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Os Woofers
Uma boa caixa de som tem pelo menos dois alto-falantes. Não existe um único alto-
falante que consiga “falar” graves, médios e agudos*. Na verdade, para termos todas
essas frequências precisaremos de vários alto-falantes, cada um especializado em uma
única faixa frequência (às vezes mais de uma). Cada alto-falante diferente em uso é
chamado de “via”. Uma caixa de “2 vias” tem dois falantes diferentes, uma caixa de “3
vias” tem três falantes diferentes. Existem sonofletores comerciais de até “5 vias”, mas
nada impede um sistema com 10 vias, por exemplo.
Vamos estudar as características gerais dos woofers. Elas se aplicam à maioria dos
produtos, mas é necessário saber que é possível fabricar falantes especiais, com
Tipo de borda
a) woofers BASS-REFLEX tem a borda (onde o cone encontra a estrutura metálica) de
papelão ou tecido (ou uma mistura dos dois), em formato de pequenas ondas. É o
sistema mais utilizado em sonorização ao vivo.
Esse tipo de woofer é desenhado para caixas de som com dutos (ou pórticos) para saída
de ar (caixa “dutadas”, como a foto da caixa da Polivox, que apresenta dois dutos na
parte inferior). Os graves que são reproduzidos atrás do alto-falante (o woofer “fala
som” para frente e para trás) passam pelo duto, e são adicionados com os sons
produzidos na frente, conseguindo-se assim uma eficiência maior (o woofer “fala”
mais). Um woofer bass-reflex tem sensibilidade média de 90 (os piores) a até 100 dB/
1W / 1m (os melhores).
Esse tipo de woofer é desenhado para caixas seladas, pois o ar preso internamente
funciona como uma espécie de amortecedor, mas podem ser usados também em caixas
dutadas, desde que projetados para isso (a estrutura precisa ser mais resistente, por falta
do amortecedor). Conseguem “falar” frequências mais graves que os bass-reflex, para
um mesmo diâmetro do falante, mas em geral sacrificam a eficiência, que é muito ruim.
Vai de 84 (os piores) a até 92 dB/ 1W / 1m (os melhores), em geral. Isso quer dizer que,
para que um “Suspensão Acústica” produza o mesmo som que um Bass-Reflex,
precisará de muito mais potência (para cada 3dB de diferença a mais na sensibilidade é
necessário o dobro da potência).
Os woofer Bass-Reflex são utilizado em P.A. por causa do melhor aproveitamento de
potência. Em som automotivo, não existe a menor necessidade de muita eficiência, já
que os ocupantes estão situados a poucos metros de distância, então os woofers de
suspensão acústica são preferidos, pela melhor resposta de graves (“falam” sons mais
próximos a 20Hz) que proporcionam.
Ainda existem woofers de 6” e até 4”, cada vez falando mais médios e menos graves. Só
por curiosidade, existem modelos de 21″ e alguns experimentais de incríveis 60″.
Em geral, woofers de Suspensão Acústica, por terem borda maleável, que permite uma
grande movimentação do cone, conseguem responder freqüências mais graves (mais
próximas de 20Hz) que um Bass-Reflex de mesmo tamanho. Por exemplo, consegue-se
woofers de suspensão de 12” falando 30Hz, enquanto é raro um woofer bass-reflex de
12” que fale menos de 45Hz. Esse sistema é muito usado em som automotivo porque
não há como se colocar um woofer de 18” em um automóvel.
Cabe lembrar que o fabricante pode fazer um alto-falante específico para uma
determinada frequência. Existem woofers grandes (8″, 10″ ou 12″) que o fabricante
projetou para resposta de médio-graves (os chamados mid-bass). Alguns tem resposta
de frequência acima de 100Hz ou mesmo acima de 200Hz, feitos para trabalhar sempre
acompanhados de subwoofers.
