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Revista Brasileira de Geociências 29(4):603-612, Volume 29, 1999

TRAJETÓRIA PT.HORÁRIA PARA O METAMORFISMO DA SEQUÊNCIA


JUSCELÂNDIA, GOIÁS: CONDIÇÕES DO METAMORFISMO E
IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS

RENATO DE MORAES* & REINHARDT A. FUCK**


ABSTRACT CLOCKWISE P-T PATH IN THE JUSCELÂNDIA SEQUENCE, GOIÁS: METAMORPHIC CONDITIONS AND TECTONIC
IMPLICATIONS The Juscelândia metavolcanosedimentary sequence consists of amphibolite, gneiss, schist and metachert, formed by
metamorphism of basalt, rhyolite, rhyodacite, pelite and chemical sediments. The peak of metamorphism corresponds to the sillimanite zone
of the amphibolite facies. P and T were determined at 600 °C and 5.5 kbar by means of several thermobarometric methods. Textural criteria point
to garnet, staurolite, kyanite and sillimanite as the mineral succession until reaching the metamorphic peak, after which the rocks were exhumed
to conditions of lesser pressure, leading to cordierite crystallization. This mineral succession points to a clockwise P-7path followed by these
rocks during metamorphism, typicai of collisional belts.
keywords: Juscelândia sequence.Goiás; P-Tpath; thermobarometry.
RESUMO A sequência metavulcanossedimentar Juscelândia é formada por anfibolitos, gnaisses, xistos e metacherts, provenientes do
metamorfismo de basalto, riólito, riodacito, rochas sedimentares pelíticas e químicas. O metamorfismo que afetou as rochas da sequência foi
da fácies anfibolito, zona da sillimanita. As condições de P e T do pico do metamorfismo foram determinadas em 600 °C e 5,5 kbar com o
auxílio de vários métodos termobarométricos. Os critérios texturais indicam que granada, estaurolita, cianita e sillimanita cristalizaram nesta
ordem até o pico do metamorfismo, quando as rochas começaram a ser exumadas e, sob condições de pressões mais baixas, ocorreu a crista-
lização da cordierita. Essa sucessão indica que o metamorfismo seguiu uma trajetória P-T horária, típica de cinturões colisionais.
Palavras chave: sequência Juscelândia, Goiás; termobarometria; trajetória P-T.

INTRODUÇÃO A sequência vulcanossedimentar Juscelândia, do magma, enquanto os valores intermediários são interpretados como
juntamente com as sequências Coitezeiro e Palmeirópolis, faz parte de eventos múltiplos de metamorfismo. No Complexo Barro Alto uma
uma faixa metamórfica que recobre tectonicamente as rochas máfico- isócrona Rb-Sr de afloramento de granulito félsico da Serra da
ultramáficas dos complexos Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava, Gameleira forneceu idade de 1266 ± 17 Ma (Fuck et al. 1989), valor
respectivamente (Danni et al. 1982). Desde os trabalhos pioneiros de idêntico à determinação U-Pb em zircão de um granulito semelhante
mapeamento e caracterização da sequência, já havia sido reconhecido com o valor de 1267 ± 9 Ma (Suita et al. 1994). Outras idades U-Pb
que suas rochas foram afetádas por metamorfismo nas condições da em zircão foram determinadas em um gabro pegmatóide, com valor de
fácies anfibolito (Fuck et al. 1981, Danni et al. 1984, Moraes 1992). 1280 ± 13 Ma e para um quartzo metadiorito com 1729 ± 21 Ma (Suita
Com base na geotermobarometria de seus anfibolitos, as condições do et al. 1994). As idades U-Pb obtidas para as rochas do Complexo Bar-
pico do metamorfismo foram calculadas em torno de 520 °C e 5,5 kbar ro Alto indicam que este é formado por duas associações ígneas de
e foi demonstrado que na área de Juscelândia não existe continuidade idades diferentes (Suita 1996), confirmando as observações de campo
das condições do metamorfismo entre as rochas da fácies anfibolito da (Fuck et al. 1981, Danni et al. 1984, Moraes 1997).
sequência com os granulitos sotopostos (Moraes et al. 1994, Moraes As sequências metavulcanossedimentares Juscelândia, Coitezeiro e
& Fuck 1994). Os granulitos apresentam paragêneses formadas a pres- Palmeirópolis formam um cinturão que acompanha toda a extensão
são e temperatura da ordem de 8,0 kbar e 980 °C (Moraes 1997, oeste dos complexos Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava. As se-
Moraes et al. 1994, Moraes & Fuck 1996, 1997, 2000). quências são formadas por rochas metamórficas da fácies anfibolito,
O presente trabalho apresenta dados geotermobarométricos dos oriundas do metamorfismo de uma suite vulcânica bimodal e de rochas
micaxistos da sequência Juscelândia e a trajetória P-T para o sedimentares (Danni et al. 1982). A análise pelo método Rb-Sr de um
metamorfismo, elaborada com base em critérios texturais. gnaisse da sequência Juscelândia forneceu uma idade isocrônica de
1330 ± 65 Ma (Fuck et al. 1989). Uma idade no intervalo de 1170 e
ARCABOUÇO REGIONAL Em conjunto com as sequências 1270 Ma foi obtida pelo método Pb-Pb em galena do depósito de
Coitezeiro (Brod & Jost 1991, 1994) e Palmeirópolis (Araújo 1986, sulfeto maciço da sequência Palmeirópolis (Araújo et al. 1996). A se-
Araújo et al. 1995), a sequência Juscelândia forma uma faixa de rochas melhança entre as idades Pb-Pb e Rb-Sr indica que a formação das
metavulcanossedimentares dispostas, respectivamente, sobre os com- sequências vulcanossedimentares provavelmente ocorreu por volta de
plexos Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava. O conjunto faz parte da 1300 Ma atrás. A análise de zircões de metavulcânicas félsicas da se-
Faixa Brasília que ocupa a porção oriental da Província Tocantins, quência Coitezeiro, ou Indaianópolis, forneceu uma idade no intercep-
entre os crátons do São Francisco e Amazônico. As rochas da região to superior de 1333 ± 56 Ma (Correia et al. 1999) que, embora tenha
em questão (Fig. 1) sofreram o metamorfismo e a deformação do Ci- sido interpretada como idade do metamorfismo, à luz do conjunto de
clo Brasiliano, sendo que sua vergência aponta para o Cráton do São dados isotópicos disponíveis parece representar a idade do
Francisco (Marini et al. 1984). A seguinte compartimentação pode ser magmatismo da sequência. Uma análise pelo método U-Pb em zircão
reconhecida na região (Fuck et al. 1994): foi obtida em biotita gnaisse (metagranitóide) da sequência
Os terrenos arqueanos tipo granito-greenstone representam as ro- Juscelândia, onde um único ponto analítico, levemente discordante,
chas mais antigas da província, podendo ser consideradas como parte forneceu uma idade 207Pb/206Pb de 795 Ma (Sandra Kamo, comunica-
do embasamento da Faixa Brasília. A associação litológica foi afetada ção pessoal), similar às idades do metamorfismo granulítico obtidas
com intensidade diversa pela deformação e o metamorfismo brasiliano. para as rochas dos complexos Barro Alto e Niquelândia.
Os complexos Barro Alto, Niquelândia e Cana Brava são formados A Faixa Brasília delimita a borda oeste do Cráton do São Francis-
por rochas máficas e ultramáficas acamadadas, deformadas e co. As suas rochas foram deformadas e submetidas a metamorfismo
metamorfizadas até a fácies granulito entre 770 e 795 Ma (Ferreira regional do tipo barroviano durante a orogênese Brasiliana. A zona
Filho et al. 1994, Suita et al 1994, Correia et al. 1996, 1997, 1999). mais externa é formada pelos grupos Paranoá (inclusive Formação
A idade de cristalização do magma dos complexos ainda é controversa. Minaçu), Canastra, Vazante e Ibiá que representam coberturas
Dados isotópicos U-Pb indicam que, em Niquelândia, o magma cris- plataformais submetidas a metamorfismo da fácies xisto verde. Na
talizou em tomo de 1560 - 1600 Ma (Ferreira Filho et al. 1994). Aná- parte norte dessa zona expõe-se o embasamento granito-gnáissico
lises de zircões de gabro do Complexo Niquelândia, obtidas com o recoberto, em parte, pela Formação Ticunzal e pelo Grupo Araí e cor-
SHRIMP-II, forneceram idades que variam entre 778 ± 16 Ma e 1991 tado pelos granitos da Província Estanífera de Goiás. As rochas dos
± 49 Ma (Correia et al. 1996,1997). A primeira foi interpretada como grupos Serra da Mesa e Araí são consideradas coberturas dobradas de
idade do metamorfismo granulítico, a segunda como a de cristalização idade paleoproterozóica. O Grupo Arai é representado por um pacote

