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Deficiência Física

Definição

A deficiência física pode ser definida como uma desvantagem, resultante


de um comprometimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o
desempenho motor de uma determinada pessoa, ocasionando alterações
ortopédicas e/ou neurológicas.

Ou, dito de outra forma:


A deficiência física abrange uma variedade de condições não sensoriais
que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora
geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e
ortopédicas, ou ainda, de más-formações congênitas ou adquiridas.
Assim, são considerados portadores de deficiência física os indivíduos
que apresentam comprometimento da capacidade motora, nos padrões
considerados normais para a espécie humana.
É importante salientar que a deficiência física não tem nada a ver com
deficiência mental; a deficiência física afeta as funções motoras e não a parte
cognitiva da pessoa. Na maioria dos casos, a inteligência fica preservada.

Que sinais podem ser observados, nas pessoas com deficiência física?
 Movimentação sem coordenação ou atitudes desajeitadas de todo o
corpo ou parte dele;
 Anda de forma não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca;
 Pés tortos ou qualquer deformidade corporal;
 Pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra);
 Dificuldade em controlar os movimentos, desequilíbrios e quedas
constantes;
 Dor óssea, articular ou muscular;
 Segura o lápis com muita ou pouca força;
 Dificuldade para realizar encaixe e atividades que exijam coordenação
motora fina.

Tipos de deficiência física:

Hemiplegia: quando a metade esquerda ou direita do corpo fica paralisada,


em decorrência da lesão de células nervosas do cérebro que comandam o
movimento desta parte do corpo;
Paraplegia: paralisia dos membros inferiores (pernas);
Tetraplegia: paralisia dos membros superiores (braços) e dos inferiores
(pernas).
Hemiplégicos, paraplégicos e tetraplégicos sofrem lesões no sistema
nervoso (no cérebro ou na medula espinhal), que alteram o controle
neurológico sobre os músculos, afetando os movimentos do corpo. Se a lesão
afetar a área da linguagem, a pessoa pode não falar ou falar com dificuldade.
As pessoas amputadas também são incluídas no grupo das portadoras de
deficiência física, tanto as que nasceram sem um membro, perderam-no em
um acidente ou precisaram tirá-lo por motivo de saúde, como um problema
circulatório ou de gangrena.
As pessoas com paralisia cerebral pertencem a esta categoria de
deficiência física. A paralisia cerebral é um distúrbio do movimento e/ou da
postura que ocorre em conseqüência de uma lesão que pode ter ocorrido no
cérebro durante a gestação, na hora do parto ou logo após o nascimento,
devido a uma interrupção no fornecimento de oxigênio para o cérebro. Esta
denominação - "paralisia cerebral" - nos leva a acreditar que estas pessoas
têm suas funções cognitivas afetadas, o que nem sempre é verdade. A lesão
afeta, em graus variados, a fala, a coordenação motora ou a locomoção. Por
falta de informações, as pessoas acham que, porque a fala ficou alterada,
estas pessoas têm também uma deficiência mental.
Há outros tipos de deficiência física, como a esclerose múltipla (uma
doença degenerativa que ataca o sistema nervoso, provocando enrijecimento
dos membros e dificuldades de locomoção), espinha bífida (ocasionada pela
má formação da coluna vertebral e da medula espinhal, durante a formação do
feto), poliomielite, que está considerada erradicada, aqui no Brasil, distrofia
muscular, que abrange um grupo de disfunções musculares com alguns
sintomas em comum, resultantes de falhas no desenvolvimento de fibras
musculares e outras.

Definição de desenvolvimento motor

Desenvolvimento – é o processo continuo de mudança ao longo do tempo, que


se inicia na concepção e termina apenas com a morte.
O desenvolvimento motor, portanto, é a mudança progressiva no
comportamento de movimento ao longo do ciclo da vida. Envolve a adaptação
continua do individuo às mudanças na sua capacidade de movimento, num
esforço incessante de obter e manter o controle motor, e a competência de
movimento. Essa perspectiva não considera o desenvolvimento como algo
segmentado em áreas cognitivas, afetivas e motoras especificas, nem o toma
como se fosse dividido em estágios ou dependente da idade. Ao invés disso
uma perspectiva vitalícia sugere que alguns aspectos do desenvolvimento do
individuo podem ser conceitualizados em áreas, por serem semelhantes a
estágios e dependentes da idade, enquanto outros aspectos não podem. Alem
disso, o conceito da obtenção e da manutenção da competência de movimento
compreende qualquer alteração desenvolvimentista, seja ela positiva ou
negativa.
Pode-se estudar o desenvolvimento motor como um processo ou como
um produto. Como processo, pode-se considera-lo sobre o ponto de vista de
fatores subjacentes que influenciam tanto o desempenho motor, como a
capacidade de movimento das pessoas, desde a infância ate a idade avançada.
Como produto, é possível estuda-lo sobre um ponto de vista descritivo ou
normativo, e de modo geral o desenvolvimento motor é estudado em amplos
períodos, fases e estágios.
Deficiência física na infância

