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1.1. Objectivos............................................................................................................................2
1.2. Metodologia.........................................................................................................................3
2. Marco Teórico.............................................................................................................................5
2.3.2. Patentes.........................................................................................................................9
2.4.4. Protecção jurídica sobre figuras, músicas, vídeos, textos e outras obras autorais ..........
software..................................................................................................................................18
3. Conclusões e Recomendações..................................................................................................20
4. Referências Bibliográficas.........................................................................................................21
Índice de Tabelas
Tabela 1: Objectivos a Curto e Médio Prazos e Indicadores de Desempenho .............................
12
Lista de Abreviaturas
GPL General Public License
PC Personal Computer
1
1.1.1 Objectivo Geral
2
1.2. Metodologia
A abordagem usada foi a qualitativa visto que a pesquisa não se preocupa com a
representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de alguns tópicos
referentes aos Sistemas Distribuídos particularmente os Paradigmas de Sistemas Distribuídos e
Sistemas Paralelos.
O método de estudo aplicado foi a pesquisa bibliográfica que abrangeu a leitura, análise e
interpretação de livros e artigos.
- Pesquisa bibliográfica: consistiu na consulta de variadas fontes escritas com temas abordados
no trabalho.
- Pesquisa electrónica: consistiu na consulta de variadas páginas de web sites e artigos credíveis
com tema abordado no trabalho.
Análise de conteúdo: pela qual interpretou-se o conteúdo dos textos, procurando entender o que
os diferentes autores pretendem transmitir.
Para melhor desenvolvimento do trabalho foram feitas reuniões em grupo usando plataformas
online; discussões em grupo e divisão de tarefas, o que dinamizou o progresso do mesmo e
contribuiu na compreensão das informações colhidas.
As informações da pesquisa possuem uma validade científica, visto que são baseadas em
informações colhidas na pesquisa bibliográfica, ou seja, tem o suporte de autores credíveis. As
informações apresentadas são consideradas fiáveis visto que são resultado de uma pesquisa
bibliográfica e acordam com os dados colhidos em diferentes literaturas.
3
1.3. Estrutura do Trabalho
4
2. Marco Teórico
2.1. História da Protecção Jurídica do Software
Até a década de 70, pouco era a utilidade de uma protecção específica para o programa de
computador. Constituindo-se a parte lógica dos computadores, os programas até aquela década
estavam intrinsecamente vinculados às máquinas que compunham. Eles continham as instruções,
sob a forma de código, para fazer com que as máquinas desempenhassem as funções para as
quais elas haviam sido fabricadas. Assim como actualmente existem programas de computador
específicos para fazer funcionar equipamentos determinados, tais como as partes
computadorizadas de um carro, uma impressora, um avião ou um telefone móvel celular, os
programas de computador naquela época, eram os softwares desenvolvidos especialmente para
as máquinas em que se encontravam e não para equipamentos similares em geral. Na prática, os
computadores tinham um preço de aquisição inacessível à população em geral, existiam apenas
nas grandes corporações e, via de consequência, tinham seu mercado consumidor severamente
restrito.
Sua protecção, assim, em um momento inicial, estava vinculada às máquinas para as quais
haviam sido desenvolvidos. O direito da propriedade industrial, sob a forma da concessão de
patentes, era a via ordinária para a protecção das invenções e melhoramentos da indústria. Por
não representar um valor económico relevante em si, não era preocupação dos países em geral
que houvesse uma protecção específica para os programas.
Entre o final da década de 70 e início da década de 80, duas grandes corporações da indústria de
tecnologia, Apple e IBM, desenvolveram um computador com a finalidade de que fosse utilizado
pelo público em geral, chamado de computador pessoal. Seu preço era bem mais acessível e,
para que fosse possível sua utilização massificada, era importante que os programas
desenvolvidos pudessem ser instalados e utilizados em qualquer PC (Personal Computer).
Diante do fenómeno dos computadores pessoais, um novo mercado consumidor havia sido
criado: o de pessoas comuns, indivíduos e empresas de menor porte, que, para que seus
computadores desempenhassem novas funcionalidades, como o processamento de textos e
organização de dados em planilhas, precisariam obter novos programas, daí surge a necessidade
de um estudo sobre a criação de patentes nos programas de computador.
5
O Reino Unido e os Estados Unidos, países cujas empresas despontaram à frente no
desenvolvimento de programas de computador, na defesa dos interesses dessas corporações,
clamaram que houvesse protecção legal dos softwares nos diversos países do mundo.
