18,284,358 Jamra, Mark 256,372
húngaro 52, 103,196,329 Jannon, Jean 113, 114,141, 251-254,302,
Hunt Roman 379 372,382,385
Hyperion 379 Jannon (= Monotype Garamond) uz,
Ca
113, 252-253,305,364
igbo 129 Janson 141, 152, 254373
ilocano 103 Janson, Anton 256
Império Romano 134, 138, 168,178, japonês 158
332 Jenson 124,201,242, 253-255,372
impressão fprinting) 105-106, 151, Jenson, Nicolas 22,124, 137, 206,372
153-154, 211=213, 221 góticas 17,292
impressão offset 105-106, 151, 154 gregos 231, 298, 299,303
inclinação [slant] 358 Tomanos 22,117, 231, 242, 253, 282
indicador (tipográfico) [fist] 340 tipos e réplicas 242,372
Indonésia 103 Jessen 373
iniciais [initials] Joanna 255,269,370

414
jogo-da-velha [octothorp] 88,340, Or

347 lakhota 128, 318, 321.


Jones, George W. 156, 242, 251,372, Lambrecht, Joos 373
387 Lange, Giinter Gerhard 293, 295, 382
Journal 112,149,255,374 Lanston, Tolbert 152, 386
Juliana 152 Lanston Monotype 156, 231, 386--387
justificação [justification] 33-34, Lanston Type Co. 387
51-53, 207-209,359 Lardent, Victor 109
Co, largura da letra [letterwidth] 43, Índice
Kaatskill 235,370 82-83, 152, 209, 233
Kabel 305,373 largura de coluna [measure] 33-35, jogo
Kaiser, Erhard 142, 249 175 179,359 — línguas
Kapr, Albert 391 Latienne 372
Karner, Lui 267, 312, 368,373,383 latim 30, 46,128, 197 201, 225
Karow, Peter 209,391 Laudatio 375
Katsoulides, Takis 125, 301 303, 385 Laurentian 374
Kazcun, Alex 248 Lazurski 108,126,306--307,373
Keere, Hendrik van den ver Van den Lazurski, Vadim 126, 305, 306, 373,
Keere, Hendrik 389
1 Kemnerley 90,219, 255,370 Legacy 108, 242, 255, 257, 268, 372
: Kennerley, Mitchell 256 Legacy Sans 62,289
Kepler 377 Legende 296
kerning 40-42, 59,77: 99, 152, 153 217; Legrand, Marcellin 385
221-226,359 letão 196,336, 341, 350
polinomial vs binomial 42 LetterPerfect 387
kerning categorizado [class-based Lettersnider, Henric 290,373
kerning] 222 lettrines ver versais [caps]
Kesey Ken 27 Lexicon 257,369
Kinesis 256,372 Le Bé, Guillaume, o velho 265,376
Kis, Miklós 141, 152, 156, 256, 298, Le Corbusier (Charles-Édouard
302,373 Jeanneret), sistema modular, 173,
Kis (= Jannon) 256,364 174, 183, 185
Klingspor, Karl 386 Le Monde 108, 375
Klingspor Bros Foundry 386 libra 376
Kobayashi, Akira 283 licenciamento 216-219, 230
Koch, Peter Rutledge 302 Litko, Zuzana 12,149, 151, 205, 255,
Koch, Rudolf 149, 291, 293, 311, 368, 373.383
373386 ligaturas [ligatures] 39,59-62,195,
Koch Antiqua 373 205,341,359
Kokoschka, Oskar 149 línguas africanas 103,
Komensky, Jan Ámos 243 348 ver diacrítico; ver
Kompakt 379 também hausa; línguas khoisan
kra (caractere) 315 línguas asiáticas 87, 201, 220, 315-323,
Krijger, Henk 373 344,385
Krimpen, Jan van ver Van Krimpen, tínguas atapascanas 329
Jan iinguas maias 129
krouzek (caractere) 332 línguas nigerianas 129
Kudryashev, Nikolai 389 línguas norte-americanas nativas 42,
Kuzanyan, Pavel 305,389 126-129,
220, 330, 343,348
kwakwala 127 Syntax character set 285