As crianças com deficiência física têm dificuldades motoras que limitam


sua capacidade de interagir com o mundo físico. Estas deficiências podem
impedir que estas crianças desenvolvam habilidades motoras que formam a
base do seu processo de aprendizagem. Estas deficiências impedem também
que elas executem atividades que podem ajudar educadores e terapeutas a
entenderem e avaliarem a capacidade intelectual dessas crianças.
Existe um trabalho realizado na Unicamp, que busca descrever essa
experiência de aprendizado de uma criança com paralisia cerebral e mostrar
como este aprendizado usando o computador pode propiciar às crianças
deficientes, especialmente aquelas com paralisia cerebral, a oportunidade de
desenvolver atividades interessantes, desafiantes, e que tenham propósitos
educacionais e de diagnóstico. Estas atividades podem propiciar uma
compreensão mais profunda da habilidade intelectual dessas crianças, e podem
oferecer à elas a chance de adquirir conhecimento e sobrepujar suas
deficiências intelectuais.
A criança com deficiência física apresenta problemas de coordenação
motora que são relacionados com a presença de lesão cerebral ou lesão de
partes do corpo direta ou indiretamente envolvidos no sistema motor. Em
geral, estas crianças têm um desenvolvimento intelectual retardado causado
pela falta de interação com o meio ambiente, ou pela lesão cerebral, a qual
pode afetar áreas do cérebro responsável por funções intelectuais específicas.
Entretanto, as deficiências motoras tornam quase que impossível uma melhor
avaliação e compreensão da capacidade intelectual destas crianças. Fica muito
difícil criar atividades que elas possam desenvolver a fim de permitir a
avaliação dos seus potenciais intelectuais, uma vez que elas não conseguem
manipular objetos.
Núcleo de Informática Aplicada à Educação
Universidade Estadual de Campinas – São Paulo

A falta de compreensão dos problemas da criança deficiente física tem


levado as pessoas a adotarem certos comportamentos que têm um impacto
negativo no desenvolvimento intelectual destas crianças. Por exemplo, é
comum encontrarmos pais e professores desenvolvendo todas as atividades
para suas crianças, como, por exemplo, vestindo-as, escrevendo por elas, etc.
Este tipo de atitude leva a criança a ser ainda mais deficiente, à medida que a
torna mais dependente e não lhe propicia a chance de desenvolver atividades
que ela tem condições de executar. Além disso, estas atitudes são geralmente
adotadas porque as pessoas acham que as chances que estas crianças têm
para fazer e aprender coisas mínimas, independente de qualquer programa
educacional ou terapêutico. Isto freqüentemente não é verdade, embora os
métodos tradicionais de avaliação e de ensino não tenham se mostrado
adequado para resolver a maioria dos problemas que a criança com deficiência
física encontra no seu dia-a-dia.
O desenvolvimento muscular