Segundo Ascensão (1985) “o argumento levantado à época era o de que a inexistência de uma
tutela jurídica para os programas de computador já representava perdas expressivas no
facturamento das organizações empresariais em si, que, diante daquele cenário, vir-se-iam
desestimuladas ao seu desenvolvimento e comercialização.”
Em 1980, os Estados Unidos foram o primeiro país a modificar sua lei de direitos autorais para
expressamente a contemplar a protecção ao programa de computador, pela então Lei de
Copyright de Programas de Computador de 1980 (US Computer Software Copyright Act 1980).
A protecção então conferida aos softwares estava sob o regime geral do copyright norte
americano, que se assemelha ao regime conhecido pelos países civilistas, de tradição jurídica
romana, como direito de autor, já que ambos se destinam à protecção de obras literárias,
artísticas e científicas, tais como textos, figuras, obras de artes plásticas e produções científicas.
Para que esse código faça o computador desempenhar suas funções é preciso que ele seja
traduzido. A depender da linguagem em que o software tiver sido desenvolvido, esta tradução
poderá ocorrer por meio de interpretação ou compilação. Por exemplo, as páginas web são
desenvolvidas em linguagens como a JavaScript e, em certo ponto, podem ser consideradas
como programas de computador, mas são interpretadas pelo navegador de internet do
computador que a está usando, no momento do acesso, de forma instantânea.
Os programas aplicativos como o MS Word passam por um processo de compilação, isto é, eles
são desenvolvidos e, antes de serem passados aos usuários finais, são compilados por um
programa específico chamado compilador e transformado em um arquivo final, fechado, cujo
novo código, ininteligível para o homem por estar em linguagem de máquina, é chamado de
código objecto. O processo de compilação pode ser comparado ao da elaboração de um bloco: o
Pedreiro (programador) mistura os componentes necessários (códigos) e, para que esteja pronto
6
(seja traduzido para o computador), é preciso que passe pela forma (compilador). Ao final, o
bloco (software) estará pronto para o uso do comprador final (usuário do software). Uma vez
compilado, não é possível que alguém chegue ao código-fonte original, excepto por processos de
engenharia reversa, cuja legalidade é extremamente questionável.
Os direitos autorais visam garantir, aos autores de obras originais, a protecção contra a
duplicação dos seus trabalhos. O mesmo concede o direito exclusivo do criador de uma obra
literária, artística ou científica de dispor, fruir e utilizar em exclusivo ou autorizar a sua fruição,
no todo ou em parte. Segundo o artigo 6 da lei no 4/2001, o direito de autor abrange direitos de
carácter patrimonial e direitos de natureza pessoal, denominados direitos não patrimoniais.
2.3.1.1. Direito patrimonial
É a designação de carácter genérico dada a toda a sorte de direito que assegure o prazo ou fruição
de um bem patrimonial, ou seja, uma riqueza ou qualquer bem, apreciável monetariamente1.
1 https://www.bn.gov.br/es/node/253
7
Segundo o artigo 7 da lei no 4/2001 o autor de uma obra tem o direito exclusivo de autorizar os
seguintes actos:
a) Reproduzir a sua obra;
b) Traduzir a sua obra;
c) Preparar adaptações, arranjos ou outras transformações da sua obra;
d) Dispor de exemplares da sua obra para venda ao público, para praticar qualquer outro
modo de transferência de propriedade, para locação, bem como para empréstimo ao
público;
e) Representar ou executar a sua obra em público;
f) Importar ou exportar exemplares da sua obra;
g) Comunicar a sua obra ao público por radiofusão por cabo ou por qualquer outro meio.
Mencionar que os direitos de locação e empréstimo ao público, previstos na alínea d),
não são aplicáveis aos programas de computador, se o programa em si não for o objecto
essencial da locação.
a) Reivindicar a paternidade da sua obra, em particular o direito de fazer com que a menção
do seu nome esteja nos exemplares da sua obra, na medida do possível e da maneira
habitual, e em relação a toda a utilização pública da sua obra;
b) Ficar anónimo ou utilizar em pseudónimo;
c) Opor-se a toda a deformação, mutilação ou outra modificação da sua obra, ou qualquer
atentado à mesma, que seja prejudicial à sua honra, reputação, genuinidade e integridade.
2.3.2 Patentes
Uma patente é um direito exclusivo que se obtém sobre invenções. Neste contexto, importa
explicar que uma invenção é uma solução técnica para resolver um problema técnico específico 3.