ais
linhas caídas [drop lines] 48 Manuscript 229,248, 258
linha [line] 359 * manuscritas arquitetônicas (fontes)
linha
de 3 emes [three-em rule] 92 [architectonical manuscript
linha de base [baseline] 359 fonts] 295-296
Linotipia 154 Manutius 367
Linotype Library 217,387 Manutius, Aldus 97,139,187, 263
Lipton, Richard 235,374,382,384 maori 128,316--321
listas (tipografia de) [list Marconi 379
Índice typography) 43-44,80-83 Mardersteig, Giovanni 139,148,244,
Liszt, Ferencz 237 306,308,371, 374388
linhas Lithos 112,132, 307, 309, 378 margem de abertura [sinkage] 176
litografia [litography] 154 margem externa [external
— Miller
lituano 330,341,343,345 margin] 360
logogramas [logograms] 59,360 margens [margins] 181-194
logotipos [logotypes] 59 Marigold 295
Lombardic Capitals 292 Maring, Herbert 291
Lubalin, Herb 308, 386 Martin, Robert 237
Luce, Louis-René 385 Martin, William 145,237
Lucida 106, 112, 115, 288, 367 372 Martínez Meave, Gabriel 374
Lucida Sans 108,130,282 Massin, Robert 27
Ludlow Typograph 388 matemática
e tipografia 161
Ludwig & Mayer 388 Matheis, Helmut 388
Lunda 369 Matthiessen, Peter 27
Lutetia 115, 268, 301,307,378 Matthiopoulos, George. 304, 385
Lutetia Open Capitals 378 Matura 295
Lydian 272,368 Mauritius 377
L riscado [barred L) 315,338,340 McDonald, Rod 239,368,374
Ca Medici (= Palatino) 261.
“mediâval, tipos 96 Meier, Hans Eduard 56,118,156, 285,
“modernos; tipos 135 374
macedônio 318,329,337 Melior 62,96,379
macro [macron] (sinal Memphis 147,363
diacrítico) 341 Mendoza 62, 12, 113, 122, 124, 258, 374
Magnificat 295,375 Mendoza y Almeida, José 90,113,124,
maiúsculas [uppercase letters] 63, 218, 258, 262, 374,
385, 388
354 Menhart 374
versais 69 Menhart, Oldiich 90,149,156,248,
Majoor, Martin 62,91, 227, 269,284, 258, 293, 310, 374,385
374,384 Mergenthaler, Ottmar 152,387
mialasiano 158,201 Méridien 56,108, 112-114, 118, 235, 258,
malauiano 103 260, 265, 280, 289, 364, 370
malhas [grids] 182-183 Mestre de Basel 228,247
Malin, Charles 244 Meta 377
maltês 315-323,339,345 Metro 369
maneirismo 109, 139--140, 250, 265, Mexica 374
302 Michelangelo 233, 261, 303,310,379
Manfredi, Victor 129 Microsoft 224
Mantegna, Andrea 310 Middleton, Robert Hunter 388
Manticore 308,372 Miedinger, Max, 109, 231, 384.
Mantinia 203,250,310, 368 Miller & Richard 388
Miilet, François 147 navajo 103, 126, 128, 196, 329, 340, 343
Mills, William Ross 251, 262, 372, Nebiolo Foundry 389
374.390 negação 342
Mincho Katsuji 87 negação lógica, 342
Minion 58, 69, 108, 119, 120, 219, 259, neo-humanista 88,109, 148, 237244,
307377 259, 261, 263, 266, 269, 361
Cyrillic 120,306 neoclassicismo 19, 68, 88, 96,107,109,
Greek 120,300 NH, 113, 126, 143-145, 150, 151, 154,
miolo (da letra) [counter] 360 278, 236, 249, 262, 283, 299,304 Índice
Miscomini, Antonio 239, 303,374 Neocodex 374
Mistral 295 neogóticas 144 Millet
Miyamoto, Kenneth 27 Neo Hellenic ver também
- octothor
modernismo 29, 21, 57,107, 109; New Hellenic P
147-149,265 Nero 375
modernista geométrica [geometric Neue Hammer Unziale 294
modernist] 20 Neufville ver Fundición Tipografica
modernista lírica [lyric Neufville
modernist] 21,148 Neufville Foundry ver Fundición
Modula 374 Tipografica Bauer
modulação [modulation] Neugebauer, Michael 295,384
do traço 87, 134,145,278,360-361 Neuland 311,373
entre o romano e o itálico 67 New Hellenic 124, 299,303,361
Monotipia 154 Nicholas, Robin 247
Monotype 137, 148, 223-224,388-. Nobel 376
389 ver também Agfa Monotype Nofret 112, 116, 150, 239, 245, 246, 259,
Monotype, Lanston 156 379
Montaigne. 376 nomenclatura 230-232
Monument 248,310,374 Noordzij, Christoph 384
Morison, Stanley 109, 155, 226, 247, Noordzij, Gerrit 368,374, 383
268, 295, 388 Noordzij, Peter Matthias 124, 238,
Morris, William 242 375,383
Mosley, James 278 . Nordstedt Foundry 389
movimento horizontal 32-44,179 Norton, Robert 239--241
movimento vertical 44-48, 179 norueguês 59,103, 331; 332, 342
Mozart, Wolfgang Amadeus 249 notas de rodapé [footnotes] 77
Mrs Eaves 205 notas de texto [textnotes] 76-80
mulheres no design detipos 112 notas finais [endnotes] 76-78
Multiple Master tipos (MM) 200-201 notas laterais [sidenotes] 77,177, 192
música e tipografia 26,27-28,31,54, Novarese, Aldo 308,389
94-95, 131, 160, 162-163,182-183, novas ortografias 126-130
216 Nueva 378
mutton ver eme [em) nulo [null] 342
Hm (micron) 342 numerais 55,108-109,340 ver
Myriad 108,377,378 também algarismos [figures]
Cu nut verene
nacionalismo tipográfico n2 Ou

