Você está na página 1de 76

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

UNIDADE DE ENSINO PENEDO


CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA

JOTHÂNIA FERREIRA MATOS

ENGORDA DA TILÁPIA DO NILO Oreochromis niloticus NA EMPRESA


PESCANOVA BRASIL LTDA, ITACURUBA – PERNAMBUCO

Penedo – AL
2017
JOTHÂNIA FERREIRA MATOS

ENGORDA DA TILÁPIA DO NILO Oreochromis niloticus NA EMPRESA


PESCANOVA BRASIL LTDA, ITACURUBA – PERNAMBUCO

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Engenharia de Pesca
da Universidade Federal de Alagoas,
como requisito obrigatório para
obtenção do título de Engenheiro de
Pesca.

Orientador:
Prof. Dr. Luciano Jorge Amorim Leite

Penedo – AL
2017
AGRADECIMENTOS.

Agradeço primeiramente a Deus por todas as oportunidades dadas em


minha vida, inclusive este curso.

A todos os professores do curso de Engenharia de Pesca que com muita


paciência e seriedade ensinaram tudo que poderiam dentro desta graduação.

Ao orientador Prof. Dr. Luciano Amorim, pela amizade, orientações,


apoio, sugestões e críticas, paciência e compreensão ao longo da elaboração
desse trabalho.

Um agradecimento pelo incentivo e confiança depositada. À Empresa


Pescanova Brasil Ltda, empresa da qual me permitiu realizar o estágio do
curso, em especial a Elias e Pablo gerentes da empresa, por todo
conhecimento compartilhado e atenção dada.

Ao pessoal que fiz grandes amizades dentro da empresa e na cidade de


Itacuruba, obrigada por toda receptividade, preocupação e amizade, vocês
foram muito importante nesse período.

Aos meus pais que sempre acreditou em mim e nos meus sonhos e
tornou isso possível. E toda minha família por me dá forças para continuar.

Agradeço aos meus amigos que sempre acreditaram e me deram forças


para sempre seguir em frente, respeitando minhas opiniões e sempre
acreditando em mim. Em especial a Carlos Alberto, por todo incentivo e
cobrança, por não me deixar desistir, e me estimular a cada dia, para que
terminasse este trabalho com grande êxito.

Fico imensamente grata a todos citados acima, e tenham certeza que


farei de tudo para continuar mantendo este respeito e admiração conquistados
ao longo destes anos.
”Conhecimento não é aquilo que você
sabe, mas o que você faz com aquilo
que você sabe.” (Aldous Huxley).
RESUMO

O presente trabalho teve por finalidade relatar as atividades desenvolvidas


durante Estágio Supervisionado do Curso de Engenharia de Pesca da
Universidade Federal de Alagoas – UFAL, na Unidade de engorda de Tilápias
do Nilo (Oreochromis niloticus), da empresa PESCANOVA BRASIL LTDA,
localizada no município de Itacuruba, estado de Pernambuco, no período de 18
de maio a 18 de junho de 2015. Durante o estágio foram desenvolvidas as
atividades pertinentes ao processo de produção da unidade de engorda da
empresa, onde foi realizado o acompanhamento das atividades diárias da
unidade de engorda que envolve desde a da preparação e reparação dos
tanques-rede para o povoamento até a comercialização das tilápias. Em sua
estrutura a empresa conta com o setor de formação intensiva de juvenis e o
setor de engorda. O setor de engorda possui 27 tanques em funcionamento no
reservatório de Itaparica. Nos processos desenvolvidos na unidade de engorda
da empresa estão inseridos: preparação e reparação dos tanques-rede e de
comedouros, arraçoamento, retirada da mortalidade, classificação dos juvenis,
transferência dos juvenis para os tanques redes, povoamento dos tanques-
rede; despescas, comercialização. O centro de engorda produz anualmente
cerca de 110 toneladas/mês de tilápia, que são comercializadas para todo o
Brasil.

Palavras-chave: Tilápia do Nilo, Engorda, Tanque-rede.


ABSTRACT

The objective of this study was to report on the activities carried out during
Supervised Training Course of the Fishery Engineering Course of the Federal
University of Alagoas (UFAL), at the Nilo Tilapia (Oreochromis niloticus)
fattening unit of PESCANOVA BRASIL LTDA, located in the municipality of
Itacuruba, state of Pernambuco, during the period from May 18 to June 18,
2015. During the training period, the activities related to the production process
of the company's fattening unit were carried out, in which the daily activities of
the fattening unit which involves from the preparation and repair of the cages for
the settlement until the commercialization of tilapia. In its structure the company
counts on the sector of intensive training of juveniles and the sector of fattening.
The fattening sector has 27 tanks in operation in the Itaparica reservoir. In the
processes developed in the fattening unit of the company are inserted:
preparation and repair of cages and feeders, feeding, withdrawal of mortality,
classification of juveniles, transfer of juveniles to tanks networks, settlement of
cages; Marketing. The fattening center annually produces around 110 tons /
month of tilapia, which are marketed throughout Brazil

Key words: Nile Tilapia, Fattening, Cages.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Vista área da empresa Pescanova Brasil Ltda., Itacuruba


PE.................................................................................................. 19
Figura 2. Depósito de ração e Almoxarifado................................................ 19
Figura 3 Refeitório e copa.......................................................................,... 20
Figura 4. Casa de gerador............................................................................ 20
Figura 5. Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).......................................... 22
Figura 6. Distribuição dos tanques-rede da Pesca Nova no reservatório
de Itaparica - PE............................................................................ 31
Figura 7. Tanque rede-rede da Pescanova de 198 m³................................. 31
Figura 8. Montagem do tanque-rede............................................................ 32
Figura 9. Tipo da malha (aço galvanizado de 20 mm)................................. 33
Figura 10. Posicionamento dos tanques-rede................................................ 35
Figura 11. Exemplo de poita utilizada.......................................................... 35
Figura 12. Poita sendo implantada no tanque................................................ 36
Figura 13. Retirada da matéria da matéria orgânica do comedouro.............. 37
Figura 14. Centro Juvenil intensivo da Pescanova....................................... 38
Figura 15. Balsa transportadora da PescaNova............................................. 39
Figura 16. Captura dos juvenis....................................................................... 40
Figura 17. Mesa seletora................................................................................ 41
Figura 18. Classificação dos juvenis.............................................................. 41
Figura 19. Juvenis sendo colocados nas caixas transfish para serem
levados a balsa transportadora.................................................... 42
Figura 20. Juvenis nas caixas transfish, sendo liberados para a balsa
transportadora (montagem)........................................................... 43
Figura 21. Balsa posicionada para inicio do povoamento............................. 44
Figura 22 Povoamento............................................................................... 44
Figura 23. Armazenamento da ração............................................................ 46
Figura 24. Arraçoamento no setor de engorda.............................................. 48
Figura 25. Ração sendo transferida do caminhão para o píer....................... 49
Figura 26. Transporte da ração na lancha até os taques - rede..................... 50
Figura 27. Peixe concentrados a borda do tanque para inicio da
biometria........................................................................................ 52
Figura 28. Biometria no centro de engorda.................................................... 53
Figura 29. Balança utilizada na biometria....................................................... 53
Figura 30. Desenho esquemático das aferições tomadas nos tanques-
rede............................................................................................... 54
Figura 31. Observação da qualidade das redes............................................ 55
Figura 32. Mergulhadores observam se o fundo dos tanques merecem
reparos ......................................................................................... 55
Figura 33. Troca de comedouros.................................................................... 56
Figura 34. Peixes mortos no tanque-rede..................................................... 57
Figura 35. Retirada dos peixes mortos.......................................................... 57
Figura 36. Levantamento da tela do tanque- rede para concentração dos
peixes........................................................................................... 59
Figura 37. Rede utilizada na despesca.........................................................; 59
Figura 38. Rede de despesca para concentração os peixes no tanque-
rede............................................................................................... 60
Figura 39. Sucção dos peixes dos tanques- rede para a balsa..................... 61
Figura 40. Tubulação por onde os peixes são levados até a mesa
classificadora da balsa.................................................................. 61
Figura 41. Mesa classificadora da balsa para despesca na engorda............ 62
Figura 42 Balsa com tubulação acoplada para lançamento dos peixes da
balsa para as caixas...............................................................,...... 62
Figura 43. Peixes sendo transportados nas caixas para serem pesados...... 64
Figura 44. Peixes sendo pesados na balança............................................... 64
Figura 45. Peixes abatidos em choque térmico.............................................. 65
Figura 46. Os peixes sendo armazenados no caminhão do comprador........ 66
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção Mundial da tilapia de 4.850,000 toneladas em 2014............. 26


Tabela 2. Quantidade e valor da produção de peixes, segundo as espécies ou
grupos de peixes, em ordem decrescente da quantidade produzida
Brasil – 2014.......................................................................................... 27
Tabela 3. Produção nacional de tilápia entre 2013 e 2015.................................... 28
Tabela 4. Produção e valor de produção da piscicultura nordestina por espécie 29
Tabela 5. Produção nordestina de tilápia, tambaqui e tambacu por estado (em
toneladas................................................................................................ 29
Tabela 6. Níveis de garantia por kg de ração tilamax 32 engorda II..................... 47
Tabela 7. Tabela de arraçoamento distribuída diariamente aos funcionários da
engorda de acordo com a necessidade do dia...................................... 49
Tabela 8. Fluxo de distribuição da ração na engorda............................................ 51
SUMÁRIO

1. Introdução ……………………………………………………………………........ 13

2. Objetivos ……………………………………………………………………........... 15

2.1. Objetivo Geral …………………………………………………………..…...... 15

2.2. Objetivos Específicos……………………………………………………........ 15

3. Metodologia ……………………………………………………………………...... 16

4. A Pescanova Brasil Ltda ……………………..……………………………........ 17

5. A Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)...…………………….................... 21

5.1. A Produção Mundial ………………………………...................................... 24


5.2. A Produção Brasileira ………………………………………………….......... 26

6. ROTINA NA ENGORDA................................................................................. 31

6.1Estrutura dos tanques-rede ................................................................... 31


6.1.1.Montagem das malhas ...................................................................... 33
6.1.2. Fixação e posicionamento dos tanques-rede ................................... 34
6.1.3. Comedouros ..................................................................................... 37
6.1.4. Flutuadores e sinalizadores .............................................................. 38

6.2. Recepção de juvenis ................................................................................ 38

6.2.1. Aquisição dos juvenis ....................................................................... 40


6.2.2. Aclimatação e povoamento ………………………………........…....... 43

6.3. Nutrição dos juvenis .........................……………………………................. 46

6.3.1. Recepção e armazenamento da ração ……………...….........…....... 46


6.3.2. Tipos de ração e métodos de distribuição ….…....…….........…........ 47
6.3.3. Frequência alimentar………………………………………..........…..... 51
6.3.4. Biometria ..…………..……………………………………….......…….... 52