Uma vez constatada a deficiência física, a criança deve ser encaminhada


para um programa de estimulação; alguns profissionais usam o termo
"estimulação precoce" e, outros, "estimulação essencial".
É muito importante começar a estimular o bebê o mais cedo possível,
com o objetivo de desenvolver suas capacidades e sua independência nas
atividades quotidianas, de acordo com a fase de desenvolvimento que ele está.
O tônus dos músculos, isto é, sua elasticidade e sua capacidade de se
contrair e de se esticar, obedecendo às ordens que o cérebro dá, é o que
permite nossos movimentos. À medida que os músculos são exercitados, o
tônus muscular vai se fortalecendo.
Para que o desenvolvimento motor do bebê aconteça, é preciso que o
tônus muscular se fortaleça, juntamente com o desenvolvimento do sistema
nervoso. Algumas crianças com deficiência física são hipotônicas: seus
músculos são flácidos, "moles". Em alguns casos de paralisia cerebral,
acontece o oposto: os músculos ficam muito rígidos, causando espasticidade.
O ser humano obedece a um padrão de desenvolvimento motor, de
acordo com sua idade. Este padrão não é igual para todos; há crianças que
têm um desenvolvimento mais rápido, enquanto outras são mais
"preguiçosas". A criança com algum tipo de deficiência física tem mais
dificuldade de seguir estas etapas; daí a necessidade de fazer exercícios de
estimulação e de usar equipamentos e aparelhos, que são de grande ajuda no
seu dia-a-dia.
Há diversos tipos de aparelhos e adaptações para o deficiente físico.
Alguns são muito caros; neste caso, os portadores de deficiência física ou
profissionais habilidosos vêem-se levados a usar a criatividade e fazer
improvisações, utilizando materiais disponíveis. O fundamental é que
funcionem e garantam autonomia à pessoa que os utiliza.

O Desenvolvimento Motor na Deficiência Física

Paralisia Cerebral (PC), Acidente Vascular Cerebral (AVC) E Traumatismo


Cranio-Encefalico (TCE) restringem os indivíduos em termos de
experimentação de padrões normais de movimentos funcionais que são
essenciais para o desenvolvimento motor normal. Conseqüentemente, são
comuns os atrasos no controle e no desenvolvimento motor. Tipicamente, os
portadores PC apresentam atrasos motores porque geralmente tem menos
oportunidades de se movimentar, não têm capacidade de movimento ou
sentem dificuldade para controla-los. Indivíduos com graus variados de TCE e
AVC podem ter dificuldades de planejar e executar os movimentos devido ao
dano na área da cérebro que é responsável pelo controle motor (e ou trás
regiões relacionada). Com freqüência as crianças com PC e TCE não são
capazes de executar movimentos fundamentais de forma adequada.
Os programas de EF devem incentivar o desenvolvimento seqüencial das
habilidades e padrões motores fundamentais, essenciais para a participação e
jogos, esportes e atividades de lazer. A avaliação autentica, que enfatiza a
avaliação de habilidades funcionais, deve ser usada nos programas de EF. Ao
tentar aperfeiçoar o desenvolvimento motor, o professor de EF deve
preocupar-se com a forma de execução de um movimento, não com o seu
resultado. A meta de todo programa de EF deve ser incentivar as pessoas a
atingirem o Maximo de controle e de desenvolvimento motor no que diz
respeito às atividades funcionais.

A Aptidão física na Deficiência Física

Há um consenso segundo os quais os níveis adequados de aptidão física


ligada à saúde ajudam os portadores de deficiência a realizar atividades da
vida diária, de recreação e lazer; essas atividades, por sua vez, promovem um
estilo de vida saudável. Níveis reduzidos de forca, flexibilidade muscular e
resistência cardiovascular são comuns em portadores de PC, AVC e TCE e
podem levar a incapacidade de manter o equilíbrio. Fazer atividades da vida
diária, transferir ou movimentar o corpo de forma independente, ou participar
de atividades funcionais de recreação e lazer. A força e a flexibilidade devem
ser desenvolvidas tanto quanto possível, pois a falta de trabalho especifico
sobre essas capacidades leva ao enfraquecimento e a baixa amplitude de
movimento, causando contraturas permanentes de articulações, que provocam
uma significativa perda da capacidade de movimento. Por ex, os portadores de
forma mais graves de PC espática podem ter grande necessidade de
desenvolver amplitude de movimento e flexibilidade.
Pessoas que sofreram TCE ou AVC podem precisar desenvolver e manter
um nível adequado de atividade aeróbia, sobretudo se o trauma for recente.

Desenvolvimento psico-social e a Deficiência Física

Muitos portadores de PC, AVC e TCE carecem de auto-confiança,


apresentam baixos níveis de motivação e tem problemas a imagem corporal. É
possível desenvolver uma imagem corporal realista se o professor de EF não
tiver a expectativa de que os alunos executem perfeitamente as habilidades e
atividades. Ao invés disso é mais importante que o aluno realize a atividade
com a maior independência possível, com um grau especifico de competência.
O professor deve promover uma atitude segundo a qual, as vezes, é possível
falhar ao fazer as atividades, porque a falha é um componente natural do
processo de aprendizagem. As atividades físicas consideradas divertidas, e não
difíceis, podem motivar os alunos a atuar com o Maximo de seu potencial.