De acordo com lei de código de propriedade industrial moçambicana artigo 66 tem a duração de
20 anos. No final deste período de exclusividade, a invenção estará disponível para uso por
qualquer entidade sem prejuízos.
2 https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=5485
3 https://justica.gov.pt/Registos/Propriedade-Industrial/Patente/O-que-e-uma-patente
8
Existem três requisitos para patenteamento previstos no artigo 24:
Diferentemente de outros países tais como Estados Unidos, Brasil, Inglaterra em Moçambique
não há uma lei específica sob o direito que dá tratamento privilegiado aos programas de
computador, mas é importante reforçar que existem instrumentos legais que ajudam a ter uma
ideia de como é que os programas de computador são protegidos por lei.
2. Nenhum exemplar e nenhuma adaptação pode ser realizados para quaisquer outros fins do que
os previstos no número precedente, e qualquer exemplar ou qualquer adaptação podem ser
destruídos no caso em que a posse prolongada do exemplar do programa de computador deixe
de ser pacífica. [Boletim da República série número 8, 2º Suplemento, artigo 16]
O artigo citado acima mostra o tratamento que é dado em Moçambique em casos de produção de
um exemplar de um programa de computador ou adaptação, com isto, podemos observar
algumas particularidades interessantes neste artigo:
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Analisado o plano quinquenal do governo 2015-2019 (PQG) verificou-se que o governo
apresenta objectivos que pretende alcançar no ramo da informática, mas nenhum deles está claro
quanto a criação de uma lei para gerir os programas de computador.
o Criar uma rede electrónica do Governo que concorra para aumentar a eficácia e eficiência
das instituições do Estado que contribua para a redução dos custos operacionais e
melhoria da qualidade de serviços prestados ao público;
o Criar novas oportunidades de negócios através do uso das ICTs; e o Criar conteúdos e
aplicações apropriadas que reflictam a realidade cultural nacional e as aspirações das
populações.
A mesma fonte especifica os objectivos a curto, médio e longo prazo na seguinte tabela:
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2 Desenvolver a a) Social Capacidade a) Quantidade, nível e qualidade
capacidade dos recursos a) Económico Humana de pessoas treinadas em ICTs
humanos das ICTs
(utentes, formadores, técnicos e
profissionais b) Quantidade e tipo
de cursos certificados
d) Número de graduados empregados
localmente
O número 1 nos objectivos, quanto a área do programa diz que é dedicado as políticas e
regulamentação, mas ao ser analisado a fundo este ponto, não presenta a parte da elaboração de
leis especificas para a protecção dos programas de computador. A criação de um instrumento
legal dedicado a protecção dos programas de computador pode seguir o modelo que alguns
países já implementaram na elaboração das leis dirigidas aos programas de computador, por
exemplo, Brasil dispõe da Lei do Software que segue o seguinte modelo:
Protecção do código-fonte;
Protecção do código-objecto;
Protecção jurídica sobre os elementos funcionais gráficos;
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Protecção jurídica sobre figuras, músicas, vídeos, textos e outras obras autorais existentes
em programas de computador;
Protecção jurídica sobre logótipos utilizados em um software;
Protecção jurídica sobre bancos de dados e outros elementos gerados por um software;
Protecção do software: a questão do registro.
A lei brasileira protege o código-fonte4 dos programas de computador. São consideradas obras
literárias: escritos, contos, novelas, entre outros, que basicamente são formadas pela disposição
única de palavras empregadas pelo autor dentro da língua em que o escreveu. O mesmo que se
aplica às obras literárias em geral se aplica ao código-fonte: são escritos feitos pelos
programadores. Assim como ocorre nos livros, por mais que dois programadores distintos
pretendam implementar a mesma funcionalidade em um software, é praticamente impossível que
escrevam os códigos-fontes de maneira exatamente igual sem que um tenha tido acesso ao
código do outro, de maneira que o resultado final leva o toque personalizado de cada um de seus
respectivos autores. Mas com a evolução certas funcionalidades o desenvolvimento de softwares
segue determinados comandos pré-modelados, de tal forma que os programadores já não
precisam escrever necessariamente todos códigos, como acontecia antigamente nas linguagens
de baixo nível.
