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MEDIUNIDADE

NA UMBANDA
EBOOK SEMANA 1
SUMÁRIO
DICAS PARA A LEITURA CAPÍTULO 1
Educação Religiosa
DESSE EBOOK como Instrumento de Evolução.................................................5

CAPÍTULO 2
Escolas Umbandistas
de Desenvolvimento Mediúnico................................................9
Este eBook é um PDF interativo. Isso quer dizer
CAPÍTULO 3
que aqui, além do texto, você também vai en- O Médium.........................................................................12

contrar links e um sumário clicável. CAPÍTULO 4


A Mediunidade...................................................................17

CAPÍTULO 5
Na parte inferior de cada página, temos um Os Mistérios da Mediunidade................................................21

botão que leva você, automaticamente, de vol- CAPÍTULO 6


Tradição ou Ostracismo........................................................26
ta ao Sumário. Assim como no Sumário você
CAPÍTULO 7
pode clicar em cada capítulo e ir diretamente Umbanda e Internet.............................................................29

CAPÍTULO 8
para a parte do eBook que quer ler. Você diz Eu te Amo?...........................................................34
Sempre que o texto estiver assim, quer dizer CAPÍTULO 9
Mediunidade e Você...........................................................37
que ele é um link. Você pode clicar sempre que
CAPÍTULO 10
quiser! Viva Idiotamente..................................................................39

CAPÍTULO 11
Maledicência......................................................................41
APRESENTAÇÃO
Saudações irmã(o) na fé em Oxalá!
É com profunda emoção que iniciamos este ciclo de estudos e convivência.
A oportunidade de refletir, falar, compartilhar e contemplar sobre aquilo
que amamos e nos dá sentido à vida já é imensamente gratificante, entre-
tanto, quando temos a oportunidade deste encontro de centenas de irmãos
espalhados por este planeta a fora, sinceramente, é indescritível.

Quando os mentores responsáveis pela UMBANDA EAD sugeriram a cria-


ção desta plataforma, não imaginei que seria algo tão intenso como tem
sido estes anos...
Por estas e outras é que não medimos esforços em fazer e oferecer o melhor
de nós a você, que é a parte da Banda onde juntos somos Umbanda!

Este estudo é o resultado de observações, vivência, aprendizados, estudos


e revelações que têm por objetivo a semeadura de uma postura crítica e
investigativa a respeito deste sentido que alguns chamam de “dom”, outros
de “sensibilidade”, e outros tantos de “fenômeno”: a Mediunidade.

Superado o período de “inércia” a respeito do tema em nosso meio reli-


gioso, por muitos entre nós acreditarmos que o que já tem publicado e en-
sinado em outras vertentes espiritualistas era o suficiente, abrimos um novo
paradigma que trataremos aqui de “Mediunismo Umbandista”.
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Sabemos que apesar de se produzir pouco conteúdo literário sobre ampliação da sua mediunidade, que é particular à Umbanda. Por
a mediunidade na Umbanda, milhares de sacerdotes estão ensinan- que é assim? Acaso é fruto da imaginação coletiva? Sabemos que
do, orientando, desenvolvendo e potencializando os médiuns que não!
abarcam todos os dias nos terreiros. Esta vivência é inestismavel-
mente rica de saberes e particularidades da prática mediúnica no Se constatarmos que a Umbanda reserva suas particularidades e a
ambiente de terreiro, propriamente da Umbanda. atuação mediúnica do indivíduo no ambiente de terreiro é atípico
comparado a qualquer outro segmento, então chegamos à conclu-
É justamente sobre estes particulares, sobre as especificidades, que são de que algumas coisas “universais” nos servem, outras não, e
trataremos neste estudo; que não tem a pretensão de esgotar o as- mais que isso, temos um universo próprio, específico e de infinitas
sunto, mas tão somente dar início à produção de uma identidade possibilidades.
própria à mediunidade de terreiro, criar um campo fértil onde todos
nós somos partícipes desta semeadura que germinará uma nova Estudar mediunidade umbandista é emergencial, necessário e per-
realidade para um futuro próximo, onde os novos mediadores que tinente!
abarcarão nos terreiros poderão encontrar uma estrutura específica
Este estudo não tem contraindicação, não tem a intenção de ditar
para o desenvolvimento e prática de sua mediunidade umbandista.
regras ou confrontar com as práticas individuais e particulares aos

O desenvolvimento mediúnico na Umbanda é diferente de qualquer terreiros, de modo que está para tratar de um assunto comum a
outro meio. Os espíritos na Umbanda utilizam-se de instrumentos e todos os terreiros, a mediunidade umbandista.
preceitos que só encontramos na Umbanda. O médium na Umban- Seja bem vindo à Evolução e bons estudos!
da deve seguir preceitos diversos de preservação, manutenção e Rodrigo Queiroz

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CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO RELIGIOSA
“Fazia algum tempo que o João conheceu um terreiro de Umban-
da, lá dentro ele sentia-se muito bem, era como se tivesse em casa.
Pensava que realmente tinha encontrado Deus. Era tudo bonito

COMO INSTRUMENTO
para ele, gostava do som dos atabaques, as danças, enfim...
João fora informado que na Umbanda tudo o que alguém precisa
saber os guias ensinam e que portanto não precisa se preocupar

DE EVOLUÇÃO em buscar compreender todo aquele Universo simbólico e profun-


do que existe no terreiro e na Umbanda.

Por Rodrigo Queiroz Após um tempo João encontrou dois grandes amigos de infância
numa festa, e após muito papo o José lhe perguntou se ele pratica-
“Mas ouço clamar de todas as partes: não raciocinai! va alguma religião.
O oficial diz: não raciocinai, mas fazei exercício!
O conselheiro financeiro diz: não raciocinai, mas pagai! João respondeu naturalmente que estava frequentando um terreiro
O padre: não raciocinai, mas crede!” de Umbanda, o que provocou um susto nos amigos, que lhe inda-
– Kant – garam:
- Mas meu amigo, isso é macumbaria, porque foi procurar um
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lugar destes? - João, quais as crenças da Umbanda? Como que vocês explicam
- É isso mesmo João, eu já fui num lugar destes e o que vi não pode a criação do mundo, de onde viemos,
ser de Deus! para onde vamos? Qual a bíblia de vocês?
- Vocês estão enganados, é muito bom, só recebo bons conse- - Ora amigos, meu guia ainda não ensinou estas coisas... - João
lhos, estou feliz! tentou desviar do assunto já
- Mas é isso que eles fazem, enganam e iludem para depois levar envergonhado por não ter as respostas.
pro inferno. - Hã?!? Sei lá João, você é meu amigão e estou preocupado com
- João, está na bíblia que Deus não precisa de intermediários, para você, pense no que falamos, você pode
que então estes espíritos ficam estar sendo enganado. Procure uma igreja, pare com este atraso de
baixando nestes lugares? vida, veja, você nem consegue responder nossos questionamentos,
- Bem, é que precisam evoluir... isso é muito estranho...
- Evoluir? Por que não evoluem lá de onde estão? Para que tantos
“deuses”? João encerrou o assunto, depois da festa voltou para casa e antes
- Não são “deuses”, são Orixás. de dormir ficou pensando no ocorrido. Aquilo o incomodou demais
- É? E o que são Orixás? e considerou que seus amigos realmente poderiam estar corretos.
- Bem... São...
- Estes tais Exus, que se contorcem, bebem etc. Isso é exemplo de Como João não gosta de incertezas e de sentir-se envergonhado
evolução? por não saber falar sobre algo que lhe parecia bom, então achou
por bem “dar um tempo” ao terreiro”.
- Estão aqui para nos ajudar...
- Mas são os mesmos que lá na Igreja que eu vou falam que vem
Neste caso hipotético temos o retrato de que todo aquele que não
destruir as pessoas.
conhece sua religião fica sujeito a perder sua religiosidade, e esta
- Mas... fragilidade se dá de variadas formas, provocando no fiel a dúvida

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sobre a legitimidade espiritual daquilo que se, por um lado fala ao coração,
por outro não corresponde à razão.

Em tempos de rápida evolução tecnológica e facilidade de informação, nós


humanos, que somos naturalmente seres racionais e precisamos usar esta con-
dição para justificar nossa natureza, não conseguimos permitir que sejamos
envolvidos por algo apenas pelas emoções, pois cedo ou tarde a razão cobra
do coração uma satisfação sobre os caminhos e escolhas que estão sendo
definidos.

Também vivemos um período de “guerra santa midiática” e este confronto é


definido através de argumentos e convicção racional das opções definidas
pelos indivíduos. Portanto, não sou Umbandista meramente porque gosto do
ambiente do terreiro, das pessoas, do cheiro, do som e do entrosamento com
os espíritos.

