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Universidade Anhembi Morumbi

ARQUITETURA EFÊMERA
COMEMORATIVA NO CENTRO
HISTÓRICO COMO VALORIZADORA DO
ESPAÇO PÚBLICO E DO PATRIMÔNIO

Laura do Amaral Rodrigues


Orientador: Gerson Moura Duarte
São Paulo, 2022
Arquitetura efêmera comemorativa
no centro histórico como valorizadora do espaço
público e do patrimônio

Laura do Amaral Rodrigues


Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Universidade Anhembi Morumbi
Orientada por Prof. Gerson Moura Duarte
São Paulo 2022
A 100
passos de
1922

s. Paulo
2022
O tempo é efêmero,
no momento em que se nasce,
já se começa a morrer,
ser é apenas uma face do não
ser.
Ricardo Cassiano
Agradecimentos

Aos meus pais, que sempre apoiaram minhas decisões, acompanharam minha jornada
acadêmica e sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos.

À meu companheiro Rafael que me fortalece todos os dias, nos bons e maus momentos, que
me conforta, apoia e me incentiva a ser sempre melhor,

Aos meus amigos que me alegram, me escutam e me aconselham.

Aos professores que me acompanharam e me auxiliaram nesse caminhar, Mariana de


Souza Rolim, Tânia C. Silva e Gerson Moura Duarte.
Resumo

O presente trabalho apresenta uma investigação acerca de como a arquitetura


efêmera, quando implementada em locais públicos, pode valorizar através de sua
adaptabilidade e possibilidades, o diálogo com os espaços de coletividade e com o
patrimônio cultural. Para tanto, são contextualizados os temas, de forma que
estuda-se as definições e possibilidades da arquitetura efêmera, se analisa as
características físicas e sociais do espaço público o relacionando com o patrimônio
cultural e sua importância para a memoria coletiva de uma população e
identidade de lugar. A partir do estudo, é manifestada uma proposta de
intervenção baseada em explorar a fusão de conceitos de maneira a se
complementarem em uma só ação. A implementação de arquiteturas efêmeras nos
espaços públicos do centro histórico da cidade de São Paulo celebra o centenário
da Semana de Arte Moderna de 1922 evidenciando edificações e localizações
marcados pelos acontecimentos e personagens do evento em um percurso de nove
ações.

Palavras- chave: Efêmero; Espaço público; Patrimônio; Semana de Arte Moderna;


1922; Arquitetura.
Abstract

This paper brings a discussion regarding the ways by which Ephemeral


Architecture, when established in public spaces, may value, through its
adaptability and possibilities, the dialogue with collectivity spaces and the
cultural heritage. To do so, the themes are contextualized, so that the definitions
and possibilities of Ephemeral Architecture, the physical and social
characteristics of public space related to the cultural heritage and its
importance for the collective memory of a population and the identity of a place
are studied. With this background, a proposal of intervention was developed
based on the fusion of complementary concepts in order to potentially result in a
concrete action. The implementation of Ephemeral Architecture in the public
spaces of the historic center of the city of São Paulo would celebrate the
centenary of the 1922 Week of Modern Art, putting in evidence and dialoguing
with buildings and locations marked by the events and characters of the event
in a course of nine actions.

Keywords: Ephemeral Architecture; Public space; Heritage; 1922 Week of Modern


Art.
Índice de Figuras

1 e 2 Palácio de Cristal em Londres – 1851 Pg. 6


3. Torre Eiffel em Paris – 1889 Pg. 7
4. Pavilhão da Alemanha em Barcelona– 1929 Pg. 8
5 e 6 Exposição Universal dos USA, New York. Pavilhão do Brasil, 1939 Pg. 9
7. Pavilhão Serpentine Gallery 2013 Sou Fujimoto. Pg. 25
8. Kensington Gardens Hyde Park Londres Pg. 26
9. Serpentine Gallery em Kensington Gardens Pg. 29
10. Sou Fujimoto no Pavilhão Serpentine Pg. 28
11. Casa NA Sou Fujimoto Architects Pg. 29
12. Pavilhao da Ilha das Artes Sou Fujimoto Architects. Pg. 30
13. Vista de cima do Pavilhão de Sou Fujimoto Pg. 31
14. Café do Pavilhão Pg. 32
15. Terraços escalonados para assentos Pg. 33
16. Estrutura efêmera e o edifico existente da Serpentine Gallery Pg. 34
17. Croqui Conceitual Sou Fujimoto Pg. 35
18. Modelo sólido do estudo inicial do Pavilhão Pg. 35
19. Estrutura de treliça Pg. 36
20. Elemento da estrutura Pg. 37
21. Discos de Policarbonato Pg. 38
22. Modelo 3d Pg. 39
23. Espaços de convivência do Pavilhão Pg. 40
Índice de Figuras

