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COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 1 PARTE – OS WOOFERS

Os Woofers

Uma boa caixa de som tem pelo menos dois alto-falantes. Não existe um único alto-
falante que consiga “falar” graves, médios e agudos*. Na verdade, para termos todas
essas frequências precisaremos de vários alto-falantes, cada um especializado em uma
única faixa frequência (às vezes mais de uma). Cada alto-falante diferente em uso é
chamado de “via”. Uma caixa de “2 vias” tem dois falantes diferentes, uma caixa de “3
vias” tem três falantes diferentes. Existem sonofletores comerciais de até “5 vias”, mas
nada impede um sistema com 10 vias, por exemplo.

*Nos primórdios da sonorização ao vivo, havia somente os alto-falantes Full-Range


(“frequência toda”). Esses falantes tentam “falar” (reproduzir sons) graves, médios e
agudos, obviamente sem muito sucesso. Quando muito, algo em torno de 100Hz a
10KHz, adequado para a voz (e ainda assim muito mal, com muitos médios e poucos
graves e agudos). Modernamente, não dá para se falar em sonorização profissional com
caixas de uma única via. Apesar dos full-range não servirem para P.A., eles ainda são
muito usados em pequenos Microsystems, caixinhas de som para computadores,
falantes
de televisão, etc. São baratos, e pequenos, já que nesses dispositivos o espaço disponível
é sempre pouco. Dão conta do recado porque 90% da informação sonora de uma música
está na faixa que eles conseguem responder. Mas os outros 10% fazem uma diferença
enorme…

Cada tipo de alto-falante é fabricado para atender a uma determinada faixa de


freqüência. Os woofers falam os graves, os tweeters falam os agudos, os mid-ranges ou
drivers falam os médios. Existem falantes que podem até mesmo falar duas freqüências,
como os “drivers titanium”, que falam médios e agudos. Uma boa caixa de som é o
resultado do funcionamento conjunto desses falantes, em equilíbrio.
Após essa pequena introdução, neste primeiro artigo vamos falar dos woofers, os alto-
falantes responsáveis pela reprodução de graves e médio graves. São fáceis de
reconhecer, pois são os falantes de maior tamanho (em comparação com os falantes de
médios e agudos) em uma caixa de som.

Vamos estudar as características gerais dos woofers. Elas se aplicam à maioria dos
produtos, mas é necessário saber que é possível fabricar falantes especiais, com

características diferentes do citado aqui. As características importantes em um woofer


são:
Material do cone
Pode ser de um tipo de papelão ou de polipropileno (tipo de plástico), rígido. Os cones
rígidos suportam melhor altas temperaturas e são encontradas nos carros (deixe um
carro preto fechado no sol de meio-dia no Nordeste do Brasil e entenderá o que é alta
temperatura). Em comparação com os cones de papelão, os rígidos são mais caros,
reproduzem um pouco melhor as baixas freqüências (mais perto de 20Hz) e pior as alta
freqüências (no caso, os médio-graves) que um cone de papelão.
Woofer Pyramid para automóveis, especial para competição. Observe o material do
cone, de plástico
rígido.

Tipo de borda
a) woofers BASS-REFLEX tem a borda (onde o cone encontra a estrutura metálica) de
papelão ou tecido (ou uma mistura dos dois), em formato de pequenas ondas. É o
sistema mais utilizado em sonorização ao vivo.

Esse tipo de woofer é desenhado para caixas de som com dutos (ou pórticos) para saída
de ar (caixa “dutadas”, como a foto da caixa da Polivox, que apresenta dois dutos na
parte inferior). Os graves que são reproduzidos atrás do alto-falante (o woofer “fala
som” para frente e para trás) passam pelo duto, e são adicionados com os sons
produzidos na frente, conseguindo-se assim uma eficiência maior (o woofer “fala”
mais). Um woofer bass-reflex tem sensibilidade média de 90 (os piores) a até 100 dB/
1W / 1m (os melhores).

b) woofers de SUSPENSÃO ACÚSTICA tem a borda de borracha, bastante maleável,


formando apenas uma grande ondulação entre o cone e a borda. É o sistema mais
utilizado em som automotivo.

Esse tipo de woofer é desenhado para caixas seladas, pois o ar preso internamente
funciona como uma espécie de amortecedor, mas podem ser usados também em caixas
dutadas, desde que projetados para isso (a estrutura precisa ser mais resistente, por falta
do amortecedor). Conseguem “falar” frequências mais graves que os bass-reflex, para
um mesmo diâmetro do falante, mas em geral sacrificam a eficiência, que é muito ruim.
Vai de 84 (os piores) a até 92 dB/ 1W / 1m (os melhores), em geral. Isso quer dizer que,
para que um “Suspensão Acústica” produza o mesmo som que um Bass-Reflex,
precisará de muito mais potência (para cada 3dB de diferença a mais na sensibilidade é
necessário o dobro da potência).
Os woofer Bass-Reflex são utilizado em P.A. por causa do melhor aproveitamento de
potência. Em som automotivo, não existe a menor necessidade de muita eficiência, já
que os ocupantes estão situados a poucos metros de distância, então os woofers de
suspensão acústica são preferidos, pela melhor resposta de graves (“falam” sons mais
próximos a 20Hz) que proporcionam.

Tamanho do woofer e resposta de frequência


Em geral, quanto maior for o diâmetro do woofer, melhor ele responderá aos graves
(mais próximo a 20Hz) e pior aos médio-graves. Da mesma forma, quanto menor o
woofer, menos responderá aos graves (mais longe de 20Hz) e mais médio-graves
“falará”. Isso por que sons mais graves exigem maior deslocamento de ar. Aqui,
tamanho é documento e faz muita diferença no som*. Segue abaixo uma pequena tabela
de exemplo, com uma média dos valores encontrados no mercado:

Woofer de 18” –(polegadas) – fala de 25Hz a 2,5KHz**


Woofer de 15” – “fala” de 40Hz a 4KHz
Woofer de 12” – “fala” de 60Hz a 5KHz
Woofer de 10” – “fala” de 70Hz a 6KHz
Woofer de 8” – “fala” de 80Hz a 7KHz

Ainda existem woofers de 6” e até 4”, cada vez falando mais médios e menos graves. Só
por curiosidade, existem modelos de 21″ e alguns experimentais de incríveis 60″.

• Existem excessões, claro. Existem falantes de pequenas dimensões


especialmente
construídos para sons graves. Falantes de 8″ que alcançam 25Hz e 4″ que
alcançam 50″.
São os falantes de caixas de som do tipo subwoofers, em geral usadas em
sistemas de
home-theaters domésticos, onde tamanhos reduzidos são importantes.