nang (sinal diacrítico) 344 “old style; tipo 135


não alfabéticos [analphabetic] obélo [obelus] 331,342
ver símbolos não alfabéticos oblíqua [oblique] 66-69,139
[analphabetic symbols] octothorp 340 ver também jogo-da-

417
octothorp (cont.) Pan Nigeriano, alfabeto 129
velha papel 106-107, 114, 153, 159-161,193,
Odd.-job Sanserif 109 212
Officina 108, 151, 261, 305, 306,377 parada glotal [glottal stop] 343
offset ver impressão offset Paradox 378
ogonek (sinal diacrítico) 128,336, parágrafo, marca de Fpilcrow) 341
338,343 parágrafos [paragraphs] 48
ojibwa 126 Parágrafo francês 361
Índice Old Style Antique 375 ParaGraph Internacional 389
olho (da letra) [eye] 354,361 ParaType 389
octothorp Olive, Fonderie 389 parênteses [parenthesis,
-- poesia Olivieri, Ruggiero 306 brackets] 88-89, 95-97, 343
ômicron iota 338 pares de caixas tipográficas [pairs of
Omnia 294 type cases] 195
Ondine 296,309,370 Parker, Douglass 27
OpenType, fonte 41, 61, 201-202, 207, Parliament 374
220, 222, 224, 225, 259, 262 Parmênides 120,302
Optima 56,106,152, 231,282,379 Parmênides 367
Oranda 253,378 Pascal 374
ordem cisterciana 291 Pegasus 379
ordinal, caractere [ordinal Peignot, Charles 382
character) 340 Peignot, Rêmy 307
órfãs (tipográficas) [orphans] 52 pena pontuda [pointed quill] 146
Organica 374 Pepita 295
Organização Internacional de. Pericles 309,376
Padronização (150) 359 Perpetua 67,364,370
caracteres, de 87,196, 329-351 peso (tipográfico) [weight] 361 ver
formato e tamanho do papel 164, também cor
169-170 Peter, Friedrich 375
Orion 379 Peters, John 307
ornamentos [ornaments) 48 ver Phemister, Alexander 147,375,388
também florão e hera Phidias 261,303,310,379
ortóptico, tipo [orthoptic type] 101, Photina 90,218, 229,262, 374
299,374 pictogramática, fonte [pi fonte) 121,
Ovídio 296 357
o Pie Tree Press & Foundry 389
paginação [pagination] 51-53, Pilgrim 370
181-182, 191, 194 ver também fólio Pindar 294,372.
páginas com duas colunas [two- pipe ver barra vertical quebrada
column pages] 47,53 pixels 209
paica [pica] 32,84,193-194, Plantagenet 108, 262,263,374
definição 361 Plantin 305
Palatino 62, 69, 88, 106, 108, 110, 116; Plantin, Cristophe 89,137, 274,389
129,148, 156, 229, 230, 233, 261, 276, Plantin-Moretus Museum 389
300, 303, 306, 308, 310, 379 Platão
Ciryllic 306 simpósio 245
nome original 230 Timeu 184
Palatino, Giovanni Battista 230 plicas duplas [double prime] 329,333,
Palomba 274,295 344 ver também aspas
Pannartz, Arnold 232,377 poesia, tipografia de