Sou Umbandista porque sua Ciência (teologia) e sua visão cosmológica sobre
a existência alimentam minha necessidade racional de saber sobre a origem
das coisas, sobre Deus e sua atuação no Universo.

Sou Umbandista porque me sinto livre e responsável por mim, porque aprendi
estudando-a que não temos prisões conceituais, e que ser livre em pensamento
e atitudes é na verdade o maior desafio na experiência humana.

Sou Umbandista convicto, em paz e envolvido, porque através de profundos


estudos dentro da religião encontrei respostas coerentes para entender a dinâ-

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mica de um terreiro, fundamentos para os ele- mente completo na minha busca à evolução padrões de comportamento que por vezes me
mentos utilizados, compreensão sobre o que espiritual. criam situações desagradáveis.
é a magia da Umbanda e aprendi inclusive a
entender tamanha diversidade dentro de uma Falando em evolução espiritual percebi desta Por fim leitor, eu aprendi a aprender e digo a
religião tão nova e territorialmente pequena. forma que somente através de uma educação você que busque o conhecimento sobre esta
religiosa é que de fato possibilitamos a evo- religião para sentir-se religioso e não permi-
Contudo, sou Umbandista porque me livrei da lução, pois entendi que ir ao terreiro, rezar, ta que ninguém lhe iniba nesta busca, pois a
amarra de ficar esperando as respostas caírem cantar, dançar etc. não garantem a evolução busca ao saber é pessoal, intransferível, um
do “céu” e fui motivado a ser um buscador, de ninguém, apenas possibilitam exercitar a patrimônio só seu, ninguém pode interferir na
e ao alcançar posso ser um facilitador para religiosidade que só está naqueles que real- busca de ninguém, pois se assim age é porque
todos aqueles que sinceramente buscam. mente entendem a religião, sua crença, seus pretende mantê-lo na mesma treva da ignorân-
preceitos, suas dinâmicas e sua visão cosmo- cia que ele se encontra.
Não sou Umbandista pelas emoções ou por- lógica da existência, pois quando nada disso Assim busque sua educação religiosa e acesse
que vi coisas espetaculares que até “Deus du- eu sei, logo quando um grande conflito me ferramentas que possibilitarão a tal almejada
vida”, porém sou Umbandista porque ao co- acometer, serei provocado a buscar uma “re- evolução, e ao alcançar uma consciência re-
nhecer e estudar esta religião fui imantado de ligião mais forte” ou coisa do tipo, pois não ligiosa, você sentir-se-á Umbandista de fato.
tanto saber que minha alma ficou em paz, pois terei aprendido que de nada adianta buscar Eu, ao buscar e encontrar o saber, entendi que
a falta de coerência que eu encontrava em forças externamente e que, como ensina as tudo o que sei é pouco e, portanto, aprendi
outras vertentes religiosas foram na Umbanda lições da Umbanda, nós temos a força den- que ainda que eu possa contribuir na busca de
supridas e assim me senti Umbandista, a tal tro de nós, e Deus atua na Umbanda como outros eu sou um eterno aprendiz...
ponto que me sinto apaixonado e emocional- em todo lugar, eu é que devo modificar meus Grande abraço, saravá!

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CAPÍTULO 2
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ESCOLAS UMBANDISTAS
DE DESENVOLVIMENTO
MEDIÚNICO
Por Rubens Saraceni e
Alexandre Cumino

Muitos anos atrás Pai Benedito de Aruanda, em um dos livros psicogra-


fados por mim, revelou-nos isso: de cada 100 crianças que nascem, 30
delas já trazem alguma faculdade mediúnica (ou várias) já madura e pre-
cisarão ser orientadas corretamente para colocá-la a serviço dos seus se-
melhantes e auxiliá-los.

As faculdades mediúnicas mais ostensivas são as de incorporação, de


clarividência, de intuição e de sensitividade, que também são as de mais

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difícil domínio porque se não forem devidamente colocadas sob controle do ser quando na mais tenra idade (do 1o aos sete anos de idade).
consciente dos seus possuidores acabarão prejudicando-os e atrapa- Sobre isso aqui comentado há farta literatura, tanto espírita quanto mé-
lhando-os em vários aspectos de suas vidas e, mesmo, segregando-os dica, e só me servi do muito que já li sobre o assunto.
no seio de suas famílias, sendo que muitos se tornam frequentadores de
consultórios médicos (psicólogos, psiquiatras, neurologistas etc.) ou de- Pois bem, baseado no que eu já sabia e na informação de Pai Bene-
pendentes de drogas e bebidas ainda na juventude, porque se sentem dito de que trinta por cento da população possui alguma faculdade
diferentes das outras crianças ou dos outros jovens. mediúnica já amadurecida em vidas passadas e no período em que o
espírito viveu no astral, há cerca de quinze anos comecei a estimular os
Faculdade mediúnica fora de controle em uma criança, em um jovem dirigentes de Umbanda a abrirem seus centros em um dia específico só
ou adulto torna-o infeliz, perturbado espiritualmente e desequilibrando para acolherem essas pessoas com faculdades mediúnicas ostensivas, e
psicologicamente, atrapalhando o desempenho no estudo e no traba- tanto orientá-las e auxiliá-las no domínio consciente delas, quanto incor-
lho, podendo em muitos casos levar a pessoa à perda da razão e da porá-las religiosamente às suas vidas como um dom do espírito que deve
capacidade de separar o lado espiritual de sua vida do lado material, ser colocado a serviço do próximo de forma correta para, aí sim, essas
sendo que não são poucos os relatos na literatura espírita de pessoas pessoas serem úteis com algo que possuem e que demorou muito tempo
que foram internadas como “loucas” ou “desajustadas”. para adquirirem: o dom mediúnico.

Não que não existam casos como esses devido a desequilíbrios bioquí- Ensinei isso, ensino e sempre ensinarei, e sempre lembrarei os dirigentes
micos e psicológicos, esses últimos por má formação e má orientação de centros de Umbanda que uma semana tem sete dias e que podem

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usar um dia só para o estudo da Umbanda e do desenvolvimento mediú- mulado os dirigentes umbandistas a darem à mediunidade o mesmo va-
nico das pessoas, principalmente dos que têm a faculdade de incorporar lor que sempre deram a ela os nossos irmãos espíritas, com suas escolas
os espíritos. de desenvolvimento mediúnico criadas há 150 anos pelos semeadores
do espiritismo, tendo à frente deles Alan Kardec que, para mim, é um
Eu me baseei no que é feito regularmente no espiritismo e em muitos cen- dos maiores luminares da humanidade.
tros de Umbanda, onde o desenvolvimento da faculdade de incorporar
espíritos é feito em dias específicos quando o centro não recebe consu- O desenvolvimento mediúnico organizado e bem conduzido tem o apoio
lentes nem suas cargas espirituais, que de alguma forma perturbam os da espiritualidade superior e tanto nos centros espíritas quanto nos de
médiuns iniciantes, ainda vulneráveis à presença de espíritos trevosos ou Umbanda as aulas e práticas mediúnicas são assistidas e orientadas por
sofredores, que tanto interferem e bloqueiam suas incorporações quanto espíritos mentores, muitos deles ligados aos médiuns que estão começan-
os deixam mal e com tonturas, dores de cabeça ou no corpo, náuseas do a desenvolver um método consciente de dominar suas faculdades e
etc. colocá-las em ordem para que, posteriormente, possam participar com
firmeza e segurança das sessões de atendimento espiritual aos consulen-
Não inventei escolas de desenvolvimento mediúnico, apenas tenho esti- tes do centro que frequentam.

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CAPÍTULO 3

O MÉDIUM
entender sua mediunidade, incapacidade em lidar com os aspec-
tos mediúnicos de sua religiosidade, gênio agressivo, não atenção
ao seu mediunismo que afeta seu sistema nervoso, impetuosidade,
Por Rubens Saraceni desarmonias domésticas, incapacidade de assumir uma postura “ín-
tima” de respeito às normas dos templos, não assimilação natural
das orientações doutrinárias, fobias etc.
O médium é o elo mais frágil de uma corrente espiritual porque muitas das
suas dificuldades materiais ou desequilíbrios emocionais interferem no seu
Saibam que as dificuldades materiais são temporárias, e assim que
desenvolvimento mediúnico ou suas práticas espirituais.
o médium superá-las recuperará seu entusiasmo e desejo de ser útil
aos seus semelhantes.
As dificuldades materiais são: o desemprego, dívidas, insatisfação com o
atual emprego, dificuldades nos negócios, empreitadas que não dão cer- Já os desequilíbrios emocionais são de difícil solução porque, em
to, prejuízos inesperados, doenças familiares etc. Os desequilíbrios emo- certos aspectos, as pessoas não se apercebem da existência deles,
cionais são: discórdias familiares insolúveis, rebeldia, imaturidade para e até acham que é implicância dos outros, quando os alertam para
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que se trabalhem e aperfeiçoem-se nos campos onde mais eles são condição: a de membro ativo de uma corrente espiritual.
visíveis. Até tem aqueles que, caso insistamos nos alertas, revoltam-se
e começam a vibrar ódio ou antipatia por quem só os está alertando E mesmo os espíritos que irão atuar através do novo médium terão que
porque quer vê-los bem e em harmonia com a vibração da corrente adaptar-se à corrente que os recebeu e os aceitou como seus novos
sustentadora dos trabalhos espirituais. membros.

