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Organizadores

Eduardo Jorge Lopes da Silva


Ana Cláudia da Silva Rodrigues

Prefácio
Roberto Jarry Richardon

PESQUISA EM EDUCAÇÃO: DISCUSSÃO TEÓRICO-


METODOLÓGICA DE PRODUCAÇÕES DO
PPGE/UFPB (2013-2017)
Educação Popular

Aline Rodrigues de Almeida


Beatriz Xavier Macedo da Luz Bisneta
Francisca Natália da Silva Ramos
Jailson Batista dos Santos
Marcilane da Silva Santos
Maria Selma Santos de Santana
Ynakam Luis de Vasconcelos Leal

História da Educação

Alanna Maria Santos Borges


Marcondes dos Santos Lima
Rossana Faria Queiroz Ferrer
Tiago Licarião de Melo

Política Educacionais

Adriége Matias Rodrigues


Alexandre Nascimento da Silva
Déborah Kallyne Santos da Silva
Gessica Mayara de Oliveira Souza
Juliana Maia Tavares

Processos de Ensino-Aprendizagem

Flávia Mayara Félix Dantas


Iranir Pontes Silva
João Djane Assunção da Silva
Maria Liliane Santos da Silva
Rosilda Santos do Nascimento

Estudos Culturais da Educação

Bruna Kedman Nascimento de Souza Leão


José Rodolfo do Nascimento Pereira
Josilene Rodrigues da Silva
Lívia Maria Montenegro Lins
Maria Thais de Oliveira Batista
Rafaela Maria e Silva Ferreira
Walquiria Nascimento da Silva
SOBRE A PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO: BREVE APONTAMENTOS

Ana Cláudia da Silva Rodrigues


Eduardo Jorge Lopes da Silva

A relação do homem com a natureza foi se estabelecendo ao longo de sua história,


desde o seu contato com o fogo (homo erectus), passando pelos filósofos da natureza, os quais
questionavam as diversas situações da vida e da natureza que os rodeavam, buscando respostas.
Para isso, no curso da história da humanidade e do conhecimento científico, foram
aperfeiçoando a observações, as experiências, as constatações, as elaborações, as criações e
recriações, com o intuito de melhoria de sua qualidade de vida e de seu habitat, em síntese, a
convivência humana.
É impossível pensarmos hoje, em um mundo globalizado, qualquer atividade humana
que não esteja envolva em resultados de pesquisas. Porém, a pesquisa científica difere das
nossas pesquisas cotidianas, pois exige mais aprofundamento, rigor, cuidado, organização,
sistematização.
Para ser desenvolvida de forma a atender sua essência a pesquisa científica deve ser
sistemática, empírica e criativa. Segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013) estas características
se aplicam as abordagens quantitativas e qualitativas, por estas necessitarem de disciplina para
sua realização; se organizarem, em sua maioria, a partir de dados que emergem da experiência;
e passarem constantemente por avaliações e aperfeiçoamento.

A pesquisa científica pode ser entendida como um conjunto de processos


sistemáticos e empíricos utilizado para o estudo de um fenômeno; é dinâmica,
multável e evolutiva e pode se apresentar em três formas: quantitativa,
qualitativa e mista. (SAMPIERI, COLLADO E LUCIO, 2013, p. 22)

Neste texto, apresentaremos uma reflexão sobre a abordagem qualitativa da pesquisa


em educação por esta considerar como uma de suas mais importantes características a produção
(material e imaterial) dos seres humanos, ou seja, tudo aquilo que o humano é capaz de produzir,
seja através de transformações sobre a natureza, seja a partir de suas ideias, de seus pensamentos
e linguagens. A pesquisa qualitativa é muito mais oportuna para aquele tipo de investigação que
tem, no sujeito humano e em suas práticas (discursivas e não-discursivas), o foco principal de
suas análises. Este tipo de pesquisa procura centrar seu alvo “[...] no indivíduo, com toda sua
complexidade, e na sua inserção e interação com o ambiente sociocultural e natural”
(D’AMBROSIO, 2003, p. 103).
O ambiente natural e o cotidiano dos sujeitos se constituem no interesse dos
pesquisadores para se aproximar de uma verdade, de um saber, a partir do que fazem e do que
pensam as pessoas no seu dia-a-dia. Isso é uma das características da abordagem qualitativa da
pesquisa. Esta abordagem, possibilita ao pesquisador interagir, com os sujeitos-autores, tanto
direta (a partir da realização de entrevistas, aplicação de questionários, observações etc.) como
indiretamente (a partir das produções acadêmicas e não-acadêmicas: artigos, livros, relatórios,
pautas de reuniões, de oficinas pedagógicas etc.).
A pesquisa qualitativa aproxima de uma concepção de investigação que não
sobrevaloriza o quantitativo, mas, sobretudo, busca, a partir das produções dos sujeitos
humanos, o entendimento de um discurso disperso, construído sobre o objeto de desejo dos
pesquisadores. Assim, entendemos que a opção pela pesquisa de caráter qualitativo é uma
posição política, assumida pelo sujeito-pesquisador, para desenvolver uma dada investigação.
Por outro lado, não se descarta que o próprio objeto pode ajudar na escolha da abordagem, no
entanto, onde e como o pesquisador irá tratar de suas informações dependerá de uma posição,
de um modo de observar e conceber a pesquisa. Bogdan e Biklen (2013, p. 49) ressaltam que:
“A abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a ideia de
que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer
uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo”.
Nessa direção afirma Richardson (2017, p. 68): “O pesquisador qualitativo reflete
sistematicamente sobre o papel dele na investigação e a forma como sua biografia pessoal pode
moldar o estudo [...] O eu pessoal torna-se inseparável do eu pesquisador”. Logo, o que temos
é uma abordagem de pesquisa que possui uma dada dimensão política e uma especificidade
característica de sua própria natureza, uma vez que, entre outros elementos, as pesquisas de
abordagem têm no sujeito humano e em todas as suas produções passíveis de verificação (seja
discursivas e não-discursivas) o foco que possibilita a explicação sobre determinados
fenômenos e a produção de novos conhecimentos.
Dentre as características apontadas por Bogdan e Biklen (2013), sobre a pesquisa
qualitativa em educação, temos: a) informações obtidas diretamente do ambiente natural, no
qual o pesquisador é o instrumento principal – entendemos que é no lócus onde o sujeito se
interage com outros socialmente, que é possível conhecer, extrair, entender e produzir novos
conhecimentos e, cabe ao investigador ter a sensibilidade de observar, para além das aparências,
tudo que os sujeitos estão produzindo e, daí, buscar entender melhor as ações, os pensamentos
e as atitudes desses mesmos sujeitos e, quiçá, a partir do que é observado, refletido e analisado,
se possa reconstruir outra perspectiva de vida cujas interações entre os seres humanos possam
ser melhores. Afinal, qual a finalidade de nossas pesquisas? Para que elas servem, uma vez que
é do meio natural onde os sujeitos interagem que os dados são obtidos? As pesquisas na grande
área “Ciências Humanas” deveriam retornar ao lócus de onde se buscou respostas, se
levantaram mais indagações, para poder se dar respostas ou apontar caminhos para que os
sujeitos construam e reconstruam suas práticas cotidianas.
Destarte, as pesquisas têm a responsabilidade em corroborar para com o crescimento
e a evolução da espécie humana. Concordando com o filósofo Álvaro Vieira Pinto, em sua
reflexão sobre a ciência como um produto existencial das relações entre o homem e o meio,
temos o seguinte:

A ciência, sendo a forma mais elevada do conhecimento, participa das mesas


condições gerais que caracterizam a este, isto é, pertence ao complexo de
relações que se estabelecem entre o ser vivo, no caso o homem, e a realidade
circunstante. Não é produto arbitrário do pensamento, não é especulativa por
natureza, mas representa a forma mais completa em que se realiza a
integração, a adaptação do homem na realidade. Constitui-se simultaneamente
como possibilidade de transposição do mundo para o interior do homem, pelo
reflexo dos processos exteriores que determinam o pensamento, e pela
imersão do homem no mundo, mediante a capacidade de ação sobre as coisas.
A ciência é a forma de resposta adaptativa de que somente o homem se revela
capaz por ser o animal que vence as resistências do meio mediante o
conhecimento dos fenômenos, ou seja, mediante a produção da sua existência
a individual e da espécie. Adapta-se ao mundo porque o adapta a si, ao
descobrir as razões lógicas das coisas e dos acontecimentos, e ao modificá-las
de tal maneira que sirvam ao propósito de assegurar sua subsistência. (PINTO,
1985, p. 83)

Por sua vez, André (2001) faz uma discussão interessante sobre o rigor e a qualidade
da pesquisa em educação, quando questiona sobre fazer ciência ou política de intervenção. A
pesquisa em educação deve gerar novos conhecimentos ou deve servir de intervenção ou
possuir uma aplicabilidade/utilidade social? A autora entende que não há consenso acerca
dessas questões. Para a autora, essas questões apontam para uma discussão teórica, sobre a qual
a pesquisa não se presta para solucionar pequenos problemas cotidianos, pois encarar a pesquisa
desse modo significa assumir uma herança técnica e administrativa dos intelectuais-dirigentes
da Escola Nova. Então, temos nos tornado pragmatistas em relação às finalidades da pesquisa?
André nos lembra que atualmente tem-se supervalorizado a prática em detrimento à teoria e que
tal ação pode intervir na busca por um rigor que qualquer tipo de pesquisa requer. Isso ocorre
em virtude, talvez, da confusão de conciliar os papéis de ator e pesquisador ao mesmo tempo.
Como o campo das possibilidades da pesquisa em educação é amplo e ainda não
conseguimos conhecer toda a verdade, logo:

[...] sobram espaços para todo o tipo de investigação, desde que se cuide da
sistematização e controle dos dados. Que o trabalho de pesquisa seja
devidamente planejado, que os dados sejam coletados mediante
procedimentos rigorosos, que a análise seja densa e fundamentada e que o
relatório descreva claramente o processo seguido e os resultados alcançados.
(ANDRÉ, 2001, p. 57)

Portanto, a pesquisa, seja ela qual for, não pode deixar de levar em conta, alguns
pressupostos que mantenham seu rigor científico. Assim, compreendemos que, quem dará
sentido ou aplicabilidade aos resultados obtidos por uma determinada pesquisa são os próprios
sujeitos interessados nestes resultados. Ao pesquisador cabe seguir as orientações acima para
que sua investigação tenha validade. Entretanto, os resultados dela cabe ao pesquisador discuti-
las e apresentá-las, com o propósito de que os interessados possam assumi-la e fazer uso da
maneira que convier da mesma.
Em seguida, Bogdan e Biklen (2013) apresentam como segunda característica da
pesquisa em educação, a condição de ser descritiva – isto porque, as informações obtidas no
campo da investigação, no ambiente natural, são expressas em forma de palavras e de imagens.
As palavras (orais ou escritas) e as imagens revelam um saber, com o qual o pesquisador irá
sistematizar para produzir um conhecimento científico no âmbito das Ciência da Educação.

A palavra escrita assume particular importância na abordagem qualitativa,


tanto para o registro dos dados como para a disseminação dos resultados. [...]
A descrição funciona bem como método de recolha de dados, quando se
pretende que nenhum detalhe escape ao escrutínio (BOGDAN; BIKLEN,
ibidem, p. 49).

A terceira característica da pesquisa qualitativa em educação está no o processo como


elemento mais importante do que os resultados ou o produto – o que importa na pesquisa
qualitativa é analisar o caminho que determinado fenômeno percorre, como esse mesmo
caminho se comporta em sua trajetória. Com base nesse entendimento é que os resultados serão
obtidos e também analisados. Em outros termos, nas pesquisas de cunho qualitativo torna-se
necessário um estudo exaustivo para se obter uma resposta sobre os fenômenos que envolvem
seres humanos. Este estudo pode ocorrer por meios da coleta de dados através de observações,
entrevistas, participação do investigador diretamente no local do fato etc.
Parêntese a ser aberto, antes de prosseguirmos, encontra eco na ressalva que André
(2001, p. 61) faz sobre as críticas sofridas pelas pesquisas qualitativas em educação, em virtude
de sua fragilidade metodológica pelos seguintes motivos: 1) considera porções reduzidas da
realidade; 2) número limitado de observações e de sujeitos; 3) utilização de instrumentos
precários nos levantamentos de opiniões; 4) realização de análises pouco fundamentadas e
interpretações sem fundamentação teórica. Para essa autora, a maioria dos problemas
detectados está na produção da pós-graduação e, sendo assim, é neste espaço que se devem
fazer as considerações necessárias sobre esse assunto, com vistas a corrigi-los.
A quarta característica da pesquisa qualitativa tem lugar na afirmação de que as
análises das informações são mais indutivas – essa característica reforça a ideia que as
informações ou as provas obtidas no ambiente natural não se destinam a testagem ou a
comprovação de hipóteses. “[...] ao invés disso, as abstrações são construídas à medida que os
dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando” (BOGDAN; BIKLEN, ibidem, p.
50). Em síntese, as informações coletadas no campo da investigação vão se somando, dando
corpus teórico ao objeto de estudo do pesquisador. Esse, o analisa e faz suas constatações,
produzindo um conhecimento sobre o mesmo. Esse conhecimento produzido não é definitivo;
não está pronto e acabado. Ele abre espaço para outros olhares investigativos.
E, como última característica os autores destacam que as pesquisas qualitativas
possuem diferentes leituras de mundo, de acordo com os sentidos atribuídos pelos sujeitos,
em outras palavras, os sujeitos e as suas ações (modo de pensar, agir, intervir etc.) é o foco mais
importante do pesquisador qualitativo. Assim, afirmam Bogda e Biklen (2013, p, 51):

Os investigadores qualitativos em educação estão continuamente a questionar


os sujeitos da investigação [...] Os investigadores qualitativos estabelecem
estratégias e procedimentos que lhes permitam tomar em consideração as
experiências do ponto de vista do informador”. [Assim sendo] “o processo de
condução de investigação qualitativa reflecte uma espécie de diálogo entre
investigadores e os respectivos sujeitos, dado estes não serem abordados por
aqueles de uma forma neutra.

Ainda para Bogdan e Biklen (ibidem) as pesquisas de caráter qualitativo,


necessariamente precisam apresentar todas as características acima. Para eles, trata-se de uma
aproximação que a pesquisa possui com este tipo de abordagem. Outrossim, o próprio objeto
pode ajudar na escolha da abordagem, no entanto, onde e como o pesquisador irá tratar de suas
informações, dependerá de uma posição, de um modo de observar e conceber a pesquisa.
Portanto a postura política do pesquisador é primordial neste momento.
Logo, a pesquisa de abordagem qualitativa é um tipo de pesquisa que tem nos sujeitos
humanos e em suas produções sócio-históricas o foco central do seu alvo. Para este tipo de
pesquisa não interessa investigar regularidades ou homogeneidades dos sujeitos humanos de
modo objetivo, com neutralidade científica, ou seja, apenas exprimir a realidade e não julgá-la.
De acordo com Triviños (1987), poucos ainda defendem a neutralidade da ciência natural. Ela
não está preocupada em quantificar os fatos sociais através da medição dos fenômenos, como
também, em testar hipóteses e estabelecer generalizações1. A pesquisa qualitativa pode ser
passível de generalizações, mas esse não é seu foco principal. Ela, leva em consideração as
produções cotidianas dos sujeitos humanos, sua cultura, forma de vida, suas produções orais e
escritas, seu senso comum e seu senso crítico.
As pesquisas de cunho qualitativo têm no sujeito humano e em todas as suas produções
passíveis de verificação, o foco que possibilita a explicação sobre determinados fenômenos e a
produção de novos conhecimentos. Muito do que a ciência tem hoje como conhecimento partiu
do cotidiano das pessoas, de suas culturas, de suas crenças. Inclusive se pensarmos em ir mais
longe, na história da humanidade, a curiosidade humana – uma de suas características – motivou
aos humanos primitivos a fazerem os primeiros registros rudimentares, utilizando as rochas
como papel, bem como a fazer os primeiros questionamentos sobre nós e sobre o mundo e os
seus fenômenos naturais.
Os seres humanos, insatisfeitos com explicações oriundas das tradições, começaram a
questionar e a buscar respostas mais próximas de um saber verdadeiro. De um saber capaz de
satisfazer o humano acerca de suas inquietações, de suas frustrações e de seu cotidiano. É, em
síntese, o nascer da filosofia, como descreve Chauí (2002, p. 23):

[...] admirados e espantados com a realidade [...] começaram a fazer perguntas


e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos,
os acontecimentos e as coisas da Natureza, os acontecimentos e as ações
humanas podem ser conhecidas pela razão humana [...].

1
Alves-Mazzoti (2006) ao discutir sobre os usos e os abusos dos estudos de casos, na pesquisa qualitativa, defende
a ideia de que este tipo de estudo é passível de generalizações. No entanto, uma das facetas dos preconceitos que
cercam os estudos de casos é, justamente, julgá-la como um estudo que oferece pouca condição para
generalizações. Assim, “[...] se não pode generalizar a partir de um único caso, também não se pode generalizar
com base em um único experimento (YIN, 1984, p. 48-49 apud ALVES-MAZZOTI, 2006, p. 646). Aqui o autor
tece uma crítica às pesquisas não qualitativas ou pesquisas experimentais. Em síntese, o que o autor está revelando
que se torna possível, através de “estudos de casos múltiplos”, com o qual, “[...] a partir de um conjunto particular
de resultados, o investigador poderá gerar proposições teóricas que seriam aplicáveis a outros contextos”.
A pesquisa qualitativa, que tem nas ações dos seres humanos o seu alvo principal,
também se preocupa com o processo construído para se chegar a determinado fato. O produto
não se configura em seu foco de preocupação, isto porque, entendemos que os sujeitos humanos
são seres inconclusos, inacabados, projeto infinito e estão em constante movimento (FREIRE,
2005, BOFF, 2000). Os seres humanos são, portanto, seres criativos e em processo.
Por isso Minayo (2014, p. 13-15) ao discutir sobre o desafio da pesquisa social2, aponta
características sobre o seu objeto, os quais sintetizamos no quadro abaixo:
CARACTERÍSTICAS DO OBJETO JUSTIFICATIVA
DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
As sociedades humanas estão marcadas pela relação tempo/espaço.
Vivem o “embate entre o que está dado e o que está sendo
É histórico construído”. Portanto, as respostas obtidas nas pesquisas sociais são
provisórias, dinâmicas e específicas e influenciam diretamente as
teorias das ciências sociais.
Entende-se que não é apenas o pesquisador que atribui sentido ao
seu trabalho intelectual. Mas, toda a sociedade possui
Possui consciência histórica intencionalidade em suas ações e validam ou refutam as ações, os
achados do pesquisador. Portanto, “o nível de consciência histórica
das Ciências Sociais está referenciado ao nível de consciência
histórica social”.
O pesquisador lida com seres humanos o qual possui um vínculo
identitário com o mesmo. Isso faz com que ambos se tornem
“solidariamente imbricados e comprometidos” com a construção do
conhecimento. Ambos são interdependentes, pois nas sociedades
Possui identidade entre sujeito e humanas, os fenômenos sociais são produzidos pelos próprios
objeto sujeitos humanos. A investigação desses fenômenos são feitas por
um ser da mesma espécie (humana). Assim, um depende do outro
para se aproximar de uma verdade, de uma resposta para poderem
conviver e se relacionar mutuamente melhor em sociedade.

Por expressar uma visão de mundo. Uma postura política e de


interesses frente à sociedade, seja do pesquisador ou do objeto que
eles estejam investigando. Ambos possuem relações conflituosas,
convergentes e de convicções. Suas ações não se encontram no
É intrinsecamente e extrinsecamente campo da neutralidade. Tal referência se constitui em “uma
ideológico condição da pesquisa que deve ser incorporada como critério de
realidade e busca de objetividade”. Possivelmente, o pesquisador
precise ter clareza dessa característica para não ser tendencioso por
demasia, nos resultados que expressem uma aproximação do
conhecimento produzido pelos sujeitos humanos em sociedade.
Por fim, o objeto de pesquisa das Ciências Sociais é de natureza
qualitativa. A realidade em sociedade é produzida mediada pelas
relações entre os sujeitos humanos, portanto, “a realidade social é
o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda a sua
riqueza de significados dela transbordante”. Ou seja, as Ciências
Sociais, através de suas teorias e instrumentos, não conseguem dar

2
Estamos compreendendo a pesquisa social como sendo aquela que trata dos fenômenos existentes na sociedade
e que são produzidas nas relações entre os seres humanos. Isto porque o homem é o único ser, da espécie animal,
capacitado de raciocínio, capaz de modificar o seu meio e interagir com os outros da mesma espécie e domesticar
aqueles diferentes (os animais não-humanos), promovendo a ação coletiva com fins mútuos, divergentes etc. Nas
suas relações dialógicas é capaz de chegar a um consenso, a um objetivo único, mesmo contendo em si convicção
de ideias opostas àquelas consensuais para um determinado fim (SILVA, 2003).
É essencialmente qualitativo conta da amplitude e riqueza da vida, das ações e relações dos
sujeitos humanos em sociedade. Não é possível quantificar tal ação
humana, mesmo admitindo que se pode tentar. Pois, o cotidiano dos
sujeitos humanos (individual ou no coletivo) é extremamente rico
de detalhes e especificidades que justificam sua natureza qualitativa
no trato investigatório. Por ser também seres inconclusos e em
processo, as Ciências Sociais tenta se aproximam de uma parte a
verdade, recortada em um determinado tempo e espaço históricos.
Quadro 1 – Síntese das características do objeto das Ciências Sociais, segundo Minayo (2014).

Nessa direção nos acostamos ao que apresenta Gamboa (2014), quando reflete sobre a
lógica da pesquisa em educação. Para o autor, uma dada

[...] abordagem epistemológica poderá esclarecer as relações entre técnicas,


métodos, paradigmas científicos, pressupostos gnosiológicos e ontológicos,
todos eles presentes, mais ou menos explícitos, em qualquer pesquisa
científica (GAMBOA, 2014, p. 58).

O que se entende, a luz do pensamento de Gamboa é que a pesquisa qualitativa em


educação, seu método e demais conteúdos requer uma relação de interconexão. Assim, não se
pode pensar conteúdo técnico-instrumental, dissociado do rigor metodológico, da concepção de
mundo e de homem (ser humano) do pesquisador etc. Isso, para afirmar que nas pesquisas em
educação, a associação entre pesquisador-objeto e objeto-pesquisador são situações
indissociáveis. Sob esta perspectiva, observa-se, também, distanciamento das pesquisas em
educação da abordagem positivista. A primeira oportuniza uma visão mais ampla do objeto da
investigação; a segunda, uma visão de mundo e de sociedade restrita a quantificação da
realidade.

Quanto investigamos, não somente produzimos um diagnóstico sobre um


campo problemático, ou elaboramos respostas organizadas e pertinentes para
questões científicas, mas construímos uma maneira de fazer ciência e
explicitamos uma teoria do conhecimento e uma filosofia. Utilizamos uma
forma de relacionar o sujeito e o objeto do conhecimento e anunciamos uma
visão de mundo, isto é, elaboramos, de maneira implícita ou oculta, uma
epistemologia, uma gnosiologia e expressamos uma ontologia (GAMBOA,
2014, p. 50).

A escolha de uma dada abordagem epistemológica, portanto, não é algo vago,


indissociada de uma visão de mundo e de sociedade do pesquisador. As pesquisas em educação
são desenvolvidas com o objeto em movimento dinâmico, e, sendo assim, querer encaixá-lo em
um dado abordagem epistemológica que não permite movimentação e liberdade é assumir o
risco pelo qual descaracteriza a pesquisa qualitativa em educação. Na ilustração a seguir,
Gamboa (2014)3 expressar melhor este argumento.

Nível
técnico-
instrumental

Nível Nível
ontológico metodológico

Abordagem
epistemológia

Nível Nível
gnosiológico teóricos

Nível
epistemológico

Fonte: GAMBOA (2014, p. 59).

Com o crescimento e consolidação da pesquisa qualitativa nos ambientes acadêmicos


uma questão se apresenta como central na sua execução: como garantir a qualidade e ética em
pesquisas que envolve seres humanos? Para Flick (2009) tais questionamentos deverão ser
discutidos a partir de três ângulos: 1) a qualidade é condição primeira para a pesquisa
eticamente sólida; 2) as questões éticas que observem e protejam os dados e a privacidade dos
participantes devem ser consideradas em pesquisas com qualidade na abordagem qualitativa;
3) a busca por qualidade deve afetar questões éticas.
Ao decidirmos realizar uma pesquisa qualitativa que possibilite uma reflexão e seus
achados contribuam para compreensão de novas trilhas para a resolução do problema de
pesquisa inicialmente proposto, os critérios e estratégias utilizadas durante a escolha e execução
dos procedimentos metodológicos devem considerar a ética como condição primeira da ação
do pesquisador. Não basta apenas, ao pesquisador, observar critérios previamente estabelecidos

3
Vale ressaltar que, referente a cada um dos níveis apresentados na ilustração acima, nos capítulos subsequentes,
os demais autores apresentarão o sentido indicado por Gamboa (2014). Ou, caso o leitor desejar ir a fonte, a
referência deste autor encontra-se no final do presente artigo.
por entidades que fomentam a pesquisa e garante os recursos financeiros a sua execução, aos
que Flick (2009) nomeia como “os de fora”. A ética aqui defendida encontra sua fonte nas ações
e proposições dos pesquisadores e se refere “as de dentro” do processo, as primeiras
inquietações que já devem primar incessantemente pela qualidade.
As questões éticas ainda deverão nortear a escolha da amostragem, ou seja, os sujeitos
que participarão da pesquisa. Nesta etapa o pesquisador deverá considerar alguns princípios
como: consentimento para a pesquisa, através da utilização do Termo Livre e Esclarecido e a
proteção anonimato dos sujeitos; o cuidado no acolhimento das narrativas e no trato com as
informações advindas da pesquisa de campo, visto que os sujeitos deverão ser preservados e
respeitados; a naturalidade no agir do pesquisador sem a intervenção nos resultados exaltando
ou omitindo dados que compõem os achados da pesquisa.
Quando Flick (2009) ressalta que a busca por qualidade também deve observar as
questões éticas, defende que existe uma linha tênue entre os achados que são de extremo
interesse da pesquisa e por isso deverão ser publicados e problematizados ou alguma
informação que possa constranger os sujeitos participantes, limitando com isso sua utilização.
Uma questão que deverá ser considerada sempre, é a real necessidade do pesquisador,
principalmente quando seus sujeitos forem vulneráveis, de submeter através da memória, a um
novo sofrimento ao reviver fatos já vivenciados.
A ética também deverá ser associada a transparência durante todo o processo de
pesquisa e ao final na elaboração e divulgação dos dados. O cuidado de retornar aos
investigados os resultados, discutir para só então, após a provação do relatório pelos
participantes da pesquisa, publicar em periódicos contribuindo para reflexões sobre o objeto
investigado, faz parte de uma atitude ética do pesquisador.
À guisa das considerações finais, destaca-se que uma pesquisa qualitativa em educação
ou em qualquer área do conhecimento para ser considerada de qualidade deverá primar por um
exaustivo aprofundamento teórico, a partir de estudos de pesquisas anteriores; de um rigor
metodológico que utilize técnicas, instrumentos e realize uma análise precisa, válida e adequada
buscando o atendimento dos objetivos estabelecidos e apresentando novas respostas e
interpretações ao objeto investigado a partir da utilização de um protocolo de pesquisa que
considere questões éticas e contribua para elaboração de novos conhecimentos.
Referências

ALVES-MAZZOTI, Alda Judith. Usos e abusos dos estudos de caso. Cadernos de Pesquisa,
v. 36, n. 129, set./dez. 2006.

ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: buscando rigor e qualidade, Caderno Cedes, n. 113,
jul.2001.

BOFF, Leonardo. Ethos mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Brasília: Letraviva,
2000.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à


teoria e aos métodos. Tradução de Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo
Mourinho Baptista. Porto-Portugal: Porto, 2013 (Colecção Ciência da Educação). Versão
portuguesa. Original americano.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. 10. ed. Campinas/SP:


Papirus, 2003.

FLICK, Uwe. Qualidade na pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 3. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2005.

GAMBOA, Silvio Sánchez. Tendências da pesquisa em educação: um enfoque epistemológico.


Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2. ed. Chapecó: Argos, 2014.

SAMPIERI, Roberto Hernandez; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, María del Pilar
Baptista. Metodologia de pesquisa. Tradução: Daisy Vaz Moraes. 5a. ed. Porto Alegre: Penso,
2013.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em


saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência: problemas filosóficos da pesquisa científica. 3.


ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

RICHARDSON, Roberto Jarry Pesquisa social: métodos e técnicas. Colaboração Dietmar


Klaus Pfeiffer. 4. ed. Rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.

SILVA, Eduardo Jorge Lopes da. O Fórum de educação de jovens e adultos do estado da
Paraíba: uma nova configuração em movimentos sociais. 2003. 161f. Dissertação (Mestrado
em Educação Popular). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2003.
EDUCAÇÃO POPULAR
Estudos e investigações dos processos de educação popular nas políticas sociais (educação de
jovens e adultos, saúde, economia solidária, extensão universitária, entre outras) e nos
movimentos sociais.
Fonte: site do PPGE <http://www.ce.ufpb.br/ppge/contents/menu/linhas-de-pesquisa >
A LÓGICA ESTRUTURAL DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO: ANÁLISE DA
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO POPULAR

Aline Rodrigues de Almeida


Beatriz Xavier Macedo da Luz Bisneta
Francisca Natália da Silva Ramos
Jailson Batista dos Santos
Marcilane da Silva Santos
Nívia Maria do Nascimento Silva
Maria Selma Santos de Santana
Ynakam Luis de Vasconcelos Leal

INTRODUÇÃO

A pesquisa é uma forma de descobrir e criar, devendo passar pelas etapas de


aprofundamento teórico, busca dos métodos que serão utilizados durante todo seu
desenvolvimento e relação com a realidade. Por ser uma forma de contribuir com as demandas
sociais, a pesquisa não pode limitar-se ao “exclusivismo sofisticado” das paredes de uma
universidade, devendo romper e adentrar a realidade a qual se pretende analisar, onde teoria e
prática encontram-se, sem cair apenas num teoricismo, que seria a teoria sem a prática, ou
limitando-se ao ativismo, que é uma expressão da prática sem a reflexão (DEMO, 2011).
Ainda de acordo com Demo (2011), a pesquisa também é um diálogo que
necessariamente exige uma comunicação. Esse diálogo nem sempre é fácil e simples, pelo
contrário, apresenta-se como conflitos a serem estudados. Além disso, a pesquisa também é um
fenômeno político, pois, quem pesquisa questiona e indaga sobre algo ou alguma coisa. Sendo
assim, a neutralidade, em especial nas pesquisas sociais, deve ser questionada, visto que o
pesquisador é um ser político.
Fundamentando-se nessas definições, o presente trabalho tem por objetivo analisar
dissertações de Mestrado em Educação da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, referente
à linha de pesquisa em Educação Popular. Para tanto, foram selecionadas oito dissertações de
autores que fazem intersecção entre seus objetos de pesquisa com temáticas no âmbito da
Educação Popular (FREITAS, 1986); (DANTAS, 2015); (NASCIMENTO, 2015); (BATISTA,
2016); (RODRIGUES, 2016); (SOARES, 2016); (BEZERRA, 2017); (SILVA, 2017). Assim,
as análises tiveram como foco temporal os últimos cinco anos (2013-2017). Apenas uma das
dissertações foi defendida em 1986. Nessa direção, buscou-se averiguar quais os aspectos
técnico-instrumentais, metodológicos, teóricos, epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos
trabalhados dentro das pesquisas em educação na perspectiva da Educação Popular.
O presente trabalho torna-se relevante por possibilitar aos discentes da disciplina
Pesquisa em Educação a oportunidade de aquisição de certos aprendizados, como aprender a
destacar e observar aspectos importantes que devem existir numa dissertação de nível de
mestrado. Nesse sentido corrobora-se positivamente para construção de futuras dissertações,
uma vez que o olhar já estará mais direcionado para esses importantes aspectos. Outro ponto da
relevância do referido trabalho encontra-se na contribuição para o próprio curso de Mestrado,
pois, apesar de ser um pequeno recorte de dissertações, permite uma compreensão preliminar
dos estudos nas linhas de pesquisa do curso em questão.

METODOLOGIA

Literalmente falando, o termo “metodologia” significa “estudo sistemático e lógico dos


métodos” empregado na produção científica, conforme explica Richardson (1999), o método é
o caminho ou a maneira para se chegar a determinado objetivo. Nesse sentido, a metodologia
pode ser compreendida como procedimentos e regras utilizadas por determinado método
(RICHARDSON, 1999). Nessa perspectiva, o caminho para atendimento ao objetivo do
presente trabalho pauta sua metodologia nessa direção.
A primeira etapa foi a seleção de oito dissertações de mestrado disponíveis no portal do
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFPB, onde cada integrante da equipe
ficou responsável por analisar os seis critérios em cada pesquisa, tomando por base o autor
Gamboa (2012). Assim, os seis aspectos específicos destacados para análises foram os técnico-
instrumentais, metodológicos, teóricos, epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos.
Em primeiro lugar foi analisado as técnicas e instrumentos utilizados em cada
dissertação, como os processos de coleta, tratamentos dos dados, e como a pesquisa foi
organizada. Em segundo lugar foram analisados os aspectos metodológicos, em que, verificou-
se os procedimentos das pesquisas. Depois foram destacados os principais teóricos apontados
e que fundamentaram cada estudo. Em seguida foram averiguados os aspectos epistemológicos
que, segundo Gamboa (2012) se refere a cientificidade e seus critérios. Posteriormente, foram
averiguados os traços gnosiológicos, correspondente à relação do pesquisador com seu objeto
e por fim os aspectos ontológicos, referindo-se à concepção de mundo e de homem do
pesquisador (GAMBOA, 2012).
As oito pesquisas apresentavam os seguintes títulos, objetivos e autores:
Quadro 01 - Dissertações analisadas na Linha de Pesquisa Educação Popular
TÍTULO OBJETIVO AUTOR (A) /
ANO
“A dimensão organizativa em Identificar princípios da educação Clara Maria
uma educação popular” popular nas atividades do Silvestre
Conselho de Moradores de Brasília Monteiro de
Teimosa. Freitas (1986)
“Cenopoesia, a arte em todo ser: Propor trazer a prática cenopoética Maria Josevânia
das especificidades artísticas às para um diálogo acadêmico, Dantas (2015)
interseções com a educação permitindo um olhar crítico para
popular” essa linguagem.

“O processo de aproximação da Relacionar a educação popular Vânia Barbosa


educação popular com as práticas com as práticas de educação em Nascimento
de educação em saúde no sesc e o saúde. (2015)
seu significado”
“Nóis é terrívi, se nóis fala que Compreender as relações sociais Tessy Priscila
faz, nóis faz: O acampamento mais determinantes que Pavan de Paula
Elizabeth Teixeira em Limeira- possibilitaram a construção de uma Rodrigues (2016)
SP e a construção da escola como escola no acampamento Elizabeth
espaço público de auto- Teixeira (ET).
organização e Educação Popular”
“A Educação Popular nas pós- Conhecer as temáticas e Ellaila Andrius de
graduações em Educação: abordagens dominantes e Moraes Soares
análises das dissertações e teses emergentes na área da Educação (2016)
produzidas entre 2000 e 2014 na Popular.
Região Nordeste”
“Trajetórias de sucesso escolar Conhecer e analisar processos que Nilcione Maciel
dos jovens oriundos de escolas favorecem o ingresso e a Lacerda Batista
públicas no ensino superior” permanência de estudantes (2016)
oriundos de escolas públicas em
cursos de graduação considerados
de alto prestígio social na
Universidade Federal da Paraíba.
“A dimensão educativa do Investigar e discutir a dimensão Francikely da
trabalho dos agentes educativa do trabalho dos agentes Cunha Bezerra
comunitários de saúde nos passos comunitário em saúde (2017)
de ACS de Mari – PB”
“A prática educativa da extensão Analisar as práticas educativas dos Conceição
rural no campo da reforma Agentes Extensionistas da Cristina Pereira
agrária: Aproximações com a assessoria Técnica e Extensão da Silva (2017)
educação popular” Rural.
Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as) 2018.

Em síntese, observa-se nos trabalhos e seus respectivos objetivos que no âmbito da linha
de pesquisa em Educação Popular podem ser encontrados técnicas, instrumentos,
procedimentos e diversas abordagens desenvolvidas ao longo dos últimos cinco anos. Nessa
perspectiva interessa saber quais os aspectos técnico-instrumentais, metodológicos, teóricos,
epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos mais recorrentes nos estudos desenvolvidos na
linha de pesquisa em questão? A resposta ao enunciado pressupõe uma análise descritiva sobre
essas produções.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo Gamboa (2012), existe uma lógica que compõe toda pesquisa em educação,
em que, sua recuperação interna supõe a reconstituição das articulações entre vários fatores
intrínsecos ao processo de produção do conhecimento. Nesse processo ocorre uma
manifestação estrutural de pensamento que, ainda conforme Gamboa (2012, p. 58) “inclui
conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos, teóricos, metodológicos e técnicos”. Nessa
perspectiva, justifica-se a necessidade da realização do mapeamento de dissertações no âmbito
da linha de pesquisa Educação Popular para apreensão dessa lógica e análise de seus aspectos
estruturais mais relevantes nesse processo.

Aspectos Técnico-Instrumentais

A parte técnico-instrumental de uma pesquisa configura-se como um nível de amplitude


importante no processo de desenvolvimento de qualquer estudo. Pois, uma investigação se
constitui por meio de coleta, registro, organização, sistematização e tratamento de dados e
informações, para posteriormente dar início às análises (GAMBOA, 2012). Nesse sentido,
Richardson (2017) afirma que o pesquisador deve escolher os instrumentos mais adequados
para efetuar a coleta de informações.
Em consonância com esses pressupostos, a pesquisa intitulada “A dimensão
organizativa em uma educação popular”, Freitas (1986) apoiou-se em estudo de caso de suas
próprias anotações, em relatórios, em reuniões do Conselho de Moradores de Brasília Teimosa
(CMBT), atas de assembleias, e em entrevistas semiestruturadas com os moradores de Brasília
Teimosa. Em paralelo a isso, realiza também, uma revisão bibliográfica (grifo nosso),
utilizando-se como aportes a perspectiva urbana de Manuel Casttels, e uma pesquisa
documental no arquivo da Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado do Pernambuco, e
Relatório de Estudos Exploratórios.
Sob a temática “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular”, Dantas (2015) realiza um levantamento bibliográfico e
documental, bem como, a observação participante (grifo nosso) e questionário aberto aplicado
a 10 (dez) cenopoetas, analisados à luz da técnica análise de conteúdo (estruturada em três fases:
a pré-análise, a exploração do material e a fase de tratamento dos resultados obtidos, a inferência
e a interpretação); para a categorização foi utilizado o critério semântico proposto por Bardin.
Já no trabalho intitulado “O processo de aproximação da educação popular com as
práticas de educação em saúde no SESC e o seu significado”, Nascimento (2015) destaca em
seu aspecto técnico-instrumental, a pesquisa bibliográfica (grifo nosso), entrevista
semiestruturada, observação participante e a análise de conteúdo (grifo nosso) para o tratamento
dos dados.
Com efeito, Soares (2016) em seu estudo intitulado “A Educação Popular nas pós-
graduações em Educação: análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na
Região Nordeste”, adota como técnicas o mapeamento, seleção e análise de documentos digitais
e impressos. Nesse sentido, realizou-se a partir de levantamento de dissertações de mestrado e
de doutorado das Pós-Graduações em Educação da região Nordeste, que abordam a Educação
Popular, sendo selecionados os resumos para posterior análise. Durante a análise de conteúdo
(grifo nosso), a pesquisa perpassou pela pré-análise, exploração do material e pelo tratamento
e interpretação dos resultados.
Já o trabalho desenvolvido por Rodrigues (2016), sob título “Nóis é terrívi, se nóis fala
que faz, nóis faz: O acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da escola
como espaço público de auto-organização e Educação Popular”, apoia-se em pesquisa
documental, vídeos elaborados por apoiadores do acampamento, entrevistas em círculos de
Memória Investigativos, e diário de campo (grifo nosso). Segundo a autora, tal técnica para
coleta de dados foi utilizada devido sua participação durante anos naquele assentamento, como
extensionista.
Contudo, a dissertação de Batista (2016), que tem como título “Trajetórias de sucesso
escolar dos jovens oriundos de escolas públicas no ensino superior, verifica-se e o uso de em
seu aspecto técnico-instrumental a revisão de literatura, aplicação de questionário e entrevistas
semiestruturadas, a partir de uma amostra selecionada de forma casual e aleatória. Desta
maneira, realizou-se entrevistas semiestruturadas (grifo nosso) com seis estudantes que
frequentavam cursos considerados de alto prestígio social na Universidade Federal da Paraíba.
Segundo Batista (2016), tais técnicas e instrumentos foram utilizados para organizar um perfil
socioeconômico e educacional dos sujeitos interlocutores da pesquisa, afim de construir
percursos biográficos que favorecessem a compreensão das disposições singulares de sucesso
escolar no ensino superior.
No tocante à dissertação intitulada “A prática educativa da extensão rural no campo da
reforma agrária: Aproximações com a educação popular”, Silva (2017) adota a triangulação de
dados como, a observação participante, grupo focal (grifo nosso), e entrevistas
semiestruturadas, realizadas tanto de forma individual, quanto coletiva, com registros
fotográficos e gravação de áudios. Por meio desses procedimentos, foram entrevistadas vinte
(23) pessoas, sendo quatorze (14) homens e nove (09) mulheres. Contudo, a pesquisa apoiou-
se também em estudo documental e revisão bibliográfica, com vista a uma fundamentação e
embasamento teórico mais consistente.
Contudo, no que pese às técnicas e instrumentos presentes na dissertação intitulada “A
dimensão educativa do trabalho dos agentes comunitários de saúde: nos passos dos ACS de
Mari-PB”, Bezerra (2017) utiliza-se de grupos focais, entrevistas semiestruturadas, pesquisa
bibliográfica e documental (grifo nosso), e diária de atividades de campo dos Agentes
Comunitários de Saúde.

Aspectos Metodológicos

A parte metodológica de uma pesquisa tem a ver com os passos, procedimentos e


maneiras de bordar e tratar o objeto investigado (GAMBOA, 2012). Em concordância a esse
pressuposto, Minayo (2000) afirma que a metodologia se constitui como o caminho do
pensamento para prática exercida na abordagem da realidade.
Nesse contexto, com relação ao aspecto metodológico norteador da pesquisa “A
dimensão organizativa em uma educação popular (FREITAS, 1986) configura-se qualitativo
(grifo nosso), com um caráter observatório dialético (grifo nosso), trabalhando as interações
entre as instâncias e as fases que constituem a pesquisa, com embasamento freiriano.
Sobre a pesquisa “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular (DANTAS, 2015), verifica-se uma abordagem também
qualitativa (grifo nosso), de finalidade exploratória (grifo nosso). Nessa linha, Dantas (2015)
recorre à revisão histórica e aos fundamentos da educação popular, ponderando as percepções
dos cenopoetas quanto às suas concepções sobre a cenopoesia e as suas aproximações com a
educação popular.
No caso do estudo intitulado “O processo de aproximação da educação popular com as
práticas de educação em saúde no SESC e o seu significado” (NASCIMENTO, 2015), trata-se
de uma pesquisa também com enfoque qualitativo (grifo nosso), de caráter exploratório e
método dialético (grifo nosso). De acordo com Nascimento (2015, p. 19) “A dialética nos
possibilita perceber o homem como um ser histórico e social. Nesse sentido, é de fundamental
importância considerar a história dos fenômenos estudados, bem como sua relação”.
A metodologia da dissertação “Nóis é terrívi, se nóis fala que faz, nóis faz: O
acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da escola como espaço público
de auto-organização e Educação Popular” (RODRIGUES, 2016), é documental e se dá a partir
de revisão bibliográfica, utilizando como fonte parte da bibliografia produzida sobre o
acampamento Elizabeth Teixeira, Pedagogia do Movimento Sem Terra, Educação do Campo,
Educação Popular e Auto-organização, bem como relatos de participantes do assentamento, por
meio dos Círculos de Memória Investigativos. Segundo Rodrigues (2016), a metodologia é
resumida como uma pesquisa sistematizante de uma ação cultural desenvolvida coletivamente,
construída a partir do envolvimento da pesquisadora com o seu objeto de estudo.
A despeito do estudo sobre as “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de
escolas públicas no ensino superior”, Batista (2016) adota a metodologia qualitativa mesclada
à quantitativa (grifo nosso). De acordo com autora, a escolha dessas duas formas de tratamento
para análise do objeto deu-se pelo entendimento de que a articulação entre essas duas
abordagens contribui para uma maior compreensão do objeto estudado (BATISTA, 2016).
Dessa forma, apoia-se no método de narrativas biográficas para análise das trajetórias de
escolarização dos jovens universitários oriundos da escola pública, com vistas à compreensão
das contingências a que estão submetidos.
Destarte, Soares (2016) em seu estudo sobre “A Educação Popular nas pós-graduações
em Educação: análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na Região
Nordeste adotou a metodologia “quanti-qualitativo” (grifo nosso), com estratégia
metodológica dialética, a partir do estudo de Demo (1995), sobre a totalidade dialética. Nessa
perspectiva, o processo metodológico da coleta de dados é realizado a partir dos sítios das Pós-
Graduações e banco de teses da CAPES, relatório dos PIBIC’s, Trabalho de Conclusão e os
sites das pós-graduações de Educação, sendo os procedimentos de análise desses dados
baseados em parte dos estudos de Bardin (1977), perpassando por três polos cronológicos: pré-
análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação.
Já a pesquisa intitulada “A dimensão educativa do trabalho dos agentes comunitários de
saúde: nos passos dos ACS de Mari-PB (BEZERRA, 2017), caracteriza-se como qualitativa e
exploratória (grifo nosso), apoiada no viés da etnometodologia. Essa escolha foi fundamentada
em Minayo (2007) que, segundo Bezerra (2017), define a fase exploratória de investigação de
uma pesquisa como sendo tão importante que por si só já se considera “Pesquisa Exploratória”,
assim, a preferência por etnometodologia vem do trato com atividades práticas do cotidiano,
conforme aborda Coulon (1995).
No tocante ao estudo sobre “A prática educativa da extensão rural no campo da reforma
agrária: Aproximações com a educação popular”, Silva (2017) utiliza-se do método qualitativo
e exploratório (grifo nosso), pois envolve um amplo e significativo universo de valores e
significados impossíveis de serem quantificados. A autora afirma que este método de pesquisa
utiliza técnicas qualitativas utilizadas nas ciências sociais, ao passo que desenvolve o diálogo
numa perspectiva critico/dialética para melhor compreender o fenômeno estudado.

Aspectos Teóricos

Com relação aos aspectos teóricos de uma pesquisa, Gamboa (2012) explica que estes
abarcam os fenômenos educativos e sociais privilegiados, núcleos conceptuais básicos,
pretensões críticas a outras teorias, tipo de mudança proposta, autores citados, etc. Nessa
perspectiva, as dissertações que sucedem utilizam-se das mais variadas correntes teóricas em
suas fundamentações.
Nessa direção, ao analisar “A dimensão organizativa em uma educação popular”, Freitas
(1986) trabalha os conceitos de Educação Popular; Educação de Adultos; Pedagogia do
Movimento; Auto-organização; Sistematização de Experiências; e Práxis (grifo nosso)
apoiando-se em Paulo Freire (grifo nosso).
Sobre a dissertação “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular” (DANTAS, 2015), dentre os autores utilizados para
teorizar acerca da cenopoesia, Dantas (2015) menciona com mais frequência: Freire, através
das manifestações e meio de aprendizado do oprimido, do popular, como modo de resistência,
como negação cultural dos saberes dominantes; Minayo “a poesia e a arte continuam a
desvendar lógicas profundas e insuspeitadas do inconsciente coletivo, da vida cotidiana e do
destino humano.”; e Paludo trazendo a literatura popular enquanto transformadora da realidade
social, frente aos impactos da globalização, do neoliberalismo e do pensamento capitalista, que
submete as relações sociais à lógica mercantil. Também são recorrentes no trabalho, Brandão
(grifo nosso), Richardson, Bertold Brechet, entre outros.
Já a pesquisa sobre “O processo de aproximação da educação popular com as práticas
de educação em saúde no SESC e o seu significado” (NASCIMENTO, 2015), entre os diversos
estudiosos citados Nascimento (2015) traz para discorrer sobre a educação popular Paulo Freire,
Gadotti, Brandão, abordando a ideia de que “a educação popular é uma metodologia
educacional que valoriza os saberes do povo, voltado para conquista dos direitos sociais,
culturais e políticos na construção de novos saberes” (NASCIMENTO, 2015, p.38), partindo
da educação para compreensão sobre a saúde.
No que cerne o estudo sob o título “Nóis é terrívi, se nóis fala que faz, nóis faz: O
acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da escola como espaço público
de auto-organização e Educação Popular”, Rodrigues (2016) apoia-se em autores como Boff,
Leonardo; Brandão, Carlos Rodrigues; Carcaioli, Gabriela; Freire, Paulo, Holliday, Oscar Jara;
Marx (grifo nosso), Karl; Paludi, Conceição foram necessários para fundamentar as questões
referentes à Educação Popular; Educação de Jovens e Adultos; Pedagogia do Movimento; Auto-
organização; Sistematização de Experiências; Práxis.
A despeito das “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de escolas públicas
no ensino superior” analisadas por Batista (2016), a pesquisa referida fundamenta-se em
estudos sociológicos a partir de autores estruturalistas e pós-modernos como Bourdieu (1964-
1998), (grifo nosso), que aborda os conceitos de “habitus, capital cultural, social e econômico”;
Lahire (1997, 2004), que trata sobre os conceitos de “sucesso escolar, escolarização e meios
populares”; e Charlot (2000, 2002, 2009). Nessa direção, o trabalho aborda também o conceito
de educação popular, trajetória de sucesso (grifo nosso), aceso e permanência, ensino superior,
e alto prestígio social. Contudo, Batista (2016) ressalta a base teórica do presente estudo como
sendo relevante para a análise e compreensão das trajetórias singulares de sucesso escolar dos
jovens oriundos de escolas públicas em cursos elitistas no âmbito da Universidade Federal da
Paraíba.
Na pesquisa sobre “A Educação Popular nas pós-graduações em Educação: análises das
dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na Região Nordeste”, Soares (2016)
fundamenta-se nos conceitos de educação, popular, história, movimentos de cultura e
Educação Popular (grifo nosso), assim como no diálogo sobre a história da Pós-Graduação no
Brasil e das Pós-Graduações em Educação da região Nordeste, CAPES e o CNPq. Sendo assim,
a dissertação apresenta o Estado da Arte acerca da Educação Popular nas pós-graduações em
Educação da região Nordeste. São utilizados como pressupostos teóricos os estudos de Haddad
(2000), Ferreira (2002), Teixeira (2006) e a análise de conteúdo elucidada por Bardin (1977),
assim como Demo (1995), Coelho (2002), Brandão (1981; 2006), Beisiegel (1982; 1986),
Bezerra (2001), Góes (1980), Porto e Lage (1995) e Scocuglia (2000).
Bezerra (2017) ao estudar “A dimensão educativa do trabalho dos agentes comunitários
de saúde: nos passos dos ACS de Mari-PB”, fundamenta-se em diversos expoentes,
apresentando como principais: Paulo Freire (2001) amparando-se no conceito de prática
educativa; Gohn(1999), Werthein (1985) e Torres (1992), nos conceitos acerca da educação
não-formal. Desta maneira, todo trabalho é embasado nos pressupostos da educação popular, a
partir dos teóricos citados e de outros da área, como Brandão (1981); Carrillo (2013),
destacando os que tratam da educação popular e saúde: Valla(2003); Vasconcelos(1989);
Mialhe (2011); Gonçalves (2011),entre outros. Ao longo do estudo é possível perceber
definições importantes de: educação popular; educação formal e não formal; prática educativa
(grifo nosso); e espaços alternativos.
Por fim, a temática “A prática educativa da extensão rural no campo da reforma agrária:
Aproximações com a educação popular” Silva (2017) utiliza como principais teóricos: Freire
(1983), que trata sobre a negação do homem como ser de transformação do mundo; Batista
(2007), que evidencia a Educação Popular como forma de democratização, emancipação
humana (grifo nosso), libertação, resistência e enfrentamento às imposições das políticas
educacionais oficiais, bem como a negação dos direitos educacionais; Holliday (2006) trata
sobre a Educação Popular vinculada à aprendizagem, ao diálogo e a transformação da
sociedade; Scocuglia (2015) enfatiza sobre a reinvenção de novas práticas educativas; Aron
(2005) traz uma reflexão baseada no discurso de Marx, sobre as lutas de classe e igualdade de
direitos; Brandão (2006) comenta sobre “o produto do trabalho do homem, o homem em si
mesmo e sobre suas relações com a natureza”.