Nesta ordem de ideia para que uma obra autoral, como o programa de computador, tenha
protecção jurídica, segundo Ascensão (1963) “é necessário que obedeça ao requisito da
originalidade.” Evidentemente os códigos que são padrões, pois gerados automaticamente a
partir de um “click” no programa que permite seu desenvolvimento, não atendem ao requisito da
originalidade. Contudo, é importante advertir que isso constitui apenas partes isoladas do
códigofonte, de forma que este pode ser considerado sob dois aspectos: o código-fonte
considerado em sua totalidade, que, via de regra, recebe protecção jurídica, por tratar-se de obra
original; e partes do código-fonte consideradas estratégicas e diferenciadoras dos demais
programas de funcionalidade similar, que o tornam único e original, as quais também podem
receber protecção. Desta forma, o facto de uma ou algumas partes do código-fonte de um
software ser padrão, não afecta em nada a originalidade do código como um todo, cuja
organização e desenvolvimento dos demais elementos se dê de forma individualizada e, portanto,
original.
4 É o código, tal como foi desenvolvido pelo programador, sem qualquer processo de compilação
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Com isso pode se dizer que o código-fonte, que é escrito por um ou mais programadores, está
protegido pela lei brasileira, desde que atenda ao requisito da originalidade, típico das obras
protegidas pelo direito de autor. Sua cópia ou utilização, por qualquer terceiro, total ou parcial,
sem autorização do titular dos direitos patrimoniais, constitui infracção aos direitos de
propriedade intelectual do proprietário, tanto no âmbito civil, que ensejaria indemnizações por
danos patrimoniais sofridos, bem como no âmbito criminal, nos termos do artigo 12 da Lei do
Software (Lei brasileira). Não ocorrerá infracção quando se trata de softwares livres. Isso quer
dizer que o proprietário do software, no uso dos seus direitos patrimoniais sobre sua obra,
resolveu disponibilizar o código-fonte do seu programa de computador para a sociedade em
geral, o que normalmente é feito sob os termos de uma licença pública geral por ele
determinada5.
Por outro lado, caso distinto ocorre quando um terceiro, com o fim de comercializar uma
“solução completa”, modifica o código de um programa de computador livre para adaptá-lo a
uma realidade comercial específica e, junto a ele, integra outros programas de computador ou,
como normalmente chamam na indústria da tecnologia da informação, “módulos”, que por sua
vez são individualizáveis, possuem código-fonte separado e foram desenvolvidos pelo terceiro
sem a utilização directa de qualquer parte do código do programa com o qual está sendo
integrado. Neste caso, o software livre que sofreu modificações seguirá as regras acima
esposadas, mas os demais programas ou módulos, não. Ou seja, os novos programas ou módulos
que se integram ao software original, ainda que sua utilização se dê necessariamente em
conjunto, são obras autorais distintas, cuja titularidade é daquele que os criou, não do
proprietário do programa original, o qual não detém quaisquer direitos sobre eles.
5 Existem diversos tipos de licenças públicas gerais (ou GPL, do inglês General Public License) diferentes, com versões também
diferentes entre si, que foram desenvolvidas para finalidades distintas, cada uma com um texto padrão, que é escolhida pelo
proprietário do software no momento em que resolve “abri-lo” à sociedade.
6 Pela lei brasileira, o desenvolvimento de software contratado por terceiros enseja a titularidade todos os direitos de exploração
económica sobre o software para o contratante, incluindo os direitos de qualquer uso, fruição económica e transferência de
direitos, de modo que o desenvolvedor não pode utilizá-los, de qualquer forma, no futuro desenvolvimento para terceiros, salvo
se houver estipulação contratual expressamente em contrário. Lei nº 9.609/98 (Lei do Software), art. 4º.
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Esta proteção que o governo brasileiro adoptou para a protecção do código-fonte foi inspirada
em modelos que outros países já haviam implementado, é por isso que é dado como uma
proposta para o governo moçambicano.
O código-objeto trata-se do software cujo código-fonte foi compilado, pronto para utilização no
computador sem que haja necessidade de interpretação por outro programa. Esta protecção
deriva do fato da lei brasileira expressamente estabelecer que é protegida a expressão de um
conjunto organizado de instruções, em linguagem natural (que entendemos como “código fonte”)
ou codificada (que entendemos como “código-objeto”), que pode estar expresso em suporte
físico de qualquer natureza, e que funcione em máquinas automáticas de tratamento da
informação e dispositivos electrónicos análogos. Este foi o intuito da actual Lei do Software do
Brasil, que substituiu a anterior, e assim é como se deve entender o seu art. 1º. Desta forma,
encontra-se protegido pela Lei n. 9.609/98 o código-objeto dos programas de computador,
incluindo daqueles que estejam gravados em dispositivos específicos com memórias que não
permitem sua alteração e são exclusivamente de leitura. Assim se encontram os softwares
presentes nos chips internos de quaisquer dispositivos electrónicos, como monitores, placas-mãe
de computadores, impressoras, mouses, scanners, relógios digitais, computadores de bordo de
automóveis, satélites e qualquer outro aparelho que contenha um código computacional.