* Bolsita CNPq - IG - UnB. Instituto de Geociências - Universidade de Brasília, Asa Norte, 70910 - 900 Brasília - DF. email: moraes@unb.br
** Departamento de Geologia Geral e Aplicada. Instituto de Geociências - Universidade de Brasília, Asa Norte, 70910 - 900 Brasília - DF
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1992, Pimentel et al. 1997).


GEOLOGIA DA SEQUÊNCIA JUSCELÂNDIA NA REGIÃO
HOMÔNIMA Apenas uma descrição sucinta da sequência
Juscelândia será feita, pois o mapa geológico e uma descrição mais
detalhada já foram apresentados anteriormente (Fuck et al. 1981,
Moraes 1992, Moraes & Fuck 1994).
Na região de Juscelândia - Ponte Alta, a noroeste de Goianésia,
ocorrem rochas metamórficas derivadas de protólitos sedimentares,
vulcânicos, subvulcânicos e plutônicos. As diferentes unidades
litológicas estão dispostas em faixas ou extensos corpos lenticulares de
direção geral EW (Fig. 2). Da base para o topo estrutural, as seguintes
rochas são reconhecidas na sequência Juscelândia (Moraes 1992,
1997, Moraes & Fuck 1994):
- uma faixa composta por (granada) anfibolito médio a fino, homogê-
neo, com intercalações de metachert. O anfibolito é formado por
hornblenda, plagioclásio, quartzo, titanita, ilmenita, magnetita, sendo
granada um mineral muito comum, mas por vezes ausente. O
metachert é composto essencialmente por quartzo e óxidos, embora
granada possa estar presente. Estas rochas estão assentadas sobre o
anfibolito Cafelândia, rocha da sequência Serra da Malacacheta, per-
tencente ao Complexo Barro Alto (Moraes 1997).
- biotita gnaisse médio com textura que varia de protomilonítica a
milonítica, com faixas centimétricas locais de ultramilonito. A rocha é
constituída por quartzo, plagioclásio, microclínio e biotita, não sendo
rara a presença de muscovita, granada e epídoto. O biotita gnaisse está
sempre associado com anfibolito semelhante ao descrito acima. A sua
homogeneidade mineralógica, textural e sua granulometria média a
grossa, permitem inferir que o biotita gnaisse é derivado de granito (ou
rocha subvulcânica), apesar da deformação intensa. O anfibolito é pro-
veniente do metamorfismo de diques que intrudiram o protólito do
gnaisse, pois apresenta formas tabulares parcialmente preservadas,
além de feições de resfriamento de borda (ver Foto l de Moraes &
Fuck 1994). No topo da unidade as intercalações de xistos pelíticos
tornam-se mais abundantes, definindo um contato transicional para a
próxima unidade.
- sobre o biotita gnaisse ocorre uma faixa de xistos pelíticos, cuja mi-
neralogia é formada por combinações variadas, em natureza e propor-
ção, de quartzo, granada, cianita, estaurolita, biotita, muscovita,
plagioclásio, cordierita, clorita e sillimanita; lentes de anfibolito são
comuns.
- em meio aos xistos ocorre uma faixa de biotita-muscovita gnaisse e
xisto feldspático. A rocha é composta por quartzo, muscovita, biotita,
plagioclásio, microclínio, epídoto, óxidos e raros grãos de clorita e
granada. Nestas rochas são comuns cristais ovalados de quartzo com
golfos de corrosão preservados, o que indica que o seu protólito é pro-
Figura 1 - Mapa geológico esquemático da porção central da Província duto de cristalização rasa, devendo ter sido uma rocha vulcânica ou
Tocantins. A - Arco Magmáüco de Goiás. B - Grupo Paranoá, C - Grupos subvulcânica félsica (Moraes 1992, Moraes & Fuck 1994).
Arai e Serra da Mesa. D - Grupo Araxá. E - Sequências Vulcanossedimentares
(J - sequência Juscelândia, Co - sequência Coitezeiro, P - sequência O topo estrutural da sequência é marcado por uma alternância de
Palmeirópolis). F - Complexos granulíticos máfico-ultramáficos (BA - Com- anfibolito fino e metachert (ocorrem algo mais a norte da área mostra-
plexo Barro Alto, N - Complexo Niquelândia, CB - Complexo Cana Brava). G da na Figura 2)). O anfibolito é formado por hornblenda, plagioclásio,
- Terrenos granito-gnáissicos. H - Terrenos granito-greenstone arqueanos. O quartzo e óxidos, enquanto o metachert é constituído por quartzo e mi-
quadro em preto delimita a área da Figura 2. nerais opacos.
As rochas foram afetadas por uma fase de deformação principal que
gerou uma foliação com direção EW e mergulho entre 50° e 60° para
de rochas metassedimentares depositadas em ambiente continental e N, acompanhada por lineação direcional de estiramento mineral. Do-
marinho raso, com expressivas manifestações de vulcanismo básico e bras intrafoliais com o eixo paralelo à lineação de estiramento são
félsico na base (Marini et al. 1984). As vulcânicas félsicas da base do comuns. A foliação principal é afetada por dois conjuntos de dobras
Grupo Arai e os granitos Soledade e Sucuri foram datados em cerca de abertas e assimétricas. No primeiro, o plano axial tem atitude média
1770 Ma (Pimentel et al. 1991), indicando a época do magmatismo e N20W/70SW com eixo N50W/35, enquanto o segundo apresenta pla-
da sedimentação. A zona interna é formada pelo Grupo Araxá, consti- no axial subvertival com direção EW (Moraes 1992, Moraes & Fuck
tuído por sedimentos turbidíticos (micaxistos) e por uma mélange 1994).
ofiolítica além de rochas metavulcânicas e granitos intrusivos; o
metamorfismo que afetou o grupo varia entre as fácies xisto verde e PETROGRAFIA E RELAÇÕES TEXTURAIS NOS XISTOS
anfibolito; lascas do embasamento são comuns. PELÍTICOS DA SEQUÊNCIA JUSCELÂNDIA Os xistos es-
O Arco Magmático de Goiás é formado por sequências tão dispostos da porção intermediária até o topo da sequência
vulcanossedimentares e gnaisses tonalíticos e granodioríticos que são Juscelândia (Fig. 2). A mineralogia é composta por quartzo,
cortados por numerosas intrusões de gabros, dioritos e granitos. muscovita, biotita e plagioclásio; granada, estaurolita e cianita são
Gnaisses e metavulcânicas possuem assinaturas isotópicas e muito comuns; fibrolita (sillimanita fibrosa) foi observada em três
geoquímicas semelhantes às das rochas formadas em arcos vulcânicos amostras e cordierita em uma. Granada e estaurolita ocorrem em toda
juvenis. As associações foram formadas entre cerca de 930 e 640 Ma a área investigada, sendo mais abundantes do norte de Ponte Alta para
atrás, tendo o pico do metamorfismo sido atingido por volta de 600 - oeste. Cianita é restrita a uma faixa a norte de Juscelândia. Fibrolita é
650 Ma atrás. Os terrenos que formam o Arco Magmático de Goiás de difícil reconhecimento no campo; sua granulometria fina e o esta-
ocupam extensa área do oeste de Goiás e Tocantins (Pimentel & Fuck do avançado de intemperismo dos xistos na maioria dos afloramentos
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Figura 2 - Mapa geológico e metamórfico da sequência Juscelândia. São mostradas as isógradas da entrada da cianiía e da sillimanita e da saída da estaurolita
na sequência Juscelândia. A - cobertura laterítica. Sequência vulcanossedimentar Juscelândia. B - (cianita/sillimanita) estaurolita-granada micaxisto com in-
tercalações de granada anfibolito. C - biotita-muscovita gnaisse e xisto feldspáíico com intercalações de granada anfibolito. D - biotita gnaisse com interca-
lações de anfibolito, xisto e metachert. E - granada anfibolito com metachert. Complexo Barro Alto - Sequência Serra da Malacacheta. F - granada anfibolito
bandada (anfibolito Cafelândia). G - gnaisse granulítico com xenólitos de rochas máficas. Sequência Granulítica Serra de Santa Bárbara. H - sillimanita-
granada quartzito e granada granulitos félsicos e máficos. I - metagabro-norito, granada granulito enderbíco a charno-enderbítico. Notação estrutural. J
- atitude da foliação. K - atitude da lineação de estiramento mineral. L - contato geológico. M -falha. N - isógrada mineral. A localização das amostras com
paragêneses representativas da evolução metamórfica discutida no texto.