** Valores médios por polegadas encontrados em especificações técnicas de produtos


de fabricantes como Selenium, Oversound e Keybass. Não quer dizer que toda a
resposta de frequência será aproveitada, sempre. Um falante de 18″ instalado em uma
caixa do tipo subwoofer em geral responde apenas entre 20Hz e 200Hz, faixa onde ele
tem a sua melhor aplicação.

Em geral, woofers de Suspensão Acústica, por terem borda maleável, que permite uma
grande movimentação do cone, conseguem responder freqüências mais graves (mais
próximas de 20Hz) que um Bass-Reflex de mesmo tamanho. Por exemplo, consegue-se
woofers de suspensão de 12” falando 30Hz, enquanto é raro um woofer bass-reflex de
12” que fale menos de 45Hz. Esse sistema é muito usado em som automotivo porque
não há como se colocar um woofer de 18” em um automóvel.

Cabe lembrar que o fabricante pode fazer um alto-falante específico para uma
determinada frequência. Existem woofers grandes (8″, 10″ ou 12″) que o fabricante
projetou para resposta de médio-graves (os chamados mid-bass). Alguns tem resposta
de frequência acima de 100Hz ou mesmo acima de 200Hz, feitos para trabalhar sempre
acompanhados de subwoofers.

Potência e Sensibilidade
Existem woofers de poucos Watts de potência até valores acima de 1.000 Watts RMS
(alguns woofers de 18’, usados em subwoofers de P.A). Evidente que, quanto maior a
potência, melhor. Mas é importante saber qual a forma de medir potência que foi
utilizada. No Brasil, é utilizada a norma ABNT NBR 10.303 para especificação de
potência. Então, para comparação, sempre use os valores NBR 10.303 de um e de outro
falante.

Apesar da potência máxima suportada ser importante, um outro parâmetro muito


importante e quase sempre esquecido é a sensibilidade (eficiência), que é o quantidade
de som (dB SPL) que um falante produz para um determinado nível de potência (1 W
RMS, medido a 1 metro). Para cada 3 decibéis a mais ou menos, a diferença é dobrar ou
dividir por dois a potência. Veja o exemplo:

Woofer com sensibilidade de 93 dB SPL/ 1 W / 1 metro consegue “falar”:


93 decibéis com 1 Watt RMS, medido a 1 metro de distância.
96 decibéis com 2 Watts RMS
99 decibéis com 4 Watts RMS
102 decibéis com 8 Watts RMS
105 decibéis com 16 Watts RMS
108 decibéis com 32 Watts RMS
111 decibéis com 64 Watts RMS (som muito alto, show de rock)

Woofer com sensibilidade de 99 dB SPL/ 1 W / 1 metro consegue “falar”


99 decibéis com 1 Watt RMS
102 decibéis com 2 Watts RMS
105 decibéis com 4 Watts RMS
108 decibéis com 8 Watts RMS
111 decibéis com 16 Watts RMS

Note que o mesmo volume de som foi conseguido com apenas 1/4 da potência do outro.
Esse resultado pode ser visto facilmente comparando-se caixas de som, observando que
algumas falam muito mais que outras, mesmo com a mesma potência.
Daí a conclusão que potência precisa ser analisada junto com a sensibilidade. Isso é
importante na hora de comprar um woofer, pois um modelo de 500W RMS com
95dB/W/metro pode produzir* o mesmo som que um modelo de 250W RMS com
98dB/W/metro (3 dB de diferença = dobro da potência). Se o som é exatamente o
mesmo, o preço….
*a formúla que calcula o máximo som produzido por um falante é: dB SPL = (10 x log
Potência RMS) + sensibilidade. Assim, temos:
woofer 500W RMS com 95dB/1W/1metro produz no máximo: dB SPL = (10 x 2,70) +
95 = 122 dB SPL
woofer 250W RMS com 98dB/1W/1metro produz no máximo: dB SPL = (10 x 2,40) +
98 = 122 dB SPL
Entretanto, na prática existe um fenômeno chamado de compressão de potência. A
elevação da resistência da bobina com a temperatura (ocorre principalmente quando o
falante está próximo da sua potência máxima) provoca uma redução na eficiência do
alto-falante. Por esse motivo, se ao dobrarmos a potência elétrica aplicada obtivermos
um acréscimo de 2 dB no SPL ao invés dos 3 dB esperados, podemos dizer que houve
uma compressão de potência de 1 dB. Ou seja, no exemplo acima, o woofer de 250W
poderá falar apenas 121 dB SPL ou mesmo 120dB SPL, por causa da compressão de
potência. Ainda assim, uma pequena diferença em relação a uma enorme diferença no
preço.

Por tudo o que foi falado a melhor coisa, ao se decidir pela compra de um woofer, é
analisar o conjunto de parâmetros potência e sensibilidade (e não só potência, como
quase todos fazem).

Tipo de ímã
A energia elétrica que chega pelo fio alimenta a bobina. Esta, por estar imersa em um
campo magnético (o ímã), começa a vibrar, produzindo assim oscilasções no cone e
com isso, produz-se som. O tamanho e peso do ímã influenciam diretamente na
quantidade de som produzida, e é um dos fatores determinantes da potência máxima que
o falante pode alcançar. Os atuais ímãs são de ferrite, grandes e pesados. Mas já existe
uma nova tecnologia para substituir esse material, que é o neodímio, um material que
consegue produzir um forte campo magnético mesmo em tamanhos reduzidos (e
peso menor).

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Falantes de neodímio ainda são muito caros, mas já existem alguns modelos comerciais.
Mas com o tempo o preço vai abaixar, e veremos cada vez mais e mais falantes (e por
consequência, caixas acústicas) leves e muito potentes.
Construção
Woofers são relativamente simples de construir e por isso há tantas empresas
fabricando-os. Existem os grandes fabricantes, como Snake, Selenium, Hinor,
Oversound, Bravox, Keybass e Eros, além de uma infinidade de empresas menores,
como Eton, Magnum, ETM, Novik Neo, etc. Lembrando que a qualidade do projeto
sempre influencia muito no resultado obtido (existem pequenos fabricantes com
projetos excelentes, mas também existem pequenos fabricantes com projetos sofríveis).

Exija sempre que o woofer atenda à norma NBR 10.303 da ABNT e que o fabricante
disponibilize os parâmetros Thiele-Small, parâmetros técnicos usados na construção das
caixas acústicas. Só os melhores fabricantes disponibilizam essas informações.
Uso
Para resposta de voz, um woofer de 8” já serve, pois já fala os graves que a voz humana
consegue produzir (de 100Hz para cima). Mas um woofer de 8” não consegue falar os
sons de um contrabaixo elétrico ou acústico, um bumbo ou percussão, violoncelo, etc.
Para esses instrumentos, ou se utiliza uma caixa com um alto-falante de tamanho
generoso (se um baixista pudesse escolher, seria um de 18” ou 21″), ou então uma caixa
com um alto-falante especialmente construído para isso. Os cubos de baixo são assim,
construídos para responder esses sons mesmo em caixas menores.