Normalmente, o médium novo vai sendo modelado pelo comporta- Então é comum surgirem insatisfações de ambos os lados, tanto a cor-
mento dos mais velhos. Mas, por possuir sua natureza íntima, também rente espiritual quanto os doutrinadores, o novo médium e seus guias
vai modelando-a segundo o novo em sua vida que lhe está sendo costumam chocar-se, pois o novo tem dificuldade em submeter-se ao
mostrado. mais velho, tanto quanto este tem dificuldade em lidar com quem não
se “enquadra” automaticamente numa postura e comportamento já se-
A partir destas duas “modelagens” aflorará um médium equilibrado e dimentado no tempo e tido como norma de conduta dentro do espaço
capaz de manter sua individualidade e integrá-la naturalmente à cor- religioso construído a duras penas e sustentado com muito esforço pela
rente a que pertence. corrente espiritual e pelos médiuns mais antigos, que há anos estão
sustentando com amor e dedicação integral todo um trabalho em be-
Mas em muitos casos a formação religiosa anterior do médium trabalha nefício da coletividade.
contra ele, já que ele internalizou comportamentos dissonantes com a
doutrina que está sendo passada nesse novo estágio de sua evolução O médium novo, ou se intimida e bloqueia seu próprio desenvolvimen-
espiritual. Ele nada faz para assumir uma postura mais afinizada com to mediúnico e sua efetiva integração ao corpo mediúnico da casa, ou
sua nova condição religiosa, pouco contemplativa e bastante ativa, tenta impor dentro dela seus distúrbios comportamentais e seus vícios
pois não está indo ao seu centro só para rezar e sim para “trabalhar”. emocionais, também se desarmonizando e bloqueando o aflorar natu-
ral de duas faculdades mediúnicas.
O médium tem dificuldade em entender que todo o seu psiquismo
precisa ser trabalhado lentamente e ir sendo adaptado à sua nova Temos também o caso de médiuns experientes, mas que não adquiri-

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ram maturidade, e que por isso mesmo tentam impor aos mais novos sua vasta experiência, esquecendo-se de que ela é sua e só sua, e não pode
ser passada integralmente ao médium novo, pois este só conseguirá internalizar e incorporar as experiências espirituais que vier a vivenciar em si
ou através de si.

Temos também o caso dos médiuns que já realizaram outras práticas místicas, iniciáticas ou espiritualistas, e, ao invés de guardá-las para si até in-
corporarem novas práticas, já aprovadas e comprovadamente eficazes pelo espiritismo de Umbanda, tentam remodelá-las, ou seja, tentam adaptar
as práticas de Umbanda às suas práticas espiritualistas anteriores.

Com isso, criam uma miscelânea que só na cabeça deles está ordenada, se é que está, mas para os que o acolhem tudo parece confuso. Mas, se
isto acontece, é porque temos dificuldades em entender o universo religioso como muito parecido com o de um estudante universitário que deixou de
estudar química e começou a estudar matemática pura. Neste caso, tanto a química quanto a matemática pura lidam com valores, mas aplicados
em campos diferentes. Embora, assemelhem-se porque lidam com “números”, no entanto, eles não estão dizendo a mesma coisa.

Então o médium já desenvolvido, que por al- ver os novos valores da casa que o acolheu, zadas antes de sua chegada, então serão ab-
guma razão trocou de centro, tem de entender adaptando-se às suas normas comportamen- sorvidos e integrados naturalmente às práticas
que mudou o campo onde aplicava seus va- tais, como ainda tentar impor os seus a quem da casa que o acolheu.
lores e entrou em outro onde eles não têm a já está com seus valores “assentados”.
mesma grandeza ou aplicação, pois no novo Uma outra recomendação que fazemos aos
centro eles têm a grandeza e as aplicações Recomendamos a quem está entrando em médiuns, tanto aos novos quanto aos mais
que hes deu quem os desenvolveu. uma casa que primeiro a conheça e às suas antigos, é que vigiem seus pensamentos em
práticas espirituais, assim como as absorva e relação a tudo e a todos, pois a espirituali-
O correto, neste caso, é o médium incorporar integre às suas, e só depois de aceito e inte- dade os ouve e seu próprio mentor aplicará
os novos valores e suas aplicações, e enrique- grado plenamente às correntes mediúnica e corretivos religiosos, caso o médium vibre an-
cer ainda mais suas práticas espirituais, pois espiritual, aí sim, ofereça seus valores para tipatia por seus irmãos de fé, caso fique “fuxi-
sempre terá em si mesmo os seus antigos valo- apreciação. E caso sejam aceitos como posi- cando” pelas costas de alguém de quem não
res espirituais. O errado é não só não absor- tivos e fortalecedores das práticas aí já reali- gosta, caso fique vaidoso, soberbo etc. Se um

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mentor, que é um espírito de alta evolução, se digna incorporar num mediúnicas para dar-lhes Seu amparo e redirecioná-los na evolução
corpo físico, às vezes cheio de toxinas nocivas ao seu sutilíssimo corpo religiosa. Sim, é um amparo divino e ajuda o médium no sentido de
energético, com certeza não aceitará incorporar em um médium cujo “reeducar-se”. Assim ele voltará a manifestar o êxtase mediúnico e a
mental é um depósito de pensamentos negativos. E aí, a solução é o ficar mediunizado, mas sob uma nova explicação para o fenômeno
mentor lançar mão de um recurso extremo, que é confiar seu médium da sua mediunidade: fica possuído pelo “Espírito Santo de Deus”.
a um espírito pouco evoluído, para que este cuide dele, pois ainda
suporta a vibração de pensamentos negativos. Mas, em último caso, o O fato é que continuam incorporando ou ficando mediunizados, mas
mentor recolhe-se à sua faixa vibratória na Luz e confia o seu médium o processo tem uma nova explicação, e não raro são ótimos médiuns
à Lei Maior e à Justiça Divina, que o assumirá efetivamente, e daí de apoio aos seus sacerdotes, que também são médiuns fugitivos ou
em diante o médium só irá incorporar espíritos afins com seu padrão inconscientes de sua mediunidade.
vibratório e moral. E quase sempre são “eguns” fora da Lei que atuam
nesses médiuns ou são quiumbas, obsessores, zombeteiros, persegui- Portanto, recomendamos isto a você, médium novo ou médium já ama-
dores, vingativos etc., que levarão o médium a um tormento ou ao durecido: vigie-se e procure conhecer-se. Descubra se está integrado
descrédito. E não raro, após este recolhimento do mentor, o médium à corrente mediúnica que o acolheu e se foi aceito pela corrente espi-
que foi reprovado entra numa fase de descrença e desencanto com ritual do centro que frequenta.
sua mediunidade, afastando-se dos centros. Então vai procurar auxílio
em alguma outra religião onde qualquer contato com o mundo espiri- Seja um médium consciente dos seus deveres, pois mediunidade é
tual é condenado. sinônimo de sacerdócio e trabalho espiritual é sinônimo de atuação
dos espíritos santificados no respeito e fé em Deus e no amor à huma-
Saibam que Deus não desampara ninguém em momento algum, e re- nidade, pela qual continuam a trabalhar mesmo vivendo no mundo
colhe Seus filhos médiuns nestas religiões contrárias às manifestações dos espíritos.

