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A janela e a montanha

A janela abria para a frente, para fora, para o ar


lavado da montanha. Quem dormisse naquele quarto, ao
saltar da cama, de manhã, abria a janela de dois batentes
como se estivesse a respirar fundo. Enchia os pulmões de
ar e os olhos de claridade.
Era o primeiro exercício de ginástica. Podia ficar por
aqui, de cotovelos sobre o parapeito, a apreciar a
paisagem. Ou podia voltar para dentro com um pequeno
arrepio de prazer.
A janela que abria para fora até nem se importava que
voltassem a fechá-la. Tinha cumprido a sua missão. Dera,
de longe, um primeiro abraço à montanha.
A “Malta do Futebol”

Na escola toda a gente os conhecia pela “malta do

futebol”. Constituíam um grupo muito animado, com

jogadores para todos os gostos. Desde o Pedro, guarda-

redes tão aplicado quanto pouco falador, ao João Girafa,

muito alto e muito desconjuntado.

Do Vasco, habilidoso a jogar de cabeça, ao Tiago,

gordo e pesado no terreno mas mestre na tática

futebolística e na ciência de editar palpites para os

restantes porem em prática. E ainda vários outros, bons

amigos fôramos e dentro do campo, como o Zé António,

também conhecido por Canário devido ao hábito de estar

sempre a assobiar (…).


A bebé Marta

Zezinho gostava muito de ver a mãe a dar a papa à


Marta, uma linda e gorduchinha bebé.
– Vês, Zezinho, como ela gosta de papinha?
– Ó mãe, ela já não gosta de biberão?
– Não, meu filho, não é isso. Mas só o biberão já não
chega.
– E porque é que ela não come como nós?
– Porque ainda não tem dentes para mastigar.
– E come só isso?
– Não, também bebe sumo de laranja ou de tomate.
Come fruta como tu, mas em sumo.
– Ah! Por isso é que eu já
sou grande, mãe! Tenho
dentes para mastigar,
como pão com fiambre e
bebo leite pela minha
chávena.
Isabel Barbosa, O Zé e a Marta
A prenda

O Pai Natal abriu o saco e de dentro retirou uma

casinha de bonecas toda mobilada, três livros de aventuras

mais três de pintar e uma grande caixa de lápis.

- Acho que está tudo o que o pediste – disse.

Depois meteu a mão ainda mais fundo e retirou um

computador portátil com três disquetes, dois CD-Rom e

ligação à Internet, uma agenda electrónica e um livro de

cozinha.
Alice Vieira, Duas Histórias de Natal, Caminho
Visita à Serra da Estrela

