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HN JLAY
G
In Memory of
de Sotomayor d'Almeida
eVasconcellos
TheGift of
John B. Stetson Junior
WILLIAM SHAKESPEARE
MERCADOR DE VENEZA
TRADUCÇÃO
POR
BULHÃO PATO
LISBOA
Typographia da Academia Real das Sciencias
1881
MERC
A
Mli. £..
O
MERCADOR DE VENEZA
N
WILLIAM SHAKESPEARE
MERCADOR DE VENEZA
TRADUCÇÃO
POR
BULHÃO PATO
LISBOA
Typographia da Academia Real das Sciencias
1881
13498.517
1
A
HOMENAGEM DE RESPEITO
DE
Bulhão Pato
1
N
配
PERSONAGENS *
O DOGE DE VENEZA.
O PRINCIPE DE MARROCOS
Pretendentes de PORCIA.
O PRINCIPE DE Aragão }
ANTONIO, mercador de Veneza.
BASSANEO, feu amigo.
SALANIO
SALARINO amigos de ANTONIO e BASSANEO.
GRACIANO
LOURENÇO, enamorado de JESSICA.
SHYLOCK, judeu.
TUBAL, judeu, feu amigo.
LANCELOTO Gobbo, bobo ao ferviço de SHYLOCK.
O VELHO GOBBO , pae de LANCELOTO.
LEONARDO, criado de Bassaneo.
BALTHAZAR criados de PORCIA.
STEPHANO
PORCIA, rica herdeira.
NERISSA, fua aia.
JESSICA, filha de SHYLOCK.
N
SA
G
P
0
7
0
0
0
S
L
1
PERSONAGENS
O DOGE DE VENEZA.
O PRINCIPE DE MARROCOS
Pretendentes de PORCIA.
O PRINCIPE DE ARAGÃO
ANTONIO, mercador de Veneza.
BASSANEO, feu amigo.
SALANIO
SALARINO amigos de ANTONIO e BASSANEO.
GRACIANO
LOURENÇO, enamorado de JESSICA.
SHYLOCK, judeu.
TUBAL, judeu, feu amigo.
LANCELOTO GOBBO, bobo ao ferviço de SHYLOCK.
O VELHO GOBBO , pae de LANCELOTO.
LEONARDO, criado de BASSANEO.
BALTHAZAR
STEPHANO criados de PORCIA .
PORCIA, rica herdeira.
NERISSA, fua aia.
JESSICA, filha de SHYLOCK.
ACTO PRIMEIRO
1
SCENA I
1
VENEZA - UMA RUA
ANTONIO
SALARINO
Engolfaes
no oceano o penfamento ,
Seguindo
OS galeões de largas velas
Senhores
e burguezes opulentos
Das onda , ou me
s lhor , dos vaftos mares
Ador
nos fluc
tuante : faudados
Pelos barco p s
s equen c r
os om efpeito
Quan
do os vêem paffar, como voando
Com as azas de tela , perto d'elles .
I.
4 O MERCADOR DE VENEZA
SALANIO
SALARINO
ANTONIO
SALARINO
1Trocad
ilhos fr
equentes em muitas paginas de Shakeſpear .
e
6 O MERCADOR DE VENEZA
SALARINO
SALANIO
SALARINO
ANTONIO
SALARINO
BASSANEO
Meus amigos :
SALARINO
LOURENÇO
ANTONIO
Não faltarei .
GRACIANO
ANTONIO
GRACIANO
LOURENÇO
Vamos, até de
pois . Eu fou decerto
Um dos taes sabios mudos . Gracian
o
Não me deixa jámais foltar palavra .
A
10 O MERCADOR DE VENEZA
GRACIANO
ANTONIO
GRACIANO
ANTONIO
BASSANEO
O MERCADOR DE VENEZA 11 1
#
ANTONIO
BASSANEO
Não ignoras
ANTONIO
Meu Baffaneo
C
BASSANEO
ANTONIO
BASSANEO
ANTONIO
SCENA II
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
2.
20 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
dê feliz viagem .
O MERCADOR DE VENEZA 21
34
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
CRIADO
24
22 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
SCENA II
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
BASSANEO
ponde.
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
-E…)
de agua ; ladrões do mar e ladrões da terra ; quero
dizer : piratas. Além d'isso ha o rifco do mar , dos
ventos e dos escolhos . Tres mil ducados? ... Creio
que poffo defcontar a ſua lettra .
