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MATRIZES

PSICOLÓGICAS

A Constituição do Espaço
Psicológico
Faculdade Guilherme Guimbala
1º ano Psicologia 2015
Prof. Adilson Aviz
adilson.aviz@gmail.com
1. Emergência e Ruína do Sujeito

 Idade Média: Inicia-se com a queda do Império Romano


entre os séculos V e XV e termina com a transição para a Idade
Moderna.

Bizantina 1380 Carolíngia 800 Otomana 940


1. Emergência e Ruína do Sujeito

 Idade Média: Inicia-se com a queda do Império Romano


entre os séculos V e XV e termina com a transição para a Idade
Moderna.

Germânica Islâmica Gótica


1. Emergência e Ruína do Sujeito

 Idade Moderna: Inicia-se em 29/05/1453 com a tomada de


Constantinopla pelos turcos otomanos até 14/07/1789 com a
Revolução Francesa.
BUCKINGHAM, Will et tal. O livro da Filosofia. Tradução Rosemarie Ziegelmaier. Rio de Janeiro: Globo, 2011.
“...atribui ao sujeito o status de senhor de
direito da natureza, cabendo ao conhecimento
transformá-lo em senhor de fato”.

“...cientista não é quem alcança a verdade, mas


quem se submete conscienciosamente à
disciplina do método”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 13,15.
BUCKINGHAM, Will et tal. O livro da Filosofia. Tradução Rosemarie Ziegelmaier. Rio de Janeiro: Globo, 2011.
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 16.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

“Porém, se com Descartes e Bacon (e todos os empiristas


posteriores) as teorias do conhecimento ainda permaneciam sob o
modelo da razão contemplativa, buscando os fundamentos
absolutos do conhecimento seja na visão externa (valorização
empirista dos sentidos) seja na visão interna (valorização das ideias
claras e distintas a que se chega pelo intuição pura), na prática de
pesquisa e na reflexão epistemológica (particularmente nas obras
de Peirce e Popper) a instrumentalidade do conhecimento converte-
se numa das determinações internas da ciência, cujos
procedimentos e técnicas definem-se nos termos de controle,
cálculo e teste”.
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 14.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

Bachelard (1884-1962)

“...o primeiro obstáculo epistemológico a ser vencido na


constituição de uma prática científica é a percepção ingênua –
saturada de preconceitos e maus hábitos – da experiência pré-
reflexiva”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 17.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

Hegel (1770-1831) e Marx (1818-1883)


“Nesta tradição epistemológica todo conhecimento é mediado e
construído. Embora a aparência não seja pura falsidade, mas um
momento simultaneamente distinto e necessário da essência, o
conhecimento da essência deve negar a aparência e, ao mesmo tempo,
recuperá-la, desvelando sua natureza contraditória de ilusão
necessária”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 17.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

Hume (1711-1776)

“...reduziu todos os processos mentais a fenômenos


associativos, apontando para a aprendizagem como
origem das categorias e operações do pensamento”

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 17.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

Nietzsche (1844-1900)

“O niilismo de Nietzsche ainda é o que mais se aproxima deste limite.


Nele, aliás, se revelam de forma exacerbada as duas vertentes da
dialética do sujeito levadas à sua mais aguda radicalização: de um lado,
a vontade de poder, e de outro a crítica impiedosa do sujeito epistêmico
conduzindo ambas à dissolução do ideal do conhecimento verdadeiro,
que, nesta manifestação exemplar do espírito operante da Idade
Moderna, é substituído pelo ideal da pura dominação, a que todas as
atividades do espírito devem ser convenientemente subordinadas”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 18.
1. Emergência e Ruína do Sujeito
Um ser que tem uma consciência e experiências
únicas ou uma entidade que tem um
relacionamento com outra entidade que existe
fora de si mesma (objeto).

“O sujeito empírico é concebido assim como fator de erro


e de ilusão. Na linguagem coloquial a atribuição de caráter subjetivo
a um argumento o desqualifica diante da lógica ou diante dos fatos.
A produção e a validação do conhecimento é, em última instância, o
incremento do domínio técnico sobre a natureza pressupondo a
fiscalização, o autocontrole e a autocorreção
do sujeito, dão origem às preocupações epistemológicas e,
principalmente, metodológicas, características da nossa época, e,
numa decorrência, a um projeto de psicologia como ciência
natural do subjetivo”,
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 18,19.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

Natureza Interna
Hostil a disciplina

Neutralizada Controlada
Ciência
A própria razão se
Sensibilidade,
desdobra em discursos
afetividade, intuição,
Rupturas de suspeita que
vivência pré-reflexiva
procuram identificar e
etc. conflitam com a
extirpar os vestígios da
razão instrumental.
subjetividade.
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 19.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

“Para ser fiel a este impulso indefinidamente auto-


reflexivo, renunciar à
a psicologia precisaria
ambição de ter uma história que se
conformasse ao ideal de progresso das ciências naturais
que, se não exclui revoluções e rupturas, pode, ainda
assim, ser concebida como uma aproximação infinita da
verdade e, numa certa medida, como acúmulo de
conhecimento”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 19.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

“...os sinais do inimigo...”

