Você está na página 1de 20

MEDIUNIDADE

NA UMBANDA
EBOOK SEMANA 5
DICAS PARA A LEITURA
DESSE EBOOK SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
Este eBook é um PDF interativo. Isso quer dizer que Mediunidade na Umbanda......................................................3
aqui, além do texto, você também vai encontrar links e CAPÍTULO 2
um sumário clicável. Mediunidade de Umbanda.....................................................5

CAPÍTULO 3
Por Detrás da Máscara...........................................................7
Na parte inferior de cada página, temos um botão
CAPÍTULO 4
que leva você, automaticamente, de volta ao Sumário. Você é seu templo.................................................................9
Assim como no Sumário você pode clicar em cada CAPÍTULO 5
Aprendendo com Shankara....................................................10
capítulo e ir diretamente para a parte do eBook que
CAPÍTULO 6
quer ler. A Dor como Lapidação da Alma............................................12

CAPÍTULO 7
Sempre que o texto estiver assim, quer dizer que ele é Exu X Kardecismo.................................................................16

um link. Você pode clicar sempre que quiser!


3 CAPÍTULO 1
Entendemos que a mediunidade está presente em todos os indivíduos, pois a mediu-

nidade não é propriedade de nenhuma religião ou segmento espiritualista.

MEDIUNIDADE O que se faz necessário explorar é o que chamo de Mediunismo Umbandista ou

“Mediunidade de Terreiro”. Há alguns anos venho explorando o tema mediunidade

NA UMBANDA na realidade da Umbanda e percebemos que a maneira como a mediunidade é

desdobrada nessa realidade é bastante diferente de outros seguimentos com o uso


Uma breve provocação consciente da mediunidade.
POR RODRIGO QUEIROZ

Não se trata das particularidades do ritual e dinâmicas internas dos terreiros, vai

A mediunidade é um assunto que permite infinitos desdobra- além. Começamos a refletir sobre algo abaixo:
mentos e, portanto, é sempre pertinente, necessário e explo-
rável. “Faz seis meses que Fulano frequenta o Centro Espírita Luz e Amor. Participa regular-

mente dos estudos mediúnicos, agora vai participar das atividades práticas...
Allan Kardec ao escrever O Livro dos Médiuns, apesar do
Após a leitura do Evangelho e das palavras explanadas pelo presidente da mesa,
título ser pretensioso, não esgota em si o assunto Médium e
iniciam as manifestações dos mentores, ao que Fulano “estremece” o corpo e uma
Mediunidade, muito pelo contrário, nesta obra temos o início
entidade se manifesta:
da exploração e discussão deste assunto importante para a
- Boa noite a quem é de boa noite!
espécie humana.
- Seja bem-vindo irmão! Qual o seu nome?

Mais de 150 anos se passaram da publicação desta obra, - Eu vim para dizer que este meu cavalo deve procurar um terreiro para iniciar sua

assim muitos fenômenos ocorreram e muitos tipos de médiuns missão, somos gratos a todos, mas o caminho dele é na Umbanda, eu me chamo

passaram e passam por este plano físico da existência. Exu...”

VOLTAR AO SUMÁRIO
4

Histórias como estas são cada vez mais comuns Com o advento da Umbanda acontece o rompi- diunidade de um campo ou outro, mas sim de bus-

entre Umbandistas que, antes de chegar ao terrei- mento de muitos médiuns espíritas que vão abarcar car entender como e porque há esta diferença.

ro, tiveram sua passagem pelo Espiritismo. aos terreiros de Umbanda, também com o surgi-

Neste caso cabe a pergunta: - Se a mediunidade mento do ritual de Umbanda uma nova modalida- Os médiuns evangélicos encontram nas igrejas

é algo inerente ao indivíduo, podendo ser exerci- de de mediunismo aflora, ou melhor, encontra solo evangélicas um campo propício para esta mediu-

da em “qualquer” segmento, porque então há esta fértil para desdobrar-se. nidade, da mesma maneira entre os médiuns cató-

“exigência” de um determinado médium buscar a licos, os espíritas, os candomblecistas e, inclusive,

Umbanda? Por que, que mesmo querendo, muitos médiuns atu- os Umbandistas.