Potência e Sensibilidade
Existem woofers de poucos Watts de potência até valores acima de 1.000 Watts RMS
(alguns woofers de 18’, usados em subwoofers de P.A). Evidente que, quanto maior a
potência, melhor. Mas é importante saber qual a forma de medir potência que foi
utilizada. No Brasil, é utilizada a norma ABNT NBR 10.303 para especificação de
potência. Então, para comparação, sempre use os valores NBR 10.303 de um e de outro
falante.
Note que o mesmo volume de som foi conseguido com apenas 1/4 da potência do outro.
Esse resultado pode ser visto facilmente comparando-se caixas de som, observando que
algumas falam muito mais que outras, mesmo com a mesma potência.
Daí a conclusão que potência precisa ser analisada junto com a sensibilidade. Isso é
importante na hora de comprar um woofer, pois um modelo de 500W RMS com
95dB/W/metro pode produzir* o mesmo som que um modelo de 250W RMS com
98dB/W/metro (3 dB de diferença = dobro da potência). Se o som é exatamente o
mesmo, o preço….
*a formúla que calcula o máximo som produzido por um falante é: dB SPL = (10 x log
Potência RMS) + sensibilidade. Assim, temos:
woofer 500W RMS com 95dB/1W/1metro produz no máximo: dB SPL = (10 x 2,70) +
95 = 122 dB SPL
woofer 250W RMS com 98dB/1W/1metro produz no máximo: dB SPL = (10 x 2,40) +
98 = 122 dB SPL
Entretanto, na prática existe um fenômeno chamado de compressão de potência. A
elevação da resistência da bobina com a temperatura (ocorre principalmente quando o
falante está próximo da sua potência máxima) provoca uma redução na eficiência do
alto-falante. Por esse motivo, se ao dobrarmos a potência elétrica aplicada obtivermos
um acréscimo de 2 dB no SPL ao invés dos 3 dB esperados, podemos dizer que houve
uma compressão de potência de 1 dB. Ou seja, no exemplo acima, o woofer de 250W
poderá falar apenas 121 dB SPL ou mesmo 120dB SPL, por causa da compressão de
potência. Ainda assim, uma pequena diferença em relação a uma enorme diferença no
preço.
Por tudo o que foi falado a melhor coisa, ao se decidir pela compra de um woofer, é
analisar o conjunto de parâmetros potência e sensibilidade (e não só potência, como
quase todos fazem).
Tipo de ímã
A energia elétrica que chega pelo fio alimenta a bobina. Esta, por estar imersa em um
campo magnético (o ímã), começa a vibrar, produzindo assim oscilasções no cone e
com isso, produz-se som. O tamanho e peso do ímã influenciam diretamente na
quantidade de som produzida, e é um dos fatores determinantes da potência máxima que
o falante pode alcançar. Os atuais ímãs são de ferrite, grandes e pesados. Mas já existe
uma nova tecnologia para substituir esse material, que é o neodímio, um material que
consegue produzir um forte campo magnético mesmo em tamanhos reduzidos (e
peso menor).
Falantes de neodímio ainda são muito caros, mas já existem alguns modelos comerciais.
Mas com o tempo o preço vai abaixar, e veremos cada vez mais e mais falantes (e por
consequência, caixas acústicas) leves e muito potentes.
Construção
Woofers são relativamente simples de construir e por isso há tantas empresas
fabricando-os. Existem os grandes fabricantes, como Snake, Selenium, Hinor,
Oversound, Bravox, Keybass e Eros, além de uma infinidade de empresas menores,
como Eton, Magnum, ETM, Novik Neo, etc. Lembrando que a qualidade do projeto
sempre influencia muito no resultado obtido (existem pequenos fabricantes com
projetos excelentes, mas também existem pequenos fabricantes com projetos sofríveis).
Exija sempre que o woofer atenda à norma NBR 10.303 da ABNT e que o fabricante
disponibilize os parâmetros Thiele-Small, parâmetros técnicos usados na construção das
caixas acústicas. Só os melhores fabricantes disponibilizam essas informações.
Uso
Para resposta de voz, um woofer de 8” já serve, pois já fala os graves que a voz humana
consegue produzir (de 100Hz para cima). Mas um woofer de 8” não consegue falar os
sons de um contrabaixo elétrico ou acústico, um bumbo ou percussão, violoncelo, etc.