Por
BASSANEO
Por
¡ SHYLOCK
D'e
SHYLOCK
BASSANEO
É Antonio .
SHYLOCK (á parte) ]
Parece um publicano
Que vem bajulador . Não fó o odeio
Por elle fer chriſtão , mas, ſobretudo,
Porque na vil fimpleza empreſta gratis ,
Rebaixando na praça de Veneza
O agio do coſtume. Se algum dia
Me vem cair nas mãos , hei de faciar-me
D'eſte velho rancor que lhe confagro .
Deteſta a nação ſanta , e vocifera,
No fitio onde fe ajuntam negociantes,
Contra mim, contra as traças que projecto ,
adida
24 O MERCADOR DE VENEZA
SHYLOCK
Vim
Oh ! não, não, não, não . Quando digo que é bom
homem, venho a dizer que tem por onde pagar . Mas mer
BASSANEO
SHYLOCK
Seite
BASSANEO
AR
O MERCADOR DE VENEZA 25
SHYLOCK
1
Sim, para sentir o cheiro da carne de porco ; para
comer na morada onde o voffo propheta nazareno
invocou o diabo . Não ſe me dá de comprar , de ven 1
BASSANEO
É Antonio .
SHYLOCK (á parte)
Parece um publicano
Que vem bajulador . Não fó o odeio
Por elle fer chriftão , mas, fobretudo ,
Shylock , ouvides ? O
SHYLOCK
ANTONIO
datasekal
1
O MERCADOR DE VENEZA 27
SHYLOCK "
BASSANEO
SHYLOCK
ANTONIO
Jámais o fiz.
SHYLOCK
ANTONIO
SHYLOCK
ANTONIO
SHYLOCK
Eu ao certo,
ANTONIO
De efplendido exterior !
30 O MERCADOR DE VENEZA
SHYLOCK
I'
Tres mil ducados !
Boa fomma ! ... a tres mezes ... e por doze ..
ANTONIO
SHYLOCK
ANTONIO
SHYLOCK
ANTONIO
Embora o feja.
SHYLOCK
ANTONIO
Confinto n'iffo:
BASSANEO
ANTONIO
SHYLOCK
ANTONIO
SHYLOCK
ANTONIO
BASSANEO
ANTONIO
3.
3
3
ACTO SEGUNDO
SCENA I
O PRINCIPE DE MARROCOS
PORCIA
A minha efcolha
O PRINCIPE DE MARROCOS
PORCIA
O PRINCIPE DE MARROCOS
PORCIA
O PRINCIPE DE MARROCOS
SCENA II
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO (á parte)
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
મ
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
1
Deixemo-nos de brincalhotices . A voffa benção . Eu
R
DO ZA
RCA NE
48 O ME DE VE
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
BASSANEO a um criado
O criado fae
50 O MERCADOR DE VENEZA
LANCELOTO a GOBBO
GOBBO
BASSANEO
GOBBO
LANCELOTO
GOBBO
LANCELOTO
O MERCADOR DE VENEZA 51
GOBBO
LANCELOTO
COBBO
T
LANCELOTO
BASSANEO
8
1
1
52 O MERCADOR DE VENEZA
LANCELOTO
GOBBO
BASSANEO a LANCELOTO
LANCELOTO
BASSANEO
LANCELOTO
BASSANEO
LEONARDO
GRACIANO
LEONARDO
Além , paffeando.
Sae LEONARDO
GRACIANO, chamando
BASSANEO
Olá Graciano .
GRACIANO
BASSANEO
Eftá feito.
GRACIANO
BASSANEO
*
Se é preciſo
Não ha mais ... é partir ! ... Porém escuta ;
Graciano és demasiado petulante ;
Muito rude e em palavras facudido.
Effes modos não fó não fão defeitos ,
GRACIANO
BASSANEO
GRACIANO
BASSANEO
GRACIANO
SCENA III
JESSICA
LANCELOTO choramigando
JESSICA
SCENA IV
DEL
LOURENÇO
GRACIANO
SALARINO
LOURENÇO
LOURENÇO
LANCELOTO
LOURENÇO
Reconheço ,
Palavra, a linda mão , oh ! mão mais branca
GRACIANO
LANCELOTO, retirando-fe
LOURENÇO
Tu vaes aonde?
LANCELOTO
LOURENÇO
།
F
Pára; aqui tens ... Diz á gentil Jeffica
Que não lhe faltarei ... Falla em fegredo !
