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O HERDEIRO

Joice Bittencourt

Espírito Santo
2014
À família... Dom de alegria.
Copyright © 2014 Joice Bittencourt

1ª Edição Outubro de 2014

Revisão Dezembro 2014

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo ou em


partes, por quaisquer meios, sem autorização prévia da autora.

DIGA NÃO À PIRATARIA!

VALORIZE O AUTOR NACIONAL!

Título Original
O HERDEIRO

Autora
Joice Bittencourt
joicerbittencourt@gmail.com

Revisão
Valéria Avelar

Edição Independente
2014
Sumário
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPITULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPITULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPITULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
EPÍLOGO
INCONPATÍVEIS
PARTE UM
PARTE DOIS
PARTE TRÊS
PARTE QUATRO
PARTE CINCO
PARTE SEIS
PARTE SETE
PARTE OITO
PARTE NOVE
PARTE DEZ
PARTE ONZE
SINOPSE
Laura Alves nasceu no interior de São Paulo, têm 20 anos, depois da
morte da sua mãe ela recebe uma proposta de trabalho de um restaurante
Brasileiro em Nova Iorque e decidi partir em busca de mudanças. Em seu
primeiro ano morando longe das origens ela juntou tudo que conseguiu
servindo em um café e trabalhando a noite na cozinha do famoso restaurante.

Polyana é a irmã mais nova de Laura, tem 18 anos e nenhum juízo.


Ela acompanha a irmã para Nova Iorque, porém o seu desejo é ser modelo,
atriz ou qualquer coisa que tenha muito glamour, festas e gente bonita.
Desaparecendo sem deixar qualquer pista do seu paradeiro e levando todas as
economias da irmã mais velha, a loira envolve-se em sérios problemas.

Rudy Scheideger está na lista dos dez homens mais ricos do mundo,
tem 35 anos, é lindo e tem um charme irresistível. Sua opinião sobre as
mulheres é a pior possível, para ele todas são interesseiras, falsas, vendidas e
fáceis. É mundialmente conhecido como frio e implacável ou apenas O
Senhor do Petróleo. Seu maior defeito? Sua total e irrevogável subserviência
ao pai.

A Proposta

Você aceitaria cinco milhões de dólares, um belíssimo apartamento de


frente para o Central Park, empregados e uma mesada absurda para dar um
herdeiro a um homem? Essa foi à proposta de Rudy Scheideger.

Laura teria que assinar um contrato em que aceitaria engravidar de


forma natural e conceder ao pai todo o poder sobre a criança, seria sua mãe e
nunca poderia ser separada do filho, porém, não teria nenhum poder de
decisão sobre sua vida, desde a escolha do nome até a faculdade tudo seria
definido pelo pai. E ai, aceita?

Aceitar a essa proposta não será tão simples assim, é impossível se


relacionar com um homem tão marcante e não sair profundamente marcada.

O mais belo da vida é que ela não pode ser prevista!


PRÓLOGO

Laura Alves perdeu a mãe com 19 anos, no período em que estava


terminando um curso de gastronomia, ficando sua irmã de 17 anos sob sua
responsabilidade. Em meio ao luto e ao peso de assumir as rédeas da família,
Laura recebe uma proposta de trabalho vinda de um dos seus professores, ele
tem um irmão proprietário de um famoso restaurante em Nova Iorque onde
ela começaria por baixo, ajudando na cozinha do restaurante brasileiro. Os
custos de sua viagem seriam pagos por seu empregador, porém isso não
incluía sua irmã. Sem pensar duas vezes ela vende o carro, que já era bem
velho, compra a passagem para Polyana e garante um extra para os primeiros
dias.

Sua maior preocupação era a irmã, imatura demais. Laura e Polyana


chamam a atenção em qualquer lugar, a beleza sempre foi uma característica
muito marcante nas duas. Grandes olhos verdes contornados por cílios longos
e densos, boca cheia e rosada, curvas descaradamente brasileiras e para
terminar longas e volumosas madeixas douradas. Tudo isso despertava nos
homens um desejo perigoso, desejo este, que Laura conhecia mais do que
gostara.

Assim que as irmãs chegam à nova cidade, Laura consegue alugar um


quarto na periferia, a vizinhança não era agradável e o local bem pequeno,
mas seria apenas um começo. A loira sempre teve os pés no chão e seria
capaz de enfrentar as adversidades para vencer na vida. Polyana por outro
lado sempre foi mais sonhadora e com pouco juízo, e isso logo se torna fonte
de grandes problemas.
Em poucas semanas Laura já estava instalada e trabalhando
diariamente, juntando tudo o que podia e o que não podia também, na
esperança de poder pagar um lugar mais confortável e seguro. Polyana
consegue um trabalho como babá e estuda a noite, Laura dava graças a Deus
por sua mãe tê-las obrigado a fazer curso de inglês desde pequenas, essa era a
única preocupação dela... Que as filhas tivessem instrução.

Às 05:30 da manhã Laura saia de casa para ir trabalhar em uma


cafeteria que seu patrão também possuía, deixava o local às 14 horas, tendo
tempo apenas para um banho e um leve cochilo, ás 18 horas já estava batendo
ponto no restaurante, chegava em casa depois da meia noite, morta de
cansaço a cama era o único metro quadrado do pequeno apartamento que a
interessava.

Dia após dia essa foi a rotina de Laura, meses se passaram e ela já
havia juntado uma quantia razoável, logo daria para alugar um lugar mais
confortável. Este apartamento era composto apenas por um quarto com
banheiro e cozinha conjugada, sua irmã odiava o local e sempre dizia que iria
se tornar uma modelo famosa e seria muito rica só para comprar o prédio e
demoli-lo.

“Ninguém pode ser rica saindo com os amigos todos os finais de semana...
Temos que economizar Polyana!”

Laura sempre falava a mesma coisa, mas nunca era realmente


escutada. Depois de um ano de muitas batalhas, suor e lágrimas, Laura chega
em casa e encontra um bilhete da irmã deixado sobre o seu travesseiro:

Fui atrás dos meus sonhos, essa vidinha


não é pra mim. Precisei fazer um pequeno
empréstimo nas suas coisas, mas irei
devolver assim que puder, e isso será em
breve. Não se preocupe, já sou maior e sei
me cuidar.

Beijos, Poly.

Por um longo tempo Laura ficou sem reação, não dava para acreditar
que sua irmã a abandonara depois de tudo que fez para mantê-las, depois de
abdicar de si mesma para que não faltasse nada em casa. Há um ano não
comprava nada pra si, não tinhas roupas novas, não saia com colegas de
trabalho, tudo era feito pensando no bem estar das duas. Quando percebeu
que Polyana foi embora e ainda levou com ela todas as suas economias, foi
um soco no estômago e um choque de realidade, além de fugir ela a roubou.
Seu salário foi pago no dia anterior e estava junto com as economias, ainda
não havia pago o aluguel ou as outras contas, nem mesmo comida tinha
comprado este mês. A única coisa que ela consegue fazer é sentar-se no chão,
completamente desolada.

Rudy Scheideger acaba de completar 35 anos, é filho único e vice-


presidente da empresa da família. Desde pequeno foi criado para assumir os
negócios e estava bem perto de se tornar o presidente. Dentro de pouco
tempo seu pai se aposentaria e ele assumiria seu lugar de “Senhor do
Petróleo”.

Sempre foi mantido em rédeas curtas e educado de forma muito


severa pelo pai, na juventude aproveitou tudo o que seu sobrenome podia lhe
oferecer... Mulheres, festas, luxo e mais mulheres, aprendeu que todas
queriam apenas uma coisa dele... Dinheiro e status, um preço que ele estava
disposto a pagar em troca de uma boa e suada noite de sexo.
Quando entrou para a faculdade de administração de empresas foi
como se estivesse de férias do seu pai, neste período pode ser realmente um
cara normal, experimentou tudo que podia, conheceu alguns amigos e muitas
“alpinistas sociais”... Um bando de vagabundas disfarçadas de mocinhas
modernas.

O casamento dos seus pais era perfeito, ele mandava e ela obedecia.
Quando tinha 16 anos Cora se casou com Leonel que era 15 anos mais velho
do que ela, Rudy nasceu no ano seguinte. Sua mãe quase morreu por
complicações no parto e com isso não pode ter mais filhos, Rudy seria
sempre o único herdeiro Scheideger. No dia em que completou 35 anos,
Rudy foi chamado ao escritório do pai, na mansão Scheideger, aos olhos dos
outros parecia estranho, mas para ele era normal só conversar com o pai de
forma formal e distante.

— O senhor mandou me chamar pai? — Disse em voz baixa, nunca


levantava a voz para seu pai, nunca o desobedecia, aprendeu isso a duras
penas.

— Sim, sente-se. — Depois de alguns segundos aguardando, seu pai


volta a falar.

— Hoje você está completando 35 anos e eu já estou com 67, você é


meu único filho e começo a me perguntar se um dia verei meus netos... —
Depois de bebericar o uísque ele continua. — Você sempre tem belas
mulheres à sua volta, mas nunca conheci nenhum relacionamento promissor.

— Pai...

— Não me interrompa. Não exigirei que se case, nem que assuma um


relacionamento ou coisa assim, isso seria um erro na sua posição social, mas
preciso garantir a continuação da nossa família e também da nossa empresa...
Temos um império e quero que minha descendência dê continuidade a isso.
— Ficando de pé Leonel encara seu filho nos olhos. — O que você me diz?

— Pai eu não sei o que dizer, eu não quero que a mãe do meu filho
seja uma dessas interesseiras que vai usá-lo para tirar até minhas calças, ou
exibi-lo para revistas como um troféu. Não me importaria de ter um filho, eu
até gosto da ideia... Mas não quero a mãe no pacote.

— Ótimo! Encontre uma moça descente, faça-a assinar um contrato


de sigilo e também um contrato específico sobre os direitos e deveres dela em
relação à criança, os providenciarei com meu advogado pessoal, sua parte é
engravidá-la.

— Eu não sei o que dizer...

— Não diga nada, apenas faça.


CAPÍTULO UM

POR LAURA

Meu dia hoje foi bem complicado, fui à polícia prestar queixa do
desaparecimento da minha irmã e fui informada que por ter deixado um
bilhete e ser maior de idade eles não poderiam fazer nada, isso não se
caracterizava com desaparecimento. Na cafeteria conversei com Renata, uma
amiga que trabalha comigo, segundo ela ontem na parte da tarde, duas
pessoas foram demitidas para contenção de gastos. Ela aconselhou-me a não
pedir um adiantamento, meu chefe não é injusto, mas é bem grosseiro e não
tolera falta de profissionalismo... Sem contar, que é um mão de vaca ao
extremo, poderia tomar isso como um motivo para me demitir.

O dono do apartamento que moro deu-me uma semana para pagar o


aluguel, caso contrário devo sair, estou comendo apenas no trabalho, não
tenho nada em casa e nem um dólar para comprar qualquer coisa. Renata me
ofereceu sua casa para passar algum tempo, acho que vou ter que aceitar por
algumas semanas até que eu possa me sustentar novamente, mesmo sabendo
que vou tirar sua privacidade.

(...)

Há um mês estou hospedada na casa da Renata. Ter que dormir


escutando eles gemendo e acordar com eles brigando não está sendo muito
agradável, mas não tenho outra opção no momento, eu durmo no sofá da sala
e acordo com um S na coluna. Estou procurando um lugar pra mim, recebi
meu salário hoje e já entreguei minha parte nas despesas para minha amiga, o
restante vou usar para meu primeiro aluguel.

Aqui é muito difícil encontrar casas ou apartamentos para alugar,


sempre estão ocupados ou têm uma longa lista de espera. Quando você
consegue achar algo disponível, ou é em local muito ruim ou o aluguel é
caríssimo e deve ser pago com no mínimo cinco meses de adiantamento.

Todos os dias penso na Polyana, em como ela teve coragem de me


deixar, em como ela deve estar e se aconteceu algo de errado. Procurei por
amigos e conhecidos dela, mas ninguém sabia de nada, fiquei sabendo que
ela foi encontrada por um olheiro de uma agência e viajara com ele para fazer
alguns testes para uma campanha publicitária, mas ninguém sabe nada de
concreto sobre isso, não sabem o nome do tal olheiro, ou da agência, ou pra
onde eles foram. Isso está me matando.

Tem uma semana que percebo o mesmo carro na saída do restaurante,


na porta da cafeteria e próximo à casa da Renata, estou um pouco apreensiva
com isso e acho que estou meio paranoica. Ontem um cliente pediu para
visitar a cozinha do restaurante, isso é comum e meu chefe adora mostrar-se
como um pavão. Eu podia sentir os olhos dele em mim o tempo todo, evitei
olhar muito, mas sua beleza foi impossível de ser ignorada. O homem parecia
uma muralha, mais de 1,90 com certeza, com uma pele naturalmente morena,
olhos castanhos e cabelos escuros quase raspados. Definitivamente as mãos
pareciam raquetes de tão grandes...

— Ai! Merda! Olhei tanto para o infeliz que cortei o dedo.


POR RUDY

Na semana passada chegando de uma festa já pela manhã, passei em


uma cafeteira para comer algo antes de ir pra casa, como era muito cedo
alguns funcionários ainda estavam chegando. Foi ali que eu vi a mulher mais
linda da face da terra. Era loira, mas seu cabelo tinha um tom mais escuro e
os olhos... Nossa que olhos, eram verdes e grandes, sua boca se destacava
naquele rosto lindo.

Fiquei mais tempo que o necessário ali dentro, observei e memorizei


tudo que ela fez, me informei com outro funcionário sobre seu nome, Laura.
Fui para casa meio a contra gosto, mas não poderia continuar ali o dia todo.

Eu preciso descobrir tudo sobre a loira da cafeteria, não posso


simplesmente chegar perguntando se ela está a fim de fazer um filho
comigo... Posso? Mas eu sei exatamente quem pode me ajudar a descobrir
tudo sobre ela.

— Trevor. — Meu amigo atende no segundo toque.

— Oi Trevor, preciso dos seus serviços.

— Bom dia Rudy! Como vai você? Dormiu bem? — Palhaço.

— É sério, não estou com tempo. Bom dia!

— OK. Diga o que precisa.

— Quero saber tudo sobre uma mulher, desde seu nome completo até
o tamanho da calcinha que ela usa.

— Acho melhor procurar uma agência de encontros. Eu trabalho com


segurança, investigação e tecnologia. Era só isso?
— Sem brincadeiras Trevor, preciso disso pra ontem. Ela é peça
chave em um problema que estou enfrentando, mas é sigilo.

— Tudo bem, me passe o que sabe sobre ela.

Depois de falar o que sei sobre Laura, sigo com meu dia e trabalho
solucionando todos os problemas da empresa, trabalho na indústria
petrolífera desde extração até as refinarias. Nossa fortuna é incalculável, meu
pai sempre foi um homem temido por todos, devido à forma exigente que
trabalha e ele me ensinou assim... Como ele mesmo diz:
"Filho você é a minha versão melhorada!" — Alguns dizem piorada.

— Sim. — Uma ligação tira-me dos meus pensamentos.

— Senhor Rudy, o senhor Trevor na linha dois. — Avisa-me a


secretaria.

— Já tem o que pedi Trevor?

— Sou o melhor no que faço. Estou te enviando um e-mail com tudo


sobre a Laura Alves. Muito linda a moça, gostei! — Filho da puta, se
engraçando com a mãe do meu herdeiro.

— Fora dos seus limites Trevor, ela já tem dono. Mas diga-me, tem
alguma coisa interessante?

— Bom... Brasileira, 20 anos, formada em gastronomia, trabalha em


uma cafeteria e como você já sabe em um restaurante também. Está morando
com uma amiga desde que sua irmã de 18 anos sumiu ou fugiu.
Aparentemente está enfrentando uma grande dificuldade financeira. Pai
desconhecido, mãe falecia há quase dois anos.

— Namorado? — Informação ultra importante.


— Não, nenhum registro de relacionamento. Não está no controle de
natalidade nacional. — Excelente, sem barreiras para o meu herdeiro.

— Ok. Você vale cada centavo. Mantenha seus homens a seguindo


durante o resto da semana, quero saber da sua rotina.

Minha semana se alternou entre trabalhar e me informar de tudo que a


Laura fazia. Recebi vídeos, fotos e relatórios do seu dia a dia. Pelo que
percebi ela é muito alegre, prestativa e carinhosa, tem alguns amigos no
trabalho, mas não faz nada que não seja trabalhar. Fui informado que está
procurando um local para morar e ainda não teve notícias da sua irmã
desaparecida, esse é o ponto fraco... Preciso encontrar a garota fujona para
ganhar a gratidão eterna da mãe do meu futuro herdeiro.

(...)

Já está na hora de marcar presença, resolvo jantar no restaurante onde


ela trabalha e peço para conhecer a cozinha do local. Minha loira está
finalizando alguns pratos e sei que percebeu minha presença, não é imune a
mim. Mesmo sem nada de maquiagem ela é perfeita e já posso imaginar
meus filhos... Meus? Ai, ai estou saindo da medida, meu filho, único assim
como eu. Quando saio do restaurante fico no carro por mais de uma hora,
quero observá-la mais de perto, sigo-a até a entrada do metrô e vou com o
meu carro esperar em frente ao prédio onde ela mora com a tal amiga.

Que espécie de lugar é esse? Devia ser interditado pela defesa


sanitária, essa área da cidade é horrível. A presença de marginais é constante,
não vejo policiamento e nem iluminação. Ela vem andando rapidamente e
entra no prédio que nem ao menos tem um porteiro. Preciso mudar isso, esse
local é muito perigoso para uma mulher tão linda, ainda mais a essa hora da
noite. Amanhã vou começar a agir, amanhã ela será minha.
CAPÍTULO DOIS

POR RUDY

Acordo às 6 da manhã, capricho em um banho demorado, faço a


barba, escolho um terno grafite com riscas de giz e sapatos italianos. Olho-
me no espelho reafirmando a minha meta de hoje que é cativar minha presa.
Já estou de posse de todas as informações dela, sei até com que peso ela
nasceu.

O caminho entre meu apartamento e a cafeteira onde Laura trabalha


não é muito longo, em vinte minutos já estamos estacionando do outro lado
da rua, mando que o motorista aguarde no carro e saio. Assim que passo pela
porta de vidro já a vejo servindo uma mesa, o rapaz sentado de costas pra
mim diz alguma coisa e ela responde com um sorriso um pouco sem graça e
vem em direção a minha mesa. Algumas mulheres matariam para ter a sua
forma de andar. Esse gingado dos quadris está tirando completamente o meu
foco, parece um pêndulo me hipnotizando.

— Bom dia senhor, já escolheu? — Nunca vi ninguém falar sorrindo


assim. Ela esbanja simpatia em apenas cinco palavras.

— Sim escolhi... Você. — Meu tom firme a deixa intimidada, sua


postura muda instantaneamente.

— Desculpe, mas eu não estou no cardápio. O seu pedido, por favor.

— Não disse que estava. Quero fazer a você uma proposta de


trabalho, com muitos benefícios e excelente remuneração.
— Eu já tenho um emprego, na verdade tenho dois e não tenho tempo
para um terceiro. — Vira-se e sai visivelmente ofendida com minha proposta.
Imagino bem o que deve ter pensado.

Resolvo que é melhor deixá-la refletir sobre nosso encontro, ela deve
lembrar-se da visita que fiz ao restaurante. Vou trabalhar pela parte da manhã
e depois do almoço farei novo contato com a mãe do meu futuro herdeiro, sei
que preciso atingir seu ponto fraco e pra isso vai ser necessário conversar
com um pouco mais de privacidade.

Como já tenho todos os seus dados mandei meu advogado preparar


um contrato de sigilo e anexar ao contrato todas as regras do nosso acordo.
Meu pai fez parte de todo processo de criação das cláusulas do contrato e
discordamos apenas em um ponto, ele insiste que seja feito por inseminação
artificial e eu não abro mão de fazer meu herdeiro naturalmente. Não quero
ejacular em um pote e esperar que um médico fecunde o óvulo da mãe em um
local impessoal, quero aproveitar esse momento e desfrutar a cada tentativa.

Minha única exigência foi que a criança seja feita por mim, deixei
claro que quero este vínculo... Ainda mais agora que já escolhi quem vai
carregar meu herdeiro por nove meses, quero ter o prazer de colocá-lo dentro
dela, só de imaginar meu pau dentro dela já fico duro e latejando. O balançar
das suas ancas não saem da minha cabeça, o jeans ajustado a sua bunda faz
minha imaginação voar e meu pau doer ainda mais. Seria um pecado não
desfrutar do seu corpo por alguns momentos. Vou até a sala do meu pai para
mostrar o dossiê que montei sobre Laura, depois de duas batidas ele me
autoriza a entrar.

— Bom dia pai, eu trouxe as informações da moça que escolhi. —


Entrego a ele um pen drive com tudo. Ele mantém os olhos fixos na tela
lendo, se volta pra mim e diz:

— Vai servir.

— Só isso? Não tem nada para dizer sobre a mãe do seu neto? — Eu
esperava que ele falasse alguma coisa.

— Não estou te entendendo Rudy. Ela vai apenas gerar a criança, vai
ser um casulo. Não me importa quem seja, quero apenas que siga as regras e
você deveria pensar da mesma forma. Envolva-se demais e vai sair depenado,
sozinho e desmoralizado. Vai ser mais um trouxa no mundo.

— Vou seguir o acordo pai. O senhor almoça comigo?

— Não, tenho um compromisso. — Sei bem quais são seus


compromissos na hora do almoço.

"Vai ser um casulo", não tenho nenhuma intenção de me envolver


emocionalmente com a Laura, mas daí a chamá-la de casulo é um passo
muito grande. Meu pai às vezes me assusta, eu também me mantenho longe
de relacionamentos por não confiar nas mulheres o suficiente para dividir
uma vida. Na verdade para mim a única que vale é Dona Cora... Minha mãe,
mas ele simplesmente define mulher como um ser inferior.

Almoço em um restaurante japonês que sempre frequento, já estou


acostumado a comer sozinho. Mas hoje como no piloto automático e fico
perdido em meus pensamentos, já deixei tudo encaixado para ela não
conseguir escapar.

(...)

Permaneço no banco de trás do carro observando a cafeteira, ainda


faltam dez minutos para que ela saia e eu fico repassando tudo que devo
fazer, tenho uma carta na manga e sei que vai ser o golpe de misericórdia
para levá-la a aceitar. Deixo o carro e espero na calçada, quando ela sai não
repara minha presença, mas antes que siga seu caminho eu seguro seu braço.

— Com pressa Laura? — Por alguns segundos ela não diz nada.

— Se não soltar o meu braço eu vou fazer um escândalo aqui. — Vejo


medo em seus olhos e não é isso que quero dela, solto seu braço e digo
calmamente.

— Tenho uma proposta pra você. Tenho certeza que vai mudar sua
vida.

— Não estou interessada, independente do que seja. Realmente


preciso ir. — Vou ter que apelar.

— Mesmo se eu puder achar a Polyana? — Imediatamente ela se vira


para mim com os olhos brilhando.

— Quem é você, e como poderia achar minha irmã? Você está com
ela? — Olha... Ganhei sua atenção.

— Primeiro de tudo, ela não está comigo. Segundo, sim eu posso


encontrá-la e terceiro... Para que saiba quem sou e para que eu te ajude,
preciso que me acompanhe até meu escritório.

— Acha mesmo que eu vou entrar no carro de um desconhecido?


Você deve ser louco...

Pego meu celular e digito meu nome no Google e entrego a ela, no


início não aceita, mas depois pega e abre algumas páginas e fotos minhas.

— Eu não tenho por que te sequestrar, sou uma pessoa conhecida e


nunca fui preso ou processado. Posso te adiantar que sua irmã está com sérios
problemas e eu posso ajudar, não vou responder nenhuma pergunta até que
você esteja sentada na minha sala. Poderia entrar no carro?

Já estamos dentro do meu escritório, Laura observa tudo calada e


posso sentir seu nervosismo. Abro a gaveta e tiro os dois contratos que vou
precisar, tomo uma longa respiração preparando-me. É agora!

— Antes que eu comece a falar preciso que você assine isso. Ai diz
que você não poderá comentar sobre nossa conversa com ninguém. — Ela
simplesmente assina sem nem ao menos ler.

— Onde está minha irmã?

Ela está sentada de frente para mim, com as pernas cruzadas, a bolsa
em cima das coxas e brincando com os polegares.

— Depois de uma investigação particular descobri que Polyana pode


ter sofrido um golpe, provavelmente tráfico de mulher. — Laura fica pálida.
— Ainda não descobri para onde foi levada, mas estou trabalhando nisso e
vou encontrá-la.

— Ok! Mas isso não será por bondade eu suponho? — Espertinha.

— Não, não será. Eu quero que você faça uma coisa pra mim, vou
pagar por isso e vou mudar sua vida. Darei a você um bom apartamento, um
carro e muito mais.

— Não sou uma prostituta... Acho que se enganou de pessoa. — Diz


se levantando nervosa.

— Sente-se, não quero que seja minha amante. O que preciso é mais...
“Específico”. Eu sei que você é uma mulher muito respeitável.
— Não estou entendendo como chegou a mim ou soube sobre minha
irmã. Não sei o que quer, mas faria tudo para ajudar a salvar a Polyana se ela
estiver sofrendo.

— Você não me conhece, eu a vi ocasionalmente na cafeteira onde


trabalha e contratei um especialista para ter mais informações, sendo assim
conclui que seria perfeita para o que preciso.

— Precisa? — Eu deveria tirar uma foto da expressão dela nesse


momento, é um misto de dúvida, surpresa e curiosidade.

— Eu preciso de um HERDEIRO, quero que você seja a mãe dele.

Sua boca abre e fecha várias vezes, ela olha para a janela e sacode a
cabeça, parece não acreditar no que acabou de ouvir. Mantenho-me firme e
sem transparecer emoção, mas por dentro estou angustiado e esperançoso,
quero muito que ela aceite e que possamos passar para o próximo passo.

— Olha... Eu não sei se estou certa do que acabei de ouvir, eu... Bem,
talvez isso seja normal, para você, mas, pra mim isso é um absurdo. Eu não
vou engravidar para te dar um herdeiro, nunca venderia meu filho. Acho
melhor você procurar uma barriga de aluguel.

— Eu não quero uma barriga de aluguel, quero uma mãe para a


criança, não quero tirá-lo de você ou algo assim.

— Você é gay? — Como assim? Eu pareço gay?

— NÃO! Claro que não. Por que a pergunta?

— Com sua beleza e o seu dinheiro você poderia encontrar alguém


para ser a mãe do seu bebê. Uma namorada ou se casar... Sei lá.

— Essa é a questão, eu não quero um relacionamento, quero ter um


filho para dar continuidade ao meu sobrenome e as minhas empresas. Quero
que ele tenha uma mãe para amá-lo e cuidar dele... Dentro dos meus padrões
é claro.

— Acho que você procura uma ama de leite, mas acho que errou de
século. — Tento segurar a gargalhada, mas isso é impossível.

— Você poderia pelo menos ler o contrato. — Coloco as folhas na


sua frente.

— É sério? Você fez um contrato para essa aberração?

— Por favor, leia. — A bruxinha pega o contrato levantando-se,


caminha para o outro lado da sala e se acomoda no sofá. Finjo responder
alguns e-mails e não me preocupar com sua resposta, mas na verdade estou
quase soltando fumaça.
CAPÍTULO TRÊS

O CONTRATO

Este documento visa tornar formal o acordo firmado entre RUDY


SCHEIDEGER, doravante denominado Contratante, e LAURA ALVES
doravante denominada Genitora, para gestação de um herdeiro para a Família
Scheideger. Pactuam as partes nos seguintes termos:

DOS DEVERES

Cláusula 1ª

- A contratada se dispõe a fazer todo e qualquer exame simples ou


específico com a finalidade de descobrir possíveis problemas com sua saúde
que possam prejudicar o feto ou ao Contratante.

Cláusula 2ª

- A concepção deverá ser feita por meios naturais, sendo assim,


Contratante e a Genitora manterão relações sexuais sem uso de método de
contraceptivo pelo período necessário para a fecundação.

Cláusula 3ª

- As datas em que ocorrerão as relações sexuais serão definidas por


um médico obstetra, que indicará o período fértil da contratada.

Cláusula 4ª

- A Genitora não poderá manter relações sexuais com outros homens


até que a criança esteja com cinco anos completos.
Cláusula 5ª

- A Genitora se compromete a amamentar a criança naturalmente até


os seis meses de vida, podendo continuar se assim desejar. Salvo problema de
saúde atestado por um especialista.

Clausula 6ª

- A Genitora se compromete a fazer todo o acompanhamento pré-


natal recomendado por um médico escolhido pelo Contratante. Seguindo
todas as recomendações dadas, sem questionamentos.

Cláusula 7ª

- A Genitora não poderá interferir na escolha do nome, padrinhos,


escola, cursos ou viagens da criança. Todas as escolhas que envolvam a
criança devem ser aprovadas antecipadamente pelo contratante.

Cláusula 8ª

- A contratada não poderá mudar-se, viajar ou fazer deslocamentos


com distância superior a 20 km sem aprovação prévia do contratante.
Qualquer ato desta natureza será considerado sequestro, podendo acarretar
em medidas judiciais.

Cláusula 9ª

- A contratada está terminantemente proibida de revelar os termos


deste acordo a terceiros, sob pena de multa no valor de US$50.000.000,00
(cinquenta milhões de dólares) e afastamento imediato e definitivo da
criança.

Cláusula 10ª
- A criança não receberá o sobrenome da contratada. Sendo registrada
apenas com o sobrenome do contratante.

Cláusula 11ª

- A contratada não poderá firmar casamento, união estável ou residir


em concubinato até que o herdeiro esteja com maior idade completa.

DOS DIREITOS

Cláusula 12ª

- O contratante fornecerá um imóvel à escolha da Genitora em bairro


nobre da cidade em que reside o Contratante. O local deverá ser capaz de
fornecer segurança, lazer, privacidade, comodidade e conforto.

Cláusula 13ª

- O Contratante pagará o valor de US$5.000.000,00 (cinco milhões de


dólares) divididos em três parcelas iguais. Sendo a primeira na assinatura
desde termo, a segunda na confirmação da gestação e a terceira ao
nascimento da criança objeto deste contrato.

Cláusula 14ª

- O contratante é responsável por todo e qualquer custo relacionado à


criança ou durante a gestação. Após o nascimento, a Genitora receberá uma
ajuda de custo anual no valor de US$5.000.000,00 (cinco milhões de
dólares), devidamente corrigidos.

Cláusula 15ª

- O Contratante não interferirá na relação entre mãe e filho desde que


as regras já citadas sejam cumpridas sem desvio.
Cláusula 16ª

- O Contratante fornecerá toda a estrutura necessária para a Genitora e


para a criança após seu nascimento. Incluindo gastos com saúde, alimentação,
moradia, segurança, lazer, estudos, privacidade e conforto.

Cláusula 17ª

- O contratante garante que a criança estará sob os cuidados da


Genitora, morando com esta do nascimento até a maior idade, desde que as
regras deste contrato sejam cumpridas. Em caso de descumprimento a
Genitora poderá perder o direito da guarda da criança objeto deste contrato.
Também poderá ser processada e impedida de manter qualquer contato com o
menor.

Termos em que, concordam plenamente as partes e declaram estarem


completamente livres de vícios.

New York – USA 01 de novembro de 2014.

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RUDY SCHEIDEGER

_____________________________

LAURA ALVES
CAPÍTULO QUATRO

POR LAURA

Quando aquele homem apareceu na minha frente na saída da cafeteira


logo me lembrei de onde o conhecia, esteve no café na semana passada e foi
à cozinha do restaurante... Sem contar a sua estranha proposta de emprego.
Assim que ele falou sobre Polyana todas as minhas barreiras vieram ao chão,
foi a primeira vez que alguém me disse que poderia encontrá-la, nem mesmo
a polícia ajudou-me, aqui latinos são considerados ninguém.

O infeliz me entregou seu celular com seu nome digitado na barra de


pesquisa do Google. Quase não se acha esse cara! Para minha surpresa as
informações sobre ele eram de cair o queixo: O SENHOR DO PETRÓLEO -
SOLTEIRO MAIS COBIÇADO DO PAÍS, MIDAS DO OURO
NEGRO... Pelas fotos, parece ser ele mesmo e considerando seu carro,
motorista e as roupas eu realmente acredito que ele seja esta pessoa.
Definitivamente ele não tem por que me sequestrar ao sei lá o que. Resolvo
arriscar... Afinal ele pode saber o paradeiro da desmiolada da minha irmã ou
pelo menos tem condições de procurá-la.

Quando chegamos ao seu escritório e ele disse seu real interesse em


mim, minha primeira reação foi ir embora, não acredito que alguma pessoa
em sã consciência faria nada parecido com isso, eu jamais faria isso... Mas,
com essa carinha linda me pedindo para apenas ler o tal contrato e sabendo
que com todo esse dinheiro ele pode mover céus e terras para salvar minha
irmã. Se for verdade o que ele diz sobre o tráfico de mulheres a irresponsável
está em sérios apuros... Ok! Vou ler essa bosta.
Nas primeiras linhas eu já sei que nunca assinaria isso, a cada cláusula
meu estômago se contorce em protesto ao absurdo que está na minha frente.
O termo "relações sexuais" me faz lembrar o pior momento da minha vida,
talvez pior que a morte da minha mãe... Pelo menos no caso dela foi o ciclo
da vida e não uma monstruosidade como a que foi feita comigo. Esquece isso
Laura... Esquece.

— Eu não quero te apressar, mas você já leu? — Ele me pergunta


sentado em sua mesa, até parece o presidente de tão imponente.

— Sim. Estou aqui me perguntando se isso não é uma piada, quem no


mundo faz algo como isso?

— Mais pessoas do que você imagina. Quando se tem muito dinheiro


tudo tem que ser por escrito, tudo tem que estar muito bem amarrado para
evitar prejuízos futuros.

— Isso me faz ter pena de você. Mas eu realmente não estou


interessada na sua proposta, ela me dá nojo. — Digo aproximando-me de sua
mesa, coloco os papéis a sua frente e cruzo os braços sob os seios, não
deixando de notar o seu olhar intenso caindo em meu corpo.

— Você um dia vai querer ter um filho, tenho certeza que será bem
melhor se o futuro dele já estiver garantido, se você tiver condições de curtir
sua gestação com conforto ao invés de estar servindo mesas e picando
legumes.

— Não tenho nenhuma intenção de me relacionar com alguém, por


isso, infelizmente, não vou ter filhos. Mesmo que tivesse não aceitaria essas
regras ridículas. — Ele se levanta, põe as mãos na mesa e inclina o corpo em
minha direção.
— Podemos discutir o contrato, podemos sentar e conversar sobre
suas inclinações. Mas preciso que cheguemos a um acordo bom para ambos.
Sei que não aguenta mais não ter sua própria casa, seu apartamento já está
comprado, você tem carta branca para mobiliá-lo como quiser. Diga o que
quer.

— Quero ir embora, esquecer seu maldito contrato e nunca mais olhar


na sua cara. — Ele vira a tela do computador, não sei o que pretende.

— Eu não gostaria de te mostrar isso, mas talvez você precise de um


incentivo para colaborar comigo.

Não consigo entender a princípio, sento-me na cadeira e aproximo a


tela para ter certeza do que vejo. São fotos de baixa qualidade, talvez de
câmeras públicas ou controle de tráfego, mas a mulher de jeans e casaco preto
é Polyana com toda certeza. Ela está na calçada entregando um envelope a
um homem alto e de aparência chinesa ou japonesa, sei lá. Na sequência de
fotos aparecem outros homens e minha irmã é jogada dentro de um furgão,
pela expressão em seu rosto dá para perceber sua surpresa e seu medo.

— O que você fez com minha irmã seu desgraçado? — Grito com as
lágrimas descendo pelo meu rosto. Ele contorna a mesa e se aproximando de
mim, mas eu me afasto.

— Isso foi encontrado pelo investigador que contratei, são as últimas


imagens dela. As fotos foram tiradas do vídeo de uma câmera de segurança
da joalheira que fica do outro lado da rua, a placa do carro foi investigada,
mas é falsa.

— Como você conseguiu isso tudo? Há quanto tempo está me


investigando? — Pergunto de forma embargada, os braços em volta do meu
corpo como se eu pudesse proteger-me de um homem tão grande assim em
uma sala fechada.

— Como você deve saber, dinheiro abre muitas portas, tenho um


amigo que é dono de uma grande empresa de investigação, ele é muito bom
no que faz. Respondendo sua outra pergunta, eu estou te investigando a
pouco mais de uma semana, a primeira vez que a vi foi na cafeteira bem cedo
depois que sai de uma festa.

Fico um tempo perdida em pensamentos, Polyana vai sofrer e eu sei


bem como é ser forçada a fazer certas coisas sem querer. Meu Deus, ela pode
nem estar viva!

— Eu não preciso que você seja a favor da minha maneira de fazer


isso, mas eu realmente quero e preciso ter um herdeiro, vou amá-lo e zelar
por ele, ele vai ser dono de um império maior do que você jamais imaginou.
Por mais estranho que tudo pareça agora, eu posso te garantir que vou ser um
bom pai.

— Você disse que é capaz de encontrá-la... Se eu assinar, você me


garante que a traz de volta? — Não sei se ele pode entender o que eu digo,
pois estou de costas para ele e tentando parar de chorar.

Sua mão grande segura meu ombro e vira-me para si, com as duas
mãos segurando meus ombros ele respira fundo e diz:

— Meu amigo continua com a investigação, mas não posso garantir


que vamos conseguir resgatá-la, ao que parece ela foi levada para o Japão...
Para ser usada como escrava sexual. A região é grande e existem muitos
locais clandestinos neste perfil... Não vou parar de procurar até encontrá-la,
mas não sei em que estado ela estará.

Ele me diz isso permanecendo sério, sem emoção, mas suas mãos
apertam meus ombros como se quisesse transmitir segurança. Sei que se eu
for à polícia eles não vão dar muita atenção. Não posso deixar que ela
continue sofrendo, minha mãe sempre me disse que deveria cuidar da
Polyana, ela sempre foi desajuizada e cheia de sonhos impossíveis, com um
desses sonhos desta vez ela se complicou feio agora.

— Eu aceito. — Foi tudo o que eu disse.

— Ótimo! Agora são 16:30, vou levá-la ao restaurante e quero que


peça demissão dos seus dois empregos, sei que são do mesmo dono. Você
não pode comentar sobre o motivo, apenas diga que aceitou outra
oportunidade. Depois vamos ao consultório da Dra. Mônica Guerzet, ela já
está ciente do nosso acordo e também assinou um contrato de sigilo.

— Isso não pode ser feito outro dia? Eu poderia trabalhar até o bebê
nascer.

— De forma alguma, é um assunto urgente. E você não vai mais


trabalhar, sua função agora é cuidar do meu herdeiro. — Isso não vai prestar
se ele continuar tratando-me como uma incubadora.

— Eu ainda não estou grávida e pare de chamar nosso futuro filho de


MEU HERDEIRO, isso soa tão formal.

— Desculpe, vou me policiar. Mas você não poderá trabalhar por


motivo de segurança, assim que souberem que vou ter um her... Filho vão
querer saber quem é a mãe e alguém pode querer te fazer mal para conseguir
dinheiro.

Isso faz sentido, mas no momento só consigo pensar em Polyana. De


qualquer forma eu não tenho dinheiro para nada, estou morando de favor com
um casal que mais briga do que conversa e esse homem é a única opção que
vejo de encontrar minha irmã. Sinto-me uma interesseira, mas ter uma casa e
segurança financeira para passar o resto da minha vida não me parece uma
decisão ruim.

— Tudo bem.

POR RUDY

Depois que Laura assinou todos os papéis e também a escritura do


apartamento que comprei para ela, fomos ao escritório que fica em cima do
restaurante que ela trabalha, esperei no carro e ela subiu, deve ter demorado
uns quarenta minutos.

Chegando ao consultório da Dra. Mônica fomos atendidos


imediatamente, ela já estava avisada sobre minha visita.

— Olá Rudy! Vejo que encontrou uma moça linda para seus planos.
— Elas dão as mãos sorrindo de forma carinhosa.

— Eu sou Laura, prazer.

— Eu já fui informada de quem é você, eu me chamo Mônica e vou


ser sua obstetra, mas para isso temos que conversar e fazer alguns exames.
Ok?

A consulta segue com perguntas sobre o histórico de saúde da família


de Laura e seus hábitos alimentares, ciclo menstrual e outras coisas. Está ai
algo que nunca me imaginei fazendo, estou aqui de espectador em uma
consulta ginecológica.

— Quantos parceiros sexuais você já teve Laura? — Na mesma hora


ela fica pálida, aperta os dedos, tem alguma coisa errada acontecendo.
Nitidamente seu semblante entristece.

— Apenas um. — Ela diz isso olhando para a janela, parece querer
chorar.

— Foi consensual Laura? — Mônica também percebe alguma coisa


errada, seu tom muda para quase pena, Laura balança a cabeça negando,
seguro o braço da cadeira para não me meter. Isso me deixou muito
surpreso, resisto à vontade de dizer algumas palavras de conforto, para não
deixá-la ainda mais constrangida.

— Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Você pode ir ao banheiro e colocar o avental, vamos


fazer um exame clínico e coletar material para o laboratorial, depois disso
vamos aguardar os resultados e seguir em frente.

Espero do lado de fora por um tempo, não consigo pensar em nada


que não seja sua revelação, ela disse que só esteve com um homem e que não
foi consensual. Fico perguntando-me se foi só uma vez ou se o agressor foi
preso. São tantas perguntas sobre isso, mas ela não deu nenhuma abertura
para o assunto. Ainda tem a questão da irmã e a forma como me aproximei,
sei que vou ter que ser muito cuidadoso com isso, ela deve ter traumas
escondidos e camuflados pelo seu sorriso fácil... Ou melhor, fácil para os
outros porque para mim ela nunca sorri.

Como disse meu pai, ela vai ser apenas um casulo, a ponte para
chegar a um objetivo, mas tenho que admitir que é uma belíssima ponte.

— Vamos? — Sou puxado dos meus pensamentos por ela deixando o


consultório. Séria e linda como sempre.

— Sim, foi tudo bem? Gostou da Mônica?


— Gostei, ela é muito atenciosa. Vai me levar pra casa da Renata?

— Não, vou te mostrar seu novo apartamento. Está vazio, mas


amanhã mesmo você já pode começar a decorar, vou marcar com uma
empresa de decoração que vai fazer tudo rapidamente.

— Será que você pode ir mais devagar com as coisas? Acabamos de


nos conhecer, estou louca com o sumiço da minha irmã e com a ideia de ter
um filho seu, sem nem mesmo já ter te beijado antes.

Era tudo que eu precisava para matar minha vontade. Aproveito que
já estamos no corredor, agarro sua cintura dando um passo até a parede e a
beijo, no início ela tenta me empurrar, mas quando chupo sua língua ela
relaxa e beija-me também. Suas mãos vão para meu peito enquanto as minhas
seguram seu quadril, ela sobe a mão para segurar meu rosto e continuamos a
nos beijar até escutar alguém limpando a garganta. O senhor ao nosso lado
também espera o elevador, nos soltamos e fico atrás dela para esconder o
volume na minha calça. Droga!

Quando entramos no carro dou ordens para Peter seguir para o


endereço onde ela está morando, quero pegar logo suas coisas e que fique no
quarto de hóspedes do meu apartamento até que o seu esteja pronto. Bem...
Mudei um pouco os planos, eu sei, mas não estou pensando com a cabeça de
cima neste momento.

— Achei que me mostraria o apartamento novo. — Desde o beijo essa


é a primeira vez que ela olha em minha direção.

— E vamos, mas quero que pegue suas coisas na casa da sua amiga.
O bairro é muito perigoso e você pode ficar na minha casa até que o seu
esteja mobiliado, isso deve levar poucos dias.
— Não acha que deveria me perguntar antes de decidir? — Desta vez
ela olha para o trânsito.

— Eu já perguntei. Inclusive você assinou um documento que


concordava. Você tem que admitir que este bairro é muito perigoso. Vai ficar
mais confortável em minha casa e temos muitos compromissos, vou mandar
uma mensagem para a decoradora te encontrar no seu apartamento amanhã
cedo, depois vocês vão escolher os móveis e o que for preciso.

— Onde vou dormir?

— Têm quatro quartos no meu apartamento, você pode escolher. —


Espero que ela tenha entendido que o meu também é uma opção.

— Tudo bem. Eu gostaria de conversar com seu amigo que está


investigando sobre minha irmã.

— Vou pedir que ele vá a minha casa hoje à noite se possível. Está
bem assim?

Ela acena com a cabeça e se volta para a janela. Todas as vezes que a
observei ela sorria e estava feliz, mas agora ela está séria e parece triste. Sei
que não posso me envolver com ela, mas é quase impossível quando tudo
nela me chama atenção, fazendo-me querer chegar mais perto. Porra, meu
pau ainda está duro de desejo e foi só um beijo.

Quando chegamos ao prédio em que ela está morando, sua amiga não
está no local, eu e Peter ajudamos a pôr suas coisas na mala e carregar para o
carro, as pessoas observam nossa movimentação e não param de olhar, acho
que pela forma que estou vestido e pelo carro também. Vamos direto para sua
casa nova, seus olhos brilham quando paramos em frente do prédio, e ela
observa a fachada, passamos por dois seguranças antes de chegar ao elevador
e a apresento como a nova proprietária do apartamento 1151. Assim que
paramos em frente à porta do apartamento entrego as chaves para que ela faça
as honras.

— Toma, o apartamento é seu, a partir de agora essa chave é sua. —


Finalmente recebo um sorriso lindo e não posso evitar sorrir de volta. Como
pode ser tão linda?

Imagine uma criança em sua primeira vez na Disney... Não passa nem
perto da sua reação ao abrir a porta do apartamento. Sou deixado para trás e
ela entra rápido já abrindo as cortinas para ver melhor a sala que tem 80m² e
é dividida em dois ambientes, as janelas vão do chão ao teto, o piso é de
tábua corrida com um brilho novo. Ao abrir a porta do lavabo ela coloca as
mãos na boca e solta um gritinho engraçado, tanto o lavabo quanto os outros
banheiros são em mármore branco.

Ela vai a todos os cômodos do apartamento, são quatro quartos sendo


duas suítes, banheiro, sala com dois ambientes, lavabo, cozinha, quarto de
empregada com banheiro e área de serviço. No total o apartamento tem mais
de 300m2. Muito bem localizado e o melhor de tudo é que fica a duas quadras
do meu. Tem uma vista privilegiada para o Central Park, segurança 24 horas
e tudo que ela precisar fica perto... Inclusive eu.

— Posso fazer o que eu quiser aqui? — Ainda sem jeito ela me


pergunta.

— Claro que pode, é seu. A única coisa que não pode fazer é vendê-
lo.

— E se eu não quiser morar aqui? Se eu preferir uma casa?

— Vou separar algumas opções e você pode escolher, eu acho mais


seguro para uma mulher sozinha morar em um apartamento, mas não vou me
opor se uma casa te deixar mais confortável. Aqui também é próximo ao meu
apartamento e isso facilitaria as coisas.

— Você mora neste mesmo prédio? — Acho que vi um sorriso.

— Não. Meu apartamento fica a poucas quadras daqui, posso


caminhar até aqui todas as manhãs para participar da criação do meu her...
filho. — Droga de palavra difícil.

— Entendi, mas eu não iria pedir para trocar, gostei daqui, apenas
queria saber se poderia.

Deixamos seu apartamento e seguimos para o meu. É inacreditável,


mas ainda estou de pau duro.
CAPÍTULO CINCO

POR LAURA

Quando acordei hoje, não poderia imaginar o furacão que meu dia
viria a se tornar, depois de todas as revelações sobre o que realmente
aconteceu com Polyana, aceitar o acordo maluco que o Rudy me fez, virou
fichinha perto de tantas mudanças que estavam por vir. Acho que ele é mais
maluco do que eu imaginei, além de lindo, sexy e dono do mundo. Foi
doloroso pedir demissão dos meus empregos e
um pouco embaraçoso também, mas preferi dizer que estava com problemas
pessoais, ninguém questionou, pois sabem que eu estou à procura da minha
irmã.

A parte mais complicada foi a consulta, Dra. Mônica foi muito


atenciosa e cuidadosa, mas mesmo assim não foi confortável admitir certas
coisas. Quando me perguntou sobre parceiros sexuais tive que falar que não
tive outro a não ser aquele desgraçado. Assim que Rudy deixou a sala para eu
fazer o exame clínico contei a médica sobre minha experiência traumática,
me senti segura ao falar com ela.

Pegamos minhas coisas na casa da Renata e deixei um bilhete


agradecendo por tudo, já havia falado com ela no restaurante e dito que
arrumei um AP. Ela nem questionou, sei que seu namorado não gosta de mim
e eles brigavam muito por eu estar morando lá, ela tentava disfarçar sem
sucesso, era impossível com as brigar em tom estridente.

Meu dia mudou da água para o vinho quando ele me entregou a chave
do apartamento, ao abrir aquela porta fiquei maravilhada, tudo tão lindo e
grande, tão novinho e perfeito. Nunca em minha vida pensei ter um
apartamento na Quinta Avenida em frente ao Central Park, simplesmente o
endereço mais valorizado de Nova Iorque. Parece ridículo, mas eu me
apaixonei pelos banheiros deste lugar, no meu antigo apartamento era
manchado e escuro, os daqui são em mármore branco e lindo, na suíte tem
uma banheira que dá até para dormir. Em frente à porta da suíte tem outra
porta onde vou fazer o do bebê... Nossa já estou pensando nas coisas do bebê
e ele nem existe, atire a primeira pedra quem não adoraria mudar de vida do
dia para a noite e poder dar a seu filho tudo que há de melhor.

Por mais que o preço a pagar por tudo isso seja absurdo, eu vejo como
Rudy me olha, o desejo é explícito e aquele beijo foi sensacional... Talvez
com o tempo eu possa fazê-lo esquecer do contrato e aí vamos ser como pais
separados em uma vida normal.

Claro que eu reparei que ele é lindo, enorme, forte e sua voz me deixa
zonza... Não é porquê, no fundo eu estou louca para beijá-lo novamente, que
eu vou dar mole para ele, afinal a criatura já é convencida o suficiente para eu
terminar de estourar o seu ego.

O caminho entre o meu apartamento e o dele é realmente bem


curtinho, mas foi o suficiente para relembrar velhas feridas. Minha mãe era
nordestina e foi para São Paulo atrás de uma vida melhor, tudo que ela
encontrou foi um metalúrgico que a engravidou e sumiu. Ela não era muito
esperta e arrumou outro homem que, segundo ela, fez a mesma coisa e desde
então ela trabalhava de diarista durante o dia todo e eu cuidava da minha
irmã. A partir dos seis anos, já cuidava sozinha dela que tinha quatro. Sempre
fomos nós duas... Até um mês atrás.
Mamãe teve alguns namorados, mas nenhum durava muito tempo,
quando eu fiz quinze anos ela estava com um cara há seis meses e isso era um
recorde, ele parecia perfeito, motorista de ônibus, a tratava muito bem e a nós
também, ajudava com algumas contas, sempre comprava brinquedos, uma
vez me deu um tamagoshi, na época era uma febre, nossa fiquei radiante.