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Médium, saiba que você, inconscientemente, pode ser o elemen- Médium novo ou já amadurecido lembre-se de que mediunidade
to de desagregação de correntes de trabalhos espirituais, caso é sacerdócio, e caso não consiga ser um “grande” médium, ao
não domine seus instintos, sua intolerância para com a deficiência menos tente ser um ótimo exemplo de religioso, pois Deus o recom-
alheia, sua incapacidade de entender como um sacerdócio essa pensará com Seu divino e amoroso amparo religioso.
sua mediunidade, e insista num comportamento desrespeitoso e
numa postura antirreligiosa. Quanto aos médiuns que só têm voz para criticar os trabalhos espi-
rituais ou seus irmãos na corrente mediúnica, estes estão perdendo
seu tempo, porque a luz que conquistam durante os trabalhos per-
Lembre-se de que seus irmãos encarnados não têm como ver seu ín-
dem-na com o desserviço que prestam às trevas da discórdia.
timo e nem podem ouvir seus pensamentos. Mas, tanto Deus quanto
seus mentores podem, e tudo farão para auxiliá-lo neste seu sacer-
Quanto aos que acham que já fazem muito, indo só aos trabalhos
dócio.
espirituais e não se preocupando com as necessidades da casa ou
dos seus irmãos, na mesma medida receberão da espiritualidade
Mas, caso você insista em um comportamento “mundano” e numa
em geral, e dos seus mentores, quando suas provações os assober-
postura antirreligiosa dentro de uma corrente espiritual, com certeza barem.
só incorporará espíritos “imundos” e movidos pelo desejo de de-
sagregarem os centros espíritas, pelo ódio que sentem da Luz por Médium, reflita porque a harmonia da casa que você frequenta
terem se coberto com o sombrio manto da ignorância acerca das depende do seu equilíbrio emocional e mental e também de muito
formas de Deus atuar em nossa vida religiosa. bom senso, porque mediunidade é um sacerdócio espiritual.

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A MEDIUNIDADE
Por Rubens Saraceni

A mediunidade é a qualidade de toda pessoa que é médium. As


faculdades mediúnicas têm muitas formas de aflorarem e costumam
processar-se em diferentes níveis conscienciais, e até níveis sub ou
hiperconscientes.

Alan Kardec pesquisou a fundo os mais diversos tipos de faculdades


mediúnicas e ordenou as manifestações, que até então eram tidas
como tabus ou como possessões malignas. Muitos que mantêm esse
juízo até hoje, ainda que a maioria admita que os espíritos podem se
comunicar conosco se dispuserem de veículos apropriados (médiuns
desenvolvidos).

Saibam que na antiguidade as pessoas portadoras de mediunidade


eram tidas na conta de fenômenos ou de pessoas especiais.

Mas, o Cristianismo, que no início cultivava as faculdades mediúnicas


de inspiração e incorporação, quando pessoas ficavam possuídas

CAPÍTULO 4 VOLTAR AO SUMÁRIO


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e falavam outras línguas ou transmitiam mensagens, codificava-as O culto aos Orixás é anterior ao Cristianismo, e o fundamento prin-
como manifestações do Espírito Santo de Deus, tal como antes o cipal do culto de nação é a incorporação de seres naturais que
Judaísmo já havia feito para explicar os seus profetas. nunca encarnaram.

Mas a mediunidade é tão velha quanto o próprio ser humano, e As antiquíssimas tribos africanas tinham seus sacerdotes que rea-

na Grécia antiga existiam templos dedicados aos deuses, onde lizavam rituais onde, com o auxílio de instrumentos de percussão
(tambores, adjás etc.) induziam seus membros ao transe mediúnico,
médiuns femininos (as pitonisas) faziam a fama deles quando acer-
quando então eram possuídos pelos seus Orixás individuais.
tavam nos oráculos emitidos, como provocavam sua ruína caso fa-
lhassem continuamente.
O mesmo faziam há milênios os índios americanos, cujos pajés se
comunicavam com os espíritos de seus antepassados e os consulta-
Portanto, temos na mediunidade um recurso para nos comunicarmos
vam em caso de calamidades naturais ou guerras tribais, tal como
com o outro lado da vida, e para recebermos mensagens que muito
faziam os gregos, quando queriam resposta às calamidades ou às
nos auxiliam. Os espíritos, sempre que podem, recorrem a médiuns
guerras que iriam travar com seus inimigos. Logo, só com isso, cai
para nos alertar e nos afastar de caminhos sombrios. por terra o mote mais usado pelos não-médiuns, que acusam os
médiuns de pessoas possuídas pelos “demônios”.
Logo, ternos na mediunidade um elo de comunicação com todo um
plano da vida que é invisível à maioria e só uns poucos clarividen- Daimon, em grego, significa unicamente espírito e, se consultavam
tes podem vê-lo e descrevê-lo. os daimons através das pitonisas, só estavam consultando espíri-
tos regidos pelas suas divindades, pois os oráculos eram emitidos
Saibam que a mediunidade de inspiração e de incorporação são dentro de seus templos. Portanto, nada tem a ver com a conotação
as mais comuns, e suas práticas são tão antigas que a origem delas pejorativa que a igreja Católica deu a esta palavra grega que
se perde no tempo. significa espírito, e que nos dias de hoje é reforçada e distorcida

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pelos ”evangélicos”, muitos dos quais são médiuns inconscientes, ou suas festas religiosas, onde, nos dias que a antecedem, toda a tribo
semiconscientes, pois manifestam espíritos que, entre outras coisas, começa a preparar-se. São ocasiões onde entram em êxtase e se co-
falam outras línguas. locam em comunhão com os seus ancestrais.

Alan Kardec descreveu muito bem esta faculdade mediúnica, classifi- Eles não têm um conhecimento da mediunidade, mas ficam possuídos
cando-a como só mais um tipo de mediunidade, comum a muitos mé- quando realizam suas danças rituais. E tanto isto é comum entre eles
diuns, mas não a todos. Portanto, não há nada de novo nesse campo que os espíritos de índios foram alavancadores da Umbanda, já que
desde que esse mundo é mundo. Certo? incorporavam nos médiuns, mesmo estes não tendo conhecimento do
que estava acontecendo, porque desconheciam esse fenômeno. En-
Afinal, muito antes do advento do Cristianismo a mediunidade era tão, apavorados, comam até os velhos benzedores negros ou até os
um fenômeno muito conhecido e era uma faculdade espiritual à qual nascentes centros espíritas.
recorriam muitas religiões durante seus rituais. Ainda que em muitas
delas, as incorporações acontecessem só durante seus rituais, onde as Hoje, poucos se dão ao trabalho de refletir sobre a forma ordenada
pessoas antes eram levadas a um estado de semiconsciência através corno os espíritos se manifestam nos centros de Umbanda, Espiritismo,
da ingestão de certas bebidas alucinógenas ou entorpecentes, predis- e até mesmo de Candomblé, onde até a possessão é toda ordenada
pondo-as à entrega do corpo físico aos espíritos, que os tomavam e e as incorporações acontecem de forma consciente e sempre coman-
realizavam toda uma dança ritual, da qual participava toda a tribo. dada pelo babalorixá ou ialorixá dirigente, que ora ordena que os
médiuns incorporem uma linhagem de Orixás, para a seguir chamar
Bem próximo de nós temos o exemplo dos índios brasileiros, que têm outra linhagem.

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20

Quem quiser crer que no passado tudo era assim, bem ordenado, vam de forma consciente a mediunidade que possuem.
que creia. Mas, que não era, isso não era. Sim no passado, tanto
na África, quanto aqui no Brasil, quando iniciavam os “toques”, só Ainda que tenha passado despercebido a todos, o fato é que, até
uma divindade era chamada a se manifestar, e todo o culto girava as manifestações estão sendo aperfeiçoadas e adaptadas ao atual
em torno dela, a divindade da tribo. grau de evolução do plano material, racionalista e científico. O
grau anterior era emotivo e religioso.
Se observarem bem, perceberão que aconteceu urna transição,
durante a qual as antigas e incontroladas possessões espirituais
Portanto, mediunidade, nos dias atuais, já faz parte do dia-a-dia
foram sendo ordenadas e colocadas sob controle dos dirigentes
das pessoas e não é mais o tabu de alguns séculos atrás, quando
dos trabalhos espirituais ou dos cultos de nação, pois hoje em dia
médiuns eram torturados, presos ou queimados nas fogueiras da In-
os Orixás dos médiuns não só obedecem ao comando dos encar-
quisição, que os julgava bruxos, feiticeiros ou seres possuídos pelo
nados durante as manifestações, como só se manifestam dentro
dos locais destinados ao culto a eles. E o mesmo vem acontecendo “demônio”.

com os espíritos, que têm evitado as possessões desordenadas em


seus médiuns ainda inconscientes, preferindo que eles participem Hoje, mediunidade é só uma forma de acelerar a evolução espiritu-

de reuniões de estudo sobre os fenômenos espirituais e desenvol- al, tanto dos médiuns quanto dos espíritos.

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CAPÍTULO 5

OS MISTÉRIOS
não conseguiu. Então recorre a um benzedor porque está desespera-
do, angustiado ou aflito.

