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Filhos: educando daqui para a eternidade

por Douglas Wilson e Nancy Wilson

Copyright © 2018 by Canon Press

Publicado originalmente em ingl ê s sob o t í tulo:

Why Children Matter

1 a edi çã o 2019

ISBN ebook: 978-85-85034-30-6

Tradu çã o: Elmer Pires

Revis ã o: Cesare Turazzi

Capa e Diagrama çã o: Tiago Dias


Vers ã o Ebook: Tiago Dias

Todos os direitos reservados à :

Editora Trinitas LTDA


S ã o Paulo, SP
www.editoratrinitas.com.br
PRIMEIRA PARTE |  POR QUE DAQUI PARA A ETERNIDADE
Cap í tulo 1: A Defini çã o de Fam í lia
Cap í tulo 2: Sejam M í micos de Deus
Cap í tulo 3: Sacrifique com J ú bilo
Cap í tulo 4: Um N ã o em um Mundo de Sim
Cap í tulo 5: Os Tr ê s “ L ’ s ”
SEGUNDA PARTE |  OS FUNDAMENTOS DA DISCIPLINA
Cap í tulo 6: Filhos de Deus
Cap í tulo 7: Quatro Princ í pios Para a Disciplina
TERCEIRA PARTE   |  EDUCA ÇÃ O E ADMOESTA ÇÃ O
Cap í tulo 8: A Necessidade de uma Paideia Crist ã
Cap í tulo 9: Princ í pios e M é todos
Cap í tulo 10: Cria çã o de Filhos e a Comunidade
Cap í tulo 11: H á Somente um Esconderijo Contra o
Pecado
QUARTA PARTE |  MAIS PARECIDOS COM CRISTO
Cap í tulo 12: Sejam Meus Imitadores
Cap í tulo 13: Pais Dignos de Imita çã o
Cap í tulo 14: Seja um Imitador de Cristo
ANEXO
Perguntas e Respostas com Doug e Nancy
PRIMEIRA
PARTE
Í
CAP Í TULO 1

A fam í lia é uma comunidade divinamente estabelecida.


A institui çã o da fam í lia — consistindo em um homem, uma
mulher e seus filhos — foi criada por Deus, n ã o por
homens. N ã o é uma por çã o arbitr á ria de indiv í duos,
nem algo que meras criaturas possam definir.
O Congresso n ã o pode votar para decretar no que
consiste a fam í lia tanto quanto n ã o pode votar para
decidir se a gravidade existe ou n ã o. O Congresso pode
decretar que a á gua corre rio acima, mas n ã o importa o
quanto vote, seus integrantes n ã o s ã o capazes de mudar
aquilo que Deus estabeleceu previamente.
Da mesma forma, se o Congresso votasse por revogar a
lei da gravidade, e algumas pessoas decidissem pular de
uma colina ou de um arranha-c é u, talvez estes tivessem a
sensa çã o de liberdade por um instante — estamos voando!
— , mas nada mudaria a realidade do que a gravidade é e do
que ela faz. Igualmente, mesmo que a Suprema Corte
banisse o casamento, embora pudesse destruir a vida de
muitas pessoas, isso n ã o destruiria a realidade do
casamento em si. O matrim ô nio foi estabelecido por Deus
logo no princ í pio do mundo. Ele n ã o ser á movido, ele n ã
o ser á modificado.
Uma vez que, em primeiro lugar, a fam í lia n ã o foi
inventada por n ó s, n ã o temos o direito de re invent á -la.
Por essa raz ã o, os pais devem tomar cuidado para n ã o
tratar a fam í lia como algo remendado e administrado com t
é cnicas desenvolvidas por especialistas. Logo, n ã o inicie a
leitura deste pequeno livro achando que est á lidando com
um punhado de t é cnicas inteligentes e perspicazes que t ê
m por fim obter uma fam í lia perfeita. Cada membro da fam
í lia é uma pessoa criada à imagem de Deus, e, se
desejamos conduzi-la adequadamente, devemos atentar
para a Palavra de Deus como nosso primeiro e mais
importante guia. Isso inclui tratar todos os membros de uma
fam í lia como pessoas , e n ã o como se fossem mais um n ú
mero numa fila de espera.
Quando se fala sobre fam í lia, cria çã o de filhos, entre
outros assuntos pr á ticos, depressa passamos a desejar
livros com t í tulos como: Tr ê s Passos Para … ou Doze
Passos Para … ou Os Segredos do … , etc. Mas este livro n ã
o é um exerc í cio de autoajuda terap ê utica — mas, sim, é a
proclama çã o do Evangelho incorporada à vida em fam í lia.
Se voc ê olha para a sua fam í lia, e n ã o enxerga princ í pios
do Evangelho, ent ã o voc ê est á olhando para a sua fam í
lia de olhos fechados.
Em especial os pais jovens devem aproximar-se das
Escrituras, famintos por instru çã o sobre como realizar
tamanha tarefa, principalmente aqueles que n ã o tiveram
um bom exemplo paterno ou materno. Pais podem dar a
seus filhos algo que seus pr ó prios pais n ã o lhes deram,
pois nosso Deus quebra os ciclos do pecado.
Mesmo que sem um bom modelo vindo daqueles que o
geraram, ainda que desprovido do exemplo de como tornar-
se um pai piedoso ou uma m ã e piedosa, voc ê n ã o est á
limitado a imitar as pessoas ao seu redor. Aprender por meio
da imita çã o direta é uma grande b ê n çã o e ajuda, mas a
B í blia ensina que podemos imitar pessoas a partir daquilo
que foi escrito acerca delas, sejam biografias, sejam
exemplos da pr ó pria Escritura. Deus é o Deus de novos
come ç os, Aquele que aben ç oa at é mil gera çõ es. Quando
Deus diz que visita a iniquidade de at é tr ê s ou quatro gera
çõ es, esta n ã o é uma amea ç a severa, mas um ato de
miseric ó rdia. Isso porque Deus est á , com isso, limitando a
rea çã o em cadeia do pecado.
O t í tulo deste pequeno livro é Filhos: Educando Daqui
Para a Eternidade , mas eu poderia aument á -lo para Filhos:
Educando Daqui Para a Eternidade, e Por Que Isso Importa a
Todos N ó s. Os princ í pios do Evangelho descritos aqui
carregam aplica çõ es para todas as á reas da vida, mas em
particular para as fam í lias que est ã o criando e educando
seus filhos.
Al é m do mais, se voc ê estiver lendo esse livro e
pensando que n ã o tem nada que ver com crian ç as, devo
dizer que preste bastante aten çã o tamb é m: quando
solteiro e alistado na Marinha, aportado em uma base em
Norfolk, frequentei a Tabernacle Church.
Era uma grande igreja, na qual estava ligada uma pr ó
spera escola crist ã . Se soubesse que, dentro de poucos
anos, estaria no meio da tentativa de come ç ar tamb é m
uma escola crist ã , teria prestado mais aten çã o ao que
acontecia naquele lugar. Havia muito que aprender. Mesmo
ainda jovem e rec é m tentando descobrir o n ú mero do
telefone do pai dela, preste aten çã o. Para falar a verdade,
se estiver tentando conseguir o n ú mero do pai dela, voc ê j
á est á um tanto adiantado.
Í
CAP Í TULO 2

Sede, pois, imitadores de Deus,


como filhos amados.
(Ef é sios 5.1, ARA ) 1

Ef é sios 5.1 diz que devemos ser imitadores de Deus.


Escolhi a vers ã o em ingl ê s ESV nessa parte, pois a vers ã
o King James (salvo indica çã o em contr á rio, foi a que
utilizei neste livro) traz a constru çã o “ be followers of God ,
2 isto é , “ sejam seguidores de Deus ” , mas a palavra grega
traduzida por “ seguidores ” [ followers ] é justamente de
onde extra í mos os termos “ m í mica ” e “ imita çã o ” .
Paulo est á ordenando que imitemos, que copiemos a Deus.
Somos filhos amados de Deus, e devemos olhar para Ele
como filhos que olham para o pr ó prio pai.
Deus nos criou para sermos criaturas que refletem,
criaturas imitativas. Imitamos instintiva e naturalmente. N ã
o s ó imitamos aqueles que est ã o em um mesmo n í vel,
tais como nossos amigos, conhecidos, colegas de estudo, de
trabalho e familiares, mas tamb é m pegamos muitas coisas
daqueles que est ã o acima de n ó s. Aprendemos a andar e
a falar conforme nossos pais, mas a imita çã o fundamental
à qual a B í blia nos chama é a imita çã o daquele que
adoramos.
Os id ó latras tornam-se semelhantes à quilo que adoram.
O Salmo 115.4 – 8 diz que os id ó latras adoram est á tuas
que t ê m olhos mas n ã o veem, ouvidos que n ã o ouvem,
narizes que n ã o cheiram, e termina, declarando: “ tornem-
se semelhantes a eles os que os fazem ” . Se voc ê adora
algo surdo, mudo e cego, logo voc ê se torna surdo, mudo e
cego. Se seu deus for im ó vel, voc ê tamb é m ser á im ó
vel. Se o seu deus for fundamentalmente impessoal, por
resultado voc ê se tornar á cada vez menos pessoal.
Da mesma forma os adoradores do Deus verdadeiro, eles
tornam-se semelhantes à quele que adoram, como Paulo
deixa claro em 2Cor í ntios 3.18: “ E todos n ó s, com o rosto
desvendado, contemplando, como por espelho, a gl ó ria do
Senhor, somos transformados, de gl ó ria em gl ó ria, na sua
pr ó pria imagem, como pelo Senhor, o Esp í rito ” . O Deus a
quem adoramos é o sol que brilha sobre n ó s; e n ó s somos
a lua, refletindo-o. Diante de Deus em adora çã o, somos
transformados de gl ó ria em gl ó ria; e nisso, à medida que
transformados, tamb é m desejamos transmitir essa gl ó ria
a nossos filhos.
Em poucos lugares as ramifica çõ es desse princ í pio da
imita çã o s ã o t ã o importantes quanto na cria çã o de
filhos. Para tanto, a imita çã o é absolutamente crucial. Voc ê
n ã o quer que seus filhos o imitem, a menos que voc ê pr ó
prio seja um imitador de Deus. Se voc ê n ã o imita a Deus,
se voc ê n ã o o busca, observando sincera e abertamente
sua face em adora çã o semanalmente, sendo transformado
de gl ó ria em gl ó ria, ent ã o a ú ltima coisa a desejar é que
seus filhos o imitem. Mesmo assim, a m á not í cia é que
seus filhos v ã o copi á -lo, queira isso ou n ã o. Ao nascerem,
voc ê at é pode procurar por um manual de instru çã o. Pode
sentir que n ã o tem ideia do que fazer. Por é m, h á uma
falsa premissa nessa preocupa çã o — voc ê tem uma B í
blia. Seu dever é adorar a Deus, imit á -lo, e pedir a Ele que
caminhe lado a lado, agora que voc ê ingressou no desafio
de ser pai.
Tendemos a pensar que o poder é usado destrutivamente,
a fim de impor algo a algu é m. Mas, como Deus faz uso do
poder? Este é utilizado para o bem, para a salva çã o e
maturidade do povo de Deus. Ele deseja que o seu pr ó prio
povo seja salvo, e o poder do seu bra ç o é o que Ele usa
para salvar-nos. Deus quer que cres ç amos. Ele n ã o deseja
suprimir ou sufocar com um relacionamento asfixiante. Deus
n ã o nos for ç a a ser como Ele é , mas nos convida a
crescer cada vez mais no ato de imit á -lo, e seu Esp í rito
nos auxilia à medida que crescemos.
À s vezes, quando os filhos j á adultos visitam a casa dos
pais no Dia de A çã o de Gra ç as, estes lhes perguntam por
qual motivo n ã o fazem visitas com mais frequ ê ncia. Nesse
caso, pode ser que os pais sejam exigentes e grudentos.
Ironicamente, quando os pais criam e educam os pequenos
tendo por objetivo uma independ ê ncia b í blica e piedosa,
seus filhos, na verdade, desejam gastar tempo com eles na
idade adulta.
O prop ó sito do pai ou da m ã e é , por fim, ser o
instrumento de salva çã o para os filhos. Voc ê n ã o é a base
que os salvar á , mas, sim, é ordenado a imitar Aquele que é
o fundamento da salva çã o. O mesmo ocorre no casamento.
O marido n ã o pode oferecer a si mesmo como expia çã o
vic á ria, substitutiva por sua esposa.
O ú nico que pode fazer isso é Jesus Cristo. Por é m, o
marido é ordenado a imitar aquilo que n ã o é capaz de
fazer. O mesmo acontece no caso do pai e da m ã e. Pais,
voc ê s n ã o s ã o capazes de salvar seus filhos. N ã o h á
um bot ã o que pressionar ou uma s ó decis ã o a tomar,
para da í transformar-se numa base de salva çã o. Voc ê s
obviamente n ã o s ã o gra ç a salvadora para seus filhos,
mas s ã o ordenados a imit á -la e a facilit á -la, permeando-a
na atmosfera do lar. Deus é poderoso para salvar.
Í
CAP Í TULO 3

O Senhor, teu Deus, est á no meio de ti, poderoso para


salvar-te; ele se deleitar á em ti com alegria; renovar-
te- á no seu amor, regozijar-se- á em ti com j ú bilo.
(Sofonias 3.17)

Ponderemos agora sobre esse vers í culo de Sofonias e o


coloquemos ao lado de Ef é sios 5.1. Ef é sios diz que Deus
nos trata como filhos. Uma vez que a Escritura mostra como
Ele nos trata, desejemos ser n ó s tamb é m à semelhan ç a
dele na forma de tratar nossos filhos. Do mesmo modo como
Ele nos trata, devemos n ó s tratar nossos pr ó prios filhos. E
vemos em Sofonias que Deus se deleita em n ó s.
Quando Jesus interveio para salvar-nos, Ele o fez pagando
um alto pre ç o. Havendo tomado o peda ç o de p ã o que
representava seu corpo, Ele o ergueu e deu gra ç as .
Conforme Hebreus 12, Jesus fez o que realizou na cruz “ em
troca da alegria que lhe estava proposta ” . Nossa santa ceia
é chamada de Eucaristia. O que isso significa? Eucharisto é a
palavra grega para a çã o de gra ç as, significando que a
refei çã o da Eucaristia é uma refei çã o de agradecimento. É
uma refei çã o de gratid ã o, n ã o s ó porque agradecemos a
Deus por aquilo que Cristo fez por n ó s, mas tamb é m
porque Ele agradeceu a Deus quando Ele pr ó prio a instituiu.
Esse é o tipo de esp í rito grato que vemos em Sofonias.
Deus é poderoso para salvar, e Ele salva com j ú bilo.
Agora sabemos, a partir da hist ó ria de toda a B í blia,
que a salva çã o envolve sacrif í cio, sangue, requer que
coisas sejam despeda ç adas. Aquele que n ã o conheceu
pecado se fez pecado por n ó s, mas Ele o fez com j ú bilo.
Jesus n ã o s ó deu gra ç as durante a noite em que instituiu
a Ceia, mas, mais tarde, Ele e os disc í pulos cantaram um
Salmo, e ent ã o partiram (Mt 26.30; Mc 14.26). Jesus
literalmente cantou enquanto se preparava para ir à cruz.
Logo, os sacrif í cios por seus filhos devem ser feitos com
j ú bilo, deve ser poss í vel pratic á -los cantando . Se n ã o h
á uma c â ntico em seus l á bios, n ã o é um sacrif í cio b í
blico. Sem uma can çã o de alegria, o sacrif í cio n ã o passa
de um tipo de Ai, coitadinho de mim , vejam como sou m á
rtir! , entre outros tipos que n ã o d ã o nada, exceto um
retorno med í ocre. O esperado é que voc ê n ã o manifeste c
â nticos de j ú bilo e regozijo por seus filhos s ó quando eles
forem ador á veis, enquanto estiverem dormindo, em tempos
de pura harmonia, uma vez que n ã o est ã o se
comportando mal naquela hora. A vida é mais complicada
que isso, e tudo — incluindo a bagun ç a — deve ser
encarado com uma can çã o. O deleite que estamos imitando
n ã o é do tipo irrealista. Nosso tipo de deleite leva em
considera çã o o mundo como ele é , e, mesmo assim, se
regozija. Manifeste j ú bilo por seus filhos enquanto se
sacrifica por eles, enquanto sofre penas, enquanto eles pr ó
prios n ã o fazem ideia do quanto est á deixando por causa
deles.
Regozije-se at é mesmo no dia em que eles forem sair de
casa e seguir o pr ó prio rumo, mesmo que isso envolva o
alistamento na Marinha ou entrar numa universidade.
Esperan ç osamente, como pai ou m ã e, voc ê , na verdade,
os est á preparando para o crescimento — e n ã o apenas
para boas conversas com a mam ã e. “ Por isso, deixa o
homem pai e m ã e e se une à sua mulher, tornando-se os
dois uma s ó carne ” (Gn 2.24).
Os filhos v ã o embora, as filhas s ã o dadas em
casamento. H á muitos pais evang é licos, conservadores e
sentimentais que guerreiam contra isso e querem adiar esse
dia. Pais que se irritam com seus filhos por terem ent ã o um
emprego ou c ô njuge e filhos, o que dificulta passar um
tempo juntos, batalham contra a estrutura que Deus criou
para o mundo.
É ó bvio, n ã o estou dizendo para evitar um
relacionamento com seu filho adulto e com seus netos. O
Salmo 103.17 diz que “ a miseric ó rdia do Senhor é de
eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justi
ç a, sobre os filhos dos filhos ” . Devemos nos regozijar pelos
filhos de nossos filhos. Tenhamos um relacionamento com
cada um deles, n ã o como cobertores sufocantes, mas com
regozijo por tudo aquilo que Deus d á .
Í
CAP Í TULO 4

