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Joice Bittencourt
Espírito Santo
2014
À família... Dom de alegria.
Copyright © 2014 Joice Bittencourt
Título Original
O HERDEIRO
Autora
Joice Bittencourt
joicerbittencourt@gmail.com
Revisão
Valéria Avelar
Edição Independente
2014
Sumário
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPITULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPITULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPITULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
EPÍLOGO
INCONPATÍVEIS
PARTE UM
PARTE DOIS
PARTE TRÊS
PARTE QUATRO
PARTE CINCO
PARTE SEIS
PARTE SETE
PARTE OITO
PARTE NOVE
PARTE DEZ
PARTE ONZE
SINOPSE
Laura Alves nasceu no interior de São Paulo, têm 20 anos, depois da
morte da sua mãe ela recebe uma proposta de trabalho de um restaurante
Brasileiro em Nova Iorque e decidi partir em busca de mudanças. Em seu
primeiro ano morando longe das origens ela juntou tudo que conseguiu
servindo em um café e trabalhando a noite na cozinha do famoso restaurante.
Rudy Scheideger está na lista dos dez homens mais ricos do mundo,
tem 35 anos, é lindo e tem um charme irresistível. Sua opinião sobre as
mulheres é a pior possível, para ele todas são interesseiras, falsas, vendidas e
fáceis. É mundialmente conhecido como frio e implacável ou apenas O
Senhor do Petróleo. Seu maior defeito? Sua total e irrevogável subserviência
ao pai.
A Proposta
Dia após dia essa foi a rotina de Laura, meses se passaram e ela já
havia juntado uma quantia razoável, logo daria para alugar um lugar mais
confortável. Este apartamento era composto apenas por um quarto com
banheiro e cozinha conjugada, sua irmã odiava o local e sempre dizia que iria
se tornar uma modelo famosa e seria muito rica só para comprar o prédio e
demoli-lo.
“Ninguém pode ser rica saindo com os amigos todos os finais de semana...
Temos que economizar Polyana!”
Beijos, Poly.
Por um longo tempo Laura ficou sem reação, não dava para acreditar
que sua irmã a abandonara depois de tudo que fez para mantê-las, depois de
abdicar de si mesma para que não faltasse nada em casa. Há um ano não
comprava nada pra si, não tinhas roupas novas, não saia com colegas de
trabalho, tudo era feito pensando no bem estar das duas. Quando percebeu
que Polyana foi embora e ainda levou com ela todas as suas economias, foi
um soco no estômago e um choque de realidade, além de fugir ela a roubou.
Seu salário foi pago no dia anterior e estava junto com as economias, ainda
não havia pago o aluguel ou as outras contas, nem mesmo comida tinha
comprado este mês. A única coisa que ela consegue fazer é sentar-se no chão,
completamente desolada.
O casamento dos seus pais era perfeito, ele mandava e ela obedecia.
Quando tinha 16 anos Cora se casou com Leonel que era 15 anos mais velho
do que ela, Rudy nasceu no ano seguinte. Sua mãe quase morreu por
complicações no parto e com isso não pode ter mais filhos, Rudy seria
sempre o único herdeiro Scheideger. No dia em que completou 35 anos,
Rudy foi chamado ao escritório do pai, na mansão Scheideger, aos olhos dos
outros parecia estranho, mas para ele era normal só conversar com o pai de
forma formal e distante.
— Pai...
— Pai eu não sei o que dizer, eu não quero que a mãe do meu filho
seja uma dessas interesseiras que vai usá-lo para tirar até minhas calças, ou
exibi-lo para revistas como um troféu. Não me importaria de ter um filho, eu
até gosto da ideia... Mas não quero a mãe no pacote.
POR LAURA
Meu dia hoje foi bem complicado, fui à polícia prestar queixa do
desaparecimento da minha irmã e fui informada que por ter deixado um
bilhete e ser maior de idade eles não poderiam fazer nada, isso não se
caracterizava com desaparecimento. Na cafeteria conversei com Renata, uma
amiga que trabalha comigo, segundo ela ontem na parte da tarde, duas
pessoas foram demitidas para contenção de gastos. Ela aconselhou-me a não
pedir um adiantamento, meu chefe não é injusto, mas é bem grosseiro e não
tolera falta de profissionalismo... Sem contar, que é um mão de vaca ao
extremo, poderia tomar isso como um motivo para me demitir.
(...)
— Quero saber tudo sobre uma mulher, desde seu nome completo até
o tamanho da calcinha que ela usa.
Depois de falar o que sei sobre Laura, sigo com meu dia e trabalho
solucionando todos os problemas da empresa, trabalho na indústria
petrolífera desde extração até as refinarias. Nossa fortuna é incalculável, meu
pai sempre foi um homem temido por todos, devido à forma exigente que
trabalha e ele me ensinou assim... Como ele mesmo diz:
"Filho você é a minha versão melhorada!" — Alguns dizem piorada.
— Fora dos seus limites Trevor, ela já tem dono. Mas diga-me, tem
alguma coisa interessante?
(...)
POR RUDY
Resolvo que é melhor deixá-la refletir sobre nosso encontro, ela deve
lembrar-se da visita que fiz ao restaurante. Vou trabalhar pela parte da manhã
e depois do almoço farei novo contato com a mãe do meu futuro herdeiro, sei
que preciso atingir seu ponto fraco e pra isso vai ser necessário conversar
com um pouco mais de privacidade.
Minha única exigência foi que a criança seja feita por mim, deixei
claro que quero este vínculo... Ainda mais agora que já escolhi quem vai
carregar meu herdeiro por nove meses, quero ter o prazer de colocá-lo dentro
dela, só de imaginar meu pau dentro dela já fico duro e latejando. O balançar
das suas ancas não saem da minha cabeça, o jeans ajustado a sua bunda faz
minha imaginação voar e meu pau doer ainda mais. Seria um pecado não
desfrutar do seu corpo por alguns momentos. Vou até a sala do meu pai para
mostrar o dossiê que montei sobre Laura, depois de duas batidas ele me
autoriza a entrar.
— Vai servir.
— Só isso? Não tem nada para dizer sobre a mãe do seu neto? — Eu
esperava que ele falasse alguma coisa.
— Não estou te entendendo Rudy. Ela vai apenas gerar a criança, vai
ser um casulo. Não me importa quem seja, quero apenas que siga as regras e
você deveria pensar da mesma forma. Envolva-se demais e vai sair depenado,
sozinho e desmoralizado. Vai ser mais um trouxa no mundo.
(...)
— Com pressa Laura? — Por alguns segundos ela não diz nada.
— Tenho uma proposta pra você. Tenho certeza que vai mudar sua
vida.
— Quem é você, e como poderia achar minha irmã? Você está com
ela? — Olha... Ganhei sua atenção.
— Antes que eu comece a falar preciso que você assine isso. Ai diz
que você não poderá comentar sobre nossa conversa com ninguém. — Ela
simplesmente assina sem nem ao menos ler.
Ela está sentada de frente para mim, com as pernas cruzadas, a bolsa
em cima das coxas e brincando com os polegares.
— Não, não será. Eu quero que você faça uma coisa pra mim, vou
pagar por isso e vou mudar sua vida. Darei a você um bom apartamento, um
carro e muito mais.
— Sente-se, não quero que seja minha amante. O que preciso é mais...
“Específico”. Eu sei que você é uma mulher muito respeitável.
— Não estou entendendo como chegou a mim ou soube sobre minha
irmã. Não sei o que quer, mas faria tudo para ajudar a salvar a Polyana se ela
estiver sofrendo.
Sua boca abre e fecha várias vezes, ela olha para a janela e sacode a
cabeça, parece não acreditar no que acabou de ouvir. Mantenho-me firme e
sem transparecer emoção, mas por dentro estou angustiado e esperançoso,
quero muito que ela aceite e que possamos passar para o próximo passo.
— Olha... Eu não sei se estou certa do que acabei de ouvir, eu... Bem,
talvez isso seja normal, para você, mas, pra mim isso é um absurdo. Eu não
vou engravidar para te dar um herdeiro, nunca venderia meu filho. Acho
melhor você procurar uma barriga de aluguel.
— Acho que você procura uma ama de leite, mas acho que errou de
século. — Tento segurar a gargalhada, mas isso é impossível.
O CONTRATO
DOS DEVERES
Cláusula 1ª
Cláusula 2ª
Cláusula 3ª
Cláusula 4ª
Clausula 6ª
Cláusula 7ª
Cláusula 8ª
Cláusula 9ª
Cláusula 10ª
- A criança não receberá o sobrenome da contratada. Sendo registrada
apenas com o sobrenome do contratante.
Cláusula 11ª
DOS DIREITOS
Cláusula 12ª
Cláusula 13ª
Cláusula 14ª
Cláusula 15ª
Cláusula 17ª
_____________________________
RUDY SCHEIDEGER
_____________________________
LAURA ALVES
CAPÍTULO QUATRO
POR LAURA
— Você um dia vai querer ter um filho, tenho certeza que será bem
melhor se o futuro dele já estiver garantido, se você tiver condições de curtir
sua gestação com conforto ao invés de estar servindo mesas e picando
legumes.
— O que você fez com minha irmã seu desgraçado? — Grito com as
lágrimas descendo pelo meu rosto. Ele contorna a mesa e se aproximando de
mim, mas eu me afasto.
Sua mão grande segura meu ombro e vira-me para si, com as duas
mãos segurando meus ombros ele respira fundo e diz:
Ele me diz isso permanecendo sério, sem emoção, mas suas mãos
apertam meus ombros como se quisesse transmitir segurança. Sei que se eu
for à polícia eles não vão dar muita atenção. Não posso deixar que ela
continue sofrendo, minha mãe sempre me disse que deveria cuidar da
Polyana, ela sempre foi desajuizada e cheia de sonhos impossíveis, com um
desses sonhos desta vez ela se complicou feio agora.
— Isso não pode ser feito outro dia? Eu poderia trabalhar até o bebê
nascer.
— Tudo bem.
POR RUDY
— Olá Rudy! Vejo que encontrou uma moça linda para seus planos.
— Elas dão as mãos sorrindo de forma carinhosa.
— Apenas um. — Ela diz isso olhando para a janela, parece querer
chorar.
Como disse meu pai, ela vai ser apenas um casulo, a ponte para
chegar a um objetivo, mas tenho que admitir que é uma belíssima ponte.
Era tudo que eu precisava para matar minha vontade. Aproveito que
já estamos no corredor, agarro sua cintura dando um passo até a parede e a
beijo, no início ela tenta me empurrar, mas quando chupo sua língua ela
relaxa e beija-me também. Suas mãos vão para meu peito enquanto as minhas
seguram seu quadril, ela sobe a mão para segurar meu rosto e continuamos a
nos beijar até escutar alguém limpando a garganta. O senhor ao nosso lado
também espera o elevador, nos soltamos e fico atrás dela para esconder o
volume na minha calça. Droga!
— E vamos, mas quero que pegue suas coisas na casa da sua amiga.
O bairro é muito perigoso e você pode ficar na minha casa até que o seu
esteja mobiliado, isso deve levar poucos dias.
— Não acha que deveria me perguntar antes de decidir? — Desta vez
ela olha para o trânsito.
— Vou pedir que ele vá a minha casa hoje à noite se possível. Está
bem assim?
Ela acena com a cabeça e se volta para a janela. Todas as vezes que a
observei ela sorria e estava feliz, mas agora ela está séria e parece triste. Sei
que não posso me envolver com ela, mas é quase impossível quando tudo
nela me chama atenção, fazendo-me querer chegar mais perto. Porra, meu
pau ainda está duro de desejo e foi só um beijo.
Quando chegamos ao prédio em que ela está morando, sua amiga não
está no local, eu e Peter ajudamos a pôr suas coisas na mala e carregar para o
carro, as pessoas observam nossa movimentação e não param de olhar, acho
que pela forma que estou vestido e pelo carro também. Vamos direto para sua
casa nova, seus olhos brilham quando paramos em frente do prédio, e ela
observa a fachada, passamos por dois seguranças antes de chegar ao elevador
e a apresento como a nova proprietária do apartamento 1151. Assim que
paramos em frente à porta do apartamento entrego as chaves para que ela faça
as honras.
Imagine uma criança em sua primeira vez na Disney... Não passa nem
perto da sua reação ao abrir a porta do apartamento. Sou deixado para trás e
ela entra rápido já abrindo as cortinas para ver melhor a sala que tem 80m² e
é dividida em dois ambientes, as janelas vão do chão ao teto, o piso é de
tábua corrida com um brilho novo. Ao abrir a porta do lavabo ela coloca as
mãos na boca e solta um gritinho engraçado, tanto o lavabo quanto os outros
banheiros são em mármore branco.
— Claro que pode, é seu. A única coisa que não pode fazer é vendê-
lo.
— Entendi, mas eu não iria pedir para trocar, gostei daqui, apenas
queria saber se poderia.
POR LAURA
Quando acordei hoje, não poderia imaginar o furacão que meu dia
viria a se tornar, depois de todas as revelações sobre o que realmente
aconteceu com Polyana, aceitar o acordo maluco que o Rudy me fez, virou
fichinha perto de tantas mudanças que estavam por vir. Acho que ele é mais
maluco do que eu imaginei, além de lindo, sexy e dono do mundo. Foi
doloroso pedir demissão dos meus empregos e
um pouco embaraçoso também, mas preferi dizer que estava com problemas
pessoais, ninguém questionou, pois sabem que eu estou à procura da minha
irmã.
Meu dia mudou da água para o vinho quando ele me entregou a chave
do apartamento, ao abrir aquela porta fiquei maravilhada, tudo tão lindo e
grande, tão novinho e perfeito. Nunca em minha vida pensei ter um
apartamento na Quinta Avenida em frente ao Central Park, simplesmente o
endereço mais valorizado de Nova Iorque. Parece ridículo, mas eu me
apaixonei pelos banheiros deste lugar, no meu antigo apartamento era
manchado e escuro, os daqui são em mármore branco e lindo, na suíte tem
uma banheira que dá até para dormir. Em frente à porta da suíte tem outra
porta onde vou fazer o do bebê... Nossa já estou pensando nas coisas do bebê
e ele nem existe, atire a primeira pedra quem não adoraria mudar de vida do
dia para a noite e poder dar a seu filho tudo que há de melhor.
Por mais que o preço a pagar por tudo isso seja absurdo, eu vejo como
Rudy me olha, o desejo é explícito e aquele beijo foi sensacional... Talvez
com o tempo eu possa fazê-lo esquecer do contrato e aí vamos ser como pais
separados em uma vida normal.
Claro que eu reparei que ele é lindo, enorme, forte e sua voz me deixa
zonza... Não é porquê, no fundo eu estou louca para beijá-lo novamente, que
eu vou dar mole para ele, afinal a criatura já é convencida o suficiente para eu
terminar de estourar o seu ego.
Essa nuvem cor de Rosa não durou muito tempo. Polyana passou mal
e minha mãe teve que ficar com ela uma noite no posto de saúde. Já estava
dormindo quando ele bateu na porta e assim que abri ele deu uma desculpa
que minha mãe havia pedido para ele pegar umas roupas e deixei-o entrar, fui
para o quarto arrumar uma bolsa para que ele levasse. Eu estava abaixada
amarrando a sacola que estava sobre a cama quando ele colocou uma arma na
minha nuca e mandou que me deitasse de bruços, amarrou meus braços junto
à cabeceira, arrancou minha bermuda e... sim, ele me estuprou, por mais que
eu pedi e implorei, ele não parou, dizia que iria me dar um tiro na cabeça e
faria o mesmo com Polyana na frente da minha mãe se eu contasse para
alguém. Tudo que eu conseguia fazer era chorar e suplicar que parasse.
Depois disso ele nunca mais apareceu e eu nunca tive coragem de contar isso
para ninguém. Minha mãe disse que eles tinham terminado no dia seguinte
por telefone, mas eu nunca esqueci sua promessa e não quis pagar pra ver.
— É sério? Sabe que quando nosso filho estiver aqui ele vai fazer xixi
dentro dele não é? — Resolvo provocá-lo.
— Crianças são assim Rudy, você não pode obrigar uma criança a te
consciência de seus erros.
— Eu fui uma criança educada, ele vai ser assim também. Meu pai tem
uma sala de armas, um dia quando eu tinha cinco anos entrei lá e
peguei uma que estava pendurada... — Ele parece reviver o momento
talvez doloroso. — Meu pai me deu uma surra de cinto e me deixou
uma semana sem tv e brinquedos, nunca mais entrei naquela sala.
— Hitler é Papai Noel perto dele. — Ele sorri, mas não por achar
graça e sim de nervoso.
— Entendo.
Não acredito que ele me deixou aqui a saiu para farrear, ele me
trouxe para a casa dele para ficar aqui sozinha? Depois daquele beijo que
demos no corredor, depois que eu fiz tudo o que ele quis... Estou mais
decepcionada do que qualquer outra coisa. Acho que na verdade eu queria
outro beijo molhado, amassos contra a parede e tudo que tenho direito. É
pedir muito?
— E aí? Vamos? — Digo olhando para Trevor para que ele entenda
que preciso sair. — Laura, nós vamos sair, sinta-se em casa, eu não tenho
hora para voltar.
— Você não tem que entender, tenho outros objetivos com ela. Eu
preciso comer alguém urgente, ou vou ter um AVC.
— Ainda não posso falar nada, mas logo você vai saber.
Chego em casa depois das quatro da manhã, ainda bem que fui de
carona e voltei de taxi porque estou bem além do meu limite alcoólico, acho
que descontei minha frustração na bebida, nenhuma mulher naquele lugar se
comparava a Laura, todas muito maquiadas ou muito decotadas, nenhuma
tinha a sua doçura ou a sua simplicidade... Realmente devo ter bebido
demais, quando em minha vida eu me interessei por simplicidade?
— Rudy, Rudy... Droga acorda Rudy!!! — Está tão gostoso sentir sua
mão alisando meu peito que vou permanecer com os olhos fechados curtindo
o momento.
Não pude resistir, deitei sobre ela cheirando o seu cabelo, passando a
mão por seu pescoço e automaticamente pressionei a pelves contra sua
bunda, mas quando abaixei para beijar seu ombro percebi que estava tensa e
respirava com dificuldade, sai imediatamente de cima dela e deitei ao seu
lado tentando conversar, mas ela não se acalmava e nem mesmo olhava-me,
permaneceu de olhos fechados e com uma lágrima escorrendo por seu nariz.
— Não.
— Tudo bem. Você está atrasada para suas compras, acho melhor se
animar para decorar seu apartamento e às 18 horas a Dra. Mônica estará aqui
com os exames.
— Oi
— Você sempre acorda assim? — Sei que ela refere-se à ereção que
está encostada na sua bunda.
— Depende... Eu acho.
— Depende de que?
POR LAURA
Já passava das 17 horas quando cheguei à casa dele, estava tudo vazio
foi o Peter quem abriu a porta com sua chave. Tomei um banho, coloquei
uma calça, uma blusa roxa de manga comprida e fui pra cozinha comer um
sanduíche. Eu já estava no sofá quando a porta se abriu e por ela entraram o
Rudy e a Dra. Mônica.
— Vamos lá. Seus exames foram excelentes, sua saúde está perfeita e
seu útero em perfeitas condições de receber um bebê. Os exames do Rudy
também foram muito bons e podemos seguir para o próximo passo.
— Por todas as informações que você me passou eu sei que seu ciclo
é de 28 dias e regular, você entrou no seu período fértil ontem. Recomendo
que já comecem a trabalhar nessa questão, se é que me entendem.
