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22º CURSO DE EXTENSÃO EM ENGENHARIA DE AR CONDICIONADO

2023
COORDENAÇÃO E REALIZACÃO
SINDRATAR-RJ – SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE REFRIGERAÇÃO, AQUECIMENTO
E
TRATAMENTO DE AR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
APOSTILA DE: PSICROMETRIA

PROFESSOR: JUSTINO PINHEIRO (In Memoriam)

APOSTILA DE PSICROMETRIA AUTOR : ENG. JUSTINO PINHEIRO

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CURSO DE EXTENSÃO EM ENGENHARIA DO AR CONDICIONADO

REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO SINDRATAR-RJ

ÍNDICE
PSICROMETRIA PRÁTICA .........................................................................................................................................................4
1. FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES ....................................................................................................................................4
2. CONDICIONAMENTO DE AR ...........................................................................................................................................4
3. SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR.....................................................................................................................5
4. CICLO DO AR ...................................................................................................................................................................5
6. PSICROMETRIA ...............................................................................................................................................................9

6.1 Ar atmosférico ou ar úmido................................................................................... 10


6.2 Pressão atmosférica (barométrica) ....................................................................... 11
6.3 Pressão barométrica padrão ................................................................................ 12
7. OBJETIVO DA PSICROMETRIA ..................................................................................................................................... 14

7.1 Propriedades termodinâmicas .............................................................................. 14


7.2 Processos Psicrométricos .................................................................................... 14
8. DIAGRAMAS PSICROMÉTRICOS ................................................................................................................................. 15

8.1 Diagrama de Mollier ............................................................................................. 15


8.2 Carta Psicrométrica .............................................................................................. 16
8.3 Conceitos básicos ................................................................................................ 20
9. LEI DA CONSERVAÇÃO DE MASSA ............................................................................................................................. 22
10. PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DO AR ATMOSFÉRICO .................................................................................... 25

10.1 Regra básica ........................................................................................................ 25


10.2 Temperatura de Bulbo Seco ................................................................................. 25
10.3 Temperatura de Bulbo Úmido............................................................................... 26
10.4 Temperatura de Orvalho ...................................................................................... 26
10.5 Umidade Absoluta ................................................................................................ 28
10.6 Umidade de Saturação ......................................................................................... 30
10.7 Umidade Relativa ................................................................................................. 31
10.8 Volume Específico ................................................................................................ 37
10.9 Massa Específica ou Densidade........................................................................... 37
10.10 Entalpia ................................................................................................................ 38
11. PROCESSOS PSICROMÉTRICOS................................................................................................................................. 40

11.1 Fórmulas de cálculo dos ganhos de calor............................................................. 43


11.2 Aquecimento Sensível (simples adição de Calor Sensível) .................................. 44
11.3 Resfriamento Sensível (simples remoção de Calor Sensível) ............................... 47
11.4 Umidificação (simples adição de umidade) ........................................................... 48
11.5 Desumidificação (simples remoção de umidade) .................................................. 51
11.6 Adição / remoção de Calor Sensível e Latente ..................................................... 54

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11.7 Resfriamento com Umidificação (saturação adiabática) ....................................... 55


11.8 Umidificação com Aquecimento ou Resfriamento................................................. 58
11.09 Resfriamento com Umidificação - Torre de Resfriamento ..................................... 60
11.10 Desumidificação Química ..................................................................................... 63
11.11 Resfriamento com desumidificação ...................................................................... 64
12. MISTURA DE AR ............................................................................................................................................................ 71
13. FATOR DE BY-PASS ...................................................................................................................................................... 73
15. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ......................................................................................................................................... 83
15.1 Lei dos Gases Perfeitos (Lei de Dalton) .......................................................................................................................... 83
15.2 MISTURA DE GASES PERFEITOS ................................................................................................................................ 84
15.3 PROPRIEDADES DO AR SECO ..................................................................................................................................... 84

15.3.1 Composição ......................................................................................................... 84


15.3.2 Volume específico do ar seco............................................................................... 85
15.3.3 Calor específico do ar seco .................................................................................. 85
15.3.4 Entalpia do ar seco ............................................................................................... 85
15.4 PROPRIEDADES DO VAPOR D’ÁGUA .......................................................................................................................... 86

15.4.1 Volume específico do vapor ................................................................................. 86


15.4.2 Calor específico do vapor ..................................................................................... 87
15.4.3 Entalpia do vapor ................................................................................................. 87
15.4.4 Pressão de saturação do vapor d’água ................................................................ 87
15.5 PROPRIEDADES DO AR ATMOSFÉRICO OU AR ÚMIDO ............................................................................................ 88

15.5.1 Pressão atmosférica (barométrica) ....................................................................... 88


15.5.2 Ar Atmosférico Padrão ......................................................................................... 88
15.5.3 Temperatura de bulbo seco .................................................................................. 89
15.5.4 Temperatura de bulbo úmido................................................................................ 89
15.5.5 Temperatura de orvalho ....................................................................................... 90
15.5.6 Umidade absoluta ................................................................................................ 90
15.5.7 Umidade de saturação ......................................................................................... 91
15.5.8 Umidade relativa .................................................................................................. 91
15.5.9 Taxa de saturação ................................................................................................ 92
15.5.10 Volume específico ............................................................................................ 92
15.5.11 Massa específica ou densidade ........................................................................ 93
15.5.12 Entalpia ............................................................................................................ 93
16. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................... 99

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PSICROMETRIA PRÁTICA

Toda a Psicrometria Prática deste curso será desenvolvida utilizando-se de gráfico (carta
psicrométrica). Entretanto se existe solução gráfica, existe solução analítica que se
conhecida facilita o entendimento da solução gráfica. A conceituação teórica encontra-se no
final desta apostila.

1. FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES

A Psicrometria é a ciência que estuda as leis físicas que regem a mistura ar – água e tem
por objetivo o estudo das propriedades e processos termodinâmicos do ar atmosférico.
Ao longo deste curso, pretende-se fornecer os conhecimentos que permitam a compreensão
física dos fenômenos em jogo, os seus efeitos, a forma de quantificar e modificar a fim de se
manter as condições de temperatura e umidade pretendidas.

POR QUE ESTUDAR PSICROMETRIA?

2. CONDICIONAMENTO DE AR

Entende-se por condicionamento de ar ao processo de tratamento do ar atmosférico pelo


qual são controladas simultaneamente a temperatura, umidade, pureza e a movimentação
do ar em recintos fechados (microclima). Denomina-se ar condicionado ao resultado deste
processo.

Por definição, o condicionamento de ar, qualquer que seja a finalidade do recinto, implica na
determinação de valores que devem coexistir durante a aplicação do processo, a saber:

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 Temperatura
 Umidade relativa
 Pureza
 Movimentação
 Renovação
 Nível de ruído aceitável.

3. SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR

Um sistema de condicionamento de ar é composto de:

 Equipamento (condicionador de ar) - onde é processado o tratamento de ar.


 Rede de dutos - elemento condutor do ar do condicionador até o ambiente e vice versa.
 Difusores e grelhas – elementos responsáveis pela distribuição nas quantidades
desejadas pelos ambientes.

4. CICLO DO AR

O ciclo do ar é o processo pelo qual o ar de um ambiente é levado para o interior de um


condicionador para o seu devido tratamento e posteriormente devolvido ao mesmo.

Este tratamento consiste na filtragem, resfriamento, desumidificação e se necessário


aquecimento e umidificação.

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Figura 1

No esquema acima, pode-se notar que o ar do ambiente é aspirado pelo condicionador


através da grelha e duto de retorno até ser misturado com uma quantidade de ar externo
cuja função é pressurizar e higienizar o ambiente.

A mistura então é filtrada, resfriada, desumidificada, e se necessária reaquecida ou


umidificada.

Após este tratamento o ar é insuflado novamente no ambiente pelo ventilador através do duto
e grelhas ou difusores, completando-se o ciclo.

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Como o ar insuflado consegue manter a temperatura e a umidade dentro de um valor


predeterminado?

Imagine a água de um balde aquecida por uma fonte de calor.

Figura 2

A quantidade de calor absorvida pela água é denominada de ganho de calor.

Para manter constante a temperatura da água do balde em 50 ºC só é possível controlando


a fonte de calor.

Como manter a temperatura da água do balde constante se não posso controlar o


ganho de calor?

Misturando água fria na água aquecida contida no balde.

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Figura 3
Para manter a temperatura da água do balde constante deverá ser injetada certa vazão de
água fria.

A quantidade de água fria a ser adicionada ao balde é determinada pela sua temperatura. A
vazão de água fria deverá ser proporcional ao ganho de calor e a temperatura desejada da
água do balde.

Se houver um acréscimo de calor a temperatura da água do balde vai subir, portanto, a


vazão de água fria deve ser aumentada ou a temperatura da água fria deve ser reduzida.