Quando criou a ra ç a humana, Deus colocou Ad ã o num


jardim repleto de del í cias, com apenas uma proibi çã o no
meio dele. Fora do jardim, nada era proibido, e dentro dele,
havia apenas uma coisa proibida. Al é m disso, creio eu, a á
rvore do conhecimento do bem e do mal seria proibida por
apenas certo tempo, e por isso, depois de aprovados no per í
odo de teste, Deus lhes permitiria comer dela. Quando
pegaram daquele fruto, Ad ã o e Eva foram julgados por peg
á -lo prematuramente , n ã o que a á rvore do conhecimento
do bem e do mal fosse m á em si mesma. Por toda a
Escritura, o conhecimento do bem e do mal é o que os reis
usam enquanto governam e julgam (p. ex., 1Reis 3.9). Esse é
o tipo de conhecimento que faz com que reis julguem
corretamente. Mas Ad ã o e Eva ainda n ã o estavam
preparados.
No entanto, que essa proibi çã o fosse ou n ã o revogada
mais tarde, embora Ad ã o e Eva tivessem desobedecido a
essa ú nica proibi çã o e sido punidos como resultado disso,
Deus viu que o golpe mais severo de retalia çã o por esse
pecado afinal ca í ra sobre Ele. Que tipo de Deus é esse?
Deus deu a Ad ã o um mundo perfeito, uma esposa perfeita,
um ambiente perfeito, uma miss ã o perfeita, uma voca çã o
perfeita, e ent ã o, mesmo quando Ad ã o e Eva
transgrediram, fazendo a ú nica coisa proibida daquele
mundo perfeito, ainda assim Deus prometeu que a descend
ê ncia da mulher destruiria a descend ê ncia da serpente,
esmagando sua cabe ç a (Gn 3.15).
Imite isso . O ambiente do lar deve ser repleto de gra ç a.
Quando repleto de gra ç a, o lar n ã o permanece sem padr õ
es. N ã o se trata de introduzir anarquia moral. A gra ç a n ã
o é uma massa amorfa e gelatinosa. A gra ç a tem uma
espinha dorsal. Por é m, quando os fundamentos s ã o
transgredidos, os sacrif í cios mais pesados no ato de
restaura çã o s ã o realizados pelos guardi õ es da gra ç a, n
ã o pelos executores da lei, n ã o por aqueles que apontam o
dedo, n ã o pelos familiares que acusam os pais, nem por
pessoas que corrigem em um tom nasal de autopiedade.
Imagine que seu filho tenha desobedecido, e por isso voc
ê lhe diz: “ Como acha que voc ê me faz sentir agindo assim?
J á disse milhares de vezes para n ã o fazer isso ” . Embora
seja verdade que a repeti çã o é uma parte necess á ria na
educa çã o dos filhos, o tom tr ê mulo da autopiedade e a
voz exasperada n ã o s ã o. Essa n ã o é uma maneira b í
blica de pastorear os filhos, pois eles aprendem por meio da
imita çã o. Ao presenciar um adulto se sentindo um coitado,
nossa rea çã o imediata n ã o é de: “Ó , coitadinho! ” . Se
repleto de autopiedade, seus filhos j á est ã o aprendendo
uma li çã o. Mas o que um filho aprende n ã o é sentir d ó de
voc ê , mas, sim, a dizer: “ Como acha que isso me faz
sentir? ” . E acontece que isso pode se repetir.
Aquele que d á ego í smo, recebe ego í smo. A coisa mais
f á cil do mundo é encontrar um padr ã o moral na B í blia e
ent ã o aproveitar-se dele de modo ego í sta. O pai ego í sta
d á exemplo de ego í smo. Um jardim repleto de gra ç a pode
conter uma á rvore da lei. Um jardim repleto de lei n ã o
pode conter uma á rvore da gra ç a. Caso haja somente lei
em seu jardim, mas com uma á rvore da gra ç a ao centro,
esta n ã o é de fato oriunda da gra ç a. É uma á rvore de m é
ritos, e voc ê ter á bons filhos apenas por causa da
recompensa: “ Eu fui bonzinho, posso ganhar minha
recompensa agora? ” .
Eu sei, dizer que a atmosfera em seu lar deve ser de “
total gra ç a ” pode parecer sem sentido ou um tipo de
presbiterianismo zen, mas aguente um pouco. Mark Twain
era o exemplo de pessoa profana, homem que tinha o
costume de abusar do uso da linguagem profana, e sua
esposa n ã o gostava nada daquilo. Certo dia, ela decidiu
deix á -lo profanar, e ent ã o virou-se e, calmamente, recitou-
lhe cada palavra que o ouvira dizer. Ele a fitou e ent ã o
disse: “ Querida, voc ê conhece as palavras, mas n ã o
reconhece o tom ” . Agora, inverta o processo: muitos crist ã
os conhecem as palavras “ gra ç a ” , “ miseric ó rdia ” e “
perd ã o ” , mas n ã o reconhecem o tom delas . Nosso tom
pode ser encontrado na passagem do cap í tulo anterior:
Sofonias 3.17. Deus se regozija em n ó s com j ú bilo.
Quando direcionada a um fim, a disciplina tem seu prop ó
sito. Nenhuma corre çã o parece prazerosa quando aplicada,
mas sua gl ó ria é encontrada na colheita (Hb 12.11). A cria
çã o  de filhos n ã o é uma escritura çã o abstrata, mas, sim,
uma hist ó ria que se espalha desde o lavrar e plantar at é o
colher. Trata-se de uma hist ó ria, e é necess á rio manter um
olho na hist ó ria de modo a, quando disciplinar seus filhos,
manter o outro na colheita — neste caso, para o pr ó prio
bem deles. A colheita vem quando eles tamb é m
compreendem o fruto pac í fico de uma vida correta.
Quando na idade adulta, voc ê é quem cresceu e
compreende o tempo. Aos tr ê s anos de idade, um ano é um
ter ç o de toda a exist ê ncia de vida. Aos olhos de um pai ou
de uma m ã e, n ã o passa de mais um poste na estrada.
Estes, portanto, devem ter uma melhor compreens ã o do
tempo e da hist ó ria do que um beb ê de um ano. . . certo?
Dificuldade numa hist ó ria é gra ç a; dificuldade sem uma
hist ó ria é apenas dor. A instru çã o dos filhos é a
oportunidade que voc ê tem de am á -los enquanto os
prepara para a colheita, mas isso significa que é preciso ter a
colheita em mente.
Í
CAP Í TULO 5

Quanto ao viver crist ã o, h á tr ê s “ L ’ s ” para escolher:


legalismo, licenciosidade, liberdade. No lar, surge o
legalismo quando pais tentam estabelecer valores
tradicionais ou uma atmosfera disciplinada baseados na pura
autoridade paternalista e influenciados pelo benef í cio pr ó
prio. Estes desejam que seus filhos se comportem de tal
forma que n ã o os irrite. Eles falam para n ã o arrastar
coisas pela sala, porque isso incomoda e deixa qualquer um
maluco. No entanto, pai e m ã e devem ser motivados pelo
desejo de ver seus filhos aprendendo a ter autocontrole,
preparando-os para o mundo e para a idade adulta.
Devemos corrigir nossos filhos para o benef í cio deles
mesmos, e n ã o nosso.
Quanto ao legalismo, é o rigor que se torna o padr ã o
fundamental. A licenciosidade ocorre quando os pais
percebem que o legalismo demanda trabalho demais.
Acontece que, depois de tantos melindres, at é mesmo os
filhos se revoltam e explodem. Como resultado, os pais
simplesmente abandonam todos os padr õ es, rejeitando
tudo como um monte de tolice legalista, tornando o ato de
ser pai ou m ã e uma longa corrente de desculpas e teorias
de Facebook sobre a inefici ê ncia de dar palmadas.
Se voc ê contou a vinte e oito pessoas s ó nessa semana
que “ seu filho n ã o cochilou hoje ” como desculpa para a
desobedi ê ncia dele, ent ã o talvez seja hora de reavaliar
alguns conceitos. Bem sabemos que h á momentos quando n
ã o é pretexto, mas uma explica çã o plaus í vel. No entanto,
recorrendo a esse tipo de subterf ú gio todas as vezes, voc ê
est á apenas tentando fazer com que as pessoas n ã o notem
sua falta de sabedoria e disciplina.
A liberdade n ã o é uma posi çã o intermedi á ria entre o
legalismo e a licenciosidade; é algo totalmente diferente.
Temos grande dificuldade com ela. Liberdade n ã o é
legalismo moderado, nem licenciosidade moderada. A
liberdade é mais rigorosa que o legalismo; a liberdade é
mais libertadora que a licenciosidade. Jesus disse a seus disc
í pulos: “ Porque vos digo que, se a vossa justi ç a n ã o
exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis
no reino dos c é us ” (Mt 5.20). Jesus n ã o lhes disse que
fossem fariseus moderados, mas que os excedessem.
A liberdade foi comprada para n ó s por Cristo na cruz, n ã
o por nossos recursos e justificativas. A justi ç a da liberdade
sobrepuja a do legalista, e a alegria da liberdade ultrapassa
a do libertino. Se deseja ser um pai crist ã o piedoso sem se
tornar um crist ã o piedoso que morre para si mesmo e para
seus pr ó prios desejos, ent ã o voc ê n ã o entendeu nada
desde o come ç o.
A gra ç a é o que todos n ó s devemos aprender como
crist ã os individuais; é o que aprendemos quando adoramos
a Deus com sinceridade tanto como indiv í duos quanto
como pais e m ã es piedosos. Viver em um ambiente de pura
gra ç a, e que tamb é m se envolve com a lei, é algo que
somente o Esp í rito de Deus pode conceber.
Os filhos percebem quando temos prazer neles conforme
nos regozijamos em ser imitadores de Deus. É assim que o
mundo funciona.
Ent ã o qual dire çã o estamos tomando? Filhos s ã o
criaturas que carregam a imagem de Deus. Como pecadores,
essa imagem est á desfigurada, pois eles est ã o afetados
pelo pecado de Ad ã o, assim como todos n ó s, mas como
santos, essa imagem est á sendo restaurada neles, bem
como em n ó s. Eles foram afetados pela queda assim como
n ó s, mas a imagem de Jesus Cristo est á sendo formada
neles, bem como em n ó s.
Agora que Cristo veio e nos redimiu da condena çã o da
lei, foi-nos dada a oportunidade, como Paulo diz, de criar
nossos filhos “ na disciplina e na admoesta çã o do Senhor ”
(Ef 6.4). Os filhos tamb é m est ã o no cap í tulo 6 do livro de
Ef é sios, mas ainda é parte do mesmo processo que Paulo
come ç ou a descrever no cap í tulo 1.
O prop ó sito de Deus e o bom conselho de sua vontade
incluem os filhos, portanto, cri á -los na disciplina e na
admoesta çã o do Senhor significa que tanto pais quanto
filhos est ã o se despindo do velho homem e se revestindo
do novo homem. Voc ê e seus filhos est ã o se despindo do
velho homem. Voc ê e seus filhos est ã o se revestindo do
novo homem. Deus est á em busca de uma linhagem, e é
desde o come ç o que Ele est á em busca de uma linhagem.
Por que Deus os fez, homem e mulher, um s ó ? Ele estava
em busca de uma “ descend ê ncia piedosa ” (Ml 2.15). Por
essa raz ã o é que educamos nossos filhos daqui para a
eternidade.
SEGUNDA
PARTE
Í
CAP Í TULO 6

Sabe, pois, no teu cora çã o, que, como um homem


disciplina a seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu
Deus.
(Deuteron ô mio 8.5)

J á escrevi muitas vezes que a teologia emana de quem


voc ê é . N ã o importa no que voc ê diga acreditar, sua
teologia da justifica çã o e sua teologia da santifica çã o s ã o
expostas de forma microc ó smica no relacionamento com
seus filhos. Talvez isso o fa ç a co ç ar a cabe ç a por um
instante, mas lembre-se de que n ã o s ó queremos aprender
a disciplinar nossos filhos de maneira b í blica, mas faz ê -lo
em um contexto b í blico. Logo, esse pequeno livro n ã o é
uma lista de t é cnicas, e as Escrituras n ã o s ã o uma
pedreira de onde juntamos uma s é rie de pedras.
Desejamos apenas uma pedra, nosso Senhor Jesus Cristo.
Pais e m ã es crentes devem criar seus filhos conforme o
chamado que é feito aos crist ã os, mas n ã o é poss í vel cri
á -los assim fora do contexto do Evangelho. Buscamos
compreender tudo aquilo que fazemos pelo contexto do
Evangelho da gra ç a. N ã o se trata  de uma s é rie de t é
cnicas para pessoas de boa í ndole, decentes, respeit á veis,
de classe m é dia. Estamos abordando o assunto como crist
ã os, pessoas libertas pelo Evangelho de Jesus Cristo, e
queremos ser usados por Deus para conduzir nossos filhos a
essa mesma liberdade.
Deuteron ô mio 8.5 explicitamente diz que o Senhor tem
um relacionamento com os seres humanos que se espelha
na rela çã o que um pai tem com seu filho. É preciso meditar
nessa verdade, e n ã o apenas reconhec ê -la. Mois é s disse
ao povo que considerasse com o cora çã o e meditasse sobre
isto: um homem corrige seu filho, e Deus faz o mesmo com
aqueles que s ã o seus filhos.
Quando somos salvos, Deus nos adota como parte de sua
fam í lia, e isso significa que estamos em um relacionamento
entre pai e filho com Ele. O Senhor Jesus nos ensina a orar “
Pai nosso , que est á s nos c é us ” . Jesus diz “ Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ningu é m vem ao Pai sen ã
o por mim ” (Jo 14.6). Logo, Deus é o nosso Pai. As Escrituras
geralmente fazem distin çã o entre justifica çã o e santifica
çã o. A justifica çã o estabelece o fato desse relacionamento,
enquanto a santifica çã o determina a dire çã o dessa rela çã
o.
A quest ã o nisso tudo é que voc ê é um filho de Deus
pelo dom gratuito da gra ç a de Deus. A santifica çã o é o
processo por meio do qual Deus nos comunica o que Ele
deseja que sejamos conforme crescemos em sua fam í lia.
Deus n ã o disciplina os filhos do vizinho: Ele disciplina seus
pr ó prios filhos. As dores da santifica çã o d ã o testemunho
do fato de que somos filhos de Deus. N ã o existe santifica çã
o sem dire çã o, e dire çã o significa disciplina.
Entendemos o que a B í blia diz sobre Deus Pai e sobre
nossa busca por aprender como disciplinar nossos filhos. Ao
mesmo tempo olhamos para o nosso modo de disciplin á -
los, e aprendemos coisas sobre nosso relacionamento com
Deus. A forma de agir com nossos filhos nem sempre é o
melhor jeito de aprender sobre Deus, mas, à s vezes, pela
gra ç a divina, fazemos a coisa certa, e isso nos d á a
oportunidade de aprender mais sobre o que Deus tem feito
em nossa vida.
Í
CAP Í TULO 7