Essa nuvem cor de Rosa não durou muito tempo. Polyana passou mal
e minha mãe teve que ficar com ela uma noite no posto de saúde. Já estava
dormindo quando ele bateu na porta e assim que abri ele deu uma desculpa
que minha mãe havia pedido para ele pegar umas roupas e deixei-o entrar, fui
para o quarto arrumar uma bolsa para que ele levasse. Eu estava abaixada
amarrando a sacola que estava sobre a cama quando ele colocou uma arma na
minha nuca e mandou que me deitasse de bruços, amarrou meus braços junto
à cabeceira, arrancou minha bermuda e... sim, ele me estuprou, por mais que
eu pedi e implorei, ele não parou, dizia que iria me dar um tiro na cabeça e
faria o mesmo com Polyana na frente da minha mãe se eu contasse para
alguém. Tudo que eu conseguia fazer era chorar e suplicar que parasse.
Depois disso ele nunca mais apareceu e eu nunca tive coragem de contar isso
para ninguém. Minha mãe disse que eles tinham terminado no dia seguinte
por telefone, mas eu nunca esqueci sua promessa e não quis pagar pra ver.

Chegamos ao apartamento do Rudy e logo que entramos ele me


mostrou o local, é bem maior que o meu, tem uma decoração moderna e
limpa. Na parede da sala tem um quadro enorme com uma montagem de
várias fotos diferentes dele desde criança até agora em viagens e festas que
olhando de longe formam seu rosto. Uma coisa que me chama muito atenção
é um carro de corrida azul em um canto da sala, em cima dele tem uma
iluminação especial, mostra que ele faz parte da decoração como se estivesse
exposto.
— Por que você tem um carro de fórmula 1 na sala? — Quando vou
passar a mão ele a segura e isso me faz sentir calor imediatamente. Socorro
meu pai, que segurada!

— Não toque, precisa de luvas para isso. — Meninos e seus


brinquedos.

— É sério? Sabe que quando nosso filho estiver aqui ele vai fazer xixi
dentro dele não é? — Resolvo provocá-lo.

— Ele vai ser educado e não um selvagem.

— Crianças são assim Rudy, você não pode obrigar uma criança a te
consciência de seus erros.

— Eu fui uma criança educada, ele vai ser assim também. Meu pai tem
uma sala de armas, um dia quando eu tinha cinco anos entrei lá e
peguei uma que estava pendurada... — Ele parece reviver o momento
talvez doloroso. — Meu pai me deu uma surra de cinto e me deixou
uma semana sem tv e brinquedos, nunca mais entrei naquela sala.

— Seu pai é nazista!

— Hitler é Papai Noel perto dele. — Ele sorri, mas não por achar
graça e sim de nervoso.

Depois de instalar-me em um dos quartos, tomo um banho e vou


trocar de roupa. Rudy avisou que seu amigo estará aqui em breve para
conversar sobre minha irmã. Escolho uma bermuda jeans e uma regata branca
com chinelos e faço um rabo de cavalo. Assim que chego à sala já escuto
risadas e a voz de outro homem.

Andando devagar pelo corredor, vejo os dois de pé próximos ao


carro, seguram taças de vinho e gargalham sobre alguma coisa. O homem
junto com Rudy parece ter uns quarenta anos, é moreno, tem cabelos escuros
e lisos na altura das orelhas, parecem ser da mesma altura, só que Rudy é
mais malhado, os olhos do tal amigo são azuis, destacando-se sob as
sobrancelhas grossas... Uau!

— Oi! — Digo acenando com os dedos.

— Ah você está aí, Trevor essa é...

— Laura! Já sei tudo sobre você. É mais linda pessoalmente. — Ele


está me cantando?

— Guarde suas garras Trevor ou vou cortá-las. — Rudy fala


colocando-se à minha frente. —Você veio aqui a trabalho e ela pertence a
mim, não se esqueça. — Como assim pertenço? Ah claro o maldito contrato.

— Ok, Sr. Neandertal dos infernos, podemos ir ao seu escritório ou


ficamos aqui mesmo?

— Podem ficar aqui no sofá, vou tomar um banho e deixar que


conversem tranquilamente. E Trevor... mãos longe. — Não posso evitar meu
sorriso, ele está com ciúmes.

Por um longo tempo Trevor me explica como sua empresa trabalha e


como encontrou minha irmã, fala sobre a investigação feita com minha vida e
minha família. Pelo que entendi a empresa dele trabalha de forma legal, mas
quando pagam bem eles usam métodos pouco... convencionais, o que foi o
meu caso. Ele ainda não sabe se minha irmã foi levada para fora do país, sabe
que quem a levou pertence a uma quadrilha de tráfico de mulheres para fins
sexuais com clientes espalhados por tudo o mundo. Não é interessante
envolver a polícia por enquanto, segundo ele algumas destas quadrilhas tem
como chefe homens poderosos, alguns membros são políticos e vão dificultar
as investigações, sendo assim ele prefere fazer sozinho.

— Quais são as chances reais?

— Estou monitorando todos os portos e aeroportos do país, também


tenho amigos em outros países, mas temos que ser realistas... Mexer com
essas pessoas não é simples, tem que ser feito com calma ou podemos colocar
a vida de muitas meninas em risco.

— Entendo.

— E aí? Vamos? — Rudy entra na sala de calça jeans e blusa preta


de manga, sapatos pretos e com um perfume que vai longe. — Laura, nós
vamos sair, sinta-se em casa, eu não tenho hora para voltar.

— Ah! Tudo bem eu vou dormir... Eu acho.

Não acredito que ele me deixou aqui a saiu para farrear, ele me
trouxe para a casa dele para ficar aqui sozinha? Depois daquele beijo que
demos no corredor, depois que eu fiz tudo o que ele quis... Estou mais
decepcionada do que qualquer outra coisa. Acho que na verdade eu queria
outro beijo molhado, amassos contra a parede e tudo que tenho direito. É
pedir muito?

Caramba vamos dormir juntos, vamos ter um filho, eu queria pelo


menos criar alguma intimidade antes de fazer qualquer coisa. A ideia de um
homem tocando meu corpo deixa-me tremendo, só consigo me lembrar das
mãos do desgraçado sobre mim e me faz chorar por nojo de mim mesma.

Resolvo ir para o quarto e tentar dormir, amanhã cedo tenho que


comprar os móveis para o apartamento e me mudar o mais rápido possível.
POR RUDY

Depois do nosso beijo a única coisa que eu penso é na sensação tê-la


junto de mim, quando segurei sua mão antes de tocar no meu fórmula 1, todo
o meu corpo ficou em alerta... Sua mão é tão pequena dentro da minha e tão
delicada. Mas, o pior de tudo, sem dúvida alguma, foi ter sentido ciúmes do
Trevor perto dela, sei que ele é tão ou mais galinha do que eu, se ele tiver
uma oportunidade, vai pra cima, apenas deixei claro que ela me
pertence. Deixo que ele explique sobre a investigação do paradeiro da
Polyana e vou tomar banho, é melhor não ficar em casa sozinho com ela, vou
querer beijá-la e não sei aonde isso vai parar. Preciso agir no modo
profissional e só tocar nela quando for o momento certo.

— E aí? Vamos? — Digo olhando para Trevor para que ele entenda
que preciso sair. — Laura, nós vamos sair, sinta-se em casa, eu não tenho
hora para voltar.

Assim que chegamos ao elevador, Trevor já começa a me encher com


suas perguntas, sempre saímos para caçar ou para nos divertir, uma ou duas
vezes já compartilhamos mulheres. Nos conhecemos a muitos anos e ele sabe
que quero distância de compromisso.

— Você é louco? Deixou uma loira linda em seu apartamento e está


saindo para pegar mulher na rua? Não entendi a sua, realmente.

— Você não tem que entender, tenho outros objetivos com ela. Eu
preciso comer alguém urgente, ou vou ter um AVC.

— Porque não ela?

— Ainda não posso... Amanhã vou ter algumas respostas e saber


quando isso vai acontecer. Ela também não vai ficar na minha casa por muito
tempo, o apartamento dela ficará pronto em poucos dias.

— Você comprou um apartamento pra ela? Será que pode me dizer o


que está acontecendo? Ela está gravida de você e está te pressionando? —
Sou obrigado a cair na gargalhada com sua conclusão. Se ele soubesse do
trabalho que estou tento para engravidar essa mulher.

— Ainda não posso falar nada, mas logo você vai saber.

Quando chegamos à boate de um amigo, escolhemos uma mesa e


ficamos bebendo, jogando conversa fora e observando a mulherada. Por mais
que as mulheres tentem parecer diferentes, todas sempre agem da mesma
forma, jogam o cabelo, lambem os lábios ou finge acertar a roupa... Mas
sempre se certificando que seu alvo da noite esteja olhando. Já estou cansado
disso, cansado de saber que o interesse é aparecer no The Sun ou em alguma
coluna social dizendo ser o novo affaire do "MAGNATA DO PETRÓLEO".

Chego em casa depois das quatro da manhã, ainda bem que fui de
carona e voltei de taxi porque estou bem além do meu limite alcoólico, acho
que descontei minha frustração na bebida, nenhuma mulher naquele lugar se
comparava a Laura, todas muito maquiadas ou muito decotadas, nenhuma
tinha a sua doçura ou a sua simplicidade... Realmente devo ter bebido
demais, quando em minha vida eu me interessei por simplicidade?

Antes de chegar ao meu quarto passo por uma porta entreaberta, a


cama está iluminada pela televisão, seu corpo está coberto pelo edredom
deixando apenas o rosto e as mãos de fora, não seria uma visão sexy se não
fosse ela. Sem pensar duas vezes retiro minha roupa, deixando apenas a
cueca e deito-me ao seu lado, abraço seu corpo e quando a encaixo em mim
um ronronar deixa seus lábios e ela aconchega-se ao meu agarro. É a
sensação mais louca que eu já senti na vida, é quente e gostoso, o cheiro dela
me acalma e suas curvas estão me deixando duro. Tento colocar uma
distância entre sua bunda e meu pau quando ela se mexe e encosta ainda
mais.

— Rudy, Rudy... Droga acorda Rudy!!! — Está tão gostoso sentir sua
mão alisando meu peito que vou permanecer com os olhos fechados curtindo
o momento.

— Rudy você está me assustando... Meu Deus que tentação esse


homem lindo pelado na minha cama. — Ra, Ra, Ra... Ela me acha uma
tentação? Não consigo segurar e começo a rir.

— Eu não estou pelado, — falo e começo a fazer cócegas na barriga


dela até cair deitada e eu sento nas suas pernas e continuo a torturá-la
enquanto se contorce e gargalha.

— Pare... por favor... Eu vou fazer xixi na cama. — Suas gargalhadas


são deliciosas.

— Admita que me acha uma tentação ou vai fazer xixi na cama. —


Não paro de fazer cócegas e ela se contorce e acaba virando de bruços na
tentativa de escapar.

Não pude resistir, deitei sobre ela cheirando o seu cabelo, passando a
mão por seu pescoço e automaticamente pressionei a pelves contra sua
bunda, mas quando abaixei para beijar seu ombro percebi que estava tensa e
respirava com dificuldade, sai imediatamente de cima dela e deitei ao seu
lado tentando conversar, mas ela não se acalmava e nem mesmo olhava-me,
permaneceu de olhos fechados e com uma lágrima escorrendo por seu nariz.

— Laura, por favor, me perdoa... Eu não sei o que fiz, mas, me


perdoa. Venha aqui...

Coloco nossos corpos na mesma posição em que dormimos, acaricio


seus cabelos e digo a ela que não queria assustá-la, estava apenas brincando,
ela balança a cabeça concordando, sem parar de chorar. Seu choro é
silencioso e as lágrimas escorrem dos seus olhos para o meu braço que está
sob seu rosto.

— Rudy, eu não quis te preocupar, foi só uma lembrança ruim.

— Se quiser podemos falar sobre isso.

— Não.

— Tudo bem. Você está atrasada para suas compras, acho melhor se
animar para decorar seu apartamento e às 18 horas a Dra. Mônica estará aqui
com os exames.

— Claro tudo bem... Rudy?

— Oi

— Você sempre acorda assim? — Sei que ela refere-se à ereção que
está encostada na sua bunda.

— Depende... Eu acho.

— Depende de que?

— De muita coisa. Acho melhor você ir se arrumar e eu, tomar um


banho frio.

Vou para o meu quarto e depois de duas punhetas consigo me arrumar


para o trabalho, deixo Laura em seu apartamento, onde a decoradora já a
aguarda e sigo para o meu escritório. Peter deixa-me no escritório e volta para
ficar à disposição da Laura.

POR LAURA

Hoje quando acordei sentindo alguém me abraçar fiquei um pouco


assustada, me soltei daqueles grandes braços e fiquei um tempo tentando
acordar o Rudy, o filho da mãe estava me enganando, fingindo que ainda
dormia. Enquanto brincávamos, eu acabei virando de bruços para tentar fugir,
mas quando me vi naquela posição e com um homem em cima de mim, tudo
de pior que estava escondido na minha memória voltou. Rudy foi carinhoso
comigo e não forçou o diálogo, apenas pediu desculpas e fez carinho no meu
cabelo. É estranho como ele muda de personalidade de uma hora para outra,
às vezes está autoritário e sério, outras carinhoso e brincalhão... Não sei em
qual acreditar, mas sei que os dois me atraem.

Dinheiro faz coisas, cheguei ao apartamento e a decoradora já foi


sondando-me, tentando descobrir meu perfil, conversamos muito, eu disse
tudo que gosto ou não em uma casa. Decidimos deixar o quarto do bebê sem
nada até que possamos saber o sexo... Olha eu aqui, falando dele, sem nem
mesmo estar grávida, no fundo acho que estou animada com a ideia de ter um
filho, para quem nunca pensou nisso eu estou aceitando bem a novidade, até
demais.

Saímos do apartamento e o motorista nos levou a uma loja gigantesca


e chiquérrima, do sofá até os panos de prato tudo podia ser encontrado lá.
Não precisei saber o preço de nada, segundo a decoradora, Rudy deu carta
branca e não aceitaria coisas baratas.

Já passava das 17 horas quando cheguei à casa dele, estava tudo vazio
foi o Peter quem abriu a porta com sua chave. Tomei um banho, coloquei
uma calça, uma blusa roxa de manga comprida e fui pra cozinha comer um
sanduíche. Eu já estava no sofá quando a porta se abriu e por ela entraram o
Rudy e a Dra. Mônica.

— Oi Laura, que bom que já chegou tenho ótimas notícias. — A


doutora sempre animada já chega abraçando-me e sorrindo. Sentamos todos
no sofá e ela já desanda a falar.

— Vamos lá. Seus exames foram excelentes, sua saúde está perfeita e
seu útero em perfeitas condições de receber um bebê. Os exames do Rudy
também foram muito bons e podemos seguir para o próximo passo.

— Qual seria? — Pergunto receosa.

— Por todas as informações que você me passou eu sei que seu ciclo
é de 28 dias e regular, você entrou no seu período fértil ontem. Recomendo
que já comecem a trabalhar nessa questão, se é que me entendem.

Para o mundo que eu quero descer! Como assim começar a trabalhar?


Nossa eu achei que demoraria mais... Aff, devo estar roxa de vergonha ou
branca de susto, Rudy olha-me sem piscar e vejo desejo no seu olhar, isso
está me deixando com um calor fora do normal.

— Eu trouxe algumas vitaminas e o ácido fólico que você já pode ir


tomando, espero que dê tudo certo, mas não se apresse com isso, temos
outros meses para tentar, nem sempre o sucesso é imediato. Eu já vou indo,
tenho crianças em casa e já passou do meu horário.

A mulher loira, que aparenta ter mais de cinquenta anos e ser muito
bem cuidada, abraça-me desejando boa sorte e vai com Rudy até a porta.
Quando ele volta seu olhar não é o mesmo, tem um brilho diferente e sua
postura também mudou. Não sei se estou com medo ou excitada... Ou dos
dois talvez.

— Aceita sair para jantar comigo? — Eu não esperava essa pergunta.


Achei que fosse me colocar no ombro e me levar para o quarto enquanto
uivava para a lua, mas como todo bipolar, ele foi contra minha expectativa.

— Preciso me trocar.

— Tem o tempo que precisar. — Diz isso com os olhos cerrados e


focados nos meus.

Não sei aonde vamos, mas também não tenho muitas roupas, pego
um vestido preto liso, de alça e que vai até meu joelho e prendo o cabelo uma
trança rabo de peixe na lateral da minha cabeça. Não gosto muito de
maquiagem, então passo um gloss rosa claro e carrego no rímel. Quando
chego à sala ele está andando de um lado para o outro, assim que me vê dá
um sorriso e vem em minha direção.

— Você está linda, é impressionante como não precisa de nada para


ser perfeita. — Não posso me apaixonar, não posso me apaixonar... Assim eu
me apaixono.

— Obrigada, aonde vamos?

— Gosta de comida grega? — Faço que sim com a cabeça. — Vou te


levar para comer a melhor ostra do mundo. Vai adorar!

Hoje não usamos o motorista, ele mesmo dirige e vamos todo o


caminho conversando animadamente sobre a cidade e tudo que tem a
conhecer. Chegamos ao restaurante que é lindo, fazemos os pedidos e a noite
segue tranquila e sem pressão. Sei que quer me deixar calma, depois do meu
vexame mais cedo, eu acho que ele está tentando tranquilizar-me.
— O que você está achando da noite? — Pergunta segurando minha
mão sobre a mesa.

— Maravilhosa. Tudo está perfeito só tenho que parar com o vinho, já


estou muito alegrinha. — Preciso parar de rir urgente, sinto-me uma hiena.

— Fico feliz com isso, preciso de você bem relaxada. Quero uma
noite especial. — Respira Laura, respira.

Saímos do restaurante e continuamos no mesmo clima agradável por


todo o caminho de volta. Assim que entramos no elevador sinto sua presença
nas minhas costas e ele cheira meu cabelo, sua mão em meu ombro e a outra
na minha cintura colando nossos corpos. Meu corpo responde sozinho ao seu
toque, meus seios estão pesados.

— Você não precisa fazer nada que não esteja preparada, podemos
esperar até o próximo mês, isso não é problema, mas eu sinto que você me
deseja e posso garantir que vou te fazer esquecer qualquer lembrança ruim
que ele tenha deixado. — Suas palavras sussurradas no meu pescoço fazem
meu sangue correr freneticamente pelas veias. — Diga-me o que deseja.

— Eu quero esquecer.

— Então se entregue a mim, eu vou te mostrar que o toque de um


homem pode ser muito prazeroso... O meu toque.
CAPÍTULO SEIS

POR LAURA

Saímos do elevador e Rudy me pega no colo, caminha até o meu quarto e me


põe de pé ao lado da cama.

— Você quer isso? — Não é evidente?

— Quero!

Rudy segura meu rosto com as duas mãos, seus dedos se embrenham
no meu cabelo, fecho os olhos e sinto sua boca assaltar a minha, o beijo que
começa calmo vai tomando ferocidade, fica quente e molhado, uma de suas
mãos segura minha cintura e aperta-me contra si. Envolvo meus braços em
seu pescoço, não quero parar, está maravilhoso. Caminhamos até a cama e
caímos deitados sem parar o beijo, nossas línguas dançam juntas, chupo sua
língua com vontade de tomá-la para mim e ele solta um gemido forte, cada
vez mais o volume da sua calça é forçado contra minha pélvis deixando meu
corpo fora do estado normal.

Levanto o quadril buscando mais contato, nossa, eu estou louca de


desejo por esse homem. Sua boca desce para meu queixo deixando leves
mordidas, desce por meu pescoço chupando e mordendo até chegar no vão
entre meus seios, continua beijando por cima do tecido até chegar a minhas
coxas. Depois de ser completamente beijada, sinto minhas roupas deixando o
meu corpo, em pouco tempo estou apenas com uma calcinha de algodão azul
claro. — Você é a mulher mais linda que eu já vi. — Seu peito sobe e desce
rapidamente deixando a respiração ruidosa.
Voltando para cima de mim ele passa o polegar sobre meu mamilo, a
sensação é deliciosa e fica muito mais fantástica quando ele o enfia na boca e
chupa pressionando entre a língua e o céu da boca. Um gemido escapa de
mim e ele aumenta a pressão.

— Ah... Ah!

Sua atenção vai para o outro seio, fecha os olhos como se saboreasse
minha pele e quando os abre a intensidade é tão grande que me causa arrepio.
Enquanto brinca com meus mamilos, sua mão acaricia meu sexo sobre o
tecido da minha calcinha, estou tão molhada que a umidade já ultrapassou a
peça, ele sorri com meu seio na boca quando percebe que estou tão excitada.

— Mais, por favor, mais! — Ele afasta a calcinha penetrando um


dedo em mim com uma calma que me deixa insana.

— Assim?

— Mais... Mais... —Suplico, nem sei o que quero, mas eu quero tudo.

— Vou te dar o que precisa.

Descendo da cama ele se ajoelha no chão e puxa meu corpo para a


borda, retira minha última peça e cheira meu sexo, roça o nariz abrindo meus
lábios, sua língua me atinge de baixo pra cima deixando um rastro de prazer
escaldante no meu corpo.

— Uhuuuu!

Meus gemidos se tornam mais altos e constantes, cada vez mais


intenso. Nunca mais olharei sua boca da mesma forma, ele me chupa sem
parar, meu clitóris recebe uma atenção especial, enquanto o dedo volta a
invadir-me e de repente são dois dedos que entram e saem de mim,
intensificando o que sinto. Não reconheço meu corpo, não sou mais dona dos
meus sentidos, rebolo em sua boca e ele me puxa mais para si, seus gemidos
provocam vibrações em minha vagina e perco totalmente o controle.
Como mágica meu corpo incendeia e treme completamente, posso sentir as
contrações no meu ventre, minha garganta dói por gemidos altos de prazer.
Como posso sobreviver a isso?

Enquanto tento recuperar o compasso da minha respiração, Rudy se


levanta despindo-se rapidamente, a visão daqui de baixo é... avassaladora, no
mínimo.

— Nem que se passem mil anos vou esquecer essa visão, você saciada
e nua na minha frente... Mas agora vou me saciar porque estou muito, muito
faminto.

Ele apoia um dos joelhos na borda do colchão, suas mãos seguram


minhas ancas encaixando-me ao seu corpo, uma mão segura meu ombro me
mantendo cativa, por um segundo eu me lembro da última vez que um
homem esteve dentro de mim, mas, a lembrança se vai, quando sinto a
pressão da gloriosa cabeça do seu pênis forçando minha entrada, o que sinto
parece dor, mas é prazer.

Centímetro a centímetro ele me preenche, quando não há mais


distância entre nossos corpos, ele para, respira fundo e fecha os olhos em
busca de controle, sinto-me tão cheia que não quero que acabe. Seu pênis sai
por completo e entra novamente.

— Gosta? — Com os músculos travados ele me dá a chance de


recuar. Sua mandíbula está marcada.

— Nunca estive tão bem... Ah — Ele arremete com mais força.


Seus braços me puxam como se eu fosse uma boneca de pano, sou
colocada em seu colo, ele senta com as pernas para fora da cama, fico
encaixada em seu pênis com os pés apoiados no colchão e os joelhos
dobrados.

— Faça no seu ritmo, rebola no meu pau, me maltrata vai... Sou todo
seu. — Me senti tão poderosa que perdi a vergonha e comecei a cavalgar
por instinto, sei lá, lembrando cenas de filmes, em alguns momentos apenas
seguindo o que suas mãos me ditavam, elas estavam abaixo da minha bunda
dando-me apoio.

— Ah, Ah... Rudy... Ow!

— Isso, cavalga no meu pau Lauraaaa, não estou aguentando segurar,


você vai me matar assim. — Ele bufa e geme rouco. Suas mãos me fazem ir
mais forte, minhas pernas doem.

Ele se levanta comigo no colo, minhas costas batem na parede e com


isso seu pau vai tão fundo que me faz gritar. Meus joelhos estão dobrados
sobre seus braços como em uma cadeirinha, o movimento do seu quadril é
forte e nossos corpos fazem barulho com o impacto, mas é tão bom... Posso
sentir estou perto.

— Lauraaaa... Argh... Sua boceta está acabando comigo, goza


porraaa!

— Rudy, Rudy... Amh amh... — Minha cabeça cai em seu ombro,


percebo quando ele para forçando a pélvis contra mim e suas pernas
fraquejam. Acho que o sinto gozar dentro de mim.

Se a intenção foi ficar em minha memória ele conseguiu, depois de


tudo isso, nós repetimos mais três vezes. Adentramos a madrugada de várias
formas diferentes, ele me ensinou muita coisa e respeitou, quando não aceitei
que colocasse o dedo no meu traseiro.

Isso começou da pior forma possível, mas durante a noite ele me


mostrou outro Rudy e acho que podemos rescrever nossa história. Foi tudo
tão maravilhoso!
CAPÍTULO SETE

POR RUDY

Acordo antes de o sol nascer, Laura está dormindo de bruços com


seus fios loiros espalhados pelo travesseiro e completamente nua. Por mais
que eu a desejasse antes, agora é diferente, eu sei exatamente como é bom
estar dentro dela, sei como é bom ouvir seus gemidos e súplicas por mais de
mim. O sol já ilumina todo o quarto, continuo a velar seu sono, a forma
como dorme e o compasso da sua respiração deixam-me hipnotizado.

Quando a médica disse que ela está em seu período fértil, tudo à
minha volta desapareceu, meu modo caça estava ativado e faria qualquer
coisa para levá-la para cama. Não sei exatamente o que aconteceu, mas sei
que existe um trauma e preciso ajudá-la a superar, quero que ela se entregue a
mim sem barreiras.

Nunca em toda minha vida, senti tanto prazer, o simples beijo no


corredor do consultório foi mais excitante que qualquer sexo casual que eu já
tenha feito, mas definitivamente não se compara a essa noite, transamos
quatro vezes e de várias formas diferente. Sentir seu gosto em minha boca já
me excitou para a noite inteira, ela geme e se contorce de prazer tão
naturalmente, sem pudor, parece que foi feita para a luxúria... Preciso de
mais, muito mais.

Sinto meu corpo se acender com a necessidade de mais, não tenho o


menor controle do meu desejo por essa mulher, isso me deixa preocupado. As
palavras do meu pai vão e vem da minha mente, sei que não posso me
envolver e que ela é apenas uma ponte para meu objetivo... Um casulo que
vai carregar o futuro da minha linhagem. Esse pensamento faz-me sentir um
lixo, mas é um mal necessário, passaria por tolo se demonstrasse algum
sentimento, sou um homem e não um medíocre apaixonado.

Saio do quarto antes que ela acorde, tomo um banho, me arrumo e


vou trabalhar. Não posso ficar perto dela por mais tempo que o necessário,
não posso deixar que tenha esperança de um relacionamento que nunca
poderá acontecer. Assim que chego a minha sala já me ocupo com o máximo
de coisas possíveis.

Vou almoçar com meu pai, estranhei, que ele me chamou para
acompanhá-lo, isso não é comum.

— Mônica me disse que a moça já está em seu período. Você fez seu
trabalho? — Quase engasgo com sua pergunta direta.

— S... Sim.

— Ótimo. Estive pensando, existe um exame para saber o sexo da


criança logo no início da gravidez. Quero que ela faça.

— Não tenho pressa de saber isso pai. — Falo antes de colocar um


pedaço de carne na boca.

— Se não for homem ela deve tirar e você faz outro... — Nesse
momento cuspo minha comida no guardanapo e tento me estabilizar com um
pouco de água.

— Como? Não... Não vou matar meu filho ou filha seja lá o que for,
podemos ter outros se for o caso.

— Para que teria outros filhos? Só vai criar problemas no futuro


quando tiver que dividir a herança.
Às vezes, pergunto-me se ele fala sério quando diz essas coisas, não é
normal alguém pensar assim, ele disse para matar meu próprio filho.
Seguimos com o almoço em silêncio. O restante da tarde passa como um
borrão, sexta-feira sempre saio antes das cinco para evitar trânsito, hoje tenho
outros planos vou sair ainda mais cedo. Ligo para Jennifer, minha secretaria.

— Senhor?

— Preciso de duas passagens com destino ao Havaí para hoje. Um


bangalô em uma das praias mais remotas de lá, uma mala com roupas
femininas para três dias e... sua completa e absoluta discrição sobre isso.

— Tem minha palavra. — Jennifer trabalha pra mim a mais de cinco


anos, é a gordinha mais sexy e bem humorada que já existiu, confio
inteiramente nela.

— Tenho certeza, estou indo para casa, estarei no aeroporto às 21h e


preciso que tudo esteja providenciado nas mãos de Peter.

— Estará senhor.

Estou sentindo-me um covarde por tê-la deixada sozinha, depois de


nossa primeira noite, na verdade fiquei tão assustado com a avalanche de
sentimentos dentro de mim que acabei fugindo. Droga! Ela deve estar me
odiando.

POR LAURA

Acordo com o corpo todo dolorido, sinto locais no meu corpo que eu
nem sabia existir, mas valeu cada segundo. Nossa noite foi perfeita e
recheada de prazer, carinho e amor... Amor? Não sei se ele percebeu. Senti
que fomos feitos um para o outro. Foi tudo tão lindo!

Ele não está em casa, não deixou um bilhete ou ligou, mil coisas
passam pela minha cabeça. Talvez tenha se arrependido ou não tenha
gostado, talvez tenha tido uma emergência e ele preferiu não me acordar.
Prefiro não pensar sobre isso, vou cuidar do meu apartamento por que como
toda mulher eu estou muitíssimo animada com a decoração.

Chegando ao meu novo endereço percebo uma grande


movimentação, muitos homens suados carregando coisas e montadores, vejo
a decoradora dando mil ordens com um fone na orelha e um rádio na mão.
Passamos o restante da manhã e à tarde inteira organizando e
supervisionando tudo, nem mesmo me lembrei de almoçar. Os montadores
madrugaram aqui, não são nem 16h e já está tudo montado e em seu lugar,
todos foram embora e eu estou exausta, fico sentada na bancada da cozinha
comendo cupcakes que comprei no café da esquina. Uma coisa eu aprendi,
com dinheiro você faz coisas inimagináveis em curto espaço de tempo.

— Como você desaparece sem me dizer aonde vai? Eu achei que


tivesse fugido. —Rudy entra na cozinha feito um furacão e com cara de
furioso. Meu hem, para que eu fugiria?

— Oi?_De onde esse homem surgiu?

— Eu não acredito que você é tão irresponsável. Por que não avisou
ao Peter que iria sair? Quase me matou do coração. — Ele afrouxa a gravata
e apoia as costas no balcão ao meu lado. Tão lindo!

— Desculpa. Eu lembrei que montariam as coisas hoje e quis estar


presente, passei o dia todo aqui e só sai agora para comprar esses bolinhos,
esqueci até de almoçar. — Dou uma mordida no de morango.
— Eu que peço desculpas pela cena, sei lá o que deu em mim... — Ele
para e fica olhando para minha boca. Passo a língua nos lábios para limpar
a cobertura e ele segue com o olhar hipnotizado.

— Tudo bem?

— Sua boca... Sua boca está suja, aqui.

Rudy passa o polegar pelo meu lábio inferior retirando o restante da


calda de morango, pressiona o dedo na entrada da minha boca e eu chupo...
Isso foi o suficiente. Segurando com força meu pescoço, sua boca saqueia a
minha com tanta ânsia que me assusta, não demoro a retribuir com o mesmo
desejo segurando seu cabelo e gemendo em sua boca. Ele arrasta a mão pelo
balcão jogando tudo que tem nele ao chão, retira minha calça e calcinhas com
um puxão só. Como se eu não pesasse nada, Rudy me senta no mármore frio,
apoio meu cotovelo para trás e os pés na borda, ele abre a o zíper da calça e
entra em mim com uma entocada só.

— Arh! — Dói, arde, queima e é delicioso.

— Não deu para esperar, estava louco pra isso. — Diz isso investindo
contra mim.

Seus braços passam por baixo dos meus e suas mãos seguram com
firmeza em meus ombros fazendo uma alavanca. Seu pênis entra e sai rápido
e forte de mim, sua boca procura a minha. Gemidos altos enchem a cozinha,
nossos corpos têm um som próprio que apimenta ainda mais o momento.

— Rudy, ah, Rudy!

— Isso grita, grita meu nome... Sou eu que estou dentro de você...
Arhg!
Uma das mãos esfrega meu clitóris desesperado, seu pau lateja dentro
de mim e sei que ele está perto. Fecho meus olhos e relaxo, meu orgasmo está
perto... Muito perto, mas ele não aguenta e goza.

— Drogaaaa!... Desculpe. Você me deixa louco, perdi o controle. —


Sua respiração está entrecortada. — Eu só preciso de alguns minutos.

— Ei, tudo bem, de qualquer forma foi uma delícia.

— Não, vai ser.

Seu polegar circula meu clitóris enquanto o indicador e o dedo médio


entram em mim, sua boca começa a trabalhar no meu mamilo esquerdo me
deixando no limite. Consigo sentir seus líquidos escorrendo para fora de
mim, Rudy lambuza meu sexo com o seu fluido de prazer.

— Rudy... Mais, eu preciso de mais ah.

A velocidade aumenta e meus gemidos também, seu olhar escurece e


ele geme com meu mamilo na boca, quando estou chegando ele retira os
dedos e seu pênis entra em mim glorioso.

— Toma linda, é todo seu... Ah goza no meu pau! — Sigo sua ordem
e gozo gritando, minhas unhas afundam nas suas costas e ele não para. —
Isso é maldade, essa bocetinha me chupando... Ah porra! É muito bom...
Arhg! — Depois de um tempo eu gozo outra vez e ele me segue.

Estou deitada no balcão da minha cozinha, Rudy está de pé ainda


dentro de mim com o tronco tombado sobre meu corpo, estamos suados e
satisfeitos. Ele pede que segure em seu pescoço, levanta e caminha comigo
para o banheiro do meu quarto que já está arrumado, sem me soltar ele liga o
chuveiro, apoia minhas costas na parede e me beija, o beijo é profundo e
demorado, não é rápido, mas sim intenso, ficamos assim por vários minutos
sem separar nossas bocas e nossos corpos, ele ainda está dentro de mim e seu
quadril começa a se mover devagar num ritmo calmo e delicado como se
estivesse fazendo carinho dentro de mim.

— Não quero mais sair de dentro de você, me sinto em casa. — Ele


diz com a boca na minha orelha.

— Não saia.

— Quero que viaje comigo, comprei passagens para o Havaí,


embarcamos às 22h. — Ainda movendo-se dentro de mim ele fala.

— Se prometer continuar assim eu até me mudo pra lá... Oh! — Ele


investe com mais força.

— Prometo ser melhor. Vamos hoje e voltamos no domingo... Hum!


Vou te comer de todas as formas possíveis, você vai ser minha escrava do
sexo. — Rebola o quadril me deixando zonza.

— Oh sim, sim!

— No quarto, na praia, no chuveiro... Onde eu quiser e eu quero tudo.


Vai me dar tudo Laura?

— S... sim, Rudy, oh sim. Tudo que quiser, mas não para... — Ele sai
de dentro de mim se ajoelha e chupa meu grelo com força, arranha com os
dentes e volta a chupar, não posso suportar o atrito e gozo sem forças para
gritar, apenas fecho os olhos gemendo baixinho.

Tomamos banho, colocamos a mesma roupa, vamos para o seu


apartamento e trocamos de roupa, fazendo isso, seguimos para o aeroporto, já
se passam das 21 horas. Embarcamos com tranquilidade, o voo dura nove
horas, eu durmo todo esse tempo, afinal estava morta pelas estripulias da
tarde e da noite anterior. Chegamos às 7:00 da manhã, meu coração está aos
pulos e não sei o que esperar desta viagem, quando assinei aquele contrato eu
esperava que tudo fosse mais formal, mas ele está me tratando como se o
contrato não existisse e fossemos um casal normal.

Vamos ficar em um lindo bangalô com praia privativa, na verdade é


um quarto enorme todo de madeira e vidro, tem um banheiro enorme com
hidromassagem e uma varanda que circula todo o local. Assim que saímos
pela varanda já está a areia da praia. Encontramos um café da manhã farto
sobre a mesa da varanda, estou morta de fome, um rapaz deixa as malas e
recebe instruções de Rudy para não voltar a não ser que seja chamado, ele
exige total privacidade.

— Vamos comer? Venha linda. — Ele puxa a cadeira para eu sentar


e vai para a cadeira à frente.

— Nunca vi um lugar tão lindo, obrigada!

— Não me agradeça, tenho terceiras, quartas e quintas intenções. —


Ele me olha cheio de promessas.

— Parece-me promissor.

Aproveitamos a manhã para conhecer as praias, passear e mergulhar,


foi tudo ótimo nunca imaginei que esse homem mandão e cheio de vontades
fosse tão boa companhia. Almoçamos frutos do mar com arroz branco, nunca
comi tão bem na minha vida, nunca fui tão bem tratada e mimada na vida.
Voltamos ao bangalô e fui direto tomar banho.

— Posso juntar-me a você? — Rudy pergunta já nu na entrada do


box.

— Claro, você me ajuda? — Entrego a ele a esponja com sabão


líquido e viro de costas.

— Você nua, de costas para mim, me dá ótimas ideias. — Minhas


costas são lavadas com maestria! Rudy divaga para cima e para baixo,
esfrega e alisa. Afaga meus seios, sinto seu pênis ereto nas minhas costas.

— Tem um terceiro braço esfregando minhas costas? — Pergunto


rindo.

— Não, esse vai te esfregar por dentro... Logo, logo. — Ele aperta
meus mamilos fazendo-me gemer e rebolar a bunda contra ele.

— Não rebola essa bunda linda em mim... Já estou cheio de planos


para ela. — Fico rígida na mesma hora.

— Eu não sei se...

— Calma eu sei esperar, estou satisfeito com o que tenho... Por hora.
— Porque eu acho que vamos ter essa conversa em outro momento?

Depois de um banho cheio de carícias e preliminares, Rudy me seca e


leva-me para a rede na varanda, estamos ambos de roupão sem nada por
baixo, deitamos de lado observando o movimento das ondas e o céu azul.
Posso sentir seu pênis pulsando atrás de mim, começo a rebolar
discretamente contra seu membro rígido, a enorme mão de Rudy abre o laço
do meu roupão e acomoda-se entre minhas pernas... Céus, já estou subindo
pelas paredes... Ele acaricia-me enquanto eu roço minha bunda nele, viro a
cabeça e o beijo, ficamos assim nos beijando e meus gemidos ficam mais
intensos.

— Você está encharcada. — Sua voz rouca no meu ouvido me deixa


ainda mais excitada.
— Nunca pensei que fosse te querer tanto.

— Você me deixa louco falando assim, abre mais, isso, assim.

Ele não me deixa gozar, quando estou chegando perto ele diminui o
ritmo ou acaricia minha coxa. Isso está me enlouquecendo, já cheguei na
borda quatro vezes, mas ele não permite, pagarei com a mesma moeda.

Viro-me para ele e o beijo com malícia e desejo, desço a mão abrindo
seu roupão e chego ao meu objeto de desejo que pulsa e baba na minha mão,
seguro com certa pressão subindo e descendo.

— Você está se vingando? Por que se for, está fazendo direitinho.

Quando minha mão está no topo eu acaricio a cabeça com o polegar e


ele geme fechando os olhos com força, masturbo-o até que seu corpo
estremeça e paro subindo a mão para acariciar seu peito, repito isso mais duas
vezes até que ele segura minha mão em torno do pênis e diz.

— Por favor, não para. Minhas bolas estão doendo preciso gozar ou
vou enlouquecer. Não me deixa assim.

Senti-me uma supermulher capaz de dar prazer ao seu homem, isso é


fantástico. Continuo sem interromper até que ele goza em minha barriga,
depois de recuperar o fôlego ele volta a me masturbar até que eu gozo
deliciosamente.

Nosso fim de semana foi assim, repleto de carinho e sexo. Só nós


dois em uma praia particular nos amando em todos os lugares e possíveis,
perdi a conta de quantos orgasmos ele me deu e quantos dei a ele, em
nenhum momento falamos sobre o contrato ou sobre herdeiro e minha irmã,
esquecemos tudo e todos por esses dias.
Chegamos ao aeroporto de Nova Iorque com Peter já a nossa espera,
Rudy veio calado durante a viagem, antes de embarcar ele recebeu uma
ligação do pai, sei que discutiram, pois deu para escutar os gritos do homem
do outro lado da linha, nunca imaginei que esse homem imponente abaixasse
a cabeça para alguém, em nenhum momento ele contrariou o pai, apenas
respondia "sim senhor meu pai".

— Vou deixá-la em seu apartamento, Peter já levou suas malas para


lá.

— Ah, claro. — Respondo meio sem graça, por um momento pensei


que ficaríamos mais tempo juntos.

— Se precisar de qualquer coisa você pode me ligar, se sentir


qualquer coisa também.

— Pode deixar. — Não consigo falar mais que isso.

— Agora que já consumamos o que previa o contrato não precisamos


manter muito contato, caso a gravidez não se confirme no próximo mês
tentamos novamente.

Uau! Que mudança foi essa? Não consigo esconder a decepção, nosso
fim de semana foi perfeito e ele estava tão carinhoso parecíamos um casal em
lua de mel. A quem eu quero enganar? Nunca seremos um casal.

— Não vai dizer nada?

— Não.

— Ok, como preferir.

— Eu gostaria de ir de taxi para o meu apartamento.


— Não precisa agir dessa forma, quando assinou o contrato estava
ciente de não ser nenhum romance.

— Sim, perfeitamente ciente. Sou obrigada a andar com o seu


segurança desde que esteja grávida, como ainda não estou oficialmente
grávida, reservo-me ao direito de ir de taxi.

Saio de perto dele o mais rápido possível, não consigo mais esconder
minhas lágrimas, sei que não deveria estar assim, sei que assinei o contrato e
tudo mais. Mas sinceramente cheguei a pensar que poderíamos tentar
começar uma história juntos.

Pego o taxi e vou chorando em silêncio até chegar em meu apartamento


novo.

— Isso é pra você aprender a se valorizar sua idiota! — Falo pra mim
mesma dentro do elevador.
CAPÍTULO OITO

POR RUDY

Tudo estava perfeito até meu pai me ligar.

— Alô!

— Por que inferno você levou a contratada para o Havaí? Está em lua
de mel seu idiota? —Ele grita ao telefone.

— Não senhor pai, apenas quis tornar especial.

— Especial? Pra quem? Ela é apenas um casulo, seu filho não vai ter
lembranças de você comendo a mãe dele no Havaí.

— Pai estou tentando fazer as coisas do meu jeito...

— Vai quebrar a cara do seu jeito e depois vai chorar na saia da sua
mãe, está agindo feito um fraco. Já fez seu papel, agora volte e seja firme
antes que ela te faça de capacho.

— Ela não é assim. — Caminho em direção à praia para ter mais


privacidade.

— Eu sabia, você está envolvido e vai cair do cavalo, se ela fosse digna não
aceitaria seus termos. Ela vai te envolver e depois cuspir os ossos. Tantas
europeias no mundo e você escolhe logo uma latina promiscua.

— Não estou envolvido...

— Prove. Afaste-se e siga o contrato. Não me faça ter vergonha de


você. — Desliga.
A imagem dela indo embora não sai da minha cabeça, seu semblante
de tristeza parecia tão real que não sei o que pensar. Meu pai tem o poder de
mexer com minha autoestima, as coisas que diz e a forma que diz deixam-me
perdido no meio de um tiroteio.

Estou envolvido por ela e sinto falta dela ao meu lado, por outro lado ele
tem razão, se ela não fosse interesseira não assinaria o contrato.

— Merda! — Jogo meu copo na parede.

Não tenho onde ficar dentro do meu próprio apartamento, tudo cheira
a ela, passo horas deitado na cama dela relembrando os momentos que
passamos juntos. Desisto de ficar em casa, vou para o escritório trabalhar e
esquecer tudo isso. São tantos documentos e relatórios que as letras já estão
embaralhadas na minha cabeça, preciso parar um pouco.

Mesmo sentindo sua falta não a procuro, tento esconder de mim


mesmo as lembranças dela, sua indiscutível beleza, seu jeito doce e como me
sinto feliz ao seu lado. Vou a festas, bares e boates. Saio com amigos para
beber e conversar, a única coisa que não consigo fazer é pegar mulher
alguma, é como se eu estivesse traindo a Laura... Puta que pariu nem me
lembre disso.

Fui a uma festa de um amigo da faculdade, chegando lá logo avistei


uma ruiva linda e sei que assim que me viu já estava afim. Lá pelas tantas da
madrugada depois de uma conversa chata e sem conteúdo, fui para o
apartamento da ruiva, já estava há uma semana sem sexo, desde que Laura
deixou o aeroporto não a procurei e nem saí com mais ninguém, hoje eu
precisava me esvaziar. Chegando em seu AP, a ruiva já veio me beijando e
tirando minha roupa, quando se ajoelhou e começou a me chupar eu fechei os
olhos e imaginei minha loira me dando prazer... Brochei. Brochei? Não, isso
não está acontecendo comigo. Tentei focar na mulher linda ajoelhada na
minha frente, mas tudo que vinha na minha mente era que NÃO É ELA.
Porra! Inventei uma desculpa esfarrapada e voltei para casa, só dormi depois
de duas punhetas, que deixaram meu pau todo esfolado, não vou conseguir
nem mijar amanhã.

Semanas depois.

Ontem uma enfermeira foi à casa da Laura coletar sangue para o


exame de gravidez, estou ansioso, já liguei para o apartamento várias vezes e
ela me responde em poucas palavras que quando souber me avisará. Estamos
sem nos falar a algumas semanas, quando quero saber se está bem eu mando
um SMS e ela responde de forma secaa. Isso está me matando. Meu celular
vibra na minha mesa.

Mensagem recebida

Mensagem de: LAURA às 09h32min

Positivo.

Sério? Meu coração parece que vai pifar de tão rápido que está
batendo, não sei o que fazer. Ligo pra ela? Vou até sua casa? Aviso meu
pai?... Nossa ela poderia ter me avisado de outra forma, mas também o que
eu queria? Sou um idiota.
Mensagem enviada

Mensagem de: RUDY às 09h34min.

Parabéns! Fico muito feliz por isso. Te pego para jantar às 20 h, vamos ao
restaurante grego. Beijo!

Vou levá-la para jantar e assim podemos conversar sobre o bebê.


Espero a resposta que demora uma vida pra mim.

Mensagem recebida

Mensagem de: LAURA às 09h50min

Obrigada, mas já tenho um compromisso, não precisa se sujeitar a


minha presença.

Como? Compromisso com quem? Se ela acha que vai sair por aí
carregando meu filho sem meu consentimento está muito enganada. Deixo o
escritório avisando que não volto mais hoje, pego meu carro e dirijo o mais
rápido que posso, deixei Peter à disposição de Laura e ultimamente estou
dirigindo eu mesmo. Meu sangue está fervendo com sua recusa, tento
respirar, parece que meu corpo se esqueceu de como fazer isso. Afinal,
porque estou tão nervoso?

Chego ao apartamento e nem toco a campainha, como tenho uma


cópia da chave já entro direto, mas definitivamente não acredito no que vejo.
Trevor está sentado à mesa com Laura conversando animadamente, tem um
computador aberto e ela parece feliz... Mas que porra é essa, o café está posto
na mesa e a única coisa que penso é que ele deve ter dormido aqui, o filho da
puta está comendo a mulher que eu sustento.

— Mas que porra você está fazendo aqui Trevor? Você está dormindo
com ela seu filho da puta?

— Ei cara você está imaginado coisas, não é nada disso. — Sonso dos
infernos. Ele fala levantando-se com um sorriso no rosto.

— Ah não? Você está tomando café com a minha mulher e eu estou


imaginando coisas? Eu vou matar você... — Vou em sua direção, mas Laura
se levanta colocando a mão no meu peito.

— Você não vai matar ninguém Rudy, em primeiro lugar eu não sou
sua mulher, em segundo lugar não te autorizei a entrar em minha casa, em
terceiro lugar o Trevor não dormiu aqui, ele veio...

— Cala a boca Laura, com você eu me entendo depois, meu assunto


agora é com esse fura olho. — Seguro no braço dela tirando-a da minha
frente de forma bruta e sem medir minha força.

— Cara você está fora de si, nem deixou ela se explicar. Quem você
pensa que é para falar com ela desse jeito? — Ele está pedindo para levar um
murro.

— Sou o pai do filho que ela está esperando. — Grito na cara dele
que se surpreende.

— Pai?... Você está grávida Laura? — Porque esse espanto todo?

— Sim, eu descobri hoje, acabei nem te contando...

— Porque você contaria a ele? Por acaso esse filho é meu mesmo
Laura? — Porraaaaa, mil vezes porra. Malditas palavras, ela me olha
querendo arrancar minha cabeça, nunca a vi com esse olhar.

Estou em um daqueles momentos em que você daria tudo para não ter
falado demais. Ela respira fundo e fecha os olhos com força, Trevor balança a
cabeça em reprovação e vejo que fiz uma grande, grande merda.

— O Trevor veio me dizer pessoalmente que localizou minha irmã e


dentro de uma semana será feita uma incursão de resgate no local em que ela
foi encontrada. Eu estava tomando café quando ele chegou e pedi que
sentasse um momento, ele estava me mostrando às fotos que o informante
tirou e eu a reconheci. Até você entrar aqui eu estava muito feliz por isso. —
Ela disse tudo isso me olhando friamente com os olhos cheios de lágrimas.
Quero me matar pelo que eu disse.

— Laura eu...

— Eu não quero ouvir, vou fazer tudo que estava combinado antes,
pois não posso voltar atrás, mas não sou obrigada a olhar na sua cara. Quando
essa criança nascer nos vemos novamente, por favor, saia da minha frente
antes que eu exploda de ódio.

Não posso acreditar que fui tão idiota, eu já fui mais inteligente do
que isso. Como eu poderia imaginar que ele veio falar da irmã? Ele deveria
ter ido a mim e não vir falar com a Laura. Pela forma que ela me olha acho
melhor não argumentar agora, vou esperar sua raiva passar e pedirei
desculpas.

Saio do apartamento e desço os dez andares de escada para me


acalmar, preciso pensar em algo, comprar um presente ou sei lá o
quê. Quando chego ao meu carro Trevor está encostado nele com as mãos
nos bolsos, ele olha para o chão e sua expressão não é das melhores, preciso
me acertar com ele também.
— Ainda bem que você está aí, te devo um pedido de desculpas. Eu
exagerei.