Para esses instrumentos, ou se utiliza uma caixa com um alto-falante de tamanho
generoso (se um baixista pudesse escolher, seria um de 18” ou 21″), ou então uma caixa
com um alto-falante especialmente construído para isso. Os cubos de baixo são assim,
construídos para responder esses sons mesmo em caixas menores.
Um detalhe mínimo, mas importante sobre woofers. O som grave “sai” mais pelas
bordas, e o som médio mais pelo centro. Alguns woofers usam centros metálicos (de
alumínio), para melhorar a resposta de médios. Daí que se o baixista quer o máximo de
“peso” (graves), o cubo precisa estar “de lado”. Mas se quer ouvir mais médios, precisa
estar “de frente” para o músico. Claro que a diferença só é percebida por ouvidos
treinados, os baixistas preferem mesmo é aumentar o volume!
Subwoofers
Do ano 2000 em diante, cada vez mais temos visto lançamentos de caixas de som do
tipo subwoofers. Nada mais são do que caixas especializadas em sons subgraves,
aqueles próximos a 20Hz (em geral, entre 20Hz e 200Hz). Antera, Staner, Ciclotron,
Attack e Leac’s, todos os grandes fabricantes brasileiros de caixas de som tem
subwoofers para PA.
Em muitas caixas subwoofer, o falante fica totalmente dentro da caixa, apenas existindo
alguns dutos para a saída dos graves, como na caixa abaixo, da Antera.
Os sons subgraves são os mais difíceis de serem conseguidos. Se é fácil encontrar
caixas que falam 20KHz, o limite dos agudos, é dificílimo encontrar alguma que chegue
perto dos 20Hz. Como colocar falantes de 18” ou até mesmo 21” em uma caixa de som
é algo complicado, tanto pelo tamanho quanto pelo peso final, a solução foi colocar
esses falantes em uma caixa separada – o subwoofer.
Existem alguns sistemas de caixas que funcionam com o subwoofer sendo uma opção –
um complemento – em que as caixas do P.A. já falam graves, mas não conseguem ir
muito abaixo de 50Hz (depende do tamanho do woofer). Em outros, o uso de
subwoofers é obrigatório, onde as caixas do P.A. têm a resposta de frequência de
médio-graves para cima, sendo o papel dos graves apenas dos subs.
A escolha de caixas para a aquisição deve sempre levar em conta o tipo de uso (voz,
instrumentos), o tipo de instrumentos e o tipo de estilo musical aplicado (alguns estilos
usam mais graves que outros, como o funk tem um grave muito maior que música
clássica). Caixa de som é muito mais que potência, que normalmente é a primeira e
única pergunta do comprador.
COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 2 PARTE – OS MÉDIOS, DRIVERS E TWEETERS
Após o estudo dos woofers e os sons graves, vamos nos voltar agora para os falantes de
médios e agudos. Lembrando que várias das características gerais como
potência,sensibilidade, tipo de ímã, construção e uso continuam valendo.
Os tweeters são alto-falantes de agudos, e são sempre os menores falantes de uma caixa
de som. A maioria tem resposta de freqüência a partir de 5KHz. Existem diversos tipos
de tweeters:
.b) Cone de papel. São tweeters que se parecem com pequenos woofers, tendo cone,
bobina, ímã; aparentemente tudo igual, só que de dimensões bem menores. Outra
característica é que a parte traseira é do cone é fechada (vedada). Em geral tem tamanho
de 1″ a 3″. A eficiência é baixa, comparável aos woofers bass-reflex. O timbre é muito
mais agradável que os piezoelétricos, mas a maioria desses tweeters não conseguem
falar muita coisa acima de 10KHz. São utilizados em sistemas residenciais, sistemas de
baixo custo e sonorização ambiente. Também são de baixo custo, entre 10 a 30 reais,
dependendo da potência, que em geral não é muita.