Paralisia cerebral

Já que a PC não é uma doença, a maioria dos profissionais da área


medica concorda de dizer que ela não é tratada, mas controlada. O controle da
PC está voltado a amenizar os sintomas provocados pelo dano cerebral e
ajudar a criança a atingir o seu potencial maximo de crescimento e
desenvolvimento. Essa ajuda consiste em controlar as deficiências motoras e
outras associadas. O controle da disfunção motora geralmente implica no
desenvolvimento do controle muscular voluntário, enfatizando o relaxamento
muscular e melhorando as habilidades motoras funcionais. Em alguns casos
são utilizados suportes ou órteses para ajudar a evitar contraturas ou apoiar os
grupos musculares afetados, principalmente os músculos espásticos.
Devido ao dano no SNC, muitos portadores de PC apresentam
desenvolvimento de reflexos anormais, muito provavelmente as crianças
portadoras de PC farão algum tipo de fisioterapia com o intuito de inibir a
atividade desses reflexos e melhorar a flexibilidade e o alinhamento do corpo.
Entretando, dados científicos recentes mostram que as atividades de
manipulação passivas durante os primeiros anos de vida não são tão eficientes
para corrigir a atividade reflexa anormal quanto se pensava. A ênfase do
tratamento deve ser a realização e o refinamento de atividades motoras por
meios do auto-controle ativo. Habilidades motoras funcionais, como andar,
correr e arremessar, devem ser desenvolvidas e adquiridas.
Os distúrbios perceptivos motores também contribuem para o mau
desempenho motor. Por causa deles, muitas crianças portadoras de PC,
apresentam períodos curtos de atenção e se distraem facilmente com pessoas
e objetos no ambiente imediato. Assim, talvez seja necessário fazer as
atividades em um ambiente com a menor quantidade possível de distrações,
particularmente no inicio do desenvolvimento da habilidade.
Os distúrbios de percepção visual são comuns em alunos portadores de
PC e podem prejudicar atividades e provas que envolvem relações espaciais,
como o posicionamento do jogador em esportes coletivos (como futebol), a
permanência na raia (na natação) e determinação de distancia entre os objetos
(como as bolas de bocha). Os alunos podem ter dificuldade em varias tarefas
que requerem precisão e mira, como arremessar, jogar para cima, ou chutar o
objeto em direção ao alvo especificado; e também nas que requerem graus
variados de coordenação motora fina, como o tiro ao alvo, pesca ou mini-
bilhar.

Traumatismo Crânio-encefalico (TCE) ou Acidente Vascular Cerebral


(AVC)

Imediatamente após o AVC, os sobreviventes precisam passar por um


processo de reabilitação planejado, sistemático e individualizado. Com tudo, a
intensidade e a duração desse programa dependem do grau de deficiência. Por
exemplo, a pessoa que tem paresia (fraqueza muscular), ou paralisia em um
membro, mas continua com movimento voluntário no restante do corpo,
necessita de pouca terapia intensiva. Por outro lado à pessoa que apresenta
paralisia completa nos quatro membros, precisa de terapia mais intensa.
O controle motor também fica abalado com o acontecimento desses dois
casos. Dependendo do local e da gravidade da lesão, os portadores com TCE e
AVC podem ter dificuldades para planejar, iniciar e controlar movimentos
motores grosseiros e finos. Tipicamente, os portadores de TCE tem dificuldade
para executar movimentos em seqüência. Esse fato tem implicações
importantes na EF e nas atividades esportivas, principalmente quando é
necessário ligar combinações de habilidades independentes na seqüência.
Pessoas que sofreram TCE ou AVC tipicamente precisam re-aprender os
movimentos e padrões movimento que eram executados normalmente antes
da lesão. Para ajudar nesse processo, as habilidades mais complexas devem
ser divididas em sub-habilidades mais simples, que devem ser praticadas na
seqüência. Como esses indivíduos tipicamente tem problemas para processar
informações, eles precisam, após as instruções, de tempo suficiente para
planejar os movimentos antes de executá-los.
Como acontece com os portadores de PC, a percepção visual das
pessoas que sofreram TCE ou AVC também pode ser afetada.Por tanto, essas
pessoas podem ter dificuldades de fazer atividades que requerem relações
espaciais e controles de objetos, como agarrar, chutar e bater. Logicamente as
atividades que incorporam o controle de objetos devem ser individualizadas.
Os adolescentes com TCE E AVC devem ter a opção de atividades de esporte e
lazer que irão aprender nas aulas de educação Física. Essa opção lhes confere
o necessário senso de independência e autocontrole, além de contribuir para
uma transição tranqüila da escola à comunidade.

