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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA DOMINGOS PAULO

UNIVERSIDADE LUSÍADAS DE ANGOLA


FACULDADE DE ECONOMIA

LICENCIATURA EM GESTÃO DE
EMPRESAS

Domingos Paulo
domingosminho@hotmail.com
Tel. (+244) 916900615
UC: INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL
DUALIDADE DE PROGRAÇÃO LINEAR

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Dualidade em Otimização Linear

A cada problema de programação linear:


max Z  cx
s.a
(P)
Ax  b
x0
Podemos associar um outro problema, chamado problema dual, na forma:
min D  b
s.a
. (D)
A  c
 0
O problema original é chamado de problema primal.
Existem várias relações entrestes dois problemas. Podemos observar que:

i) O sentido de otimização no par Primal/Dual é contrário. Neste exemplo, o sentido no problema


(P) é max, enquanto que o sentido de otimização no problema (D) é min;

ii) A matriz de restrições do problema Dual é a transposta da matriz de restrições do problema


Primal. Portanto, o número de variáveis do problema dual é igual ao número de restrições do
problema primal e vice-versa;

iii) O termos do lado direito nas inequações do Primal (vetor b ) são os coeficientes da função
objetivo do problema Dual. E os coeficientes da função objetivo do problema Primal (vetor c )
formam os termos do lado direito das restrições do problema Dual;

iv) As restrições do Primal são do tipo “  ” e as do Dual são “  ”;

v) Sinal das variáveis do problema Primal e Dual é: “  0 ”;

Exemplo: Considere o problema:

max Z  10 x1  7 x 2  15 x3
s.a
5 x1  4 x 2  x3  80 (1)
2 x1  3 x 2  5 x3  30
x1 , x 2 , x3  0

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Como construir o problema Dual?

i) sentido de otimização: min

ii) número de variáveis: 2 e número de restrições : 3

iii) coeficientes da função objetivo: 80 e 30

iv) sinal das restrições : “  ”

v) sinal das variáveis : “  0 ”

O problema Dual é então:

min D  80 1  30 2


s.a
5 1  2 2  10
(2)
4 1  3 2  7
 1  5 2  15
 1 , 2  0

Qual a relação entre os problemas (1) e (2)? Como interpretar o problema Dual (2)?

Vamos supor que o problema primal esteja associado ao problema do planejamento da


produção de três tipos de molhos a partir de dois ingredientes : Ketchup e Mostarda1. Estes dois
ingredientes são misturados na proporção 5:2, 4:3 e 1:5 para gerarem os molhos 1, 2 e 3. O objetivo
é maximizar os lucros associados com a venda dos três tipos de molhos.

E o problema Dual?

Vamos supor que um concorrente esteja interessado em comprar as matérias primas Ketchup
e mostarda. Qual seria o preço justo a ser cobrado? Isto é: qual é o custo interno destes
ingredientes?

Sejam as variáveis duais  1 ,  2 o preço a ser cobrado por cada um dos ingredientes
respectivamente. A primeira restrição do problema Dual indica que a receita proveniente da venda
de 5 unidades de ketchup e 2 unidades de mostarda ( de acordo com a fórmula para produzir o
molho 1) tem que ser maior ou igual ao lucro obtido com a venda do molho 1. De forma similar
podemos interpretar as demais restrições do problema dual. Ou seja, as restrições do problema dual

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indicam que a receita obtida com venda da matéria prima, em quantidades correspondentes as
proporções necessárias para a produção de uma unidade do molho 1 ( x1 ), deve ser maior ou igual
ao lucro obtido com a produção de x1 .

É claro que a idéia é cobrar o menor preço possível para que o concorrente continue interessado na
compra da matéria prima. Portanto queremos min o preço total a ser cobrado com a venda da
materia prima disponível: 80 unidades de ketchup e 30 de mostarda.

Será que as soluções destes dois problemas também estão relacionadas?

Exercício: Resolver os problemas (1) e (2) pelo método simplex revisado e comparar as soluções
obtidas.

Construção do Problema Dual

Considere o problema:

max Z  cx
s.a
Ax  b
x0

qual é o seu dual?

Antes de discutirmos o caso geral, vamos escrever o dual de um caso particular:

max Z  2 x1  3x 2  x3
s.a
3x1  x 2  x3  6
x1  2 x 2  5 x3  4
x1 , x 2 , x3  0

vamos substituir as retrições de igualdade “  ” por 2 restrições de desigualdade “  ” e “  ”:

max Z  2 x1  3 x 2  x3
s.a
3 x1  x 2  x3  6
3 x1  x 2  x3  6
x1  2 x 2  5 x3  4
x1  2 x 2  5 x3  4
x1 , x 2 , x3  0

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transformando as restrições do tipo “  ” em “  ” , temos:

max Z  2 x1  3 x 2  x3
s.a
3 x1  x 2  x3  6
 3 x1  x 2  x3  6 (3)
x1  2 x 2  5 x3  4
 x1  2 x 2  5 x3  4
x1 , x 2 , x3  0

agora nos temos condições de escrever o dual do problema (3):

i) sentido de otimização: min

ii) número de variáveis: 4 e número de restrições : 3

iii) coeficientes da função objetivo: 6, -6, 4, -4

iv) sinal das restrições : “  ”

v) sinal das variáveis : “  0 ”

O problema Dual é então:

max Z  6 1  6 1  4 2  4 2


s..a

(4)

 1 , 2 , 3 , 4  0

Se fizermos:  1   1   1 e  2   2   2 , o problema (4) pode ser reescrito como:

Ou seja, de uma maneira geral temos o seguinte par primal/dual:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
(P) (D)
Ax  b A  c
x0  livre

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Propriedades

Vamos ver a seguir que o conceito de dualidade é relativo. Qualquer um dos problemas em um par
primal/dual pode ser considerado primal e vice-versa.