c) Domo. São tweeters (piezoelétricos ou de cone de papel) com uma pequena redoma
(que pode vir protegida ou não). É como se fosse um cone, só que invertido, para fora
em vez de para dentro, e completamente arredondada. Os tweeters tipo domo
apresentam uma excelente dispersão sonora, ou seja, os agudos são muito bens
espalhados pelo ambiente (próximo a 180ºx180º). Utilizado em sistemas residenciais,
por audiófilos, ou em caixas de referência para estúdios. O timbre é muito bom, com
agudos claríssimos em alguns modelos baseados em ímas ou apenas razoável, se
piezoelétrico
Tweeter tipo domo. O domo propriamente dito está protegido pela tela metálica, para
não sofrer danos que alterem suas características.
b) Cone de papel. São pequenos woofers, mesmo! Em geral, de 6″, 5″ ou 4″, com a
característica da parte traseira ser vedada. Apesar de existirem mid-range específicos,
muitas caixas de som são montadas com woofers de 6” ou 4” (os mid-bass), como
resultados semelhantes. A eficiência é baixa, comparável aos woofers bass-reflex. É
mais utilizado em sistemas residenciais, mas existem caixas profissionais com esse tipo
de mid-range (as caixas Ciclotron Titanium 1100 e 700 utilizam woofers de 6” na
função de mid-range). Em geral tem pouca potência, por isso é mais usado em sistemas
residenciais.
Falante de médios E agudos: o Driver Titânio Guarde essa palavra: driver titânio.
Quando você ouvir, vai se apaixonar! No final da década passada surgiram os drivers
com diafragma fabricando em titânio.
Externamente, iguais aos drivers já existentes. Internamente… uma revolução. Esse tipo
de driver consegue falar tanto agudos quanto médios, perfeitamente. O timbre é
excelente, muitas vezes melhor que um conjunto mid + tweeter, seja de qual tipo for. O
sistema woofer + driver titânio é cada vez mais adotado em caixas de som profissionais
no mundo todo. Só que, infelizmente, o driver ainda é caríssimo (titânio é caro), com
valores quase sempre acima de R$ 100,00. Um conjunto de supertweeter e um driver
vão custar metade disso. Mas a excelente sonoridade compensa o gasto!
Cornetas não são alto-falantes, mas elas ajudam os alto-falantes a falar mais e mais
longe! Quando nos primórdios da humanidade alguém colocou as mãos em forma de
semi-círculo próximas à boca e descobriu que a pessoa longe conseguia ouvi-la melhor,
inventou a corneta. O princípio físico das cornetas tem a ver com zonas de alta e baixa
pressão, reverberação, etc, que acontece com o som quando passa pela corneta. Alguns
instrumentos musicais tais como o sax, o trompete, trombone, tuba, na verdade são
grandes cornetas.
As cornetas são muito importantes nas caixas acústicas pelo papel que elas fazem nos
médios e agudos. As cornetas são responsáveis pelo som aumentar (dependendo do
tipode corneta utilizada, um driver “fala” mais ou menos – tem uma sensibilidade maior
ou menor), e são as principais responsáveis pelo som se espalhar.
Na média, espalham o som 50º x 50º. Isso quer dizer o seguinte: que conseguem
espalhar o som 25º abaixo do centro, e 25º acima do centro, 25º para a esquerda e 25º
para a direita. Se alguém estiver fora desses limites, não escutará o som das cornetas
(médios/agudos), só os graves.
As cornetas de boca retangular têm dispersão sonora diferente. É comum ter dispersão
de 90º por 40º. Isso quer dizer: na horizontal, os sons se espalham 45º para cada lado e
apenas 20º para a vertical e para horizontal.
Esses ângulos precisam ser conhecidos pelos técnicos, pois vão influenciar diretamente
no posicionamento das caixas acústicas e o resultado sonoro que será ouvido. Quem
estiver na área de dispersão da corneta, ouvirá os agudos e terá inteligibilidade. Quem
estiver fora dessa área, só ouvirá os graves (que são ominidirecionais). As cornetas
podem afetar também o alcance dos sons. Existem cornetas de “tiro curto” e de “tiro
longo”. Se a corneta for curta e de boca larga (existem modelos com boca quadrada,
retangular ou redonda), ela conseguirá projetar o som em amplitudes verticais e
horizontais maiores, ou seja, ela espalha mais o som, mas só a curtas distâncias (“tiro
curto”). Já as cornetas com comprimento mais longo (e em geral boca redonda ou
quadrada apenas) são as de “tiro longo”, produzem um maior dB SPL (maior
eficiência), e projetam o som a uma distância maior.