24. Pavilhão Serpentine Gallery 2013 Sou Fujimoto. Pg. 40


25 e 26 Tranmediale 14 Superestructure. Pg. 41 e 42
27. Marcação do Boston Freedom Trail Pg. 43
28, 29 e 30 Exibição Scaffolding OMA Pg. 45
31. Cartazes da Semana de Arte Moderna de 1922 Pg. 53
32. Comissão Organizadora da Semana de Arte Moderna Pg. 53
33. Desenho de Georg Przyrembel. Pg. 56
34. e 35. Desenho de Antonio Moya Pg. 56
Índice
Introdução

1. Arquitetura Efêmera ..................................................................1


1.1. Conceito Geral
1.2. Arquitetura efêmera como valorizadora do espaço público e do patrimônio
1.3. Características físicas e sociais do espaço público
1.4 Relação do espaço público e do patrimônio
2. Patrimônio .................................................................................19
2.1. Patrimônio cultural
2.2. Valor, memória e identidade
3. Estudos projetuais .....................................................................25
3.1. Estudo de Caso - Pavilhão Serpentine Gallery 2013- Sou Fujimoto
3.2. Projeto de Referência I - Tranmediale 14 Superestructure
3.3. Projeto de Referência II - Boston Freedom Trail
3.4. Projeto de Referência III - Exibição Scaffolding OMA
4. Local de intervenção .................................................................48

4.1. Localização e contextualização


4.2. Legislação, Zoneamento e Operação Urbana
4.3. A semana de arte moderna de 1922
4.4. Estudos do entorno
5. Diretrizes Projetuais ..............................................................64
Considerações Finais

Referências Bibliográificas
Introdução

A arquitetura efêmera, desde sua concepção, prenuncia seu próprio desaparecimento, uma vez
que se estabelece por um período curto de tempo em um cronograma pré definido. Em razão de
sua breve existência, as obras efêmeras dialogam diretamente com o espaço e o contexto
histórico em que está inserida, através de sua flexibilidade e adaptabilidade. A pluralidade
de atividades e vivências, além de seu aspecto fugaz, atribui à arquitetura efêmera a
capacidade em gerar espaço e forma, incentivando os instantes e espaços flexíveis, de
experimentação, interação e reflexão. Desta forma, quando inserida em um ambiente público,
potencializa a conexão com seu entorno e enriquece as relações sociais e a diversidade
cultural, democratizando o espaço.

A cidade pode ser entendida como um organismo vivo através de sua complexidade e contexto,
como um sistema interconectado a partir de um sistema de relações. Seu traçado e território
também abrigam um conjunto de obras, fatos urbanos, pertencentes à memorias coletiva, o
patrimônio cultural, além de transformar e influenciar as relações e estruturas sociais.
Entende-se que nos espaços públicos da cidade, aconteça a possibilidade de interação entre
lugares, técnicas, culturas, obras edificadas, além da reunião de relações humanas, sendo estes
palco para diálogos e vivências entre os cidadãos e objeto de estudo para a compreensão da
evolução do contexto urbano ao longo do tempo e sua identidade.
A interação social é um importante requisito em garantir o funcionamento da vida urbana,
desta forma espaços multifuncionais da cidade tem grande responsabilidade em promover o
diálogo e as manifestações culturais ressaltando a importância em resgatar os espaços
públicos da cidade.
A apropriação efêmera da cidade, é um instrumento que propõe o uso flexível dos espaços,
importante em ressignificar o espaço urbano e manter viva a memória coletiva cultural,
restaurando a harmonia entre indivíduo, sociedade e cidade.
1. Arquitetura Efêmera
1. Arquitetura Efêmera

1.1. Conceito Geral

Para contextualizar o termo efêmero em um primeiro momento pode-se refletir sobre a


definição estabelecida pelo Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis: 1. Que dura apenas um
dia; 2. Que é temporário; passageiro, transitório. (MICHAELIS)
O adjetivo efêmero se origina de duas palavras gregas: epi (sobre) e n’nemera (dia), sendo
assim, se trata de algo com caráter provisório, passageiro, com curto tempo de duração. Porém,
definir efêmero como algo com uma vida curta torna-se uma concepção relativa, sendo a
duração ligada à um referencial temporal. Quando se reflete sobre a definição do efêmero,
surge o questionamento de que nada é eterno, desta forma, a própria vida se torna efêmera.
(MONASTÉRIO)

A arquitetura pode ser a expressão do homem em sua passagem pelo universo.


Ela pode exprimir seu desejo de eternidade ou a aceitação de sua condição de
“viver aqui e agora”, duas atitudes humanas. A arquitetura efêmera e a
duradoura coexistem no tempo e no espaço vital. Assim como a terra, o homem
também não é eterno. Se considerarmos que dentro de alguns milhões de anos a
terra não existirá, podemos dizer que tanto a arquitetura quanto o homem são
efêmeros. (MONASTÉRIO, 2006. p. 9)

A mesma noção da existência de um ciclo natural da matéria, que torna todas as obras
humanas impermanentes é apresentada no texto de Paz (2009) evidenciando que todos os
elementos existentes na terra fazem parte desta cadeia de eterna transformação e
reciclagem, podendo ser curtos ou longos dependendo da percepção de tempo humana, medidas
pelo homem.
1
As transformações que ocorrem em um período de tempo longo, como transformações
geológicas que ultrapassam a própria história de existência da raça humana, podem ser
consideradas eternas por serem imperceptíveis do ponto de vista do indivíduo na escala do
tempo. No caso da arquitetura, é considerada perecível por ser perceptível ao homem e se
desfazer na escala de tempo humana.

