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História
Antecedentes
Pagode era considerado como festa de escravos nas senzalas de escravos negros e quilombos. Em meados
do século XIX, o termo passou a designar reuniões para se compartilhar amizades, música, comida e
bebida.[4] Com a abolição da escravatura e fixação dos negros libertos no Rio de Janeiro, que têm uma
relação intrínseca com o sincretismo de religiões de origem africana, como o candomblé a umbanda, o
pagode se consolidou a partir do século XX como uma necessidade de compartilhar e construir identidade
de um povo recém liberto, e que precisa dar outra função ao corpo que até então é somente instrumento de
trabalho. Por isso a relação estreita entre música e dança na cultura de origem africana, além do fato de ter a
síncopa como principal característica da construção técnica-musical, derivada da percussão marcadora do
ritmo.
Origem
A malandragem e os morros cariocas deram origem ao pagode, e na década de 1970, o termo estava muito
associado a festas em casas, geralmente nos fundos de quintais, e quadras dos subúrbios cariocas e de
favelas e nos calçadões de bares do Centro do Rio, regadas a bebida e com muito samba.[4]
O pagode, como manifestação cultural, apareceu nos meios de comunicação somente em 1978, quando os
cantores Tim Maia e Beth Carvalho foram visitar a quadra do Cacique de Ramos, um bloco carnavalesco
do bairro de Ramos, no subúrbio carioca. O bloco era uma popular reduto de sambistas anônimos e
jogadores de futebol, que se reuniam aos finais de semana para comer, beber e cantar.[4] A convite do ex-
jogador de futebol Alcir Portela, Beth Carvalho foi conhecer um grupo de sambistas conhecidos como
Fundo de Quintal, um grupo que tinha entre um de seus vocalistas Almir Guineto, ex-diretor de bateria da
escola de samba Unidos do Salgueiro.[4]
O Fundo de Quintal fazia um samba diferente, misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e
que tinha uma sonoridade nova, com a introdução de instrumentos como banjo com braço de cavaquinho
(criado por Almir Guineto) e o repique de mão (criado pelo músico Ubirany) e a substituição do surdo pelo
tantã (criado pelo músico e compositor Sereno).[7]
Beth gostou daquele samba feito no Cacique de Ramos e começou a gravar composições desses novos
sambistas, ajudando a revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto e o Fundo de
Quintal.[4]
Popularidade
Com boa aceitação de público aos "pagodes" gravados por Beth Carvalho, outros começaram a ser
gravados no início da década de 1980, e os próprios sambistas revelados pela cantora passaram a ser
lançados e difundidos nas emissoras de rádio e canais de televisão pela indústria fonográfica. Desta forma,
se consolidava um novo estilo musical dentro do samba.[3]
Divisão do estilo
As gravadoras apostaram com força nessa vertente mais "açucarada" de pagode injetada por letras
românticas e instrumentos eletrônicos (até então praticamente alheios ao samba), pois viam nesse novo
pagode um grande potencial para ser tocado em grandes concertos e competir com os artistas sertanejos
populares daquele momento. A partir dessas modificações, nasceu o pagode romântico, um estilo de pagode
muito distante de suas originais feições, embora tenha se tornado tão ou mais popular do que o pagode
original.[4][8][10][9][12] Há ainda duas variações do pagode tradicional: o pagode baiano, nascido na Bahia,
e que fez muito sucesso na década de 1990 sendo seu maior expoente o grupo É o Tchan! com hits que
explodiram no Brasil inteiro.[13]
Notas
1. Prova de que o nome em nada tem a ver com o ritmo, é a canção “Pagode em Brasília”
gravada por Tião Carreiro em 1959, cuja roupagem em nada lembra nenhuma das
variações do samba. Isso pode ser bem percebido pela letra “Pagode do Vavá”, de Paulinho
da Viola, ou “Pagode pra valer”, de Leci Brandão.
Ver também
Pra God
Samba
Referências
1. Samba-Rock (http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/sambarock) - Cliquemusic
2. O samba mediado (http://www.unicamp.br/unicamp/ju/597/o-samba-mediado)
3. Lopes, Nei 2005, p. 9
4. Renato Roschel. «Pagode» (http://almanaque.folha.uol.com.br/pagode.htm). Almanaque da
Folha
5. Rui Torneze (2004). Cancioneiro de viola caipira, Volume 2. [S.l.]: Irmãos Vitale. 10 páginas.
8574071889, 9788574071886
6. «POSSIBILIDADES E LIMITES DE UMA APRECIAÇÃO MUSICAL ver "página 86" » (http
s://web.archive.org/web/20180712184141/http://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes201
5/dcristianemigon.pdf) (PDF). Consultado em 12 de julho de 2018. Arquivado do original (htt
p://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes2015/dcristianemigon.pdf) (PDF) em 12 de julho
de 2018
7. Carlos Alberto M. Pereira (2003). Cacique de Ramos: uma história que deu samba. [S.l.]:
Editora E-papers. 8587922580, 9788587922588
8. Lopes, Nei 2005, p. 9
9. Silvio Essinger. «Pagode: O samba que vem do fundo do quintal» (http://cliquemusic.uol.co
m.br/materias/ver/pagode). Cliquemusic
10. Sérgio Martins (25 de novembro de 2009). "O soul deu samba". Revista Veja Edição 2140.
Editora Abril.
11. Trotta, Felipe (2011). O samba e suas fronteiras: "pagode romântico" e "samba de raiz" nos
anos 1990 (https://books.google.com.br/books?newbks=0&redir_esc=y&hl=pt-BR&id=z3ruI
Bg4t4cC&focus=searchwithinvolume&q=jorge+ben+negritude). [S.l.]: Editora UFRJ
12. Sérgio Martins (13 de julho de 2005). "Mauricinhos do pagode". Revista Veja Edição 1913.
Editora Abril.
13. « "É o Tchan"revive anos 90 com os hits que marcaram época na Bamboa Brasil» (http://ww
w.revistapepper.com.br/noticia/-e-o-tchan-revive-anos-90-com-os-hits-que-marcaram-epoca-
na-bamboa-brasil). Revista Pepper. 3 de novembro de 2016. Consultado em 7 de dezembro
de 2016
14. «Funk e pagode se misturam? Veja como isso vem acontecendo no universo do funk» (http
s://kondzilla.com/m/funk-e-pagode-se-misturam-veja-como-isso-vem-acontecendo-no-univer
so-do-funk). kondzilla.com. Consultado em 12 de agosto de 2021
15. «Mulheres no pagode: conheça cantoras que comandam ritmo em Salvador e lutam por
reconhecimento e respeito» (https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/03/08/mulheres-no-
pagode-conheca-cantoras-que-comandam-ritmo-em-salvador-e-lutam-por-reconhecimento-
e-respeito.ghtml). G1. Consultado em 13 de agosto de 2021
Bibliografia consultada
Lopes, Nei. Partido-alto: samba de bamba. Pallas, 2005. ISBN 8534703795
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