O uso de cada tipo de corneta depende da necessidade, sendo que em caixas em som
que usam drivers as de tiro curto são as mais comuns de serem encontradas. Para quem
monta caixas, saiba que as cornetas são compradas separadamente dos falantes,
permitindo assim escolher a que melhor se adequa ao tipo de utilização desejada para a
caixa.
COMO CONSTRUIR CAIXAS DE SOM – 3 PARTE – CONSTRUÇÃO DA
CAIXA
Não basta apenas escolher bons alto-falantes. A construção de caixas é algo muito mais
complexo que simplesmente montar as peças de um quebra-cabeça. Tamanho
Já vimos que quanto maior o woofer, mais próximo de 20Hz ele consegue responder.
Mas há um outro fator que altera a resposta de freqüência do falante: as dimensões da
caixa de som. Todo fabricante de woofers que se preza (Selenium, Oversound e Snake,
para citar os melhores) coloca no manual do produto os chamados parâmetros de
Thielle-Small, que servem de orientação para a construção das medidas da caixa e a
“litragem” necessária para se obter uma determinada resposta de freqüência.
Não vamos entrar aqui em parâmetros Thiele -Small, mas saiba que são importantes.
Primeiro, porque envolve uma boa dose de matemática e segundo porque seria
necessário um artigo só sobre isso. Mas o que mais importa sobre esses parâmetros é o
seguinte: as dimensões da caixa de som influenciam no resultado obtido e somente bons
fabricantes de caixa de som (com aparelhagem adequada) é que vão se preocupar com
isso. Já aquele marceneiro de fundo de quintal…
A “litragem” é a medida em litros mesmo, pois litros é uma medida de volume, ou seja,
usa altura x largura x profundidade. Para uma dada litragem (não importa a forma da
caixa), o woofer responderá tantos Hertz. Por exemplo, o mesmo woofer de 15” poderá
responder no máximo 60Hz em uma caixa de 40 litros (pequena) ou no máximo 40Hz
com uma caixa de 80 litros (o dobro do tamanho).
Aqui, mais uma vez, vemos que tamanho é documento quando falamos na reprodução
de graves. Caixas que respondam freqüências próximas a 20Hz são grandes tanto por
causa do tamanho do woofer como também por causa da litragem necessária.
Lembrando que existem caixas para graves – os subwoofers – que são construídas
especialmente para um tipo de resposta de freqüências, e que por isso conseguem ser
pequenas.
Madeira
Há caixas em aglomerado com uma fina camada de pintura ou fórmica por cima, para
uso residencial, aproveitando-se que o aglomerado é uma madeira leve. Até existem
caixas de aglomerado feitas para P.A, mas são totalmente reforçadas por dentro,
algumas com pintura bem resistente, outras acarpetadas, pois aglomerado não pode
molhar.
Aliás, madeira de um modo geral é pesada. E quanto maior a caixa, mais madeira se
usa. Se for uma caixa de subgraves, facilmente chega-se a dezenas de quilos. Para
resolver esse problema, existem as caixas feitas de fibra de vidro. Na verdade, as caixas
são de polipropileno, um tipo de plástico ABS, mas as primeiras foram feitas em fibra
de vidro e o nome “pegou”. São caixas muito mais leves (a diferença é de quase 50% do
peso), mas muito mais susceptíveis a quebrar em caso de acidentes (se cair do pedestal,
por exemplo).
Nas primeiras caixas de fibra de vidro mesmo, o problema de quebra era muito grande.
Hoje, as caixas de ABS são feitas com até 1cm de espessura, e o problema está muito
minimizado. E ainda tem a vantagem de terem uma vedação perfeita e serem à prova de
água, sendo o modelo ideal para locais expostos à chuva.