[.. ] Constrói-se para que perdure, e se busca conservar e manter a edificação.


A premissa da arquitetura perecível é a oposta: a de que a edificação será
parte, um dia, do mesmo meio da qual vieram seus elementos. Isso implica em
uma cultura que não concentra seus esforços de perpetuação na construção,
sem a ideia de patrimônio edificado. (PAZ, 2009)

De acordo com Galiano (2011.p. 3), a arquitetura efêmera se trataria de uma obra concebida
com intuito de se estabelecer por um período curto em um lugar, desta forma todas as
arquiteturas tornam-se efêmeras, algumas mais efêmeras que as outras. Neste
entendimento, a destruição natural ou causada pelo homem, tal como o desgaste em função
do tempo determinam que existe um fim de todas as obras existentes em determinado lugar.
Contudo, no caso de algumas obras mais efêmeras, existe um cronograma pré definido desde o
início da aceitação de sua breve existência.

2
A longevidade, segundo Monastério (2006, p. 10) é evidenciada como a essência predominante
da arquitetura, contrariando a existência fugaz das edificações efêmeras. Desta forma, uma
obra temporária coloca em questão sua própria criação, de modo que prenuncia sua extinção.

Uma obra efêmera é aquela que tem a ameaça de um desaparecimento


iminente. Não se fala em desvanecimento, nem de uma morte a médio prazo,
mas da ameaça atual de um desaparecimento iminente. O efêmero é algo que
anuncia seu próprio fim e renuncia ao seu próprio presente (ESCOBAR, 1999.p.1)

Apesar de não receber o reconhecimento e atenção dado à Arquitetura de maior


permanência, o conceito de arquitetura efêmera remete aos primórdios da arquitetura na
história humana. Antes do estabelecimento da prática de agricultura, o ser humano vivia de
forma nômade, buscando caça e condições adequadas para sobrevivência; desta forma, sua
arquitetura exigia o máximo de flexibilidade e mobilidade para fácil e pratica locomoção,
sendo suas estruturas portáveis, temporárias e efêmeras.
A chegada da agricultura trouxe novas formas de pensar a arquitetura, a fixando em um só
lugar na busca de estabilidade, para o inverno e o cultivo no solo. Desta forma, a partir deste
marco, a permanência tem sido considerada fundamental no entendimento tradicional de
arquitetura. (CHAPPEL, 2004.p.3, tradução realizada pela autora)

A situação do planeta, à beira de um colapso energético e ambiental, obriga os


arquitetos a mudarem de postura frente à edificação de obras cujas funções
serão inevitavelmente substituídas, extinguidas ou transportadas de seu berço
original em um curto espaço de tempo. (SCÓZ, 2009. p. 10)

3
Traçando uma linha do tempo que começa na era do desenvolvimento da agricultura,
passando pelas transformações da era industrial, de novas tecnologias e meios construtivos,
culminando em uma contemporânea era da informação, ainda observa-se uma predominância
do entendimento de arquitetura como estrutura permanente pela sociedade. O fato da
arquitetura efêmera atrair menos atenção pode ser atrelado a longa tradição de que a
arquitetura ideal seria a permanente e duradoura. Por outro lado, com o desenvolvimento
acelerado da tecnologia, acesso rápido à informação e mudanças das percepções sociais e
ambientais no mundo, surge uma nova visão global que dá espaço a um maior protagonismo
da arquitetura efêmera, com a necessidade de propostas flexíveis para um futuro incerto.
(CHAPPEL, 2004.p.5, tradução realizada pela autora)

O recente fascínio pelas estruturas efêmeras pode ser explicado pela exploração de suas
inúmeras possibilidades, se tratando de um extenso terreno para testar inovações, aplicação
de novas tecnologias, ideias e modos construtivos. Sua grande variedade de formas,
tipologias, estruturas, que podem se traduzir em diversos usos, como estruturas
emergenciais, instalações de eventos comemorativos, instalações lúdicas, pavilhões
temporários, entre outros. (CUTIERU, 2021)

A modernidade exalta o efémero como uma expressão de transformações


técnicas e sociais e utiliza pavilhões de exposições internacionais como
laboratórios e manifestos de um mundo em mutação, usufruindo da sua breve
vida para celebrar estas mudanças e as suas formas provisórias para explorar
novos territórios. (GALIANO appud CARNIDE, 2012. p. 22)

4
Conforme explica Monastério (2006, p. 13) “A construção de ambientes voltados a exposições
e eventos surgiu na Idade Moderna como resposta à necessidade de satisfazer visualmente à
aristocracia burguesa, que adotara a filosofia clássica difundida pelo Renascimento por todo
continente europeu.”
Ainda segundo a autora, a partir da era industrial, as inovações tecnológicas possibilitaram
uma maior abertura para grandes feiras de negócios e exposições mundiais, com o intuito de
celebrar a modernidade e difundir novos meios de construção, tendências, estruturas,
materiais e ideias.