6.4. Limpeza e manutenção dos tanques-rede ............................................. 55

6.4.1. Prevenção sanitária e controle de estresse ..................................... 56


6.4.2. Monitoramento da qualidade da água .............................................. 60

6.5. Finalização do cultivo ............................................................................... 58

6.5.1. Despesca ........................................….................…………............... 58


6.5.2. Classificação dos Peixes ………...............………………….….......... 63
6.5.3. Comercialização................................................................................ 65

7. Discussão........................................................................................................ 67
8. Considerações finais .................................................................................... 71
9. Recomendação............................................................................................... 72
10. Referências bibliográfica............................................................................... 73
1. INTRODUÇÃO

A aquicultura trata da criação de organismos com ciclo de vida


desenvolvido total ou parcialmente em meio aquático, e é praticada há milhares
de anos pelos chineses e egípcios. O pescado é um alimento saudável e cada
vez mais procurado pela população em todas as faixas de renda, sendo
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o consumo de 12
quilos por habitante/ano. A aquicultura vem tornando-se importante fonte de
alimento de origem animal, devido à intensa pressão nos estoques pesqueiros
naturais (CODEVASF, 2013).
Com o crescimento da demanda, a piscicultura evoluiu tecnologicamente
e, objetivando melhor aproveitamento de espaço, dos recursos naturais
disponíveis e do aumento da produtividade, novas técnicas de cultivo com
maiores densidades de estocagem, vem sendo desenvolvidas como é o caso
das estruturas denominadas de tanques-rede (CONTE, 2002 apud SOUZA,
2006).
Com isso, o sistema de criação de peixes em tanques-rede vem
crescendo cada vez mais, sendo classificado como sistema intensivo de
produção, mantendo a qualidade da água, dispensando o desmatamento de
grandes áreas e evitando problemas de erosão e assoreamento (CARDOSO et
al., 2005).
A Tilápia (Oreochromis niloticus) é hoje o principal peixe da aquicultura
brasileira. O sucesso se dá por existir um pacote tecnológico desenvolvido
exclusivamente para esta espécie, além da facilidade de manejo no cultivo, a
boa adaptação às condições climáticas e aos diferentes sistemas de cultivo,
especialmente aqueles que utilizam altas densidades permitindo a produção
em escala. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
(2015), a produção da Tilápia já ocorre em 1.878 municípios brasileiros, com
potencial de produção em todo o país.
A criação de Tilápias em tanques-rede vem crescendo
consideravelmente no Brasil e em diversos países onde existem grandes
reservatórios. O rio São Francisco é referência em produção pesqueira, tanto
para subsistência quanto para o comércio, devido ao seu vasto potencial.
13
(SOARES et al., 2007). E apesar de estar localizada no semiárido nordestino, a
região do Submédio do rio São Francisco apresenta condições excepcionais
para produção de Tilápia em termos de recursos hídricos, tanto em volume
quanto em qualidade da água. Essa condição decorre não somente devido ao
grande fluxo natural do rio São Francisco, mas principalmente em função dos
vários reservatórios artificiais construídos para instalação de usinas
hidroelétricas, dentre estes, o reservatório de Itaparica, que tem se destacado
pelo forte crescimento da tilapicultura e constitui um dos mais importantes
polos de piscicultura do país (MPA, 2011).
O polo de Itaparica se caracteriza pela heterogeneidade de perfil de
piscicultores no que se refere ao porte. Reunindo desde multinacionais até
produtores familiares, o polo é formado pelos reservatórios de Itaparica,
Moxotó e Xingó. Dentre os reservatórios o de Itaparica apresentou a maior
produção de Tilápia do SBSF em 2014, com 14.676 toneladas. A estimativa da
produção média de Tilápia neste reservatório foi de 1.223 t/mês para o referido
ano. A piscicultura na região vem sendo a principal fonte de renda dos
moradores das cidades e das regiões circunvizinhas, tornando esta região um
polo de produção aquícola (RIBEIRO et al., 2015).
Assim, grandes empresas têm desenvolvido projetos de tilapicultura
baseados no emprego de tecnologias, como o grupo Pescanova, empresa
caracterizada como pioneira no desenvolvimento de tecnologias nas áreas de
extração de recursos pesqueiros e aquicultura, em meados dos anos 2000
implantou na margem do reservatório de Itaparica, o primeiro centro para a
produção de juvenis de Tilápias em sistema superintensivo do Brasil, na cidade
de Itacuruba em Pernambuco.
Atualmente, a Pescanova produz seu próprio juvenil para abastecer seu
centro de engorda em tanques-rede, instalado no reservatório de Itaparica, que
produz em sistema intensivo Tilápias para comercialização em todo Brasil.
Considerando estes fatos, o presente trabalho visou descrever as etapas
no manejo da produção de engorda de Tilápias em tanques-rede, desenvolvido
pela empresa Pescanova do Brasil LTDA, no município de Itacuruba em
Pernambuco.

14
2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral:

Descrever o manejo de engorda de Tilápia do Nilo, cultivadas em


sistema intensivo em tanques-rede, na empresa Pescanova Brasil Ltda, no
município de Itacuruba em Pernambuco.

2.2. Objetivos Específicos:

1. Descrever os precedimentos de preparação dos tanques-rede;

2. Descrever os procedimentos de recepção, aclimatação e povoamento


dos juvenis de Tilápia;

3. Descrever o manejo nutricional dos peixes;.

4. Descrever o monitoramento da sanidade dos peixes em cultivo;

5. Descrever os procedimentos de despesca e comercialização.

15
3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a elaboração deste Trabalho de Conclusão


de Curso (TCC) foi baseado nas experiências adquiridas durante a realização
do Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO), na empresa Pescanova Brasil
LTDA., localizada no município de Itacuruba – Pernambuco, no período de 18
de maio a 18 de junho de 2015, em tempo integral incluindo os sábados, com
carga horária de 240 horas.
As atividades do ESO foram exclusivas na unidade de engorda da
empresa, onde foi realizado o acompanhamento das seguintes etapas:

1. Preparação e reparação dos tanques-rede e de comedouros;


2. Arraçoamento;
3. Retirada dos peixes mortos;
4. Classificação dos juvenis;
5. Transferência dos juvenis para os tanques redes;
6. Povoamento dos tanques-rede;
7. Despescas
8. Comercialização

Ademais, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a produção


nacional e mundial de Tilápia do Nilo, provenientes de publicações, em
periódicos, artigos científicos e fontes oficiais, como FAO (Food and Agriculture
Organization of United Nations), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), CODEVASF (Companhia de
Desenvolvimento do Vale São Francisco) IMA (Instituto do Meio Ambiente) e
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Por fim, alguns pontos de melhoria nos procedimentos de manejo da
empresa foram discutidos, em uma análise crítica, referendadas
bibliograficamente, apresentando algumas recomendações à empresa.

16
4. A PESCANOVA BRASIL LTDA.

A Pescanova é uma empresa multinacional espanhola, com escritórios


em vários países no mundo, atuando tanto na Pesca como na Aquicultura.
Fundada em 1960, em Vigo, a Pescanova deve grande parte do seu sucesso a
José Fernández López, fundador da empresa, que introduziu uma revolução no
setor das pescas ao desenvolver o processamento do pescado a bordo através
de grandes navios congeladores (barcos-fábrica), o que permitiu fazer chegar o
pescado a pessoas e lugares aos quais anteriormente era impossível
(PESCANOVA, 2015).

Caracterizada por ser uma empresa pioneira, a Pescanova introduziu a


congelação em alto-mar, participou do nascimento da aquicultura moderna e
hoje lidera diversas investigações sobre alimentação. A Pescanova é a única
empresa pesqueira que detém e controla todos os processos da cadeia
produtiva, desde a extração e cultivo da proteína marinha até o seu
processamento, distribuição e comercialização nos melhores mercados do
mundo.

No Brasil, a Pescanova está instalada no munícipio de Itacuruba em


Pernambuco (Figura 1), nas coordenadas 8º45’57.38” S e 38º47’51.32” O. A
empresa possui cessão de 27 ha de águas da união, onde são utilizados
somente 3 ha que supre a demanda necessária para a empresa atualmente,
com a instalação de 27 tanques-rede de 198 m³ cada, para o funcionamento do
centro de engorda.

Fatores como boa qualidade da água, temperatura adequada,


infraestrutura, rede elétrica, entre outros, foram pontos positivos para a escolha
do município pela empresa. Com a chegada da empresa em 2005, a
piscicultura passou por mudanças significativas na região, ganhando mais
tecnologia tanto nos tanques de criação, quanto no processo de
armazenamento e transporte do peixe.

17
A Pescanova no Brasil hoje produz cerca de 110 toneladas por mês de
Tilápia, com mão de obra local, e projeto de expansão em andamento, devendo
chegar a 220 toneladas por mês nos próximos anos.

Atualmente a espécie utilizada pela empresa é a Tilápia Nilótica,


linhagem chitralada, que além de possuir um melhor desempenho, tanto no
potencial reprodutivo quanto no de engorda, tem maior aceitação no mercado
regional.

Os alevinos são adquiridos em outros centros de produção da cidade de


Paulo Afonso- BA, chegando à empresa com 5 g, onde são cultivados
inicialmente no centro de juvenis até um peso médio de 60 g, para então serem
transferidos para a engorda, até atingirem o peso médio para a venda.

A empresa possui um caminhão, uma caminhonete, três caixas transfish


para transportar os juvenis até o setor de engorda, três lanchas, usadas para
alimentação dos peixes na engorda, caixas de mil litros para despesca e uma
balsa classificadora para despesca por sucção.

O quadro de funcionários conta com quatro gerentes técnico-


administrativos, sendo um Engenheiro de Pesca como Diretor Geral, um
engenheiro agrônomo e outros dois gerentes responsáveis pela administração
financeira da empresa. Uma contadora, uma auxiliar administrativo, um
motorista, um almoxarife, três vigilantes, um encarregado do galpão da ração,
que controla a entrada e saída da ração, um encarregado da eletricidade, cinco
funcionários no centro de juvenis, cinco funcionários no centro de engorda, três
mergulhadores que fazem a manuntenção dos tanques–rede e o controle dos
peixes mortos, e quatro funcionários na despesca.

A infraestrutura de produção se divide em duas áreas: terra e lago. Em


terra, encontram-se: escritório dos técnicos, Depósito de ração e almoxarifado
(Figura 2), Refeitório e copa (Figura 3), Vestiário dos funcionários, casa de
gerador (Figura 4), Pier, Guarita, dormitórios e banheiros. No lago, encontram-
se: 27 tanques-rede de PVC de 187 m³ cada, Balsa, 3 lanchas de suporte
operacional, Balsa de transporte e selação de peixes e pier flutuante.