Amputações

A falta de membros, tanto superiores como inferiores, pode afetar o


nível de habilidade motora. Amputações adquiridas acima ou abaixo do
cotovelo e acima ou abaixo do joelho, por exemplo, podem resultar,
inicialmente em prejuízo ou falta de jeito no desempenho das habilidades
motoras. Esse fato pode ser acentuado em adolescentes e adultos que já
aprenderam essas habilidades (por exemplo, arremessar por cima, chutar uma
bola) com seus membros dominantes. A ausência de um membro afeta o
centro de gravidade – em maior grau nas amputações de membro inferior que
nas de superior. O resultado disso é uma dificuldade nas tarefas que requerem
equilíbrio. O desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico é crucial para a
execução de habilidades locomotoras como andar, correr, pular num pé ou
sentar na cadeira de rodas (com o objetivo de se locomover). As atividades
que promovem o desenvolvimento do equilíbrio e do alinhamento correto do
corpo devem ser incentivadas. A velocidade e a agilidade também podem ser
prejudicadas, particularmente nas deficiências de membros inferiores. A
natação muitas vezes ajuda os amputados.

Deficiências Medulares

O dano à medula espinhal pode acontecer em decorrência de doenças


infecciosas ou de diversas causas genéticas e ambientais. As causas comuns as
deficiências medulares, e as implicações para o planejamento e realização da
EF.
Deficiências medulares são problemas que decorrem de uma lesão ou
doença nas vértebras e/ou nervos da coluna vertebral. Quase sempre, estão
associadas a certo grau de paralisia, devido ao dano à medula espinhal. O grau
de paralisia depende do local da lesão na coluna vertebral e do número de
fibras nervosas destruídas em conseqüência dessa lesão.
O professor de educação física deve estar ciente dos diversos sistemas
de classificação das deficiências medulares. Porém a que nos interessa, neste
caso, são as médicas, pois se baseia no seguimento da medula espinhal que foi
comprometido.
O grau de paralisia e/ou perda de sensibilidade está relacionado ao local
da lesão (quanto à altura na coluna) e ao nível de dano neural (grau da lesão).
Se a medula sofreu rompimento completo, a pessoa não tem controle motor
nem sensibilidade nas partes do corpo que estão inervadas abaixo daquele
ponto. Por exemplo, um indivíduo com lesão em T1 completo teria todos os
músculos e capacidades apresentadas nesse nível e acima dele normalizadas
(inervação dos músculos do pescoço, braços e diafragma). Já em muitos casos,
o dano à medula espinhal é apenas parcial, tendo como resultado a retenção
de algum controle motor ou sensibilidade abaixo do local da lesão.
È necessário fazer um diagnóstico junto a uma equipe de fisioterapeutas
e terapeutas ocupacionais para, assim saber quais as funções remanescentes
ao individuo lesado, pois só dessa forma podemos modificar e /ou desenvolver
programas alternativos adequados para suprir as necessidades de alunos
portadores de deficiências medulares. Se não houver precisão no diagnostico o
risco de agravar a situação do paciente, ou desenvolver um programa de
atividades físicas que não seja efetivo para a recuperação e/ou aprendizado do
deficiente é eminente.
O professor de EF pode prever necessidades nas áreas de imagem
corporal, forca na parte superior do corpo, amplitude de movimento,
resistência e tolerância à cadeira de rodas. Essas necessidades, juntamente
com as capacidades funcionais dos alunos.

