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Introdução p.3
Conclusão p.13
Bibliografia p.14
Introdução
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Arte Pública in Situ
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A humanização do metro
5
A exposição de obras
de arte no metro
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O Metro de Lisboa como local
de exposição de arte
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Maria Helena Vieira da Silva
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Vieira da Silva regressa a Portugal primeiro que o marido, retido
pelos seus compromissos académicos, tendo Vieira da Silva começado a ser
reconhecida na Europa, comprando-lhe o estado francês La Partie d’échecs,
um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus,
realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros,
cenários para peças de teatro expõe em todo o mundo e ganha o Grande
Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e no ano seguinte, o Grande Prémio
Nacional das Artes, em Paris, atribuído a uma mulher pela primeira vez. Ten-
do naturalidade francesa desde 1956, depois de várias condecorações, em
1979, foi-lhe atribuída Legião de Honra francesa. O seu reconhecimento em
Portugal será feito pela novel Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe ad-
quire vários trabalhos, promove e divulga a sua obra. Mais tarde, será a Gul-
benkian a promover a instalação do Museu Arpad Szenes e Vieira da Silva,
inaugurado a 3 de novembro de 1994. Maria Helena Vieira da Silva e Árpád
Szenes formaram uma das parelhas mais criativas do século XX na pintura.
A morte de Szenes, em 1985, faria com que, após a queda do co-
munismo na Hungria, Vieira da Silva tomasse a iniciativa de criar a fundação
“Árpád Szenes-Vieira da Silva”, com vista à formação das novas gerações
de artistas e à investigação. Apesar da artista permanecer em Paris, não
abdicaria das suas raízes geográficas, sendo responsável, entre outras inter-
venções, pela decoração da estação de metro da Cidade Universitária, em
1988, a partir do recurso aos azulejos.
Vieira da Silva faleceria sete anos depois, em 1992, com 83 anos.
Não assistiria ao nascimento da sua fundação, que, até hoje, alberga grande
parte do seu repertório, assim como do seu marido.
Maria Helena Vieira da Silva notabilizou-se, assim, com a sua arte
pictórica, com muito espaço para a investigação dentro da própria criação.
Por um lado, a apresentação e utilização da geometria e da conversa en-
tre planos, perspetivas e linhas difusas, embora sempre com uma realidade
pensada. Noutra perspetiva, a sua obra apresenta uma busca crescente para
chegar mais longe, numa intimidade quase fechada ao exterior. A sua arte
é uma arte do dia-a-dia, compreendendo ainda figurações vanguardistas e
modernistas. Uma arte que, por mais pessoal que seja, tornou-se um diálo-
go entre as diversas visões sobre o que é o real.
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A estação da cidade universitária
e os seus azulejos
O painel “Le Métro” constitui o elemento central de toda a inter-
venção plástica desta estação, é uma transposição para azulejo, por Manuel
Cargaleiro, de um guache de Vieira da Silva datado de 1940 inicialmente
denominado “Abrigo Anti-Aéreo”. Esse guache é hoje propriedade do Met-
ropolitano de Lisboa que o cedeu para figurar na exposição permanente do
museu da Fundação Arpad Szènés-Vieira da Silva. Trata-se de uma obra do
período em que a pintora viveu no Brasil, durante o qual o terrível conflito
que se vivia na Europa influenciou de forma decisiva a sua produção artísti-
ca, parte do ciclo criativo dos temas de pânico.
O painel “Le Métro” representa um aglomerado de pessoas que
se refugiaram no metropolitano de Paris para escapar aos bombardeamen-
tos. Vieira da Silva procurou retratar simbolicamente uma multidão em diver-
sos movimentos e dinâmicas. Esta é assim uma multidão anónima onde, no
entanto, colocou algumas figuras que se podem identificar. Algumas destas
figuras seriam: uma figura vestida à maneira do Renascimento, talvez Damião
de Góis, outra, envergando uma toga clássica, talvez Sócrates de quem citou
uma frase colocada em diversos outros locais da estação, outra ainda, um
personagem com uma máquina de escrever, que segundo o seu biógrafo
Guy Weelen, seria Mário de Sá Carneiro de quem a artista, enquanto pintava,
recordara um verso (“Via o meu braço valsar nos salões do vice-rei”).