impedem a determinação de sua distribuição na área estudada. O mes- A primeira ocorre na matriz, sob a forma de cristais bem formados ou
mo ocorre com a cordierita. intercrescidos com estaurolita. Em outros casos, a cianita contém in-
A petrografia dos xistos pode ser feita com maior detalhe em qua- clusões de estaurolita (Fig. 3b), ou cresceu na sua borda (Fig. 3c).
tro localidades diferentes, representadas pelas amostras RM 75, RM Fibrolita forma agregados de finas agulhas dispostas nas bordas de
219, furo 29 (testemunhos de 43, 47, 128 e 133 m de profundidade) e cristais de granada (Fig. 3a), biotita, estaurolita e cianita. Plagioclásio
RM 106(Fig. 2). está disperso na matriz ou forma mosaicos em conjunto com o quart-
A amostra RM 75 apresenta a maior quantidade de fases minerais, zo. Biotita define a foliação e quase sempre está intercrescida com
mostrando diversas relações de desequilíbrio, as quais são importantes lamelas de clorita. Esta, por sua vez, está presente nas bordas da
na determinação da evolução das reações metamórficas. A rocha é um biotita, ou envolve estaurolita, granada e cianita, com ou sem cordierita
sillimanita/cianita-plagioclásio-estaurolita-granada-biotita xisto com associada. Cordierita, quase sempre em associação com a biotita, en-
cordierita e clorita; muscovita é ausente. Granada ocorre na forma de volve todas as outras fases, com exceção da clorita. Na matriz, engloba
porfiroblastos de 0,2 a 2 cm de diâmetro. Os cristais podem ser cianita, sillimanita, estaurolita e granada (Fig. 3d), ou forma coroas em
límpidos ou conter inclusões abundantes de quartzo, com clorita, torno dos porfiroblastos de granada (Fig. 3e).
biotita e fibrolita subordinadas; clorita concentra-se no núcleo, biotita O furo 29 atravessa boa parte da unidade de xistos da sequência
na borda e fibrolita na porção mais externa dos grãos, aumentando em Juscelândia. Foram coletadas quatro amostras em testemunhos de 43,
quantidade quando a granada está em contato com estaurolita e biotita 47, 128 e 133 m de profundidade. As amostras F29-43, 133 e RM 219
(Fig. 3a). As inclusões não definem qualquer padrão de orientação. são plagioclásio-estaurolita-granada micaxistos, com clorita, turmalina,
Estaurolita é porfiroblástica, com inclusões de quartzo. Dois zircão, magnetita e apatita como acessórios. Granada ocorre como
polimorfos de Al2SiO5 são observados na amostra: cianita e fibrolita. porfiroblastos de 2 a 4 mm, com bordas irregulares. A rocha da amos-
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Figura 3 - (a) Borda de porfiroblasto de granada. Fibrolita ocorre nas bor-


das do porfiroblasto ou como sobrecrescimento sobre os cristais de biotita e
estaurolita. RM 75. Nicóis paralelos, (b) Cristais intercrescidos de estaurolita
e cianita. A cianita contem inclusões de estaurolita, sugerindo que cresceu a
partir do consumo deste mineral. Nas bordas há clorita retrometamórflca. RM
75. Nicóis paralelos, (c) Cristal de estaurolita com as bordas transicionando
para cianita. RM 75. Nicóis paralelos, (d) Coroa de cordierita envolvendo
granada e estaurolita. RM 75. Nicóis paralelos, (e) Coroa de cordierita envol-
vendo porfiroblasto de granada. Parte da cordierita cresce mimeticamente
sobre a biotita. RM 75. Nicóis paralelos. A barra mede 0,1 mm em a, c, 0,3
mm em b, d e I mm em e.