A mulher loira, que aparenta ter mais de cinquenta anos e ser muito
bem cuidada, abraça-me desejando boa sorte e vai com Rudy até a porta.
Quando ele volta seu olhar não é o mesmo, tem um brilho diferente e sua
postura também mudou. Não sei se estou com medo ou excitada... Ou dos
dois talvez.
— Preciso me trocar.
Não sei aonde vamos, mas também não tenho muitas roupas, pego
um vestido preto liso, de alça e que vai até meu joelho e prendo o cabelo uma
trança rabo de peixe na lateral da minha cabeça. Não gosto muito de
maquiagem, então passo um gloss rosa claro e carrego no rímel. Quando
chego à sala ele está andando de um lado para o outro, assim que me vê dá
um sorriso e vem em minha direção.
— Fico feliz com isso, preciso de você bem relaxada. Quero uma
noite especial. — Respira Laura, respira.
— Você não precisa fazer nada que não esteja preparada, podemos
esperar até o próximo mês, isso não é problema, mas eu sinto que você me
deseja e posso garantir que vou te fazer esquecer qualquer lembrança ruim
que ele tenha deixado. — Suas palavras sussurradas no meu pescoço fazem
meu sangue correr freneticamente pelas veias. — Diga-me o que deseja.
— Eu quero esquecer.
POR LAURA
— Quero!
Rudy segura meu rosto com as duas mãos, seus dedos se embrenham
no meu cabelo, fecho os olhos e sinto sua boca assaltar a minha, o beijo que
começa calmo vai tomando ferocidade, fica quente e molhado, uma de suas
mãos segura minha cintura e aperta-me contra si. Envolvo meus braços em
seu pescoço, não quero parar, está maravilhoso. Caminhamos até a cama e
caímos deitados sem parar o beijo, nossas línguas dançam juntas, chupo sua
língua com vontade de tomá-la para mim e ele solta um gemido forte, cada
vez mais o volume da sua calça é forçado contra minha pélvis deixando meu
corpo fora do estado normal.
— Ah... Ah!
Sua atenção vai para o outro seio, fecha os olhos como se saboreasse
minha pele e quando os abre a intensidade é tão grande que me causa arrepio.
Enquanto brinca com meus mamilos, sua mão acaricia meu sexo sobre o
tecido da minha calcinha, estou tão molhada que a umidade já ultrapassou a
peça, ele sorri com meu seio na boca quando percebe que estou tão excitada.
— Assim?
— Mais... Mais... —Suplico, nem sei o que quero, mas eu quero tudo.
— Uhuuuu!
— Nem que se passem mil anos vou esquecer essa visão, você saciada
e nua na minha frente... Mas agora vou me saciar porque estou muito, muito
faminto.
— Faça no seu ritmo, rebola no meu pau, me maltrata vai... Sou todo
seu. — Me senti tão poderosa que perdi a vergonha e comecei a cavalgar
por instinto, sei lá, lembrando cenas de filmes, em alguns momentos apenas
seguindo o que suas mãos me ditavam, elas estavam abaixo da minha bunda
dando-me apoio.
POR RUDY
Quando a médica disse que ela está em seu período fértil, tudo à
minha volta desapareceu, meu modo caça estava ativado e faria qualquer
coisa para levá-la para cama. Não sei exatamente o que aconteceu, mas sei
que existe um trauma e preciso ajudá-la a superar, quero que ela se entregue a
mim sem barreiras.
Vou almoçar com meu pai, estranhei, que ele me chamou para
acompanhá-lo, isso não é comum.
— Mônica me disse que a moça já está em seu período. Você fez seu
trabalho? — Quase engasgo com sua pergunta direta.
— S... Sim.
— Se não for homem ela deve tirar e você faz outro... — Nesse
momento cuspo minha comida no guardanapo e tento me estabilizar com um
pouco de água.
— Como? Não... Não vou matar meu filho ou filha seja lá o que for,
podemos ter outros se for o caso.
— Senhor?
— Estará senhor.
POR LAURA
Acordo com o corpo todo dolorido, sinto locais no meu corpo que eu
nem sabia existir, mas valeu cada segundo. Nossa noite foi perfeita e
recheada de prazer, carinho e amor... Amor? Não sei se ele percebeu. Senti
que fomos feitos um para o outro. Foi tudo tão lindo!
Ele não está em casa, não deixou um bilhete ou ligou, mil coisas
passam pela minha cabeça. Talvez tenha se arrependido ou não tenha
gostado, talvez tenha tido uma emergência e ele preferiu não me acordar.
Prefiro não pensar sobre isso, vou cuidar do meu apartamento por que como
toda mulher eu estou muitíssimo animada com a decoração.
— Eu não acredito que você é tão irresponsável. Por que não avisou
ao Peter que iria sair? Quase me matou do coração. — Ele afrouxa a gravata
e apoia as costas no balcão ao meu lado. Tão lindo!
— Tudo bem?
— Não deu para esperar, estava louco pra isso. — Diz isso investindo
contra mim.
Seus braços passam por baixo dos meus e suas mãos seguram com
firmeza em meus ombros fazendo uma alavanca. Seu pênis entra e sai rápido
e forte de mim, sua boca procura a minha. Gemidos altos enchem a cozinha,
nossos corpos têm um som próprio que apimenta ainda mais o momento.
— Isso grita, grita meu nome... Sou eu que estou dentro de você...
Arhg!
Uma das mãos esfrega meu clitóris desesperado, seu pau lateja dentro
de mim e sei que ele está perto. Fecho meus olhos e relaxo, meu orgasmo está
perto... Muito perto, mas ele não aguenta e goza.
— Toma linda, é todo seu... Ah goza no meu pau! — Sigo sua ordem
e gozo gritando, minhas unhas afundam nas suas costas e ele não para. —
Isso é maldade, essa bocetinha me chupando... Ah porra! É muito bom...
Arhg! — Depois de um tempo eu gozo outra vez e ele me segue.
— Não saia.
— Oh sim, sim!
— S... sim, Rudy, oh sim. Tudo que quiser, mas não para... — Ele sai
de dentro de mim se ajoelha e chupa meu grelo com força, arranha com os
dentes e volta a chupar, não posso suportar o atrito e gozo sem forças para
gritar, apenas fecho os olhos gemendo baixinho.
— Parece-me promissor.
— Não, esse vai te esfregar por dentro... Logo, logo. — Ele aperta
meus mamilos fazendo-me gemer e rebolar a bunda contra ele.
— Calma eu sei esperar, estou satisfeito com o que tenho... Por hora.
— Porque eu acho que vamos ter essa conversa em outro momento?
Ele não me deixa gozar, quando estou chegando perto ele diminui o
ritmo ou acaricia minha coxa. Isso está me enlouquecendo, já cheguei na
borda quatro vezes, mas ele não permite, pagarei com a mesma moeda.
Viro-me para ele e o beijo com malícia e desejo, desço a mão abrindo
seu roupão e chego ao meu objeto de desejo que pulsa e baba na minha mão,
seguro com certa pressão subindo e descendo.
— Por favor, não para. Minhas bolas estão doendo preciso gozar ou
vou enlouquecer. Não me deixa assim.
Uau! Que mudança foi essa? Não consigo esconder a decepção, nosso
fim de semana foi perfeito e ele estava tão carinhoso parecíamos um casal em
lua de mel. A quem eu quero enganar? Nunca seremos um casal.
— Não.
Saio de perto dele o mais rápido possível, não consigo mais esconder
minhas lágrimas, sei que não deveria estar assim, sei que assinei o contrato e
tudo mais. Mas sinceramente cheguei a pensar que poderíamos tentar
começar uma história juntos.
— Isso é pra você aprender a se valorizar sua idiota! — Falo pra mim
mesma dentro do elevador.
CAPÍTULO OITO
POR RUDY
— Alô!
— Por que inferno você levou a contratada para o Havaí? Está em lua
de mel seu idiota? —Ele grita ao telefone.
— Especial? Pra quem? Ela é apenas um casulo, seu filho não vai ter
lembranças de você comendo a mãe dele no Havaí.
— Vai quebrar a cara do seu jeito e depois vai chorar na saia da sua
mãe, está agindo feito um fraco. Já fez seu papel, agora volte e seja firme
antes que ela te faça de capacho.
— Eu sabia, você está envolvido e vai cair do cavalo, se ela fosse digna não
aceitaria seus termos. Ela vai te envolver e depois cuspir os ossos. Tantas
europeias no mundo e você escolhe logo uma latina promiscua.
Estou envolvido por ela e sinto falta dela ao meu lado, por outro lado ele
tem razão, se ela não fosse interesseira não assinaria o contrato.
Não tenho onde ficar dentro do meu próprio apartamento, tudo cheira
a ela, passo horas deitado na cama dela relembrando os momentos que
passamos juntos. Desisto de ficar em casa, vou para o escritório trabalhar e
esquecer tudo isso. São tantos documentos e relatórios que as letras já estão
embaralhadas na minha cabeça, preciso parar um pouco.
Semanas depois.
Mensagem recebida
Positivo.
Sério? Meu coração parece que vai pifar de tão rápido que está
batendo, não sei o que fazer. Ligo pra ela? Vou até sua casa? Aviso meu
pai?... Nossa ela poderia ter me avisado de outra forma, mas também o que
eu queria? Sou um idiota.
Mensagem enviada
Parabéns! Fico muito feliz por isso. Te pego para jantar às 20 h, vamos ao
restaurante grego. Beijo!
Mensagem recebida
Como? Compromisso com quem? Se ela acha que vai sair por aí
carregando meu filho sem meu consentimento está muito enganada. Deixo o
escritório avisando que não volto mais hoje, pego meu carro e dirijo o mais
rápido que posso, deixei Peter à disposição de Laura e ultimamente estou
dirigindo eu mesmo. Meu sangue está fervendo com sua recusa, tento
respirar, parece que meu corpo se esqueceu de como fazer isso. Afinal,
porque estou tão nervoso?
— Mas que porra você está fazendo aqui Trevor? Você está dormindo
com ela seu filho da puta?
— Ei cara você está imaginado coisas, não é nada disso. — Sonso dos
infernos. Ele fala levantando-se com um sorriso no rosto.
— Você não vai matar ninguém Rudy, em primeiro lugar eu não sou
sua mulher, em segundo lugar não te autorizei a entrar em minha casa, em
terceiro lugar o Trevor não dormiu aqui, ele veio...
— Cara você está fora de si, nem deixou ela se explicar. Quem você
pensa que é para falar com ela desse jeito? — Ele está pedindo para levar um
murro.
— Sou o pai do filho que ela está esperando. — Grito na cara dele
que se surpreende.
— Porque você contaria a ele? Por acaso esse filho é meu mesmo
Laura? — Porraaaaa, mil vezes porra. Malditas palavras, ela me olha
querendo arrancar minha cabeça, nunca a vi com esse olhar.
Estou em um daqueles momentos em que você daria tudo para não ter
falado demais. Ela respira fundo e fecha os olhos com força, Trevor balança a
cabeça em reprovação e vejo que fiz uma grande, grande merda.
— Laura eu...
— Eu não quero ouvir, vou fazer tudo que estava combinado antes,
pois não posso voltar atrás, mas não sou obrigada a olhar na sua cara. Quando
essa criança nascer nos vemos novamente, por favor, saia da minha frente
antes que eu exploda de ódio.
Não posso acreditar que fui tão idiota, eu já fui mais inteligente do
que isso. Como eu poderia imaginar que ele veio falar da irmã? Ele deveria
ter ido a mim e não vir falar com a Laura. Pela forma que ela me olha acho
melhor não argumentar agora, vou esperar sua raiva passar e pedirei
desculpas.
— Você tem ideia da merda que você falou? Se eu fosse ela, sumiria
da sua vida pra sempre, você é doente. — Ele realmente está puto comigo.
— Nem brinca com isso, ela está grávida. Acho que eu morro, se ela
sumir com meu filho.
— Sim, eu sei disso. Mas pela forma que ela te olhou tenho certeza
que está muito arrependida. Estou indo embora, quando tiver resultado nos
planos que passei para ela, eu entro em contato.
— CIÚME, foi isso que você sentiu. Cuidado para não jogar a
felicidade pela janela. — Depois de dizer isso ele sai.
POR TREVOR
Pela forma que Laura está desesperada atrás da sua irmã eu acho mais
correto dar a notícia pessoalmente, lembro-me de ter adicionado seu novo
endereço a seu arquivo no meu escritório. Tenho certeza que ficará muito
feliz com nosso sucesso, agora precisamos fazer um resgate bem sucedido, a
Interpol já foi acionada com todas as provas irrefutáveis que temos, também
contatei vários amigos e pedi alguns favores.
Mesmo tentando esconder, até de mim mesmo, eu não consigo tirar
aquele rosto da minha cabeça. Ela é loira como Laura, tem olhos azuis
escuros, apesar de ser branquinha ela tem as curvas bem brasileiras. Quando
recebi as fotos hoje bem cedo, uma em especial me chamou atenção, meu
informante se passou por um comprador e recebeu uma foto dela em pé com
os olhos muito tristes, abatida e usava apenas uma calcinha branca de
algodão. Nunca vi seios tão lindos, redondos, pequenos e com os mamilos
rosados... Porra, eu preciso esquecer essa encrenca, mas é a encrenca mais
linda do mundo.
POR LAURA
— Eu mandei você ir embora. — Digo sem olhar para trás, ele está
deitado na cama atrás de mim, mas sem encostar.
— Não há nada que você me diga, que me faça parar de te odiar. Por
favor, vá embora. — Digo tentando controlar minhas lágrimas. Agradeço por
estar de costas.
POR LAURA
— Por favor, Laura não chore, eu não quis te ferir. Aquilo saiu sem
que eu pudesse conter minhas palavras. Foi o medo que falou por mim.
— Não!... Está bem, pode ser isso também, mas eu tive medo que
outro tivesse o que eu tive em nossa viagem, medo de não ser o seu
escolhido.
Abaixo minha cabeça para não olhar para ele. Preciso lembrar-me de
como me senti usada quando deixou-me no aeroporto, preciso encontrar
minha raiva, mas só sinto vontade de beijá-lo e esquecer todo o resto a nossa
volta. Definitivamente mulher tem vocação para sofrer por amor.
Segurando meu rosto com as duas mãos ele me beija com calma e
profundamente, não consigo resistir a isso, a cada movimento, o beijo torna-
se mais intenso, mais afoito e o tesão vai tomando conta do lugar. Sem medo
da sua reação eu retiro sua camisa e ele faz o mesmo com minha roupa, em
poucos segundos já estamos nus, em cima da minha cama nos agarrando e
nos esfregando.
— Nossa eu também senti muita falta, não sabia que sentia tanto.
— Eu quero continuar bem com você, não sei como vai ser, mas
podemos ir com calma e dando um passo de cada vez. — Ele diz penteando
meu cabelo com os dedos enquanto descanso no seu peito.
— Pode ter certeza que sim. — Isso me acalmou bastante, não quero
dividir ele com ninguém.
(...)
— Nossa você está linda, acho que vou te raptar. — Diz beijando
minha bochecha.
— Acalme-se, minha mãe está quase fazendo um altar pra você. Ela
sempre achou que morreria sem ser avó.
POR LAURA
— Meu filho! Que bom que chegou, trouxe minha nora e meu neto,
quanta alegria! — Ela realmente parece radiante, os olhos brilham em cima
de mim como se eu fosse uma joia rara.
— Pai, mãe. Está é Laura Alves, como vocês já sabem, ela está
gravida de um filho meu. Laura esses são meus pais, Cora e Leonel
Scheideger.
— Bom, vou mandar servir a comida, espero que goste de cordeiro,
eu mesma preparei. — Só pulando a cerca a noite, coitado do cordeirinho.
— Querido, talvez esse seja meu único neto e eu só pude ter um filho,
não tire de mim o prazer de participar desse momento único. — Pede de
forma contida e submissa.
— Vou permitir que minha mulher participe da sua gravidez, mas que
fique bem claro a você Laura... A criança é um Scheideger, você não.
Uau! Não sei o que eu fiz pra ele, mas já deu para perceber que não
gosta de mim. O impressionante nisso tudo, é que Rudy não se opõe, ele não
fala nada e não contraria o pai, sinto-me humilhada e subjugada.
— Ah, por favor, só Cora, sem o dona. Eu sei que meu filho não apoia
a postura do pai, mas ele não tem forças para ir contra, são anos de repressão
e ele simplesmente não consegue enfrentar ou se opor ao pai.
— Não se engane. Ele te olha com carinho, quando você sorri ele
também sorri, quando se sentiu mal eu vi o desespero nos olhos dele, tenha
paciência e ele comerá na sua mão.
— Seja tudo que ele precisa... Quando me casei minha mãe me disse:
"Seja uma dama na rua e uma puta na cama". Se faça única e indispensável,
assim, ele será só seu. Eu não soube seguir esse conselho, mas você saberá. O
homem pode ser a cabeça do relacionamento, mas, a mulher é o pescoço que
o direciona para onde quiser.
CAPÍTULO ONZE
POR RUDY
O almoço foi quase um fiasco completo, se não fosse pela minha mãe
eu acho que teria sido bem pior. Meu pai não consegue esquecer o maldito
contrato e seguir em frente, gostaria que as coisas fossem diferentes e que a
história que contamos a todos fosse a simples verdade.
Quando já tinha falado tudo que queria ele me mandou levar Laura
para casa, pois já havia satisfeito a vontade da minha mãe e poderia cobrar
"favores"... Sério, eu não preciso saber disso. Arg!
Tiro toda minha roupa e entro no box, ela está de costas e não se afeta
pela minha presença, continua a ensaboar as coxas me deixando louco com a
visão do seu corpo curvado.
Ela não diz nada e passa a mão pelo vão entre as nádegas lavando-se e
me deixando ainda mais insano, com o caminho de suas mãos pelo corpo.
— Por favor! Eu não sou de ferro, estamos os dois nus, nesse espaço
reduzido e você fica se alisando. Assim não consigo raciocinar.
— Pode me assumir?
Droga, essa conversa já não começou bem, eu sei que é isso que ela
quer, mas não posso fazer isso, não posso.
— Eu disse a você, não posso fazer isso, nosso caso ficará apenas
entre eu e você, não tenho como simplesmente esquecer tudo e iniciar uma
relação normal com você.
Por mais que eu não queira dar razão a meu pai, ela faz exatamente
como ele disse, usa o bebê para me enredar.
— Não use a criança para me prender a você Laura, isso não vai
adiantar comigo. — Isso sai mais alto do que eu gostaria, percebo em seus
olhos que está ofendida. Ela respira profundamente e diz.
Chego perto dela e tento abraçá-la, mas ela mostra-me com o olhar
que hoje não vou a convencer. Laura é uma mulher doce e carinhosa, até
mesmo o seu tom de voz é amável, isso muda completamente quando ela está
com raiva. Seus olhos de esmeralda tornam-se mortíferos, seu corpo se fecha
em copas não aceitando nenhum contato.
(...)
Mensagem recebida
Entendo que ela esteja chateada, mas tudo tem um limite. Respondo a
mensagem quase socando o celular
Mensagem enviada
Sem dar tempo pra mais nada, seguro sua nuca e tomo o que é meu e
me faz tanta falta, ela ainda tenta me empurrar e desfere alguns tapas no meu
ombro, quando minha mão livre sai da sua costela para o mamilo, que está
sensível, ela se derrete nos meus braços. Intensifico o beijo mais e mais, não
sei quanto tempo nos beijamos. Quando termina sua boca está inchada e
vermelha, a minha, borrada pelo seu batom e estamos ofegantes.