418
poesia, tipografia de (cont.) programas de comp. tipog. (cont.)
[poetry typography] 27 tipográfica 60-61, 103-104, 196,
Poetica 140, 202, 203, 205, 206, 259, 205-207
263, 266, 354, 377 proporção 32-53, 159-194
Poliphilus 90,139, 156, 223, 263--265, proteção lateral [sidebearings]
366,371 220-222
Polk, Noel 95 prova, tipo de [proofing type)
polonês 59, 103, 196, 315-323 209-210
Polygraphmash 389 Pushkin 306,373 Índice
Pompeijana 312,370 Pye, David 206
Pontifex 89,148, 192, 231, 265,364,375 e poesia
pontilhadas, linhas [dotted lines] 44, Quadraat 108, 266,268,283,377 — rococó
82. Cyrillic 306
ponto-e-vírgula [semicolon] 43,345 Quadraat Sans 283
ponto de exclamação [exclamation quaint 362
mark] 43,88,328,344 Quay, David 231
ponto de interrogação [question quiché 129
mark] 43,88,344 quociente de italicização [quocient of
ponto inferior [underdot] 344 italicization] 288
ponto médio [midpoint] 86-87,344 ww

ponto superior [overdot] 345 racionalismo 143, 235355


ponto tipográfico [typographic Radisch, Paul Helmuth 378
dot) 32, 84,193, 364 Rafia 373
definição 361 Raleigh 239
Didot 354,362,364 Ratdolt, Erhard 206,375
pontuação 36, 86-101 realismo 20, 107, 109, 146-147 151,
Poppl, Friedrich 89,148,192,231, 352,364
265,375 recuo [indent] 48-52
Poppl Antigua 375 reformismo 14
Poppl Exquisit 375 Regulus 367
Porchez, Jean-François 375 Reiner, Imre 295, 376, 381, 382
Porson 303,304,366,375 renascentista, forma 18, 38, 3989, 97
Porson, Richard 300, 303; 375.385 106, 109, 110, 141, 118, 136-139, 141,
português 103 148,149,154,172, 173, 178, 219
pós-moderna (letra) 21,149,1505 151, Renner, Paul 56,147, 231, 276, 280,
243, 262, 275, 283 376,381,391
Post, Herbert 382 Renner Antiqua 376
PostScript 199-201, 206, 220 Renner Grotesk 376
Pott, Gottfried 134,291 Requiem 266,311,372
Pradell, Eudald 375 resolução digital 106,355, 362
Praxis 271,279,378 tela 219
Preissig 149 reticências [ellipsis] 93-94, 328,345
Preissig, Vojtech 149,375,385 Reynard 377
prensa tipográfica [letterpress] 105- Rhapsodie 12,292
106, 154 Rialto 267, 312,368,373
Present 296 Riggs,R. Stephen 128
preservando o sistema 213-215 Rímmer Jim 233,376
Primer 376 ritmo 32-53,54, 210
Prince, Edward 387 Rockwell 363
programas de composição rOCOCÓ 142-143, 249,369