— Você tem ideia da merda que você falou? Se eu fosse ela, sumiria
da sua vida pra sempre, você é doente. — Ele realmente está puto comigo.

— Nem brinca com isso, ela está grávida. Acho que eu morro, se ela
sumir com meu filho.

— Sim, eu sei disso. Mas pela forma que ela te olhou tenho certeza
que está muito arrependida. Estou indo embora, quando tiver resultado nos
planos que passei para ela, eu entro em contato.

— Trevor... Sério, foi mal, eu não quis te ofender, eu só estava... Sei


lá.

— CIÚME, foi isso que você sentiu. Cuidado para não jogar a
felicidade pela janela. — Depois de dizer isso ele sai.

POR TREVOR

Às 7 horas recebo uma ligação do meu informante infiltrado na rede


de tráfico de mulheres, achamos a irmã da Laura e ela está mais perto do que
eu esperava. Canadá, aí vamos nós.

Pela forma que Laura está desesperada atrás da sua irmã eu acho mais
correto dar a notícia pessoalmente, lembro-me de ter adicionado seu novo
endereço a seu arquivo no meu escritório. Tenho certeza que ficará muito
feliz com nosso sucesso, agora precisamos fazer um resgate bem sucedido, a
Interpol já foi acionada com todas as provas irrefutáveis que temos, também
contatei vários amigos e pedi alguns favores.
Mesmo tentando esconder, até de mim mesmo, eu não consigo tirar
aquele rosto da minha cabeça. Ela é loira como Laura, tem olhos azuis
escuros, apesar de ser branquinha ela tem as curvas bem brasileiras. Quando
recebi as fotos hoje bem cedo, uma em especial me chamou atenção, meu
informante se passou por um comprador e recebeu uma foto dela em pé com
os olhos muito tristes, abatida e usava apenas uma calcinha branca de
algodão. Nunca vi seios tão lindos, redondos, pequenos e com os mamilos
rosados... Porra, eu preciso esquecer essa encrenca, mas é a encrenca mais
linda do mundo.

No apartamento da Laura eu mostro as fotos que recebi, informo


sobre como iremos agir para resgatar a Polyana e pergunto sobre o
relacionamento com Rudy. Meu amigo parece estar lutando contra o que
sente por essa mulher, por mais que tente conversar ele não se abre comigo.
Já estou pensando em me despedir quando ele entra puto da vida, cheio de
acusações e nenhum freio na língua.

Grávida! Laura está grávida do Rudy e ele a questiona se o filho é


meu? Isso só pode ser piada, eu aqui me odiando por me masturbar pensando
em uma pessoa que está sofrendo, em outro país, e ele achando que eu transei
com a mulher que ele finge não amar.

Definitivamente quando uma mulher ama, ela ama


desesperadamente... Mas quando ela odeia... Meu amigo, ela te mata só com
o olhar. Esse foi o sentimento que estava nos olhos da Laura. Nem deu tempo
do Rudy se retratar e descarregou uma explicação fria e dolorida em cima
dele, o pior foi ter dito que só o veria quando a criança nascesse. Coitado do
meu amigo, senti até pena dele mesmo estando muito ofendido com sua
acusação.
Depois de trocar algumas palavras com ele na calçada vou para meu
trabalho, preciso me preparar para a incursão no cativeiro da minha
Cabritinha fujona.

POR LAURA

Sento-me no sofá tentando digerir todas as informações. O amor que


já sinto por esse bebê que está crescendo dentro de mim, a alegria por Trevor
ter encontrado a Polyana e o medo de algo dar errado. Além disso, a tristeza
que consome todos os outros sentimentos. Não esperava isso do Rudy, depois
de quase um mês sem nos vermos ele simplesmente destrói tudo de bom que
eu guardei dele comigo.

Acho que acabei dormindo no sofá, mesmo tendo acabado de acordar,


eu já estava exausta com todas essas emoções e confusões. Quando abro
meus olhos percebo que estou em minha cama, não me lembro de ter vindo
pra cá.

— Você estava mal acomodada no sofá, achei melhor te colocar na


cama. — Que susto, o que esse filho da puta faz aqui?

— Eu mandei você ir embora. — Digo sem olhar para trás, ele está
deitado na cama atrás de mim, mas sem encostar.

— Eu sei... Eu precisava me desculpar.

— Não há nada que você me diga, que me faça parar de te odiar. Por
favor, vá embora. — Digo tentando controlar minhas lágrimas. Agradeço por
estar de costas.

Rudy levanta-se, dá a volta na cama ajoelhando-se a minha frente, eu


fecho os olhos em uma tentativa frustrada de esconder a cascata que já
escorre pelo meu rosto, o calor da sua mão limpando minhas bochechas, traz
de volta as lembranças dos dias felizes que passamos.

— Eu estou apaixonado por você, não consegui controlar o ciúme...


Perdoe-me, me ensina a ser melhor, me mostra o caminho do seu coração,
por que eu estou perdido em sentimentos que desconheço.
CAPÍTULO NOVE

POR LAURA

— Eu estou apaixonado por você, não consegui controlar o ciúme... Perdoa-


me, me ensina a ser melhor, me mostra o caminho do seu coração por que eu
estou perdido em sentimentos que desconheço.

Como posso acreditar nas palavras de um homem que só aparece


semanas depois de ter desfrutado do meu corpo como bem quis, ou como
bem quisemos eu assumo. Como posso acreditar na paixão de alguém que
não se dignou a me procurar, agora que o seu tão almejado herdeiro está
dentro de mim, ele vem dizer que está apaixonado... Sério?

— Por favor, Laura não chore, eu não quis te ferir. Aquilo saiu sem
que eu pudesse conter minhas palavras. Foi o medo que falou por mim.

— Medo de perder o seu herdeiro?

— Não!... Está bem, pode ser isso também, mas eu tive medo que
outro tivesse o que eu tive em nossa viagem, medo de não ser o seu
escolhido.

Sento-me na cama e limpo as lágrimas, Rudy permanece agachado em


minha frente, porém agora está com as mãos em meus joelhos. Se ele quer
conversar então vamos conversar.

— Porque não me procurou em todas essas semanas? — Pergunto


fria.

— Não queria me envolver, precisava ficar longe de você.


— Precisava? Não precisa mais?

— Não consigo mais. Enquanto não te via, eu tentava enganar meu


desejo, mascarar a saudade e esconder meu desespero por você... Mas hoje
olhando para você tudo voltou e está borbulhando dentro de mim. A
possibilidade de outro homem roubar você de mim abriu os meus olhos.

Abaixo minha cabeça para não olhar para ele. Preciso lembrar-me de
como me senti usada quando deixou-me no aeroporto, preciso encontrar
minha raiva, mas só sinto vontade de beijá-lo e esquecer todo o resto a nossa
volta. Definitivamente mulher tem vocação para sofrer por amor.

— Eu não sei se posso acreditar em você.

— Então deixa eu te provar que pode ser bom, deixa eu te lembrar de


como é bom. — Ele diz isso chegando mais perto.

Segurando meu rosto com as duas mãos ele me beija com calma e
profundamente, não consigo resistir a isso, a cada movimento, o beijo torna-
se mais intenso, mais afoito e o tesão vai tomando conta do lugar. Sem medo
da sua reação eu retiro sua camisa e ele faz o mesmo com minha roupa, em
poucos segundos já estamos nus, em cima da minha cama nos agarrando e
nos esfregando.

— Senti tanta falta disso. Laura, eu quero você.

— Nossa eu também senti muita falta, não sabia que sentia tanto.

Essa boca em meu pescoço deixando mordidas e lambidas, essa mão


massageando meu seio... "Ah" tudo está me enlouquecendo. Faço o mesmo e
exploro seu corpo com as mãos, arranho suas costas, aperto seus músculos e
mordo sua boca. Instintivamente seu pênis já está dentro de mim e nos
movimentamos de forma natural e desejosa.
— Laura! Diz que é minha, que é só minha. — Pede mordendo meu
pescoço.

— Eu sou toda sua, me faça sua. — Consigo falar de forma arrastada


entre os gemidos.

Prazer. Isso é tudo que sinto nesse momento, mudamos de posição e


fico de lado com ele movimentando-se ajoelhado na cama. Rudy abaixa a
cabeça e segura meu mamilo entre os dentes me levando ao céu, seu dedo
circula meu clitóris sem deixar de investir intensamente dentro de mim.

— Rudy! Ahhhahh... Rudy... eu vou...

— Isso linda... Deixa eu te dar prazer amor. — Amor? Ele disse


amor? — Oh eu estou perto.

Passamos o restante da manhã e à tarde em casa, almoçamos e


assistimos filmes na cama. Em nenhum momento falamos sobre a gravidez,
já passavam das 22 horas quando fomos dormir.

— Eu quero continuar bem com você, não sei como vai ser, mas
podemos ir com calma e dando um passo de cada vez. — Ele diz penteando
meu cabelo com os dedos enquanto descanso no seu peito.

— Acho que posso fazer isso.

— Mas, eu gostaria que ficasse só entre nós, por enquanto, se não


tiver problema pra você.

—Tudo bem, seguimos apenas nos conhecendo... Mas você estaria


conhecendo apenas a mim?

— Pode ter certeza que sim. — Isso me acalmou bastante, não quero
dividir ele com ninguém.
(...)

O restante da semana foi tranquilo, Rudy dormiu aqui todos os dias,


fomos à primeira consulta e posso dizer que ele vai ser um bom pai, nunca vi
um homem tão curioso e perguntador perante uma ginecologista.

Ele me chamou para almoçar na casa dos seus pais no domingo,


segundo ele, apenas o pai sabe do nosso acordo e para todos os efeitos nos
conhecemos em uma festa na casa do Trevor e ficamos juntos por algumas
semanas, resultado? Eu engravidei e ele vai assumir a criança, porém somos
apenas amigos agora.

Depois que fomos ao consultório da minha ginecologista surgiu


boatos na mídia de que o Senhor Petróleo estaria em um relacionamento
sério, fiquei um pouco feliz com a notícia, mas não durou muito tempo. Rudy
divulgou uma nota onde confirmava a gravidez, mas negava que
estivéssemos juntos. Confesso que isso me deixou um pouco triste,
percebendo meu desconforto ele apenas falou que era para o meu bem.

Recebo uma mensagem dele informando que chegou. Pego minha


bolsa e vou ao seu encontro, ele está lindo parado na calçada com um jeans
escuro com uma blusa branca lisa e sapatênis.

— Nossa você está linda, acho que vou te raptar. — Diz beijando
minha bochecha.

— Devo entrar no porta-malas? — Rimos da minha resposta e


seguimos para o almoço.
Já em frente à porta da mansão Scheideger não consigo esconder meu
nervosismo, já estalei todos os dedos e mordi todo o interior da minha boca.
Estamos em um dos bairros mais luxuosos de Nova Iorque, chama-se Upper
East Side, aqui tudo é lindo, nada acontece de errado e as pessoas mal olham
na sua cara. Nunca vou entender para que casas e apartamentos tão grandes
quando não se usa nada disso, eu mesma não uso nada do apartamento que
Rudy me deu, ele que trabalha o dia todo nem deve conhecer o dele direito.

Olho para as grandes portas escuras, a pequena escadaria de acesso à


porta e para os dois leões de granito que guardam o local. Definitivamente eu
estou muito, muito nervosa.

— Acalme-se, minha mãe está quase fazendo um altar pra você. Ela
sempre achou que morreria sem ser avó.

— Estou tentando. Vamos lá!


CAPÍTULO DEZ

POR LAURA

Entramos na casa, casa não, isso é quase um castelo, o teto é


extremamente alto lembra-me algumas igrejas antigas com um ar medieval,
as portas e janelas são feitos de uma madeira quase negra e no chão desliza
um mármore frio deixando tudo mais nobre.

Depois de passar por um lustroso hall de entrada chegamos à sala de


estar onde se encontram um senhor com os cabelos quase totalmente brancos,
sentado no sofá e segurando uma taça de conhaque. Ao seu lado está uma
jovem senhora muito bonita, é loira assim como eu e ajeita as flores de um
vaso, gérberas amarelas lindíssimas.

— Meu filho! Que bom que chegou, trouxe minha nora e meu neto,
quanta alegria! — Ela realmente parece radiante, os olhos brilham em cima
de mim como se eu fosse uma joia rara.

— Eles não são namorados Cora. Apenas foram descuidados e


levianos, isso não torna uma estranha parte da nossa família. — Não sei onde
enfio minha cara.

O pai do Rudy troveja na sala e ninguém se manifesta, permanecemos


por um instante em um silêncio mortal, sob o olhar reprobatório do homem
que mais parece à versão madura de Rudy, só fisicamente é claro.

— Pai, mãe. Está é Laura Alves, como vocês já sabem, ela está
gravida de um filho meu. Laura esses são meus pais, Cora e Leonel
Scheideger.
— Bom, vou mandar servir a comida, espero que goste de cordeiro,
eu mesma preparei. — Só pulando a cerca a noite, coitado do cordeirinho.

Rudy cumprimenta o pai com um pedido de benção e um beijo na


mão, muito diferente do jeito acolhedor de Cora, o Sr. Scheideger disse-me
apenas "Olá", foi o suficiente para ter pesadelos com ele. Credo!

O almoço foi servido por duas empregadas perfeitamente


uniformizadas, silenciosas e discretas. Quando todos já estávamos com os
pratos abastecidos elas desapareceram.

— Então como se conheceram? — A mãe de Rudy pergunta-me, mas


antes que eu pudesse responder ele adiantou-se.

— Mãe, eu já não falei que foi aniversário do Trevor? — Mente que


nem sente.

— Falou, mas quero ouvir a Laura dizer, mulheres contam melhor.

— Nós temos o Trevor como amigo em comum, ele nos apresentou


em seu aniversário e ficamos juntos por algumas semanas. — Falei sem dar
maiores detalhes, acho que estou roxa de vergonha.

— Trevor é um rapaz incrível, pena que se mantenha solteiro por


tanto tempo. Ele deveria fazer como o meu Rudy e encontrar uma moça linda
assim como você. — O tom de voz dela lembra-me o da Fernanda Monte
Negro.

— Eu ainda sou solteiro, mãe. Laura e eu vamos criar a criança


juntos... Apenas isso. —Nesse momento meu estômago revira e preciso de
um banheiro.

Aperto o garfo e respiro soltando o ar pela boca na tentativa de repelir


o mal estar, mas o enjoo não passa, afasto a cadeira e faço menção de
levantar, Rudy segura minha mão carinhosamente.

— Não se sente bem Laura? — Fala baixo.

— Onde fica o banheiro?

Rudy me leva ao lavabo que fica em um corredor próximo, entro


rapidamente e caio de joelhos no vaso vomitando até a minha alma, ele
segura meu cabelo e esfrega minhas costas e permanece agachado atrás de
mim até que eu não tenha mais nada para colocar para fora. Rudy me traz
uma escova de dente e uma bolsinha de maquiagem da sua mãe. Quando já
me sentia melhor voltei para a mesa, mas não consegui comer mais nada.

— De quanto tempo você está Laura?

— Vou a minha consulta na segunda-feira, acredito que estou de


umas quatro semanas. —Respondo completamente sem graça. O pai de Rudy
me olha sério o tempo todo.

— Querida, eu quero participar dessa gravidez, quero te ajudar com


tudo que for possível, conte comigo. Seremos grandes amiga.

— Cora não há a menor necessidade disso, quando a criança nascer


nós o conheceremos, fora isso não precisamos nos envolver. Será um vínculo
desnecessário. — Sr. Leonel diz ríspido.

— Querido, talvez esse seja meu único neto e eu só pude ter um filho,
não tire de mim o prazer de participar desse momento único. — Pede de
forma contida e submissa.

O parente de Hitler em minha frente não diz nada por um tempo,


apenas continua a comer, Rudy acaricia minha coxa por baixo da mesa, mas
não se pronuncia.

— Vou permitir que minha mulher participe da sua gravidez, mas que
fique bem claro a você Laura... A criança é um Scheideger, você não.

Uau! Não sei o que eu fiz pra ele, mas já deu para perceber que não
gosta de mim. O impressionante nisso tudo, é que Rudy não se opõe, ele não
fala nada e não contraria o pai, sinto-me humilhada e subjugada.

O restante do almoço corre de forma relativamente tranquila, o Sr.


Leonel me distrata e eu finjo não perceber, Cora é extremamente simpática e
acolhedora e Rudy... Eu acho que ele é uma estátua ao meu lado.

Em determinado momento Rudy vai com seu pai ao escritório e Cora


me chama para conhecer suas orquídeas, seguimos para uma estufa no
jardim.

— Laura eu quero me desculpar pelo comportamento do meu marido,


ele é muito difícil de lidar, não repare isso. — Ela me diz envergonhada.

— Imagina Dona Cora, a sua hospitalidade compensou qualquer outra


coisa.

— Ah, por favor, só Cora, sem o dona. Eu sei que meu filho não apoia
a postura do pai, mas ele não tem forças para ir contra, são anos de repressão
e ele simplesmente não consegue enfrentar ou se opor ao pai.

— Cora, seu filho é um homem de 35 anos, ele sabe se defender


sozinho. Mas ele não sente nada por mim, se sentisse jamais aceitaria o
tratamento que o seu marido dedica a mim.

— Não se engane. Ele te olha com carinho, quando você sorri ele
também sorri, quando se sentiu mal eu vi o desespero nos olhos dele, tenha
paciência e ele comerá na sua mão.

— Não tenho tanta certeza disso. — Respondo sem esperança.

— Seja tudo que ele precisa... Quando me casei minha mãe me disse:
"Seja uma dama na rua e uma puta na cama". Se faça única e indispensável,
assim, ele será só seu. Eu não soube seguir esse conselho, mas você saberá. O
homem pode ser a cabeça do relacionamento, mas, a mulher é o pescoço que
o direciona para onde quiser.
CAPÍTULO ONZE

POR RUDY

O almoço foi quase um fiasco completo, se não fosse pela minha mãe
eu acho que teria sido bem pior. Meu pai não consegue esquecer o maldito
contrato e seguir em frente, gostaria que as coisas fossem diferentes e que a
história que contamos a todos fosse a simples verdade.

Depois de comermos, minha mãe foi com Laura para o jardim e eu


acompanhei meu pai até o escritório.

Como eu esperava, foi a mesma ladainha da sempre, falou que ela é


uma interesseira e que devo tratá-la de forma fria e distante, evitando
qualquer aproximação. Sempre frisando que ela é apenas o casulo do meu
herdeiro.

Quando já tinha falado tudo que queria ele me mandou levar Laura
para casa, pois já havia satisfeito a vontade da minha mãe e poderia cobrar
"favores"... Sério, eu não preciso saber disso. Arg!

Parei o carro em frente a seu prédio e ela desceu imediatamente sem


me dar tempo de falar qualquer coisa. A segui até o elevador, ainda sem
trocar uma só palavra, isso está me matando e eu estou por um fio. Entramos
no apartamento, enrolo alguns minutos na sala, até que vou para o quarto
verificar se Laura está bem, o barulho do chuveiro, me faz desejar tê-la nua
em meus braços.

Tiro toda minha roupa e entro no box, ela está de costas e não se afeta
pela minha presença, continua a ensaboar as coxas me deixando louco com a
visão do seu corpo curvado.

— Por quanto tempo vai me ignorar Laura?

Ela não diz nada e passa a mão pelo vão entre as nádegas lavando-se e
me deixando ainda mais insano, com o caminho de suas mãos pelo corpo.

— Eu realmente não estou acostumado a ser ignorado Laura.

A tortura continua e sua mão chega ao monte de Vênus, fazendo meu


pau babar no desejo de substituí-la.

— Por favor! Eu não sou de ferro, estamos os dois nus, nesse espaço
reduzido e você fica se alisando. Assim não consigo raciocinar.

— Eu não te chamei aqui Rudy, nem mesmo te convidei para subir.

— Você está chateada e eu não quero ir embora a deixando assim.

Terminando seu banho, ela se enrola em uma toalha e sai. Tomo um


banho rápido e sigo para o quarto. Laura está nua com uma toalha secando os
cabelos loiros e a cabeça para baixo, só pode ser de propósito que ela fica
exibindo essa bunda para mim.

— Se o que você quer é me excitar, já consegui mesmo vestida.

— O que eu quero, você não pode me dar.

— Eu posso te dar qualquer coisa Laura, estale os dedos e eu te dou o


mundo.

— Pode me assumir?

Droga, essa conversa já não começou bem, eu sei que é isso que ela
quer, mas não posso fazer isso, não posso.
— Eu disse a você, não posso fazer isso, nosso caso ficará apenas
entre eu e você, não tenho como simplesmente esquecer tudo e iniciar uma
relação normal com você.

— Porque não? Todos têm relacionamentos Rudy, nós logo teremos


um filho e podemos esquecer o contrato por ele.

Por mais que eu não queira dar razão a meu pai, ela faz exatamente
como ele disse, usa o bebê para me enredar.

— Não use a criança para me prender a você Laura, isso não vai
adiantar comigo. — Isso sai mais alto do que eu gostaria, percebo em seus
olhos que está ofendida. Ela respira profundamente e diz.

— Acho melhor você ir embora Rudy, segunda-feira nos vemos no


consultório.

— Eu gostaria de dormir aqui com você, vamos esquecer isso.

Chego perto dela e tento abraçá-la, mas ela mostra-me com o olhar
que hoje não vou a convencer. Laura é uma mulher doce e carinhosa, até
mesmo o seu tom de voz é amável, isso muda completamente quando ela está
com raiva. Seus olhos de esmeralda tornam-se mortíferos, seu corpo se fecha
em copas não aceitando nenhum contato.

Sem dizer mais nada, visto-me e vou embora.

Vivo uma confusão de sentimentos, sinto-me muito envolvido por ela


e sei que é recíproco, por outro lado, já me acostumei a mulheres que só
querem dinheiro e status, tenho medo de me tornar um capacho como tantos
que conheço. Sempre me diverti vendo grandes empresários se tornarem cães
adestrados na mão de uma bela mulher, eles fazem qualquer coisa, por um
corpo quente e disposto e satisfazê-los na cama. Meus pais nunca foram
assim e sempre guio-me para não ser.

(...)

Hoje é segunda-feira, me arrumo para a consulta com a obstetra da


Laura. Estou mais ansioso do que esperava, tenho algumas perguntas e quero
ter certeza de que tudo está bem com os dois. Meu celular vibra e vejo que é
uma mensagem da Laura.

Mensagem recebida

Mensagem de: LAURA às 08h15min

Vou com o motorista, não precisa vir me buscar.

Entendo que ela esteja chateada, mas tudo tem um limite. Respondo a
mensagem quase socando o celular

Mensagem enviada

Mensagem de: RUDY às 08h16min

VOCÊ VAI COMIGO E ASSUNTO ENCERRADO, SEU MOTORISTA


ESTÁ DE FOLGA.

Quando estaciono em frente ao prédio, aviso que já estou aguardando,


rapidamente ela chega e me cumprimenta apenas com um "bom dia" sem
muita emoção. Não aguento mais ficar longe dela e vou dar um fim nesse
calvário.
— Me dê um beijo de bom dia? — Pergunto acariciando sua coxa
por cima de um vestido roxo.

— Acho melhor não.

Sem dar tempo pra mais nada, seguro sua nuca e tomo o que é meu e
me faz tanta falta, ela ainda tenta me empurrar e desfere alguns tapas no meu
ombro, quando minha mão livre sai da sua costela para o mamilo, que está
sensível, ela se derrete nos meus braços. Intensifico o beijo mais e mais, não
sei quanto tempo nos beijamos. Quando termina sua boca está inchada e
vermelha, a minha, borrada pelo seu batom e estamos ofegantes.

— Discuta comigo, grite, jogue alguma coisa em mim... Mas, nunca


mais me negue seus beijos, eles me alimentam e eu estou faminto. — Falo
com os lábios encostados nos dela, dando pequenos beijos entre uma palavra
ou outra.

— Então haja como homem e me defenda, não vou aceitar ao meu


lado alguém que não age como tal.

— Ele é meu pai, não posso afrontá-lo, mas, prometo conversar com
ele para que não te ofenda novamente.

Ela não diz nada, ajeita-se no banco e seguimos para nosso destino.

A consulta foi como eu esperava, tirei algumas dúvidas básicas como:


Podemos transar normalmente? Sexo anal pode prejudicar a gravidez?
Engolir sêmen pode causar enjoo.

Não preciso nem descrever a cara da Laura, acho que uma maçã
estaria menos vermelha. Mas eu tinha dúvidas e precisava saná-las. Fomos
para a sala de ultrassom, eu não estava preparado para o que senti. Saber que
ela está grávida é uma coisa, mas, olhar o meu filho dentro dela é surreal.
— Esta área mais clara é o saco embrionário e esse ponto mais escuro
é o bebezinho de vocês. — Diz a médica apontando para a imagem mais
linda e sem nexo que eu já vi na vida.

Não sei descrever o que sinto, dentro da Laura tem uma pessoa que eu
fiz, eu coloquei dentro dela. Fico olhando para sua barriga lisinha e
imaginando esse pontinho perdido lá dentro.

— É tão pequeno. — Laura está muito emocionada.

Abraço-a e cheiro seu cabelo, a médica diz que vai nos dar um
momento de privacidade e sai.

— Obrigado por me dar isso. Sempre me perguntei o que alguém


pode ver olhando para essa tela sem forma definida, hoje eu vejo meu filho e
ai de quem disser que é um borrão.

Ela ri e limpa as lágrimas, segura meu rosto me puxando para mais


perto e me beija de uma forma que nunca fui beijado em toda minha vida.

— Vou te provar que vale a pena tentar, ainda vamos ser uma família
Rudy.

A médica entra na sala e me entrega um DVD com a gravação do


exame e também três fotos do meu filho. As primeiras de muitas. Fico com
todas, vou deixar uma na minha carteira, uma na minha mesa e outra em casa.

Até agora, eu via isso tudo como uma forma de ter um herdeiro para
dar sequência ao império da minha família, mas depois de olhar para essa
imagem, eu o vejo como o meu filho, como a minha continuidade e eu quero
que ele me ame e não que ele me tema, como eu faço com meu pai.

Saímos do consultório direto para um restaurante italiano, ela queria


comida japonesa, mas lembrei que a médica pediu para não comer nada cru
na rua.

— Você acha que as japonesas não se alimentam quando estão


grávidas?

— Não é isso teimosa, mas a Doutora pediu para não comer e você
não vai comer, se você quiser o Trevor faz um ótimo temaki, eu falo com ele
e fazemos um rodízio de temaki no meu apartamento esse fim de semana.

Nosso almoço foi maravilhoso e decidi não ir ao trabalho, mas


também nem se me amarrassem eu ira depois da revelação dela no carro.

— Está com frio? — Pergunto observando que seus seios estão duros
e destacando-se sob a roupa.

— Não, não é frio. — Percebendo que meu olhar ficou em seus


mamilos ela cruza os braços sobre os seios.

— Está com tesão? — Dou uma risada porque ela ficou


completamente vermelha.

— Isso não é piada sabia? Eu não consigo controlar, sinto-me


constantemente molhada e quente. Fiquei com vergonha de falar com a
médica, mas li na internet que é normal com grávidas.

— Está me dizendo que grávidas sentem mais tesão? — Ainda bem


que ela não me falou isso no restaurante, eu não poderia levantar sem
chamar atenção para minha calça.

— Não é uma regra, mas acontece e comigo acho que é exagerado.


Você me tocou durante o beijo e eu estou em chamas desde então.

— Não vou trabalhar hoje, vou cuidar de você. — Seu olhar vai para
minha barraca armada e posso sentir o desejo me queimar.

— Não me olha assim Laura. Estou me segurando para não te pegar


em algum beco dessa cidade.

— Deixa eu te chupar? — Ela tira o cinto e se ajoelha no banco


abrindo minha calça com desespero.

— Não faz isso linda, eu posso bater e te machucar.

— Seja rápido. Não negue a uma grávida um desejo. — Porra isso é


covardia com um homem de pau duro.

— Jamais negarei!

Levanto o quadril para ajudá-la a tirar minha calça, os vidros são


escuros e ninguém pode espiar nosso momento de intimidade.

Assim que meu pau está livre, sua boca o toma quase que por inteiro.

— Ah! Delícia.

É nítido o prazer que ela sente em me ter na sua boca, me sinto


adorado. Mesmo sem experiência, a vontade que ela coloca no ato torna tudo
ainda mais delicioso.

Os movimentos ganham velocidade e intensidade, seguro o volante e


sigo em linha reta sem me preocupar com a caminho de casa.

— Mais Laura, chupa gostoso... Vai, aperta minhas bolas.

Com uma mão ela me masturba e a outra aperta minhas bolas, me


deixando no limite, a boca não para de me sugar e a língua... A língua vai me
matar.
— Eu não aguento mais... Eu preciso gozar Amor!

Com muito esforço ela engole todo o meu pau, levando-me até sua
garganta e eu gozo levantando o quadril para entrar ainda mais, sinto que
engasga, mas não se afasta. Quando termino, ela me chupa e lambe a cabeça
do meu pau esfregando a língua na abertura.

— Vou parar no posto de gasolina, minhas pernas estão tremendo


muito para dirigir.

Rimos da situação. Já no posto ela compra algumas barras de KitKat e


come igual criança, me oferece e a cara que faz é tão gulosa que prefiro
deixar que coma tudo.

Passam das 22 horas e ainda estou aqui, sei que deveria ir pra casa,
mas nosso dia foi tão gostoso e ficar ao seu lado é tão bom que não quero
voltar para o vazio da minha casa. Como ela está dormindo, vou em casa e
pego algumas roupas e volto, ela não se moveu. Na verdade eu não peguei
algumas roupas, peguei muitas roupas, sapatos, cintos e objetos de higiene
pessoal. Tiro toda minha roupa, ficando apenas de cueca e deito ao seu lado
novamente.

Escuto gemidos baixos e uma respiração ofegante, abro os olhos e


vejo Laura sonhando e gemendo com uma das mãos entre as pernas.

— Mais, por favor, eu preciso Rudy.

Meu Deus ela está sonhando comigo e se tocando. Sento na cama


para ter uma melhor visão, acendo o abajur ao meu lado e fico apreciando a
vista.

Quando o orgasmo está chegando ela acorda suada e frustrada, sem


notar minha presença ela bufa e reclama.
— Eu não aguento mais isso.

— Por que não me disse que está tendo esses sonhos? — Em um misto
de vergonha e surpresa ela me olha.

— Porque eu diria isso a você? Não tenho orgulho de ter sonhos


frustrantes com você.

— Sempre acorda antes de gozar?

— Sempre. — A carinha que faz me rouba um sorriso e ela esconde o


rosto com o braço.

Acaricio suas pernas e vou subindo a mão até chagar nesse poço
escaldante que me enlouquece, ela se abre toda pra mim sem a menor
cerimônia.

Coloco dois dedos dentro dela e pressiono o ponto G dentro do seu


corpo, Laura solta um grito e segura o lençol com força, ela já está muito
excitada e sensível, seu corpo implora por libertação.

Abro bem suas pernas e deito entre elas, com os dedos ainda
trabalhando em seu ponto, eu chupo sua boceta melada e deliciosa, não há
homem que resista ao cheiro de uma fêmea pronta pra ser tomada, isso é
fisiológico. Fecho os olhos e devoro-a com toda a fome que há em mim.

— Oh Rudy! Ohh.

Sou mais bruto, chupo sem dó e sem misericórdia, ela se contorce,


geme alto e grita meu nome. Quando o prazer mais primitivo começa a tomar
seu corpo ela tenta se afastar, mas eu não deixo, seguro suas ancas e mordo o
broto do prazer que já está mais do que inchado.

— Issoooooo! Ah Ah Ah!
Suas costas estão fora da cama seu corpo envergado como se fosse se
partir em dois, mantenho o clitóris entre meus dentes até que os espasmos
cessem, quando ela começa a se acalmar eu a coloco de lado e entro nela bem
lentamente.

— Agora é minha vez, você me deixou louco gozando assim na


minha boca.

Sem forças para responder, apenas vira o rosto e me beija. Entro e


saio sem pressa, vou tateando cada centímetro do seu interior, aperto seus
seios, aliso todas as suas curvas. Nunca na vida me senti tão fissurado em
uma mulher, ela me viciou e eu não posso mais ficar longe.

Minhas investidas ganham mais velocidade, circulo o quadril


estimulando as paredes da sua vagina. Já recuperada ela rebola no mesmo
ritmo me levando ao céu, sou apertado e triturado por seu interior, gozamos
juntos nos beijando e gemendo um na boca do outro.

Acordo cedo e vou à padaria e compro tudo que acho que ela vai
gostar, chego ao seu apartamento e ela já está no banho, arrumo uma bandeja
e levo para cama.

Entro no banheiro sorridente, estamos tão bem que tenho até medo de
sair daqui, queria que o mundo acabasse em fogo e só nós dois ficássemos
aqui nos curtindo e nos amando. Sempre que penso dessa forma me assusto,
chamá-la de amor e refletir sobre fazermos amor me deixa um pouco afoito,
não sei se a amo ou se estou deslumbrado pelo que me faz sentir. Tudo que
sei é que não quero sair mais de perto dela.

Tomamos banho juntos e fazemos amor contra a parede fria. Faço-a


ficar de costas para mim com as mãos na parede, ela empina a bunda para
mim convidando-me a entrar em sua bocetinha quente, mais uma vez nos
perdemos em nossa bolha particular. Quando repara a bandeja em cima da
cama ela sorri tão naturalmente que me enche de alegria.

— Fez isso pra mim?

— Fiz para nós três sua gulosa. Eu, você e o nosso filho que deve
estar faminto ai dentro e enjoado pelo balanço da noite.

— Não acredito que você disse isso, ele não sente seu bobo.

— Mas deve sentir como ficamos bem juntos, deve sentir quando
temos prazer e quero que ele sinta que eu o quero muito.

— Queria que você fosse sempre assim.

— Assim como?

— Amoroso e atencioso comigo. Gosto de me sentir cuidada por


você.

Dou um beijo leve em seus lábios e coloco um pedaço de mamão na


sua boca, tomamos café da manhã juntos sem nenhum problema. Vou
trabalhar, sei que vou ouvir um grande sermão por ter faltado ontem.

Chego à empresa e antes de ir para minha sala meu pai me chama


para uma conversa.

— Bom dia pai!

— Quase boa tarde Rudy, onde esteve ontem? Por que está chegando
essa hora hoje?

— Ontem foi a consulta da Laura e passei o dia com ela, achei que
seria bom. Hoje me atrasei no trânsito.
— Estava com ela não estava? Vai negar que passou a noite com
aquela mulher.

— Não vou mentir meu pai, passamos a noite juntos. Gosto de estar
com ela, se o senhor a conhecer melhor vai ver que...

— Chega Rudy, não vá por ai. Não quero conhecê-la, ela não é boa
para você. É uma qualquer, mais uma vagabunda para sua lista. Não tem
onde cair morta e achou um trouxa para se encostar.

— Eu que fui atrás dela pai. Lembra-se?

— Sim, mas ela aceitou bem rapidamente, logo vai convencer você a
rasgar o contrato e vai tirar de você tudo que eu construí. Devia ter escolhido
alguém daqui, ou da Europa com o mínimo de classe e não uma brasileira.
Latinos são todos pervertidos, primitivos e sem linhagem.

Para minha salvação o telefone da mesa dele toca e eu vou para minha
sala. As coisas vão ser piores do que eu pensei.
CAPÍTULO DOZE

POR LAURA

Depois que Rudy vai trabalhar, eu fico pensando em tudo que está
acontecendo na minha vida, desde a morte da minha mãe tudo virou de
pernas para o ar. Em um dia, me preocupava com a monografia e os gastou
com livros e transporte, no dia seguinte eu estava completamente perdida
com a burocracia do enterro e os gastos. Nunca imaginei que custasse tão
caro enterrar uma pessoa, alguns amigos me ajudaram a fazer tudo e assim
consegui respirar.

Faço um risoto de brócolis para o almoço, mas antes mesmo de poder


colocar meu prato, o interfone toca e o porteiro diz que Trevor está lá em
baixo, autorizo sua subida apreensiva pelas lembranças da última vez que ele
esteve aqui, mas deve ser alguma coisa sobre Polyana.

Abro a porta e percebo que seja lá qual for à notícia, não é coisa boa.

— Aconteceu alguma coisa com a Polyana, Trevor? — Ele passa por


mim como um furacão.

— Fala para mim que sua irmã não é virgem. — Oi?

O que isso tem a ver com o sumiço da minha irmã? Trevor está meio
fora de si, sei lá o que deu nesse homem, mas ele parece desesperado.

— Trevor, eu não entendo em que isso pode ajudar a salvar minha


irmã.

— Laura, eu recebi uma informação e isso muda tudo. Por favor, me


diz que ela não é virgem. — Seria engraçado se eu não estivesse tão
preocupada.

— Sim, ela é virgem. Ela tentou com um namorado, mas doeu muito
e ela desistiu, ela é atirada, mas é medrosa por baixo da carapaça. — Trevor
passa a mão pelo cabelo, pragueja e faz sinal para que eu me sente no sofá.

— Meu informante descobriu que uma das moças estava sendo...


Como vou dizer?... Treinada, para ter medo e ser submissa aos homens. A
quadrilha descobriu que ela é virgem e estão com um leilão marcado para
amanhã.

— Meu Deus! Eu não acredito nisso. Mas como assim ela está sendo
"treinada"? — Ele me analisa por um tempo antes de responder.

— Parece que ela ficou em um cativeiro aqui por uma semana junto
com as demais meninas, depois foi drogada e levada para o Canadá, onde eu
a encontrei. Neste meio tempo tiveram vários leilões com as moças.

— Mas tem muito tempo que a Polyana sumiu. São quase dois meses.

— Pelo que descobri, eles souberam que ela é virgem e a cada leilão
informam que logo irá a leilão uma virgem. Com isso gerou um boca a boca
entre os que participam disso, valorizando mais a "mercadoria". Sua irmã é
linda, jovem e tem um porte físico típico do seu país... Ela vale muito.

— Então amanhã vão leiloar a virgindade da minha irmã? — Estou


estupefata.

— Eu não tinha certeza se era a sua irmã, mas agora não tenho
nenhuma dúvida sobre isso. Estou embarcando em uma hora e vamos
estourar o local.
Conversamos mais alguns minutos e ele vai embora com a promessa
de me manter informada.

Já passam das dez horas da noite e Rudy não deu nenhuma notícia.
Quero ligar para ele, perguntar se vai voltar para cá, mas não me sinto à
vontade, tenho medo de como ele irá reagir. Tomo um banho e vou para a
cama, com preguiça de colocar roupa, me deito nua. A essa altura ele já deve
estar em casa, ou na casa de alguma vagabunda por ai.

(...)

Acordo assustada e vejo meu celular vibrando na mesinha, pisca o


nome do Trevor, Trevor Ludker.

— Alô!

— Estou ligando para avisar que já estamos com tudo armado, agora é
rezar. Vamos agir quando o leilão estiver acontecendo, quero ter certeza que
ela estará lá dentro.

— Ai, obrigada Trevor! Vou rezar muito. E por favor, me mantenha


informada.

— Até breve.

Rudy não apareceu ontem e não tem nenhuma chamada dele no meu
celular, a vontade de procurá-lo é quase insuportável, mas não vou fazer isso.

Corro no Central Park, almoço na rua e faço algumas compras,


preciso me distrair do assunto que queima na minha cabeça: Polyana.
Assim que chego em casa vejo Rudy sentado no sofá com uma cara
péssima, parece que está bebendo há algum tempo, ele fixa o olhar nas
sacolas e sorri de forma estranha.

— Já estava torrando o meu dinheiro. — Isso não foi exatamente uma


pergunta.

— Não... Eu estava comprando roupas para o nosso filho, com o meu


dinheiro. Eu já recebi parte do nosso contrato lembra-se?

Alguma coisa na forma como falei o faz mudar de postura, vejo que
está surpreso pela minha resposta.

— Você sabe que no que se refere ao bebê pode gastar o que quiser,
não precisa usar o seu dinheiro.

— Não vai fazer falta, eu estava sozinha e resolvi passear um pouco,


fui ao shopping e comprei coisas neutras. Quer olhar?

— Posso? — Às vezes esse homem parece um garoto de onze anos.


Todo inseguro, vou relevar.

Abro a primeira sacola e retiro um kit de saída de maternidade, todo


vermelho em tricô. Rudy sorri e estica as peças no sofá, passa a mão como se
estivesse fazendo carinho.

— Porque vermelho? — Pergunta olhando para a roupa.

— Dizem que para dar saúde ao bebê, tem que sair do hospital vestido
de vermelho.

— Parece meio gay se for menino, mas acho que ele não vai poder
reclamar até ficar maior e ver as fotos dele vestido de menina. — Não
consigo esconder o sorriso, só ele mesmo para pensar assim.
— Achei que você viria ontem, não me ligou, fiquei preocupada.
Aconteceu alguma coisa?

— Discuti com meu pai e fiquei sem cabeça para conversar. O Trevor
me ligou e falou sobre sua irmã, pensei em pedir uma pizza e assistir um
filme enquanto esperamos ele ligar. Assim você não se preocupa tanto.

— Parece ótimo.

Ficamos até às dez da noite no sofá vendo filme e comendo


tranquilamente, me sinto tão feliz quando ele está ao meu lado, tenho vontade
de gritar e mostrar a ele que podemos tentar um relacionamento normal, mas
ele não entende e sei que se eu tocar neste assunto vamos acabar brigando.

Meu celular toca e vejo o nome do Trevor no visor, meu coração


acelera e minhas mãos estão tremendo, Rudy me olha e faz menção em
atender, mas eu não deixo.

— Alô — Falo afobada por notícias.

— Mana? Sou eu mana.

Ai meu Deus, eu começo a chorar e tentar falar, nós duas só choramos


ao mesmo tempo. Polyana pede desculpas várias vezes e eu digo que a amo
muito, nossa eu não acredito que é ela.

— Poly, confia no Trevor, ele vai trazer você pra casa tá? Por favor,
não faça besteira.

— Nunca mais mana, eu estou morrendo de saudade... Foi horrível


mana. — Trevor pega o telefone nos interrompendo.

— Laura, estamos indo para delegacia, provavelmente só


retornaremos no final de semana, precisamos resolver algumas burocracias,
mas fique tranquila, sua irmã não vai sair de perto de mim. —Diz Trevor
apressadamente.

— Tudo bem, cuida dela para mim. Ela é teimosa e expansiva, mas
não é má pessoa, só precisa de limites.

— Fica fria! Estou cheio de limites para dar a ela, preciso desligar.

Deixo o telefone cair no chão e abraço Rudy, ele esfrega minhas


costas com carinho e quando dou por mim, já estou nua sobre ele e nos
movimentamos lentamente. Mais uma vez nossa noite foi maravilhosa, ele
me faz sentir a mulher mais linda do mundo.

Quando estamos aqui dentro do apartamento parece que o mundo


acabou e não precisamos de nada para ser feliz. Na manhã de quinta-feira, foi
a minha vez de fazer o café, comemos juntos, tomamos banho juntos e ele vai
trabalhar.

Antes do jantar ele já está em casa, mais cedo, me ligou, pedindo para
que fizesse lasanha. Fiz o que pediu e comemos juntos antes de deitar, outra
sessão de sexo e repetimos o mesmo ritual na sexta-feira.

Falei com Poly e Trevor todos os dias, eles ficaram no Canadá para
resolver problemas com a justiça de lá e amanhã embarcam pra casa.

Enquanto Rudy trabalha eu arrumo um quarto para Polyana, comprei


coisas que tenho certeza que vai gostar. Ela é muito menina então eu estou
decorando o quarto todo de bege e lilás, os móveis são brancos e também
comprei algumas roupas... Ela vai amar.

Sábado acordo cedo, Rudy deixou o motorista avisado que me levaria


a um mercado de carnes um pouco longe daqui para eu comprar coisas mais
específicas, vou fazer um almoço especial para receber minha irmã, escolhi
uma feijoada.

Sei que ela errou muito, mas ela é minha irmã e já foi punida o suficiente.

Rudy está me apoiando muito e se tornou mais companheiro, ele não


voltou para a casa dele desde quarta-feira. Percebo uma certa frieza ao falar
da Poly, ele acha que eu não deveria ter perdoado tão rápido. Engraçado ele
pensar assim já que eu vivo perdoando as merdas que ele faz e fala.

É estranho ter ele na cozinha me ajudando, ele cortou algumas peças


de carne e alguns temperos, isso mais me atrasou do que me ajudou... Oh, foi
tão fofo!

— Estão demorando muito.

— Laura você precisa se acalmar, não vai fazer bem para o bebê toda
essa excitação.

— Já estive bem mais excitada há poucas horas atrás. — Faço uma


carinha safada.

— Se continuar me olhando assim, vou te pegar em cima dessa mesa


e não vamos poder receber ninguém por um longo tempo.

— Lava a louça enquanto vou tomar um banho. Eles já devem estar


chegando. — Corro para o quarto ouvindo seus protestos por lidar com a
louça.

Já são mais de meio dia e nada. Ando, sento, levanto... Não tenho
lugar para ficar de tão ancilosa. Rudy segura meu braço e me para.

— Por favor, você já andou uns trinta quilômetros Laura, nosso filho
não merece isso.
— Nosso filho?

— Sim, NOSSO FILHO, agora deita e coloca os pés no meu colo que
eu vou...

A campainha toca e eu corro pra porta feito uma louca já com


lágrimas nos olhos. Quando abro a porta meu coração para, o que fizeram
com ela?

Polyana está muito mais magra, os ossos do rosto e colo destacam-se


sob a pele, os lábios têm grandes rachaduras e muitos hematomas gritam
violência por toda parte. Torna-se impossível não chorar ao olhar para minha
irmã, ela está à visão do sofrimento e isso me faz sofrer também.
CAPÍTULO TREZE

POR TREVOR

Quando fui avisado do leilão, um calafrio percorreu minha espinha,


não tinha certeza se ela era a tal mercadoria, mas alguma coisa me dizia que
sim. Liguei para Rudy e avisei que iria falar pessoalmente com Laura, achei
melhor depois da última cena. Cheguei à casa da Laura e ela confirmou o que
eu temia, não deve ser nada fácil ser vítima desses bandidos, mas ter a
virgindade leiloada para um desses porcos seria muito pior.

Já vi outros casos assim e muitas meninas não aguentam a pressão


psicológica e se matam por desespero depois que são tomadas a força por
seus "donos". Nunca imaginei que a tal garota sem juízo fosse virgem, me
senti ainda mais culpado por desejá-la em minha cama. Qual é? Já estou
meio velho pra isso, ela poderia ser minha filha... Nem tanto... Ok,
tecnicamente poderia sim.

O leilão seria realizado em uma propriedade muito afastada da cidade,


a região é uma floresta de pinheiros e outras coníferas, a neve atrapalha mais
do que ajuda. O bom é que não dá para fugir na neve.

Observando a uma certa distância podemos perceber que o “evento” é


frequentado pela nata da sociedade, há muitos carros luxuosos e até mesmo
dois helicópteros no heliporto próximo ao local.

Assim que recebemos o sinal, minha equipe, a polícia, uma ONG de


tráfico humano e a Interpol iniciam a emboscada.

Foram horas de ação e negociação também, por fim, se deram por


vencidos depois de muitos tiros, alguns mortos e muitos feridos. Havia
dezoito membros da quadrilha, mais de noventa clientes e sete meninas para
serem leiloadas. Consegui localizar a Polyana muito magra e visivelmente
abalada, ela só aceita acompanhar-me depois de falar com a irmã, contei a ela
tudo que fizemos para salvá-la e avisei que passaria por exames, depoimentos
e que ainda teria um processo para testemunhar. O bom é que todos foram
presos.

Quando ela saiu da sala do exame de corpo de delito dava para


perceber seu constrangimento, é apenas uma menina que mal saiu da
adolescência, está assustada e com medo. Depor foi a pior parte, isso levou
mais de quatro horas, ela contou tudo que aconteceu desde quando foi
enganada com a proposta de ser modelo e ganhar muito dinheiro com desfiles
e capas de revista, até o momento da nossa invasão.

Tive que respirar fundo quando contou que os homens batiam nela
para que se comportasse. Contou que passou semanas em um quarto sem
janelas. Foi categórica em dizer que não mantiveram relações sexuais com
ela, mas a lambiam e mordiam suas partes íntimas com a intensão de
humilhá-la. Tentei sair da sala por não aguentar mais ouvir aquilo, mas ela
segurava minha mão como se eu fosse o único em quem confiava.

Percebi que eu estava mordendo a boca quando o gosto de sangue me


despertou, neste momento ela contava que foi obrigada a fazer sexo oral
muitas vezes no chefe da quadrilha, que apanhou e ficou três dias sem
comida ou água por ter vomitado no infeliz.

Não consigo entender como um homem pode ficar de pau duro vendo
medo nos olhos de uma mulher, ela é tão linda que meu instinto de protegê-la
me faz irracional, tenho vontade de arrancar as bolas do infeliz que a
machucou e fazê-lo comer.

Depois de todo esse estresse do depoimento eu a levo para o hotel


para poder comer e tomar banho, parece que não come há semanas, para que
ela se sinta segura eu coloco um colchão ao lado da sua cama e durmo em seu
quarto, aluguei um para mim ao lado mas ela não parava de chorar, então
essa foi a solução.

Permanecemos no Canadá para ajudar a polícia nas investigações e


para Polyana reconhecer os criminosos. Sábado pela manhã embarcamos para
casa, ela segura minha mão por toda viagem. Esse contato devia me
incomodar, mas me agrada e muito. Assim que chagamos ao prédio já
subimos sem anuncio, o porteiro foi informado do meu livre acesso ao
local. No elevador Polyana está tremendo e as lágrimas já brotam dos belos
olhos.

— Ela não vai me perdoar.

— Ela já te perdoou, ela te ama muito. Não se preocupe.

— Não conta para ninguém, por favor! — Polyana pede apertando


minha mão com força.

Fui informada pela psicóloga da ONG que vítimas de abuso têm


muita vergonha de falar, já liguei e conversei com Laura pedindo que não
toque no assunto até que a Polyana dê abertura pra isso.

— Poly, você conta quando achar que deve, não vou falar nada. Ok?

Laura não consegue esconder a tristeza ao se deparar com a irmã tão


magra e com alguns hematomas bem destacados, ela tem muitos machucados
no rosto e nos braços, tem marcas de corda nos pulsos, o lábio está ferido,
sem contar que tem algumas queimaduras de cigarro pelo corpo.
As duas se abraçam e se beijam. Polyana não para de pedir perdão a
Laura. Eu e Rudy ficamos apenas de espectadores.

— Para de babar na minha cunhada Trevor, ela é uma criança seu


pedófilo. — Rudy fala escondendo o riso.

— Elas têm dois anos de diferença. Isso significa que você não está
muito diferente de mim... Pedófilo.

— Olha! Está assumindo babar na fedelha.

— Não estou assumindo nada, só não cedo. Ela é uma pintura.