Aspectos Epistemológicos

Os aspectos epistemológicos de uma pesquisa referem-se aos critérios de


“cientificidade”. Nesse sentido, Gamboa (2012) destaca a concepção de ciência, como
concepção dos requisitos da prova ou validez do estudo, tipo de mudança proposto, autores
citados, dentre outros critérios.
Com efeito, no que concerne à epistemologia da pesquisa sobre “A dimensão educativa
do trabalho dos agentes comunitários de saúde: nos passos dos ACS de Mari-PB (BEZERRA,
2017), tem sua validade científica por meio da etnometodologia e da hermenêutica dialética
(grifo nosso). De acordo com Bezerra (2017), a aderência a etnometodologia se deu por esta se
ocupar com atividades práticas do cotidiano com o mesmo trato dado aos grandes
acontecimentos, se afirmando como a corrente metodológica da sociologia que busca
compreender as práticas sociais a partir de sua própria dinâmica. Assim, utilizou-se a
indicialidade como um dos conceitos-chaves para avançar na compreensão da vida em suas
minúncias, esta escolha possibilitou compreender como os ACS percebem e utilizam os
elementos que se lhe apresentam cotidianamente, tais como, as relações sociais por meio das
vaiadas formas de linguagem: verbal e não verbal.
No estudo sobre “A dimensão organizativa em uma educação popular (FREITAS,
1986), destacam-se o Materialismo Histórico Dialético (grifo nosso), Espaço Urbano,
Emancipação humana, Direito à moradia, Direito à Educação, Busca pelas condições para viver
em sociedade, e os Movimentos Sociais representando uma clara reação das camadas populares,
diante das precárias condições de existência como aspectos epistemológicos da pesquisa.
No que pese o estudo sobre “A Educação Popular nas pós-graduações em Educação:
análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na Região Nordeste (SOARES,
2016), o materialismo histórico dialético (grifo nosso) é utilizado por Soares (2016) a partir
do estudo de Demo (1995) sobre a totalidade dialética. Ela assume intencionalidade em sua
investigação e aproximação com o objeto de pesquisa, através de estudo e análise aprofundada
de seu objeto de conhecimento – a Educação Popular e a Pós-Graduação no Brasil. A partir da
análise e interpretação desse objeto de estudo, pretende ampliar o debate acerca da Educação
Popular nas Pós-Graduações em Educação na região Nordeste.
Em relação a temática sobre “A prática educativa da extensão rural no campo da reforma
agrária: Aproximações com a educação popular” (SILVA, 2017), nos seus aspectos
epistemológicos, percebe-se que predomina o materialismo histórico dialético (grifo nosso),
tendo em vista que a autora demonstra claramente sua intenção de aproximação com o objeto
de estudo e interesse em analisá-lo e conhecê-lo de forma mais aprofundada, utilizando-o como
um meio de interpretar os fenômenos sociais, de estudos que apresentam a necessidade de
ampliação dos princípios de análises do mundo e da consciência humana.
Já o tema sobre “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular (DANTAS, 2015), constam o Materialismo Histórico
dialético, Educação Popular, artes, cenopoesia. A autora acredita que o Materialismo dialético
(grifo nosso) é a epistemologia que perpassa seu trabalho, pois ele pode abarcar os dilemas
históricos, socioeconômicos e as relações sociais do fenômeno analisado.
Sobre a dissertação intitulada “Nóis é terrívi, se nóis fala que faz, nóis faz: O
acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da escola como espaço público
de auto-organização e Educação Popular” (RODRIGUES, 2016), aparecem o Materialismo
Histórico Dialético (grifo nosso); Emancipação humana, Direito à moradia, Direito à
Educação, Busca pelas condições para viver em sociedade, Reconhecimento da criança como
sujeito ativo na sociedade como aspectos epistemológicos de investigação.
Em Nascimento (2015), sobre “O processo de aproximação da educação popular com
as práticas de educação em saúde no SESC e o seu significado percebe-se a utilização também
do materialismo histórico-dialético (grifo nosso), como estudo e respaldo dos seus métodos e
como a forma de fundamentar sua visão de mundo e de homem.
No tocante a temática “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de escolas
públicas no ensino superior”, Batista (2016) utilizasse da corrente de pensamento
estruturalista (grifo nosso). Por esse viés, traz para o campo de análise elementos que compõe
o sucesso escolar a partir das concepções dos sujeitos, como sua trajetória escolar, o fato de
serem de origem popular, e suas escolhas por cursos de alto prestígio social, depreendendo-se
assim a realidade social dos sujeitos interlocutores da pesquisa.

Aspectos Gnosiológicos

Acerca dos aspectos gnosiológicos de uma pesquisa, Gamboa (2012) explica que tem a
ver com o entendimento do pesquisador sobre a realidade, o abstrato e o concreto no processo
de investigação científica. Assim, para o referido autor, isso implica variadas formas de abstrair,
conceituar, classificar e formatar. Referindo-se assim, aos critérios sobre a “construção do
objeto” no processo de construção do conhecimento científico (GAMBOA, 2012).
Em consonância ao exposto, na dissertação sobre “A dimensão organizativa em uma
educação popular, o primeiro contato de Freitas (1986) com o objeto de pesquisa (Associação
de Moradores Brasília Teimosa – Recife/PE) se deu entre 1960 e 1964 pela Graduação em
Licenciada em Ciências Sociais na Universidade Católica de Pernambuco, onde foi
desenvolvido um trabalho de campo de três anos, retomando na década de 80 para realizar algo
mais específico destinado ao mestrado em educação no PPGE.
No estudo sobre “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular”, Dantas (2015) teve contato com a cenopoesia desde a
adolescência, na década de noventa, e o encantamento com uma manifestação que é popular,
possui finalidade pedagógica, social e representa resistência a fez transcender e buscar um modo
de levar à academia uma parte importante da nossa cultura, porém com pouca visibilidade e
teorização. Sua missão foi unir a pedagogia à sua paixão pela arte, que se concretiza na
cenopoesia.
Ao analisar “O processo de aproximação da educação popular com as práticas de
educação em saúde no SESC e o seu significado”, Nascimento (2015) parte intimamente das
experiências profissionais da autora, onde a mesma relata que o encontro com a educação
popular surgiu antes dos estudos na área e experiência profissional. A pesquisadora relata
algumas experiências que a possibilitaram desenvolver uma prática mais sensível, com uma
escuta humanizada onde foram fortalecidas as práticas em promoção de saúde, dentre essas
experiências cita o Estágio Multiprofissional Interiorizado – EMI no hospital municipal de
Juazeirinho – PB, atividades juntos ao Serviço Social do Comércio – SESC/PB, e as
experiências vividas na clínica médica no Hospital São Vicente de Paula em João Pessoa.
Em “Nóis é terrívi, se nóis fala que faz, nóis faz: O acampamento Elizabeth Teixeira em
Limeira-SP e a construção da escola como espaço público de auto-organização e Educação
Popular”, Rodrigues (2016) teve seu primeiro contato com o objeto de pesquisa (Assentamento
do MST em Limeira-SP) em 2007, pelo Coletivo de Extensão Universidade Popular (UP), da
Universidade Estadual de Campinas-SP, no qual a pesquisadora atuou ainda como estudante de
2007 a 2012. Em 2014 retornou ao assentamento para a realização da pesquisa, agora como
estudante do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal da Paraíba.
Já Batista (2016) sobre as “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de escolas
públicas no ensino superior”, seu interesse por essa temática parte da compreensão dos sujeitos
como jovens de sucesso pela superação da realidade social desfavorável a qual pertenciam.
Nesse sentido, a categoria sucesso escolar aparece como elemento abstrato e ao mesmo tempo
norteador na relação com a percepção dos sujeitos interlocutores da pesquisa inseridos na
realidade observada.
Já Soares (2016), desenvolveu o estudo sobre “A Educação Popular nas pós-graduações
em Educação: análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na Região
Nordeste”, a partir de sua participação no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular,
Serviço Social e Movimentos Sociais (GEPEDUPSS), a pesquisadora tece estudos e discussões
levando em conta seu entendimento de mundo, sua identidade, os teóricos que fizeram/fazem
parte de sua linha de pesquisa e sua forma de compreender o próprio objeto e de colocar-se
diante dele. Sendo assim, a pesquisa traz à tona a compreensão de que a Educação Popular, nas
produções analisadas, é tida como temática secundária, além de permitir o entendimento de que
a Educação Popular no país não se finda em uma definição, “ela vai além de um tempo, de um
espaço, de um sujeito, e até mesmo de uma perspectiva teórica” (SOARES, 2016, p. 136).
O interesse de Bezerra (2017) em desenvolver um estudo sobre “A dimensão educativa
do trabalho dos agentes comunitários de saúde: nos passos dos ACS de Mari-PB, está atrelado
a sua experiência profissional (grifo nosso) como ACS e a sua formação inicial no curso de
Pedagogia, de forma paralela. Ela ampliava sua formação na área da educação enquanto exercia
a função de Agente Comunitária de Saúde, profissão entendida como componente da área da
saúde. Nessa vivência dual, ela encontrou a relação entre ambos os campos, que relata ter se
dado a partir da concepção freireana de que “educação está além dos muros escolares”.
Contudo, Silva (2017) sobre “A prática educativa da extensão rural no campo da reforma
agrária: Aproximações com a educação popular”, explica que sua formação pessoal e
militância (grifo nosso) estão intrinsecamente ligadas, e se fundamentam na convivência com
pessoas das quais ela tem grande admiração e as considera como referência. Dentre estas
pessoas, ela destaca primeiramente a sua mãe, e em seguida as educadoras e educadores
militantes, por isso, em seu discurso acrescenta que estes atores se constituíram sujeitos muito
importantes em sua formação acadêmica e que muito contribuíram incentivando-a a
problematizar questões que a inquietavam enquanto militante e participante (grifo nosso) de
formações políticas, de articulações e de mobilizações sociais do campo.

Aspectos Ontológicos

Os aspectos ontológicos de uma pesquisa referem-se as concepções de ser humano, de


sociedade, de história, de educação e da realidade frente ao objeto de investigação que, segundo
Gamboa (2012) se articulam na visão de mundo implícita em toda produção cientifica, esta
visão o autor referido chama de “cosmovisão”. A cosmovisão expressa por Gamboa (2012)
compõe uma metodologia integradora e totalizadora que colabora para elucidação de outros
paradigmas.
Nessa perspectiva, a ontologia expressa na pesquisa sobre “A dimensão organizativa em
uma educação popular” (FREITAS, 1986), está presente no ato de aprender pela observação
de suas práticas (grifo nosso) e tomar uma consciência da luta dos movimentos populares, para
conduzir a criação, reprodução e redistribuição do saber, oferecendo-lhes em troca as
contribuições possíveis dentro do nosso campo específico de conhecimento.
Acerca da temática “Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas às
interseções com a educação popular”, Dantas (2015) entende que a cenopoesia “Busca a
superação da excepcionalidade artística de modo a restaurar a condição ontocriativa das
pessoas”. Sua prática caracteriza-se pela articulação de repertórios humanos (grifo nosso) e
suas composições se efetivam por meio de diversas modalidades. Desse modo, a partir de uma
visão pedagógica, preocupada com questões sociais a pesquisadora viu nessa manifestação
artística a possibilidade de produzir visibilidade e enfrentar as barreiras hegemônicas que se
levantam.
Sobre o tema intitulado “O processo de aproximação da educação popular com as
práticas de educação em saúde no SESC e o seu significado, Nascimento (2015), fundamenta-
se no materialismo histórico-dialético e na educação popular especialmente em Freire,
compreendendo o ser humano como transformador e protagonista da sua história, não
dissociado desta. Sendo assim, os sujeitos conscientizados lutam para romper uma história de
vida ditada pelo interesse da elite dominante. Em suma, dentro da educação popular, na
perspectiva freireana e como a autora traz, homens e mulheres são sujeitos condicionados
(grifo nosso), porém não determinado, uma vez que dentro de um espaço que o possibilite a
tomada de consciência possui a capacidade de romper com essa força ditadora.
No que concerne ao ontológico exposto por Rodrigues (2016) em “Nóis é terrívi, se nóis
fala que faz, nóis faz: O acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da
escola como espaço público de auto-organização (grifo nosso) e Educação Popular”,
destacam-se aspectos crítico-reflexivo e problematizador; produção e transformação; educação
libertadora; busca pelo ser mais; homem como sujeito da própria história.
Quanto ao estudo sobre as “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de
escolas públicas no ensino superior, Batista (2016) infere que as trajetórias escolares dos
estudantes oriundos de escolas públicas não são homogêneas, e apresentam diversos recursos,
como a interdependência entre família, escola, relação com o saber e o desejo de mobilidade
social (grifo nosso), que corroboram para seu sucesso acadêmico. Nesse sentido, a visão de ser
humano expresso na referida pesquisa é de um ser humano emancipado, de sujeitos
emancipados, de estudantes de origem popular e suas histórias singulares de superação.
Soares (2016) em sua dissertação sobre “A Educação Popular nas pós-graduações em
Educação: análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na Região Nordeste”,
em sua ótica ontológica compreende que a Educação Popular não se apresenta de maneira
homogênea, ou seja, não existe um modelo definido que venha traçar um padrão acerca de suas
práticas, pelo contrário, ela é concebida a partir de múltiplas concepções e entendida de acordo
com os seus sujeitos, mediatizados pelos variados espaços e tempos nos quais ela é constituída.
Dessa forma, de acordo com Soares (2016), não existe um consenso para se estudar e entender
a Educação Popular.
Bandeira (2017) ao estudar sobre “A dimensão educativa do trabalho dos agentes
comunitários de saúde: nos passos dos ACS de Mari-PB”, expressa o aspecto ontológico na
ideia de que “a educação é um processo complexo e dinâmico”, expressando que comunga com
Brandão (1981) quando fala que a educação está em nós como “pedaços da vida”. Portanto,
defende que não existe educação e sim educações (grifo nosso), podendo ocorrer tanto na
escola, como fora dela. Ao assumir esse entendimento a pesquisadora afirma que a educação
possibilita ao homem construir seu conhecimento por meio das relações existentes em sua vida,
assim, o estudo de Bandeira (2017) considera o homem como sujeito crítico, conhecedor da
realidade em que convive e disposto a buscar ou criar formas alternativas de sobrevivência,
crescimento ou transformações nos espaços em que vive.
A respeito do estudo sobre “A prática educativa da extensão rural no campo da reforma
agrária: Aproximações com a educação popular”, em seus aspectos ontológicos, Silva (2017)
ressalta que o saber popular (grifo nosso) articula o conhecimento acadêmico ao conhecimento
popular, e a construção da relação do ser humano com o outro e com a natureza, contribuindo
para a melhoria da vida do homem e da mulher e suas relações ecológicas com a natureza por
meio de uma dialogicidade que favorece a interação no processo de construção e ressignificação
de novos conhecimentos. Pontua-se ainda que, através da relação com o outro, da
contextualização da realidade inicia-se um processo de transformação, em que um
complementa o conhecimento do outro resultando em uma prática educativa intencional, não
pontual, nem unilateral, mas fundamentada no diálogo e na emancipação.
Segundo Gamboa (2012), uma investigação se constitui por meio de coleta, registro,
organização, sistematização e tratamento de dados e informações, para posteriormente dar
início às análises. Nesse sentido, Richardson (2017) afirma que o pesquisador deve escolher os
instrumentos mais adequados para efetuar a coleta de informações.
Nesse contexto, sobre a dimensão técnico-instrumental, destacam-se nas produções que
permeiam a linha de pesquisa Educação Popular, as entrevistas semiestruturadas, como sendo
o procedimento utilizado, seguido de revisões bibliográficas e documentais, aplicação de
questionários, observação participante, grupo focal e estudo de caso, conforme ilustrado no
gráfico a seguir.
Gráfico 01 - Frequência quanto as Técnicas e Procedimentos utilizados nas Dissertações
analisadas

Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as) 2018.

Quanto à abordagem metodológica, dentre as dissertações analisadas, percebe-se a


predominância da metodologia qualitativa, presente em todas as dissertações. Identifica-se um
caráter quantitativo apenas em duas das dissertações analisadas (BATISTA, 2016) e (SOARES,
2016), porém, sempre somado a uma abordagem qualitativa, no entendimento de que o uso
dessas duas abordagens possibilitaria uma compreensão maior do objeto de estudo.

Gráfico 02 - Frequência quanto a Metodologia utilizada nas Dissertações analisadas

Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as) 2018.

O caráter exploratório foi utilizado em quatro das pesquisas e o método dialético esteve
presente em quatro das dissertações analisadas, sendo, em uma delas, citado o embasamento
teórico freireano. Já o método de narrativas biográficas foi utilizado em dois dos trabalhos.
Sendo assim, foi possível compreender, a partir dessa análise, que a escolha pelo tipo de
abordagem metodológica requer do pesquisador o entendimento sobre o caminho que deseja
percorrer e decorre de seu contato e aproximação com o seu objeto de pesquisa. Dessa maneira,
as dissertações analisadas um caráter majoritariamente qualitativo, a pretensão que os
pesquisadores em Educação Popular têm de possibilitar a ampliação da visão de homem, de
mundo e de sociedade, no tempo e espaço, em que se constroem as suas pesquisas.
Quanto ao aspecto teórico, alguns autores fizeram-se recorrentes, como é o caso de
Paulo Freire e Brandão. Freire foi citado em seis dissertações, conforme ilustrado no gráfico
03. Em termos metodológicos e técnico-instrumentais, também se fizeram presentes Minayo,
Gamboa e Richardson. A depender da temática abordada, percebemos que há uma variação de
teóricos, os quais apareceram apenas em um trabalho específico, como é o caso de Bourdieu,
Gadotti, Leonard Boff, Bardin, Gohn, Marx, dentre outros.

Gráfico 03 - Frequência quanto aos Teóricos utilizados nas Dissertações analisadas

Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as) 2018.

Em relação aos aspectos epistemológicos, que corresponde à cientificidade da pesquisa


e seus critérios, através das análises foi possível perceber uma maior ênfase no materialismo
histórico dialético, onde das oito dissertações, seis apresentaram essa forma epistemológica.
Apenas a pesquisa “Trajetórias de sucesso escolar dos jovens oriundos de escolas públicas no
ensino superior”, fundamentou-se na corrente de pensamento estruturalista, e o trabalho
intitulado “A dimensão educativa do trabalho dos agentes comunitários de saúde: nos passos
dos ACS de Mari-PB”, que compreendeu as práticas sociais partindo do contexto e da realidade.
Gráfico 04 - Frequência quanto aos aspectos Epistemológicos empregados nas Dissertações
analisadas

Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as) 2018.

Em relação aos aspectos gnosiológicos podemos perceber uma tendência gnosiológica


muito clara do relacionamento dos sujeitos e objetos a partir das vivências, onde em quatro
dissertações analisadas os sujeitos e objetos se confundem, pois, os pesquisadores em um dado
momento fazem parte do próprio objeto, sendo ao mesmo tempo sujeito. Em outras quatro
situações os sujeitos se aproximam dos objetos a partir de uma vivência acadêmica, através de
desenvolvimento de atividades de pesquisa na graduação e aprofundado na pós-graduação. O
que fica claro é que mesmo com enfoques diferentes, posições geográficas distintas, objetos de
pesquisa diversos, há uma ligação entre conhecimento a ser desenvolvido e interesse do
pesquisador (GAMBOA, 2012).
No que se refere aos aspectos ontológicos observados nas dissertações, percebe-se que
estas apresentam o ser humano como sujeito questionador e transformador (grifo nosso),
que ao longo dos anos vem construindo uma trajetória de luta por sua emancipação e
libertação (grifo nosso). Os autores estudados, em sua totalidade, fundamentam seus trabalhos
na Educação Popular, sendo a maioria na perspectiva freireana, e utilizam-se de diferentes
expressões para afirmar que homens e mulheres são sujeitos condicionados (grifo nosso), mas
explicam que estes, uma vez que são inseridos em espaços que possibilitem a tomada de
consciência, se tornam capazes de romper com as forças opressoras, pois ao serem
conscientizados lutam contra a opressão e a dominação e se constituem sujeitos da sua própria
história.
Pelo exposto, as pesquisas analisadas evidenciam que o saber popular propicia uma
articulação entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento popular, contribuindo para a
construção da relação do ser humano com o outro, e com a natureza; promovendo melhoria da
qualidade de vida do homem e da mulher e das suas relações com a natureza, favorecendo a
interação no processo construtivo de ressignificação de novos conhecimentos, fundamentados
no diálogo e na contextualização da realidade.

CONCLUSÃO

Apesar da maioria dos trabalhos apresentarem os mesmos aspectos, tanto teóricos,


metodológicos, técnico-instrumentais, quanto os epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos
foi possível perceber uma variabilidade do objeto e do fenômeno mesmo dentro da mesma linha
de educação popular, onde as pesquisas foram desde as práticas educativas ao sucesso escolar,
educação em saúde e cenopoesia. Essa característica de amplitude e variação dos pontos
pesquisados apresenta, dentro do recorte realizado, um curso de pós-graduação que abrange
diversos fazeres, práticas e dizeres, possibilitando perceber o quanto a educação popular pode
engajar-se em diversos espaços.
Em síntese, as dissertações centram-se no método qualitativo e dialético, característico
das pesquisas em educação e da educação popular. A maioria também se fundamenta
epistemologicamente no materialismo histórico e dialético. Assim, entende-se que as visões de
mundo, homem e compreensão da ciência perpassam pelo mesmo entendimento dos homens e
mulheres como sujeitos transformadores, lutando por uma sociedade mais justa e igualitária
através do processo de conscientização.
Sobre os principais teóricos, técnicas e instrumentos também são perceptíveis uma
hegemonia voltada para autores com uma base marxista e instrumentos e técnicas dos métodos
qualitativos, apresentando um distanciamento dos métodos quantitativos, usados apenas de
forma secundária. Com efeito, foi possível entender os seis aspectos de forma mais clara por
meio do exercício de identificação nas dissertações, possibilitando um olhar apurado para a
futura construção das dissertações dos discentes que participaram das análises.
Apesar de ser um pequeno recorte em relação à quantidade total das dissertações, foi
possível perceber também, uma ênfase sobre a compreensão de mundo e de ser humano
presente nas discussões, permitindo perceber que dentro da linha de pesquisa em educação
popular os sujeitos são compreendidos como protagonistas e transformadores de suas
realidades. Assim, esse trabalho contribuiu positivamente com o reconhecimento das produções
desenvolvidas no âmbito da pesquisa em Educação Popular, por trazer para o centro das
discussões um arcabouço teórico-metodológico rico em seus mais variados aspectos.
Diante do exposto, conclui-se que o presente trabalho se configura importante por
contribuir tanto para o curso de Mestrado em Educação quanto para as pesquisas dos próprios
alunos integrantes da disciplina “Pesquisa em Educação”, no sentido de dar subsídio para que
estes possam definir a base epistemológica de suas respectivas pesquisas em desenvolvimento.
Contudo, sugere-se que novos trabalhos sejam realizados com um recorte maior sobre as
dissertações para ampliar as análises e para uma maior compreensão sobre o âmbito da Pesquisa
em Educação.

REFERÊNCIAS

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escolas públicas no Ensino Superior. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade
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COULON, Alain. Etnometodologia. Petrópolis, Vozes, 1995.

DANTAS, Maria Josevânia. Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificidades artísticas
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Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015. Disponível em:
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FREITAS, Clara Maria Silvestre Monteiro. A dimensão educativa em uma organização


popular. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,
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<http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/dissertacoes/Resumo-FREITAS.pdf>
Acesso em: 16 de mai. 2018.

GAMBOA, Silvio Sánchez. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2.ed. Chapecó:


Argos.2014

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em


saúde.10. ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

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práticas de educação em saúde no SESC e o seu significado. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015. Disponível em:
<http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/8616> Acesso em: 16 de mai. 2018.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social - métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2017.
RICHARDSON, Roberto. Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Editora.
1999.

RODRIGUES, Tessy Priscila Pavan de Paula. Nóis é terrívi, se nóis fala que faz, nóis faz: O
acampamento Elizabeth Teixeira em Limeira-SP e a construção da escola como espaço
público de auto-organização e Educação Popular. Dissertação (Mestrado Educação) -
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016. Disponível em:
<https://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/noticias_desc.jsflc=pt_BR&id=1906&noticia=40
293160> Acesso em: 16 de mai. 2018.

SILVA, Conceição Cristina Pereira da. A prática educativa da extensão rural no campo da
reforma agrária: aproximações com a educação popular. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. Disponível em:
<http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/9784> Acesso em: 16 de mai. 2018.