— Ele é meu pai, não posso afrontá-lo, mas, prometo conversar com
ele para que não te ofenda novamente.
Ela não diz nada, ajeita-se no banco e seguimos para nosso destino.
Não preciso nem descrever a cara da Laura, acho que uma maçã
estaria menos vermelha. Mas eu tinha dúvidas e precisava saná-las. Fomos
para a sala de ultrassom, eu não estava preparado para o que senti. Saber que
ela está grávida é uma coisa, mas, olhar o meu filho dentro dela é surreal.
— Esta área mais clara é o saco embrionário e esse ponto mais escuro
é o bebezinho de vocês. — Diz a médica apontando para a imagem mais
linda e sem nexo que eu já vi na vida.
Não sei descrever o que sinto, dentro da Laura tem uma pessoa que eu
fiz, eu coloquei dentro dela. Fico olhando para sua barriga lisinha e
imaginando esse pontinho perdido lá dentro.
Abraço-a e cheiro seu cabelo, a médica diz que vai nos dar um
momento de privacidade e sai.
— Vou te provar que vale a pena tentar, ainda vamos ser uma família
Rudy.
Até agora, eu via isso tudo como uma forma de ter um herdeiro para
dar sequência ao império da minha família, mas depois de olhar para essa
imagem, eu o vejo como o meu filho, como a minha continuidade e eu quero
que ele me ame e não que ele me tema, como eu faço com meu pai.
— Não é isso teimosa, mas a Doutora pediu para não comer e você
não vai comer, se você quiser o Trevor faz um ótimo temaki, eu falo com ele
e fazemos um rodízio de temaki no meu apartamento esse fim de semana.
— Está com frio? — Pergunto observando que seus seios estão duros
e destacando-se sob a roupa.
— Não vou trabalhar hoje, vou cuidar de você. — Seu olhar vai para
minha barraca armada e posso sentir o desejo me queimar.
— Jamais negarei!
Assim que meu pau está livre, sua boca o toma quase que por inteiro.
— Ah! Delícia.
Com muito esforço ela engole todo o meu pau, levando-me até sua
garganta e eu gozo levantando o quadril para entrar ainda mais, sinto que
engasga, mas não se afasta. Quando termino, ela me chupa e lambe a cabeça
do meu pau esfregando a língua na abertura.
Passam das 22 horas e ainda estou aqui, sei que deveria ir pra casa,
mas nosso dia foi tão gostoso e ficar ao seu lado é tão bom que não quero
voltar para o vazio da minha casa. Como ela está dormindo, vou em casa e
pego algumas roupas e volto, ela não se moveu. Na verdade eu não peguei
algumas roupas, peguei muitas roupas, sapatos, cintos e objetos de higiene
pessoal. Tiro toda minha roupa, ficando apenas de cueca e deito ao seu lado
novamente.
— Por que não me disse que está tendo esses sonhos? — Em um misto
de vergonha e surpresa ela me olha.
Acaricio suas pernas e vou subindo a mão até chagar nesse poço
escaldante que me enlouquece, ela se abre toda pra mim sem a menor
cerimônia.
Abro bem suas pernas e deito entre elas, com os dedos ainda
trabalhando em seu ponto, eu chupo sua boceta melada e deliciosa, não há
homem que resista ao cheiro de uma fêmea pronta pra ser tomada, isso é
fisiológico. Fecho os olhos e devoro-a com toda a fome que há em mim.
— Oh Rudy! Ohh.
— Issoooooo! Ah Ah Ah!
Suas costas estão fora da cama seu corpo envergado como se fosse se
partir em dois, mantenho o clitóris entre meus dentes até que os espasmos
cessem, quando ela começa a se acalmar eu a coloco de lado e entro nela bem
lentamente.
Acordo cedo e vou à padaria e compro tudo que acho que ela vai
gostar, chego ao seu apartamento e ela já está no banho, arrumo uma bandeja
e levo para cama.
Entro no banheiro sorridente, estamos tão bem que tenho até medo de
sair daqui, queria que o mundo acabasse em fogo e só nós dois ficássemos
aqui nos curtindo e nos amando. Sempre que penso dessa forma me assusto,
chamá-la de amor e refletir sobre fazermos amor me deixa um pouco afoito,
não sei se a amo ou se estou deslumbrado pelo que me faz sentir. Tudo que
sei é que não quero sair mais de perto dela.
— Fiz para nós três sua gulosa. Eu, você e o nosso filho que deve
estar faminto ai dentro e enjoado pelo balanço da noite.
— Não acredito que você disse isso, ele não sente seu bobo.
— Mas deve sentir como ficamos bem juntos, deve sentir quando
temos prazer e quero que ele sinta que eu o quero muito.
— Assim como?
— Quase boa tarde Rudy, onde esteve ontem? Por que está chegando
essa hora hoje?
— Ontem foi a consulta da Laura e passei o dia com ela, achei que
seria bom. Hoje me atrasei no trânsito.
— Estava com ela não estava? Vai negar que passou a noite com
aquela mulher.
— Não vou mentir meu pai, passamos a noite juntos. Gosto de estar
com ela, se o senhor a conhecer melhor vai ver que...
— Chega Rudy, não vá por ai. Não quero conhecê-la, ela não é boa
para você. É uma qualquer, mais uma vagabunda para sua lista. Não tem
onde cair morta e achou um trouxa para se encostar.
— Sim, mas ela aceitou bem rapidamente, logo vai convencer você a
rasgar o contrato e vai tirar de você tudo que eu construí. Devia ter escolhido
alguém daqui, ou da Europa com o mínimo de classe e não uma brasileira.
Latinos são todos pervertidos, primitivos e sem linhagem.
Para minha salvação o telefone da mesa dele toca e eu vou para minha
sala. As coisas vão ser piores do que eu pensei.
CAPÍTULO DOZE
POR LAURA
Depois que Rudy vai trabalhar, eu fico pensando em tudo que está
acontecendo na minha vida, desde a morte da minha mãe tudo virou de
pernas para o ar. Em um dia, me preocupava com a monografia e os gastou
com livros e transporte, no dia seguinte eu estava completamente perdida
com a burocracia do enterro e os gastos. Nunca imaginei que custasse tão
caro enterrar uma pessoa, alguns amigos me ajudaram a fazer tudo e assim
consegui respirar.
Abro a porta e percebo que seja lá qual for à notícia, não é coisa boa.
O que isso tem a ver com o sumiço da minha irmã? Trevor está meio
fora de si, sei lá o que deu nesse homem, mas ele parece desesperado.
— Sim, ela é virgem. Ela tentou com um namorado, mas doeu muito
e ela desistiu, ela é atirada, mas é medrosa por baixo da carapaça. — Trevor
passa a mão pelo cabelo, pragueja e faz sinal para que eu me sente no sofá.
— Meu Deus! Eu não acredito nisso. Mas como assim ela está sendo
"treinada"? — Ele me analisa por um tempo antes de responder.
— Parece que ela ficou em um cativeiro aqui por uma semana junto
com as demais meninas, depois foi drogada e levada para o Canadá, onde eu
a encontrei. Neste meio tempo tiveram vários leilões com as moças.
— Mas tem muito tempo que a Polyana sumiu. São quase dois meses.
— Pelo que descobri, eles souberam que ela é virgem e a cada leilão
informam que logo irá a leilão uma virgem. Com isso gerou um boca a boca
entre os que participam disso, valorizando mais a "mercadoria". Sua irmã é
linda, jovem e tem um porte físico típico do seu país... Ela vale muito.
— Eu não tinha certeza se era a sua irmã, mas agora não tenho
nenhuma dúvida sobre isso. Estou embarcando em uma hora e vamos
estourar o local.
Conversamos mais alguns minutos e ele vai embora com a promessa
de me manter informada.
Já passam das dez horas da noite e Rudy não deu nenhuma notícia.
Quero ligar para ele, perguntar se vai voltar para cá, mas não me sinto à
vontade, tenho medo de como ele irá reagir. Tomo um banho e vou para a
cama, com preguiça de colocar roupa, me deito nua. A essa altura ele já deve
estar em casa, ou na casa de alguma vagabunda por ai.
(...)
— Alô!
— Estou ligando para avisar que já estamos com tudo armado, agora é
rezar. Vamos agir quando o leilão estiver acontecendo, quero ter certeza que
ela estará lá dentro.
— Até breve.
Rudy não apareceu ontem e não tem nenhuma chamada dele no meu
celular, a vontade de procurá-lo é quase insuportável, mas não vou fazer isso.
Alguma coisa na forma como falei o faz mudar de postura, vejo que
está surpreso pela minha resposta.
— Você sabe que no que se refere ao bebê pode gastar o que quiser,
não precisa usar o seu dinheiro.
— Dizem que para dar saúde ao bebê, tem que sair do hospital vestido
de vermelho.
— Parece meio gay se for menino, mas acho que ele não vai poder
reclamar até ficar maior e ver as fotos dele vestido de menina. — Não
consigo esconder o sorriso, só ele mesmo para pensar assim.
— Achei que você viria ontem, não me ligou, fiquei preocupada.
Aconteceu alguma coisa?
— Discuti com meu pai e fiquei sem cabeça para conversar. O Trevor
me ligou e falou sobre sua irmã, pensei em pedir uma pizza e assistir um
filme enquanto esperamos ele ligar. Assim você não se preocupa tanto.
— Parece ótimo.
— Poly, confia no Trevor, ele vai trazer você pra casa tá? Por favor,
não faça besteira.
— Tudo bem, cuida dela para mim. Ela é teimosa e expansiva, mas
não é má pessoa, só precisa de limites.
— Fica fria! Estou cheio de limites para dar a ela, preciso desligar.
Antes do jantar ele já está em casa, mais cedo, me ligou, pedindo para
que fizesse lasanha. Fiz o que pediu e comemos juntos antes de deitar, outra
sessão de sexo e repetimos o mesmo ritual na sexta-feira.
Falei com Poly e Trevor todos os dias, eles ficaram no Canadá para
resolver problemas com a justiça de lá e amanhã embarcam pra casa.
Sei que ela errou muito, mas ela é minha irmã e já foi punida o suficiente.
— Laura você precisa se acalmar, não vai fazer bem para o bebê toda
essa excitação.
Já são mais de meio dia e nada. Ando, sento, levanto... Não tenho
lugar para ficar de tão ancilosa. Rudy segura meu braço e me para.
— Por favor, você já andou uns trinta quilômetros Laura, nosso filho
não merece isso.
— Nosso filho?
— Sim, NOSSO FILHO, agora deita e coloca os pés no meu colo que
eu vou...
POR TREVOR
Tive que respirar fundo quando contou que os homens batiam nela
para que se comportasse. Contou que passou semanas em um quarto sem
janelas. Foi categórica em dizer que não mantiveram relações sexuais com
ela, mas a lambiam e mordiam suas partes íntimas com a intensão de
humilhá-la. Tentei sair da sala por não aguentar mais ouvir aquilo, mas ela
segurava minha mão como se eu fosse o único em quem confiava.
Não consigo entender como um homem pode ficar de pau duro vendo
medo nos olhos de uma mulher, ela é tão linda que meu instinto de protegê-la
me faz irracional, tenho vontade de arrancar as bolas do infeliz que a
machucou e fazê-lo comer.
— Poly, você conta quando achar que deve, não vou falar nada. Ok?
— Elas têm dois anos de diferença. Isso significa que você não está
muito diferente de mim... Pedófilo.
O almoço foi muito bom, foi estranho comer esse feijão brasileiro,
não estou acostumado com isso, mas estava bem gostoso. Polyana finalmente
comeu de verdade, Laura manteve o clima alegre e descontraído.
— Trevor você vai ficar aqui não vai? — Polyana pergunta indo para
o quarto com a irmã.
— Claro que ele vai. Rudy arrume um lugar para o Trevor dormir,
daqui a pouco voltamos para uma sessão de filme com pizza.
Não acredito! A loira dá uma ordem e Rudy sorri batendo continência
de forma humorada, isso foi muito surpreendente. Meu amigo está
domesticado, olho para ele dando uma gargalhada silenciosa.
Sem palavras. Acho que foi assim que me senti quando meu amigo
me contou seu segredo de como conheceu a Laura e como ela, ou melhor,
porque ela engravidou. Eu sei que ele é o saco de pancada do pai, mas isso
foi além do imaginável, estou... Sei lá, estou sem saber o que pensar.
— Não era mais fácil engravidar alguma outra mulher, uma das suas
peguetes?
— Devia ter ido pelo caminho normal então. Sei lá, a chamado para
sair e essas coisas.
— Sério! Você está meio velho para isso cara, seu pai é o pior sujeito
que eu conheço, ele tem prazer em humilhar as pessoas.
— Ele vai morrer e você vai perder sua família por ser tão
complacente com os desmandos dele.
Nunca imaginei que ficaria de pau duro vendo uma mulher comendo,
ela coloca a comida na boca com tanto desejo que me perco na imagem,
quando o shoyo suja seus lábios a língua desliza por eles limpando e sugando
o molho.
Mensagem recebida
Mensagem de: RUDY às 13h40min
Aposto que já está de pau duro, tira o olho da boca da menina, pedófilo.
KKK
Mensagem enviada
POR POLYANA
Nunca passou pela minha cabeça que alguma coisa poderia dar errado
quando eu saí de casa para ir em busca dos meus sonhos. Deixei minha irmã
para trás e levei comigo o único dinheiro que ela tinha. Naquele dia a única
coisa que eu pensei era que a Laura sempre dá um jeito em tudo e ela
resolveria o problema, também pensei que logo devolveria com juros e daria
a ela muito mais, com os frutos do meu trabalho.
Sempre quis ter mais do que eu tenho, queria poder comprar roupas,
sapatos, bolsas e ter meu próprio quarto com as minhas coisas... Que garota
de dezoito anos que não sonha com isso?
Porém escolhi o caminho errado, Laura sempre me disse: "o que vem
fácil, vai fácil”. Maldita frase, foi exatamente assim.
A única loira de olhos azuis era eu, tinham muitas mulatas e asiáticas.
Algumas meninas foram violentadas no meio de todas e obrigadas a fazer
coisas que não ouso nem lembrar.
— Pode parar sua cabrita fujona, sua irmã está preocupada com você,
ela é minha amiga e eu me chamo Trevor Ludker, preciso que confie em
mim.
— Por favor!
Claro que tenho uma parcela de culpa nisso tudo, se eu não estivesse
fugido Laura nunca aceitaria isso, mas além de querer me ajudar eu sei que
ela está caidinha por ele. Os olhares e a forma de falar não escondem que ali
tem um amor, só não sei se isso existe da parte dele também.
Sento com minha irmã e conto tudo que houve comigo, choro imploro
seu perdão e ficamos um bom tempo abraçadas. Minha irmã é uma pessoa
incrível e sei que esse bebê não poderia ter mãe melhor.
POR TREVOR
Conheci a Carol quando ela foi fazer um teste psicotécnico com meus
funcionários, ela é bastante profissional e muito linda. Confesso que tivemos
um breve caso de poucas semanas, não me julguem eu era solteiro... Ou
melhor, eu sou solteiro. Carol é morena clara com os cabelos lisos até um
pouco abaixo do ombro e tem um corpo cheio de curvas e eu me aventurei
muito nessas curvas, mas ela voltou com o ex noivo e nós paramos de ficar.
— Claro que ajudo Poly, mas tem uma condição. — Ela me olha sem
jeito.
— Amanhã é sábado e eu quero te levar para jantar. Prometo de
deixar em casa antes das onze.
— Pode, mas vai ter que passar à tarde comigo. Vamos ao teatro e
depois lanchamos ao entardecer um cachorro quente no Central Park e eu te
levo para casa.
Deixo Polyana na portaria do prédio e espero que ela entre, volto para
o meu escritório para me organizar para amanhã.
CAPÍTULO QUINZE
POR RUDY
Meu telefone toca e meu humor já muda completamente, ela tem esse poder
sobre mim.
— Olá minha linda!
— Para de chamar minha irmã de pentelha, Rudy. Ela tem nome e vai
ser tia do nosso filho.
— Para o seu governo, ela foi almoçar com o Trevor e vão passar a
tarde fora.
— Nadinha.
Pego minha linda no colo e vamos para o quarto, uma semana sem tê-
la em meus braços me deixou em crise de abstinência, não sei de onde vem
essa fome, essa dependência. Deixando-me completamente surpreso, Laura
me joga na cama e eu caio deitado de barriga para cima com os cotovelos
apoiados no colchão. Os olhos dela brilham com um desejo que eu ainda não
tinha visto nela.
— É!
— Não acredito nisso... Você não acha que ele pode se aproveitar do
estado emocional da Polyana? Ele pode estar querendo apenas se divertir. —
Entendo sua preocupação.
— Acho que já está na minha hora, isso não vai nos levar a lugar
nenhum Laura. Se coloque no meu lugar e pense em como se protegeria neste
tipo de situação. Eu sou um homem muito rico e influente, não posso estar
vulnerável a qualquer pessoa.
— Agora eu sou qualquer pessoa. — Laura me olha magoada, isso só
piora.
— Para mim chega! Eu não sou sua puta, que você usa quando bem
quer. — Meu sangue ferve quando ela coloca o dedo na minha cara e grita.
Não sei o que deu em mim, falei sem pensar e na verdade não é o que
eu penso... Ou talvez seja, mas não quero admitir. Tudo que sei é que
preferiria ter engolido a língua antes de proferir a minha resposta.
Os laços com Trevor estão mais fortes, todos os dias ele busca sua
Cabritinha na faculdade e a leva para almoçar, exceto nas quartas-feiras, dia
que ela estuda em tempo integral e come no restaurante da faculdade com
seus amigos de curso. Trevor nunca está com um bom humor nestes dias, a
possibilidade de outro homem tentar se aproximar daquilo que lhe pertence
deixa-o intragável.
Depois da tórrida briga com Laura e de sair sem rumo pela noite de
Nova Iorque, Rudy não é capaz de se redimir, falta-lhe maturidade para
enfrentar as imposições do pai contra a mulher que ama, nem mesmo é capaz
de admitir que a ama.
Não demorou muito até não consegui mais ficar longe, passou a
acompanhar em segredo suas caminhadas no parque, as idas ao pilates e tudo
mais que podia apenas para vê-la de longe. O desejo de aproximar-se e pedir
perdão pelo grave erro cometido era massacrante, mas a vergonha e o orgulho
eram maiores.
Alguns meses se passaram até que foi avisado pela médica sobre a
consulta de acompanhamento que aconteceria na tarde de quarta-feira, hoje
talvez soubessem o sexo do bebê. Rudy cancelou seus compromissos para
comparecer, mesmo sem comunicar isso a Laura, com medo da sua reação.
— Nosso filho? Que lindo... Isso são negócios Rudy. Você não sabe o
que é ter uma criança em casa, não sabe como elas atrapalham toda a vida do
casal e mudam tudo a sua volta. O único motivo de essa criança existir é para
continuar o nome e o império da nossa família.
Leonel anda pela sala com as mãos nos bolsos, caminha em círculos
relembrando o período mais difícil da sua vida.
— O parto só não foi mais trágico porque sua mãe sobreviveu, porém,
não sem danos graves. Ela teve que fazer a retirada de todo o sistema
reprodutivo, útero, ovários e trompas. Nunca mais poderia ter filhos e nunca
mais foi à mesma.
— O que quer dizer?