Muitas igrejas pequenas usam caixas de tamanho reduzidos (falantes de 8″ ou 10″) e


tentam exigir delas que reproduzam o som de contrabaixos, por exemplo, aumentando o
volume do instrumento o máximo possível. Muitas dessas tentativas acabam estourando
os woofers, pois tudo o que eles não conseguem reproduzir é perdido como calor, e
excesso de calor rompe a bobina. A única solução é comprar uma caixa específica para
contrabaixo (um cubo) ou uma caixa de som de dimensões generosas (falantes de 12 ou
15″).

Um detalhe mínimo, mas importante sobre woofers. O som grave “sai” mais pelas
bordas, e o som médio mais pelo centro. Alguns woofers usam centros metálicos (de
alumínio), para melhorar a resposta de médios. Daí que se o baixista quer o máximo de
“peso” (graves), o cubo precisa estar “de lado”. Mas se quer ouvir mais médios, precisa
estar “de frente” para o músico. Claro que a diferença só é percebida por ouvidos
treinados, os baixistas preferem mesmo é aumentar o volume!

Subwoofers
Do ano 2000 em diante, cada vez mais temos visto lançamentos de caixas de som do
tipo subwoofers. Nada mais são do que caixas especializadas em sons subgraves,
aqueles próximos a 20Hz (em geral, entre 20Hz e 200Hz). Antera, Staner, Ciclotron,
Attack e Leac’s, todos os grandes fabricantes brasileiros de caixas de som tem
subwoofers para PA.

Subwoofer ativo (com seu próprio amplificador). Produto de demonstração da


tecnologia.

Em muitas caixas subwoofer, o falante fica totalmente dentro da caixa, apenas existindo
alguns dutos para a saída dos graves, como na caixa abaixo, da Antera.
Os sons subgraves são os mais difíceis de serem conseguidos. Se é fácil encontrar
caixas que falam 20KHz, o limite dos agudos, é dificílimo encontrar alguma que chegue
perto dos 20Hz. Como colocar falantes de 18” ou até mesmo 21” em uma caixa de som
é algo complicado, tanto pelo tamanho quanto pelo peso final, a solução foi colocar
esses falantes em uma caixa separada – o subwoofer.

Existem alguns sistemas de caixas que funcionam com o subwoofer sendo uma opção –
um complemento – em que as caixas do P.A. já falam graves, mas não conseguem ir
muito abaixo de 50Hz (depende do tamanho do woofer). Em outros, o uso de
subwoofers é obrigatório, onde as caixas do P.A. têm a resposta de frequência de
médio-graves para cima, sendo o papel dos graves apenas dos subs.

A escolha de caixas para a aquisição deve sempre levar em conta o tipo de uso (voz,
instrumentos), o tipo de instrumentos e o tipo de estilo musical aplicado (alguns estilos
usam mais graves que outros, como o funk tem um grave muito maior que música
clássica). Caixa de som é muito mais que potência, que normalmente é a primeira e
única pergunta do comprador.
COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 2 PARTE – OS MÉDIOS, DRIVERS E TWEETERS

Parte 2 – os Médios, Drivers e Tweeters

Após o estudo dos woofers e os sons graves, vamos nos voltar agora para os falantes de
médios e agudos. Lembrando que várias das características gerais como
potência,sensibilidade, tipo de ímã, construção e uso continuam valendo.

Falantes de agudos: os Tweeters

Vários tipos de tweeters. Acima à esquerda, tweeters de cone de papel. Abaixo à


esquerda, tweeters piezoelétricos. À direita, 2 exemplos de super tweeters:

Os tweeters são alto-falantes de agudos, e são sempre os menores falantes de uma caixa
de som. A maioria tem resposta de freqüência a partir de 5KHz. Existem diversos tipos
de tweeters:

a) Piezoelétricos. Fabricados no Brasil pela LeSon e Motorola e alguns outros


fabricantes. Os piezoelétricos não têm ímãs como os outros alto-falantes, mas sim um
cristal que vibra quando por ele passa a corrente elétrica vinda do amplificador. O
timbre é razoável, um pouco “estridente”, “metálico”, como dizem alguns. Os
piezoelétricos têm uma grande vantagem: são extremamente baratos, valor próximo a
R$ 35,00 . A eficiência é boa, em geral vai de 100 a 108 dB SPL/ 1 W / 1 metro. São
utilizados em mercado automotivo, sistemas de baixo custo e até sonorização ao vivo de
pequeno porte. Bons exemplos são os famosos Le Son TLC e TLX, encontrados em
qualquer eletrônica do Brasil.
TLC-01 da LeSon. Resposta de frequência de 5KHz a 20KHz, sensibilidade
108dB/W/m, dispersão

sonora de 90º. Potência máxima 40W RMS

.b) Cone de papel. São tweeters que se parecem com pequenos woofers, tendo cone,
bobina, ímã; aparentemente tudo igual, só que de dimensões bem menores. Outra
característica é que a parte traseira é do cone é fechada (vedada). Em geral tem tamanho
de 1″ a 3″. A eficiência é baixa, comparável aos woofers bass-reflex. O timbre é muito
mais agradável que os piezoelétricos, mas a maioria desses tweeters não conseguem
falar muita coisa acima de 10KHz. São utilizados em sistemas residenciais, sistemas de
baixo custo e sonorização ambiente. Também são de baixo custo, entre 10 a 30 reais,
dependendo da potência, que em geral não é muita.

c) Domo. São tweeters (piezoelétricos ou de cone de papel) com uma pequena redoma
(que pode vir protegida ou não). É como se fosse um cone, só que invertido, para fora
em vez de para dentro, e completamente arredondada. Os tweeters tipo domo
apresentam uma excelente dispersão sonora, ou seja, os agudos são muito bens
espalhados pelo ambiente (próximo a 180ºx180º). Utilizado em sistemas residenciais,
por audiófilos, ou em caixas de referência para estúdios. O timbre é muito bom, com
agudos claríssimos em alguns modelos baseados em ímas ou apenas razoável, se
piezoelétrico

Tweeter tipo domo. O domo propriamente dito está protegido pela tela metálica, para
não sofrer danos que alterem suas características.

Resposta de frequência de 4KHz a 20KHz, sensibilidade de 92dB/W/m (tweeter de


ímã), dispersão sonora de 150º.

d) Supertweeter. Invenção da JBL no ano de 1956. Um diafragma acoplado a uma


pequena corneta. O timbre é muito bom (o melhor de todos os tweeters), a eficiência é
alta (graças à corneta), variando de 102 a até 110 dB/ 1 W / 1 metro. É o tweeter
utilizado em sistemas profissionais, e o mais caro de todos (a partir de R$ 30,00) A
maioria pode ser desmontado e ter a bobina e o diafragma trocados através de reparos
disponibilizados pelos fabricantes, em caso de necessidade (queima/defeito).
Supertweeter Bravox. Resposta de 4KHz a 20KHz, sensibilidade de 107dB/W/m,
potência máxima 140W RMS.