tra RM 219 é composta pela mesma mineralogia, mas a deformação é


mais intensa, com foliação protomilonítica caracterizada pela QUÍMICA MINERAL A composição química dos minerais foi
recristalização do quartzo e das micas. A amostra F29-47 é um cianita- determinada no Laboratório de Microssonda Eletrônica do Instituto de
estaurolita-plagioclásio micaxisto com clorita. A muscovita apresenta Geociências da Universidade de Brasília. A microssonda eletrônica
contorno irregular quando em contato com estaurolita. A amostra F29- usada é uma CAMECA SX 50 e as condições de operação foram 15
128 apresenta domínios essencialmente compostos por biotita, com kV e 25 nA; o tamanho do feixe variou entre 5 e 10 µ. Padrões natu-
porfiroblastos de até 8 mm de granada e estaurolita, alternados com rais foram usados para todos os elementos com a exceção do Zn, para
domínios representados por fíbrolita-plagioclásio-estaurolita-granada o qual foi usada uma esfalerita sintética. Em cada grão de granada,
micaxisto com clorita. Granada possui inclusões de quartzo, clorita e plagioclásio, muscovita, biotita e estaurolita foram feitas análises de
opacos, que definem uma clivagem de crenulação no seu interior. A borda (4 a 10 pontos) e de núcleo (l a 5 pontos), em l a 3 grãos dife-
fibrolita cresceu sobre muscovita, biotita, plagioclásio e estaurolita. rentes. As abreviações usadas a seguir são as propostas por Kretz
Plagioclásio ocorre como grãos dispersos na matriz, por vezes associ- (1983).
ado à fibrolita.
A amostra RM 106 é um fibrolita-plagioclásio-granada micaxisto. Granada - Análises químicas representativas das granadas analisadas
A diferença para as demais amostras é a ausência de estaurolita. A são apresentadas na tabela l. Na amostra RM 75, os cristais de granada
granada forma porfiroblastos tipo snow-ball (Spry 1986) de 3 a 5 mm são levemente zonados, com núcleo de composição Alm67.3-
de diâmetro. A fibrolita cresce sobre muscovita, biotita e plagioclásio. 66Prp]7.8Grs8 Sps6.7-8.2 e borda Alm69.9-69.5 Prp18.7-19.3 Grs6..3 Sps5. Na
O plagioclásio ocorre na matriz em conjunto com quartzo e, por vezes, amostra F29-128, a granada e zonada com o núcleo de composição
associado à fibrolita.
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Tabela 2 - Análises representativas de plagioclásio presente nos metapelitos


Alm77.2-76.9Prp11.1-9 Grs10-8.9 Sps4.2-3.3 e a borda Alm79.9-78 da sequência Juscelândia.
Prp11-10.3 Grs6.9-8.2 Sps2.8-2.3. Os grãos apresentam perfis
composicionais tipo sino comà composição dominada pela molécula
de almandina, cuja concentração aumenta do núcleo para as bordas em
conjunto com a molécula de piropo; valores mais altos de espessartita
e grossulária são observados no núcleo e diminuem gradativãmente
para as bordas. Na porção mais externa dos grãos os valores de
almandina e piropo decrescem, sendo compensados por um aumento
na proporção da espessartita. Esse tipo de perfil composicional é
muito bem marcado em porfïroblastos de 0,8 a l cm de diâmetro,
enquanto nos grãos da matriz o decréscimo de almandina e piropo
nas bordas é pouco desenvolvido. Na amostra RM
106 os grãos de granada apresentam perfis composicionais quase pla-
nos, os núcleos apresentam composição Alm87.5 Prp9.5 Grs2 e as bordas
Alm88.5 Prp8 Grs2.5 . A composição é dominada pela molécula de
almandina, seguida por piropo e grossulária; os valores de Mn não
são significativos.
Plagioclásio - Na tabela 2 são apresentadas análises representativas
do plagioclásio nas amostras dos xistos da sequência Juscelândia. Na
amostra RM 75 os grãos de plagioclásio são fortemente zonados com
núcleo de composição An89-75 e bordas An58-42. Na amostra F29-128,
a zonação química é mais discreta, com núcleo mais rico em cálcio do
que as bordas e a composição variando entre An45e An39. Na amostra
RM 106 a composição do plagioclásio é dominada pela molécula de
albita, com o núcleo mais pobre em Ca, sendo que a composição varia
de Ab85, no núcleo, para Ab79, nas bordas.
Biotita - Análises representativas de biotita presente nos xistos estão
dispostas na tabela 3. Biotita foi analisada em três amostras de xistos
da sequência Juscelândia (RM 75, RM 106 e F29 - 128), nas quais
sempre coexiste com sillimanita (ou cianita) e ilmenita, indicando que Tabela 3 - Análises representativas de biotita dos metapelitos da sequência
as rochas são saturadas em A12O3 e TiO2,. A substituição responsável Juscelândia.
pelas maiores variações composicionais é FeMg-1 gerando bordas
mais ricas em Fe; a substituição Ti-tschermak é responsável pela maior
parte do A1IV, principalmente nas amostras RM 106 e F29 -128. Não
é observada uma relação l: l entre A1VI e AlIV, sendo a concentração do
primeiro maior, havendo um desbalanceamento entre os dois tipos de
Al. Isso mostra que nem todo o A1VI é envolvido com a substituição
tschermak, sendo necessária outra substituição para explicar o exces-
so de Al com coordenação octaédrica. A substituição de 3 cátions 2+
(Fe ou Mg) por dois Al3+ mais uma vacância no sítio octaédrico (subs-
tituição dioctaédrica-trioctaédrica) tem sido sugerida como responsável
para compensar esse desbalanceamento (Foster 1960a, b, Dymek
1983).
Tabela l - Análises representativas da granada presente nos metapelitos da
sequência Juscelândia.
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Estaurolita - Embora a estaurolita apresente composição química
simples, com uma fórmula estrutural baseada em 48 (O, OH, F), a Ky/Sil
compreensão da estrutura da sua rede cristalina, bem como a assinatura
dos sítios cristalográficos, foi alcançada apenas recentemente, após a
determinação das quantidades de H2O, Li2O e Fe2O3. (Holdaway et al,
1986a, b, 1991, Holdaway & Mukhopadyay 1995) e refinamento
cristalográfico (Hawthorne et al, 1993a, b, c). Como as concentrações
de Li2O, H2O e Fe2O3 não foram determinadas na estaurolita dos
xistos da sequência Juscelândia, o cálculo da fórmula estrutural foi
feito através de uma modificação da normalização proposta por
Hawthorne et al. (1993a). A normalização foi feita com base em 46,5
oxigénios (≅ 3 H pfu), mas Li não foi determinado. Mesmo assim, as
proporções atómicas das fórmulas estruturais ficaram dentro dos limi-
tes químicos estabelecidos na literatura (Hawthorne et al. 1993a,
Holdaway et al. 1986b). Análises representativas de estaurolita das
amostras F29-128 e RM 75 são apresentadas na tabela 4.