Não querendo perder tempo estacionando ele vai de taxi, chega alguns
minutos atrasado e é informado que Laura já está na sala como a médica e é
autorizado a entrar pela recepcionista. Dá duas batidas na porta e abre.
Laura sorri alegre com a notícia e olha de soslaio para Rudy com
medo de encontrar decepção nos seus olhos, mas o que ela vê é
completamente o oposto. Rudy sorri de orelha a orelha, seus olhos estão
brilhantes e quando ele pisca várias vezes fica claro que está afastando as
lágrimas. Olhando-a com carinho ele beija seu cabelo e diz:
POR RUDY
— Tem algum nome que você pensou para o nosso bebê. — Finjo
não perceber a patada que levei.
— Papai te ama muito Valentina. Estou louco para ter você em meus
baços. —Termino beijando sua barriga.
— Não, não há mais espaço para você na minha vida Rudy. Por favor,
vá embora e só volte quando for homem o suficiente para assumir as rédeas
de sua vida. — Dito isso ela se levanta e sai me deixando no chão bebendo a
imagem do lindo balançar dos seus quadris mais largos com a gravidez.
Ainda não contei aos meus pais sobre o sexo do bebê, desde que fui
expulso do apartamento da Laura, estou no meu sofá olhando para o teto e
buscando alguma forma de consertar meus múltiplos erros. As palavras do
meu pai não saem da minha cabeça, ele sugeriu que Laura abortasse o bebê
caso fosse uma menina e não seu tão almejado herdeiro. Jamais vou permitir
isso.
(...)
Chego à casa dos meus pais, já se passam das oito da noite, sou
avisado pela empregada que eles estão me esperando no jardim.
— Meu filho, que saudade de você! Onde está Laura? — Minha mãe
pergunta entre beijos e abraços.
— Está em casa mãe, não estamos muito bem por esses dias.
— Maldição! Mande que tire essa criança, nunca que meu patrimônio
será guiado por uma mulher, essa criança não nascerá. — Nesse momento um
instinto de proteção cresce em mim como cascata.
— Como pude criar um homem tão fraco como você Rudy? Nem
mesmo um filho você sabe fazer.
Depois de dirigir sem destino, por não sei quanto tempo, paro em
frente da casa do Trevor e mando uma mensagem pedindo para liberar a
minha entrada. Logo sou autorizado a subir, devo estar com uma cara
péssima, pois ele me deu um abraço, que se fosse em outro dia eu o acharia
bem gay.
— Não deve ser boa coisa para você chegar aqui as duas da
madrugada. — Nem me atentei a hora.
— Já pensou que essa relação pode não ir à frente? Vocês são muito
diferentes cara.
— Isso não é uma opção, eu sou louco por ela, cada dia mais louco e
agora...
— Agora?
— Claro que não! Mas gosto de saber dos seus passos e se tem
alguém desejando o que é meu. Levei muito tempo para tê-la e não vou
suportar perdê-la. Do que está rindo Rudy.
POR LEONEL
Desde que Rudy nasceu sempre foi muito mimado pela mãe, logo
soube que era fraco e precisava de pulso firme, eduquei-o de forma enérgica e
retilínea, sempre deixando claro que as mulheres só servem para o prazer e
são dispensáveis. Ele mesmo viu como uma mulher se torna fácil quando
sabe quem somos, com o tempo no mundo dos negócios pude presenciar as
coisas mais sujas que se pode imaginar, executivos casados com belas
modelos que barganham uma noite com suas esposas por uma assinatura em
algum contrato milionário, mulheres que fazem qualquer coisa por uma joia
ou uma simples ligação para algum amigo dono de revista.
Eu sabia que uma mulher que aceitasse o contrato que fizemos não
poderia valer grande coisa, mas foi um mal necessário, precisava resguardar
meu patrimônio e assim que a criança nascesse eu usaria toda a minha
influência para tomá-la. O idiota do meu filho tinha que cair de quatro pela
vadia e estragar um plano já perfeito.
Se ele quer brincar de casinha, que seja sem o meu dinheiro... Vamos
ver quanto tempo dura esse amor.
CAPÍTULO DEZOITO
POR LAURA
Não foi nada fácil expulsá-lo, quanto mais depois da cena dele
conversando com a nossa filha, ele a chamou pelo nome, nome esse que eu
escolhi.
Foram meses sem nenhum contato, Trevor me dizia que ele nunca me
abandonou e que sempre fazia um interrogatório sobre mim. Um dia quando
voltava da nutricionista tive a impressão de vê-lo, mas achei que fosse coisa
de mulher apaixonada.
— Não foi você que disse para eu não me dobrar por presentes e
rosas?
Minha linda,
Apaixonadamente seu,
Rudy
Valentina... Tem como não se apaixonar? Ela vai ser linda e sei que
vai ser igual à mãe, amorosa, dedicada e belíssima.
— Bom dia meu pai! A que devo a honra da sua visita tão cedo? —
Falo tranquilamente, deixando minha pasta na poltrona.
Sei que coisa boa não vem desta conversa. Ele entrega-me os
envelopes e eu os abro simultaneamente, em um, tem o contrato que fiz a
Laura assinar e estava no meu cofre. Eu não encaminhei para o jurídico como
havia dito, guardei comigo sem formalizá-lo. No outro envelope está minha
carta de demissão.
— Como conseguiu pegar esse maldito contrato?
— Meu Deus! Lembra-se que eu sou seu filho, seu único filho?
— Pra mim você é um fraco que não consegue honrar a palavra e está
de quatro por uma vadia que te deu um chá de boceta. Dê-se por satisfeito,
estou aceitando a menina para agradar a sua mãe.
Sem pensar duas vezes, retiro a caneta do meu paletó e assino a minha
demissão. Meu pai sai da sala com a pior tromba que eu já vi, mas não antes
de me prometer que iria provar que sem todo o seu dinheiro eu não era
ninguém.
Sua resposta chega apenas com um ACEITO por SMS, sei que ela
quer manter distância e talvez até mesmo ferir-me, como eu fiz com ela, mas
eu vou ser paciente e vou fazer tudo certo desta vez.
(...)
— Obrigada, vamos?
— É sério? Ela já faz isso? Como não me contou antes? Meu Deus eu
senti o pezinho ou a mãozinha dela me tocando... Isso foi incrível.
— Você tem toda razão, mas isso vai mudar e eu estarei o mais
próximo que você permitir. Caramba!!!! Se eu estou radiante com esse chute,
imagino quando a ver pela primeira vez.
— Nada que valha a pena ser dito hoje, tenho uma surpresa para você,
vamos assistir um musical.
— Obrigada pela noite Rudy, assistir O Rei Leão, foi de longe minha
melhor experiência em Nova Iorque.
POR CORA
Tenho estado longe desta gravidez da Laura, Leonel deixou bem claro
que não quer nenhum vínculo com a mãe da nossa neta, segundo ele, isso vai
facilitar a separação. Coitado, se ele pensa que ela vai deixar a filha, por
dinheiro, eu vejo que ele está muito enganado.
POR LAURA
— Correção mocinha, MINHA CASA. Tudo que você tem aqui, foi
comprado com o meu dinheiro, estou aqui muito generosamente te propondo
um acordo milionário. Nós damos fim a esse erro que você carrega, eu lhe
dou uma fortuna e você some nesse mundo e todos seremos felizes para
sempre. — Estou estática, de boca aberta e ainda perdida na parte do
ERRO.
— Você é muito petulante, sua puta latina. Saiba que está destruindo
a carreira de um executivo brilhante, meu filho só pode estar cego, deixar
tudo que tem, por isso. — Ele aponta para mim com desdém.
Não posso acreditar, ele deixou tudo por mim, por nós duas! Ele
esteve comigo ontem e não usou isso para me impressionar, não sei se estou
emocionada, feliz ou se quebro um abajur na cabeça desse velho desgraçado.
Depois que o Sr. Leonel deixou a minha casa, fiquei refletindo sobre
tudo que ele me disse, ou melhor, despejou em cima de mim. Só de saber que
Rudy largou o trabalho com o pai, por mim, deixa-me muito feliz, mas ao
mesmo tempo muito preocupada, senti um tom de ameaça em sua última
frase.
— Foi sim. Boa noite e dirija com cuidado. — Mas quando ele vai em
direção ao carro eu sinto uma pontinha de tristeza, ele não pediu para subir.
Acordo assustada, não sei como vim parar na minha cama. Estou
deitada com a mesma blusa que saí ontem, mas estou apenas de calcinha, o
quarto está bem escuro e o relógio marca 08:45 da manhã.
— Calma, está tudo bem. Da onde você tirou que minha bolsa
estourou homem?
— Andei lendo umas coisas. Bolsas estouram na gravidez, gravidas
tem desejos no meio da noite e bebes choram muito. Já estou preparado. —
Claro que está, preparadíssimo.
Ele se senta na cama e alisa minha barriga, deseja bom dia para
Valentina e ela resolve chutá-lo sem parar, por alguns minutos ficamos
admirando o espetáculo da vida.
— Não sou forte o suficiente para não te tocar, preferi ficar longe. —
Seu olhar não desvia do meu e isso me deixa sem graça.
— Está me expulsando?
— Porque não me contou que deixou a empresa do seu pai por minha
causa? — Rudy me olha assustado, abre e fecha a boca algumas vezes,
gagueja com uma explicação até que solta o ar em desistência.
— Responda-me primeiro.
— Acha mesmo que essa foto da família feliz vai durar? Como vai
fazer sem seu trabalho ou sem seu pai com seus mandos e desmandos.
— Faça-me rir Rudy, você lambe o chão que ele pisa, ele me humilha
e você não se move. Eu não quero um homem assim do meu lado. Quando eu
arranjar alguém...
— Em qual parte?
— Repita.
CAPÍTULO VINTE
POR RUDY
— Repita.
Acho que não me preparei para essa visão. Seu corpo está
completamente diferente, seus seios cresceram absurdamente e seu ventre
está perfeitamente arredondado, o quadril está largo e consigo ver o brilho em
sua boceta daqui, ela está excitada pra caralho, e eu, morrendo de medo de
perder o controle.
Nunca transei com uma grávida, sim, nós já transamos antes, mas a
gravidez estava no início e não existia uma barriga enorme entre nós, tenho
medo de machucá-la ou fazer algo errado e prejudicar a Valentina... Ou sei lá,
vai que a minha filha escuta e acha que estou fazendo mal a mãe dela?
— Não é isso Laura, mas não sei se consigo fazer isso. — Laura me
olha chocada, pega as roupas e se tranca no banheiro.
— Linda o que eu disse de tão grave assim? Por favor, me dá uma luz,
eu não sei o que eu fiz.
— Some daqui seu asno idiota, não é porque estou grávida que não
sou desejável. Saiba você, que recebo várias cantadas na rua, não preciso de
você para me fazer favores. — Ela grita do outro lado da porta.
Pela sua voz, percebo que está longe da porta e não penso duas vezes,
dou dois chutes próximos à maçaneta e a porta abre em um estrondo, batendo
do outro lado da parede, Laura olha-me assustada, ela está sentada na tampa
do vaso sanitário com um papel higiênico limpando o nariz.
— Mas machucou. — Diz baixinho, sei o que quer dizer com isso.
— Amor, você me entendeu mal. Eu quis dizer que não sei se consigo
me controlar, não sei se consigo ser cuidadoso o suficiente.
— Nem pensar, se colocar a boca ai, eu gozo antes de você engolir ele
todo.
— Oh!
Sem poder me segurar por mais tempo, enlaço meus dedos no seu
cabelo a levantando e tomando sua boca sem reservas. Chupo sua língua,
mordo seus lábios, ocupo completamente a sua boca, conduzo nossos corpos
até a cama, cuidadosamente a deito de barriga para cima, atravessada na cama
e com a cabeça tombada para trás já pendurada para fora da cama. Posiciono-
me na frente do seu rosto, colocando e tirando meu pau até a metade, fazendo
sons de “ploc” ao entrar e sair, as pernas dela estão amplamente abertas me
dando o vislumbre da sua boceta melada, muito mais cheia e avermelhada do
que me lembrava.
— Essa bocetinha está mais cheia, mais vermelha, será que o gosto é
o mesmo. — Abocanho seu grelo inchado ao som dos seus gemidos de
prazer. Perco-me em seu corpo sem pressa de terminar, ela está muito mais
sensível e não demora a gozar.
— Ahaaam Rudy!
— Nossa, está muito mais apertada que o normal. Amor isso vai ser
rápido... Oh!
Ela geme alto enquanto aperto seus mamilos sem parar de investir
dentro dela, é como se o seu orgasmo se estendesse a mim e formássemos
uma corrente de eletricidade que atravessa ambos os corpos e explode no
ápice do nosso amor.
— Isso mesmo que você ouviu, seu querido papai esteve aqui em casa
no sábado bem cedo, não foi uma visita amigável.
Às vezes acho que não sou filho dele, não é possível que ele não me
conheça. Que não veja que estou mais feliz ao lado dela e que sei fazer
minhas próprias escolhas. Há anos trabalho naquela empresa, sou super
profissional e todos me respeitam, alguns me veem como severo demais, ou
me chamam de o senhor do petróleo, tudo que tenho foi conseguido pelo meu
trabalho e mesmo assim ele precisa me controlar como uma marionete.
Laura me conta tudo sobre a visitinha do meu pai, quase não acredito
que ela arremessou uma bola de granito contra ele, mas acho que nenhuma
mãe ficaria quieta ouvindo todas aquelas sandices.
Ela não diz nada, apenas vira a mão para mim... Sangue?
CAPÍTULO VINTE E UM
POR LAURA
Eu tentei... Juro que eu tentei ficar com ódio dele, não querer vê-lo
nunca mais na vida, pisar até ele rastejar por toda 5ª Avenida atrás de mim e
no fim dizer: “Morraaaaaa”. Mas não deu, eu sou louca por ele e quando ele
me olha, eu sei que ele é o homem da minha vida, quando ele me toca eu sei
que vai ser bom, não tem para onde correr.
— Fique calma amor. Nós vamos agora mesmo para o médico. Toma,
veste esse robe e vamos agora. — Ele está nervoso, mas tenta parecer calmo,
tarefa impossível com essas duas sobrancelhas unidas por um cenho
franzido.
Com a camisa nos ombros, calça sem cinto e sapatos sem meia, ele
quer me pegar no colo, não permito, consigo andar e não quero sentir-me
doente. Para minha surpresa Polyana está sentada no sofá com a cara
emburrada, assim que nos vê, levanta-se apressada.
— Eu não acredito que ele dormiu aqui Laura, já passa do meio dia e
vocês trancados nesse quarto. Como pode aceitar esse imbecil depois de tudo
que ele fez a você? Você devia...
— Sexo, muito sexo. Foi culpa minha eu devia ter sido mais
cauteloso. — Se eu não estivesse sedada eu teria matado ele agora. Estou
envergonhada? Não, imagina.
— Quais são os riscos dessa cirurgia doutor? Eu não quero que elas
corram risco algum, posso pagar por qualquer coisa para resolver isso.
POR RUDY
Minha mãe sempre diz que só sentimos dor de verdade quando dói em
um filho. Minha princesa nem nasceu, e já tenho a prova de que a frase é
verdadeira. Se for para provar que ela vale mais para mim do que qualquer
coisa no mundo... pode parar porque já está provado.
— Eu daria a minha vida para tirar a sua dor meu filho, mas eu não
posso. O que prometo é que eu estarei aqui em qualquer situação e vamos
passar por qualquer coisa juntos.
— Obrigado mãe!
Eu espero não estar tão bocó quanto o meu amigo, porque quando
Laura pediu que ele cuidasse da irmã por essa semana ele quase correu ao
cartório do hospital para assinar os papéis do casamento. Claro que de longe
se vê que os dois se amam, mas com toda a certeza ela ainda não aprendeu a
expressar esse amor. Polyana tem a mania de todo jovem de querer abraçar o
mundo e achar que o tempo vai esperar por eles. Meu medo é essa
imaturidade dela afundar o Trevor, caso esse relacionamento não dê certo.
Nunca a vi tão constrangida, quanto nas horas que dizia precisar usar
o banheiro, não sei por que as pessoas têm tanta vergonha em dizer que
precisam fazer isso, não conheço ninguém que não faça cocô e não esperava
que ela não fizesse. Quando eu falei isso ela quase me bateu, falou que nunca
mais conseguiria olhar na minha cara.
— Serio Amor? Eu chupo todo o seu corpo, enfio minha língua dentro
dessa bocetinha vermelha, lambo seu cuzinho e mesmo assim você ainda tem
vergonha de mim?
— CHEGA!
Que eu estou excitado eu já sabia faz tempo, mas olhar para ela e
perceber que mesmo presa a essa cama, ainda me deseja deixou-me ainda
mais louco de tesão. Ela não pode se levantar, mas será que pode gozar? Se
eu perguntar isso ao médico ela vai me matar.
— Claro que não, não podemos fazer isso aqui. — Sua voz morre
quando acaricio sua bocetinha por cima da calcinha.
— Faz o que eu mandei, abre e tenta não gritar.
Puxo a calcinha para o lado, expondo toda sua preciosidade para mim.
Abro suas dobras com a língua e começo o meu ataque, acho que eu devia ter
mais cabelo, pois ela enfia as unhas no meu couro cabeludo trazendo minha
boca para mais perto, tenho medo de machucá-la colocando os dedos dentro
dela e coloco apenas a língua.
— Oi meu filho, desculpe te ligar a essa hora, mas é que estou muito
nervosa. — Sua voz baixa e preocupada deixa-me tenso.
— Seu pai passou o dia com muita febre, nada a fez baixar. No início
da noite a febre passou de quarenta graus e ele teve um... — Sua voz some. —
Ele teve uma convulsão por conta da temperatura.
POR RUDY
— Nunca vi seu pai cair doente Rudy, ele mal consegue abrir os olhos
de tanta febre. Já fizeram uma tonelada de exames e não dizem nada a
respeito.
Estou em choque, não sei muito sobre essa doença, mas sei que nada
com esse nome pode ser coisa simples, minha mãe chora em silêncio, eu
tento consolá-la e abraçá-la, mas nesse momento nada pode controlar nossas
emoções.
— Leonel Scheideger, isso não são férias, você está doente e vai se
tratar. Mais uma única palavra e eu te interdito judicialmente, aí não irá
cuidar nem de si mesmo. — Uau! Dona Cora colocando as asinhas de fora.
Pior que meu pai nem se manifestou.
— Não meu pai. Quero manter as coisas funcionando por que também
tenho amor àquela empresa, mas se para ajudá-lo eu tiver que abrir mão da
minha família, recomendo que procure outro substituto. — Falo baixo, porém
firme e ele percebe que falo a verdade.
— Como está seu pai Rudy? — Ela pergunta assim que entro no
quarto.
— Vem aqui amor, deita aqui comigo. — Diz dando tapinha ao seu
lado na cama.
— Que eu me lembre, esse apartamento não é seu, você está aqui tão
de favor quanto eu.
— Estamos com saudade, seu pai está melhor? — Não sei como ela
ainda se preocupa com ele depois de tudo que fez a ela.
(...)
Há dois meses que meu pai está internado, ele tem piorado
progressivamente, segundo os médicos os medicamentos não estão surtindo
grande efeito, na verdade está sendo um paliativo. Todos nós fizemos exames
de compatibilidade para doação de medula, até mesmo Trevor e Polyana,
outros amigos fizeram o mesmo, mas nada teve resultado positivo. Buscamos
em bancos de medula públicos e privados, mas isso também não adiantou.