No topo superior esquerdo o autorretrato de Vieira frente ao
de Arpad. O painel está assinado com o “petit-nom” que Arpad carinhosa-
mente lhe tinha dado Bicho- com o qual, durante um período da sua vida,
assinou algumas obras. A composição encontra-se estruturada num fundo
de malha quadrangular, a sugerir por si só um painel de azulejos, a noção de
fragmentação é usada para acentuar a enorme coerência estética.
Quase toda a restante criação plástica da estação deriva deste
painel central. Algumas das figuras foram destacadas e colocadas isolada-
mente ao longo dos cais, também foram retiradas pequenas figuras tais
como peixes, sóis, punhais, letras, que foram agrupadas em paineis de azu-
lejos, como figuras avulsas. Nos topos das plataformas surgem paisagens
urbanas de pendor abstratizante, manchas de casario denso, representando
os bairros antigos da cidade.
Duas frases aparecem, ao longo dos cais e ao longo dos espaços
de ligação, dizendo: “Não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão
do mundo” de Sócrates e “Se eu não morresse nunca! e eternamente bus-
casse e conseguisse a perfeição das coisas!” de Cesário Verde. Estas frases
dizem muito do seu percurso existencial, da sua atitude perante a vida e da
intensa exigência para com o seu trabalho.
No espaço do átrio das bilheteiras e corredores de acesso,
grandes corujas e olhos, símbolos do Conhecimento, da Sabedoria e da
Razão em ligação temática com o local, sendo os grandes olhos uma con-
stante morfologia usada por Vieira da Silva.No exterior da estação, encon-
tra-se um painel que representa Lisboa antiga, que foi doado à cidade no
trigésimo aniversário do Metropolitano de Lisboa.
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Análise do painel de azulejos
Este Painel de azulejos dePadrão, do género figurativo abstra-
tizante, de 1970, da referida artista Maria Helena Vieira da Silva, possui um
padrão formado por diversos elementos, que partem do já referido painel
central da estação da Cidade Universitária do Metropolitano de Lisboa. Es-
tes elementos são simples e geometrizados, com desenhos lineares e facil-
mente reconhecíveis na sua simplicidade.
São caracterizados por uma pintura manual, sendo central a fig-
ura de um animal de gado no plano central, sendo este o elemento com img1. Foto aproximada do painel
maior figuração, com três elementos ao seu redor num padrão de repetição: (imagem própria)
um jarro, um sol e uma sardinha, circunscritos por um círculo amarelo, e por
um quadrado azul-escuro, assim como dois azulejos pintados a verde-água,
com os restantes deixados num branco-amarelado. Os principais óxidos uti-
lizados na realização dos azulejos serão o óxido de manganês (MnO2), na
obtenção da cor preto; o óxido de ferro (Fe2O3), para os tons acastanhados
e avermelhados, o óxido de cobre (CuO), na obtenção dos verdes; assim
como o óxido de cobalto (CoO), na obtenção dos azuis. Todo o azulejo é
envolto por um vidrado transparente, que começa a difundir um pouco as
cores originais, com um leve tom amarelado na maioria destes. Apesar dis-
so, o estado de conservação é bom.
As peças foram produzidas na Fábrica de Cerâmica da Viúva
Lamego, de Lisboa, com a provável utilização da técnica da estampilha. Estes
azulejos ocupam uma área de 2,72 m, com 16x16cm de ocupação por azulejo.
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Breve memória descritiva
do projeto elaborado
O projeto foi desenvolvido com o objetivo de criar uma nova for-
ma visual para as figuras que empregam os azulejos da cidade universitária,
mostrando o dia-a-dia corrido que passa por elas, muitas vezes sem o aper-
cebimento da sua presença por parte do público, mas lhes confere sempre
uma presença subjacente ao espaço, seja essa presença percetível ou não.
As animações colocaram as figuras em movimento, ao numa possível narra-
tiva alternativa para aquelas figuras, e qual seria a possível interação entre as
mesmas no mundo figurativo e narrativo. Esta ideia de fantasia é transposta
também pelos próprios azulejos já presentes na estação, mantendo o imag-
inário aceso mesmo durante as alturas mais críticas do quotidiano de uma
rede de metropolitano numa grande urbe.
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Conclusão
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Bibliografia
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Testamento
Vieira da Silva