Sae LANCELOTO
LOURENÇO
SALARINO
SALANIO
Eu tambem .
LOURENÇO
SALARINO
Bem, lá vamos.
Saem SALARINO e SALANIO
LOURENÇO
SCENA V
SHYLOCK
LANCELOTO gritando
SHYLOCK
LANCELOTO
SHYLOCK
LANCELOTO
SHYLOCK
E eu da fua.
LANCELOTO
SHYLOCK
LANCELOTO
Senhor eu parto.
Baixo a JESSICA
SHYLOCK
1
JESSICA
SHYLOCK
JESSICA
SCENA IV
A MESMA SCENA
GRACIANO
SALARINO
GRACIANO
SALARINO
GRACIANO
SALANIO
5*
68 O MERCADOR DE VENEZA
LOURENÇO
LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
Realmente
Não te efcondas , ó minha encantadora !
N'effe teu trajo de graciofo pagem,
JESSICA
GRACIANO
LOURENÇO
ANTONIO
Quem vem?
O MERCADOR DE VENEZA 71
GRACIANO
Antonio.
ANTONIO
GRACIANO
SCENA VII
PORCIA
O PRINCIPE DE MARROCOS
PORCIA
O PRINCIPE DE MARROCOS
74 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
O PRINCIPE DE MARROCOS
Só para me contemplar !
Tumulos d'oiro tem vermes ,
PORCIA
SCENA VIII
SALARINO
SALANIO
SALARINO
SALANIO
SALARINO
É
por effa razão que o rapazio
Das ruas de Veneza o vae ſeguindo,
SALANIO
SALARINO
SALANIO
SALARINO
SALANIO
SALARINO
Vamos , fim.
Saem
80 O MERCADOR DE VENEZA
2 SCENA IX
NERISSA
PORCIA
O PRINCIPE DE ARAGÃO
O MERCADOR DE VENEZA 81
PORCIA
O PRINCIPE DE ARAGÃO
*
O MERCADOR DE VENEZA 83
PORCIA
O PRINCIPE DE ARAGÃO
PORCIA
O PRINCIPE DE ARAGÃO
Leiamos iſto :
Por fete vezes fui eu
PORCIA
NERISSA
«O cafamento e a mortalha
No ceo fe talha ! »
PORCIA
CRIADO
PORCIA
?
CRIADO
PORCIA
Bafta , fupplico-te.
Receio que m'o dês por teu parente
NERISSA
SALANIO
SALARINO
SALANIO
SALARINO
Vamos, o refultado ?
SALANIO
SALARINO +.
SALANIO
SALANIO
SHYLOCK
SALARINO
SALANIO
SHYLOCK
SALARINO
8
1
Sim, fe fôr o diabo que a julgar.
SHYLOCK
SALARINO
SHYLOCK
SALARINO
sme
Outro revés para mim ! Um bancarroteiro, um
diffipador, que apenas fe atreve a moſtrar agora a
cara no Rialto ; um miferavel, fim , elle, que fe pa
SALARINO
SHYLOCK
ore!
Para engodo de peixes ! Quando não preſte para
alimentar outra coifa, prefta para faciar a minha vin
gança . Defgraçou-me, arrancou-me das mãos meio
milhão, rio-ſe dos meus azares , e mofou dos meus
proventos ; ultrajou a minha nação , atraveffou-fe nos
meus negocios , arrefeceu-me a eſtima dos meus ami
gos e accendeu-me o odio dos meus adverfarios . Por
CRIADO
SALARINO
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
SHYLOCK
TUBAL
7
ADOR ZA
98 O MERC DE VENE
SHYLOCK
noffa fynagoga .
SCENA II
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
CANTO
Oh ! refponde-me, reſponde !
TODOS
BASSANEO
·
Sim , o externo efplendor rebaixa fempre
O intrinfeco valor . O mundo vive
De continuo offufcado pelas pompas .
PORCIA
Como todas ,
Todas as mais paixões , a inquieta dúvida ,
106 O MERCADOR DE VENEZA
BASSANEO
*
*
Com elogios muito abaixo d'elle ,
Quanto elle do modello fe amefquinha .
Eis o efcripto que encerra o meu deftino.
Lê:
Dá-lhe um beijo
Eu aprefento-me
Em nome do que reza efte papel,
E venho para dar e receber.