A Natação para deficientes físicos: implicações e aplicações

As atividades aquáticas podem oferecer situações de sucesso e


satisfação para PPD (Eichstaedt & Kalakian,1987) onde sua contribuição para a
manutenção da saúde bem como promoção de auto-estima podem ser muito
significativas para o desenvolvimento da criança portadora de deficiência, uma
vez que a infância delas é caracterizada por muitos episódios de frustrações.
Por exemplo, as atividades no meio liquido tem sido elegidas como formas de
tratamento de pessoas que tem distúrbios motores, particularmente problemas
de marcha, cujas partes do corpo tem dificuldade de vencer a força da
gravidade (Sherill, 1986). A impulsão e a resistência da água possibilitam a
natação em comum de deficientes e não deficientes (Innenmoser, 1979).
Existem efeitos terapêuticos que são cumpridos pela presença do meio liquido.
A água também pode ser vista como um meio para refinar padrões de
movimento e de exploração das relações eu-espaço-tempo (Burkhardt &
Escobar, 1986). Pode-se ter como objetivos o desenvolvimento do
autoconceito, autoconfiança, prover desafios, desenvolvimento de esquema
corporal, melhora da propriocepção, formação de esquemas motores. Porém,
temos que levar em conta as limitações que a água impõe na execução de
movimentos no meio liquido por deficientes.
Um exemplo é o lesado cerebral, onde a natação proporciona meios de
estimulação para o desenvolvimento da etapa psico-motora em que encontra.
Se as condições o permitirem, poderá desenvolver a percepção cinestesia e o
auto-controle Tonico, afirmação da lateralidade, orientação espacial e
percepção temporal necessárias a organização práxica.
Outro exemplo é que a natação também é uma atividade aeróbia
excelente para os amputados, pois muitas vezes minimiza o efeito da ausência
do membro, pois podemos utilizar nadadeiras para ajudar na propulsão. Alem
disso, para a escoliose, o nado crawl ajuda a amenizar a giposidade nos hemi-
torax escolióticos, sendo que a alteração ocorre devido a modificação na
técnica da respiração (inspiração/expiração).

Considerações pedagógicas

É importante a compreensão do processo evolutivo do aluno com


deficiência física/neuromotora, e das interferências que limitam, parcial ou
totalmente, as suas funções corporais na interação com o meio.
O educador, a partir do diagnóstico clínico (deficiência), terá condições
de estabelecer parâmetros relativos às:
 Limitações decorrentes do grau e da extensão das áreas lesadas.
 Implicações pedagógicas.
 Ações previstas e providas no atendimento às necessidades do aluno.
 Estratégias que ofereçam condições de oportunidade de igualdade para
o desenvolvimento do potencial.
Para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico efetivo com esse
alunado, faz-se necessário estabelecer uma interação com a família e os
profissionais da área clínico-terapêutica (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, psicólogo) para o entendimento, não apenas do diagnóstico,
mas das implicações motoras no desempenho pessoal, educacional e social
desse aluno.
Na prática do contexto escolar, esses conhecimentos básicos relativos ao
aluno com deficiência/neuromotora trarão segurança à escola e ao professor,
em sala de aula, no processo ensino-aprendizagem, bem como serão
indicativos das medidas a serem tomadas no atendimento às necessidades
educacionais.

Serviços de Apoio Especializados ofertados na Área da


Deficiência Física/Neuromotora

O Departamento de Educação Especial, no uso de suas


atribuições e considerando os preceitos legais que regem a
Educação Especial (LDB/9394/96), Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica, Parecer n.º 17/01 – CNE,
Resolução n.º 02/01 – CNE e a Deliberação n.º 02/03 – CEE),
expediu a Instrução n.º 02/04, que estabelece critérios para a
solicitação de Professor de Apoio Permanente em Sala de Aula
para atuar no Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de
Jovens e Adultos, e a Instrução n.º 02/04, que estabelece
critérios para a solicitação do serviço de apoio – Centro de
Atendimento Especializado para a Educação Básica e Educação de
Jovens e Adultos.

Os serviços e apoio especializados garantidos na Deliberação n.º


02/03 têm a finalidade de atendimento às necessidades
pedagógicas do aluno com comprometimento motor, visando o
acesso, a permanência e sua progressão no processo de ensino-
aprendizagem.

O papel da família

Segundo a psicóloga Rosana Glat: "A influência da família no processo


de integração social do deficiente é uma questão que deve ser analisada
levando-se em consideração dois ângulos: a facilitação ou impedimento que a
família traz para a integração da pessoa portadora de deficiência na
comunidade e a integração da pessoa com deficiência na própria família”.
Estes dois aspectos são, sem dúvida, interdependentes: quanto mais
integrada em sua família uma pessoa com deficiência for, mais esta família vai
tender a tratá-la de maneira natural ou "normal" deixando que, na medida de
suas possibilidades, participe e usufrua os recursos e serviços gerais da sua
comunidade; conseqüentemente, mais integrada na vida social esta pessoa
será. Paralelamente, quanto mais ela estiver participando das atividades da
comunidade e levando uma vida "normal" equivalente à de outras pessoas da
sua faixa etária, mais ela será vista pelos membros de sua família como "igual
aos demais".