18
Figura 1: Vista área da empresa Pescanova Brasil Ltda., Itacuruba-PE.
Itacuruba

Fonte: Google Earth, 2016.

Figura 2: Depósito de ração e Almoxarifado

Fonte: Jothânia Matos.


19
Figura 3: Refeitório e copa

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 4: Casa de gerador.

Fonte: Jothânia Matos.

20
5. A Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)

A Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus (Figura 5) pertencente à família


dos ciclídeos, é originária da bacia do rio Nilo, no Leste da África,
encontrando-se amplamente disseminada nas regiões tropicais e subtropicais,
como em Israel, no Sudeste Asiático (Indonésia, Filipinas e Formosa) e no
Continente Americano (USA, México, Panamá e toda a América do Sul)
(AYROZA, 2009).

No Brasil foi introduzida em 1971, por intermédio do Departamento


Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) nos açudes do Nordeste,
difundindo-se para todo o país (PROENÇA e BITTENCOURT, 1994;
CASTAGNOLLI, 1996). Conte (2002) acrescenta ainda que a produção da
Tilápia é tão grande que, quando comparadas a outras espécies de peixes
cultivadas, se apresenta como a segunda espécie mais produzida, perdendo
apenas para as carpas.

Ela é uma espécie tropical cuja temperatura ideal para seu


desenvolvimento varia entre 25 e 30 °C, tendo seu crescimento afetado
abaixo de 15 °C, não resistindo a temperaturas por volta de 9 °C (CONTE,
2006).

A Tilápia é um dos peixes com maior potencial para a aquicultura por


diversas características como: é precoce, de rápido crescimento, alimenta-se
dos itens básicos da cadeia trófica e aceita grande variedade de alimentos
tendo preferência por elementos do fitoplâncton, mas pode consumir
pequenas larvas, insetos e vermes, além de aceitar facilmente o tratamento
com ração. Além disso, responde com a mesma eficiência a ingestão de
proteínas de origem vegetal e animal, possui capacidade fisiológica de
adaptar-se em diferentes ambientes e sistemas de produção, é resistente a
doenças, cresce bem em densidades de estocagem elevadas e em ambientes
com baixo teor de oxigênio dissolvido, apresenta carne saborosa com baixo
teor de gordura e de calorias, alto rendimento de filé (35 a 40%) e ausência de
espinhos em forma de “Y” (mioceptos), o que a torna apropriada para
21
industrialização, e possui elevado valor comercial, principalmente nos países
desenvolvidos (KUBITZA, 2003).

Figura 5: Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).

Fonte: Jothânia Matos.

Entre as espécies de água doce e de hábito alimentar onívoro, a Tilápia


tem se destacado pela elevada capacidade de digestão e utilização da
energia e da proteína dos alimentos de origens vegetal e animal, superando a
carpa comum (Cyprinus carpio) e o bagre (Clarias gariepinus) (HUGHES,
1993; KUBARIK, 1997).

Uma das variedades de Tilápia mais procuradas no Brasil para cultivo é


a chitralada, conhecida também como tailandesa, linhagem desenvolvida no
Japão e melhorada no Palácio Real de Chitrala na Tailândia. Em 1996, com o
objetivo de melhorar geneticamente o plantel existente no Estado do Paraná,
a Associação Paranaense dos Produtores de Alevinos (ALEVINOPAR), com o
apoio da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural

22
(EMATER) e de outros órgãos governamentais importaram matrizes de Tilápia
do Nilo da Tailândia (BOSCOLO et al., 2001).

A produção dos híbridos de Tilápia teve início na Malásia em 1988, por


um programa de melhoramento genético da raça Nilótica, pela instituição de
Worldfish Center. Essa raça foi escolhida por ter suas características
atraentes a grandes produções, como desenvolvimento e reprodução precoce,
resistência as variações ambientais e doenças.

Já a linhagem Genetically Improved Farmed Tilapia, ou mais conhecida


como GIFT, surgiu nas Filipinas. Ainda hoje a GIFT é estudada e avaliada
quanto ao seu desempenho, por conta de variação de lugares, climas e
sistemas de produção diferentes. Esse híbrido marcou época no
melhoramento genético de peixes tropicais. No Brasil, a linhagem GIFT foi
introduzida em 2005 pela Universidade Estadual de Maringá no Paraná, com
apoio da SEAP (Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca) (GUPTA e
ACOSTA, 2004; WORLDFISH CENTER, 2004 apud FÜLBER et al., 2009).

No ano de 2002 foi desenvolvida uma espécie melhorada


geneticamente, vindo da raça Nilótica a Geno Mar Supreme Tilápia (mais
conhecida como Supreme ou GST). Essa linhagem chegou ao Brasil em 2005
pela piscicultura Aquabel adquirido da empresa Genomar (TENÓRIO;
SOARES; LOPES, 2012).

A Tilápia Saint Peter, segundo Nogueira (2003), é um hibrido da Tilápia


Vermelha, resultante de cruzamentos e mutações genéticas da Tilápia de
Moçambique. Caracterizada por sua coloração vermelho mesclado de
vermelho e branco, essa espécie é encontrada no mundo todo. Outros
híbridos vindos dessa espécie são: Saint Pierre, Tilápia vermelha da Flórida,
Tilápia vermelha da Jamaica, Taiwan, Filipinas, Red Koina e outros. Oliveira et
al. (2007) afirmam que a produção de Tilápia Vermelha fora oficialmente
introduzida no Brasil em 1981.

A partir da década de 90, a difusão das técnicas de produção, a


elaboração de trabalhos de pesquisa, experimentos com a espécie, e o

23
surgimento da tecnologia de reversão sexual permitiu que essa atividade
começasse a se estruturar e se desenvolver. O estado pioneiro foi o Paraná,
que imprimiu um ritmo empresarial à atividade, estruturando a produção.
Começaram a surgir os primeiros frigoríficos específicos para o
beneficiamento de Tilápia, particularmente nos municípios de Toledo e Assis
Chateaubriand. Assim, foram criadas as condições para que o Paraná fosse,
em pouco tempo, o maior produtor de Tilápia do País, posição que viria a
perder somente em 2003 quando, segundo dados do IBAMA, a produção do
estado do Ceará alcançou a marca de 13.000 toneladas, superando as 12.782
toneladas produzidas naquele ano pelo estado do Paraná.

Nogueira (2003) relata que a espécie de Tilápia Nilótica ou Tilápia do


Nilo são as mais produzidas no mundo, e a linhagem GIFT, conforme Gupta e
Acosta (2004 apud FÜLBER et al., 2009), e Worldfish Center (2004 apud
FÜLBER et al., 2009), marcou época em melhoramento genético de peixes
tropicais. De acordo com Ayroza et al. (2005), a Tilápia apresenta grande
desempenho tornando seu cultivo interessante e preferível, pois apresenta
precocidade, habito alimentar diversificado e tolera condições ambientais
adversas.

5.1 A Produção Mundial

Na China a produção de Tilápia em 2013 era de 1,6 milhão de


toneladas. Durante o primeiro trimestre de 2015, as exportações totais de
Tilápia congelada apresentaram crescimento marginal (+2,2%) em relação ao
mesmo período do ano de 2014 principalmente devido ao aumento do filé
congelado (+9,7%) e do filé empanado (+ 22,5%). Além do aumento das
exportações de filé congelado para os principais mercados (Tabela 1), EUA e
México, as exportações também aumentaram para Israel e para o Irã (FAO,
2016).

24
As importações de filé de Tilápia frescos/refrigerados de alta
valorização para os EUA durante o primeiro trimestre de 2015 aumentaram
marginalmente em 1,4% em quantidade, mas em 5,0% em relação ao mesmo
período em 2014. Honduras continua a ser o maior exportador, embora o
fornecimento diminuiu 7,1%. Os suprimentos foram mais elevados na
Colômbia, com um aumento de 30% nos embarques, o que permitiu que o
país se tornasse o terceiro fornecedor de filés de Tilápia frescos no mercado
dos EUA. Costa Rica e Equador relataram declínios acentuados nas
exportações. As importações de Tilápias congeladas durante o primeiro
trimestre de 2015 confirmaram a forte procura no mercado, uma vez que
houve um aumento de 27% nesta categoria de importação em comparação
com o mesmo período de 2014. As exportações de filé congelado também
aumentaram na América Latina, Equador e Honduras. As estatísticas
comerciais do NMFS informaram que houve 226 toneladas de importações
inteiras de Tilápia fresca durante o primeiro trimestre de 2015, contra 83
toneladas no mesmo período no ano de 2014. Os principais fornecedores
eram Mianmar, Bangladesh, Paquistão e China. O México foi o maior
fornecedor da América Latina (FAO, 2016).

Durante o período de janeiro a abril de 2015, a Guatemala exportou 60


toneladas de filé de Tilápia fresco para os EUA, o que compara com apenas 8
toneladas durante o mesmo período em 2014. O mercado de Tilápia está
crescendo na Costa Rica, Guatemala, El Salvador, Honduras , Nicarágua e
Panamá( FAO, 2016).

As importações de Tilápia para a UE, segundo os dados do


Eurostat comunicaram um total de 7.702 toneladas de Tilápias congeladas
(inteiro e filé), uma redução de 1.283 toneladas em comparação com o
mesmo período em 2014. O Vietnã foi o segundo maior fornecedor de filés de
Tilápia congelados e exportou 803 toneladas a mais durante esse período. Em
termos de Tilápia inteira congelada, as importações aumentaram de Tailândia
e Mianmar (FAO, 2016).

25
Em 2014, o Vietnã exportou Tilápia para mais de 60 países, sendo
os EUA o mercado mais importante, com 18,2% do total das exportações
desta espécie, importando 1.745
1 745 toneladas, valorizadas em USD 5,24
milhões. A Espanha seguiu
seguiu com importações avaliadas em USD 3,7 milhões
ea Colômbia com importações avaliadas em USD 3,03 milhões. Os restantes
dez principais importadores (por ordem) foram os Países Baixos, Bélgica,
Alemanha, México, Reino Unido, República Checa e Itália (FAO,
FAO, 2016).
20

Tabela 1: Produção Mundial


Mundia da tilapia de 4.850,000
850,000 toneladas em 2014.
2014

Fonte: Fitzsimmons, 2015.

5.2. A Produção Brasileira

O cultivo de Tilápia é o mais importante dentre os cultivos aquícolas do


Brasil em termos de volume produzido
produzido e no aspecto socioeconômico. A
permissão de uso das águas da união para este fim (Instrução Normativa
Interministerial N°6, de 31
3 de maio de 2004) tem sido um dos fatores
fat que
alavancaram a produção a partir de 2005. Abrangendo 31% dos produtores da
espécie (MPA, 2011).