Hoje é sábado e minha mãe irá para casa descansar, eu vou passar o
final de semana inteiro com o meu pai no hospital. Ele tem agido de forma
diferente, está mais acessível a cada dia, acho que o seu estado de saúde
somado ao fato de depender das outras pessoas dia a dia estão mudando sua
forma de ver o mundo.
— Não era para preocupar o senhor com isso. Laura já está bem, só
precisa de repouso.
— Sua mãe falou que você tem um vídeo do bebê no seu telefone e
você vive mostrando para todos, mas nunca mostrou a mim. Eu gostaria de
ver, não sei se vou viver para conhecer essa criança. — Retiro o telefone do
bolso tentando esconder uma lágrima teimosa. De certa forma sinto-me
envergonhado por não ter mostrado a gravação a ele.
Laura fez uma ultra há duas semanas onde aparece o rostinho perfeito
da Valentina e eu passei o vídeo para meu celular. Mostro minha princesa
para todos do trabalho... Na verdade mostro para qualquer um que passe mais
de vinte minutos ao meu lado. Já mostrei para o porteiro do prédio, para
minha secretária, postei no facebook, em fim para todo mundo. Não pensei
em mostrar para meu pai, não queria deixá-lo irritado ou escutar coisas
negativas sobre a minha filha.
— Foi ela mesma que sugeriu usar o sangue da nossa filha, eu não sei
se teria coragem de pedir isso a ela.
— Vou dormir um pouco, estou cansado. — Por mais que ele tenha
errado eu imagino que deve ser muito difícil admitir que a neta indesejada
possa vir a salvar sua vida.
Minha loira, disse que gostaria de visitar meu pai no hospital, como
na segunda-feira ela estará aqui, para ouvir sobre o procedimento que
faremos com o cordão umbilical da Valentina, eu sugeri que poderíamos
tentar essa visita. Agora é esperar que esse encontro seja no mínimo
civilizado.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
POR LEONEL
Não sou burro, percebo minha piora dia a dia, os sintomas que eu
vinha sentindo há muitos meses e deixei passar, estão muito intensos. Minhas
madrugadas são desconfortáveis, um suor que não sei de onde vem, nem
como começa. Sinto tanta fraqueza que já não consigo tomar banho em pé e
normalmente uso uma cadeira de plástico.
Quem diria que um homem tão poderoso quanto eu, estaria preso em
uma cama de hospital, dependendo de outras pessoas. Infelizmente tive que
voltar na minha decisão e permitir que Rudy me substitua na presidência da
empresa, por mais que ele não mereça, não há ninguém mais preparado para
esse cargo do que ele. Quando vem passar o dia ou a noite aqui comigo,
sempre me traz os demonstrativos financeiros e relata todos os
acontecimentos, como eu já esperava, ele está se saindo muito bem.
Cora passa os dias falando que esse momento, deveria ser encarado
como uma oportunidade de recomeço dada por Deus. Aos olhos dela, isso
deve servir para mostrar o valor do dinheiro diante de uma doença, mostrar-
me a inutilidade dos meus bilhões em salvar a minha vida.
Assim que recebi a notícia, não me abalei, não seria uma doença a me
derrubar tão facilmente. Nas primeiras semanas só consegui sentir revolta, é
inaceitável que nenhum desses médicos consiga resolver essa merda, não são
capazes de honrar os salários absurdos que ganham. Tomo um número
altíssimo de medicamentos por dia, recebo várias agulhadas e até minha
alimentação foi modificada, mesmo assim eu só pioro.
— Não era para te preocupar com isso, Laura está bem, só precisa de
repouso. — É impressionante o brilho em seus olhos quando fala da
brasileira, ele sorri sem nem mesmo perceber.
— Sua mãe falou que você tem um vídeo do bebê no seu telefone e
você vive mostrando para todos, mas, nunca mostrou a mim. Eu gostaria de
ver, não sei se vou viver para conhecer essa criança. — Quando Cora falou
deste vídeo, falou com tanto entusiasmo que tive vontade de ver, por um
momento pensei em tudo que estava perdendo.
POR LAURA
Antes que ele termine a frase, eu pego sua mão e coloco onde ela está
chutando, neste exato momento ela dá um chute tão forte que ele se assusta.
Acho que ela queria chutar a cara dele por sugerir coisas tão ruins no
passado.
— Viu pai? Ela é muito ativa, Laura sofre com toda essa animação da
nossa princesa. — Rudy diz todo babão, percebo que meu sogrocoral está
desconfortável e me afasto, vou até a janela e comento sobre a bela vista que
o quarto tem.
A visita não foi tão ruim assim, claro que foi bem estranho ficar no
mesmo ambiente do homem que me quer tão mal, mas eu estou disposta a
passar por cima disso, pelo bem da minha família. No dia em que Rudy me
entregou o contrato, eu decidi que daria o meu máximo para o bem da nossa
relação, ele está se esforçando e eu farei o mesmo.
Fiquei muito tempo sem poder nem mesmo me levantar, isso fez meu
corpo inchar muito e passei bastante do peso ideal para uma gestante nessa
fase. Agora a Dra. Mônica me liberou para fazer hidroginástica, com isso
sinto-me menos cansada e mais disposta.
— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga, eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso.
— Isso a que você se refere, era o meu filho, que você MATOU!
Eu e Rudy olhamos imediatamente para Polyana que só faz chorar,
Trevor está completamente fora de si, pelo que ouvi aqui, eu também estou.
Rudy sai rebocando o amigo para fora do apartamento, depois de me pedir
para cuidar da minha irmã.
— Cuida dessa louca que nós vamos sair. Vem Trevor, vamos para o
meu apartamento.
CAPITULO VINTE E QUATRO
POR TREVOR
— Diga.
— Diga.
— É uma clínica de aborto senhor. — Ele fala sério, mas soa tão
baixo que quase não acredito, desligo o telefone e acelero desesperado.
Ela não faria isso comigo, minha cabritinha jamais faria isso comigo.
Ela sabe que eu vivo babando na barriga da Laura. Não posso acreditar que
ela tenha feito isso com o meu filho, ela me ama e eu sou completamente
louco por ela. Deus que isso não seja verdade.
— Me diz que você não veio nesse lugar para tirar o meu filho. Pelo
amor de Deus me diz que você não fez isso comigo Cabritinha. — Clamo
para que ela negue.
— Negue Polyana, pelo amor que você diz sentir por mim, negue. —
Sem dizer nada ela apenas chora. — Você não pode ter feito isso, eu tinha o
direito de opinar. Você poderia ter me contado... Meu Deus era tudo que eu
queria, um filho nosso. — As pessoas passam nos olhando, não consigo me
controlar e estou gritando com ela, sacudindo seu corpo. Meu choro sai sem
que eu perceba. Como alguém que me ama pode me matar dessa forma?
— Você matou o meu filho e vem falar sobre planos? Você matou
uma parte de mim que estava dentro de você, uma vida que fizemos enquanto
nos amávamos, enquanto eu adorava o seu corpo e a sua existência. Ele tinha
direito à vida! — Ela se contorce com meu aperto que já é muito forte em seu
cabelo, percebo que estou muito perto de perder a minha razão.
— Eu passei por cima de tudo Polyana. Esperei três meses para ter
você como mulher, fui paciente, entendi todas as suas infantilidades. Mudei
minha rotina de trabalho, minha vida toda por você e para você. Para que eu
fiz isso sua louca?... Para você arrancar meu filho de dentro de você como se
ele fosse uma praga, uma erva daninha? Se você soubesse o quanto eu sonhei
com esse dia? Eu não sou um moleque Polyana, eu tenho quarenta anos, sou
um homem que já realizou tudo que queria e só faltava isso para me
completar.
— Você não entende Trevor. — Ela tenta se afastar do meu rosto que
está a centímetro do dela.
— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso. — Eu não
queria falar na frente dos outros, mas quando ela chamou meu filho de
“isso” eu já não me importo mais.
— Isso, a que você se refere era o meu filho, que você MATOU! — A
última palavra sai desesperada. Meu amigo e minha ex cunhada olham para
Polyana atônitos, mas como sempre ela só chora, como se isso fosse trazer
meu filho de volta.
Rudy me leva para seu apartamento, conversamos e tomamos
algumas doses de vinho, estou inconsolável e ele tenta me acalmar. Lembro-
me de todas as vezes que ele disse sobre Polyana ainda me matar do coração.
Sinto-me assim... Ela matou meu coração.
— Então ela tirou mesmo o bebê? Como você soube disso, ela falou?
— Ela... Não, ela não chegou a dizer com todas as letras que fez, mas
também não negou.
— Eu vou te falar uma coisa, mas não quero que faça nada. Nós
estamos bebendo há muito tempo e o álcool é um péssimo conselheiro.
Promete esperar amanhecer para fazer qualquer coisa?
— Nada que venha daquela casa me interessa, quero mais é que ela se
exploda.
— Você disse que ela não falou para você com todas as letras que
tinha feito o aborto não é? — Mas que porra! Aonde ele quer chegar com
isso?
— Mas não negou, quem cala consente. Esqueceu que trabalho com
investigação? Sei quando alguém é culpado de um crime.
— Não entendo aonde você quer chegar, desenha para mim, por
favor. — Tento rir da minha piada sem graça, mas hoje não estou para
sorrisos.
— Ela foi sim, fazer o aborto, mas não teve coragem. Quando você a
encontrou ela estava no dilema de te ligar para contar, mesmo com medo da
sua reação ou seguir com o plano de tirar o bebê.
Céus! Meu filho ainda está dentro dela, ele não está morto. Fico
tentando me lembrar se eu a machuquei ou fiz algo que possa prejudicar o
nosso bebê, lembro-me de sentar na sua pélvis mas não coloquei peso.
Quero rir, quero chorar. Quaro matá-la, por me fazer sofrer tanto e
quero morrer por ter sido tão duro com ela, poderia ter colocado a vida do
nosso filho em risco.
Preciso pensar...
CAPÍTULO VINTE E CINCO
POR LAURA
— Não acredito que você me expulsaria da sua casa? Eu sou sua irmã.
— Polyana diz ainda chorando, vejo que está com medo e assustada.
— Sou eu que não acredito. Como você foi capaz de fazer um aborto?
Você tem ideia das consequências do que você fez? Não, você nunca mede as
consequências de nada.
Mesmo estando com a barriga enorme, dou-lhe um tapa tão forte que
seu rosto se vira no impacto e todos os meus dedos ficam impressos nele.
Polyana parece não acreditar que eu tenha agido dessa forma, nunca levantei
a mão para ela, mas isso foi a gota d’agua.
— Já que você não valoriza o que eu fiz, mais por você do que por
mim, toma o rumo da sua vida, mas não se esqueça de que a sua postura
infantil, irresponsável, imatura e egocêntrica afastou todas as pessoas que te
amam. Trevor nunca vai te perdoar, eu também não. — Sigo em direção ao
meu quarto, essas emoções não me fazem bem e minha cabeça está
explodindo.
Já estou na minha cama tentando aliviar uma dor nas costas, quando a
porta se abre. Polyana entra com a cabeça baixa e os olhos vermelhos de
tanto chorar, senta-se à beira da cama e começa a falar sem olhar em meus
olhos.
— Eu tive medo, não quero passar por tudo que você está passando,
achei que Trevor iria surtar e ainda teria que largar os meus estudos. Foi aí
que a Marisol me disse, já ter feito um aborto em uma clínica de confiança e
me deu o endereço.
— Trevor me sufoca Laura, não sei se ele é a pessoa certa para mim.
— Finalmente ela me olha.
— Eu vejo que ele é muito além de ciumento, mas te ama e tem medo
de te perder para alguém mais parecido com você. Engraçado que é
justamente por ser tão diferente que eu acredito que ele seja o homem certo
para você.
— Não entendi.
— Eu não fiz.
— Eu não tirei o bebê, fui até lá com a intenção de fazer, mas tive
medo de me arrepender. Eu queria ligar para o Trevor e pedir para ele me
buscar, contar para ele... Mas o medo e a vergonha não deixavam.
Conversamos mais sobre sua atitude, por horas ela escuta calada o
meu sermão. Polyana aceita que eu avise ao Rudy, pois ele está com Trevor.
Achei que ele bateria aqui imediatamente, mas isso não aconteceu.
(...)
Ontem comecei a sentir fortes dores nas costas, achei melhor não falar
nada com o meu Senhor do Petróleo, o fato de não ser permitido ficar mais de
trinta minutos com o pai na UTI o deixou um pouco irritado e eu não quero
trazer mais problemas. As visitas são às 09h e às 16h, pedi para acompanhá-
lo na visita da tarde, Dona Cora iria pela manhã e são permitidas apenas duas
pessoas por vez.
— Falou, ele acha que vai morrer deixando assuntos pendentes, esses
missionários que visitam doentes em hospital enfiaram na cabeça dele que é
melhor se redimir em vida... Já estão matando meu pai antes da hora, bando
de urubus. — Rudy não aceita o estado do pai, a forma como as coisas
aconteceram e a rapidez. As esperanças nele são vivas e reais.
— Ok. Vamos, está na hora.
Usando apenas um lençol até a cintura percebo que ele está de fralda,
conto quinze bombas de infusão penduradas em suportes de inox e cada leva
uma medicação diferente, também vejo um coletor onde está sua urina e
mesmo para mim que sou leiga parece escura demais.
— Oi! Fico feliz que o senhor quis me ver, Valentina está bem
animada com a visita. — Levantando sua mão por poucos centímetros ele
passa os dedos na minha barriga que esta encostada na maca.
— Perdão... Eu... errei com vocês duas. — As seis palavras são ditas
com muita dificuldade, sua voz está fraca e debilitada, apenas uma lágrima
escorre dos seus olhos, Rudy não aguenta a situação e sai.
— Amor?
— Amor eu...
— Como sabe disso? Não está na hora, você está com 36 semanas e a
medica disse que nasceria de 38 a 42. Segura ela ai dentro. — Não sei se eu
sorrio ou se dou um murro na cara dele.
— Estou com muita dor desde ontem, não estou mais aguentando
preciso de um médico.
— Amor, você devia ter me dito isso quando começou, não acredito
que escondeu suas dores de mim. — Ele está bravo comigo? — Vamos para
o carro, precisamos lembrar da bolsa, dos documentos, da grávida e de
manter a calma. — Cheio de calma ele, morro de rir.
— Rudy, respira. Não te contei porque ontem seu pai estava sendo
transferido para a UTI e você já tinha coisas demais para pensar. Nós não
vamos para o carro porque já estamos em um hospital, a bolsa já está no
porta-malas e não vou precisar dela agora. Por hora só precisamos da calma,
muita calma mesmo.
— É!
Olho para cima e ele está quase se afogando em lágrimas, o rosto está
contraído em um sorriso enorme. Damos um selinho e sou levada para me
limpar, Valentina vai com o pai para a sala da pediatria, para fazer os
primeiros testes de Apgar, o ouvi perguntar se poderia dar o primeiro banho.
Tão lindo meu Senhor do Petróleo.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
POR RUDY
Minha vida está de cabeça para baixo, não há nada que seja como
antes, mesmo assim eu só mudaria o fato do meu pai estar doente. Laura a
cada dia fica mais linda, claro que está bastante inchada e reclamona,
entretanto nada disso é capaz de ofuscar a sua beleza. Quando a olho percebo
que “o antes” não me faz falta nenhuma.
Sinto a presença dela ao meu lado, vejo seus pés próximos aos meus e
sinto-me ainda mais covarde por tê-la deixado sozinha nesse momento.
— Amor?
— Amor eu... — A interrompo por não querer saber o que ele disse a
ela, nesse momento não consigo.
Por que motivo uma mulher escolhe passar cinco horas andando de
um lado para o outro e gemendo de dor? O que um pai faz nesse momento?
Eu fiquei a seguindo com os olhos e sentei quando uma enfermeira apontou
uma cadeira, na verdade eu não queria passar por isso. Laura agachada no
meio das minhas pernas quase se desfazendo de dor não era exatamente o
meu sonho preferido.
A médica estava sentada no chão frente a frente com a Laura, dizia
palavras de incentivo, colocava os dedos dentro dela, sei lá para quê. Eu
estou igual aos pinguins de Madagascar... Sorria e acene. Toda vez que ela
volta o seu olhar para mim eu sorrio como se estivesse adorando aquela
situação desesperadora. Preciso dar força para ela e estou rezando para não
desmaiar.
Minhas coxas são esmagadas pelos braços da Laura, ela faz tanta
força e grita buscando por mais. Minha vontade de ter mais filhos morreu
agora. Ela segura minhas mãos e aperta tanto, mas tanto, que estou quase as
retirando do seu aperto quando do nada ela para. O mundo para.
Não sei para que torturar assim o meu bebê, são muitos furos,
pesagem, medidas e mais furos, que tenho vontade de pegar minha filha e sair
correndo daqui. O banho foi um pouco estranho, mas eu adorei e quero fazer
isso mais vezes, apesar de que a coisa branca não saiu assim tão facilmente,
mas, ela já está cheirosinha. Já estava pronto para sair com meu Morangão
nos braços, ela está toda de vermelho e parece um grande morango maduro,
quando uma enfermeira chega perto de mim com uma caixinha.
— Não. São os brincos que sua esposa pediu para colocar, preciso
primeiro furar a orelha do bebê, mas é bem rapidinho. — Diz toda sorridente
querendo fazer meu Morangão sofrer.
Laura está dormindo, não foi fácil trazer nossa filha ao mundo e ela
deve estar exausta. Sento-me em uma poltrona e fico observando o rostinho
do meu Morangão, tão linda que tenho medo de roubarem ela de mim. Sinto-
me enciumado, protetor e completamente cativado pela garotinha nos meus
braços.
— No lixo.
— Você não está falando sério, era de ouro. Ela é uma menina,
meninas usam brincos.
— Quando ela quiser usar brincos ela mesma vai pedir por isso, eu
heim! Tem ideia de quantas furadas ela já tomou hoje?
— Amor ela sente, ela chorou muito para tomar vacina no bracinho
direito. Se quiser furar a orelha dela vai ter que ser bem longe de mim, minha
cota de agulhas por hoje já acabou. Pelo ano acabou... Talvez pelo século.
Uma batida na porta acaba com nosso assunto. Entra uma enfermeira
para ajudar Laura a amamentar nossa mocinha de vermelho. Valentina enrola,
enrola e deixa a mãe quase chorando, por achar que ela não vai querer mamar
no peito, mas quando a enfermeira aperta o bico do peito sem dó e lambuza a
boquinha dela com o leite, não tem para ninguém. Só vejo o queixinho
subindo e descendo, o nariz está quase enterrado no seio e ela parece nem
respirar.
— Santo Deus! Vocês estão de parabéns, ela é feita para olhar de tão
linda. Fui contar para o seu pai que a nossa neta nasceu e acabei ficando um
pouco mais do que devia. Uma enfermeira permitiu que eu entrasse, ele
mandou dizer que gostaria de estar aqui. — Isso me faz lembrar o exame.
— Diga de uma vez doutor. — Diz minha mãe. Seguro sua mão que
está tremendo.
POR RUDY
Saio da loja com tudo que a vendedora disse ser necessário. Hoje
finalmente vou trazer minha mulher e meu Morangão para casa, não estou
aguentando de tanta ansiedade. Polyana e Trevor ficaram no hospital fazendo
companhia para elas, não quis deixá-las sozinhas e também não deixaria só a
irresponsável da Cabritinha. Liguei para o meu amigo implorando que ele
fosse.