419
Rogers, Bruce 90, 96, Li7, 137; 156, 242, Schwabacher 290, 292
253,372,376 Scotch Roman 366
rolos 178 seção áurea [golden section] 166,
romain du roi 143 172175, 188
romance, tipo de 26-27,92 segundo ver plicas duplas
romanço 103 sem serifa, tipos [sanserif type] us,
Romanée 16,378 118-119, 151, 278-279, 288, 363
romano, tipo [reman type] Seria 108, 115, 269,374
Índice alianças 63-64 Seria Sans 62,284
componentes 138 série de Fibonacci 171-174,183,213
Rogers desenvolvimento histórico 133-158 serifas egípcias [Egyptian serifs] 147,
inclinados [sloped] 67-69,140
- sinal 151,238,363
tipo bold [boldface] 64-65,70 serifa [serif] ver também sem serifa
romeno 196, 330,336,350 [sanserif]; serifa egípcia
Ronaldson, James 367 abrupta & adnata 352
Roos, Sjoerd Hendrik de 376 bilateral & unilateral 353,363
Rossum, Just van 205, 207,384 côncava & convexa 105
rotunda 117, 363, 372 definida 105
Ruse 375 egípcia 363
IUSsO 124, 326,336-337 ver inscricional 133-134
também: cirílico natela 210
Rusticana 132,370 omissão de 278-279
Ruzicka, Rudolph 152,376,387 reflexiva & transitiva 66,364
Ca romana & itálica 66,363-364
saami 316,337 338 servo-croata 305, 315-327,
331, 333, 337
Sabon 42, 61--62, 117, 118,377 Shannon 112,372
Sabon, Jacques 391 Shaw, Paul 387
Sakwa, Jacqueline 374 Shchukin, Anatoli 305, 389
Saladin 375 Sheldon 263,378
Samaritan 376 Shén Kuô 133
Samson 372 Siegel, David 295,297,381
sangramento (impressão) Sierra 112,372
[bleed] 363 siglas [acronyms] 38,40,57-58
Sanlecque, Jacques de, o jovem 376 sigma (caractere) 121
Sanlecque, Jacques de, o velho 376 silábicos canadenses [Canadian
sânscrito 341,344,348 syllabics) 374
Sanvito 377 Silentium 269-271, 378
San Marco 117,372 Silica 377390
Saskia 377 simbolos aritméticos 334,335,344,
Scala 91,108, 116,227,374 347
Scala Sans 62,227 símbolos matemáticos 347
Scangraphic. 390 símbolos monetários 334,346-347
Schadow 377 símbolos musicais 347
Schelter & Giesecke 390 simbolos não alfabéticos 86-104
Schneidler, Ernst 377 simetria 180
Schoeffer, Peter,o jovem 228 Simoncini, Francesco 252
Scholderer, Victor 121,124,376, Simplex 376
385,388 sinal de multiplicação [dimension
Schiile, Jlse 1:2,388 sign] 93,347
schwa (caractere) 315, 318,346 sinal de parágrafo [pilcrow] 88

420
sinal de seção [section mark] 88,346 Syntax (cont.)
sinal fonográfico [phonomark] 342, 305,374
347 conjunto de caracteres
sinonímia 230-232 americanos nativos 285
sistema de aprendizado 155 slongo [long s] 60,315,321
sistema Modulor 173 Ce

Sistina 233, 261, 310, 314,379 “transicionais” tipos ['transitional?