É em meio a tais transformações que ocorre em 1851 a Exposição Mundial de Londres, onde
um ícone da arquitetura, O Palácio de Cristal (Fig.1) é projetado pelo arquiteto Sir Joseph
Paxton e pelos engenheiros Fox e Henderson. Criado com o intuito de ser desmontado e
reaproveitado após a exposição, o Palácio refletia toda a exuberância do Império Britânico e
tornou-se um marco nas feiras internacionais, sendo considerado um dos maiores edifícios
pré fabricados da época. (MONASTÉRIO,2006)

5
Figura 1 Palácio de Cristal em Londres – 1851 Fonte: https://tpventos.com.br

Figura 2 Palácio de Cristal em Londres – 1851 Fonte: https://blogdaarquitetura.com/

Após o sucesso da Exposição Mundial de Londres de 1851, ocorre a Exposição Universal de Paris,
na França, em 1889, onde se destaca o inovador projeto do engenheiro Gustave Eiffel, a Torre
Eiffel (Fig.2). Com inovações na área de engenharia, a estrutura metálica foi projetada com o
intuito de ser posteriormente desmontada, porém permaneceu no local e veio a se tornar um
ícone nacional, símbolo do país. (CARNIDE, 2012)

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Figura 3 Torre Eiffel em Paris – 1889 Fonte: https://mybrainsocietyblogspot.com/

Na Exposição Internacional de Barcelona, em 1929, entrou em destaque o Pavilhão da


Alemanha (Fig. 3) de Ludwig Mies van der Rohe, que veio a influenciar várias gerações de
arquitetos tornando-se um ícone da arquitetura moderna. Segundo Monastério (2006, p. 21) “A
construção se diferenciou pelo uso da iluminação e da transparência e pela utilização de novos
materiais, tais como diferentes tipos de mármore, espelhos e suportes em aço cromado.”
O projeto teve sua demolição em 1930, porém, devido a sua forte repercussão e reconhecimento
como ícone arquitetônico, o pavilhão foi reconstruído posteriormente em 1986, mantendo suas
características e local de origem.

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Figura 4 Pavilhão da Alemanha em Barcelona– 1929 Fonte: https://casaclaudia.abril.com.br/

Marcando destaque em meio às inúmeras Exposições Universais, temos a participação do Brasil


na exposição universal de Nova York em 1939, com o Pavilhão do Brasil (Fig.4), projetado por
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Buscando solucionar a contradição entre o moderno e o
tradicional, o pavilhão, inserido em um cenário de polarizações, personificou a essência
tropical e exótica dos ambientes naturais do Rio de Janeiro, revelando a identidade Brasileira
presente na arquitetura e impulsionando a carreira internacional de Oscar Niemeyer. De
acordo com Monastério (2006, p. 25) :

O confronto entre a vocação econômica do Brasil, pais agrícola ou industrial, a


importância do ensino público ou artístico, o saneamento e embelezamento das
cidades, e as novas tecnologias, resultaram em comparações no campo das
mentalidades e particularmente da arquitetura (MONASTÉRIO, 2006).

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Figura 5 Exposição Universal dos USA, New York. Pavilhão do Brasil, 1939. Fonte: https://vitruvius.com.br/

Figura 6 Exposição Universal dos USA, New York. Pavilhão do Brasil, 1939. Fonte: teturaarqui.worldpress.com

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1.2. Arquitetura Efêmera como valorizadora do espaço
público e do patrimônio

Os espaços públicos tem extrema importância no desenvolvimento das cidades e na formação


histórica da humanidade. Nestes locais, ocorrem trocas, diálogos, onde os indivíduos possam
ter vivencias coletivas, além da vida privada de individualidade e descobrir a importância
de viver como sociedade. A comunicação entre os indivíduos é o ponto chave na promoção de
diversidade dos espaços públicos contemporâneos, onde possa ocorrer acesso à cultura, lazer,
trocas, repouso, circulação sem que haja distinção de raças, etnias, gênero ou classe social.
(CASULA, RUIZ MARIA, 2017)

A vida é sempre assaltada por acontecimentos; procura-se graduar o seu


dinamismo, mas não é possível, em caso nenhum reduzi-lo a zero. (ZEVI appud
LYRA, 2014. p. 36)

Segundo Carnide (2012), A arquitetura efêmera é aquela que está atrelada ao seu período de
existência, porém através de sua adaptabilidade, flexibilidade e multiplicidade de ações e
experiências, é forte geradora de espaço e forma, atendendo ao contexto histórico em que
está inserida e à linha de pensamento da sociedade. A arquitetura efêmera, com sua
característica fugaz, que celebra os instantes, incentiva um espaço flexível de
experimentações e interpretações, estimulando trocas, diálogo e reflexão. Desta forma,
inserida em um espaço público, em relação com seu entorno, potencializa os encontros sociais
e a democratização do espaço e a diversidade cultural.