A disciplina, se corretamente considerada, é uma forma


de sabedoria. Do contr á rio, ela n ã o pode ser chamada de
s á bia. A disciplina é dolorosa, mas nem tudo o que é
doloroso é disciplina. Devemos ser adultos em nosso pensar
— cachorros t ê m quatro patas, mas nem tudo com quatro
patas é um cachorro. Ent ã o consideremos alguns princ í
pios para a disciplina, sendo cada um deles refletido no
relacionamento que Deus tem com seu povo.
Em primeiro lugar, disciplina n ã o e puni çã o. A
disciplina tem como finalidade a corre çã o, enquanto a puni
çã o visa justi ç a e retribui çã o. A pena capital, por
exemplo, n ã o tem por objetivo a corre çã o do criminoso. At
é pode ser que, na bondade e benevol ê ncia de Deus, algu é
m no corredor da morte clame ao Senhor e seja convertido,
mas esse n ã o é o prop ó sito da pena de morte. Um dos
grandes erros de nossos dias é tentar fazer com que os
magistrados civis dominem a responsabilidade da disciplina.
Por que temos penitenci á rias? É para l á que v ã o os
penitentes. Todo o sistema de penitenci á rias foi criado pelo
Estado para realizar a obra da disciplina que pertence à fam í
lia, a qual o magistrado civil n ã o é capaz de cumprir. Ao
magistrado civil est á designada a espada (Rm 13), n ã o a
vara da disciplina.
A B í blia ensina que os os pais devem disciplinar seus
filhos, e n ã o os punir. Hebreus 12.11 diz: “ Toda disciplina,
com efeito, no momento n ã o parece ser motivo de alegria,
mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pac í fico
aos que t ê m sido por ela exercitados, fruto de justi ç a ” . A
disciplina visa a colheita ou o objetivo, ou porque h á um
problema a ser corrigido (a forma negativa da disciplina) ou
porque h á imaturidade ou fraqueza ainda sem corre çã o (a
forma positiva da disciplina). Enfim, a disciplina sempre
deseja partir de um lugar para outro a fim de concretizar
algo.
Voc ê n ã o coloca cada filho numa banheira por um per í
odo semelhante de tempo por pensar em direitos iguais.
Algumas crian ç as precisam ficar na banheira por um per í
odo menor de tempo, e outras precisam de mais, pois est ã o
sujas dos p é s à cabe ç a. Dar umas palmadas, disciplinar
comportamentos e corrigir atitudes n ã o é puni çã o, mas
disciplina, cujo prop ó sito como um todo é tornar poss í vel a
chegada a determinado ponto. N ã o se considere um juiz
distribuindo justi ç a para todos os lados. Tanto a disciplina
quanto a puni çã o s ã o boas em seus devidos momentos,
mas n ã o s ã o a mesma coisa. Pais (especialmente quando
com filhos pequenos) de forma alguma devem pensar em
termos de julgamento ou retribui çã o.
Em segundo lugar, certifique-se de disciplinar n ã o
com muitas regras, mas com alguns poucos princ í
pios. Voc ê é um pai, n ã o uma ag ê ncia regulamentadora.
Aplica çõ es espec í ficas podem sempre ser deduzidas de
princ í pios, ao contr á rio de quando se introduz princ í pios
a partir de uma s é rie de comandos individuais, o que n ã o
alcan ç a o mesmo resultado.
Lembro-me de, quando crian ç a, ter recebido de meu pai
tr ê s regras. N ã o s ó isso, mas lembro tamb é m onde eu
estava no jardim da frente quando ele deu essas regras, e
me lembro da maneira carinhosa e afetuosa com que ele me
as deu (ele p ô s o punho em frente do meu rosto). Seus tr ê
s princ í pios foram: 1) Sem desobedi ê ncia, 2) Sem mentira,
3) N ã o desrespeite a sua m ã e. Agora, isso n ã o abrange
tudo?
Foque nas leis que s ã o como raiz, e n ã o naquelas que,
como folhas, est ã o na ponta dos galhos. Jesus ensina que h
á dois grandes mandamentos que resumem todo o Antigo
Testamento: amar á s ao Senhor teu Deus de todo o teu cora
çã o e o teu pr ó ximo como a ti mesmo (Mt 22.37 – 40).
Esses dois correspondem aos Dez Mandamentos — o maior
mandamento corresponde aos quatro primeiros, o segundo
grande mandamento corresponde aos ú ltimos seis. Todas as
outras leis do Antigo Testamento encaixam-se debaixo deles
dois. Disciplina por princ í pios significa que seu sistema de
disciplina faz sentido. Ela é ordenada. N ã o um caos de
mandamentos que dependem do estado emocional da mam
ã e ou do papai enquanto as diretivas s ã o dadas.
Multiplicamos normas e regras porque, caso o desejo seja
acusar, sempre h á com o que acusar. (N ã o tenho d ú vidas
de que a grande maioria de voc ê s esteja desobedecendo
pelo menos a alguma regulamenta çã o estatal enquanto l ê
este livro). Mas essa é a forma de um tirano pensar, n ã o de
um pai ou de uma m ã e. Pense em termos de “ mantenha a
simplicidade, seja direto ” . Deus nos deu a B í blia, e voc ê
pode reduzir a lei do Antigo Testamento a dez requisitos que
cabem em uma ficha — e ap ó s isso voc ê pode reduzi-los
novamente a dois.
Se pergunt á ssemos “ O que o Congresso quer que fa ç
amos? ” , ter í amos de encher prateleiras e mais prateleiras
de regulamenta çõ es. Isso porque o Governo Federal n ã o
procura obedi ê ncia, mas, ao contr á rio, tenta controlar a
vida dos cidad ã os. Pais n ã o devem agir assim.
Lembre-se de que Deus deu um jardim perfeito a Ad ã o e
Eva: havia um mundo repleto de sim, mas apenas um n ã o.
Diminua o n ú mero de n ã os em seu lar. Essa é uma outra
forma de dizer que, como pai ou m ã e, voc ê deve escolher
suas batalhas cuidadosamente. Suponha que, durante um m
ê s, ap ó s cem ordens dadas, seus filhos tenham
desobedecido constantemente. Seria muito melhor reduzir
tudo a dez ordens e t ê -los seguindo cada uma das dez,
melhor isso do que manter as cem, mas ter apenas um
quinto delas obedecido. O pai com cem ordens pode at é
conseguir conformidade mais vezes, mas a m é dia de
acertos ser á terr í vel. E o que se tem incutido é confus ã o
quando uma crian ç a nunca sabe se o papai vai dar uns
tapas ou se a mam ã e vai explodir . O mundo delas ser á
muito mais est á vel e seguro se a quantidade de requisitos
for reduzida , mas sempre tendo a obedi ê ncia como alvo. É
tudo uma quest ã o de equil í brio.
Em terceiro lugar, fique calmo. A corre çã o é necess á
ria quando algu é m falha, mas a B í blia diz como aplic á -la:
“ Irm ã os, se algu é m for surpreendido nalguma falta, v ó s,
que sois espirituais, corrigi-o com esp í rito de brandura; e
guarda-te para que n ã o sejas tamb é m tentado ” (Gl 6.1).
Essa passagem nos diz como devemos corrigir um ao outro
no Corpo. Durante o batismo de infantes, uma das coisas
que os pais prometem fazer é tratar a crian ç a como um irm
ã o ou irm ã no Senhor.
Quando altamente motivado a disciplinar seus filhos, voc
ê , de acordo com essa passagem, n ã o est á qualificado
para faz ê -lo . E por “ altamente motivado ” n ã o quero
dizer motivado pelo Esp í rito Santo, mas por seus nervos,
sua raiva, suas paix õ es. Tudo est á dando nos nervos, as
crian ç as est ã o em cima, ent ã o voc ê explode, e da í as
corrige. No caso, a corre çã o se d á por causa de um zelo
emocional que s ó quer v ê -los de boca fechada . N ã o é a
disciplina devida pela transgress ã o da Palavra de Deus,
mas a repentina por causa do orgulho afrontado.
G á latas 6.1 diz que, para corrigir um irm ã o, voc ê deve
ser espiritual: “ corrigi-o com esp í rito de brandura; e
guarda-te para que n ã o sejas tamb é m tentado ” . Sempre
que corrigir seus filhos, voc ê ser á tentado. Fa ç a-o, mas
examinando a si mesmo , a fim de n ã o ser tentado, e cair.
Mas, quando qualificado para disciplinar, voc ê nem sempre
se sentir á motivado. Vejamos, voc ê est á em paz com Deus
e com o mundo, sentado em sua grande poltrona de papai
assistindo ao jogo, e um de seus filhos ent ã o desdenha de
algo que sua esposa disse. Voc ê at é pode estar qualificado
para disciplin á -lo naquele momento, mas, justamente por
estar tudo prop í cio, n ã o se sente no clima. No entanto,
mesmo n ã o sentindo vontade, a sua disciplina precisa estar
baseada em princ í pios e no que Deus deseja que voc ê fa ç
a naquele instante, e n ã o em seu estado emocional. Talvez
voc ê sinta vontade de disciplinar justamente quando n ã o
deveria, e talvez n ã o a sinta exatamente quando deveria,
logo, n ã o baseie a disciplina no estado de suas emo çõ es.
A fim de ensinar obedi ê ncia, sua disciplina deve ser em si
mesma obediente e disciplinada.
Citei a frase “ qualificado para disciplinar ” . N ã o cometa
o erro de pensar que, por ter sido culpado do mesmo tipo de
pecado quando crian ç a, n ã o est á qualificado para
disciplinar seus filhos. Sua condi çã o para disciplinar deve
estar baseada no que Deus manda fazer naquele momento,
e n ã o baseada no fato de ter ou n ã o sido a crian ç a que
deveria ser. Se n ã o foi o tipo de filho que deveria ter sido,
ainda assim voc ê n ã o deve consertar esse fato do passado
recusando-se a ser um bom pai no presente. Arrependa-se e
comece a fazer da maneira de Deus de hoje em diante. As
condi çõ es ideais para tanto estar ã o ou n ã o presentes no
momento da disciplina.
A verdadeira disciplina diz respeito à comunh ã o
restaurada. Quando cometido, o pecado quebra a comunh ã
o na fam í lia. A disciplina busca tratar essa transgress ã o a
fim de desfazer seus efeitos (Ef 4.32). E h á chances de isso
dar errado. Se, para come ç o de conversa, j á n ã o
houvesse comunh ã o, ser á imposs í vel restaurar aquilo que
n ã o existe. Caso os filhos sejam um sofrimento constante
gra ç as a caprichos e desobedi ê ncia, com instantes peri ó
dicos de dor aguda, que alguns chamam de “ disciplina ” , a
rea çã o a isso ser á algo como “ Eu te odeio, eu te odeio, eu
te odeio ” . O filho que n ã o deseja voltar ao jardim da
comunh ã o j á n ã o est á dentro dele.
Se os momentos de disciplina afastam seus filhos mais e
mais, que isso lhe sirva de sinal. Eles podem nunca ter
pertencido ao jardim, para in í cio de conversa, e é a í que
voc ê precisa come ç ar a agir . Agora, se todos est ã o em
comunh ã o, se o seu lar é um lar feliz, ent ã o, quando o
pecado transgredir tudo isso, e voc ê disciplin á -los, seus
filhos desejar ã o voltar. Eis um sinal saud á vel.
Outra forma de dar errado é aplicar a disciplina quando se
est á com raiva. A disciplina piedosa subtrai do n ú mero de
ofensas; ela n ã o acrescenta. Seu filho foi desobediente e
duas ou tr ê s coisas quebraram a comunh ã o no lar; caso o
discipline com raiva, a comunh ã o do lar ser á ainda mais
perturbada. A “ disciplina ” n ã o ajudou. Se o momento de
disciplina adiciona ofensas, ent ã o n ã o é disciplina. A
disciplina subtrai, restaura, e coloca as coisas no devido
lugar. Se isso n ã o estiver acontecendo, voc ê
provavelmente n ã o tem uma comunh ã o crist ã , amorosa
em seu lar.
Gostaria de adicionar mais uma coisa a esse terceiro princ
í pio: fique calmo e aplique a corre çã o f í sica mesmo assim
. Anteriormente, mostrei que em G á latas 6.1 somos
ordenados a corrigir nossos irm ã os, guardando-nos para
tamb é m n ã o sermos tentados. Mesmo ent ã o, voc ê o faz
da forma como Deus diz que deve ser feito. A disciplina da
vara n ã o deve ser entendida como uma forma de
autoexpress ã o. Trata-se de uma forma de corre çã o e de
agradar a Deus. N ã o é uma maneira de ventilar os
sentimentos. Se precisa usar para desabafar emo çõ es, voc
ê n ã o est á qualificado. A palmada precisa ser muito mais
judiciosa e calma que isso. Por é m, permanecendo calmo, e
motivado por obedi ê ncia à Palavra, o que Deus diz? Em
Prov é rbios 23.13 – 14, a Palavra de Deus diz: “ N ã o retires
da crian ç a a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, n ã
o morrer á . Tu a fustigar á s com a vara e livrar á s a sua
alma do inferno ” . Nisso estamos imitando a nosso Pai:
Hebreus 12.6 declara que Deus castiga todo aquele que
recebe por filho.
Vivemos numa é poca em que um grande n ú mero de
pais crist ã os, embora profundamente tolos, t ê m tentado
disciplinar de forma tola. Da í , descobrindo que isso n ã o
funciona, concluem que o problema deve estar na Palavra de
Deus, e n ã o na aplica çã o inepta proposta por eles.
Tratando-se de uma corre çã o pecaminosa, sua aplica çã o
deve ser abolida. Muitos n ã o entendem isso e acabam por
jogar tudo fora. A Palavra de Deus nos diz o que devemos
fazer. N ã o rejeite o que a B í blia claramente ensina.
Recusando-se a ouvi-la, voc ê n ã o livrar á seu filho, que est
á a caminho da destrui çã o.
Sim, a disciplina f í sica é ensinada na B í blia, mas isso n
ã o significa uma necessidade de disciplinar seu filho a cada
dez minutos, havendo ou n ã o necessidade. N ã o estamos
falando de abuso de menores — as palmadas devem doer,
nunca lesionar.
A “ disciplina f í sica n ã o funciona ” ocorre de duas
formas: uma quando corrige seu filho, e ele aprende a ficar
longe toda a vez que voc ê pisa em casa ou liga a TV. N ã o
passa de abuso. Deus n ã o o chama para espancar seu filho;
se isso é o que tem feito, seu dever é arrepender-se e buscar
o perd ã o de Deus e de seus filhos. Um pai jamais deve
espancar seus filhos.
O outro erro, e francamente o mais comum, acontece
quando se d á uma palmada ou um tapinha ocasional e
muito inconsistente por cima das fraldas. Bom, a crian ç a
simplesmente foi deslocada por uns dezoito cent í metros, e
nada mais. Aquela pequena coisinha endiabrada vai reagir
assim: “ R á ! Eu desafio voc ê e toda sua deplor á vel
tentativa de intimidar a dona do mundo! ” .
A disciplina é uma linguagem universal. Ela comunica. A
disciplina piedosa supera. Deve haver conquista, do contr á
rio n ã o pode ser considerada piedosa. Muitas vezes, pais
relutam em disciplinar quando necess á rio, pois pensam que
seus filhos t ê m a mentalidade fraca em rela çã o à causa e
ao efeito da piedade. A m ã e pode dizer “ Acho que minha
ovelhinha ” — conhecido pelos de fora como tornado
uivante, e por seus irm ã os como Rasputin de pijamas — “ n
ã o compreende a conex ã o entre fazer birra e a palmada.
Ele parece t ã o triste e desnorteado ” . Voc ê disse n ã o
entende a causa e o efeito da disciplina ?
Mas como, sendo ele um verdadeiro g ê nio das causas e
efeitos da impiedade ? Diga, ele compreende a conex ã o
entre choramingar e conseguir o que quer? Ele compreende
essa rela çã o casual. . . ent ã o por que n ã o entenderia o
relacionamento causal entre mostrar o dedo e ser
disciplinado? Prov é rbios 19.19 diz: “ Homem de grande ira
tem de sofrer o dano; porque, se tu o livrares, vir á s ainda a
faz ê -lo de novo ” . Esse é o princ í pio de causa e efeito. Ao
limpar a barra de algu é m que perdeu a paci ê ncia, mesmo
que tenha dois, trinta, sessenta anos de idade, voc ê ter á de
faz ê -lo outra vez. Quando isso acontece, a crian ç a é
recompensada por agir sem medir as consequ ê ncias.
Ganha-se mais daquilo que foi atenuado, perde-se o que n ã
o foi penalizado.
Em quarto lugar, disciplina é amor. A B í blia declara
isso de duas formas: primeiro, positivamente: “ porque o
Senhor corrige a quem ama ” (Hb 12.6). Quando Deus ama,
Ele corrige. O mesmo princ í pio é declarado negativamente
apenas alguns instantes depois: “ Mas, se estais sem corre
çã o, de que todos se t ê m tornado participantes, logo, sois
bastardos e n ã o filhos ” (Hb 12.8). Em Prov é rbios 13.24
temos o princ í pio declarado de forma negativa: “ O que ret
é m a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o
disciplina ” . Sem disciplina f í sica eficaz, voc ê odeia seus
filhos. Se n ã o os disciplina de acordo com a Palavra de
Deus, n ã o me importa a sua estrutura emocional — voc ê n
ã o os est á amando. O amor n ã o é definido por nossa
estrutura emocional, mas por aquilo que a B í blia diz. O ó
dio é definido por aquilo que a Escritura declara, e a Palavra
de Deus diz que n ã o disciplinar os filhos praticamente
equivale a desprez á -los — e isso inclui reneg á -los ao n ã o
fazer nada mais do que dar tapinhas por sobre as fraldas.
Logo, a disciplina sem efic á cia é uma forma de negar,
rejeitar, odiar seus filhos. Deus n ã o age assim conosco,
portanto n ã o devemos agir dessa maneira com nossos
filhos. Ao mesmo tempo, queremos corrigir nossos filhos
enquanto manifestamos todo o fruto do Esp í rito. Por isso
disciplinar crian ç as é a vida crist ã de forma microc ó
smica. N ã o se trata de uma busca secular desconectada de
quest õ es como o pecado e o perd ã o, o Evangelho e a
reden çã o. O ato de disciplinar os filhos est á totalmente
relacionado a Jesus. Estamos nutrindo almas, n ã o treinando
filhotes. Essa é uma forma de discipulado e minist é rio, e n ã
o pode ser um minist é rio sem ter Jesus no centro.
N ã o se conquista a justifica çã o pelo experimentar da
disciplina. A santifica çã o n ã o conduz à justifica çã o, e
nosso lugar em Cristo n ã o foi dado porque algu é m nos
arrastou at é Ele mediante a corre çã o f í sica. Voc ê foi
adotado pela livre gra ç a divina. E ent ã o Deus coloca em
voc ê uma das marcas de pertencimento: Ele disciplina todo
filho que tem. Medite nisso. Deus o est á amando quando o
disciplina. Voc ê recebe o dom da disciplina santificadora
como resultado da livre gra ç a.
Quando garoto, nas vezes em que era disciplinado, meu
pai, sempre calmo e sensato, dava-nos uma oportunidade de
autodefesa, geralmente bem fraca. Ele nos disciplinava e ent
ã o nos segurava, orava conosco, e dizia algo do tipo: “ Tudo
est á completa e totalmente perdoado, e voc ê pode voltar e
reingressar na fam í lia como um membro integralmente
participante dela, desde que n ã o fique mal-humorado com
o que acabou de acontecer ” . Lembro-me de sentar no por ã
o, ouvindo o feliz tilintar dos talheres no andar de cima,
como o filho pr ó digo em terra distante.
Quando isso acontecia, antes de me arrepender e
reingressar na fam í lia, eu era um Wilson? Eu era um Wilson
no por ã o tanto quanto era e fui em qualquer outro
momento da minha vida. Na verdade, esse era o porqu ê de
eu estar l á . Meu pai n ã o fazia aquilo com os filhos do
vizinho (por mais tentador fosse de vez em quando). Eu
estava l á pois eu era um Wilson. A membresia na minha fam
í lia nunca esteve mais segura do que quando eu estava
sentado l á , sob disciplina.
Estava feliz em ser um Wilson? N ã o necessariamente.
Eis que voc ê é um crist ã o justificado. Essa é a sua posi çã
o como crist ã o. E ent ã o Deus disciplina, a ç oita, corrige.
Ele opera coisas diferentes e que introduzem problemas em
nossa vida; se ficamos bravos ou chateados, é como se estiv
é ssemos sentados nas escadas do por ã o, n ã o querendo
voltar a fazer parte da fam í lia. Voc ê é bem-vindo a mais
uma vez subir as escadas a qualquer momento e aprender a
li çã o a partir disso. Aprendendo a li çã o, enxergando que a
santifica çã o relaciona-se com a justifica çã o, voc ê entende
como a disciplina de seus filhos retrata isso tamb é m. Sua
teologia da justifica çã o e sua teologia da santifica çã o
destilam da ponta de seus dedos, especialmente se voc ê
estiver disciplinando seus filhos.
TERCEIRA
PARTE
Í
CAP Í TULO 8

E v ó s, pais, n ã o provoqueis vossos filhos à ira, mas


criai-os na disciplina e na admoesta çã o do Senhor.
(Ef é sios 6.4)

Na parte anterior, distinguimos a disciplina da puni çã o.