Falantes de Médios: Mid-range e Drivers de CompressãoEm caixas com woofer


pequenos (10″ ou menos), estes conseguem responder relativamente bem aos sons
médios. Daí ser comum encontrarmos caixas de apenas duas vias, um woofer (graves e
médios) e um tweeter (agudos). Mas o que fazer quando o woofer é grande (12”, 15”,
18”) e tem pouca resposta de médios? Nesse caso, precisamos de falantes exclusivos
para os médios. São os mid-range (ou simplesmente “médios” mesmo), formando
sistemas de 3 vias (graves, médio e agudos). A resposta de frequência típica é entre
500Hz a até 8 ou 9KHz. Os médio podem ser:

a) Piezoelétricos. Existem alguns modelos de tweeters piezoelétricos que conseguem


responder a partir de 2KHz (como se fossem mid-tweeter). Apesar disso, são pouco
utilizados, pois a qualidade do timbre é inferior.

b) Cone de papel. São pequenos woofers, mesmo! Em geral, de 6″, 5″ ou 4″, com a
característica da parte traseira ser vedada. Apesar de existirem mid-range específicos,
muitas caixas de som são montadas com woofers de 6” ou 4” (os mid-bass), como
resultados semelhantes. A eficiência é baixa, comparável aos woofers bass-reflex. É
mais utilizado em sistemas residenciais, mas existem caixas profissionais com esse tipo
de mid-range (as caixas Ciclotron Titanium 1100 e 700 utilizam woofers de 6” na
função de mid-range). Em geral tem pouca potência, por isso é mais usado em sistemas
residenciais.

c) Drivers de compressão (ou simplesmente chamados de drivers) Drivers são um tipo


de alto-falante sem cone, que são rosqueados em uma corneta (comprime-se o som em
uma corneta, daí o nome). Em geral tem resposta de freqüência desde 500Hz até
próximo a 8KHz, alta sensibilidade (entre 102 e 109 dB/ 1 watt / 1 metro, por causa da
corneta) e um timbre muito bom. É o mais utilizado em sonorização profissional no
papel de mid-range em sistemas de 3 vias.
São também chamados de drivers fenólicos, dada a características de construção de seu
diafragma (a peça que vibra, equivalente ao cone dos woofers), feitos de resina de fenol
(um produto químico).

d) Drivers Mid-Tweeters. Existem alguns modelos de drivers fenólicos que, devido à


sua construção, tem resposta de agudos estendida, conseguindo responder a até 15KHz,
alguns até 20KHz. Tem bom timbre mas os drivers fenólicos “puxam” mais para os
médios que para os agudos. Usados por alguns fabricantes de caixas profissionais.

Falante de médios E agudos: o Driver Titânio Guarde essa palavra: driver titânio.
Quando você ouvir, vai se apaixonar! No final da década passada surgiram os drivers
com diafragma fabricando em titânio.

Externamente, iguais aos drivers já existentes. Internamente… uma revolução. Esse tipo
de driver consegue falar tanto agudos quanto médios, perfeitamente. O timbre é
excelente, muitas vezes melhor que um conjunto mid + tweeter, seja de qual tipo for. O
sistema woofer + driver titânio é cada vez mais adotado em caixas de som profissionais
no mundo todo. Só que, infelizmente, o driver ainda é caríssimo (titânio é caro), com
valores quase sempre acima de R$ 100,00. Um conjunto de supertweeter e um driver
vão custar metade disso. Mas a excelente sonoridade compensa o gasto!

Driver Titânio (DTi) Oversound 4625

Drivers, Cornetas e direcionabilidade dos sons médios e agudos Falamos em drivers,


mas falar deles exige que expliquemos as cornetas. Os drivers de compressão são alto-
falantes praticamente exclusivos dos sistemas profissionais. A expressão “de
compressão” deriva do fato desses falantes gerarem pressão sonora em uma pequena
câmara, direcionando as ondas para uma abertura menor que a área do seu diafragma,
chamada de garganta, onde é enroscada a corneta.

Cornetas não são alto-falantes, mas elas ajudam os alto-falantes a falar mais e mais
longe! Quando nos primórdios da humanidade alguém colocou as mãos em forma de
semi-círculo próximas à boca e descobriu que a pessoa longe conseguia ouvi-la melhor,
inventou a corneta. O princípio físico das cornetas tem a ver com zonas de alta e baixa
pressão, reverberação, etc, que acontece com o som quando passa pela corneta. Alguns
instrumentos musicais tais como o sax, o trompete, trombone, tuba, na verdade são
grandes cornetas.

A pressão acústica na garganta do driver é transferida gradativamente até a boca da


corneta, onde as ondas sonoras aparecem com um grande fluxo de ar. A corneta
transforma um pequeno fluxo de ar da garganta em um grande fluxo de ar na sua boca.
Isto significa que com um pequeno movimento do diafragma se consegue um grande
fluxo de ar – e isso explica a alta sensibilidade dos drivers (que em geral é especificada
para um tipo específico ou para várias cornetas).

As cornetas são muito importantes nas caixas acústicas pelo papel que elas fazem nos
médios e agudos. As cornetas são responsáveis pelo som aumentar (dependendo do
tipode corneta utilizada, um driver “fala” mais ou menos – tem uma sensibilidade maior
ou menor), e são as principais responsáveis pelo som se espalhar.

Se os graves são ominidirecionais, os médios são direcionais e os agudos são


extremamente direcionais. Para resolver esse problema, as cornetas tem o papel de
“espalhar” o som dos médios e dos agudos para áreas que, de outra forma, não seriam
atingidas.

Existem cornetas com a “boca” quadrada, “boca” retangular e as de “boca” redonda. As


cornetas de boca quadrada e as de boca redonda tem dispersão sonora ( espalham o
som) de maneira igual tanto na vertical quanto na horizontal (as redondas fazem isso
melhor).

Na média, espalham o som 50º x 50º. Isso quer dizer o seguinte: que conseguem
espalhar o som 25º abaixo do centro, e 25º acima do centro, 25º para a esquerda e 25º
para a direita. Se alguém estiver fora desses limites, não escutará o som das cornetas
(médios/agudos), só os graves.

As cornetas de boca retangular têm dispersão sonora diferente. É comum ter dispersão
de 90º por 40º. Isso quer dizer: na horizontal, os sons se espalham 45º para cada lado e
apenas 20º para a vertical e para horizontal.