SOARES, Ellaila Andrius de M. A Educação Popular nas Pós-Graduações em Educação:


análises das dissertações e teses produzidas entre 2000 e 2014 na região nordeste.
Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
Disponível em: <http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/8743> Acesso em: 16 de mai.
2018.
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Estudos e pesquisas sobre as memórias e as histórias da educação brasileira, tomando como
principal “locus” de discussão as experiências educacionais nordestinas e, mais
particularmente, paraibanas. Tais estudos e pesquisas fundamentam-se na pluralidade teórica e
metodológica dos campos da história e da educação. História da educação nos períodos imperial
e republicano nos níveis primário, secundário e superior. História da educação popular.
Fonte: site do PPGE <http://www.ce.ufpb.br/ppge/contents/menu/linhas-de-pesquisa >
AS INTERFACES ENTRE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO NA PESQUISA ACADÊMICA:
UM DEBATE PROFÍCUO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO-
EDUCACIONAL

Alanna Maria Santos Borges


Marcondes dos Santos Lima
Rossana Faria Queiroz Ferrer
Tiago Licarião de Melo

Para conseguir um domínio confiável das técnicas, os


investigadores necessitam entender suas relações com os
métodos e os procedimentos, e destes com os
correspondentes pressupostos teóricos e metodológicos
[...]
Sánchez Gamboa Silvio (2012)

Considerações preliminares

O escopo deste construto é esboçar uma discussão e análise teórico-metodológica em


torno de quatro produções acadêmicas, em específico, as dissertações de mestrado do Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba, desenvolvidas no âmbito
da linha de pesquisa História da Educação e que foram defendidas no marco temporal
compreendido entre 2013 à 20174.
Entendemos que materializar textualmente o que vem sendo produzido no campo da
historiografia da educação nos últimos anos, principalmente, o processo de construção dessas
pesquisas é também uma produção de conhecimento relevante para compreendermos como são
estruturados os processos investigativos e as tendências do pensamento educacional na área da
pesquisa em educação.
As quatro dissertações selecionadas e analisadas têm o respectivo títulos, a saber: Os
anúncios do Jornal A União (1904-1937): a propagação da modernidade pedagógica na
Paraíba de Arruda (2015); A escolarização da população pobre na Parahyba do Norte: instruir
para civilizar (1855-1889) de Santos (2016); História de vida professoral de Mário Moacyr
Porto: a cultura jurídica em favor dos Direitos Humanos (1950-1969) de Lima (2016) e por
fim Primaveras de destinos da Revista de Ensino no Estado da Paraíba: as prescrições na

4
Este texto teve a sua primeira versão quando foi solicitado e apresentado na disciplina de Pesquisa em Educação
do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Para esta coletânea
(segunda versão) o mesmo texto passou por uma (re) leitura de seus autores no sentido de modificar, acrescentar
e aprofundar a discussão.
História da Educação e as representações do Ensino de História (1932-1942) de Assunção
(2016).
Na leitura e compreensão da escrita de tais dissertações listadas acima fomos guiados
pela tese de que na pesquisa em Educação há uma lógica interna de produção do conhecimento
científico. Conforme Gamboa (2012), a pesquisa em Educação deve articular os diversos fatores
ou níveis que constituem a estrutura epistemológica de um estudo científico educacional. E
complementa que “Suponhamos que todo processo de produção do conhecimento se manifesta
numa estrutura de pensamento que inclui conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos,
teóricos, metodológicos e técnicos (GAMBOA, 2012, p. 58).
Para o autor, esses conteúdos, citados acima, podem ainda ser organizados em níveis
de amplitude, iniciando por fatores que se comportam na pesquisa de forma explícita até chegar
aos fatores que se comportam de forma implícita. É a partir destas considerações preliminares
em torno da lógica da pesquisa em educação esboçada por Gamboa (2012) em diálogo com
outros autores, que a nossa leitura das dissertações foi orientada no sentido de identificar e
problematizar teoricamente tais aspectos que dão forma e substância ao processo de produção
do conhecimento científico, e em nosso caso, do saber histórico-educacional, considerando os
elementos como: 1) Técnico-instrumental; 2) Metodologia; 3) Teoria ou teóricos; 4)
Epistemologia; 5) Gnosiologia e 6) Ontologia.
Compreendemos que este modelo metodológico imprime questões conceituais rigorosas
que dão critério de cientificidade nas pesquisas. Neste sentido, as ciências humanas gozam de
um estatuto qualitativo, pois buscam significar acontecimentos que revelam uma construção
histórica. E na construção do objeto de pesquisa os historiadores desenvolvem métodos que
visam a auxiliar os processos investigativos, por isso, na historiografia da educação o leque de
possibilidades metodológicas é amplo.
O método qualitativo difere, em principio, do quantitativo à medida que não emprega
um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema. Não pretende
numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas. (RICHARDSON, 2012).
Partindo do pressuposto de que toda pesquisa acadêmica deve perseguir está lógica de
investigação, isto é, os elementos/níveis que dão forma e conteúdo a escrita científica,
tentaremos perscrutar e demonstrar ao leitor se as pesquisas (dissertações) construídas na área
de História da Educação tem considerado estes aspectos desde o técnico-instrumental até a
ontologia. Vale ressaltar que a partir dos resultados obtidos não queremos imprimir ao leitor
generalizações no sentido de apontar se há ou não na escrita dessas produções acadêmicas uma
estrutura epistemológica interna. Isto porque, a nossa análise tem como materialidade apenas
quatro dissertações de mestrado de uma instituição. Logo, o nosso olhar analítico partirá de
indícios (singular/particular) sem cair na sedução da generalização.
Ressaltamos que a relevância deste construto está em dar continuidade a tradição que
há na prática de mapeamento de dissertações de mestrado e doutorado, bem como de artigos
em periódicos. Este exercício de rastrear e catalogar trabalhos acadêmicos de natureza
diversificadas, conhecido como “Estado da Arte” (SANTOS; BARROS, 2012), tem
possibilitado aos estudiosos da área de educação identificar e conhecer o que tem sido lido,
investigado e publicado no campo, assim como saber quais objetos de estudo e temáticas têm
sido privilegiados nas linhas de pesquisa de Programas de Pós-Graduação em Educação no país.
A autora Ferreira (2002) que define esse procedimento bibliográfico também como
“Estado do Conhecimento” nos permite entender que esta prática de mapeamento traz em
comum o desafio de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e
privilegiados em diferentes épocas e lugares.
Complementamos ainda que a leitura do texto em apreço pode ser concebido como uma
possibilidade de suscitar discussões, ou em outras palavras, conscientizar os iniciantes e
experientes na pesquisa em educação sobre a relevância de se prezar pelo rigor científico na
produção do conhecimento acadêmico. Pois, segundo Bittar (s/a), em um estudo sobre os
quarenta anos de pós-graduação no Brasil, a autora identificou que desde a década de 1990
houve uma tendência crescente de produções que tem perdido o rigor teórico-metodológico em
decorrência da massificação dos trabalhos, bem como do crescimento dos programas de pós-
graduação no país.
Após a localização das dissertações de mestrado defendidas o primeiro procedimento
foi a pré análise que, segundo Bardin (2011) é o momento da escolha dos documentos que serão
submetidos a análise. Nesta etapa realizou-se a “leitura flutuante” que “[...] consiste em
estabelecer contato com documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por
impressões e orientações” (BARDIN, 2011, p. 126). A partir das primeiras impressões obtidas
com a “leitura flutuante” pudemos adentrar ao conteúdo das dissertações a fim de rastrear a
existência ou não dos elementos concernentes a estrutura epistemológica interna de uma
pesquisa (GAMBOA, 2012).
Apresentação das propostas das dissertações de mestrado em História da Educação na
Paraíba

A dissertação da linha de pesquisa de História da Educação, intitulada Os anúncios no


Jornal A União (1904-1937): a propagação da modernidade pedagógica na Paraíba foi
defendida pela Mestra Kalyne Barbosa Arruda em 2015, sob a orientação da Professora Dra.
Fabiana Sena, tendo como problema as seguintes questões de estudo: Como as escolas, os
professores e métodos de ensino eram anunciados? Que história da educação esses anúncios
desvelam? Quais as representações por meio de anúncios de educação no período? Havia
anúncios que tratavam da pedagogia moderna? Se sim, como era o discurso? Como os anúncios
eram formulados para convencer os leitores dos serviços anunciados? Como se dava a
circulação desses textos no jornal? Partindo dessas questões, a autora levantou o seguinte
problema de pesquisa: qual a representação deles nesse suporte e qual era o papel dos anúncios
na difusão da modernidade pedagógica no período de 1904 a 1937? Para tanto, a investigação
teve como objetivo geral analisar as representações de educação presentes nos anúncios sobre
os professores, escolas e métodos de ensino no Jornal A União, nos anos de 1904 a 1937.
A dissertação A escolarização da população pobre na Parahyba do Norte: instruir para
civilizar (1855-1889) de Lays Regina Batista de Macena Martins dos Santos (2016), sob
orientação da Profa. Dra. Mauricéia Ananias, apresenta como proposta investigar o processo de
institucionalização da escolarização da população pobre na Parahyba do Norte no marco
temporal compreendido entre 1855, por ser a primeira menção encontrada sobre a existência de
alunos pobres nas aulas de primeiras letras no Império, e 1889, em virtude da transição do
regime da monarquia para o regime republicano.
O argumento central que a autora defende em sua pesquisa é a frequência de sujeitos
pobres e negros nas aulas de primeiras letras da província paraibana no XIX. Segundo o relato
da autora o seu argumento surgiu a partir da constatação de que pesquisas em História da
Educação tem defendido por um longo tempo a ideia de que a escola pública foi um espaço de
formação frequentado somente pela elite.
A dissertação História de vida professoral de Mário Moacyr Porto: a cultura jurídica
em favor dos Direitos Humanos (1950-1969) de Lima (2016) possui como objeto de pesquisa
a história de vida professoral de Mário Moacyr Porto tendo, em vista que, em histórias de vida
professoral a figura do professor ganha destaque se constituindo objeto de pesquisa em favor
de estudos sobre a profissão docente.
Dessa forma, a história de vida do professor Mário Moacyr Porto se apresenta como
fonte de informações que buscam a reflexão acerca da formação da identidade profissional
docente e suas práticas educativas na perspectiva da pesquisa-formação. Pesquisa qualitativa –
entrelaçamento entre história-memória por meio da História Oral.
Possui como objetivo geral verificar o papel desempenhado por Mário Moacyr Porto na
constituição da cultura jurídica paraibana. Justifica-se pela participação do mesmo em
momentos importantes do cenário educacional na luta pela federalização Universidade da
Paraíba e elaboração e ensino da 1ª Cadeira de Direito Civil corroborando para a formação
educacional.
A dissertação Primaveras de destinos da Revista de Ensino no Estado da Paraíba: as
prescrições na História da Educação e as representações do Ensino de História (1932-1942)
de Albanisa Maria de Assunção defendida no ano de 2016 visou compreender quais discursos
e sobre como estes se apresentaram nos periódicos da revista de ensino do estado da Paraíba. A
investigação se pautava no modelo de educação trazida pela visão educacional escolanovista, a
partir de uma nacionalização do sujeito educando e no reforço dos interesses do Estado e
educação.

Os (des)encontros entre os aspectos teórico-metodológicos nas pesquisas acadêmicas em


História da Educação na Paraíba

Uma das teses centrais que o autor Sánchez Gamboa Silvio defende em sua obra
Pesquisa em educação: métodos e epistemologias (2012) é que na produção do conhecimento
educacional o pesquisador deve se atentar a existência de uma lógica interna da própria pesquisa
que implica no reconhecimento das articulações ente os diversos fatores/níveis que integram os
processos da construção do saber científico. Todavia, o autor nas entrelinhas de sua reflexão
filosófica nos permite entender que concomitante a existência desta lógica, nos estudos
acadêmicos tem-se evidenciado a perda da lógica da pesquisa e, portanto, a necessidade de seu
resgate no âmbito da pesquisa educacional.
Em sua acepção Gamboa (2012) compartimenta a lógica da pesquisa em cinco aspectos,
pressupondo a sua relação de interdependência, como pode ser definido no excerto abaixo 5:

5
Em virtude de partirmos do pressuposto de que nem todos os leitores tem o conhecimento da lógica interna da
pesquisa, conforme Gamboa (2012), principalmente, do significado dos aspectos que integram esta lógica,
apresentamos ao leitor na citação abaixo os níveis de amplitude e seus respectivos sentidos a partir das
considerações do autor. Bem como, para auxiliar o leitor na compreensão da análise das dissertações de mestrado
na linha de pesquisa de História da Educação.
a) técnico-instrumental: refere-se aos processos de coleta, registro, organização,
sistematização e tratamento do dados e informações;
b) metodológico: faz alusão aos passos, procedimentos e maneiras de abordar e
tratar o objeto investigado;
c) teóricos: entre eles, citamos os fenômenos educativos e sociais privilegiados,
núcleos conceituais básicos, pretensões críticas a outras teorias, tipo de mudança
proposta, autores citados etc.;
d) epistemológicos: referem-se aos critérios de ‘cientificidade” como concepção de
ciência, concepção requisitos da prova ou validez, concepção de causalidade
etc.;
e) gnosiológicos: correspondem ao entendimento que o pesquisador tem do real, do
abstrato e do concreto no processo de pesquisa científica; o que implica diversas
maneiras de abstrair, conceituar, classificar e formalizar, ou seja, diversas formas
de relacionar o sujeito e o objeto da pesquisa e que se refere aos critérios sobre a
“construção do objeto” no processo de conhecimento;
f) ontológicos: referem-se a concepções de homem, sociedade, da história, da
educação e da realidade, que se articulam na visão de mundo implícita em toda
produção científica; esta visão de mundo (cosmovisão) tem uma função
metodológica integradora e totalizadora que ajuda a elucidar os outros elementos
de cada modelo ou paradigma (Sánchez Gamboa, 1987, p. 66, apud GAMBOA
2012, p. 58-59).

Em termo de aspecto técnico-instrumental a dissertação intitulada Os anúncios do jornal


A União (1904-9137): a propagação da modernidade pedagógica na Paraíba de Arruda
(2015), utilizou o metodologia da pesquisa documental como orientação para o processo de
coleta, seleção, distribuição e análise das fontes rastreadas, neste caso os impressos do século
XX. Assim, a pesquisa assumiu uma abordagem qualitativa. Os dados coletados foram
sistematizados em tabelas destacando os tipos de anúncios presentes no impresso/objeto e,
concomitante a isto identificar as representações educacionais, os sujeitos, os métodos e as
práticas pedagógicas de uma época.
Em relação a dissertação A escolarização da população pobre na Parahyba do Norte:
instruir para civilizar (1855-1889) de Santos (2016), os dados utilizados foram as fontes
históricas, a saber: relatórios de presidentes da Província da Parahyba do Norte; os relatórios
do diretor geral da instrução pública; as leis e regulamentos da instrução pública; os jornais O
Imparcial, Jornal da Parahyba, A Regeneração, O Publicador, O Arauto Parahybano e o
Correio Noticioso; requerimentos, ofícios e abaixo assinados. Os respectivos documentos
foram coletados no Arquivo Público do Estado da Paraíba e foram catalogados e transcritos
pelo Grupo de Pesquisa História da Educação no Nordeste Oitocentista (GHENO) da
Universidade Federal da Paraíba.
Embora a autora na dissertação informe qual referencial teórico se apropriou para o
tratamento das fontes, qual seja, a História Social Inglesa, entrementes, não é explicado o nível
metodológico, isto é, os passos ou etapas desse tratamento dos dados, ou seja, em que aspectos
a teoria selecionada foi útil no sentido de abordagem das fontes.
Desta feita percebe-se que enquanto na dissertação de Arruda (2015) é evidenciado as
formas de tratamento dos dados, por outro lado, em Santos (2016) não conseguimos identificar
este elemento que integra o nível técnico-instrumental. O mesmo se procede na dissertação
Primaveras de destinos da Revista de Ensino no Estado da Paraíba: as prescrições na História
da Educação e as representações do Ensino de História (1932-1942) de Assunção (2016). A
autora faz menção de forma generalista ao conteúdo das fontes no sentido de justificar a seleção
de tais documentos que possibilitará responder ao problema da pesquisa e que foram localizadas
no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGPB).
Em História de vida professoral de Mário Moacyr Porto: a cultura jurídica em favor
dos Direitos Humanos (1950-1969) de Lima (2016) é informado que as entrevistas foram
transcritas e em sequência analisadas, tendo em vista que, na interlocução com o entrevistador
e entrevistado desencadearam-se ações que produziram memórias. Os procedimentos adotados
para tratar o objeto em apreço foram as fontes orais para além das fontes de natureza imagética
e bibliográficas que serviram de apoio para a compreensão do passado e atravessamentos
inerentes à subjetividade desta história profissional.
No tocante ao aspecto/nível técnico-instrumental podemos ver que as quatro
dissertações fazem referência as documentos/fontes selecionados para a pesquisa, entretanto,
somente o estudo de Arruda (2015) além de citar as fontes, também considera o nível em que
sistematiza em forma de tabelas a amostra dos dados e seu tratamento.
No que tange o nível metodológico a pesquisa de Arruda (2015) é caracterizada pelos
métodos qualitativos e exploratório tendo como estratégia metodológica a coleta e análise de
dados a partir da abordagem da Nova História Cultural no qual, segundo a autora, proporcionou
a ampliação no conceito de fonte, bem como na apropriação do que se pode fazer, tonando
possível o surgimento de outras perspectivas de investigações histórica.
Dessa forma tal abordagem possibilitou a reivindicação do individual, do subjetivo, do
simbólico como ângulos legítimos para a análise histórica. Por outro lado, ressignificou a noção
de tempo de fato histórico, sugerindo uma história problematizadora, na qual a compreensão
do presente se dê pelo conhecimento do passado, e o desvelamento deste se faça a partir das
exigências daquele.
Na dissertação de Lima (2016) o procedimento metodológico adotado foi a pesquisa de
cunho biográfico que ao ser aplicado à história de vida professoral de Mário Moacyr Porto
constituiu a relevância da pesquisa. Por meio dos discursos colhidos das fontes, houve a
articulação aos depoimentos obtidos, assim como na leitura de documentos oficiais e
iconográficos. A metodologia utilizada foi a História Oral que possibilitou o entrelaçamento
entre as categorias história e memória e consoante a isto o tratamento das fontes orais.
Em Assunção (2016) após a catalogação das fontes no Instituto Histórico e Geográfico
da Paraíba (IHGPB) foi a realizada a fotografia de todos os periódicos, tomando o cuidado no
manuseio de suas páginas, as quais, devido ao tempo, mostravam sinais de desgaste. A autora
privilegiou os impressos para desenvolver suas pesquisas, neste ínterim podemos compreender
como os arquivos são importantes na pesquisa historiográfica. Na concepção de Gamboa (2005)
os arquivos contêm informações inestimáveis muitas vezes inéditas, necessárias ao cotejo e
crítica de informações provenientes de outras fontes e da própria historiografia já produzida.
Na sequência, houve o tratamento das imagens, considerando a cronologia das
publicações. Sob o intuito de salvaguardar o material, as imagens dos periódicos foram salvas
em arquivos midiáticos (PDF), para torná-las posteriormente impressas, podendo viabilizar
futuras pesquisas. Concluído o trabalho com as fontes, o próximo passo foi a composição dos
capítulos, dando início a escrita da dissertação, segundo tratamento das fontes primárias.
Por outro lado, na pesquisa de Santos (2016) não conseguimos identificar alguma
menção em torno do aspecto metodológico, mas somente quais fontes foram analisadas a luz
da História Social Inglesa, sem contudo apresentar as etapas de análise das fontes como indica
o nível metodológico.
No que diz respeito ao aspecto teórico a dissertação de Arruda (2015) fundamenta-se
teoricamente na análise de Roger Chartier (1988; 1990; 1991), nas abordagens do movimento
da Nova História Cultural e na corrente pós-estruturalista, assim como nos estudos literários
sobre a imprensa do século XX (MELLO, 1956; NICOLAU, 2012; BENCOSTTA, 2005;
FRANCO, 1999, PINSKY, 2006; IBAMA, 2011). Sobre a história cultural, José Assunção
Barros (2012) nos aponta que, não é em absoluto uma corrente da historiografia francesa, nem
é uma escola historiográfica a parte, e muito menos é um paradigma teórico metodológico.
Podemos definir este campo histórico como aquele que estuda as formas coletivas de pensar e
de sentir.
O trabalho também utilizou o paradigma indiciário do historiador italiano Carlo
Guinzburg (1989), que aponta os aspectos do trabalho da pesquisa em que compara os fios que
compõem a pesquisa aos fios de um tapete. Chegados a este ponto, vemo-los a compor-se numa
trama densa e homogênea. Uma vez que, segundo a autora foi útil o faro e a intuição durante a
pesquisa com os anúncios sobre a educação no jornal.
Tal paradigma foi desenvolvido a partir das leituras sobre o contexto histórico estudado,
em seguida com a catalogação da fonte documental a partir dos registros encontrados e por fim
com a análise das fontes catalogadas. A autora ainda ressalta a relevância do referencial teórico
adotado para a compreensão dos modos de funcionamento da imprensa no campo educacional
e suas práticas pedagógicas, permitindo conhecer as representações construídas sobre os
sujeitos e conteúdo da educação.
No estudo de Santos (2016) a autora lança mão do conceito de “escolarização” teorizada
pelo historiador da educação Luciano Mendes de Faria Filho, que o define como uma “rede, ou
rede de instituições, mais ou menos formais, responsáveis seja pelo ensino elementar da leitura,
escrita e cálculo”. A apropriação de tal conceito justifica-se por o tema da pesquisa ser a
escolarização de sujeitos pobres e negros na Parahyba do Norte no Império. Outros autores
utilizados são Edward P. Thompson com a História Social Inglesa, que serviu de referencial
teórico para a pesquisa, assim como a discussão sobre a escolarização de sujeitos desvalidos
com Cinthya Greive Veiga.
Já em Lima (2016) como embasamento teórico adotou-se autores como Antônio Nóvoa
(2007) com as concepções de vida de professores, biografias e autobiografias docentes e suas
carreiras para debate educacional; Chizotti (2006) em que histórias de vida proporcionam
narração de expectativas significativas; Halbawchs (2006) concepções de memória individual
e coletiva. Bacherlard (1994) balancear os conhecimentos objetivos e sociais aos
conhecimentos subjetivos e pessoais. Dessa forma, traça-se como linha de raciocínio
percepções sobre as possíveis maneiras de se fazer da subjetividade um objeto que permite ser
explorado como campo das ciências.
E em Assunção (2016) O marco teórico é composto a partir dos conceitos e discussões
teórico conceituais através de: Chartier (1990) conceito de representação social, Hobsbawn
(2008) história das tradições; Ricoeur (1994) sobre o tipo de narrativa. Burke (1992)
trabalhando os múltiplos pontos de vista das abordagens do historiador e Certeau (1982) sobre
o historiador e o tratamento das fontes primárias. As fontes dos dados históricos são
classificados em primária e secundária. Como fontes históricas primárias compreendemos
conforme Richardson (2012, pág. 253) “Uma fonte primária é aquela que teve urna relação
física direta com os fatos analisados, existindo um relato ou registro da experiência vivenciada”.
O quarto aspecto esboçado por Gamboa (2012) é o epistemológicos. O critério
epistemológico adotado por Arruda (2015) em sua dissertação corresponde ao campo da
corrente historiográfica da Nova História Cultural. Nessa perspectiva, a concepção de ciência
na historiografia corresponde ao conjunto de acontecimentos, situações ou fatos que ocorrem
em um tempo, podendo ser definida como a produção dos historiadores sobre a interpretação
de fatos históricos, assumindo critérios para o direcionamento da investigação. Critérios esses
que estão baseados na concepção epistemológica e científica que se tem do objeto de estudo e
da própria história. Tal corrente adota a amplitude da historiografia no uso da imprensa
oferecendo ao pesquisador (a) o entendimento de sua complexidade e de sua composição, com
base nas suas temáticas e personagens.
O uso de tal fonte caracteriza-se pela concepção da historiografia difundida pela Nova
História Cultural, onde as novas fontes e os indivíduos antes ignorados como sujeitos da história
muda o foco, saindo do macro para a micro narrativa, ultrapassando a utilidade de fontes
consideradas oficiais para qualquer tipo de documentos que sejam indícios da presença do
homem em qualquer época histórica. Assim, os critérios da Nova História Cultural favorece o
reconhecimento de diversos artefatos culturais como fonte, já que esta é uma história em
construção social e sempre em movimento, desse modo, a imprensa é caracterizada como uma
delas, sendo este um importante meio de comunicação pelo fato de ter uma grande visibilidade
por parte da população.
Quanto ao critério epistemológico Santos (2016) não faz referência direta a concepção
de ciência adotada em sua pesquisa. No entanto, como nos lembra Gamboa (2012), nem
sempre nas pesquisas científicas os níveis de amplitude se comportam de forma explícita, sendo
assim, neste caso específico entendemos que o aspecto epistemológico se encontra de forma
implícita. Então inferimos que a concepção de ciência apropriada pela pesquisadora seria a
História Social Inglesa, enquanto uma corrente historiográfica e um modelo de fazer ciência
em Historiografia.
No estudo de Lima (2016) o objeto de estudo foi bem definido e de natureza empírica
com a delimitação e descrição objetiva e eficiente de realidade empiricamente observável, isto
é, daquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar no caso em análise a vida
professoral de Mário Porto. Verifica-se a análise da realidade caracterizada pelos aspectos da
Nova História que contemplam as ampliações dos objetos, as estratégias de pesquisa e de
reivindicação dos indivíduos, tornando possível a legitimação da história. Em seus argumentos,
promove afirmações em sua apresentação demonstrando um conhecimento teórico, um
conhecimento real de algo que existe por si mesmo e pode ser conhecido, um vínculo
epistemológico e dialético entre presente e passado.
No gnosiológico Arruda (2015) apresenta de acordo com as análises realizadas a partir
da corrente pós-estruturalista, onde o real (realidade) é considerado de acordo com as
construções sociais e subjetivas, nesse caso a pluralidade instaurada pelas representações de
educação e de professores presentes no jornal analisado. O critério é identificado com base no
pós-estruturalismo por caracterizar a análise das formas simbólicas dos enunciados do objeto
de estudo, tal como a subjetividade constituída através dos discursos.
Nesse sentido, a aproximação da pesquisadora com o seu objeto de estudo, apontam as
reflexões a partir das representações ou da realidade de uma época, onde foram produzidos
conhecimentos que levaram ao entendimento sobre a divulgação e implantação de questões
relativas à educação, sendo este um recurso de divulgação e consolidação presente nos
enunciados do jornal para ressaltar as identidades escolares em que os professores e colégios
eram apresentados como elementos de qualidade, constatando, por muitas vezes, o sucesso da
modernidade pedagógica difundida.
No estudo da vida professoral de Mário Moacyr Porto de Lima (2016) procura-se
perceber as relações sociais e políticas estabelecidas e verificar se suas ideias trouxeram
contribuição para a melhoria do processo educativo, para disseminação dos Direitos Humanos,
bem como para o estabelecimento da democracia.
O interesse pelo estudo deve-se a participação de Projeto de Iniciação Científica e
projetos de Monitoria desenvolvendo estudos sobre histórias de vida professorais. Participação
de grupos de estudos como “Memória, História e Educação” que contribuíram para a
compreensão das questões que envolvem a memória, como também, participação em educação
em Direitos Humanos como Memórias da Educação e DH: do Dever e do Direito à Memória e
à Verdade oferecida pelo Programa de Pós Graduação em DH (PPGDH). O tema da monografia
de conclusão de curso versava sobre Ensino Local e o Cotidiano: relações para o Ensino
Fundamental I que buscou embasamento na Nova História Cultural.
Assunção (2016) esboça que prevalece a tese de que “tudo tem uma história”. Neste
caso, “toda a atividade humana” (BURKE, 1992, p. 11) se torna história e, ao invés de ser vista
como sendo imutável, para Roberton Darnton (1992), pode ser analisada na perspectiva da
“construção cultural”, a qual, para Burke (1992), está subjugada a variações tanto no tempo
como no espaço. Por conseguinte, estas variações no escopo de um trabalho acadêmico podem
ser consideradas relevantes pelas possibilidades que fornecem de eleger alguns pressupostos
teóricos para uma melhor adequação dos objetivos.
Por fim, o critério ontológico. No trabalho de Arruda (2015) é exposto através das
concepções do pós-estruturalismo, onde a articulação entre essas concepções apresentam uma
visão geral sobre o sujeito, a sociedade e a realidade estudada, sendo esta expressada na referida
pesquisa a partir do entendimento de conhecimento como construção subjetiva e social que são
carregados pelos discursos educacionais para reforçar ou favorecer as trajetórias da
modernidade pedagógica nos primeiros anos do século XX, apresentando conceitos que
legitimam as representações educacionais no processo de consolidação da escola moderna.

Para Santos (2016) o aspecto ontológico referente a concepção de História, de homem


e de sociedade apresentada é orientada pela História Social que propõe a narrativa de uma
história “vista de baixo”. Os homens comuns produzem a sua história na mesma proporção que
produzem a história de suas sociedades. Consoante a isto, essa corrente tem por finalidade se
debruçar ante os diversos aspectos da sociedade, enfocando não apenas nas dimensões
econômica e política, mas, também, as dimensões socioculturais.
Lima (2016) se apropria da abordagem fenomenológico-hermenêutica em que o sujeito
é quem interpreta e dá sentido ao texto a partir do contexto histórico que ocorre, buscando
investigar o mundo pessoal das experiências e não algo independente do sujeito. Em Assunção
(2016) a concepção de sujeito investigada pela autora é pautada no modelo de educação trazida
pela visão educacional escolanovista. A partir de uma nacionalização do sujeito educando e no
reforço dos interesses estado e educação.