Podemos comparar este controle a um sistema de controle de malha fechada ou por


retroalimentação em que a saída ou exposta influencia a entrada do sistema.

Controle de temperatura de um ambiente Cargas


Térmicas

Temperatura Controlador
desejada Termostato
+ AR
Set Point AMBIENTE
_ CONDICIONADO

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Fazendo-se analogia com um ambiente a ser condicionado, imagine o ar insuflado em um


ambiente como se fosse uma esponja.

Figura 4
Quando ele entra no ambiente absorve todo o excesso de calor e umidade existente.

Se o ambiente estiver quente e úmido o ar insuflado deve ser frio o bastante para absorver
todo o excesso de calor e seco o bastante para absorver todo o excesso de umidade
existente no ambiente.

A quantidade absorvida depende da temperatura e umidade do ar insuflado.

6. PSICROMETRIA

Para se conhecer como se processa e se controla as condições térmicas de um ambiente é


necessário o estudo da Psicrometria.

A Psicrometria é a ciência que estuda as leis físicas que regem a mistura ar - água e tem
por objetivo o estudo das propriedades e processos termodinâmicos do ar atmosférico.

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Sabendo-se que condicionamento de ar é um processo de tratamento do ar atmosférico,


vamos conhecê-lo:

6.1 Ar atmosférico ou ar úmido

O ar que respiramos (ar úmido) pode ser considerado como a mistura de um componente
sensivelmente constante na sua composição denominado de AR SECO e uma quantidade
pequena de VAPOR DE ÁGUA que varia em função das condições climáticas, altitude e
posição geográfica.

Figura 5

Na realidade a quantidade dos componentes é extremamente desigual.

Figura 6

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O ar seco, nas condições usuais utilizadas no estudo do ar condicionado, é tratado como se


comportasse como um gás único homogêneo, cuja massa molecular média, calculada pela
ponderação volumétrica dos seus principais componentes é mostrada na tabela abaixo:

% % Peso % Volume
Componente
Em peso Em volume Molecular (g/mol)
Nitrogênio (N2) 75,47 78,03 2 x 14,0067 21,8587

Oxigênio (02) 23,19 20,99 2 x 15,9994 6,7165

Argônio (Ar) 1,29 0,94 39,9480 0,3755

Dióxido de carbono (CO2) 0,05 0,03 12,011 + 2 x 15,9994 0,0131

Hidrogênio (H2) 0,00 0,01 2 x 1,008 0,0002

Massa molecular média (Ma) - 100 - 28,9640

Para uma faixa normal de utilização de pressão e temperatura, a pressão do vapor de água
existente no ar atmosférico é muito baixa, da ordem de 0 a 4 kPa.

6.2 Pressão atmosférica (barométrica)

O ar atmosférico está sempre submetido a uma pressão barométrica que varia com a
altitude e as condições climáticas do local geográfico.

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BARÔMETRO
Característica: medição da pressão atmosférica

Figura 7

6.3 Pressão barométrica padrão

Quando se estuda o ar úmido é indispensável que se conheça a pressão barométrica do


local onde está sendo implantado o sistema de condicionamento de ar.

Pressão padrão = 101,325 KPa = 1013 mb (milibar) - (nível do mar)


= 760 mmHg a 0 oC
= 10,33 mCA (1 mCA = 9,8062 KPa)

Em virtude da grande variação das condições atmosféricas considera-se como "atmosfera


padrão de referência" a pressão barométrica ao nível do mar, cujo valor é 101,325 kPa a
temperatura de 15 °C.

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A pressão barométrica e a temperatura variam com a altitude e as condições climáticas do


local geográfico, sendo calculadas, para um determinado lugar, pelas seguintes equações:

Pz = 101,325 (1-2,25577 x 10-5 x Z) 5,2559


Sendo:
Z = altitude, m (- 500 a 10.000 m)
P = kPa

Exercício 1

Qual a pressão barométrica na Cidade de São Paulo situada a 760 m do nível do mar?
Solução: Z = 760 m
Pz = 101,325 x (1 - 2,25577 x 10-5 x Z) 5,2559
P760m = 92,5 KPa

Exercício 3

MAR MORTO - JORDÂNIA


Qual a pressão barométrica no Mar Morto, Jordânia, situada a 420 m abaixo do nível do
mar?

Solução: Z = - 420 m
Pz = 101,325 x (1 - 2,25577 x 10-5 x Z) 5,2559
P-420m = 106,47 kPa

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7. OBJETIVO DA PSICROMETRIA

A PSICROMETRIA tem por objetivo o estudo das PROPRIEDADES e PROCESSOS


termodinâmicos do AR ATMOSFÉRICO.

7.1 Propriedades termodinâmicas

Propriedade termodinâmica de uma substância ou sistema é qualquer característica


observável ou mensurável. As mais utilizadas são:

 Pressão barométrica - p.

 Temperatura de bulbo seco - TBS.

 Temperatura de bulbo úmido - TBU.

 Temperatura do ponto de orvalho - TPO.

 Umidade específica - w.

 Umidade relativa - UR.

 Entalpia - h.

 Volume específico - v.

7.2 Processos Psicrométricos

Os processos psicrométricos permitem alterar as condições do ar ambiente contrariando


os efeitos das cargas térmicas que atuam sobre êle.

Os processos psicrométricos são apenas quatro, a saber:

 Aquecimento

 Resfriamento.

 Umidificação.

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 Desumidificação.

8. DIAGRAMAS PSICROMÉTRICOS

As propriedades e os resultados dos processos são obtidos por meios analíticos ou


experimentais e se encontram sob a forma de equações matemáticas, tabelas e diagramas.

Os mais utilizados são o Diagrama de Mollier, bastante usado na Europa e a famosa Carta
Psicrométrica.

8.1 Diagrama de Mollier

O Diagrama de Mollier, mostrado a seguir, foi desenvolvido em 1904 por Richard Mollier
(1863-1935).

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Figura 8

8.2 Carta Psicrométrica

A Carta Psicrométrica, muito utilizada no Brasil, foi apresentada em 1911 por Willis
Haviland Carrier (1876 - 1950), considerado pelos americanos como o “Pai do ar
condicionado”.

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Figura 9

A vantagem desta carta é que ela apresenta as propriedades mais importantes para o
dimensionamento de sistema de ar condicionado, tais como, temperatura de bulbo seco e
umidade absoluta nos eixos ortogonais, facilitando a visualização gráfica dos processos
psicrométricos.

As cartas psicrométricas são elaboradas para determinadas pressões atmosféricas,


normalmente relacionadas às altitudes das grandes cidades e faixas de temperaturas.

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As Cartas Psicrométricas sempre mostram as principais propriedades termodinâmicas do ar


atmosférico (ar úmido):

 Pressão barométrica - (P)

 Temperatura de bulbo seco - (TBS)

 Temperatura de bulbo úmido - (TBU)

 Temperatura de orvalho - (TPO)

 Umidade relativa - (UR)

 Umidade absoluta - (w)

 Entalpia - (h)

 Volume específico - (v)

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Pressão Barométrica
101,325 kPa - Nível do mar

Entalpia

Volume específico

Umidade relativa
Temperatura bulbo

Temperatura ponto de orvalho Umidade absoluta

Temperatura bulbo seco

Figura 10

Figura 10

Para a utilização da carta psicrométrica é necessário o conhecimento de alguns termos:

Estado termodinâmico - condição que o sistema se encontra e que fica definido por um
conjunto de propriedades independentes.

Estado psicrométrico - condição que o ar atmosférico se encontra e que fica definido por
três propriedades. No caso do ar atmosférico a pressão barométrica é sempre uma delas.
Portanto como a Carta Psicrométrica é confeccionada para certa pressão conclui-se que duas
outras propriedades das anteriormente citadas definem um ponto na Carta Psicrométrica.

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Processo termodinâmico – corresponde a uma mudança do estado psicrométrico de um


ponto para outro na carta.

Direção do processo – direção da reta indicando o estado inicial e final do processo.

Figura 11

8.3 Conceitos básicos

Segundo a termodinâmica - Calor é uma forma de energia que é transferida devida


exclusivamente a uma diferença de temperatura.

1 kJ = 4,186 kcal = 1,055 BTU

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Temperatura é um parâmetro físico (uma variável termodinâmica) descritivo de um sistema


associado às sensações de frio e quente.

A temperatura é associada ao movimento das partículas em uma determinada substância. Sua


mensurabilidade deriva-se da transferência de energia térmica entre sistemas na forma de
calor.

A temperatura não é uma medida de calor, mas a diferença de temperaturas é a responsável


pela transferência da energia térmica na forma de calor entre dois ou mais sistemas.