Lema 1 - O dual do problema dual é igual ao problema primal.

Prova: Considere o par primal/dual:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
(P) (D)
Ax  b A  c
x0  0

Vamos construir o dual do problema (D). Até agora so conhecemos a forma dual de problemas
escretos no formto do problema (P) acima. Portanto vamos transformar o problema (D) para aquele
formato. Basta multiplicar a função objetivo e as restrições por (-1), par ober:

max  D  b
s.a
(D’)
 A  c
 0

o dual do problema (D’) é:

min P   yc
s.a
(P’)
 yA  b
y0

fazendo y  x e multiplicando a função objetivo e as restrições por (-1), o problema (P’) pode ser
reescrito como

max P  cx
s.a
Ax  b
x0

que é o problema (P).

Exemplo:

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max Z  2 x1  2 x 2  x3
s.a
x1  x 2  x3  10
3 x1  2 x 2  2 x3  20
x1  x 2  x3  25
x1 , x 2 , x3  0

Escrevendo o problema no formato (P) temos:

max Z  2 x1  2 x 2  x3
s.a
 x1  x 2  x3  10
(P’)
 x1  2 x 2  2 x3  20
 x1  x 2  x3  25
x1 , x 2 , x3  0

o dual de (P’) é:

min D  10 1  20 2  25 3


s.a
 1   2   3  2
(5)
  1  2 2   3  2
  1  2 2   3  1
 1 , 2 , 3  0

se fizermos uma mudança de variáveis: vi   i , o problema (5) se torna:

min D  10v1  20v 2  25v3


s.a
v1  v 2  v3  2
v1  2v 2  v3  2
v1  2v 2  v3  1
v1 , v 2 , v3  0

de uma maneira geral. podemos então dizer que o dual de um problema no formato:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
é: .
Ax  b A  c
x0  0

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Conhecidas estas formas de dualidade, e usando o Lema 1, podemos montar o seguinte diagrama:

Regras de Correspondências entre os Problemas Primal e Dual

Max min

Restrição    Variável

  

=  livre

Variável    Restrição

  ?(completar)

Livre  ?(completar)

Relações entre os problemas Pimal/Dual

Vamos apresentar agora algumas propriedades que explicitam as relações entre o par de problemas
Primal/Dual.

Teorema Fraco da Dualidade - Considere o par Primal/Dual:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
(P) (D)
Ax  b A  c
x0  0

Se x e  são soluções factíveis para os problemas Primal/Dual respectivamente, então:

Z D.

Prova: Vamos reescrever o par Primal/dual

Exemplo: Considere as seguintes soluções factíveis para os problemas (1) e (2) abaixo:

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min D  80 1  30 2


max Z  10 x1  7 x 2  15 x3
s.a
s.a
5 1  2 2  10
5 x1  4 x 2  x3  80 (1) (2)
4 1  3 2  7
2 x1  3 x 2  5 x3  30
 1  5 2  15
x1 , x 2 , x3  0
 1 , 2  0

a) ( x1 , x2 , x3 )  (0,0,6) , Z= 90 e ( 1 ,  2 )  (0.87,2.83) , D = 154.35

e temos Z  D .Esta informação nos diz que o valor ótimo destes problemas esta dentro do
intervalo: [90,154.35].

b) ( x1 , x2 , x3 )  (15,0,0) , Z= 150 e ( 1 ,  2 )  (0,5) , D = 150

Corolário I - Considere o par Primal/Dual:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
(P) (D)
Ax  b A  c
x0  0

Se x * e  * são soluções factíveis para os problemas Primal/Dual respectivamente, e cx*   *b .

então x * e  * são as soluções ótimas para os respectivos problemas.

Mas os dois problemas sempre terão soluções ótimas?

1) O que acontece com a solução do problema dual se o problema primal é ilimitado?

O dual é infactível.

Ex.

2) Os dois problemas podem ser infactíveis?

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max Z  x1  x 2 min D   1   2
s.a s.a
x1  x 2  1 (1) 1   2 1 (2)
 x1  x 2  1  1   2 1
x1 , x 2  0  1 , 2  0

sim.

Teorema Fundamental Da Dualidade - Considere um par Primal/Dual de problemas de


programação Linear. Então uma e apenas uma das seguintes situações ocorrerá:

1) Se o problema primal possui solução ótima, x * , então o problema dual possui solução otima  *
e além disso: Z= c Z *  c t x *  b t  *  D * .

2) Se um dos problemas é ilimitado, então o outro é infactível.

3) Os dois problemas são infactíveis.

O resultado deste teorema pode ser resumido no seguinte diagrama:

Dual

factível infactível

Primal factível max Z  min D Z 

infactível D   pode ocorrer

Teorama das Folgas Complementares - Considere o par Primal/Dual:

max Z  cx min D  b
s.a s.a
(P) (D)
Ax  b A  c
x0  0

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Seja x * e  * são soluções factíveis para os problemas Primal/Dual respectivamente. Então


x * e  * são soluções ótimas se e somente se :

b i 
 A i x *  i*  0, i  1,...,m e c j 
  * A j x *j  0, j  1,...,n

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