Considerações finais

O âmbito da pesquisa histórica vivenciou, no decorrer das últimas décadas, uma


transformação teórico-metodológica impelida pelo vigor de superação de uma historiografia
respaldada na descrição de fatos eminentemente políticos sob espectro positivista para a
relevância das temáticas relacionadas aos aspectos culturais.
Diante disto, ressalta-se a importância do empreendimento em inquirir e inventariar os
trabalhos concretizados na área permitindo detalhar e compreender o que tem sido contemplado
como objetos de estudo e temáticas nas Linhas de Pesquisa de Programas de Pós-Graduação
em História da Educação. Ressaltando nesse sentido, a importância do papel do historiador,
pois segundo Koselleck (1997, p.91 apud BENTIVOGLIO, 2010, p.123) “escrever a história
de um período significa fazer enunciados que não puderam ser feitos nunca neste período”.
A partir dessa percepção, conclui-se também que a história não consegue ser restrita a
uma realidade objetiva. Ela requer a cada tempo, novas contemplações, novas concepções
enriquecedoras mediadas pelos objetos que acresceram consideravelmente o conceito de fontes
ou documentos, estes, pertinentes ao trabalho do historiador da educação. Portanto, é crucial
realizar um levantamento e catalogação de tais fontes dada à complexidade do real no que tange
aos objetos investigados e as questões teórico-metodológicas em uma sociedade cada vez mais
multíplice.

REFERÊNCIAS
Dissertações analisadas
ASSUNÇÃO, Albanisa Maria de. Primaveras de destinos na revista do ensino no estado da
paraíba: as prescrições na história da educação e as representações do ensino de história (1932
a 1942). Dissertação (Mestrado em Educação) UFPB- CE, 2016.

ARRUDA, Kalyne Barbosa. Os anúncios no Jornal A União (1904-1937): a propagação da


modernidade pedagógica na Paraíba. 76 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.

LIMA, Juliana Augusta Dionisio de. História de vida professoral de Mário Moacyr Porto:
a cultura jurídica em favor dos direitos humanos (1950 – 1969). 131 f. Dissertação (Mestrado
em Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.

SANTOS, Lays Regina Batista de Macena Martins dos. A escolarização da população pobre
na Parahyba do Norte: instruir para civilizar, 1855 – 1889. 105 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.

Bibliografia
BARROS, José D’Assunção. Teoria da história. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. AS PESQUISAS DENOMINDAS “ESTADO DA
ARTE”. Educação & Sociedade, ano XXIII, n° 79, Agosto de 2002.

GAMBOA, Sílvio Sánchez. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologias. 2 ed. Chapecó:


Argos, 2012.

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: Morfologia e história. Trad. Federico Carotti.
São Paulo: Companhia das letras, 1989.

GONDRA, José Gonçalves. (org.); VIEIRA, Carlos Eduardo. Pesquisa em história da


educação no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

SANTOS, Lays Regina Batista de Macena Martins dos; BARROS, S. A. P. . ESTADO DA


ARTE DA PRODUÇÃO SOBRE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO : O NEGRO COMO
SUJEITO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.. In: IX SEMINÁRIO
NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO
BRASIL, 2012, João Pessoa. IX Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas, 2012. v. v,1. p.
3476-3485.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2017.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Perspectivas de análise sobre Estado e Sociedade. Políticas e práticas sociais, educativas e
escolares. Políticas de gestão, participação e controle social na educação. Políticas de formação
de professores, de financiamento e de avaliação da educação.
Fonte: site do PPGE <http://www.ce.ufpb.br/ppge/contents/menu/linhas-de-pesquisa>
MAPEAMENTO DE DISSERTAÇÕES DO PPGE: MÉTODOS E EPISTEMOLOGIAS
NA LINHA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Adriége Matias Rodrigues


Alexandre Nascimento da Silva
Déborah Kallyne Santos da Silva
Gessica Mayara de Oliveira Souza
Juliana Maia Tavares

INTRODUÇÃO

O trabalho objetiva analisar as dissertações do Programa de Pós-Graduação em


Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no tocante as Políticas
Educacionais, com o objetivo de compreender as linhas de pesquisa, bem como, os objetos
estudados. O tema justifica-se pela grande contribuição para a compreensão de como se elabora
uma dissertação partindo da ideia de que, é na escolha dos métodos que, todos os outros
aspectos estarão sendo compreendidos, e se articulando dentro do contexto de estudo do objeto
investigado.
Esse mapeamento também é de grande relevância para que se possa compreender o que
está sendo produzindo na linha de pesquisa objeto do estudo, além de, subsidiar as percepções
de como estão sendo elaboradas as dissertações dentro dessa discussão de Políticas
Educacionais.
O estudo baseia-se no livro “Pesquisa em educação: métodos e epistemologias” do autor
Silvio Sánchez Gamboa (2012), com concentração no capítulo “Tendências da pesquisa em
educação: um enfoque epistemológico”, que traz uma discussão sobre epistemologias,
caracterizado por seguir uma determinada lógica analítica e articulada. Segundo o autor:

O termo epistemologia da pesquisa educacional, significa que tomamos como


objeto a produção do conhecimento gerado como pesquisa cientifica na área
de educação e a analisamos à luz das categorias filosóficas, utilizando para
isso esquemas conceituais que propiciam o estudo das articulações entre os
elementos constitutivos da investigação. (2012, p.55)

Neste século, o fazer ciência no campo da educação é construir hipóteses e análises de


profundidade, não sendo, por tanto, permitido a construção dos conhecimento de maneira
factual e descritivo.
Karl Marx (1818-1883) citado por BARROS (2015), demostra que tem-se tomado
atenção redobrada no tocante do fazer científico desde quando se elaborava as análises
sociológicas e históricas, através dos problemas das lutas de classes e de sua inserção em um
modo de produção específico, demostrando que, aos pesquisadores não se deve apenas
descrever características e fatos da sociedade, mas cabe analisá-los, compreende-los e decifrá-
los, conduzindo as pesquisas por hipóteses.
Para Santos (2008) há um novo embate no campo científico, mesmo com complexidades
sugere-se voltar o olhar para as coisas simples, formular perguntas simples, para uma tomada
de consciência sobre o fazer científico. O rigor científico aponta para o rigor inultrapassável,
que a objetividade não implica na neutralidade.
No campo das ciências sociais os obstáculos são enormes, mas não insuperáveis. As
ciências sociais reivindicam um estatuto metodológico próprio, pois tem natureza diferente.
Com isso observa-se o comportamento humano que não pode ser quantificado e classificado da
mesma forma que as ciências naturais. Essa concepção de ciência reconhece uma postura anti-
positivista que entra na tradição da filosofia a fenomenologia.
O conhecimento avança à medida que emerge a revolução social, baseada na violência,
na dominação e na escravatura, fazendo surgir outros objetos mais variados que tendem a
dialogar entre si.
A ciência pós-moderna não segue um estilo único, com características de cientista, pois
o senso comum passa a auxiliar de forma prática orientando as ações que darão significado a
vida dos sujeitos. Deste modo, pode-se questionar se as linha de pesquisa em políticas
educacionais estão conseguindo produzir trabalhos coerentes com as referidas linha de
pesquisa, se estão produzindo conhecimentos significativos, e principalmente, se estão de fato
construindo conhecimento cientifico.
Desta forma, esse estudo analisou cinco dissertações do banco de Teses e Dissertações
do PPGE, onde observou-se as seguintes categorias: Aspectos Técnico-instrumental,
Metodológicos, Teóricos, Epistemológicos, Gnosiológicos e Ontológicos. O estudo subsidiou
a aproximação e o entendimento sobre qual tipo de pesquisa está sendo produzida pelo
programa de Pós-graduação em educação da UFPB, em especifico na linha de Políticas
Educacionais. Para melhor entendimento das categorias analisadas, organizou-se o
mapeamento em forma de tabela.
METODOLOGIA

Para a realização do mapeamento, inicialmente foi feita a seleção das dissertações


produzidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba. Os
critérios para a escolha das pesquisas foram: produção na linha de pesquisa Política Educacional;
ter sido realizada durante os últimos cinco anos e ter o objeto de estudo similar ao dos autores.
Com base em tais critérios, realizou-se a busca no acervo de Teses e Dissertações disponível no
PPGE, bem como na plataforma SIGAA e biblioteca digital UFPB. Selecionamos uma dissertação
para cada ano entre 2013 e 2017, totalizando assim cinco dissertações para o mapeamento.
Após a seleção do material, organizou-se um quadro com o fim de identificar a
proveniência das pesquisas observando os itens: Autor (a); Orientador (a) e Ano da pesquisa,
com relação a construção metodológica identifica-se os pressupostos e o enfoque dado pelos
autores, observando-se os aspectos Técnico-instrumental; Metodológicos; Teóricos;
Epistemológicos; Gnosiológicos e Ontológicos.
Em acordo com Richardson (2012, p. 33), observamos que toda pesquisa cientifica se
fundamenta em uma rede de pressupostos ontológicos, ou seja, baseia-se no ponto de vista que
o autor tem do mundo que o rodeia, desta forma “é absolutamente necessário que possam ser
identificados os pressupostos do pesquisador em relação ao homem, a sociedade e ao mundo
em geral. Fazendo isso, pode-se identificar a perspectiva epistemológica utilizada pelo
pesquisador”.
Neste sentido, foi possível realizar interpretações à luz de Gamboa (2012) através da
análise epistemológica dos métodos partindo de um processo hermenêutico-crítico. A priori,
analisou-se cada estudo e cada método adotado, posteriormente elaborou-se considerações
gerais sobre o conjunto de todos os dados, favorecendo, deste modo, a compreensão de um
panorama das produções realizadas no PPGE na linha de Políticas educacionais.
Portanto, essa pesquisa se encaixa na abordagem qualitativa. Segundo Deslandes e
Gomes:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa


nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado.
Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das
aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. (2009, p,21)

Essa abordagem nos possibilita um diálogo através de algo que não se quantifica, o que é
justamente os que os autores nos trazem, ao trabalhar a partir dos significados. Por isso, a escolha
em contemplar esta linha de pesquisa, devido a necessidade em compreender a abrangência da
abordagem e suas possibilidades de compreensão dos significados tanto os que estão explícitos,
quanto os não explícitos.
De acordo com Richardson (2017, p. 67), a pesquisa qualitativa é utilizada “como um
meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos, a um problema
social ou humano”, endossado por Gonsalves (2011, p. 70) que afirma que “a pesquisa
qualitativa preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando o
significado que os outros dão as suas práticas”.
Como instrumento de pesquisa, foi utilizada a análise documental das dissertações da
linha de pesquisa do PPGE. Assim, Martins (2008, p.46) ressalta a importância da pesquisa
documental sendo “necessária para o melhor entendimento do caso e também para corroborar
evidências coletadas por outros instrumentos e outras fontes, possibilitando a confiabilidade de
achados através de triangulação de dados e resultados”. Segundo Bardin a análise documental
seria:

“Uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo


de um documento sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar num
estado ulterior, a sua consulta e referenciação. Enquanto tratamento da
informação contida nos documentos acumulados, a análise documental tem
por objetivo dar forma conveniente e representar de outro modo essa
informação, por intermédio de procedimentos de transformação” (BARDIN,
2011, p.51).

Para a autora a análise documental tem por objetivo a representação condensada da


informação, para consulta e armazenamento (BARDIN, 2011. p. 52). Nesse sentido este
trabalho teve um valor fundamental na organização e compreensão do que se proponha para o
texto, tendo em vista que, a discussão gira em torno do mapeamento dessas dissertações.
Sendo assim busca-se neste trabalho compreender os aspectos epistemológicos das
pesquisas produzidas no PPGE nos últimos cinco anos a partir das categorias elencadas por
Gamboa (2012), buscando compreender a visão de mundo e de homem dos autores, a relação
sujeito e objeto de pesquisa, a cientificidade dos trabalhos e outros aspectos que caracterizam a
pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para uma melhor compreensão das análises, foi organizado um quadro com as
características de cada dissertação de acordo com cada categoria elencada por Gamboa (2012).
Tabela 01: Análise das dissertações do PPGE – Linha de Políticas educacionais
Título: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E O RESULTADO DO IDEB DAS
ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA: REFLEXÕES SOBRE O DESEMPENHO
ESCOLAR E A QUALIDADE DO ENSINO
Autor (a): Patrícia Montenegro Freire de Carvalho
Orientador (a): Luiz de Sousa Júnior
Ano: 2013
Técnico- O trabalho da pesquisadora trata de uma reflexão sobre resultados do
instrumental: IDEB, desempenho escolar, e políticas de avaliação de qualidade na
educação no município de João Pessoa. Para construção da sua
argumentação a autora utilizou recursos técnicos-instrumentais de
investigação a observação e aplicação de questionários aos professores e
gestores de cada escola selecionada além dos documentos relacionados ao
estudo do seu objeto de pesquisa.
Metodológicos O “caminho metodológico”, como definido pela própria autora, seguiu
pela abordagem qualitativa, aderente aos propósitos de sua pesquisa da
qual se utilizou de revisão bibliográfica, levantamento e análise
documental, observação da realidade, das escolas selecionadas como
amostras da pesquisa e aplicação de questionários.
Teóricos Análise teórica da publicação levou em consideração os autores que dão
sustentação a argumentação da pesquisadora. Na página 29 temos que:
“Neste capítulo, utilizamos como referência teórica as contribuições de
Ravitch (2011), Enguita (1995), Casassus (2007), Paiva (2001), Oliveira e
Araújo (2005), Dourado, Oliveira e Santos (2007), Demo (2001), Beisiegel
(1982), Gadotti (1992), Pereira e Pereira (2010), Gentili (1995), Silva
(1995), Rossi (2011), além de documentos nacionais e internacionais
acerca do tema.” Em sua maioria os autores citados são marxistas, e de
correntes Humanistas da Pedagogia, sendo diversos autores citados
defensores da pedagogia critica.
Epistemológicos Analisando a vertente epistemológica da publicação se verifica que foi
utilizada a critico-dialética a considerar que a autora analisa a coletividade,
as estruturas e tece críticas ao modelo vigente. Ainda parte de uma análise
do todo com as partes identificando parte do real objetivo percebido
através de categorias abstratas para chegar a construção do concreto no
pensamento.
Gnosiológicos Ao analisar os aspectos gnosiológicos presente na publicação percebeu que
a autora apresenta o entendimento de que o resultado da avaliação deve ser
analisado considerando as especificidades quanto aos aspectos
geográficos, sociais, econômicos, de infraestruturas, de gestão e de
formação dos profissionais da educação, fatores que interferem de forma
efetiva no processo pedagógico, a autora, ainda nos leva a reflexão de que
se percebem nas escolas pesquisadas diferenças relevantes no tocante a
estes indicadores, que influenciaram o resultado de cada uma nos exames
realizados. Os resultados do IDEB, portanto, não podem ser considerados
um fim em si mesmos. Desse modo o objeto e o sujeito da pesquisa estão
claramente definidos.
Ontológicos Os aspectos ontológicos observados são expostos na publicação em
diversos pontos como, por exemplo, quando a autora questiona quais
aspectos devem ser levados em consideração para melhor se avaliar o
professor e os conceitos apresentados para se definir “qualidade no ensino”
(...) “Como vimos no tópico anterior deste trabalho, o termo qualidade na
educação não possui uma definição única e precisa, haja vista que a
construção do conceito está sobremaneira atrelada ao processo histórico,
político e cultural.” (ao imergir essa problemática num contexto
econômico, político e cultural é possível observar mais uma vez traços
epistemológicos dentro um contexto dialético).
Título: INCLUSÃO OBRIGATÓRIA DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA,
AFROBRASILEIRA E INDÍGENA NO CURRÍCULO: VOZES E TENSÕES NO PROJETO
CURRICULAR DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Autor (a): Geonara Marisa de Souza Marinho
Orientador (a): Maria Creusa de Araújo Borges
Ano: 2014
Técnico- Para realizar a pesquisa utilizou-se como instrumentos a análise
instrumental: documental e a entrevista semiestruturada. A priori, a pesquisadora
utilizou a carta de anuência e o termo de consentimento livre e esclarecido
para aplicar o instrumento entrevista.
Metodológicos A abordagem utilizada é qualitativa, realizando também a pesquisa
bibliográfica.
Os procedimentos teórico-metodológicos adotados pela pesquisadora
foram os da sociologia das ausências, das emergências e do trabalho de
tradução (Santos, 2007,2008, 2010). As categorias de análise foram
incompletude cultural, igualdade e diferença, currículo e diálogo. Utilizou-
se a carta de anuência para realizar a pesquisa na instituição e o termo de
consentimento livre e esclarecido para os participantes.
Teóricos O principal teórico pela pesquisadora foi Boaventura de Souza Santos, o
qual possui estreita vinculação com o campo jurídico. Assim, a
pesquisadora utiliza as Leis n° 10.639/03 e n° 11645/08 para subsidiar sua
discussão. A pesquisadora ainda utiliza teóricos específicos para tratar as
categorias de análise. Para a categoria incompletude cultural e igualdades
e diferenças com aporte em Santos (2007, 2008, 2010), currículo utilizou
Giroux (1986, 1999), Apple (2008, 2011) e as contribuições analíticas
Arroyo (2007; 2011) e para a categoria diálogo baseou-se em Paulo Freire
(2012, 2003, 1996, 1987).
Epistemológicos Os procedimentos utilizados pela pesquisadora, com base em Boaventura
de Souza Santos, com a teoria situada na gramática do tempo, se
apresentam em consonância com a proposta objetivada, bem como a
abordagem adequada, atendendo as necessidades do problema do seu
objeto de estudo. Os procedimentos adotados pela pesquisadora estão em
consenso com o que prega o Conselho Nacional de Saúde, Resolução n°.
466/12 do CNS/MS, bem como as análises realizadas foram sustentadas
por procedimentos sustentados cientificamente por André e Lüdke (1986)
e Minayo (2012). Assim, a pesquisadora conseguiu atender aos objetivos
propostos.
Gnosiológicos O encontro da pesquisadora com o objeto de estudo se dá em uma realidade
concreta que parte do campo de trabalho da pesquisadora, das vivências no
âmbito escolar onde a mesma é professora do estado de Pernambuco. O
lócus da pesquisa está inserido em uma região que conta com uma grande
diversidade de povos indígenas, o que legitima a conexão da pesquisadora
com seu objeto de estudo. A escolha das escolas pesquisadas se deu por
meio de uma pesquisa informal da Gerência de Ensino de Pernambuco
para identificar quais escolas coloca em prática à reinterpretação das leis
em estudo. Percebe-se o interesse intrínseco da pesquisa em buscar a
efetivação da valorização da cultura dos povos indígenas e negros no
currículo.
Ontológicos Na dissertação, a pesquisadora se posiciona constantemente em defesa aos
direitos humanos, trazendo no seu discurso raízes históricas do problema
de pesquisa e a valorização do protagonismo dos povos negros e indígenas
na cultura, ao mesmo tempo em que evidencia como estas questões
precisam ser postas em prática no currículo escolar com subsídio de leis
que já existem. Por meio desta discussão, a pesquisadora indica caminhos
através da formação continuada, demonstrando uma visão otimista quanto
a problemática. A pesquisadora busca então desconstruir esse processo de
invisibilização dos sujeitos e sua cultura dando voz aos envolvidos no
processo educacional.
Título: FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS: UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO
CONTINUADA A PARTIR DA PROPOSTA DE FORMAÇÃO PERMANENTE DE
EDUCADORES/AS EM PAULO FREIRE
Autor (a): Taíssa Santos de Lima
Orientador (a): Profa. Dra. Rita de Cassia Cavalcanti Porto.
Ano: 2015
Técnico- Antes de iniciar a investigação, a pesquisadora fez um mapeamento das
instrumental: escolas da rede municipal de João Pessoa, para saber se ocorriam
formações continuadas e se as mesmas eram pautadas na formação
permanente na perspectiva freiriana. Assim, fez toda a sondagem e
sistematizou como iria coletar essas informações. A princípio iniciou com
uma análise dos documentos legais para se familiarizar com as propostas
dos programas e também para evidenciar se de fato traziam as premissas
de freire.
A pesquisadora organiza seus dados através de categorias, essas
categorias, assim, como toda a análise é feita de acordo com as categorias
de estudo e paradigmas de Paulo Freire.
E foi a partir das análises da Proposta Curricular da Rede Municipal de
Ensino de João Pessoa (2004) e da Proposta de Formação de Professores
da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na qual evidenciou categorias
elencadas pelas obras de Freire, como o diálogo, a reflexão e a formação
como um processo permanente. Desse modo, o tratamento dos dados e
informações sobre o objeto investigado se deram a partir dessas palavras
chaves resgatadas das obras de Freire e encontradas nos documentos das
propostas de formação continuada do município de João Pessoa.
Metodológico: A organização metodológica em termos de estrutura está bem explicativa.
A pesquisadora destaca os recursos utilizados, nesse caso a análise
documental e bibliográfica. Os instrumentos, a entrevista, questionário e
a carta pedagógica. E a pesquisa tem como abordagem qualitativa
“pesquisa qualitativa ancorada na práxis freireana que pressupõe o
processo de ação-reflexão-ação”, justifica-se pela a dialética que a mesma
possibilita e permite uma reflexão teórica e também um olhar mais crítico
da formação em concomitância com os achados da pesquisa.
O que chama bastante atenção é a forma como a pesquisadora
contextualiza na metodologia todos os passos de coleta de dados, então a
mesma divide por tópico deixando bem implícitos os motivos que a
levaram a tais escolhas.
Inicialmente faz um apanhado histórico da cidade de João Pessoa, em
seguida sobre a educação do município, trazendo a quantidade de escolas,
índices do Ideb e etc. Logo depois, aborda o período da pesquisa,
explicando o processo, e os respectivos anos da coleta de dados. Traz
também um tópico sobre os sujeitos, como foi feita a seleção e que
critérios foram utilizados para o mesmo e o espaço da pesquisa. Assim,
pontua os recursos e instrumentos utilizados, justificando de acordo com
seu objeto o uso dos mesmos.
Fazendo um apanhado dos principais pontos destacados, a pesquisadora
utilizou como critérios para escolha das professoras: professoras do
Ensino Fundamental I, com tempo de magistério superior a um ano na
rede municipal de ensino, que participam ou participaram das formações
continuadas oferecidas pela rede, seja pela formação no CECAPRO ou
por outras formas de formação realizadas pelas instituições de ensino
superior. Os instrumentos ficaram divididos da seguinte forma, as
entrevistas foram realizadas com os gestores das escolas as quais tiveram
professores participantes; e o questionário e a carta pedagógica foram
aplicados aos professores.
O que se percebe é que a pesquisadora abordou o método de materialismo
dialético, o mesmo busca aprender o real a partir das relações de
singularidades com o objeto pesquisado.
Teóricos: Já de início a pesquisadora deixa evidente que sua pesquisa, assim como
o próprio título se pautaram nas teorias de Paulo Freire. São selecionadas
as principais obras que nortearam toda a discussão do trabalho e que assim
dialogaram com os resultados e com o objeto da pesquisa. Além de Paulo
Freire, foram utilizados também as políticas educacionais de formação
continuada.
Na parte dos fundamentos teóricos, buscou-se dialogar incialmente
partindo do princípio, ou seja, um contexto histórico das políticas de
formação de professores, como ocorreu esse processo através de um
recorte da década de 1990. A pesquisadora traz os elementos de formação
anterior que tinha como principal ponto formar professores com
habilidades e competências, desse modo uma formação técnica e com isso
foi dado visibilidade aos cursos aligeirados, o qual se voltava justamente
para atender aos requisitos do mercado. Então, esse apanhado é necessário
para que em seguida se compreenda o contexto da formação continuada e
logo depois as propostas freirianas para a educação, fazendo uma crítica
a esses métodos técnicos e que em nada valorizam o sujeito, discutindo
justamente a pedagogia do oprimido, da autonomia e ressaltando a
importância de educação que não seja bancária, que ao invés disso
priorizem a dialogicidade, a participação efetiva, a contextualização para
assim se ter uma educação de qualidade que considere os sujeitos como
parte da história. Assim, a pesquisadora vai se colocando na discussão a
partir de Freire.
Epistemológicos O trabalho é bem coerente com que se propõe, no sentido de fundamentos
e abordagem metodológica, pois toda a sua discussão é em torno dos
estudos em Freire e a pesquisadora procura sempre se posicionar como
comungando do mesmo pensamento que o referindo autor.
É um trabalho de extrema relevância para a comunidade ora pesquisada,
pois possibilita repensar como está ocorrendo essas formações a partir dos
próprios participantes, ou seja, os professores trazem elementos em sua
escrita pertinentes para se rever certos aspectos, seria uma avaliação se
realmente essa formação continuada contribui para a prática reflexiva dos
professores; ou se a proposta está coerente com a prática executada nessas
formações. Dessa forma, a pesquisadora vai traçando esse caminho para
que os leitores compreendam o que as propostas traçadas pelos programas
na perspectiva de Paulo Freire e o que realmente e como a mesma se aplica
na prática, isso através de inferências realizadas por ela no decorrer de
cada narrativa apontada, transformando-se em novos conhecimentos
através do que a mesma já sabia e o que foi construindo após a pesquisa,
os estudos para a realização da dissertação.
Gnosiológicos: Complementando o a aspecto anteriormente abordado do estudo a
pesquisadora tem uma compreensão de que a realidade não condiz com
que Paulo Freire propõe e o que está posto nos documentos legais de
formação continuada. O estudo consegue lidar com essas constatações
com um discurso teórico, um estudo de fato da realidade, de algo concreto,
dessa forma podendo ser entendido como um conhecimento, no qual se
reflete o sujeito e o objeto.
Assim, busca-se relacionar o objeto da pesquisa com as categorias
elencadas, dialogando para se ter um resultado significativo na produção
de novos conhecimentos, questionando-se os próprios resultados de
maneira crítica e precisa na conceptualização dos mesmos.
Ontológicos: A pesquisadora buscou através do método escolhido e a forma de analise
para a abordagem dessa pesquisa, deixar claro como a política de
formação continuada nas escolas municipais de João Pessoa estão sendo
implementadas e de fato como os professores e gestores estão a
recebendo, ou seja, o estudo do objeto por aquilo que é e como realmente
é. Então, a abordagem, os instrumentos e os recursos subsidiaram de fato
para que se chegasse a tais considerações sobre o objeto investigado.
A pesquisa vem trazendo essa problemática desde a década de 1990, um
contexto histórico de grandes lutas e modificações na estrutura
educacional, incluindo a formação docente, desde a formação inicial a
continuada, em seguida traz os aspectos freirianos de como o educador
pensa uma educação de fato que considere o sujeito, que seja
transformadora e logo em seguida traz os dados da realidade posta pelas
escolas do município de João Pessoa através das formações continuadas,
dessa forma, consegue elucidar os elementos de cada paradigma.
Título: BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E MICROPOLÍTICA:
ANALISANDO OS FIOS CONDUTORES.
Autor (a): Nathália Fernandes Egito Rocha
Orientador (a): Maria Zuleide da Costa Pereira
Ano: 2016
Técnico A pesquisa utiliza-se do método científico, analisando o objeto de estudo
instrumental a partir da lógica pós-estrutural; A pesquisa foi feita em uma escola da
Rede Municipal de Ensino de João Pessoa/PB, através de entrevistas
semiestruturadas e armazenada em um gravador. A pesquisadora
transcreveu a entrevista e a analisou a partir do ciclo de políticas de
Stephen Ball e colaboradores (1992), utilizando-se dos contextos de
influência, produção de texto e prática.
Metodológico Pesquisa de caráter: qualitativa e exploratória; a estratégia metodológica
escolhida foi o estudo de caso; os instrumentos de coleta de dados foram
entrevistas semiestruturadas, observação e análise documental; a análise
dos dados foi realizada a partir do ciclo de políticas de Stephen Ball e
colaboradores (1992).
Teóricos O referencial teórico aborda a temática das políticas curriculares a partir
dos estudos críticos e pós-críticos; os principais teóricos utilizados pela
pesquisadora foram: Ball (1992-1987); Pereira (2010); Paterman (1992);
Gadotti (2014); Santos (2002).
Epistemológicos Conhecimento enquanto prática social situado na dimensão teórico-
política (Boaventura de Souza Santos, 2010); A pesquisadora consegue
responder ao seu problema de pesquisa e aos objetivos propostos,
utilizando-se de técnicas de análise e métodos de pesquisa.
Gnosiológicos O referencial adotado na pesquisa parte da compreensão de que realidade
é interna a um sistema de representação e poder, e que, fora dela, tudo é
considerado incognoscível.
Ontológicos A dissertação parte da ideia de que o sujeito é constituído pela correlação
que o mesmo estabelece consigo e com a historicidade, mediatizados
pelas subjetividades e as relações de poder da sociedade em cada época;
Título: EDUCAÇÃO GERENCIAL E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO: UM ESTUDO
SOBRE A POLÍTICA EDUCACIONAL DO MODELO DE GESTÃO TODOS POR
PERNAMBUCO
Autor (a):Sérgio Andrade de Moura
Orientador (a): Ângela Maria Dias Fernandes
Ano: 2017
Técnico- Para realizar o estudo utilizou pesquisa bibliográfica e documental para
instrumentais construir os elementos essenciais sobre o estudo das Políticas
Educacionais Gerencia e de Avaliação do Desempenho Educacional.
Metodológicos Foi utilizada uma abordagem qualitativa, realizando também a pesquisa
bibliográfica.
Os procedimentos teórico-metodológicos adotados pela pesquisadora foi
a busca da compreensão crítica da realidade social. Considerando o
contexto da aliança neoliberal-conservadora, políticas neoliberais, do
gerenciamento das influências dos organismos internacionais e suas
repercussões sobre o Estado. Sobre as políticas públicas e políticas
educacionais. O referencial teórico metodológico foi fundamentado na
Abordagem do Ciclo das Políticas (Ball, Bowe, Gold 1992).
Teóricos O referencial teórico tem função potencial para o estudo das políticas
educacionais a partir da articulação entre a produção da política, passando
por sua materialização no texto legal, até sua repercussão na prática
escolar. A abordagem do Ciclo de Políticas criado por Ball e seus
colaboradores, foi apresentado na obra “Reforming Educationand
Chaning Schools” 1992. Outros autores serviram também como aporte
teórico para o estudo. Stephen J. Ball.
Epistemológicos A investigação fundamentou-se no referencial teórico metodológico da
Abordagem do Ciclo das Políticas (Ball, Bowe, Gold 1992). O contexto
da influência e o contexto da produção do texto. Como ferramenta para
subsidiar a contextualização das políticas educacionais, gerencialismo e
performatividade (Ball 2001, 2004, e 2005).
Gnosiológicos A escolha da pesquisadora pelo objeto de estudo, se deu em virtude de sua
trajetória como professora da Rede Estadual do Estado de Pernambuco.
No exercício da profissão, acompanhou e vivenciou todo processo de
constituição e implementação da reforma gerencial do Modelo de Gestão
todos por Pernambuco. Nesse contexto percebeu as tensões causadas
pelas metas a serem alcançadas pela polícia do IDEB/IDEPE. A fim de
elucidar seus questionamentos, lança-se na pesquisa sobre Políticas
Educacionais Gerencias e de Avaliação do Desempenho Educacional.
Ontológicos O pesquisador identificou no modelo de gestão com forte caráter
neoliberal e conservador, multiplicando as facetas da economia capitalista
presentes na teoria do capital humano. Dessa forma forja-se uma
formação para promover a cidadania, abrindo-se espaço para o
desenvolvimento econômico, e alimentar a cadeia produtiva da
acumulação do capital. Dentro da lógica de modelos de avaliação
verticalizados, focado no desempenho usado em larga escala pelos órgãos
reguladores IDEB, IDEPE, PISA e outros.