Essa distin çã o inicial mostra que a disciplina é corretiva,
enquanto a puni çã o est á preocupada apenas com a justi ç
a ou retribui çã o. Quando ordena a execu çã o de um
criminoso, o magistrado n ã o tenta transform á -lo numa
pessoa melhor, mas est á simplesmente executando justi ç
a. Isso pode ou n ã o tornar o criminoso uma pessoa melhor,
por é m a quest ã o n ã o é disciplinar, mas, ao contr á rio,
punir. O que os pais fazem em casa é disciplinar, n ã o punir.
Uma vez aceita a responsabilidade de aplicar a disciplina
paterna ou materna, descobre-se que, em si mesma, ela
ocorre sob duas categorias: corretiva e formativa. A
disciplina corretiva é a corre çã o de pecados manifestos no
passado, bem como a corre çã o daquilo que diz respeito ao
futuro. A disciplina formativa antecipa aquelas tenta çõ es t í
picas ao homem e busca incutir certos tra ç os de car á ter
antecipadamente.
Nesse texto, a responsabilidade é dada aos pais. Tomando
toda a Escritura, sabemos que ambos, pai e m ã e, s ã o
respons á veis por essa tarefa crucial (por exemplo, no livro
de Prov é rbios, um jovem é exortado a obedecer à lei de sua
m ã e ). Paralelamente, vale notar que a responsabilidade
central nessa passagem é dada ao pai. Deus imp õ e
mandamentos sobre nossas fraquezas. M ã es geralmente n
ã o precisam ser exortadas ao interesse e ao investimento na
cont í nua instru çã o di á ria de seus filhos. Os pais precisam
ser exortados dessa forma, e Paulo faz exatamente isso.
Tamb é m nos é ensinado, poucos vers í culos antes, que
o marido é o cabe ç a da esposa assim como Cristo é o cabe
ç a da Igreja, e isso significa que o pai é o respons á vel por
tudo o que acontece no lar. Ele é o respons á vel, em
primeiro lugar, por n ã o se tornar uma provoca çã o para
seus filhos. Novamente, Deus d á mandamentos à s nossas
fraquezas. Quando a B í blia diz “ Pais, n ã o fa ç am isso ” ou
“ Esposas, n ã o fa ç am aquilo ” ou “ Filhos, n ã o fa ç am
isso e aquilo ” , Deus est á falando sobre coisas que
possivelmente far í amos, n ã o f ô ssemos exortados a evit á
-las. Logo, os pais t ê m uma tend ê ncia a provocar seus
filhos, e o ap ó stolo est á contra-atacando essa postura.
Quando um pai faz seus filhos trope ç arem em ira, seu
pecado antecede o dos filhos e é muito mais grave. Em
Lucas 17.2, Jesus diz que seria melhor que um homem
tivesse uma pedra de moinho amarrada ao pesco ç o do que
fazer trope ç ar um de seus pequeninos.
Agora, o pai de fam í lia é respons á vel por prover para
seus filhos uma educa çã o e cria çã o crist ã s. Filhos crist ã
os precisam receber muito mais que uma educa çã o crist ã ,
mas o m í nimo é a receber. As palavras traduzidas em Ef é
sios 6.4 por “ disciplina e admoesta çã o ” s ã o paideia e
nouthesia. Ambas s ã o quase sin ô nimas, logo é dif í cil
dizer qual palavra é traduzida para qual palavra. Ambas 
poderiam ser traduzidas por “ disciplina ” , e ambas
poderiam ser traduzidas por “ admoesta çã o ” . Tome ambos
os termos, e eles abranger ã o e, necessariamente, exigir ã o
uma educa çã o crist ã .
O que chamamos educa çã o n ã o é t ã o grande quanto
o termo desse comando, mas é , necessariamente, um
componente cr í tico. Quando se fala de educa çã o crist ã ,
todos pensam em escolas, hist ó ria, geografia, matem á
tica. Logo nos vem à mente aquele per í odo “ formal ” espec
í fico, mas, embora a paideia o inclua, ela n ã o se limita a
isso.
Hoje em dia, a educa çã o é concebida como “ despejo de
informa çõ es ” , mas a exig ê ncia crua e bruta, sem instru
çã o, é uma forma de provoca çã o. J á por outro lado, os pais
n ã o devem permitir que seus filhos se esquivem da obedi ê
ncia, exigindo explica çõ es. “ Por que temos que fazer isso?
” . É uma obriga çã o dos pais responder a esse tipo de
pergunta, mas tamb é m penso que um pai astuto dir á : “
Vou dizer uma coisa. Essas perguntas s ã o ó timas. Por que
voc ê n ã o limpa a garagem como eu disse para fazer, e
quando terminar, sentamos e conversamos sobre o motivo
de eu ter pedido isso, certo? ” . De repente parece que a
crian ç a n ã o quer mais as respostas à s perguntas que ela
mesma fez; tudo o que ela quer é adiar a limpeza da
garagem. E voc ê n ã o quer uma crian ç a exigindo explica
çõ es como substituto da obedi ê ncia.
Paralelamente, se é rotina para o seu filho ouvir nada al é
m de “ porque eu mandei ” , e eles n ã o fazem ideia do
porqu ê s ã o pastoreados nessa dire çã o, algo est á
drasticamente errado. As duas metades desse vers í culo est
ã o conectadas: “ E v ó s, pais, n ã o provoqueis vossos filhos
à ira, mas criai-os na disciplina e na admoesta çã o do
Senhor ” . Ensinar, instruir e fazer com que o mundo tenha
sentido s ã o maneiras de n ã o provocar os filhos à ira.
Seu filho é provocado à ira se voc ê n ã o o mune de
habilidades. Ainda crian ç a, ele n ã o é preparado para
trabalhar duro, para estudar n í veis mais elevados de
matem á tica, para manter um emprego, para responder
bem à s autoridades. . . da í , quando cai a ficha é que se
costuma perceber que o trem j á partiu e que j á é tarde
demais. N ã o houve preparo. E quem foi que n ã o os
preparou? Se o pai n ã o proveu uma educa çã o crist ã
piedosa, ent ã o ele negligenciou o que Paulo ensina nesta
passagem.
Voc ê j á leu a respeito desse importante ponto da
disciplina algumas vezes, mas ele se aplica à paideia crist ã
tamb é m. Ent ã o, aqui est á , de novo: a diferen ç a entre a
disciplina corretiva e a formativa é que, quando as coisas v ã
o ativamente mal, a disciplina corretiva as coloca de volta
nos trilhos, restaurando a comunh ã o entre pais e filhos,
enquanto a disciplina formativa previne o pior no futuro.
Toda disciplina é corretiva, mas alguns tipos corrigem erros
passados e outros previnem erros futuros.
Suponha que uma m ã e, ao sair pela porta, diga a seu
filho que termine a li çã o de matem á tica antes de jogar
videogame. Suponha que ele entre no modo de racionaliza
çã o t í pica de um menino do Ensino Fundamental e comece
a pensar sobre quanta matem á tica est á envolvida na
programa çã o de videogames, e que, na verdade, o esp í
rito da matem á tica est á impregnado nesses jogos!
Quando, mais tarde, naquela noite, de s ú bito suas explica
çõ es e racionaliza çõ es desaparecerem como o orvalho da
manh ã e as vierem consequ ê ncias, sua m ã e estar á
impondo o primeiro tipo de disciplina, a disciplina corretiva
sobre um incidente do passado.
O segundo tipo de disciplina é deixar estabelecido que a li
çã o de matem á tica deve vir em primeiro lugar. A li çã o de
matem á tica pode fazer uma crian ç a sentir-se perseguida.
L á est á , uma pilha de tarefas, n ã o porque ela fez algo de
errado, mas justamente porque seus pais querem que
continue a n ã o fazer nada de errado ao longo de toda a
vida. A li çã o de matem á tica exemplifica o preparo para
um dia futuro, e isso é disciplina formativa. Ela tamb é m é
corretiva, mas é corre çã o preventiva. O mesmo ocorre em
outros assuntos. Voc ê est á antecipando problemas comuns
à vida, preparando seu filho e o munindo para dias dif í ceis.
Isso se conecta ao todo do tema da forma çã o de car á ter.
Certo escritor foi muito prestativo ao notar que a educa
çã o tem que ver com forma çã o , e n ã o tanto com informa
çã o . Corre çã o preventiva, feita da maneira certa, é um
processo de constru çã o de car á ter. Um dos grandes erros
que os pais geralmente cometem é opor a parte acad ê mica
a quest õ es de car á ter. Aprender a fazer o tipo de trabalho
que as crian ç as aprenderam a fazer e que tiveram de
aprender por mil ê nios n ã o é o oposto da forma çã o de car
á ter — em si j á é forma çã o de car á ter.
Se um grupo de meninos estivesse usando p á s para
cavar uma vala, e um dos pais deles viesse e buscasse seu
filho para que passasse fazendo outra coisa em vez de
cavar, esse n ã o seria um exemplo de focar no car á ter em
vez de cavar.
Embora o car á ter seja mais importante que a vala, n ã o
a cavando, o car á ter n ã o é desenvolvido. O que se tem é
algu é m que se debru ç a sobre a p á ou que vai para casa e
se senta no sof á . Todas as tarefas em nossa frente s ã o
oportunidades para a constru çã o do car á ter. Ao levar seu
filho de volta para casa, privando-o do trabalho de cavar
aquela vala, voc ê estaria se recusando a trabalhar no car á
ter dele.
Í
CAP Í TULO 9

N ã o se pode abordar todo esse assunto sem falar sobre


princ í pios e m é todos. Imagine uma rodovia com quatro
pistas de m ã os contr á rias, duas rumo ao c é u e duas
rumo ao inferno. Um Ford e um Chevrolet est ã o nas pistas
rumo ao c é u, e nas duas pistas rumo ao inferno est ã o um
Ford e um Chevrolet. Os tempos s ã o maus, tanto que,
quando os Fords se cruzam, seus motoristas buzinam e
acenam um para o outro. O mesmo ocorre no caso dos
Chevrolets. Os motoristas em dire çõ es opostas podem
sentir um senso real de solidariedade, uma vez que t ê m o
mesmo tipo de ve í culo, mas est ã o seguindo em dire çõ es
completamente distintas.
Quando se trata de educa çã o, alguns pais recorrem a col
é gios crist ã os, outras ao ensino domiciliar, e alguns à s co-
ops . 3 Assim como na analogia do Ford/Chevrolet, o ve í culo
n ã o importa tanto quanto o local para onde se est á
dirigindo. Alguns fazem escolhas diferentes por motivos bons
e piedosos que t ê m muito mais em comum do que outros
que fazem as mesmas escolhas, mas por raz õ es
completamente diferentes. A escolha em si n ã o é t ã o
importante quanto a motiva çã o. N ã o queremos cair em
paralelos est ú pidos de Ford-Ford ou Chevrolet-Chevrolet.
Queremos pensar sobre o princ í pio — criamos nossos filhos
na disciplina e na admoesta çã o do Senhor? Se a sua
lealdade prim á ria é aos m é todos, voc ê n ã o est á
pensando como um crist ã o. Se a sua lealdade prim á ria é
ao alvo, voc ê se ver á em boa companhia com um n ú mero
de pessoas buscando o mesmo alvo mas com m é todos
diferentes.
Mas qual é o alvo? A palavra paideia que Paulo usa em Ef
é sios 6.4, a qual discutimos em cap í tulos anteriores, é uma
palavra de denso significado. Todo idioma tem palavras
abrangentes como essa — em nossa cultura, um exemplo
disso seria a palavra “ democracia ” . Ela é t ã o importante
que n ã o seria de impressionar se voc ê encontrasse um
estudo de tr ê s volumes acerca dela num sebo. Paideia era
uma dessas enormes palavras no mundo antigo, e ela se
referia à encultura çã o de uma crian ç a at é o ponto que ela
pudesse tomar seu lugar como cidad ã o em uma p ó lis. Em
outras palavras, paideia referia-se à realidade toda
abrangente, criadora da civiliza çã o. Paulo a usa para fazer
refer ê ncia a algo muito similar. O ap ó stolo viu crist ã os
que outrora foram como que estrangeiros à comunidade de
Israel (ver Ef 2.12), mas que mais tarde tomariam seu lugar
como cidad ã os da nova Jerusal é m (ver Gl 4.26; Hb 12.22).
A liga çã o é a mesma em Filipenses, falando de nossa
cidadania nos c é us (Fl 3.20). A paideia crist ã prepara a
crian ç a para as responsabilidades que ela ter á como
adulto no reino de Deus. Quando Paulo ordena aos pais que
providenciem uma paideia crist ã , ele o faz antes que
houvesse algo como uma cultura crist ã para os filhos dos
primeiros crist ã os de É feso que receberam essa carta.
A determina çã o de instruir filhos na paideia do Senhor é
impressionante, principalmente porque n ã o havia civiliza çã
o crist ã na qual os enculturar . O que ele estava falando
para o crist ã o de É feso fazer? A fim de cumprir tamanha
exig ê ncia, os primeiros crist ã os tiveram de criar tal
cultura, coisa que vieram a concretizar mais tarde — e é por
essa raz ã o que estamos aqui hoje. A civiliza çã o ocidental
é o resultado desse esfor ç o, e o reino de Deus n ã o é a
civiliza çã o ocidental, mas n ã o h á como contar a hist ó ria
de uma sem contar a hist ó ria do outro. N ã o se pode
relatar a hist ó ria da Igreja sem falar de Carlos Magno,
Alfredo, o Grande, nem se consegue falar sobre a civiliza çã
o ocidental sem relatar os primeiros Pais da Igreja.
Prosseguindo em cumprir essa obriga çã o, o alvo é fazer
com que a civiliza çã o e o reino de Deus tornem-se mais e
mais sin ô nimos e de mais dif í cil desassocia çã o. Neste
momento, é muito f á cil diferenci á -los. Atualmente, a
batalha entre as trevas e a luz é ó bvia. E era muito mais ó
bvia quando a Carta aos Ef é sios foi escrita. Mesmo assim,
os crist ã os primitivos fizeram o que o ap ó stolo Paulo
mandou fazer, e o resultado foi uma cultura cristianizada.
Eles n ã o o fizeram perfeitamente, e n ó s n ã o estamos
nem perto disso, mas aqueles crentes criaram uma cultura
na qual era poss í vel educar os filhos. É privil é gio nosso ter
aspectos significantes constru í dos por eles ainda
funcionando como parte de nossa heran ç a, significando que
n ã o precisamos come ç ar do nada como eles precisaram.
Muitos s ã o os esfor ç os e as conquistas que os crist ã os
devem almejar com aquela grande ora çã o de duas
palavras, “ Geronimo! Amen ” . 4 Deus é quem guia todo o
processo. Mas agindo dessa maneira, precisamos confiar no
Senhor, sabendo que conhecemos apenas uma pequena fra
çã o de tudo o que est á acontecendo, mesmo quando diz
respeito ao que acontece com nossos pr ó prios filhos.
Consequentemente, n ó s simplesmente temos de receber a
Palavra de Deus e busca-l á dando o nosso melhor à medida
que Deus nos capacita com sua gra ç a.
Í
CAP Í TULO 10

Enquanto com filhos pequenos, pais podem ser v í timas


da ader ê ncia a determinada ideia — todos os tipos de no çõ
es sobre estratagemas educacionais, esquisitices com a sa ú
de, disciplinas infantis, fobias alimentares, e assim por
diante. Para a maior parte dessas coisas, podemos dizer, e
dever í amos, assim como o ap ó stolo Paulo, que cada um
tenha opini ã o inteiramente definida em sua pr ó pria mente
(Rm 14.5). Uma das formas de manter a paz numa congrega
çã o diversificada é permitir que os outros fa ç am as coisas
do jeito deles. O que é bom e a coisa certa a fazer. Por é m,
tamb é m é preciso lembrar que n ã o é s á bio viver em uma
sala de espelhos (2Co 10.12). Se ningu é m pode abord á -lo
e questionar suas decis õ es, voc ê tem uma atitude pag ã .
É seu dever estar totalmente convencido e convicto ao final
do dia, pois voc ê é quem precisa tomar decis õ es para a
sua fam í lia, mas tamb é m é preciso estar aberto para
receber opini õ es de terceiros.
Se nunca presenciou o exemplo de pais piedosos
educando os pr ó prios filhos, busque diligentemente por
isso. Ao buscar conselhos e exemplos piedosos para imitar,
tome cuidado. Aprendemos por imita çã o, mas tamb é m
invejamos por imita çã o. É preciso aprender a copiar sem
comparar.
Uma das grandes verdades que descobri ao construir a
minha casa foi a natureza do trabalho com cimento. Uma
parte incr í vel de trabalhar com esse material é perceber
que, poucas horas depois de coloc á -lo, n ã o importa o que
aconte ç a, o trabalho estar á feito. Voc ê n ã o mais ter á de
preocupar-se em ficar acordado at é tarde para terminar a
obra.
Seus filhos s ã o esse cimento molhado. Isso n ã o o
obriga a tomar um percurso de a çã o em particular, mas o
obriga a adotar determinado comportamento. Aqueles ao
seu redor t ê m a obriga çã o de ajud á -lo na disciplina crist
ã do seu filho. N ã o chegamos ao n í vel “é necess á rio uma
vila para educar uma crian ç a ” , de Hillary Clinton, mas, em
um sentido limitado, seus filhos s ã o membros de pessoas
do pacto e de uma congrega çã o pactual. É bem prov á vel
— é garantido, na verdade — que alguns pais sentados na
outra fileira saibam mais sobre o que est á acontecendo com
voc ê e seu filho do que voc ê mesmo. Voc ê pode n ã o
saber que seu filho é um inc ô modo, e a pessoa sentada do
outro lado da igreja pode n ã o saber o nome do meio do seu
filho — mas ela ainda é capaz de perceber que ele é um inc
ô modo. Precisamos daqueles que cuidam da nossa
retaguarda.
Criar filhos na paideia do Senhor significa instru í -los a
fim de que eles saibam que est ã o incorporados em um
corpo mais abrangente, maior que sua fam í lia. N ã o
apenas maior que ela, mas a Igreja de Deus é ainda mais
importante. Voc ê n ã o é for ç ado a fazer tudo o que algu é
m diz, mas é obrigado a ter disposi çã o para ouvir sem ficar
bravo. O Salmo 141.5 diz assim: “ Fira-me o justo, ser á isso
merc ê ; repreenda-me, ser á como ó leo sobre a minha cabe
ç a, a qual n ã o h á de rejeit á -lo ” . No final das contas,
existe a liberdade em Cristo de diferir dos irm ã os quando
estes diferem sobre pontos de vista. Entretanto, voc ê n ã o
tem o direito de ficar irritado enquanto se depara com uma
perspectiva diferente da sua. Voc ê n ã o tem o direito de
ignor á -las, sem mais nem menos.
Estamos envolvidos na vida uns dos outros, e isso é
conveniente, pois certos pecados e trope ç os v ã o à frente
enquanto outros deixam rastros (1Tm 5.24). A insensatez pr
ó pria dos pais é o tipo de coisa que pode demorar para
explodir — um de seus irm ã os em Cristo pode perceber que
algo vai acontecer uma d é cada antes da concretiza çã o.
Entregue-se ao Senhor, leve sua peti çã o diante do Senhor,
clame a Deus por isso. . . e esteja disposto a considerar a
quest ã o. Prov é rbios 12.1 diz: “ Quem ama a disciplina
ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreens ã o é
est ú pido ” .
Voc ê pode saber se est á incutindo o tipo de disciplina
correta em seus filhos ao reagir quando algu é m lhe sugere
algo. Entrando na defensiva quando isso acontece, n ã o se
surpreenda ao ver seu filho na defensiva quando voc ê lhe
der alguma sugest ã o. Ele est á aprendendo a como ser
ensin á vel por voc ê . Ou n ã o.
Í
CAP Í TULO 11

Crie seu filho para que ele assuma a posi çã o que lhe
cabe entre as pessoas, e isso quer dizer que sair de casa
significa sucesso. Assim como é dito em G ê nesis, deixar á o
homem pai e m ã e e se unir á a sua mulher e os dois se
tornar ã o uma s ó carne. Estabelecer uma fam í lia e um
novo lar est á no gene de seus filhos. Em Os Quatro Amores ,
C. S. Lewis comenta sobre o tipo de amor carente que se
recusa a deixar ir. Isso n ã o é cri á -los com sucesso. A cria
çã o de filhos é prepar á -los para a vida no reino de Deus
conforme este interage com o reino dos homens.
O que acontece na fam í lia que se forma duma escola
crist ã ou da comunidade de ensino domiciliar n ã o deve
ocorrer isoladamente. H á tempos em que preparamos nosso
povo para andar no lado de fora da congrega çã o, onde as
pessoas s ã o pecaminosas e irracionais. Ou seja, seu filho
ser á maltratado. Algu é m dir á algo indevido. E da í ? Bem-
vindo ao mundo, filho. N ã o podemos criar nossos filhos
enrolados em algod ã o ou embrulhados com pl á stico bolha,
onde nunca encontrar ã o pecado.
Pessoas me perguntam: “ Por qual raz ã o voc ê
matriculou seus filhos na Logos School? ” . 5 Fiz isso por ser
um lugar onde existe bastante pecado. Essa é uma ó tima
raz ã o para envi á -los. H á centenas de crian ç as, e elas
pecam pra caramba — e os professores e administradores
tamb é m s ã o descendentes de Ad ã o. Temos todos os
tipos de problemas. Mas o que tamb é m temos é uma
comunidade onde nos comprometemos a lidar com o pecado
de maneira b í blica. N ã o h á lugar no planeta onde voc ê
possa esconder seus filhos da presen ç a do pecado.
Ainda que os trancasse numa cabana no topo de uma
montanha a oeste de Montana para l á educ á -los, notaria
que nosso pai em comum, Ad ã o, seguiu seus passos e o
veria manifestando sua presen ç a de todas as maneiras. O
pecado deve ser tratado com o Evangelho, n ã o com
isolamento ou com coletes de prote çã o.
Eis um desafio, pois voc ê e seus filhos recebem o preparo
para o viver crist ã o justamente quando, estando eles na
classe de catec ú meno ou na escola, ou em uma co-o p 6 ,
um professor n ã o ensina algo corretamente ou os trata
indevidamente. Esconder-se do pecado de fora n ã o nos
proteger á do pecado do lado de dentro. H á pessoas l á fora
com pontos cegos e sentimentos de vingan ç a. H á pessoas
com boas inten çõ es que n ã o acabam bem. N ã o h á como
esconder-se dessa verdade. Confronte-a com o Evangelho e
siga em frente.
Devemos munir nossos filhos para que eles encontrem
esse tipo de coisa com um cora çã o cheio do Evangelho.
Muna-os com o Evangelho, ensine-os a ter compaix ã o dos
irm ã os e das irm ã s da igreja, ainda que n ã o concordem
sobre todos os aspectos. Isso é o que significa construir uma
comunidade e viver nela. Isso nos leva de volta ao crit é rio
gra ç a. O ú nico lugar que existe para esconder-se do
pecado é Jesus Cristo. Qualquer outra t é cnica n ã o surtir á
efeito, n ã o funcionar á . Voc ê deve confiar em Jesus. Se,
confiando em Jesus, voc ê estiver buscando um m é todo
educacional em particular, Deus aben ç oar á seus esfor ç os.
Agora, se voc ê acha que j á cuidou de tudo, ent ã o o seu m
é todo n ã o est á debaixo da b ê n çã o de Deus, e fadado a
esvair-se de suas m ã os. N ã o importa o que seja nem
quem esteja envolvido.
Voc ê pode ter o melhor equipamento do mundo, mas se
tentar fazer um omelete com ovos estragados, voc ê ainda
ter á um omelete estragado. N ã o importa qu ã o boa a
receita ou qu ã o sofisticada a cozinha. A fim de n ã o pegar
ovos estragados, voc ê precisa ter Jesus — perd ã o, pureza,
humildade e confiss ã o de pecados. Por essa raz ã o que é
espiritualmente perigoso quando crist ã os se gabam de
diferentes m é todos educacionais, n ã o por haver algo
necessariamente de errado com o m é todo em si, mas por
ser uma postura que exclui Jesus. Agindo assim, voc ê perde
a b ê n çã o. Almeje exclusivamente ocupar-se da obra de
criar seus filhos, ensinando-os e educando-os, com tudo j á
sobre o altar, esperando que o fogo des ç a.
QUARTA
PARTE
Í
CAP Í TULO 12