Sou observado por todos assim que entro no hospital, não há uma
pessoa que segure o riso ao me ver correndo cheio de sacolas e caixas, só o
trambolho do bebê conforto já é o suficiente para me entregar: “Papai de
primeira viagem”.
Como não poderia ficar no hospital com meu pai e também não era
bom ficar em casa sozinha, minha mãe vem todos os para dias ajudar a Laura,
já que a vida de todos está bem complicada. Polyana não pode abandonar a
faculdade e eu estou sozinho para dirigir a empresa. A ajuda de mamãe tem
sido de muita importância para minha mulher, as duas são amigas e isso me
tranquiliza.
Estou com minha mãe no consultório do Dr. Murta, ele foi buscar
meu pai no isolamento, pois hoje é o dia de levá-lo para casa. O tratamento
foi bem sucedido, mas ainda temos uma longa caminhada pela frente, meu
pai precisa evitar locais fechados, aglomeração, excesso de visitas e stress.
Depois de quarenta dias sem qualquer contato físico, finalmente iremos nos
encontrar e matar as saudades. Preferi deixar minhas mulheres em casa, hoje
à noite jantaremos todos juntos na casa dos meus pais, aqui não é lugar para
minha pequena. A porta se abre e minha mãe corre para um abraço demorado
como eu nunca vi antes entre os dois.
— Meu amor, há quanto tempo não nos tocamos. Não sei explicar
como estou feliz nesse momento.
— Eu também, Cora, estou muito feliz pela minha nova chance com a
minha família. — Ele olha para mim como se esperasse alguma coisa, dou-
lhe um longo e saudoso abraço, regado a lágrimas e palavras silenciosas. É
muito incomum abraçá-lo com tão pouco peso.
— Está em casa, iremos para sua casa na hora do jantar. Essa noite foi
muito complicada, ela está sofrendo com as cólicas e minha mulher passou a
noite inteira acordada.
— Sua mulher? Não sabia que havia se casado. — Diz meu pai com
cara de desdém.
Além dos tratamentos para a sua doença, acho que fizeram uma
lavagem cerebral no meu pai também. Achei que seu estado havia o deixado
mais sereno, mais carinhoso e menos distante de todos que o amam, mas vejo
que ele é um novo homem... Um homem que eu quero conhecer.
CAPITULO VINTE E OITO
POR LEONEL
Converso com meu filho e com minha mulher pelo telefone várias
vezes ao dia. Conversei também com a brasileira... Ou melhor... Com a
Laura, a mulher do meu filho e mãe da minha neta. Achei que seria mais
complicado aceitar a menina como minha neta, mas não é. Rudy mostrou-me
Valentina por Skype, ela é linda e se perece muito com a nossa família, seus
cabelos escuros e cheios são típicos de um Scheideger.
Cora e Rudy levaram-me para casa, minha casa é o local que mais
senti falta. Quando passamos muito tempo fora, a primeira coisa que nos
recebe de volta é o cheiro do nosso lar, não há nada igual ao cheiro que tem
aqui. Tudo permaneceu no lugar, o jardim que minha mulher sempre cuidou,
minhas obras de arte e até mesmo a coleção de armas.
POR RUDY
Chego à casa dos meus pais e consigo sentir o quanto Laura está
tensa, não é para menos depois de tudo que ela escutou da última vez que
estivemos aqui, mas, desta vez não admitirei qualquer indelicadeza com a
minha linda. Quero deixar as melhores lembranças neste dia.
— Nem brinca com isso Rudy, acho que ele a joga longe se isso
acontecer.
— Como vai Laura? Acho que não começamos bem, seja bem-vinda
a minha casa. — Meu pai diz ao levantar-se para cumprimentar Laura.
— Laura Alves, aceita ser minha esposa até que a morte nos separe?
— Até que a morte nos separe eu estarei ao seu lado. Sim! — Mesmo
na presença dos meus pais, agarro-a dando-lhe um longo e molhado beijo
para selar o meu pedido.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
POR LAURA
— Alô!
— Não sei por que está falando tão baixinho, mas já tem quarenta
dias completos desde o seu parto, o seu puerpério já se completou. Sendo
assim não vejo motivos para adiar. Parabéns pelo casório.
Vestida com um roupão vou atrás dos meus amores. Enquanto ele vai
tomar banho eu amamento a nossa filha e a faço dormir. Vou ao bar, pego
uma garrafa de champanhe e duas taças, sei que não devo beber, mas um gole
não vai matar ninguém e eu mereço.
— Ela está no quarto, cara. — Assim que entro no quarto percebo que
ele fala com Trevor ao celular. Parece que as coisas inverteram-se. — Eu
não a vi, sei que está lá porque a Laura foi dar boa noite para ela. — Ele
esfrega o cabelo, já sem paciência com a situação do amigo. — Por que você
mesmo não vem aqui? Sério, não aguento mais isso. Você é totalmente
insano pela garota e fica ai se fazendo de forte... Ok, boa noite!
— Era o Trevor?
— Pelo que eu sei, você ficou bem parecido por meses... — Ele corta-
me imediatamente.
— Nem me fale. Deus me livre reviver isso, estou mais do que feliz
assim.
— E?
— E o resguardo acabou.
Quem disse que um bom beijo de língua não poder ser uma
preliminar? Foi exatamente isso que eu recebi, nos beijamos por uma
eternidade até que a cabeça do seu pênis começou a esfregar-se na minha
entrada, em segundos já estava completamente pronta e desesperada para
recebê-lo.
Lenta, muita lenta foi a penetração. Meu corpo demorou um pouco
para aceitar a invasão, confesso que não foi confortável por alguns minutos,
mas percebendo que meus gemidos eram mais por dor do que por prazer ele
parou.
— Meu corpo está diferente. Sinto-me menor, não sei explicar. Parece não
caber, desculpe.
— Chega!
— Ainda não, primeiro você vai gozar. Não quero sentir dor em seus
gemidos e sim muito prazer. — Diz e volta a chupar meu clitóris e lamber da
minha entrada melada até meu ânus.
— Agora sim, vou pegar o que é meu. Fica de quatro para mim.
Sem dor, sem nada que não fosse prazer, assim foi a nossa noite.
Repetimos o nosso balé sexual por horas, desfrutando de todas as posições,
intensidades, maneiras e formas possíveis de amor.
O dia já está amanhecendo quando coloco Valentina no berço, ela
sempre acorda nesse horário para mamar e dorme novamente. Retorno para o
quarto tentando não fazer nenhum barulho, pois estou muito cansada e
completamente assada, se o Rudy acordar vai querer começar tudo outra vez
e eu não vou resistir.
— Ah seu ridículo.
(...)
Valentina está com quatro meses, cada dia mais linda e parecida com
o pai, o jeitinho é meu, assim como a pele mais branquinha, mas o resto é
tudo do pai. Polyana está morando com Trevor, finalmente o casal problema
se acertou. Ninguém consegue ficar a menos de um quilometro quando eles
brigam, nunca conheci pessoas tão diferentes que são completamente
dependentes uma da outra.
Hoje é o dia do meu casamento que vai ser realizado no imenso jardim
da casa dos meus sogros, isso mesmo, eles fizeram questão de que o
casamento do seu único filho fosse na casa em que ele nasceu e eu adorei a
ideia.
A vida nos é dada como um diário em branco onde você escreve suas
perdas e ganhos, com quem caminha, o que te atribula e como tu andas. Em
um determinado estágio da vida quando lemos as páginas dos capítulos
anteriores, pensamos: “Eu poderia ter feito diferente”.
Será que poderíamos ter feito algo diferente? Será que deveríamos ter
feito algo diferente? A resposta mais óbvia, é sim, mas, pense bem nas
páginas atuais e refaça essa pergunta de outra forma. Será que eu estaria aqui
se tivesse feito alguma coisa diferente?
Olho para trás e sei que tudo na minha vida foi absolutamente
necessário para que eu chegasse aqui. Foi muito doloroso perder minha mãe
aos dezenove anos, ter uma irmã mais nova sob minha guarda, foi triste
abandonar meu país, para seguir um novo caminho e foi ainda pior, receber
uma grande punhalada pelas costas, quando Polyana resolveu me abandonar.
Ser a escolhida para gerar o Herdeiro do Senhor do Petróleo
surpreendeu-me ao extremo, nunca imaginei que as pessoas pudessem
barganhar uma coisa tão sagrada. O mais discrepante nisso tudo, é que diante
das circunstâncias eu acabei cedendo ao contrato mais ridículo já feito por
alguém, pelo menos eu acredito.
Os dias no Havaí foram tão maravilhosos que antes de entrar no avião
de volta eu já sabia que estava perdidamente apaixonada, não havia como
resistir a cair de amores por aquele homem. Lindamente trabalhado em traços
fortes e masculinos, com sua postura tão altiva. Ele não é loiro e nem tem os
olhos azuis ou lábios grossos. O homem que roubou meu coração tem a pele
morena, cabelos negros e bem cortados, seus olhos são de um castanho bem
escuro, os lábios são finos e sempre apresentam uma linha tensa. Como não
destacar o chamativo furo no queixo? Sim, este furinho somado ao formato
quadrado do seu rosto, derruba qualquer calcinha.
Nunca poderia imaginar que esta figura altiva e imperiosa seria na
verdade um homem subserviente ao pai. O amor que nasceu em mim não foi
unilateral, ele também foi arrebatado por esse sentimento tão intenso, mas as
amarras construídas pelo preconceito e pela adoração dedicada ao pai
acabaram nos afastando.
E voltamos ao diário da vida, onde podemos escrever, mas nunca
apagar. Algumas páginas deste diário já vêm prescritas por Deus, ou para
alguns, pelo destino. A maldade foi tão intensa que contaminou o corpo e não
só a alma, o todo poderoso que me desprezava e desejava a morte da minha
filha foi abatido por uma grave doença.
Quem não vai pelo amor vai pela dor. Essa frase é muito real, como
dizia minha mãe: Não há mal que uma bela surra não cure. No caso do meu
querido sogro coral a surra veio em forma de doença e curou o mal que
habitava nele.
Valentina veio ao mundo, trazendo a paz para nossa família, o amor
tornou-se o único sentimento entre nós e seguimos felizes até hoje.
Cinco anos, minha princesa hoje completa cinco anos de vida. Meu
sogro completa cinto anos livre do câncer e eu nove meses de gestação. Isso
mesmo, eu não consegui convencer o Rudy a ter apenas um filho, segundo
ele ser sozinho é muito ruim.
Hoje, não moramos mais no apartamento, vendemos os dois e
compramos uma casa em frente à dos meus sogros. O senhor Leonel é muito
apegado à Valentina, na verdade, ele chega a ser dependente dela, tudo que
ele pode fazer para vê-la sorrindo ele faz.
Quando a Valentina fez oito meses eu comecei a trabalhar na criação
do Centro de Apoio a Pacientes com Leucemia. Os recursos são cedidos pelas
empresas do Grupo Scheideger, Rudy, como presidente deu-me total
liberdade para investir em tudo que fosse necessário para o centro. Desde que
o pai dele foi internado para tratamento do câncer, nunca mais retornou à
empresa, aposentou-se definitivamente.
Dona Cora decidiu trabalhar, ela tornou-se indispensável na
administração do Centro de Apoio ao Paciente com Leucemia. As compras
de medicamentos, roupas, alimentos e tudo mais que for necessário são feitas
por ela. A mulher é mestre em conseguir descontos e parceiros para a nossa
causa.
Minha filha, dos oito meses até hoje, passa os dias com o avô e ai de
quem sugerisse uma babá ou creche. Com três anos matriculamos Valentina
em uma famosa escola exclusiva para meninas, isso foi um ponto
determinante para o Rudy adorar o local, além de ser perto de casa e muito
conceituada pela alta sociedade americana. Todos os dias às 7 horas, o senhor
Leonel passa em minha casa, pega a neta e a leva para escola. Ao meio dia
ele já está esperando na saída para buscá-la e eles vão almoçar. Eu e Rudy
sempre chegamos à casa dos pais dele por volta das 18 horas e travamos duas
guerras diárias, uma para Valentina aceitar ir para casa e outra para o avô
deixá-la ir.
Não vou mentir e montar uma novela feliz, nem tudo foi feliz. Rudy e
Polyana ainda se estranham muito e isso acaba refletindo na nossa relação,
algumas vezes brigamos feio por causa dos desentendimentos dos dois. Já
Rudy e Trevor são como unha e carne, tirando é claro os dias que o meu
cunhado brinca sobre um futuro relacionamento entre Valentina e Thor, meu
sobrinho.
Rudy é extremamente ciumento com a filha, seu eterno Morangão.
Ela quase morre quando o pai a chama pelo apelido na frente dos outros,
mesmo com cinco anos ela já é muito esperta. Verdade seja dita, meu sogro é
um homem inteligentíssimo e passa toda a sua sabedoria para a neta.
Educar minha filha a meu modo, não é tarefa fácil, sempre tem um
monte de gente tentando opinar, se meter ou me desautorizar. Quando
Valentina tinha dois anos eu dei um tapa na mãozinha dela por bater no meu
rosto de pirraça... O mundo caiu. Ela correu para o avô dizendo: “mama
bateu nenê bobozin”. Nem preciso dizer que discutimos feio sobre a forma
como eu educava a minha filha. Aff! Dai-me paciência.
Ando pelo jardim supervisionando a montagem dos brinquedos para a
festa, marcamos para às 13 horas e convidamos a família, alguns amigos da
escola e vizinhos mais próximos. Minha barriga torna a caminhada um pouco
lenta e uma conhecida dor nas costas está atormentando-me desde cedo.
— Como vai meu hipopótamo favorito?
— Se me chamar assim outra vez eu te mato. — Rudy adora me
provocar.
— Sabe que estou brincando, você fica a cada dia mais linda. Meu
garotão está tranquilo hoje?
— Sim.
Respondo rapidamente e continuo a minha caminhada pelo jardim,
preciso apressar os preparativos para não atrasar. Não consigo mentir para
ele, afasto-me na tentativa de esconder meu desconforto.
— Ei! Onde pensa que vai assim? Estou esperando a verdade, não dá
para esconder expressões de dor. — Ele diz esfregando as minhas costas.
— Estou só com dor nas costas, é o excesso de peso. Quando a festa
terminar vou me deitar.
— Tem certeza? Eu posso terminar tudo aqui, vai tomar um banho
quente e descansar Amor.
— Rudy você sabe qual é o tema da festa? Não, você não sabe. Eu
vou terminar aqui e depois vou me cuidar para recebermos os convidados.
— Tudo bem, mas eu estarei aqui, qualquer coisa é só chamar.
POR RUDY
(...)
Há uma semana minha casa ganhou uma nova luz. Olho para minha
cama onde dormem Laura, Valentina e Evan, nosso filho mais novo. Tudo
que eu tenho está neste espaço que deve ter uns quatro metros quadrados.
Voltamos à rotina de ter um bebê em casa, agora posso matar a
saudade dos banhos matinais, que Valentina já não aceita mais. Pego meu
pequeno do meio das duas preguiçosas loiras e o coloco dentro do berço em
seu quarto, faço o mesmo com Valentina e volto para minha mulher.
Como todas as noites, abraço-a por trás e entrego-me ao sono ciente
do tesouro maravilhoso que tenho comigo, ciente que, todas as coisas ruins,
que acontecem em nossas vidas são apenas uma ponte para que algo de muito
bom chegue a você.
Meu pedido para os próximos anos não é de paz, mas sim de
sabedoria para contornar os problemas e conquistar a paz na minha casa
porquê amor tem de sobra.
FIM.
BÔNUS
INCONPATÍVEIS
PARTE UM
POR POLYANA
Não é fácil ser irmã de uma pessoa perfeita, principalmente quando
você não é tão perfeita assim. Laura cuida de mim desde que eu tinha quatro
anos, mesmo ela sendo apenas dois anos mais velha do que eu. Independente
do período da minha vida que volta a memória, ela sempre estava lá. Hoje ela
não está, hoje estou sozinha pela primeira vez em minha vida e não sei o que
fazer ou como agir para consertar a burrada que fiz.
Desde que chegamos aqui Laura me fez estudar, faço um curso noturno
de secretariado executivo e durante o dia trabalho como babá. O trabalho não
dá muito retorno, mas com ele consigo comprar algumas roupas e sair com os
meus amigos para me divertir. Não consigo trabalhar feito um burro de carga
como minha irmã fez nesse último ano, nunca a vi tirar um dia de folga ou
sair com os amigos para espairecer.
No início da semana fui abordada por uma mulher muito bem vestida
na saída do meu curso, ela se identificou como Narú, olheira de uma famosa
agência de modelos americana e estava acompanhada de um homem oriental
como ela. Não consigo descrever a felicidade que se instalou em mim por ter
sido finalmente descoberta. Grande ilusão.
As condições para ser aceita na agência eram poucas. Eu teria que
pagar um alto valor pelo book fotográfico e outras despesas. Aconteceria uma
viagem para Florida, onde faríamos testes e entrevistas e eu teria que estar
disponível. E o pior de tudo... Seria em três dias.
Com toda certeza do mundo, Laura não apoiaria a minha decisão, isso
era certo e não tínhamos todo aquele dinheiro, ou melhor, ela tinha
economias em casa. Resolvi pegar o dinheiro que minha irmã guardava
emprestado, aceitar o convite da olheira e quando ganhasse o meu primeiro
cachê eu voltaria e levaria Laura comigo para a Florida.
Já conseguia ver diante dos meus olhos as coisas acontecendo, o
dinheiro entrando, a fama e tudo mais. Minha irmã teria orgulho de mim,
como nunca teve e eu não serei mais a garota irresponsável de antes. Agora
eu serei a modelo de sucesso... Eu só não contava com um detalhe...
No dia e horário marcado eu estava radiante pelo futuro que me
aguardava. Deixei um bilhete para minha mana e saí carregando minhas
coisas e o todo o dinheiro dela, mesmo sabendo que isso era errado. Minha
irmã sempre deu um jeito em tudo e ela tinha dois empregos, poderia viver
muito bem. Tenho certeza que logo teria todo o dinheiro novamente.
O homem que acompanhou Narú em nosso primeiro encontro estava
no local combinado aguardando-me, entreguei a ele o dinheiro e meus
documentos pessoais, ele conferiu tranquilamente os documentos e o
dinheiro, a rua estava vazia. Neste momento, não sei de onde, apareceram
mais alguns homens e num passe de mágica eu estava dentro de uma van ou
um furgão, não sei dizer. Levei alguns segundos para compreender a
gravidade da situação, era difícil acreditar no que acabara de acontecer.
A força usada foi tão grande que acabei batendo o rosto no joelho de
uma das meninas que já estavam lá dentro e cortei o lábio superior, o gosto
de sangue deixou-me ainda mais apavorada com a situação absurda que
estava vivendo. O motorista dirigia em alta velocidade e parecia não se
importar com as leis de trânsito.
Dentro do veículo estavam mais cinco meninas, todas amordaçadas e
com o mesmo olhar que eu apresentava agora. Medo, desespero e
arrependimento eram os sentimentos que transbordavam dos nossos olhos.
Mesmo com todos os meus gritos e tentativas de abrir as portas do carro,
nada aconteceu. Não havia janelas, a sensação de não saber para onde estava
indo deixava-me atordoada com várias possibilidades passando pela minha
cabeça. Todo meu corpo estava em colapso, estava tremendo e minha pele em
estado de alerta com todos os pelos arrepiados.