Nesta seção procurou-se discutir as categorias elencadas por Gamboa a partir de uma
análise geral do que foi encontrado nas dissertações do período de 2013 a 2017 do PPGE, a fim
de responder questionamentos bastante pertinentes para esse nosso atual momento educacional.
Existe comprometimento educacional nas pesquisas realizadas? O que de fato a linha de
pesquisa em políticas educacionais vem construindo dentro desse programa de pós-graduação?
O que a linha está produzindo em relação à educação?
São elementos discursivos que o estudo tenta responder nesse trabalho, a partir das
dissertações analisadas seguindo os métodos apresentados por Gamboa. Segundo o autor a
pesquisa em educação supõe articulações, ou seja, existe uma estrutura de pensamento e assim
de organização dos conteúdos “os conteúdos podem ser organizados por níveis de amplitude e
por grau de explicitação, começando pelos fatores que se apresentam de forma explicita até
recuperar aqueles que se encontra em formas de pressupostos” (2012, p.58).
De acordo com as observações foi possível perceber que os aspectos técnico-
instrumentais e metodológicos estão bem próximos, sendo às vezes quase impossível colocá-
los em categorias separadas, mas, ao seguir as indicações de Gamboa (2012) consegue-se a
obtenção de uma análise mais detalhada.
Os aspectos técnico-instrumentais utilizados nas publicações selecionadas privilegiam
em sua maioria técnicas não quantitativas como análise documental, entrevistas e revisão
bibliográficas encontradas em quatro das cinco publicações, além disso, é possível verificar que
entrevistas não estruturadas, investigação a observação e questionário foram utilizados também
na maioria das publicações. Há que se observar que em duas pesquisas se encontra o tratamento
de dados como técnica utilizada, o que nos remete ao entendimento de que temos diversas
vertentes epistemológicas tais como as classificadas por Gamboa (2012, p. 52) em empírico
analíticas, fenomenológico-hermenêuticas e crítico dialético.
Ao analisar os aspectos metodológicos das cinco dissertações mapeadas, percebe-se que
todas se caracterizam pelo caráter qualitativo e bibliográfico. Duas se utilizam da pesquisa
documental, uma de um estudo de caso e quatro das pesquisas foram realizadas em escolas onde
se utilizou entrevistas semiestruturadas e questionário.
Observa-se que a pesquisa qualitativa “preocupa-se com a compreensão, com a
interpretação do fenômeno, considerando o significado que os outros dão as suas práticas, o que
impõe ao pesquisador uma abordagem hermenêutica”. (GONSALVES, 2003, p. 68). Percebe-
se então, que os pesquisadores buscaram compreender e entender um determinado fenômeno
da sociedade, em sua maioria dentro das escolas, com a finalidade de analisar esse fenômeno
no campo em que ele estava inserido. Portanto, destaca-se a importância da pesquisa de campo,
a fim de que, o pesquisar chegue mais perto de seu objeto e possa entender e compreende-lo,
subsidiando-o a tomada de decisões com o objetivo de criar estratégias para dar suas
contribuições para aquela determinada realidade.
Já a parte teórica do trabalho exerce uma função fundamental, consiste em dar suporte
ao objeto estudado. Nela dialogamos com diversos autores e procuramos deixar o mais claro
possível o que se busca discutir nos resultados. De uma maneira geral, nessa parte especifica
da pesquisa são apresentadas definições; origens; características; teorias e assim, a relação que
essas teorias têm com o objeto estudado pelo pesquisador, mostrando o caminho que irá trilhar
nas discussões dos resultados obtidos.
Gamboa, em seus estudos apresenta a seguinte caracterização: “Teóricos: entre eles,
citamos os fenômenos educativos e sociais privilegiados, núcleos conceituais básicos,
pretensões críticas e outras teorias, tipo de mudanças proposta, autores citados etc.”. (p.59)
Sob o referencial teórico encontrado nos trabalhos ora analisados, especificamente nessa
linha de pesquisa em políticas educacionais, a primeira parte dos trabalhos é um recorte das
políticas educacionais, fazendo um marco teórico de como se constituiu, e como são pensadas,
além da própria definição do que viria a ser essas políticas.
Outro elemento que pode ser explicitado é a coerência com o que se propõe pesquisar,
tendo em vista o diálogo que se estabelece com os autores utilizados. As pesquisas são
diversificadas, desde as políticas públicas educacionais de inclusão; Resultados do IDEB;
Formação continuada de professores; BNCC; Políticas de modelo de gestão, enfim, para a
discussão desses temas os pesquisadores utilizam de autores renomados, que vêm pesquisando
sobre tais fenômenos.
Os aspectos epistemológicos da produção científica e seu vínculo com os outros
aspectos é uma necessidade, com objetivo de almejar a qualidade da pesquisa e para planejar
adequadamente novas pesquisas. No que se refere aos aspectos epistemológicos das
dissertações analisadas é notável a presença de técnicas e métodos que tornam possível o
pesquisador responder ao seu problema de forma coerente.
A análise gnosiológica corresponde à teoria geral do conhecimento humano, voltada
para uma reflexão em torno da origem, ao sentido do real, tanto ao abstrato quanto ao concreto
no processo de pesquisa científica, o que pode relacionar o sujeito e o objeto de diversas formas.
Abstrair, conceituar, classificar e formalizar, os aspectos referido a construção do objeto de
pesquisa.
Ao analisar as dissertações do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) na linha de pesquisa de Políticas Educacionais,
observamos que os pesquisadores conseguem dialogar com os teóricos que contemplam em
suas discussões, ou seja, com todos os fundamentos discursivos, os quais trazem elementos
propícios para o diálogo. Assim, conseguem construir o seu objeto de pesquisa, dialogando com
a realidade, com o concreto, além de estabelecer critérios para a constituição do próprio objeto
da pesquisa.
Para Gamboa (2012) os pressupostos ontológicos correspondem à visão de mundo do
pesquisador subentendida na pesquisa, bem como as suas concepções de homem, de sociedade,
de história e de realidade. Compreender estes pressupostos implica compreender outros
elementos de modelos ou paradigmas.
Com base nos achados das dissertações analisadas, o que se produz no Programa de Pós-
graduação em Educação em relação aos pressupostos ontológicos giram em torno da
consideração do processo histórico, político e cultural para os sujeitos e fenômenos
pesquisados, considerando os sujeitos como protagonistas das modificações da realidade.
Na maioria das dissertações analisadas percebe-se como os autores se posicionam
considerando a relação da historicidade com os sujeitos, bem como a cultura como fator
relevante para compreensão dos fenômenos. Assim, as posições em defesa aos direitos
humanos e valorização da educação como transformadora ficam claras. O homem não é tido
como acabado, pronto, mas sim em constante mudança, tendo em vista a realidade onde está
inserido, na qual influencia e é influenciado.
CONSIDERAÇÕES

A realização deste trabalho possibilitou compreender o que se vem produzindo na linha


de Políticas Educacionais do PPGE, tendo sua importância no fato que este possa vir a guiar as
futuras produções de dissertações, com o acréscimo deste banco de dados, contribuindo de
forma direta com o próprio programa de pós-graduação em Educação.
As pesquisas analisadas têm um viés de contribuição muito significativa para as
discussões que giram em torno das políticas públicas de educação. São pesquisas que
contemplam desde o desempenho escolar e a qualidade de ensino, as discussões curriculares a
partir das questões afro e indígenas, assim, como a nova proposta de reforma política a BNCC,
indo de encontro também a formação continuada de professores e políticas de gestão. De fato,
são temáticas que conseguem ser cada vez mais atuais na conjuntura política em que estamos e
trazem grandes problemáticas para nossa reflexão enquanto professores e pesquisadores.
Observa-se que as dissertações que estão sendo produzidas, embora com ausências de
determinados elementos importantes para a discussão, assim como no que se diz a questões
metodológicas, como a própria justificativa do método, dos instrumentos de coleta de dados e
análise dos mesmos, são produções que conseguem dialogar com o que propôs na problemática,
nos objetivos elencados por eles e possibilitam aos leitores um contato direto com uma teoria
bem fundamentada na proposta em que cada um vem trazendo.
A parte metodológica do trabalho exerce uma grande função nas pesquisas sociais, é o
meio pelo qual vamos delimitar o percurso para a construção da teoria que responderá tanto a
nossa problemática, como nossos objetivos. Ressaltamos que o termo Metodologia significa
“[...] estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência” (DEMO, 1995, p.
11). É justamente esse caminho que foi traçado no processo cientifico, implicando em conhecer
os limites da ciência sobre a interferência de uma determinada realidade investigada.
Desse modo, metodologia se difere de métodos científicos “o método científico é o
caminho da ciência para chegar a um objetivo. A metodologia são as regras estabelecidas para
o método cientifico”. (RICHARDSON, 2012, p.22)
Considera-se também que as pesquisas possuem um rigor de cientificidade e procuram
articular o processo metodológico ao todo da pesquisa. Os teóricos estão coerentes com os
temas escolhidos, assim como também seguem uma linha de raciocínio metodológico
relacionado à sua visão de sujeito e de mundo.
No mais, ressalta-se que há alguns casos onde as dissertações não trazem de maneiras
tão explicitas os motivos para a escolha de tal abordagem. Considerando, que após a definição
do objeto de pesquisa, a parte metodológica do trabalho exerce uma função primordial para o
levantamento dos dados sobre o fenômeno que irá se pesquisar, assim, é necessário um estudo
aprofundado para a justificativa de tais escolhas dentro do que se está propondo.
Propõem-se agora, ao final do trabalho, ressaltar o quanto foi relevante esse
mapeamento para a construção enquanto pesquisador do programa, refletindo e observando a
maneira como é abordada a construção do trabalho como um todo, desde os temas, as
problemáticas levantadas, os direcionamentos teóricos e metodológicos das próprias
dissertações, o que nos aproximou tanto do nosso próprio objeto de pesquisa, como da nossa
relação com a linha ao qual nos propomos acrescentar os debates.
Assim, esse estudo contribuirá para as discussões que estão sendo realizadas na linha de
Políticas em Educação, por compreender que ao dialogarmos sobre as políticas atuais, estas
precisam ser melhor debatidos e compreendidos dentro do cenário da educação contemporânea.

REFERÊNCIAS:

BAUER, Martin W. e Gaskell, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som;
tradução Pedrinho A. Guarechi – 2° ed. – 2000.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro.
Edições 70. São Paulo, 2011.

__________Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.


BARROS, José de Assunção. Projeto de Pesquisa em História – da escolha do tema ao quadro
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CARVALHO, Patrícia Montenegro Freire. Políticas públicas educacionais e o resultado do


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SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências / Boaventura de Sousa


Santos. — 5. ed. - São Paulo: Cortez, 2008.
PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Investigações de metodologias, práticas educativas e processos de ensino-aprendizagem
voltados para a produção do conhecimento nos campos das ciências sociais e humanas, da saúde
e das ciências exatas e da natureza. Estudos e pesquisas sobre os processos envolvidos na
formação de professores e agentes multiplicadores inseridos em práticas educativas, em
projetos de educação formal e informal. Investigações sobre o desenvolvimento humano, corpo
e ambiente em práticas educativas.
Fonte: site do PPGE <http://www.ce.ufpb.br/ppge/contents/menu/linhas-de-pesquisa >
A PRÁTICA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES SOBRE CINCO
DISSERTAÇÕES (2013-2017) DA LINHA DE PROCESSOS DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA
UFPB

Flávia Mayara Félix Dantas


Iranir Pontes Silva
João Djane Assunção da Silva
Maria Liliane Santos da Silva
Rosilda Santos do Nascimento

INTRODUÇÃO

O processo de ensino-aprendizagem é envolto por uma vasta demanda de indagações e


discussões. Definir o que de fato é, e como se realiza o ato de ensinar e aprender são complexas
e inesgotáveis questões que norteiam muitas das pesquisas científicas inseridas no campo da
Educação. Elementos constituintes de um mesmo procedimento educativo, despertam inúmeras
reflexões das quais suscitam diferentes correntes teórico-práticas.
Referindo-se especificamente ao processo de ensino, mas o entendendo como intrínseco
ao da aprendizagem, consideramos se tratar das “atividades do professor e dos alunos, tendo
em vista a assimilação de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, através dos quais
os alunos aprimoram capacidades cognitivas (pensamento independente, observação, análise,
síntese e outras)” (LIBÂNEO, 2006, p. 54). Julgamos que a maneira de ensinar, isto é, os
métodos, metodologias e estratégias utilizadas, além da sua forma de avaliação, deve ir ao
encontro das necessidades e habilidades do educando para se alcançar uma aprendizagem de
qualidade.
Quando direcionamos nossa reflexão sobre a trajetória do processo educativo formal,
aquele que se desenvolve no ambiente escolar, vemos que são constantes as barreiras que o
educador enfrenta, pedras no caminho que dificultam a consolidação e eficácia do ensino-
aprendizagem. Acreditamos que o ato de ensinar deve oferecer ao estudante caminhos para que
se possa adquirir uma significativa apreensão do conhecimento através de ações educativas e
coletivas. Esta concepção nos distancia da visão de um saber tradicional, onde a transmissão
mecânica de conteúdos é tida como suficiente para que os alunos aprendam (SAVIANI, 2005).
Antes de tudo, entendemos a educação como ponte para que o ser humano se torne capaz de
questionar, refletir, construir e reconstruir o mundo que o cerca.
Enquanto local de fala que nos cabe, ou seja, professores e profissionais da educação,
cremos que é cada vez mais necessário produzirmos pesquisas que se aprofundem na reflexão
sobre o processo de ensino-aprendizagem, pois, é a prática científica que nos possibilita
conhecimento para realizar intervenções educativas e saciar nossas inquietações
epistemológicas. Ressaltamos a face social e humanizadora que a educação tem, o caráter
heterogêneo tão necessário para que se supra a necessidade individual de cada ser. Atentamos
para uma visão baseada na vertente histórico e sociocultural que considera a bagagem de
conhecimento que o aluno traz antes de estar no chão da escola, e ainda, as considerações pelas
suas dificuldades com relação aos conteúdos discutidos em sala de aula, que muitas vezes são
trabalhados de maneira superficial, apenas para cumprir um quadro de notas exigidos por uma
política educacional arbitrária.
Nós, aluno(as) de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), objetivamos contribuir de alguma maneira para a
construção do conhecimento sobre educação, em especial, no que se refere a Linha de Pesquisa
em Processos de Ensino-Aprendizagem (PEA), na qual atuamos.
Suscitados pelas indagações propostas na disciplina de Pesquisa em Educação, na qual
pudemos nos aprofundar no debate sobre ensino-aprendizagem e aprimorar nossos objetos de
estudo, principalmente no que concerne à realização da investigação in loco, tomamos
conhecimento da exposição feita por Gamboa (2012) a respeito da lógica interna da Pesquisa
em Educação. O autor explica os fatores que estão explícitos e implícitos na produção do
conhecimento através da prática de pesquisa, elucidando cada fator como integrante de uma
“estrutura de pensamento que inclui conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos, teóricos,
metodológicos e técnicos.” (GAMBOA, 2012, p. 58).
Os fatores que formam o construto de uma pesquisa em educação, especificados pelo
autor, são: (1) Metodológico - trata-se do conjunto de ideias de como foi feita a pesquisa, ou
seja, a sistematização dos dados que permite o pesquisador trabalhar cientificamente o seu
objeto em estudo; (2) Técnico-instrumental - que se refere às técnicas e instrumentos
utilizados para realização da pesquisa; (3) Teórico - são as teorias que guiam o pesquisador na
busca por responder o problema de pesquisa, as fundamentações dos fenômenos e conceitos
educativos que têm perpassado os estudos de diversos teóricos desta área; (4) Epistemológico
- diz respeito à concepção do que seja conhecimento para a pesquisa. São as comprovações
teóricas e filosóficas que embasam o pesquisador enquanto produtor de conhecimento
científico; (5) Gnosiológico - são as diversas formas de relacionar sujeito e objeto pesquisado
na construção do saber científico; e (6) Ontológico - aponta para a concepção de mundo do
pesquisador, ou seja, a partir de que visão, implícita em toda produção científica, ele enxerga a
formação dos processos históricos e socioculturais.
Com esta compreensão teórica, nos coube identificar de maneira prática a aplicação
destes fatores em cinco dissertações produzidas entre os anos de 2013 e 2017 pela linha de
PEA do PPGE.
Após um processo de investigação e análise dos trabalhos, disponíveis no banco digital
de dissertações da UFPB, optamos por analisar as seguintes pesquisas e seus respectivos
autores(as) e orientadores(as):

1. Sexualidade, parentalidade e doenças sexualmente transmissíveis/aids: análises em


livros didáticos de ciências naturais. Escrita por Clemilson Cavalcanti da Silva (2015).
Orientação do Professor Dr. José Antônio Novaes da Silva.
2. As caatingas do Cariri Paraibano: mapa conceitual como ferramenta para
aprendizagem significativa no ensino de biologia. Escrita por Ronnie Wesley Sinésio
Moura (2014). Orientação do Professor Dr. José Antônio Novaes da Silva.
3. Gráficos e tabelas no ensino fundamental: uma análise com base em elementos da
teoria da atividade. Escrita por Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015). Orientação da
Professora Dra. Rogéria Gaudencio do Rêgo.
4. Formação do professor de matemática: um olhar sobre a construção dos saberes da
pesquisa. Escrita por Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014). Orientação da Professora
Dra. Rogéria Gaudencio do Rêgo.
5. Aprendizagem do jogo Equilíbrio Geométrico (PNAIC): por uma analítica
existencial do movimento. Escrita por Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015).
Orientação do Professor Dr. Pierre Normando Gomes da Silva.

Com as dissertações definidas e levando-se em consideração o exposto pelos fatores


definidos por Gamboa (2012), traçamos um estudo sobre cada uma das cinco investigações
pertencentes a linha de PEA do PPGE. O resultado foi um mapeamento para que nós,
pesquisadores(as), tomemos consciência das abstrações e rigor científico que envolve a
pesquisa em educação. Este exercício reflexivo nos provoca a experimentar as complexas
articulações que permeiam a construção do conhecimento direcionado ao processo de ensino-
aprendizagem.
METODOLOGIA

Quando falamos de metodologia da pesquisa, estamos nos referindo ao tracejo do


caminho para se chegar a um determinado fim - o conhecimento científico. Neste contexto, a
metodologia consiste nos:

[...] procedimentos e regras utilizadas por determinado método. Por exemplo,


o método científico é o caminho da ciência para chegar a um objetivo. A
metodologia são as regras estabelecidas para o método científico, por
exemplo: a necessidade de observar, a necessidade de formular hipóteses, a
elaboraçäo de instrumentos etc. (RICHARDSON, 2012, p. 22).

Os aspectos citados por Richardson (2012), que norteiam o desenvolvimento da


metodologia da pesquisa científica, serão discutidos adiante, sendo analisados em suas
construções e os aproximando com os fatores estabelecidos por Gamboa (2012) e que foram
usados como fundamento para a nossa análise.
Destacamos ainda que para analisar o trajeto metodológico das dissertações mapeadas
neste estudo, devemos nos atentar para o que explica Gatti (2012):

Para se discutir a construção metodológica da pesquisa em educação, é


necessário se perguntar sobre os conceitos utilizados na caracterização do
campo, distinções que podem clarificar significados e contribuir para sua
autoafirmação, e perguntar sobre identidade e formas investigativas (GATTI,
2012, p. 14).

Partindo deste pressuposto, quanto à natureza da pesquisa, utilizamos de um estudo de


cunho qualitativo. Minayo (2002) explica que as pesquisas qualitativas no âmbito das ciências
sociais lidam com uma realidade que não pode ser quantificada nem restrita a uma
operacionalização de variáveis. Assim, este é um enfoque metodológico que prioriza o
conhecimento holístico do fenômeno, buscando não limitar os significados de uma experiência
por uma generalização.
Com relação ao nosso objeto de pesquisa, isto é, o mapeamento das cinco dissertações
produzidas pela linha de PEA do PPGE, partimos de uma análise bibliográfica de leitura
analítica de acordo com o que sustenta Gil (2002). O referido autor explica que as pesquisas
bibliográficas possibilitam ao investigador a organização de fenômenos de maneira mais ampla,
e esta seria a sua principal vantagem em relação aos estudos que são feitos em contato direto
com o objeto.
No entanto, é importante se atentar para o que diz Fonseca (2012), já que ao se debruçar
com a vastidão de dados presentes nos bancos digitais de artigos, livros, manuais digitais e todo
o tipo de impresso científico, o pesquisador deverá ter “o cuidado de selecionar e analisar
cuidadosamente os documentos a pesquisar de modo a evitar comprometer a qualidade da
pesquisa com erros resultantes de dados coletados ou processados de forma equívoca”
(FONSECA, 2012, p. 31-32).
Em relação às pesquisas bibliográficas de leitura analítica, Gil (2002) elucida que para
serem realizadas de maneira eficiente deve-se seguir algumas etapas, que o autor define como
sendo: leitura integral do texto selecionado; identificação das ideias-chaves; hierarquização das
ideias; sintetização das ideias. Este tipo de análise “é feita nos textos selecionados. Sua
finalidade é a de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que estas
possibilitem a obtenção de respostas ao problema da pesquisa” (GIL, 2002, p. 79).
O construto metodológico de cada uma das cinco dissertações analisadas busca ser
subsídio para demonstrar a relevância do percurso científico intrínseco as investigações no
campo da Educação. Temos, portanto, um esforço de caracterização de uma linha de pesquisa
muito abrangente, uma vez que, para trabalhar na perspectiva do processo de ensino-
aprendizagem, é preciso compreender que se trata de um âmbito mutável, continuamente aberto
a novas observações e ressignificações.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O campo metodológico da produção acadêmica analisada

A primeira dissertação analisada, escrita por Clemilson Cavalcanti da Silva (2015) e


intitulada Sexualidade, parentalidade e doenças sexualmente transmissíveis/aids: análises em
livros didáticos de ciências naturais, traz como objetivo principal a investigação das
abordagens conceituais sobre sexualidade, parentalidade e DST/aids em duas coleções didáticas
da área das Ciências Naturais, que têm como títulos Projeto Teláris: Ciência nosso corpo e
Projeto Velear: construindo consciência, ambas direcionadas para o 8º ano do ensino
fundamental.
Nos procedimentos para o trabalho investigativo, tomou-se primeiramente
conhecimento, através de leituras, do aporte teórico que ajudou na compreensão das três
temáticas abordadas nas duas coleções de livros. Foram selecionados três capítulos do livro do
Projeto Teláris e um capítulo do livro do Projeto Velear. Usou-se uma perspectiva descritiva,
detalhando e avaliando a maneira de abordagem, nas duas coleções, das três categorias de
interesse a serem analisadas.
A segunda dissertação analisada, foi escrita por Ronnie Wesley Sinésio Moura (2014)
e está intitulada como As caatingas do Cariri Paraibano: mapa conceitual como ferramenta
para aprendizagem significativa no ensino de biologia. O objetivo geral é investigar a
percepção de 24 alunos(as) da 3ª série do Ensino Médio de uma Escola da Rede Estadual de
Monteiro-PB no tocante à construção e do uso dos Mapas Conceituais, enquanto uma
ferramenta para uma Aprendizagem Significativa acerca do conteúdo Bioma Caatinga.
O autor se baseia metodologicamente em Appolinário (2006) para dizer que de acordo
com a finalidade da pesquisa ela é considerada básica porque não possui finalidade comercial
nem resultados imediatos. Quanto aos procedimentos trata-se de uma pesquisa de campo e
exploratória com um monitoramento rígido dos dados coletados em relação às variáveis
situadas in loco e onde à fonte de informação são os sujeitos envolvidos. Abordagem é
quantiqualitativa e buscou investigar a percepção dos sujeitos de pesquisa em relação ao objeto
de estudo. A abordagem quantitativa está presente na estruturação e exposição dos dados
obtidos através de procedimentos técnico-instrumentais como questionários e entrevistas
semiestruturadas.
A terceira dissertação analisada, foi escrita por Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015)
e está intitulada como Gráficos e tabelas no ensino fundamental: uma análise com base em
elementos da teoria da atividade. Objetivou com base em elementos da Teoria da Atividade,
analisar as ações didáticas seguidas ou propostas por docentes de Matemática do 5º ano do
Ensino Fundamental para o ensino de gráficos e tabelas. Caracterizado como um estudo de
natureza qualitativa, em uma perspectiva analítica, apresenta uma discussão a respeito da
relevância do conteúdo de gráficos e tabelas para a formação do estudante do Ensino Básico.
Para isso, a autora se baseia nos Parâmetros Curriculares Nacionais e considera elementos da
Teoria da Atividade, bem como trabalhos de pesquisadores da educação estatística.
A quarta dissertação analisada, escrita por Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014) e
intitulada Formação do professor de matemática: um olhar sobre a construção dos saberes da
pesquisa, é considerada como um estudo qualitativo de natureza descritivo-exploratório. A
pesquisadora adotou como referência Lüdke e André (2013) numa perspectiva em que:

os caminhos norteadores do conhecimento científico privilegiam a informação


interpretativa sobre a realidade, centrada na construção de dados. Nele, se por
um lado tem-se um sujeito que traz indagações de pesquisa a partir de suas
concepções de mundo, por outro, o objeto é também um objeto-sujeito que
fala e se posiciona conforme o seu contexto histórico-social (LÜDKE;
ANDRÉ, 2013, apud LIMA, 2014, p. 16).