DA MEDIUNIDADE Aqueles que vão porque creem, vão porque têm fé no poder dos
benzedores e ao primeiro sinal de dificuldades os procuram. Já os do
segundo caso, estes só vão porque nada mais lhes resta.
Por Rubens Saraceni
Então dizemos que uns vão por amor (têm fé) e outros vão pela dor
Saibam que todo mistério é emanado por Deus e manifesta-se nas
(estão aflitos).
pessoas como dons do espírito.
Algumas pessoas têm o dom de orar e são benzedores. Outras têm o
Mas, por que os benzedores têm esta capacidade e com poucos
dom de ensinar e são instrutores etc.
recursos materiais curam onde a toda poderosa medicina fracassou?

Mas no campo religioso, os dons assumem um caráter especial porque


Bom, os mistérios de Deus são mesmo divinos, e têm um poder único
quem procura uma pessoa ungida por um dom, só procura porque crê
emanado por Ele para atuar através das pessoas. Somos parte Dele
que será ajudado, ou porque já tentou solucionar seus problemas e
e podemos manifestar Seus mistérios através dos dons que Nos con-

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cedeu. da, Candomblé, benzedores, igreja católica, budismo, esoterismo,


etc., e não deram certo em nenhum lugar. Então foram recolhidos
Agora, afora os manifestadores naturais dos dons, e que geralmente ao reformatório cristão e logo decoraram alguns salmos ou epístolas
são benzedores ou paranormais, temos as pessoas que são mé- e arvoraram-se em únicos “salvos”, como se ao resto da humanida-
diuns e que são manifestadoras dos dons dos espíritos. de não reste outra coisa senão as trevas.

Estas pessoas sempre existiram e sempre existirão porque é uma Mas estes tolos de boa fé se esquecem que foram levados pela
faculdade muito comum, combatida pelos sacerdotes das religiões dor ao reformatório cristão, justamente porque não davam ouvidos
abstratas ou mentalistas. aos alertas que recebiam por onde passavam, só lhes restando o
caminho da reforma mental e emocional. Mas não se emendam
A inquisição católica combateu com a tortura, a humilhação e a mesmo e procedem como a raposa da fábula, que ao não alcançar
fogueira as pessoas portadoras dessa faculdade mediúnica, esque- as uvas (os dons) virou-lhes as costas dizendo que estavam verdes!
cendo-se que seus santos milagreiros nem sempre resolviam os pro- É o típico caso de criticar aquilo que não conseguiu conquistar ou
blemas dos católicos, que corriam em busca dos benzedores, dos mesmo não entendeu nada do que lhe foi transmitido. Autointitulam-
curandeiros, dos magnetizadores... e dos charlatães. -se como “Povo de Deus”, como se Deus os tivesse ungido e con-
denado o resto da humanidade ao inferno. Para nós, são uns tolos
O padre tudo podia e não admitia concorrência em sua área de iludidos pelos falsos pastores.
atuação. E porque os outros eram mais eficazes, então os excomun-
gava, os amaldiçoava e os perseguia, esquecendo-se que Jesus Bem, até aqui fomos bastante críticos porque a ignorância sobre as
Cristo foi um médium curador, um magnetizador, um benzedor, e coisas divinas é imensa, e pessoas em diferentes religiões praticam
um religioso perseguido pelos rabinos de então, que nunca aceita- a mesma coisa, mas cada um acha-se o dono da verdade e deten-
ram sua magnífica divindade. tor único do acesso a Deus, aos seus mistérios e ao paraíso ou céu.
Hoje temos os novos inquisidores, que são os “evangélicos”, que Então o melhor a fazer em religião é deixar os adeptos das outras
em sua maioria já frequentaram centro espírita, centro de umban- em paz e procurar aprender e evoluir naquela que mais nos atraiu e

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melhor nos fala de Deus e de seus mistérios. dele ajudam muitas pessoas. Sim, os espíritos tam- um comportamento estranho a quem a conhece,
bém têm seus dons pessoais, aos quais manifestam mas que para ela é imperceptível e nem nota sua
Sim, só quando um mistério é apreendido por nós quando incorporam em seus médiuns mudança, pois crê que tudo se deve ao que a de-
é que conseguimos ativá-lo em nosso benefício ou sagradou naquele momento.
dos nossos semelhantes. Mas o mais difícil é esta Observem que dissemos que um médium tem seu
apreensão, pois a maioria das pessoas sabe que dom pessoal, mas que, além dele, tem a faculdade Portanto, mediunidade é um dom e deve ser lapi-
há os dons do espírito mas não sabe como são e de manifestar os dons dos espíritos que o procu- dada até tornar-se pura e só refletir os dons dos
porque uns os manifestam e outros não. ram, nele incorporam, e através dele auxiliam mui- espíritos superiores ou dos espíritos ordenados pela
tas pessoas. Lei, que rege esta faculdade paranormal.
Saibam que, se todos os mistérios provêm de Deus,
no entanto Ele nos facultou a incorporação deles e — Quem são os médiuns? Entendam que muitas pessoas são médiuns, mas
seu uso posterior em benefício dos que nos procu- — Os médiuns são pessoas que possuem uma fa- nem todas lidam corretamente com esta sua facul-
ram. culdade que possibilita que um espírito vibrando dade.
num grau magnético ocupe o seu corpo físico que
Tem sido assim sempre, e médiuns curadores têm vibra em outro grau magnético. Só assim, em graus Pesquisem um pouco e descobrirão que o xamanis-
dado provas de que são manifestadores de qua- magnéticos diferentes, dois corpos podem compar- mo, a pajelança, a feitiçaria, etc., são mais antigos
lidades únicas no campo dos fenômenos paranor- tilhar de um mesmo espaço, sem se desequilibrarem que as atuais religiões.
mais ou mediúnicos. emocionalmente.
Saibam que as religiões são uma forma de orde-
Mas um médium de incorporação não é só um ma- Ou vocês nunca notaram que algumas pessoas ob- nação das faculdades e dos dons das pessoas, e
nifestador do seu dom. Não! Ele, por ter o dom de cecadas por possuírem mediunidade, manifestam nada mais.
incorporar espíritos manifestadores de seus dons, emocionalmente os espíritos que as obsediam? Tendo isto em mente, então deixarão de existir mo-
então é um portador da faculdade de manifestar Sim, isto acontece e a pessoa tem dupla persona- tivos para disputas pessoais e verão que a dois mil
“os dons dos espíritos”... que o procuram e através lidade, pois hora é ela mesma e noutra hora tem anos atrás, quando Jesus comovia multidões com

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suas pregações e induzia ao êxtase místico todos os que o assis- co Xavier e outros espíritas excepcionais como seus profetas, pois
tiam e que possuíam mediunidade, os pajés que aqui viviam tam- eles não são inferiores em nada aos profetas bíblicos, e até são su-
bém induziam tribos inteiras ao êxtase mediúnico em suas danças periores, pois tinham, ou têm, noção do que recebem via intuição
religiosas. E o mesmo faziam os curandeiros africanos e os xamãs ou inspiração, e diferenciam os seres superiores (Anjos, Arcanjos,
siberianos. Tronos etc.) e não caem na falácia de afirmarem que viram ou
falaram com Deus.
O dom de incorporação é tão antigo quanto à própria humanida-
de e a maioria dos profetas eram médiuns. Mas como os israelitas Mas, como em religião o que importa é a impressão causada, de
combatiam a mediunidade, pois interessava aos seus sacerdotes vez em quando ouvimos uma pessoa dizendo que viu Deus e até
mentalistas e abstracionistas, então pessoas paranormais eram clas- conversou com Ele frente a frente. Assim!
sificadas como “profetas”, pois prediziam o futuro ou davam alertas
corretos, pois eram intuídos por espíritos superiores. Bom, que cada um iluda-se como achar melhor, se isto o satisfaz.
Mas era só isto, e nada mais. Mas que terá uma surpresa nada agradável após desencarnar, isto
terá.
Agora, isto de tê-los na conta de pessoas muito especiais, aí já
ultrapassa o bom senso, pois os médiuns videntes ou clarividentes Portanto, você que é um médium consciente de suas faculdades
veem espíritos muito luminosos, veem Anjos ou Arcanjos, e os mé- mediúnicas, vigie-se, porque a falta de bom senso tem posto a
diuns videntes da Umbanda veem os Tronos de Deus, que são os perder pessoas manifestadoras de dons maravilhosos, mas que os
Orixás que até se comunicam com eles. desvirtuaram porque se acreditavam ungidos muito especiais, asso-
Se o espiritismo quiser, também pode classificar Allan Kardec, Chi- berbaram-se. E hoje amargam uma mágoa contra a espiritualidade

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ou até mesmo contra os Orixás, que continuam a ampará-los, pois assim que se desemocionarem e retornarem
à linha reta da evolução, voltarão a ser bons médiuns.