O almoço foi muito bom, foi estranho comer esse feijão brasileiro,
não estou acostumado com isso, mas estava bem gostoso. Polyana finalmente
comeu de verdade, Laura manteve o clima alegre e descontraído.

Não entendo o relacionamento desses dois, há alguns dias Rudy me


ligou pedindo para confirmar a qualquer um que eles se conheceram na
minha festa de quarenta anos, eu tentei sondar e entender o porquê da
mentira, mas ele só falou que uma hora me contava com calma. Hoje ele não
me escapa.

Laura apresentou Rudy como o pai do bebê que espera e quando


Polyana começou a fazer perguntas elas foram para o quarto com a desculpa
de ser assunto de meninas... Mas também já passa das oito da noite e eu devo
ir para casa.

— Trevor você vai ficar aqui não vai? — Polyana pergunta indo para
o quarto com a irmã.

— Claro que ele vai. Rudy arrume um lugar para o Trevor dormir,
daqui a pouco voltamos para uma sessão de filme com pizza.
Não acredito! A loira dá uma ordem e Rudy sorri batendo continência
de forma humorada, isso foi muito surpreendente. Meu amigo está
domesticado, olho para ele dando uma gargalhada silenciosa.

— Nem uma palavra. Sou eu que vou ser expulso da cama se


contrariá-la.

— Estamos sozinhos, agora me conta o que ela fez para te domar


assim?

Sem palavras. Acho que foi assim que me senti quando meu amigo
me contou seu segredo de como conheceu a Laura e como ela, ou melhor,
porque ela engravidou. Eu sei que ele é o saco de pancada do pai, mas isso
foi além do imaginável, estou... Sei lá, estou sem saber o que pensar.

— Não era mais fácil engravidar alguma outra mulher, uma das suas
peguetes?

— Depois que coloquei meus olhos nela eu fiquei louco.

— Devia ter ido pelo caminho normal então. Sei lá, a chamado para
sair e essas coisas.

— Eu não buscava um relacionamento, apenas o herdeiro.

— Vocês realmente parecem estar em um relacionamento. Lembro-


me de vê-lo recolhendo os pratos e lavando a louça.

— Esse é o problema, ela sonha que isso vai acabar acontecendo e eu


não sei se quero isso... Na verdade quero. Acordo querendo e quando chego
ao trabalho...

— O seu pai te convence do contrário?


— É. — Ele responde pensativo e talvez um pouco triste até.

— Sério! Você está meio velho para isso cara, seu pai é o pior sujeito
que eu conheço, ele tem prazer em humilhar as pessoas.

— Ele está velho, é o jeito dele.

— Ele vai morrer e você vai perder sua família por ser tão
complacente com os desmandos dele.

Depois de mais um tempo conversando somos interrompidos pelas


loiras mais lindas do mundo, Polyana olha para Rudy e não esconde a
reprovação por suas atitudes que com certeza a irmã contou. As duas falam
sobre o bebê, pedimos a pizza e a noite se estende.

Durmo no quarto que será da Poly e o mais engraçado é que divido a


cama com... Rudy, as nossas loiras estão dormindo na mesma cama no quarto
da Laura.

No domingo tentamos tirar Polyana de casa, mas ela não aceita, eu e


Rudy fomos ao mercado de peixe do outro lado da cidade e eu vou fazer um
almoço chinês.

Nunca imaginei que ficaria de pau duro vendo uma mulher comendo,
ela coloca a comida na boca com tanto desejo que me perco na imagem,
quando o shoyo suja seus lábios a língua desliza por eles limpando e sugando
o molho.

Meu telefone vibra com uma mensagem e tenho vontade de matar o


filho da puta, que só pensa em me sacanear.

Mensagem recebida
Mensagem de: RUDY às 13h40min

Aposto que já está de pau duro, tira o olho da boca da menina, pedófilo.
KKK

Mensagem enviada

Mensagem de: TREVOR às 13h41min

Tá afim de chupar pra mim porra?

O restante do domingo foi excelente, depois do jantar eu fui para casa


e Rudy também preferiu ir e deixar as duas com mais liberdade. Mas Polyana
me fez prometer que voltarei em breve.
CAPÍTULO QUATORZE

POR POLYANA

Nunca passou pela minha cabeça que alguma coisa poderia dar errado
quando eu saí de casa para ir em busca dos meus sonhos. Deixei minha irmã
para trás e levei comigo o único dinheiro que ela tinha. Naquele dia a única
coisa que eu pensei era que a Laura sempre dá um jeito em tudo e ela
resolveria o problema, também pensei que logo devolveria com juros e daria
a ela muito mais, com os frutos do meu trabalho.

Sempre quis ter mais do que eu tenho, queria poder comprar roupas,
sapatos, bolsas e ter meu próprio quarto com as minhas coisas... Que garota
de dezoito anos que não sonha com isso?

Porém escolhi o caminho errado, Laura sempre me disse: "o que vem
fácil, vai fácil”. Maldita frase, foi exatamente assim.

Fui levada para um cativeiro com muitas outras meninas, todas de


dezoito a vinte anos, de várias etnias diferentes, porém todas lindas.
Passamos algumas semanas em uma fábrica abandonada e depois fomos
dopadas e levadas para outro local.

A única loira de olhos azuis era eu, tinham muitas mulatas e asiáticas.
Algumas meninas foram violentadas no meio de todas e obrigadas a fazer
coisas que não ouso nem lembrar.

Um cara que todos chamavam de chefe apareceu no segundo


cativeiro, ele analisou cada menina pessoalmente em um quarto no segundo
andar. Na minha vez ele mandou que tirasse a roupa toda e ficasse de pé,
como não fiz, ele me deu um soco no estômago e colocou uma arma na
minha boca. Quando fiz o que pediu, senti sua mão percorrendo todo meu
corpo, eu tremia a ponto de não firmar em pé. Chorei como um bebê quando
ele tentou enfiar os dedos em mim, foi aí que confessei ser virgem, tive que
jurar e passar por quase um exame, pois ele me colocou com as pernas
abertas, deitada sobre uma mesa e me avaliou como se fosse um médico.

Semana a semana o número de garotas ia aumentando e diminuindo,


assim como os atos de violência, todas eram violentadas diariamente, mas
ninguém tocava em mim a não ser o chefe. Ele não me penetrava, mas me
beijava, lambia e me alisava. Sempre me batendo e dizendo para ser uma boa
menina. Um dia ele me forçou a chupá-lo, quando senti o gosto amargo do
seu corpo não aguentei e vomitei em cima dele. Neste dia apanhei como
nunca pensei ser possível. Isso voltou a acontecer com muita frequência.

Eu sabia que me venderiam em um leilão, já tinha escutado os


capangas reclamando de não poder tocar na loirinha, não sei se isso era bom
ou ruim. No dia do leilão eu estou um lixo, mesmo com roupas novas para ser
exposta sinto-me um lixo.

Para minha salvação no momento que estou no centro de uma roda de


homens que querem me comprar, as portas se abrem e bombas de fumaça são
lançadas, muita gritaria e tiros para todos os lados.

Alguém me pega no colo e corre comigo para fora, eu dou vários


socos e chutes no homem alto e forte que me segura com força, até que ele
diz.

— Polyana eu vim te ajudar, a Laura me mandou aqui, eu não vou te


machucar.

— Quem é você? Como sabe da Laura? Me solta seu desgraçado filho


da puta, se você machucar minha irmã eu te...

— Pode parar sua cabrita fujona, sua irmã está preocupada com você,
ela é minha amiga e eu me chamo Trevor Ludker, preciso que confie em
mim.

— Quem me garante que não é mentira?

Já estamos do lado de fora da casa, tem muita neve e eu sinto o frio


me cortar a espinha, ele para, me coloca no chão e disca um número no
celular entregando para mim.

Quando ouço a voz da minha irmã não consigo conter o choro,


falamos um pouco e sei que devo confiar nele. Laura jamais se envolveria
com qualquer pessoa de má índole, minha irmã é a melhor pessoa que eu
conheço e agora deve estar me odiando.

Tem muitos policias e muitas pessoas no lado de fora, Trevor tira o


casaco e me veste, sou informada que terei que prestar depoimento e fazer
alguns exames. Constrangida, humilhada e exposta, foi como me senti na
delegacia, não soltei a mão do Trevor por nada, minto, apenas para o exame
físico que foi horrível.

Enquanto eu contava o que fizeram comigo percebo Trevor se


retorcer na cadeira e tentar soltar minha mão, ele faz sinal para sair da sala,
mas eu seguro ainda mais forte sua mão, não sei por que me sinto segura com
ele.

Quando chegamos ao hotel ele me faz comer um pouco, tomo banho e


ele compra roupas para mim, tento dormir, mas tenho muitos pesadelos.
Trevor bate na porta segurando um colchão e cobertas, acho que ele me ouviu
chorar.
— Posso dormir no chão se for melhor para você.

— Por favor!

Arrumamos o colchão e ele dorme segurando minha mão. Os outros


dias seguem assim, falo com Laura e resolvemos pendências com a justiça.
No sábado embarcamos para casa, Trevor tem sido um amigo incrível, não
tenho do que reclamar, mesmo sendo homem, não o vejo como uma ameaça.

O dia foi cheio de novidades, desde o novo endereço da minha irmã,


que, diga-se de passagem, é surreal. O projeto de relacionamento dela com o
tal do Rudy, que por sinal, eu não fui com a cara dele. O novo membro da
família que está na barriga da minha mana... E a forma como ele foi parar lá
dentro da barriga dela... Ou melhor, o acordo dele para fazer esse bebezinho.

Claro que tenho uma parcela de culpa nisso tudo, se eu não estivesse
fugido Laura nunca aceitaria isso, mas além de querer me ajudar eu sei que
ela está caidinha por ele. Os olhares e a forma de falar não escondem que ali
tem um amor, só não sei se isso existe da parte dele também.

No domingo, todos queriam me tirar de casa, eu me sinto em pânico


só de pensar em sair de casa, nem mesmo do quarto que Laura montou para
mim e eu amei tudo nele, é lindo. Ninguém fala nada sobre o que aconteceu
comigo, isso me deixa muito feliz. Quando os rapazes vão embora, eu faço
Trevor prometer que voltará.

Sento com minha irmã e conto tudo que houve comigo, choro imploro
seu perdão e ficamos um bom tempo abraçadas. Minha irmã é uma pessoa
incrível e sei que esse bebê não poderia ter mãe melhor.

Ela insiste que eu estude e que faça acompanhamento com um


psicólogo, no começo não quero nada disso, mas ela me convence. Vou
primeiro a uma consulta com a psicóloga que Trevor me indicou e depois
penso sobre o que quero estudar.

A semana passa como um borrão, tudo que eu faço é dormir, não


aceito nem acompanhar Laura nas caminhas diárias no parque. Sinto-me
fraca e cansada, não quero ver ninguém, parece que vou acordar e estarei
naquele lugar outra vez.

POR TREVOR

Estou muito preocupado com a Polyana, ela está se excluindo do


mundo, não aceita fazer nada que seja fora de casa, não fica bem na presença
de homens estranhos e não tolera o escuro. Laura me ligou dizendo que ela
tem muitos pesadelos e chora com frequência, recomendei uma psicóloga,
que é minha amiga e hoje vou buscá-la para irmos a primeira consulta.

Cancelei alguns clientes para acompanhar Polyana. Eu sugeri que a


consulta fosse depois das 18 horas, mas ela não aceitou, prefere estar em casa
antes do anoitecer. Marcamos para 13 horas.

Depois de duas horas na sala de espera, Polyana sai do consultório e


vamos para o apartamento da sua irmã.

— Como foi? — Pergunto quando entramos no carro.

— Foi... Bom, eu acho. Foi bom falar.

— Acha que pode continuar? Se quiser podemos procurar outro


profissional.
— Eu gostei da Carol, ela foi muito legal.

— Legal? — Às vezes me esqueço de que ela ainda é uma


adolescente.

— É! Depois da consulta ela conversou de forma mais informal


comigo e gostei muito dela.

Conheci a Carol quando ela foi fazer um teste psicotécnico com meus
funcionários, ela é bastante profissional e muito linda. Confesso que tivemos
um breve caso de poucas semanas, não me julguem eu era solteiro... Ou
melhor, eu sou solteiro. Carol é morena clara com os cabelos lisos até um
pouco abaixo do ombro e tem um corpo cheio de curvas e eu me aventurei
muito nessas curvas, mas ela voltou com o ex noivo e nós paramos de ficar.

— E o que ela te contou? — Rabo preso é foda.

— Nada demais, apenas falamos sobre possíveis cursos que eu me


identificaria, ela me deu boas ideias, vou pesquisar.

— Quais são suas pretensões? — Olho para ela de lado enquanto


dirijo.

— Algo como arquitetura ou engenharia civil. — Eu não poderia


estar mais surpreso.

— É sério? Eu imaginei moda ou publicidade... Sei lá.

— Você me ajuda a achar uma faculdade? Não quero andar sozinha e


a Laura está grávida não quero preocupá-la com isso.

— Claro que ajudo Poly, mas tem uma condição. — Ela me olha sem
jeito.
— Amanhã é sábado e eu quero te levar para jantar. Prometo de
deixar em casa antes das onze.

— Não poderia ser um almoço? Eu não me sinto pronta para sair à


noite. — Essa carinha derrubaria impérios.

— Pode, mas vai ter que passar à tarde comigo. Vamos ao teatro e
depois lanchamos ao entardecer um cachorro quente no Central Park e eu te
levo para casa.

— Se eu estiver em casa com o sol eu aceito.

— Ótimo, eu te pego amanhã ao meio dia.

Deixo Polyana na portaria do prédio e espero que ela entre, volto para
o meu escritório para me organizar para amanhã.
CAPÍTULO QUINZE

POR RUDY

A semana passou arrastada, Laura achou melhor que eu não dormisse


lá, ela acha que a irmã pode se sentir desconfortável com a presença
constante de um homem. Fui visita-la três vezes essa semana, mas não foi o
suficiente para mim. Namoramos um pouco, trocamos caricias mais quentes,
mas nada além disso. Três dias indo de pau duro e cueca melada para casa.

A gravidez segue às mil maravilhas, Laura não está enjoando e


reclama apenas de sentir muito sono. Ainda não dá para perceber a
barriguinha, mas os mamilos estão muito sensíveis, não só os mamilos,
também a libido está a todo vapor.

Definitivamente Polyana não gosta de mim, o jeito que ela me olha


não esconde sua opinião a meu respeito, estamos empatados porque eu
também não vou muito com a cara dela. Uma pessoa que rouba a própria
irmã não pode ser muito confiável. Laura insiste que ela é muito nova e
inconsequente, eu acho que o nome disso é falta de caráter.

Trevor está de quatro pela garota, ele desconversa e tenta disfarçar os


olhares que dá em direção a ela, coitado do meu amigo, um cara de quarenta
anos, tentando acompanhar uma ninfetinha de dezoito... Vai virar chifrudo
logo. Se bem, que tenho trinta e cinco, não estou tão novo assim e Laura
ainda tem vinte, será que ela vai me trair também?

Meu telefone toca e meu humor já muda completamente, ela tem esse poder
sobre mim.
— Olá minha linda!

— Oi! Estou com muita saudade.

— Eu também, morrendo de saudade de ficar sozinho com você. —


Falo me esticando na cama, olho para o relógio: 12:00.

— Estou sozinha. — Isso é música para meus ouvidos.

— Onde está a pentelha? — Tomara que tenha virado fumaça.

— Para de chamar minha irmã de pentelha, Rudy. Ela tem nome e vai
ser tia do nosso filho.

— Tá bom... Onde está a futura má influência do meu nosso filho?

— Para o seu governo, ela foi almoçar com o Trevor e vão passar a
tarde fora.

— Chego aí em vinte minutos. — Desligo e corro para o chuveiro,


estou morrendo de saudade da Laura, quero me acabar dentro dela.

Tomo um banho rápido, visto a primeira roupa que encontro e corro


para o apartamento dela. Como não tenho mais as chaves, graças à chegada
de Polyana, toco a campainha e espero. Laura abre a porta vestida em um
hobby preto de seda com os mamilos protuberantes.

— O que tem por baixo desse robe? — Pergunto antes de beijá-la e


chutar a porta.

— Nadinha.

Pego minha linda no colo e vamos para o quarto, uma semana sem tê-
la em meus braços me deixou em crise de abstinência, não sei de onde vem
essa fome, essa dependência. Deixando-me completamente surpreso, Laura
me joga na cama e eu caio deitado de barriga para cima com os cotovelos
apoiados no colchão. Os olhos dela brilham com um desejo que eu ainda não
tinha visto nela.

— Quero fazer uma coisa que eu vi na televisão.

— Sou todo seu, minha linda. — Estico-me e cruzo os braços atrás da


cabeça.

— Qualquer coisa mesmo? — O que será que ela está querendo?

Em resposta dou apenas um sorriso, ela abre o robe lentamente que


cai aos seus pés, está completamente nua. A gravidez está transformando seu
corpo aos poucos, seus seios estão mais pesados e redondos, os mamilos
começam a escurecer. Laura sobe na cama e fica de pé em cima do colchão
na minha frente com as pernas abertas, escorrego meu corpo ficando quase
deitado, com dois passos ela está sobre minha cabeça, com as mãos na
parede.

— Vá em frente, senta na minha cara. É isso que quer fazer não é?

— É!

Inclino a cabeça para trás e abro a boca, Laura se abaixa e senta


literalmente em meu rosto, somente meus olhos ficam fora do seu sexo,
coloco minha língua toda dentro dela, meu nariz pressiona seu clitóris. Aos
poucos seus quadris ganham vida, seu rebolado se intensifica, os gemidos
estão me deixando doido, a coloco de quatro e meto até meu pau derreter.

— Ah Rudy! Isso é maravilhoso. — A frase sai como um sussurro.


Quase não respiro, meu rosto está todo tomado por ela, seu sabor
inunda minha boca e me entorpece quando goza gemendo e segurando os
seios.

Passamos a tarde fazendo amor de forma lenta e delicada, tentando


matar a saudade de uma semana separados. Tem alguma coisa nela que me
completa, alguma coisa que não tem em mim, mas faz muita falta.

— Já anoiteceu e eles ainda não voltaram. — Laura observa o


Central Park pela janela do quarto.

— Tenho certeza que Trevor está cuidando muito bem da cabritinha


dele. — Putz! Arrependo-me de ter falado isso.

— Ah, pode começar a falar senhor Rudy Scheideger. O que você


sabe, que eu não sei?

— Trevor está apaixonado pela Polyana, me ligou a semana toda, está


em crise de meia idade. Como ele gosta dela e acha que ela não se
interessaria por ele, decidiu que vai cuidar dela, ajudá-la a se recuperar, essas
coisas.

— Não acredito nisso... Você não acha que ele pode se aproveitar do
estado emocional da Polyana? Ele pode estar querendo apenas se divertir. —
Entendo sua preocupação.

— Eu conheço o Trevor há muitos anos, posso te garantir que ele não


usa ninguém. Ele sempre foi piranheiro, mas não é mau caráter. Conversamos
muito essa semana e é palpável a paixão dele pela cabritinha.

— De onde você tirou isso Rudy? Eu hein... Cabritinha? — Agora


Trevor vai me matar.

— Amor, vamos parar de perder tempo com a vida deles. Vamos


cuidar da nossa? Você já ligou para a decoradora para fazer o quarto do nosso
bebê?

— Acho melhor esperar até saber o sexo.

— Claro você tem razão. Se não tiver problema eu gostaria de


participar da escolha das coisas.

— Achei que isso fazia parte do contrato. — Ela fala debochada.

— Já estamos fora das regras do contrato há muito tempo, nós temos


mais do que isso Laura.

— Então porque ainda existe um contrato?

— Isso é indiscutível Laura, não vou cancelar o contrato. — Falo de


forma ríspida.

— Eu só quero um motivo Rudy, quero que você me explique por que


não podemos ter uma vida normal? — Ela já está visivelmente alterada.

Não me lembro de como chegamos nesse estágio da conversa, eu


estou nervoso com o assunto, ela está elevando a voz e sei que não vamos
chegar a lugar nenhum. O problema é que essa discussão só me mostra que
meu pai não está tão errado assim.

— Acho que já está na minha hora, isso não vai nos levar a lugar
nenhum Laura. Se coloque no meu lugar e pense em como se protegeria neste
tipo de situação. Eu sou um homem muito rico e influente, não posso estar
vulnerável a qualquer pessoa.
— Agora eu sou qualquer pessoa. — Laura me olha magoada, isso só
piora.

— Eu tenho muito a perder, preciso me proteger de alguma forma,


infelizmente eu não conheço você e ter aceitado o nosso acordo abre um
leque de possibilidades ruins a seu respeito. Talvez com o tempo... — Ela me
interrompe com uma risada irônica.

— Foi você que veio atrás de mim Rudy, me cercou de todas as


formas, até mesmo usar o desaparecimento da minha irmã você usou. —
Laura grita ofendida.

— Sim, eu te procurei, mas você aceitou e aceitou bem rápido por


sinal. Isso tudo pesa na minha avaliação. — Tento me explicar, mas também
estou nervoso e grito a resposta.

— Para mim chega! Eu não sou sua puta, que você usa quando bem
quer. — Meu sangue ferve quando ela coloca o dedo na minha cara e grita.

Não sei o que deu em mim, falei sem pensar e na verdade não é o que
eu penso... Ou talvez seja, mas não quero admitir. Tudo que sei é que
preferiria ter engolido a língua antes de proferir a minha resposta.

— E o que te diferencia de uma? Vendeu-me o corpo da mesma


forma.

Em uma fração de segundos os dedos delas estalam no meu rosto com


toda força que ela tem, minha face queima, mas meu peito se consome em
brasa sabendo que fui longe demais. A porta é aberta, Polyana entra
sorridente com Trevor logo atrás que está com um sorriso de gato que comeu
o canário, isso logo muda quando eles percebem que a situação não está nada
boa.
— O que está acontecendo? — Polyana pergunta para a irmã.

— Nada mana, o Sr. Scheideger já está de saída. Boa noite Trevor! Eu


vou me deitar, estou com dor de cabeça. — Ela está segurando as lágrimas,
caminha para o corredor e eu passo pelo meu amigo sem ter coragem de
olhá-lo nos olhos. Sinto-me um lixo.
CAPÍTULO DEZESSEIS

“Nada como um dia após o outro.”

Polyana consegue contornar o seu trauma com as idas frequentes a


sua psicóloga, a rotina da faculdade preenche espaços escuros em sua cabeça
a fazendo voltar a ser a jovem alegre e cheia de vida que foi antes de todo
mal que passou.

Os laços com Trevor estão mais fortes, todos os dias ele busca sua
Cabritinha na faculdade e a leva para almoçar, exceto nas quartas-feiras, dia
que ela estuda em tempo integral e come no restaurante da faculdade com
seus amigos de curso. Trevor nunca está com um bom humor nestes dias, a
possibilidade de outro homem tentar se aproximar daquilo que lhe pertence
deixa-o intragável.

Trevor abriu seu coração e finalmente consegui o primeiro beijo e


depois o segundo, o terceiro... E assim foi conquistando sua confiança e seu
amor dia após dia.

Laura amarga à humilhação sofrida dias antes e divide-se entre


chorar e dormir, mas com o apoio da irmã e do inesperado cunhado, dá a
volta por cima e decide que vai ser feliz com a família que conquistou. Os
dias, semanas e meses passam e ela segue em frente ao lado de Polyana,
Trevor e do bebê que ela já ama mais do que a própria vida.

Depois da tórrida briga com Laura e de sair sem rumo pela noite de
Nova Iorque, Rudy não é capaz de se redimir, falta-lhe maturidade para
enfrentar as imposições do pai contra a mulher que ama, nem mesmo é capaz
de admitir que a ama.

Por semanas ele se mantém totalmente afastado do apartamento de


Laura, não ligou, não tentou de nenhuma forma entrar em contato, seu amigo
se tornou seus olhos e assim ele sabia que ela estava bem... Triste, mas bem.

Não demorou muito até não consegui mais ficar longe, passou a
acompanhar em segredo suas caminhadas no parque, as idas ao pilates e tudo
mais que podia apenas para vê-la de longe. O desejo de aproximar-se e pedir
perdão pelo grave erro cometido era massacrante, mas a vergonha e o orgulho
eram maiores.

Alguns meses se passaram até que foi avisado pela médica sobre a
consulta de acompanhamento que aconteceria na tarde de quarta-feira, hoje
talvez soubessem o sexo do bebê. Rudy cancelou seus compromissos para
comparecer, mesmo sem comunicar isso a Laura, com medo da sua reação.

— Porque cancelou a reunião com a equipe de publicidade? — Leonel


questiona, entrando na sala do filho sem nenhum aviso.

— Laura terá uma consulta e quero estar presente. — Ele responde


recolhendo suas coisas da mesa.

— Você faz mais diferença aqui do que lá Rudy. Já mandei manter


distância dessa mulher, ela vai ser sua ruina. — Esbraveja Leonel.

— A minha ruina está sendo ficar longe dela, pai.

— Você vai se sentar na sua cadeira e fazer o seu trabalho. Maldita


hora que não optamos por uma barriga de aluguel ou uma puta qualquer, essa
vadiazinha é bem mais esperta do que eu pensei. Quero você longe dela até a
criança nascer, depois tomamos a guarda e dou um jeito de deportá-la para o
buraco de onde ela saiu.
— Olha lá como fala meu pai, ela é a mulher mais digna que já
conheci e ninguém vai afastá-la do nosso filho. — Rudy responde o pai, mas
não eleva a voz ou se exalta.

— Nosso filho? Que lindo... Isso são negócios Rudy. Você não sabe o
que é ter uma criança em casa, não sabe como elas atrapalham toda a vida do
casal e mudam tudo a sua volta. O único motivo de essa criança existir é para
continuar o nome e o império da nossa família.

— Então eu atrapalhei a sua vida? — Pergunta incrédulo.

— Eu tinha uma esposa linda, um corpo quente para onde voltar


depois do trabalho. Sabe o que aconteceu quando sua mãe engravidou?... Ela
não foi capaz de se alimentar, não podia ficar sozinha, passou meses
internada correndo risco de morte e não aceitou a recomendação médica de
tirar o problema, você.

Leonel anda pela sala com as mãos nos bolsos, caminha em círculos
relembrando o período mais difícil da sua vida.

— É isso que as mulheres fazem, elas nunca escolhem o marido. Ela


preferia morrer a tirar você de dentro dela, mesmo matando-a aos poucos. No
dia do parto tudo que eu queria era que acabasse logo, que terminasse o meu
tormento.

Rudy observa o pai caminhar até o bar no canto da sala e encher um


copo de uísque, bebendo-o em um só gole.

— O parto só não foi mais trágico porque sua mãe sobreviveu, porém,
não sem danos graves. Ela teve que fazer a retirada de todo o sistema
reprodutivo, útero, ovários e trompas. Nunca mais poderia ter filhos e nunca
mais foi à mesma.
— O que quer dizer?

— Ela passou a rejeitar-me, quando aceitava era por obrigação e eu


sabia que era doloroso para ela, não tinha mais libido e sua saúde já não era a
mesma. Em contra partida eu tive várias amantes, cada uma que era
descoberta abria um abismo ainda maior entre nós. Acredite, mantenha
distância dessa mulher, ela sempre vai escolher a criança.

— Eu também. — Com isso ele sai às pressas para a consulta.

Não querendo perder tempo estacionando ele vai de taxi, chega alguns
minutos atrasado e é informado que Laura já está na sala como a médica e é
autorizado a entrar pela recepcionista. Dá duas batidas na porta e abre.

— Desculpe o atraso, eu tive uma reunião de última hora.

— O que faz aqui? — Laura pergunta quando ele se senta ao seu


lado.

— Eu sou o pai, quero saber se teremos uma bonequinha ou um


garotão. — Ele fala tocando seu ventre já protuberante.

— Papai e mamãe! Vamos voltar à consulta? — Repreende a


obstetra, voltando ao objetivo real.

Durante meia hora eles participam da consulta, ouvem recomendações


e pedidos para exames. Depois disso Laura se troca e se deita para realizar o
tão esperado exame.

— Vocês estão de parabéns. Tudo corre na mais perfeita ordem com o


bebê. Está com aproximadamente 270g e 17 cm, tudo compatível com suas
20 semanas de gestação.

— Já?! — Rudy se espanta ao perceber que a gestação está na


metade.

— Eu gostaria de saber o sexo. — Laura diz ignorando totalmente a


manifestação dele.

— Vejamos aqui... — Todos estão apreensivos olhando para a tela,


sem que percebam suas mãos já estão entrelaçadas e os olhos focados no
monitor.

— Parabéns! Vocês serão pais de uma mocinha.

Laura sorri alegre com a notícia e olha de soslaio para Rudy com
medo de encontrar decepção nos seus olhos, mas o que ela vê é
completamente o oposto. Rudy sorri de orelha a orelha, seus olhos estão
brilhantes e quando ele pisca várias vezes fica claro que está afastando as
lágrimas. Olhando-a com carinho ele beija seu cabelo e diz:

— Muito obrigado! Espero que ela puxe a você... Perfeita.


CAPÍTULO DEZESSETE

Era uma vez um sapo...

POR RUDY

— Eu posso subir? — Pergunto descendo do carro estacionado na


rua.

— Acho melhor não.

Laura sai do carro e caminha em direção à entrada do prédio, mesmo


grávida percebo alguns homens com olhares de desejo para cima dela. Bato a
porta e corro para alcançá-la, quando seguro seu braço ela se assusta.

— Por favor, me deixa subir com você, eu só quero conversar sobre a


nossa filha. — Digo isso colocando a mão em seu ventre fazendo-a
amolecer.

— Eu não quero brigar Rudy, estou muito feliz para isso.

— Eu também estou muito feliz, já imagino uma bonequinha loira em


meu ombro. Eu vim em paz. — Ela abre um sorriso lindo, entra e deixa o
portão aberto para mim.

Chegamos ao apartamento e ela vai tomar um banho deixando-me na


sala, só de imaginá-la sob a água já fico duro, a saudade está me consumindo.
Sem demora ela retorna e nos sentamos no sofá, ela em um e eu em outro a
sua frente.
— Já pensou em algum nome para nossa filha? — Puxo assunto.

— Não. No contrato dizia que você escolherá o nome do seu herdeiro.


— Seus olhos me desafiam.

— Tem algum nome que você pensou para o nosso bebê. — Finjo
não perceber a patada que levei.

— Se fosse menino eu gostaria de colocar Arthur, menina eu sempre


imaginei como Valentina.

Levanto-me rapidamente e paro de joelhos a sua frente, acaricio sua


barriga com as duas mãos e beijo em adoração ao milagre que está diante dos
meus olhos, a barriga já está protuberante. Laura olha-me espantada, percebo
que segura à respiração.

— Papai te ama muito Valentina. Estou louco para ter você em meus
baços. —Termino beijando sua barriga.

Quando nossos olhos se encontram ela está chorando silenciosamente,


limpo suas lágrimas com o polegar e deito minha cabeça em seus joelhos,
sinto tanta falta de estar com ela, não digo apenas de sexo, mas sim de ficar
junto com ela, de ser amado e amá-la de volta.

— Queria poder apagar tudo que te fiz e começar as coisas da forma


certa, sem mágoas do passado ou dúvidas entre nós dois, mas sei que nada
vai apagar minhas palavras do seu coração.

— Porque não diz isso me olhando nos olhos?

— Vergonha. Nunca me senti tão pequeno na vida, preciso do seu


perdão.

— É muito tarde para me pedir perdão Rudy, meses se passaram e


nem ao menos um telefonema eu recebi. Cansei de estar à sua espera, agora
eu só quero viver com minha família e ser feliz.

— Eu faço parte desta família. — Digo ainda com a cabeça em seu


colo.

— Não, não há mais espaço para você na minha vida Rudy. Por favor,
vá embora e só volte quando for homem o suficiente para assumir as rédeas
de sua vida. — Dito isso ela se levanta e sai me deixando no chão bebendo a
imagem do lindo balançar dos seus quadris mais largos com a gravidez.

Nem que eu viva cem anos vou esquecer o compasso do coração da


minha filha batendo dentro da barriga da Laura. A imagem dos seus traços na
tela da ultrassonografia e o sorriso lindo e real da mulher mais linda que já vi
na vida. Vamos ter uma linda menina, tenho certeza que será bela como a
mãe, na verdade rezo para que seja perfeita como a mãe doce, correta e
amorosa.

Ainda não contei aos meus pais sobre o sexo do bebê, desde que fui
expulso do apartamento da Laura, estou no meu sofá olhando para o teto e
buscando alguma forma de consertar meus múltiplos erros. As palavras do
meu pai não saem da minha cabeça, ele sugeriu que Laura abortasse o bebê
caso fosse uma menina e não seu tão almejado herdeiro. Jamais vou permitir
isso.

(...)

Chego à casa dos meus pais, já se passam das oito da noite, sou
avisado pela empregada que eles estão me esperando no jardim.
— Meu filho, que saudade de você! Onde está Laura? — Minha mãe
pergunta entre beijos e abraços.

— Está em casa mãe, não estamos muito bem por esses dias.

— Esses dias? Há meses você inventa as mais ridículas desculpas


para sua ausência, espero que saiba o que está perdendo.

— Cora! — Meu pai adverte.

— Boa noite meu pai, eu vim informá-los que já sabemos o sexo do


bebê.

— Que maravilha, diga logo. — Mamãe está eufórica, tomo um sopro


de coragem e digo olhando para meu pai.

— É uma princesinha e vai se chamar Valentina.

Assim que as palavras deixam a minha boca um barulho de vidro se


quebrando enche o ambiente, meu pai arremessou o copo de uísque na
parede, olha-me com um ódio mortal e esfrega as mãos no cabelo.

— Maldição! Mande que tire essa criança, nunca que meu patrimônio
será guiado por uma mulher, essa criança não nascerá. — Nesse momento um
instinto de proteção cresce em mim como cascata.

— Que espécie de ser humano é você? É minha filha, jamais vou


aceitar essa ideia absurda.

— Leonel como pode dizer isso. — Minha mãe intercede.

— Como pude criar um homem tão fraco como você Rudy? Nem
mesmo um filho você sabe fazer.

— Pergunto-me como pude viver com você tantos anos e não


enxergar o monstro que é. Minha filha vai nascer, vai ser muito amada por
mim e pela mãe dela, vou reconquistar a Laura e vamos ser a família que eu
nunca tive. Você ainda vai implorar para vê-la, mas eu não vou permitir que
coloque os olhos sobre ela.

Saio da casa dos meus pais, completamente atordoado, nunca senti


tanta raiva na vida. Ouvi-lo decretar a morte da minha filha deixou-me
completamente atordoado. Como nunca percebi a maldade imperando dentro
da minha própria casa?

Depois de dirigir sem destino, por não sei quanto tempo, paro em
frente da casa do Trevor e mando uma mensagem pedindo para liberar a
minha entrada. Logo sou autorizado a subir, devo estar com uma cara
péssima, pois ele me deu um abraço, que se fosse em outro dia eu o acharia
bem gay.

— Não deve ser boa coisa para você chegar aqui as duas da
madrugada. — Nem me atentei a hora.

Conto a meu amigo, tudo que aconteceu desde que cheguei ao


consultório, Trevor fica horrorizado com o que meu pai sugeriu. Sugeriu?
Ordenou, na verdade, mas ele não ordena nada em minha vida, não mais.

Bebemos um pouco e ouço meu amigo desabafar sobre o dobrado que


está cortando com sua cabritinha, o coitado quase morre de ciúmes da
Polyana, vive arrancando os cabelos com pensamentos dela cedendo às
investidas dos demais universitários. Não queria estar em seu lugar.

— Já pensou que essa relação pode não ir à frente? Vocês são muito
diferentes cara.

— Isso não é uma opção, eu sou louco por ela, cada dia mais louco e
agora...

— Agora?

— Ela é minha. Entregou-se a mim e estou completamente insano


com isso, só de imaginar um homem tocando até mesmo em sua mão, já
quero incendiá-lo.

— Uau! Nunca te vi tão cruel. — Caiu na gargalhada e ele joga uma


almofada em mim.

— Coloquei dois dos meus homens seguindo-a. — Ele confessa


olhando para o chão, nitidamente envergonhado do próprio ato.

— Acha que ela está te traindo?

— Claro que não! Mas gosto de saber dos seus passos e se tem
alguém desejando o que é meu. Levei muito tempo para tê-la e não vou
suportar perdê-la. Do que está rindo Rudy.

— Ela é tão pequena e delicada. Fico me perguntando como você


conseguiu caber dentro dela. — Já rolou algumas vezes de nós dois
dividirmos mulheres, em uma transa a três. Eu sou bem dotado, mas o Trevor
é fora do normal. Caio na gargalhada e ele me olha puto com a brincadeira.

— Rudy você é mesmo um imbecil. Claro que cabe, com um pouco


de trabalho... Mas cabe muito bem.

Quando dou por mim já esta amanhecendo e ainda estamos chorando


nossas pitangas como duas vizinhas de porta, ele entende o meu lado e me dá
muitos conselhos. Diz-me quando estou errado, no caso agora estou muito
errado. Eu também entendo seu ponto e abro seus olhos para os exageros que
comete com a Cabritinha dele, por mais que eu a ache intragável.
Trevor prometeu me ajudar com a Laura, chegou a hora de recuperar
minha mulher e lutar pela minha família. Enfrentar meu pai e como ela
mesma me disse: Virar um homem de verdade.

POR LEONEL

No meu tempo uma mulher só se dirigia ao marido se ele permitisse,


um filho perdia todos os dentes da boca se levantasse a voz para o pai, hoje
em dia tudo está de cabeça para baixo. Lutei a vida toda para chegar onde
estou hoje, sempre pensei em deixar minha empresa para meu filho e que ele
deixasse para o seu filho, agora me vem essa de ter uma menina. Devia ter
tirado essa peste logo no início.

Já posso ver meu filho comendo na mão da maldita brasileira. Em


pouco tempo ele estará completamente enredado nos encantos dessa
mulherzinha e vai perder o foco dos negócios, vai se tornar fraco e
desrespeitado.

Desde que Rudy nasceu sempre foi muito mimado pela mãe, logo
soube que era fraco e precisava de pulso firme, eduquei-o de forma enérgica e
retilínea, sempre deixando claro que as mulheres só servem para o prazer e
são dispensáveis. Ele mesmo viu como uma mulher se torna fácil quando
sabe quem somos, com o tempo no mundo dos negócios pude presenciar as
coisas mais sujas que se pode imaginar, executivos casados com belas
modelos que barganham uma noite com suas esposas por uma assinatura em
algum contrato milionário, mulheres que fazem qualquer coisa por uma joia
ou uma simples ligação para algum amigo dono de revista.

Eu sabia que uma mulher que aceitasse o contrato que fizemos não
poderia valer grande coisa, mas foi um mal necessário, precisava resguardar
meu patrimônio e assim que a criança nascesse eu usaria toda a minha
influência para tomá-la. O idiota do meu filho tinha que cair de quatro pela
vadia e estragar um plano já perfeito.

Se ele quer brincar de casinha, que seja sem o meu dinheiro... Vamos
ver quanto tempo dura esse amor.
CAPÍTULO DEZOITO

POR LAURA

Não foi nada fácil expulsá-lo, quanto mais depois da cena dele
conversando com a nossa filha, ele a chamou pelo nome, nome esse que eu
escolhi.

Estou muito confusa, uma hora ele me chama de puta e na outra me


trata como uma princesa, uma hora desconfia e me renega qualquer cota em
relação ao nosso bebê e na outra me deixa escolher o nome e quer participar
da decoração do quarto. A palavra confusa é um grande eufemismo... Eu
estou completamente perdida.

Foram meses sem nenhum contato, Trevor me dizia que ele nunca me
abandonou e que sempre fazia um interrogatório sobre mim. Um dia quando
voltava da nutricionista tive a impressão de vê-lo, mas achei que fosse coisa
de mulher apaixonada.

Sim, sou irremediavelmente apaixonada por aquele asno, mesmo com


tudo que ele me fez passar e tudo que ele me disse, ainda sou completamente
apaixonada por ele. Meu corpo está morrendo de saudade do seu toque,
minha alma implora pela sua presença, sinto muita falta de conversar ou
simplesmente ficar perto.

Na quinta-feira pela manhã sou presenteada por uma cesta de café da


manhã com tudo que brasileiro gosta. Na parte da tarde um entregador deixa
uma caixa de chocolates suíços e outra com cajuzinho, nem acredito que ele
lembrou que são meus favoritos. Na sexta-feira recebo flores a cada duas
horas, não sei mais onde colocar tantos arranjos. Por fim às 20 horas recebo
uma caixa negra com um laço vermelho sangue. Polyana grita da porta que é
entrega para mim, dispensa o entregador e corre colocando a caixa sobre a
mesinha de centro.

— Abra, abra. Já estou louca de curiosidade.

— Não foi você que disse para eu não me dobrar por presentes e
rosas?

— Sim, eu disse mana, mas minha curiosidade é infinitamente maior.


— Ela fala enquanto bate palmas, é mesmo uma menina.

Abro a caixa que tem o interior vermelho como o laço e encontro


dentro dela um vestido preto com bordados em dourado, mangas ¾, parece-
me um pouco curto, deve chegar até a metade das coxas e tem um trabalhado
na região da barriga onde com certeza acomodará meu ventre destacado.
Também encontro sapatos pretos lindíssimos e uma bolsinha de mão dourada.

No fundo da caixa tem um bilhete escrito a mão.

Minha linda,

Comprei este vestido pensando em você, sei que


ficará exuberante. Aceite jantar comigo amanhã,
tenho muito a dizer.

Apaixonadamente seu,

Rudy

Sério que o homem que me chamou de puta está se dizendo


apaixonado por mim? Mas vai pastar muito ainda esse asno. Mando minha
resposta por sms.
POR RUDY

Tomei a decisão mais sábia da minha vida, vou reconquistar a minha


linda grávida, sei que não vai ser nada fácil, afinal ela está muito magoada e
com toda a razão, mas eu não vou desistir. Meu pai será um grande problema,
sei que ele não aceitará meu relacionamento com a Laura e dificilmente
aceitará a Valentina como neta.

Valentina... Tem como não se apaixonar? Ela vai ser linda e sei que
vai ser igual à mãe, amorosa, dedicada e belíssima.

Chego ao escritório na quinta-feira bem cedo, não quero dar motivos


para novos desentendimentos com meu pai, já que ele não pode aceitar meu
novo modo de vida, que ele fique no canto dele e eu no meu. Assim que abro
a porta sou surpreendido pelo Sr. Leonel sentado em minha mesa com dois
envelopes.

— Bom dia meu pai! A que devo a honra da sua visita tão cedo? —
Falo tranquilamente, deixando minha pasta na poltrona.

— Não há honra nenhuma, você não sabe o significado desta palavra.


Estou aqui para te apresentar dois caminhos e você escolhe qual quer seguir.

— Estou ouvindo. — Digo já na defensiva.

Sei que coisa boa não vem desta conversa. Ele entrega-me os
envelopes e eu os abro simultaneamente, em um, tem o contrato que fiz a
Laura assinar e estava no meu cofre. Eu não encaminhei para o jurídico como
havia dito, guardei comigo sem formalizá-lo. No outro envelope está minha
carta de demissão.
— Como conseguiu pegar esse maldito contrato?

— Essa é minha empresa, tenho acesso a qualquer coisa que esteja


aqui dentro. Agora decida, qual vai ser seu caminho Rudy... Vai formalizar o
contrato e fazer valer tudo que está nele, ou vai assinar a sua demissão e
sumir das minhas vistas?

— Meu Deus! Lembra-se que eu sou seu filho, seu único filho?

— Pra mim você é um fraco que não consegue honrar a palavra e está
de quatro por uma vadia que te deu um chá de boceta. Dê-se por satisfeito,
estou aceitando a menina para agradar a sua mãe.

— Mais respeito quando fala da minha mulher. — Estou


completamente exaltado e ele permanece sentado na minha cadeira como se
nada tivesse acontecido, diz as piores asneiras como se estivesse comentando
do tempo.

— Sua mulher uma ova, se insistir em assumir essa vagabunda eu te


deserdo. Se quiser casar e formar uma família vá procurar alguém com nome,
com classe e que seja do nosso nível e não qualquer putinha de forno e fogão.
Quero sua resposta agora!

Sem pensar duas vezes, retiro a caneta do meu paletó e assino a minha
demissão. Meu pai sai da sala com a pior tromba que eu já vi, mas não antes
de me prometer que iria provar que sem todo o seu dinheiro eu não era
ninguém.

Deixei minha secretária a par de todas as minhas responsabilidades,


recolhi minhas coisas e me despedi de quem era importante para mim.
Mandei muitas flores para minha linda hoje, no caminho para casa, vi um
vestido de gestante lindíssimo e comprei para ela. Junto do vestido mandei
um cartão e espero que ela aceite o meu convite para um jantar romântico que
planejei. Tenho muito a dizer e acho que muito a ouvir. Na sexta-feira mando
entregar o vestido com o bilhete, tenho grandes esperanças que todas as flores
e doces tenham adoçado o seu humor comigo.

Sua resposta chega apenas com um ACEITO por SMS, sei que ela
quer manter distância e talvez até mesmo ferir-me, como eu fiz com ela, mas
eu vou ser paciente e vou fazer tudo certo desta vez.

(...)

Na sexta-feira dedico-me a preparar uma noite inesquecível para


minha grávida linda. Faço as reservas para o jantar, para um musical, que
tenho certeza que ela vai adorar, apesar de não muito romântico eu sei que ela
vai ficar radiante.

Já passam das oito, e eu estou a quase vinte minutos esperando ela


descer, mas quando ela passa pela portaria, sei que valeu a pena minha
espera. Laura está simplesmente deslumbrante, ela tem uma postura de dama,
um ar de mulher que deve ser adorada... Apenas por mim é claro.

— Oi. — Cumprimenta-me de longe. Respeito seu espaço e apenas


beijo sua mão, meu Deus como ela é cheirosa.

— Você está irretocável, cada dia mais perfeita.

— Obrigada, vamos?

No caminho para o restaurante pergunto pela nossa filha, passo a mão


na sua barriga e sinto que ela enrijece ao meu toque, porém, o que veio a
seguir terminou de derrubar todas as barreiras que existiam em mim.

— O que foi isso? — Pergunto assustado, mas ainda com a mão na


sua barriga, ela responde sorrindo.

— Ela chutou você.

— É sério? Ela já faz isso? Como não me contou antes? Meu Deus eu
senti o pezinho ou a mãozinha dela me tocando... Isso foi incrível.

— Eu te contaria se você não tivesse desaparecido. Não tem muito


tempo, começou a uma semana, é bem suave.

— Você tem toda razão, mas isso vai mudar e eu estarei o mais
próximo que você permitir. Caramba!!!! Se eu estou radiante com esse chute,
imagino quando a ver pela primeira vez.

Laura não diz mais nada. Chegamos ao restaurante e fazemos nossos


pedidos, a noite está sendo bem agradável, apesar de receber alguns passa
fora da Laura, ela até está me tratando bem. Terminamos nossos pratos e
pedimos a sobremesa, o jantar termina de forma tranquila e agradável.
Quando vou pagar a conta, o garçom me avisa que teve um problema com o
cartão, sei exatamente qual foi o problema, esse cartão era o da minha conta
corporativa, pego outro cartão e concluo o pagamento.

— Aconteceu alguma coisa com o seu cartão lá dentro? — Laura me


pergunta enquanto colocamos os cintos.

— Nada que valha a pena ser dito hoje, tenho uma surpresa para você,
vamos assistir um musical.

— Oba! Qual musical? — Tão lindo ver os seus olhos brilhando de


animação.
— Surpresa!

Do momento em que ela viu o nome do musical e por toda a


apresentação ela ficou eufórica, foi tudo lindo e muito emocionante, até eu
que não sou a pessoa mais delicada do mundo me envolvi com a história.
Depois de muitas lágrimas, sorrisos, aplausos e suspiros, deixamos o teatro
rumo ao apartamento da Laura e nosso retorno é bem animado. Conversamos
sobre a apresentação e sobre a reação das pessoas a nossa volta já que tinham
muitos turistas.

— Obrigada pela noite Rudy, assistir O Rei Leão, foi de longe minha
melhor experiência em Nova Iorque.

— Achei que tivesse sido o nosso final de semana de lua de mel. —


Finjo-me de ofendido.

— Esse foi no Havaí.

— Verdade. — Depois de um silêncio constrangedor, parados em


frente a seu prédio eu pergunto, como quem não quer nada. — Me convida
para subir?

— Não. A noite foi ótima, mas encerramos por aqui. — Facada.

Chego em casa um pouco frustrado, eu queria passar a noite com ela e


acordar ao seu lado, mas mesmo assim fico feliz por ela me deixar chegar
perto, sei que isso é um sinal positivo e agora preciso garantir que nada
estrague nossa caminhada, nem mesmo meu pai.
CAPITULO DEZENOVE

POR CORA

Casei-me com dezesseis anos, uma criança. Naquela época todos me


diziam que eu tinha tirado a sorte grande, afinal me marido era um dos
homens mais ricos do país. Meus pais nunca foram pobres, sim donos de uma
fábrica têxtil que quando eles morreram foi vendida para investir nos
negócios do meu marido. Casamo-nos com separação total de bens e por isso
ele me pagou com 5% das ações da sua empresa, o que foi
muita “generosidade”, considerando que, essa porcentagem das Industrias
Scheideger vale bem mais do que a antiga fábrica dos meus pais.

Minha mãe fez de tudo para o meu casamento dar certo, eu na


verdade sempre tive muito medo do Leonel. Quando me casei minha mãe me
disse “Seja uma dama na rua e uma puta na cama. Assim terá tudo do seu
homem.” No primeiro ano de casado foi fácil seguir este conselho, mas com a
minha gravidez, com as escapadas descaradas do meu marido, fui tomando
cada dia mais repulsa de me deitar com ele.

Trazer Rudy ao mundo foi a tarefa mais complicada e gratificante que


já tive na vida, passei a me dedicar totalmente a ele, aconteciam tantas coisas
embaixo do meu nariz e fingia nem perceber, tudo que me importava era o
meu filho, perdi várias babás... Se elas eram ruins? Não, eu as pegava
transando com meu marido pela casa. Achavam que eu chorava pelo marido,
mas eu chorava pela babá... Mais uma que se enganava com o idiota que
comia e jogava fora.

Quando passávamos muito tempo sem transar, Leonel me pegava a


força, não digo que ele me batia ou me estuprava, mas ele trabalhava o meu
psicológico de tal forma, que mesmo dizendo que não queria, ele se satisfazia
e depois se virava caindo em sono profundo. No começo eu chorava, com o
passar do tempo eu só esperava que acabasse logo.

Hoje finalmente meu filho está se encaminhando, depois de anos


lutando para agradar e ser visto pelo pai, agora ele achou alguém que vai
fazê-lo enxergar além do estereótipo de esposa troféu. Assim que coloquei
meus olhos em Laura, tive certeza que ela é uma boa moça e seria a carta de
alforria para libertar Rudy da sua escravidão pelo pai. A forma como ele a
olha é apaixonante e desmedida, talvez ele ainda não saiba, mas Laura é a
mulher da sua vida.