Porque, ainda que tiv é sseis milhares de preceptores


em Cristo, n ã o ter í eis, contudo, muitos pais; pois
eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.
Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus
imitadores. Por esta causa, vos mandei Tim ó teo, que
é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrar
á os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda
parte, ensino em cada igreja.
(1Cor í ntios 4.15 – 17)

Sede meus imitadores, como tamb é m eu sou de


Cristo.
(1Cor í ntios 11.1)

Ser um pai b í blico e uma m ã e b í blica é muito mais


que um pacote de dicas e t é cnicas. T é cnicas s ã o ú teis
para aprender a pintar n ú meros, mas esse n ã o é o tipo de
coisa que fazemos enquanto instru í mos nossos filhos. Ao
mesmo tempo, a cria çã o de filhos n ã o é algo t ã o
misterioso e alheio a esse mundo que s ó nos resta n ã o
saber o que fazer. N ã o estamos em uma densa neblina,
nada podendo fazer, exceto tate á -la. Pais s á bios
compreendem o que est ã o fazendo, mas n ã o com uma
postura mec â nica.
A paternidade e a maternidade modeladas pela piedade
dizem respeito a tornar-se mais como Jesus na presen ç a de
pequeninos que tamb é m est ã o no processo que é
conformar-se mais à semelhan ç a de Cristo. Ambos est ã o
aprendendo li çõ es na escola da santifica çã o. Neste livro
sobre a cria çã o de filhos, falamos sobre justifica çã o, a qual
consolida o fato do seu relacionamento com Deus, e a
santifica çã o, que é o processo de direcionar essa rela çã o.
Na escola da santifica çã o, os pais est ã o nos anos finais, e
os filhos nas s é ries iniciais. Os pais j á estiveram onde os
filhos agora se encontram, e os filhos um dia estar ã o onde
os pais hoje est ã o.
Vemos os princ í pios estabelecidos na Palavra, e lhes
devemos obedi ê ncia, mas n ã o podemos imit á -los de
forma a tentar fabricar t é cnicas educacionais a partir de
ripas 6 cm x 12 cm. A cria çã o de filhos n ã o funciona dessa
forma. A cria çã o de filhos n ã o é algo imposs í vel e, sim,
envolve um comportamento guiado por regras, mas deve ser
sempre pessoal. Lembre-se da Primeira Parte: a palavra
traduzida por “ seguidor ” é mimetai , da qual tiramos as
palavras “ m í mica ” e “ imitar ” . Em 1Cor í ntios 4.15 – 17,
aprendemos que o genu í no discipulado crist ã o é guiado
por um paradigma muito mais parecido com uma fam í lia do
que com um audit ó rio. É como um pai conversando com
seus filhos ao redor da mesa de jantar. É como uma m ã e
conversando com sua filha na cozinha, ambas dialogando
sobre algo muito importante a esta.
Ser pai ou m ã e n ã o é como despejar informa çõ es, n ã
o é como um livro, nem como uma palestra. Tais podem ser
valiosos em seus devidos lugares, mas n ã o cumprem o
papel quando se cria filhos. S ã o coisas valiosas em seus
devidos lugares, mas n ã o s ã o tudo.
Paulo diz em 1Cor í ntios 4.15 que um pai é o equivalente
a dez mil instrutores. Se voc ê n ã o tem pai, n ã o importa a
quantas palestras voc ê assista. Uma das coisas com as
quais lidamos em nossa cultura hoje é a crise da aus ê ncia
paterna. Tentamos compens á -la com dez mil instrutores,
mas ser á necess á rio muito mais que isso. Por esta raz ã o,
Paulo suplica aos de Corinto que sejam imitadores dele
(v.16) Ele diz para que o imitem, observando o que faz e
fazendo o mesmo. Isso nos incomoda, pois somos
individualistas, e, no entanto, desejamos ser originais.
Queremos fazer as coisas do nosso jeito, e dan ç ar conforme
nossa pr ó pria m ú sica, mas, no fim das contas, todos est ã
o copiando algu é m.
Ou voc ê copia algu é m que o far á crescer ou algu é m
que criar á muitos problemas. Por isso Paulo enviou Tim ó
teo: ele era um filho amado de Paulo. O filho poderia
recapitular as maneiras de seu pai.
Em 1Cor í ntios 11, aprendemos que, quando imitamos
Paulo, estamos imitando um imitador. O pr ó prio Paulo imita
a Cristo (1Co 11.1). O padr ã o original n ã o foi estabelecido
por Paulo, mas pelo Senhor Jesus. Ele imitou a Cristo e n ó s
devemos imit á -lo; da mesma forma como Paulo imitou a
Jesus, n ó s imitamos Paulo. Um dos pontos centrais que
devemos imitar é o padr ã o da imita çã o em si.
É claro que h á dois tipos de imita çã o. Progresso
verdadeiro e piedade s ã o coisas que se desenvolvem atrav
é s da imita çã o, mas porque seres humanos s ã o
necessariamente imitadores, o mesmo ocorre com a
impiedade. Nascemos neste mundo como descendentes
pecaminosos de Ad ã o, logo temos uma certa inclina çã o à
imita çã o do que é feio e pecaminoso, e manteremos essa
inclina çã o at é que o Senhor nos converta. Mas mesmo ent
ã o, imitando a Deus ou pecadores, independentemente,
crescemos por meio da imita çã o. Encontramo-nos em
constante perigo de invejar outras pessoas e nos
compararmos a elas. Contudo, com todo o processo
ocorrendo em Cristo, ent ã o estamos salvos.
Uma forma de dizer se estou copiando de forma s á bia ou
tola é a seguinte: se estamos imitando biblicamente, quanto
mais o fazemos, mais aut ê nticos somos. Quanto mais
parecido com Cristo voc ê for, mais resplandecer á a sua
personalidade. Vemos situa çõ es quando algu é m copia
uma outra pessoa e, por resultado, se perde, mas isso ocorre
por causa do que chamo de ego comparativo. Se for algo
mais guiado pela inveja ou pela compara çã o, haver á cada
vez mais confus ã o. Entretanto, quando todos n ó s nos
tornamos mais como Jesus, e quando todos os bilh õ es de
crist ã os estiverem reunidos ao redor do trono de Deus, o
que surge n ã o é um ex é rcito de clones com um c ó digo
de s é rie na parte de tr á s ou no p é . Quanto mais parecido
com Jesus voc ê for, mais aut ê ntico voc ê ser á . Quanto
menos parecido com Jesus, mais mon ó tono e previs í vel. O
pecado é mon ó tono. A piedade n ã o.
Quanto mais um filho copia seu pai de forma
autoconsciente em Cristo, mais singular ele se torna como
futuro pai. Tentando preservar a originalidade ao fazer o
esfor ç o para ser o mais singular e legal poss í vel, o que na
verdade voc ê est á fazendo é copiar outras pessoas com um
olhar insincero, sendo incapaz de admitir que é isso que est
á fazendo. Lembro-me de algo que aprendi na Mad Magazine
nos anos 1960: “ Est á cada vez mais dif í cil diferenciar os
dissidentes ” . Quando voc ê copia com um olhar mesquinho
e esnobe, isso tudo fica invis í vel a si mesmo. Voc ê n ã o
enxerga que é igual a todo mundo. Mas se voc ê copia
aqueles que Deus ordena copiar, e os imita como eles
imitam a Cristo, ent ã o voc ê n ã o est á prestes a perder a
si mesmo. Ao contr á rio, voc ê est á no processo de tornar-
se aquilo que Deus deseja.
Í
CAP Í TULO 13

Todos estamos familiarizados com o sarcasmo embutido


no dizer: “ Fa ç a o que eu digo, n ã o fa ç a o que eu fa ç o ”
. Quando desafiados, a primeira rea çã o dos pais n ã o
deveria ser “ Vamos p ô r um fim nisso ” ou “ O pecado
surgiu em nosso filho! Precisamos arranc á -lo! ” . Ao contr á
rio, a primeira rea çã o deve ser de, em ora çã o, perguntar
se o Senhor n ã o est á lhe revelando algo sobre o seu pr ó
prio comportamento e modo de vida.
Ao perguntar “ Onde foi que a nossa pequena Sally
aprendeu isso? ” e supor que tenha sido de algum r é probo
do parquinho no final da rua, pare e considere, que talvez ela
esteja aprendendo isso de voc ê . Ser á poss í vel que, nesta
situa çã o, Deus esteja segurando um espelho em sua frente,
mostrando algumas coisas para que voc ê d ê in í cio a corre
çõ es ao arrepender-se de seus pecados?
Consideremos alguns exemplos. Suponha que o filho se
comporte mal à mesa e seu pai se irrite. O filho teve um mau
comportamento, com certeza, e seu pai lhe disse para n ã o
ter essa conduta. Mas por que ele se comporta mal à mesa?
Porque seu pai se comporta assim. Irritar-se com seus filhos
à mesa é muito pior do que brincar com batatas usando uma
faca. A Palavra de Deus nunca diz nada sobre brincar com as
batatas usando uma faca, mas aborda a raiz do pecado, que
faz arrancar a cabe ç a do sujeito. O pai ent ã o desobedece
à B í blia e age de tal forma que humilha todos ali, incluindo
a crian ç a brincando com as batatas.
N ã o é legal que crian ç as brinquem com a comida, mas
porque s ã o boas maneiras evitar esse tipo de
comportamento. Entretanto, ficar irritado com maus h á bitos
manifestando h á bitos ainda piores é uma coisa pior ainda.
Eis um exemplo pr á tico de um pai basicamente dizendo
que maus h á bitos à mesa s ã o tolerados. As crian ç as
nitidamente t ê m o problema de brincar com as batatas —
mas os maus modos s ã o absolutamente aceit á veis. Os
pais acabaram de provar.
Aqui vai um exemplo mais positivo. Em vez de dizer “ V á
ajudar a sua m ã e a tirar a mesa ” , o pai deveria falar: “
Venha, vamos ajudar a mam ã e a limpar a mesa ” . Ele d á o
exemplo. N ã o quero dizer que é sempre errado o pai
mandar seu filho fazer algo. A vida n ã o se faz poss í vel a
menos que as crian ç as recebam tarefas expl í citas de vez
em quando. Mas elas deveriam receb ê -las ap ó s verem
com frequ ê ncia o exemplo dos pr ó prios pais.
Se h á algo a aprender com esse pequeno livro, que seja o
seguinte: pais tendem a rotular incorretamente aquilo que t
ê m para ensinar. Se alguma vez na vida voc ê j á esteve em
um estudo b í blico tentando se localizar na li çã o enquanto
todo mundo est á em 1Reis, e voc ê est á em 2Reis, ent ã o,
quanto mais procura, mais estranho fica. A confus ã o toma
conta se eles estiverem fazendo uma coisa, e voc ê outra
totalmente diferente.
Imagine o seguinte cen á rio: suponha que um beb ê
esteja em frente a uma mesa de caf é de frente a voc ê ,
desejando mexer num vaso. Suponha tamb é m que a crian ç
a tenha acabado de ficar mais á gil, mas voc ê ainda n ã o
preparou a casa para torn á -la à prova de beb ê s, e ele
continua desejando tocar o vaso. Os pais ent ã o costumam
imaginar o t í tulo da li çã o: “ Como n ã o mexer em vasos ”
, enquanto a verdadeira li çã o deveria ser intitulada “ Como
n ã o ficar irritado com seu pr ó ximo ” . Com isso voc ê
ensina seu filho a como n ã o ficar irritado com o pr ó ximo,
mesmo havendo cont í nuo desrespeito. Essa é a verdadeira
li çã o.
Como Deus nos ensina? Os é ias 11.3 diz que Deus
ensinou Efraim a andar conforme um pai ensinaria um filho
pequeno, permanecendo atr á s dele, e segurando seus bra ç
os. É assim que ensinamos nossos filhos a andar quando eles
come ç am a pegar mobilidade. O que est á acontecendo?
Quando voc ê est á neste cen á rio, do outro lado da mesa
de caf é , de frente para o seu filho, o seu trabalho n ã o é
ensinar a crian ç a a ser crian ç a. À s vezes pensamos que h
á alguma coisa errada com nosso filho, pois ele deseja tocar
o vaso e devemos transform á -lo em algu é m que n ã o
deseje tocar o vaso. Mas a sua tarefa n ã o é ensinar a crian
ç a a como ser crian ç a — a crian ç a j á sabe como ser crian
ç a. Voc ê n ã o est á ensinando seus filhos a serem crian ç
as. Voc ê , na verdade, deve ensinar seu filho a tornar-se um
adulto.
Por essa raz ã o que, quando interagindo com seu filho,
que est á do outro lado da mesa, voc ê deveria olhar para o
futuro com os olhos da f é e enxergar seu filho como j á
estando onde voc ê mesmo est á agora, e seus netos no
lugar dele. E, sendo a vez dele, como ele saber á lidar com o
pr ó prio filho? Ele ter á aprendido de voc ê !
Se os pais n ã o tiverem paci ê ncia diante de provoca çõ
es repetitivas, quanto menos os filhos! Disciplinando seus
filhos corretamente, voc ê est á amando os seus netos . Seu
dever n ã o é ensin á -los a serem crian ç as aceit á veis, mas
como serem adultos respons á veis — pois este é o ponto
principal.
Seja honesto — voc ê comprou o vaso em uma venda de
garagem no ver ã o passado e esse vaso estar á em outra
venda de garagem no pr ó ximo ver ã o. Quem liga para o
vaso? A crian ç a viver á para sempre. A crian ç a n ã o é
algo que voc ê adquiriu ou de que voc ê se livrar á em uma
venda de garagem. O vaso é . Voc ê n ã o deve ensinar a
crian ç a a ser uma boa vers ã o do que ela é . Ao contr á rio,
voc ê ensina seu filho a tornar-se o que ele deve ser. E voc ê
, o que ser á para o seu filho?
Esse princ í pio n ã o muda. Suponha que voc ê esteja
lidando com uma adolescente teimosa e pensando que “
arrumar essa adolescente ” é a meta do dia. O seu trabalho
n ã o é consertar a adolescente. O seu dever é model á -la
de modo a deix á -la apta a ser m ã e. Algumas primaveras
mais tarde, sua adolescente ter á sua pr ó pria adolescente.
Voc ê n ã o a est á treinando para ser uma adolescente. Ela j
á sabe fazer isso. Voc ê a est á preparando para o dia
quando deixar de ser uma.
O mesmo acontece com os professores. Os planos de aula
que voc ê s produziram e entregaram para a administra çã o
n ã o s ã o a verdadeira li çã o. A verdadeira li çã o é modelar
Cristo para seus alunos, amando a Cristo e amando os
alunos e o material. É isso que é ensino piedoso. Quando os
alunos o veem interagindo com eles e com o material como
algu é m que ama a Jesus Cristo, isso tem um impacto
profundo. Se voc ê est á fazendo algo a mais, isso tamb é m
tem um impacto, mas n ã o um bom impacto.
Tamb é m h á ocasi õ es em que a imita çã o correta é
superficial. É mais dif í cil impedir que seus filhos fumem se
voc ê fuma. É mais dif í cil impedir que seus filhos se irritem
se voc ê est á constantemente bravo. Mas h á uma outra
maneira de abrir o caminho para a imita çã o sem piedade,
mesmo que seus filhos nunca o vejam fazendo algo errado.
Lembre-se, Deus est á presente, e Deus v ê que portas voc ê
est á abrindo em seu lar, at é mesmo as portas secretas, e
quais fechaduras voc ê est á deixando abertas, at é mesmo
as secretas.
Por exemplo, um pai com o h á bito secreto de consumir
pornografia n ã o deve ficar chocado ao descobrir que seu
filho passa pelo mesmo problema, mesmo que nunca o
tenha visto. Ocorre que o pai, com isso, concedeu um tipo de
permiss ã o pactual. Ele est á dizendo: “ Nesta casa
deixamos aquelas portas destrancadas. N ã o h á problema
na indiferen ç a ” . Pecados secretos tamb é m podem ser
imitados. H á uma profunda estrutura nisso tudo, a qual n ã
o podemos fingir que entendemos, mas é extraordin á rio
como esse tipo de coisa acontece paralelamente, mesmo
que nada seja feito abertamente.
Quando oramos, pensamos ou meditamos sobre a cria çã
o de filhos, é tentador chegar ao final e dizer “ Bom, o amor
é tudo de que precisamos ” . Curiosamente, tal redund â ncia
é de fato verdadeira, mas, na verdade, n ã o da forma como
os Beatles ensinaram. A B í blia nos diz em 1Jo ã o 4.8 que
Deus é amor. Deus é Senhor sobre todas as coisas, e a sua
forma de amar est á conectada maravilhosamente e
autoritativamente a absolutamente tudo. Em outras
palavras, n ã o h á lugar aonde voc ê possa ir nesse mundo
em que o amor seja irrelevante. O amor sempre é relevante,
pois Deus é amor. É nele que vivemos e nos movemos e
existimos. Deus é quem ama, Jesus é o Amado, e o amor
entre eles é o Esp í rito. É no amor triuno que vivemos, nos
movemos e existimos.
Isso significa que o amor é relevante em todos os lugares.
Isso explica por que, se desconectamos o amor de qualquer
coisa que estejamos fazendo, o resultado é fracasso
espiritual. Mesmo que eu tenha dominado todas as t é cnicas
paternas e maternas, se n ã o tenho amor, nada sou. O
ensino piedoso, a forma çã o de car á ter, e o discipulado s ã
o simplesmente isto — amar a Deus e amar aquilo que voc ê
de fato concretiza na presen ç a de outras pessoas, as quais
voc ê tamb é m ama. Ame a Deus, ame o que voc ê est á
fazendo, e ame quem o est á fazendo com voc ê . Fazendo
isso, Jesus estar á presente. Do contr á rio, n ã o importa se
voc ê disser “ Vamos esquec ê -lo. Afinal de contas, tenho
uma lista de afazeres ” . Voc ê deve fazer o que faz em
Cristo.
Imagine um pai e um filho em frente a um tronco de
madeira inteiro. Qual é a responsabilidade do pai? É pegar
dois machados, dar um deles a seu filho, e amar a Deus e
amar uma manh ã repleta de madeiras cortadas, e fazer isso
ao lado de seu filho, a quem ama. Isso é o que a cria çã o de
filhos piedosa significa.
Ame a Deus, ame o que faz e ame as pessoas que Deus
colocou em sua vida. Isso retira a necessidade de corre çã o?
N ã o, voc ê deve mostrar como segurar o machado e n ã o o
deixar que o manuseie com descuido. Corre çã o, disciplina,
ensino, mentoria — tudo isso deve estar presente, pois voc ê
ama a Jesus, pois voc ê ama a madeira, e porque voc ê ama
o seu filho. Isso é o que voc ê deve fazer.
Í
CAP Í TULO 14