Bem, como dizíamos, o dom da incorporação possibilita aos médiuns manifestarem os dons dos espíritos que
incorporam neles... Mas só depois de serem lapidados e preparados para lidarem com forças poderosíssimas
e poderes emanados por Deus, mas confiados às Divindades.

Saibam que toda Divindade é manifestadora de muitos mistérios de Deus, mas um em especial é o que a ca-
racteriza e a distingue de todas as outras.

Já as Divindades que manifestam um mesmo mistério são ordenadas em uma hierarquia que começou em Deus
e é infinita.

Um mistério é infinito em si mesmo e traz em si muitos dons, todos regidos pela Divindade que é o mistério em
si mesma porque ela é a individualização de uma qualidade de Deus, que se manifestam nela e a torna uma
de suas muitas manifestações.

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CAPÍTULO 6

TRADIÇÃO
Claro que a forma como a Umbanda se relaciona com os Orixás é
bastante diferente que o Culto de Nação.

OU OSTRACISMO? Cito isso pois um termo típico da cultura africana é usado dentro da Um-
banda, trata-se do que se chama de Tradição, afinal o que é tradição?

Por Rodrigo Queiroz Para não me alongar quero adiantar que o conceito de Tradição no
africanismo também é diferente do que ocorre na Umbanda, e como
“A Umbanda, como religião libertadora, tem nos seus estudos a garan- sou Umbandista só posso neste momento falar de Umbanda.
tia da Liberdade.”
A Umbanda neste primeiro século evoluiu muito e vai evoluir, cresceu
A Umbanda é uma religião muito nova, 101 anos, que traz em seu colo e vem tomando forma, ainda não dá para prever sua forma, pois ela
influências de muitas culturas e religiões, sendo predominante a cultura ainda está no processo de firmamento e construção de uma identidade.
religiosa africana, fruto do nosso culto aos Orixás - Yorubá, divindades
cultuadas na Nigéria. Desde Pai Zélio de Moraes, sempre existiram reuniões no terreiro para

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estudos acerca da Umbanda e da espirituali- nhamente, nas outras religiões isso não é um Tradição espiritual pelo que aprendi no terrei-
dade. O tempo foi passando e, há mais de 30 problema, muito pelo contrário, isso nada mais ro, conversando com Preto Velho, Caboclo,
anos, Pai Ronaldo Linares, baluarte da religião é que a constatação de uma organização e es- enfim, é evolução constante, ampliação dos
que conviveu com Pai Zélio de Moraes, criou truturação da religião, pois sabem seus ideali- horizontes da consciência e do coração, de
o curso Sacerdócio Umbandista, vale citar que zadores que um fiel consciente é um fiel convic- modo que apenas a realidade do terreiro é
anteriormente Pai Jamil Rachid já ministrava um to, que um fiel consciente é um fiel fortalecido, uma forma.
curso com esta temática, ao que consta Pai Ja- que um fiel consciente é um fiel producente.
mil foi o pioneiro neste conceito. O motivo é Particularidades do terreiro e da espiritualida-
que os candidatos à Sacerdote de Umbanda, No entanto, nos últimos tempos falar de estu- de, somente o convívio oferece, o dia a dia
que tenham sido outorgados pelos guias espiri- dos dentro da Umbanda é um problema, não no terreiro, as prosas com os guias, o convívio
tuais, pudessem receber uma estrutura teórica e para os fiéis preocupados com a evolução, com o pai ou mãe do terreiro, com os irmãos,
conceitual do que se trata o Sacerdócio. mas sim para os tiranos dirigentes que evocam com o toque do tambor, com a fumaça do tu-
a tal Tradição, como se tradição fosse o en- ríbulo, ah... estas coisas não tem estudo que
Centenas de terreiros de Umbanda surgiram a clausuramento do fiel ao terreiro. Pois pensam transmita, claro que não! Mas explicam.
partir destes líderes conscientes e conscientiza- e transmitem a ideia de que Umbanda em toda
dores. sua simplicidade e complexidade se resume ao Por isso não podemos confundir Tradição com
terreiro ou às suas experiências pessoais. Pre- Ostracismo.
Toda religião, independente de seus templos, sos no orgulho não reconhecem a importância
criam núcleos de estudos sobre sua Teologia de estudar os vários assuntos que envolvem a Precisamos repudiar estes discursos que promo-
(estudo de Deus na religião), sua Teogonia (es- religião Umbanda, pois também não a estu- vem a alienação dos religiosos Umbandistas,
tudo do panteão Divino da religião) e até mes- dam e temem serem questionados. Querem na que centralizam os incautos entorno do pseu-
mo a Teosofia (estudo da Sabedoria Divina), verdade fechar “seus filhos” numa ostra e ser do-mártir.
bem como assuntos correlacionados e, estra- reconhecido como o único detentor do saber. Umbanda precisa de estudos e escolas orga-

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nizadas da mesma maneira que precisa se politizar, pois tudo isso corrobora para o seu crescimento,
alicerçamento e reconhecimento.

Eu militarei pela educação Umbandista, pois acredito que este é o caminho da evolução.

Eu sinto a Umbanda, eu vibro a Umbanda, eu amo a Umbanda, desde o primeiro contato com ela,
mas tenho que confessar, ela fica mais encantadora, colorida e brilhante a cada novo conhecimento
que tomo sobre ela, pois vou percebendo o amor de Olorum, que criou uma religião onde Ele pudesse
se manifestar sem véus, ainda que tentem cobri-lo com uma Burca (traje feminino que esconde toda a
mulher, como dita a Tradição Islã).

Obrigado aos grandes baluartes da Umbanda que por serem estudados sempre contribuíram para uma
Umbanda estudada.

Por isso digo que a Umbanda não é a religião ideal, mas o ideal de religião! Saravá!

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UMBANDA
E INTERNET
O USO DA REDE PARA EXPANSÃO DA RELIGIÃO
Por Rodrigo Queiroz

Síntese da palestra ministrada na I Semana Umbandista de SP - 2010

Falar deste tema é para mim algo confortável, pois estou inserido nesta realidade
tecnológica desde sempre. Meu pai é analista de sistemas, cresci o vendo montar
e desmontar computadores, aos 13 anos o ajudava no ofício. Era natural para
mim ver chips, placas, cabos, enfim, peças e sistemas. Sou desta geração tec-
nológica, e a influência natural da profissão de meu pai me levou a entender a
tecnologia como uma ferramenta aliada ao homem, que pode ser usada em todas
as circunstâncias, e o uso que se faz dela é que determina sua utilidade.

Quando a internet começou a se popularizar, eu já estava inserido na rede, muito


diferente dos dias de hoje, não existiam redes de relacionamento e a ferramenta
de entrosamento comum eram as salas de bate-papo oferecidas pelos principais

VOLTAR AO SUMÁRIO CAPÍTULO 7


30

portais provedores da época. Blogs, Microblogs, Youtube, Facebook, Orkut e tudo o mais são ferra-
mentas atuais para diversos formatos de comunicação e disseminação
Sites ainda eram estruturas complexas, caros e burocráticos. Não eram de mensagens e ideias.
comuns sites de Umbanda ou de terreiros, conheci alguns poucos que
já sinalizavam a importância da rede para divulgar a religião. É preciso aceitar que a Internet não é mais uma mídia indireta como há
cinco anos, hoje a Internet é uma mídia direta e talvez uma das mais
Após algum tempo, a internet e suas possibilidades evoluíram mui- eficazes para o público mais jovem. Também a mídia mais possível,
to, bem como a sua popularização e massificação, “pipocam” na pois podemos usá-la gratuitamente ou com baixos custos.
rede centenas de sites de Umbanda, numa consulta ao site de bus-
ca Google com o termo “terreiro de umbanda” nos deparamos com As religiões no geral, antenadas a este movimento cultural, se instala-
96.400 resultados, com o advento do Orkut e a ideia de redes de ram na rede, disseminam sua crença e criam um canal de aproxima-
relacionamento, ao pesquisar comunidades de Umbanda encontramos ção com seus fiéis, isto é natural, é necessário.
exatamente 1000 registros de comunidades, a mais frequentada é a
“Umbanda, Amigos e Espiritismo” com 25.000 membros e a “Umban- RESISTÊNCIA ORTODOXA
da - Reino de Oxalá” com 23.450 membros, esta no entanto é uma Apesar dos números e da introdução acima, ainda encontramos no
das mais antigas, criada em 01 de abril de 2004. Esses números meio Umbandista uma massiva resistência no uso de tecnologias,
aumentam a cada dia. como se tecnologia desconstruísse o sagrado ou que venha a ferir a
espiritualidade. Tem-se o pensamento de que tecnologia é sinônimo
Hoje há a Internet 2.0, ou seja, uma nova linguagem de programa- de “materialismo” e matéria é antievolução, pois só evolui quem se
ção e possibilidade de transmissão de áudio, vídeo, notícias, textos e “desprende”, ou melhor, repulsa tudo o que é material, então seria
imagens em tempo real. “evoluído” aquele que nem aprendeu a mexer no computador ou que