Tenho estado longe desta gravidez da Laura, Leonel deixou bem claro
que não quer nenhum vínculo com a mãe da nossa neta, segundo ele, isso vai
facilitar a separação. Coitado, se ele pensa que ela vai deixar a filha, por
dinheiro, eu vejo que ele está muito enganado.

Uma princesa. Em breve teremos uma princesa na nossa família,


estou muito ansiosa para ter um bebê alegrando e iluminando a nossa casa.

POR LAURA

Minha noite foi maravilhosa ao lado do Rudy, mesmo ainda estando


com raiva dele eu o amo e isso não vai mudar. É claro que não quero admitir,
ele vai ter que pastar muito ainda para poder colocar a mão em mim outra
vez.

Acordo com o som da campainha, e ainda são 7:30 da manhã, quem


chega à casa dos outros há essa hora? Pego um robe e corro para a porta.
— B... bom dia, eu acho. — Nossa que coisa idiota de se dizer para
uma visita, quanto mais essa visita.

— Estava dormindo, claro. Esbanjando o meu dinheiro, não precisa


trabalhar. — Nossa que educação. — Vou direto ao assunto, quanto você
quer para voltar para sua terra tupiniquim e deixar minha família em paz? —
Passa por mim falando, cruza os braços na frente do peito e permanece
parado no meio da minha sala.

— Desculpe, mas eu não convidei o senhor para entrar na minha casa.

— Correção mocinha, MINHA CASA. Tudo que você tem aqui, foi
comprado com o meu dinheiro, estou aqui muito generosamente te propondo
um acordo milionário. Nós damos fim a esse erro que você carrega, eu lhe
dou uma fortuna e você some nesse mundo e todos seremos felizes para
sempre. — Estou estática, de boca aberta e ainda perdida na parte do
ERRO.

— Eu não sei o que o senhor pensa de mim, nem me interessa saber,


mas eu não quero o seu dinheiro. Não vou a lugar algum, e, sinceramente,
não sei de que erro está falando. Quanto ao apartamento, como sei que é um
homem de negócios, deve saber que isso foi um acordo consensual, não te
obriguei a pagar por nada, sendo assim... SAIA DA MINHA CASA E
NUNCA MAIS VOLTE. — Não, eu não estou tão forte quanto pareço, estou
tremendo por dentro, mas ele chamou a minha Valentina de erro, me mandou
dar um fim nela e eu vou dar na cara dele se fizer isso novamente.

— Você é muito petulante, sua puta latina. Saiba que está destruindo
a carreira de um executivo brilhante, meu filho só pode estar cego, deixar
tudo que tem, por isso. — Ele aponta para mim com desdém.

— Eu não sei do que você está falando.


— Rudy deixou a empresa, se demitiu por sua causa. Está iludido
com o sonho da família feliz, essa maldita criança e a esposa dos sonhos.
Quando isso virar um pesadelo um vou assistir de camarote, tiro essa criança
de você e mando para um internato na Suíça, bem longe.

Não posso acreditar, ele deixou tudo por mim, por nós duas! Ele
esteve comigo ontem e não usou isso para me impressionar, não sei se estou
emocionada, feliz ou se quebro um abajur na cabeça desse velho desgraçado.

— Vou te dar um conselho. Pegue o seu dinheiro e enfie... onde achar


melhor, suma da minha frente ou vou esquecer que o senhor é um idoso, vou
quebrar alguma coisa na sua cabeça e chamar a polícia por invasão de
domicilio. — À medida que as palavras deixam a minha boca eu olho em
volta, pego uma bola de granito decorativa e arremesso na sua direção, claro
que não foi para acertar e sim assustar, a bola bate em um quadro caríssimo
que fica na parede.

— Santo Deus! Você é louca?

— Não, mas se o senhor mencionar a minha filha outra vez, eu te jogo


uma faca. Vou te mostrar de onde eu vim e o que significa “descer o morro
com a lata d’agua na cabeça”.

— Vamos ver o quanto aquele franguinho aguenta, eu posso ser muito


persuasivo. — Ele diz saindo do meu apartamento soltando fogo pelas
ventas.

— Váááh caçar vagalumes seu crápula.

Depois que o Sr. Leonel deixou a minha casa, fiquei refletindo sobre
tudo que ele me disse, ou melhor, despejou em cima de mim. Só de saber que
Rudy largou o trabalho com o pai, por mim, deixa-me muito feliz, mas ao
mesmo tempo muito preocupada, senti um tom de ameaça em sua última
frase.

Meu sábado foi tranquilo. Almocei no shopping com Polyana e


Trevor, esses dois estão mais grudados que pão com queijo derretido, e o
queijo é ele. Nossa, pensa em um cara grudento... É ele, tá bom... Ele é super,
hiper, megaaaa apaixonado, mas a Poly já está ficando sufocada por ele, e
não sei mais o que pensar.

Hoje Rudy me ligou chamando para ir ao cinema assistir o filme A


Culpa é das Estrelas, chorei até a última gota de água do meu corpo, uma
mulher grávida não pode assistir essas coisas. No final das contas ele já
estava pedindo desculpas por ter escolhido este filme e perguntando se eu não
queria esticar com Hercules. Adivinha... Chorei também.

— Foi maravilhoso passar o dia com vocês duas, espero repetir


muitas vezes. — Com as mãos na minha barriga ele se abaixa e beija
próximo ao meu umbigo.

— Foi sim. Boa noite e dirija com cuidado. — Mas quando ele vai em
direção ao carro eu sinto uma pontinha de tristeza, ele não pediu para subir.

— Rudy! — Grito e ele se vira rapidamente.

— Oi. — Esse sorriso desarma qualquer mulher necessitada.

— Se você quiser subir para... conversar, conversar sobre a decoração


do quarto da Valentina.

Imediatamente ele segura minha mão e entramos no meu prédio, mas


quando estamos no elevador eu me solto do seu aperto, essa proximidade não
é boa, pensa Laura ele tem que pastar bastante, bastante.
— O que esse asno faz aqui? — Polyana e sua língua grande.

— Boa noite para você também Polyana. Ei Trevor. — Rudy


cumprimenta entre os dentes.

— E ai cara? Bom vê-lo aqui outra vez. — Polyana dá uma


cotovelada em Trevor que morde a ponta do seu nariz, melosooooo.

Conversamos os quatro por um longo tempo, Trevor é coagido por


Polyana a ir à uma festa da faculdade. Ficamos eu e Rudy sozinhos falando
dos detalhes do quarto da Valentina e ele comenta que gostaria de tatuar os
pezinhos da nossa filha no peito logo que ela nascesse e isso me deixou
encantada. Enquanto ele toma vinho eu tomo suco de maracujá e assim
adentramos a madrugada entre conversa e gargalhadas dos nossos “causos”
de infância.

Acordo assustada, não sei como vim parar na minha cama. Estou
deitada com a mesma blusa que saí ontem, mas estou apenas de calcinha, o
quarto está bem escuro e o relógio marca 08:45 da manhã.

Já sentada na cama, a visão a frente me corta o coração, Rudy está


dormindo sentado na poltrona que fica ao lado da porta, totalmente vestido e
sem sapatos. Não posso acreditar que ele dormiu sentado nesse lugar
desconfortável se tem tanto espaço na cama... Foco Laura, muito foco, nada
de dormir na cama com ele... Corre o risco de não resistir.

— Rudy, Rudy... RUDYYYY!

— Oi, o que aconteceu? A bolsa estourou? Você está bem amor? —


Ele se levanta todo desorientado.

— Calma, está tudo bem. Da onde você tirou que minha bolsa
estourou homem?
— Andei lendo umas coisas. Bolsas estouram na gravidez, gravidas
tem desejos no meio da noite e bebes choram muito. Já estou preparado. —
Claro que está, preparadíssimo.

Ele se senta na cama e alisa minha barriga, deseja bom dia para
Valentina e ela resolve chutá-lo sem parar, por alguns minutos ficamos
admirando o espetáculo da vida.

— Porque não dormiu na cama? Deve estar todo dolorido.

— Não sou forte o suficiente para não te tocar, preferi ficar longe. —
Seu olhar não desvia do meu e isso me deixa sem graça.

— Você vai se atrasar para o trabalho, hoje é segunda-feira. — Jogo


um verde para ele.

— Está me expulsando?

— Você não vai trabalhar?

— Não. — Responde levantando-se e procurando os sapatos.

— Porque não me contou que deixou a empresa do seu pai por minha
causa? — Rudy me olha assustado, abre e fecha a boca algumas vezes,
gagueja com uma explicação até que solta o ar em desistência.

— Como você soube?

— Responda-me primeiro.

— Eu não quis que isso forçasse a barra, fazendo você se sentir na


obrigação de voltar pra mim.

— Eu nunca fui sua, na verdade eu fui sim... sua puta. — Falo


friamente.
— Pelo amor de Deus, chega de lembrar isso. Eu não penso isso de
você amor... Eu só estava confuso.

— E não está mais confuso. — Meu tom já não é o mesmo.

— NÃO! Agora eu sei exatamente o que eu quero da minha vida. Eu


quero ser feliz, fazer você feliz ao meu lado e criar a nossa filha entre o nosso
amor. — Está bem, derreti aqui, mas ainda é pouco.

— Acha mesmo que essa foto da família feliz vai durar? Como vai
fazer sem seu trabalho ou sem seu pai com seus mandos e desmandos.

— Sou um homem de trinta e cinco anos Laura, não preciso do meu


pai. — Sei!

— Faça-me rir Rudy, você lambe o chão que ele pisa, ele me humilha
e você não se move. Eu não quero um homem assim do meu lado. Quando eu
arranjar alguém...

— Tira essa merda da sua cabeça. — Ele grita nervoso. — Ninguém


Laura, você não vai arrumar ninguém, porque você já tem a mim entendeu?
Sério, eu acho que você gosta de brigar, discutir sei lá. Acordamos bem e
estamos aqui aos berros. — Rudy anda pelo quarto esfregando a cabeça,
para de costas pra mim e se agacha com as mãos no joelho, posso ver as
veias saltando da sua garganta.

— Você tem razão.

— Em qual parte?

— Eu gosto de brigar, dizem que o sexo de reconciliação é o melhor.

Sabe aquela cena de filme, em que o protagonista vira-se em câmera


lenta, com um olhar flamejante? Foi exatamente assim que ele me olhou
quando tomou consciência das minhas palavras.

— Repita.
CAPÍTULO VINTE

POR RUDY

— Repita.

— Eu gosto de brigar... dizem que o sexo de reconciliação, é o


melhor. — Diz a frase lentamente.

Ela retira a blusa, o sutiã e escorrega a calcinha pelas belas pernas.


Fica completamente nua na minha frente, só posso dizer que a gravidez deve
mesmo mexer com a cabeça das mulheres, eu jurava que ela queria me matar
a dois minutos atrás.

Acho que não me preparei para essa visão. Seu corpo está
completamente diferente, seus seios cresceram absurdamente e seu ventre
está perfeitamente arredondado, o quadril está largo e consigo ver o brilho em
sua boceta daqui, ela está excitada pra caralho, e eu, morrendo de medo de
perder o controle.

Nunca transei com uma grávida, sim, nós já transamos antes, mas a
gravidez estava no início e não existia uma barriga enorme entre nós, tenho
medo de machucá-la ou fazer algo errado e prejudicar a Valentina... Ou sei lá,
vai que a minha filha escuta e acha que estou fazendo mal a mãe dela?

— Não me deseja mais? — Há desapontamento em seu olhar.

— Não é isso Laura, mas não sei se consigo fazer isso. — Laura me
olha chocada, pega as roupas e se tranca no banheiro.

O que eu disse de tão errado? Eu simplesmente não sei se consigo


fazer amor com ela depois de tantos meses longe e me controlar para não
machucá-la, não sei se vou ser delicado com elas duas. Eu li que os bebês já
escutam dentro da barriga da mãe e que eles sentem os movimentos.

Valentina vai me odiar, se eu pegar a Laura do jeito que desejo, mas


acho que não foi isso que ela entendeu. Consigo ouvir seu soluço e ela está
chorando.

— Linda o que eu disse de tão grave assim? Por favor, me dá uma luz,
eu não sei o que eu fiz.

— Some daqui seu asno idiota, não é porque estou grávida que não
sou desejável. Saiba você, que recebo várias cantadas na rua, não preciso de
você para me fazer favores. — Ela grita do outro lado da porta.

— Oi? Tá louca mulher, eu não quis dizer isso... Eu apenas tenho


medo de te machucar ou algo assim. Que merda é essa de cantadas Laura? —
Um homem não pode deixar sua mulher grávida andar na rua e ser cantada?
Que abuso!

— Já mandei sumir daqui seu idiota. Eu sabia que não me desejaria


assim, toda deformada, eu sabia que me rejeitaria, eu odeio você. — Eita
mulher que grita.

Pela sua voz, percebo que está longe da porta e não penso duas vezes,
dou dois chutes próximos à maçaneta e a porta abre em um estrondo, batendo
do outro lado da parede, Laura olha-me assustada, ela está sentada na tampa
do vaso sanitário com um papel higiênico limpando o nariz.

— Poderia ter me matado se eu estivesse ai.

— Eu calculei que não estava pela distância da sua voz, jamais a


machucaria. — Abaixo-me na sua frente e ela não me olha, esconde os seios
com a mão e cruza as pernas.

— Mas machucou. — Diz baixinho, sei o que quer dizer com isso.

— Amor, você me entendeu mal. Eu quis dizer que não sei se consigo
me controlar, não sei se consigo ser cuidadoso o suficiente.

— Eu sei que não vai se excitar comigo assim, deformada, minha


barriga já está enorme e meus seios doem de tão pesados. Não quero sua pena
seu idiota... Só queria me sentir desejada outra vez. — Isso merece uma
atitude drástica.

Levanto-me abrindo o cinto e abaixando a calça, não preciso fazer


mais nada, pois meu pau já pula para fora voltado para cima e pedindo
atenção. Laura olha-me espantada com o meu estado, acho que nunca estive
tão duro. Veias saltam em torno dele e a cabeça está roxa, uma gota teimosa
mina do meu canal que está se contraindo desesperado.

— Se sente desejada? Estou excitado o suficiente para você? Porque


para mim, está insuportável, dói sabia? Você me deixa assim, eu dormi
naquela maldita poltrona por que se eu encostasse em você, iria te deixar
assada por semanas.

Seu olhar está vidrado na gotinha teimosa que brilha na cabeça do


meu pau, ela está sentada sobre a tampa do vaso e seu rosto fica frente a
frente com meu amigo lá de baixo. Quando sua língua passa pelos lábios,
vejo qual sua intenção.

— Nem pensar, se colocar a boca ai, eu gozo antes de você engolir ele
todo.

— Eu o quero na minha boca Rudy. — Com essa voz dengosa eu não


posso evitar o gemido que sai pela minha garganta.
— Faz tudo que quiser amor, estou aqui para você.

Sem demora a maldita língua recolhe a gota teimosa, preciso fechar


os olhos e parar de respirar para aguentar essa tortura. Depois de lamber toda
a extensão do meu pau, ela o coloca na boca como se fosse feito de chocolate,
sua expressão é de desejo e a minha é de desespero, já sinto minhas bolas se
contraírem e isso é sinal que estou mais perto do que eu imaginava.

— Oh!

Uma das mãos segura firmemente à base do meu pau e a outra


massageia minhas bolas, minhas coxas tremem, parece que tem anos que não
gozo, a visão da minha linda loira se deliciando com o meu corpo leva-me ao
extremo do prazer.

Sem poder me segurar por mais tempo, enlaço meus dedos no seu
cabelo a levantando e tomando sua boca sem reservas. Chupo sua língua,
mordo seus lábios, ocupo completamente a sua boca, conduzo nossos corpos
até a cama, cuidadosamente a deito de barriga para cima, atravessada na cama
e com a cabeça tombada para trás já pendurada para fora da cama. Posiciono-
me na frente do seu rosto, colocando e tirando meu pau até a metade, fazendo
sons de “ploc” ao entrar e sair, as pernas dela estão amplamente abertas me
dando o vislumbre da sua boceta melada, muito mais cheia e avermelhada do
que me lembrava.

— Chega, agora é minha vez de matar a saudade do seu sabor. —


Retiro meu pau da sua boca sobre protestos, dou a volta na cama ficando
entre suas pernas.

Ela está linda, completamente aberta e entregue a mim o cabelo que


eu soltei quando a depositei na cama está espalhado pelo lençol branco, enfiei
as mãos por trás dos joelhos puxando-a para baixo. Ajoelhado, cheiro sua
feminidade, isso deve ser um sonho e eu não quero acordar nunca mais.

— Essa bocetinha está mais cheia, mais vermelha, será que o gosto é
o mesmo. — Abocanho seu grelo inchado ao som dos seus gemidos de
prazer. Perco-me em seu corpo sem pressa de terminar, ela está muito mais
sensível e não demora a gozar.

— Ahaaam Rudy!

Antes que seus espasmos terminem apoio um joelho na cama, puxo


seu corpo para baixo e forço a cabeça do meu pau em sua fenda encharcada.

— Nossa, está muito mais apertada que o normal. Amor isso vai ser
rápido... Oh!

Permanecer todo dentro dela, chega a seu doloroso, sinto como um


punho apertando-me, no início consigo ir com calma até perceber que já está
relaxada e pedindo por mais. Quando ganho velocidade esqueço tudo à minha
volta, faço investidas brutas e rápidas, quando seu dedo indicador começa a
estimular o pontinho inchado no meio das pernas, a cena me deixa selvagem.
Minha mulher grávida se masturbando enquanto eu meto como um louco
dentro do seu corpo, isso é fodaaa.

— Goza comigo minha linda.

— Meus seios... Por favor.

Ela geme alto enquanto aperto seus mamilos sem parar de investir
dentro dela, é como se o seu orgasmo se estendesse a mim e formássemos
uma corrente de eletricidade que atravessa ambos os corpos e explode no
ápice do nosso amor.

Já de banho tomado, estamos deitados na cama aproveitando a manhã


para simplesmente não fazer nada, saímos na sexta, não nos vimos no sábado
e o domingo foi de cinema, lembro-me que hoje é segunda-feira e ela me
perguntou por que saí da empresa do meu pai.

— Como soube que deixei a empresa? -— Pergunto calmamente


esfregando suas costas enquanto ela descansa sobre o meu peito, já fizemos
amor três vezes e ela está cansada. Ok... Eu também estou morto.

— Seu pai esteve aqui no sábado pela manhã.

— COMO? — Quase grito.

— Isso mesmo que você ouviu, seu querido papai esteve aqui em casa
no sábado bem cedo, não foi uma visita amigável.

Às vezes acho que não sou filho dele, não é possível que ele não me
conheça. Que não veja que estou mais feliz ao lado dela e que sei fazer
minhas próprias escolhas. Há anos trabalho naquela empresa, sou super
profissional e todos me respeitam, alguns me veem como severo demais, ou
me chamam de o senhor do petróleo, tudo que tenho foi conseguido pelo meu
trabalho e mesmo assim ele precisa me controlar como uma marionete.

Laura me conta tudo sobre a visitinha do meu pai, quase não acredito
que ela arremessou uma bola de granito contra ele, mas acho que nenhuma
mãe ficaria quieta ouvindo todas aquelas sandices.

Mesmo tendo muitos investimentos e imóveis eu preciso arrumar


outro emprego, no sábado mandei alguns e-mails e liguei para alguns amigos,
mas ainda não tive resposta, não duvido que tenha dedo do meu pai nessa
história.

Já está na hora do almoço e decidimos sair para comer fora, levanto-


me catando minhas roupas com pressa para sair, quando olho para Laura, ela
está branca, seus olhos vidrados olhando para os dedos.

— O que foi minha linda? —Pergunto apreensivo.

Ela não diz nada, apenas vira a mão para mim... Sangue?
CAPÍTULO VINTE E UM

POR LAURA

Eu tentei... Juro que eu tentei ficar com ódio dele, não querer vê-lo
nunca mais na vida, pisar até ele rastejar por toda 5ª Avenida atrás de mim e
no fim dizer: “Morraaaaaa”. Mas não deu, eu sou louca por ele e quando ele
me olha, eu sei que ele é o homem da minha vida, quando ele me toca eu sei
que vai ser bom, não tem para onde correr.

A reconciliação começou com uma briga, claro, meu ego está em


frangalhos com a gravidez. Tudo terminou divinamente... Até agora!

— O que foi minha linda? — Rudy pergunta quando percebe que


estou em choque olhando para os meus dedos.

Quando decidimos sair para almoçar ele se levantou para catar as


roupas e eu preguiçosamente fiz o mesmo, mas assim que fiquei de pé senti
algo quente descendo pela minha coxa esquerda e no reflexo passei a mão
para impedir que sujasse o lençol que estava no chão. A princípio achei que
fosse sêmen, mas a visão de um sangue quase negro entre os meus dedos me
choca.

— Fique calma amor. Nós vamos agora mesmo para o médico. Toma,
veste esse robe e vamos agora. — Ele está nervoso, mas tenta parecer calmo,
tarefa impossível com essas duas sobrancelhas unidas por um cenho
franzido.

Com a camisa nos ombros, calça sem cinto e sapatos sem meia, ele
quer me pegar no colo, não permito, consigo andar e não quero sentir-me
doente. Para minha surpresa Polyana está sentada no sofá com a cara
emburrada, assim que nos vê, levanta-se apressada.

— Eu não acredito que ele dormiu aqui Laura, já passa do meio dia e
vocês trancados nesse quarto. Como pode aceitar esse imbecil depois de tudo
que ele fez a você? Você devia...

— Cala a boca sua fedelha, estamos indo ao médico.

— Poly, acho que eu estou perdendo minha princesa. — Não aguento


e começo a chorar.

Ela se dá conta da situação e corre em meu socorro. Um fio de sangue


escorre pela minha coxa assustando-a.

— Vão descendo, eu vou correr no quarto para pegar uma calcinha e


absorvente, não pode sair assim.

Quando já estamos a caminho do hospital Poly me ajuda a vestir a


calcinha com o adsorvente, se algum carro mais alto passou e viu a cena,
deve estar se perguntando o que foi aquilo.

Sou atendida prontamente, todos reconhecem Rudy de revistas e


jornais. O senhor do petróleo agride um segurança que tentou tirar uma
fotografia minha sendo levada para a sala do ginecologista de plantão. Muitos
exames realizados, algumas horas deitada na cama e uma boa dose de
Buscopan na veia, estou em um quarto sozinha e um pouco sonolenta, a porta
se abre e entram Rudy e o médico, do qual nem me lembro do nome.

— Oi minha linda, como se sente?

— Com sono, um pouco zonza, mas estou bem. Como está a


Valentina Doutor?
— Olá Sra. Scheideger, eu sou o Dr. Nilo e sou o ginecologista de
plantão. — Ele me chamou de que? — O sono que sente é em função de
alguns pré-sedativos, vamos precisar fazer uma pequena cirurgia, mas será
para manter essa mocinha apressada ai dentro.

— Para que a cirurgia? O que há de errado?

— Bem, o que veda o seu útero é um tampão mucoso e este tampão se


soltou. Pode ter sido por stress, esforço físico, ou apenas uma fatalidade... —
Ele teria continuado se a boca grande do Rudy tivesse ficado calada como
deveria.

— Sexo, muito sexo. Foi culpa minha eu devia ter sido mais
cauteloso. — Se eu não estivesse sedada eu teria matado ele agora. Estou
envergonhada? Não, imagina.

— Calma papai. Sua esposa provavelmente sofreria desde problema


de qualquer forma, em alguns casos isso realmente acontece. — Ele me
chamou de esposa? — Faremos uma Cerclagem no útero, impedindo assim
um parto prematuro, já estamos com cinco meses e agora precisamos ganhar
tempo. Você passou por algum estresse muito grande recentemente?

-— Eu tive uma grave discussão com uma pessoa no sábado pela


manhã. — Rudy olha-me envergonhado pela atitude do pai.

— Quais são os riscos dessa cirurgia doutor? Eu não quero que elas
corram risco algum, posso pagar por qualquer coisa para resolver isso.

— Riscos existem, o maior deles é sua filha nascer agora, as chances


de sobrevivência seriam muito baixas. Guarde o seu dinheiro para você meu
jovem, nesse momento tudo que precisa ser feito eu farei e vamos aguardar a
vontade de Deus, qual foi a última vez que você recorreu a ele?
Nunca vi ninguém calar o meu Senhor do Petróleo, Rudy apenas
acena com a cabeça e abaixa os ombros. Sou levada para o centro cirúrgico e
adormeço.

POR RUDY

Eu não estou nervoso, estou em pânico, tenho a sensação que meu


peito está sendo rasgado por garras afiadas e eu não posso fazer nada.

Minha mãe sempre diz que só sentimos dor de verdade quando dói em
um filho. Minha princesa nem nasceu, e já tenho a prova de que a frase é
verdadeira. Se for para provar que ela vale mais para mim do que qualquer
coisa no mundo... pode parar porque já está provado.

Estou sentado em uma poltrona na sala de espera, estou de um lado e


a cabritinha do Trevor de outro. Meu amigo avisou que já vai chegar, mas
também, quando ela ligou aos prantos para ele, eu sabia que ele viria de
Marte em um pulo.

Com a cabeça baixa, vejo um bico fino de negros sapatos femininos


ao lado dos meus pés. Uma mão macia e delicada acaricia meus cabelos,
minha mãe, não preciso olhar para saber que é ela, pois esse carinho já é
cativo.

— Promete que elas vão ficar bem?

— Eu daria a minha vida para tirar a sua dor meu filho, mas eu não
posso. O que prometo é que eu estarei aqui em qualquer situação e vamos
passar por qualquer coisa juntos.

— Como soube? — Olho nos seus olhos e vejo que chorou.


— Trevor me ligou, vim correndo. — Amigo como o meu existem
poucos.

— Obrigado mãe!

Ela ainda está sob o efeito da anestesia, permaneço sentado em um


sofá ao seu lado desde o momento que entrou aqui. Trevor chegou e levou a
sua maldita cabritinha para comer alguma coisa, definitivamente não estamos
em condições de nos aturar. Por mais insuportável que ela seja, eu sei que
está odiando-me por achar que a culpa é minha, talvez seja mesmo.

Dr. Nilo determinou que a Laura permanecesse até o final da semana


internada, ela precisa de repouso absoluto e não vamos arriscar nada. Mesmo
com alguns protestos ela entendeu que é o melhor a ser feito. Para variar eu e
Polyana duelamos para decidir quem ficaria com a minha mulher no hospital,
percebendo que estávamos quase em luta corporal, Laura decidiu que seria eu
a acompanhá-la, deixando claro que Polyana precisava se dedicar a faculdade
e deveria ficar na casa do Trevor nesse período.

Eu espero não estar tão bocó quanto o meu amigo, porque quando
Laura pediu que ele cuidasse da irmã por essa semana ele quase correu ao
cartório do hospital para assinar os papéis do casamento. Claro que de longe
se vê que os dois se amam, mas com toda a certeza ela ainda não aprendeu a
expressar esse amor. Polyana tem a mania de todo jovem de querer abraçar o
mundo e achar que o tempo vai esperar por eles. Meu medo é essa
imaturidade dela afundar o Trevor, caso esse relacionamento não dê certo.

A semana no hospital foi até tranquila, minha mãe foi ao meu


apartamento e me trouxe uma mala de roupas, Polyana trouxe uma para
Laura e assim ficamos, só saiamos do quarto para fazer exames, mesmo
assim não era comum. Dr. Nilo pediu que ela evitasse qualquer esforço, nem
mesmo fazer xixi ela poderia e estava usando uma sonda para isso. Uma vez
por dia saia da cama para tomar banho e usar o banheiro.

Nunca a vi tão constrangida, quanto nas horas que dizia precisar usar
o banheiro, não sei por que as pessoas têm tanta vergonha em dizer que
precisam fazer isso, não conheço ninguém que não faça cocô e não esperava
que ela não fizesse. Quando eu falei isso ela quase me bateu, falou que nunca
mais conseguiria olhar na minha cara.

— Serio Amor? Eu chupo todo o seu corpo, enfio minha língua dentro
dessa bocetinha vermelha, lambo seu cuzinho e mesmo assim você ainda tem
vergonha de mim?

— Cala a boca Rudy. — Diz colocando uma almofada sobre o rosto.

— Para de besteira minha linda, nem parece à mesma mulher que


adora chupar meu pau, como se fosse o último picolé do deserto, a gulosa que
coloca minhas bolas na boca me levando ao céu...

— CHEGA!

Que eu estou excitado eu já sabia faz tempo, mas olhar para ela e
perceber que mesmo presa a essa cama, ainda me deseja deixou-me ainda
mais louco de tesão. Ela não pode se levantar, mas será que pode gozar? Se
eu perguntar isso ao médico ela vai me matar.

— Abre as pernas minha linda. — Peço enquanto abaixo sua coberta


e subo a camisola.

— Claro que não, não podemos fazer isso aqui. — Sua voz morre
quando acaricio sua bocetinha por cima da calcinha.
— Faz o que eu mandei, abre e tenta não gritar.

Puxo a calcinha para o lado, expondo toda sua preciosidade para mim.
Abro suas dobras com a língua e começo o meu ataque, acho que eu devia ter
mais cabelo, pois ela enfia as unhas no meu couro cabeludo trazendo minha
boca para mais perto, tenho medo de machucá-la colocando os dedos dentro
dela e coloco apenas a língua.

— Os dedos amor... Por favor, os dedos.

Esperando que me impeça, lubrifico os dedos na minha saliva e


estimulo seu cuzinho, que para minha surpresa, ela não me impede, começo a
penetrá-lo aos poucos, mais e mais. Estou com uma das pernas sobre a cama
e meu pau força no colchão, quanto mais rápido penetro seu ânus, mais
esfrego o quadril contra o colchão, estou desesperado de tesão. Chupando seu
clitóris sem parar e com dois dedos esse buraquinho quente, ela não resiste e
goza, seus gemidos e seu gosto são meu golpe final... Gozo na minha calça.

Na manhã de sábado, fomos liberados para voltar para casa, mesmo


com várias recomendações isso era melhor do que ficar no hospital. Laura
poderia se levantar e andar pela casa, mas estava proibida de fazer qualquer
esforço físico ou ter relações sexuais.

Passei no meu apartamento para pegar algumas roupas, meu macbook


e outras coisas, vou ficar na casa dela por um tempo, a Polyana faz faculdade
e não poderá ficar à disposição da irmã, eu, por outro lado, estou amando
isso, acho que posso me acostumar a viver com ela assim... Pra sempre.

— Rudy não tem necessidade de uma mala tão grande, seu


apartamento é a poucos quarteirões daqui e já tem algumas coisas suas aqui
em casa. — Resmunga quando passo com minha mala para o closet, além
dela tenho cinco cabides com ternos completos nas mãos.
— Linda, nunca se sabe do que vou precisar, estou apenas me
prevenindo, além do mais, essas roupas podem ficar aqui. — Respondo de
dentro do closet.

— Para que os ternos, se não está trabalhando, recebeu alguma


resposta dos seus amigos sobre seu trabalho. — Aff, era aí que eu não queria
chegar.

— Como eu suspeitava meu pai fechou todas as portas do mercado


para mim, ele é muito influente e cobrou alguns favores, mas o irmão do
Trevor me fez uma proposta e estou pensando a respeito.

— Ele já comentou do irmão, mas eu nunca o conheci. Qual foi a


proposta?

— Gregório tem uma rede multinacional de hipermercados, com


minha experiência em administração e executivo de sucesso ele me chamou
para trabalhar para ele no cargo de diretor geral da rede. O bom é que eu sei
que meu pai não tem nenhuma influência sobre ele.

— Por que ainda não aceitou? Parece-me bom.

— Quando você estiver bem, eu darei minha resposta. Gregório mora


em uma ilha e prefere lidar com o resort e com o cultivo de crustáceos. A
rede de hipermercados foi herança do seu avô materno, mas ele não lida
diretamente com isso.

Enfim, ela passou o dia tentando convencer-me que eu não devia


esperar, que ela poderia se cuidar sozinha e blá, blá, blá... Mulher teimosa.

No meio da madrugada de sábado meu celular começou a tocar


insistentemente, me surpreendi ao identificar que se tratava de uma ligação da
minha mãe.
— Mãe?

— Oi meu filho, desculpe te ligar a essa hora, mas é que estou muito
nervosa. — Sua voz baixa e preocupada deixa-me tenso.

— Seu pai passou o dia com muita febre, nada a fez baixar. No início
da noite a febre passou de quarenta graus e ele teve um... — Sua voz some. —
Ele teve uma convulsão por conta da temperatura.

— Onde vocês estão?

— Estamos no hospital, ele está fazendo alguns exames, mas ninguém


sabe o que ele tem.

— Estou indo para aí mãe, fique calma que já estou chegando. — De


volta ao hospital... Vou montar um quarto lá de uma vez.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

POR RUDY

Deixar Laura sozinha em casa no meio da madrugada não foi fácil,


tudo bem que a Poly cabritinha estava dormindo no quarto ao lado, mas para
mim ela não conta, ou melhor... Conta de forma negativa.

Cheguei à sala de espera já passava das quatro da manhã, minha mãe


está ajoelha diante de um oratório com um terço na mão. Aproximo-me
fazendo o mesmo gesto que ela fez comigo, acaricio seus macios cabelos
loiros que vão até o ombro.

— Tudo vai ficar bem mãe, ele é forte como um touro.

— Nunca vi seu pai cair doente Rudy, ele mal consegue abrir os olhos
de tanta febre. Já fizeram uma tonelada de exames e não dizem nada a
respeito.

— Vamos aguardar. Eu não vou sair daqui.

— Como está Laura e minha Valentina?

— Em repouso, mas estão bem... Agora é manter a mocinha apressada


dentro da barrida da moçona teimosa. — Falo rindo e arranco um sorriso
dela também.

— Já se deu conta que a ama?

— Já! Cada dia tenho mais certeza. — Achei que me assustaria em


responder isso, mas pelo contrário, saiu naturalmente.
Depois de horas de espera, um médico nos chama para conversar,
entramos em um consultório onde estão mais quatro médicos e isso me deixa
muito apreensivo.

— Sentem-se, por favor. — Todos estão em uma mesa redonda, um


dos médicos segura uma pasta de exames. — Fizemos muito exames no Sr.
Scheideger, ouvimos seus relatos de alguns sintomas que ele já vinha
sentindo há algum tempo como: cansaço, fadiga, dor nos ossos, sudorese
noturna e falta de ar.

— Não é possível, ele nunca se queixou de nada disso. — Minha mãe


fala incrédula.

— Homens têm uma tendência a esconder problemas de saúde,


principalmente os homens com grandes responsabilidades e poder. É como se
achassem que são inatingíveis.

— Mas o que isso tudo significa? — Pergunto tentando adiantar o


diagnóstico.

— Esses sintomas, somados ao resultado de alguns exames nos dão


um diagnóstico preocupante. Detectamos que ele apresenta um aumento do
baço, leucopenia, neutropenia e uma trombocitopenia. Trocando em miúdos,
seu pai apresenta um caso de Leucemia Mieloide Crônica.

Estou em choque, não sei muito sobre essa doença, mas sei que nada
com esse nome pode ser coisa simples, minha mãe chora em silêncio, eu
tento consolá-la e abraçá-la, mas nesse momento nada pode controlar nossas
emoções.

Dr. Murta, o oncologista responsável pelo caso do papai, nos disse


que ele vai ficar internado para receber medicação e evitar complicações.
Segundo os médicos o avanço dessa doença é rápido e somado a idade
avançada do meu pai eles acharam melhor mantê-lo no hospital. Maldita hora
que eu falei que montaria um quarto aqui.

Eu e mamãe entramos no quarto privativo onde meu pai foi


acomodado. Sentado e com uma pulsão no braço esquerdo ele olha para a
janela com a expressão pesada e fria.

— Querido! Como se sente?

— Como um inválido, não posso ficar aqui, tenho um império para


cuidar e não vou me dar ou luxo de tirar férias nesse lugar. — Esbraveja
como o senhor do universo.

— Leonel Scheideger, isso não são férias, você está doente e vai se
tratar. Mais uma única palavra e eu te interdito judicialmente, aí não irá
cuidar nem de si mesmo. — Uau! Dona Cora colocando as asinhas de fora.
Pior que meu pai nem se manifestou.

— Meu pai, eu posso cuidar da empresa enquanto estiver fora.

— Já está arrependido da sua escolha? — Senhor, dê-me paciência.

— Não meu pai. Quero manter as coisas funcionando por que também
tenho amor àquela empresa, mas se para ajudá-lo eu tiver que abrir mão da
minha família, recomendo que procure outro substituto. — Falo baixo, porém
firme e ele percebe que falo a verdade.

— Durante o curto período que eu estiver me tratando você me


substituirá, farei isso porque aquela mulherzinha, já deve estar contando com
a minha morte para dar o bote.

— Sendo assim vou para casa certificar-me que MINHA MULHER e


MINHA FILHA estão bem, na parte da tarde vou para a empresa dar
seguimento ao trabalho. Qualquer coisa me ligue mamãe, volto à noite.

Saio do hospital, passo em um restaurante para comprar comida, já são


quase onze horas e vou para o apartamento da Laura.

— Como está seu pai Rudy? — Ela pergunta assim que entro no
quarto.

— Ele continua o mesmo de sempre... Mas está muito doente, foi


diagnosticado com Leucemia Mieloide Crônica. — Não consigo esconder a
minha tristeza.

— Vem aqui amor, deita aqui comigo. — Diz dando tapinha ao seu
lado na cama.

A única coisa que me faz esquecer tudo são os movimentos da


Valentina dentro da barriga da mãe, fico o restinho da manhã ao seu lado,
ligo para Gregório comunicando o fato e agradecendo a oportunidade e sigo
para a empresa.

Já no escritório reúno toda a diretoria e informo sobre a situação do


meu pai e a minha nova posição na empresa como presidente interino. O
restante do dia correu bem, às 18 horas, saio do escritório rumo ao hospital,
minha mãe vai para casa tomar um banho e separar algumas roupas, quando
ela retorna já passam das 23 horas.

Já exausto volto para o apartamento da Laura, como ainda não tenho a


chave, Polyana abre a porta para mim. Oh garota chata.

— Você não tem casa não Rudy?

— Que eu me lembre, esse apartamento não é seu, você está aqui tão
de favor quanto eu.

— Ela é minha irmã. — Ela levanta o queixo desafiando-me com as


mãos na cintura.

— Ela é minha mulher. — Faço o mesmo.

— SE EU TIVER QUE LEVANTAR PARA ACABAR COM ESSA


BRIGA DE GALO, VOU MATAR UM DE VOCÊS. — Laura grita do
quarto, nem tinha me dado conta que eu e a criatura loira na minha frente
estávamos falando tão alto.

Depois de um longo duelo de olhares sigo para o quarto, não quero


estressar a minha mulher. Estou trazendo algo que vai deixá-la feliz.

— Oi minha linda! Como vão as minhas mulheres? — Dou um beijo


molhado em sua boca.

— Estamos com saudade, seu pai está melhor? — Não sei como ela
ainda se preocupa com ele depois de tudo que fez a ela.

— Ele está intragável, ranzinza e enlouquecendo a equipe de


enfermagem. — Caímos na gargalhada.

— Não o julgue, ele está vivendo um momento complicado. O que


tem neste envelope? —Pego o envelope e entrego em sua mão.

— Já devia ter queimado, mas achei melhor te entregar.

Laura retira os papeis e começa a ler, quando percebe do que se trata


ela se abraça com eles e olha-me sem acreditar. Só de pensar, que esse
contrato, quase me tirou essa mulher.

— Não precisa mais disso? — Quase não escuto sua pergunta.


— Tudo que eu preciso na vida é de você e da nossa filha.

(...)

Há dois meses que meu pai está internado, ele tem piorado
progressivamente, segundo os médicos os medicamentos não estão surtindo
grande efeito, na verdade está sendo um paliativo. Todos nós fizemos exames
de compatibilidade para doação de medula, até mesmo Trevor e Polyana,
outros amigos fizeram o mesmo, mas nada teve resultado positivo. Buscamos
em bancos de medula públicos e privados, mas isso também não adiantou.

Laura está no final do sétimo mês de gestação, já pode se locomover,


não pode abusar e não podemos ter relações sexuais, isso está me matando,
mas sei que é por um bem maior. Temos sido criativos, sexo oral,
masturbação e espanhola são nossas atividades mais praticadas. Quando
preciso sentir o corpo dela no meu a coloco de lado e meto entre suas coxas,
imaginando que estou dentro dela, ao mesmo tempo estimulo seu clitóris e
aperto os mamilos, na tentativa de satisfazer nosso desejo reprimido, isso nos
leva a loucura, mesmo não sendo a mesma coisa.

Hoje é sábado e minha mãe irá para casa descansar, eu vou passar o
final de semana inteiro com o meu pai no hospital. Ele tem agido de forma
diferente, está mais acessível a cada dia, acho que o seu estado de saúde
somado ao fato de depender das outras pessoas dia a dia estão mudando sua
forma de ver o mundo.

— Oi pai, como se sente hoje? — Digo beijando seu cabelo.

— Sinto-me como um peso. Estou prendendo você e sua mãe aqui


neste hospital, ela me contou que aquela... Sua mulher está tendo problemas
com a gravidez. — Nem a voz dele é a mesma, acho que emagreceu uns dez
quilos nestes dois meses.

— Não era para preocupar o senhor com isso. Laura já está bem, só
precisa de repouso.

— Sua mãe falou que você tem um vídeo do bebê no seu telefone e
você vive mostrando para todos, mas nunca mostrou a mim. Eu gostaria de
ver, não sei se vou viver para conhecer essa criança. — Retiro o telefone do
bolso tentando esconder uma lágrima teimosa. De certa forma sinto-me
envergonhado por não ter mostrado a gravação a ele.

Laura fez uma ultra há duas semanas onde aparece o rostinho perfeito
da Valentina e eu passei o vídeo para meu celular. Mostro minha princesa
para todos do trabalho... Na verdade mostro para qualquer um que passe mais
de vinte minutos ao meu lado. Já mostrei para o porteiro do prédio, para
minha secretária, postei no facebook, em fim para todo mundo. Não pensei
em mostrar para meu pai, não queria deixá-lo irritado ou escutar coisas
negativas sobre a minha filha.

Entrego meu telefone a ele, o vídeo tem imagens da Valentina se


mexendo, um close do seu rostinho e o áudio dos batimentos cardíacos. Pela
primeira vez nesses dois meses, vejo meu pai sorrir.

— O coração da menina é forte, que bom. — Me devolve o celular e


limpa a garganta. Quando guardo o aparelho em meu bolso vejo meu pai
passar o dorso da mão nos olhos.

— Laura virá aqui na segunda-feira, ela vai conversar com os


médicos, eles têm esperança de que o sangue do cordão da Valentina possa
ser compatível, as células-tronco do cordão são ideias para o seu tipo de
transplante.
— Não acredito que ela aceite isso depois da nossa conversa. Ela
jurou me tacar uma faca. Sua mulher é louca.

— Foi ela mesma que sugeriu usar o sangue da nossa filha, eu não sei
se teria coragem de pedir isso a ela.

— Vou dormir um pouco, estou cansado. — Por mais que ele tenha
errado eu imagino que deve ser muito difícil admitir que a neta indesejada
possa vir a salvar sua vida.

Minha loira, disse que gostaria de visitar meu pai no hospital, como
na segunda-feira ela estará aqui, para ouvir sobre o procedimento que
faremos com o cordão umbilical da Valentina, eu sugeri que poderíamos
tentar essa visita. Agora é esperar que esse encontro seja no mínimo
civilizado.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

POR LEONEL

Há dois meses eu fui diagnosticado com Leucemia Mieloide Crônica,


em 67 anos de vida, nunca fiquei internado em um hospital, no entanto estou
aqui e desde que descobri esta maldita doença não saí deste lugar.

Não sou burro, percebo minha piora dia a dia, os sintomas que eu
vinha sentindo há muitos meses e deixei passar, estão muito intensos. Minhas
madrugadas são desconfortáveis, um suor que não sei de onde vem, nem
como começa. Sinto tanta fraqueza que já não consigo tomar banho em pé e
normalmente uso uma cadeira de plástico.

Quem diria que um homem tão poderoso quanto eu, estaria preso em
uma cama de hospital, dependendo de outras pessoas. Infelizmente tive que
voltar na minha decisão e permitir que Rudy me substitua na presidência da
empresa, por mais que ele não mereça, não há ninguém mais preparado para
esse cargo do que ele. Quando vem passar o dia ou a noite aqui comigo,
sempre me traz os demonstrativos financeiros e relata todos os
acontecimentos, como eu já esperava, ele está se saindo muito bem.

Sinto-me fraco, os picos de dores são insuportáveis, nem mesmo as


altas doses de medicação conseguem aliviar. Febre se tornou uma constante
para mim, durmo e acordo com ela no meu encalço. Não me reconheço no
espelho, os ossos da minha face estão aparentes, a pele perdeu o viço e o
cabelo já começa a cair. Estou começando a aceitar que talvez não saia deste
lugar com vida.
Hoje o Rudy veio ficar comigo, desde ontem quando Cora falou-me
sobre o vídeo com as imagens da criança, estou refletindo sobre isso. Não há
muita coisa para fazer em um quarto de hospital, então eu passo a maior parte
do tempo pensando na vida e nas coisas que eu fiz ou deixei de fazer. Minha
mulher tem feito uma lavagem cerebral em mim, só pode.

Cora passa os dias falando que esse momento, deveria ser encarado
como uma oportunidade de recomeço dada por Deus. Aos olhos dela, isso
deve servir para mostrar o valor do dinheiro diante de uma doença, mostrar-
me a inutilidade dos meus bilhões em salvar a minha vida.

Assim que recebi a notícia, não me abalei, não seria uma doença a me
derrubar tão facilmente. Nas primeiras semanas só consegui sentir revolta, é
inaceitável que nenhum desses médicos consiga resolver essa merda, não são
capazes de honrar os salários absurdos que ganham. Tomo um número
altíssimo de medicamentos por dia, recebo várias agulhadas e até minha
alimentação foi modificada, mesmo assim eu só pioro.

Meu oncologista, doutor Murta, que é o melhor do país conversou


comigo ontem passando todo o meu quadro e as buscas por um doador
compatível, coisa que estou percebendo ser impossível. Segundo ele, as
maiores esperanças se concentram no sangue do cordão umbilical da minha
neta... Minha neta? Chega a ser estranho escutar isso, acho que é uma piada
do destino. Quantas vezes desejei que a pistoleira caísse ou fosse atropela e
perdesse aquela criança e hoje ela é minha maior esperança.

— Oi pai, como se sente? — Não aguento mais escutar essa


pergunta.

— Me sinto como um peso. Estou prendendo você e sua mãe aqui


neste hospital, ela me contou que aquela... — Por pouco não a chamo de
pistoleira latina. — Sua mulher está tendo problemas com a gravidez. — Até
dois meses atrás eu acharia isso providencial.

— Não era para te preocupar com isso, Laura está bem, só precisa de
repouso. — É impressionante o brilho em seus olhos quando fala da
brasileira, ele sorri sem nem mesmo perceber.

— Sua mãe falou que você tem um vídeo do bebê no seu telefone e
você vive mostrando para todos, mas, nunca mostrou a mim. Eu gostaria de
ver, não sei se vou viver para conhecer essa criança. — Quando Cora falou
deste vídeo, falou com tanto entusiasmo que tive vontade de ver, por um
momento pensei em tudo que estava perdendo.

A medicina está mesmo muito avançada, consegui até mesmo escutar


o coração da pestinha, as imagens também foram desconcertantes para mim,
por mais que não queira essa ligação com pessoas de classes inferiores como
a mãe dessa criança, eu tenho que admitir... Saber que essa coisinha, é em
parte minha, deixa-me orgulhoso.

Tomar tantos medicamentos tem me deixado um pouco fora do


normal, até mesmo derramar uma lágrima quando escutei as batidas fortes do
coração da pestinha eu derramei. Pensando bem, não deve ser de todo ruim
ter uma menina ao invés de um menino como neto, hoje temos muitas
mulheres de negócios, posso treiná-la para ser a melhor que já existiu.

Esse pensamento lembra-me que talvez eu não esteja aqui nem


mesmo para o nascimento da pestinha, talvez não esteja aqui nem mesmo
amanhã. Daria toda a minha fortuna para sair daqui, daria tudo para me livrar
dessa maldita doença.

A brasileira virá aqui na segunda-feira para ser informada sobre o


procedimento de retirada das células tronco do cordão da Valentina, até que o
nome não é feio, já imagino a placa do meu escritório daqui a uns trinta anos.
Valentina Scheideger
Presidente

Estou admirado por ela ter se oferecido para o procedimento, depois


do nosso último encontro, achei que a própria, jogaria a primeira pá de terra
sobre meu caixão, se fosse ao contrário, eu estaria muito satisfeito. Preciso
rever meus conceitos sobre essa moça.

POR LAURA

Deixo a sala do Dr. Murta um pouco mais animada, as chances de


compatibilidades são as melhores que tivemos até agora, sei que meu
sogrocoral não merece toda a minha preocupação, mas ele é o pai do homem
que eu amo, é o avô da minha Valentina. O que eu diria a ela no futuro se me
perguntasse por que não ajudei a salvar o seu avô?

O procedimento é bem simples, quando a Valentina nascer os


médicos vão pinçar o cordão umbilical e recolhe-lo, ele será analisado e caso
seja compatível será transplantado para o meu sogrocoral, que é muito
“querido”, só que não.

— Amor, se ele te ofender ou você se sentir desconfortável e quiser ir


para casa eu vou entender. — Rudy está mais nervoso do que eu.

— Você já falou isso mais de dez vezes Rudy, eu sei me defender, da


última vez quase rachei a cabeça dele. — Dou uma risada, mas sei que ele
tem medo de discutirmos.

— Ok, só lembre-se que ele está doente. — Bem feito... Veio na


minha língua, mas eu não posso pensar assim. Talvez em off eu possa.

Quando entro no quarto e olho para o homem em cima da cama fico


chocada, ele não me lembra em nada aquele que esteve em minha casa há
poucos meses. O senhor Leonel está muito magro e com os ossos do rosto
destacados, os lábios estão descascando e os olhos amarelados, uma visão
penosa para o altivo e superior Sr. Scheideger.

— Boa tarde, como o senhor está? — Não consigo pensar em nada


para dizer, ele me olha sério e frio.

— Estou morrendo, como você pode perceber. — Diz com a


sobrancelha arqueada, o sarcasmo é evidente.

— Pai, a Laura veio visitá-lo. Eu gostaria que fosse mais receptivo. —


O braço dele envolve minha cintura acariciando meu ventre, Valentina se
mexe bruscamente fazendo um ovo na lateral da minha barriga.