Construção
As caixas precisam ser muito bem construídas. Não basta prender as peças com pregos,
é necessário fazer uma boa vedação (feita com silicone ou massa própria) nas juntas.
Não deve haver a menor saída de ar que não a desejada (os dutos). A construção precisa
ser bem rígida, porque o que precisa vibrar é o falante, não a caixa. Existem alguns
casos de caixas mal projetadas que chegam a “pular” no ritmo da música. Já vi casos em
que a caixa “pulou” tanto que caiu da mesa onde estava.
Além disso, se a caixa for feita para ser pendurada no alto (cabos de aço) em sistema
Fly, ela precisa ser reforçada internamente com estrutura de ferro (o peso fica apoiado
no ferro, não na madeira). Por dentro das caixas do tipo Bass-Reflex, algumas
superfícies precisam ser revestidas de manta acrílica (ou lã de vidro), para absorção, e
outras precisam estar lisas, para reflexão dos graves. Nas caixas seladas (Suspensão
Acústica), todas as paredes precisam estar revestidas de manta acrílica, para absorção.
Até mesmo a espessura da manta altera a sonorizada da caixa.
As caixas Bass-Reflex (a mais comum em P.A.) tem dutos para saída do ar. O diâmetro
e o comprimento do duto dependem das dimensões da caixa, das características do alto-
falante e da freqüência que se deseja reforçar.
Caixas da Yes, feitas de aglomerado revestido de carpete. Note os dutos bem acima do
woofer e o seu formato trapezoidal, com uma largura na frente e outra menor atrás.
Também repare nas cantoneiras em metal.
O cálculo de duto é complicado. A maioria das pessoas que constrói suas próprias
caixas simplesmente “chuta” o valor e instala um duto qualquer. Não que o resultado
fique ruim, mas poderia ser bem melhor. Por exemplo, um “subwoofer” feito em casa,
pode ter seu duto sintonizado em 200Hz (médio-graves), quando o desejado seriam
40Hz (graves).
Formato da caixa
A frente de uma caixa é quase sempre retangular. Mas o formato mais importante a ser
observado é a parte de trás. Uns anos atrás, as caixas eram praticamente todas
retangulares em todas as dimensões (imagine um grande paralelepípedo). Atualmente o
formato mais comum é o trapezoidal, com a largura do fundo menor que a largura
frontal. Esse formato permite colocar várias caixas uma ao lado das outras, em formato
de leque, abrangendo assim uma grande área.
Conectores
Por uma questão de compatibilidade, a maioria das caixas tem conectores P10. Existem
algumas com entradas em XLR, ou até mesmo bornes para o fio nu, mas o conector
profissional para caixas de som é o Speakon, pois é o único que aceita os fios grossos
necessários em longas distâncias. Só que o Speakon é caro, muito caro. Um plugue
“genérico” custa de 30,00 para cima, e um plugue de boa marca pode custar o dobro
disso. Em geral, caixas de boa marca usam Speakon, mas o P10 também é muito
encontrado, por motivos de compatibilidade.
Muitas caixas tem dois ou mais conectores (iguais ou não), como se fossem um sistema
de “entrada / saída”. Na verdade, esses conectores estão interligados em paralelo,
permitindo-se “emendar” uma caixa de som com outra. A caixa A pode ser ligada à
caixa B e esta será ligada ao amplificador. Atenção deve ser dada às impedâncias, pois
impedâncias erradas podem até mesmo queimar o amplificador. Teremos um artigo
sobre isso.
Acessórios
Evidente que o principal de uma caixa de som são os seus falantes. Mas existem alguns
acessórios que também fazem a diferença. Pés de borracha, um “copo” para poder usar a
caixa em pedestais, alças para transporte (alças boas, fortes, que realmente aguentem o
peso da caixa), cantoneiras (para proteger os locais mais suscetíveis a pancadas), tudo
isso é alvo de preocupação pelos bons fabricantes e “meros detalhes” para outros. Mas
esses detalhes vão fazer uma enorme diferença quando do uso.