10
Entende-se com este estudo que, a arquitetura efêmera pode agregar usos a
espaços e contempla-los com diferentes possibilidades de apropriação das pessoas,
resultando em espaços mais dinâmicos e surpreendentes à paisagem urbana (ZEVI
appud LYRA, 2014. p. 36)

Apontado em Scóz (2009), temos que a inserção da arquitetura efêmera no ambiente em seu
breve período de existência é importante para entender como se darão as trocas, entre o
espaço existente, o espaço efêmero e os visitantes, de forma que as experiências sensoriais são
essenciais nesta relação.
O espaço é caracterizado por um dinamismo de acontecimentos e atividades que estão
atrelados a sua constante transformação. As diferentes sensações, texturas, sons, cheiros,
características materiais e imateriais do espaço, se combinam com a instabilidade da
arquitetura transitória, que o transforma e o manipula, definindo seu uso em infinitas
possibilidades.

Esta leveza fugaz está presente em muitos exemplos contemporâneos, que entram
em diálogo com a cidade para sugerir novos modos de orquestrar os movimentos
vertiginosos da interação social, ou em conversar com a natureza para extrair
lições de inteligência orgânica e harmonia com o pulsar da vida. (Galiano,
2011.p.3)

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1.3. Características físicas e sociais do espaço público

Quando se discute a forma de um objeto, realizamos através da leitura visual ou por vezes
tátil, uma análise baseada na aparência e nos aspectos exteriores deste. O mesmo pode ser
aplicado para definir o conceito de espaço público urbano exterior, de forma que o espaço
possui também uma forma e uma estrutura formal. O espaço físico poderia ser entendido como
um espaço definido, de uma forma mais ou menos perceptível, que segundo Santos (2008, p. 11):

(.. ) normalmente pelo plano do solo; pelo plano da fachada dos edifícios que o
rodeiam e dos vazios entre eles, ou simplesmente por espaços vazios; e pelo “plano
do céu” que se estende sobre si. Distingue-se dos demais espaços urbanos pelas
carga de funções e fins sociais que lhe estão associados, uma vez que representa
um lugar de intercâmbio de bens, serviços e de experiências de vida.

A noção do espaço não é entendida como um fenômeno isolado, mas associado a um conjunto de
sistemas de objetos e sistemas de ações, isto é, um conjunto constituído de elementos fixos,
estabelecidos em determinado lugar que permitem ações modificadora do espaço e os
elementos fluidos, fluxos que permitem renovação e transformação das condições do ambiente,
além das condições sociais, que concede ressignificação a cada lugar. Este conjunto de sistemas
se relacionam de forma que as ações das condições sociais influenciam no modo em que os
fluxos se estabelecem ou atravessam os elementos fixos, os modificando a partir de novos
significados e valores, na medida em que igualmente se modificam. Ao mesmo tempo em que a
noção de espaço é associado a este conjunto de sistemas para ser entendido, suas partes devem
ser entendidas como uma unidade indissociável onde se dá à história. (SANTOS, 1997)

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A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pêlos sistemas naturais
existentes em um dado país ou numa dada área e pêlos acréscimos que os homens
superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração territorial não é o
espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne
a materialidade e a vida que a anima. A configuração territorial, ou
configuração geográfica, tem, pois, uma existência material própria, mas sua
existência social, isto é, sua existência real, somente lhe é dada pelo fato das
relações sociais. Esta é uma outra forma de apreender o objeto da geografia.
(SANTOS, 1997)

A industrialização inicia o entendimento de nossa época atual e caracteriza a sociedade


moderna, surgindo juntamente com o nascimento do capitalismo onde a partir da prática do
comércio uma grande acumulação de riquezas e capital, além de técnicas, conhecimentos, obras,
monumentos, ocorre nos centros urbanos marcados pela vida social e política. Desta forma, o
tecido urbano segue uma lógica de ecossistema, sendo suporte do modo de viver da sociedade
urbana, da vida social e cultural. A vida urbana propõe uma vivencia entre indivíduos, de
encontros e confrontos, de discussões ideológicas e políticas, diálogos e trocas de diferentes
conhecimentos e em suma a coexistência na cidade. (LAFEBVRE, 1968)

O espaço público urbano é o lugar onde se manifesta a vida e animação urbana e


onde se desencadeia o encontro das pessoas que fazem parte do quotidiano da
cidade. É o lugar onde se processa grande parte da socialização urbana,
constituindo assim um reflexo da sociedade e um retrato da cidade. (FILIPA,
DOS, SANTOS, 2008, p.1)

13
Os espaços públicos, nos tempos antigos, eram palco principal das relações humanas e da
manifestação da vida política em sociedade. Na contemporaneidade em que a era da
informação ocasionou mudanças nas relações humanas, o espaço público ainda permanece sendo
um local onde a vida coletiva acontece de forma democrática, sem distinção de raça ou classe
social. É necessário pensar a cidade e suas dinâmicas baseando-se no modo de vida de seus
habitantes na vida cotidiana para entender suas transformações na passagem do tempo.
(GATTI,2013)