Tabela 4 - Análises representativas da estaurolita dos xistos da sequência


Juscelândia.

Figura 4 - (a) Diagrama AFM mostrando a compatibilidade entre as


paragêneses B e C. (b) Diagrama AFM mostrando a paragênese D, a qual
não pode ser plotada no mesmo gráfico que as paragêneses B e C, por ser for-
A estaurolita da amostra RM 75 (1,1 íon de Mg pfu) é mais rica em mada em condições de maior temperatura no metamorfismo.
Mg do que a da amostra F29-128 (0,7 íon de Mg pfu), em função do
controle composicional da rocha, que deve ser mais rica em Mg, fato nentes na sua composição estabilizou-a como uma fase adicional, ge-
comprovado pela composição da granada da mesma amostra que apre- rando uma paragênese que não pode ser representada no diagrama
senta os teores mais elevados de piropo dos xistos estudados. AFM. Exemplos semelhantes são encontrados em outros cinturões
metamórficos (McLellan 1985, Giaramita & Day 1991). A estabiliza-
REAÇÕES METAMÓRFICAS E CONDIÇÕES DE T E P DO ção da granada como uma fase adicional mostra que a paragênese A é
METAMORFISMO A partir da caracterização petrográfica, foi compatível com as paragêneses B e C.
possível definir as seguintes paragêneses: A paragênese D (Fig. 4b) é incompatível com as paragêneses B e C,
A) quartzo + muscovita + biotita + granada + estaurolita + sillimanita haja vista a impossibilidade das três serem representadas em um úni-
+ plagioclásio (F29-128 e RM 75, esta sem muscovita). co diagrama AFM. As linhas de conexão sillimanita/cianita -
B) quartzo + muscovita + biotita + estaurolita + cianita + plagioclásio estaurolita e estaurolita - granada devem ser eliminadas para permitir
(F29-47). o traçado da linha de conexão sillimanita - granada, alcançada através
C) quartzo + muscovita + biotita + granada + estaurolita + plagioclásio do consumo total da estaurolita, via reação
(F29-43, 133 e RM 219). muscovita + estaurolita + quartzo =
D) quartzo + muscovita + biotita + granada + sillimanita + plagioclásio biotita + sillimanita + granada + H2O (1)
(RM 106).
Em lâmina delgada cristais de estaurolita transicionam para ou são
A representação gráfica das paragêneses foi feita através de diagra- sobrecrescidos por cianita (Figs. 3b, c) e podem ser envolvidos por
mas AFM, concebidos para um sistema KFMASH (K2O-FeO-MgO- fibrolita (Fig. 3a). As texturas indicam que a reação l teve início no
Al2O3.-SiO2-H2O). Para não violar a regra das rases, apenas campo de estabilidade da cianita e sua etapa terminal (consumo total
paragêneses constituídas por quartzo, muscovita (ou feldspato - K) e da estaurolita) ocorreu no campo da sillimanita. As relações
mais três fases podem ser representadas (Thompson 1957). Na figura petrográficas em conjunto com a topologia dos diagramas AFM permi-
4a estão plotadas as paragêneses B e C, as mais comuns observadas no te inferir a presença de 3 isógradas na região estudada: entrada da
campo. O diagrama demonstra a sua compatibilidade para rochas de cianita, entrada da sillimanita e saída da estaurolita. Entretanto, a es-
composições diferentes. A paragênese A não pode ser plotada no mes- cassez de afloramentos impediu o traçado mais preciso das isógradas
mo diagrama, pois, além de quartzo e muscovita, apresenta mais quatro no campo, sendo admitido que este é aproximadamente paralelo aos
minerais (granada, sillimanita, estaurolita e biotita). Não foram obser- contatos geológicos (Fig. 2).
vados indícios de desequilíbrio na amostra F29-128, o que indica que A estimativa inicial de T e P foi feita com base nas grades
a paragênese é estável. Plagioclásio é comum nas amostras estudadas, petrogenéticas de Spear & Cheney (1989) e Powell & Holland (1990).
o que comprova a participação de mais dois componentes no sistema, Na grade de Spear & Cheney (1989) as isopletas de XAlm traçadas no
Na e Ca, sendo que o último, junto com Mn, está presente na compo- sistema KFMASH são muito úteis, pois permitem a definição de P e T,
sição da granada em pequenas quantidades. A entrada desses compo- desde que a composição da granada seja conhecida. Os xistos da se-
quência Juscelândia contém granada com XAlm entre 0,75 e 0,85. Para
Revista Brasileira de Geociências, Volume 29, 1999 609