antes na seara espírita não conseguem incorporar

Acaso, este é melhor ou pior que os outros irmãos um Exu ou um Caboclo? E por que, mesmo que- Mediunidade é algo global e universal, entretan-

do Centro Espírita? rendo, um médium que traz a companhia de guias to é importante compreender diferentes mediunis-

típicos da Umbanda não consegue evitar a mani- mos e campos de ação. Para cada segmento há

Também não cabe, neste caso, apontar a discrimi- festação destas entidades e, em algum momento, também uma ou outra faculdade mediúnica que é

nação de alguns centros em relação às entidades estarão pisando um solo Umbandista? mais atuante ou característica. Da mesma manei-

típicas da Umbanda. Já temos notícias de muitos ra que cada segmento apresenta níveis vibratórios

e muitos centros espíritas que abrem as reuniões Com isso é visto que há mais sobre Mediunidade, e magnéticos específicos, bem como campos de

para manifestação de pretos velhos, caboclos etc. Mediunismo e Umbanda a se explorar, refletir e ação bem delineados.

compreender.

Por que afinal o Sr. Caboclo das Sete Encruzilha- Vou encerrando aqui este texto como uma provo-

das teve como missão fundar a religião Umbanda? Não se trata de classificar ou desclassificar a me- cação reflexiva, logo ampliarei esta discussão.

VOLTAR AO SUMÁRIO
5 CAPÍTULO 2

amparo e direção, mesmo que sua mediunidade de incorporação demore a aflorar


ou nunca aconteça. O médium incorporante ou “cavalo” de Umbanda lida com vá-

MEDIUNIDADE
rias incorporações diferentes, tornando-se um canal amplo. Ele é o ponto de apoio
das entidades que se manifestam nas linhas de ação e trabalho, como os Caboclos,
Pretos-Velhos, Baianos, Exus e outros, em sua luta ferrenha contra poderosos agrupa-

DE UMBANDA
mentos e falanges do astral negativo.

O espírito que vem com o compromisso da mediunidade de Umbanda, na prepa-


POR LURDES DE CAMPOS VIEIRA ração de sua reencarnação, recebe nos seus chacras um complemento de energia
vital eletromagnética. Isso permitirá aos guias atuarem mais intensamente na região
Mediunidade não é provação purgatória nem punição. É dos plexos, facilitando-lhes o domínio do corpo físico do médium e possibilitando-
uma bênção, uma provação divina concedida ao espírito -lhes assumir suas principais características gestuais e de linguagem. Esse comple-
no momento em que reencarna. Se bem desenvolvida, é um mento energético é fundamental também para que o médium umbandista possa
eficiente recurso facultado pela Lei, para resgatar carmas, suportar as difíceis tarefas de embate com os espíritos do astral inferior, o chamado
acelerar a evolução espiritual e harmonizar o ser com suas submundo astral.
ligações ancestrais. Lembremos que os Guias Espirituais que
acompanham um médium também estão em processo evo- Na incorporação, é necessário o esforço de concentração do médium e do espírito
lutivo. para que a rotação dos chacras de ambos atinja uma velocidade próxima e a sinto-
nia necessária, para a percepção correta dos pensamentos e desejos do outro. No
A Umbanda é a religião fiel depositária dos antigos cultos re- corpo físico, os chacras, ou centros de força, localizam-se em regiões que corres-
alizados na natureza e seus rituais religiosos são sustentados pondem a áreas de grande concentração de feixes nervosos – os gânglios. A exci-
pelos Tronos Naturais, os nossos amados Orixás, os Senho- tação do sistema nervoso, por meio da atuação nos chacras promove as sensações
res da Natureza. O esclarecimento do processo mediúnico percebidas pelo médium. Os centros de forças, quando absorvem energias não
umbandista é fundamental para que o médium de Umbanda afins, de pessoas ou de ambientes, ficam obstruídos, e são necessários movimentos
percam seus medos, preconceitos e tabus, e entendam o que ritmados para desbloqueá-los e para dinamizar os campos eletromagnéticos.
os diferencia dos médiuns de outras religiões.
As danças rituais da Umbanda criam as condições ideais para essa catarse ener-
Numa corrente espiritual de Umbanda, o médium é o impor- gética. Há uma enorme interpenetração das vibrações do médium e do guia, pois,
tante elo de comunicação entre o plano material e o espiri- quando o padrão vibratório do médium é desestabilizado, seu espírito fica ador-
tual, sob irradiação direta dos Orixás, dos quais ele recebe mecido, momentaneamente paralisado, e o mentor adentra com facilidade em seu