Apesar de não ser nativa do Brasil, a Tilápia é produzida em todo o


país, com destaque para as regiões Nordeste, Sul e Sudeste. O país produziu,
26
em 2013, 169,3 mil toneladas desse tipo de peixe (IBGE, 2014). A espécie foi
a mais cultivada na piscicultura, sendo responsável por 34% da produção
nacional e 25% da receita gerada (R$ 766,25 milhões). A estiagem que afetou
diversas regiões do país provocou impacto também na produção nacional de
Tilápia. Em alguns importantes polos de tilapicultura,
tilapicultura, como os dos
reservatórios de Ilha Solteira (SP) e do Castanhão (CE), a diminuição do nível
da água gerou forte redução na produção (CNA, 2015).

Em 2014 a Tilápia foi á espécie mais cultivada com 198,49 mil


toneladas despescadas, o equivalente a 41,9% do total da piscicultura.
(Tabela 2) a espécie registrou um aumento de 17,3% em relação à produção
obtida em 2013. (IBGE,, 2014). O Município de Jaguaribara (CE) continuou
líder no ranking municipal da produção de Tilápia,, única espécie nele
produzida, com a despesca de 16,92 mil toneladas em 2014. A segunda
posição, antes ocupada por Santa Fé do Sul (SP), passou a ser de Orós (CE),
com a despesca de 6,28 mil toneladas de Tilápia.. Enquanto a produção de
Orós aumentou 18,9%, a de Santa Fé do Sul decresceu 11,2% em relação à
observada em 2013.

Tabela 2: Quantidade e valor da produção de peixes, segundo as


espécies ou grupos de peixes, em ordem decrescente da quantidade
quantida
produzida Brasil – 2014

Fonte: IBGE (2014).


27
A produção de Tilápia no Brasil aumentou 9,7% em 2015 chegando a
219 mil toneladas entre janeiro e dezembro. Em comparação com o ano
interior o peixe foi o mais criado pela piscicultura no país e chegou a 45,4% do
total da produção total. (IBGE, 2016). No ano de 2015 a produção nacional de
tilápia esteve concentrada principalmente em quatro estados. Paraná como
maior produtor (28,8%) São Paulo (13,2%) Ceará (12,7%) e Santa Catarina
(11,4%). A cidade cearense de Jaguaribara foi a líder na criação de Tilápia,
com 13,8 mil toneladas do pescado, o que equivaleu a 6,3% da produção
nacional.

Tabela 3: Produção nacional de Tilápia entre 2013 e 2015.

Fonte: IBGE (2016).

Em relação a região Nordeste, a espécie mais cultivada foi a Tilápia,


em 2015 a região respondeu por 24,1% da produção do País. (Tabelas 3 e 5).

A espécie representou 63,0% da produção em cativeiro de peixes da


região nordeste, em termos de valor de produção a proporção foi equivalente
28
(60,5%) (Tabela 4). A segunda espécie mais cultivada no Nordeste foi o
tambaqui com 24,5% do volume total e 26,1% do valor de produção da
piscicultura da região (Tabela 4), sendo que o Maranhão e o Piauí juntos
responderam por 79,8% da produção regional dessa espécie. Vale destacar
também a produção dessa espécie em Sergipe, em 2015 foram produzidas no
estado 2.464,7 toneladas correspondendo a 11,9% da produção regional. Em
terceiro lugar ficou a produção de tambacu (8,9%), o Maranhão é responsável
por quase 76,0% da produção do Nordeste (Tabelas 4 e 5).

Tabela 4: Produção e valor de produção da piscicultura nordestina por


espécie.

Fonte: IBGE (2016).

Tabela 5: Produção nordestina de Tilápia, tambaqui e tambacu por


estado (em toneladas).

Fonte: IBGE, 2016.


29
A criação de peixes no Brasil está em expansão, o país fechou o ano
de 2016 com crescimento de 10% na criação de peixes. O faturamento ficou
estimado em R$4,5 bilhões. Os peixes mais produzidos foram a Tilápia e o
Tambaqui. Mas os criadouros brasileiros também produziram Pirarucu,
Dourado, Truta, Pintado e Pacu (IBGE, 2016).

Segundo (FAO, 2016) a aquicultura terá expansão nos próximos anos


no Brasil. O consumo de pescados no Brasil chegará a 12,7 kg/ano em 2025
por habitante, cerca de 32% a mais do que os 9,6 kg/ano consumidos por ano
entre 2013 e 2015. Dados do relatório da FAO apontam que em dez anos a
produção de pescados em cativeiro no Brasil mais do que dobrará. A
expectativa é que em 2025 a produção já seja de 1,145 milhão de toneladas.

6. ROTINA NA ENGORDA

6.1. Estruturas dos Tanques–rede

A empresa possui um sistema intensivo de produção, e atualmente


possui 27 tanques-rede em funcionamento para engorda de Tilápias (Figura 6),
os tanques-rede possuem estrutura de polietileno de alta densidade (PEAD) e
rede de aço revestido com PVC ou PEAD, de 198 m³ (Figura 7), com grande
adensamento de peixes e produtividades mais elevadas. Os tanques possuem
uma densidade de estocagem de 126 peixes/m³ cada, é uma produção de 555
kg/m³ por mês.

30
Figura 6: Distribuição dos tanques- rede da Pescanova no reservatório de
Itaparica - PE.

Fonte: Jothania Matos.

Figura 7: Tanque- rede de 198m³ da empresa Pescanova no reservatório


de Itaparica.

Fonte: Jothânia Matos.

31
6.1.1. Montagem das malhas

A montagem das malhas é uma atividade orientada pela parte técnica da


empresa e efetuada de acordo com a necessidade de demanda e de reparos
dos tanques (Figura 8). Os materiais usados para a confecção das malhas são
rígidos, de aço galvanizado revestido de PVC de alta aderência, com abertura
da malha de 20 mm (Figura 9). A seleção do tipo de malha satisfaz a certos
critérios, dentre os quais se destacam: Capacidade de renovação de água,
tamanho das aberturas, não provoque lesões nos peixes, e não seja corrosível.

Figura 8: Montagem do tanque-rede.

Fonte: Jothânia Matos.

32
Figura 9: tipo da malha (aço galvanizado de 20 mm).

Fonte: Jothânia Matos.

6.1.2. Fixação e posicionamento dos tanques-rede

Para a escolha do local, a empresa instala seus tanques de maneira que


não venha interferir no meio-ambiente local e sim, que venha existir harmonia
com bom acesso à margem, onde haverá movimentação constante e com
ótimo acesso. As implantações dos tanques-rede são acompanhadas pela
parte técnica da empresa desde a montagem, implantação das poitas,
transporte do tanque-rede da terra até o reservatório, e posteriormente
transporte do tanque-rede da margem até o local de destino.

No local de implantação dos tanques-rede possui em média 5,50 metros


de profundidade, e os tanques- redes possuem 5,00 metros de altura, essa
medida é feita para que não ocorra do tanque-rede ficar muito próximo ao
fundo, é que possa acompanhar as variações dos níveis do reservatório, e
através dos desses dados estimar a biomassa por tanque- rede por m³.

Os tanques-rede são fixados com cabos de nylon de 20 mm de


espessura, conferindo boa segurança e durabilidade. É pertinente salientar que
33
no momento da fixação dos cabos sempre é previsto o canal de navegação
(Figura 10).. O posicionamento é um dos principais fatores que deve ser
observado na instalação dos tanques-rede.
tanques . A distância entre os tanques é de
duas vezes o seu comprimento, já distância entre linhas ou cordas é de 25
metros, posicionando as cordas em direção perpendicular a corrente superficial
da água,, desta maneira todos os tanques–rede terão uma
ma taxa uniforme de
renovação da água.

Para a instalação do tanque os funcionários da empresa e levam até a


margem do reservatório,
ório, em seguida é transportado com auxilio de uma
lancha, até o local de destino,
destino sendo feita a amarração com auxilio dos cabos.
Logo após são colocadas
colocada poita confeccionada de concreto (Figura
Figura 11) com a
finalidade de fixar dos tanques (Figura 12).

Desenho esquemático da amarração dos tanques-redes


tanques redes.

Fonte: Pescanova

34
Figura 10:
10 Posicionamento dos tanques-rede.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 11:
11 Exemplo de poita utilizada.

Fonte: Jothânia Matos.

35
Figura 12: Poita sendo implantada no tanque.

Fonte: Jothânia Matos.

6.1.3. Comedouros

Estas estruturas têm como finalidade evitar o desperdício de ração,


sendo projetadas para rações extrusadas (flutuantes). Para confecção dos
comedouros foi utilizado nylon multifilamento torcido, com malhas de 0,5 mm.
O comedouro fica na altura da linha d’água, ficando 15 cm acima da superfície
da água e 40 cm abaixo da linha d’água, e gera a retenção da ração no interior
do tanque-rede para que os peixes possam aproveitar todo o alimento. A ração
é colocada aos poucos no seu interior, sempre observando se está havendo
consumo pelos peixes.

Estas estruturas passam por limpezas periódicas a cada quinze dias,


sendo estes lavados com jato de água e colocados ao sol para secar, para a
retirada da matéria orgânica acumulada (Figura 13), que pode servir de
substrato para agentes patogênicos.

36
Figura 13: Retirada da matéria da matéria orgânica do comedouro.

Fonte: Jothânia Matos.

6.1.4. Flutuadores e sinalizadores

Os sinalizadores são uma exigência da Marinha do Brasil para os


cultivos em tanques-rede, posicionadas no canal de navegação e no polígono
de cultivo, a fim de se evitar acidentes com embarcações. A empresa tem o
intuito de investir nesse sentindo de sinalização do cultivo, várias boias serão
implantadas garantindo assim a segurança do cultivo.

6.2. Recepção de juvenis

A qualidade dos juvenis no cultivo é de extrema importância para se


obter bons resultados, para isso a empresa faz um acompanhamento diário de
ganho de peso, crescimento e mortalidade, de cada tanque com biometrias e

37
observações dos peixes mortos. Desta forma, a empresa observa certas
características, dentre as quais podemos destacar:

1. A taxa de crescimento específico de 1,34% ao dia;

2. Sobrevivência estimada de 90 %;

3. Resistência a doenças, uma porcentagem de 10 % dos peixes mortos;

4. Adaptabilidade ao ambiente de cultivo

5. Aceitação pelo consumidor.

Os juvenis são provindos do próprio sistema intensivo de criação da


empresa (Figura 14). E após atingirem o peso desejado para a engorda, ficam
em jejum por 24 horas antes de serem transferidos. E uma balsa classificadora
e transportadora é utilizada tanto para despesca dos juvenis no centro intensivo
como para o transporte até o centro de engorda (Figura 15). Serve também de
plataforma para o manejo dos peixes e dos tanques-rede, tanto no decorrer do
ciclo de produção, como principalmente na despesca.