Ainda que os equipamentos, nos quais estes softwares estejam gravados, sejam protegidos por
outras categorias específicas de tutela jurídica, tais como patentes de modelo de utilidade ou
invenção, ou ainda como semicondutores, os programas de computadores neles contidos gozarão
de protecção própria pela Lei do Software, desde que atendam ao requisito da originalidade
requerido pela lei.
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software estabelece que o regime de protecção à propriedade intelectual de programa de
computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos
vigentes no País, observado o disposto nesta lei.
A lei brasileira expressamente estabelece que não constitui ofensa aos direitos do titular de
programa de computador, dentre outras hipóteses, a ocorrência de semelhança de um programa a
outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação.
Além disso, a Lei de Direitos de Autor brasileira, aplicável subsidiariamente aos programas de
computador, prescreve que não poderão ser protegidos pelos direitos autorais as ideias,
procedimentos normativos, sistemas, métodos, projectos ou conceitos matemáticos como tais; os
esquemas, planos ou regras para realizar actos mentais, jogos ou negócios; e o aproveitamento
industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.
No actual estágio da legislação brasileira, que confere tutela específica aos softwares na Lei
9.609/98, não há margem para conferirmos protecção jurídica contra a reprodução por terceiros
aos elementos gráficos, interface e layout de um programa de computador. Isso porque os
elementos directamente desenvolvidos pelo autor, código fonte e código objecto, foram os únicos
expressamente contemplados pela lei do software vigente, em proposital detrimento aos demais
elementos não literais, com exclusão dos elementos funcionais, ainda que graficamente
expressos.
Protecção jurídica sobre figuras, músicas, vídeos, textos e outras obras autorais existentes
em programas de computador
Nesses casos, entende-se que podem existir duas tutelas legais distintas, cada uma aplicável a
uma parte do software. Àqueles elementos que tenham sido implementados pelo software e nele
estão contidos, mas que, na verdade, constituem-se em obras autónomas, como os textos de um
livro, as cenas de um filme, as imagens digitalizadas de um quadro, serão protegidos pela tutela
geral dos direitos de autor, conferida pela Lei 9.610/98 (Lei Direitos de Autor). Ainda que, sob o
formato digital, tenham seus respectivos códigos de máquina mesclados com os do programa de
computador, sua natureza não é modificada. Estas obras não são um programa de computador,
apenas estão implementadas por um, para que seja possível sua execução em ambiente
computadorizado. O software é, nesses casos, um acessório à obra, que é o principal. Já os
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programas de computador que lhe dão suporte electrónico podem receber também protecção
jurídica, pela Lei 9.609/98, desde que atendam ao requisito de originalidade.
Sendo original, seu código goza de protecção jurídica ao amparo da Lei do Software, sendo que
elementos textuais, imagens, fotografias e outras obras independentes, mesmo que utilizadas em
websites, estão submetidos à tutela geral dos direitos de autor, conferida pela Lei de Direitos de
Autor.
Para que um logótipo utilizado para diferenciar um programa dos demais seja protegido como
marca, nos termos da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96), é necessário que seja
requerido seu registo perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esta
protecção restringe-se ao território brasileiro, sendo certo que, para fazer valer em outros países,
será necessário requerer seu registo perante o respectivo órgão responsável pelo registo de
marcas do país em que se pretende ter protecção de sua marca. Tais tutelas não se aplicam a
logótipos normalmente utilizados em botões presentes dentro de um programa de computador,
pois estes não são utilizados como um sinal original com o objectivo de distinguir o software dos
demais, mas sim para executar funções específicas
2.4.5 Protecção jurídica sobre bancos de dados e outros elementos gerados por um
software
A utilização de programas de computador pode gerar novos dados que, organizados de acordo
com um critério que os façam ser interpretados pelos respectivos softwares, transformam-se em
uma obra autónoma, denominado banco de dados ou base de dados.