Quando estacionamos, não sei dizer se o medo era maior do que o
alívio, mas logo minha resposta chegou. Fui arrancada pelos cabelos do
furgão, ralei meus joelhos e cotovelos ao cair em um chão de cimento grosso.
Muitos homens armados estavam no local que parecia ser uma fábrica
abandonada, as janelas estavam fechadas com tábuas de madeira, o teto era
muito alto e só havia uma entrada. Fomos colocadas lado a lado, atrás de
cada uma havia um homem com uma arma apontada para nossas cabeças.
Apesar de toda dor que sinto em meu corpo, o desespero é maior. Meu
coração galopava descompassadamente ao ponto de quase saltar pela minha
garganta a qualquer momento, as lágrimas frias escorriam pelo meu rosto e
minha camisa estava ensopada pelo choro silencioso. A tentativa de
raciocinar e racionalizar é falha, dentro de mim só havia o medo e o
arrependimento, além da certeza de não sair mais daqui.
A mesma mulher que me tratou com tanto carinho há poucos dias
aproximava-se com um olhar nada acolhedor, parou a nossa frente olhando
para cada uma de forma avaliadora.
— Vejo que todas honraram com a palavra. Temos um ótimo grupo
aqui.
— Sua vadia! Você nos enganou sua desgraçada...
Imediatamente o homem atrás da mulata que esbraveja, aperta o
gatilho e seu corpo cai sem vida no chão de cimento. Todas nós gritamos
histéricas com a cena de terror e caos que se instalou. Nunca imaginei
presenciar algo tão cru, em um segundo ela estava aqui entre nós e agora é
apenas um corpo em uma poça de sangue. Percebo não ter valor algum para
essas pessoas.
— Vou avisar apenas uma vez. Quero silêncio total e absoluto. —
Imediatamente nos calamos sob o medo de ter o mesmo destino. — Ótimo.
Sempre temos uma mais atirada no meio das outras, mas de certa forma isso é
muito bom, elas servem de exemplo para as demais. Vamos começar. Isso
aqui não é uma agência, como vocês podem perceber, ou melhor... É sim,
uma agência que vende belas moças para homens que podem pagar por elas.
— Vocês vão nos traficar? — Pergunta a ruiva com os cabelos
cortados Chanel e algumas tatuagens.
— Chamem como quiserem. Estamos muito longe da cidade para
alguém ouvi-las, então sugiro que comportem-se. Vocês vão passar alguns
dias aqui para eu montar o meu grupo e depois vamos viajar.
E foi assim que aconteceu...
Passamos mais de duas semanas naquela fábrica abandonada. Muitos
homens nos vigiavam, quando alguém fazia algo que eles julgavam errado
apanhávamos muito, muito mesmo. No segundo dia eu já estava com muitos
hematomas pelo corpo, as dores eram tão intensas que se tornaram
dormência. Criei um medo instintivo daqueles homens, bastava um limpar de
garganta para meus olhos irem para o chão e meu corpo se encolher
esperando uma pancada.
Sem nada para fazer acabamos nos conhecendo. As cinco meninas
que foram trazidas comigo, caíram no mesmo golpe da agência de modelos.
Dalila era mexicana e tinha dezoito anos, longos cabelos negros e pele
amorena clara. Sheron era americana e tinha vinte anos, negra, alta e os
cabelos eram armados e curtos. Tinha Lívia, uma boliviana bolsista na
faculdade e mais parecia uma boneca, tinha os cabelos negros mais lindos
que já vi. Kate é britânica e ruiva, foi ela que perguntou se estávamos sendo
traficadas. A mulata assassinada diante de nossos olhos eu nunca soube o
nome.
Lá pelo quinto dia um dos homens tentou passar a mão em Dalila, ela
deu tapa no rosto do homem que não aceitou bem a sua insolência. Nunca
presenciei nada tão cruel, ela foi violentada por três dos vigias na frente de
todas nós, por mais que quiséssemos ajudar não podíamos. Os gritos e
pedidos de clemência nunca deixarão minha memória. Enquanto penetrava
seu corpo sem importar-se com a dor que sentia, ele dizia que isso devia
servir de aprendizado para todas, que a partir de agora Dalila seria o lanche
dos guardas.
Tampei meus olhos, não aguentava mais presenciar tamanha
atrocidade, não havia o que ser feito a não ser rezar pelo fim. Kate gritava
pedindo “pelo amor de Deus” e nada era feito. O semblante dos homens era
de divertimento com o nosso desespero. Quando terminaram com o
divertimento, o corpo da mexicana foi jogado no canto onde estávamos
encolhidas. Não sei por que um deles trouxe um balde com água morna e
uma toalha para limparmos seu corpo e retirar os vestígios do sexo forçado.
Tentamos de todas as formas mantê-la forte para suportar o cativeiro, na
esperança de um milagre nos salvar. Três dias depois ela se enforcou com o
cinto da própria roupa.
Dia após dia chegavam novas meninas, um número absurdo delas. Pelo
menos seis morreram pelas mãos dos que nos vigiavam e duas se mataram.
No último dia que estávamos neste local já éramos dezenove meninas, todas
entre 18 e 20 anos, de todas as nacionalidades e tipos possíveis. Até ali
nenhuma outra menina havia sido violentada depois de Dalila.
Os banhos eram racionados, podíamos tomar um a cada dois dias e
vestir a mesma roupa. A comida era sempre enlatada e fria, a quantidade era
pouca para a quantidade de pessoas e isso acabava gerando alguns pequenos
desentendimentos entre nós.
Um dia Narú chegou e aplicou em cada uma de nós, uma injeção
calmante. A partir daí não me lembro de mais nada. Acordei sendo carregada
como um saco de batatas no ombro de um dos capangas da Narú. Ainda com
a visão um pouco turva pude perceber que eles nos retiravam de um avião e
nos colocavam dentro de um outro furgão, uma em cima das outras. Pude
sentir o carro em movimento e adormeci novamente.
PARTE DOIS
POR TREVOR
Ela é linda, parece uma pintura de menina. Sei que já tem dezoito anos
completos, mas não parece ter mais de dezesseis. Os olhos são grandes e
azuis como o céu em um dia de verão, a pele é bem clara e suave, os cabelos
são dourados e quase brancos. Nunca vi criatura tão perfeita.
Quando Rudy veio me procurar, imaginei que fosse para mais
informações sobre a tal de Laura Alves, porém me surpreendeu com um novo
serviço. Localizar a cabritinha fujona irmã dela, Polyana. O que eu não sabia
era que eu seria o próximo a enlouquecer por uma das loiras dessa família.
Eu já sabia que a garota havia sido levada por traficantes de mulheres,
sabia o uso que essas moças teriam para eles e sabia quem eram... Só faltava
saber o destino das moças. Mas quem tem amigos tem tudo.
Acionei toda a minha rede de amigos e parceiros de trabalho, movi
mundos e fundos, não economizei nem um centavo ou um segundo até
descobrir onde estavam as moças raptadas. Recebi a informação que a
quadrilha estaria promovendo leilões no Canadá, escolheram um país
pacifico e sem grande histórico neste tipo de crime para não dar nas vistas.
Como são Japoneses, imaginei que iriam para algum país do oriente, mas não
foi bem assim.
Analisei e reanalisei todos os dados que possuía, fotos e filmagens das
câmeras de segurança de todas as lojas no trajeto que Polyana fez até o local
do encontro, quase nada foi encontrado. As pessoas que estão com ela são
figuras conhecidas no mercado de tráfico de drogas e mulheres para fins
sexuais. Só de imaginar aquela garota no meio desses caras, já fico fora de
mim.
O problema de lidar com esse tipo de crime é que sempre tem gente
muito grande por trás, os clientes costumam ser pessoas da alta sociedade
incluindo políticos e magnatas. Não informei as autoridades locais, toda
investigação foi feita pela minha empresa e parceiros de outros países,
amigos de órgãos importantes e clientes que me deviam favores relevantes.
Tenho uma empresa de tecnologia, segurança e investigação. No ano
passado um amigo do mesmo ramo que tem uma empresa no Canadá me
passou alguns clientes aqui em Nova Iorque, trocamos outros clientes por não
ser viável eu ir para lá ou ele vir para cá. Passei a situação da Polyana para
todos os amigos da área, mas nunca imaginei que fosse ser encontrada tão
perto. Taylor descobriu que um grupo de japoneses havia alugado uma casa
em uma área afastada da civilização e resolveu investigar. Acabou
descobrindo a quadrilha e infiltrou um de seus homens como possível
comprador. Foi assim que recebi as malditas fotos da linda cabritinha
vestindo apenas uma calcinha de algodão e com os olhos de sofrimento.
Fui à casa da Laura informá-la do paradeiro da sua irmã. No momento,
não pensei em falar primeiro com Rudy, afinal, no dia que conheci a loira que
está enlouquecendo meu amigo ela me pareceu desesperada para encontrar a
cabritinha fujona. Não sei qual a ligação real desses dois, mas a
possessividade que Rudy apresenta por ela é palpável.
No meio da nossa conversa meu amigo apareceu transtornado fazendo
acusações sobre eu ser o pai do bebê que Laura esperava, como se eu
soubesse que ela estava grávida. Saí de lá muito puto com ele, mas não vou
julgar um homem tomado pelo ciúme.
Eu planejava a ação de resgate da cabritinha, infelizmente isso teve que
ser adiantado. Estou saindo para almoço quando meu celular toca e vejo o
nome do Taylor.
— Notícia boa?
— Depende. Sua cabritinha é virgem? — Filho da puta! Desde que
chamei Polyana de “minha cabritinha” ele não para de encher meu saco.
— Como eu vou saber isso Taylor? E por que isso importa?
— Se for acontecer um grande leilão amanhã, com o foco em uma
linda loirinha virgem... sim é importante! — Isso só pode ser sacanagem.
Agora eu tenho que torcer para ela não ser virgem.
— Vou descobrir isso e já te ligo. Deixe seus homens de prontidão, se
for ela eu embarco em uma hora. Vamos invadir essa porra.
Corro para o apartamento de Laura, não sei como me livrei dos “quase”
acidentes que causei pelo caminho. Assim que abre a porta ela já sabe que a
coisa não é boa.
— Aconteceu alguma coisa com a Polyana, Trevor? — Passo por ela
em direção à sala.
— Fala para mim que sua irmã não é mais virgem.
— Trevor eu não entendo em que isso pode ajudar a salvar minha
irmã.
— Laura, eu recebi uma informação e isso muda tudo. Por favor, me
diz que ela não é vigem. — Ela faz uma cara engraçada e solta a bomba do
meu dia.
— Sim, ela é virgem. Ela tentou com um namorado, mas doeu muito
e desistiu. Ela é atirada, mas é medrosa por baixo da carapuça. — Inferno.
— Meu informante descobriu que uma das moças estava sendo...
Como vou dizer? ... Treinada, para ter medo e ser submissa aos homens. A
quadrilha descobriu que ela é virgem e estão com um leilão marcado para
amanhã.
— Meu Deus! Eu não acredito nisso. Mas, como assim ela está sendo
treinada? —Como explicar isso?
— Parece que ela ficou em um cativeiro aqui por uma ou duas
semanas. Junto com as demais meninas, depois foi drogada e lavada para o
Canadá, onde eu a encontrei. Neste meio tempo tiveram vários leilões com as
moças. — Prefiro não entrar em detalhes de como deve estar sendo o
“treinamento” da Polyana.
— Mas tem muito tempo que a Polyana sumiu. São quase dois meses.
— Pelo que descobri, eles souberam que ela é virgem e a cada leilão
informam que logo irá a leilão uma virgem. Com isso gerou um boca a boca
entre os malucos que participam disso, valorizando mais a “mercadoria”. Sua
irmã é linda, jovem e tem um porte físico típico do seu país... Ela vale muito.
— Principalmente para mim.
— Então amanhã vão leiloar a virgindade da minha irmã? — Laura
diz com o rosto molhado pelas lágrimas e o semblante desolado.
— Eu não tinha certeza se era a sua irmã, mas agora não tenho
nenhuma dúvida sobre isso. Estou embarcando em uma hora e vamos
estourar o local.
Graças a Deus que de Nova Iorque para Toronto são menos de duas
horas de voo. Encontrei-me com Taylor no aeroporto e fomos para a sede da
sua empresa, lá nos aguardavam representantes de uma ONG voltada para
tráfico humano, representantes da Interpol entre outros. Decidimos ir hoje
mesmo para uma casa relativamente próxima ao local onde estão os
traficantes, observaremos a certa distância até o momento de agir.
A casa ficava em uma região afastada cinco horas de carro da capital.
Passamos todo o trajeto arquitetando a invasão, ao todo somos em mais de
oitenta pessoas, entre homens e mulheres. Depois de tudo organizado e muito
bem montado, é só aguardar.
Na manhã seguinte ligo para Laura tranquilizando-a. Percebemos
alguns movimentos suspeitos, muitos carros e até mesmo helicópteros, a
princípio parece ser uma festa para pessoas muito ricas. Com o cair da noite a
coisa vai se modificando, podemos ver muitos homens armados fazendo a
guarda da casa e o movimento já cessou, as luzes estão todas acesas e os
convidados acomodados dentro do imóvel imponente no meio do nada. A
região é de floresta e tem muita neve, isso mais atrapalha do que ajuda. O
melhor é que não dá para fugir na neve.
É chegada a hora. Vamos invadir.
PARTE TRÊS
POR POLYANA
Frio, sinto muito frio, parece que meus ossos têm vida própria de tanto
que tremem. Ainda sonolenta observo o local, estou deitada em um
colchonete fino e desconfortável. Olhando em volta vejo as meninas que
estavam comigo no cativeiro, algumas já acordadas e outras ainda
desmaiadas, permanecemos em silencio e apenas observando sem coragem
de nos mover.
Contei em silêncio, ainda eram dezenove meninas. Agradeci a Deus por
nenhuma ter morrido no trajeto para... Sabe-se lá onde estamos. Algum
tempo depois, com todas já acordadas nos abraçamos e exploramos o local.
Acho que estamos em um porão, não há janelas e a ventilação vem de canos
presos ao teto, o chão e as paredes são de concreto e a temperatura é muito
baixa. Ao fundo tem um banheiro sem porta, uma escada que dá acesso a
uma porta trancada e em baixo da escada algumas caixas de papelão com
cobertores cheirando a mofo.
Estamos deitadas todas juntas para nos aquecer, quando a porta se abre
e entra um dos capangas, não me dou ao trabalho de olhar o seu rosto, nestas
duas semanas aprendi a temê-los. Ouço os passos pesados na escada de
madeira, meu coração acelera quando sinto sua presença ao meu lado, quando
acho que vou ser pega por ele... Kate é puxada pelo braço e arrancada do
nosso meio.
— Você vem comigo. O chefe vai te avaliar, reze para ser aceita ou
será morta. — O homem diz isso arrastando Kate escada à cima até
desaparecer.
— O que será que ele vai fazer com ela? Meu Deus eu preciso sair
daqui. Socorro, socorro!!!! — Grita uma das meninas que foi trazida depois
da morte da Dalila. É como se fossemos divididas em grupos. Nós cinco que
chegamos primeiro somos mais unidas, as recém-chegadas são mais rebeldes
e distantes, sempre apanham mais.
— Cala essa maldita boca! Não percebe que fugir é impossível?
Precisamos nos manter vivas acima de tudo. Temos família e alguém vai nos
procurar. — Fala Sheron enfurecida com o showzinho da novata.
Uma hora depois Kate retorna de banho tomado e com roupas limpas.
Assim que termina de descer as escadas ela corre para o nosso grupo e se
agarra conosco como se pudéssemos aliviar a sua dor.
— Foi horrível!
— O que eles fizeram Kate? — Pergunto apreensiva.
— Tem um homem, também dos olhos puxados, ele é o tal “chefe”.
Levaram-me para uma espécie de escritório e fiquei trancada com ele. — Ela
faz uma pausa tentando cessar as lágrimas. — Ele me obrigou a tirar a roupa
e fez fotos minhas nua. Obrigou-me a... — Ela simplesmente não consegue
continuar e nós já entendemos o restante.
Isso volta a acontecer com todas as meninas, uma a uma são levadas
para a escada. Só falta eu. A porta se abre e do topo da escada um homem
grita.
— Vem loirinha. — Por um segundo procuro uma forma de não ir.
Tento não entrar em desespero, tento manter a calma sem sucesso. Não
consigo subir a escada, minhas pernas estão moles e sem vida. — Se eu tiver
que ir te buscar vai subir de baixo de porrada.
— Vai Polyana. Lembre-se, temos que nos manter vivas. — Olho
para Sheron e dou o primeiro passo rumo à escada.
O corredor é luxuoso, não se parece em nada com o porão onde estava
há pouco. O chão é de madeira brilhante e tem muitos quadros nas paredes.
Subimos por uma bela escada, as cortinas estão fechadas e não consigo
identificar onde estou. Paramos diante de uma bela porta de madeira, o
capanga bate duas vezes na porta e abre.
— Chefe, tá aqui a loirinha brasileira.
— É a última? — Pergunta o homem branco, com os olhos puxados e
o cabelo longo, preso em um rabo de cavalo que atinge o meio das costas.
— Sim senhor. — Dito isso ele sai, deixando-me sozinha com o
“chefe”.
Permaneço de pé completamente imóvel. Um frio percorre a minha
espinha chegando até a nuca, minhas mãos estão tremendo. O homem anda
em torno de mim avaliando-me descaradamente. Lágrimas escorrem pelo
meu rosto, mordo minhas bochechas tentando segurar o grito de desespero
preso um minha garanta.
— Tire toda a roupa. — Sua voz é firme e ameaçadora. Não tenho
reação, só quero que isso acabe. —Não vou repetir loirinha. — Não consigo
fazer, apenas choro.
Sou surpreendida por um soco no estomago, caio de joelhos gemendo
de dor com as mãos no local da pancada. O chefe saca uma arma, abaixa-se
diante de mim e coloca-a na minha boca. Conforme ele vai levantando eu
faço o mesmo com o cano de metal entre meus lábios. Engasgo com a
respiração e as lágrimas, meus olhos estão arregalados para o homem à minha
frente.
— Tire a roupa agora. — Rapidamente desfaço-me das roupas. —
Ótimo, agora estamos nos entendendo. Tenha em mente que desafiar-me será
o seu pior erro, não queira me ver com raiva.
Enquanto a arma descansa sobre meu ombro, a mão direita apalpa os
meus seios, belisca meus mamilos de forma dolorosa e segue apalpando todo
o meu corpo. Quando atinge o meio das minhas pernas perco o controle e me
desespero.
— Pelo amor de Deus, não. — Imploro.
— Abre as pernas sua putinha. Vai ser pior se eu tiver que chamar
meus homens para te segurar.
— Não, não... Por favor, não faz isso comigo. — Grito e choro ao
mesmo tempo.
— Abre essa porra! — Ele grita e bate com a arma em minha coxa.
— Isso mesmo. Já deve ter dado muito essa boceta por ai.
— Eu sou virgem.
— Não é possível. Se estiver mentindo vou te comer na porrada
garota. — Ele fala segurando meu rosto tão apertado que chega a machucar.
— Não estou.
— Deita sobre e mesa e abre bem as pernas... AGORA!
Faço o que ele manda. Ao invés de violentar-me como pensei, ele
abaixa entre as minhas pernas e abre os lábios da minha vagina, não faz a
menor questão de ser delicado ou ter cuidado com a parte sensível do meu
corpo. Coloca os dedos dentro de mim e retira rapidamente.