Certa vez, uma caixa enorme e pesada (falante de 15″ e 35kg) simplesmente quebrou a
alça quando transportada. Foi parar em cima do pé do rapaz que a transportava, que
sofreu uma luxação. A alça (original do fabricante) tinha aparência frágil, e realmente
não aguentou o próprio peso da caixa. Outra vez, foi o “copo” que quebrou, e a caixa
“afundou-se” em cima do pedestal. As histórias são inúmeras, sempre com fabricantes
menores.
Projeto
Pelo pouco que falamos, já deu para notar que a fabricação de uma caixa acústica é algo
que pode ser bem complicado devido ao nível de detalhes envolvidos. Um bom projeto
envolve testes, muitos testes. Testes não só com alto-falantes diferentes, mas com
gabinetes (a caixa acústica sem os falantes) também diferentes, até se encontrar a
melhor sonoridade. Muitas vezes, essa é a grande diferença entre uma caixa “de grife” e
outra feita em casa, ainda que ambas contenham com os mesmos alto-falantes.
Mas os custos envolvidos em projetos fazem as caixas serem caras, muito caras. Por
isso, muitos preferem fabricar as suas próprias caixas, de forma a baratear o custo.
Pensando nisso, muitos fabricantes de falantes disponibilizam projetos gratuitos (que
usam seus próprios falantes, é claro) e que já levam em conta os parâmetros Thielle-
Small dos falantes (poupando muito cálculo para nós). A maioria deles é de boa
qualidade, e trará bons resultados, desde que seguidos à risca! A grande dica aqui é
respeitar exatamente o que o fabricante disse. Se a especificação fala em compensado
20mm, usar compensado 18mm trará diferenças na sonoridade.
Se você colocar um tweeter diretamente ligado ao amplificador, verá que ele só “falará”
o que ele sabe “falar: sons agudos. Mas uma música tem sons graves, médios e agudos.
Tudo o que um alto-falante não consegue responder vira calor. Se a potência for
aumentada, o tweeter rapidamente queimará, seja qual tipo for (piezoelétricos, cone de
papel, supertweeter, etc.). O mesmo acontece com os médios e drivers.
Cada falante tem uma resposta de frequência. Quando usamos um conjunto de falantes,
muitas vezes dois deles podem “falar” a mesma frequência (por exemplo, um woofer de
10″ com resposta de 70Hz a 4KHz em conjunto com um driver titânio com resposta de
800Hz a 18KHz). Só que tal situação não é boa, pois a sobreposição de frequências (2
“falando” a mesma coisa) gera excessos indesejados naquela frequência. Na prática, é
melhor que cada faixa de frequências só seja respondida por um determinado falante. E
pelo alto-falante que melhor responder essa frequência. Um woofer e um driver, por
exemplo, ao responder uma mesma faixa de frequências, o fazem com sonoridades
diferentes.
Com o uso dos divisores de frequência, podemos definir qual falante vai responder que
faixa de frequências, e poderemos influenciar a sonoridade obtida. Por exemplo,
poderíamos fazer os seguintes ajustes:
a) woofer até 4KHz – driver de 4KHz até 5KHz, supertweeter de 5KHz até 20KHz
b) woofer até 500Hz – driver de 500Hz até 8KHz, supertweeter de 8KHz até 20KHz
c) woofer até 1KHz – driver de 1KHz até 6KHz, supertweeter de 6KHz até 20KHz.
Cada tipo de ajuste vai ter um tipo de sonoridade diferente. Qual a forma certa*?
* Dica: evite cortes próximos das frequências limites de um falante, pois em geral são as
partes mais irregulares da sua resposta de frequência. Assim, das 3 opções acima, a
terceira é a melhor, mas o correto realmente é analisar as curvas de resposta dos
falantes.
Já vimos que cada tipo de falante tem uma sensibilidade inerente ao seu tipo de
construção. Podemos ter, por exemplo, uma caixa de som com as seguintes
características:
Uma caixa de som assim terá excesso de médios, muitos agudos e quase nenhum grave.