Qual um dos dois atletas que diſputa
PORCIA
BASSANEO
NERISSA
GRACIANO
BARRANEO
GRACIANO
Aav
a
E para vós . Por incidencia,
DALAJA
O ter o feu amor, cafo que a forte
Vos permitiffe conquiſtar ſua ama.
****
DA
18,TE
PORCIA
";
Neriffa é certo ?
NERISSA
BASSANEO
Andas de boa fé ?
GRACIANO
Palavra d'honra !
BASSANEO
GRACIANO
BASSANEO
PORCIA
LOURENÇO
SALERIO
METALSHEILU
E eu tinha, meu fenhor, os meus motivos.
Trago lembranças para vós de Antonio .
IMLS
BASSANEO
SALANIO
GRACIANO
SALERIO
Ah! fe encontraffem
vellocin
O o que perde Anto
u nio !!
8
114 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
BASSANEO
LEON KADA AK
Nada vingou ? De Tripoli , do Mexico ,
......
D'Inglaterra, Liſboa, Berberia,
Da India, nada ?! Um fó baixel ao menos
Não eſcapou d'effes parceis terriveis ,
Ruina capital dos negociantes !
SALERIO
------ -- - - ** -
O judeu recufava-fe a acceital-o .
Jámais vi creatura revestida,
De fórma humana tão encarniçada
Contra um homem, ardendo por perdel-o .
Aperta dia e noite com o doge,
Tendo fempre na bocca a fegurança
Do eftado fe lhe negam a juftiça .
Vinte dos mais notaveis negociantes ,
JESSICA
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
PodemosVilka CTI ? --
---------
Como ? pois nada mais ? Bem, n'eſſe caſo
Dae-lhe feis mil e rafgue-fe a efcriptura,
AMM
Dobrae eftes feis mil e triplicae-os ,
CULUK
Antes que perca amigo com taes dotes
BASSANEO lendo
PORCIA
P
BASSANEO
SCENA III
TELUGU
MNIE
FILC2-
Entram SHYLOCK, SALANIO, ANTONIO e o carcereiro
•** ** -----
SHYLOCK
ATL ======
Carcereiro, olho n'elle. Não me fallem
Agora de perdão . Vejam o nefcio
Que emprestava de graça o feu dinheiro .
Carcereiro, olho n'elle e bem attento !
ANTONIO
SHYLOCK
1
+
120 O MERCADOR DE VENEZA
ANTONIO
Ouve-me, imploro .
SHYLOCK
SALANIO
1
ANTONIO
SALANIO
---------
གས་དང་་ོ་ས་།་
ANTONIO
འབར་
ཆར
།
བརཔཔ
O doge o que não pode juſtamente
---
É defprefar a lei. As garantias
Que entre nós , em Veneza, os eftrangeiros
Coſtumam ter, não podem fer fufpenfas,
SCENA IV
BELMONTE -
- UM QUARTO EM CASA DE PORCIA
LOURENÇO
PORCIA
rung eta Ri
Para das mãos d'uma infernal crueza
LIITTO
**
F.LCπ=
E não fallemos mais em tal affumpto . 1 #
44
Efcutae outra coifa. A vós Lourenço , 11
Taja je11
jac
Fica entregue efta caſa e feu governo ,
Emquanto não voltar o meu marido.
LOURENÇO
Oh! fenhora,
PORCIA
LOURENÇO
Alegre efpirito ,
E bem fadadas horas vos eſperem !
JESSICA
PORCIA
-----
ENC
SE
Aπ..
BALTHASAR
ܝܐ܂ܩ ---
Irei, fenhora, co'a maior preſteza.
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
TERASTE
Se eftiveffe a teu lado um maliciofo !
Mas vem. Vou confiar-te os meus projectos
Affim que nos mettermos no meu coche,
¨¨¨¨¨
---
**
Que eſpera á porta do jardim. Partamos,
Partamos fem demora . Inda hoje temos
A fazer vinte milhas de jornada .
-
SCENA V
LANCELOTO
JESSICA
LANCELOTO
JESSICA
LANCELOTO
perdida.
JESSICA
var-me.