Figura 14: Centro Juvenil intensivo da Pescanova.

Fonte: Jothânia Matos.


38
Figura 15:
15 Balsa transportadora da Pescanova..

Fonte: Jothânia Mattos.

6.2.1. Aquisição dos juvenis

Ao atingirem em média 60 gramas, os peixes são transferidos dos


tanques em terra do centro juvenil para os tanques-redes no setor de engorda
da empresa,, porém de acordo com a demanda a empresa, mantém ou não os
peixes até os 150 – 200 gramas no centro de juvenis, e só então, após passar
pelo processo de classificação e repicagem, é que são transferidos para o setor
de engorda.

A uniformidade dos juvenis diz respeito ao tamanho dos peixes do lote


em questão. Os peixes devem apresentar visualmente tamanho semelhante.
Esta classificação possibilita uma maior uniformidade de peso e tamanho no
momento da despesca.

39
A despesca no centro de juvenis ocorre sempre no horário da manhã. O
nível da água do tanque é diminuído, mantendo a aeração para evitar
problemas na oxigenação da água. Para capturar os peixes, os funcionários do
centro utilizam uma rede de despesca (Figura 16) para trazer os peixes para
perto da mesa classificadora, onde serão contados (Figura 17), de modo a
facilitar o manejo e a contagem manual dos peixes. A contagem dos juvenis é
realizada de forma individual para garantir uma estocagem correta nos
tanques-rede é o número exato de juvenis adquiridos (Figura 18). Esta prática
evitará o desperdício e a falta de ração com consequentes prejuízos para a
empresa.

Após classificados é feita a transferência dos juvenis para as caixas


transfish com auxilio de baldes, o caminhão leva as caixas transfish ate a
margem do reservatorio (Figura 19) onde posteriormente são transferidos para
a balsa transportadora.

Figura 16: Captura dos juvenis.

Fonte: Jothânia Matos.

40
Figura 17: Mesa Classificadora.
Classificadora

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 18:
18 Classificação dos juvenis.

Fonte: Jothânia Matos.


41
Figura 19: Juvenis sendo colcados nas caixas transfish para serem
levados a balsa transportadora.

Fonte: Jothânia Matos.

6.2.2. Aclimatação e povoamento

Após serem transportados nas caixas transfih os juvenis são então


transferidos para balsa transportadora que possui caixas transfish própria com
aeração, sendo bastecidas com água do reservatório para que ocorra a
aclimatação, e essa tranferencia é realizada por meio de tubalação coplada
(Figura 20).

Terminada a etapa de transferência do centro juvenil para a balsa,


inicia-se então o transporte dos juvenis até o tanque-rede, onde é feito o
povoamento, sempre observando-se o nível de oxigênio dentro das caixas
trabsfish da balsa e avaliando também as características da água (temperatura
e pH) de origem e destino, pois estas, caso haja diferença, são
homogeneizadas gradativamente antes da transferência (Figura 21).

Quando a aclimatação encontra-se estabelecida com temperatura, pH e


oxigênio das caixas transfish e do reservatorio nos mesmos níveis, a balsa se
posiciona no tanque-rede que irá acontecer o povoamento, uma tubulação é
42
colocada no tanque- rede, e as caixas transfish
transfish da balsa são abertas e então
inicia-se
se o povoamento do tanque-rede
tanque (Figura 22).

Tem-se
se a necessidade de ressaltar que até oito dias após o
povoamento dos peixes, pode haver mortalidade decorrente de transporte mal
realizado, mesmo havendo uma aclimatação
aclimatação adequada. A mortalidade
aceitável da empresa no transporte corresponde a até 5% do total adquirido.
Estando sempre preparados para identificar algumas falhas: peixes com
ferimentos devido à captura, peixes desnutridos, fezes de peixes na água de
transporte,
te, deficiência de oxigênio nas caixas e aclimatação incorreta são as
causas mais prováveis de mortalidade em massa dos juvenis nos primeiros
dias após povoamento.

O tempo
po de cultivo total previsto é de 180 dias na engorda,
engorda período
em que os peixes alcançam
alcança um peso médio de 900 g é a taxa de sobrevivência
é de 90%. São estocados
os na densidade de 126 peixes/m³ com peso inicial de
60g,, até atingirem o peso médio de abate de 900 g e biomassa final de 80 kg/
m³. Gerando 110 toneladas por mês.

Figura 20: Juvenis nas caixas transfish, sendo liberados para a balsa
transportadora (montagem).

Fonte: Jothânia Matos.

43
Figura 21: Balsa posicionada para inicio do povoamento.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 22: Povoamento.

Fonte: Jothânia Matos.

44
6.3. Nutrição dos juvenis

O peixe em seu habitat natural, precisa buscar em vários locais todos os


nutrientes necessários para que sua alimentação seja completa, porém em
sistemas de produção em tanques-rede em confinamento o peixe não está livre
para adquirir tais nutrientes, necessários para seu desenvolvimento. Nesse
caso, o piscicultor deve arcar com o compromisso de adquirir uma ração, onde
o fabricante concentra ingredientes de qualidade nutritivamente completos,
estáveis e flutuantes para uma boa conversão alimentar. O piscicultor deve
também adequar as estratégias de alimentação, tais como a frequência de
arraçoamento; ração balanceada para cada fase da vida; realizar a prática da
granulometria e monitoramento criterioso dos parâmetros da água (SAMPAIO,
2005).

Na empresa, o planejamento alimentar no centro de engorda é feito


diariamente, baseado nos dados obtidos de povoamento, mortalidade e peso
dos peixes aferidos nas biometrias. A equipe técnica é responsável por planejar
a quantidade de ração oferecida de acordo com uma tabela de alimentação
que é entregue aos funcionários da engorda diariamente antes do inicio das
atividades, evitando desperdícios.

6.3.1. Recepção e armazenamento da ração

A Ração usada no centro de engorda na empresa é a Tilamax provindas


dos fornecedores de Paulo Afonso, a ração é armazenada no galpão de ração
(Figura 23), separadas por tamanho do grânulo, para facilitar na hora da
repartição da ração para hora do arraçoamento.

45
Figura 23: Armazenamento da ração.

Fonte: Jothânia Matos.

6.3.2. Tipos de ração e métodos de distribuição

Quanto à forma física das rações, esta é extrusadas, por possui


maior digestibilidade e adaptar-se melhor ao sistema de comedouro atualmente
utilizado. São utilizados três tipos de grânulos de ração sendo eles os de 3 mm
– 4 mm para os peixes de 50 g até 150 g, para os peixes de 150g até 300g são
utilizadas a ração de 4 mm - 6 mm, e para os peixes acima de 300g são
utilizadas a ração de 6 mm - 8 mm, acompanhando assim a suas fases de
crescimento com a ração adequada ao tamanho.

A ração oferece aos peixes todos os nutrientes necessários ao seu


desenvolvimento, pois é a sua única fonte de alimento neste cultivo. Portanto, é
completa e devidamente balanceada com teores de proteína de 32%
proporcionando índices de conversão alimentar em torno de 1:4 (Tabela 6).
Como os gastos com ração representam o principal custo variável, a conversão
alimentar torna-se um dos principais itens no resultado econômico do cultivo.
46
Tabela 6: Níveis de garantia por kg de ração Tilamax 32 engorda II.

Nutriente Limite Nível Unidade


Umidade (máx) 100,00 g ⁄ kg
Protéina bruta (min) 320,00 g ⁄ kg
Extrato Etéreo (min) 55,00 g ⁄ kg
Matéria Fibrosa (máx) 60,00 g ⁄ kg
Matérial Mineral (máx) 160,00 g ⁄ kg
Cálcio (máx) 35,00 g ⁄ kg
Cálcio (min) 25,00 g ⁄ kg
Fósforo (min) 10,00 g ⁄ kg
Fonte: Tilamax 32II.

A ração é lançada de forma uniforme em todo o tanque é a favor do


vento (Figura 24), observa-se se os peixes estão se alimentando bem e
satisfeitos, evitando assim que falte ou sobre ração, anota-se a quantidade de
devolução da ração para que a folha de ração seja atualizada diariamente. A
quantidade de ração a ser fornecida é ajustada em função do crescimento dos
peixes, havendo eventuais ajustes necessários.

A Tabela 7 indica a quantidade de ração recomendada para cada 1.000


peixes, conforme a faixa de peso, o nível de proteína, o tamanho dos grânulos
de ração, o número da frequência alimentar, é os tanques que não serão
alimentados por motivos de (despescas, classificação, etc.).

47
Figura 24: Arraçoamento no setor de engorda.

Fonte: Jothânia Matos.

Posteriormente é aplicado aos funcionários da alimentação a forma


correta de distribuição da ração tanto no transporte como nos tanques. A ração
sai do galpão de armazenamento em caminhão, sendo transportada até o píer
flutuante que se localiza na margem do reservatório, chegando ao píer á ração
é retiradas do caminhão e distribuídas nas lanchas na ordem estabelecida na
folha de ração (Figura 25), sendo a ordem de distribuição na lancha de acordo
com a distribuição no tanque, com a ração adequada de acordo com o
tamanho do granulo para cada tanque (Figura 26).

48
Tabela 7: Tabela de arraçoamento distribuída diariamente aos
funcionários da engorda de acordo com a necessidade do dia.

Quantida
Consumi
Tanque Tanque Nº peixes Pm(g) Biomassa Tipo de ração de Nº sacos Obs
do
fornecida
EA3 EA3 19.762 1.014 20.037 6.0 a 8.0 mm 360 15
EA4 EA4 19.630 743 14.584 6.0 a 8.0 mm 300 13
EB3 EB3 22.477 1.056 23.728 6.0 a 8.0 mm 360 15
EB4 EB4 22.173 928 20.582 6.0 a 8.0 mm 330 14
EC2 EC2 7.707 1.073 8.268 6.0 a 8.0 mm 0 0
EC3 EC3 15.055 1.073 16.156 6.0 a 8.0 mm 240 10
ED2 ED2 24.245 948 22.978 6.0 a 8.0 mm 300 13
ED3 ED3 17.568 819 14.396 6.0 a 8.0 mm 330 14
ED4 ED4 18.447 975 17.981 6.0 a 8.0 mm 330 14
EE2 EE2 22.028 394 8.675 4.0 a 6.0 mm 300 13
EE3 EE3 28.449 219 6.238 3.0 a 4.0 mm 180 8
EE4 EE4 12.505 743 9.287 6.0 a 8.0 mm 240 10
EE5 EE5 18.267 624 11.401 6.0 a 8.0 mm 300 13
EF1 EF1 21.858 330 7.208 4.0 a 6.0 mm 300 13
EF4 EF4 27.202 206 5.612 3.0 a 4.0 mm 300 13
EF5 EF5 20.141 279 5.628 4.0 a 6.0 mm 240 10
EG2 EG2 19.619 465 9.125 4.0 a 6.0 mm 300 13
Aux 1 228 472 108 4.0 a 6.0 mm 14 1
Aux 2 1.194 421 503 4.0 a 6.0 mm 0
Aux 3 8.780 792 6.952 6.0 a 8.0 mm 0

Fonte: Pescanova.