Assim, para termos uma caixa de som “equilibrada” é necessária inserirmos no caminho
entre o sinal elétrico e os falantes componentes eletrônicos que vão efetuar a filtragem e
a atenuação (diminuição da sensibilidade) dos falantes, permitindo um equilíbrio
melhor. Os componentes que fazem a filtragem são os capacitores e os indutores. Os
componentes que fazem a atenuação são as resistências. Vamos estudá-los.
Capacitores
Na prática, essa proteção é pouca para proteger os falantes. Caixas equipadas apenas
com capacitores são utilizadas em sistemas domésticos, de pouca potência, mas nem um
pouco adequadas para as altas potências dos sistemas de PA. O sintoma típico é que a
queima de falantes.
Uma forma de contornar esse problema é escolher um corte bem acima do que o falante
poderia responder. Por exemplo: um tweeter de 8 Ohms que começa a responder a partir
de 3,5KHz (e usaria capacitor de 4,7µF) é utilizado com um capacitor de 3,3µF (corte
em 6KHz). Só que essa situação pode gerar grandes problemas. Veja um exemplo:
um “buraco” entre 4KHz e 6KHz. Esse problema é muito mais comum que se imagina.
Para quem está montando suas próprias caixas, os fabricantes sérios de alto-falantes
indicam, nos manuais dos seus produtos, os capacitores a utilizar com seus produtos.
Não um tipo somente, mas vários valores de capacitores, e para cada valor teremos a
relação direta com o valor do capacitor. Quanto mais alto o valor do capacitor, mais
baixa será a frequência de corte e com isso mais graves receberá, correndo o risco de
Se as orientações dos fabricantes não forem seguidas, o equipamento ou terá uma vida
útil muito breve por falar muito mais do que deveria ou então terá desempenho
insuficiente, por falar menos do que poderia.
Indutores
Os indutores, um tipo de bobina (um fio enrolado em torno dele mesmo, em volta de ar
(bobina de núcleo a ar) ou em torno de um pedaço de ferro (bobina de núcleo de ferrite).
O grande problema dos indutores é que eles não são comerciais (ou raramente são). Eles
precisam ser construídos.
Atenuadores
A grande vantagem de se usar divisores profissionais é que eles são de 2ª ordem (12
dB/oitava). Cada “corte” de frequência é feito com um capacitor (atenuação de 6
dB/oitava) mais um indutor (atenuação de 6 dB/oitava). Usados em conjunto, a proteção
fornecida ao falante é muito melhor. Existem inclusive divisores de 3ª ordem (18
dB/oitava) e 4ª ordem (24 dB/oitava). Claro que, quanto maior a ordem, mais
complicado e mais caro será o divisor, mas maior será a proteção fornecida ao falante.
Apesar de caros, são os divisores que vão garantir a melhor qualidade sonora. No Brasil,
as empresas mais conhecidas são a Nenis (www.nenis.com.br) e a EAM
(www.eam.com.br). Ambas, além de fabricar diversos modelos (diversas potências e
para várias vias), fazem divisores especiais, de acordo com a encomenda dos clientes.
O divisor é tão bom que a fama ultrapassa as fronteiras dos operadores de áudio.
Recentemente, um amigo leigo pediu emprestado algumas das várias caixas de som do
Anfiteatro. Ele queria uma que tivesse um divisor. Não quis saber se a caixa tinha
woofer de qual tamanho, driver titânio ou supertweeter, etc. Ele insistia que queria
qualquer uma, desde que tivesse divisor. Provavelmente houve alguma caixa que ele
gostou muito e falaram que o som bom era por causa do divisor de frequências. Daí ele
associou que som bom é por causa do uso de divisores. Pode não estar completamente
correto, mas já está no caminho certo.
Mão na massa!
Tem alguma caixa de som com sonoridade ruim? Que tal desmontá-la, anotar os
parâmetros dos falantes (marca, modelo, potência), e pedir uma sugestão de divisor de
frequência aos fabricantes? Talvez com um pequeno investimento seja possível dar uma
nova vida para a caixa!