— Sua neta está se mexendo agora, gostaria de sentir? — Falo


aproximando-me da cama e isso o deixa surpreso, ele olha para Rudy sem
entender.

— Não acho que precise...

Antes que ele termine a frase, eu pego sua mão e coloco onde ela está
chutando, neste exato momento ela dá um chute tão forte que ele se assusta.
Acho que ela queria chutar a cara dele por sugerir coisas tão ruins no
passado.

— Viu pai? Ela é muito ativa, Laura sofre com toda essa animação da
nossa princesa. — Rudy diz todo babão, percebo que meu sogrocoral está
desconfortável e me afasto, vou até a janela e comento sobre a bela vista que
o quarto tem.
A visita não foi tão ruim assim, claro que foi bem estranho ficar no
mesmo ambiente do homem que me quer tão mal, mas eu estou disposta a
passar por cima disso, pelo bem da minha família. No dia em que Rudy me
entregou o contrato, eu decidi que daria o meu máximo para o bem da nossa
relação, ele está se esforçando e eu farei o mesmo.

Desde o meu sangramento, estamos vivendo em um celibato


forçado... Tá bom, não está sendo bem um celibato, estamos abusando da
criatividade para saciar nossos desejos, mas mesmo assim estamos sofrendo
um bocado.

Fiquei muito tempo sem poder nem mesmo me levantar, isso fez meu
corpo inchar muito e passei bastante do peso ideal para uma gestante nessa
fase. Agora a Dra. Mônica me liberou para fazer hidroginástica, com isso
sinto-me menos cansada e mais disposta.

Chego em casa doida para deitar um pouco, Rudy está cheio de


segundas intenções. Oh homem tarado, diz ele que vou ter que engravidar
novamente o mais cedo possível para ele matar a vontade de comer sua
mulher grávida.

— Eu não acredito que você fez isso comigo Polyana, eu esperava


tudo de você, menos algo tão imundo assim. Se queria me afastar, conseguiu.
— Trevor sai gritando do corredor, vejo Polyana logo atrás com o rosto
vermelho, chorando desesperada, ela tem marcas das mãos do Trevor nos
braços.

— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga, eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso.

— Isso a que você se refere, era o meu filho, que você MATOU!
Eu e Rudy olhamos imediatamente para Polyana que só faz chorar,
Trevor está completamente fora de si, pelo que ouvi aqui, eu também estou.
Rudy sai rebocando o amigo para fora do apartamento, depois de me pedir
para cuidar da minha irmã.

— Cuida dessa louca que nós vamos sair. Vem Trevor, vamos para o
meu apartamento.
CAPITULO VINTE E QUATRO

POR TREVOR

Há alguns meses coloquei seguranças da minha empresa para cuidar


da Cabritinha, não digo vigiar ou seguir porque eu quero apenas que ela seja
cuidada. Depois de tudo que aconteceu no Canadá tenho medo que ela ainda
esteja em perigo, mas também quero manter minha mulher longe de qualquer
gavião mais atirado. Infelizmente não posso trancá-la em uma caixinha
dourada e jogar a chave fora.

Essa coisa de namorada universitária não é para mim, são muitos


homens, muitas festas, muitas amigas solteiras e sem juízo. Ela diz que não,
mas tenho certeza que as amigas devem ser loucas para tê-la solteira também,
assim pode fazer companhia nas baladas. Como se não bastasse tudo contra
mim, ainda tem um maldito grupo de estudos nas quartas-feiras que me
enlouquece ao extremo.

Desde sexta-feira, eu venho sentindo a Poly estranha, ela e sua uma


amiga da faculdade a Marisol, as duas se falaram o fim de semana inteiro ou
trocavam mensagens com a desculpa de um trabalho da faculdade, ai tem
coisa. Hoje é um dia que eu a buscaria para almoçar, como tenho uma
reunião muito importante às 14 horas, a deixaria em casa e voltaria ao
escritório.

Pouco antes do almoço ela me manda uma mensagem avisando que


irá à casa da tal Marisol, não gostei nem um pouco disso, mas é melhor
assim, que não me atraso. Minha reunião é com o secretário de segurança e
estamos firmando uma parceria muito positiva para a minha empresa.
— Desculpe, é muito importante e vou ter que atender. — Saio da
sala para atender uma ligação do segurança da Poly, ele não me ligaria atoa
então é melhor atender.

— Diga.

— Senhor, a senhorita Polyana não foi para a casa da amiga, elas se


separam na saída da aula e a Srta. Polyana seguiu para um endereço afastado,
parece-me um consultório médico ou odontológico. — Mais essa agora.

— Dê um jeito de descobrir que lugar é esse, se vira. Há quanto


tempo ela está ai? — Vou ficar careca com essa cabrita.

— Aproximadamente trinta minutos senhor. — E o incompetente só


me avisa agora.

Minha reunião não se estende muito, quando estou entrando no meu


carro meu celular toca novamente, não sei por que, mas isso não me cheira
bem.

— Diga.

— O senhor precisa chegar aqui imediatamente.

— Fala logo. O que aconteceu com minha mulher? — A essa altura


já estou suando.

— Ela acabou de sair muito abalada e está sentada na calçada


chorando muito, as pessoas estão passando por ela e perguntando se está tudo
bem, mas ela não aceita ajuda, permanece sentada apenas chorando. — Mil
coisas passam na minha cabeça, meu telefone vibra com a mensagem que ele
me enviou do endereço, entro no carro e saio feito uma bala. O que será que
aconteceu com a minha cabritinha encrenqueira?
— Conseguiu descobrir o que funciona neste lugar? — Pergunto
ainda dirigindo, nem sei se quero saber a resposta.

— Acho melhor vocês conversarem pessoalmente senhor.

— Fala porra! — Grito no telefone, nem minha educação essa mulher


perdoa.

— É uma clínica de aborto senhor. — Ele fala sério, mas soa tão
baixo que quase não acredito, desligo o telefone e acelero desesperado.

Ela não faria isso comigo, minha cabritinha jamais faria isso comigo.
Ela sabe que eu vivo babando na barriga da Laura. Não posso acreditar que
ela tenha feito isso com o meu filho, ela me ama e eu sou completamente
louco por ela. Deus que isso não seja verdade.

Quando chego ao endereço, logo a vejo, sentada no meio fio com a


cabeça baixa, paro o carro no meio da rua, deixando a porta aberta, corro até
ela completamente desnorteado. Abaixo-me na sua frente assustando-a, no
mesmo momento que ela levanta a cabeça sem entender, eu seguro seus
cabelos com as mãos enterradas em seu couro cabeludo, mantendo seu olhar
no meu.

— Me diz que você não veio nesse lugar para tirar o meu filho. Pelo
amor de Deus me diz que você não fez isso comigo Cabritinha. — Clamo
para que ela negue.

— Como você soube que eu estava aqui? Como soube do bebê? —


Me pergunta chorando, tentando soltar-se do meu agarro.

— Negue Polyana, pelo amor que você diz sentir por mim, negue. —
Sem dizer nada ela apenas chora. — Você não pode ter feito isso, eu tinha o
direito de opinar. Você poderia ter me contado... Meu Deus era tudo que eu
queria, um filho nosso. — As pessoas passam nos olhando, não consigo me
controlar e estou gritando com ela, sacudindo seu corpo. Meu choro sai sem
que eu perceba. Como alguém que me ama pode me matar dessa forma?

— Eu não posso Trevor, eu tenho planos, minha faculdade e eu


quero....

— Você matou o meu filho e vem falar sobre planos? Você matou
uma parte de mim que estava dentro de você, uma vida que fizemos enquanto
nos amávamos, enquanto eu adorava o seu corpo e a sua existência. Ele tinha
direito à vida! — Ela se contorce com meu aperto que já é muito forte em seu
cabelo, percebo que estou muito perto de perder a minha razão.

Sem me preocupar se as pessoas estão olhando ou não, arrasto


Polyana pelo braço e a jogo no meu carro, sem nenhum cuidado. Dirijo até
sua casa com uma raiva que não cabe dentro de mim. Percebendo meu estado
ela não diz nada, apenas chora, como uma criança assustada.

Passamos rapidamente pela portaria e vendo a cara do porteiro, acho


que ele vai chamar a polícia. Polyana esta descabelada, com o rosto
completamente vermelho, os olhos inchados e a roupa suja. Ao entrar no
apartamento ela vai direto para o quarto, vou atrás dela e a jogo na cama
montado sobre o seu quadril, prendo seus braços firmemente sobre a cabeça e
começo a esbravejar puto e fora de mim.

— Eu passei por cima de tudo Polyana. Esperei três meses para ter
você como mulher, fui paciente, entendi todas as suas infantilidades. Mudei
minha rotina de trabalho, minha vida toda por você e para você. Para que eu
fiz isso sua louca?... Para você arrancar meu filho de dentro de você como se
ele fosse uma praga, uma erva daninha? Se você soubesse o quanto eu sonhei
com esse dia? Eu não sou um moleque Polyana, eu tenho quarenta anos, sou
um homem que já realizou tudo que queria e só faltava isso para me
completar.

— Você não entende Trevor. — Ela tenta se afastar do meu rosto que
está a centímetro do dela.

— Eu não vou te entender nunca, nem você a mim... Nós somos


incompatíveis ao extremo.

Fico de pé buscando me acalmar, olho em volta para o quarto de


menina, quase de criança. Eu deveria saber que não daria certo, tinha que ter
me afastado e resistido ao invés de deixar esse amor crescer e criar raiz
dentro de mim.

— Se você tentar entender o meu lado, eu não posso fazer isso


agora... — Ela vem atrás de mim quando saio do quarto e tenta segurar o
meu braço, isso já é demais, então eu grito com todo o ar dos meus pulmões.

— Eu não acredito que você fez isso Polyana, eu esperava tudo de


você menos algo tão imundo assim. Se queria me afastar, conseguiu. —
Chego a sala e dou de cara com Laura e Rudy que parecem ter acabado de
chegar.

— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso. — Eu não
queria falar na frente dos outros, mas quando ela chamou meu filho de
“isso” eu já não me importo mais.

— Isso, a que você se refere era o meu filho, que você MATOU! — A
última palavra sai desesperada. Meu amigo e minha ex cunhada olham para
Polyana atônitos, mas como sempre ela só chora, como se isso fosse trazer
meu filho de volta.
Rudy me leva para seu apartamento, conversamos e tomamos
algumas doses de vinho, estou inconsolável e ele tenta me acalmar. Lembro-
me de todas as vezes que ele disse sobre Polyana ainda me matar do coração.
Sinto-me assim... Ela matou meu coração.

— Então ela tirou mesmo o bebê? Como você soube disso, ela falou?

— Não, eu tinha colocado aquele segurança com ela e ele disse-me


onde ela estava. Fui até lá e a encontrei chorando numa calçada.

— Quando ela te confessou o que fez ela parecia arrependida pelo


menos?

— Ela... Não, ela não chegou a dizer com todas as letras que fez, mas
também não negou.

Depois de várias horas conversando e bebendo com Rudy o celular


dele toca e eu vejo que é a Laura, fico tenso, deve passar notícias da Polyana.
Os dois passam vários minutos ao celular e ele se limita a responder apenas
“aham, sei, entendi”. Quando a ligação termina, ele coça a cabeça e
comporta-se de forma deslocada, percebo que se prepara para dizer alguma
coisa.

— Eu vou te falar uma coisa, mas não quero que faça nada. Nós
estamos bebendo há muito tempo e o álcool é um péssimo conselheiro.
Promete esperar amanhecer para fazer qualquer coisa?

— Nada que venha daquela casa me interessa, quero mais é que ela se
exploda.

— Você disse que ela não falou para você com todas as letras que
tinha feito o aborto não é? — Mas que porra! Aonde ele quer chegar com
isso?
— Mas não negou, quem cala consente. Esqueceu que trabalho com
investigação? Sei quando alguém é culpado de um crime.

— Talvez você esteja envolvido demais para perceber os detalhes. É


duro para eu admitir, mas ela é apenas uma cabritinha assustada e sem saber
o que fazer.

— Não entendo aonde você quer chegar, desenha para mim, por
favor. — Tento rir da minha piada sem graça, mas hoje não estou para
sorrisos.

— Ela foi sim, fazer o aborto, mas não teve coragem. Quando você a
encontrou ela estava no dilema de te ligar para contar, mesmo com medo da
sua reação ou seguir com o plano de tirar o bebê.

Minha cabeça está girando com tantas informações e sentimentos,


tento recapitular o dia e rever suas palavras, lembro-me que ela só falava no
tempo presente e que em nenhum momento me disse que tirou o meu filho.
Ela dizia que não poderia fazer isso, que tinha planos para o futuro, mas não
falou da gravidez como passado.

Céus! Meu filho ainda está dentro dela, ele não está morto. Fico
tentando me lembrar se eu a machuquei ou fiz algo que possa prejudicar o
nosso bebê, lembro-me de sentar na sua pélvis mas não coloquei peso.

Quero rir, quero chorar. Quaro matá-la, por me fazer sofrer tanto e
quero morrer por ter sido tão duro com ela, poderia ter colocado a vida do
nosso filho em risco.

Preciso pensar...
CAPÍTULO VINTE E CINCO

POR LAURA

Levo alguns segundos para processar as palavras do Trevor.


Sinceramente não consigo acreditar que uma pessoa que acompanha de perto
a luta que eu travo diariamente para ter minha filha nos meus braços, possa
ter feito algo tão sórdido.

— Se isso for mesmo, o que eu escutei, você pode pegar as suas


coisas e sair da minha casa.

— Não acredito que você me expulsaria da sua casa? Eu sou sua irmã.
— Polyana diz ainda chorando, vejo que está com medo e assustada.

— Sou eu que não acredito. Como você foi capaz de fazer um aborto?
Você tem ideia das consequências do que você fez? Não, você nunca mede as
consequências de nada.

— Eu sou maior de idade e tenho o direito de decidir levar essa


gravidez em frente ou não. Será que ninguém entende isso? Eu vou acabar
com o meu futuro, você não precisou pensar em fazer isso por que vendeu a
Valentina por milhões e...

Mesmo estando com a barriga enorme, dou-lhe um tapa tão forte que
seu rosto se vira no impacto e todos os meus dedos ficam impressos nele.
Polyana parece não acreditar que eu tenha agido dessa forma, nunca levantei
a mão para ela, mas isso foi a gota d’agua.

— Já que você não valoriza o que eu fiz, mais por você do que por
mim, toma o rumo da sua vida, mas não se esqueça de que a sua postura
infantil, irresponsável, imatura e egocêntrica afastou todas as pessoas que te
amam. Trevor nunca vai te perdoar, eu também não. — Sigo em direção ao
meu quarto, essas emoções não me fazem bem e minha cabeça está
explodindo.

Já estou na minha cama tentando aliviar uma dor nas costas, quando a
porta se abre. Polyana entra com a cabeça baixa e os olhos vermelhos de
tanto chorar, senta-se à beira da cama e começa a falar sem olhar em meus
olhos.

— Eu comecei a desconfiar que estivesse grávida na semana passada,


às vezes eu me esqueço de tomar as pílulas e minha menstruação estava
atrasada. Na sexta-feira Marisol me acompanhou para fazer o exame de
sangue e deu positivo.

— E você não me achou confiável para compartilhar essa informação,


preferiu uma estranha?

— Eu tive medo, não quero passar por tudo que você está passando,
achei que Trevor iria surtar e ainda teria que largar os meus estudos. Foi aí
que a Marisol me disse, já ter feito um aborto em uma clínica de confiança e
me deu o endereço.

— Impressionante como você não conhece o seu namorado, ele seria


um pai maravilhoso. Ótima amiga essa sua heim?

— Trevor me sufoca Laura, não sei se ele é a pessoa certa para mim.
— Finalmente ela me olha.

— Eu vejo que ele é muito além de ciumento, mas te ama e tem medo
de te perder para alguém mais parecido com você. Engraçado que é
justamente por ser tão diferente que eu acredito que ele seja o homem certo
para você.

— Não entendi.

— Você é influenciável e impulsiva, pessoas assim precisam de


alguém que funcione como um freio ou elas entram em rota de colisão. Você
é autodestrutiva Polyana, sempre foi.

— Eu não sei o que fazer. — E a Madalena volta a chorar, estou com


tanta raiva que nem mesmo sinto pena das suas lágrimas.

— Você já fez a merda Polyana, agora aguente a consequência


sozinha.

— Eu não fiz.

— Agora sou eu que não estou entendendo.

— Eu não tirei o bebê, fui até lá com a intenção de fazer, mas tive
medo de me arrepender. Eu queria ligar para o Trevor e pedir para ele me
buscar, contar para ele... Mas o medo e a vergonha não deixavam.

Conversamos mais sobre sua atitude, por horas ela escuta calada o
meu sermão. Polyana aceita que eu avise ao Rudy, pois ele está com Trevor.
Achei que ele bateria aqui imediatamente, mas isso não aconteceu.

(...)

Na terça-feira pela manhã, Trevor veio conversar com a Polyana,


passaram horas dentro do quarto e por fim decidiram dar em tempo no
relacionamento. Não foi tão simples assim, mas isso não é assunto meu.

Rudy está um caco, revezando entre mim, a empresa e o pai, qualquer


um percebe o seu abatimento. Por mais que Dona Cora fique no hospital
todos os dias, Rudy faz questão de dormir lá no mínimo três vezes por
semana para dar descanso a ela, o restante ele dorme aqui comigo. Durante o
dia ele trabalha, trabalha e trabalha mais um pouquinho para dar conta do
recado sozinho. Tem medo de decepcionar o pai.

Nessas últimas semanas o Sr. Leonel teve uma piora acentuada,


devido a um quadro de infecção hospitalar contraída por sua baixa
imunidade. Ontem ele foi transferido para a UTI, mesmo tentando não
parecer, Rudy está sentindo demais essa situação, seu abatimento é nítido.

Ontem comecei a sentir fortes dores nas costas, achei melhor não falar
nada com o meu Senhor do Petróleo, o fato de não ser permitido ficar mais de
trinta minutos com o pai na UTI o deixou um pouco irritado e eu não quero
trazer mais problemas. As visitas são às 09h e às 16h, pedi para acompanhá-
lo na visita da tarde, Dona Cora iria pela manhã e são permitidas apenas duas
pessoas por vez.

— Amor, se você quiser esperar aqui eu vou entender. Temos que


pensar na Valentina.

— Eu estou bem. — Se eu desconsiderar a dor nas costas que vem e


vai. — E seu pai falou que gostaria de ver minha barriga, não falou?

— Falou, ele acha que vai morrer deixando assuntos pendentes, esses
missionários que visitam doentes em hospital enfiaram na cabeça dele que é
melhor se redimir em vida... Já estão matando meu pai antes da hora, bando
de urubus. — Rudy não aceita o estado do pai, a forma como as coisas
aconteceram e a rapidez. As esperanças nele são vivas e reais.
— Ok. Vamos, está na hora.

O local é muito limpo e espaçoso, os únicos sons são os bips dos


aparelhos. São quatro leitos separados e no meio tem um balcão com
computadores e vários enfermeiros. Caminhamos até o leito onde o senhor
Leonel está. A visão deixa-me chocada.

Usando apenas um lençol até a cintura percebo que ele está de fralda,
conto quinze bombas de infusão penduradas em suportes de inox e cada leva
uma medicação diferente, também vejo um coletor onde está sua urina e
mesmo para mim que sou leiga parece escura demais.

— Pai, pai sou eu Rudy, eu trouxe a Laura e a Valentina. O senhor


disse que gostaria de vê-las. — Ele abre os olhos, apenas uma brecha e por
alguns segundos focando o olhar em mim.

— Oi! Fico feliz que o senhor quis me ver, Valentina está bem
animada com a visita. — Levantando sua mão por poucos centímetros ele
passa os dedos na minha barriga que esta encostada na maca.

— Perdão... Eu... errei com vocês duas. — As seis palavras são ditas
com muita dificuldade, sua voz está fraca e debilitada, apenas uma lágrima
escorre dos seus olhos, Rudy não aguenta a situação e sai.

— Não guardo mágoas do senhor, não tenho que te perdoar de nada,


isso só cabe a Deus. Pelo amor que eu sinto por seu filho, eu apaguei
qualquer sentimento ruim do passado, isso inclui os que eu senti pelo senhor.

Pego sua mão e a coloco em minha barriga, estou muito emocionada e


minhas dores estão aumentando muito, movimento o quadril tentando aliviar
a dor, mas isso não adianta nada. Acho que permanecemos mais de quinze
minutos em silêncio com ele acariciando delicadamente minha barriga.
Valentina se moveu algumas vezes e pude vislumbrar novas lágrimas
brotando dos olhos do meu sogro.

Uma enfermeira convidou-me a me retirar, quando o horário de


visitas terminou. Na sala de espera, Rudy permanecia sentado com a cabeça
baixa, a visão de um homem derrotado não combina com ele. Paro ao seu
lado já me sentindo muito desconfortável, as dores irradiam para minhas
pernas e meu ventre, acho que não consigo mais segurar.

— Amor?

— Eu não consegui, desculpe. É completamente anormal assistir meu


pai tão vulnerável, ele sempre foi uma rocha inabalável.

— Amor eu...

— Por favor, eu não quero falar sobre isso agora.

— Rudy, eu estou em trabalho de parto. — O homem levanta-se num


pulo, olhando-me de cima a baixo.

— Como sabe disso? Não está na hora, você está com 36 semanas e a
medica disse que nasceria de 38 a 42. Segura ela ai dentro. — Não sei se eu
sorrio ou se dou um murro na cara dele.

— Estou com muita dor desde ontem, não estou mais aguentando
preciso de um médico.

— Amor, você devia ter me dito isso quando começou, não acredito
que escondeu suas dores de mim. — Ele está bravo comigo? — Vamos para
o carro, precisamos lembrar da bolsa, dos documentos, da grávida e de
manter a calma. — Cheio de calma ele, morro de rir.

— Rudy, respira. Não te contei porque ontem seu pai estava sendo
transferido para a UTI e você já tinha coisas demais para pensar. Nós não
vamos para o carro porque já estamos em um hospital, a bolsa já está no
porta-malas e não vou precisar dela agora. Por hora só precisamos da calma,
muita calma mesmo.

Ligamos para minha médica, a equipe do hospital ajuda a me preparar


e acalmar o Rudy. Minha sogra chega e finalmente consegue conter o seu
filho barraqueiro, imagina um homem deste tamanho e com voz do Robocop
reclamando que alguém tinha que parar a minha dor.

Optei por um parto humanizado onde eu poderia me locomover pelo


quarto conforme achasse melhor. Deitei, levante, andei pelo quarto, me
agachei e repeti tudo outras mil vezes. Em um determinado momento fiquei
de cócoras para aliviar as dores, uma das enfermeiras colocou uma cadeira
atrás de mim e Rudy se sentou. Minhas axilas estavam travadas em suas
coxas e ele fazia círculos em minha barriga e costas. Cinco horas de dores e
muita caminhada, volto a ficar agachada e apoiar-me em Rudy que está
branco feito vela.

— Vamos lá Laura, ela já está coroando, precisa fazer força, vamos


acabar com isso logo. — Dr. Mônica me incentiva.

— Vai amor, eu estou aqui. Traz nossa princesa para gente.

Faço uma força sobre-humana, travo os dentes e aperto os braços nas


coxas dele ao extremo. A médica está de joelhos entre as minhas pernas, sinto
como se fosse virar ao avesso e o mundo ganha um novo som. Minha
Valentina chega aos gritos em plenos pulmões.

— Parabéns mamãe! Ela é perfeita. — A médica coloca meu bebê em


meus braços enquanto retira a placenta e pinça o cordão para os testes do
transplante. Minha princesa é linda de viver, gordinha e rosada.
— Olha amor, nossa princesa.

— É!

Olho para cima e ele está quase se afogando em lágrimas, o rosto está
contraído em um sorriso enorme. Damos um selinho e sou levada para me
limpar, Valentina vai com o pai para a sala da pediatria, para fazer os
primeiros testes de Apgar, o ouvi perguntar se poderia dar o primeiro banho.
Tão lindo meu Senhor do Petróleo.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

POR RUDY

Minha vida está de cabeça para baixo, não há nada que seja como
antes, mesmo assim eu só mudaria o fato do meu pai estar doente. Laura a
cada dia fica mais linda, claro que está bastante inchada e reclamona,
entretanto nada disso é capaz de ofuscar a sua beleza. Quando a olho percebo
que “o antes” não me faz falta nenhuma.

Sento-me na sala de espera da UTI onde meu pai está internado,


permaneço com a cabeça baixa refletindo sobre tudo que está acontecendo.
Apaixonei-me pela mulher que escolhi para ser a mãe do meu herdeiro, que
nesse caso é uma herdeira. Quem diria que a minha filha seria a última
esperança para tirar meu pai deste sofrimento? Lembro-me perfeitamente da
sua ordem para que eu fizesse Laura abortar a nossa filha, acredito que a
partir dali a visão que eu construí dele como meu exemplo foi se ruindo.

Ontem a vinda do meu pai para a UTI se tornou inadiável e a


possibilidade dele não sair com vida deste lugar mudou de uma chance para
quase uma certeza. Antes de ser transferido ele me chamou para conversar e
pediu que eu trouxesse a Laura para vê-lo o quanto antes, ele insiste que não
pode partir sem ter o perdão dela.

Laura está lá dentro, mas, eu não tive forças para permanecer. A


imagem que eu construí do meu pai é de um homem inatingível, superior e
forte. Quando ele pediu perdão a minha mulher com um último fio de voz,
ele não estava apenas redimindo-se, ele estava desistindo, tive a certeza que
ele não vai mais tentar ganhar essa guerra, entregou os pontos e quer ir de
consciência limpa.

Sinto a presença dela ao meu lado, vejo seus pés próximos aos meus e
sinto-me ainda mais covarde por tê-la deixado sozinha nesse momento.

— Amor?

— Eu não consegui, desculpe. É completamente anormal assistir meu


pai tão vulnerável, ele sempre foi uma rocha inabalável.

— Amor eu... — A interrompo por não querer saber o que ele disse a
ela, nesse momento não consigo.

— Por favor, eu não quero falar sobre isso agora.

— Rudy, eu estou em trabalho de parto.

A palavra “parto” me desperta para a realidade, levanto-me em um


salto, olho para sua barriga que me parece normal e para o seu rosto que está
marcado pela dor. Achei que teria água, sangue e mais água e... Sangue.

Depois de uma crise ridícula de desespero da minha parte,


conseguimos ligar para a médica e organizar a chegada da nossa Valentina,
na verdade tudo que eu fiz, foi olhar e mandar tirar essa dor da minha mulher.
Pensei que teríamos um cirurgião, um pequeno corte e pronto, mas não, ela
tem que dificultar as coisas.

Por que motivo uma mulher escolhe passar cinco horas andando de
um lado para o outro e gemendo de dor? O que um pai faz nesse momento?
Eu fiquei a seguindo com os olhos e sentei quando uma enfermeira apontou
uma cadeira, na verdade eu não queria passar por isso. Laura agachada no
meio das minhas pernas quase se desfazendo de dor não era exatamente o
meu sonho preferido.
A médica estava sentada no chão frente a frente com a Laura, dizia
palavras de incentivo, colocava os dedos dentro dela, sei lá para quê. Eu
estou igual aos pinguins de Madagascar... Sorria e acene. Toda vez que ela
volta o seu olhar para mim eu sorrio como se estivesse adorando aquela
situação desesperadora. Preciso dar força para ela e estou rezando para não
desmaiar.

— Vamos lá Laura, ela está coroando, precisa fazer força. Vamos


acabar com isso logo. — Coroando? Isso deve ser bom, a médica parece
animada com a ideia.

— Vai amor, eu estou aqui. Nos traga a nossa princesa. — Eu


precisava dizer alguma coisa, espero que baste. Com o nó que tenho na
garganta se eu falar mais, vou chorar feito uma criança e preciso manter-me
firme aqui.

Minhas coxas são esmagadas pelos braços da Laura, ela faz tanta
força e grita buscando por mais. Minha vontade de ter mais filhos morreu
agora. Ela segura minhas mãos e aperta tanto, mas tanto, que estou quase as
retirando do seu aperto quando do nada ela para. O mundo para.

Eu deveria saber o nome do que estou sentindo, deveria falar coisas


bonitas para ela agora, sim, eu sei disso, mas o sorriso que se instalou no meu
rosto é tão escancarado que não consigo falar. A doutora diz alguma coisa e
entrega nossa filha para Laura. Eu posso esquecer qualquer coisa, mas essa
cena jamais vai sair da minha memória. Não é um bebê de novela que está
limpo, bonito e cheiroso nos braços de uma mãe penteada maquiada e essas
coisas. Minha filha é linda até mesmo coberta com essa coisa branca e
esquisita, o cabelinho é negro como os meus e também esta empapado com
uma gosma branca, mas mesmo assim é extraordinariamente perfeita. A mãe
parece ter saído de um furacão, está descabelada, suada, ainda de cócoras e
com a placenta sendo retirada, mas, engana-se quem acha que ela está um
desastre, não... Ela é a visão da plenitude.

— Olha amor, nossa princesa. — Laura vira-se para mim com


Valentina sobre os ombros.

— É! — São tantas lágrimas e um sorriso tão insistente, instalaram-


se descaradamente no meu rosto, não consigo verbalizar. Dou um beijo
delicado em seus lábios continuando a admirar minhas mulheres se
conhecendo.

O primeiro procedimento com o cordão é feito. Acompanho Valentina


à sala do pediatra, ele tem que fazer alguns exames de rotina e eu não quero
deixar minha princesa sozinha com estranhos, como se ela me conhecesse.
Para minha surpresa, ela procura minha voz quando eu falo e para de chorar
quando eu canto as músicas que cantava para ela dentro da barriga da mãe.

Não sei para que torturar assim o meu bebê, são muitos furos,
pesagem, medidas e mais furos, que tenho vontade de pegar minha filha e sair
correndo daqui. O banho foi um pouco estranho, mas eu adorei e quero fazer
isso mais vezes, apesar de que a coisa branca não saiu assim tão facilmente,
mas, ela já está cheirosinha. Já estava pronto para sair com meu Morangão
nos braços, ela está toda de vermelho e parece um grande morango maduro,
quando uma enfermeira chega perto de mim com uma caixinha.

— O senhor segura ela bem firme enquanto eu furo a orelhinha. —


Furar? Nem pensar, chega dessa palavra.

— Isso é algum teste vital, alguma coisa obrigatória ou algo assim?

— Não. São os brincos que sua esposa pediu para colocar, preciso
primeiro furar a orelha do bebê, mas é bem rapidinho. — Diz toda sorridente
querendo fazer meu Morangão sofrer.

— Nem pensar, sem brincos. Posso levá-la para o quarto? — Falei


tão sério que a terrorista nem me questionou.

Laura está dormindo, não foi fácil trazer nossa filha ao mundo e ela
deve estar exausta. Sento-me em uma poltrona e fico observando o rostinho
do meu Morangão, tão linda que tenho medo de roubarem ela de mim. Sinto-
me enciumado, protetor e completamente cativado pela garotinha nos meus
braços.

— Ela é linda, não é? — Estava tão absorto em meus pensamentos


que não a vi acordar.

— É sim meu amor. Parece até a branca de neve da Disney. Branca


como a neve, cabelos negros como a noite e lábios vermelhos como sangue.
— De onde eu tirei essa viadagem?

— Você está com cara de bobo, sabia? — É eu sei. Valentina começa


a resmungar e se retorcer.

— Me dá ela aqui. — Espero Laura se sentar e entrego nossa filha.


— Onde está o brinco que eu pedi para colocar? — Xiii!

— No lixo.

— Você não está falando sério, era de ouro. Ela é uma menina,
meninas usam brincos.

— Quando ela quiser usar brincos ela mesma vai pedir por isso, eu
heim! Tem ideia de quantas furadas ela já tomou hoje?

— Rudy, isso é normal. É melhor ela furar agora que é um bebê, do


que depois, ai sim, ela vai sentir mais.

— Amor ela sente, ela chorou muito para tomar vacina no bracinho
direito. Se quiser furar a orelha dela vai ter que ser bem longe de mim, minha
cota de agulhas por hoje já acabou. Pelo ano acabou... Talvez pelo século.

Uma batida na porta acaba com nosso assunto. Entra uma enfermeira
para ajudar Laura a amamentar nossa mocinha de vermelho. Valentina enrola,
enrola e deixa a mãe quase chorando, por achar que ela não vai querer mamar
no peito, mas quando a enfermeira aperta o bico do peito sem dó e lambuza a
boquinha dela com o leite, não tem para ninguém. Só vejo o queixinho
subindo e descendo, o nariz está quase enterrado no seio e ela parece nem
respirar.

— Onde está a minha princesa? — Minha mãe entra no quarto, cheia


de sorrisos.

— Olha que linda mãe.

— Santo Deus! Vocês estão de parabéns, ela é feita para olhar de tão
linda. Fui contar para o seu pai que a nossa neta nasceu e acabei ficando um
pouco mais do que devia. Uma enfermeira permitiu que eu entrasse, ele
mandou dizer que gostaria de estar aqui. — Isso me faz lembrar o exame.

Em poucos minutos vejo o Dr. Murta entrar no quarto segurando alguns


papeis.

— Boa noite a todos e parabéns pela mocinha. Preciso conversar com


você Rudy.

— Claro, aconteceu alguma coisa?

— Sim. Fizemos todos os exames e procedimentos necessários.


Comprovamos que o sangue do cordão da Valentina é compatível, na
verdade, é surpreendentemente compatível com o sangue do Sr. Leonel,
porém quero que se lembrem de que os riscos são grandes, devido à idade do
seu pai.

— Quando o transplante será feito doutor? — Minha mãe pergunta


apreensiva.

— Estando cientes de todos os riscos que já conversamos


anteriormente, começaremos o processo ainda hoje. Nós congelamos as
células tronco da Valentina, iniciaremos uma dose de quimioterapia muito
elevada, para matar as células ruins que estão no organismo do Leonel,
porém, isso também afetas as células boas. Seu pai ficará em um local
totalmente estéril para evitar quaisquer infecções. Quando injetarmos as
células tronco elas farão o trabalho de reposição das que foram perdidas,
iniciando a reconstituição hematopoiética, que é a fabricação de sangue novo.
É um processo muito arriscado e ele precisará ficar pelo menos quarenta dias
em isolamento total, mas devido as circunstâncias é a nossa maior chance.
Talvez seja a única.

Depois de uma longa conversa e assinarmos todos os termos de


responsabilidade e entendimento, que não eram poucos, Dr. Murta desloca-se
para a preparação da cirurgia, como não poderemos acompanhar nada,
preferimos permanecer aqui com a Laura e Valentina.

Pela manhã sou chamado ao consultório do Dr. Murta, minha mãe me


acompanha, estamos preocupados e esperançosos ao mesmo tempo. Polyana
chegou hoje bem cedo e está fazendo companhia a irmã.

— Bom dia. Sentem-se, por favor.

— Como foi doutor?


— Como já conversamos, todo este processo é muito arriscado. Tirar
totalmente a imunidade de um homem com mais de sessenta anos é algo não
muito utilizado devido ao alto risco.

— Diga de uma vez doutor. — Diz minha mãe. Seguro sua mão que
está tremendo.

— Até o momento ele está reagindo bem ao tratamento. Cada hora


será crucial para sua recuperação, ele não está fora de perigo, mas, passa
bem.
CAPÍTULO VINTE E SETE

POR RUDY

— Preciso que seja rosa e tenha brinquedos pendurados, muitas coisas


de mocinha. Tem que ser seguro e aprovado pelo órgão de segurança. Ah,
deve vir acompanhado do suporte e ser anti-refluxo. — Digo à vendedora
que está espantada com a minha pressa.

— Este atende a todas as suas exigências. Posso mandar entregá-lo


hoje mesmo.

— Não, vou levá-lo agora. Vou querer também os acessórios


barulhentos e as capas que você me sugeriu.

Saio da loja com tudo que a vendedora disse ser necessário. Hoje
finalmente vou trazer minha mulher e meu Morangão para casa, não estou
aguentando de tanta ansiedade. Polyana e Trevor ficaram no hospital fazendo
companhia para elas, não quis deixá-las sozinhas e também não deixaria só a
irresponsável da Cabritinha. Liguei para o meu amigo implorando que ele
fosse.

Até agora eu não entendi o que eles decidiram para o futuro, na


verdade acho que não foi decidido nada. Não há nada pior do que ficar em
um ambiente com um casal brigado, sendo que o homem faz de tudo para
ignorar a mulher, ela, por sua vez, faz de tudo para chamar a atenção dele e
os dois não conseguem esconder de ninguém o sofrimento mútuo. Na manhã
seguinte ao nascimento da Valentina, Trevor e Polyana foram visitá-la,
chegaram separados é claro. Um dos médicos da equipe do Dr. Murta veio
conhecer a nossa filha e assim que ele colocou os olhos em Polyana já tomou
uma postura de pavão conquistador, tão ridículo um homem tentando parecer
interessante descaradamente. Não preciso dizer que o Trevor, com todo o seu
lado super ciumento, deu um jeito de escancarar que a Cabritinha estava
carregando um filho dele.

Faço o meu caminho para o hospital apressadamente, já era para estar


lá desde as 8 horas, passam das 10 horas e eu estou a quatro quadras do meu
destino. Há três dias Laura permanece internada e só hoje, me dei conta que
não tinha comprado um bebê conforto para o meu Morangão deixar o
hospital em segurança. Saí correndo e comprei o mais completo e mais
feminino que encontrei.

Meu pai está aguentando bem o período de isolamento, infelizmente


ele não pode receber visitas e vai ter que permanecer assim por quarenta dias.
Estamos nos falando por Skype ou telefone durante esse período conturbado.
Choramos juntos quando mostrei meu Morangão a ele, choramos, sorrimos e
fizemos planos em torná-la uma mulher forte e competente. Essa quarentena
e o fato de acompanhar nossa alegria apenas como espectador distante está
deixando meu pai com um semblante triste, quase deprimido.

Sou observado por todos assim que entro no hospital, não há uma
pessoa que segure o riso ao me ver correndo cheio de sacolas e caixas, só o
trambolho do bebê conforto já é o suficiente para me entregar: “Papai de
primeira viagem”.

— Demorei? — Pergunto ao entrar no quarto.

— Não amor. Já podemos ir?

— Ah demorou sim, o médico já deu alta a mais de duas horas e nós


ainda estamos aqui. — Oh criatura intragável!
— Polyana deixa de ser implicante, por favor. — Se Laura olhar para
mim como fez com ela agora, eu sei que vem chumbo grosso.

Vamos os quatro para o apartamento da Laura, Trevor declina do


convite com a desculpa de ser um momento muito pessoal, ele prefere voltar
para visitar no decorrer da semana. Você acreditou? Eu também não. Coitado,
meu amigo está mantendo-se distante para não cair nas garras da Cabritinha
do mal.

Como não poderia ficar no hospital com meu pai e também não era
bom ficar em casa sozinha, minha mãe vem todos os para dias ajudar a Laura,
já que a vida de todos está bem complicada. Polyana não pode abandonar a
faculdade e eu estou sozinho para dirigir a empresa. A ajuda de mamãe tem
sido de muita importância para minha mulher, as duas são amigas e isso me
tranquiliza.

Dou banho no meu Morangão todas as manhãs antes de sair para


trabalhar, isso é algo que não abro mão, esse é o nosso momento. Dia após
dia ela está ficando mais forte e mais linda, saio pela manhã e volto ao
anoitecer e parece que ela já cresceu mais.

Inúmeras vezes quando termino de banhar a minha princesa ela


resolve me sacanear e ferrar com a minha produção, sempre vermelha que eu
adoro. Ontem estava fazendo uma passagem na barriguinha dela para aliviar
as cólicas quando a Laura advertiu-me que deveria fazer aquilo com a
Valentina usando fraldas, achei desnecessário por que um bumbum tão
pequeno não iria fazer grande estrago... Engano meu.

Quando flexionei suas perninhas, com uma das mãos fazendo um


movimento de relógio em torno do seu umbigo ela soltou um pum que veio
antecedendo o jato destruidor da minha camisa branca Armani.
Definitivamente eu deveria ter colocado fralda nela, um lençol ou talvez a
muralha da china para amenizar os estragos. Laura não sabia de ria ou se
pegava algo para me limpar.

Estou com minha mãe no consultório do Dr. Murta, ele foi buscar
meu pai no isolamento, pois hoje é o dia de levá-lo para casa. O tratamento
foi bem sucedido, mas ainda temos uma longa caminhada pela frente, meu
pai precisa evitar locais fechados, aglomeração, excesso de visitas e stress.
Depois de quarenta dias sem qualquer contato físico, finalmente iremos nos
encontrar e matar as saudades. Preferi deixar minhas mulheres em casa, hoje
à noite jantaremos todos juntos na casa dos meus pais, aqui não é lugar para
minha pequena. A porta se abre e minha mãe corre para um abraço demorado
como eu nunca vi antes entre os dois.

— Meu amor, há quanto tempo não nos tocamos. Não sei explicar
como estou feliz nesse momento.

— Eu também, Cora, estou muito feliz pela minha nova chance com a
minha família. — Ele olha para mim como se esperasse alguma coisa, dou-
lhe um longo e saudoso abraço, regado a lágrimas e palavras silenciosas. É
muito incomum abraçá-lo com tão pouco peso.

— Seja bem-vindo meu pai! Estávamos com saudades.

— Eu também estava. Onde está a minha mini salvadora?

— Está em casa, iremos para sua casa na hora do jantar. Essa noite foi
muito complicada, ela está sofrendo com as cólicas e minha mulher passou a
noite inteira acordada.

— Sua mulher? Não sabia que havia se casado. — Diz meu pai com
cara de desdém.

— Meu pai, acho melhor não entrarmos na minha relação com a


Laura, ela sempre estará acima de todos para mim.

— Acho que me expressei mal. Quero dizer que já passou da hora de


tornar essa relação legal perante as leis, se até mesmo eu já percebi isso é
porque já era para ser oficial. Não acha?

Além dos tratamentos para a sua doença, acho que fizeram uma
lavagem cerebral no meu pai também. Achei que seu estado havia o deixado
mais sereno, mais carinhoso e menos distante de todos que o amam, mas vejo
que ele é um novo homem... Um homem que eu quero conhecer.
CAPITULO VINTE E OITO

POR LEONEL

Quarenta dias em isolamento total dentro de um quarto


completamente estéril. Quarenta dias sem qualquer contato direto com a
minha família, sem trabalhar ou ao menos um resquício de vida normal.
Talvez tudo que eu esteja passando seja um castigo ou talvez seja um
aprendizado, neste momento a única certeza que eu tenho é que não serei o
mesmo quando estiver fora daqui.

Converso com meu filho e com minha mulher pelo telefone várias
vezes ao dia. Conversei também com a brasileira... Ou melhor... Com a
Laura, a mulher do meu filho e mãe da minha neta. Achei que seria mais
complicado aceitar a menina como minha neta, mas não é. Rudy mostrou-me
Valentina por Skype, ela é linda e se perece muito com a nossa família, seus
cabelos escuros e cheios são típicos de um Scheideger.

Impossível não apaixonar-me por aquele ser, eu não seria humano se


não caísse de amores por ela. Pensando assim, eu vejo que ela veio para
resgatar a minha humanidade, desenterrar algo que acreditei não existir mais
em mim. Mesmo sendo uma menina, consigo enxergar muita garra em seus
olhos, não acreditava ser possível alguém do sexo frágil me surpreender, mas
tenho certeza de que ela irá.

Cora e Rudy levaram-me para casa, minha casa é o local que mais
senti falta. Quando passamos muito tempo fora, a primeira coisa que nos
recebe de volta é o cheiro do nosso lar, não há nada igual ao cheiro que tem
aqui. Tudo permaneceu no lugar, o jardim que minha mulher sempre cuidou,
minhas obras de arte e até mesmo a coleção de armas.

Rudy foi para casa com a promessa de retornar à noite trazendo a


pequena, como ele diz: “a Morangão”. Coitada da criança que já vai crescer
com um apelido tão estranho, mas ele não me escuta... Não como escutou um
dia. Hoje pude ver um filho que eu nunca vi, um homem decidido e feliz, um
pai orgulhoso, que não sabe falar de outra coisa que não seja o seu Morangão.
Todas as fotos que ele me mostra ela está vestida de vermelho... Acho graça
desse novo Rudy.

Esses dias em isolamento serviram para mostrar-me o quanto sinto


falta de todos, acabei concluindo que não quero perder a família que eu
tenho, não quero mais ser como sempre fui com a minha mulher e com o meu
filho. Durante o tempo que fiquei esperando pelo transplante, tive tempo para
escutar a Cora e todos os seus anseios por uma vida melhor. Eu e Rudy
também conversamos muito... Talvez, mais do que em todos os anos da nossa
vida juntos.

POR RUDY

Chego à casa dos meus pais e consigo sentir o quanto Laura está
tensa, não é para menos depois de tudo que ela escutou da última vez que
estivemos aqui, mas, desta vez não admitirei qualquer indelicadeza com a
minha linda. Quero deixar as melhores lembranças neste dia.

— Não há motivos para ficar assim. — Falo esfregando sua coxa


esquerda.

— Só estou apreensiva, vou me acalmar. — Saímos do carro e vou


para o banco de trás pegar meu Morangão.
— Vamos lá dá umas golfadas no vovô, Morangão? Ele vai adorar. —
Caio na gargalhada imaginando a cara do meu pai com essa situação.

— Nem brinca com isso Rudy, acho que ele a joga longe se isso
acontecer.

Ao entrar na casa, seguro o bebê conforto em uma mão e a cintura da


Laura com a outra, ela ainda treme e isso me faz lembrar o maldito almoço do
passado. Minha mãe levanta-se do sofá e vem às pressas tirar Valentina dos
seus cintos e pegá-la nos braços, cheira seus cabelos, beija suas mãozinhas e
retorna para o sofá onde está meu pai.

— Nossa mãe! Oi para você também, eu e Laura estamos muito bem


a proposito. — Provoco-a.

— Ah meu filho, pode ir se acostumando, agora vocês ficaram em


segundo plano. Olha como ela é linda meu bem. — Diz ela sentando-se com
Valentina esticadinha sobre suas coxas olhando-a como se compreendesse.

— Como vai Laura? Acho que não começamos bem, seja bem-vinda
a minha casa. — Meu pai diz ao levantar-se para cumprimentar Laura.

— Vou bem Sr. Leonel, obrigada por me receber.

— A Valentina é linda, parece uma boneca de porcelana. Vocês estão


de parabéns!

Passada a tensão do primeiro momento tudo correu tranquilamente.


Meu pai pegou meu Morangão e ficou com ela por horas, todas as vezes que
tentamos pegá-la para que não se esforçasse demais ele não permitia. O jantar
foi servido e Valentina ficou dormindo em seu bebê conforto, diferente da
última vez, esse foi regado a muitas risadas e uma conversa amena.
— Aproveitando que estamos todos reunidos em paz nesta noite... Eu
gostaria muito de dizer algumas palavras. — Respiro fundo tendo toda a
atenção dos presentes e continuo. — Há quase um ano eu conheci uma moça
e talvez da forma mais errada possível, a coagi a entrar na minha vida. Hoje
quero fazer as coisas de outra forma, da forma como ela merece.

Deixo o meu lugar e ajoelho-me diante dela que já está


completamente vermelha, faço que se vire para mim. Estamos com os olhos
vidrados um no outro.

— Amor da minha vida, razão da minha felicidade. Eu sei que tenho


o seu amor e a sua fidelidade, sei que somos felizes e completos juntos. Além
de todo amor que sentimos ainda temos esse laço eterno que é a nossa filha.
Ao meu ver isso seria o suficiente para continuar sendo o homem mais feliz e
realizado do universo, mas, sou egoísta e quero que qualquer ser pensante na
terra saiba que eu sou o seu marido e você é a minha esposa.

— Oh meu Deus! — Ela tenta parar as lágrimas que brotam dos


olhos azuis que me iluminam.

— Laura Alves, aceita ser minha esposa até que a morte nos separe?

— Até que a morte nos separe eu estarei ao seu lado. Sim! — Mesmo
na presença dos meus pais, agarro-a dando-lhe um longo e molhado beijo
para selar o meu pedido.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

POR LAURA

Ele me pediu em casamento. Ainda estou acostumando-me com isso,


definitivamente eu não imaginei chegar tão longe. Praticamente moramos
juntos há meses, mas isso foi surpreendente. Serei oficialmente a senhora
Scheideger.

Quando já estamos nos organizando para partir digo que preciso ir ao


banheiro. Tentando ser o mais silenciosa possível, ligo para minha médica.

— Alô!

— Boa noite Dra. Mônica, aqui é a Laura do Rudy. Gostaria de lhe


fazer uma pergunta muito importante... Desculpe o horário.

— Não há nenhum problema minha querida. Qual é a dúvida tão


urgente? — Pelo humor em sua voz, acho que imagina o motivo da minha
ligação.

— Eu acabei de ser pedida em casamento e não estou cabendo em


mim de tanta felicidade. Preciso saber se já posso ter relações sexuais
normalmente.

— Não sei por que está falando tão baixinho, mas já tem quarenta
dias completos desde o seu parto, o seu puerpério já se completou. Sendo
assim não vejo motivos para adiar. Parabéns pelo casório.

— Muito obrigada! Preciso desligar.

Chegamos ao meu apartamento com a Valentina ainda acordada,


Rudy insiste em dar banho na filha, isso é quase uma religião, sempre que
está em casa ninguém faz isso a não ser ele. Aproveito minha semiliberdade e
vou preparar-me. Tomo um bom banho, depilo até a minha alma, faço uma
ducha intima... Sim, hoje eu quero tudo que tenho direito e nada mais certo
do que uma boa preparação.

Vestida com um roupão vou atrás dos meus amores. Enquanto ele vai
tomar banho eu amamento a nossa filha e a faço dormir. Vou ao bar, pego
uma garrafa de champanhe e duas taças, sei que não devo beber, mas um gole
não vai matar ninguém e eu mereço.

— Ela está no quarto, cara. — Assim que entro no quarto percebo que
ele fala com Trevor ao celular. Parece que as coisas inverteram-se. — Eu
não a vi, sei que está lá porque a Laura foi dar boa noite para ela. — Ele
esfrega o cabelo, já sem paciência com a situação do amigo. — Por que você
mesmo não vem aqui? Sério, não aguento mais isso. Você é totalmente
insano pela garota e fica ai se fazendo de forte... Ok, boa noite!

— Era o Trevor?

— Quem mais me ligaria fazendo trinta perguntas sobre uma certa


cabritinha? Já estou pensando em mudar de número. Cara chato!

— Pelo que eu sei, você ficou bem parecido por meses... — Ele corta-
me imediatamente.

— Nem me fale. Deus me livre reviver isso, estou mais do que feliz
assim.