essas composições, a quebra da estaurolita se dá entre 620 e 675 °C e Tabela 5 - Temperatura calculada a partir das amostras F29 -128 e RM 106
entre 3 e 6 kbar. Na grade de Powell & Holland (1990, Fig. 5), as con- da sequência Juscelândia.
dições para a reação l ficam delimitadas por 615 - 680 °C e 4 - 6,5
kbar. A concepção das grades e os bancos de dados termodinâmicos
usados foram diferentes. Mesmo assim, os resultados obtidos são simi-
lares.
Para o estudo das paragêneses A e D, foram selecionados dois cam-
pos em cada uma das lâminas das amostras F29-128 e RM 106, onde
pudessem ser vistos grãos dos minerais justapostos. Para os cálculos de
P eT, foram escolhidos pontos analisados próximos à borda dos mine-
rais. As análises muito próximas ao limite dos grãos foram evitadas, Temperaturas calculadas com o THERMOCALC e com 4 calibrações do geotermômetro
principalmente nas porções onde granada estava em contato com granada - biotita. F & S - Ferry & Spear (1978), H & S - Hodges & Spear (1982), G & S -
biotita. A difusão tardia originada pelo resfriamento pode dar lugar a Ganguly & Saxena (1984), P & L - Perchuk & Lavrent'eva (1983). As temperaturas foram
calculadas com a pressão obtida pelo THERMOCALC.
variações significativas na composição dos minerais nessas interfaces Pressões calculadas com o THERMOCALC e com 4 calibrações do geobarômetro GASP. N & H -
e, por isso, devem ser evitadas (Essene 1982, Spear 1989,1991). Newton & Haselton (1981), H & S - Hodges & Spear (1982), G & S - Ganguly & Saxena (1984), K
A quantificação das condições de P e 7 através de cálculos Tabela 6 - Pressão calculada a partir das amostras F29 -128 e RM 106 da
geotermobarométricos foi feita com base em quatro calibrações do sequência Juscelândia.
geotermômetro granada-biotita, (Ferry & Spear 1978, Hodges & Spear
1982, Perchuk & Lavrenfeva 1983, Ganguly & Saxena 1984) e em
quatro calibrações do geobarômetro grossulária-anortita-Al2SiO5-
quartzo, referido como GASP daqui para diante (Newton & Haselton
1981, Hodges & Spear 1982, Ganguly & Saxena 1984, Koziol &
Newton 1988) e no THERMOCALC V 2.3 (Powell & Holland 1988),
com o banco de dados termodinâmicos atualizado em agosto de 1995
(Holland & Powell 1985, 1990, Powell & Holland 1985). Os resulta-
dos de P e T para as amostras F29-128 e RM 106 podem ser vistos nas
tabelas 5 e 6.
Os valores de P e T calculados com o THERMOCALC são simila- & N - Koziol & Newton (1988). As pressões foram calculadas com a temperatura obtida no
res tanto entre os campos quanto entre as amostras. A pressão para a THERMOCALC.
amostra F29-128 no campo l foi calculada em 5,97 ± 0,62 kbar e no
campo 2 em 5,59 ± 0,57 kbar e as respectivas temperaturas em 611 ±
15 °C e 612 ±15 °C. Para a amostra RM 106 a pressão calculada foi na consideração dos valores obtidos para essa amostra com o GASP,
5,19 ± 0,7 kbar e 5,19 ± 0,67 kbar e as temperaturas 602 ± 20 °C e 600 pois o geobarômetro é baseado nas frações molares da anortita no
± 21 °C, respectivamente para os campos l e 2. plagioclásio e da grossulária na granada, as quais são muito baixas nas
O geotermômetro granada-biotita é pouco sensível à pressão; dada fases analisadas (campo l - Grs = 2,5 e An = 15, campo 2 - Grs = 2,5
uma calibração qualquer, as temperaturas variam muito pouco dentro e An = 17).
de um intervalo de 3 a 4 kbar. No entanto, variações de até 60 °C são Quando o GASP é usado com a temperatura de qualquer
observadas entre as diversas calibrações para uma mesma pressão. A geotermômetro, as pressões são normalmente mais baixas entre 0,5 e
variação está próxima do intervalo de erro, de cerca de 50 °C, estimado 3 kbar do que as do THERMOCALC. Só o campo l da amostra F29-
para o geotermômetro (Ferry & Spear 1978). Nas amostras estudadas 128 apresentou pressões comparáveis às fornecidas pelo
da sequência Juscelândia, a temperatura mais baixa é a calculada com THERMOCALC quando a temperatura era proveniente do
a calibração de Ferry & Spear (1978) e a mais alta com a de Perchuk geotermômetro granada - biotita.
& Lavrenfeva (1983). A calibração de Ganguly & Saxena (1984) for- A temperatura calculada pelo THERMOCALC é mais elevada do
nece temperaturas entre 3 e 20 °C mais altas que as de Ferry & Spear que a fornecida por qualquer uma das calibrações do geobarômetro
(1978) e a de Hodges & Spear (1982) entre 10 a 35 °C mais altas. Em granada - biotita. As quatro calibrações usadas fornecem temperaturas
relação ao THERMOCALC, as temperaturas calculadas pela entre 450 e 560 °C, que provavelmente correspondem à temperatura de
calibração de Ferry & Spear apresentam as maiores diferenças e são bloqueio do sistema Fe-Mg para o par granada - biotita e não à tempe-
entre 120 e 80 °C mais baixas, enquanto as temperaturas calculadas ratura do pico do metamorfismo. Nas rochas de fácies anfibolito, as
pela calibração de Perchuk & Lavrenfeva são entre 110 e 50 °C mais temperaturas não são altas o suficiente para promover a
baixas (Tabela 5). homogeneização química dos minerais zonados através da difusão.
Para cada calibração do geobarômetro GASP, o cálculo da pressão Assim, é admitido que o equilíbrio químico só é mantido entre as bor-
foi feito com base nas temperaturas fornecidas pelo THERMOCALC das dos minerais (Spear 1989, 1991). Contudo as bordas são as regi-
e com base nas calibrações de Ferry & Spear (1978), Hodges & Spear ões mais atingidas pela difusão originada pelo resfriamento e,
(1982) e Perchuk & Lavrenfeva (1983). Independente da temperatu- consequentemente, são as porções mais suscetíveis de sofrer
ra utilizada, a calibração de Koziol & Newton (1988) produz as pres- reequilíbrio e mudança de composição (Essene 1982, Spear &
sões mais elevadas e a de Ganguly & Saxena (1984) as mais baixas. Florence 1990, Spear 1991). Nesses casos, o pico do metamorfismo
Em relação à calibração de Koziol & Newton (1988), as pressões cal- raramente é recuperado pelo geotermômetro granada - biotita. A pro-
culadas com o auxílio das calibrações de Newton & Haselton (1981) porção modal granada/biotita nas amostras estudadas não é muito
e de Hodges & Spear (1982) são respectivamente l e 1,5 kbar meno- grande, sendo outro fator que dificulta a recuperação da temperatura
res. As pressões calculadas pelo THERMOCALC são similares em do pico do metamorfismo. A difusão na biotita é muito mais rápida do
todos os campos das lâminas analisadas, o que não ocorre com as que na granada, e, deste modo, em uma rocha com a proporção grana-
calibrações do GASP usadas (Tabela 6). da/biotita muito baixa, ocorre uma mudança relativamente grande na
Quando calculada com a temperatura obtida no THERMOCALC, composição da biotita durante o resfriamento, tornando difícil a recu-
a pressão do GASP na amostra F29-128 produz resultados similares ao peração da temperatura do pico do metamorfismo (Spear 1989,1991,
THERMOCALC no campo 2 (Grs = 9,54 e An = 42). No campo l Spear & Florence 1990, Robinson 1991).
(Grs = 13 e An = 39) as pressões calculadas são entre l e 3 kbar mai- Quando o cálculo de temperatura é feito com o THERMOCALC, o
ores (Tabela 6). A calibração de Newton & Haselton (1981) forneceu efeito da difusão pode ser minimizado. A temperatura é calculada atra-
valor idêntico ao do THERMOCALC no campo 2. vés de um conjunto de reações, não dependendo apenas de alguns
A pressão para a amostra RM 106, calculada com a temperatura do membros finais presentes em dois minerais. Além disso, algumas das
THERMOCALC, é similar à pressão calculada por esse programa nos reações utilizadas envolvem sillimanita, um mineral de propriedades
dois campos estudados. Considerando a barra de erro do GASP (1,5 termodinâmicas bem conhecidas (Hemingway et al. 1991, Holdaway
kbar), a maior semelhança é observada com as calibrações de Newton & Mukhopadyay 1993), que não sofre mudanças de composição com
& Haselton (1981) e a de Hodges & Spear (1982). Mesmo a pressão o resfriamento, tornando, assim, os cálculos mais consistentes.
calculada sendo semelhante nos dois campos, deve-se tomar cuidado
610 Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999