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ainda usa “telefone à manivela”, escuta música na vitrola, assiste à do tipo, mas porque se acreditava que prenderiam os guias nas fotos,
televisão em preto e branco, melhor ainda seria não ter nada, viver que enfraqueceriam os médiuns... Hoje é comum registrar eventos,
maltrapilho, o que acha? festividades com ou sem incorporação dos guias. Aprendemos que
nada de ruim acontecerá.
Enquanto pensarem que evolução está no que se tem ou na falta do
que tem e não no ser, no interior do indivíduo, no comportamento, Lembro que cerca de sete anos atrás, o irmão Rubens Saraceni foi se-
realmente será muito difícil o entendimento da tecnologia como sina- veramente atacado pelos “ortodoxos” por seu guia espiritual, Mestre
lização de evolução. Seiman, se utilizar do microfone para falar diretamente aos milhares
de presentes nos eventos de formatura de Egrégoras. Acaso deveria
Esquecem-se estes “puristas” do além, os “guardiões dos bons cos- o guia espiritual falar de ouvido a ouvido a mesma mensagem? Por
tumes” ou os zeladores da “verdadeira evolução”, que tudo o que que é estranho um Ogum falar no microfone a fim de amplificar sua
acontece de desenvolvimento material no plano físico, que auxilia a mensagem e ser compreendido por todos?
vida humana, é uma inspiração do astral. Eu diria que o astral já está
na Internet 20.0. Na verdade este “purismo bairrista” é um grande engodo mascarado
na ideia de pureza ou preservação que revela um grande despeito
André Luiz já falava de projeção holográfica há 50 anos, parecia daqueles que não conseguem acompanhar de fato a evolução plane-
ficção pura, hoje a CNN e a Rede Globo já usam esta tecnologia, tária, ao menos tecnológica.
muito em breve será algo comum.
No entanto, é histórica este tipo de resistência no processo de tran-
Há dez anos era comum ver a proibição do uso de máquinas foto- sição entre gerações e tecnologias. Houve quem não aceitou trocar
gráficas dentro do terreiro, não por preservação da imagem ou coisa a carroça por carro, trem por ônibus, ônibus por avião e assim por

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diante. ou o terreiro será avaliado pela imagem que ele vai transmitir. De
Aceitem ou não, a tecnologia está aí, que usemos a nosso favor. modo que um site todo confuso, cores sem harmonia, uma bagunça de
informação, poderá não só confundir o internauta visitante sobre o site,
INTERNET E TRANSMISSÃO DE VALORES mas sobre a própria Umbanda.
A rede, como é conhecida a internet, está minada de perigos, de infor- Temos muito conteúdo a oferecer, mas não de qualquer jeito.
mações equivocadas, ainda é um ambiente um tanto caótico, qualquer
um escreve o que quer e mesmo no ambiente de umbanda existem FUTURO PROMISSOR
coisas contraditórias e mesmo repugnantes. Cabe a nós Umbandistas Quando a Internet possibilitou a transmissão de saberes com estrutura
de fato contribuir com a transmissão de valores, da nossa cultura, de e metodologia com segurança, surgiu um novo contexto na área da
nossos saberes, de nossa crença. educação, emergiam na rede o Ensino a Distância, que hoje já é co-
mum, mas que até o momento é visto com reserva pelos educadores
Mais que isso é importante cuidar deste conteúdo e da maneira que é “ortodoxos”.
transmitido.
Em 2005 um mentor espiritual pediu que eu possibilitasse uma maneira
Não basta jogar as informações de qualquer maneira. É importante para a divulgação da Umbanda sem fronteiras. Pesquisei bastante e
sim que se tenham muitos e muitos sites, com toda nossa diversidade, criei a TVUS - TV Umbanda Sagrada, a primeira TV WEB Umbandista,
mas que a Umbanda como motivo central seja apresentada com res- e quando percebi eu tinha tudo o que era necessário para um ambien-
ponsabilidade e elegância. te de estudos a distância, em 2006 implantamos o Colégio Virtual
Umbanda Sagrada de Bauru, também o primeiro colégio virtual de
A maneira como se constrói um site, um blog ou um vídeo, da maneira Umbandista, enfim, na sequência, outros irmãos, outras instituições, vie-
que se apresenta é o que será “julgado” pelo internauta. A Umbanda ram a somar nesta iniciativa, deixando de lado aqueles que barrariam

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toda iniciativa inovadora para deixar história na história da Umbanda. da Sagrada e usando as ferramentas mais modernas para a divulga-
ção da religião.
Posso citar relevantes iniciativas como a do irmão Manoel Lopes (São
Vicente-SP), que em 2006 lançou a RBU - Rede Brasileira Umbandista, SAGRADA INTERNET

mas em 1995 ele já lançara a lista virtual “Saravá Umbanda”, Manoel Por fim, entre o sagrado e o profano estamos nós, o uso que faremos

é muito engajado nesta tecnologia, atua nesta área profissionalmente da tecnologia virtual em prol da religião é que determinará sua utilida-

e foi neste sentido que também lançou a TV Saravá Umbanda e, em de e eficácia.

2009, começou a transmitir cursos do Núcleo Mata Verde pela Inter-


net. Também em 2006 o irmão Marcos Mozol lança o Colégio Virtual A Internet pode ser um ambiente caótico e promíscuo, mas podemos

de Umbanda Sagrada - SP. Tivemos também a TV Espiritualista, uma em nosso meio torná-la um ambiente sagrado, falando do sagrado e

iniciativa do irmão Rubens Saraceni, enfim, há muita coisa boa pela agindo de maneira sagrada.

rede, que enaltece a nossa religião e engrandece a nossa fé.


Para a Umbanda, uma religião ainda sem força política, sem canais
No último dia 15 de Novembro, Rubens Saraceni lançou o Jornal de de TV ou rádios, onde tudo é muito difícil de realizar, a Internet é um
Umbanda.com, um ambiente para a fomentação de textos e artigos grande advento.
sobre a religião, onde todo aquele que queira divulgar seus saberes,
experiências e vivências, desde que em conformidade com o respeito Não esqueçamos, portanto, que isso é uma iniciativa do astral e, digo,
ao próximo, terá nesta plataforma um ambiente de divulgação, mais em pouco tempo será normal um guia espiritual permitir ou solicitar a
que isso, é a convergência de irmãos Umbandistas de todo o planeta filmagem de uma mensagem e sua multiplicação via Internet.
somando num ponto em comum com informações preciosas a todos.
O ICA lançará neste mês o Portal ICA 2.0, reativando a Rádio Umban- Que venha o futuro e que a evolução aconteça, façamos a nossa parte.

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CAPÍTULO 8

VOCÊ DIZ
Ricardo, sem dar muita importância ao que Júlio dis-
se, pergunta:
- O que deu em você moleque?

EU TE AMO? Que conversa besta é essa de amar?


Quer calar a boca e continuar jogando?
E os dois continuaram jogando a tarde inteira até
É para ler, hein!
anoitecer.
Leia atentamente... Não há o que comentar. Estou ainda refletindo... E tenho certeza que
À noite, o senhor Jacó, pai dos garotos, chegou
isso calará em você também...
do trabalho. Estava exausto e muito mal humorado,
Pela sua sensibilidade...
pois não havia conseguido fechar um negócio im-
portante.
Você diz eu te amo?
Ao entrar, Jacó olhou para Júlio, que sorriu para o
Dois irmãozinhos brincavam em frente de casa, jogando bolinhas de gude.
pai e disse:
Quando Júlio, o menino mais novo, disse ao irmão Ricardo:
- Olá Papai, eu te amo muito e não quero nunca me
- Meu querido irmão, eu te amo muito e nunca quero me separar de você!
separar do senhor!