Esses ângulos precisam ser conhecidos pelos técnicos, pois vão influenciar diretamente
no posicionamento das caixas acústicas e o resultado sonoro que será ouvido. Quem
estiver na área de dispersão da corneta, ouvirá os agudos e terá inteligibilidade. Quem
estiver fora dessa área, só ouvirá os graves (que são ominidirecionais). As cornetas
podem afetar também o alcance dos sons. Existem cornetas de “tiro curto” e de “tiro
longo”. Se a corneta for curta e de boca larga (existem modelos com boca quadrada,
retangular ou redonda), ela conseguirá projetar o som em amplitudes verticais e
horizontais maiores, ou seja, ela espalha mais o som, mas só a curtas distâncias (“tiro
curto”). Já as cornetas com comprimento mais longo (e em geral boca redonda ou
quadrada apenas) são as de “tiro longo”, produzem um maior dB SPL (maior
eficiência), e projetam o som a uma distância maior.

O uso de cada tipo de corneta depende da necessidade, sendo que em caixas em som
que usam drivers as de tiro curto são as mais comuns de serem encontradas. Para quem
monta caixas, saiba que as cornetas são compradas separadamente dos falantes,
permitindo assim escolher a que melhor se adequa ao tipo de utilização desejada para a
caixa.
COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 3 PARTE – CONSTRUÇÃO DA
CAIXA

Não basta apenas escolher bons alto-falantes. A construção de caixas é algo muito mais
complexo que simplesmente montar as peças de um quebra-cabeça. Tamanho

Já vimos que quanto maior o woofer, mais próximo de 20Hz ele consegue responder.
Mas há um outro fator que altera a resposta de freqüência do falante: as dimensões da
caixa de som. Todo fabricante de woofers que se preza (Selenium, Oversound e Snake,
para citar os melhores) coloca no manual do produto os chamados parâmetros de
Thielle-Small, que servem de orientação para a construção das medidas da caixa e a
“litragem” necessária para se obter uma determinada resposta de freqüência.

Não vamos entrar aqui em parâmetros Thiele -Small, mas saiba que são importantes.
Primeiro, porque envolve uma boa dose de matemática e segundo porque seria
necessário um artigo só sobre isso. Mas o que mais importa sobre esses parâmetros é o
seguinte: as dimensões da caixa de som influenciam no resultado obtido e somente bons
fabricantes de caixa de som (com aparelhagem adequada) é que vão se preocupar com
isso. Já aquele marceneiro de fundo de quintal…

A “litragem” é a medida em litros mesmo, pois litros é uma medida de volume, ou seja,
usa altura x largura x profundidade. Para uma dada litragem (não importa a forma da
caixa), o woofer responderá tantos Hertz. Por exemplo, o mesmo woofer de 15” poderá
responder no máximo 60Hz em uma caixa de 40 litros (pequena) ou no máximo 40Hz
com uma caixa de 80 litros (o dobro do tamanho).

Aqui, mais uma vez, vemos que tamanho é documento quando falamos na reprodução
de graves. Caixas que respondam freqüências próximas a 20Hz são grandes tanto por
causa do tamanho do woofer como também por causa da litragem necessária.
Lembrando que existem caixas para graves – os subwoofers – que são construídas
especialmente para um tipo de resposta de freqüências, e que por isso conseguem ser
pequenas.

Madeira

Há caixas em aglomerado com uma fina camada de pintura ou fórmica por cima, para
uso residencial, aproveitando-se que o aglomerado é uma madeira leve. Até existem
caixas de aglomerado feitas para P.A, mas são totalmente reforçadas por dentro,
algumas com pintura bem resistente, outras acarpetadas, pois aglomerado não pode
molhar.

A maioria das caixas de sonorização ao vivo é feita em compensado de 11, 15 ou


mesmo 20 milímetros. A qualidade varia demais, de fabricante para fabricante. A caixa
deve ser pintada tanto por dentro quanto por fora, pois além de mostrar o cuidado do
fabrican te, a tinta afasta os cupins. Após uma boa camada de tinta, a caixa pode ficar
até mesmo na chuva e ainda ter uma boa durabilidade. O compensado é bem mais
pesado que o aglomerado.

Modernamente, estão sendo construídas caixas em MDF, um tipo de aglomerado


especial, muito mais resistente, inclusive à água. As Ciclotron Titanium são todas
assim. O problema do MDF é que ele é pesado tal como o compensado.

Aliás, madeira de um modo geral é pesada. E quanto maior a caixa, mais madeira se
usa. Se for uma caixa de subgraves, facilmente chega-se a dezenas de quilos. Para
resolver esse problema, existem as caixas feitas de fibra de vidro. Na verdade, as caixas
são de polipropileno, um tipo de plástico ABS, mas as primeiras foram feitas em fibra
de vidro e o nome “pegou”. São caixas muito mais leves (a diferença é de quase 50% do
peso), mas muito mais susceptíveis a quebrar em caso de acidentes (se cair do pedestal,
por exemplo).

Nas primeiras caixas de fibra de vidro mesmo, o problema de quebra era muito grande.
Hoje, as caixas de ABS são feitas com até 1cm de espessura, e o problema está muito
minimizado. E ainda tem a vantagem de terem uma vedação perfeita e serem à prova de
água, sendo o modelo ideal para locais expostos à chuva.

Construção

As caixas precisam ser muito bem construídas. Não basta prender as peças com pregos,
é necessário fazer uma boa vedação (feita com silicone ou massa própria) nas juntas.
Não deve haver a menor saída de ar que não a desejada (os dutos). A construção precisa
ser bem rígida, porque o que precisa vibrar é o falante, não a caixa. Existem alguns
casos de caixas mal projetadas que chegam a “pular” no ritmo da música. Já vi casos em
que a caixa “pulou” tanto que caiu da mesa onde estava.

Além disso, se a caixa for feita para ser pendurada no alto (cabos de aço) em sistema
Fly, ela precisa ser reforçada internamente com estrutura de ferro (o peso fica apoiado
no ferro, não na madeira). Por dentro das caixas do tipo Bass-Reflex, algumas
superfícies precisam ser revestidas de manta acrílica (ou lã de vidro), para absorção, e
outras precisam estar lisas, para reflexão dos graves. Nas caixas seladas (Suspensão
Acústica), todas as paredes precisam estar revestidas de manta acrílica, para absorção.
Até mesmo a espessura da manta altera a sonorizada da caixa.

Dutos (ou Pórticos)

As caixas Bass-Reflex (a mais comum em P.A.) tem dutos para saída do ar. O diâmetro
e o comprimento do duto dependem das dimensões da caixa, das características do alto-
falante e da freqüência que se deseja reforçar.

Caixas da Yes, feitas de aglomerado revestido de carpete. Note os dutos bem acima do
woofer e o seu formato trapezoidal, com uma largura na frente e outra menor atrás.
Também repare nas cantoneiras em metal.