VOLTAR AO SUMÁRIO
6

campo eletromagnético, adequando-o ao seu padrão e direcionando suas do corpo espiritual são curados de imediato, quando um espírito sofredor
vibrações mentais. As incorporações na Umbanda são sempre ativas e rit- incorpora num médium e absorve o seu magnetismo animal.
madas, pois as entidades que se manifestam são altamente brilhantes, lu-
minosas, irradiantes e energeticamente sobrecarregadas, graças aos seus A mediunidade em geral tem eclodido para colaborar na luta contra a
constantes contatos com os pontos de força da natureza, onde estão “as- carga magnética inferior planetária, para a cooperação espiritual na reden-
sentadas”. ção dos irmãos desencarnados, confortando os sofredores, comovendo os
obsessores e orientando os irmãos confusos. Desenvolver a mediunidade
Nos rituais de Umbanda, a percussão dos atabaques, juntamente com a significa passar por um aprendizado, por uma conscientização, para deso-
entoação dos pontos cantados, cria uma sonoridade altamente vibratória
bstruir as faculdades mediúnicas dos escolhos religiosos, dos tabus, dogmas
e elevada, ativando o emocional e apassivando o mental consciente do
e medos e elevar-se espiritualmente, portando valores úteis e bons para
médium, facilitando a incorporação. O chacra básico é estimulado, dando
oferecer ao próximo.
a devida e necessária sustentação para que ele possa girar dezenas de
vezes, sem cambalear ou cair. Ao girar, as entidades incorporadas espar-
gem energias positivas, magneticamente irradiantes, que vão anulando os Médium de Umbanda! Confie em nossa maravilhosa religião, eleve seu pa-
negativismos acumulados no éter local. drão mental e energético, faça sua reforma íntima e cultive suas virtudes. Dê
atenção à sua higiene física, moral e espiritual, para o bom desempenho de
Se um médium está bem preparado, com seus chacras equilibrados, alinha- suas tarefas, e lembre-se de que a manifestação espiritual tem lugar e hora
dos e iluminados, os guias utilizam-se de seu poder para atuar nos campos
para acontecer. Integre-se a uma casa de confiança, estruturada no amor
vibratórios dos consulentes e dos espíritos necessitados. Isso pode ser facil-
mente percebido nas tarefas de tratamento de espíritos sofredores. Muitos ao Divino Criador e aos Sagrados Orixás, e estude sempre.
desses espíritos chamados sofredores são encaminhados para os templos
umbandistas por equipes socorristas que os acolhem, após o desencarne, (*) Lurdes de Campos Vieira é sacerdotisa, dirigente do Templo de Umban-
ou os resgatam, recolhendo-os nos abismos, após a evolução necessária. da Sagrada Sete Luzes Divinas, em São Paulo, e maga, preparada por Pai
Esses espíritos precisam incorporar, para serem “curados”, com a luz da Rubens Saraceni. É Geógrafa, bacharel e licenciada em Geografia, pós-
vela branca e com o magnetismo, energia e vibração carnal do médium, graduada pela USP, Pedagoga e professora universitária. É autora dos li-
pois a dor e o sofrimento físico se estendem ao corpo espiritual, até que o vros A Umbanda e o TAO, Oxumaré – o Arco-Íris Sagrado, e coordenadora
desencarnado receba o tratamento devido. Os mentores realizam a doutri- do Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista – todos
nação, a orientação para a cura das dores do mental, mas os ferimentos da Madras Editora.

VOLTAR AO SUMÁRIO
7 CAPÍTULO 3

Orixás, valei-nos Zâmbi...”


“Salve meu Pai, salve a vossa luz e sabedoria! – saudei.”

POR DETRAS “Sarve meu dedicado cambone, hoje vós zuncê ficou me mirando, e curioso vem
até o nêgo veio. Mas vós


DA MASCARA
zuncê num carece de falá nada não, nêgo vai explica.”