Diversos trabalhos produzidos por Organismos Internacionais como a ONU e a


UNESCO mostram que o desenvolvimento não se realiza sem um estímulo
paralelo ao desenvolvimento da cultura local. Acredita-se estar o
desenvolvimento, no mundo globalizado, na construção participativa de uma
sociedade democrática, consciente de sua diversidade cultural e apta a evoluir
através de mecanismos eficazes, no âmbito local, que alcançam todos os cidadãos,
os fazem mais participativos à vida em sociedade, resultando assim, no efetivo
desenvolvimento humano, focado este na proteção dos direitos humanos.
(JÚNIOR, HAAS, 2011)

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1.4. Relação do espaço público e do patrimônio

De acordo com Jodelet (2002, apud CAPELLO, 2000, p. 1381), apenas ao final do século XX, o
estudo de transformações coletivas passou a abordardar a concepção de identidade e memória
na arquitetura, considerando que a história e a cultura, assim como o curso de vida de seus
utilizadores atribuem valor aos espaços. Ao relacionar e aproximar os tempos passado,
presente e future, a memória estabelece suporte para que relaçoes fundamentais se
estabeleçam, entre os usuários e os espaços.

Entendendo o espaço urbano a partir de um sistema de relações, de suas complexidades e


contexto, atenta-se para a relevância das interações de suas partes, lugares, edificações,
técnicas, manifestações culturais, de forma a compreender o tecido urbano como um conjunto
formado por fatores complexos ligados à memória e valor coletivo. Dessa forma, a relação
entre o patrimônio e o espaço físico torna-se essencial na construção e preservação da
memória cultural. (EDELWEISS,GARZON, 2016)

A cidade, por ser o espaço de vivência da coletividade, palco das ações humanas
e por transparecer a cultura e os valores de um povo, deve ser pensada e
cuidada porque ela é nosso habitat e contém os nossos bens culturais.
(ZIMMERMANN, 2006, p. 12)

O entendimento do valor do patrimônio cultural ocorre através do reconhecimento de seus


significados históricos e sociais, visto que envolto em uma carga simbólica de memória
coletiva. A memória, como recurso de construção social, aliada aos fatos históricos, se

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apresenta como mecanismo de análise em relação ao patrimônio histórico cultural urbano.
(MONASTIRSKY, 2009)

De acordo com Viana(2019), a cultura de preservação do patrimônio cultural tem se


desenvolvido progressivamente de modo a representar-se na história das cidades como um
acontecimento relativamente contemporâneo. Neste processo, a concepção de que espaços
públicos e livres sejam objetos de preservação, além de edificações e grupos de edificações foi
ampliada e disseminada nas diretrizes de preservação. Documentos responsáveis pela
consolidação de tais percepções são chamados de Cartas Patrimoniais, que, produzidas
inicialmente na metade do século XX abordaram a questão dos espaços público como objetos de
preservação, buscando incorporar uma importância social entre usuários e local de forma
harmônica entre passado e presente.

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2. Patrimônio
2. Patrimônio

2.1. Patrimônio cultural

O termo Patrimônio passou por transformações e ressignificações no decorrer nos anos,


agregando novos valores e conceitos, contudo sua origem representava uma noção de
sociedade perene, anexadas à estruturas familiares, econômicas, estagnadas em seu tempo e
espaço. O Patrimônio histórico ampliou seu significado a medida que conjuntos de artefatos
conglobam valores históricos em forma de obras primas, artes diversas, trabalhos, saberes e
conhecimentos dos seres humanos, desta forma bens de desfruto coletivo. (CHOAY, 2001)

De acordo com Yázigi, Gastal, Meneses (2003;2002;1996, apud SALES; GASTAL, 2005) o patrimônio
pode ser analisado como um testemunho do acumulo de conhecimentos de um coletivo, um
conjunto de saberes, valores, expressões estéticas e formais, além de valores afetivos. Busca-se
assegurar que estes artefatos de bens culturais criados por indivíduos e coletividades estejam
em funcionamento íntegro e possam remeter à comunidade que o produziu.

O lugar de memória marca não apenas as qualidades históricos-formais de um


determinado patrimônio, mas a sua efetiva presença no diálogo com a
comunidade, alimentando a herança cultural e as identidades locais. As
intervenções da educação patrimonial, por sua vez, serviriam para resgatar,
alimentar e construir os valores afetivo, cognitivo e de uso.(SALES; GASTAL,
2005 p. 2)

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Segundo a descrição do site oficial do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional): “O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens
culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo:
arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas.” Segundo a
Constituição Federal de 1988, nos artigos 215 e 216 existe o reconhecimento da existência de
bens culturais materiais e imateriais, ampliando o entendimento sobre patrimônio cultural.
Também se estabelece outras formas de preservação, com o Registro e o Inventário e o
tombamento, que estabelecido pelo Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937 protege
principalmente edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. (IPHAN)

Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis como os cidades históricas, sítios
arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções arqueológicas,
acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e
cinematográficos. (IPHAN)