A quinta dissertação analisada, escrita por Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015) e
está intitulada como Aprendizagem do jogo Equilíbrio Geométrico (PNAIC): por uma analítica
existencial do movimento. O estudo teve como finalidade investigar o processo de
aprendizagem social, através dos modos de comunicação corporal de alunos, no momento do
jogo “Equilíbrio Geométrico”, do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).
A pesquisa é classificada como descritiva e analítica, de natureza qualitativa, caracterizada
como estudo de caso.
O jogo Equilíbrio Geométrico foi desenvolvido na rotina escolar em quatro aulas, com
a colaboração de 24 crianças com idades entre sete e oito anos do 3º ano do Ensino Fundamental
I, da Escola Estadual Gilberto Rola, situada na zona rural da cidade de Mossoró-RN. As aulas
foram ministradas pela professora alfabetizadora, acompanhada pela professora pesquisadora.
O estudo indicou que durante o desenvolvimento do jogo Equilíbrio geométrico, a
aprendizagem social ocorre pela comunicação corporal, por meio das interações entre os
jogadores, que corrobora para o desenvolvimento da criatividade e competitividade entre os
sujeitos.

O campo técnico-instrumental da produção acadêmica analisada

Nesta categoria, a primeira dissertação, de Clemilson Cavalcanti da Silva (2015) utilizou


como técnica de análise de dados a Análise de Conteúdo Categorial e a Análise Temática para
compreender como duas das coleções de conteúdo distribuídas na rede pública de ensino
abordam a educação sexual, problemas parentais e DST. A Análise de Conteúdo, segundo
Bardin (2004, apud SILVA, 2015, p. 24-25), “refere-se a um conjunto de técnicas de análise
das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
das mensagens”, o que se enquadra coerentemente ao objetivo da pesquisa em estudo.
Com relação à Análise Temática, que é uma das técnicas utilizadas na Análise do
Conteúdo, e foi suporte metodológico para esta pesquisa, propõe-se a “descobrir os núcleos de
sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa
para o objetivo analítico visado” (BARDIN, 2004, apud SILVA, 2015, p. 25). Optou-se por
fazer recortes de citações dos livros investigados, títulos, subtítulos, para a observação e
considerações das categorias sexualidade, parentalidade e DST/aids. Este exercício faz jus à
Análise Categorial Temática que “funciona em etapas, por operações de desmembramento do
texto em unidade de registro que é entendida como unidade de significação a codificar, ou seja,
é a unidade base a ser categorizada” (BARDIN, 2004, apud SILVA, 2015, p. 25).
Nesta categoria, a segunda dissertação, de Ronnie Wesley Sinésio Moura (2014) traz
uma pesquisa empreendida, em um primeiro momento, a partir de uma intervenção pedagógica.
Para tanto, aplicou-se um questionário estruturado com perguntas objetivas fechadas. Na
sequência foi trabalhada uma aula expositiva sobre o Bioma Caatinga, organizada de acordo
com a Teoria da Aprendizagem Significativa. Logo depois, foi realizada uma visita guiada a
Manga do Forno, localidade do município de Monteiro, que está inserida no cariri paraibano e
consequentemente no Bioma Caatinga.
Em seguida foram feitas atividades pedagógicas utilizando o uso de Mapas Conceituais.
Por fim, foi realizada uma entrevista semiestruturada direcionada a cinco dos alunos
participantes. A entrevista foi desenvolvida para analisar a percepção desses discentes sobre o
Mapa Conceitual, principalmente, no que diz respeito à construção e estruturação do
conhecimento. Para análise dos dados também foi utilizado a Análise de Conteúdo,
especificamente na perspectiva adotada por Bardin (2011).
Nesta categoria, a terceira dissertação, de Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015) faz
uso dos instrumentos de coleta e produção de dados que se constituem como sendo: o
levantamento de materiais produzidos e utilizados pelos professores de Matemática de duas
escolas do município de João Pessoa com realidades diferentes, ou seja, uma com maior índice
no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB e outra com o menor; os
questionários e entrevistas aplicados com os mesmos e a observação direta de suas práticas.
O processo analítico dos dados coletados se deu a partir do cruzamento destes com a
Teoria da Atividade. Conforme Grymuza (2015), esta teoria teve origem nas pesquisas
desenvolvidas por Lev Semenovich Vygotsky, no Instituto Estatal de Medicina de Moscou, na
atual Rússia durante a década de 1930, mas foi desenvolvida por Alexei Nikolaevich Leontiev
que afirmou que o desenvolvimento da consciência se dá a partir de atividades específicas, isto
é “[...] para Leontiev, o papel da atividade prática dos sujeitos, as relações práticas com o
mundo, eram mais importantes que os processos de comunicação, pois para ele, a comunicação
se dá na atividade prática.” (NÚÑEZ, 2009, p. 63).
Para a realização deste procedimento, foi necessário delimitar algumas categorias de
análise. A primeira delas refere-se às concepções que os professores têm do ensino de
Matemática e do conteúdo de gráficos e tabelas, tendo como base as respostas apresentados por
estes no questionário e na entrevista aplicados. A segunda categoria, fundada durante a
observação das aulas, está relacionada às ações didáticas dos professores, ou seja, se estas
refletem ou não em uma atividade, baseando-se na Teoria da Atividade. E a terceira categoria
procurou analisar e verificar os aspectos de convergência e de divergência apontados nas duas
categorias supracitadas, objetivando analisar a relação entre a concepção dos professores e a
produção de uma atividade por ele. Diante disso, a autora constatou que, “uma vez que a
motivação tem papel de destaque no processo educativo, é preciso que o professor avance em
sua compreensão acerca desse elemento, considerando suas especificidades, sejam elas
curriculares, sociais ou de outra natureza” (GRYMUZA, 2015, p. 8).
Nesta categoria, a quarta dissertação, de Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014) destaca
como principais instrumentos de produção e coleta de dados: o questionário aberto; a entrevista
semiestruturada; a oficina didático-pedagógica para aplicação da atividade/diagnóstico; e a
análise documental. Como referência para o instrumento questionário utiliza Gil (2002, p. 128)
que o define “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado
de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc”.
Para o questionário aberto foram utilizadas seis questões para os docentes e sete para os
discentes. A entrevista semiestruturada buscou identificar as concepções dos professores sobre
o papel da pesquisa na sua formação profissional. A oficina didático-pedagógica representou
um grande espaço na pesquisa para o levantamento inicial de informações, identificando
elementos acerca dos saberes que são construídos ao longo dos processos de ensino-
aprendizagem dos pesquisados. A análise documental foi obtida através do Projeto Pedagógico
do Curso de Matemática, considerado como principal fonte de informação para esse
instrumento na pesquisa.
Nesta categoria, a quinta dissertação, de Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015) dispôs
como instrumentos para produzir e coletar os dados: a análise dos documentos (Caderno de
apresentação, Documento orientador das ações de formação em 2014 e o Caderno de Atividades
“Jogos na Alfabetização Matemática”); a observação participante; o diário de campo; o
protocolo de observação; e o grupo dialogal que foi direcionado às crianças que participaram
do jogo.
Destarte, o jogo Equilíbrio Geométrico foi introduzido na rotina escolar no decorrer de
quatro aulas, conduzidas pela professora alfabetizadora, acompanhada pela professora
pesquisadora. As informações coletadas durante o período de observação participante, bem
como no diário de campo foram analisados pela Analítica Existencial do Movimento de Gomes-
da-Silva (2012; 2011; 2001) e pela Teoria Social Cognitiva na visão de Bandura (1986; 1977;
2008). Em conseguinte, os dados obtidos no grupo dialogal foram tratados pela Análise de
Conteúdo, sob a ótica de Bardin (2011), para analisar o conteúdo, foi utilizada a Análise
Categorial.

O campo teórico da produção científica analisada

O autor da primeira dissertação, Clemilson Cavalcanti da Silva (2015), ao falar das


temáticas analisadas nos dois livros didáticos, elucida que considerando a complexidade que
envolve a temática em estudo, não se pode mais trabalhar a sexualidade em sala de aula com
um olhar fixo e reducionista. A sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas também,
social e política. O autor parte da Teoria Queer para falar dos diversos aspectos que envolve a
temática referente à sexualidade e identidade de gênero, com concepções de Foucault (2005;
2012; 2013) e Butler (1999).
Para fundamentar as concepções que envolvem a temática da sexualidade e
parentalidade são utilizados os estudos de Castro, Abramovay e Silva (2004), Heilborn (1999;
2002; 2006), Altmann (2001; 2002; 2013), César (2004; 2009), Louro (2000; 2003; 2008) e
Taquette (2011; 2013).
O autor da segunda dissertação, Ronnie Wesley Sinésio Moura (2014), utiliza em seu
trabalho três abordagens teóricas, a primeira é a respeito da Aprendizagem Significativa e o
Ensino de Biologia e o aporte se baseia na teoria da Aprendizagem Significativa de David
Ausubel (2003). A segunda abordagem é sobre à utilização da técnica dos Mapas Conceituais
como ferramenta que possibilita ao(a) aluno(a) aprender a aprender e como estruturador do
conhecimento, o aporte tem como foco os estudos de David Novak (2000). A terceira
abordagem traz a discussão sobre estudo dos meios, mais especificamente acerca da visita de
campo guiada e utiliza a obra de Myriam Krasilchik (2011).
A autora da terceira dissertação, Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015), em busca de
analisar as práticas e metodologias utilizadas por professores de duas escolas de realidades
distintas, para o ensino de gráficos e tabelas, traz em seu aporte teórico alguns autores que
tratam da Educação Estatística, Educação Matemática e a Teoria da Atividade. Entre eles
merecem destaque: Borba e Guimarães (2009), que tratam da pesquisa em Educação
Matemática; Campos, Wodewotzki e Jacobini (2013), trazendo concepções sobre a Educação
Estatística e Leontiev (1978), fundamentando a Teoria da Atividade.
A autora da quarta dissertação, Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014), utiliza-se de teorias
sobre a formação de professores que fundamentam sobre os saberes dos processos de ensino-
aprendizagem. Ela encontra em Pimenta (2005) referencial para dizer que o saber do professor
se fundamenta na tríade saberes das áreas, saberes pedagógicos e saberes experimentais. Em
Tardif (2002) ela ressalta que a formação docente deve contemplar saberes sociais e saberes
pedagógicos, portanto, saberes docentes e profissionais. Com Saviani (1996) ela afirma que há
uma inversão dos termos, “em lugar de os saberes determinarem a formação do educador, é a
educação que determina os saberes que entram na formação do educador”(1996, apud LIMA,
2014, p. 27). Já em Freire (2001) a autora subtende-se que os saberes docentes se configuram
em uma nova ótica, na qual se passa a considerar o professor como um profissional que adquire
e desenvolve conhecimentos, cujos saberes são retraduzidos.
Com relação especificamente a formação de professores de matemática a autora traz
estudos de D’Ambrosio (1998) e de Borba (2010). Em D’Ambrosio ela destaca que a
“consciência como o impulsionador da ação do homem em direção a sua sobrevivência e
transcendência, ao seu saber fazendo e fazer sabendo”, ou seja, “o processo de aquisição do
conhecimento é, portanto essa relação dialética saber/fazer” (1998, apud LIMA, 2014, p. 36).
Já com Borba a autora quer mostrar que “o pressuposto subjacente é que tais focos matemáticos
poderiam ser incluídos na formação matemática e no desenvolvimento profissional contínuo
dos professores, e isso fará diferença em suas habilidades para ensinar matemática” (2010, apud
LIMA, 2014, p. 39)
A autora da quinta dissertação, Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015), parte do
princípio de apontar para o modo de comunicação corporal como elemento mais eficaz da
Analítica Existencial do Movimento para o desenvolvimento da modelação social e,
consequentemente, influenciando na aprendizagem social da criança, especificamente no
momento do jogo Equilíbrio Geométrico.
Com efeito, o embasamento teórico da pesquisa, a autora utiliza a categoria
comunicação em Paulo Freire (2011), ao passo que em seus estudos, identifica a comunicação
como elemento fundamental para a aprendizagem social em sala de aula. Concomitantemente,
pautou-se em Gomes-da-Silva (2012; 2011; 2001) para afirmar que o movimento humano é
sempre um movimento comunicativo, pois, para o sujeito se reconhecer como construtor de
conhecimentos é necessário a interação com o outro. Assim, com Bandura (1986; 1977; 2008)
ela afirma que as experiências anteriores à experiência educacional formal são imprescindíveis
na construção de novos comportamentos que geram “modelações sociais” e, simultaneamente,
a aprendizagem social.
Segundo os estudos da Pedagogia da Corporeidade de Gomes-da-Silva (2012, apud
SANTOS SILVA, 2015), o ato de velar ou desvelar ações e pensamentos têm muito a dizer.
Assim, para que o sujeito se reconheça como construtor de conhecimentos, deve interagir com
o outro, e quanto mais ele tem suporte (situações motivadoras/ “processo vicariante”) para
exercitar sua capacidade reflexiva, maior será a capacidade de perceber a realidade com o outro.
Do mesmo modo, Rosa (2003, apud SANTOS SILVA, 2015) defende que a Aprendizagem
Social desenvolvida por Bandura supõe que os sujeitos são agentes de intencionalidade e de
reflexão, o que sugere que ele tenha uma autodireção, que irá influenciar seu comportamento.

O campo epistemológico da produção científica analisada

A epistemologia da primeira dissertação, de Clemilson Cavalcanti da Silva (2015), parte


do campo da ciência pós-culturalista, na qual o multiculturalismo vem ao cerne do estudo, ao
ser considerado as inter-relações estabelecidas entre diversos processos culturais, permitindo
que os “diferentes” sejam vistos e reconhecidos em toda sua essência. Em um processo
dialético, as concepções sobre sexualidade, DST e parentalidade foram se modificando e essas
ideologias são mostradas neste estudo.
A segunda dissertação de Ronnie Wesley Sinésio Moura (2014) está dentro do campo
da epistemologia histórica, uma vez que visa a produção científica partindo dos aspectos lógico,
ideológicos e históricos. Dessa maneira, a educação é entendida na pesquisa como prática social
construída historicamente, onde aspectos relacionados ao contexto social, político e econômico
não podem ser deixados de lado, pois, são indicadores da estreita relação entre a forma de
organização da sociedade e o modelo educacional vigente. Desta percepção o autor se
aprofunda na questão de uma aprendizagem que se relaciona de forma não literal e substantiva
com o conhecimento que o aprendiz já traz, adentrando de maneira específica no campo dos
estudos sobre educação e psicologia cognitiva.
A epistemologia na terceira dissertação, de Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015), tem
por sua vez, aportes ideológicos do Marxismo e teóricos na Teoria histórico-social, por se tratar
de uma pesquisa à luz da Teoria da Atividade, sendo esta, “[...] vinculada diretamente à ideia
de necessidade, ou seja, de se ter um motivo para aprender. Assim, é o motivo que impulsiona
a ação do aluno, de modo que ele seja responsável por sua aprendizagem”(GRYMUZA, 2015,
p. 59).
Na quarta dissertação, de Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014), o aspecto marxista
aparece por meio da ideia de “práxis” como ponto central na teoria do conhecimento presente
na compreensão da formação do professor, trazendo a prática de pesquisa como processo de
ensino, fato esse que é entendido como ferramenta para a construção do processo ensino-
aprendizagem.
Na quinta dissertação, de Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015), a epistemologia está
voltada para a teoria explicativa do processo de aprendizagem, tendo em vista que os
pressupostos teóricos direcionam para a reflexão acerca dos processos da aprendizagem social,
através das interações e comunicações corporais no exercício do jogo Equilíbrio Geométrico, a
aprendizagem por meio da comunicação e observação do outro.

O campo gnosiológico da produção científica analisada

Na primeira dissertação, de Clemilson Cavalcanti da Silva (2015) se deve levar em conta


neste aspecto, que as lutas de classes, as lutas feministas, o movimento LGBTQ, as
reivindicações étnico-raciais e, na América Latina, as lutas contra os regimes ditatoriais,
configuram a visão moderna de mundo inclusiva e pós-moderna, ideal para estudar sexualidade
e suas reverberações nos tempos atuais. É válido considerar o que elucida Guimarães (1995) ao
dizer que “ao mesmo tempo em que a sexualidade é explicada pelo conceito biológico como
essência da vida humana, ela também é alterada pelas trocas com o mundo, que empresta um
novo sentido e significado a cada vida” (GUIMARÃES, 1995, apud SILVA, 2015, p. 47).
Entendendo que o objeto de pesquisa da segunda dissertação, de Ronnie Wesley Sinésio
Moura (2014), é o uso dos Mapas Conceituais no Ensino de Biologia, a pesquisa apresenta
aspecto gnosiológico definido pela pretensão de “que os(as) professores(as) possam reorganizar
suas convicções, sentidos e valores a partir do conhecimento novo produzido e aplicá-lo nas
salas de aulas numa forma de rejuvenescimento em todos os sentidos, a saber: espiritual,
profissional, social, dentre outros” (MOURA, 2014, p. 23).
Considerando o Ensino de Gráficos e Tabelas no Ensino Fundamental, objeto de estudo
da pesquisadora Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015), foi possível perceber no que se refere
ao aspecto gnosiológico, uma visão de mundo pautada no capitalismo que permeia o sistema
de educação do Brasil. Assim, em discurso com os teóricos Longarezi e Franco (2013), a autora
conclui que “as práticas desse modelo estão apoiadas em ações e não em atividades”. E neste
sentido Grymuza (2015, p.64) afirma que “um modelo educacional com base em ações e não
em atividades, tende a promover a alienação, tendo em vista que o sentido pessoal não está
associado à significação social (educação)”.
Na quarta dissertação, Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014), através do seu objeto de
estudo traz a visão de um mundo complexo, um olhar mais atento para o contexto e a
importância da cultura de aprendizagem e ensino, um mundo que considere a pesquisa como
premissa fundamental para ir “além do ensinar”. A prática da pesquisa nas formações de
professores aparece como um dos fatores principais para transformação da realidade social.
Na quinta dissertação, de Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015), os aspectos
gnosiológicos desvelam uma visão de mundo a partir de um sujeito que se reconhece como um
ser inconcluso em contínuo processo de aprendizagem. Nesse sentido, a autora enfatiza que o
ponto de partida é a tomada de consciência de si, do outro e do mundo “não se pode considerar
esse processo de modo individual, mas como um fator coletivo e social, ou seja, uma ação com
o outro” (SANTOS SILVA, 2015, p. 27). A autora situa, assim, que a compreensão acerca da
concepção do fenômeno do diálogo corresponde a um olhar articulado para a realidade concreta
da sociedade e da educação do pensamento a que se originam.

O campo ontológico da produção acadêmica analisada

Do ponto de vista ontológico, para o autor da primeira dissertação, Clemilson Cavalcanti


da Silva (2015), o homem deve ser considerado como ser mutável, que na contemporaneidade
é dono de uma outra visão de sujeito ou indivíduo, em suas construções identitárias e atitudinais.
Se há diferenças, têm-se que reinventar a forma de como trabalhar na educação escolar, temas
que tragam à tona realidades contemporâneas da sexualidade, parentalidade e DST/aids, saindo
do âmbito das ciências naturais que se reduzem a fatores biológicos e imergindo-se pelo campo
das ciências humanas.
A segunda dissertação, de Ronnie Wesley Sinésio Moura (2014), parte de um
entendimento que afirma não haver uma forma única nem um único modelo de educação.
Assim, a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino
escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante. Em
uma sociedade diversificada como a nossa, várias são as diferenças sociais, culturais,
econômicas, e vários são os grupos em que a educação pode ocorrer. Por isso, os diversos
saberes (filosófico, teológico, da opinião, da experiência), a identidade social e cultural, a
situação socioeconômica, não devem ser desconsiderados nem minimizados. Desta forma, ele
afirma que não podemos pensar em um Ensino de Ciências, no caso específico o Ensino de
Biologia, de qualidade sem que articule as atividades de classe com as de campo. E esta
qualidade no ensino e, consequentemente, na aprendizagem não podem ser pensadas
dissociadas da relação escola-aluno(a)-professor(a).
Alissá Mariane Garcia Grymuza (2015), autora da terceira dissertação analisada,
defende a ideia de homem enquanto um ser ativo, crítico e reflexivo na sociedade, um ser capaz
de construir seu próprio conhecimento, questionar determinadas situações observadas e chegar
a suas próprias conclusões. Nesta perspectiva, ao enfatizar um ensino pautado nos fundamentos
da Teoria da atividade, e partir dos princípios desta, a autora destaca que é função da escola
promover condições para a formação de cidadão capazes de apresentar as características
supracitadas.
A quarta dissertação, de Joselma Ferreira Lavôr Lima (2014) tem o sujeito em processo
contínuo, visando o seu desenvolvimento através da observação científica, da prática de
pesquisa, da busca por formações e do pensar científico. O campo ontológico pode, neste caso,
interagir e criar, possibilitando o desejo de pesquisar em diversas situações, um sujeito em
evolução. Nesse aspecto, a pesquisa traz vários conceitos de pesquisa no campo da formação
de professores, os associando as competências e saberes construídos que contribuem para a
evolução do sujeito.
A quinta dissertação, de Micaela Ferreira dos Santos Silva (2015), do ponto de vista
ontológico, apresenta como visão de aluno/escola, o contexto em que o projeto Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) se desenvolve. Tomando por base a realidade da
escola pública brasileira, bem como a metodologia para a alfabetização matemática, mais
precisamente, no jogo Equilíbrio Geométrico, tomando por amostragem uma turma no ciclo de
alfabetização, na zona rural da cidade de Mossoró-RN.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando nos aprofundamos nos estudos sobre o processo de ensino-aprendizagem,


necessitamos compreender que este se desenvolve em diversos contextos educativos, nas quais
envolvem sujeitos em mudança, em contínua apreensão e ressignificação do conhecimento. É
na troca de informações entre os sujeitos, na reconstrução cotidiana do saber sobre o mundo,
seja ele institucionalizado ou não, que o ensino e a aprendizagem ocorrem.
Este trabalho analítico, em que nos debruçamos nos fatores expostos por Gamboa
(2012), os correlacionando as cinco dissertações analisadas, nos possibilitou tomar
conhecimento das bases científicas que norteiam a linha de PEA do PPGE. Esta percepção
teórico/prática é fundamental para guiar os trabalhos que nós, pesquisadores da Educação,
estamos desenvolvendo, em especial, a apreensão holística de como ocorre a pesquisa no
âmbito do ensino-aprendizagem.
Entendemos que a nossa contribuição, guiada por um estudo bibliográfico de caráter
analítico, é importante para ilustrar o caráter identitário atribuído da linha de PEA do PPGE. O
contato com as cinco dissertações proporcionou um aprofundamento metodológico em muitas
das inquietações que permeiam a pesquisa em Educação no Brasil. Desta forma, somos
instigados a enxergar nos nossos estudos, isto é, na nossa posição de pesquisador do campo, os
vários aspectos que constituem o ato educativo. Atentamos para a necessidade constante de
analisar o trabalho que cerca o nosso campo de atuação, buscando alternativas para ultrapassar
as inúmeras barreiras que dificultam a pesquisa científica, seja através intervenções educativas
na educação formal ou não-formal.
Em relação aos fatores analisados, ao dar início ao mapeamento, foi logo observado que
toda a produção acadêmica analisada é de caráter qualitativo. As pesquisas de cunho qualitativo
são as bases para a pesquisa científica realizada no âmbito da linha de PEA, já que são capazes
de responder como funciona um específico processo, situá-lo histórico e temporalmente sob a
perspectiva de singularidade, o que torna coerente a escolha desta abordagem. Assim, os
aspectos relacionados ao campo técnico-instrumental da produção acadêmica analisada
fundamentaram-se a essa proposta qualitativa, embora identifiquemos a presença de
ferramentas quantitativas utilizadas, o enfoque analítico dos dados quantitativos foi aplicado
como representações numéricas e elementos de caracterização dos aspectos qualitativos.
As bases teóricas analisadas posicionam o processo de ensino-aprendizagem a partir da
constituição de um sujeito inserido em contextos socioeducativos baseados na relação do
homem com o meio em que vive. Desta maneira, o papel de quem ensina e quem aprende é
compreendido como um aspecto interligado, e que ainda que tenha suas próprias construções
teóricas individuais, caminham para o mesmo objetivo: a construção de um campo educativo
onde o saber é conquistado no interior das relações democráticas entre mestre e aprendiz.
Os fatores epistemológico, gnosiológico e ontológico estão inseridos na vertente
histórico e sociocultural, onde levam em conta o tempo em que ocorreu o fenômeno analisado,
o espaço, suas relações sociais, políticas, percepções dos pesquisados entre outros tipos de
singularidades situacionais não genéricas. Além disso, todas as dissertações consideraram o ser
humano de forma fluida e singularmente.
À vista disso, a reflexão acerca das produções analisadas nos conduzem a relevância da
formação epistemológica dos pesquisadores, consequentemente na organização concatenada de
métodos, técnicas e epistemologias. Nesse viés, Gamboa (2003) ressalta que na condução do
processo da pesquisa deve estar compreensível a concepção epistemológica na qual o
pesquisador está pautado.
Logo, ao voltarmos nosso olhar para as pesquisas referidas, é nítido as perspectivas
políticas, filosóficas e ideológicas trazidas por esses pesquisadores, ao ratificarem seu
compromisso com o meio social no qual estão inseridos, no sentido de acrescentarem com seus
estudos conhecimentos, visibilidade, e por que não dizer transformar realidades.
A pesquisa científica e seus construtos teórico/metodológicos, não só inerente a linha
de PEA, mas em todas as outras pertencentes ao PPGE, deve ser constantemente analisada para
que fique lúcida a caracterização identitária de cada âmbito de estudos. Por fim, ressaltamos
que ser pesquisador no campo da Educação, é antes de mais nada, estar responsável pela
sistematização do conhecimento, pela sucessiva procura do entendimento do ser humano
enquanto sujeito histórico, cultural e social, que está em constante transformação.