O MERCADOR DE VENEZA 129
PERIYAMIZELK SAALLII I
LANCELOTO
-------
porcos . Se damos todos em comer carne de porco,
em pouco tempo não teremos, com o noffo dinheiro,
uma iſca para pôr na grelha. ·
Entra LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
LANCELOTO
LOURENÇO
LANCELOTO
LOURENÇO
LANCELOTO
LOURENÇO
LOURENÇO
LANCELOTO
Sae
9*
132 O MERCADOR DE VENEZA
LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
JESSICA
o de
ola
LOURENÇO
BOT
ce& JESSICA
LOURENÇO
룔
w
tre; porque então , feja o que fôr que tu differes , di
משו geril-o-hei com o reſto.
bron
JESSICA
t
¦
H
5
SCENA I
EM VENEZA — UM TRIBUNAL
O DOGE 11
ANTONIO
Ás ordens voffas.
O DOGE
ANTONIO I
O DOGE
D
Que faia um de vós outros e condufa
A efta fala o judeu .
SALANIO
Eſpera á porta,
E vae entrar, fenhor, agora meſmo.
Entra SHYLOCK
O DOGE
C
Dae logar. Que eu o veja cara a cara !
Todos penfam, Shylock, e eu tambem penfo,
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
BASSANEO
SHYLOCK
1
4
1
Odeia alguem quem não matar quizera ?
I
BASSANEO
SHYLOCK
ANTONIO
BASSANEO
SHYLOCK
O DOGE
SHYLOCK
O DOGE
SALANIO
O DOGE
Tragam-me as cartas ;
BASSANEO
ANTONIO
Do rebanho
O DOGE
NERISSA
BASSANEO a SHYLOCK
SHYLOCK
GRACIANO
Não na fola,
Porém n'alm é que eftá , jud
a s eu acerbo ,
Paffand
o e repaffa
ndo o fio á faca!
Não ha metal , não ha ! nem o cutell
o
Do proprio algoz o gum tem tão fino
e
Como o d t
e eu rancor ! Nenhuma prece
Logrará commove -te ?
r
10
146 O MERCADOR DE VENEZA
SHYLOCK
Não, nenhuma,
Que poffa produzir-fe em teu efpirito.
GRACIANO
SHYLOCK
O DOGE 1
O DOGE
SECRETARIO lendo 1
O DOGE
O DOGE
PORCIA
Venho , fenhor.
O DOGE
Bem vindo !
PORCIA
O DOGE
------
Antonio,
E vós, velho Shylock, aproximae-vos.
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
ANTONIO
Segundo
O que elle affirma, eftou.
PORCIA
Efta efcriptura
Reconheceil-a ou não?
ANTONIO
Sim , reconheço .
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
Caiam, embora,
&此
152 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
BASSANEO
Eftá de facto ,
Perante o tribunal me promptifico ,
Não fó a dar-lhe a fomma, mas o dobro.
S
E como garantia do que affirmo ,
As mãos, cabeça, e coração empenho .
Quando ifto não valer é pois notorio,
Que a malvadez abuſa da innocencia.
Á voffa auctoridade, eu vol-o imploro,
PORCIA
M
Iffo não pode fer. Não tem Veneza
Poder que oufe alterar a lei que exifte.
Ficava regiſtrado o precedente ,
E a tal exemplo innumeros abufos
Se dariam no eftado. Não fe pode .
O MERCADOR DE VENEZA 153
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK O
P
Quando veja cumprida a lettra d'elle.
Que és um recto juiz todos o vêem.
Tu conheces a lei. Foi peremptoria
ANTONIO
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
SHYLOCK
PORCIA
Juftame
nte. Ha aqui uma bala
nça
SHYLOCK
Eu trago a minha.
PORCIA
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
ANTONIO
===
De uma longa miferia ! Dá lembranças
A tua nobre eſpoſa e o fim de Antonio
Relata-lh'o tal qual o preſenciaſte .
BASSANEO
PORCIA
GRACIANO
PORCIA
SHYLOCK (á parte)
Venha a fentença .
PORCIA
SHYLOCK
Emerito juiz !
PORCIA
E has de cortal-a
SHYLOCK
PORCIA
GRACIANO
SHYLOCK
A lei é effa ?
PORCIA
GRACIANO
SHYLOCK
Então acceito
A offerta d'inda agora. Que me paguem
Tres vezes o valor do meu contracto, !
BASSANEO
Eis o dinheiro.
PORCIA
GRACIANO
GRACIANO
PORCIA
SHYLOCK
BASSANEO
P
PORCIA
O
GRACIANO
SHYLOCK
PORCIA
1
Não tens mais do que a multa eftipulada,
4
Toma-a, judeu , á cuſta de teus rifcos .
SHYLOCK
F
PORCIA
GRACIANO
O DOGE
Se tu te arrependeres , é poffivel
Commutar o confifco n'uma multa.
