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CAMPUS TRINDADE
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Florianópolis
2022
Raoni Lorizolla Cordeiro
Florianópolis
2022
Cordeiro, Raoni Lorizolla
Anatomia e histoquímica de estruturas secretoras
presentes em órgãos reprodutivos em Bromeliaceae:
Aechmea comata (Gaudich) Baker, Dyckia encholirioides
(Gaudich) Mez. e Vriesea friburgensis Mez. / Raoni Lorizolla
Cordeiro; orientadora, Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira,
2022.
41 p.
Inclui referências.
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de
Licenciado em Ciências Biológicas e aprovado em sua forma final pelo Curso de Ciências
Biológicas.
___________________________
Coordenação do Curso
________________________
Prof. Daniela Cristina de Toni.
Coordenadora do Curso
Banca examinadora
__________________________
Prof.ª Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira, Dra.
Orientadora
________________________
Prof.ª Ana Claudia Rodrigues, Dra.
UFSC
________________________
Josiane Wolff Coutinho, Me
UFSC
Florianópolis, 2022.
Este trabalho é dedicado à memória da minha avó, Mª Ignez de Oliveira
Lorizolla, a qual me ensinou a plantar, colher, e a ver a beleza das plantas.
AGRADECIMENTOS
Bromeliaceae é uma família botânica composta por plantas encontradas quase que
exclusivamente no continente Americano e com ampla importância ecológica nos
locais em que habitam. Este estudo teve como objetivo a caracterização histoquímica
e morfológica de estruturas secretoras encontradas em inflorescências em Aechmea
comata, Dyckia encholirioides, e Vriesea friburgensis (Bromeliaceae). Estruturas
secretoras em monocotiledôneas ainda são pouco estudadas, e este estudo buscou
elucidar e levantar informações adicionais sobre essas estruturas. Para isso, foram
coletadas inflorescências com flores em fase de pré antese. Esse material coletado
foi então fixado e emblocado em parafina, para depois ser seccionado em espessuras
de 10 a 12µm. Parte desse material foi corado com Safranina e Azul de Astra para as
análises morfológicas e parte foi destinado aos testes histoquímicos. As análises
morfológicas foram realizadas através do microscópio óptico. Foi possível descrever
o tecido transmissor, na epiderme interna do estilete e estigma com características
secretoras conspícuas e secreção composta por proteínas e polissacarídeos.
Observamos também o tecido obturador na epiderme da placenta. É um tecido com
células apresentando características secretoras, e cujos testes histoquímicos
apontam para produção de secreção composta por proteínas e polissacarídeos. Foi
descrito também o nectário septal entre os lóculos do ovário em A. comata e nectários
com abundância de tecido nectarífero localizado abaixo dos lóculos em D.
encholirioides e V. friburgensis. Pudemos registrar também uma estrutura inédita em
Bromeliaceae: canais de mucilagem nas sépalas de V. friburgensis. São canais
localizados desde a base do hipanto, até o ápice das sépalas.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14
2 OBJETIVOS................................................................................................ 16
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 16
3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 16
3.1 OBTENÇÃO DO MATERIAL ....................................................................... 16
3.2 MICROSCOPIA DE LUZ ............................................................................. 17
4 RESULTADOS OBTIDOS .......................................................................... 18
4.1 ESTIGMA .................................................................................................... 18
4.2 ESTILETE ................................................................................................... 18
4.3 TECIDO OBTURADOR ............................................................................... 22
4.4 NECTÁRIO ................................................................................................. 24
4.5 CANAIS SECRETORES ............................................................................. 27
5 DISCUSSÃO ............................................................................................... 30
5.1 CANAIS DE MUCILAGEM .......................................................................... 30
5.2 TECIDO TRANSMISSOR ........................................................................... 31
5.3 TECIDO OBTURADOR ............................................................................... 32
5.4 NECTÁRIO ................................................................................................. 32
6 CONCLUSÃO ............................................................................................. 33
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 MATERIAIS E MÉTODOS
4 RESULTADOS OBTIDOS
4.1 ESTIGMA
4.2 ESTILETE
O estilete das três espécies analisadas é do tipo oco, sendo que a epiderme
interna, unisseriada, possui células de núcleo bastante proeminentes (Figura 1A-C) e
citoplasma que se coram intensamente, sendo característico de células secretoras.
Estas células epidérmicas são contínuas às células secretoras do estigma, compondo
o tecido transmissor. Nos testes histoquímicos, o interior das células e secreção
revelaram conteúdo de lipídeos (Figura 1D-F), proteínas (Figura 1G-I) e
polissacarídeos (Figura 2J-O) (Tabela 2).