Ler 1Cor í ntios 13 e inserir o pr ó prio nome ao ler a


palavra amor é um exerc í cio devocional comum. O que, na
verdade, voc ê precisa fazer é passar por 1Cor í ntios 13 e
colocar o nome de Jesus ali. Jesus é paciente, Jesus é
bondoso. Jesus faz todas essas coisas perfeitamente, e eu
devo é fazer nele o que estou fazendo.
Se voc ê n ã o est á imitando Jesus Cristo ou imitando o
seu povo que imita a Ele, se voc ê est á corrigindo seus filhos
de forma dura ou cegamente com um senso de p â nico, ou
se n ã o est á corrigindo seus filhos da forma como deve, ent
ã o é mais f á cil pensar de forma reversa, e acreditar que
Deus esteja fazendo o mesmo com voc ê .
Alguns de voc ê s, pais, devem ter lido este livro com a
sensa çã o de um chute na cabe ç a. Voc ê pode sentir como
se nada pudesse fazer a respeito — seus filhos j á est ã o
todos mais velhos, e parece que Deus est á olhando para voc
ê da mesma forma como voc ê costumava olhar para seus
filhos.
Mas Deus n ã o age dessa forma. Ao pensar sobre o Deus
onisciente e onipresente, precisamos pensar em um Pai .
Muitos de n ó s o imaginam como uma for ç a ou poder
onisciente, onipresente e onipotente tal qual a eletricidade, e
com uma tend ê ncia maldosa prestes a punir. Mas Deus n ã
o é nada disso, e erramos ao pensar nele nesses termos.
Deus perdoa. Ele o tomar á de onde est á , n ã o de onde voc
ê deveria estar.
É preciso pensar “ Tudo bem, n ã o posso fazer nada disso
fora de Cristo. Tudo precisa estar em Jesus, em um esp í rito
de amor, e devo me voltar a Ele e aceitar o perd ã o que Ele
oferece; Ele é que deve me tirar daqui ” .
Isso é o que voc ê deve entender. N ã o se trata de uma
superlei. Tudo isso é o Evangelho. A cria çã o de filhos é o
Evangelho em sua completude, pois tamb é m Deus nos est
á criando . E para o que Ele nos est á criando?
Para a presen ç a, para o gozo e para o c é u de Deus. Ele
nos est á criando para sermos como Jesus. Ele nos est á
criando para sermos n ó s mesmos.
ANEXO
PERGUNTAS & RESPOSTAS