DITADO PELO ESPÍRITO PAI ZULUA DE ARUANDA Daqui transcrevo seu ensinamento sem o sotaque característico. Então o Preto Velho,
POR RODRIGO QUEIROZ
Pai José, me ensinou: “Filho, vocês sabem que nós nos deslocamos de uma espera

Naquela noite o paciente Preto Velho havia ultrapassado os bem distante em auxílio desse mundaréu de ’necessitados’, fazemos isso por amor

30 atendimentos, e desde sua chegada à gira seu semblan- aos nossos, por essa humanidade da qual nós somos parte. Por amor ao Pai Zâmbi

te permanecia o mesmo, não sorria gratuitamente e tampou- é que sempre estamos por aqui.

co carrancava a expressão, parecia que de certa forma ele


estava indiferente naquela noite... Hoje o filho percebeu a indiferença do nêgo, pois hoje este Preto Velho resolveu
manifestar na face e nas palavras o reflexo que está escondido atrás da máscara

A hora já sinaliza fim da gira, então me encorajei e fui ao de sofredor e humildes consulentes que são esta maioria que por aqui passaram

seu encontro, me aproximei, cruzei o solo, bati a cabeça em nesta noite.

reverência, beijei sua mão. Normalmente faço isso mecani-


camente, nesta ocasião algo me fez sentir o valor e importân- Se você se atentou mesmo, percebeu que com apenas uma consulente o nêgo pro-

cia de cada gesto, estranhamente me sentia emocionado e seou um pouco mais e ainda lhe entregou uma vela.

com um nó na garganta e foi então que o sábio Preto Velho


falou: Pois então meu filho, dos 35 consulentes que este nêgo atendeu, apenas ela se

“Sarve mi zi fio, sarve nosso Sinhô Jesuis Cristo, sarve os colocou diante deste velho e não só foi sincera ao relatar o seu motivo de estar
aqui como foi verdadeira em acreditar que de fato nós podemos colaborar em seu

VOLTAR AO SUMÁRIO
8

auxílio. No entanto, os outros manifestam o retrato de um quadro infeliz que Estes são os zumbis da sociedade, da existência, pois andam pra lá e pra

se apresenta nos terreiros de Umbanda por aí. cá sem consciência do que são ou do que querem.

Por isso, meu filho, que hoje viste este nêgo aparentemente indiferente, pois

Estes descompromissados indivíduos vêm ao terreiro por uma espécie de de- eu manifestei o que cada um trouxe em seu íntimo e foi exatamente isso que

sencargo de consciência, e se colocam diante dos guias com uma ‘carinha’ cada um recebeu.”

de coitado, contam sobre sua aflição e já esperando que nós produzamos

um fenômeno espetacular e, nesta expectativa, vibram no seu íntimo: ‘Não Emocionado e envergonhado ao mesmo tempo, senti na profundeza de

creio em você’. minha alma o que este Preto Velho dizia e ainda arrisquei:

“Pai José, muito obrigado pelo ensinamento, vou refletir sobre tudo e com-

Estes expectadores de fenômenos circenses ou coisa parecida são os mes- partilhar com os irmãos da casa. Se me for permitido, qual será então o

mos que escutam as orientações dos guias e as esquecem assim que cruzam desdobramento do caso da irmã que foi verdadeira?”

a porteira que separa o limite entre a corrente mediúnica e a consulência. “Esta fio, quando chegar em casa terá seu problema resolvido. E você tenha

uma boa noite.”

Estes não são religiosos e tampouco preocupados consigo. Querem de

alguma forma encontrar caminhos fáceis para atingir suas metas pessoais, Saudei o sábio Preto Velho e de certa forma perturbado voltei para meu

e esperam que nós os espíritos os auxiliemos nessa empreitada, porém não lugar, a curimba já entoava o ponto de subida.

se esqueça do que disse: apesar de esperarem isso, não acreditam de fato

que façamos algo ou mesmo que aqui estamos. Emocionado agradeci a Olorum por ser Umbandista!

VOLTAR AO SUMÁRIO
9 CAPÍTULO 4

Isso se chama AÇÃO.

Acredite que tudo dará certo.

VOCÊ Isso se chama FÉ.

É O SEU TEMPLO Faça tudo com alegria.