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Banco de dados ou base de dados pode ser entendido como qualquer colecção de obras
individuais, dados ou outros materiais organizados de forma sistemática ou metodológica, de
maneira que possam ser acessados de maneira individualizada, por meios electrónicos ou não.
No Brasil, actualmente os bancos de dados são considerados obras literárias para efeitos de tutela
jurídica e, assim, submetidos ao regime autoral da Lei 9.609/98. Esse parâmetro geral encontrase
replicado no art. 10 do Acordo TRIPS 7, segundo o qual as compilações de dados ou de outro
material, legíveis por máquina ou em outra forma, que em função da selecção ou da disposição
de seu conteúdo constituam criações intelectuais, deverão ser protegidas como tal. Essa
protecção, que não se estenderá aos dados ou ao material em si, se dará sem prejuízo de qualquer
direito autoral subsistente nos dados ou material que a compõe.
Podemos notar que a utilização não autorizada de um banco de dados por terceiro, notadamente
por meios que atentem à boa concorrência 8, causa um prejuízo patrimonial ao seu titular, seja à
medida que a empresa deixou de auferir lucro pela utilização indevida, seja porque a mera
utilização não autorizada por terceiro diminui o valor estratégico da respectiva base de dados. A
avaliação do dano patrimonial, nesses casos, deve levar em consideração a actividade
desenvolvida pelo titular, do utilizador não autorizado, os fins para os quais a base foi
desenvolvida e os fins para os quais ela foi utilizada.
Além dos bancos de dados, os programas podem gerar outras obras autorais. Um exemplo
simples são arquivos de textos gerados mediante a utilização de um software editor de textos.
Neste caso, como no caso dos bancos de dados, a titularidade das obras geradas mediante a
utilização do programa é daquele que a desenvolveu, não do proprietário do software.
No Brasil, não há formalidades para que haja protecção sobre um programa de computador, de
maneira que a obra é protegida pelo período correspondente 50 anos, contados a partir de 1 de
Janeiro do ano subsequente ao da sua criação ou divulgação.
7 TRIPS - Acordo Sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio.
8 Ou seja, concorrência desleal, tal como definida na Convenção da União de Paris e no art. 195 da Lei de Propriedade Industrial
brasileira.
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levou a registro, o que presume sua titularidade. Mencionar que o registro perante o INPI, apesar
de não ser obrigatório, é extremamente recomendável.
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3. Conclusões e Recomendações
Conforme pudemos observar neste estudo, os programas de computador são obras de natureza
técnica e seu valor encontra-se nos aspectos funcionais que desempenham, os quais são
percebidos pelo usuário mediante sua execução no computador. Com este trabalho ficaram claros
os conceitos relacionados aos programas de computador, com isso já é fácil saber o que é um
programa de computador e o que não é. Por o trabalho ter viajado em torno da protecção
jurídicas dos programas de computador era necessário que se busca desde o início a origem desta
expressão, onde foi visto que este é um tema que veio a interesse de vários países depois da
consolidação dos programas de computador como instrumentos que podem contribuir para o
desenvolvimento de um país. Por serem obras de natureza técnica os programas de computador
são abrangidos pelos direitos de autor de Moçambique (Boletim da República, 2º Suplemento
Série número 8, capítulo 1 artigo 1), sendo este o único instrumento que faz todo o tratamento
relativo aos programas de computador. Por alguns países já terem feito leis que são específicas
aos programas de computador, foram apresentados alguns países que tem tais leis e os modelos
que essas leis usam (caso de Brasil). Moçambique não tem nenhuma lei específica para a
protecção dos programas de computador, recorrendo-se apenas aos direitos de autor que por si só
não são suficientes para dar um tratamento devido aos programas de computador e nem mesmo
consta no plano quinquenal do governo 2015-2019. Por isso recomenda-se ao estado
moçambicano que tente fazer um estudo reflexivo sobre os requisitos totais para a criação de
uma lei específica que faça o tratamento jurídico dos programas de computador e incluir como
um objectivo na área de informática para o plano quinquenal do governo 2020-2024.
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4. Referências Bibliográficas
Ascensão, J. d. (1985). Programa de Computador e Direito Autoral. In: A Proteção Jurídica do
software. Rio de Janeiro: Forense: BRASILIA.
Colares, R. G. (2012). Proteção Jurídica do Software: uma análise crítica dos elementos
protegidos pelo direito. São Paulo: São Paulo Editora.
Polly Gaster, C. c. (2009). Inclusão Digital em Moçambique: Um desafio para todos. Maputo:
CIUEM.
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