Quando existe uma diferença de temperatura, há transferência de calor do sistema em


temperatura maior para o sistema em temperatura menor até atingir-se o equilíbrio térmico.

Quando dois sistemas estão à mesma temperatura diz-se que estão em equilíbrio térmico e
neste caso não há transferência de calor.

Energia interna específica - energia (calor) por unidade de massa armazenada em uma
substância devido ao movimento das partículas elementares que constituem a matéria.

1 kJ/Kg = 4,186 kcal/kg

Fluxo de calor - quantidade de calor transferido por unidade de tempo.

W = J/s
1 TR = 12.000 BTU/h = 3.024 Kcal/h = 3.500 J/s (W)

O fluxo mássico de ar seco se conserva constante através de uma instalação, enquanto que o
fluxo mássico do ar úmido varia dependendo da quantidade de umidade do ar.

m (ar úmido) = ma + mv

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Como, para cada kga a mv varia apenas de 0 a 30 g

Logo mv é da ordem de 1 a 3 % de ma

Considera-se então que:

m (ar úmido) = ma

No estudo psicrométrico existe uma convenção de se referenciar as propriedades específicas,


umidade, volume e entalpia, à massa de ar seco kga, e não à massa de ar úmido.

9. LEI DA CONSERVAÇÃO DE MASSA

A massa é frequentemente associada ao peso dos objetos. Esta associação não se mostra na
maioria das vezes correta ou completamente elucidativa.

O peso de um objeto resulta da interação gravitacional entre sua massa e um campo


gravitacional, ao passo que a massa é parte integrante do peso, ela sozinha não constitui uma
explicação completa. Por exemplo, os trajes espaciais dos astronautas, quando usados aqui na
Terra, é consideravelmente mais pesados do que quando usados na superfície da Lua, contudo
suas massas permanecem exatamente as mesmas.

1kgf é o peso de um corpo de massa 1kg submetido à aceleração da gravidade de 9,8m/s².

Uma pessoa com a massa igual a 100 kg possui os seguintes pesos:

Na terra (g = 9,80665 m/s²)


P = m x g → P = 100 x 9,806 → P = 980 kg. m/s² = 980 N

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Na lua (g = 1,622 m/s²)


P = m x g → P = 100 x 1,622 → P = 162 N

O fluxo mássico de ar a pressão constante (atmosférica) se conserva constante através de uma


instalação, entretanto, os instrumentos de medição utilizados não conseguem medir o fluxo
mássico do ar diretamente.

Sempre são utilizados instrumentos que medem a velocidade de fluxo volumétrico, que varia
com a temperatura e quantidade de umidade do ar, tais como os anemômetros.

Figura 12

Características: Medição da velocidade do ar


Vazão volumétrica = velocidade x área (Variável com temperatura e umidade)
Exemplo: Vazão volumétrica = m/s x m² = m³/s = 1.000 l/s

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A maioria dos processos encontra-se em regime permanente e envolve fluxos mássicos para
dentro ou fora de equipamentos ou instalação, cuja fórmula básica diz que:

“Em um sistema, a soma dos fluxos mássicos que entram é igual à soma dos
fluxos mássicos que deixam o volume de controle.”

∑ ṁe = ∑ ṁ s
Exercício 3

Em uma Torre de Resfriamento, a água quente proveniente de um condensador deve ser


resfriada de 35 oC para 29,5 oC a uma vazão mássica de 1.000 Kg/h. A água de reposição é
fornecida a uma taxa de 40 Kg/h.
Calcular a vazão mássica de água evaporada pela corrente de ar.

Resposta:

Figura 13

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10. PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DO AR ATMOSFÉRICO

10.1 Regra básica

Quando se estuda os processos envolvendo o ar úmido é indispensável que se conheça seu


estado inicial e final. Entretanto, o estado do ar úmido em um determinado momento é definido
através de uma regra básica:

“Conhecendo-se a pressão barométrica e mais duas propriedades determinam-se todas


as demais”.

Após o estudo da pressão barométrica do ar atmosférico vamos estudar todas as outras


propriedades.

10.2 Temperatura de Bulbo Seco

A temperatura de bulbo seco (TBS) é a temperatura do ar medida com um termômetro comum (ºC).

Figura 14
TERMOMÔMETRO DE BULBO SECO
Característica: medição da temperatura do ar

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10.3 Temperatura de Bulbo Úmido

A temperatura de bulbo úmido (TBU) é a temperatura do ar medida com um termômetro comum,


cujo bulbo de vidro foi coberto com uma gaze úmida (processo de evaporação) - (ºC).
A temperatura de bulbo úmido representa a temperatura de equilíbrio quando o calor perdido pelo
ar envolta da gaze é igual ao calor necessário à evaporação da água.

As temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido são medidas através do Psicrômetro e por
meio de uma tabela auxiliar pode-se determinar o valor da umidade relativa.

Figura 15
PSICRÔMETRO - termômetro de bulbo seco e úmido
Característica: medição da temperatura do ar e indiretamente a umidade relativa

10.4 Temperatura de Orvalho

A temperatura de orvalho ou temperatura do ponto de orvalho (TPO) é a menor temperatura a


que o ar úmido pode ser resfriado, sem que ocorra condensação de vapor de água.

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Figura 16

Exercício 4

Qual é a temperatura de orvalho da Cidade do Rio de Janeiro no verão conhecendo-se a TBS =


35 ºC e TBU = 26,5 ºC?

Solução:

Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 35 ºC e TBU = 26,5 ºC

Resposta:

Pela carta verifica-se que a temperatura de orvalho é TPO = 23,5 ºC

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Figura 17

10.5 Umidade Absoluta

A umidade absoluta, taxa de umidade ou umidade específica (w) é a relação entre a massa de
vapor d’água e a massa de ar seco existentes no mesmo volume de ar úmido.

w = mv / ma

w = kgv (vapor) / kga (ar seco)

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Exercício 5

Conhecendo-se três propriedades:

 Pressão barométrica = nível do mar

 TBS = 24 ºC

 TPO = 12,9 ºC
Determinar a umidade específica:

Solução:

Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e TPO = 12,9 ºC


Pela carta verifica-se que w = 9,5 gv / Kga

Figura 18

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10.6 Umidade de Saturação

A umidade de saturação (ws) é uma das propriedades que não é utilizada na carta
psicrométrica, entretanto, ajuda a entender como é calculada a umidade relativa.

A umidade de saturação (ws) é a quantidade máxima de vapor de água que cada kg de ar seco
pode conter a pressão atmosférica normal e a temperatura considerada.

ws = mvs / ma
w = kgv (vapor) / kga (ar seco)

Exercício 6

Conhecendo-se três propriedades:


Pressão barométrica = nível do mar
TBS = 24 ºC
TPO = 12,9 ºC
Determinar a umidade específica de saturação:

Solução:

Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e TPO = 12,9 ºC

Pela carta verifica-se que ws = 19,5 gv / Kga

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Figura 19

10.7 Umidade Relativa

A umidade relativa é praticamente a razão (%) entre a quantidade de umidade do ar e a


quantidade máxima que ele pode conter na mesma temperatura. Ver na parte teórica no final
desta apostila, item 19.6 a 19.9 a definição correta.

UR ≈ w / w s (%)

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Figura 20

Figura 21

TERMOHIGRÔMETRO TERMOHIGRÓGRAFO

Características: Medição da temperatura do ar e umidade relativa

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Figura 22
TERMO-HIGRÔMETRO DIGITAL
Características: Pressão Características: Temperatura,
atmosférica, temperatura e umidade relativa, taxa de
umidade relativa umidade, entalpia e ponto de
orvalho

Exercício 7

Conhecendo-se três propriedades, determinar a umidade relativa.

 Pressão barométrica = nível do mar

 TBS = 24 ºC

 w = 9,5 gv/Kga

Solução:

Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e w = 9,5 g/Kga ºC

Resposta:
Pela carta verifica-se que a umidade relativa é UR = 50 %

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Figura 23

Exercício 8

Quando a TBS, TBU, TPO são iguais?

Solução:
Na carta psicrométrica procurar o estado psicrométrico do ar para TBS = TBU = TPO

Resposta:
Quando a umidade relativa é 100 %.

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Exercício 9

Conhecendo-se três propriedades, determinar a umidade específica.

 Pressão barométrica = nível do mar

 TBS = 24 ºC

 TPO = 12,9 ºC

Solução:
Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e TBU = 12,9 ºC

Resposta:
Pela carta verifica-se que a umidade específica é w = 9,5 g/Kga

Exercício 10

Conhecendo-se três propriedades, determinar a umidade relativa:

 Pressão barométrica = nível do mar

 TBS = 24 ºC

 w = 9,5 gv/Kga

Solução:
Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e w = 9,5 g/Kga ºC

Resposta:

Pela carta verifica-se que a umidade relativa é UR = 50 %

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Exercício 11

Deseja-se condicionar um ambiente nas condições de TBS = 24 ºC e TBU = 17 ºC, sabendo-se


que a temperatura do ar no duto é de 15 ºC. Pergunta-se: O duto aparente precisa ser isolado
para evitar condensação?