Isso se chama ENTUSIASMO.


ENVIADO POR PACO DO TEMPLO DE DOUTRINA UMBANDISTA
“PAI OXALA E PAI OGUM” PARA O JUS 33, JANEIRO DE 2003. Dê o melhor de si.

Você chegou ao seu Templo. Isso se chama PERFEIÇÃO.

Ore, peça ILUMINAÇÃO. Ajude aqueles que têm mais dificuldades que você.

Cumprimente seus colegas. Isso se chama DOAÇÃO.

Isso se chama AMIZADE. Compreenda que nem todos estão na mesma sintonia.

Deseje a cada um o melhor. Isso se chama TOLERÂNCIA.

Isso se chama SINCERIDADE. Receba as bênçãos com gratidão.

Faça o seu programa do dia. Isso se chama HUMILDADE.

Isso se chama REFLEXÃO. Deus e os divinos Orixás estão com você.

Agora, com tudo planejado, comece a trabalhar. Isso se chama AMOR.

VOLTAR AO SUMÁRIO
10 CAPÍTULO 5

• Qual é o primeiro e mais importante dever do homem possuidor da reta

compreensão?

APRENDENDO Libertar-se dos grilhões do desejo mundano.

• Como se pode alcançar a libertação?

COM SHANKARA Pela obtenção do conhecimento de Brahman.

• Quem, neste mundo, pode ser chamado de puro?


(686-718 D.C.)
Aquele cuja mente é pura.

Abaixo perguntas e respostas formuladas por Shankara, um • Quem pode ser chamado de sábio?

dos maiores mestres do Hinduísmo. Aquele que pode discernir entre o real e o irreal.

• O que envenena o aspirante espiritual?

• Qual a melhor coisa que um aspirante espiritual pode A negligência dos ensinamentos de seu guru.

fazer? • Para aquele que alcançou o nascimento humano, qual é o objetivo mais

Cumprir as instruções do seu guru. desejável?

• O que deve ser evitado? Compreender aquilo que é o seu maior bem e estar constantemente empenhado em

As ações que nos levam a uma maior ignorância da verda- fazer o bem aos outros.

de. • O que ilude um homem como uma bebida inebriante?

• Quem é o guru? O apego aos objetos dos sentidos.

O que encontrou a verdade de Brahman e está constante- • Quem são os ladrões?

mente interessado na felicidade de seus discípulos. Os objetos que roubam a verdade de nossos corações.

• O que causa a servidão do desejo mundano?

A ânsia de gozar esses objetos.

VOLTAR AO SUMÁRIO
11

• Qual é o obstáculo ao crescimento espiritual?

A preguiça.

• Qual a melhor arma para subjugar os outros?

O raciocínio correto.

• Onde reside a força?

Na paciência.

• Onde está o veneno?

No coração dos maus.

• Que é o destemor?

A impassibilidade.

• O que mais se deve temer?

Ser possuído pela sua própria riqueza.

• O que é mais raro de encontrar na humanidade?

O amor a Deus.

• Quais são os males mais difíceis de extirpar?

O ciúme e a inveja.

VOLTAR AO SUMÁRIO
12 CAPÍTULO 6

zir os seres ao Sagrado.

A DOR COMO Falemos aqui de Umbanda.


A Umbanda independentemente de suas variadas vertentes preserva, em todas elas,
˜
LAPIDAÇAO algumas crenças globais, como karma, evolução através da reencarnação, imor-
talidade, ação e reação, vidas passadas, livre arbítrio etc. Também é comum na

DA ALMA
maioria dos fiéis Umbandistas ter ido procurá-la em situações de desespero, aflição,
ou como quero chamar aqui de “Dor Existencial”.

UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A NEUTRALIDADE DE DEUS


POR RODRIGO QUEIROZ O fato de existirmos já implica a nós confrontos, desafios, dificuldades e natural-
mente diante dos “fracassos” nasce em nós a dor. Dor emocional, psicológica, físi-
“Deus nos criou, nos presenteou com o ‘crachá’ do Li- ca (doenças) e espiritual, tudo isso só acontece em quem existe, e assim chamamos
vre Arbítrio e encerrou assim sua interferência em nos- de Dor Existencial.
sas vidas...”
– Rodrigo Queiroz -
Toda esta introdução se faz necessária para que você leitor acompanhe meu racio-
cínio, pois neste texto tento compartilhar contigo minha aflição, minha “dor existen-
A religião na vida dos indivíduos se propõe um caminho
cial” referente a paradoxos conceituais que encontro dentro da Umbanda por parte
de religare (religar) o ser humano à sua essência primária
de nós humanos, e deixo claro que não encontro estes conflitos na manifestação
(Deus). Também é papel da religião ser uma espécie de
espiritual da Umbanda. Nesse sentido, lhe incluo nesta aflição, o que lhe faz ter
bálsamo norteador diante às intempéries da vida.
duas opções: parar esta leitura agora ou ser provocado a refletir criticamente sobre
os conceitos aqui tratados.
Cada religião tem sua teologia (estudo sobre o THEOS,
Deus), ou seja, sua dialética para explicar o Divino e condu- Vejamos algumas situações hipotéticas:

VOLTAR AO SUMÁRIO
13

Caso 01 - “Chega ao terreiro uma jovem senhora desesperada, pois seu pontuar algumas questões.
casamento está indo de mal a pior. Ela já tentou de tudo, foi em tudo que
é religião possível e nada! Aos pés do Preto Velho ela se lamenta, chora e
A ideia do Karma chegou para nós aqui no Ocidente de forma importada,
pede uma ajuda emergencial, ao que o Velho responde: - Fia, tenha paci-
ência, você está pagando seu KARMA!”. quer seja pelas religiões de cunho oriental ou outras influências, como é o
caso do kardecismo, e fatalmente toda manifestação espiritualista vai ter no

Caso 02 – “Um rapaz descobriu ‘repentinamente’ que está com um grave karma algumas “respostas”. Entretanto, o que me aflige é a maneira que o

câncer. Em busca de uma resposta, vai a um terreiro. Consultando uma ocidental tem interpretado e convivido com a ideia do karma, pois por mais

entidade, a mesma lhe aplica a sentença: - Filho você vai superar isso, pois que alguns estudiosos tentam explicar este conceito, pouco se entende e fica

esta é a VONTADE de Deus!”. de forma superficial a constatação de que karma é sinônimo de sofrimento
gratuito, pagamento de dívidas que não se sabe quando e onde contraiu,

Caso 03 – “Um iniciante na religião de Umbanda pergunta ao seu Pai no tampouco quem é o credor e, o pior dos resultados: a acomodação diante

Santo: - Pai, como a Umbanda explica o fato de existir tanta atrocidade às dificuldades e desafios, uma aceitação imediata da dor existencial e a

aqui na Terra? Porque tanta guerra, assassinatos, corrupção? Porque Deus paralisação fatal da evolução pessoal.

em Sua vontade não impede que isso tudo ocorra?


No Oriente, o Karma está além de uma ou outra corrente filo-religosa, pois

- Ah filho, acontece que isso independe da vontade de Deus, pois todos nós o karma é uma verdade presente na cultura de uma nação e a relação que

temos o LIVRE ARBÍTRIO que nos permite agir como bem entender e Deus este povo estabelece com este conceito é muito diferente da nossa. Lá é

não interfere nisso”. motivo de autossuperação. Certa vez, Dalai Lama questionado sobre o que
era o Karma respondeu: “É o resgate de erros passados de forma conscien-

Os casos acima, apesar de serem ficções, ocorrem corriqueiramente nos te e satisfeita, jamais sinônimo de sofrimento e cegueira”. Aqui diríamos o

terreiros de Umbanda, e até aí não tem nada de errado. Vamos apenas contrário!

VOLTAR AO SUMÁRIO
14

Apesar desta confusão cultural, uma coisa é certa: o karma traduz bem a imediatamente encerra Sua participação em nossa existência, ficando sob
ideia de que para toda ação haverá uma reação, e passe o tempo que for nossa responsabilidade o que será daí por diante. Somente pensando assim
é que fico maravilhado com esta força que chamamos de Deus.
você deverá responder pelos seus atos.