Skaryna, Frantsysk 304,376 type] 135
skolt 318,323,338 tabelas [tables] 80-83 Índice
Slimbach 377 tagalogue 103
Slimbach, Robert 58, 69,120,137, 140, Tagliente, Giovanantonio 138,155, sinal —
205, 219; 242, 251, 253, 259, 263, 266, 236,377 tipografia
295, 300, 306, 307, 3543370, 377 tailandês 30,114,197
378,380,400, 432 taitiano 103
Smaragd 307, 312, 365,379 Takaichi Hori 87
Smeijers, Fred 266, 283,306,377,384 tamanhos tipográficos 54,173, 352,
sobrescritos, caracteres 364
[superscripts] 76-77,331,342 “Favernier, Ameet 377389
Soncino, Gershom 97 tcheco 196, 316-322, 329,330,332, 339
Sophia 203-204, 206, 312, 368 Tedlock, Dennis 27
sórbio 321,323,330 Tekton 295, 297, 363
Spectrum 106,108, 148,253, 268, Telingater, Solomon 305
270-271, 301, 378 terminal (de uma letra) 18-21,364
Spiekermann, Erik 151, 261, 377, 384, texto reticulado [screened text] 72
386 textura (tipográfica) 32,128
sputnik, 346 textura (classe de letra gótica) 290,
Squire 295 364
Stan, Tony 238,252 Thompson, Bradbury 71
Stempel 18 Thompson, Greg 384
Stempel; fundição 113,147,156,390 Thoreau, Henry David 79,172
Stephenson, Blake & Co. 243, 382, thorn (caractere) 316,348
384,388, 390 Thorne, Robert 384
Stinehour, Christopher 302 Thoth 312
Stone 106, 108, 115, 129,377 tibetano 197201
phonetic 130 Tiemann, Walter 386
Stone, Sumner 377,380,390 til [tilde] 348,349
Stone Print 377 Time 274,377
Stone Type Foundry 390 Times New Roman 108-10, 224,
Stratford 379 298,305
sublinhado (caractere) Phonetic 130
[underscore] 348 tinta 213
subscritos [subscripts] 331 tipografia, definição de 15-17,23-31,
subtítulos 46,75-78 216
Sueco 103,331,349 tipografia multicultural 114-130,158
Sulla, Lucius Cornelius 238 tipografia multilíngie 28,59-60,
Sully Jonquitres 374 103-104, 119-130, 158
Sweynheym, Konrad 232, 299,377 tipografia para monitores
Swift 91,253 271, 280, 378 (de visualização) [typography for
Syndor 374 the monitor) 209-211
Syntax 39,56,108, 118-119, 285, 289, tipografia teatral 27,94-95

421
tipos aldinos (cont.) Trinité 90,155, 272274, 289, 369
tipos aldinos [aldine types] 139,233, Triplex 151, 288, 289,374
asz TrueType ver Fontes TrueType
tipos civilité 205,296,378 Trump, Georg 89,96, 265, 274.293,
tipos dramáticos [dramatic types) 27 295308, 377,387,391
tipos manuscritos [script types] 101, Trump Deutsch 293,377
142,294-297 Trump Mediával 61,62, 89, 96,108,
tipos monocromáticos 265, 274,377 *
Índice Imonochromatic types] 107 Tschichold, Jan 18,189, 251, 268,377
tipos móveis, história antiga dos tsimshian 127 316-323
tipos [movable type, early history turco 60,196, 315, 336, 339,345:349
— variação of] 133 Twichett, Denis 133
tipos para título [titling faces] 307- Twombly Carol 60,112,132, 134, 141,
314 241, 242, 307, 309, 313, 368,377,380
tipos sem serifa [sanserif] 109,15, Typoart, fundição 390
u8-119,363 Ca

tipo chanceleresco [chancery umilaut (sinal diacrítico) 349-350


type] 279,299,354 unciais [uncials] 134,293-294,300
Tiro Typeworks 390 Unger, Gerard 91,115,253,271,279,
títulos [heads] 38,71-72 280,378,382,383
títulos correntes [running heads] 27- “Dutch Landscape with Let-
28,75,80,181 ters” 280
títulos laterais [sidehead] 75-76, unicamerais ver alfabetos
78-79,364 unicamerais
tlinguite 126,128,318-322, 332 Unicode (conjunto de
Toriumi-Lawrence, Carol 295 caracteres) 202, 365
torso 210 ver também altura-x Univers 39, 67 118, 190, 262, 298,305,
[x-height] 370
traço de Sheffer [Sheffer's stroke) 335 University of California Old
Trajan 112,134,313,378 Style 238,240,370
Trajanus 62,90, 94, 108, 271-272,368 URW 391
cirílica 272 Utopia 106,377
travessão [dash] 87, 91-94,348 ver uzbeque 327
também hifen [hyphen] Ca