Figura 1 - Secções transversais das flores de Bromeliaceae nas porções que compreendem o tecido
transmissor. (A-C) coloração de Azul de Astra e Safranina; (A) início do estilete de A. comata; (B)
Estigma de D. encholirioides em espiral conduplicada; ( C) início do estilete de V friburgensis; (D-F)
reação positiva para lipídeos no tecido transmissor por reagente Sudan IV;(D) estilete de A. comata;
(E) estigma de D. encholirioides; (F) estilete de V. friburgensis; (G-I) estilete de A. comata, D.
encholirioides e V. friburgensis, respectivamente, com reação positiva para proteínas com reagente
Xylidine Ponceau. Setas grossas indicam a epiderme do tecido transmissor; c= carpelo.
Figura 2 - Secções transversais das flores de Bromeliaceae nas e regiões que compreendem o tecido
transmissor. (J-L) reação positiva para pectinas com o reagente Vermelho de Rutênio; (J) estilete de A.
comata; (K) estigma de D. encholirioides; (L) zona de transição entre estigma e estilete de V.
friburgensis; (M-O) reação positiva para polissacarídeos com reagente PAS; (M) estigma de A. comata
; (N) estigma de D. encholirioides ; (O) estigma de V. friburgensis; (P) estigma de A. comata indicando
reação negativa para compostos fenólicos com reagente Cloreto Férrico; (Q) estilete de D.
encholirioides indicando reação negativa para amido com reagente Lugol; ( R) estigma de D.
encholirioides indicando reação negativa para compostos fenólicos com reagente Cloreto Férrico. Setas
grossas indicam epiderme do tecido transmissor; c= carpelo.
Figura 3 - Secções transversais das flores de Bromeliaceae nas regiões que compreendem o tecido
obturador.(A-C) coloração de Azul de Astra e Safranina; (A) óvulo e placenta de A. comata; (B) lóculo
do ovário de D. encholirioides com óvulos e placenta; ( C) lóculo do ovário de V. friburgensis com óvulos
e placenta; (D-F) ovários de A. comata, D. encholirioides e V. friburgensis, respectivamente, indicando
reação positiva para lipídeos no tecido obturador com o reagente Sudan IV; (G-I) ovários de A. comata,
D. encholirioides e V. friburgensis, respectivamente, indicando reação positiva para proteínas no tecido
transmissor com o reagente Xylidine Ponceau. Setas finas indicam a epiderme secretora do tecido
obturador; p=placenta; f=funículo do óvulo; o=óvulo; c=carpelo.
4.3 TECIDO OBTURADOR
4.4 NECTÁRIO
Figura 6 - Secções transversais das flores de Bromeliaceae na porção do nectário. (J-L) nectários
indicando reação positiva para pectinas com reagente Vermelho de Rutênio; (J) nectário de A. comata;
(K) nectário de D. encholirioides; (L) nectário de V. friburgensis. (P) reação negativa para compostos
fenólicos com reagente Cloreto Férrico; (Q) nectário de D. encholirioides com reação negativa para
amido no tecido nectarífero com Lugol; (R) reação negativa em nectário de V. friburgensis para
compostos fenólicos com reagente Cloreto Férrico. Cabeças de seta indicam a epiderme do tecido
nectarífero; (*) lúmen do nectário; c=carpelo; h=hipanto; se=septo; l=lóculo do ovário.
O nectário de V. friburgensis ocupa a posição abaixo dos lóculos do ovário,
sendo denominado infralocular, de aspecto labirintiforme (Figura 5C). Das espécies
estudadas, é o que possui maior extensão de tecido secretor. Percorrem
longitudinalmente da base do receptáculo até a base dos lóculos. A região que
compreende o tecido nectarífero é amplamente vascularizada (Figura 5C). Os testes
histoquímicos indicam a presença de lipídeos (Figura 5F), proteínas (Figura 5I) e
carboidratos/polissacarídeos (Figura 5L, 6O) (Tabela 2).
5 DISCUSSÃO
5.4 NECTÁRIO
6 CONCLUSÃO
No que diz respeito aos nectários septais, podemos dizer que maiores
aprofundamentos na família Bromeliaceae precisam ser feitos para o entendimento
de possíveis padrões para a família. Para que possamos compreender a dinâmica
ecológica envolvendo o néctar e relação com a morfologia do nectário septal em
Bromeliaceae são necessários mais estudos de observação em campo da relação
entre flor e polinizadores.
precisam ser feitas para maior compreensão das suas funções ecológicas e
sistemáticas/filogenéticas e sua possível exclusividade ao gênero Vriesea ou à sub-
família Tillandsioideae.
35
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