Portanto, Deus é a energia, fonte constante da geração e manutenção da


DEUS E SUA NEUTRALIDADE vida, ou melhor, de toda energia que vem antes das energias que condicio-
Nos casos 02 e 03 encontramos o maior dos problemas. Penso que se Deus nam e administram o Universo.
é bom, magnífico, fonte suprema e irretratável do amor e Onisciente, logo
Ele não gera nem pretende a vingança, a ira, dor, o medo, aprisionamento Portanto, Deus não interfere na vida de ninguém, nem a favor e tampouco
ou castigo qualquer para sua Criação. Deus é BOM! Assim aprendi na Um- contra.
banda e por isso sou Umbandista, por me sentir livre e manter uma relação
de amor e admiração a Deus, e não de temor ou culpa. É certo que uma argumentação desta partindo de um sacerdote custa muito
caro, pois o sacerdote não é o “representante” de Deus na terra? Digo que
Afinal, o que é o Livre Arbítrio? Nada mais é que a liberdade de ação no não! Ao menos assim ensina a Umbanda... É muito prepotente acreditar que
mais puro sentido da palavra. O conceito de livre arbítrio é presente em Deus está por aí distribuindo procurações para responderem aos homens
muitas religiões e ensinado o tempo todo nos terreiros de Umbanda. Logo, por Ele. Percebo que Sua maior resposta sobre e para nós seja o fenômeno
se isso é uma verdade incondicional, então o problema é sério. Pois se Deus da vida e toda sua complexidade.
nos criou e nos dotou do livre arbítrio sei então que tudo o que acontece na
minha vida é uma consequência de ações e porque numa ou outra situação Finalizando esta parte quero solidificar a neutralidade de Deus para com
devo aceitar que algo será a VONTADE DE DEUS? sua Criação. Deus ao nos criar e nos dotar com o “crachá” do livre arbítrio
encerra assim sua interferência sobre nós.
Oras, se Deus cria a lei do livre arbítrio e pode a qualquer momento impor
Sua vontade sobre nós, então Ele contradiz sua própria Lei? A respeito do livre arbítrio enquanto liberdade de ação, aproveito para
evocar Aristóteles, que define esta questão assim: “Nas coisas em que a
Como não posso acreditar num Deus contraditório, devo aceitar que o erro ação depende de nós a não-ação também depende; e nas coisas em que
de interpretação é nosso, que somos falíveis e limitados. podemos dizer ‘não’ também podemos dizer ‘sim’. De tal forma que, se
realizar uma boa ação depende de nós, também dependerá de nós não
Penso que Deus em sua infinita sabedoria nos criou e nos deu o livre arbítrio, realizar má ação”.

VOLTAR AO SUMÁRIO
15

ver a lapidação da alma.

LAPIDAÇÃO DA ALMA Todos encarnados vivem vários momentos de “crise” e “dor existencial”, e

Se Deus não interfere em nossa vida, como agir diante à dor? Como reagir nesta hora procuram Deus e religiões, tudo bem, porém a religião deverá

quando sei que não é culpa e nem vontade de Deus e que Ele não poderá nortear o indivíduo ao encontro de si mesmo, pois quanto mais o indivíduo

interceder por nós? se afina com seu compromisso de evoluir, mais facilmente ele se alinha ao

Divino. Sabe por quê? Porque quanto mais alinhado consigo, mais próximo

É aí que encontro a motivação para aquilo que Ele espera de sua Criação, do Divino se encontra, pois o Divino não está fora, mas dentro de cada um

a evolução. de nós.

Normalmente são em momentos de dor e crise que o indivíduo reflete sobre Lapidar a alma requer muito tempo, sinceridade e dor, pois o ferreiro preci-

si, sobre sua condição e percebe sua falibilidade, limitação, e poderá acei- sa muito bater na barra de ferro, incandescer e gelar, pois senão jamais se

tar sua real condição. tem a lâmina perfeita de uma espada real.

Quando num momento de desespero e dor, o indivíduo mais facilmente Portanto, na sua dor existencial você tem duas alternativas: lapidar-se e evo-

pode afastar de si o orgulho, a arrogância, a vaidade e sentimentos que luir ou revoltar-se e nada aprender.

mais o entorpecem e afastam do motivo final de sua existência, que é evo-

luir. Quanto às implicações culturais e “vícios” de linguagem, isso é muito forte

em nós. Hoje mesmo encontrei um amigo que, ao me cumprimentar, pergun-

A dor existencial é a mais importante oportunidade que nós seres humanos tou como estava, ao que respondi: “Tudo ótimo, graças a Deus!?!”

nos colocamos a fim de refletir, e quando com olhos abertos, poder encon-

trar os pontos que necessitam de ajuste para assim feito de verdade promo- Saravá!