M/3 360 Vafllard, Pierre-Louis 368


travessão baixo 348 VanderLans, Rudy 383
travessão com um terço de eme 91 Van Blokland, Erik 207
travessão eme 91-92,95 Van den Keere 137, 274,367,378
travessão ene 91-92 Van den Keere, Hendrik 137, 274,378,
travessão ondulado 342,348 383,389
travessão baixo [lowline] 348 Van Dijck 223,275,364,378
travessão de um terço de eme [three- Van Dijck, Christoffel 60,141,267,
to-em dash] 92,360 275, 289,378
travessão eme [em dash] 91-92,95 Van Gogh, Vincent 149
travessão ene [en dash] 91-92 Van Krimpen, Jan 68,116, 148, 156,
travessão ondilado [swung 226, 253, 267-268,270-271,272,
dash] 342,348 274, 281,284,300, 301, 307, 378,
trema [tréma) 349-350 383,388
tribos tipográficas 62-69 Van Rossum, Just 205,207,384
tricamerais ver alfabetos tricamerais variação aleatória 205-207

422
varredura [rasterization] 358 Wilson (Wilson Greek) 304,368
Veljovié 275,364,378 Winchester 369,379
Veljovié, Jovica 125, 150, 247, 269, 275, Wolf, Rudolf 147
296,378,380 Wolpe, Berthold 156,308,379,388
Vendôme 112, 113, 114, 229 Wright, Frank Lloyd 296
Venezia 242,372 wynn (caractere) 316
Venture 379 Co

versais [caps] 73-75, 307-314,354 xilogravura 133 .


versaletes [small caps] 55,56,5758, o Índice
63, 65,70,73» 115, 341, 353 Y&Yr 391
cirílico 40,304 Yasubumi Miyake 87 varredura
verso 50-51 Yeats, William Butler 50 — Zippo ra
Vicenza 366,379 Yefimow Vladimir 306
vietnamita 196, 225, 315-323, 330, 336, yogh (caractere) 316,350
337 34%, 344,348,349 O

Village nº 370 Zapf, Hermann 56, 67, 88,90, 96,109,


Village nº2 371 116, 129, 148, 152, 156, 207-209,
vinçulum 349 230, 231, 233, 243, 2574 261, 272, 276,
vírgula [comma] 88, 89,349 282-283, 297, 300, 302, 303, 306,
vírgula invertida 350 310,379, 386, 390, 391
vírgula inferior [undercomma] 350 Zapf-von Hesse, Gudrun 56,112, 134,
vírgula inferior invertida [inverted 150, 232, 233, 239, 245, 246, 259,
undercomma] 350 269, 307, 308, 312, 379, 382, 390, 391
Visigoth 295 Zapfino 2072971379
viúvas (tipográficas) [widows] 53 Zapf Book 379
Viva 378 Zapf Chancery 67379
Vivaldi 295,375 Zapf Civilité 379
Ow Zapf International 96,108, 17, 364,
Wagner, Johannes Foundry 391 329
Walbaum 145,275--276,364, 378 Zapf Renaissance 206, 276-277,354,
Walbaum, Justus Erich 145, 275-276, 379
378,381 Zeno 374
Walker, Emery 242 Zippora 367
Wallau 373
Warde, Frederic 90,138, 156, 242, 255,
366,378
Warnock 108,307,377
cirílica 307
Warnock, John 380
Weber Foundry 391
Weiss 108,379
Weiss, Emil Rudolf 379,381
Weiss Antiqua 379
Weiss Gothic 379
Weiss Rundgotisch 379
Werkstãtten und Museum fúr
Druckkunst [WmD], Leipzig 391
whiteletter 101, 365
Wilhelm Klingspor Schrifi 293,373
Wilson, Alexander 299,304,379

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DO MESMO AUTOR

POESIA
The Shipwright's Log - 1972
Cadastre - 1973
Bergschrund -1975
Teuhalems Mountain + 1982
The Beauty of the Weapons: Selected Poems 1972-82 - 1982
Tending the Fire - 1985
The Blue Roofs of Japan « 1986
Pieces of Map, Pieces of Music » 1986
Conversations with a Toad - 1987
The Calling: Selected Poems 1970-1995 + 1995
Elements (desenhos de Ulf Nilsen) + 1995
The Book of Silences - 2001
Ursa Major:A Polyphonic Masque for Speakers and Dancers + 2003
The Old in Their Knowing- 2004