Solução:

Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 24 ºC e TBU = 17 ºC


Na carta verificar a temperatura de orvalho - TPO = 12,9 ºC

Figura 24
Resposta:

Como a temperatura do ar no duto (15ºC) é maior que a TPO (12,9ºC) - Não necessita
isolamento.

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10.8 Volume Específico

O volume específico do ar úmido (v) contido em uma unidade de massa de ar seco.

v = V / ma
v = m³ / kga

10.9 Massa Específica ou Densidade

A massa específica ou densidade do ar úmido (ρ) é o inverso do volume específico

ρ = kga / m³

Exercício 12

Conhecendo-se três propriedades, determinar o volume específico.


Pressão barométrica = nível do mar
TBS = 20 ºC
UR = 50 %

Solução:
Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 20 ºC e UR = 50 %

Resposta:
Pela carta verifica-se que o volume específico - v = 0,84 m³/Kga

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Figura 25

10.10 Entalpia

Entalpia é uma propriedade termodinâmica que mede a energia térmica de uma certa
quantidade de massa.

Entalpia (h) representa o conteúdo energético do ar (calor total) por unidade de massa de um
estado psicrométrico em relação a um estado de referência (TBS = 0 e w = 0) e incorpora os
conteúdos de calor sensível e latente.
h = kJ / kga

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Exercício 13

Conhecendo-se três propriedades, determinar a entalpia.


Pressão barométrica = nível do mar
TBS = 20 ºC
UR = 50 %

Solução:
Na carta psicrométrica marcar o estado psicrométrico do ar para TBS = 20 ºC e UR = 50 %

Resposta:
Pela carta verifica-se que a entalpia é h = 39 KJ / Kga

Figura 26

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11. PROCESSOS PSICROMÉTRICOS

O ar de um ambiente está sempre sujeito à ação de cargas térmicas internas e externas que lhe
provocam alterações na temperatura e no teor de umidade (ganhos ou perdas térmicas).

As alterações das condições ambientais são provocadas pela ação de fontes:

 Internas - iluminação, pessoas, equipamentos, etc.

 Externas - transmissão de calor através das paredes, piso e teto, radiação através de
superfícies transparentes (vidros), condução através de superfícies opacas, convecção
nas superfícies exteriores e interiores, além da entrada de ar externo.

Os Processos Psicrométricos permitem alterar as condições do ar, contrariando os efeitos das


cargas térmicas que atuam sobre ele.

Os Processos nunca mantém fixos os valores pretendidos tendo em vista que as cargas
térmicas não se processam em regime estacionário.

Na prática, a temperatura de bulbo seco e a umidade são alteradas simultaneamente. Quando


isso ocorre, verifica-se que as condições do ar se movem do seu ponto inicial para qualquer
posição da carta psicrométrica.

Este processo sempre pode ser desmembrado em ganhos ou perdas de calor sensível e
latente. O ângulo exato e a direção dependem da quantidade de calor sensível e latente,
adicionada ou removida.

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Os ganhos térmicos podem ser divididos em duas categorias:

a) Ganhos Sensíveis (CS) – que provocam uma variação da temperatura de bulbo seco,
entalpia e umidade relativa, sem alteração da sua umidade específica (absoluta).
b) Ganhos Latentes (CL) – que provocam alterações na umidade específica (absoluta),
entalpia e umidade relativa, sem alteração na sua temperatura de bulbo seco.

Os resultados dos PROCESSOS, assim como as propriedades, podem ser obtidos por meios
analíticos ou experimentais e se encontram sob a forma de equações matemáticas, tabelas ou
diagramas.

Figura 27

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OS PROCESSOS PSICROMÉTRICOS SÃO APENAS QUATRO:

1. Aquecimento
2. Resfriamento
3. Umidificação
4. Desumidificação

Figura 28

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11.1 Fórmulas de cálculo dos ganhos de calor

No dimensionamento dos sistemas de ar condicionado são utilizadas simplificações que


permitem maior velocidade nos cálculos sem apresentar distorções expressivas.

Serão utilizados nos cálculos os valores para o AR ATMOSFÉRICO PADRÃO


• Pressão barométrica = 101.325 kPa
• Temperatura = 20 °C
• Massa específica = 1.2 kga/m3 (1/0,83 m³ / kga)

Estes valores permitem simplificar as fórmulas que será utilizadas em todos os processos.

CS = Cp x ρ x Q x (t2 – t1) CS = 1,207 x Q x (t2 – t1)


CL = CLv x ρ x Q x (w2 – w1) CL = 3001 x Q x (w2 – w1)
CT = ρ x Q x (h2 – h1) CT = 1,2 x Q x (h2 – h1)
CT = CS + CL CT = CS + CL

Sendo:

CS / CL / CT = W Q = l/s
Cp = 1,006 kJ/kga .ºC Δ T = ºC
CLv = 2501 kJ/kgv Δ w = kgv /kga
ρ = 1,2 kga /m³ (1.000 l) Δ h = kJ/kga

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11.2 Aquecimento Sensível (simples adição de Calor Sensível)

Ocorre quando uma massa de ar passa por uma superfície aquecida, e seu calor é transferido
para o ar sem alteração na umidade específica (absoluta). Os equipamentos mais usuais que
produzem um aquecimento sensível são:

Iluminação, Computadores, Aquecedores e Bombas de Calor.

AQUECIMENTO SENSÍVEL

Figura 29

Figura 29

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Exercício 14

300 l/s de ar com temperatura de bulbo seco de 24 ºC e 50 % de umidade relativa, é aquecido


por meio de um aquecedor elétrico até 40 ºC. Pergunta-se:
Qual é a potência do aquecedor elétrico?
Qual a umidade relativa do ar no final do processo?
Solução:

Marcar na Carta Psicrométrica a evolução prevista

Entalpia
Δh = 64 – 48 = 16 kJ/kg

B
A

TBS = 24 ºC TBS = 40 ºC
UR = 50 % Calor Sensível UR = 21 %
ΔT = 40 – 24 = 16 0C

Figura 30

Figura 30

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A potência do aquecedor elétrico pode ser calculada de duas maneiras:

a) Através do cálculo do calor sensível:

CS = 1,207 x Q x (t2 – t1)

CS = 1,207 x 300 x (40 - 24)

CS = 5.793 W

b) Através do cálculo do calor total:

CT = 1,2 x Q x (h2 – h1)

CT = 1,2 x 300 x (64 – 48)

CT = 5.760 W

Obs.: A diferença encontrada de 33 W é devida à imprecisão de leituras na Carta e


simplificações das fórmulas utilizadas.

Verifica-se pela Carta que a umidade relativa no final do processo é de 21 %.

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11.3 Resfriamento Sensível (simples remoção de Calor Sensível)

Ocorre quando uma massa de ar passa por uma superfície fria, com temperatura superficial
acima da temperatura de orvalho, e seu calor é retirado do ar sem alterar a umidade específica
(absoluta).

Os Equipamentos mais usuais que produzem um resfriamento sensível são as serpentinas frias,
tetos ou paredes frias.

RESFRIAMENTO
SENSÍVEL

Figura 7
Figura 31

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11.4 Umidificação (simples adição de umidade)

A umidificação ocorre adicionando-se vapor d’água a uma massa de ar, sem alteração na sua
temperatura de bulbo seco.

UMIDIFICAÇÃO

Calor latente

Figura 32

Figura 32

O Umidificador a Vapor é o equipamento mais usual para umidificação entretanto, também


aquece o ambiente, porém sem alteração significativa na temperatura do ar.

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Exercício 15

Deseja-se aumentar a umidade relativa de 300 l/s de ar úmido, com temperatura de bulbo seco
de 24 ºC e 50 % de umidade relativa, para 80 %.
Qual é a potência do Umidificador?
Qual a quantidade de vapor de água a 100 ºC a ser injetada no ambiente?
Qual o acréscimo de temperatura no ambiente?

Solução:

1. Cálculo da Entalpia do vapor a 100 ºC.


hv = 1,805 x 100 + 2501= 2.681 kJ/kgv
No transferidor da carta marcar a inclinação da evolução para hv = 2.681 kJ/kg
A seguir marcar na Carta Psicrométrica a evolução prevista com os dados do exercício,
trazendo uma paralela da reta hv=2.681 para a carta psicrométrica.

Figura 33

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2. Verificar a temperatura de saída = 25,7 ºC.

