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Pagode (estilo musical)

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O termo "pagode" está presente na linguagem musical brasileira


desde, pelo menos, o século XIX. Inicialmente, era associado às Pagode
festas que aconteciam nas senzalas e, mais tarde, se tornou
sinônimo de qualquer festa regada a bebidas alcoólicas e Origens Samba, samba-joia,
cantoria.[nota 1][4][3][5] Com o passar do tempo, o termo estilísticas samba-
"pagode" começou a ser usado como sinônimo de samba, por rock,[1]partido-alto[2]
causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, ou,
Contexto Rio de Janeiro, final
seus pagodes.[3] cultural da década de
1970[3][4]
Como vertente musical, o pagode nasceria exatamente dessa
manifestação popular completamente marginal aos Instrumentos Cavaquinho, banjo,
acontecimentos musicais dos grandes meios de comunicação típicos tantã, repique de
mão, pandeiro,
brasileira.[4] A partir do surgimento de nova geração de
surdo
sambistas no Rio de Janeiro nos anos oitenta, oriunda desses
pagodes e que inovaria a forma de se fazer samba, o termo Popularidade  Brasil
"pagode" batizaria espontaneamente o novo estilo musical
Subgêneros
derivado do samba.[3] O samba e o "pagode" são gêneros muito
diferentes. Pagode romântico, pagode baiano
Formas regionais
O pagode é um termo para descrever o gênero samba.[6] Tem
suas origens no Rio de Janeiro entre o final da década de 1970 e Brasil
início da década de 1980, a partir da tradição das rodas de Outros tópicos
samba feitas nos "fundos de quintal".[3]
Pra God

História

Antecedentes

Pagode era considerado como festa de escravos nas senzalas de escravos negros e quilombos. Em meados
do século XIX, o termo passou a designar reuniões para se compartilhar amizades, música, comida e
bebida.[4] Com a abolição da escravatura e fixação dos negros libertos no Rio de Janeiro, que têm uma
relação intrínseca com o sincretismo de religiões de origem africana, como o candomblé a umbanda, o
pagode se consolidou a partir do século XX como uma necessidade de compartilhar e construir identidade
de um povo recém liberto, e que precisa dar outra função ao corpo que até então é somente instrumento de
trabalho. Por isso a relação estreita entre música e dança na cultura de origem africana, além do fato de ter a
síncopa como principal característica da construção técnica-musical, derivada da percussão marcadora do
ritmo.

Origem

A malandragem e os morros cariocas deram origem ao pagode, e na década de 1970, o termo estava muito
associado a festas em casas, geralmente nos fundos de quintais, e quadras dos subúrbios cariocas e de
favelas e nos calçadões de bares do Centro do Rio, regadas a bebida e com muito samba.[4]

O pagode, como manifestação cultural, apareceu nos meios de comunicação somente em 1978, quando os
cantores Tim Maia e Beth Carvalho foram visitar a quadra do Cacique de Ramos, um bloco carnavalesco
do bairro de Ramos, no subúrbio carioca. O bloco era uma popular reduto de sambistas anônimos e
jogadores de futebol, que se reuniam aos finais de semana para comer, beber e cantar.[4] A convite do ex-
jogador de futebol Alcir Portela, Beth Carvalho foi conhecer um grupo de sambistas conhecidos como
Fundo de Quintal, um grupo que tinha entre um de seus vocalistas Almir Guineto, ex-diretor de bateria da
escola de samba Unidos do Salgueiro.[4]

O Fundo de Quintal fazia um samba diferente, misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e
que tinha uma sonoridade nova, com a introdução de instrumentos como banjo com braço de cavaquinho
(criado por Almir Guineto) e o repique de mão (criado pelo músico Ubirany) e a substituição do surdo pelo
tantã (criado pelo músico e compositor Sereno).[7]

Beth gostou daquele samba feito no Cacique de Ramos e começou a gravar composições desses novos
sambistas, ajudando a revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto e o Fundo de
Quintal.[4]

Popularidade

Com boa aceitação de público aos "pagodes" gravados por Beth Carvalho, outros começaram a ser
gravados no início da década de 1980, e os próprios sambistas revelados pela cantora passaram a ser
lançados e difundidos nas emissoras de rádio e canais de televisão pela indústria fonográfica. Desta forma,
se consolidava um novo estilo musical dentro do samba.[3]

Divisão do estilo

No final daquela década, nasceria uma nova vertente


dentro do pagode, que se popularizaria na década
seguinte.[3] Estimulada por necessidades comerciais, a
indústria fonográfica avalizou a gravação de pagodes
com uma roupagem mais "adocicada" tanto na letra,
mas principalmente na harmonia, que ficou bastante
modificada pelos constantes acordes sintetizados dos
teclados eletrônicos, os quais resultam em um som
com características da música pop.[4][8] Foi o caso do
sucesso "Parabéns Pra Você", do Grupo Fundo de
Quintal. Ao mesmo tempo, determinados grupos, O grupo Exaltasamba, formado em São Bernardo
oriundos principalmente dos subúrbios paulistanos,[9] do Campo, um dos mais populares entre o estilo
começaram a adaptar coreografias e roupas de romântico que se popularizou na década de 1990.
conjuntos vocais estadunidenses (como The Temptations, The Stylistics, Take 6) sob uma base rítmica
próxima ao pagode como se conhecia até então, mas completamente diferentemente dos trabalhos de
cantores-compositores como Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho.[10][4] Soma-se a isso, a influência do
samba-rock de Jorge Ben.[11]