O MERCADOR DE VENEZA 165
PORCIA
SHYLOCK
CERE
Tomae a minha vida e tomae tudo !
PORCIA
GRACIANO
ANTONIO
O DOGE
PORCIA
Judeu , confentes ?
Vamos, que dizes ?
SHYLOCK
PORCIA
SHYLOCK
O DOGE
GRACIANO
1
Dois padrinhos terás no teu baptiſmo :
Sendo eu juiz, mais dez te levariam
Ao baptiſterio não, porém á forca !
O DOGE a PORCIA
i
PORCIA
O DOGE
BASSANEO
ANTONIO
PORCIA
Não ha paga
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
SA
Agora me enfinaes como fe deve
2
Refponder a quem pede. D
P
BASSANEO
E
AO
Foi-me dado ,
PORCIA
ANTONIO
Baffaneo , cede ,
O MERCADOR DE VENEZA 171
BASSANEO
SCENA II
PORCIA
Pr
GRACIANO
|Qu
8
Z E
No
Gentil fenhor, feliz por encontrar-vos.
PORCIA
GRACIANO
NERISSA a PORCIA
Senhor, preciſo
Dar-vos uma palavra. Eu defejava
Confeguir apanhar a meu marido
O annel que elle jurou confervar fempre.
PORCIA
NERISSA
Senhor, vinde ,
Se acafo vos apraz, moftrar-me a caſa.
Saem
ACTO QUINTO
SCENA I
LOURENÇO
JESSICA
LOURENÇO
JESSICA
Em egual noite
1 Colheu Medeia as hervas encantadas
LOURENÇO
JESSICA U
Em egual noite,
O feu joven Lourenço lhe jurava
Amal-a eternamente, arrebatando-lhe
O coração com votos de constancia ,
Dos quaes nem um fequer era fincero!
O MERCADOR DE VENEZA 179
LOURENÇO
JESSICA
Chega STEPHANO
LOURENÇO
STEPHANO
Um amigo .
LOURENÇO
12* 4
180 O MERCADOR DE VENEZA
STEPHANO
LOURENÇO
STEPHANO
Um fanto ermita,
LOURENÇO
Chega LANCELOTO
O MERCADOR DE VENEZA 181
LANCELOTO
LOURENÇO
Quem chama ?
LANCELOTO
LOURENÇO
LANCELOTO
Aonde, aonde ?
LOURENÇO
Aqui.
LANCELOTO
LOURENÇO
LOURENCO
JESSICA
• LOURENÇO
O motivo
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
NERISSA
PORCIA
LOURENÇO
PORCIA
LOURENÇO
PORCIA
LOURENÇO
Inda não ;
PORCIA
LOURENÇO
PORCIA
BASSANEO a PORCIA
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
ANTONIO
1
PORCIA
GRACIANO
1
190 O MERCADOR DE VENEZA
PORCIA
Ah ! já temos
Defavenças ! ... Que fe tracta?
GRACIANO
NERISSA
GRACIANO
NERISSA
GRACIANO
PORCIA 2
BASSANEO (á parte)
GRACIANO
PORCIA a BASSANEO
13
194 O MERCADOR DE VENEZA
BASSANEO
Eu jurara fe podeffe
Juntar a falta á mentira ;
Mas bem o vêdes , o annel
Não o tenho .
PORCIA
NERISSA
BASSANEO
1
O MERCADOR DE VENEZA 195
PORCIA
Se houveffes reconhecido
As virtudes d'effe annel ;
Ou prefentido o valor
D'aquella que vol - o dera ;
Ou tido emfim pundonor
Em conferval - o, onde houvera,
Tomando vós a defeſa,
BASSANEO
PORCIA
NERISSA
Só á minha protecção .
GRACIANO
ANTONIO
PORCIA
BASSANEO
PORCIA
Notae,
7 Notae bem ifto ! -Elle vê-fe
BASSANEO
Vamos ;
Inda um inftante fómente ,
ANTONIO a PORCIA
PORCIA
BASSANEO
Por Deus !
PORCIA
NERISSA
GRACIANO
PORCIA
A BASSANEO
1 e lêdé
ANTONIO
Emmudeço !
BASSANEO,
Pois devéras ,
GRACIANO
E eras tu o amanuenfe
NERISSA
Sim ;
BASSANEO
ANTONIO
PORCIA
Aprazer-te grandemente.