3. Cálculo do Calor Sensível:


CS = 1,207 x Q x (t2 – t1)
CS = 1,207 x 300 x (25,7 – 24)
CS = 616 W (pequeno acréscimo)

4. Cálculo do Calor Latente:


CL = 3001 x Q x (w2 – w1)
CL = 3001 x 300 x (0,017,0-0,0093)
CL = 6.932 W

5. Potência do Umidificador: CT = CS + CL
CT = 6.932 + 616 = 7.548 W

6. Cálculo pela Entalpia:

CT = ρ x Q x (h2 – h1)
CT = 1,2 x 300 x (69 – 48)
CT = 7.560 W

7. Cálculo da quantidade de vapor de água a ser adicionada ao ar:


mv = (ρ/1000) x Q x (w2 – w1)
mv = (1,2 / 1000) x 300 x (0,0170 - 0,0093)
mv = 0,00277 kgv /s
Qv = 0,00277 kgv /s x 3.600 (l/h) = 9,98 l/h

8. Acréscimo de temperatura = 25,7 – 24 = 1,7 ºC

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11.5 Desumidificação (simples remoção de umidade)

A desumidificação ocorre quando uma massa de ar úmido passa por uma superfície fria, com
temperatura superficial abaixo da temperatura de orvalho. O vapor d’água é retirado do ar sem
alteração na sua temperatura de bulbo seco.

O equipamento usual que produz desumidificação sem alterar a temperatura do ar é o


Desumidificador de Ambiente.

Calor latente
DESUMIDIFICAÇÃO

Figura 34

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Exercício 16
Deseja-se desumidificar 200 l/s de ar com temperatura de bulbo seco de 30 oC e 90 % de
umidade relativa, para 30 %.
Qual é a potência do desumidificador?
Qual a quantidade de água condensada?
Solução:
Marcar na Carta Psicrométrica a evolução prevista

Figura 35
1. A potência do desumidificador pode ser calculada de duas maneiras:
Figura 35

a) Através do cálculo do Calor Latente:


CL = 3001 x Q x (w2 – w1)
CL = 3001 x 200 x (0,0245-0,008)
CL = 9.904 W

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b) Através do cálculo do Calor Total:


CT = 1,2 x Q x (h2 – h1)
CT = 1,2 x 200 x (93 – 51)
CT = 10.080 W
Diferença de apenas 1,75 % (10.080/9.904)

2. Cálculo da quantidade de água condensada:


mv = ρ /1000 x Q x (w2 – w1)
mv = 1,2 / 1000 x 200 x (0,0245 – 0,008)
mv = 0,00396 Kgv/s
Qv = 0,00396 Kgv/s x 3.600
Qv = 14,3 l/h

Convém observar que o desumidificador de ambiente não realiza esta desumidificação de forma
direta. Na primeira fase há um resfriamento e posteriormente um aquecimento sensível.

Figura 36

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11.6 Adição / remoção de Calor Sensível e Latente

Na realidade os processos psicrométricos se desenvolvem para qualquer direção na carta


psicrométrica, a temperatura de bulbo seco e a umidade são alteradas simultaneamente.

Quando isso ocorre, verifica-se que as condições do ar se movem do seu ponto inicial para
qualquer posição da carta psicrométrica.

A inclinação e a direção dependem da quantidade de calor sensível e latente, adicionada ou


removida.

Figura 37

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11.7 Resfriamento com Umidificação (saturação adiabática)


Resfriamento Evaporativo com água recirculada

Quando uma massa de ar passa através de uma camada de água pulverizada, continuamente
recirculada e sem sofrer resfriamento ou aquecimento, a temperatura dessa massa de ar tende
à temperatura de bulbo úmido e praticamente, com entalpia constante (isoentálpico).

Figura 38

Exercício 17

Quando 300 l/s de ar com temperatura de bulbo seco de 24 ºC e 50 % de umidade relativa


passam por um resfriamento evaporativo através de um lavador de ar com eficiência de 75 %,
pergunta-se:
Qual é o ponto de saída do lavador de ar?
Qual é o calor sensível removido?
Qual é o calor latente acrescentado?

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Figura 39
Solução:
1. Marcar na carta psicrométrica a evolução prevista no exercício.

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Figura 40

Figura 41

2. O ponto de saída do lavador de ar é calculado da seguinte forma:

TBSS = TBSE - 0,75 x (TBSE - TBUE)


TSSS = 24 – 0,75 x (24 – 17) = 18,75 ºC

3. O calor sensível removido é:

CS = 1,207 x Q x (TBSE – TBSS)


CS = 1,207 x 300 x (24 – 18,75)
CS = – 1900 W

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4. O calor latente adicionado é:

CL = 3.001 x Q x (wE – wS)


CL = 3001 x 300 x (0,0114 – 0,0093)
CL = 3001x 300 x 0,0021
CL = + 1.890 W

CT = CS + CL = 0
CT = – 1.900 + 1.890 = – 10 W
CT = 0,5 % (erro devido à leitura imprecisa da Carta Psicrométrica e fórmulas
simplificadas).

11.8 Umidificação com Aquecimento ou Resfriamento


Lavador de ar com água quente ou gelada

Figura 42

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Um lavador de ar alimentado com água através de trocador de calor instalado no fluxo de água
do lavador pode ser utilizado para umidificação com resfriamento ou aquecimento conforme
mostrado na figura 43.

Figura 43

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11.09 Resfriamento com Umidificação - Torre de Resfriamento

Massa de ar passa através de uma camada de água pulverizada que é continuamente


alimentada com água quente.

Finalidade – Resfriamento da água quente para seu reaproveitamento, utilizando o efeito de


resfriamento através da troca de calor por evaporação de cerca de 1% da água circulada.

Exercício 18

Em uma Torre de Resfriamento, instalada em Santos, SP, circula uma vazão volumétrica de
13.000 L/s de ar úmido a TBS = 35oC e TBU = 24oC. O ar deixa a torre na condição de
saturação a 30oC.
Pergunta-se:

 Qual é a vazão de água de reposição necessária para repor as perdas por evaporação?

 Qual é o calor sensível removido?

 Qual é o calor latente acrescentado?

 Qual é o calor total acrescentado?

 Qual é a capacidade térmica de resfriamento da torre em TR?

 Qual é a capacidade útil da torre considerando que o acréscimo de carga térmica na


torre é de 25 %?

 Qual é a vazão de água quente na entrada da torre considerando que a taxa de


evaporação da torre é de 1% da vazão de água circulada?

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Figura 44

Figura 45

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Solução:

1. Cálculo do fluxo de água evaporada = água de reposição:


Qa= 13.000 l/s /1000/ 0,893 m³/kga = 14,55 kga/s
Qv = 14,55 kga/s x 0,013 kgv/kg a = 0,189 kgv/s
Fluxo de água de reposição = 0,189 l/s = 0,68 m³/h

2. O calor sensível removido é:


CS = 1,207 x Q x (t2 – t1)
CS = 1,207 x 13.000 x (30 – 35)
CS = - 78.455 W

4. O calor latente adicionado é:


CL = 3.001 x Q x (w2 – w1)
CL = 3.001 x 13.000 x (0,0275 – 0,0145)
CL = + 507.170 W
CT = CS + CL = - 78.455 + 507.170
CT = 428.715 W

5. Calor total adicionado calculado pela entalpia:


CT = 1,2 x Q x (h2 – h1)
CT = 1,2 x 13.000 x 28 = 436.800 W

6. Capacidade térmica de resfriamento em TR


CTt = 436.800 W / 3.500 = 124,8 TR

7. Capacidade útil da torre considerando que o acréscimo de carga térmica na torre é de 25 %


CT = 124,8 TR /1,25 = 99,8 TR

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CT ≈ 100 TR
8. Vazão de água quente na entrada da torre (1% de evaporação)
QAC = 0,68 m³/h/TR x 0,01 = 68 m³/h

11.10 Desumidificação Química

A desumidificação ocorre quando uma massa de ar passa através de um desumidificador


químico, aumentando sua temperatura de bulbo seco e redução de sua umidade absoluta.
Este processo é utilizado em ambientes industriais que necessitam de umidade relativa
controlada e muito baixa (< 40 %) ou para redução da alta umidade do ar exterior em prédios,
cuja captação é centralizada.
Os desumidificadores químicos utilizam como dessecante a sílica gel/titânio, cloreto de lítio ou
zeolite.

Figura 46

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11.11 Resfriamento com desumidificação

O resfriamento com desumidificação ocorre quando uma massa de ar passa por uma superfície
fria, com temperatura superficial abaixo da temperatura de orvalho, e seu calor (sensível e
latente) é retirado do ar com alteração na temperatura e na umidade específica.

O equipamento usual que produz resfriamento com desumidificação é a serpentina resfriada


com gás refrigerante ou água gelada.

Calor Latente

Calor Sensível

Figura 47

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As serpentinas de resfriamento a água gelada ou gás somente atendem a uma parte das
aplicações de resfriamento com desumidificação, pois são limitadas a temperatura da água
gelada ou gás refrigerante com uma aproximação de cerca de 3ºC.