As imagens de uma cidade, carregadas de significados e memórias são modificações


ocasionadas pelas vivências sociais do passado e suas experiências, expressando diferentes
temporalidades. Os modos de viver no meio urbano e as relações dos habitantes com a cidade,
deixam registrado no decorrer do tempo histórico uma marca, que pode ser analisada para o
entendimento dos significados atribuídos ao patrimônio cultural. Desta forma, a partir do
estudo do patrimônio cultural de uma população, é possível observar não só as transformações
e conservações da estrutura física, mas também da construção de seu modo de vida no
cotidiano da cidade (FENELON,1999)

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“O conceito de cultura está intimamente ligado às expressões da autenticidade,
da integridade e da liberdade. Ela é uma manifestação coletiva que reúne
heranças do passado, modos de ser do presente e aspirações, isto é, o
delineamento do futuro desejado” (SANTOS, 2000)

A cidade produzida a partir da especulação imobiliária e pela noção da globalização econômica,


buscando novos mercados e produtos e ignorando as características do local e seus
conhecimentos, deixa de lado a identidade da comunidade e sua memória.
A importância de ir contra a tendência da cultura do consumo em massa buscando a
preservação dos elementos materiais concretos, construídos com o tempo é essencial para que
se mantenha viva as características de um povo, reconhecendo sua originalidade,
conhecimentos, hábitos e costumes. (ZIMMERMANN,2006)

2.2. Valor, memória e identidade

A história se difere da memória, ao passo que a a primeira se trata de um entendimento


analítico, lógico e a segunda é definida como um imaginário, uma experiência pessoal afetiva,
que não necessariamente se prende a uma linha do tempo ou sequência de acontecimentos, mas
sim de um entendimento parcial e seletivo.
Ainda assim, para que se obtenha a imagem de um lugar, é importante que haja o conhecimento
de sua história, das relações cotidianas que se dão em seus espaços e as transformações
ocorridas.
A partir de uma análise de uma área urbana, pode se compreender a noção do lugar da
memória. (ZIMMERMANN,2006)

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Ainda segundo Zimmermann (ibid), a memória de uma área urbana, assim como sua identidade,
devem ser estudados para que exista a possibilidade de preservação de seu patrimônio
cultural, tanto material quanto imaterial. A análise e entendimento da memória de uma
comunidade pode auxiliar também na concepção de futuros projetos que intervenham nos
espaços públicos da cidade de forma consciente no que diz respeito às questões de patrimônio
Tendo em mente que a identidade e a memória se relacionam entre si através do
conhecimento da imagem da cidade, a imagem ideal que se deseja para área urbana é aquela
que celebra seu presente ao enquanto simultaneamente promove conexões com o futuro,
acompanhado a evolução da cidade e não permanecendo estática no tempo.

Encontrar imagens e identidades e memórias que enxergam a cidade do passado,


do presente e do futuro, de forma que os tempos diferentes, em diálogo e em
continuidade, fiquem evidentes no espaço construído e a cidade prossiga,
evoluindo conforme os anseios e as necessidades de cada época e de cada
população. (ZIMMERMANN, 2006, p. 11)

Entende- se também, segundo Zimmermann (ibid) que o acesso ao conhecimento e informações


sobre tais aspectos dos ambientes construído à comunidade de habitantes e usuários do espaço
urbano, auxilia na valorização deste espaço, que deve ser mantido por se tratar de um bem
comum.

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3. Estudos Projetuais
3. Estudos Projetuais

3.1. Estudo de Caso: Pavilhão Serpentine Gallery 2013-


Sou Fujimoto

Figura 7 Pavilhão Serpentine Gallery 2013 Sou Fujimoto. Fonte: https://www.dezeen.comAcesso em: 18 nov. 2021

Ficha Técnica:

Localização: Londres, Inglaterra – Hyde Park


Arquiteto: Sou Fujimoto Architects

Cliente: Serpentine Gallery

Área: 350m²
Engenheiro Estrutural: AECOM, David Glover

Período de construção: 03/2013 – 05/2013

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3.1.1 Contexto:

Serpentine Gallery

Figura 8 Kensington Gardens Hyde Park Londres Fonte: Google Earth Pro. Adaptado pela autora

Localizada em Kensington Gardens no Hyde Park em Londres, a Serpentine Gallery se trata de


uma das mais populares galerias de arte do Reino Unido por apresentar exposições pioneiras de
arte moderna e contemporânea desde sua fundação, em 1970. Ela conta com duas galerias de
arte, localizadas a cinco minutos à pé uma da outra onde são exibidas exposições durante o ano
todo gratuitamente. (Serpentine Gallery Org)
Além das duas galerias, a Serpentine Gallery promove há quase duas décadas o programa de
pavilhões de verão Serpentine Gallery Pavilion, onde encomenda periodicamente projetos de
arquitetura temporária. (Serpentine Gallery Org)
Iniciada nos anos 2000 com a participação da arquiteta Zaha Hadid, a exibição dos pavilhões foi
marcada por grandes nomes da arquitetura, como Daniel Libeskind, Frank Gehry e Oscar
Niemeyer, tendo notoriedade na comunidade global de arquitetos. (Serpentine Gallery Org)