Ele já está deitado na cama, veste apenas um samba-canção azul


marinho, as cobertas estão jogadas aos pés da cama e alguns travesseiros
amontoados em suas costas. Vou até o banheiro pego um óleo hidratante de
maracujá e volto para o quarto.

Sento-me no recamier e começo a massagear seus pés enquanto


recebo um olhar intrigado, porém satisfeito. Minha massagem estende-se para
panturrilha, coxa e virilha pulando a zona mais rígida do seu corpo. O tecido
do samba-canção está formando uma ampla barraca e seus olhos queimam
sobre mim, todos os pelos do seu corpo estão ouriçados deixando a visão do
seu abdome ainda mais apetitosa.

— Há meses estou me segurando, mas, antes a vida da nossa filha


estava em jogo. Não me peça para aguentar essa tortura agora, não sou capaz.
Foram meses em repouso e há quarenta dias que estamos cumprindo o
resguardo. Então pare de me provocar porquê ainda temos cinco dias de
purgatório.

— Eu liguei para minha médica. — Digo montando-o e massageando


seu peito, escuto sua respiração pesada.

— E?

— E o resguardo acabou.

Tempo, foi a última coisa que eu tive, depois que as palavras


deixaram os meus lábios, Rudy inverteu nossas posições ficando em cima de
mim. Com um esfregar de pés retirei a maldita peça de seda que ele vestia,
meu roupão foi aberto, mas não houve tempo de retirá-lo de baixo de mim.

Quem disse que um bom beijo de língua não poder ser uma
preliminar? Foi exatamente isso que eu recebi, nos beijamos por uma
eternidade até que a cabeça do seu pênis começou a esfregar-se na minha
entrada, em segundos já estava completamente pronta e desesperada para
recebê-lo.
Lenta, muita lenta foi a penetração. Meu corpo demorou um pouco
para aceitar a invasão, confesso que não foi confortável por alguns minutos,
mas percebendo que meus gemidos eram mais por dor do que por prazer ele
parou.

— Você ficou seca de repente. Tem algo errado?

— Meu corpo está diferente. Sinto-me menor, não sei explicar. Parece não
caber, desculpe.

Depois de escutar minhas palavras sua boca percorre todo o meu


corpo, não deixando nada passar despercebido. Quando fez menção em
chupar meus mamilos tentei afastar-me lembrando do leite, acatando minha
vontade ele apenas lambeu a área sensível. O alvo mais atendido foi o meu
ponto de prazer que já estava latejando entre as minhas pernas.

— Chega!

— Ainda não, primeiro você vai gozar. Não quero sentir dor em seus
gemidos e sim muito prazer. — Diz e volta a chupar meu clitóris e lamber da
minha entrada melada até meu ânus.

Muitas lambidas, chupadas e dedos hábeis, eu já estou gozando com


os lábios entre os dentes e gemendo como uma gata no cio.

— Agora sim, vou pegar o que é meu. Fica de quatro para mim.

Mesmo com toda moleza, meu corpo obedeceu prontamente ficando


de quatro, dando a ele, livre acesso a tudo que sempre foi dele.

Sem dor, sem nada que não fosse prazer, assim foi a nossa noite.
Repetimos o nosso balé sexual por horas, desfrutando de todas as posições,
intensidades, maneiras e formas possíveis de amor.
O dia já está amanhecendo quando coloco Valentina no berço, ela
sempre acorda nesse horário para mamar e dorme novamente. Retorno para o
quarto tentando não fazer nenhum barulho, pois estou muito cansada e
completamente assada, se o Rudy acordar vai querer começar tudo outra vez
e eu não vou resistir.

— Fugindo de mim gostosa? — Diz com os braços cercando minha


cintura.

— Não, apenas com pena de te acordar, mas pela animação já devia


estar acordado a tempo. — Esfrego minha bunda na sua ereção.

— Acordei com o chorinho da Valentina, mas sabia que era fome e


não tenho como alimentá-la, meus peitos vieram com defeito.

— Ah seu ridículo.

— Em compensação meus testículos estão cheios e precisando de um


alívio.

Voltamos a nos esfregar como antes, passando a cabeça do seu pênis


na minha vagina, espalhando a umidade por poda região. O seguro pela base
e guio até a entrada apertada do meu ânus, Rudy apenas suspira e segura meu
quadril com uma mão, a outra apoia sua cabeça com os olhos fixos na minha
bunda que se empina involuntariamente.

-— Não se mexe, deixa eu me acostumar. — Estamos de lado, ele


beija o meu pescoço e continua observando seu membro invadindo-me pouco
a pouco.

— Estou quieto, imóvel, parado... Oh!

Consigo colocá-lo todo dentro de mim e respiro aliviada, aos poucos


vou rebolando e remexendo com ele em meu ânus. Mordidas são distribuídas
pelas minhas costas na tentativa inútil de manter-se parado, em pouco tempo
ele já domina os movimentos. O som dos nossos corpos chocando-se enche o
quarto e somados aos nossos gemidos de prazer criam e trilha sonora da
nossa paixão.

(...)

Valentina está com quatro meses, cada dia mais linda e parecida com
o pai, o jeitinho é meu, assim como a pele mais branquinha, mas o resto é
tudo do pai. Polyana está morando com Trevor, finalmente o casal problema
se acertou. Ninguém consegue ficar a menos de um quilometro quando eles
brigam, nunca conheci pessoas tão diferentes que são completamente
dependentes uma da outra.

Hoje é o dia do meu casamento que vai ser realizado no imenso jardim
da casa dos meus sogros, isso mesmo, eles fizeram questão de que o
casamento do seu único filho fosse na casa em que ele nasceu e eu adorei a
ideia.

O nosso relacionamento nunca foi normal, então decidi fazer algo


completamente fora dos padrões assim como nós. A cerimonia estava
marcada para as 16 horas. Liguei para todos pedindo que chegassem uma
hora mais cedo. Fiquei pronta e fui à espera do meu noivo, imagine a cara dos
convidados ao se depararem com a noiva passando pelo corredor sozinha e
totalmente montada para esperar o seu amado no altar? Isso mesmo... A
surpresa foi geral.
Pedi ao Trevor que buscasse o Rudy e o conduzisse até o início do
tapete assim que ele passasse pelos portões da mansão. Com isso ao invés da
entrada triunfal da noiva... Teremos a do noivo.

Ao pisar no tapete de rosas ele coloca os olhos sobre mim, estendo as


duas mãos fazendo sinal para que caminhe em minha direção, dona Cora
enlaça seu braço com o de Rudy e os dois seguem o rastro de rosas. Quando
faltam poucos passos desço do altar para alcançá-lo, surpreendendo-me, o
meu Senhor do Petróleo ajoelha-se e beija as minhas mãos como quem faz
uma reverência e as minhas lágrimas também caem.

A cerimônia foi linda e regada por muito amor, emoção, felicidade e


pessoas que amamos, convidamos apenas sessenta pessoas, entre elas nossa
família, alguns amigos do Rudy, os médicos que cuidaram de mim e do meu
sogro, a psicóloga da Poly e o irmão do Trevor.

Depois de uma noite de festa, passamos as núpcias em uma das suítes


da mansão Scheideger e embarcamos na manhã seguinte para a Ludker Island
ou para os íntimos, a ilha do Gregório, o irmão do Trevor.

Não é incrível como o amor da sua vida aparece justamente na sua


vida? Eu encontrei o meu da forma mais torta que poderia existir, mas eu
encontrei.
EPÍLOGO

A vida nos é dada como um diário em branco onde você escreve suas
perdas e ganhos, com quem caminha, o que te atribula e como tu andas. Em
um determinado estágio da vida quando lemos as páginas dos capítulos
anteriores, pensamos: “Eu poderia ter feito diferente”.
Será que poderíamos ter feito algo diferente? Será que deveríamos ter
feito algo diferente? A resposta mais óbvia, é sim, mas, pense bem nas
páginas atuais e refaça essa pergunta de outra forma. Será que eu estaria aqui
se tivesse feito alguma coisa diferente?
Olho para trás e sei que tudo na minha vida foi absolutamente
necessário para que eu chegasse aqui. Foi muito doloroso perder minha mãe
aos dezenove anos, ter uma irmã mais nova sob minha guarda, foi triste
abandonar meu país, para seguir um novo caminho e foi ainda pior, receber
uma grande punhalada pelas costas, quando Polyana resolveu me abandonar.
Ser a escolhida para gerar o Herdeiro do Senhor do Petróleo
surpreendeu-me ao extremo, nunca imaginei que as pessoas pudessem
barganhar uma coisa tão sagrada. O mais discrepante nisso tudo, é que diante
das circunstâncias eu acabei cedendo ao contrato mais ridículo já feito por
alguém, pelo menos eu acredito.
Os dias no Havaí foram tão maravilhosos que antes de entrar no avião
de volta eu já sabia que estava perdidamente apaixonada, não havia como
resistir a cair de amores por aquele homem. Lindamente trabalhado em traços
fortes e masculinos, com sua postura tão altiva. Ele não é loiro e nem tem os
olhos azuis ou lábios grossos. O homem que roubou meu coração tem a pele
morena, cabelos negros e bem cortados, seus olhos são de um castanho bem
escuro, os lábios são finos e sempre apresentam uma linha tensa. Como não
destacar o chamativo furo no queixo? Sim, este furinho somado ao formato
quadrado do seu rosto, derruba qualquer calcinha.
Nunca poderia imaginar que esta figura altiva e imperiosa seria na
verdade um homem subserviente ao pai. O amor que nasceu em mim não foi
unilateral, ele também foi arrebatado por esse sentimento tão intenso, mas as
amarras construídas pelo preconceito e pela adoração dedicada ao pai
acabaram nos afastando.
E voltamos ao diário da vida, onde podemos escrever, mas nunca
apagar. Algumas páginas deste diário já vêm prescritas por Deus, ou para
alguns, pelo destino. A maldade foi tão intensa que contaminou o corpo e não
só a alma, o todo poderoso que me desprezava e desejava a morte da minha
filha foi abatido por uma grave doença.
Quem não vai pelo amor vai pela dor. Essa frase é muito real, como
dizia minha mãe: Não há mal que uma bela surra não cure. No caso do meu
querido sogro coral a surra veio em forma de doença e curou o mal que
habitava nele.
Valentina veio ao mundo, trazendo a paz para nossa família, o amor
tornou-se o único sentimento entre nós e seguimos felizes até hoje.
Cinco anos, minha princesa hoje completa cinco anos de vida. Meu
sogro completa cinto anos livre do câncer e eu nove meses de gestação. Isso
mesmo, eu não consegui convencer o Rudy a ter apenas um filho, segundo
ele ser sozinho é muito ruim.
Hoje, não moramos mais no apartamento, vendemos os dois e
compramos uma casa em frente à dos meus sogros. O senhor Leonel é muito
apegado à Valentina, na verdade, ele chega a ser dependente dela, tudo que
ele pode fazer para vê-la sorrindo ele faz.
Quando a Valentina fez oito meses eu comecei a trabalhar na criação
do Centro de Apoio a Pacientes com Leucemia. Os recursos são cedidos pelas
empresas do Grupo Scheideger, Rudy, como presidente deu-me total
liberdade para investir em tudo que fosse necessário para o centro. Desde que
o pai dele foi internado para tratamento do câncer, nunca mais retornou à
empresa, aposentou-se definitivamente.
Dona Cora decidiu trabalhar, ela tornou-se indispensável na
administração do Centro de Apoio ao Paciente com Leucemia. As compras
de medicamentos, roupas, alimentos e tudo mais que for necessário são feitas
por ela. A mulher é mestre em conseguir descontos e parceiros para a nossa
causa.
Minha filha, dos oito meses até hoje, passa os dias com o avô e ai de
quem sugerisse uma babá ou creche. Com três anos matriculamos Valentina
em uma famosa escola exclusiva para meninas, isso foi um ponto
determinante para o Rudy adorar o local, além de ser perto de casa e muito
conceituada pela alta sociedade americana. Todos os dias às 7 horas, o senhor
Leonel passa em minha casa, pega a neta e a leva para escola. Ao meio dia
ele já está esperando na saída para buscá-la e eles vão almoçar. Eu e Rudy
sempre chegamos à casa dos pais dele por volta das 18 horas e travamos duas
guerras diárias, uma para Valentina aceitar ir para casa e outra para o avô
deixá-la ir.
Não vou mentir e montar uma novela feliz, nem tudo foi feliz. Rudy e
Polyana ainda se estranham muito e isso acaba refletindo na nossa relação,
algumas vezes brigamos feio por causa dos desentendimentos dos dois. Já
Rudy e Trevor são como unha e carne, tirando é claro os dias que o meu
cunhado brinca sobre um futuro relacionamento entre Valentina e Thor, meu
sobrinho.
Rudy é extremamente ciumento com a filha, seu eterno Morangão.
Ela quase morre quando o pai a chama pelo apelido na frente dos outros,
mesmo com cinco anos ela já é muito esperta. Verdade seja dita, meu sogro é
um homem inteligentíssimo e passa toda a sua sabedoria para a neta.
Educar minha filha a meu modo, não é tarefa fácil, sempre tem um
monte de gente tentando opinar, se meter ou me desautorizar. Quando
Valentina tinha dois anos eu dei um tapa na mãozinha dela por bater no meu
rosto de pirraça... O mundo caiu. Ela correu para o avô dizendo: “mama
bateu nenê bobozin”. Nem preciso dizer que discutimos feio sobre a forma
como eu educava a minha filha. Aff! Dai-me paciência.
Ando pelo jardim supervisionando a montagem dos brinquedos para a
festa, marcamos para às 13 horas e convidamos a família, alguns amigos da
escola e vizinhos mais próximos. Minha barriga torna a caminhada um pouco
lenta e uma conhecida dor nas costas está atormentando-me desde cedo.
— Como vai meu hipopótamo favorito?
— Se me chamar assim outra vez eu te mato. — Rudy adora me
provocar.
— Sabe que estou brincando, você fica a cada dia mais linda. Meu
garotão está tranquilo hoje?
— Sim.
Respondo rapidamente e continuo a minha caminhada pelo jardim,
preciso apressar os preparativos para não atrasar. Não consigo mentir para
ele, afasto-me na tentativa de esconder meu desconforto.
— Ei! Onde pensa que vai assim? Estou esperando a verdade, não dá
para esconder expressões de dor. — Ele diz esfregando as minhas costas.
— Estou só com dor nas costas, é o excesso de peso. Quando a festa
terminar vou me deitar.
— Tem certeza? Eu posso terminar tudo aqui, vai tomar um banho
quente e descansar Amor.
— Rudy você sabe qual é o tema da festa? Não, você não sabe. Eu
vou terminar aqui e depois vou me cuidar para recebermos os convidados.
— Tudo bem, mas eu estarei aqui, qualquer coisa é só chamar.

Tudo ficou lindo, jardim organizado, brinquedos montados e comida


farta. Eu e Valentina estamos vestidas de Ana e Elza do Frozen. Quando ela
nasceu há cinco anos seus cabelos eram negros, com o tempo sua cabeleira
foi caindo e os novos fios nascendo loiros não tão loiros como os meus, mas
ainda assim um loiro mel.
O melhor de tudo foi ver o senhor Leonel chegar fantasiado de
boneco de gelo do Frozen, quase mijei de tanto rir com a cena e claro,
Valentina adorou.
Estávamos cantando os parabéns quando senti minhas pernas
molhada, achei que estivesse suando devido ao calor da roupa de princesa,
mas o liquido começou a escorrer, seguido por uma forte pontada.

POR RUDY

Uma das vantagens da convivência é que você passa a conhecer todos


os sinais de fogo da outra pessoa. Laura estava inquieta, prendendo e
soltando os cabelos, nas poucas vezes que ficou parada o pé estava sempre
tremendo. Quando era questionada respondia com poucas palavras e com
frequência eu pegava seu olhar perdido como se estivesse tentando se
acalmar.
Durante os parabéns ela não cantou, apenas batia palmas de leve com
um sorriso amarelo no rosto. Eu já estava descendo meu Morangão do colo
para entregar o primeiro pedaço de bolo quando olhei para o chão e vi uma
poça de água.
— O que é isso amor? — Pergunto apenas movendo os lábios.
— A bolsa estourou. — Filha da puta, escondendo o trabalho de
parto de mim outra vez. Vou fazer outro filho só para testar a minha teoria
de que ela é uma gestante masoquista.
— Gente eu agradeço a presença de todos, gostaria que não fossem
embora, a festa está maravilhosa. A bolsa da minha esposa se rompeu e
preciso dar uma saidinha com ela.
Eu realmente acreditei que havia tempo, da outra vez levou horas,
mas eu estava enganado. Laura começou a se contorcer de dor e percebi no
seu olhar que não tínhamos tempo de chegar ao hospital. Por sorte uma das
convidadas era a Dra. Mônica que é obstetra dela.
Subi a escada com minha mulher nos braços, deixando-a em nossa
cama e corri para o carro da Dr. Mônica, ela me pediu que pegasse sua maleta
de emergência. Fui o mais rápido que pude, quarenta anos não é pra qualquer
um, essa corridinha quase me matou. Por um momento lembrei-me do
Trevor, que tem que dar conta da cabritinha. É... Ele tem que malhar muito
mesmo.
Para a minha surpresa, quando abro a porta do quarto à médica já está
terminando de retirar o meu garotão. Ele é enorme, completamente careca e
com um furinho no queixo igual a mim. Essa é realmente a minha maior
vocação, eu amo ser pai, quero quantos filhos minha mulher quiser me dar.

(...)

Há uma semana minha casa ganhou uma nova luz. Olho para minha
cama onde dormem Laura, Valentina e Evan, nosso filho mais novo. Tudo
que eu tenho está neste espaço que deve ter uns quatro metros quadrados.
Voltamos à rotina de ter um bebê em casa, agora posso matar a
saudade dos banhos matinais, que Valentina já não aceita mais. Pego meu
pequeno do meio das duas preguiçosas loiras e o coloco dentro do berço em
seu quarto, faço o mesmo com Valentina e volto para minha mulher.
Como todas as noites, abraço-a por trás e entrego-me ao sono ciente
do tesouro maravilhoso que tenho comigo, ciente que, todas as coisas ruins,
que acontecem em nossas vidas são apenas uma ponte para que algo de muito
bom chegue a você.
Meu pedido para os próximos anos não é de paz, mas sim de
sabedoria para contornar os problemas e conquistar a paz na minha casa
porquê amor tem de sobra.

FIM.
BÔNUS
INCONPATÍVEIS
PARTE UM

POR POLYANA
Não é fácil ser irmã de uma pessoa perfeita, principalmente quando
você não é tão perfeita assim. Laura cuida de mim desde que eu tinha quatro
anos, mesmo ela sendo apenas dois anos mais velha do que eu. Independente
do período da minha vida que volta a memória, ela sempre estava lá. Hoje ela
não está, hoje estou sozinha pela primeira vez em minha vida e não sei o que
fazer ou como agir para consertar a burrada que fiz.
Desde que chegamos aqui Laura me fez estudar, faço um curso noturno
de secretariado executivo e durante o dia trabalho como babá. O trabalho não
dá muito retorno, mas com ele consigo comprar algumas roupas e sair com os
meus amigos para me divertir. Não consigo trabalhar feito um burro de carga
como minha irmã fez nesse último ano, nunca a vi tirar um dia de folga ou
sair com os amigos para espairecer.
No início da semana fui abordada por uma mulher muito bem vestida
na saída do meu curso, ela se identificou como Narú, olheira de uma famosa
agência de modelos americana e estava acompanhada de um homem oriental
como ela. Não consigo descrever a felicidade que se instalou em mim por ter
sido finalmente descoberta. Grande ilusão.
As condições para ser aceita na agência eram poucas. Eu teria que
pagar um alto valor pelo book fotográfico e outras despesas. Aconteceria uma
viagem para Florida, onde faríamos testes e entrevistas e eu teria que estar
disponível. E o pior de tudo... Seria em três dias.
Com toda certeza do mundo, Laura não apoiaria a minha decisão, isso
era certo e não tínhamos todo aquele dinheiro, ou melhor, ela tinha
economias em casa. Resolvi pegar o dinheiro que minha irmã guardava
emprestado, aceitar o convite da olheira e quando ganhasse o meu primeiro
cachê eu voltaria e levaria Laura comigo para a Florida.
Já conseguia ver diante dos meus olhos as coisas acontecendo, o
dinheiro entrando, a fama e tudo mais. Minha irmã teria orgulho de mim,
como nunca teve e eu não serei mais a garota irresponsável de antes. Agora
eu serei a modelo de sucesso... Eu só não contava com um detalhe...
No dia e horário marcado eu estava radiante pelo futuro que me
aguardava. Deixei um bilhete para minha mana e saí carregando minhas
coisas e o todo o dinheiro dela, mesmo sabendo que isso era errado. Minha
irmã sempre deu um jeito em tudo e ela tinha dois empregos, poderia viver
muito bem. Tenho certeza que logo teria todo o dinheiro novamente.
O homem que acompanhou Narú em nosso primeiro encontro estava
no local combinado aguardando-me, entreguei a ele o dinheiro e meus
documentos pessoais, ele conferiu tranquilamente os documentos e o
dinheiro, a rua estava vazia. Neste momento, não sei de onde, apareceram
mais alguns homens e num passe de mágica eu estava dentro de uma van ou
um furgão, não sei dizer. Levei alguns segundos para compreender a
gravidade da situação, era difícil acreditar no que acabara de acontecer.
A força usada foi tão grande que acabei batendo o rosto no joelho de
uma das meninas que já estavam lá dentro e cortei o lábio superior, o gosto
de sangue deixou-me ainda mais apavorada com a situação absurda que
estava vivendo. O motorista dirigia em alta velocidade e parecia não se
importar com as leis de trânsito.
Dentro do veículo estavam mais cinco meninas, todas amordaçadas e
com o mesmo olhar que eu apresentava agora. Medo, desespero e
arrependimento eram os sentimentos que transbordavam dos nossos olhos.
Mesmo com todos os meus gritos e tentativas de abrir as portas do carro,
nada aconteceu. Não havia janelas, a sensação de não saber para onde estava
indo deixava-me atordoada com várias possibilidades passando pela minha
cabeça. Todo meu corpo estava em colapso, estava tremendo e minha pele em
estado de alerta com todos os pelos arrepiados.
Quando estacionamos, não sei dizer se o medo era maior do que o
alívio, mas logo minha resposta chegou. Fui arrancada pelos cabelos do
furgão, ralei meus joelhos e cotovelos ao cair em um chão de cimento grosso.
Muitos homens armados estavam no local que parecia ser uma fábrica
abandonada, as janelas estavam fechadas com tábuas de madeira, o teto era
muito alto e só havia uma entrada. Fomos colocadas lado a lado, atrás de
cada uma havia um homem com uma arma apontada para nossas cabeças.
Apesar de toda dor que sinto em meu corpo, o desespero é maior. Meu
coração galopava descompassadamente ao ponto de quase saltar pela minha
garganta a qualquer momento, as lágrimas frias escorriam pelo meu rosto e
minha camisa estava ensopada pelo choro silencioso. A tentativa de
raciocinar e racionalizar é falha, dentro de mim só havia o medo e o
arrependimento, além da certeza de não sair mais daqui.
A mesma mulher que me tratou com tanto carinho há poucos dias
aproximava-se com um olhar nada acolhedor, parou a nossa frente olhando
para cada uma de forma avaliadora.
— Vejo que todas honraram com a palavra. Temos um ótimo grupo
aqui.
— Sua vadia! Você nos enganou sua desgraçada...
Imediatamente o homem atrás da mulata que esbraveja, aperta o
gatilho e seu corpo cai sem vida no chão de cimento. Todas nós gritamos
histéricas com a cena de terror e caos que se instalou. Nunca imaginei
presenciar algo tão cru, em um segundo ela estava aqui entre nós e agora é
apenas um corpo em uma poça de sangue. Percebo não ter valor algum para
essas pessoas.
— Vou avisar apenas uma vez. Quero silêncio total e absoluto. —
Imediatamente nos calamos sob o medo de ter o mesmo destino. — Ótimo.
Sempre temos uma mais atirada no meio das outras, mas de certa forma isso é
muito bom, elas servem de exemplo para as demais. Vamos começar. Isso
aqui não é uma agência, como vocês podem perceber, ou melhor... É sim,
uma agência que vende belas moças para homens que podem pagar por elas.
— Vocês vão nos traficar? — Pergunta a ruiva com os cabelos
cortados Chanel e algumas tatuagens.
— Chamem como quiserem. Estamos muito longe da cidade para
alguém ouvi-las, então sugiro que comportem-se. Vocês vão passar alguns
dias aqui para eu montar o meu grupo e depois vamos viajar.
E foi assim que aconteceu...
Passamos mais de duas semanas naquela fábrica abandonada. Muitos
homens nos vigiavam, quando alguém fazia algo que eles julgavam errado
apanhávamos muito, muito mesmo. No segundo dia eu já estava com muitos
hematomas pelo corpo, as dores eram tão intensas que se tornaram
dormência. Criei um medo instintivo daqueles homens, bastava um limpar de
garganta para meus olhos irem para o chão e meu corpo se encolher
esperando uma pancada.
Sem nada para fazer acabamos nos conhecendo. As cinco meninas
que foram trazidas comigo, caíram no mesmo golpe da agência de modelos.
Dalila era mexicana e tinha dezoito anos, longos cabelos negros e pele
amorena clara. Sheron era americana e tinha vinte anos, negra, alta e os
cabelos eram armados e curtos. Tinha Lívia, uma boliviana bolsista na
faculdade e mais parecia uma boneca, tinha os cabelos negros mais lindos
que já vi. Kate é britânica e ruiva, foi ela que perguntou se estávamos sendo
traficadas. A mulata assassinada diante de nossos olhos eu nunca soube o
nome.
Lá pelo quinto dia um dos homens tentou passar a mão em Dalila, ela
deu tapa no rosto do homem que não aceitou bem a sua insolência. Nunca
presenciei nada tão cruel, ela foi violentada por três dos vigias na frente de
todas nós, por mais que quiséssemos ajudar não podíamos. Os gritos e
pedidos de clemência nunca deixarão minha memória. Enquanto penetrava
seu corpo sem importar-se com a dor que sentia, ele dizia que isso devia
servir de aprendizado para todas, que a partir de agora Dalila seria o lanche
dos guardas.
Tampei meus olhos, não aguentava mais presenciar tamanha
atrocidade, não havia o que ser feito a não ser rezar pelo fim. Kate gritava
pedindo “pelo amor de Deus” e nada era feito. O semblante dos homens era
de divertimento com o nosso desespero. Quando terminaram com o
divertimento, o corpo da mexicana foi jogado no canto onde estávamos
encolhidas. Não sei por que um deles trouxe um balde com água morna e
uma toalha para limparmos seu corpo e retirar os vestígios do sexo forçado.
Tentamos de todas as formas mantê-la forte para suportar o cativeiro, na
esperança de um milagre nos salvar. Três dias depois ela se enforcou com o
cinto da própria roupa.
Dia após dia chegavam novas meninas, um número absurdo delas. Pelo
menos seis morreram pelas mãos dos que nos vigiavam e duas se mataram.
No último dia que estávamos neste local já éramos dezenove meninas, todas
entre 18 e 20 anos, de todas as nacionalidades e tipos possíveis. Até ali
nenhuma outra menina havia sido violentada depois de Dalila.
Os banhos eram racionados, podíamos tomar um a cada dois dias e
vestir a mesma roupa. A comida era sempre enlatada e fria, a quantidade era
pouca para a quantidade de pessoas e isso acabava gerando alguns pequenos
desentendimentos entre nós.
Um dia Narú chegou e aplicou em cada uma de nós, uma injeção
calmante. A partir daí não me lembro de mais nada. Acordei sendo carregada
como um saco de batatas no ombro de um dos capangas da Narú. Ainda com
a visão um pouco turva pude perceber que eles nos retiravam de um avião e
nos colocavam dentro de um outro furgão, uma em cima das outras. Pude
sentir o carro em movimento e adormeci novamente.
PARTE DOIS

POR TREVOR

Ela é linda, parece uma pintura de menina. Sei que já tem dezoito anos
completos, mas não parece ter mais de dezesseis. Os olhos são grandes e
azuis como o céu em um dia de verão, a pele é bem clara e suave, os cabelos
são dourados e quase brancos. Nunca vi criatura tão perfeita.
Quando Rudy veio me procurar, imaginei que fosse para mais
informações sobre a tal de Laura Alves, porém me surpreendeu com um novo
serviço. Localizar a cabritinha fujona irmã dela, Polyana. O que eu não sabia
era que eu seria o próximo a enlouquecer por uma das loiras dessa família.
Eu já sabia que a garota havia sido levada por traficantes de mulheres,
sabia o uso que essas moças teriam para eles e sabia quem eram... Só faltava
saber o destino das moças. Mas quem tem amigos tem tudo.
Acionei toda a minha rede de amigos e parceiros de trabalho, movi
mundos e fundos, não economizei nem um centavo ou um segundo até
descobrir onde estavam as moças raptadas. Recebi a informação que a
quadrilha estaria promovendo leilões no Canadá, escolheram um país
pacifico e sem grande histórico neste tipo de crime para não dar nas vistas.
Como são Japoneses, imaginei que iriam para algum país do oriente, mas não
foi bem assim.
Analisei e reanalisei todos os dados que possuía, fotos e filmagens das
câmeras de segurança de todas as lojas no trajeto que Polyana fez até o local
do encontro, quase nada foi encontrado. As pessoas que estão com ela são
figuras conhecidas no mercado de tráfico de drogas e mulheres para fins
sexuais. Só de imaginar aquela garota no meio desses caras, já fico fora de
mim.
O problema de lidar com esse tipo de crime é que sempre tem gente
muito grande por trás, os clientes costumam ser pessoas da alta sociedade
incluindo políticos e magnatas. Não informei as autoridades locais, toda
investigação foi feita pela minha empresa e parceiros de outros países,
amigos de órgãos importantes e clientes que me deviam favores relevantes.
Tenho uma empresa de tecnologia, segurança e investigação. No ano
passado um amigo do mesmo ramo que tem uma empresa no Canadá me
passou alguns clientes aqui em Nova Iorque, trocamos outros clientes por não
ser viável eu ir para lá ou ele vir para cá. Passei a situação da Polyana para
todos os amigos da área, mas nunca imaginei que fosse ser encontrada tão
perto. Taylor descobriu que um grupo de japoneses havia alugado uma casa
em uma área afastada da civilização e resolveu investigar. Acabou
descobrindo a quadrilha e infiltrou um de seus homens como possível
comprador. Foi assim que recebi as malditas fotos da linda cabritinha
vestindo apenas uma calcinha de algodão e com os olhos de sofrimento.
Fui à casa da Laura informá-la do paradeiro da sua irmã. No momento,
não pensei em falar primeiro com Rudy, afinal, no dia que conheci a loira que
está enlouquecendo meu amigo ela me pareceu desesperada para encontrar a
cabritinha fujona. Não sei qual a ligação real desses dois, mas a
possessividade que Rudy apresenta por ela é palpável.
No meio da nossa conversa meu amigo apareceu transtornado fazendo
acusações sobre eu ser o pai do bebê que Laura esperava, como se eu
soubesse que ela estava grávida. Saí de lá muito puto com ele, mas não vou
julgar um homem tomado pelo ciúme.
Eu planejava a ação de resgate da cabritinha, infelizmente isso teve que
ser adiantado. Estou saindo para almoço quando meu celular toca e vejo o
nome do Taylor.
— Notícia boa?
— Depende. Sua cabritinha é virgem? — Filho da puta! Desde que
chamei Polyana de “minha cabritinha” ele não para de encher meu saco.
— Como eu vou saber isso Taylor? E por que isso importa?
— Se for acontecer um grande leilão amanhã, com o foco em uma
linda loirinha virgem... sim é importante! — Isso só pode ser sacanagem.
Agora eu tenho que torcer para ela não ser virgem.
— Vou descobrir isso e já te ligo. Deixe seus homens de prontidão, se
for ela eu embarco em uma hora. Vamos invadir essa porra.
Corro para o apartamento de Laura, não sei como me livrei dos “quase”
acidentes que causei pelo caminho. Assim que abre a porta ela já sabe que a
coisa não é boa.
— Aconteceu alguma coisa com a Polyana, Trevor? — Passo por ela
em direção à sala.
— Fala para mim que sua irmã não é mais virgem.
— Trevor eu não entendo em que isso pode ajudar a salvar minha
irmã.
— Laura, eu recebi uma informação e isso muda tudo. Por favor, me
diz que ela não é vigem. — Ela faz uma cara engraçada e solta a bomba do
meu dia.
— Sim, ela é virgem. Ela tentou com um namorado, mas doeu muito
e desistiu. Ela é atirada, mas é medrosa por baixo da carapuça. — Inferno.
— Meu informante descobriu que uma das moças estava sendo...
Como vou dizer? ... Treinada, para ter medo e ser submissa aos homens. A
quadrilha descobriu que ela é virgem e estão com um leilão marcado para
amanhã.
— Meu Deus! Eu não acredito nisso. Mas, como assim ela está sendo
treinada? —Como explicar isso?
— Parece que ela ficou em um cativeiro aqui por uma ou duas
semanas. Junto com as demais meninas, depois foi drogada e lavada para o
Canadá, onde eu a encontrei. Neste meio tempo tiveram vários leilões com as
moças. — Prefiro não entrar em detalhes de como deve estar sendo o
“treinamento” da Polyana.
— Mas tem muito tempo que a Polyana sumiu. São quase dois meses.
— Pelo que descobri, eles souberam que ela é virgem e a cada leilão
informam que logo irá a leilão uma virgem. Com isso gerou um boca a boca
entre os malucos que participam disso, valorizando mais a “mercadoria”. Sua
irmã é linda, jovem e tem um porte físico típico do seu país... Ela vale muito.
— Principalmente para mim.
— Então amanhã vão leiloar a virgindade da minha irmã? — Laura
diz com o rosto molhado pelas lágrimas e o semblante desolado.
— Eu não tinha certeza se era a sua irmã, mas agora não tenho
nenhuma dúvida sobre isso. Estou embarcando em uma hora e vamos
estourar o local.
Graças a Deus que de Nova Iorque para Toronto são menos de duas
horas de voo. Encontrei-me com Taylor no aeroporto e fomos para a sede da
sua empresa, lá nos aguardavam representantes de uma ONG voltada para
tráfico humano, representantes da Interpol entre outros. Decidimos ir hoje
mesmo para uma casa relativamente próxima ao local onde estão os
traficantes, observaremos a certa distância até o momento de agir.
A casa ficava em uma região afastada cinco horas de carro da capital.
Passamos todo o trajeto arquitetando a invasão, ao todo somos em mais de
oitenta pessoas, entre homens e mulheres. Depois de tudo organizado e muito
bem montado, é só aguardar.
Na manhã seguinte ligo para Laura tranquilizando-a. Percebemos
alguns movimentos suspeitos, muitos carros e até mesmo helicópteros, a
princípio parece ser uma festa para pessoas muito ricas. Com o cair da noite a
coisa vai se modificando, podemos ver muitos homens armados fazendo a
guarda da casa e o movimento já cessou, as luzes estão todas acesas e os
convidados acomodados dentro do imóvel imponente no meio do nada. A
região é de floresta e tem muita neve, isso mais atrapalha do que ajuda. O
melhor é que não dá para fugir na neve.
É chegada a hora. Vamos invadir.
PARTE TRÊS

POR POLYANA

Frio, sinto muito frio, parece que meus ossos têm vida própria de tanto
que tremem. Ainda sonolenta observo o local, estou deitada em um
colchonete fino e desconfortável. Olhando em volta vejo as meninas que
estavam comigo no cativeiro, algumas já acordadas e outras ainda
desmaiadas, permanecemos em silencio e apenas observando sem coragem
de nos mover.
Contei em silêncio, ainda eram dezenove meninas. Agradeci a Deus por
nenhuma ter morrido no trajeto para... Sabe-se lá onde estamos. Algum
tempo depois, com todas já acordadas nos abraçamos e exploramos o local.
Acho que estamos em um porão, não há janelas e a ventilação vem de canos
presos ao teto, o chão e as paredes são de concreto e a temperatura é muito
baixa. Ao fundo tem um banheiro sem porta, uma escada que dá acesso a
uma porta trancada e em baixo da escada algumas caixas de papelão com
cobertores cheirando a mofo.
Estamos deitadas todas juntas para nos aquecer, quando a porta se abre
e entra um dos capangas, não me dou ao trabalho de olhar o seu rosto, nestas
duas semanas aprendi a temê-los. Ouço os passos pesados na escada de
madeira, meu coração acelera quando sinto sua presença ao meu lado, quando
acho que vou ser pega por ele... Kate é puxada pelo braço e arrancada do
nosso meio.
— Você vem comigo. O chefe vai te avaliar, reze para ser aceita ou
será morta. — O homem diz isso arrastando Kate escada à cima até
desaparecer.
— O que será que ele vai fazer com ela? Meu Deus eu preciso sair
daqui. Socorro, socorro!!!! — Grita uma das meninas que foi trazida depois
da morte da Dalila. É como se fossemos divididas em grupos. Nós cinco que
chegamos primeiro somos mais unidas, as recém-chegadas são mais rebeldes
e distantes, sempre apanham mais.
— Cala essa maldita boca! Não percebe que fugir é impossível?
Precisamos nos manter vivas acima de tudo. Temos família e alguém vai nos
procurar. — Fala Sheron enfurecida com o showzinho da novata.
Uma hora depois Kate retorna de banho tomado e com roupas limpas.
Assim que termina de descer as escadas ela corre para o nosso grupo e se
agarra conosco como se pudéssemos aliviar a sua dor.
— Foi horrível!
— O que eles fizeram Kate? — Pergunto apreensiva.
— Tem um homem, também dos olhos puxados, ele é o tal “chefe”.
Levaram-me para uma espécie de escritório e fiquei trancada com ele. — Ela
faz uma pausa tentando cessar as lágrimas. — Ele me obrigou a tirar a roupa
e fez fotos minhas nua. Obrigou-me a... — Ela simplesmente não consegue
continuar e nós já entendemos o restante.
Isso volta a acontecer com todas as meninas, uma a uma são levadas
para a escada. Só falta eu. A porta se abre e do topo da escada um homem
grita.
— Vem loirinha. — Por um segundo procuro uma forma de não ir.
Tento não entrar em desespero, tento manter a calma sem sucesso. Não
consigo subir a escada, minhas pernas estão moles e sem vida. — Se eu tiver
que ir te buscar vai subir de baixo de porrada.
— Vai Polyana. Lembre-se, temos que nos manter vivas. — Olho
para Sheron e dou o primeiro passo rumo à escada.
O corredor é luxuoso, não se parece em nada com o porão onde estava
há pouco. O chão é de madeira brilhante e tem muitos quadros nas paredes.
Subimos por uma bela escada, as cortinas estão fechadas e não consigo
identificar onde estou. Paramos diante de uma bela porta de madeira, o
capanga bate duas vezes na porta e abre.
— Chefe, tá aqui a loirinha brasileira.
— É a última? — Pergunta o homem branco, com os olhos puxados e
o cabelo longo, preso em um rabo de cavalo que atinge o meio das costas.
— Sim senhor. — Dito isso ele sai, deixando-me sozinha com o
“chefe”.
Permaneço de pé completamente imóvel. Um frio percorre a minha
espinha chegando até a nuca, minhas mãos estão tremendo. O homem anda
em torno de mim avaliando-me descaradamente. Lágrimas escorrem pelo
meu rosto, mordo minhas bochechas tentando segurar o grito de desespero
preso um minha garanta.
— Tire toda a roupa. — Sua voz é firme e ameaçadora. Não tenho
reação, só quero que isso acabe. —Não vou repetir loirinha. — Não consigo
fazer, apenas choro.
Sou surpreendida por um soco no estomago, caio de joelhos gemendo
de dor com as mãos no local da pancada. O chefe saca uma arma, abaixa-se
diante de mim e coloca-a na minha boca. Conforme ele vai levantando eu
faço o mesmo com o cano de metal entre meus lábios. Engasgo com a
respiração e as lágrimas, meus olhos estão arregalados para o homem à minha
frente.
— Tire a roupa agora. — Rapidamente desfaço-me das roupas. —
Ótimo, agora estamos nos entendendo. Tenha em mente que desafiar-me será
o seu pior erro, não queira me ver com raiva.
Enquanto a arma descansa sobre meu ombro, a mão direita apalpa os
meus seios, belisca meus mamilos de forma dolorosa e segue apalpando todo
o meu corpo. Quando atinge o meio das minhas pernas perco o controle e me
desespero.
— Pelo amor de Deus, não. — Imploro.
— Abre as pernas sua putinha. Vai ser pior se eu tiver que chamar
meus homens para te segurar.
— Não, não... Por favor, não faz isso comigo. — Grito e choro ao
mesmo tempo.
— Abre essa porra! — Ele grita e bate com a arma em minha coxa.
— Isso mesmo. Já deve ter dado muito essa boceta por ai.
— Eu sou virgem.
— Não é possível. Se estiver mentindo vou te comer na porrada
garota. — Ele fala segurando meu rosto tão apertado que chega a machucar.
— Não estou.
— Deita sobre e mesa e abre bem as pernas... AGORA!
Faço o que ele manda. Ao invés de violentar-me como pensei, ele
abaixa entre as minhas pernas e abre os lábios da minha vagina, não faz a
menor questão de ser delicado ou ter cuidado com a parte sensível do meu
corpo. Coloca os dedos dentro de mim e retira rapidamente.
— Esta com sorte. Vai ser uma peça rara e cara. — Sou levada para o
porão depois de tirar algumas fotos. Pouco depois da minha entrada, a porta
se abre e por ela passam o chefe acompanhado de muitos homens.
— Todas estão à disposição de vocês. Lembre-se que não podemos
perder mais nenhuma, chega de baixas no meu estoque. A única proibida é a
loirinha, quem tocá-la vai pagar com a vida.
O tempo passa arrastado e sofrido. No dia seguinte à nossa “inspeção”,
Kate foi levada por um dos homens e não voltou mais. Dia a dia chegavam e
sumiam outras garotas, todas as noites percebíamos um movimento e vozes
de homens. Um dos seguranças, o que adorava perturbar nosso psicológico,
disse que todas seriam leiloadas para servir de escravas sexuais a homens
muito ricos e de gosto duvidoso.
Todas as meninas eram violentadas, às vezes eram levadas para fora do
porão, mas quase sempre isso acontecia na frente de todas. Acho que faziam
isso para destruir a autoestima e o amor próprio de cada uma.
Fui levada diversas vezes para a sala do chefe. Sempre era obrigada a
tirar a roupa e posar para ele. Uma vez obrigou-me a chupá-lo, não aguentei
de novo, o gosto era amargo. Queria morrer naquele momento, nada me faria
mais feliz. Foi impossível segurar o bolo que subiu pelo meu estômago e
vomitei em cima do membro flácido do homem que me aterrorizava.

— Sua puta. Olha o que fez comigo. — Segurando meu cabelo ele
esfrega meu rosto sobre seu pênis e suas coxas vomitadas. Caio no chão
recebendo chutes em meu estomago. Nunca imaginei que alguém pudesse
apanhar tanto. Tive certeza que não sobreviveria.
Isso se repetiu diversas vezes. Presenciei coisas horríveis, vivi
momentos aterrorizantes até o dia do meu leilão.
Fui levada para um dos quartos no segundo andar. O chefe manda que
eu tome banho e vista o que está em cima da cama, sou instruída a ficar
bonita. No banheiro tem produtos femininos e maquiagem. Finalmente tive a
chance de olhar por uma das janelas e o que vi me chocou. Estamos em um
local coberto por neve, arvores altíssimas em forma de pinheiro rodeavam a
propriedade, mas nada me deixou mais apavorada do que perceber o
isolamento total em que me encontrava.
Já era noite quando fui conduzida ao salão principal da casa. As luzes
estavam todas acesas e vozes masculinas ficavam cada vez mais perto, mais
altas e assustadoras aos meus ouvidos. Meu plano já está montado em minha
cabeça, vou permanecer quieta e obediente e quando for levada pelo meu
comprador vou fugir no trajeto. Não me importo de saltar do carro ou acertá-
lo com algo pesado na cabeça para escapar, mas eu vou escapar e procurar
por ajuda.
Assim que entro no salão principal meu corpo congela, são muitos
homens, um número impressionante deles. Sinto-me uma vaca de exposição,
todos estão me olhando com de forma cobiçosa e faminta, fazem comentários
entre si e voltam a olhar-me.
Sou colocada em uma espécie de palco com uns dois palmos de altura,
em volta tem cadeiras onde se sentam os possíveis compradores. O leilão
começa com um lance de cem mil dólares, este valor vai subindo à medida
que a competitividade aumenta entre eles que parecem estar se divertindo
muito.
Estou petrificada, permaneço olhando para o chão, escuto conversas em
vários idiomas diferentes e não compreendo a maioria. De repente as luzes se
apagam e uma fumaça branca e ardida toma conta do ambiente. Muitos tiros e
correria, um laser vermelho corta a fumaça. Só consigo pensar em me
esconder e escapar dos tiros.
PARTE QUATRO

POR TREVOR

O primeiro passo foi neutralizar todos os seguranças de forma


silenciosa, isso foi feito com grande sucesso. Depois estouramos o local, os
seguranças internos nos receberam a bala e tiveram o troco, infelizmente
todos os seguranças internos foram mortos. Fora os seguranças, havia dezoito
membros da quadrilha e todos foram presos. O chefe era um coreano
chamado Hiroshi, sua esposa Narú cuidava da escolha das meninas nos
Estados Unidos, ainda tinha um irmão e outros sócios. Também foram presos
mais de noventa clientes, entre eles políticos, empresários, fazendeiros e um
Xeique. As garotas estavam presas em um porão úmido e frio. Todas estavam
magras, assustadas e muito machucadas. Restavam sete meninas no local e a
polícia se encarregaria de encontrar as já vendidas.

Encontrei Polyana encolhida, com os olhos arregalados de medo em


um canto, o tumulto ainda era grande e não sabíamos se todos tinham sido
presos. Corri até ela e a peguei no colo para levá-la para fora, mas ela só
aceitou acompanhar-me depois de falar com a irmã ao telefone. Contei a ela
tudo que fizemos para salvá-la e avisei que passaria por exames, depoimentos
e que ainda haveria um processo para testemunhar. O bom disso tudo é que
todos foram presos.

Quando ela saiu da sala do exame de corpo de delito dava para


perceber seu constrangimento, é apenas uma menina que mal saiu da
adolescência, está assustada e com medo. Depor foi a pior parte, isso levou
mais de quatro horas, ela contou tudo que aconteceu desde quando foi
enganada com a proposta de ser modelo e ganhar muito dinheiro, com
desfiles e capas de revista, até o momento da invasão.

Tive que respirar fundo quando contou que os homens batiam nela
para que se comportasse. Contou que passou semanas em um quarto sem
janelas. Foi categórica em dizer que não mantiveram relações sexuais com
ela, mas lambiam e mordiam suas partes íntimas com a intensão de humilhá-
la. Tentei sair da sala por não aguentar mais ouvir aquilo, mas ela segurava
minha mão como se eu fosse o único em quem confiava.

Percebi que eu estava mordendo a boca quando o gosto de sangue me


despertou, neste momento ela contava que foi obrigada a fazer sexo oral
muitas vezes no chefe da quadrilha, que apanhou e ficou três dias sem
comida ou água por ter vomitado no infeliz.

Não consigo entender como um homem pode ficar de pau duro vendo
medo nos olhos de uma mulher, ela é tão linda que meu instinto de protegê-la
me faz irracional, tenho vontade de arrancar as bolas do infeliz que a
machucou e fazê-lo comer.

Depois de todo esse estresse do depoimento eu a levo para o hotel


para poder comer e tomar banho. Parece que não come há semanas, para que
ela se sinta segura eu coloco um colchão ao lado da sua cama e durmo em seu
quarto, aluguei um para mim ao lado, mas ela não parava de chorar, então
essa foi a solução.

Permanecemos no Canadá para ajudar a polícia nas investigações e


para Polyana reconhecer os criminosos. Sábado pela manhã embarcamos para
casa, ela segura minha mão por toda viagem. Esse contato devia me
incomodar, mas me agrada e muito. Assim que chagamos ao prédio já
subimos sem anúncio, o porteiro foi informado do meu livre acesso ao
local. No elevador Polyana treme e as lágrimas já brotam dos belos olhos.

— Ela não vai me perdoar.

— Ela já te perdoou, ela te ama muito. Não se preocupe.

— Não conta para ninguém, por favor! — Polyana pede apertando


minha mão com força.

Fui informado pela psicóloga da ONG que vítimas de abuso têm


muita vergonha de falar, já liguei e conversei com Laura pedindo que não
toque no assunto até que a Polyana dê abertura pra isso.

— Poly, você conta quando achar que deve. Não vou falar nada. Ok?

Laura não consegue esconder a tristeza ao se deparar com a irmã tão


magra e com alguns hematomas bem destacados, ela tem muitos machucados
no rosto e nos braços, têm marcas de corda nos pulsos, os lábios feridos, sem
contar que tem algumas queimaduras de cigarro pelo corpo.

As duas se abraçam e se beijam. Polyana não para de pedir perdão à


Laura. Eu e Rudy ficamos apenas de espectadores.

— Para de babar na minha cunhada Trevor, ela é uma criança seu


pedófilo. — Rudy fala escondendo o riso.

— Elas têm dois anos de diferença. Isso significa que você não está
muito diferente de mim... Pedófilo.

— Olha! Está assumindo babar na fedelha.

— Não estou assumindo nada, só não estou cedendo. Ela é uma


pintura.

O almoço foi muito bom, foi estranho comer esse feijão brasileiro,
não estou acostumado com isso, mas estava bem gostoso. Polyana finalmente
comeu de verdade, Laura manteve o clima alegre e descontraído.

Não entendo o relacionamento desses dois, há alguns dias Rudy me


ligou pedindo para confirmar a qualquer um que eles se conheceram em
minha festa de quarenta anos, eu tentei sondar e entender o porquê da
mentira, mas ele só falou que uma hora me contava com calma. Hoje ele não
me escapa.

Laura apresentou Rudy como o pai do bebê que espera e quando


Polyana começou a fazer perguntas, elas foram para o quarto com a desculpa
de ser assunto de meninas... Mas também já passam das oito da noite e eu
devo ir para casa.

— Trevor você vai ficar aqui não vai? — Polyana pergunta indo para
o quarto com a irmã.

— Claro que ele vai. Rudy arrume um lugar para o Trevor dormir,
daqui a pouco voltamos para uma sessão de filme com pizza.

Não acredito! A loira dá uma ordem e Rudy sorri batendo continência


de forma humorada, isso foi muito surpreendente. Meu amigo está sendo
domesticado, olho pra ele dando uma gargalhada silenciosa.

— Nem uma palavra. Sou eu que vou ser expulso da cama se


contrariá-la.

— Estamos sozinhos, agora me conta o que ela fez para te domar


assim?