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Jacó, no auge de seu mau humor e stress, disse: obedeceu ao irmão, apagou a luz e se dirigiu ao quarto dos pais...
- Júlio, estou exausto e nervoso. Então, por favor, não me venha com Chegando lá, acendeu a luz e ficou observando seu pai e sua mãe
besteiras! Com as palavras ásperas do pai, Júlio ficou magoado e foi dormirem. O senhor Jacó acordou e perguntou ao filho:
chorar no cantinho do quarto. Dona Joana, mãe dos garotos, sentin- - O que aconteceu Júlio? Júlio, em silêncio, só balançou a cabeça em
do a falta do filho foi procurá-lo pela casa, até que o encontrou no sinal negativo, respondendo ao pai que nada havia ocorrido. Daí o
cantinho do quarto com os olhinhos cheios de lágrimas. Dona Joana, senhor Jacó, irritado, perguntou ao Júlio:
espantada, começou a enxugar as lágrimas do filho. E perguntou: - Então, o que foi moleque? Júlio continuou em silêncio. Jacó, já muito
- O que foi Júlio? Por que choras? Júlio olhou para a mãe, com uma irritado, berrou com Júlio:
expressão triste e lhe disse: - Então vai dormir seu doente! Júlio apagou a luz do quarto, dirigiu-se
- Mamãe, eu te amo muito e não quero nunca me separar da senhora! ao seu quarto e se deitou. Na manhã seguinte todos se levantaram
Dona Joana sorriu para o filho e lhe disse: cedo. O senhor Jacó iria trabalhar, a dona Joana levaria as crianças
- Meu amado filho, ficaremos sempre juntos! Júlio sorriu, deu um beijo à escola. E Ricardo e Júlio... Mas Júlio não se levantou. Então, o se-
na mãe e foi deitar-se. No quarto do casal, ambos se preparando nhor Jacó, que já estava muito irritado com Júlio, entrou bufando no
para se deitar, Dona Joana pergunta para seu marido Jacó: quarto do garoto e gritou:
- Jacó, o Júlio está muito estranho hoje, não acha? Jacó, muito estres-
sado com o trabalho, disse à esposa: - Levanta, seu moleque vagabundo! Júlio nem se mexeu. Então, Jacó
- Esse moleque só está querendo chamar a atenção... Deita e dorme avança sobre o garoto e puxa com força o cobertor do menino com o
mulher! braço direito levantado, pronto para lhe dar um tapa, quando perce-
be que Júlio estava com os olhos fechados, e que estava pálido. Jacó,
Então, todos se recolheram e todos dormiam sossegados. assustado, colocou a mão sobre o rosto de Júlio e pôde notar que seu
Às duas horas da manhã, Júlio se levanta e vai ao quarto de seu irmão filho estava gelado.
Ricardo e fica observando-o dormir... Ricardo, incomodado com a Desesperado, Jacó gritou, chamando a esposa e o filho Ricardo, para
claridade, acorda e grita com Júlio: verem o que havia acontecido com Júlio...
- Seu louco, apaga essa luz e me deixa dormir! Júlio, em silêncio, Infelizmente o pior. Júlio estava morto e sem qualquer motivo aparente.

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Dona Joana, desesperada, abraçou o filho morto e não conseguia nem respirar de tanto chorar. Ricardo, desconsolado,
segurou firme a mão do irmão e só tinha forças para chorar também. Jacó, em desespero, soluçando e com os olhos
cheios de lágrimas, percebeu que havia um papelzinho dobrado nas pequenas mãos de Júlio. Jacó, então, pegou o pe-
queno pedaço de papel. E havia algo escrito com a letra de Júlio.

- “Outra noite Deus veio falar comigo através de um sonho. Disse a mim que, apesar de amar minha família e de ela
me amar, teríamos que nos separar. Eu não queria isso, mas Deus me explicou que seria necessário. Não sei o que vai
acontecer, mas estou com muito medo. Gostaria que ficasse clara apenas uma coisa:
- Ricardo, não se envergonhe de amar seu irmão.
- Mamãe, a senhora é a melhor mãe do mundo.
- Papai, o senhor de tanto trabalhar se esqueceu de viver.
- Eu amo todos vocês!

Quantas vezes não temos tempo para parar e amar, e receber o amor que nos é ofertado? Talvez quando acordarmos
possa ser tarde demais...
Mas ainda há tempo!

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MEDIUNIDADE
E VOCÊ
André Luiz - Paz e Renovação
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Intuição

Exerça a faculdade da percepção clara e imediata, mas, para ampliar-lhe


a área de ação, procure alimentar bons pensamentos de maneira constante.

Clarividência

Agradeça a possibilidade de ver no Plano Espiritual; no entanto, no esforço


do dia a dia, detenha-se no lado bom das situações e das pessoas, para que
os seus recursos não se comprometam no mal.

Clariaudiência

Regozije-se por escutar os desencarnados; todavia, aprenda a ouvir no coti-


diano para construir a felicidade do próximo, defendendo-se contra a queda
nas armadilhas da sombra.

CAPÍTULO 9 VOLTAR AO SUMÁRIO


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Psicofonia Transportes

Empreste suas forças para que os Espíritos falem com os homens; Colabore com os seus recursos psíquicos, trazendo através do trans-
contudo, na experiência comum, selecione palavras e maneiras, afim porte os objetos sem toque humano, mas carregue a caridade consi-
de que o seu verbo não se faça veículo para a influência das trevas.
go para que ela funcione, onde você estiver.

Psicografia
Premunição
Escreva com as entidades domiciliadas fora do mundo físico, mas
habitue-se a escrever em benefício da paz e da edificação dos se- Rejubile-se com a responsabilidade de prever acontecimentos; toda-

melhantes, impedindo que a sua inteligência se faça canal de pertur- via, busque sentir, pensar e realizar o melhor ao seu alcance, na mo-
bação. vimentação de cada dia, para que a sua conversa não se transforme

em trombeta de pessimismo e destruição.


Materialização

Dê corpo às formações do plano extrafísico; entretanto, acima de


Mediunidade em geral
tudo, concretize as boas obras.
Qualquer mediunidade serve a fim de cooperar no parque de fenô-

Curas menos para demonstrações da existência do Espírito, mas não se

Aplique passes e outros processos curativos, em favor dos enfermos; esqueça de que a condução dos valores mediúnicos, para o bem

no entanto, conserve as suas mãos na execução dos deveres e tarefas ou para o mal, é assunto que está em você e depende de você em
que o Senhor lhe confiou. qualquer circunstância e em qualquer lugar.

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CAPÍTULO 10
39

VIVA nheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor
como seu melhor amigo e pronto.

IDIOTAMENTE Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conse-
lho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando trope-
Por Arnaldo Jabur ça? hahaha!

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor
A idiotice é vital para a felicidade.
ideia de como preencher as horas livres de um fim de semana? E
ainda opta por alguns goles a mais e fica enchendo o saco de todo
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz!
mundo?!
A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um
tratado?
Quanto tempo faz que você não vai ao cinema? É mil vezes melhor
que ficar remoendo a vida do outro.
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, se-
parações, dores e afins.
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os proble-
mas.
No dia a dia, pelo amor de Deus, seja idiota!
Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desa-

Ignore o que o boçal do seu chefe/colega/parente/filho disse. Pense prenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer?
assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, insepa- Espero que não.
ravelmente, é ele. Pobre dele.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... A realidade já é dura;
Milhares de casamentos acabaram-se, não pela falta de amor, di- piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim.

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Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de


não brincar com comida, não falar besteira, não ser ima-
turo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.

Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, pas-


sear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser
adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único
“não” realmente aceitável. Teste a teoria. Uma semani-
nha, para começar.

Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de


mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir... Bom mesmo
é não ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no
coração!

“A vida é uma peça de teatro que não permite en-


saios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamen-
te antes que a cortina se feche” e pare de encher o
saco dos outros.

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MALEDICÊNCIA
NÃO FALES MAL DE NINGUÉM

Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva ten-


dência de falar mal dos outros. Qual a razão última dessa mania de maledi-
cência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor
próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por
si mesmo. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem bri-
lhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite,
porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos
outros para poder brilhar. Quem tem valor real em si mesmo não necessita
medir o seu valor pelo desvalor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros

VOLTAR AO SUMÁRIO CAPÍTULO 11


42

para gozar a consciência da saúde própria. fel.

As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São
academias de maledicência. enfermos em demorado processo de reajuste. Portanto, cabe às
pessoas lúcidas e de bom senso não dar ensejo para que o ve-
Falar mal das pessoas, das coisas alheias é um prazer tão sutil e neno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma Pense nisso!
pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epi-
demia. Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas pró-
prias fraquezas.
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os ho- Evitemos a censura.
mens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para A maledicência começa na palavra do reprove inoportuno.
construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras. Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o
Fala-se muito por falar, para “matar tempo”. A palavra, não pou- responsável ausente.
cas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da
maledicência e em bisturi da revolta. Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se
hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e isso se compraz.
resolvem dificuldades.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pen- luzes da misericórdia divina. Porque, de acordo com o Evangelho
samento humano. de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”.
Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra. (Texto extraído do livro “A Essência da Amizade” – Humberto Roh-
Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo den – Editora Martin Claret)

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