O cálculo de duto é complicado. A maioria das pessoas que constrói suas próprias
caixas simplesmente “chuta” o valor e instala um duto qualquer. Não que o resultado
fique ruim, mas poderia ser bem melhor. Por exemplo, um “subwoofer” feito em casa,
pode ter seu duto sintonizado em 200Hz (médio-graves), quando o desejado seriam
40Hz (graves).

Formato da caixa

A frente de uma caixa é quase sempre retangular. Mas o formato mais importante a ser
observado é a parte de trás. Uns anos atrás, as caixas eram praticamente todas
retangulares em todas as dimensões (imagine um grande paralelepípedo). Atualmente o
formato mais comum é o trapezoidal, com a largura do fundo menor que a largura
frontal. Esse formato permite colocar várias caixas uma ao lado das outras, em formato
de leque, abrangendo assim uma grande área.

A bem da verdade, o formato pode variar muito. Um amigo de uma empresa


desenvolveu um projeto de caixa que pode ser instalada em 4 posições. Em pé (pedestal
ou chão), de lado no chão como retorno para usuário sentado, de lado no chão como
retorno para usuário em pé, e de lado pendurada, como em sistema fly. É uma caixa
extremamente versátil, que pode ser utilizada em diversas situações.

Conectores

Por uma questão de compatibilidade, a maioria das caixas tem conectores P10. Existem
algumas com entradas em XLR, ou até mesmo bornes para o fio nu, mas o conector
profissional para caixas de som é o Speakon, pois é o único que aceita os fios grossos
necessários em longas distâncias. Só que o Speakon é caro, muito caro. Um plugue
“genérico” custa de 30,00 para cima, e um plugue de boa marca pode custar o dobro
disso. Em geral, caixas de boa marca usam Speakon, mas o P10 também é muito
encontrado, por motivos de compatibilidade.

Caixa da Yorkville, fabricante canadense. Note a existência de um conector Speakon e 2


P10, sendo todos interligados em paralelo.

Muitas caixas tem dois ou mais conectores (iguais ou não), como se fossem um sistema
de “entrada / saída”. Na verdade, esses conectores estão interligados em paralelo,
permitindo-se “emendar” uma caixa de som com outra. A caixa A pode ser ligada à
caixa B e esta será ligada ao amplificador. Atenção deve ser dada às impedâncias, pois
impedâncias erradas podem até mesmo queimar o amplificador. Teremos um artigo
sobre isso.

Acessórios

Evidente que o principal de uma caixa de som são os seus falantes. Mas existem alguns
acessórios que também fazem a diferença. Pés de borracha, um “copo” para poder usar a
caixa em pedestais, alças para transporte (alças boas, fortes, que realmente aguentem o
peso da caixa), cantoneiras (para proteger os locais mais suscetíveis a pancadas), tudo
isso é alvo de preocupação pelos bons fabricantes e “meros detalhes” para outros. Mas
esses detalhes vão fazer uma enorme diferença quando do uso.

Certa vez, uma caixa enorme e pesada (falante de 15″ e 35kg) simplesmente quebrou a
alça quando transportada. Foi parar em cima do pé do rapaz que a transportava, que
sofreu uma luxação. A alça (original do fabricante) tinha aparência frágil, e realmente
não aguentou o próprio peso da caixa. Outra vez, foi o “copo” que quebrou, e a caixa
“afundou-se” em cima do pedestal. As histórias são inúmeras, sempre com fabricantes
menores.
Projeto

Pelo pouco que falamos, já deu para notar que a fabricação de uma caixa acústica é algo
que pode ser bem complicado devido ao nível de detalhes envolvidos. Um bom projeto
envolve testes, muitos testes. Testes não só com alto-falantes diferentes, mas com
gabinetes (a caixa acústica sem os falantes) também diferentes, até se encontrar a
melhor sonoridade. Muitas vezes, essa é a grande diferença entre uma caixa “de grife” e
outra feita em casa, ainda que ambas contenham com os mesmos alto-falantes.

Mas os custos envolvidos em projetos fazem as caixas serem caras, muito caras. Por
isso, muitos preferem fabricar as suas próprias caixas, de forma a baratear o custo.
Pensando nisso, muitos fabricantes de falantes disponibilizam projetos gratuitos (que
usam seus próprios falantes, é claro) e que já levam em conta os parâmetros Thielle-
Small dos falantes (poupando muito cálculo para nós). A maioria deles é de boa
qualidade, e trará bons resultados, desde que seguidos à risca! A grande dica aqui é
respeitar exatamente o que o fabricante disse. Se a especificação fala em compensado
20mm, usar compensado 18mm trará diferenças na sonoridade.

Exemplo de fabricantes que disponibilizam projetos: Selenium (www.selenium.com.br);


Bravox (www.bravox.com.br); Snake (www.snakepro.com.br)
COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 4 PARTE – CAPACITORES,
DIVISORES DE FREQUÊNCIA E ATENUADORES

capacitores, divisores de frequência e atenuadores

Entrar em uma loja e escolher os falantes é facílimo. Conseguir um marceneiro para


fabricar a estrutura da caixa é mais complicado, mas nada difícil. Duro é fazer tudo
funcionar bem, em um conjunto bastante equilibrado. Para “equilibrar”, ou seja, fazer os
alto-falantes trabalharem em harmonia, utilizamos divisores de frequência e
atenuadores. Esses componentes que não vemos (ficam internos às caixas de som)
muitas vezes são os grandes responsáveis pela qualidade do que ouvimos.

Os divisores de frequência têm 3 funções básicas:

1) Proteção dos falantes

Se você colocar um tweeter diretamente ligado ao amplificador, verá que ele só “falará”
o que ele sabe “falar: sons agudos. Mas uma música tem sons graves, médios e agudos.
Tudo o que um alto-falante não consegue responder vira calor. Se a potência for
aumentada, o tweeter rapidamente queimará, seja qual tipo for (piezoelétricos, cone de
papel, supertweeter, etc.). O mesmo acontece com os médios e drivers.

Independente da potência, os falantes de médios e agudos precisam ser protegidos das


frequências que não conseguem responder (os sons graves), sob risco de queima. Os
Woofers apresentam menos esse problema, dado o seu maior tamanho e peso (inércia
maior). Mas eles apresentam melhor sonoridade se receberem apenas os sons que
conseguem reproduzir.

2) Ajuste da resposta de frequência

Cada falante tem uma resposta de frequência. Quando usamos um conjunto de falantes,
muitas vezes dois deles podem “falar” a mesma frequência (por exemplo, um woofer de
10″ com resposta de 70Hz a 4KHz em conjunto com um driver titânio com resposta de
800Hz a 18KHz). Só que tal situação não é boa, pois a sobreposição de frequências (2
“falando” a mesma coisa) gera excessos indesejados naquela frequência. Na prática, é
melhor que cada faixa de frequências só seja respondida por um determinado falante. E
pelo alto-falante que melhor responder essa frequência. Um woofer e um driver, por
exemplo, ao responder uma mesma faixa de frequências, o fazem com sonoridades
diferentes.