As gravadoras apostaram com força nessa vertente mais "açucarada" de pagode injetada por letras
românticas e instrumentos eletrônicos (até então praticamente alheios ao samba), pois viam nesse novo
pagode um grande potencial para ser tocado em grandes concertos e competir com os artistas sertanejos
populares daquele momento. A partir dessas modificações, nasceu o pagode romântico, um estilo de pagode
muito distante de suas originais feições, embora tenha se tornado tão ou mais popular do que o pagode
original.[4][8][10][9][12] Há ainda duas variações do pagode tradicional: o pagode baiano, nascido na Bahia,
e que fez muito sucesso na década de 1990 sendo seu maior expoente o grupo É o Tchan! com hits que
explodiram no Brasil inteiro.[13]

Houve também a fusão do funk carioca com pagode, o chamado pagofunk.[14][15]

Notas
1. Prova de que o nome em nada tem a ver com o ritmo, é a canção “Pagode em Brasília”
gravada por Tião Carreiro em 1959, cuja roupagem em nada lembra nenhuma das
variações do samba. Isso pode ser bem percebido pela letra “Pagode do Vavá”, de Paulinho
da Viola, ou “Pagode pra valer”, de Leci Brandão.

Ver também
Pra God
Samba

Referências
1. Samba-Rock (http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/sambarock) - Cliquemusic
2. O samba mediado (http://www.unicamp.br/unicamp/ju/597/o-samba-mediado)
3. Lopes, Nei 2005, p. 9
4. Renato Roschel. «Pagode» (http://almanaque.folha.uol.com.br/pagode.htm). Almanaque da
Folha
5. Rui Torneze (2004). Cancioneiro de viola caipira, Volume 2. [S.l.]: Irmãos Vitale. 10 páginas.
8574071889, 9788574071886
6. «POSSIBILIDADES E LIMITES DE UMA APRECIAÇÃO MUSICAL ver "página 86" » (http
s://web.archive.org/web/20180712184141/http://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes201
5/dcristianemigon.pdf) (PDF). Consultado em 12 de julho de 2018. Arquivado do original (htt
p://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes2015/dcristianemigon.pdf) (PDF) em 12 de julho
de 2018
7. Carlos Alberto M. Pereira (2003). Cacique de Ramos: uma história que deu samba. [S.l.]:
Editora E-papers. 8587922580, 9788587922588
8. Lopes, Nei 2005, p. 9
9. Silvio Essinger. «Pagode: O samba que vem do fundo do quintal» (http://cliquemusic.uol.co
m.br/materias/ver/pagode). Cliquemusic
10. Sérgio Martins (25 de novembro de 2009). "O soul deu samba". Revista Veja Edição 2140.
Editora Abril.
11. Trotta, Felipe (2011). O samba e suas fronteiras: "pagode romântico" e "samba de raiz" nos
anos 1990 (https://books.google.com.br/books?newbks=0&redir_esc=y&hl=pt-BR&id=z3ruI
Bg4t4cC&focus=searchwithinvolume&q=jorge+ben+negritude). [S.l.]: Editora UFRJ
12. Sérgio Martins (13 de julho de 2005). "Mauricinhos do pagode". Revista Veja Edição 1913.
Editora Abril.
13. « "É o Tchan"revive anos 90 com os hits que marcaram época na Bamboa Brasil» (http://ww
w.revistapepper.com.br/noticia/-e-o-tchan-revive-anos-90-com-os-hits-que-marcaram-epoca-
na-bamboa-brasil). Revista Pepper. 3 de novembro de 2016. Consultado em 7 de dezembro
de 2016
14. «Funk e pagode se misturam? Veja como isso vem acontecendo no universo do funk» (http
s://kondzilla.com/m/funk-e-pagode-se-misturam-veja-como-isso-vem-acontecendo-no-univer
so-do-funk). kondzilla.com. Consultado em 12 de agosto de 2021
15. «Mulheres no pagode: conheça cantoras que comandam ritmo em Salvador e lutam por
reconhecimento e respeito» (https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/03/08/mulheres-no-
pagode-conheca-cantoras-que-comandam-ritmo-em-salvador-e-lutam-por-reconhecimento-
e-respeito.ghtml). G1. Consultado em 13 de agosto de 2021

Bibliografia consultada
Lopes, Nei. Partido-alto: samba de bamba. Pallas, 2005. ISBN 8534703795

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