Entrando na escola

É muito importante que a criança com deficiência física freqüente a


escola, onde ela pode desenvolver seu potencial intelectual e interagir com
outras crianças.
A família desempenha um papel fundamental no processo de adaptação
da criança à escola: ela deve conversar com a professora e com a equipe
escolar, orientando sobre como tratar a criança, seus limites e potencialidades.
Pode ser necessário adaptar a carteira, verificar qual é a melhor posição em
relação à lousa e se o banheiro tem condições de ser utilizado. É importante
consultar a criança sobre suas necessidades, com naturalidade.
Pequenas adaptações podem fazer muita diferença: por exemplo, se a
criança não consegue segurar o papel para escrever, este pode ser preso na
carteira com fita crepe.
Como a criança com deficiência física em geral, escreve mais lentamente, a
professora pode esperar mais tempo para apagar a lousa ou estimular o
trabalho cooperativo, no qual os colegas colaboram sem, porém, fazer as
tarefas pela criança com deficiência. Outra alternativa possível é a
professora preparar fichas com o texto escrito na lousa, que a criança possa
levar para casa.
Na fase inicial de aprendizagem da leitura, da escrita e do cálculo, as
diferenças entre crianças com deficiência física e crianças não deficientes é
pequena, em geral. O desenvolvimento intelectual é bastante semelhante,
principalmente se a criança teve uma estimulação adequada; ela vai precisar
de auxílio para se locomover e para manusear o material escolar. Esta
constatação é verdadeira também para as etapas posteriores do processo de
aprendizagem.
Segundo Maria Christina B. T. Maciel: "É muito importante para uma
criança portadora de deficiência física aprender, desde pequena, a não se
autolimitar. Ela precisa ter em mente que não é doente e que, apesar destas
limitações, pode ter uma boa convivência na sociedade”.
A sociedade, por sua vez, precisa aprender a conviver com as diferenças
individuais de cada um. O professor e toda a equipe escolar devem criar uma
relação de confiança com o aluno, descartando a hipótese de ele vir a ter medo
ou vergonha de não aprender imediatamente o que está sendo ensinado.
Na verdade, a diferença de ritmo pode acontecer com qualquer criança,
portadora ou não de necessidades especiais. Assim, é fundamental criar uma
relação de confiança com todos os alunos.
A escola é muito importante para qualquer criança, mas é ainda mais
importante para a criança com deficiência. É na escola que a criança aprende a
confiar em si mesma, percebendo que é capaz de realizar a maioria das
atividades, embora levando um pouco mais de tempo.

Sugestões para adaptar o ambiente escolar aos portadores de


deficiência física

A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação sugere:


 O acesso físico é a preocupação fundamental no que diz respeito a estes
estudantes, devido a dificuldades de locomoção ou ao uso de cadeira de rodas.
Isto implica a existência de percursos em que o aluno se possa movimentar
mais facilmente de uma aula para as outras, ou seja, em que não tenha de se
defrontar com barreiras arquitetônicas;
 Estes estudantes podem eventualmente atrasar-se, ao ir de uma sala
para outra, principalmente quando as aulas não são todas no mesmo
complexo. Pode também haver a necessidade de fazer alguns ajustes que
permitam ao aluno freqüentar aulas laboratoriais;
 As aulas em laboratórios podem requerer algumas adaptações do
material e local de trabalho (altura do balcão, mesa, cadeiras, entre outros).
Se puder proporcionar estas modificações, trabalhe diretamente com o aluno
para criar um local o mais acessível possível, promovendo a participação dele
em todas as tarefas;
 Na elaboração de viagens de estudo, o aluno deverá assistir à seleção
dos locais a visitar e à seleção dos meios de transporte;
 Sempre que houver muita gente (em corredores, bares, restaurantes) e
estiver ajudando um colega em cadeira de rodas, avance a cadeira com
prudência; o aluno poder-se-á sentir incomodado se esbarrar em outras
pessoas.
"A praça é do povo..."
Embora a escola seja um espaço fundamental para todas as pessoas,
portadoras ou não de deficiência, ela não é o único; a vida também acontece
em outros espaços, igualmente ricos em oportunidades de convivência e outros
tipos de aprendizagem.
Para a pessoa com deficiência física, o acesso a estes outros lugares é,
muitas vezes, problemático, pois nem sempre eles foram construídos levando
em conta suas necessidades. No caso de edifícios de uso público, há uma
legislação determinando que eles sejam adaptados. Infelizmente, nem sempre
estas leis são cumpridas. É hora, então, de municiar-se com informações e
reivindicar seus direitos de cidadão.
As adaptações arquitetônicas facilitam o acesso de muitas pessoas:
 Pessoas com deficiência física
 Idosos
 Gestantes
 Mães com carrinho de bebê
 Pessoas que quebraram a perna
 Obesos
 Cardíacos
Portanto, vale a pena investir em adaptações arquitetônicas que, muitas
vezes, são de baixo custo (fazer uma rampa, por exemplo) e vão beneficiar
muitas pessoas. Mas, para conseguir isso, é preciso sair e ser visto pelos
demais. Muitas vezes, as pessoas não providenciam estas facilidades em seus
estabelecimentos porque não pensaram no assunto e não perceberam que o
portador de deficiência também é um consumidor.
Se as cidades fossem planejadas para atender às necessidades de todas
as pessoas, incluindo os grupos acima enumerados, elas seriam assim:
 Os edifícios teriam os elevadores, sanitários e corredores acessíveis e
utilizáveis por portadores de deficiência;
 Os deficientes físicos poderiam participar de eventos políticos, sociais e
culturais;
 Os meios de transporte seriam adaptados;
 As cabinas telefônicas permitiriam sua utilização por pessoas em cadeira
de rodas

Tradicionalmente as pessoas portadoras de deficiência foram


classificadas ou categorizadas conforme suas condições físicas, mentais,
emocionais ou sociais. Conhecer o tipo de deficiência e identificar as limitações
apresentadas pelo aluno contribui sobremaneira para a participação deste em
programas de Educação Física. No entanto, a deficiência não deve constituir o
único critério para a formação de grupos. O potencial apresentado pelo aluno
deverá nortear a elaboração do programa permitindo o máximo
desenvolvimento no domínio motor. Tradicionalmente tem se dado ênfase
excessiva às limitações do aluno e sido negligenciadas as suas capacidades.
A capacidade para se movimentar é um dos elementos essenciais que
garantem ao ser humano estar interagindo com o ambiente (Manoel, 1986).
Adotando-se a abordagem desenvolvimentista assume-se que o ser humano
apresenta mecanismos de condições internas, próprias para sua organização,
em que há complexidade crescente, indo de movimentos reflexos para
movimentos voluntários, de habilidades básicas para habilidades específicas,
de movimentos naturais para movimentos culturalmente determinados
(Pedrinelli & Manoel, 1988).
Pra atender os objetivos que a educação física adaptada pretende
atingir, ou seja, propiciar o desenvolvimento motor e físico do aluno, o
desenvolvimento de padrões fundamentais de movimento, e a aquisição de
habilidades esportivas, é preciso identificar as necessidades e as capacidades
de cada educando, e especialmente compreender o processo de
desenvolvimento que ocorre durante toda vida do ser humano.
Propiciar a participação de todos, focalizar o potencial motor do aluno e
favorecer maior autonomia constituem aspectos relevantes na implantação de
programas de educação física para as crianças portadoras de deficiência física.
Observar e constatar que os alunos que participam de programas de
educação física: (1) demonstram maior interesse em se locomover de maneira
independente, (2) descobrem soluções motoras novas e diversificadas em
diferentes situações, (3) desenvolvem uma atitude positiva em relação à
participação em aulas de Educação Física, (4) passam a responder
prontamente a solicitações e organizam-se mais facilmente quando lhes é
atribuída alguma responsabilidade ou problema a resolver, Tornam evidente a
importância da atividade motora para o desenvolvimento da criança portadora
de deficiência física.

Referencias Bibliográficas
........
Eichstaedt,Carl B.
Developmental/adapted physical education
Macmillan Publishing Company
New York, 1987

Simpósio Paulista de Educação Física Adaptada 88, 90, 92, 94


Professores:
Flávio Fava de Moraes
Myriam Krasilchik
José Geraldo Massucato
Luzimar Teixeira
Edison de Jesus Manoel
Elizabeth de Mattos

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