Veja o exemplo. Caixa acústica de 3 vias com:

– Woofer 12″ – resposta de frequência de 50Hz a 4KHz

– Driver fenólico – resposta de frequência de 500Hz a 8KHz

– Supertweeter – resposta de frequência de 5KHz até 20KHz.

Existem 2 sobreposições de frequências distintas:


– Entre 500Hz e 4KHz (woofer e driver “falam” a mesma coisa)

– Entre 5KHz e 8KHz (driver e supertweeter “falam” a mesma coisa)

Com o uso dos divisores de frequência, podemos definir qual falante vai responder que
faixa de frequências, e poderemos influenciar a sonoridade obtida. Por exemplo,
poderíamos fazer os seguintes ajustes:

a) woofer até 4KHz – driver de 4KHz até 5KHz, supertweeter de 5KHz até 20KHz

b) woofer até 500Hz – driver de 500Hz até 8KHz, supertweeter de 8KHz até 20KHz

c) woofer até 1KHz – driver de 1KHz até 6KHz, supertweeter de 6KHz até 20KHz.

Cada tipo de ajuste vai ter um tipo de sonoridade diferente. Qual a forma certa*?

Analisando as curvas de resposta de frequências dos falantes (disponíveis nos manuais


dos mesmos) podemos descobrir em qual faixa cada um deles é melhor, é mais linear (o
som sofre menos variações). E muitas vezes fazendo testes, muito testes, até encontrar a
melhor sonoridade (é isso que bons fabricantes fazem: muitos testes).

* Dica: evite cortes próximos das frequências limites de um falante, pois em geral são as
partes mais irregulares da sua resposta de frequência. Assim, das 3 opções acima, a
terceira é a melhor, mas o correto realmente é analisar as curvas de resposta dos
falantes.

3) Ajuste das sensibilidades

Já vimos que cada tipo de falante tem uma sensibilidade inerente ao seu tipo de
construção. Podemos ter, por exemplo, uma caixa de som com as seguintes

características:

woofer 12″ – sensibilidade de 96 dB SPL / 1W / 1m


driver fenólico – sensibilidade de 108 dB SPL / 1W / 1m
supertweeter – sensibilidade de 105 dB SPL / 1W / 1m

Uma caixa de som assim terá excesso de médios, muitos agudos e quase nenhum grave.

Note a diferença: são 9 dB SPL entre os agudos e os graves e 12 dB SPL entre os


médios e os graves. Como em geral os woofers são os componentes de menor
eficiência, os drivers e tweeters terão que ser atenuados para ter suas eficiências
equivalentes à sensibilidade do woofer.

Assim, para termos uma caixa de som “equilibrada” é necessária inserirmos no caminho
entre o sinal elétrico e os falantes componentes eletrônicos que vão efetuar a filtragem e
a atenuação (diminuição da sensibilidade) dos falantes, permitindo um equilíbrio
melhor. Os componentes que fazem a filtragem são os capacitores e os indutores. Os
componentes que fazem a atenuação são as resistências. Vamos estudá-los.
Capacitores

Quando submetidos a um sinal elétrico, os capacitores têm a propriedade de deixar


passar apenas os sinais acima de uma determinada frequência (chamada de “Frequência
de Corte”), e não deixa passar sinais de frequências abaixo disso. Os capacitores são
medidos em microFaradays, símbolo µF. Veja alguns exemplos na tabela abaixo. Os
valores são apresentados para falantes de 8 e 4 Ohms, e correspondem aos facilmente
encontrados no mercado. Custam menos de 40,00 reais.

Tipos de capacitores. O da esquerda é um capacitor de poliéster, o da direita é um


capacitor comum

Filtragem para Filtragem para falante


Valor do Capacitor
falante de 8 Ohms de 4 Ohms
2,2µF 9KHz 18KHz
3,3µF 6KHz 12KHz
4,7µF 4KHz 8KHz
10µF 2KHz 4KHz
22µF 900Hz 1,8KHz

Os capacitores são chamados filtros de 1a. ordem. A sua atenuação é de 6dB/oitava. Na


verdade, eles não “cortam” totalmente as frequências abaixo do seu corte
correspondente, mas sim vão atenuando-as, em uma curva descendente. Um capacitor
de 4,7µF, por exemplo, “corta” em 4KHZ em 8 Ohms, mas isso quer dizer que
continuará deixando passar sons inferiores a isso, apenas atenuados. No caso, deixará
passar sons de 2KHz (uma oitava abaixo) com atenuação de menos 6dB , e sons de
1KHZ (duas oitavas abaixo) com menos 12dB/oitava .

Na prática, essa proteção é pouca para proteger os falantes. Caixas equipadas apenas
com capacitores são utilizadas em sistemas domésticos, de pouca potência, mas nem um
pouco adequadas para as altas potências dos sistemas de PA. O sintoma típico é que a
queima de falantes.

Uma forma de contornar esse problema é escolher um corte bem acima do que o falante
poderia responder. Por exemplo: um tweeter de 8 Ohms que começa a responder a partir
de 3,5KHz (e usaria capacitor de 4,7µF) é utilizado com um capacitor de 3,3µF (corte
em 6KHz). Só que essa situação pode gerar grandes problemas. Veja um exemplo:

– wofer de 12”, 8 Ohms, com resposta de 60 a 4KHz

– supertweeter de 8 Ohms, com capacitor de 3,3F – 6KHz até 20KHz


O superteweeter estará bem “protegido”, mas em compensação o som dessa caixa terá

um “buraco” entre 4KHz e 6KHz. Esse problema é muito mais comum que se imagina.

É exatamente a solução que quem nada entende gosta de adotar!

Para quem está montando suas próprias caixas, os fabricantes sérios de alto-falantes

indicam, nos manuais dos seus produtos, os capacitores a utilizar com seus produtos.

Não um tipo somente, mas vários valores de capacitores, e para cada valor teremos a

influência na resposta de frequência e a potência que o driver terá. A potência tem

relação direta com o valor do capacitor. Quanto mais alto o valor do capacitor, mais

baixa será a frequência de corte e com isso mais graves receberá, correndo o risco de

queima. Logo, deverá suportar menos potência. Veja o exemplo:

Driver Hinor HMH-200. Resposta de frequência de 1.500Hz a 20KHz.

– potência de 40W RMS com corte em 2.000Hz

– potência de 75W RMS com corte em 4.000Hz.