Figura 25: Ração sendo transferida do caminhão para o píer.

Fonte: Jothânia Matos.

49
Figura 26: Transporte da ração na lancha ate os tanques-rede.

Fonte: Jothânia Matos.

6.3.3. Frequência alimentar

A frequência alimentar nos tanques- rede é de quatro vezes ao dia, de


acordo com os horários estabelecidos pelo responsável técnico da empresa.
Sendo duas pela manhã, iniciando ás 08h30min e às 10h30mim, e à tarde as
14h00min e às 15h30min sendo a ultima alimentação do dia, ofertando em
cada uma das alimentações toda a quantidade que os peixes demandam. No
momento do arraçoamento, o produtor observa o consumo em cada tanque-
rede para evitar sobras de ração. Caso haja sobras, é reduzido em 10% a
quantidade nas próximas refeições até que o consumo retorne ao normal.

A ordem de distribuição da ração nos tanques- redes, facilita o manejo


otimizando o tempo para se fazer essa atividade, sendo a ordem de
distribuição da ração de acordo com a distribuição dos tanques- rede, que é
ordenada em seis fileiras de 8 tanques e classificado de A á H, pois a oferta da

50
ração começa sempre pelo EH1, seguindo o fluxo da direita para a esquerda e
terminando no EH1 (Tabela 8).

A ração administrada no centro de engorda obedece corretamente às


quantidades determinadas em cada horário. Normalmente a ração é consumida
pelos peixes num prazo entre 5 a 10 minutos.

Tabela 8: Fluxo de distribuição da ração na engorda.

Fonte: Pescanova.

6.3.4. Biometria

A biometria é realizada uma vez por mês, nas primeiras horas da


manhã, com a orientaçao da equipe técnica, os peixes encontram-se em jejum
de 24 horas para amenizar o estresse e evitar mortalidade. Este procedimento
possui a função de coletar os valores médios de peso dos peixes de cada
tanque, para o conhecimento da biomassa, permitindo assim, fazer os ajustes
necessários para alimentação.

Para cada tanque é retirada uma amostra de aproximadamente 120


peixes representando 1% da população. Com uma rede de arrasto para
tanque-rede, os peixes são concentrados a borda do tanque para o inicio do
processo (Figura 27), os peixes então são capturados com puçá, e colocados
em baldes com saída de água, para não influenciar no resultado dos dados
51
(Figura 28), é o peso total de peixes (descontando-se o peso do balde) é
aferido com balança analitica (Figura 29), é dividido pelo total de peixes
pesados, obtendo assim o peso médio do lote amostrado.

A empresa está fazendo uma base de dados em planilhas no Excel, para


posteriormente se obter a curva de crescimento desses peixes. E realizar todo
o acompanhamento de dados de tamanho, peso, e biomassa dos peixes que
estao na engorda.

Após a obtenção dos dados os peixes são devolvidos ao tanque-rede.


Depois da analise dos dados os peixes são divididos em três tipos de tamanho
e peso. E então se extrai uma média de peso medio por classe de tamanho de
50 a 150 – de 150 a 300g e de 300 a 1kg.

A importância da biometria evidência o ritmo do ganho de peso e


desenvolvimento do lote de peixe trabalhado e no ajuste correto da ração
fornecida aos peixes, evitando desperdícios ou desnutrição do lote.

Figura 27: Peixes concentrados a borda do tanque para inicio da


biometria.

Fonte: Jothânia Matos.

52
Figura 28: Biometria no centro de engorda.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 29: Balança utilizada na biometria.

Fonte: Jothânia Matos.


53
6.4. Limpeza e manutenção dos tanques-rede.

Primeiramente são retiradas as medidas de todos os tanques-redes do


reservatório, medindo fundura de lago (F.L), fundura de tanque (F.T) e lateral
(L) (Figura 30), para obter a densidade por m³ de cada tanque, para com esses
dados calcular a densidade que será feita no momento do povoamento ou a
biomassa para despesca, de acordo com seu volume, é observar as
características dos tanques como tipo de rede que são classificadas em (A, B,
C, D, E) de acordo com o estado de conservação, sendo A para ótima, e D
para ruim, para assim poder fazer a troca das redes danificadas, e suas
respectivas manutenções (Figura 31). São analisados também os comedouros,
se estão limpos ou se precisam ser trocados, e a presença ou não de bolsões
nos tanques-rede.

Figura 30: Desenho esquemático das aferições tomadas nos tanques-


rede.

Fonte: Pescanova.

54
Figura 31: Observação da qualidade das redes.

Fonte: Jothânia Matos.

Em seguida, limpezas periódicas nas telas são efetuadas pelos


mergulhadores, evitando assim a colmatação, que prejudica a circulação e a
renovação adequada da água. As águas claras, pouco eutrofizadas, do
reservatório não tem a necessidade de limpezas muito
muito frequentes, porém são
realizadas
das a cada 15 dias (Figura 32) após cada despesca são vistoriados
(malhas, estrutura e comedouros) e devidamente limpos antes de novo
povoamento (Figura 33).

Figura 32: mergulhadores observam se o fundo


fundo dos tanques merecem
reparos.

Fonte: Jothânia Matos.


55
Figura 33: Troca de comedouros.

Fonte: Jothânia Matos.

6.4.1. Prevenção sanitária e controle de estresse

O peixe está submetido a um ambiente que agentes patógenos,


parasitas e bactérias venham eventualmente coexistir, entretanto, um fator que
determina a incidência maior ou menor na proliferação de doenças são as
condições de temperatura da água. A temperatura baixa, entre 16°C e 18ºC,
inibe a resposta de imunidade da qual as Tilápias possuem para evitar as
doenças e a atividade de bactérias também são menores nessas temperaturas.
Já em temperaturas maiores de 23°C a 32ºC, os sistemas imunológicos das
Tilápias retornam a funcionar com mais eficiência, desde que em condições
adequadas da água, manuseio e alimentação estejam corretos (KUBITZA,
2000).

Na empresa diariamente são retirados os peixes que eventualmente


aparecem mortos dentro dos tanques-rede. Os peixes mortos são contados
individualmente, pois o número restante de peixes é um dos fatores que
determinam a quantidade de ração a ser oferecida, é anotada na folha de ração
a quantidade de peixes mortos em cada tanque (Figura 34). A retirada dos
mortos da superficie é realizada com a ajuda de um ”puçá” (Figura 35) e
posteriormente os peixes são armazenados em baldes grandes, e carregados
na lancha ate área reservada para despejo desses peixes. A mortalidade do
fundo do tanque é realizada pelos mergulhadores.

56
Figura 34: Peixes mortos no tanque- rede.

Fonte: Jothania Matos.

Figura 35:
35 Retirada dos peixes mortos.

Fonte : Jothânia Matos.

57
6.4.2. Monitoramento da qualidade da água

Na empresa o monitoramento da qualidade da água no centro de


engorda, não vem sendo realizado. Segundo a equipe técnica devido ao não
treinamento dos funcionários para manipular o equipamento disponível na
empresa, que por ser de alto custo, irá primeiro ser realizado o treinamento dos
funcionários responsáveis antes do inicio dessa atividade.

6.5. Finalização do cultivo

6.5.1. Despesca

As despescas são programadas de acordo com as exigências do


comprador e disponibilidade de peixes para o abate. É a etapa mais esperada
durante todo o ciclo do cultivo, pois é o momento onde os concretos resultados
obtidos no ciclo serão descobertos. Durante esse período todas as atenções
estão voltadas ao peso médio alcançado em cada tanque.

O momento das despescas dos peixes é quando estes atingem o


tamanho que o mercado e compradores da empresa exige, é a partir dos dados
de peso coletados nas biometrias é feito a programação de despesca do centro
de cultivo.

Antes da despesca, o arraçoamento do tanque é suspenso para que os


peixes sejam submetidos a um jejum de 24 horas. No dia da despesca é
retirado o comedouro, é feita á preparação do tanque-rede para que se possa
ser realizar o manejo que consiste basicamente em amarrações da tela ao
tanque fazendo um levantamento parcial da tela (Figura 36), com uma rede de
despesca de 12 m de PEAD (Figura 37) é feita á concentração dos peixes em
uma única parte do tanque facilitando a captura do pescado (Figura 38).
58
Figura 36: Levantamento da tela do tanque-
tanque rede
e para concentração
dos peixes.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 37:
37 Rede utilizada na despesca.

Fonte: Jothânia Matos.

59
Figura 38: Rede de despesca para concentração dos peixes no tanque-
rede.

Fonte: Jothania matos.

A balsa transportadora e classificadora é usada para a realização da


despesca, essa balsa conta com um sistema de sucção onde é colocada na
água uma mangueira anelada acoplada a uma bomba de sucção que faz o
primeiro bombeamento no local onde os peixes estão concentrados dentro do
tanque. (Figura 39). Depois, toda sucção dos peixes, os peixes são levados á
mesa classificadora da balsa por meio de uma tubulação (Figura 40).

A classificação na balsa transportadora é realizada devido a balsa


possuir um mecanismo onde o peixe e divido de acordo com o tamanho (Figura
41), de acordo com a classificação os peixes são divididos e então através de
um tubulação da mesa classificadora é lançados em duas caixas de 1000 litros
que estão nas lanchas (Figura 42), e levados para uma classificação manual, e
posteriormente carregados em outras caixas menores, onde são pesados, e
então abatidos com uma mistura de agua e gelo. E depois armazenados em
gelo no caminhão para o transporte.

60
Figura 39: Sucção dos peixes dos tanques-rede para a balsa.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 40: Tubulação por onde os peixes são levados até a mesa
classificadora da balsa.

Fonte: Jothânia Matos.

61
Figura 41: Mesa classificadora da balsa para despesca na engorda.

Fonte: Jothânia Matos.

Figura 42:: Balsa com tubulação acoplada para lançamento dos peixes da
balsa para as caixas.

Fonte: Jothânia Matos.

62
6.5.2. Classificação dos Peixes

Primeiramente é feita uma classificação na própria balsa onde os


peixes são selecionados em quatro classes.

Classes de peso

500 a 600 g

600 a 800 g

800 a 900 g

900 a mais de 1 kg

Para a despesca interessa apenas os peixes de 600 – 800 de 800 – 900


e 900- a mais de 1 kg, os peixes que proveniente estiverem fora desse padrão,
a balsa armazena em suas caixas transfish e posteriormente serão recolocados
nos tanques – redes para que possam atingir o peso de mercado da empresa.