Sem palavras, foi assim que me senti quando meu amigo me contou
seu segredo de como conheceu a Laura e como ela, ou melhor, porque ela
engravidou. Eu sei que ele é o saco de pancada do pai, mas isso foi além do
imaginável, estou... sei lá, estou sem saber o que pensar.

— Não era mais fácil engravidar alguma outra mulher, uma das suas
peguetes?

— Depois que coloquei meus olhos nela eu fiquei louco.

— Devia ter ido pelo caminho normal então. Sei lá, a chamado para
sair e essas coisas.

— Eu não buscava um relacionamento, apenas o herdeiro.

— Vocês realmente parecem estar em um relacionamento. Lembro-me de vê-


lo recolhendo os pratos e lavando a louça.

— Esse é o problema, ela sonha que isso vai acabar acontecendo e eu


não sei se quero isso... Na verdade quero. Acordo querendo e quando chego
ao trabalho...

— O seu pai te convence do contrário?

— É. — Ele responde pensativo e talvez um pouco triste até.

— Sério! Você está meio velho pra isso cara, seu pai é o pior sujeito
que eu conheço, ele tem prazer em humilhar as pessoas.

— Ele está velho, é o jeito dele.

— Ele vai morrer e você vai perder sua família, por ser tão
complacente com os desmandos dele.

Depois de mais um tempo conversando somos interrompidos pelas


loiras mais lindas do mundo, Polyana olha para Rudy e não esconde a
reprovação por suas atitudes que com certeza a irmã contou. As duas falam
sobre o bebê, pedimos a pizza e a noite se estende.
Durmo no quarto que será da Poly e o mais engraçado é que divido a
cama com... Rudy, as nossas loiras estão dormindo na mesma cama no quarto
da Laura.

No domingo tentamos tirar Polyana de casa, mas ela não aceita, eu e


Rudy fomos ao mercado de peixe do outro lado da cidade e eu vou fazer um
almoço chinês.

Nunca imaginei que ficaria de pau duro vendo uma mulher comendo,
ela coloca a comida na boca com tanto desejo que me perco na imagem,
quando o shoyo suja seus lábios a língua desliza por eles limpando e sugando
o molho.

Meu telefone vibra com uma mensagem e tenho vontade de matar o


filho da puta que só pensa em me sacanear.

Mensagem recebida

Mensagem de: RUDY às 13h40min

Aposto que já está de pau duro, tira o olho da boca da menina, pedófilo.
KKK

Mensagem enviada

Mensagem de: TREVOR às 13h41min

Tá afim de chupar pra mim, porra?


O restante do domingo foi excelente, depois do jantar eu fui para casa
e Rudy também preferiu ir e deixar as duas com mais liberdade. Mas Polyana
me fez prometer que voltaria em breve.
PARTE CINCO
Trevor e Polyana passam a se encontrar com muita frequência. Ela
aceita fazer terapia com a Dra. Camila que foi indicada por Trevor e isso a
deixa mais confiante, seus traumas e medos não foram embora, mas na
presença dele, ela consegue se controlar. Sair à noite, ainda é um problema,
todos os programas dos dois são feitos durante o dia, com o tempo isso vai se
adequando e Trevor tem se mostrado um ótimo amigo.

Rudy e Laura não estão mais juntos, separam-se na primeira semana da


chegada de Polyana, com isso Laura está muito triste e as duas ficam ainda
mais unidas e o assunto do momento é o bebê e a escolha da faculdade de
Polyana. O pai do bebê não apareceu mais no apartamento das loiras. Com
isso Trevor tem sofrido as consequências do fim do relacionamento do casal
problema, já que é impossível dormir com Rudy ligando todas as noites para
saber da vida de Laura e do bebê.

Finalmente Polyana escolhe sua faculdade e as aulas começarão na


segunda-feira, ela está muito animada... Já Trevor está arrancando os cabelos
com a possibilidade de algum garotão chegar primeiro ao coração da sua
cabritinha.

(...)

— Bom... Já vou. Obrigada por me trazer Trevor! — Diz Polyana


dando um beijo em sua bochecha. Eles estão no estacionamento da faculdade
e hoje será o seu primeiro dia de aula.
— Tem certeza que não quer que eu entre com você? Posso te
acompanhar até a sala. — Diz não querendo se separar dela.

— Não precisa. Ninguém sabe nada de mim aqui, quero chegar normal
como todo mundo.

— Me dá um beijo. — Ela se estica e beija sua bochecha novamente.

— Assim.

Finalmente Trevor segura o seu pescoço e beija sua boca da forma que
desejou por todo esse tempo. Começa devagar, quase pedindo permissão para
continuar, morde seus lábios e suga com delicadeza. Percebendo que ela se
entregou, ele intensifica o beijo e aprofunda sua língua sondando todos os
cantos da sua boca, conhecendo o terreno tão desejado. Depois de muitos
minutos ele à solta e olha apreensivo, esperando sua reação.

— Achei que nunca faria isso.

— Tive medo que me rejeitasse. Você não tem ideia de como sonhei
com esse beijo.

— Posso pedir outro?

Por um longo tempo eles se espremem dentro do carro para matar a


vontade dos beijos atrasados. Trevor se sente realizado com a aceitação dela,
nunca imaginou que fosse tão bom beijá-la.

— Preciso ir. Não devo me atrasar para o primeiro dia de aula.

— Eu venho te buscar para almoçarmos juntos. Pode ser na minha


casa e passaremos o restante da tarde juntos.

— Você sabe que eu ainda não estou pronta para...


— Não é isso que eu quero... Ok, eu quero. Quando você quiser eu
vou estar aqui e até lá vamos namorar, nos beijar e aproveitar a companhia
um do outro.

— Está me pedindo em namoro dentro do carro?

— Estou. Você aceita?

— Aceito... Agora tenho mesmo que ir.


PARTE SEIS

POR POLYANA

Ainda não acredito que ele me pediu em namoro, sinto-me no céu.


Desde o resgate percebi a forma diferente do Trevor me tratar, mas ele nunca
tentou nenhuma aproximação ou disse algo de duplo sentido. Em
determinado momento eu estava quase tomando uma atitude por ele. O cara é
lindo de morrer, tem um corpo incrível e ainda por cima me passa uma
segurança que nunca senti na vida.
O primeiro dia de aula foi tranquilo, muita gente animada e disposta a
fazer novos amigos. Faculdade é diferente, todos buscam a mesma coisa e o
entrosamento é mais fácil e descolado. Por quatro horas esqueci tudo que me
aconteceu, este virou meu local favorito no mundo, ninguém me conhece ou
sabe o que eu passei. Pessoas bonitas animadas e em busca de diversão.
Na hora do almoço, Trevor já está encostado no carro na saída do
campus. Ele usa um terno cinza e está com o cabelo penteado de forma
social. Todas as mulheres passam por ele com olhares derretidos. Imagina um
homem lindo, com toda a pinta de bem sucedido e encostado em um SUV
preto e imponente... As perigues quase se jogaram em cima dele, mas como
eu sou mais eu, corri para um beijo igual aos que eu ganhei no carro.
— Uau! Se eu soubesse que seria recebido assim teria vindo antes. —
Diz apertando-me contra si.
— Bobo. Vamos?
— Vamos, estou faminto.
Entramos no carro e seguimos para o seu apartamento. Ao contrário do
que eu imaginei, Trevor mora em um apartamento de um quarto, mas muito
lindo e bem localizado. Não tem nada fora do lugar ou que diga: “aqui mora
um homem solteiro”.
— Gostou? — Pergunta-me enquanto observo sua casa.
— Gostei muito, mas achei que você morava em um lugar maior.
— Gosto de lugares pequenos onde eu tenha tudo à mão. Bom...
Fique à vontade, eu vou colocar nosso almoço no forno e já volto. Rondelle
ao molho branco. Gosta?
— Adoro!
Sento-me no sofá e fico foleando algumas revistas sobre carros.
Inquieta com a sua demora resolvo ir espiar o que ele está fazendo para nós.
Trevor está abaixado colocando uma travessa no forno, ele já não usa o terno,
veste somente calça e camisa.
— Achei que só fazia comida chinesa. — Olhando para mim ele
estende a mão pedindo que me aproxime.
— Moro sozinho Cabritinha, faço de tudo um pouco.
— Cabritinha? — Ele cai na gargalhada contra o meu pescoço.
— Quando Rudy me pediu para te encontrar eu te apelidei
intimamente de Cabritinha Fujona. Um apelido carinhoso.
— Isso é horrível Trevor. Sabe que eu sou complicada, não sabe?
Você parece ter a vida tão organizada. Vou destruir a sua paz.
— Troco minha paz pela sua presença. Cansei de paz, quero ser feliz.
Esquecendo as palavras, ele me beija, o beijo é tão carinhoso que me
derreto em seus braços fortes e possessivos. Seus dentes tomam meu lábio
inferior em cativeiro e chupa com desejo sôfrego. Nunca fui beijada dessa
forma, os caras da minha idade são afobados e desesperados. Trevor é intenso
e experiente, ele sabe como tocar em mim e deixar meu corpo na expectativa.
Em um instante estamos sentados no sofá, suas mãos estão segurando
meu rosto, me mantendo cativa ao seu beijo agora possessivo e profundo. Ele
suga a minha língua com tamanha sensualidade que me sinto derreter. Um
formigamento intenso cresce entre minhas pernas fazendo-me cruzá-las.
— Acho melhor parar. — O ar sai forte dos seus lábios, seu olhar me
consome inteira, por um momento sinto medo de estar ali sozinha com ele.
Homens com desejo não me trazem boas lembranças. Não sei como, mas ele
percebe o meu medo. — Poly, eu nunca vou tocar em você contra a sua
vontade. Eu quero muito ter você na minha cama, mas vai ser ao seu tempo.
— Desculpa. Eu ainda estou tentando esquecer tudo.
— Sem desculpas Poly. Vamos comer, antes que queime e você vai
ter que comer pizza.

(...)

Estar com Trevor é uma delícia, tudo nele é uma delícia. Somos
completamente diferentes, ninguém entende como estamos juntos, mas é isso
que não nos faz cair na rotina, é isso que deixa esse frio na barriga, essa
vontade louca de nos encontrarmos e beijarmos até a boca doer.
O ciúme é um grande problema, meu namorado é o homem mais
ciumento do planeta. Todos os dias ele me busca na faculdade, algumas vezes
ficamos na casa dele trocando carinhos e carícias mais intensas e outras
vamos para a minha casa e ficamos com a Laura. Minha irmã está muito
abatida com o fim do seu relacionamento com o asno do meu ex cunhado.
Hoje é quarta-feira e neste dia meu horário na faculdade estende-se até
o fim da tarde, Trevor odeia as quartas, na verdade ele odeia a faculdade. O
pior é a implicância com Marissol, uma amiga muito querida da minha turma,
tão maluquinha quanto eu... Dizem as más línguas.
Quando estou saindo, Rafael me oferece uma carona para casa e não
vejo nada de errado em aceitar. Caminhamos até o seu carro, conversando
animadamente sobre coisas do curso, ele abre a porta para mim e coloca a
mão na minha cintura de forma um pouco mais íntima para eu entrar no
carro. Neste momento uma voz grave me faz gelar.
— Se você gosta do teu braço, tira essa pata da minha mulher. —
Rafael levanta os braços como se estivesse sendo revistado.
— Opa! Que isso amigo. Não tem nada não, era só uma carona
inocente. — Diz assustado.
— Não sou seu amigo. Jamais coloque as mãos nela, ela tem dono e
eu não sou nada amigável. Vamos embora Polyana.
— Trevor, não precisa agir assim. Credo! — Tento conversar
enquanto sou rebocada para o carro dele. Vamos até a sua casa sem trocar
uma palavra.
Subo com um bico enorme. Não acredito que ele fez isso comigo na
frente do meu colega de sala. Amanhã todos vão comentar sobre o meu
namorado troglodita. Estou morta de raiva, minha vontade é de terminar com
ele para deixar de ser tão idiota. Assim que entramos no apartamento ele me
pega pela cintura e cai comigo deitado no sofá.
— Me larga, Trevor, eu estou com raiva. — Tento sair dos seus
braços, mas fica difícil com um homem de cento e vinte quilos em cima de
mim, não tenho nem setenta.
— Eu devia ter arrebentado aquela lombriga loira por encostar em
você Cabritinha. Tenho certeza que estava louco para descer mais aquela
mão.
— Não sou cabrita coisa nenhuma, seu idiota. Me larga! — Grito
para ele me soltar, mas é inútil.
— Estou ficando maluco de saudade minha Cabritinha, me beija.
Agora.
Não consigo resistir quando ele começa com essas ordens, cheio de
desejo, sua postura de macho dominante me desconcerta. No dia a dia ele é
delicado e amoroso comigo, mas quando estamos a só nos agarrando ele
muda completamente.
Nosso beijo vai se intensificando a medida que as mãos dele vão me
trazendo para mais perto. Puxo seus cabelos tentando controlar o desejo e a
vontade louca de ser consumida por ele, cada dia isso aumenta. Já tem um
mês que estamos juntos e ainda não transamos, trocamos muitas carícias e
cada dia elas estão mais íntimas.
Sento em seu colo e rebolo sobre o volume em sua calça, gosto de
provocá-lo, adoro a sensação de poder, que isso me dá. Segurando minhas
ancas ele traz meu corpo para mais perto do seu, uma das mãos sobe pelas
minhas costelas e o polegar estimula meu mamilo já entumecido pelo calor
do momento, solto um gemido apreciando a caricia.
— Poly, você está me matando aos poucos. Preciso de mais, qualquer
coisa Poly... Me dá mais. — Sem pensar tiro minha blusa, estou sem sutiã e
meus seios saltam diante dos seus olhos. O olhar ganancioso toma conta do
seu rosto e um dos mamilos é abocanhado com uma fome dolorosa.
A boca é exigente e faminta, sua língua faz círculos lentos e firmes me
levando à loucura. Minha pele se arrepia tornando tudo mais sensível. Vendo
o meu estado ele prende o broto entre os dentes puxando o suficiente para me
arrancar outro gemido, quase um grito.
Logo estamos na cama, nossas roupas já não fazem parte no caminho.
Com destreza sou acomodada na cama, ele continua atando meus seios e
desce beijando todo o meu corpo até chegar onde mais preciso de atenção.
Não me contenho de fecho as pernas, perturbada com lembranças
assombrosas de um passado não muito distante.
— Sou eu, seu namorado. Abre para mim Poly, prometo ser
carinhoso. — Com as duas mãos em minhas coxas, ele força levemente e eu
cedo.
Com muito cuidado seu rosto chega ao meu sexo e eu ofego perdida em
sensações desconhecidas. Trevor abocanha tudo de uma só vez, a língua
passeia entre minhas dobras tateando cada centímetro, reconhecendo meu
corpo como dele. Quando seus dedos trabalham para expor um ponto
latejante escondido no meu centro, sei que estou perdida.
— Trevor...
— Só aproveite o que eu te dou. Sem mais.
O polegar faz pequenos círculos em meu clitóris e logo mudam para
pequenos oitos, enquanto sua boca continua a me lamber e chupar sem
piedade até que estou gemendo completamente fora de mim.
Quando volto ao planeta terra, Trevor está me olhando com um sorriso
glorioso no rosto, nos beijamos e nos cheiramos com carinho. Ele se
posiciona entre minhas pernas e seu pênis encosta na minha entrada
encharcada pelo orgasmo anterior, mas não tem jeito, eu travo
completamente.
— Não... Por favor, não. — Digo angustiada.
— Eu não vou machucar você meu amor. Vamos tentar e se não der
paramos.
— Por favor, não me obrigue a fazer isso. — Já estou chorando e
nem sei como comecei.
— Ei! Claro que não vou te obrigar a nada, acalme-se. Vem deita
aqui, está tudo bem.
Deito-me em seu peito ainda com a respiração ofegante e o corpo
tremendo. Pode parecer frescura, mas eu não consigo.
PARTE SETE

POR TREVOR

Três meses, três terríveis meses batendo punheta atrás de punheta,


tomando banho frio e gozando em minha calça quando Polyana se nega a
mim quando estamos quase lá. Fico louco com isso... Fico mole, fico duro,
fico mole... Duro novamente. Isso vai me matar.
Nosso relacionamento é cheio de altos e baixos, uma hora estamos
muito bem e na outra estamos discutindo ou ela está de bico para mim, o bico
mais lindo do mundo. Ainda não transamos, nossa vida sexual tem se
resumido em muitas, mais muita esfregação mesmo. Às vezes chegamos a
ficar completamente nus... E nada acontece.
Ela ainda faz terapia com a Dra. Camila e entendo que esse pavor que
se instala quando vê um homem nu seja passageiro, mas já estou ficando
louco.
Quase sempre brigamos pelo meu ciúme, que segundo ela é exagerado.
Meu ciúme tem fundamento sim, homem nenhum ficaria feliz com um bando
de gaviões rondando sua mulher na maldita faculdade. E quando ela passa,
eles só faltam quebrar o pescoço.
Hoje estou em Boston, tenho um cliente para encontrar e só volto
amanhã, eu poderia voltar hoje, mas fui convidado para o coquetel de
lançamento da exposição de quadros da esposa do meu cliente. Chamei
Polyana para me acompanhar na viagem, mas ela achou melhor não. Eu
poderia ter pegado o voo das quinze horas e ainda daria tempo de buscar a
minha Cabritinha no maldito grupo de estudo de quarta, mas me aborreci por
ela não me acompanhar e resolvi espairecer por aqui.
— Alô. — Pelo tom baixo deve estar dentro da sala de aula.
— Polyana, eu não volto para casa hoje, tenho um evento e saio daqui
amanhã. — Não me esforço para ser carinhoso, estou puto com sua recusa.
— Como quiser. — Ela desligou? Filha da puta.
Isso estraga o resto da minha tarde, tento esquecer e focar no trabalho,
mas é impossível sou viciado nela. Já passam das oito quando ligo e ela não
atende, me arrumo, chego à galeria e continuo ligando sem sucesso. Às dez
horas desisto e ligo para o telefone de casa.
— Alô.
— Oi Laura, é o Trevor. Posso falar com a Polyana? — Percebo a
sua surpresa e ela gagueja para me responder. — Ela não está em casa?
— Trevor... Ela ligou dizendo que iria a uma festa na casa da
Marissol. Tentei argumentar, mas você conhece a sua namorada. — Acho que
vou explodir. Definitivamente eu odeio essa tal de Marissol, a cara dela já
grita problema.
Despeço-me de todos com uma desculpa esfarrapada e corro para o
aeroporto. Consigo um voo milagroso para casa. Durante uma hora e
cinquenta minutos eu tento não pensar nos malditos gaviões em cima da
minha Cabritinha.
Meu carro está no aeroporto, dirijo apressado para a casa da meliante
que induz minha namorada a fazer merda, quero matar essas duas. A festa é
no salão de festas de um condomínio de luxo, identifico-me como professor
da faculdade e sou liberado para entrar.
Logo avisto Polyana conversando com várias pessoas, um carinha
chega por traz e beija sua bochecha demoradamente, destruindo minha calma,
ele entrega a ela um copo e pede que beba, como ela não aceita eles começam
a brincar com ela e gritam: “vira, vira!!”.
Caminho como um touro até ela e empurro vários jovens bêbados ou
drogados da minha frente. Em um canto alguns consomem drogas, em cima
das mesas meninas dançam seminuas também bêbadas, uma jovem entra no
banheiro com dois caras e ela parece desesperada. Meu sangue está fervendo,
quero esganar essa loirinha que me enlouquece.
Uma briga atrapalha o meu caminho e me distraio separando os jovens,
perco Polyana de vista e volto a encontrá-la no balcão tomando água e se
abanando, estranho, por que não está calor, muito pelo contrário. Percebo que
ela está incomodada e o jovem que lhe entregou a bebida está a observando
de longe, rindo e comentando alguma coisa com os amigos. Um desses
amigos, é um velho conhecido, lembro-me de avisar que arrancaria seu braço
se encostasse na minha mulher outra vez. De repente ele me vê e diz alguma
coisa para os demais que desaparecem.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto em seu ouvido de
forma dura.
— Vim me divertir, assim como você.
— Isso não é uma festa Polyana, é uma suruba.
— Então vá embora, você não foi convidado. Nem sei o que faz aqui,
era para estar em Boston. — Suas mãos passeiam pelo corpo, ela se abana
ainda mais e prende o cabelo.
— Está se sentindo bem?
— Não. Sinto muito calor, meus seios estão doendo. — Aperta o seio
por cima do vestido.
— Polyana tem pessoas aqui, não faça isso.
— Me leva para casa, preciso sair aqui.
Vou automaticamente para o meu apartamento, a cada minuto ela mexe
mais no corpo, aperta os seios ou cruza e descruza as pernas. Isso chama a
minha atenção, ela está ficando vermelha e ofegante. Abro a porta da sala e
ela corre para o banheiro, ouço o chuveiro ligar, pego uma camiseta e deixo
em cima da cama. Volto para a sala.
Já estou deitado no sofá quando a sinto segurando minha mão. Do nada
ela coloca minha mão sobre o seio e aperta.
— O que está fazendo?
— Me ajuda, está doendo. — Pega minha outra mão e coloca sobre o
seio desamparado, seguro os dois sem entender o que está havendo.
— Poly, não estou entendendo. O que doe?
— Aqui. — Aperta minha mão sobre o seio esquerdo. — Aqui. —
Faz o mesmo com o outro. — E aqui. — Puta merda, ela desliza minha mão
até sua bocetinha, sobre o tecido do vestido.
Como um estalo me vem à resposta. O cara que entregou a bebida a
ela... Tinha alguma coisa naquele copo.
— Minha Cabritinha, fique calma isso vai passar. Você quer alguma
coisa?
— Quero que me toque, quero sua boca entre as minhas pernas...
Preciso. — Isso não vai dar certo.
— Não dá amor, você não está bem. Eu quero muito você, mas de
outra forma.
Deixo-a sozinha e vou buscar um calmante para tentar fazê-la dormir,
assim se acalmar. Volto para a sala e encontro Polyana nua deitada no tapete,
com as pernas abertas e se tocando. Perco o meu juízo na mesma hora,
ajoelho-me no chão e vou até ela, paro no meio das suas pernas apreciando o
espetáculo.
— Amor, toma o remédio que eu trouxe. Vai te fazer bem.
— Trevor, eu preciso gozar... Faz-me gozar... Eu preciso agora. —
Isso só pode ser castigo.
— Isso não vai dar certo.
Permaneço ajoelho entre suas pernas, chupo meu dedo e começo a
estimular o seu clitóris. Em poucos minutos ela goza fazendo um escândalo,
meus vizinhos vão adorar. Quando acho que acabou, ela segura minha mão
pedindo para continuar, faço o que me pede e assim goza novamente.
Puxando-me pela gravata eu caio em cima dela, suas mãos vão para o meu
cinto, tento impedir mais ela está ávida para me ter nu e eu estou morrendo de
tesão.
— É melhor eu ficar vestido Poly. Para com isso, chega... Para.
Rolando sobre mim ela consegue liberar o meu pau da calça. Está
desesperada e muito sexy, tento impedir que ela siga em frente, mas, eu não
quero realmente. Minha consciência diz para parar, mas, meu corpo, já muito
castigado, pede clemência.
— Não faz assim, eu não sou santo. Amanhã você vai me odiar e vou
me odiar ainda mais, por te perder.
— Me come Trevor.
— Amanhã, quando estiver mais calma. Prometo.
— Não, agora!
Ela abaixa a boca na minha e quando eu acho que vai me beijar... Ela
senta no meu pau de uma vez só, fazendo nós dois gritarmos. Seu grito é
agudo de dor, todo seu corpo se arrepia e enrijece, lágrimas saem dos seus
olhos e ela tenta sair. Seguro seu quadril ao meu, imagino que deve ter doído
muito, mas agora que já estou dentro não saio mais.
— Fica... Relaxa o corpo. Você logo vai acostumar, minha cabritinha.
Já estou todo dentro, respira.
— Dói muito Trevor, acho que você me rasgou por dentro.
Espero que se acostume, viro-me ficando por cima, em um ritmo bem
lento amo seu corpo mais e mais. Finalmente ela me beija e relaxa ao meu
toque. A noite é maravilhosa, cheia de gemidos e promessas.
Acordo antes dela e fico a observando dormir. Ontem seu desejo não
passou na primeira vez, sinto-me culpado, transamos cinco vezes e o meu pau
está pegando fogo... Imagino como deve estar a sua bocetinha rosada, agora
vermelha.
Não consegui dormir direito, tenho medo que ela acorde me odiando
por ter me aproveitado da sua fragilidade. A ideia dela me deixando acaba
comigo. Consigo vê-la indo embora aos gritos e ponta pés. Mas quando o ela
acorda sou surpreendido.
— Bom dia. — Ela me diz sorrindo .
— Bom dia meu amor. Como você está se sentindo? Desculpe-me por
ontem, sinto muito.
— Não sinta. Foi maravilhoso.
— Você se lembra do fizemos ontem? Você precisa saber...
— Nós transamos. Lembro-me de cada detalhe.
PARTE OITO

A vida de Trevor e Polyana é uma montanha russa. Depois do ocorrido


na festa da Marissol, ele deu um jeito de descobrir quem havia drogado sua
cabritinha. Descobriu que usaram uma medicação animal, chamada tesão de
vaca. Trevor ficou louco ao saber da intenção dos rapazes que estavam com
essa coisa. Uma semana depois eles foram presos por tráfico de drogas na
escola e todos ficaram chocados ao saberem que Rafael traficava drogas na
faculdade.
O tempo passa e com ele os pontos soltos vão tomando forma, Rudy e
Laura já estão juntos novamente. Polyana e Trevor continuam como o casal
8/80, mas se mantém juntos e felizes. A vida sexual dos dois finalmente cria
uma rotina, na verdade ela cria uma constante. No mínimo uma vez por dia
os dois saciam o desejo de seus corpos. Polyana a cada relação toma mais
gosto pela coisa e perde completamente os seus medos e pudores.
Rudy e Polyana ainda não se entendem, se um gosta de azul o outro
gosta de amarelo. Do alto da sua imaturidade ela não compreende que a irmã
ama o cunhado depois de todos os seus erros e sofrimento que passou por
causa dele. Como Laura teve problemas com a gravidez, Rudy praticamente
se muda para o apartamento das duas. Polyana não perdoa e atiça o cunhado
tentando tirá-lo do sério.
Os seis meses de relacionamento mais pareciam seis anos de
casamento, Trevor nunca consegui controlar o seu ciúme e a possessão que
exercia sobre sua amada, a faculdade para ele era o grande vilão do namoro e
causador das brigas. Seu grande sonho era um dia conseguir trancar sua
Cabritinha em uma torre para que ninguém pudesse olhar. Os defeitos eram
muitos, mas as qualidades não tinham fim. Trevor é um homem com quem se
pode contar, está sempre ali para qualquer coisa, faz tudo para conseguir um
sorriso verdadeiro nos lábios da mulher que ama. Na cama não existem
problemas, muito pelo contrário, eles sempre se resolvem lá. A cada briga,
uma reconciliação mais quente.
A imaturidade de Polyana torna tudo mais complicado. Mesmo com
todos os tropeços dados, ela não aprende, continua errando e errando feio.
Não sabe se escuta as amigas que dizem para largar o namorado e curtir a
juventude em baladas e novas companhias, ou se escuta a irmã que diz ter
certeza que Trevor é o homem ideal para ela, que baladas são passageiras e
um relacionamento com quem nos ama não é simples de se encontrar.
PARTE NOVE

POR POLYANA

Acho que vou enlouquecer. São tantas provas e trabalhos na faculdade,


os problemas com a gravidez da minha irmã e os ataques de ciúme do Trevor.
Tudo isso em cima de mim está me cansando, são tantas cobranças, tudo que
eu queria era poder sair, curtir uma festa sem medo do meu namorado cobrir
alguém de porrada. Às vezes penso que terminar com Trevor, seria a solução,
mas sempre que tomo essa decisão na minha cabeça não consigo dizer a ele,
não consigo me imaginar longe dele, mas também não conseguimos ficar
perto sem brigar por alguma coisa.
Tem alguma coisa errada comigo, parece que engoli um gato vivo e ele
está tentando sair pela minha boca. Sinto-me enjoada e irritada ao mesmo
tempo, talvez sejam as provas e o medo de não dar conta.
— O que você tem amiga? — Marissol entra no banheiro da
faculdade, para onde eu corri quando alguém abriu um Doritos ao meu lado.
— Não sei. Acho que vou vomitar todos os meus órgãos e acho que
vou morrer.
— Você parece grávida. — Arregalo os olhos para ela através do
espelho. Grávida? Minha menstruação... Droga!
— Merda! Não menstruei mês passado. Como não percebi isso?
— Relaxa amiga. Vamos fazer o exame, ele fica pronto em poucas
horas e aí você vai ter certeza.
— Trevor vai me matar.
— Ele nem precisa saber.
— Como vou esconder uma gravidez do meu namorado?
— Tirando. — Não, isso não. Como posso pensar em fazer isso?
Estou muito nervosa.
Fiz o exame que deu POSITIVO. Quase morri quando peguei o
resultado, grávida, era muito para mim, eu não estava conseguindo lidar com
o que eu já tinha, imagina com uma criança? Trevor teria todos os motivos
para me trancar em casa e jogar a chave fora.
Passei o fim de semana com ele em casa. Minha irmã estaria sozinha,
Rudy ficaria com o pai no hospital então decidimos ficar com ela. Não
consegui disfarçar a tensão, toda vez que Trevor fazia carinho na minha
barriga, eu tinha a impressão que ele sabia de alguma forma. Troquei diversas
mensagens com Marissol e por fim tomei minha decisão. Eu não queria ficar
presa em uma cama como Laura ficou e não aguentaria Trevor obrigando-me
a largar a faculdade e destruindo os meus sonhos, só tenho dezoito anos e não
posso lidar com uma gravidez agora.
Na segunda-feira Trevor não poderia vir me buscar e eu inventei uma
desculpa para sair com Marissol, ela me passou o endereço e eu fui. Não
tinha a menor certeza do que estava fazendo, só pensava que não teria volta
para os dois lados. Se eu tivesse a criança não teria mais volta para a vida
normal e se eu tirasse... não teria mais criança, ela morreria.
Quando esse pensamento me atingiu, eu me dei conta do que realmente
seria feito, não era simplesmente deixar de estar grávida e sim matar uma
criança, matar meu próprio filho, o filho do homem que eu amo.
Meu nome foi chamado. Olhei para aquela porta e pensei que eu sairia
dali sem o pedacinho que crescia dentro de mim, ele não teria nenhuma
chance à vida, eu devia protegê-lo e não arrancá-lo de dentro de mim. Num
rompante de sanidade ainda restante em mim, levantei e saí sem dizer nada,
apenas corri para fora.
Sem saber para onde ir ou como agir me sento na calçada e choro
desesperadamente. Quero ligar para o Trevor, pedir que me busque e cuide de
mim como sempre faz, quero esquecer que estive aqui. As pessoas passam
por mim oferecendo ajuda, mas eu não quero. Não quero ajuda de ninguém,
quero meu homem aqui comigo, dizendo-me que tudo vai ficar bem.
Como se minhas preces fossem atendidas, um carro canta pneu e
Trevor brota na minha frente. Ele parece atordoado, segura meu rosto com
tanta força que me machuca. Quando começa a perguntar se eu tirei o filho
dele, não sei o que fazer. Como ele chegou aqui? Como sabia onde eu estava?
Como sabia da criança? De repente uma coisa que não acontecia há muito
tempo se repete... Meu corpo trava completamente e eu não consigo
responder, não consigo pensar. Só digo que não posso fazer isso.

POR TREVOR

Há alguns meses coloquei seguranças da minha empresa para cuidar


da Cabritinha, não digo vigiar ou seguir porque eu quero apenas que ela seja
cuidada. Depois de tudo que aconteceu no Canadá tenho medo de que ela
ainda esteja em perigo, mas também quero manter minha mulher longe de
qualquer gavião mais atirado. Infelizmente não posso trancá-la em uma
caixinha dourada e jogar a chave fora.

Essa coisa de namorada universitária não é para mim, são muitos


homens, muitas festas, muitas amigas solteiras e sem juízo. Ela diz que não,
mas tenho certeza que as amigas devem ser loucas para tê-la solteira também,
assim pode fazer companhia nas baladas. Como se não bastasse tudo contra
mim, ainda tem um maldito grupo de estudos nas quartas-feiras que me
enlouquece ao extremo.

Desde sexta-feira, eu venho sentindo a Poly estranha, ela e sua amiga


da faculdade, a Marisol, as duas se falaram o fim de semana inteiro ou
trocavam mensagens com a desculpa de um trabalho da faculdade, aí tem
coisa. Hoje é um dia que eu a buscaria para almoçar, como tenho uma
reunião muito importante às 14h a deixaria em casa e voltaria ao escritório.

Pouco antes do almoço, ela me manda uma mensagem avisando que


irá para casa da tal Marisol, não gostei nem um pouco disso, mas é melhor
assim que não me atraso. Minha reunião é com o secretário de segurança e
estamos firmando uma parceria muito positiva para a minha empresa.

— Desculpe, é muito importante e vou ter que atender. — Saio da


sala para atender uma ligação do segurança da Poly, ele não me ligaria atoa
então é melhor atender.

— Diga.

— Senhor, a Srta. Polyana não foi para a casa da amiga, elas se


separaram na saída da aula e a Srta. Polyana seguiu para um endereço
afastado, parece-me um consultório médico ou odontológico. — Mais essa
agora.

— Dê um jeito de descobrir que lugar é esse, se vira. Há quanto


tempo ela está ai? — Vou ficar careca com essa cabrita.

— Aproximadamente trinta minutos senhor. — E o incompetente só


me avisa agora.

Minha reunião não se estende muito, quando estou entrando no meu


carro o celular toca novamente, não sei por que, mas isso não me cheira bem.

— Diga.

— O senhor precisa chegar aqui imediatamente.

— Fala logo. O que aconteceu com minha mulher? — A essa altura


já estou suando.

— Ela acabou de sair muito abalada e está sentada na calçada


chorando muito, as pessoas estão passando por ela e perguntando se está tudo
bem, mas ela não aceita ajuda, permanece sentada apenas chorando. — Mil
coisas passam em minha cabeça. Meu telefone vibra com a mensagem que
ele me enviou com o endereço, entro no carro e saio feito uma bala. O que
será que aconteceu com a minha cabritinha encrenqueira?

— Conseguiu descobrir o que funciona neste lugar? — Pergunto


ainda dirigindo, nem sei se quero saber a resposta.

— Acho melhor vocês conversarem pessoalmente senhor.

— Fala porra! — Grito no telefone, nem minha educação essa mulher


perdoa.

— É uma clínica de aborto senhor. — Ele fala sério, mas soa tão
baixo que quase não acredito, desligo o telefone e acelero desesperado.

Ela não faria isso comigo, minha cabritinha jamais faria isso comigo.
Ela sabe que eu vivo babando na barriga da Laura. Não posso acreditar que
ela tenha feito isso com o meu filho, ela me ama e eu sou completamente
louco por ela. Deus, que isso não seja verdade.

Quando chego ao endereço, logo a vejo, sentada no meio fio com a


cabeça baixa, paro o carro no meio da rua, deixando a porta aberta e corro até
ela completamente desnorteado. Abaixo-me na sua frente assustando-a, no
mesmo momento que ela levanta a cabeça sem entender, eu seguro seus
cabelos com as mãos enterradas em seu couro cabeludo, mantendo seu olhar
no meu.

— Me diz que você não veio nesse lugar para tirar o meu filho. Pelo
amor de Deus, me diz que você não fez isso comigo Cabritinha. — Clamo
para que ela negue.

— Como você soube que eu estava aqui? Como soube do bebê? —


Me pergunta chorando, tentando soltar-se do meu agarro.

— Negue Polyana, pelo amor que você diz sentir por mim, negue. —
Sem dizer nada ela apenas chora. — Você não pode ter feito isso, eu tinha o
direito de opinar. Você poderia ter me contado... Meu Deus, era tudo que eu
queria, um filho nosso. — As pessoas passam nos olhando, não consigo me
controlar e estou gritando com ela, sacudindo seu corpo. Meu choro sai sem
que eu perceba. Como alguém que me ama pode me matar dessa forma?

— Eu não posso Trevor, eu tenho planos... Minha faculdade, eu


quero...

— Você matou o meu filho e vem falar sobre planos? Você matou
uma parte de mim que estava dentro de você, uma vida que fizemos enquanto
nos amávamos, enquanto eu adorava o seu corpo e a sua existência. Ele tinha
direito à vida! — Ela se contorce com meu aperto que já é muito forte em seu
cabelo, percebo que estou muito perto de perder a minha razão.

Sem me preocupar se as pessoas estão olhando ou não, arrasto


Polyana pelo braço e a jogo no meu carro sem nenhum cuidado. Dirijo até
sua casa, com uma raiva que não cabe dentro de mim. Percebendo meu
estado, ela não diz nada, apenas chora como uma criança assustada.

Passamos rapidamente pela portaria e vendo a cara do porteiro acho


que ele vai chamar a polícia. Polyana está descabelada, com o rosto
completamente vermelho, os olhos inchados e a roupa suja. Ao entrar no
apartamento ela vai direto para o quarto, vou atrás dela e a jogo na cama
montado sobre o seu quadril, prendo seus braços firmemente sobre a cabeça e
começo a esbravejar puto e fora de mim.

— Eu passei por cima de tudo Polyana. Esperei três meses para ter
você como mulher, fui paciente, entendi todas as suas infantilidades. Mudei
minha rotina de trabalho, minha vida toda por você e para você. Para que eu
fiz isso sua louca? Para você arrancar meu filho de dentro de você, como se
ele fosse uma praga, uma erva daninha? Se você soubesse o quanto eu sonhei
com esse dia. Eu não sou um moleque Polyana, eu tenho quarenta anos, sou
um homem que já realizou tudo que queria e só faltava isso para me
completar.

— Você não entende Trevor. — Ela tenta de afastar do meu rosto


que está a centímetros do dela.

— Eu não vou te entender nunca, nem você a mim... Nós somos


incompatíveis ao extremo.

Fico de pé buscando me acalmar, olho em volta para o quarto de


menina, quase de criança. Eu deveria saber que não daria certo, tinha que ter
me afastado e resistido ao invés de deixar esse amor crescer e criar raiz
dentro de mim.

— Se você tentar entender o meu lado, eu não posso fazer isso


agora... — Ela vem atrás de mim quando saio do quarto e tenta segurar o
meu braço, isso já é demais, então eu grito com todo o ar dos meus pulmões.

— Eu não acredito que você fez isso Polyana, eu esperava tudo de


você, menos algo tão imundo assim. Se queria me afastar, conseguiu. —
Chego à sala e dou de cara com Laura e Rudy que parecem ter acabado de
chegar.

— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso. — Eu não
queria falar na frente dos outros, mas quando ela chamou meu filho de
“isso” eu já não me importo mais.

— Isso, a que você se refere era o meu filho, que você MATOU? — A
última palavra sai desesperada. Meu amigo e minha ex cunhada olham para
Polyana atônitos, mas como sempre ela só chora, como se isso fosse trazer
meu filho de volta.

Rudy me leva para seu apartamento, conversamos e tomamos


algumas doses de vinho, estou inconsolável e ele tenta me acalmar. Lembro-
me de todas as vezes que ele disse sobre Polyana ainda me matar do coração.
Sinto-me assim... Ela matou meu coração.

— Então ela tirou mesmo o bebê? Como você soube disso, ela falou?

— Não, eu tinha colocado aquele segurança com ela e ele disse-me


onde ela estava. Fui até lá e a encontrei chorando numa calçada.

— Quando ela te confessou o que fez ela parecia arrependida pelo


menos?

— Ela... Não, ela não chegou a dizer com todas as letras que fez, mas
também não negou.

Depois de várias horas conversando e bebendo com Rudy o celular


dele toca e eu vejo que é a Laura, fico tenso, deve passar notícias da Polyana.
Os dois passam vários minutos ao celular e ele se limita a responder apenas
“aham, sei, entendi”. Quando a ligação termina ele coça a cabeça e comporta-
se de forma deslocada, percebo que se prepara para dizer alguma coisa.

— Eu vou te falar uma coisa, mas não quero que faça nada. Nós
estamos bebendo há muito tempo e o álcool é um péssimo conselheiro.
Promete esperar amanhecer para fazer qualquer coisa.

— Nada que venha daquela casa me interessa, quero mais é que ela se
exploda.

— Você disse que ela não falou para você com todas as letras que
tinha feito o aborto não é? — Mas que porra! Aonde ele quer chegar com
isso?

— Mas não negou, quem cala consente. Esqueceu que trabalho com
investigação? Sei quando alguém é culpado de um crime.

— Talvez você esteja envolvido demais para perceber os detalhes. É


duro para eu admitir, mas ela é apenas uma cabritinha assustada e sem saber
o que fazer.

— Não entendo aonde você quer chegar, desenha para mim, por
favor. — Tento rir da minha piada sem graça, mas hoje não estou para
sorrisos.

— Ela foi sim, fazer o aborto, mas não teve coragem. Quando você a
encontrou ela estava no dilema de te ligar para contar, mesmo com medo da
sua reação ou seguir com o plano de tirar o bebê.

Minha cabeça está girando com tantas informações e sentimentos,


tento recapitular o dia e rever suas palavras, lembro-me que ela só falava no
tempo presente e que em nenhum momento me disse que tirou o meu filho.
Ela dizia que não poderia fazer isso, que tinha planos para o futuro, mas não
falou da gravidez como passado.

Céus! Meu filho ainda está dentro dela, ele não está morto. Fico
tentando me lembrar se a machuquei ou fiz algo que possa prejudicar o nosso
bebê, lembro-me de sentar em sua pélvis mas não coloquei peso.

Quero rir, quero chorar. Quaro matá-la, por me fazer sofrer tanto e
quero morrer, por ter sido tão duro com ela, poderia ter colocado a vida do
nosso filho em risco.

Preciso pensar...
PARTE DEZ

POR TREVOR

Assim que o dia clareou, vou para a casa da Polyana, refleti sobre o que
aconteceu a noite toda e do jeito que está não podemos continuar. Por mais
que meu amor seja infinito, eu não vou lutar sozinho.

— Oi Trevor. Sinto muito por ontem, de verdade.

— Tudo bem Laura, você não tem culpa do egoísmo da sua irmã.
Posso entrar?

— Pode, ela está no quarto.

Como de costume, entro no quarto sem bater. Ela está em pé de frente


para o espelho tentando projetar a barriga reta para frente, em outra situação
eu acharia isso lindo, mas hoje só sinto raiva.

— Precisamos conversar. — Ela toma um susto e balança a cabeça


que sim. Puxo uma cadeira e ela se senta na cama.

— Me perdoa amor. Eu estava com medo. — Diz chorosa, isso não


me afeta mais. É nisso que eu quero acreditar.

— Isso nunca vai acontecer. Acabou Polyana, agora você é apenas a


mãe do meu filho, nada mais.

Conversamos por horas. Ela usa de todos os seus artifícios para me


convencer a perdoá-la e nada surte efeito. Por fim diante dos seus apelos
desesperados, digo que preciso de tempo e espaço.
Saio de lá destruído, mesmo sabendo que ela merece comer o pão que o
diabo amassou, sinto-me um lixo por deixá-la sofrendo. Minha vontade era
de abraçá-la, aconchegá-la nos meus braços e dar todo carinho do mundo a
ela e ao bebê.

(...)

Os dias passam e não procuro por ela, na verdade arranco todas as


informações do Rudy, ele não aguenta mais minhas ligações. Não quero
demonstrar preocupação ou arrependimento, mas estou muito arrependido de
não estar com ela nesse momento.

Laura já está no hospital com Valentina, quero visitá-las e conhecer a


salvadora do Sr. Leonel. Não quero encontrar Polyana, mas não vai ter jeito.
Fico maravilhado com a pequenina, ela é linda como uma pintura, meu amigo
está transbordando felicidade por todos os lados. Sentamos no corredor para
conversar um pouco.

— Parabéns cara! Sua filha é linda.

— É mesmo. Nossa nunca pensei sentir algo tão forte, parece que vou
estourar de tanta felicidade.

— Que inveja. — Digo olhando para o chão.

— Por que quer. Sua cabritinha está lá dentro com o seu filho no
ventre. Você está a visão da derrota, esquece tudo e toma a sua família para
você.

— Não é assim tão simples.


— Vai perder tudo que eu perdi. Mas, a minha mulher vivia dentro de
casa, a sua faz faculdade, tem vida social e só aqui no hospital eu já peguei
uns dez médicos babando nela. Logo aparece outro para o seu filho chamar
de papai.

— Tá louco? Quer fuder com a minha paz?

— Não sabia que tinha encontrado a paz... Olhando daqui parece estar
no inferno.

(...)

O inferno seria mais aconchegante que isso. Minha vida está uma
merda sem ela, parece que falta um pedaço do meu corpo. Fui visitar
Valentina como desculpa para vê-la, ainda não há sinal de barriga, muito pelo
contrário, ela até emagreceu. Fico preocupado com isso. Liguei para Dra.
Mônica para saber da consulta e ela me disse que é normal perder peso nas
primeiras semanas, disse que Polyana está com sérios problemas de enjoo e
por isso está perdendo peso. Hoje o Sr. Leonel sairia do hospital e Rudy me
avisou que vai pedir Laura em casamento, já não era sem tempo. No fim da
noite resolvo ligar para ele e perguntar sobre Polyana.

— Fala Trevor.

— E aí? Como foi o noivado, ela te deu um pé na bunda?

— Nem se ela quisesse. Ela aceitou. Agora só falta você tomar


vergonha na cara.

— Como ela está?


— Ela está no quarto, cara.

— Você a viu? Ela perece bem?

— Eu não a vi, sei que está lá porque a Laura foi dar boa noite para
ela. Por que você mesmo não vem aqui? Sério, não aguento mais isso. Você é
totalmente insano pela garota e fica aí se fazendo de forte.

— Não estou sendo forte. Mas ela tem que aprender que tudo tem
consequências.

— Ok, boa noite!


PARTE ONZE

POR POLYANA

Chega! Não aguento mais isso, eu já aprendi tudo que tinha para
aprender. Não quero mais ficar sem ele, não aguento mais ficar longe. Se ele
queria provar a sua importância, ele conseguiu. Nada mais faz sentido, falto
mais as aulas do que vou, me afastei de todos os meus amigos e só faço
chorar e vomitar dia e noite.

Tomo a minha decisão.

— Que malas são essas Poly? — Laura pergunta olhando as quatro


malas que eu carreguei para a sala.

— Estou de mudança para a casa do Trevor.

— E ele sabe disso?

— Não. Empresta-me o seu motorista?

— Claro. Essa eu quero ver, qualquer coisa me liga e eu vou buscá-la.

Vou até a faculdade e tranco a minha matricula. Passo no consultório


e faço uma ultrassonografia que estava marcada, peço para gravar em DVD e
vou para minha nova casa. Fiz exame de sangue para saber o sexo do bebê,
ele chegou ontem e eu quero entregá-lo ao Trevor. Hoje vou usar todas as
minhas armas... Todas.

Estou com três meses de gravidez e uma pequena sombra de barriga


começa a aparecer. Tenho a chave do seu apartamento, entro e arrumo as
minhas coisas no closet, tomo um banho e coloco o DVD no aparelho do
quarto e o papel do exame em cima da mesa. Deito-me completamente nua
em sua cama e adormeço.

— Polyana, Polyana! O que está fazendo aqui? — Acordo com sua


mão em meu ombro.

— Vim recuperar o meu homem. — Digo virando de frente, expondo


meu corpo nu.

— Por favor, não se humilhe dessa forma. Vá embora. — Percebo


que ele evita olhar para o meu corpo, mas o volume em sua calça está bem
visível.

— Tudo bem, eu vou embora. Mas primeiro quero te mostrar uma


coisa.

Pego o controle e ligo a TV, coloco a gravação da minha


ultrassonografia e imediatamente sua postura defensiva se desfaz. Ele senta
na cama e vidra os olhos na tela, um sorriso lindo se instala em seu rosto. O
vídeo é rápido e ele repete mais três vezes, parece maravilhado com as
imagens. Permaneço deitada e seguro o exame que ainda não abri.

— Nossa é incrível. Gostaria de ter ido. — Ele está triste por ter se
afastado.

— Eu também gostaria que estivesse lá.

— O que tem no envelope? — Pergunta com seu olhar queimando


em meus seios.

Entrego a ele o envelope, depois de alguns segundo ele abre é começa a


ler. Levantando-se as gargalhadas ele me olha como se não acreditasse.
— Você já leu? — Senta-se ao meu lado na cama com o olhar mais
lindo que já vi.

— Não. Trouxe para você.

— É um menino. — Coloca as duas mãos sobre o meu ventre


acariciando com delicadeza.

Trevor se abaixa e beija minha barriga enquanto me agradece pelo


melhor presente que já ganhou. Os beijos mexem com a minha libido e sinto
que estou completamente molhada, nua e deitada na cama do amor da minha
vida. No mesmo instante seu olhar encontra o meu e ele inspira ruidosamente
bem próximo ao meu sexo.

— Está excitada.

— Como nunca estive. — Abro minhas pernas mostrando a ele como


estou molhada.

Com total naturalidade ele abaixa e abocanha meu sexo levando-me ao


céu. É impossível não gritar de prazer, me entrego completamente a ele, não
tenho pudor ou qualquer vergonha. Enquanto ele devora minha vagina eu
grito meu amor por ele, imploro que me aceite em sua vida e gozo chamando
o seu nome. Não demora muito para ele estar em cima de mim confessando a
sua saudade e tomando meu corpo para si. Horas depois estamos saciados e
exaustos em cima da cama.

— Eu larguei a faculdade.

— Nunca pedi para fazer isso. É o seu sonho.

— Meu sonho é ser sua mulher. Não aguento mais ficar longe Trevor,
preciso de você comigo. Só me diz, o que eu tenho que fazer e eu faço.
— Quero que procure uma casa grande, com quintal e espaço para
nossos filhos. Quero que se case comigo e exijo mais filhos. Nunca imaginei
que grávida você ficaria tão dócil... Vou mantê-la assim.

— Onde eu assino?

FIM.
SOBRE A AUTORA

Joice Bittencourt é brasileira de 25 anos, nascida no Rio de Janeiro, e


radicada no Estado do Espirito Santo com o marido e dois filhos.
Movida pela curiosidade, iniciou na literatura erótica através do best-seller
Cinquenta Tons de Cinza, e a partir de então a lista de romances do mesmo
gênero só vem crescendo.
Com três livros publicados em um site de compartilhamento de livros, ela
decide alçar voos maiores, lançando seu apimentado romance No Limite do
Prazer em e-book.

Conheça mais da autora através dos links:

http://www.wattpad.com/user/joicecbittencourt

https://www.facebook.com/joice.bittencourt

Leia Também No Limite do Prazer:

https://www.amazon.com.br/dp/B00OB3RWQ2

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