NERISSA
Do judeu abaftadiffimo .
Elle , n'efte teftamento
204 O MERCADOR DE VENEZA
BASSANEO
PORCIA
GRACIANO
É fe porventura quer
Ficar em pé eſperando
O MERCADOR DE VENEZA 205
De ámanhã o anoitecer,
NO
GRA
NOTA A
GRACIANO
ХОТА В
PORCIA
NOTA C
NERISSA
NOTA D
SHYLOCK
NOTA E
SHYLOCK
NOTA A
O PRINCIPE DE MARROCOS
ХОТА В
LANCELOTO
NOTA C
LANCELOTO
NOTA D
LANCELOTO
NOTA E
GOBBO
Well to live.
NOTA F
GOBBO
O pedido é para mi
«Deus o proteja. » (Pag. 46.)
NOTA G
The old proverb is ver
lock and you, fir, you ha
GOBBO
enough.
« Seu amo e elle não fe cozem bem. (Pag. 51. ) Litteralmente: e elle
NOTA H
LANCELOTO
NOTA I
LANCELOTO
de
neb
NOTA J cav
LANCELOTO
NOTA K
LANCELOTO
이
« Ora... meu fenhor, convidar o judeu que foi meu amo, tugu
etc.» (Pag. 60.) gant
Ju
Aqui, como em muitas paffagens, Shakeſpeare entercala fu com
LANCELOTO
NOTA M
GRACIANO
NOTA N
PORCIA
NOTA O
NERISSA
O cafamento e a mortalha
No ceo fe talha.
(Pag. 85.) Di
1
Hanging and wiving goes bydeſtiny.
Litteralmente :
NOTA P
PORCIA
nda?
Aqui me tem. O meu fenhor que ma
(Pag. 85.)
NOTA Q
PORCIA
1
JOC
NOTAS AO ACTO TERCEIRO
NOTA CA
BASSANEO
NOTA B
SALERIO
C. Rufconi :
Non male, fignore, a meno che non fia nell'anima ; non bene,
a meno che nell'anima non fix.
Guizot traduz como Rufconi.
NOTA C
LANCELOTO
NOTA A
O DOGE
NOTA B
O DOGE
NOTA C
SHYLOCK
D'aqui copiou Mr. Pope ; mas não fei que palavra exiſta n'iſto
a que poffa referir-ſe o relativo it. O engenhofo dr. Thirlby
ajufta a paffagem da ſeguinte fórma :
He hath ftudied
Affection's paffions, knows their Springs and ends
fendo facil de, ver que n'efte trecho a palavra affection deve
tomar-fe por effa fympathia ou antipathia da alma que nos
15
226 O MERCADOR DE VENEZA
A prim
Mafters ofpaffion fways it to the mood nhas de q
Of what it likes or loaths. fentido da
Malone,
Iſto é, alguns, quando ouvem o fom da cornamufa, affectam-ſe tentar os a
tanto com iffo que não podem conter a urina ; porque as coi que fe lhe f
fas que influem fobre a paixão, convertem efta em prazer ou pontos em v
defagrado, a feu fabor.- Ritfon. '
os do verbo
Depois de quanto fe tem dito fobre a paffagem queftionada,
te, não altera
eſtou convencido de que fomos obrigados a Mr. Waldron por O dr. Thir
nos haver facilitado a correcta interpretação d'ella . No ſeu ap mudança de p
pendice, pag. 212 , obferva que Mistress fe efcrevia primitiva troduz a pala
mente Maiftreffe, ou Maitres, e affim o achamos efcripto por
tambem eftá de
Upton e outros auctores. Talvez Maifires ( facilmente con
ma, referindo-f
vertido pela tranſpofição do r em Maiſters, que é a leitura do
modo primitivo
2. 0 folio) feja a palavra empregada pelo poeta.- Steevens.
ufou o poeta em
Taes fão as varias e tão diverfas opiniões emittidas pelos
Não porque q
illuftres commentadores de Shakeſpeare ácerca das linhas que
para as minhast
encimam efta nota. Para adoptar uma refolução final, o animo
motivo para as
vacilla e apenas fe atreve a decidir por algumas d'ellas .