PROSA
Visions: Contemporary
Art in Canada
(com Geoffrey James, Russell Keziere & Doris Shadbolt) - 1983
Ocean! PaperiStone + 1984
The Raven Steals the Light (com Bill Reid) « 1984
Shovels, Shoes and the Slow Rotation of Letters - 1986
The Black Canoe (fotografias de Ulli Steltzer) - 1991
Boats Is Saintlier than Captains:
Thirteen Ways of Looking at Morality, Language and Design + 1997
A Short History of the Printed Word (com Warren Chappell) «1999
A Story as Sharp as a Knife:
The Classical Haida Mythtellers and Their World «1999
Carving the Elements:A Companion to the Fragments of Parmenides
(com Peter Koch e outros) « 2004
Prosodies of Meaning: Literary Form in Native North America « 2004
The Solid Form of Language: An Essay on Writing and Meaning- 2004

TRADUÇÕES
Ghandl of the Qayahl Llaanas, Nine Visits to the Mythworld + 2000
Skaay of the Qquuna Qiighawaay, Being in Being:
The Collected Works of a Master Haida Mythteller «2001
Parmenides, The Fragments « 2003
IE
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o
Edição original: 1992
€ Cosac Naify, 2005
& 1992,1996, 2002 Hartley & Marks Publishers Inc.
3661 West Broadway, Vancouver BC Canada V5V3H7

Coordenação editorial CRISTINA FINO, ELAINE RAMOS


Conselho editorial (Design) ALEXANDRE WOLLNER,
ANDRÉ STOLARSKI, FRANCISCO HOMEM DE MELLO,
RAFAEL CARDOSO, RAUL LOUREIRO

Preparação ALEXANDRE MORALES


Glossário inglês-português ANDRÉ STOLARSKI

Apoio ISTITUTO BUROPEO DI DESIGN


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (Cir)
(Camara Brasileira do Livro, sr, Brasil)

Bringhurst, Robert [1946-)


Elementos da esto tpográfico (versão 3.0): Robert Bringhurst;
Titulo original: Elements of typographic style
Tradução: André Stolarski
São Paulo: Cosac Naify, 2005
428 p. 685 lust.
Bibhografia.
ISBN 85-7503-393-X
1 Design gráfico (tipografia) 2. Impressão - layout 3. Impressão - Modelos de tipos
4 Livros — Diagramação 5. Tipos para impressão 1 Título,
04-8200 CDD-636.224

Índices para catálogo sistemático:


1 Design gráfico: hpografia 636.224
2 Estilo tipográfico: tipografia 686.224

COSAC NAIFY
Rua General Jardim, 770, 2º andar
01223-010 São Paulo * sp
Tel [55 11] 3218 1444
Fax [55 11] 3257 8164
www.cosacnaify.com.br

Atendimento ao professor [55 11] 3823 6595


Este livro foi originalmente projetado por Robert Bringhurst.
Sua capa foi refeita e seu projeto foi adaptado e composto
na Tecnopop por André Stolarski com o auxílio
dos estagiários André Lima, Flávia Pinto e Samara Tanaka
para a editora Cosac Naify, em São Paulo.
Sua impressão e acabamento foram feitos na gráfica Cromoset, em São Paulo,

A fonte de texto é a Minion Pro, projetada por Robert Slimbach.


Ela é uma ampliação revisada de sua predecessora Minion, de autoria do mesmo
designer, editada pela Adobe Systems, Mountain View, Califórnia, em 1989.

As legendas foram compostas em Scala Sans, fonte que faz parte


de uma família tipográfica projetada na Holanda por Martin Majoor
e editada pela FontShop International, Berlim, e por suas afiliadas, em 1994.

O papel é o Chamois Bulk Dunas 80 g/m:,


feito pela Ripasa, São Paulo,

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