— Esta com sorte. Vai ser uma peça rara e cara. — Sou levada para o
porão depois de tirar algumas fotos. Pouco depois da minha entrada, a porta
se abre e por ela passam o chefe acompanhado de muitos homens.
— Todas estão à disposição de vocês. Lembre-se que não podemos
perder mais nenhuma, chega de baixas no meu estoque. A única proibida é a
loirinha, quem tocá-la vai pagar com a vida.
O tempo passa arrastado e sofrido. No dia seguinte à nossa “inspeção”,
Kate foi levada por um dos homens e não voltou mais. Dia a dia chegavam e
sumiam outras garotas, todas as noites percebíamos um movimento e vozes
de homens. Um dos seguranças, o que adorava perturbar nosso psicológico,
disse que todas seriam leiloadas para servir de escravas sexuais a homens
muito ricos e de gosto duvidoso.
Todas as meninas eram violentadas, às vezes eram levadas para fora do
porão, mas quase sempre isso acontecia na frente de todas. Acho que faziam
isso para destruir a autoestima e o amor próprio de cada uma.
Fui levada diversas vezes para a sala do chefe. Sempre era obrigada a
tirar a roupa e posar para ele. Uma vez obrigou-me a chupá-lo, não aguentei
de novo, o gosto era amargo. Queria morrer naquele momento, nada me faria
mais feliz. Foi impossível segurar o bolo que subiu pelo meu estômago e
vomitei em cima do membro flácido do homem que me aterrorizava.
— Sua puta. Olha o que fez comigo. — Segurando meu cabelo ele
esfrega meu rosto sobre seu pênis e suas coxas vomitadas. Caio no chão
recebendo chutes em meu estomago. Nunca imaginei que alguém pudesse
apanhar tanto. Tive certeza que não sobreviveria.
Isso se repetiu diversas vezes. Presenciei coisas horríveis, vivi
momentos aterrorizantes até o dia do meu leilão.
Fui levada para um dos quartos no segundo andar. O chefe manda que
eu tome banho e vista o que está em cima da cama, sou instruída a ficar
bonita. No banheiro tem produtos femininos e maquiagem. Finalmente tive a
chance de olhar por uma das janelas e o que vi me chocou. Estamos em um
local coberto por neve, arvores altíssimas em forma de pinheiro rodeavam a
propriedade, mas nada me deixou mais apavorada do que perceber o
isolamento total em que me encontrava.
Já era noite quando fui conduzida ao salão principal da casa. As luzes
estavam todas acesas e vozes masculinas ficavam cada vez mais perto, mais
altas e assustadoras aos meus ouvidos. Meu plano já está montado em minha
cabeça, vou permanecer quieta e obediente e quando for levada pelo meu
comprador vou fugir no trajeto. Não me importo de saltar do carro ou acertá-
lo com algo pesado na cabeça para escapar, mas eu vou escapar e procurar
por ajuda.
Assim que entro no salão principal meu corpo congela, são muitos
homens, um número impressionante deles. Sinto-me uma vaca de exposição,
todos estão me olhando com de forma cobiçosa e faminta, fazem comentários
entre si e voltam a olhar-me.
Sou colocada em uma espécie de palco com uns dois palmos de altura,
em volta tem cadeiras onde se sentam os possíveis compradores. O leilão
começa com um lance de cem mil dólares, este valor vai subindo à medida
que a competitividade aumenta entre eles que parecem estar se divertindo
muito.
Estou petrificada, permaneço olhando para o chão, escuto conversas em
vários idiomas diferentes e não compreendo a maioria. De repente as luzes se
apagam e uma fumaça branca e ardida toma conta do ambiente. Muitos tiros e
correria, um laser vermelho corta a fumaça. Só consigo pensar em me
esconder e escapar dos tiros.
PARTE QUATRO
POR TREVOR
Tive que respirar fundo quando contou que os homens batiam nela
para que se comportasse. Contou que passou semanas em um quarto sem
janelas. Foi categórica em dizer que não mantiveram relações sexuais com
ela, mas lambiam e mordiam suas partes íntimas com a intensão de humilhá-
la. Tentei sair da sala por não aguentar mais ouvir aquilo, mas ela segurava
minha mão como se eu fosse o único em quem confiava.
Não consigo entender como um homem pode ficar de pau duro vendo
medo nos olhos de uma mulher, ela é tão linda que meu instinto de protegê-la
me faz irracional, tenho vontade de arrancar as bolas do infeliz que a
machucou e fazê-lo comer.
— Poly, você conta quando achar que deve. Não vou falar nada. Ok?
— Elas têm dois anos de diferença. Isso significa que você não está
muito diferente de mim... Pedófilo.
O almoço foi muito bom, foi estranho comer esse feijão brasileiro,
não estou acostumado com isso, mas estava bem gostoso. Polyana finalmente
comeu de verdade, Laura manteve o clima alegre e descontraído.
— Trevor você vai ficar aqui não vai? — Polyana pergunta indo para
o quarto com a irmã.
— Claro que ele vai. Rudy arrume um lugar para o Trevor dormir,
daqui a pouco voltamos para uma sessão de filme com pizza.
Sem palavras, foi assim que me senti quando meu amigo me contou
seu segredo de como conheceu a Laura e como ela, ou melhor, porque ela
engravidou. Eu sei que ele é o saco de pancada do pai, mas isso foi além do
imaginável, estou... sei lá, estou sem saber o que pensar.
— Não era mais fácil engravidar alguma outra mulher, uma das suas
peguetes?
— Devia ter ido pelo caminho normal então. Sei lá, a chamado para
sair e essas coisas.
— Sério! Você está meio velho pra isso cara, seu pai é o pior sujeito
que eu conheço, ele tem prazer em humilhar as pessoas.
— Ele vai morrer e você vai perder sua família, por ser tão
complacente com os desmandos dele.
Nunca imaginei que ficaria de pau duro vendo uma mulher comendo,
ela coloca a comida na boca com tanto desejo que me perco na imagem,
quando o shoyo suja seus lábios a língua desliza por eles limpando e sugando
o molho.
Mensagem recebida
Aposto que já está de pau duro, tira o olho da boca da menina, pedófilo.
KKK
Mensagem enviada
(...)
— Não precisa. Ninguém sabe nada de mim aqui, quero chegar normal
como todo mundo.
— Assim.
Finalmente Trevor segura o seu pescoço e beija sua boca da forma que
desejou por todo esse tempo. Começa devagar, quase pedindo permissão para
continuar, morde seus lábios e suga com delicadeza. Percebendo que ela se
entregou, ele intensifica o beijo e aprofunda sua língua sondando todos os
cantos da sua boca, conhecendo o terreno tão desejado. Depois de muitos
minutos ele à solta e olha apreensivo, esperando sua reação.
— Tive medo que me rejeitasse. Você não tem ideia de como sonhei
com esse beijo.
POR POLYANA
(...)
Estar com Trevor é uma delícia, tudo nele é uma delícia. Somos
completamente diferentes, ninguém entende como estamos juntos, mas é isso
que não nos faz cair na rotina, é isso que deixa esse frio na barriga, essa
vontade louca de nos encontrarmos e beijarmos até a boca doer.
O ciúme é um grande problema, meu namorado é o homem mais
ciumento do planeta. Todos os dias ele me busca na faculdade, algumas vezes
ficamos na casa dele trocando carinhos e carícias mais intensas e outras
vamos para a minha casa e ficamos com a Laura. Minha irmã está muito
abatida com o fim do seu relacionamento com o asno do meu ex cunhado.
Hoje é quarta-feira e neste dia meu horário na faculdade estende-se até
o fim da tarde, Trevor odeia as quartas, na verdade ele odeia a faculdade. O
pior é a implicância com Marissol, uma amiga muito querida da minha turma,
tão maluquinha quanto eu... Dizem as más línguas.
Quando estou saindo, Rafael me oferece uma carona para casa e não
vejo nada de errado em aceitar. Caminhamos até o seu carro, conversando
animadamente sobre coisas do curso, ele abre a porta para mim e coloca a
mão na minha cintura de forma um pouco mais íntima para eu entrar no
carro. Neste momento uma voz grave me faz gelar.
— Se você gosta do teu braço, tira essa pata da minha mulher. —
Rafael levanta os braços como se estivesse sendo revistado.
— Opa! Que isso amigo. Não tem nada não, era só uma carona
inocente. — Diz assustado.
— Não sou seu amigo. Jamais coloque as mãos nela, ela tem dono e
eu não sou nada amigável. Vamos embora Polyana.
— Trevor, não precisa agir assim. Credo! — Tento conversar
enquanto sou rebocada para o carro dele. Vamos até a sua casa sem trocar
uma palavra.
Subo com um bico enorme. Não acredito que ele fez isso comigo na
frente do meu colega de sala. Amanhã todos vão comentar sobre o meu
namorado troglodita. Estou morta de raiva, minha vontade é de terminar com
ele para deixar de ser tão idiota. Assim que entramos no apartamento ele me
pega pela cintura e cai comigo deitado no sofá.
— Me larga, Trevor, eu estou com raiva. — Tento sair dos seus
braços, mas fica difícil com um homem de cento e vinte quilos em cima de
mim, não tenho nem setenta.
— Eu devia ter arrebentado aquela lombriga loira por encostar em
você Cabritinha. Tenho certeza que estava louco para descer mais aquela
mão.
— Não sou cabrita coisa nenhuma, seu idiota. Me larga! — Grito
para ele me soltar, mas é inútil.
— Estou ficando maluco de saudade minha Cabritinha, me beija.
Agora.
Não consigo resistir quando ele começa com essas ordens, cheio de
desejo, sua postura de macho dominante me desconcerta. No dia a dia ele é
delicado e amoroso comigo, mas quando estamos a só nos agarrando ele
muda completamente.
Nosso beijo vai se intensificando a medida que as mãos dele vão me
trazendo para mais perto. Puxo seus cabelos tentando controlar o desejo e a
vontade louca de ser consumida por ele, cada dia isso aumenta. Já tem um
mês que estamos juntos e ainda não transamos, trocamos muitas carícias e
cada dia elas estão mais íntimas.
Sento em seu colo e rebolo sobre o volume em sua calça, gosto de
provocá-lo, adoro a sensação de poder, que isso me dá. Segurando minhas
ancas ele traz meu corpo para mais perto do seu, uma das mãos sobe pelas
minhas costelas e o polegar estimula meu mamilo já entumecido pelo calor
do momento, solto um gemido apreciando a caricia.
— Poly, você está me matando aos poucos. Preciso de mais, qualquer
coisa Poly... Me dá mais. — Sem pensar tiro minha blusa, estou sem sutiã e
meus seios saltam diante dos seus olhos. O olhar ganancioso toma conta do
seu rosto e um dos mamilos é abocanhado com uma fome dolorosa.
A boca é exigente e faminta, sua língua faz círculos lentos e firmes me
levando à loucura. Minha pele se arrepia tornando tudo mais sensível. Vendo
o meu estado ele prende o broto entre os dentes puxando o suficiente para me
arrancar outro gemido, quase um grito.
Logo estamos na cama, nossas roupas já não fazem parte no caminho.
Com destreza sou acomodada na cama, ele continua atando meus seios e
desce beijando todo o meu corpo até chegar onde mais preciso de atenção.
Não me contenho de fecho as pernas, perturbada com lembranças
assombrosas de um passado não muito distante.
— Sou eu, seu namorado. Abre para mim Poly, prometo ser
carinhoso. — Com as duas mãos em minhas coxas, ele força levemente e eu
cedo.
Com muito cuidado seu rosto chega ao meu sexo e eu ofego perdida em
sensações desconhecidas. Trevor abocanha tudo de uma só vez, a língua
passeia entre minhas dobras tateando cada centímetro, reconhecendo meu
corpo como dele. Quando seus dedos trabalham para expor um ponto
latejante escondido no meu centro, sei que estou perdida.
— Trevor...
— Só aproveite o que eu te dou. Sem mais.
O polegar faz pequenos círculos em meu clitóris e logo mudam para
pequenos oitos, enquanto sua boca continua a me lamber e chupar sem
piedade até que estou gemendo completamente fora de mim.
Quando volto ao planeta terra, Trevor está me olhando com um sorriso
glorioso no rosto, nos beijamos e nos cheiramos com carinho. Ele se
posiciona entre minhas pernas e seu pênis encosta na minha entrada
encharcada pelo orgasmo anterior, mas não tem jeito, eu travo
completamente.
— Não... Por favor, não. — Digo angustiada.
— Eu não vou machucar você meu amor. Vamos tentar e se não der
paramos.
— Por favor, não me obrigue a fazer isso. — Já estou chorando e
nem sei como comecei.
— Ei! Claro que não vou te obrigar a nada, acalme-se. Vem deita
aqui, está tudo bem.
Deito-me em seu peito ainda com a respiração ofegante e o corpo
tremendo. Pode parecer frescura, mas eu não consigo.
PARTE SETE
POR TREVOR
POR POLYANA
POR TREVOR
— Diga.
— Diga.
— É uma clínica de aborto senhor. — Ele fala sério, mas soa tão
baixo que quase não acredito, desligo o telefone e acelero desesperado.
Ela não faria isso comigo, minha cabritinha jamais faria isso comigo.
Ela sabe que eu vivo babando na barriga da Laura. Não posso acreditar que
ela tenha feito isso com o meu filho, ela me ama e eu sou completamente
louco por ela. Deus, que isso não seja verdade.
— Me diz que você não veio nesse lugar para tirar o meu filho. Pelo
amor de Deus, me diz que você não fez isso comigo Cabritinha. — Clamo
para que ela negue.
— Negue Polyana, pelo amor que você diz sentir por mim, negue. —
Sem dizer nada ela apenas chora. — Você não pode ter feito isso, eu tinha o
direito de opinar. Você poderia ter me contado... Meu Deus, era tudo que eu
queria, um filho nosso. — As pessoas passam nos olhando, não consigo me
controlar e estou gritando com ela, sacudindo seu corpo. Meu choro sai sem
que eu perceba. Como alguém que me ama pode me matar dessa forma?
— Você matou o meu filho e vem falar sobre planos? Você matou
uma parte de mim que estava dentro de você, uma vida que fizemos enquanto
nos amávamos, enquanto eu adorava o seu corpo e a sua existência. Ele tinha
direito à vida! — Ela se contorce com meu aperto que já é muito forte em seu
cabelo, percebo que estou muito perto de perder a minha razão.
— Eu passei por cima de tudo Polyana. Esperei três meses para ter
você como mulher, fui paciente, entendi todas as suas infantilidades. Mudei
minha rotina de trabalho, minha vida toda por você e para você. Para que eu
fiz isso sua louca? Para você arrancar meu filho de dentro de você, como se
ele fosse uma praga, uma erva daninha? Se você soubesse o quanto eu sonhei
com esse dia. Eu não sou um moleque Polyana, eu tenho quarenta anos, sou
um homem que já realizou tudo que queria e só faltava isso para me
completar.
— Você não entende, eu não posso fazer isso... Droga eu tenho uma
vida pela frente, não posso me privar dos meus sonhos por isso. — Eu não
queria falar na frente dos outros, mas quando ela chamou meu filho de
“isso” eu já não me importo mais.
— Isso, a que você se refere era o meu filho, que você MATOU? — A
última palavra sai desesperada. Meu amigo e minha ex cunhada olham para
Polyana atônitos, mas como sempre ela só chora, como se isso fosse trazer
meu filho de volta.
— Então ela tirou mesmo o bebê? Como você soube disso, ela falou?
— Ela... Não, ela não chegou a dizer com todas as letras que fez, mas
também não negou.
— Eu vou te falar uma coisa, mas não quero que faça nada. Nós
estamos bebendo há muito tempo e o álcool é um péssimo conselheiro.
Promete esperar amanhecer para fazer qualquer coisa.
— Nada que venha daquela casa me interessa, quero mais é que ela se
exploda.
— Você disse que ela não falou para você com todas as letras que
tinha feito o aborto não é? — Mas que porra! Aonde ele quer chegar com
isso?
— Mas não negou, quem cala consente. Esqueceu que trabalho com
investigação? Sei quando alguém é culpado de um crime.
— Não entendo aonde você quer chegar, desenha para mim, por
favor. — Tento rir da minha piada sem graça, mas hoje não estou para
sorrisos.
— Ela foi sim, fazer o aborto, mas não teve coragem. Quando você a
encontrou ela estava no dilema de te ligar para contar, mesmo com medo da
sua reação ou seguir com o plano de tirar o bebê.
Céus! Meu filho ainda está dentro dela, ele não está morto. Fico
tentando me lembrar se a machuquei ou fiz algo que possa prejudicar o nosso
bebê, lembro-me de sentar em sua pélvis mas não coloquei peso.
Quero rir, quero chorar. Quaro matá-la, por me fazer sofrer tanto e
quero morrer, por ter sido tão duro com ela, poderia ter colocado a vida do
nosso filho em risco.
Preciso pensar...
PARTE DEZ
POR TREVOR
Assim que o dia clareou, vou para a casa da Polyana, refleti sobre o que
aconteceu a noite toda e do jeito que está não podemos continuar. Por mais
que meu amor seja infinito, eu não vou lutar sozinho.
— Tudo bem Laura, você não tem culpa do egoísmo da sua irmã.
Posso entrar?
(...)
— É mesmo. Nossa nunca pensei sentir algo tão forte, parece que vou
estourar de tanta felicidade.
— Por que quer. Sua cabritinha está lá dentro com o seu filho no
ventre. Você está a visão da derrota, esquece tudo e toma a sua família para
você.
— Não sabia que tinha encontrado a paz... Olhando daqui parece estar
no inferno.
(...)
O inferno seria mais aconchegante que isso. Minha vida está uma
merda sem ela, parece que falta um pedaço do meu corpo. Fui visitar
Valentina como desculpa para vê-la, ainda não há sinal de barriga, muito pelo
contrário, ela até emagreceu. Fico preocupado com isso. Liguei para Dra.
Mônica para saber da consulta e ela me disse que é normal perder peso nas
primeiras semanas, disse que Polyana está com sérios problemas de enjoo e
por isso está perdendo peso. Hoje o Sr. Leonel sairia do hospital e Rudy me
avisou que vai pedir Laura em casamento, já não era sem tempo. No fim da
noite resolvo ligar para ele e perguntar sobre Polyana.
— Fala Trevor.
— Eu não a vi, sei que está lá porque a Laura foi dar boa noite para
ela. Por que você mesmo não vem aqui? Sério, não aguento mais isso. Você é
totalmente insano pela garota e fica aí se fazendo de forte.
— Não estou sendo forte. Mas ela tem que aprender que tudo tem
consequências.
POR POLYANA
Chega! Não aguento mais isso, eu já aprendi tudo que tinha para
aprender. Não quero mais ficar sem ele, não aguento mais ficar longe. Se ele
queria provar a sua importância, ele conseguiu. Nada mais faz sentido, falto
mais as aulas do que vou, me afastei de todos os meus amigos e só faço
chorar e vomitar dia e noite.
— Nossa é incrível. Gostaria de ter ido. — Ele está triste por ter se
afastado.
— Está excitada.
— Eu larguei a faculdade.
— Meu sonho é ser sua mulher. Não aguento mais ficar longe Trevor,
preciso de você comigo. Só me diz, o que eu tenho que fazer e eu faço.
— Quero que procure uma casa grande, com quintal e espaço para
nossos filhos. Quero que se case comigo e exijo mais filhos. Nunca imaginei
que grávida você ficaria tão dócil... Vou mantê-la assim.
— Onde eu assino?
FIM.
SOBRE A AUTORA
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