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A escolha dos arquitetos é feita através de um núcleo diretivo da Serpentine Gallery, sem
que sejam realizados concursos, desta forma, o principal critério se trata da singularidade da
linguagem do arquiteto expressa na obra. Com o intuito de divulgar o vanguardismo e a
experimentação arquitetônica, a oportunidade de mostrar talento e criar os pavilhões é
dada a arquitetos que não tenham previamente realizado projetos no Reino Unido,
juntamente com uma grande liberdade na concepção.
As restrições são principalmente financeiras e de tempo dos projetos, sendo imposto que todo
o processo desde concepção até conclusão ocorra no decorrer de seis meses. (Serpentine
Gallery Org)

Figura 9 Serpentine Gallery em Kensington Gardens. Fonte: https://www.serpentinegalleries.org/about/galleries/.Acesso: 18 nov. 2021

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3.1.2 Sou Fujimoto

Figura 10 Sou Fujimoto no Pavilhão Serpentine . Fonte: https://www.uncubemagazine.com/blog/9623257.Acesso: 18 nov. 2021

Sou fujimoto nasceu em 1971 na ilha de Hokkaido, Japão e fundou seu escritório nos anos 2000,
tendo atualmente diversas obras em lugares do mundo, englobando Estados Unidos, China,
Espanha, Grécia e Chile, além de inúmeras obras no país de origem, Japão.
O arquiteto busca harmonizar elementos da natureza com a arquitetura, as mesclando em um
nível fundamental de forma natural. Explora as boas interações do entre exterior e interior,
considerando os elementos da natureza como ar, vento, água, luz natural essências como parte
dos projetos. A preferencias pelas cores claras como o branco são perceptíveis em suas obras,
são apenas por representar de leveza e delicadeza, mas por refletir seu entorno e todas as
mudanças que ocorrem no ambiente. (SOUZA, 2019)

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Sou atraiu reconhecimento e prestigio na comunidade global de arquitetos uma vez em que
reinventa a relação com o ambiente construído. Seus edifícios emblemáticos tem como
inspiração estruturas orgânicas, como as florestas, ninhos, cavernas, que habitam o espaço
entre a artificialidade e a natureza.
Projetos notáveis do arquiteto que expressam suas características marcantes são, dentre
inúmeras, a Casa NA (Figura 9) e o Pavilhão da Ilha das artes (Figura 10), ambos localizadas no
Japão. (SOUZA, 2019)

Figura 11 Casa NA Sou Fujimoto Architects Fonte: https://www.archdaily.com.br Acesso: 18 nov. 2021

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Figura 12 Pavilhao da Ilha das Artes Sou Fujimoto Architects. Fonte: <https://www.archdaily.com.br/Acesso: 18 nov. 2021

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3.1.3 Sepentine Pavilion 2013

Figura 13 Vista de cima do Pavilhão de Sou Fujimoto Fonte: https://blog.sias.gr/urban-narrativesAcesso: 17 Nov 2021

No ano de 2013, aos 41 anos, Sou Fujimoto foi o arquiteto mais novo a aceitar o convite para
realizar uma estrutura provisória no Serpentine Gallery Pavilion.
As características singulares do arquiteto, transparecem na leve estrutura semi
transparente em uma proposta de se mesclar com o entorno pastoral dos jardins de
Kensington. A idealização de Sou era de propor uma paisagem arquitetônica, leve, branca e
transparente como uma nuvem, de modo que a geometria concebida se entrelaçava com a

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vivida vegetação que envolvia o entorno, em uma combinação de ambas em um só.
A estrutura ficou localizada durante quatro meses no gramado em frente à Serpentine
Gallery, ocupando uma área interna de 140 m² e uma área total de 350m² de estrutura. (DAVIS,
2013)
Projetado como um espaço flexível e multifuncional, o pavilhão incentivava os visitantes a
interagirem com o espaço de diferentes maneiras, oferecendo dois pontos de acessos além de
um espaço interno para um café. É comum que haja um espaço destinado a um café dentro
estruturas anuais da Serpetine Gallery; no ano em questão este foi oferecido pela tradicional
loja de departamentos Fortum & Mason, que serviu bolos, sanduiches, vinho, café e diversos
tipos de chá. (ROSSETTI, 2013)

Figura 14 Café do Pavilhão Fonte: https://londonist.comAcesso: 17 Nov 2021

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Além dos acessos no nível do chão, o espaço interno pode ser alcançado através da exploração
da estrutura, onde uma serie de terraços escalonados permitem um espaço flexível e
multifuncional, para ser escalado, além de fornecer assentos integrados. De certos pontos de
vista do entorno, a estrutura parece se fundir com a estrutura existente da Serpentine
Gallery, com os visitantes suspensos no espaço. (PORTILLA, 2013)

Figura 15 Terraços escalonados para assentos Fonte: https://www.serpentinegalleries.orgAcesso: 18 nov 2021

Ainda que a planta do pavilhão tenha um formato quase circular, sua forma se altera
dependendo do ponto de visão e posição do observador.
O desenho da circulação é baseado no traçado pré existente dos caminhos de acesso, de forma

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