Figura 48

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Para o restante destas aplicações é necessário introduzir novos componente em série com a
serpentina para atingir as condições desejadas.

Figura 49

Para se determinar a inclinação da reta do processo, deve-se conhecer o valor do calor sensível
e do calor latente das cargas internas ou totais e calcular o fator de calor sensível, conforme a
fórmula:

FCS = CS / (CS + CL) = CS / CT

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Figura 50
Exercício 19

Conhecendo-se o calor sensível igual a 13.000 kcal/h e o calor latente igual a 7.000 kcal/h,
calcular o fator de calor sensível.

FCS = 13.000 kcal/h / 20.000 kcal/h = 0,65

Na carta, marcar a linha com FCS = 0,65 e traçar uma paralela com início num ponto A, estipulado no
processo, até cortar a curva de 100 % de umidade relativa.

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FCS
FCS = 13.000
= 13.000 / 20.000
/ 20.000
FCSFCS = 0,65
= 0,65

Figura 51

Figura 51

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Exercício 20

1.000 l/s de ar com temperatura de bulbo seco de 24 oC e 50 % de umidade relativa é resfriado


através de uma serpentina até atingir a temperatura de bulbo seco de 9 oC, com fator de calor
sensível de 0,65.

Calcular:

O calor sensível e total removido.


A umidade relativa do ar no final do processo.

Figura 52

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2. Cálculo do calor sensível removido:

CS = 1,204 x Q x (TSE – TSS)

CS = 1,204 x 1.000 x (24 – 9)

CS = 18.060 W

3. Cálculo do calor latente removido:

CL = 3.001 x Q x (wE – wS)

CL = 3.001 x 1.000 x (0,00925-0,006)

CL = 9.753 W

4. Cálculo do Calor Total:

CT = CS + CL
CT = 18.060 + 9.753
CT = 27.813 W
ou
CT = 1,2 x Q x (hE – hS)
CT = 1,2 x 1.000 x (47,5-24,25)
CT = 27.900 W

5. Determinação da umidade relativa no final do processo:


Da carta tiramos URB = 84 %

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12. MISTURA DE AR

Quando uma massa de ar (A) é misturada com a massa de ar (B), o ponto da mistura de ar (M)
encontra-se situado sobre a reta que liga os dois pontos.

Figura 53

Exercício 21

1.000 l/s de ar com temperatura de bulbo seco de 35 oC e bulbo úmido de 26,5 ºC é misturado
com 3.000 l/s de ar a 24 ºC e 50 % de umidade relativa.
Calcular a temperatura da mistura.

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Na Carta psicrométrica, este processo é mostrado da seguinte forma:

QM = 4.000 l/s QA = 3.000 l/s


o
TM = ? C TA = 24ºC

QB = 1.000 l/s
TB = 35 ºC

Figura 54
Cálculo da temperatura da mistura

TM = QA x TA + QB x TB
QA + QB

TM = 1.000 x 35 + 3.000 x 24
1.000 + 3.000

TM = 35.000 + 72.000 = 26,75 ºC


4.000

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13. FATOR DE BY-PASS

O Fator de By-Pass (desvio) é a relação entre a vazão de ar que é desviada de uma serpentina
considerada perfeita e a vazão total.

FBP = Q BP / Q Total

Figura 55
O Fator de By-Pass real de uma serpentina depende:

 Tipo e espaçamento entre aletas.

 Número de fileiras de tubos.

 Diâmetro dos tubos.

 Geometria de montagem

 Velocidade na face.

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Figura 56

CURVA REAL DE UMA SERPENTINA

Figura 57

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A curva real de desempenho das serpentinas Trane mostrada na carta psicrométrica

Figura 58

Um sistema de condicionamento de ar pode apresentar diversas condições psicrométricas,


entretanto, a mais usual é a apresentada no exercício a seguir.

Exercício 22

Deseja-se climatizar, no Rio de Janeiro, um ambiente destinado a escritório através de um


condicionador de ar do tipo Fancoil alimentado por uma central de água gelada.
O ar do ambiente é levado para o condicionador de ar por um duto isolado, onde é misturado
com uma quantidade de ar externo necessária a atender a 33 pessoas, segundo as normas da
ANVISA. Após a mistura, o ar é filtrado e a seguir, resfriado e desumidificado por uma
serpentina de expansão indireta à base de água gelada. Posteriormente, o ar é insuflado
através de um ventilador centrífugo e distribuído no ambiente por meio de uma rede de duto e
grelhas. Os dados de projeto são os seguintes:

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Condições externas de verão adotadas no dimensionamento

Latitude 23º Sul

Altitude 0m

Temperatura de bulbo seco de verão 35,0 ºC

Temperatura de bulbo úmido de verão 26,5 ºC

Condições internas a serem mantidas

Temperatura de bulbo seco 24 ºC

Umidade relativa (%) 50%

Demais taxas utilizadas no dimensionamento

Iluminação Equipamentos Ocupação Ar exterior


Ambiente
W/m² W/m² M²/pessoas m³/h/pessoa

Escritório 20 25 6 27

Solução:

1. Com base nos dados arquitetônicos e internos (pessoas, iluminação e equipamentos) foram
calculadas as cargas térmicas internas do ambiente (através de programa específico), cujos
resultados são os seguintes:

Calor Sensível Calor Latente Calor Total


Área
Pavimento Ambiente Pessoas Interno Interno Interno

W W W

Térreo Escritório 200 33 23.000 2.000 25.000

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O Fluxograma do sistema de condicionamento de ar é o seguinte:

AR INSUFLAÇÃO
I

V2V
MISTURA
FC AMBIENTE
M
A

Água gelada

AR EXTERIOR
E

Figura 59

2. Marcar na Carta Psicrométrica os pontos conhecidos:

Condições externas: TSE = 35,0 ºC / TUE = 26,5 ºC


Condições internas: TSA = 24,0 ºC / URA = 50 %

3. Determinar o ponto de insuflação

3.1 Calcular o Fator de calor sensível interno


FCSI = CSI / CTI
FCSI = 23.000 / 25.000 = 0,92

3.2 Na carta, marcar a linha com FCSI = 0,92 e traçar uma paralela com início no ponto A até
cortar a curva de 100 % de umidade relativa.

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3.3 O ponto de insuflação é escolhido no encontro da linha de FCSI com a curva de umidade
relativa em torno de 90 %. Também é usual determinar que a temperatura de insuflação (TSI)
fique em torno de 13 ºC.

Figura 60
3.4 Da Carta, anotar os valores do ponto de insuflação (I).

TSI = 14 ºC
hI = 36,5 kJ/kg
wI = 9 gv/kga

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4. Calcular a vazão de ar a ser insuflada

CSI = 1,204 x QAI x (TSA – TSI)


QAI = 23.000 / 1,204 x (24 – 14)
QAI = 1.910 l/s

5. Calcular a vazão de ar exterior (Anvisa) – 27 m³/h por pessoa (7,5 l/s)

QAE = 33 pessoas x 7,5 l/s ≈ 250 l/s

6. Calcular a Vazão de ar de retorno

QAR = QAI - QAE


QAR = 1.910 l/s – 250 l/s
QAR = 1.660 l/s

7. Determinar o ponto da mistura (entrada de ar na serpentina)

7.1 Temperatura de bulbo seco


TBSM = QAE x TAE + QAR x TAR
QAI
TBSM = (250 x 35 + 1.660 x 24) / 1.910
TBSM = 25,4 ºC

7.2 Na carta, marcar sobre a linha AE–A o ponto da temperatura da mistura (M) = 25,4 ºC e
anotar os demais valores do ponto M:
TSM = 25,4 ºC
hM = 52 kJ/kga
wM = 10,4 gv/kga

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8. Traçar, a seguir, a linha M – I até cortar a curva de 100 %; este ponto é chamado de
Temperatura de Ponto de Orvalho da Serpentina.