Se as orientações dos fabricantes não forem seguidas, o equipamento ou terá uma vida
útil muito breve por falar muito mais do que deveria ou então terá desempenho
insuficiente, por falar menos do que poderia.

Indutores

Os indutores, um tipo de bobina (um fio enrolado em torno dele mesmo, em volta de ar
(bobina de núcleo a ar) ou em torno de um pedaço de ferro (bobina de núcleo de ferrite).

Quando submetidos a um sinal elétrico, os indutores têm a propriedade de deixar passar


apenas os sinais abaixo de uma determinada freqüência (chamada de “Frequência de
Corte”), e não deixa passar sinais de freqüências acima disso.
Assim como os capacitores, os indutores também são filtros de 1a. ordem. A sua
atenuação é de 6dB/oitava. Na verdade, eles não “cortam” totalmente as frequências
acima do seu corte correspondente, mas sim vão atenuando-as, em uma curva
descendente. Um indutor com corte em 4KHZ em 8 Ohms, atenuará sons de 8KHz com
menos 6dB (uma oitava acima), e sons de 16KHZ com menos 12dB/oitava (duas
oitavas acima).

O grande problema dos indutores é que eles não são comerciais (ou raramente são). Eles
precisam ser construídos.

Atenuadores

Os resistores já são componentes mais simples de serem encontrados, em qualquer


eletrônica. São simples resistências, que transformam parte da energia em calor. Elas
nada mais fazem que isso mesmo: gastam parte da energia que chegaria aos falantes de
médios e agudos. Com menos energia, menos quantidade de som será produzido,
trazendo equilíbrio à caixa.

Exemplo de resistor de porcelana

Um outro fator ao qual o atenuador é responsável é o equilíbrio de potências. Muitas


vezes, encontramos uma caixa com um woofer de 500W RMS e um driver titânio de
apenas 50W RMS, e ainda assim bem equilibrada em sonoridade e com o fabricante
dizendo que a caixa aguenta 500W RMS. Isso acontece porque, quando inserimos os
atenuadores no driver titânio, reduzindo a sua sensibilidade, é como se a sua potência
fosse aumentada, mas a verdade é que a resistência que está gastando parte da energia
que chegaria ao woofer. Assim, a potência da caixa corresponderá à potência suportada
pelo woofer.

Esses são os componentes básicos de um divisor de frequência. E apesar de ainda


existirem muitas caixas com apenas um ou outro componente (quando deveria haver os
três), quem quer uma caixa com qualidade usa um divisor profissional.

Divisores de Frequência Passivos

Algumas empresas fabricam divisores de frequência para uso profissional. Na verdade,


são compostos por capacitores, indutores e atenuadores (alguns modelos vem sem
atenuadores, para o próprio usuário escolher os seus), todos junto, em uma placa de
circuito. Alguns vem até com os conectores das caixas.
Exemplo de divisor de frequência de 2 vias. Em marrom, próximo à marca do
fabricante, o capacitor. Dois grandes indutores (um para o driver e outro para o woofer)
e, em verde, os resistores para atenuação.

Gráfico representativo dos cortes de frequência produzidos por um divisor de 3 vias de


2ª ordem.

A grande vantagem de se usar divisores profissionais é que eles são de 2ª ordem (12
dB/oitava). Cada “corte” de frequência é feito com um capacitor (atenuação de 6
dB/oitava) mais um indutor (atenuação de 6 dB/oitava). Usados em conjunto, a proteção
fornecida ao falante é muito melhor. Existem inclusive divisores de 3ª ordem (18
dB/oitava) e 4ª ordem (24 dB/oitava). Claro que, quanto maior a ordem, mais
complicado e mais caro será o divisor, mas maior será a proteção fornecida ao falante.
Apesar de caros, são os divisores que vão garantir a melhor qualidade sonora. No Brasil,
as empresas mais conhecidas são a Nenis (www.nenis.com.br) e a EAM
(www.eam.com.br). Ambas, além de fabricar diversos modelos (diversas potências e
para várias vias), fazem divisores especiais, de acordo com a encomenda dos clientes.

A montagem de um divisor de 2a ordem (ou 3a., ou 4a.) não é nenhum “bicho de 7


cabeças”, mas também não é nada simples. Existem inversões de fase necessárias, os
indutores precisam ser muito bem enrolados, tantos detalhes que este autor,
particularmente, prefire comprar pronto!

O divisor é tão bom que a fama ultrapassa as fronteiras dos operadores de áudio.
Recentemente, um amigo leigo pediu emprestado algumas das várias caixas de som do
Anfiteatro. Ele queria uma que tivesse um divisor. Não quis saber se a caixa tinha
woofer de qual tamanho, driver titânio ou supertweeter, etc. Ele insistia que queria
qualquer uma, desde que tivesse divisor. Provavelmente houve alguma caixa que ele
gostou muito e falaram que o som bom era por causa do divisor de frequências. Daí ele
associou que som bom é por causa do uso de divisores. Pode não estar completamente
correto, mas já está no caminho certo.

Divisores de Frequência Ativos – os Crossovers*

Sistemas de sonorização de grande porte não usam divisores de frequência passivos,


dentro de caixas. Em geral, é comum encontrar falantes que se ligam diretamente
amplificadores. Mas também existem divisores de frequência, só que são equipamentos
separados.

Os crossovers são instalados imediatamente antes dos amplificadores. Cada


amplificador (ou cada canal do amplificador) receberá somente sons de uma faixa de
frequência – correspondente ao que os falantes conseguem reproduzir. Os crossovers
também tem controles de volume: na verdade, controles de atenuação. O princípio de
funcionamento dos divisores de frequência internos, mas os crossovers são mais
versáteis por permitirem variar as faixas de frequência, tornando-os assim adequados a
vários tipos de marcas e modelos de falantes.

* O nome crossover é sinônimo de divisor de frequência, seja ele passivo (instalado


dentro de uma caixa ativa) ou ativo (um equipamento mesmo, instalado no rack).

Entretanto, no Brasil convencionou-se chamar “divisor de frequência” aos passivos e


crossovers aos ativos.

Mão na massa!

Pareceu complicado? Realmente é. A primeira leitura assusta. Relendo novamente, até


mesmo uma terceira vez, visitando os links indicados e visitando uma eletrônica para se
conhecer os componentes, veremos que não é mais tão difícil assim. E uma caixa com
bons falantes, devidamente protegidos, com resposta de frequência corretamente
dividida e um correto equilíbrio de sensibilidade é algo simplesmente maravilhoso de se
ouvir. Vale o esforço.

Tem alguma caixa de som com sonoridade ruim? Que tal desmontá-la, anotar os
parâmetros dos falantes (marca, modelo, potência), e pedir uma sugestão de divisor de
frequência aos fabricantes? Talvez com um pequeno investimento seja possível dar uma
nova vida para a caixa!

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