A qualidade da pressão calculada pelo geobarômetro GASP depen- sentes na amostra RM 106 são ricas em Fe (ver tabelas l e 3), o que
de da acuracidade da temperatura determinada. Como o implica em uma composição total da rocha rica em Fe e,
geotermômetro granada-biotita não forneceu bons resultados, a pres- consequentemente, favorável à cristalização de estaurolita. Portanto, a
são calculada a partir dessa temperatura é incorreta. Gom a temperatura mudança de topologia observada entre os diagramas AFM das figuras
obtida através do THERMOCALC, as pressões calculadas são compa- 4a e 4b está relacionada com o consumo total da estaurolita.
tíveis com as do referido programa. No banco de dados em que se Na sequência Juscelândia sillimanita ocorre apenas na sua forma
baseia o THERMOCALC (Holland & Powell 1985, 1988, Powell & fibrosa, ou seja, fibrolita. Há controvérsias em relação aos campos de
Holland 1985,1990) foram usados os dados experimentais de Newton estabilidade das duas formas texturais de sillimanita. Para alguns au-
& Haselton (1981) e Koziol & Newton (1988) para a formulação do tores, elas representam uma mesma fase, enquanto outros defendem
geobarômetro GASP, o que explica a semelhança entre os resultados que existem diferenças nas suas propriedades termodinâmicas, apre-
do THERMOCALC e as duas calibrações referidas. sentando campos de estabilidade diferentes (Salje 1986, Powell &
Considerando os resultados de P e T do THERMOCALC como Holland 1990). Em uma análise dos dados termodinâmicos disponí-
representativos das condições mais altas alcançadas durante o veis, foi demonstrado que o tamanho da cela unitária e o volume molar
metamorfismo dos xistos da sequência Juscelândia, o pico se situa no são idênticos (Kerrick 1990). Nas determinações experimentais da ca-
campo de estabilidade da sillimanita, próximo à curva univariante pacidade de calor, coeficiente de expansão termal e entalpia de forma-
cianita - sillimanita, se adotada a curva de Holdaway & Mukhopadyay ção foram encontrados valores similares para sillimanita e fibrolita
(1993). Os resultados estão em acordo com as observações (Hemingway et al. 1991). Corn base nesses dados, sillimanita e
petrográficas feitas nos xistos. fibrolita vêm sendo tratadas como uma única fase (Holdaway &
Mukhopadyay 1993). Deste modo, não há impedimento ao uso dos
ISÓGRADAS, INTERPRETAÇÃO DAS TEXTURAS E A dados termodinâmicos da sillimanita contidos no THERMOCALC em
TRAJETÓRIA P-T DO METAMORFISMO Estaurolita ocorre cálculos de P e T a partir de rochas contendo fibrolita, como é o caso
ao longo da maior parte da Serra do João Baiano (Fig. 2), com exceção dos xistos da sequência Juscelândia.
do seu sopé sul (RM 106); cianita é distribuída em uma faixa estreita Cordierita foi identificada em uma única amostra (RM 75). As re-
paralela à serra, iniciando o seu aparecimento na encosta norte e tor- lações texturais indicam condição de desequilíbrio e cristalização tar-
nando-se rara na encosta sul da mesma; fibrolita ocorre do topo da dia em relação a granada, estaurolita, cianita e sillimanita (Fig. 3d, e).
serra para sul; granada e biotita ocorrem em toda a sequência. A formação de cordierita em pelitos ocorre sob as condições da
As evidências texturais indicam que cianita e fibrolita foram geradas a fácies granulito, em associação com granada e feldspato potássico, ou
partir da quebra da estaurolita (Fig. 3a, b, c). A distribuição dos mine- em fácies anfibolito de baixa pressão, com biotita + clorita + muscovita
rais no campo e as texturas sugerem que a cristalização da fibrolita foi ou biotita + andaluzita + muscovita, ou sillimanita e feldspato
posterior à da cianita. Com esses dados, foi possível o traçado de três potássico (Turner 1981, Yardley 1989). Embora incomum, cordierita
isógradas representadas pela entrada da cianita, entrada da fibrolita e e granada podem ocorrer em pelitos da fácies anfibolito (Winkler
saída da estaurolita. A exposição escassa de rochas frescas impossibi- 1976). Nas grades petrogenéticas de Spear & Cheney (1989) e Powell
litou a demarcação precisa da distribuição dos minerais índices na re- & Holland (1990) é observado um amplo intervalo de P e T em que
gião enfocada. Em consequência, as isógradas foram tentativamente essa associação é estável; contudo, a sua ocorrência está limitada a
traçadas paralelamente aos contatos das unidades geológicas (Fig. 2). rochas muito ricas em Fe.
Metapelitos com combinações das fases quartzo, muscovita, biotita, As feições de desequilíbrio e as condições de P e T determinadas
granada, estaurolita e Al2SiO5 podem ser relacionadas pela reação (600 °C e 5,5 kbar) mostram que a cordierita da amostra RM 75 não
descontínua (McLellan 1985): foi gerada nas situações previstas pelas hipóteses acima. A sua crista-
muscovita + estaurolita + quartzo = lização deve ter ocorrido durante um evento de soerguimento seguido
de exumação que causou rápida descompressão nas rochas da sequên-
biotita + granada + Al2SiO5 + H2O (l) cia Juscelândia, colocando-as em uma posição crustal mais rasa. Ainda
ou por quatro das reações divariantes contínuas sob temperaturas da fácies anfibolito, porém sob pressões menores,
(Bt) estaurolita + quartzo = granada + Al2SiO5 + H2O (2) houve a cristalização da cordierita, a qual envolve todas as outras fa-
ses. A trajetória P-T sugerida para a amostra RM 75 está mostrada na
(Grt) estaurolita + muscovita + quartzo = figura 5.0 seu traçado esquemático foi feito através de uma linha que
biotita + Al2SiO5 + H2O (3) atravessa as reações geradoras de cordierita após a quebra da
(Al2SiO5) estaurolita + biotita + quartzo =
granada + muscovita + H2O (4)
(St) granada + muscovita = biotita + Al2SiO5 + quartzo (5)
A reação l parece ter sido responsável pelo desenvolvimento da
paragênese formada durante o pico do metamorfismo da sequência
Juscelândia. As reações contínuas 2 e 3 também podem dar origem aos
aluminossilicatos através do consumo de estaurolita e ocorrem em
temperaturas mais baixas que a reação 1. O sobrecrescimento de
cianita nas bordas da estaurolita e o seu envolvimento por uma gran-
de quantidade de fibrolita em associação com granada e biotita mostra
a operação das reações 2 e 3. Quando a estaurolita é consumida por
uma dessas reações, a fibrolita pode ser formada adicionalmente pela
reação 5, explicando o intercrescimento de fibrolita e biotita ou
muscovita.
A ausência da estaurolita na amostra RM 106 poderia ser atribuída
ao fato de que a composição da rocha não seria apropriada. Sob estas
condições de P e T um metapelito magnesiano deve apresentar a
paragênese formada por sillimanita/cianita + biotita + clorita (ver figu-
ra 10-6 de Spear 1993). Nesse caso sillimanita é formada a pressões
bem baixas, menores do que 2,5 kbar, segundo a reação
granada + clorita + muscovita = sillimanita + biotita + H2O (6)