1. Existe um momento aceit á vel para perguntar a


seu filho “ Como voc ê acha que isso me faz sentir? ”
?
Doug : Das duas, uma: autopiedade ou retoricamente
ineficaz.
2. Deve haver o momento para perguntar: “ Como voc
ê acha que isso faz a sua m ã e se sentir? ” ?
Doug : Depende. Se for no desejo de ver as crian ç as mais
agradecidas ou gratas pela refei çã o feita, n ã o h á nada
de errado nisso, uma vez que ser á uma atitude para o
benef í cio dos demais.
Nancy : Mas, veja bem, n ã o deve ser algo feito, por
exemplo, no meio de uma refei çã o. Tente um tempo
depois, ou os prepare com certa anteced ê ncia, n ã o
queira fazer seu filho sentir-se culpado quando tiver de
responder. Doug foi quem me ajudou a aprender a n ã o
levar a desobedi ê ncia das crian ç as para o lado pessoal.
Se eu me ofendia, as coisas complicavam, e come ç ava a
atribuir causas para a situa çã o: “ Se me amasse, voc ê n
ã o teria feito isso, ent ã o o problema deve ser bem mais
profundo! ” . S ó permane ç a objetivo: “ Eu disse para n ã
o fazer isso, e voc ê fez mesmo assim ” . Dessa forma, n ã
o se torna algo pessoal ou sentimental.
Doug : Voltando ao exemplo da mesa de jantar, ao inv é s
de dizer “ Por que é que voc ê s s ã o um bando de
ingratos? ” durante a refei çã o, arruinando o jantar, é
muito melhor dar o exemplo: “ Temos aqui um maravilhoso
jantar. N ã o acham, crian ç as? ” . Agora, se um de seus
filhos disser “ N ã o, est á horroroso ” , da í , sim, ele o
estar á provocando e desafiando, ent ã o eis um momento
prop í cio para a disciplina. Por é m, na maioria das vezes,
quando est á tudo bem, a crian ç a apenas est á se
expressando de forma impensada. Em casos assim, o pai
pode demonstrar como ser grato.
3. Como voc ê disciplina seu filho em consist ê ncia
com a permiss ã o e a liberdade que lhe
proporciona?
Doug : Uma das melhores formas de ser consistente é
reduzir o n ú mero de ordenan ç as. Por exemplo, se o seu
filho tem dois anos de idade, e sua casa est á repleta de
coisas que o obriguem a ficar repetindo “ n ã o mexa ”
toda hora, minha sugest ã o é que voc ê pegue todas essas
proibi çõ es e considere quantas delas pode eliminar,
deixando o ambiente de sua sala seguro para beb ê s,
digamos. Diminuindo noventa por cento das ordens, fica
mais f á cil vencer sempre. Mas, impondo uma multid ã o
de regulamenta çõ es, ser á dif í cil para o seu filho
lembrar-se de todas elas. Vejo pais citando ordens como se
fossem metralhadoras: “ Pegue os sapatos. Coloque a
jaqueta. Venha aqui. Ponha esse livro l á” . Eventualmente,
seus pequenos ficar ã o sobrecarregados, e haver á algum
tipo de infra çã o. Al é m disso, tente aglomerar aquilo que
voc ê manda, a fim de ter de usar as mesmas palavras
sempre. Para uma crian ç a de dois anos, uma das express
õ es pode ser “ sem agita çã o ” , e voc ê deve garantir o
uso das mesmas palavras todas as vezes. Se das outras
vezes da í usar “ sem mau humor ” ou “ pare de reclamar ”
, voc ê pode confundir a cabe ç a do seu filho.
4. Como ser um lar de sim sem mimar seus filhos?
Doug : Deus diz n ã o pois Ele tem um sim maior. Logo,
voc ê pode dizer n ã o a um v í deo, mas depois lhes dar
um quilo de massinha. Quando uma m ã e diz n ã o a uma
barra de chocolate antes da janta, esse é um n ã o por ela
ter um sim à vista.
Nancy : Uma das coisas que fiz quando nossos filhos eram
ainda pequenos foi garantir a obedi ê ncia antes mesmo
que eu desse uma ordem. Ent ã o, quando de fato era o
momento de dizer n ã o, eu podia relembr á -los do que
lhes havia dito anteriormente. Da í tudo que precisava
acontecer, acontecia, e eu dizia “ Ah, ó timo! Voc ê
conseguiu! ” . Outras vezes me lembro de ouvi-los
reclamando, ent ã o eu falava para rebobinar a fita, sair da
sala e entrar novamente, mas ent ã o com uma postura de
gratid ã o. Trata-se de manifestar gra ç a mas tamb é m de
dar instru çã o.
Doug : Pais e m ã es geralmente emboscam seus filhos
com ordens e requisitos, é como assistir a um jogador de
futebol americano ficar encurralado pelo time advers á rio.
Suponha que seja ver ã o e seus filhos estejam brincando
bastante e com muito calor e energia, da í voc ê sai para o
quintal e diz: “ Hora de entrar! ” . Pronto! Eis exatamente
uma f á brica de desobedi ê ncia. É como ter uma sala
cheia com cinco crian ç as, e dar a todas elas somente um
bal ã o — um pequeno bal ã o de pecado. Em vez disso,
voc ê deveria ir ao jardim e dizer “ Crian ç as, dez minutos
” . Dessa forma, cada um tem tempo de se ajustar; elas
sabem o que acontecer á . Voc ê as est á preparando para
o sucesso, e n ã o as pegando de surpresa, garantindo
assim o fracasso delas. Nancy, voc ê costumava prepar á -
los enquanto a caminho do supermercado, tamb é m.
Nancy : Quando í amos ao supermercado, ainda a
caminho, eu recapitulava com todos eles as tr ê s regras:
sem pedir besteiras, sem tocar em nada, e fiquem comigo.
Era um jogo da sorte, e eu dizia estar orgulhosa deles;
muitas vezes a caixa comentava qu ã o bonzinhos eram os
meus filhos. Crian ç as obedientes e alegres s ã o um bom
testemunho. No final, se cumprissem as regras, eu sempre
comprava um presentinho para eles.
5. Pode falar um pouco sobre os passos que voc ê
dava para n ã o levar as coisas para o lado pessoal
quando seus filhos desobedeciam?
Nancy : Enquanto seu filho pequeno tenta argumentar, é
tentador cair na argumenta çã o. Doug lembrava-me de
que eu tinha a autoridade sobre meus filhos, e que deveria
us á -la sabiamente. A sabedoria n ã o leva as coisas para
o lado pessoal, nem entra em uma discuss ã o com crian ç
as.
Doug : Acaba se tornando algo contradit ó rio. Voc ê j á
deve ter visto á rbitros se intrometendo no jogo, saindo da
imparcialidade. O pai e a m ã e s ã o os á rbitros. Vestindo
a camisa da arbitragem, eles n ã o podem jogar por um
time. A partir do momento que voc ê come ç a a participar
do jogo, torna-se algo pessoal e o seu julgamento se
obscurece.
Nancy : À s vezes eu me precipitava no n ã o: “ Mam ã e,
posso comer um biscoito? ” — “ N ã o, n ã o pode ” . Da í é
que eles gostavam mesmo de argumentar. E foi ent ã o
que precisei aprender a esperar e dizer “ Bom, vou pensar
” . Normalmente, se parasse para pensar sobre a situa çã
o, eu diria que sim ou teria outra ideia. Creio que seja
natural ver filhos tendo a vontade de discutir com a m ã e.
Ent ã o, desde cedo, Doug sempre me lembrava de
permanecer calma, exercendo minha autoridade sobre
eles. Doug era o meu suporte, logo, se eles fossem
insubordinados a mim, seriam insubordinados a ele. E ele
me apoiava.
Doug : E isso traz de volta o que meu pai me ensinou: n ã
o desrespeite a sua m ã e. Eu sabia que, quando lidava
com a minha m ã e, eu estava lidando com o meu pai. E
quis que meus filhos soubessem que, se estivessem
lidando com a Nancy, estariam lidando comigo. Isso a
ajudou, pois, dessa forma, ela n ã o precisava carregar
aquele peso sozinha. Ela poderia simplesmente passar a
bola para mim, se as coisas ficassem intensas e dif í ceis.
6. Quais passos voc ê s tomaram para entrar em
sintonia na disciplina dos seus filhos?
Doug : A B í blia relata que todo crist ã o deve zelar por ter
a mesma mentalidade, logo marido e mulher devem ter a
mesma mentalidade quanto à disciplina e aos padr õ es de
obedi ê ncia. Que eu me lembre, nunca precisamos nos
esfor ç ar para tanto, dado que Nancy sempre quis que
estiv é ssemos em sintonia. Por é m, h á outro lado
importante: filhos pequenos precisam de que o pai seja
duro, mas n ã o a m ã e. H á um aspecto carinhoso e
acolhedor que a mam ã e precisa dar, e tamb é m um
aspecto engole esse choro , n ã o sangre no carpete por
parte do pai. Por causa disso, desentendimentos podem
acontecer quando o homem pensa que a mulher deve ser
exatamente como ele, ou quando a esposa acha que o
marido deve ser igual a ela, n ã o percebendo as
oportunidades de amadurecimento, que Deus deu aos
filhos um pai, para que assim aprendam a ser firmes, e que
Deus deu aos filhos uma m ã e, para que assim n ã o sejam
duros o tempo todo.
Nancy : Se achasse o Doug severo demais com algu é m
ou que ele havia deixado algo passar, eu refletia a
respeito, mas n ã o falava daquilo na frente das crian ç as.
Convers á vamos mais tarde, sem que elas pudessem
ouvir, sempre almejando uma frente unida. Tentar nos
dividir era uma ofensa digna de disciplina f í sica imediata.
Se um deles me pedisse algo e eu dissesse n ã o, ele n ã o
teria a permiss ã o de pedir a Doug. O n ã o de um de n ó s
era o suficiente. Al é m disso, pais tendem a ser mais duros
com os meninos mas mais moles com as meninas. M ã es
tendem a ser mais duras com as meninas, e mais male á
veis com os meninos. Compreender essa tend ê ncia pode
ajud á -lo a ser mais sensato com todos.
Doug : Dialoguem a respeito. Fora das trincheiras com os
pequeninos, certifique-se de repassar o que aconteceu.
Quando seus filhos estiverem todos dormindo, certifique-se
de conversar. “ Como foi? Como foi o dia? O que sente
quanto ao seu relacionamento com Fulano e Ciclano?
Como aquele incidente terminou? Certo, da pr ó xima vez
faremos o seguinte ” .
7. Como era conduzir os devocionais com as crian ç
as?
Doug : Faz í amos um monte de coisas diferentes.
Nancy : Assim que casamos, no primeiro dia, Doug abriu a
B í blia e come ç ou a l ê -la para mim em voz alta, logo
pela manh ã .
Doug : Quando as crian ç as come ç aram a chegar, e
nossa agenda ficou confusa, mudamos para a hora da
janta. Que fosse a leitura da B í blia, o uso do Catecismo
para discuss ã o, a leitura de uma hist ó ria b í blica, era
entre o jantar e a sobremesa. Quando nossos filhos
cresceram e j á estavam na escola, todo o per í odo do
jantar era tomado pela é tica b í blica e por conversas
sobre situa çõ es da escola. A essa altura, as crian ç as
estavam todas dispostas a relatar algum ocorrido e a fazer
perguntas. Tamb é m l í amos bastante em fam í lia: altas
doses de N á rnia e Senhor dos An é is . Talvez seja
impreciso dizer que ador á vamos em fam í lia. T í nhamos
uma intera çã o regular e cont í nua com a B í blia e a
Palavra de Deus, e diferentes coisas colocavam nossa f é
crist ã à prova, mas n ã o havia uma liturgia estabelecida,
com c â nticos, ora çã o inicial e leitura espec í fica.
Nancy : Cada um come ç ou a ler sua pr ó pria B í blia
assim que poss í vel. Costum á vamos orar, todos juntos, à
noite. Assim que chegaram ao segundo fluxo do
Fundamental, Doug deu in í cio a um estudo b í blico
voltado à quela etapa, e n ó s nos adaptamos à idade
deles.
8. Sendo espec í fico por um instante, quais podem
ser as preocupa çõ es com, digamos, “ cobertas de
seguran ç a ” ?
Nancy : Certa pessoa deu-me uma naninha como presente
do ch á de beb ê . Era t ã o fofo,  nosso beb ê o pegava e
esfregava o rostinho nele sem parar. Um dia eu disse “
Olha, meu bem, n ã o é fofo? ” , e Doug disse, “ Tire essa
cobertinha da nossa casa ” . A princ í pio, achei que
estivesse brincando, mas ele queria que nossos filhos
estivessem seguros em n ó s, n ã o num objeto como uma
naninha.
Doug : Aqui vai um qualitativo, e ent ã o mais um
exemplo. N ã o é o fim do mundo se o seu filho tiver uma
naninha ou uma chupeta ou algo do tipo, mas é preciso
cuidado com coisas assim. Por exemplo, recentemente
estava no aeroporto e vi um time feminino de v ô lei
embarcando. Passando pela seguran ç a, contei na fila em
minha frente seis delas com bichos de pel ú cia, e percebi
que essas garotas n ã o tinham seguran ç a. Na posi çã o
de pais, quisemos enfatizar e priorizar nosso
relacionamento e nossa depend ê ncia e nossa intera çã o
m ú tuos. Caso v í ssemos uma das crian ç as ficando sem
â nimo ou at é mesmo fazendo birra para chamar a aten çã
o, n ó s todos nos reun í amos, e ent ã o d á vamos mais
aten çã o e afei çã o que o normal.
9. Como voc ê estabelece prioridades acerca de
pecados ou problemas a serem tratados quando o
pai chega em casa?
Doug : Na verdade, é algo a ser decidido em uni ã o. As
mulheres geralmente se especializam naquilo que chamo
de “ grandes experimentos em telepatia ” e de “ o olhar de
mil significados ” , enquanto os homens especializam-se
em n ã o ouvir aquilo que é gritantemente falado, em alto
e bom tom. Mulheres reparam at é demais no clima e nas
tens õ es da sala, j á homens n ã o prestam aten çã o o
suficiente nem naquilo que é declarado ou dito. O certo a
fazer é n ã o ter esse tipo de mal-entendido acontecendo
em frente das crian ç as. Voc ê s devem conversar a
respeito quando estiverem revendo o que aconteceu. Por
exemplo, se a obedi ê ncia estivesse de mal a pior, n ó s
dois nos junt á vamos, convers á vamos a respeito, e por
vezes decid í amos ajustar algumas coisas. Coloc á vamos
as crian ç as em fila e diz í amos a elas que vimos muitas
disputas ou muita confus ã o ou qualquer outra coisa. Diz í
amos a nossos filhos que sent í amos muito por termos
deixado aquilo acontecer, e os faz í amos saber que
haveria um breve reinado de terror. Isso significava sem
alertas e disciplina por qualquer tipo de ofensa.
Geralmente nenhuma disciplina era necess á ria, pois eles
entendiam a mensagem. Eles j á estavam velhos o
suficiente para saber o que est á vamos fazendo.
10. Como pedir desculpas aos filhos?
Doug : Pedir desculpa aos meus filhos, como muitas
outras coisas, foi algo que aprendi com meu pai. Lembro
vividamente que ele me pediu desculpas por me
disciplinar momentos antes, enquanto ainda estava com
raiva. Ele precisou sair para liderar um estudo b í blico,
mas, assim que entrou no carro, parou e pensou: “ N ã o
posso ir ao estudo desse jeito ” . Ent ã o ele voltou para
casa, subiu as escadas, sentou-se em minha cama e
buscou o meu perd ã o por ter me disciplinado com raiva.
Ao faz ê -lo, o pai reconhece que todos na casa est ã o
debaixo de sua autoridade, o que significa que as crian ç
as podem confiar na mam ã e e no papai.
11. Alguma considera çã o sobre deixar os filhos com
televis ã o dispon í vel?
Doug : Enquanto nossos filhos ainda eram pequenos,
fomos bem rigorosos com a TV. J á mais velhos, no
segundo ciclo do Ensino Fundamental, havia a quest ã o
do videogame. Diz í amos que, se quisessem ouvir um
pouco de m ú sica ou jogar videogame, eles ganhariam
tempo para isso no banco de cr é ditos pela leitura de um
livro. Desta forma, eles acumulavam tempo. Havia uma
diferen ç a do entretenimento, que hoje é tratado como
um direito de nascen ç a, para o lazer, que diz respeito ao
descanso. Logo, se voc ê se esfor ç a, acorda cedo e sai
para fazer o que é preciso, e depois do jantar quer colocar
os p é s sobre a poltrona e assistir ao jogo, isso é recrea
çã o. Agora, quando voc ê v ê algu é m numa locadora,
segurando dez filmes aos quais ela vai assistir naquele
final de semana, isso n ã o é recrea çã o — é vidiotice. N ã
o quer í amos que nossos filhos fizessem isso, embora o
desejo tamb é m n ã o fosse de censur á -los ou de excluir
tudo automaticamente. Est á vamos de olho para ter
certeza de que eles n ã o se afastariam de coisas valiosas
como a leitura. L í amos juntos em fam í lia e ouv í amos
livros no toca-fitas do carro enquanto viaj á vamos pelo pa
í s. N ã o t í nhamos uma TV ligada em cada canto,
independentemente se algu é m a estivesse assistindo ou
n ã o.
12. Conforme envelhecem, as crian ç as ficam mais
inteligentes. N ã o é preciso aumentar o n ú mero
de regras a fim de manter a equival ê ncia?
Doug : N ã o, voc ê nunca vai conseguir manter. A
desobedi ê ncia tem o poder de expandir-se em um ritmo
maior que o das regras. Ao inv é s disso, voc ê precisa ter
uma t á tica mais abrangente.
13. E se voc ê disser a seus filhos que n ã o fa ç am
algo na quarta-feira à noite, e ent ã o na quinta-
feira eles o fazem, essa norma deve continuar?
Doug : Eu prefiro que as regras sejam repassadas, uma
vez que isso n ã o toma muito tempo. Voc ê n ã o quer dar
a eles a oportunidade de dizer “ Eu esqueci ” ou “ Voc ê n
ã o me disse isso ” . Assim voc ê cria oportunidades para
a argumenta çã o. O livro de Prov é rbios é o livro de um
pai escrevendo para seu filho, e é impressionante o n ú
mero de repeti çõ es que ocorre nele. Quando voc ê
precisa repetir para se fazer entendido, esse n ã o é o
sinal de um sistema falho. Eu creio nisto, que Deus criou a
crian ç a com a necessidade de ouvir as mesmas coisas,
vez ap ó s vez. E quando feito com paci ê ncia, da í é que
voc ê mant é m as coisas claras. Se voc ê disse a eles que
n ã o fa ç am algo h á quinze segundos, a quest ã o é
desobedi ê ncia. Vinte e quatro horas d á a eles espa ç o
para todo tipo de manobra.
14. Como fazer para se ajustar a crian ç as adotadas,
em especial se voc ê tem filhos que j á conhecem as
regras?
Doug : Voc ê precisa dar tempo a elas e garantir  que
todos na fam í lia saibam que est á fazendo isso. N ã o
espere que aquela crian ç a que acabou de chegar
desaprenda tudo em vinte e quatro horas. Ao mesmo
tempo, n ã o permita que o aprendizado dessa crian ç a
mantenha todos ref é ns. Deixe bem claro a todos que ser
á algo dif í cil at é que ela os conhe ç a bem e todos eles a
conhe ç am melhor. Certifique-se de dizer aos outros filhos
que é isso que voc ê est á fazendo.
15. E quanto ao disciplinar crian ç as adotadas mais
crescidas?
Doug : A regra que o meu pai tinha era de cessar a
disciplina f í sica assim que o filho alcan ç asse entre os
dez e doze anos. Quer í amos que 99% de toda disciplina f
í sica sobre as crian ç as fossem aplicados durante os
primeiros cinco anos de vida, e ent ã o, ao longo do
primeiro ciclo do Fundamental, apenas corre çõ es de
cunho ocasional. No segundo ciclo, quer í amos que toda
disciplina f í sica j á estivesse encerrada.
No caso de crian ç as adotadas, voc ê n ã o sabe dizer
como foi a experi ê ncia delas, mas mesmo que n ã o
tenham nenhuma lembran ç a de abusos ou qualquer
coisa do tipo, todas as vezes que disciplina uma crian ç a,
voc ê est á preenchendo um cheque, e, portanto, precisa
ter dinheiro no banco. Suponha que a sua filha, aos
dezenove anos de idade, deseje sair com algum babaca, e
voc ê diz n ã o. Voc ê est á preenchendo um cheque de
cem mil d ó lares por dizer isso, e precisa ter esse dinheiro
no banco. Da mesma forma, quando disciplina uma crian ç
a, o que voc ê tem é um saque. H á dep ó sitos
emocionais suficientes — comprovantes positivos, e assim
por diante — que permitam aquela execu çã o? Caso uma
disciplina custe cem d ó lares, e essa crian ç a chegue em
sua casa, que est á com dez centavos guardados no
banco, ent ã o voc ê n ã o tem dinheiro em sua conta para
fechar as contas. Logo, eu sugiro um per í odo de ajustes.
Se voc ê adotou crian ç as mais velhas, de onze ou doze
anos, suponho que, em todo caso, j á seja hora de
suspender a disciplina f í sica.
16. O que fazer quando se extingue a disciplina f í sica
aos doze ou treze anos?
Doug : Aos doze anos, o rapazinho est á a apenas seis
anos de alistar-se na Marinha e ir para as Filipinas.
Quando seus filhos forem para a faculdade, eles n ã o ter
ã o de obedecer ao seu toque de recolher e ser ã o
obrigados a enfrentar o mundo por conta pr ó pria, assim
os padr õ es dos pais devem ser internalizados a essa
altura. Voc ê deve partir do exoesqueleto da disciplina
durante primeiros anos de vida, passando à internaliza çã
o de padr õ es quando atingirem a adolesc ê ncia, e voc ê
conseguir á isso permitindo que consequ ê ncias da vida
real tomem o lugar das consequ ê ncias artificiais. Quando
seu filho de tr ê s anos desobedece e pula a grade de
prote çã o que est á no topo das escadas, voc ê n ã o quer
que ele aprenda a li çã o por meio das consequ ê ncias da
vida real. Ao contr á rio, voc ê introduz pequenas consequ
ê ncias, artificiais. A disciplina f í sica, nesse caso tapas, é
uma pequena por çã o administr á vel de dor, nada
compar á vel com o que o mundo faria. Logo, pequenas
coisas s ã o apenas um modo de ensinar a seus filhos o
princ í pio de “ desobedi ê ncia significa dor ” , mas é a
dor que faz com que o mundo deles n ã o desabe. Dos
doze aos dezoito anos, voc ê os introduz à s consequ ê
ncias do mundo real. Se quebram a janela do vizinho, eles
é que pagam por isso. Se n ã o aparecem no trabalho, voc
ê os faz ir ao empregador, caminhar at é a porta dele e
buscar seu perd ã o por n ã o ter comparecido naquele
dia. N ã o é a vers ã o final e crua das consequ ê ncias do
mundo real, mas é algo que vai se adaptando e ficando
cada vez mais como o mundo real conforme eles
envelhecem.
17. E se a crian ç a disser que a disciplina f í sica n ã o
a machuca?
Doug : Fa ç o um alerta contra ser sugado por uma espiral
constante e crescente de disciplina f í sica. Todos perdem.
A disciplina deve ferroar e doer, mas n ã o prejudicar. Se o
seu filho o desafia quando voc ê o disciplina fisicamente,
mostra n ã o ser algo doloroso o bastante para que ele n ã
o queira que aquilo aconte ç a novamente. Ent ã o, ao inv
é s de disciplinar dez vezes com tr ê s tapas cada, é muito
melhor disciplinar uma s ó vez com dez tapas. Voc ê quer
vencer decisivamente na primeira leva. Sempre que poss í
vel, mantenha a disciplina simples e breve.
Al é m disso, uma vez que a Academia Americana de
Pediatria declarou qualquer tipo de disciplina f í sica um
abuso infantil, devo dizer que, sim, existe o abuso infantil.
Bater em seu filho ou disciplin á -lo por muito tempo e
muito severamente a ponto de prejudic á -lo é perverso. O
fato de as pessoas chamarem qualquer forma de
disciplina f í sica de abuso infantil n ã o significa que n ã o
exista abuso infantil ou que n ã o exista isso em c í rculos
crist ã os conservadores. Voc ê quer que as disciplinas
sejam dolorosas mas breves, e n ã o prejudiciais.
Nancy : Al é m disso, nunca usamos nossas m ã os. Us á
vamos um pequeno peda ç o de madeira fina ou uma
colher de pau.
Doug : Creio que a m ã o seja pesada demais, é
machucar em vez de picar. Al é m disso, se voc ê n ã o
sabe disciplinar com a as pr ó prias m ã os, voc ê pode se
machucar, ficar bravo e acabar maltratando a crian ç a. As
m ã os devem estar associadas ao cuidado, à prote çã o, à
alimenta çã o, ao amor, e n ã o à agress ã o.
18. H á um argumento em c í rculos crist ã os dizendo
que Prov é rbios 26.3 diz que a vara é para as
costas dos insensatos, mas n ã o para o traseiro das
crian ç as, logo esses vers í culos n ã o tratam da
cria çã o de filhos?
Doug : Eu estaria disposto a conceder alegremente que o
vers í culo especificamente n ã o se volta ao traseiro de
uma crian ç a, mas estaria corroborando um argumento a
fortiori . Aqueles que defendem que uma crian ç a n ã o
deve ser disciplinada fisicamente defendem que a
disciplina f í sica deve ser aplicada a adolescentes? Prov é
rbios est á falando sobre a puni çã o f í sica para jovens
delinquentes por volta dos seus dezoito anos, o tipo de
crian ç a que destr ó i o carro de algu é m. Em uma
sociedade mais sensata, esse jovem seria a ç oitado ou
punido com uma vara, solto, e ent ã o liberado para fazer
a restitui çã o. Neste momento existe um milh ã o de
pessoas dentro de nosso sistema penitenci á rio, que é
mais estilo um canil. Vendo isso, temos orgulho de qu ã o
humanit á rios n ó s somos. É simplesmente demente e
distorcido. Por a ç oite n ã o me refiro à maneira
desumana como Jesus foi a ç oitado ou como a Marinha
brit â nica usou o chicote apelidado de ‘ gato de nove
caudas ’ . A lei mosaica tamb é m dizia que quarenta a ç
oites eram o limite sobre algu é m, a fim de que ningu é m
ficasse aviltado aos olhos do pr ó ximo (Dt 25.3). Era um
sistema penal severo, mas melhor do que esse que temos
hoje. Atualmente, simplesmente passamos de carro por
nossas penitenci á rias, e n ã o pensamos naquilo que n ã
o vemos.
Se voc ê n ã o v ê problema na puni çã o f í sica para
delinquentes juvenis ou para arruaceiros e desordeiros,
quanto menos deve ver numa aplica çã o penal com uma
minivara sobre uma minipessoa! Al é m disso, creio que a
varinha deva entrar em cena geralmente ap ó s a crian ç a
come ç ar a ficar mais articulada e a subir nas coisas.
Ocasionalmente, voc ê precisa dar um toque num beb ê
que ainda mama, mas deve ser algo bem sutil, é como
dizer “ sem morder ” .
19. Como voc ê faz para um garoto permanecer
sentado por longos per í odos de tempo dentro da
igreja?
Doug : N ã o espere resultados instant â neos. Quando
voc ê olha as fam í lias na igreja e elas t ê m cinco filhos
em uma fileira, sentados e segurando o salt é rio, aposto
que, se voc ê fosse a essas fam í lias, cada uma delas lhe
contaria as hist ó rias de guerra sobre os anos que
levaram para chegar à quele ponto. Permanecer sentado
na escola, na igreja e à mesa na hora do jantar é algo dif í
cil de um garoto aprender, e ele precisa praticar. Torne
isso um jogo e o prepare, fazendo com que permane ç a
sentado por dez minutos. Acostume-o com a ideia, a fim
de que saiba o que isso significa. Al é m disso, certifique-
se de dar-lhe outras coisas que fazer de forma silenciosa,
e assim evoluir em aten çã o na igreja.
Nancy : Doug n ã o se sentava conosco na igreja, pois ele
era o pastor. Quando as crian ç as estavam no terceiro ou
quarto ano do Ensino Fundamental, estabeleci a regra do “
sem banheiro ” durante o culto. Eles podiam ir ao
banheiro antes do culto. Depois precisavam esperar, a
menos que houvesse uma verdadeira emerg ê ncia.
20. Parece que meninos s ã o mais obviamente
pecaminosos, guiados por suas paix õ es, mas as
meninas s ã o t ã o pecadoras quanto eles, de uma
forma sorrateira e manipulativa. O que voc ê faz em
rela çã o a isso?
Nancy : Eis um exemplo: outro dia a Raquel estava
arrumando a Blaire, que tem tr ê s anos, para juntas sa í
rem, e Blaire come ç ou a bagun ç ar. Raquel disse a ela
para parar com a bagun ç a, mas Blaire queria bagun ç ar.
Raquel disse “ Blaire, eu disse n ã o, ent ã o voc ê precisa
controlar o seu cora çã o. Mostre como voc ê controla o
seu cora çã o. O que voc ê faz? ” . Blaire parou e disse “
Sorria? ” . Raquel p ô de lidar com aquilo, pois ela havia
treinado a Blaire. E da í Raquel p ô de deix á -la praticar e
tentar novamente.
Doug : E h á uma importante verdade nisso. Se a crian ç a
é desobediente e voc ê a disciplina, ela est á aprendendo
que “ Eu sou o fraco. Meus pais é que s ã o fortes ” . Voc ê
deve conversar com a sua filha e dizer “ Queremos que
voc ê seja uma mulher de Deus, uma mulher forte, e n ã o
uma mulher de Deus fraca ” . Uma garota que d á ouvidos
a si mesma em vez de instruir a si mesma é algu é m que
acaba por ser levada por qualquer coisa que se
interponha em seu caminho.
Lembre sempre que meninos e meninas funcionam de
maneiras diferentes. Algumas coisas funcionam para
ambos, mas meninos funcionam pelo combust í vel do
respeito e as meninas pelo combust í vel do amor.
Garotinhas flertam e manipulam; garotinhos vangloriam-
se. Se um garoto diz “ Olhe pra mim ” antes de pular do
trampolim, ele est á clamando por respeito. Entretanto,
quando algu é m exige respeito, a ú ltima coisa no mundo
que voc ê quer lhe dar é respeito. Prov é rbios 27.2 diz “
Seja outro o que te louve, e n ã o a tua boca ” , logo, a
seguran ç a em um garoto o leva a esperar por aquela
aprova çã o dos outros. Enquanto os garotos ainda s ã o
jovens, n ã o se esque ç a de louv á -los ao inv é s de os
reprimir. Mostre-lhes respeito, para que assim n ã o
fiquem constantemente ansiando por isso anos mais
tarde.
É sinal de perigo quando as garotas ficam grudentas. Se
um tio aparece no Dia de A çã o de Gra ç as, j á se
passaram oito anos desde a ú ltima vez que ela o viu, e a
sua menina est á toda jogada no colo dele querendo aten
çã o, a rea çã o do pai n ã o deve ser a de dizer “ Ah, que
fofa ” . A rea çã o deve ser: “ Afe! ” . A garotinha n ã o est
á se sentindo amada, pois n ã o est á sendo amada, e se v
ê desajeitada, um inc ô modo, ou como algu é m irritante,
e est á insegura por causa disso. Quanto mais insegura
estiver por essa sensa çã o, mais carecer á de aten çã o, e
maior ser á a necessidade de receber aten çã o e amor, e
mais ela buscar á por aten çã o masculina. Por um longo
per í odo ela é um inc ô modo, mas de repente faz treze
anos e, como que por um passe de m á gica, todos os
garotos come ç am a prestar aten çã o nela. Agora ela
tem algo para negociar, e muitas meninas n ã o fazem
ideia do que est á acontecendo.
Logo, enquanto ainda novos, sature seus meninos de
respeito e suas meninas de amor. O amor tem que ver
com compromisso, seguran ç a, liga çã o, sacrif í cio: “
Estarei aqui por voc ê , farei sacrif í cios por voc ê , estou
conectado a voc ê e provarei isso todas as vezes que
puder ” . O respeito est á relacionado com habilidades e
conquistas. D ê abra ç os, fa ç a elogios, reafirme
sentimentos, agracie suas filhas. Diga ao seu garotinho
que ele realmente é forte, que ele realmente é corajoso,
que ele realmente é r á pido.
21. E se houver uma briga e voc ê n ã o souber quem
estava em pecado?
Doug : Esse era o tipo de situa çã o que me fazia levar as
crian ç as para o quartinho. Se fosse “ Ele fez tamb é m! N
ã o fiz! ” , n ã o teria como ajustar as coisas
piedosamente, mas estaria claro que ambos estavam em
pecado, ent ã o eu tiraria o brinquedo ou aquilo que
estivesse causando a briga. Depois eu explicaria que
ambos estavam em pecado e oraria com eles. Se voc ê n
ã o tem certeza, n ã o discipline de nenhuma forma. Como
pai, voc ê exerce um papel sacerdotal na fam í lia. Voc ê é
respons á vel por seus filhos, e se voc ê tiver um ó timo
palpite, mas n ã o tiver certeza, n ã o queira fazer uma m
á aplica çã o de justi ç a, uma vez que estar á ensinando
seus filhos a como aplicar a justi ç a. Prov é rbios 18.17 diz
que um caso parece s ó lido at é que se ou ç a o outro
lado da hist ó ria, e n ã o havendo duas ou tr ê s
testemunhas, com disciplina cega, ent ã o o que ocorre é
o ensino de princ í pios de injusti ç a. Transforme isso em
uma ora çã o constante: “ Senhor, se h á algo de que
precisamos saber, mas que, no presente momento, n ã o
sabemos, e isso é necess á rio para pastorear nossos
filhos com fidelidade, por favor, fa ç a-nos saber ” . E creio
que voc ê esteja orando ali por uma posi çã o de forte
autoridade. Se Deus deseja que voc ê saiba, voc ê saber á
.
22. Como voc ê encorajaria seus filhos a terem deleite
na presen ç a uns dos outros?
Doug : Se eles estiverem tendo problemas em se
relacionar, n ã o os coloque em um quarto e diga “
Resolvam isso ” . Isso apenas significa  que voc ê ter á de
intervir novamente. Ao contr á rio, sente-se com eles e
deleite-se na presen ç a deles. Mesmo que seja apenas
brincando de massinha juntos, voc ê pode demonstrar
como ter prazer na companhia um do outro. Certifique-se
de conduzir os coment á rios deles: “ Voc ê viu o que a
sua irm ã fez? ” . Elogie a irm ã e fa ç a com que a irm ã
elogie, e ent ã o inverta o cen á rio. Modele o que voc ê
deseja ver feito. Voc ê n ã o pode fazer isso eternamente,
mas, sempre que puder, incentive com energia, como pai
ou m ã e manifeste prazer, fa ç a com que seu filho
perceba aonde voc ê quer chegar.
23. Quando devemos dizer aos nossos amigos crist ã
os ou à fam í lia que algo parece estar errado?
Doug : H á muitos fatores. Primeiro, voc ê est á falando
de filhos mais velhos que os seus? Se o seu filho mais
velho tem cinco anos, e voc ê suspeita que o pai de um
filho de quinze anos n ã o o esteja conduzindo
corretamente, isso intensifica o fardo da prova antes de
dizer algo. Em segundo lugar, qu ã o pr ó ximo voc ê é
dele? Suponhamos, voc ê s s ã o colegas de trabalho, ele
é dez anos mais velho que voc ê , e os filhos dele s ã o
dez anos mais velhos que os seus, mas voc ê s s ã o
melhores amigos no trabalho. Isso reduz o fardo da prova
de se voc ê deve ou n ã o dizer algo. Como mencionei em
outro contexto, quando vai a algu é m com uma preocupa
çã o, voc ê est á preenchendo um cheque. Logo, quanto
dinheiro voc ê tem no banco?
Se voc ê viu esse casal uma vez na igreja, ent ã o diria
para n ã o se voluntariar a nada. Mas se o pai desse
garoto é seu irm ã o, e voc ê s s ã o muito pr ó ximos, e
voc ê pode falar sobre qualquer coisa, exceto sobre isso,
ent ã o voc ê precisa descobrir uma maneira de falar a
respeito. Al é m disso, n ã o apare ç a à porta da casa
deles como um acusador ou como uma pessoa repleta de
pronunciamentos dogm á ticos. A primeira coisa a ser
feita é perguntar se pode conversar com eles: “ Tenho
algumas perguntas sobre como o Zezinho tem se portado.
Voc ê se importaria se eu fizesse algumas perguntas? ” .
Se ele disser que n ã o quer conversar sobre aquilo, ent ã
o cale-se, retire-se e ore mais a respeito. Se ele disser que
sim, “ Claro, pergunte ” , encorajo-o a, primeiramente,
fazer perguntas genu í nas, n ã o afirma çõ es. “ Vi isso
acontecer: voc ê est á ciente disso? ” em vez de “ Para
mim, parece ter acontecido assim, por isso vejo que é
assim ” . É muito, muito dif í cil discutir com perguntas. Se
for um assunto delicado, diga, “ Tenho certeza de que voc
ê e sua esposa pensaram bastante a respeito, e est ã o
preocupados com isso e t ê m orado. Como voc ê s t ê m
lidado com isso? Como est ã o orando a respeito? Como
podemos orar por voc ê s? ” . Voc ê pode conversar por
meia hora ou quarenta e cinco minutos sem apresentar
nada que possa causar ofensas. Sou pastor, logo, se algu
é m vem a mim pedindo por conselho, e se temos uma
hora, uma boa meia hora ou mais, durante esse tempo
sou eu fazendo perguntas.
24. O que é fundamental a ser feito durante o per í
odo em que seus filhos s ã o aquele “ cimento
molhado ” ?
Doug : A melhor coisa que voc ê pode fazer por seus
filhos é aproveit á -los! Algu é m disse a Nancy uma vez: “
S ó espere at é voc ê chegar à terr í vel é poca dos dois
anos de idade ” . Mas uma amiga lhe disse “ Ah, n ã o: eu
chamo essa idade de a idade dos maravilhosos dois anos
” . É uma confus ã o, mas olhe para seus filhos e pense:
“É a melhor coisa do mundo ” . Ent ã o, quando eles forem
para o Jardim de Inf â ncia, prefira dizer: “ Eis a melhor ” .
Ent ã o, quando chegar no pr ó ximo est á gio: “ Essa é a
melhor. Eu n ã o sabia que continuaria a melhorar! ” .
Nancy : Poder í amos fazer uma outra palestra sobre
todas as coisas engra ç adas e divertidas que nossos filhos
fizeram. Sempre que eu sa í a e o Doug ficava em casa
com as crian ç as, Raquel perguntava “ Posso cozinhar? ” ,
e ele dizia “ Claro, v á cozinhar! ” . Nunca tinha ouvido
essa hist ó ria at é recentemente, mas Raquel disse que,
certa vez, ela pegou alguns biscoitos, colocou azeite neles
e os levou ao forno. Mas ela os esqueceu no forno, e eles
queimaram. Quando ela os trouxe para mostrar ao Doug,
ele comeu um! Ela ficou muito satisfeita com isso.
Doug : A chave é entrar na dan ç a. Voc ê n ã o
negligencia ou honra ou aben ç oa a desobedi ê ncia, mas
deve abra ç ar todo o resto. N ã o tente frustrar ou evitar
que algo aconte ç a.
25. Qual m é todo escolar voc ê acredita ser o melhor?
Ensino domiciliar ou escola particular?
Doug : Estimo que um ter ç o de nossa igreja esteja
matriculado na Logos School , 7 um ter ç o é de fam í lias
adeptas do ensino domiciliar, e um ter ç o é misturado.
Em Romanos 14, Paulo diz que h á certas coisas que s ã o
indiferentes, adiaphora , sobre as quais os crist ã os n ã o
devem brigar. Em minha opini ã o, m é todos educacionais
s ã o uma dessas coisas. Se voc ê est á completamente
convencido em sua mente, Deus aben ç oe, e
simplesmente fa ç a o que vai fazer, e n ã o permita que
ningu é m o fa ç a sentir-se culpado por faz ê -lo.
H á algumas vantagens e desvantagens em ambas as
formas. A escola toma proveito da divis ã o do trabalho: o
sujeito que realmente ama matem á tica pode ensinar
matem á tica, e a mulher que ama ingl ê s pode ensinar
ingl ê s. A m ã e que pratica o ensino domiciliar precisa
fazer todos os planos de aula, bem como todas as outras
coisas. No in í cio, o que todas as m ã es precisam fazer é
trocar as fraldas dos mais novos, deixar o segundo
ocupado com bloquinhos, e ensinar o mais velho a ler. Por
é m, cinco anos mais tarde, ela estar á preparando li çõ es
de hist ó ria, li çõ es de ingl ê s e li çõ es de matem á tica.
Dois anos mais tarde ela estar á fazendo a mesma coisa, e
com uma divis ã o de tarefas ainda mais dif í cil. Alguns
pais se desenvolvem bem e fazem um trabalho fant á
stico, e Deus os aben ç oa. Mas vamos dizer que voc ê n ã
o seja um desses pais. Caso comece a parecer que é
muita areia para o seu caminh ã o e voc ê esteja
considerando coloc á -los em uma escola, mas teme a rea
çã o de outros pais que fazem ensino domiciliar, ent ã o
temos um problema.
Se voc ê n ã o est á s ó considerando a melhor op çã o
baseada na melhor informa çã o dispon í vel, voc ê est á
apenas garantindo um melhor m é todo, e n ã o
importando os resultados que vir ã o depois, ent ã o voc ê
é apenas um ide ó logo. Costumo fazer a distin çã o entre
pessoas que promovem o ensino domiciliar e aqueles que
est ã o mais preocupadas com que os filhos fiquem em
casa. Pais de ensino domiciliar s ã o pessoas que est ã o
vivendo diante de Deus, e escolhendo prudentemente
qual m é todo eles pensam para melhor aben ç oar seus
filhos. J á o adepto à educa çã o domiciliar que é bitolado
e est á ideologicamente fixado em fazer tudo em casa, da
í é algo totalmente diferente.
Por outro lado, h á pessoas que usufruem da mesma
escola e da mesma filosofia educacional que uso, e me
sinto como se n ã o tivesse nada em comum com eles. À s
vezes, sinto-me como se tivesse mais em comum com um
praticante do ensino domiciliar, mesmo que estejamos
usando m é todos diferentes. Considero como um ponto
de orgulho pastoral o fato de termos uma congrega çã o t
ã o profundamente comprometida com a educa çã o crist
ã por tantos anos, e sem confus õ es a respeito. Demos
socos em ponta de faca, discutimos e tivemos de apagar
inc ê ndios aqui e ali, mas sou t ã o grato por termos
nessa comunidade uma variedade de m é todos por que
as pessoas buscam.
26. O que fazer em rela çã o a padr õ es que voc ê e a
sua fam í lia t ê m, mas que outros membros da fam
í lia ou amigos n ã o?
Doug : Crian ç as t ê m mais de dois olhos. Se elas
tiverem problemas com o vov ô , esse problema ser á
exacerbado se voc ê n ã o falar sobre os problemas com o
vov ô . Se voc ê n ã o disser nada a respeito disso, resta
um choque de culturas que precisar ã o compreender por
si s ó s. Seria bom ter um tempo de conversa no carro no
caminho para casa: “ Agora, filhos, voc ê s sabem por que
n ã o fazemos assim? Amamos o vov ô e a vov ó , e n ó s
os respeitamos muito, mas voc ê s veem que h á algumas
coisas que n ã o fazemos? ” . Creio que haja uma forma de
conduzir as crian ç as nisso tudo, ensinando-as a
obedecer aos av ó s, e a respeit á -los, mas mantendo
padr õ es.
Nancy : À s vezes, os av ó s d ã o aos netos permiss ã o
de fazer alguma coisa e as crian ç as dizem “ T á , vou
pedir aos meus pais ” . Mesmo quando os av ó s dizem “
Ah, n ã o, est á tudo bem ” , é sempre bom que as crian ç
as confirmem de qualquer forma.
Doug : Isso. Alguns pais pensam que o escape para isso é
“ N ã o quero que meus filhos cres ç am como eu cresci,
ent ã o vou tir á -los da minha fam í lia e n ã o vamos visit
á -los no natal nem no Dia de A çã o de Gra ç as ” . (S ó
para deixar claro, estamos falando sobre seres humanos
comuns e civilizados aqui; n ã o estamos falando sobre
voc ê ir visitar o clube de motoqueiros Hell Angels (Anjos
do Inferno) durante o Dia de A çã o de Gra ç as). Alguns
pais crist ã os foram convertidos na universidade, e dizem
“ Vamos nos afastar de nossos pais, para que assim as
crian ç as n ã o tenham essa m á influ ê ncia ” . O que as
crian ç as est ã o aprendendo a imitar é a dist â ncia entre
o pai e o filho. Quando se deparar com algum problema
com eles, qual ser á a resposta da crian ç a? Modele seus
filhos para aquilo que voc ê deseja que fa ç am por voc ê .
Voc ê quer que eles priorizem a volta para casa durante os
feriados? A melhor coisa no mundo que voc ê pode fazer é
modelar isso neles.
27. Doug, voc ê obviamente é muito produtivo. Quais
as mec â nicas de n ã o levar trabalho para casa?
Doug : Eu acredito em trabalhar e talhar, um pouco por
vez. Isso se soma. Para p ô r em perspectiva, tenho
sessenta anos agora, e j á escrevi muitos livros, mas
minha primeira obra foi publicada quando eu tinha quase
quarenta anos. Enxergamos a é poca em que as crian ç as
eram bem pequenas como tempo de arar e plantar.
Gastamos bastante tempo em fam í lia, cultivando esse
relacionamento com as crian ç as, pois enxergamos que
nossos filhos eram nossa motiva çã o fundamental para
fazer o que eu queria estar fazendo, em primeiro lugar.
Naquela é poca n ã o havia internet ou iPhones, nem
mesmo um computador.
Ent ã o l í amos durante as noites, eu liderava os times
das crian ç as, e sa í a com eles. Uma das coisas que
escrevi em Wordsmithy é que, se deseja escrever, voc ê
precisa ter vivido uma vida. Foram uns vinte bons anos
com tudo, na constru çã o da escola, ensinando meus
filhos, fazendo estudos b í blicos com eles, voltando para
casa para encontrar as crian ç as. Muitas das coisas que fa
ç o agora, eu fazia naquela é poca. Estava me preparando.
Era o que eu queria. Lembro muito bem que parte de
nosso plano era assim: “ Moscow é um belo lugar para
criar filhos, e essa é a prioridade. Queremos uma fam í lia
intacta. Depois que nossos filhos terminarem o Ensino M é
dio, ent ã o mudaremos para a Costa Leste e faremos algo
l á” . Eu queria deixar uma marca, mas na é poca em que
meus filhos estavam no Ensino M é dio, a edi çã o por
meio do desktop havia chegado, e demos in í cio a
Credenda/Agenda , da í percebi que poderia fazer as
coisas que desejava fazer de l á .
John Owen escreveu um coment á rio sobre o livro de
Hebreus que cont é m sete volumes em fontes de n ú
mero 6 ou 8, e os primeiros dois volumes s ã o apenas
introdut ó rios. Imagino o que ele poderia ter feito com um
computador. Quando olho para os coment á rios de
Calvino sobre a B í blia, e ent ã o olho para o que ele fez
resolvendo disputas em Genebra, aconselhando os
governantes da cidade sobre quest õ es pol í ticas, e tudo
isso com os problemas de sa ú de que tinha, à s vezes
penso por que Deus n ã o deu a Calvino uma biblioteca
completa e um grande estoque de papel em branco para
que pudesse escrever toda a sua sabedoria. Mas se Deus
o tivesse colocado em uma torre de marfim como essa,
ele n ã o teria nada para contar. Voc ê precisa de pessoas
reais, vida real, tempo real. A gl ó ria do jovem é a sua for
ç a, mas a sua gl ó ria n ã o é sua paci ê ncia. Noventa por
cento do que estou fazendo agora, eu n ã o fazia naquela
é poca.
Nancy : Mas come ç amos uma escola. Coisas e mais
coisas eram feitas. V á rias reuni õ es do conselho.
Quando a escola se mudou para a pista de patina çã o,
tiveram que remodel á -la por completo. Logo tivemos
momentos que cham á vamos de “ momentos de nos
prostrar ” , e esse foi um deles. Certa noite, Doug chegou
em casa à s onze da noite, e lembro-me de dizer “ Uau,
chegou cedo! ” . Mas na maior parte das vezes, ele
chegava em casa na hora do jantar. Doug e Nate tamb é
m constru í ram a maior parte de nossa casa. E eles o
fizeram durante o ver ã o. Nate estava no oitavo ano
quando come ç aram, o que levou um tempo, e isso foi
muito dos momentos que tiveram a s ó s.
Doug : Essa foi a aula de economia dom é stica que
nenhum de n ó s nunca teve na escola.
28. Voc ê fazia sa í das estilo s ó com o papai?
Doug : Quando nossos filhos ainda eram pequenos, as
manh ã s de s á bado costumavam ser minha vez de levar
as crian ç as para sair, o que dava uma pausa para Nancy.
Ela ficava em casa, e eu sa í a com as crian ç as em
grupo.
Nancy : Costumava envolver donuts, a biblioteca e as
montanhas de Moscow.
Doug : Quando eu levava as crian ç as para sair,
geralmente a casa ficava calma. Mas quando a Nancy sa í
a. . .
Nancy : Eu encontrava meias por toda parte quando
chegava em casa.
Doug : Preciso explicar um jogo nosso: eu fazia as crian ç
as puxarem um sof á , pegarem todas as meias que havia
na casa e enrol á -las como pequenas bolas. Sentava-me
numa cadeira do outro lado da sala, e ent ã o as crian ç as
precisavam andar atr á s do sof á com um chinelo na cabe
ç a. O jogo era ver se eu conseguia derrubar o chinelo da
cabe ç a delas. Era muito legal. Mas ent ã o Nancy
chegava em casa. . .
Nancy : Bom, eles guardavam todas as meias, mas por
dias ou semanas eu as encontrava em lugares estranhos.
E com certeza faz í amos os passeios de pijamas.
Doug : Esses passeios aconteciam quando as crian ç as
eram menores — da Pr é -Escola at é o fim do Ensino
Fundamental. Faz í amos a hora de ir dormir como
sempre, cantando e orando, e os coloc á vamos todos na
cama. E depois que estivessem deitados por uns dez
minutos, eu gritava “ Passeio de pijama! ” , e todo mundo
pulava da cama, corria e entrava de pijamas mesmo no
carro. Ent ã o í amos à sorveteria Baskin Robbins ou visitar
os av ó s, depois volt á vamos pra casa e os coloc á vamos
na cama.
29. Voc ê se esfor ç ou para priorizar algum filho?
Doug : Na verdade, n ã o precisamos. Tivemos tr ê s e
eles tinham dois anos de diferen ç a de um para o outro, e
para mim foi muito f á cil conhecer a todos muito bem.
Vejo que, se tiv é ssemos tido sete ou oito filhos, eu teria a
obriga çã o de intencionalmente priorizar cada um deles.
Quando se chega a certo n ú mero, um sempre sai perdido
nessa confus ã o.
Nancy : Al é m disso, se precisasse ir a algum lugar, eu
levava um deles comigo uma vez e depois outro na vez
seguinte. S ó n ã o foi algo planejado. Como tanto Doug
quanto eu trabalh á vamos na escola Logos, est á vamos l
á com nossos filhos o tempo todo.
Doug : Ainda mais, quando as crian ç as ficaram mais
velhas, quer í amos que nossos filhos tivessem a liberdade
de trazer seus amigos e que eles pudessem simplesmente
aparecer. E isso envolve comida e atividades, n ã o
necessariamente atividades muito organizadas, mas
apenas um lugar seguro para as crian ç as, onde elas
podem passar tempo em um  lugar bom para isso. Nunca
fizemos quest ã o de insistir em dizer “ Voc ê deve ficar
em casa ” ou “ Tem que ser aqui ” , mas tinha de ser um
lugar onde as crian ç as gostassem de se divertir. Al é m
de tudo, assim ficava mais f á cil de vigiar.
NOTAS
1 No original, o autor utilizou a vers ã o English Standard
Version , que diz be imitators of God . (N. do. T.)
2 Em portugu ê s, a vers ã o mais pr ó xima à King James é
a B í blia King James Fiel (1611), que diz Sede, pois,
seguidores de Deus . (N. do T.)
3 Cooperativas educacionais, escolas fundadas, financiadas
e geralmente administradas pelos pr ó prios pais dos
alunos. (N. do. T.)
4 T í tulo de um document á rio acerca da educa çã o crist ã
cl á ssica. (N. do. T.)
5 Escola crist ã cl á ssica da qual Douglas Wilson é um dos
fundadores. (N. do. T.)
6 Cooperativas educacionais, escolas fundadas, financiadas
e geralmente administradas pelos pr ó prios pais dos
alunos. (N. do. T.)
7 Escola crist ã cl á ssica da qual Douglas Wilson é um dos
fundadores. (N. do. T.)
LEIA TAMB É M