Ritfon, Warbufto
Todas eftas opiniões estão convenientemente fundadas, to
das fão fructo de penfada e fevera analyfe, todas revelam o e pontuar das ant
e muito prender-fe o min
fubtil e apurado talento de intelligencias fuperiores, entãofim, que po
tem de arreceiar- fe aquelle que fe veja na neceffidade de ef
taiçõesopportuna
colher. E fe tal pode qualificar - fe de efpinhofo , que fe não dirá
de quem apartando-fe dos commentarios acima trasladados, porém comonão
vras diverfas, par
queira formar, expôr e apreſentar uma idéa, fenão de todo
mafculin
o
differente, diverfa, em parte ponderofa. Longe de mim o pen
inventar plque
uraefes
famento de uma ridicula vaidade ; pretendo apenas validar o
afanofo defvelo e fêde de eftudo que me infpiram asfublimes lar muito bem fe
radaseem oraçõ
producções do grande poeta, difpofto eu fempre a emendar
terless, além do
os proprios erros e dar moftras de agradecido a quem os pº
varía de modo n
nha em evidencia.
paffion em nomin
Duas fão , a meu ver, as queſtões a tratar no caſo preſente,
embora ambas fe enlacem e até dependam uma da outra. ção alheia, fem
O MERCADOR DE VENEZA 229
A PRESENTE EM 1378
dic
0.
Ger
het
ter
2
.
E
2
1
سیه
A novella que fe fegue vem traduzida no appen
não do afilhado e as
-Eftou difpofto a fazer quanto meu pae me or
cedimento d'efte dav
denar.
Em quanto as coi
Deitou-lhe o pae a fua bençam e morreu d'ali a
dis dos mais intimo
poucos dias.
fonados para irem n
Gianneto partiu em ſeguida para caſa de ſeu pa
vidaram-no a viajar ,
drinho , e apresentou-lhe a carta que feu pae lhe ha
-De bom grado ir
via dado antes de morrer.
pae Anfaldo m'o peri
Affim que Anfaldo leu a carta , exclamou :
Os dois mancebos,
-Bem vindo fejas, meu querido afilhado !
ram-fe ao abaftado m
Em seguida perguntou-lhe por feu pae, e como
deffe á viagemdo feu a
Gianneto o informaffe do ocorrido , acrescentou An
na primavera, rogand
faldo :
is difpofições do afill
-Quanto me peſa a noticia da morte de Bindo,
fentiu de boamente, el
porém o prazer que finto em ver-te mitiga a minha
ridade armar um form
dôr.
gado de mercadorias,
Dito ifto , levou-o para fua cafa e deu ordem aos
apercebido de armas e
criados para que o trataffem com mais folicitude do
pitão e aos marinhei
que a elle proprio . E não ſatiſfeito ainda, entregou
quanto Gianneto order
lhe as chaves da cafa e fallou-lhe n'eftes termos :
Succedeu, pois , que
-Filho, gafta dinheiro , mantém meſa aparte e
ao alargar a vifta pelo
torna-te conhecido . Lembra- te que quanto mais fou
ma efpecie de golfo, c
beres captar a eftima dos outros mais querido me
perguntando como fo
ferás . dea:
Gianneto , feguindo os confelhos de feu padrinho
-Ologar qu ve
começou a dar grandes feftas . Guardava com An e de
tem fido caufa da ruin
faldo mais obediencia e cortezia do que fe elle fora
Como? tornou Gian
feu proprio pae.
E o capitão refpond
Não havia ninguem em Veneza que não eſtiveſſe
-A peffoa de que fa
captivo d'elle . De mais nada tratava o padrinho ſe
!
O MERCADOR DE VENEZA 239
E o capitão refpondeu :
-A peffoa de que fallo , é uma mulher formoſa e
240 O MERCADOR DE VENEZA
Não te afflijas .
primeira vez.
Que ha de novo ? perguntou eſte, ao vel-o . E como
Gianneto lhe deu conta da ſua perdição , acreſcentou
- aquelle :
16.
244 O MERCADOR DE VENEZA
refignação . Em tal p
Varios mercadores , tambem anciofos por falval-o, de Belmonte
gado.
Convindo em fazel-o , foram á fua morada, e ex
pozeram-lhe o cafo .
ao advogado .
-Tenho ainda outro favor a pedir-vos, e vem a
1
a fua eſpoſa.
E Em ſeguida mandou chamar a donzella que o acon
felhara a não tomar do vinho n'aquella noite da fua
conquiſta, e deu- a por eſpoſa a Anfaldo .
انتقا Todos elles paffaram o reſto da vida na maior fe
licidade e contentamento .
H
CORRECÇÕES