Esta reação emana do ponto invariante granada + biotita + clorita + Figura 5 - Trajetória P-T horária sugerida para o pelito da amostra RM 75
estaurolita + Al2SiO5 + quartzo + muscovita + H2O (Spear et al. da sequência Juscelândia, traçada em grade petrogenética para pelitos no
1995), impedindo que granada e clorita ocorram associadas, ou que sistema KFMASH. A trajetória foi traçada com base nas relações texturais
rochas com esta composição apresentem estaurolita. Entretanto, isto só observadas nas amostras estudadas e não tem valor quantitativo temporal.
ocorre em pelitos ricos em Mg. Tanto a granada quanto a biotita pré- Grade petrogenética modificada da figura 2 b de Powell & Holland (1990).
Revista Brasileira de Geociências, Volume 29,1999 611
estaurolita pela reação l, e, portanto, não tem valor quantitativo tem- contato entre as rochas da sequência Juscelândia e do Complexo Barro
poral, ou seja, não é uma trajetória P-T-t. Alto. No mapeamento geológico realizado pelos alunos de graduação
de Geologia do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília,
IMPLICAÇÕES TECTÔNICAS Com base nas relações na região de Barro Alto, a NNE da região aqui enfocada, a
texturais, foi inferido que até o pico do metamorfïsmo ser atingido na descontinuidade metamórfica não foi reconhecida, visto que lá as ro-
zona da sillimanita, os xistos pelíticos atravessaram as condições dos chas da base da sequência Juscelândia foram afetadas por
campos de estabilidade da granada, estaurolita e cianita. As rochas metamorfismo da fácies granulito (Ferreira Filho et al. 1999). Na re-
foram parcialmente exumadas e, a pressões menores, houve a cristali- gião de Ceres-Rubiataba, a W da região estudada, as rochas da sequên-
zação de cordierita. A sucessão de minerais observada sugere que as cia Juscelândia estão dispostas diretamente sobre os granulitos máfico-
rochas seguiram uma trajetória P-T horária durante o metamorfïsmo. ultramáficos do Complexo Barro Alto, estando ausente o anfibolito
As trajetórias P-T dos cinturões metamórfïcos são muito importan- Cafelândia ou rochas equivalentes, normalmente em posição interme-
tes, pois revelam parte da história tectônica das rochas, por serem um diária entre os dois conjuntos.
reflexo do ambiente tectônico em que o metamorfïsmo ocorreu. Os Na região enfocada, a configuração atual da justaposição entre a
cinturões metamórficos que apresentam trajetórias P-T com sentido sequência Juscelândia e o Complexo Barro Alto se deu provavelmente
horário são, em geral, associados a ambientes colisionais, em que as durante a estruturação final da Faixa Brasília, que ocorreu há cerca de
rochas são submetidas a uma fase de soterramento, uma de aquecimen- 630 Ma, próximo ao auge da orogênese brasiliana (Pimentel & Fuck
to (relaxamento termal) e uma de descompressão, que é consequência 1992). Durante este evento foi originado um hiato metamórfico entre
da exumação. O aquecimento se inicia no final da fase de compressão as rochas da sequência Juscelândia e o anfibolito Cafelândia (Moraes
e termina no início da descompressão. Em cinturões desse tipo o pico et al. 1994, Moraes & Fuck 1994, Moraes 1997). Deste modo, pode-
da pressão precede o da temperatura e as rochas descrevem uma traje- se concluir que o hiato metamórfico foi gerado pela supressão de uma
tória horária no espaço P-T, quando este é representado em diagrama cunha de rochas entre a base da sequência Juscelândia e o topo do
em que P cresce para cima e T para a direita (England & Thompson Complexo Barro Alto, que pode resultar na omissão total do anfibolito
1984, Thompson & England 1984, Spear 1989), Cafelândia. A leste da área estudada parece não ter ocorrido supressão
A configuração da trajetória leva à admissão de que o das rochas, ao contrário do que se observa em direção a oeste, onde ela
metamorfismo que afetou as rochas da sequência Juscelândia deve aumenta gradativamente.
estar associado a um ambiente colisional, possivelmente originado
durante a colisão da Placa São Franciscana a leste e o Maciço de Goiás CONCLUSÕES As rochas da sequência Juscelândia sofreram
a oeste, entre 770 e 790 Ma atrás. metamorfismo sob as condições da fácies anfibolito, zona da
As rochas da fácies anfibolito da sequência Juscelândia estão dis- sillimanita. Os cálculos de P e T realizados com o programa
postas por sobre os granulitos do Complexo Barro Alto, o que gera THERMOCALC indicaram condições em torno de 600 °C e 5,5 kbar
uma configuração interessante para o estudo de uma possível seção para o pico do metamorfismo. Os valores foram obtidos a partir da
metamórfica contínua. Neste caso, a transição da fácies anfibolito para composição dos minerais presentes em xistos pelíticos e são compatí-
a fácies granulito estaria representada, possibilitando a comparação das veis com o campo de estabilidade da sillimanita, em consonância com
suas trajetórias P-T. Entretanto, as condições calculadas para os xistos as paragêneses observadas no campo e nas lâminas delgadas. Já a de-
pelíticos da sequência Juscelândia indicam que o pico do terminação da temperatura com o par granada-biotíta e da pressão com
metamorfïsmo foi atingido em tomo de 600 °C e 5,5 kbar, enquanto o geobarômetro GASP não foi tão acurada.
que as condições de P e T mínimas estimadas para o pico do Uma trajetória PT horária foi estabelecida a partir de relações
metamorfismo do anfibolito Cafelândia, imediatamente sotoposto às texturais observadas nos xistos pelíticos, que indicam terem sido cru-
rochas da sequência Juscelândia, são mais elevadas, com temperaturas zadas as zonas da estaurolita, cianita e sillimanita, onde se deu o auge
calculadas em torno de 750° C e pressões de 8,0 kbar (Moraes et al. do metamorfismo; as rochas foram alçadas para porções mais rasas da
1994, Moraes & Fuck 1994, Moraes 1997). Entretanto, a comparação crosta continental sem que houvesse grande perda de calor, de modo
das paragêneses presentes no anfibolito Cafelândia e dados experimen- que seu resfriamento começou a partir da zona da cordierita.
tais indicam que as condições mínimas do pico do metamorfismo fo-
ram em torno de 880 °C, se admitida o valor de 8 kbar para a pressão Agradecimentos O presente trabalho foi desenvolvido sob os
(Moraes & Fuck 1998). A diferença encontrada indica haver um hia- auspícios do CNPq (Processo 50.0499/91 e 53.0299/93-3). RM agra-
to metamórfico de pelo menos 2 kbar entre as rochas da sequência dece CAPES, CNPq e Universidade Católica de Brasília pela conces-
Juscelândia e os granulitos sotopostos, como havia sido proposto an- são de bolsa de estudos em diferentes etapas do curso de doutorado. As
teriormente (Moraes et al. 1994, Moraes & Fuck 1994, Moraes 1997). sugestões de dois revisores anónimos da RBG contribuíram para a
Contudo, o hiato metamórfico não é observado ao longo de todo o melhoria do manuscrito.
Referências
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