No livro “ Contentamento ” , Nancy Wilson vai à B í blia e aos puritanos como


Jeremiah Burroughs, Samuel Rutherford, Thomas Watson, e Charles Spurgeon
para buscar ajuda no desenvolvimento da for ç a espiritual pr á tica que vem da
profunda satisfa çã o no contentamento com a vontade de Deus.
LEIA TAMB É M

No livro “ Virtuosa ” , Nancy Wilson, busca que voc ê aprenda, a partir das
Escrituras, sobre o principal e mais elevado dever da mulher crist ã ,
compreenda a import â ncia de as esposas serem mulheres virtuosas, veja como
é ser uma mulher de lideran ç a em sua comunidade, e considere o significado
de buscar a virtude mesmo que todos ao seu redor digam que isso n ã o é mais
importante nos dias de hoje.
LEIA TAMB É M

Onde est á seu filho 5 horas por dia, 5 dias por semana?
As escolas atuam para moldar seus filhos. Moldar o que eles conhecem, o que
pensam, o que cr ê em, e at é o que amam. Moldar quem seus filhos se tornar ã
o. Em cap í tulos curtos e cativantes, Moldando Mentes e Cora çõ es apresenta o
modelo de educa çã o crist ã cl á ssica para pais que buscam a melhor educa çã
o poss í vel para seus filhos.
OS AUTORES
DOUGLAS WILSON é pastor na cidade de Moscow, Idaho, nos EUA. É pai de tr
ê s filhos e av ô de dezessete netos. Ele é o fundador do movimento de escolas
crist ã s cl á ssicas nos EUA, al é m de ter iniciado a escola Logos e a
universidade New Saint Andrews. Tamb é m é autor de dezenas de livros sobre
fam í lia, educa çã o, pol í tica, teologia, dentre outros.

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NANCY WILSON é esposa de pastor e dona de casa na cidade de Moscow,


Idaho, h á mais de trinta anos. Ela é a autora de in ú meros livros e escreve
regularmente para o site FeminaGirls.com. Ela e seu marido Douglas Wilson s ã
o pais de tr ê s filhos e av ó s de dezessete netos.

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