Após a despesca os peixes são transportados para as margens do


reservatório onde serão carregados em caixas menores e são contados um por
um, para serem novamente pesados e distribuídos para os compradores de
acordo com os pedidos (Figura 43).

Para o conhecimento da biomassa que está sendo despescada, os


peixes são pesados nas caixas, com uma balança de precisão (Figura 44)
divide-se o valor da biomassa pelo numero de exemplares dentro da caixa e
estima o peso médio e são classificados os peixes.

Durante a despesca, é realizada a contabilidade, ou seja, a anotação


das pesagens, a contagem do número de peixes, e o(s) preço(s) praticado(s).
Esses dados são inseridos diretamente em planilhas do Excel para que se

63
possa calcular o resultado do cultivo, e a quantidade de peixe despescada e
comercializada.

Figura 43: Peixes sendo transportados nas caixas para serem pesados.

Fonte: Jothânia Matos

Figura 44: Peixes sendo pesados na balança.

Fonte: Jothânia Matos.

64
6.5.3. Comercialização

A comercialização se dá com início na despesca que, segundo Sandoval


Junior (2010), o primeiro passo deve se obter os custos de produção para
estabelece valor ao quilo do peixe, incluindo na forma o qual é vendido, seja
abatido, vivo ou processado, e após estes quesitos poderá iniciar a despesca.

Na empresa os peixes após a despesca é de terem sido pesados, são


então abatidos por choque térmico,
térmico colocados em caixas térmicas com gelo
(Figura 45).. A empresa possui compradores dos estados do Rio Grande do
Norte, Ceará e Pernambuco,
Pernambuco, além de pequenos compradores locais. A
empresa comercializa o peixe inteiro com pesos de 500g a 700g, de 700g a
900g e acima de 900 g. A despesca é agendada de acordo com o pedido
desses compradores. Os peixes são armazenados em caminhões frigoríficos e
levados aos seus destinos em caixas contendo gelo, para não perder a
qualidade do pescado (Figura 46).

Figura 45:
45 Peixes abatidos em choque térmico.
térmico

Fonte: Jothânia Matos.

65
Figura 46: Os peixes sendo armazenados no caminhão do comprador.

Fonte: Jothânia Matos.

66
7. DISCUSSÃO

Monitoramento da qualidade de água.

Durante o período de estágio não foi observado o monitoramento da


qualidade da água no reservatório, por o cultivo está em um ambiente aberto,
não chegará a atingir um nível crítico na qualidade da água, mas algumas
medidas preventivas devem ser tomadas, pois a qualidade da água não
prejudica só o ambiente, mas interfere no ganho de peso e desenvolvimento
dos peixes. Restos de ração, altas densidades e capacidade de suporte do
reservatório, são fatores que podem afetar a qualidade da agua caso não haja
um monitoramento.

Para Ono (2005), na atividade de piscicultura em sistema de produção


de tanques-rede é fundamental avaliar a qualidade da água do local onde
deseja produzir, pois na maioria dos casos é inviável a correção por conta dos
grandes corpos d’água.

De acordo com Rotta e Queiroz (2003), os restos de ração não


consumida e somada aos dejetos dos peixes cultivados causam uma série de
alterações na qualidade da água, no equilíbrio ecológico dos reservatórios e
também na área de influência do cultivo. Como por exemplo, cita-se: a)
aumento da biomassa de outras espécies de peixes ao redor dos tanques-rede;
b) aumento de nutrientes na água; c) aumento da demanda bioquímica de
oxigênio; d) aumento da concentração de sólidos suspensos; e) redução do
nível de oxigênio dissolvido; f) redução do potencial de oxi-redução dos
sedimentos do fundo em decorrência do acúmulo de ração depositada nesses
locais; e, h) prejuízo aos aquicultores pelo desperdício de ração.

Segundo Schmittou (1997), os principais fatores que influenciam


diretamente a qualidade da água nos grandes reservatórios onde estão
localizados os tanques-redes são temperatura, oxigênio dissolvido, gás
carbônico, pH, alcalinidade e dureza total, amônia, nitrito, gás sulfídrico,
relação ente a quantidade de ração e a concentração de fitoplâncton, nutrição
dos peixes, incluindo a relação entre proteína, aminoácidos e energia, métodos
de arraçoamento, capacidade de troca d’água entre o tanques-redes e o

67
reservatório, o que depende diretamente da malha e da forma do tanque-rede,
da relação entre a área da tela em contato com a água e o volume útil, e da
posição dos tanques-redes no reservatório.

Embora os fatores relacionados acima sejam importantes, a questão


mais delicada e polêmica sobre a qualidade de água diz respeito aos efluentes
gerados pela aqüicultura. Nos grandes reservatórios onde são realizados
cultivos de peixes em tanques-redes, a qualidade de água está diretamente
relacionada ao consumo de ração pelos peixes cultivados, à taxa de conversão
alimentar e ao tempo de retenção da água nesses ambientes (EMBRAPA
2003).

Segundo Rotta e Queiroz (2003), Antes de estocar os peixes nos


tanques-rede é preciso determinar a quantidade de oxigênio dissolvido que
será consumida pelos peixes de modo a assegurar uma sobrevivência e um
crescimento satisfatório. A quantidade e a frequência que a ração será aplicada
aos tanques-rede também irá influenciar na demanda por oxigênio dissolvido.
Concentrações baixas de oxigênio dissolvido diminuem a sobrevivência dos
peixes e restringem seu crescimento. Trocas de água e o uso de aeração
mecânica podem ser usadas para prevenir concentrações baixas de oxigênio
dissolvido. As combinações de uma taxa de estocagem de peixes adequadas
associadas a um manejo alimentar eficiente irão resultar numa boa produção
de peixes e melhoria da qualidade da água.

Com isso monitorar e medir a temperatura da água dos reservatórios é


de extrema importância, e selecionar quais as variáveis de qualidade de água
mais importantes estão afetando o consumo de ração. Os peixes não se
alimentam se a temperatura da água for muito baixa ou muito alta.
Temperaturas altas associadas a valores de pH altos irão resultar em um alto
percentual de amônia não ionizada que poderá estressar os peixes, reduzir o
apetite e, ainda, a sua habilidade de converter a ração consumida em ganho de
peso e crescimento ( Rotta e Queiroz 2016).

Para manter os parâmetros físicos e químicos de qualidade de água


numa faixa ideal, não se deve ultrapassar a capacidade máxima de suporte do
68
ambiente. Devem-se também considerar os diversos aspectos fundamentais
relacionados não só à qualidade da água, mas também com a nutrição, a
genética, o tamanho dos tanques-redes e a localização da área de produção.
Se a capacidade máxima de suporte for ultrapassada, a qualidade da água e a
produtividade diminuem acentuadamente, afetando diretamente os peixes
mantidos nos tanques-redes. Nesse sentido, é recomendável monitorar
constantemente a qualidade da água e procurar manter os parâmetros físico-
químicos dentro de alguns limites a fim de assegurar uma produção satisfatória
de peixes nos tanques-redes.

Uso de equipamentos de proteção individual (EPI’S).

Na empresa os funcionários da engorda os funcionários da engorda


passam praticamente todo o dia expostos ao sol, além do mais a manutenção
dos tanques- redes é uma atividade arriscada, os tanques-redes devido ao
acumulo de algas ou até mesmo de material biológico dos peixes, tornam-se
escorregadios, acontecendo algumas vezes quedas e acidentes dos
funcionários, tornando- se necessário que esses ricos sejam evitados.

A Constituição Federal assume um compromisso de reduzir os riscos


inerentes ao trabalho com normas de saúde, segurança e higiene (art. 7º,
inciso XXII), as NRs. A NR-6 e a CLT preveem que o empregador tem
obrigação legal de fornecer EPIs que protejam os trabalhadores dos riscos aos
quais seu trabalho os expõem. A NR-21 é específica a respeito de trabalho ao
ar livre, ou trabalho a céu aberto e abre possibilidades para o adicional de
insalubridade, estabelecendo a prevenção com medidas especiais contra
a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. O
anexo 7 da NR-15 considera agentes não-ionizantes como os ultravioletas
insalubres, podendo ocasionar catarata, câncer e outras doenças de pele e
oculares. Também se considera que o trabalho ao ar livre torna o
organismo menos resistente a infecções.

69
De acordo com a Norma regulamentadora de segurança e saúde no
trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura
NR 31, cabe ao empregador rural ou equiparado garantir adequadas condições
de trabalho, higiene e conforto, segundo a seguinte especificidades para todos
os trabalhadores.

Então realizar avaliações de riscos para a segurança e saúde dos


trabalhadores e com base nos resultados adotar medidas de prevenção e
proteção e o uso de equipamentos de proteção individual, fica como mais uma
recomendação de melhoria na empresa.

Sinalizadores.

Os sinalizadores podem ser feitos com tambores de PVC de 50 a 200


litros ou boias próprias para sinalização, de cor amarela, por ser uma exigência
da Marinha do Brasil para os cultivos em tanques-rede. As boias são
posicionadas no polígono do cultivo e tem por objetivo evitar acidentes de
navegação (TROMBETA, 2011).

Os piscicultores devem comprovar a instalação de sinalizadores com


tambores, na cor amarela e/ou luminosos, conforme exigência da Marinha do
Brasil. Na Formalização da Licença de operação (SUPRAM, 2010).

70
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Pescanova é referência na produção de peixes para vários países.


Assim, a experiência adquirida durante o estágio obrigatório de conclusão de
curso foi única e, sem dúvida, contribuiu muito para o aprendizado e
crescimento profissional da acadêmica vendo na pratica a resolução de
problemas como no manejo e administração de uma empresa de tão grande
porte.

A piscicultura é uma atividade em pleno crescimento no nosso país, que,


com certeza, possuirá lugar de destaque na economia, gerando milhares de
empregos e alcançando cada vez mais destaque dentro do setor primário.
Ainda se nota pouco desenvolvimento tecnológico, porém o Brasil é um país
que possui características privilegiadas para a produção de peixes em cativeiro
onde se espera que haja investimento em toda a cadeia produtiva, desde os
processos de larvicultura até o beneficiamento do produto final, levando à
expansão dos mercados consumidores e, consequentemente, uma maior
receita à piscicultura.

Os objetivos propostos para a realização do estágio foram contemplados


e serviram para demonstrar na prática os conceitos teóricos concebidos
durante todo o processo de formação acadêmica, Aplicando da melhor
maneira, os conhecimentos adquiridos durante os anos de estudos agora na
formação profissional, analisando o manejo técnico-produtivo dos centros de
cultivo.

Por se tratar de uma multinacional a equipe técnica é perfeitamente


capaz e estruturada para comandar os avanços da empresa no país, e em
breve todos os planos de crescimento da empresa no Brasil. estão em pratica.