Num domingo de manhã, o José, a mãe e a irmã


foram visitar a Serra da Estrela.
Passaram na cidade da Covilhã onde viram um pavão
que comia uma maçã. Num lago, duas rãs coaxavam.
Comeram três pães e um melão. Depois, continuaram
a subir a serra. No ar, avistaram três balões e um avião,
enquanto alguns cães ladravam perto das habitações.
A certa altura, avistaram a neve no cimo da montanha.
Tão branquinha! Tão fofa!
José bateu palmas de alegria. Saíram do carro.
- José, vê lá onde pões os pés! - avisou a mãe - Olha
que podes escorregar. Compõe os sapatos! Aperta os
cordões!
- Isto é tão lindo, mãe! Amanhã quero voltar aqui -
afirmou o José.
O sol escondeu-se e regressaram a casa. Cansados,
adormeceram sem ver televisão.
O cientista
Na nossa rua vivia um cientista, o professor Baptista.
Sabeis o que é um cientista? É uma pessoa que sabe muitas
coisas e as que não sabe inventa-as.
O nosso cientista sabia mil coisas. As que ainda não sabia
inventava-as ou descobria-as, pois o professor Baptista, além de
cientista, era inventor.
O professor Baptista tinha um sobrinho, o Manecas, que
adorava visitar o seu laboratório.
Sabeis o que é um laboratório? É onde o cientista inventa as
suas invenções.
Manecas adorava espiar o laboratório do professor Baptista. Ele
era muito amigo do Venceslau, o ajudante do cientista.
Um dia, quando o Manecas chegou ao laboratório, quem abriu a
porta foi o Venceslau:
- Ih! Manecas, o professor hoje está muito ocupado. Ele está a
trabalhar num projecto muito importante...
O professor estava a montar uma máquina enorme.
- Bom dia, tio. Para que serve esta máquina enorme?
- Esta máquina faz de tudo, Manecas. Mas fica quietinho...
- Mas faz mesmo tudo?
- Faz, sim ...
O professor ligou a máquina.
Que maravilha! A máquina fazia mesmo de tudo! Acendia e
apagava as luzes, fazia os carros andarem para baixo e para
cima. Fazia os aviões subirem e descerem, controlava a água das
casas e os elevadores dos prédios...
Rute Rocha (Adaptado)
O mapa do mundo
O meu pai tem um cartaz no escritório que é muito engraçado. Grande e
todo colorido...
Um dia, eu estava lá a olhar para ele e o meu pai viu e perguntou-me:
- Que foi António? Gostas do meu mapa?
Fiz que sim com a cabeça mas não percebi o que ele disse. Mapa?
Pensava que era só um desenho sem pés nem cabeça, rabisco de gente
grande. Então ele explicou-me que era um desenho do mundo inteiro... com
todos os lugares que existem no nosso planeta. O meu pai mostrou-me os
cinco continentes: a África, a Ásia, a América, a Oceânia e claro está, a
Europa. Pelo que percebi, cada um é dividido em pedacinhos que são os
países. E Portugal é um país que está na Europa.
- Reparei uma coisa neste desenho do Mundo... quem o pintou gostava
mais do azul que das outras cores...
Não era nada disso, parece impressionante, mas tudo o que estava
pintado a azul era água. O meu pai mostrou-me que o mundo tem muito mais
água do que terra.
Então lembrei-me de uma coisa que não combinava nada com aquele
desenho e perguntei:
- Ó pai, mas tu disseste-me um dia que o mundo era redondo? Então
onde está o outro lada da bola?
O meu pai riu-se e foi contar à minha mãe que também se riu. Mas eu
não achei piada nenhuma. Então, eles pediram desculpas e explicaram-me que
não há papel redondo para desenhar o mundo direito. Aquilo era só para
imaginarmos...
A lenda de Atlântida

Desde tempos remotos que se falava da existência de um continente


muito extenso no lugar do Oceano Atlântico.
Quem primeiro registou a história por
escrito foi um grande filósofo grego que viveu
cinco séculos antes do nascimento de Jesus
Cristo.
Platão contou que as paisagens da
Atlântida eram lindíssimas, o clima suave, os
animais fortes, saudáveis e muito mansos. Os
atlantes (assim se chamavam os habitantes da
Atlântida) tinham criado uma civilização quase
perfeita e tão rica que os palácios eram
cobertos de ouro, prata e marfim. Tinham
ainda um metal mais valioso que o ouro, o
oricalco. Com o oricalco, os atlantes
fabricavam as mais lindas jóias do mundo.
Tanta beleza e tanta riqueza desagradaram aos deuses. Cheios de
inveja, provocaram um tremor de terra tão violento que o continente se afundou
numa só noite.
Mas a Atlântida possuía uma espécie de força mágica que não
desapareceu por completo. Os cumes das montanhas permaneceram à tona
da água e nove ilhas magníficas ficaram à espera que tudo começasse de
novo.
Há quem diga que alguns atlantes fugiram a tempo e deixaram
descendentes espalhados pelos quatro cantos do mundo. São todos lindos,
muito inteligentes e, embora ignorem a sua origem, sentem o desejo
inexplicável de lá voltar.
Ana Mª Magalhães e Isabel Alçada Os Açores

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