“No entanto, quando a razão instrumental


descobre-se sempre e inevitavelmente
condicionada e implicada pela existência
do seu próprio objeto – a ‘vida subjetiva’ -,
os procedimentos-padrão de verificação e
refutação de hipóteses carecem de
sentido”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 19.
1. Emergência e Ruína do Sujeito

“Em conclusão: a psicologia, que nasce no bojo das


tentativas de fundamentação das outras ciências, fica
destinada a não encontrar jamais seus próprios
fundamentos, a nunca satisfazer os cânones de
cientificidade cujo atendimento motivou sua própria
emergência como ciência independente. Mas fica
igualmente destinada a sobreviver, sem segurança nem
confiança, tentando precariamente ocupar o espaço que a
configuração do saber lhe assegurou”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 20.
2. Emergência e Ruína do Indivíduo

Idade Média Idade Moderna


“Grande ou pequeno, fraco ou “Paralelamente, o
poderoso o indivíduo era em desaparecimento das formas de
grande medida o que a propriedade feudais e comunais, a
apropriação privada dos meios de
comunidade definia, produção e a apropriação
restringindo-se, ainda que não individual do próprio corpo – que
se eliminando de todo, a faixa liberto das obrigações e separado
das opções individuais de, na da terra convertia-se em força de
interação com a sociedade, trabalho – asseguravam, as bases
contribuir para a definição de econômicas da existência
sua identidade social”. individual independente”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 20.
Indivíduo aqui
LIBERALISMO CLÁSSICO
destacado não diz
respeito a algo
abstrato ou
sobrenatural, mas
ILUMINISMO
sim, o agente do
cotidiano voltado
para as carências de “Mas tornar-se um alguém individualizado, se é possível
sobrevivência. Aquele desejável, é também difícil: uma nova forma de organização
social a convivência é marcada pelas relações instrumentais e
que tem liberdade de
pela luta entre interesses particulares opostos. Em outras
fazer escolhas, que palavras: a cada indivíduo, objetivamente, não interessa a
não é subjulgado por individualização alheia, senão que, ao contrário, a obediência
forças dominantes do próximo ao controle calculado, e á previsão exata, o que só
internas ou externos é possível se o outro exibir padrões típicos e estereotipados de
das quais não se reação. Aonde não é possível classificar, tipificar e quantificar, o
apropria. controle é sempre incompleto, quando não impossível”.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Petrópolis: Paz e Terra, 1972 apud PATTO. Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar:
histórias de submissão e rebeldia. São Casa do Psicólogo, 1999.
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 20, 21.
2. Emergência e Ruína do Indivíduo

“Esta perspectiva instrumental da administração racionalista aparece também


no projeto de constituição de uma psicologia como ciência do (contra o)
indivíduo. Julga-se necessário, efetivamente, conhecer para fiscalizar, controlar,
prever e corrigir (socializar) o egoísmo e a irracionalidade”

Indivíduo
“...é realmente único,
independente e irracional, “...não passa de
sendo portanto refratário às
leis da ciência e da uma ficção a ser
sociedade...” desfeita...”
FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 21.
3. Conclusões

“A oposição estabelecida entre, de um lado, o


caráter supostamente pré ou anticientífico do
sujeito, somado ao caráter supostamente pré ou
antissocial do indivíduo privado e de outro lado, a
necessidade de submeter a vida interior do indivíduo
a leis, descobrindo nela regularidades que
possibilitem o controle e a coloquem a serviço do
domínio técnico da natureza e da reprodução social”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 22.
3. Conclusões

“Em decorrência, a ciência psicológica tenta-se constituir,


sendo obrigada a, simultaneamente, reconhecer e
desconhecer seu objeto. Se não o reconhece não se
legitima como ciência independente, podendo ser
anexada à medicina, à pedagogia e à administração, ou
seja, às técnicas ou às suas bases teóricas, como a
biologia e a micro-sociologia. Se não o desconhece, não
se legitima como ciência, já que não submete aos
requisitos da metodologia científica nem resulta na
formulação de leis gerais com caráter preditivo”.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 22.

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