71
9. RECOMENDAÇÕES

O estágio possibilitou uma maior compreensão quanto ás atividades


exercidas dentro de um centro de engorda, garantido um contato com a
realidade profissional na área de aquicultura, especificamente no cultivo de
Tilápias. A empresa possui boa estrutura, porém como foi observada a
necessidade de alguns ajustes, ficará algumas recomendações que podem
contribuir para melhorar a produção na fase de engorda da empresa:

1. É de fundamental importância que seja feito o monitoramento dos


parâmetros da água do cultivo, como oxigênio, temperatura, pH,
turbidez, amônia, nitrito; A empresa já possui os equipamentos, então
recomenda- se fazer o treinamento dos funcionários do setor de
engorda, para que o cultivo tenha ainda mais sucesso.

2. A utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) como : (botas


de borracha de cano longo; óculos de segurança contra impactos,
respingos e com proteção UV; luvas de raspa de couro resistentes a
cortes e arranhões; chapéu de palha de longa aba; protetor solar e
uniforme impermeável) para todos os funcionários da empresa. Realizar
avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores e,
com base nos resultados, adotar medidas de prevenção e proteção para
garantir que todas as atividades, lugares de trabalho, máquinas,
equipamentos, ferramentas e processos produtivos sejam seguros e em
conformidade com as normas de segurança e saúde.

3. O uso de sinalizadores para garantir a segurança do cultivo, evitando


acidentes, e tornando o cultivo de acordo com as normas estabelecidas.

72
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AYROZA, L. M. S. et al. Piscicultura no médio Paranapanema: situação e


perspectivas. Pesquisa e tecnologia, v. 2, n. 2, jul./dez. 2005.

AYROZA, L. M. S. Criação de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) em


tanques-rede na usina hidrelétrica de Chavantes, Rio Paranapanema, SP/PR.
Universidade Estadual Paulista – Centro de aquicultura da Unesp. Jaboticabal
– São Paulo, 2009.

BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; SOARES, C. M.; FURUYA, W. M.; MEURER,


F. Desempenho e Características de Carcaça de Machos Revertidos de
Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), Linhagens Tailandesa e Comum, nas
Fases Inicial e de Crescimento. Revista Brasileira Zootecnia, 30 (5): 1.391-
1.396, 2001.

CARDOSO, E.L e FERREIRA, R.M.A. 2005 Cultivo de peixes em tanques-rede:


desafios e oportunidades para um desenvolvimento sustentável. Belo
Horizonte: EPAMIG. 104p.

CASTAGNOLLI, N. Aquicultura para o ano 2000. Brasília: CNPq, 1996. 95p.

CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e


do Parnaíba Manual de criação de peixes em tanques-rede / coordenação de
Paulo Sandoval Jr.; 2013. 68 p.: il. publicacoes-aquicultura-e-pesca/codevasf-
manual-de-criacao-de-peixes-em-tanques-rede.pdf acesso em 25 de maio de
2017.

CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL – CNA,


Embrapa Pesca e Aquicultura. Boletim Ativos da Aquicultura, Cadeia produtiva
da tilápia Ano 1 - Edição 3 - Julho de 2015.

CONTE, L. Produtividade e economicidade da tilapicultura em gaiolas na região


sudoeste do Estado de São Paulo.2002. 73 f. Dissertação de Mestrado - Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2002.

CONTE, L.; Tilapicultura em Gaiolas: produção e economia. In: José Eurico


Possebon Cyrino e Elisabeth Criscuolo Urbinati (Eds.). AquaCiência 2004:
Tópicos Especiais em Biologia Aquática e Aquicultura. Jaboticabal: Sociedade
Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática, cap.12, p.151-171, 2006.

EMBRAPA. Boas Práticas de Manejo (BPMs) para a Produção de Peixes em


Tanques-redes (Documentos, 47 ISSN, 2003).

EMBRAPA. Produção de tilápia: mercado, espécie, biologia e recria. Circular


técnica, Teresina, n. 45, dez. 2007.
73
FITZSIMMONS, K. Market stability: why tilápia supply and demand have
avoided the boom and bust of other commodities. 4th International trade and
technical conference and exposition os tilapia. Kuala Lampur, Malasia. Abril,
2015. Acesso em: http://infopesca.org/content/conferencia-internacional-de-
tilapia. 19 de maio de 2017.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.


Anuarios de Estadísticas de Pesca: Producción de acuicultura. FAO, 2016.
Disponível em http://www.fao.org/in-action/globefish/market-reports/resource-
detail/en/c/336900/. Acesso em 20 de março de 2017.

FÜLBER, V. M. et al. Desempenho comparativo de três linhagens de tilápia do


Nilo Oreochromis niloticus em diferentes densidades de estocagem. Acta
Scientiarum: animal sciences, Maringá, v. 31, n. 2, p. 177-182, 2009.

GUPTA, M.V. ACOSTA, B.O. From drawing board to dining table: The success
story of the GIFT program. NAGA, WorldFish Center Quarterly Vol. 27 No. 3 &
4 Jul-Dec 2004.

HUGHES, S.G. All-vegetable protein feeds. Feed International, v.14, p.55-60,


1993.

IBAMA. Estatística da pesca 2003, Brasil: grandes regiões e unidades da


federação. Brasília, DF: IBAMA: MMA, 2004. 137 p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.


“Produção PecuáriaMunicipal, 2014”. Rio de Janeiro/. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.


“Produção Pecuária Municipal, 2015”. Rio de Janeiro/RJ/ 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção


pecuária municipal. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: Caderno setorial
Etene ano 1, n. 3, novembro, 2016.

KUBARIK, J. Tilapia on highly flexible diets. Feed International, v.6, p.16-18,


1997.

KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial.


Jundiaí, 2000. 285 p.

KUBITZA, F. – A evolução da tilapicultura no Brasil: Produção e Mercados.


Panorama da Aquicultura, vol. 13, no 76, 2003 p.25-35

MINISTÉRIO DA PESCA E DA AQUICULTURA- MPA 2011. Censo aquícola


nacional. Brasília, 336p;

NOGUEIRA, A. J. Aspectos da biologia reprodutiva e padrões de crescimento


da tilápia oreochromis niloticus, linnaeus, 1758, linhagem chitralada em cultivos
74
experimentais. 2003. 77 f. Dissertação (Mestrado em Recursos pesqueiros e
aquicultura) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2003.
NR 31 – Norma regulamentadora de segurança e saúde do trabalho na
agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura. Portaria nº
86, de 03/03/05. Disponível em:
www.fiocruz.br/biossegurança/bis/manuais/legislação/NR 31 pdf. Acesso em
15/11/2016.

OLIVEIRA, E. G. et al. Produção de tilápia: mercado, espécie, biologia e recria.


Circular técnica, Teresina, n. 45, dez. 2007.

ONO, E. A. Criação de peixes em tanques-rede. In: CONGRESSO


BRASILEIRO DE COOTECNIA – ZOOTEC, Campo Grande, 2005. Anais
eletrônicos... Campo Grande: ABZ, 2005. Disponível em:
<www.abz.org.br/files.php?file _260341900.pdf>. Acesso em: 23 de maio de
2017.

PESCANOVA. Disponível em: <http://www.pescanova.com/ES/history/historia>


acesso em 15/09/2015.

PROENÇA, C.E.M.; BITTENCOURT, P.R.L. Manual de Piscicultura Tropical.


Brasília:IBAMA, 1994.196p.

RIBEIRO, M. R. F.; SANTOS, J. P. dos; PEREIRA JÚNIOR, E. de A.; WEHBI,


M. D.; SILVA, I. de L. L. e; SILVA; E. M. da; TENÓRIO, M. A. L. dos S.; LOPES,
J. P.; TENÓRIO, R. A. Piscicultura nos reservatórios hidrelétricos do Submédio
e Baixo São Francisco. Actapesca, Aracajú, v. 3, n. 1, p. i-xvii (no prelo), 2015.

ROTTA, M. A.; QUEIROZ, J. F. Boas práticas de manejo (BPMs) para a


produção de peixes em tanques-redes – Corumbá: Embrapa Pantanal, 27 p.
(Documentos / Embrapa Pantanal ISSN 1517-1973; 47), 2003.

ROTTA, M. A.; QUEIROZ, J. F. Boas Práticas de Manejo (BPMs) para


Piscicultura em Tanques-Rede. Jaguariúna, SP Dezembro, 2016. 16 p.
(Embrapa Pantanal. Documentos, 47), 2016.

SANDOVAL JUNIOR, P. (coord.). Manual de criação de peixes em tanques


rede CODEVASF. 2010. Disponível em:
<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=manual%20de%20cria%C3%A7%
C3%A3o%20de%20peixes%20em%20tanquesrede&source=web&cd=1&sqi=2
&ved=0CDQQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.codevasf.gov.br%2Fprincipal%
2Fpublicacoes%2Fpublicacoesatuais%2Fmanul-de-criacao-de-peixes-em-
tanques rede2010.pdf&ei=z36SUeLrLaa60gH4roHgCw&usg=AFQjCNHSMf-
3opzBzJ9Aq2VypTQufUAw&bvm=bv.46471029,d.dmQ>. Acesso em: 13 maio
de 2017.

75
SCHMITTOU, R. H. Produção de peixes em alta densidade em tanques rede
de pequeno volume. Campinas: Mogiana Alimentos, 1997. 78 p. (Editado por
S.R.C. Coelho).

SOARES, M. do C.F., LOPES, J.P., BELLINI, R & MENEZES, D.Q.. A


piscicultura no rio São Francisco: é possível conciliar o uso múltiplo dos
reservatórios? Rev. Bras. Enga. Pesca 2[2], 2007. p. 69-83.

SOUZA, J. A. P. L. L. Estudos de impactos sociais, econômicos e ambientais,


ocasionados pela piscicultura em tanques – rede na região de Paulo Afonso –
BA. 2006. 131 f. Dissertação (mestrado em Ambiente) – Universidade Federal
do Tocantins, Palmas, 2006.

SUPRAM, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável, Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, 2010.

TENORIO, I. V.; SOARES, M. C. F.; LOPES, J. P. Desempenho comparativo


em tanques-rede de três linhagens da tilápia do nilo - Oreochromis niloticus:
comum, chitralada e mestiço. Biotemas (UFSC), v. 25, p. 65-72, 2012;

TROMBETA, T. D; TROMBETA, R. D; MATTOS, B. O. Cultivo de Tilápias em


Tanques-Rede / IABS – Instituto Ambiental Brasil Sustentável / Governo do
Estado de Alagoas / Seagri – Secretaria de Estado da Agricultura e
Desenvolvimento Agrário / Editora IABS, 2011.

76

Você também pode gostar