TPOS = 12 ºC

9. Calcular o fator de By-pass da serpentina

FBP = I – POS / M – POS


FBP = 14 – 12 / 25,4 – 12
FBP = 0,15

10. Calcular o Calor Sensível Total (serpentina)

CST = 1,204 x Q x (TSM – TSI)


CST = 1,204 x 1.910 x (25,4 – 14)
CST = 26.216 W

11. Calcular a Carga térmica total a ser removida pelo condicionador de ar


CTT = 1,2 x Q x (hM – hI)
CTT = 1,2 x 1.910 x (52 – 36,5)
CTT = 35.526 W / 3.500
CTT = 10,2 TR

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12. Fator de calor sensível total


FCST = 26.216 W / 35.526
FCST = 0,74

13. A massa de água em l/h removida pela serpentina


Qa= 1.910 l/s /1000 x 1,204 kga / m³ = 2,3 kga/s
Qv = 2,3 kga/s x (0,0104 – 0,009) kgv/kga = 0,0032 kgv/s
Qv = 0,0032 l/s x 3.600
Qv = 11,5 l/h

Na realidade os sistemas de condicionamento de ar reais podem ser projetados para controle


mais rígido de temperatura e umidade e ainda ser influenciados por diversos tipos de cargas
térmicas nem sempre considerados nos cálculos, conforme mostrado abaixo:

Figura 61

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Figura 62
Sendo:
A – Condições ambientais escolhidas

A-Rf – Aquecimento no forro (retorno pelo forro)

Rf-Rd – Aquecimento no duto de retorno

E – Vazão de ar exterior

M – Mistura de ar exterior com o ar de retorno

M-I – Resfriamento e desumidificação pela serpentina

I-Im – Aquecimento pelo motor elétrico do condicionador

Im-Ir – Aquecimento pelo sistema de resistências elétricas ou serpentina de vapor ou água quente

Ir-Iu – Umidificação de sistema de umidificação

Iu-Id – Aquecimento no duto de insuflação

Id-A – Carga térmica interna (sensível e latente)

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15. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A Psicrometria é a ciência que estuda as leis físicas que regem a mistura ar – água e tem por
objetivo o estudo das propriedades e processos termodinâmicos do ar atmosférico.
Ao longo deste curso, pretende-se fornecer os conhecimentos que permitam a compreensão
física dos fenômenos em jogo, os seus efeitos, a forma de quantificar e modificar a fim de se
manter as condições de temperatura e umidade pretendidas.
O ar atmosférico ou ar úmido é uma mistura de ar seco (gases) e vapor de água. A composição
do ar seco é relativamente constante, sofrendo pequenas variações em função do tempo, altitude
e posição geográfica.
Para o estudo do ar atmosférico, utiliza-se das propriedades dos gases perfeitos, tendo em vista
que o mesmo à baixa pressão se comporta com tal.

15.1 LEI DOS GASES PERFEITOS (LEI DE DALTON)

Existe uma relação matemática que envolve três propriedades termodinâmicas dos gases
perfeitos, válida também para gases reais e vapores submetidos a baixos valores de pressão,
onde se enquadra o ar atmosférico:

P.v = R .T
Sendo:
v=V/m e R = Ro / M
Onde:
P = Pressão absoluta (kPa)
v = Volume específico (m³/kg)
V = Volume (m³)
m = Massa (kg)
R = Constante particular do gás ou vapor (kJ/kg.k) ou (kJ/kg.ºC)
Ro = Constante universal dos gases perfeitos = 8,3143 (kJ/kmol.k)
T = Temperatura absoluta, (k = 273,15 + t ºC)
M = Massa molecular do gás ou vapor (kmol)

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15.2 MISTURA DE GASES PERFEITOS

Pela Lei de Dalton, a uma determinada temperatura, a pressão total da mistura de gases
perfeitos, P, é igual à soma das pressões parciais que cada gás exerceria se ocupasse
isoladamente o volume do reservatório V, que contivesse a mistura, ou seja:

P = P1 + P2 + P3 + ...

15.3 PROPRIEDADES DO AR SECO

15.3.1 Composição

O ar seco, nas condições usuais utilizadas no estudo do ar condicionado, é tratado como se


comportasse como um gás único cuja massa molecular média, calculada pela ponderação
volumétrica dos seus principais componentes mostrada na tabela abaixo:

% % Peso % Volume
Componente
em peso Em volume molecular (g/mol)

Nitrogênio (N2) 75,47 78,03 2 x 14,0067 21,8587

Oxigênio (02) 23,19 20,99 2 x 15,9994 6,7165

Argônio (Ar) 1,29 0,94 39,9480 0,3755

Dióxido de carbono (CO2) 0,05 0,03 12,011 + 2 x 15,9994 0,0131

Hidrogênio (H2) 0,00 0,01 2 x 1,008 0,0002

Massa molecular média (Ma) 100 28,9640

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A constante particular do ar seco é:

Ra = Ro / Ma = 8,3143 / 28,964 = 0,287 kJ/kg.ºC

15.3.2 Volume específico do ar seco

O volume específico do ar seco (va) é calculado pela equação dos gases perfeitos:

va = Ra . T / Pa

15.3.3 Calor específico do ar seco

O calor específico do ar seco (CPa) à pressão constante é a quantidade de energia (calor)


necessária para elevar 1 kg de ar seco de 1 ºC.

Cpa = 1,006 kJ / kg . ºC

15.3.4 Entalpia do ar seco

A entalpia do ar seco (ha) é a quantidade de energia interna (calor) contida no ar seco em


relação a uma temperatura (t).

ha = Cpa x t
ha = 1,006 x t kJ / kg

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15.4 PROPRIEDADES DO VAPOR D’ÁGUA

Para uma faixa normal de utilização de pressão e temperatura, a pressão do vapor de água
existente no ar atmosférico é muito baixa, da ordem de 0 a 4 kPa.

A massa molecular da água é:

Mv = 18,016 kg/kmol

Abaixo de 75 ºC, o vapor saturado e superaquecido segue com precisão suficiente a lei dos
gases perfeitos, portanto pode-se usar também a equação:

Pv . vv = Rv . T

A constante particular do vapor d’água é:

Rv = Ro / Mv = 8,3143 / 18,016 = 0,4615 kJ/kg.ºC

15.4.1 Volume específico do vapor

O volume específico do vapor (vv) é calculado pela equação dos gases perfeitos:

vv= Rv . T / Pv

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15.4.2 Calor específico do vapor

O calor específico do vapor (Cpv) à pressão constante é a quantidade de energia (calor)


necessária para elevar 1 kg de vapor de 1ºC.

Cpv = 1,805 kJ / kgv . ºC

15.4.3 Entalpia do vapor

A entalpia do vapor (hv) é a quantidade de energia interna (calor) contida no vapor em relação a
uma temperatura (t). A entalpia do vapor d’água pode ser calculada pela expressão:

hv = 2501 + 1,805 x t (kJ / kgv)

Sendo:
Entalpia de vaporização da água a 0 ºC = 2501 kJ/kgv
que a 0oC coincide com a entalpia de vaporização ou calor latente de vaporização

15.4.4 Pressão de saturação do vapor d’água

A pressão do vapor saturado (Pvs) é a pressão a que o vapor começa a passar para o estado
líquido. A pressão de saturação do vapor d’água é normalmente obtida em tabelas de
propriedades termodinâmicas da água (Anexo 1) ou, de forma analítica, pela fórmula
aproximada:

Pvs = 0,6105 x exp (17,27 x t / (237,3 + t)) kPa

(válida para temperaturas acima de 0 a 136 ºC, com erro menor que 0,2 %)

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15.5 PROPRIEDADES DO AR ATMOSFÉRICO OU AR ÚMIDO

Quando se estuda os processos envolvendo o ar úmido é indispensável que se conheça seu


estado inicial e final. Entretanto, o estado do ar úmido em um determinado momento é definido
através de uma regra básica:

“Conhecendo-se a pressão barométrica e mais duas propriedades determinam-se todas


as demais”.

15.5.1 Pressão atmosférica (barométrica)

O ar úmido pode ser considerado como uma mistura de gases perfeitos obedecendo à lei de
Dalton. Esta estabelece, para uma determinada temperatura, que a pressão total da mistura de
gases é igual à soma das pressões parciais do ar seco e do vapor de água, que cada gás
exerceria se ocupasse isoladamente o volume do reservatório que contivesse a mistura.

Portanto, pode-se usar também a equação:

P = Pa + Pv

15.5.2 Ar Atmosférico Padrão

Considera-se como "atmosfera padrão de referência" a pressão barométrica ao nível do mar,


cujo valor é 101,325 kPa a temperatura de 15 °C.

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Sendo:
1 Atmosfera Padrão = 101,325 kPa
1 Atmosfera Padrão = 10,33 mCA (1 mCA = 9,8062 kPa)
1 Atmosfera Padrão = 760 mmHg

A pressão barométrica e a temperatura variam com a altitude e as condições climáticas do local


geográfico, sendo calculadas, para um determinado lugar, pelas seguintes equações:

Pz = 101,325 (1-2,25577 x 10-5 x Z) 5,2559

Sendo:
Z = altitude, m (- 500 a 10.000 m)
P = kPa

15.5.3 Temperatura de bulbo seco

A temperatura de bulbo seco (TBS) é a temperatura do ar medida com um termômetro comum (ºC).

15.5.4 Temperatura de bulbo úmido

A temperatura de bulbo úmido (TBU) é a temperatura do ar medida com um termômetro


comum, cujo bulbo de vidro foi coberto com uma gaze úmida (resfriamento evaporativo) (ºC).

As temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido são medidas através do Psicrômetro e por
meio de uma tabela auxiliar pode-se determinar o valor da umidade relativa.

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15.5.5 Temperatura de orvalho

A temperatura de orvalho ou temperatura do ponto de orvalho (TPO) é a menor temperatura a


que o ar úmido pode ser resfriado, sem que ocorra condensação de vapor de água.

A temperatura do ponto de orvalho pode ser calculada pelas fórmulas:

TPO = 1,05 x (ln Pv)2 + 14,424 x ln Pv + 6,982 (ºC)


ou
TPO = UR0,125 x [112 + (0,9 x t)] + (0,1 x t) - 112 (ºC)

15.5.6 Umidade absoluta

A umidade absoluta, taxa de umidade ou umidade específica (w) é a relação entre a massa de
vapor d’água e a massa de ar seco existentes no mesmo volume de ar úmido.

w = mv / ma (kg vapor / kgar seco)

Na realidade:
w = mv / mar úmido
Como:
mar úmido = ma + mv

E sabendo-se que:

A massa de ar seco (ma) é constante e a massa de vapor (mv) é variável da ordem de 1 a 3 %


de ma, considera-se que:
mar úmido = ma

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A umidade absoluta também pode ser calculada:

Sabendo-se que:
mv = Pv . V / Rv . T
ma = Pa . V / Ra . T
w = Ra / Rv x Pv / Pa = 0.287 / 0,4615 x Pv / Pa
Logo:
w = 0,622 x Pv / Pa
ou
w = 0,622 x Pv / P - Pv

15.5.7 Umidade de saturação

A umidade de saturação (ws) é a quantidade máxima de vapor de água que cada kg de ar seco
pode conter a pressão atmosférica normal e a temperatura considerada.

ws = 0,622 x Pvs /(P - Pvs)

A pressão do vapor saturado (Pvs) é a pressão que o vapor começa a passar para o estado líquido.

15.5.8 Umidade relativa

A umidade relativa (UR) ou (ɸ) é a razão (%) entre a pressão parcial de vapor e a pressão de
saturação do vapor d’água na mesma temperatura.

UR = Pv / Pvs (%)

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15.5.9 Taxa de saturação

A taxa de saturação (X) é a razão (%) entre a quantidade de umidade do ar e a quantidade


máxima que ele pode conter na mesma temperatura.

X = w / ws (%)

Como, X ≈ UR, utiliza-se esta fórmula também para o cálculo da umidade relativa.

15.5.10 Volume específico

O volume específico do ar úmido (v) é o volume do ar úmido contido em uma unidade de massa
de ar seco.

v = V / ma (m³ / kga)

Como:
v = va = w.vv
ma = Pa . v / Ra . T
mv = m a . w

Teremos:
v = 0,287 x T / P - Pv
ou:
v = 0,287 x (273,15 + t) x (1 + 1,607 x w) / P

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15.5.11 Massa específica ou densidade

A massa específica ou densidade do ar úmido (ρ) é o inverso do volume específico (kga / m³).

15.5.12 Entalpia

Entalpia é uma propriedade termodinâmica que mede a energia térmica de uma certa
quantidade de massa ( h= u + pv).

Entende-se por:

Cpa - calor específico do ar seco – a quantidade de energia (KJ) necessária para elevar 1 kg
de “ar seco” de 1 ºC à pressão constante.

Cpa = 1,006 KJ / Kga .ºC (constante)

Cpv - calor específico do vapor – a quantidade de energia (KJ) necessária para elevar 1 kg de
“vapor” de 1 ºC à pressão constante. Entendendo-se como “vapor” o teor de umidade existente
no ar.

Cpv = 1,805 KJ / Kgv .ºC

Cpv = 1,805 x w KJ / Kga .ºC (variável)

Cpv - calor específico do ar úmido - a quantidade de energia (KJ) necessária para elevar 1 kg
de “ar úmido” de 1 ºC à pressão constante.

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Como:
Cp = Cpa + Cpv x w (kJ / kg . ºC)
Teremos:
Cp = 1,006 + 1,805 x w (kJ / kg . ºC)

A Entalpia então é:
h = ha + hv x w

Sendo:
ha = Cpa x t = 1,006 x t (KJ/Kga)
ha = acréscimo de energia do ar seco para uma temperatura.

hv = Cpv x t + 2.501 = 1,805 x t + 2501 (KJ/ Kgv)


hv = acréscimo de energia do vapor para a mesma temperatura + energia necessária à
vaporização da água - CLv = 2501 KJ/Kgv.
Logo:

h = 1,006 x t + (1,805 x t + 2501) x w (KJ / Kga)


Como:
ha = 1,006 . t
hv = 2501 + 1,805 . t
h = ha + hv . w

Portanto a entalpia do ar úmido em kJ/kg a pode ser calculada pela expressão:

h = 1,006 x t + (2501 + 1,805 x t) x w (kJ / kg)

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Exercício 23

Considerando o ar úmido à pressão atmosférica normal (nível do mar), P = 101,325 kPa, com
temperatura de bulbo seco (TBS) = 25 ºC e umidade relativa (UR) = 50 %, calcular todas as
propriedades do ar seco, vapor d'água e ar úmido.

Solução:

1. Pressão de vapor saturado para (TBS) = 25 ºC

Pela fórmula:
Pvs = 0,6105 x exp (17,27 x 25 / (237,3+25)) = 3,166 kPa

2. Pressão parcial do vapor d’água


Pv = UR x Pvs = 0,50 x 3,1692 = 1,5846 kPa

3. Pressão parcial do ar seco


Pa = P - Pv = 101,325 - 1,5846 = 99,7404 kPa

4. Umidade absoluta
w = 0,622 x Pv / Pa
w = 0,622 x 1,5846 / 99,7404 = 0,00988 kgv/kga

5. Volume específico ar seco


va = Ra x T / Pa
va = 0,287 x (25 + 273,15) / 99,7404 = 0,857 m³/kga

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6. Volume específico do vapor


vv = Rv x T / Pv
vv = 0,4615 x (25 + 273,15) / 1,5846 = 86,8334 m³/kga

7. Volume específico da mistura


v = w x vv
v = 0,00988 x 86,8334 = 0,8579 m³/kga
ou: v = 0,287 x (273,15 + t) x (1 + 1,607 x w) / P
v = 0,287 x (273,15+ 25) x (1 + 1, 607 x 0,00988) / 101,325 = 0,8579 m³/kga

8. Densidade da mistura
ρ = 1 / 0,8579 = 1,166 kga / m³

9. Umidade de saturação
ws = 0,622 x Pvs/(P - Pvs)
ws = 0,622 x 3,1692 / (101,325 - 3,1692) = 0,02008 kgv /kga

10. Taxa de saturação


X = w / ws
X = 0,00988 / 0,02008 = 0, 492 (49,2 %)

Observar que:

X ≈ UR = 50 %

11. Calor específico do ar seco


Cpa = 1,006 kJ/kga . ºC

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12. Calor específico do vapor


Cpv = 1,805 kJ/kga . ºC

13. Calor específico do ar úmido


Cp = 1,006 + 1,805 x w (kJ / kg . ºC)
Cp = 1,006 + 1,805 x 0,00988 = 1,0238 (kJ / kg . ºC)

14. Entalpia do ar seco


ha = 1,006 x t
ha= 1,006 x 25 = 25,150 kJ/kga

15. Entalpia do vapor


hv = 2501 + 1,805 x t
hv = 2501 + 1,805 x 25 = 2546,1 kJ/kga

16. Entalpia do ar úmido


h = ha + w x hv
h = 25,150 + 0,00988 x 2546,7 = 50,31 kJ/kga

17. Temperatura de orvalho


TPO = 1,05 x (ln Pv)2 + 14,424 x ln Pv + 6,982
TPO = 1,05 x (ln 1,5846)2 + 14,424 x ln 1,5846 + 6,982 = 13,8 ºC

18. Temperatura de bulbo úmido (TBU) = ?

A temperatura de bulbo úmido é normalmente medida e não calculada, pois não existe fórmula
direta para o seu cálculo.

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O Professor J.R. Simões Moreira em seu livro “Fundamentos e Aplicações da


Psicrometria” apresenta um método numérico iterativo, mostrado a seguir:

Figura 63

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16. BIBLIOGRAFIA

ASHRAE - Fundamentals - 2005


CARRIER - Handbook of Air Conditioning System Design - 1965
TRANE - Psychrometry - One of the Fundamentals Series -1999
HONEYWELL - Enginnering Manual of Automatic Control for Comercial Buildings - 1997
A. L. Santos - Apostila de Psicrometria - IME
J.R. Simões Moreira - Fundamentos e Aplicações da Psicrometria – 1999

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