VOLTAR AO SUMÁRIO
16 CAPÍTULO 7

apareceu e saudou-nos da diminuta cancela, que nos separava do limiar, abrindo-


-nos passagem.

EXU x Silas no-lo apresentou, alegremente.

KARDECISMO
Era Orzil, um dos guardas da mansão, em serviço nas sombras.
A breves instantes, achávamo-nos na intimidade de pouso tépido.
Aos ralhos do guardião dois dos seis grandes cães acomodaram-se junto de nós,
Salve amados irmãos, é com muita alegria que recebo esta
deitando-se-nos aos pés. Orzil era de constituição agigantada, figurando-se-nos um
oportunidade para falar de Exu e vou aproveitá- la para es-
urso em forma humana.
clarecer um assunto que me parece polêmico: o fato de
existir ou não Exu trabalhando junto às correntes kar-
No espelho dos olhos límpidos mostrava sinceridade e devotamento.
decistas.
Tive a nítida ideia de que éramos defrontados por um penitenciário confesso, a
caminho da segura regeneração.” Ação e Reação - pág. 62
Bem, uma coisa é clara, para todos nós, em sua forma ca-
racterística, eles não incorporam no kardecismo, isso é fato,
“Três guardas espirituais entraram na sala, conduzindo infeliz irmão ao socorro do
mas afinal tem ou não espíritos no grau de “guardiões” a
grupo.” Nos Domínios da Mediunidade - pág. 53
proteger o trabalho Kardecista? Para que cada um julgue e
considere segundo suas concepções do que é um Exu, vou
“Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o assistente
me limitar apenas a transcrever alguns trechos de livros da
nos aproximou, demonstrava superioridade moral.” Nos Domínios da Mediunidade
série “Nosso Lar” de André Luiz, psicografado por Chico
- pág. 251
Xavier:

Bem, não precisamos nos alongar não é, encontraremos o mesmo tema abordado
“De súbito, um companheiro de alto porte e rude aspecto
em várias outras obras de cunho Espírita-Kardecista. Só para citar mais uma, do

VOLTAR AO SUMÁRIO
17

autor J.R.Rochester, que se é polêmico, no entanto, tornou-se um clássico, temos na obra Os Magos um

certo Abin-ari, espírito sem luz que vive de retirar de nosso meio os espíritos rebeldes e “larvais” que

se voltam contra a humanidade.

Espero ter ajudado na compreensão do mistério Exu, que forma uma hierarquia muito forte de trabalhos

espirituais no astral, onde muitas destas hierarquias já estavam formadas antes da Umbanda, mas que

por ela foram absorvidas sem deixar de prestarem o seu trabalho a outras religiões ou grupos espiri-

tualistas. Onde estiver um “guarda do astral”, um “guardião da luz para as trevas”, um “penitenciário

confesso” trabalhando no resgate e proteção entre a luz e as trevas, lá estará o que na Umbanda se
chama Exu, no caso do kardecismo vimos esses guardiões trabalhando no astral, só não têm eles ali a

liberdade de ação que encontram na Umbanda, como incorporar, fazer descarrego, barganhar com

outros incorporados, trabalhar na magia... porque tudo isso não cabe dentro da dinâmica Kardecis-

ta... é próprio de Umbanda...

Um abraço de vosso irmão em Oxalá, Alexandre Cumino.

VOLTAR AO SUMÁRIO
Esse eBook possui direitos autorais. Estão ex-

pressamente proibidas quaisquer outras formas

de utilização ou reprodução tais como: editar,

adicionar, reduzir e praticar qualquer ato de

comercialização.

A violação de quaisquer desses direitos exclu-

sivos do titular, acarretará a sanções previstas

na Lei 5988 de 14/12/1973 artigos 184 e

186 do Código Penal e Lei de Direitos Auto-

rais (Lei 9610/1998).


#EUSOUUMBANDA

Você também pode gostar