REFERÊNCIAS

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analítica existencial do movimento, 2015. 108 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.
ESTUDOS CULTURAIS DA EDUCAÇÃO
Fundamentos dos estudos culturais da educação e suas interfaces nos processos culturais e
comunicacionais. Espaço público e democracia; gestão do conhecimento e acesso universal à
informação; diversidade e diferença cultural; construções de gênero e sexualidade, raça/etnia e
idade/geração. Culturas populares. Produção de saberes e práticas educativas mediadas por
artefatos simbólicos e tecnológicos. Comunicação e cognição. Implicações implicativas das
mídias. Cultura digital. Produção de saberes e práticas educativas mediadas pela competência
inter-relacional de educadoras/es em contextos de crise, conflito e mudança.
Fonte: site do PPGE <http://www.ce.ufpb.br/ppge/contents/menu/linhas-de-pesquisa >
LÓGICA INTERNA DA PESQUISA QUALITATIVA: UM MAPEAMENTO DE
DISSERTAÇÕES PRODUZIDAS PELA LINHA DE ESTUDOS CULTURAIS DA
EDUCAÇÃO DO PPGE/UFPB

Bruna Kedman Nascimento de Souza Leão


Lívia Maria Montenegro Lins
Walquiria Nascimento da Silva

INTRODUÇÃO

Durante muito tempo, fazer ciência significou representar quantitativamente a realidade


pesquisada. No seio das Ciências Modernas, os critérios de validação das pesquisas científicas
foram elaborados e norteados por um paradigma dominante que permeou, com mais evidência,
o século XIX, conhecido como o século da nova racionalidade científica totalitária (SANTOS,
2010). Esse paradigma dominante entrou em crise por desconsiderar a mutabilidade e
complexidade do real: seria possível quantificar todo e qualquer fenômeno que pretende-se
investigar? Se as questões das ciências são feitas pelo homem a partir de suas demandas, por
que não considerar os aspectos da subjetividade humana e suas contingências no
desenvolvimento das ciências?
Assim, instalou-se a crise paradigmática, possibilitando o caminho de convergência
entre as ciências naturais e sociais. Isso modificou (está modificando) a relação sujeito-objeto
nas pesquisas, assim como a consideração e a relevância do que é ou não é quantificável.
Estamos em meio a essa transição, ou seja, o novo paradigma que emerge ainda levará tempo
para ser totalmente consolidado. O processo de rompimento e (re)construção está num
constante ir e vir.
Desse modo, a qualidade das pesquisas de cunho qualitativo é um fator que corrobora
com a construção do paradigma emergente, pelo fato de significar aspectos antes
desconsiderados. Nesse tocante, a formação do pesquisador é crucial para o desenvolvimento
de uma pesquisa cientificamente válida, compromissada com a geração de conhecimento e
saberes. A escolha de métodos e procedimentos coerentes aos objetivos da pesquisa está
diretamente relacionada com os pressupostos epistemológicos que o pesquisador pretende
utilizar para fazer a leitura e análise de seu objeto de estudo. Então, a organização da pesquisa
científica requer do pesquisador posicionamento, sobretudo, político (DEMO, 2011).
Destarte, Gamboa (2012) afirma que a pesquisa possui uma lógica interna que reflete as
articulações feitas pelo investigador no processo de produção do conhecimento. Segundo o
autor, os conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos, teóricos, metodológicos e técnicos da
pesquisa precisam estar dispostos de forma integrada em níveis de amplitude, em que alguns
fatores são mais implícitos, outros, mais explícitos. A definição clara desses aspectos e a
coerência entre eles, facilita a percepção das abordagens que influenciam ou influenciaram
determinada área do conhecimento, em determinado contexto.
Os níveis de amplitude que integram a pesquisa são, segundo aquele autor: o técnico-
instrumental, que diz respeito aos instrumentos utilizados para geração de dados; o
metodológico, que diz respeito ao percurso e aos procedimentos selecionados pelo pesquisador;
teóricos, as teorias que subsidiarão a leitura do fenômeno estudado, assim como as
aproximações com o objeto de estudo; epistemológicos, refere-se a concepção de ciência
adotada no estudo; gnosiológicos, que correspondem ao envolvimento e conhecimento do
objeto por parte do pesquisador, relação pesquisador-objeto; e os ontológicos, por sua vez,
representam a concepção de homem que o pesquisador possui (GAMBOA, 2012).
A clareza da abordagem epistemológica, por exemplo, facilita a definição dos
pressupostos teóricos, métodos e instrumentos mais adequados para o alcance dos objetivos da
pesquisa. A partir da visualização desses aspectos é possível verificar o comprometimento
político e a subjetividade do pesquisador, que parte de uma demanda social, histórica e cultural,
evidenciando em sua produção sua visão de mundo e de homem. A percepção da lógica interna
que estrutura uma pesquisa em educação, também permite-nos conhecer a concepção de
educação do(a) pesquisador(a). Essa concepção não é isolada, mas interdepende de outros
fatores que influenciam na formação investigativa e é extremamente importante para o
desenvolvimento de um estudo científico.
Considerando a importância da clareza desses aspectos, o presente artigo objetiva
analisar a lógica interna da pesquisa em Estudos Culturais da Educação a partir de três
dissertações produzidas na linha de pesquisa em Estudos Culturais da Educação do Programa
de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba, Campus I.
Selecionou-se pesquisas dos anos de 2014, 2016 e 2017, sendo duas, relacionadas com a
temática geral Estudos Surdos/Inclusão e uma acerca das Relações de Poder no ambiente
escolar.
As dissertações selecionadas foram: Acessibilidade, barreiras e superação: estudo de
caso de experiência de estudantes com deficiência na educação superior (2014); Regras
Escolares: estudo de caso sobre as relações de poder no cotidiano escolar (2016); e Pedagogia
surda: o papel de professoras surdas na construção de identidades de alunas surdas e alunos
surdos (2017). Essas pesquisas foram coletadas no site do PPGE, onde pode ser encontrada a
produção acadêmica final discente de cada linha de pesquisa. Selecionou-se dissertações da
linha de Estudos Culturais da Educação (ECE), cujo as temáticas são do interesse das autoras
deste artigo, a fim de possibilitar uma visão dos estudos que vem sendo desenvolvidos acerca
de cada tema, além de perceber as principais tendências teóricas e epistemológicas que os
cerceiam.
A seguir, será apresentado o modo como o presente estudo foi metodologicamente
conduzido, assim como uma breve apresentação dos aspectos analisados em cada dissertação
em forma de tabela. Por fim, discorreu-se sobre os resultados e considerações acerca das
contribuições desse exercício de mapeamento de lógica interna da pesquisa qualitativa, para
formação do(a) pesquisador(a) e para a linha de pesquisa de Estudos Culturais da Educação do
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB).

PERCURSO METODOLÓGICO

A escolha de um método coerente que ajude a responder aos objetivos almejados numa
investigação é uma das principais preocupações dos(as) pesquisadores(as). Para aqueles que se
propõe a fazer pesquisa em Estudos Culturais, a escolha metodológica constitui-se como uma
etapa bastante desafiante, por se tratar de um campo que se desenvolve por meio da
transdisciplinaridade, da desconstrução do que está posto e valorização da contextualidade, a
temporalidade e a particularidade do grupo investigado, sempre promovendo articulações entre
o particular e o geral, o singular e o plural. Tudo isso para pensar a cultura e sua produção, sob
a ótica do poder (COSTA; WORTMAN, 2016).
Diante do compromisso ético e político com o contexto, na busca de fazer uma leitura
crítica e oferecer pistas ou propor novos modos de ver e agir, o percurso metodológico das
pesquisas desse campo são sempre diversificadas e flexíveis sem que se perca o rigor científico
necessário a toda pesquisa. Assim, antes de descrever as etapas desta investigação, recorremos
a uma citação de Meyer e Paraíso (2014, p. 17), para que possamos refletir sobre o percurso
metodológico enquanto uma ação pedagógica:

Uma metodologia de pesquisa é sempre pedagógica porque se refere a um como fazer,


como fazemos ou como faço minha pesquisa. Trata-se de caminhos a percorrer, de
percursos a trilhar, de trajetos a realizar, de formas que sempre têm por base um
conteúdo, uma perspectiva ou uma teoria. Pode se referir a formas mais ou menos
rígidas de proceder ao realizar uma pesquisa, mas sempre se refere a um como fazer.
Uma metodologia de pesquisa é pedagógica, portanto, porque se trata de uma
condução: como conduzo ou conduzimos nossa pesquisa.
Para alcançar o objetivo pretendido nesse estudo, realizou-se uma pesquisa documental
de caráter qualitativo, no qual, orientamo-nos da seguinte forma: inicialmente, buscou-se a
literatura acerca da coesão da pesquisa qualitativa; nesse processo, elencamos a perspectiva de
Gamboa (2012) que aponta os aspectos internos de uma pesquisa científica. Depois, partimos
para a parte empírica: buscar dissertações da linha de Estudos Culturais da Educação. Essa
busca foi feita por meio do site do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFPB,
mais especificamente, área de arquivos onde constam as dissertações e teses defendidas
pelos(as) estudantes do programa.
O critério utilizado para selecionar as dissertações relacionou-se ao tema e a época de
realização das pesquisas. As temáticas precisavam estar relacionados aos Estudos
Surdos/Inclusão e às Relações de Poder na perspectiva de Norbert Elias, ambos os temas são
de interesse de pesquisa das autoras desse artigo. Em relação à época, optou-se por pesquisas
realizadas nos últimos quatro anos, a fim de identificar pesquisas recentes, haja vista que a
temporalidade é uma das características mais importantes no s estudos culturais, ou seja,
considera-se mutabilidade dos processos, a realidade como um sistema vivo, nesse sentido, o
que fora descrito, analisado e sugerido em uma época, pode tornar-se obsoleta para outra.
Mediante esses critérios, selecionou-se as seguintes dissertações: Acessibilidade,
barreiras e superação: estudo de caso de experiência de estudantes com deficiência na
educação superior (2014); Regras Escolares: estudo de caso sobre as relações de poder no
cotidiano escolar (2016); e Pedagogia surda: o papel de professoras surdas na construção de
identidades de alunas surdas e alunos surdos (2017). Após a leitura das pesquisas, mapeou-se
os níveis de amplitude propostos por Gamboa (2012) em cada uma e, posteriormente,
comparou-se e analisou-se os dados produzidos no mapeamento dos três trabalhos.
A análise consistiu-se na busca por regularidades que possibilitassem enxergar,
minimamente, uma coesão (aproximações e distanciamentos) dos trabalhos produzidos na linha
em relação aquelas temáticas. A seguir, apresenta-se os resultados da exploração assim como
uma breve discussão acerca dos níveis de amplitude que constituem as dissertações
investigadas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As três dissertações analisadas propuseram-se a investigar em ambientes escolares,


sendo duas delas com foco na questão da inclusão e escolarização das pessoas com deficiência
e as pessoas surdas; e uma, nas relações de poder que circundam as regras escolares. A seguir,
organizou-se um quadro que aponta os níveis de amplitude mapeados em cada pesquisa,
possibilitando visualização dos aspectos técnicos-instrumentais, metodológicos, teóricos,
epistemológicos, gnosiológicos e ontológicos.

DISSERTAÇÕES TÉCNICO- INSTRUMENTAL METODOLÓGICO

Regras Procedimento técnico: o estudo de Objeto de estudo: as relações de


escolares: estudo caso, na Escola Estadual de Ensino poder nas regras de uma escola.
de caso sobre as Fundamental e Médio Francisca Período da pesquisa: 2014 a 2015.
relações de poder
Martiniano da Rocha, popularmente Metodologia: Abordagem
no cotidiano
escolar (2016) chama de “Chica”, localizada no qualitativa, na modalidade
município de Lagoa Seca, cidade etnográfica, uma vez que se utiliza
interiorana do estado da Paraíba. das observações atentas e detalhadas
A coleta de dados: foi realizada por do contexto, levando em
meio de três instrumentos: consideração a interação/experiência
observação, questionário e pesquisa da pesquisadora com o lugar e as
de arquivo interno. pessoas estudadas.
Tratamento dos dados:
Triangulação, justificando que esse
tipo de análise permite acessar o
dinamismo próprio do cotidiano
escolar, ao passo que supera a
perspectiva limitada de um único
método.

Acessibilidade,
barreiras e Procedimento técnico: Estudo de Objeto de estudo: Acessibilidade dos
superação: caso, desenvolvido na Universidade estudantes com deficiência no âmbito
estudo de caso Federal da Paraíba. da universidade.
de experiência
A coleta de dados: entrevista Período da pesquisa: 2012 a 2014.
de estudantes
com deficiência semiestruturada; roteiro
na educação semiestruturado; diário de Metodologia: Pesquisa qualitativa a
superior (2014) pesquisa. partir da metodologia de Estudo de
Tratamento dos dados: A partir da Caso. Utilizou a técnica shadowing,
triangulação foi possível coletar acompanhando os sujeitos como se
distintas fontes de dados e fosse uma sombra, compartilhando
informações. as atividades do dia a dia. A autora
também coleta falas de pessoas que
fizeram parte da cena de investigação,
que tiveram alguma ligação com os
estudantes com deficiência, os
colegas, parentes e professores.
Pedagogia surda: O autor utilizou como técnicas de O autor trata das relações pedagógico-
o papel de coleta de dados a observação não culturais durante o Atendimento
professoras participante das práticas pedagógicas Educacional Especializado (AEE)
surdas na (durante 3 meses), pois seriam essas entre três professoras Surdas com
construção de práticas pedagógicas, que iriam alunas Surdas e alunos Surdos, em
identidades de servir de sustentáculo para a análise escolas comuns de João Pessoa-PB.
alunas surdas e dos discursos proferidos nas A pesquisa foi embasada de acordo
alunos surdos entrevistas, e também utilizou a com uma abordagem qualitativa,
(2017) entrevista semiestruturada em Libras percorrendo as seguintes etapas: (1)
às professoras surdas, com gravação providências em relação às questões
em vídeo (possibilitando uma éticas; (2) fase exploratória da
aproximação das subjetividades dos pesquisa; (3) obtenção dos dados
sujeitos pelos quais a pesquisa se empíricos; 4) transcrições/traduções
interessa). dos dados; (5) ordenação; e (6)
Como técnica de análise de dados, análises.
utilizou a ordenação dos dados,
categorização e a análise, articulando
os dados empíricos com os
referenciais teóricos dos Estudos
Culturais e dos Estudos Surdos.

DISSERTAÇÕES TEÓRICOS EPISTEMOLÓGICOS


Regras escolares: Utiliza-se de um teórico que O trabalho tem como base
estudo de caso desenvolveu uma teoria que epistemológica a Teoria dos Processos
sobre as relações contempla o estudo das relações de de Norbert Elias; além disso, a autora
de poder no
poder, o sociólogo Norbert Elias. também enfatiza que estudo faz parte de
cotidiano escolar
(2016) Os demais teóricos utilizados, um campo mais abrangente, dos
dialogam com a linha de Estudos Culturais, o que ajuda-a a
pensamento do teórico principal. justificar a escolha daquela corrente
teórica.
Acessibilidade, Partindo da perspectiva dos Estudos Na pesquisa, as discussões sobre
barreiras e Culturais e da teorização pós acessibilidade do estudante com
superação: estudo estruturalista, abordando as relações deficiência, é pautada nas teorias do pós-
de caso de
de poder, identidade, diferença, estruturalismo e nos estudos culturais
experiência de
estudantes com cultura, alguns teóricos foram da educação. Aborda questionamentos
deficiência na fundamentais para elucidar a relação ao meio social com relação à forma de
educação superior com o processo de acessibilidade da dominação, resultando a exclusão da dos
(2014) pessoa com deficiência. Sendo esses: estudantes com deficiência.
Foucault, Hall, Costa, Woodward, Tem como base epistemológica o estudo
Escosteguy, Louro. a respeito do sujeito em diferentes
contextos, a maneira como os estudantes
com deficiência encontram-se
estruturado no meio social.

Pedagogia surda: O autor considera, segundo as ideias O autor toma como base epistemológica
o papel de de Costa, Silveira e Sommer (2003), as ideias da Pedagogia da Diferença
professoras surdas os Estudos Culturais como um (SILVA, 2014), que permite às pessoas
na construção de tumulto teórico por não ser um assumirem suas diferenças, sutis ou
identidades de conjunto articulado de ideias e marcadas, dando ao Outro o direito de
alunas surdas e pensamentos. Mas, sinaliza um ponto ser ele mesmo no ato de educar e de ser
alunos surdos de partida que dá base às suas educado.
(2017) investigações: a desnaturalização de
normas oriundas do poder instituído.

DISSERTAÇÕES GNOSIOLÓGICOS ONTOLÓGICOS


Regras escolares: A pesquisadora foi estudante e A concepção de homem da pesquisadora
estudo de caso estagiária do campo de estudo, logo, está relacionada à interdependência
sobre as relações também participou, noutros papéis, da dos sujeitos entre si e ao contexto em
de poder no
história daquela instituição e desta, que se insere; percebe-se a valorização
cotidiano escolar
(2016) surgiu sua inquietação em relação ao da identidade e o entendimento do
objeto: as relações de poder implícitas dinamismo desta, ou seja, constrói-se o
nas regras de conduta daquela escola. tempo todo nas relações que o sujeito
Sendo assim, a autora revela em estabelece com outrem e com o
vários momentos do texto a ambiente social. Esta percepção, como
preocupação de distanciar-se do os demais aspectos, está fortemente
objeto, haja vista que sua relacionada à teoria que embasa o
aproximação, experiência íntima estudo.
como aluna e estagiária poderiam
“contaminar”, influenciar de forma
pretensiosa os rumos da pesquisa a ser
desenvolvida.
Acessibilidade, O envolvimento da pesquisadora com A concepção de homem da pesquisadora
barreiras e temática, foi a partir de sua está relacionada aos sujeitos que
superação: experiência anteriores em projetos apresentam Cultura e identidade
estudo de caso de
de pesquisas, trabalho de TCC decorrente de suas diferenças.
experiência de
estudantes com realizado na graduação, Valorizando a capacidade e não a falta, o
deficiência na participação de grupos envolvidos limite ou a incapacidade.
educação com as discussões sobre a pessoa
superior (2014) com deficiência. Um olhar não
apenas como pesquisadora, mas,
como militante. O interesse a partir de
uma inquietação.
Pedagogia surda: De acordo com o pesquisador, o que o A visão de homem que o pesquisador
o papel de instigou a desenvolver uma pesquisa possui está ligada ao processo de
professoras com essa temática foi a sua construção de identidades, pois
surdas na experiência enquanto assistente social compreende as pessoas surdas como um
construção de e intérprete de Libras, onde exercia sujeito autônomo e que ocupa uma
identidades de práticas equivocadas e incoerentes posição ativa na sociedade, onde a sua
alunas surdas e para a função de intérprete. A partir diferença Surda é um fator marcante
alunos surdos daí, buscou se aprofundar na naquilo que elas consideram ser pessoa.
(2017) educação surdos passando a cursar
Pedagogia e no decorrer da
graduação, surgiu um interesse
acadêmico-pessoal em compreender
como ocorre a construção de
identidades Surdas em alunas Surdas
e alunos Surdos, especialmente em
crianças, mediadas por professoras
Surdas e/ou professores Surdos no
processo pedagógico. Chegou a
participar de projetos de pesquisa
voltados para essa temática e
enxergou na leitura do livro As
Imagens do Outro Sobre a Cultura
Surda, da autora Surda, Karin Strobel,
um despertar para as suas
inquietações por esse objeto de
estudo.

Uma das principais características das pesquisas em Estudos Culturais é a consideração


da contextualidade e esse aspecto foi enfatizado nas três dissertações analisadas, em que
desenvolveram-se estudos de caso e etnográficos. Sobre isso, Weller e Pfaff (2010) afirmam ser
a etnografia umas das tendências das pesquisas qualitativas, visto que as primeiras
investigações dessa abordagem desdobraram-se por meio de observações etnográficas. Ambas
as modalidades de pesquisa, estudo de caso e etnografia, permitem aos (às) pesquisadores
aprofundar o conhecimento de conceitos teóricos em relação a grupos específicos e admitir,
conforme Hall (2003), que investigar sob a ótica da cultura é considerar o contexto como um
campo de deslocamento.
Em relação ao nível instrumental, os mais utilizados para a coleta de dados,
prevaleceram a observação (participante e não participante), questionário e entrevista semi-
estruturada. Em apenas um dos trabalhos, norteou-se pela técnica Shadowing, na qual o
pesquisador acompanha o(s) sujeito(s) da pesquisa como uma sombra. A gravação em vídeo
também foi uma das estratégias utilizadas. Para tratar os dados, utilizou-se em dois dos
trabalhos a Triangulação, que, segundo os autores, permite acessar o dinamismo próprio do
cotidiano escolar, ao passo que supera a perspectiva limitada de um único método.
Em duas das dissertações analisadas, os autores apontaram o tempo em que
permaneceram no campo coletando dados para realização das respectivas análises. O tempo foi
de um ano em ambas. Em todas, é demonstrado o percurso metodológico, o passo a passo de
cada pesquisador, assim como suas expectativas, dificuldades e reformulações do percurso.
Em relação ao nível teórico, foi possível perceber que os pesquisadores fundamentaram
suas análises a partir de teorias coerentes aos objetos de pesquisa e, principalmente, aos
objetivos almejados. Percebeu-se também que a escolha teórica está diretamente associada com
as categorias de análise elencadas como fulcrais em cada investigação.
Considerando algumas variáveis, pode-se caracterizar as pesquisas de acordo com suas
particularidades, sendo assim: na dissertação “Regras escolares: estudo de caso sobre as
relações de poder no cotidiano escolar” foi identificado um teórico principal, Norbert Elias, que
mesmo não debruçando seus estudos no campo específico da educação, sua teoria foi pertinente
para alcançar o objetivo do estudo, sob a ótica da teoria dos jogos de poder. Em outra dissertação
“Acessibilidade, barreiras e superação: estudo de caso de experiência de estudantes com
deficiência na educação superior” foram atribuídas referências, no contexto da garantia
igualitária dos direitos humanos do indivíduo na história do seu grupo social, tais como: Farias
(2011) e Santos (2011). Na terceira dissertação “Pedagogia surda: o papel de professoras surdas
na construção de identidades de alunas surdas e alunos surdos”, ao mesmo tempo que o
pesquisador considera, através das ideias de Costa, Silveira e Sommer (2003, apud ROMÁRIO,
2017), o campo dos Estudos Culturais um tumulto teórico por não ser um conjunto articulado
de ideias e pensamentos, identifica um ponto de partida que serve como base às pesquisas dessa
linha: a desnaturalização de normas provenientes do poder instituído. Com isso, se utiliza de da
ideias de Foucault (1995), Hall (2011) e Silva (2014), além de autores referentes aos Estudos
Surdos, como Dorziat (2008), Perlim (2000), entre outros.
Com relação ao nível gnosiológico, constatou-se que o vínculo entre os pesquisadores e
os objetos estudados existia desde antes do início das pesquisas. Nesse caso, pode-se dizer que
o(a) pesquisador(a) possui não só o caráter ativo no processo de conhecimento, mas
especialmente, o fato de ter participação direta no processo de significação do objeto estudado.
Assim, verificou-se que o aspecto gnosiológico relaciona-se com várias dimensões
concernentes ao ato de pesquisar, dentre elas as dimensões política e afetiva.
Esse contato prévio pode possibilitar aos(às) pesquisadores(as) maior facilidade para
conceituar e se relacionar com o objeto de pesquisa, precisando até, como consta na primeira
dissertação analisada, distanciar-se para perceber o que antes não se percebia. Assim, essa
facilidade deve ser questionada, demandando do pesquisador um certo afastamento do objeto
para não influenciar os rumos da pesquisa, no sentido de direcioná-la a interesses que dificultam
ou impedem a construção de novos conhecimentos.
No tocante dos pressupostos ontológicos, pôde-se perceber que os pesquisadores
capturam e traduzem as determinações mais essenciais dos sujeitos da pesquisa. Na primeira,
sobre as regras escolares, fica clara concepção de homem interdependente, cuja identidade se
constrói a medida que o sujeito se relaciona com outros sujeitos e se insere em diferentes
lugares. Na segunda dissertação analisada, tem-se uma visão de realidade tomada por fatores
históricos, sociais e culturais, onde a realidade excludente existe, porém é um fator que
consolida a militância da pesquisadora para atuar na perspectiva de mudança desse paradigma.
Já na terceira dissertação, o paradigma excludente também existe, mas o pesquisador
fundamenta a sua visão de homem num sujeito surdo autônomo, livre das amarras que o
processo histórico atrelou à sua identidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Identificar e analisar os níveis de amplitude propostos por Gamboa (2012) mostrou-se


como um exercício analítico-metodológico que contribui de forma direta para a formação do(a)
pesquisador(a) iniciante, pois permite vislumbrar a organização de uma pesquisa com clareza,
favorecendo a produção de novos estudos qualitativos mais bem fundamentados e coerentes ao
tipo de investigação desenvolvida, possibilitando uma visão crítica acerca dos conhecimentos
construídos no decorrer do processo. A partir dessa compreensão, foi possível retornarmos aos
nossos projetos de pesquisa e buscarmos aplicar esses níveis de amplitude, viabilizando a
sistematização de uma lógica própria e articulando elementos no decorrer da produção textual
tornando-os conexos.
Esse exercício também implicou um aspecto bastante importante na produção de
conhecimento, sobretudo no campo dos Estudos Culturais da Educação: a valorização do
contexto. Fazer parte de um programa e, consequentemente, uma linha de pesquisa, implica
conhecer suas idiossincrasias no que diz respeito às metodologias, correntes teóricas,
epistemologias, concepções de homem, de mundo e, principalmente, educação, com as quais
os indivíduos daquele grupo têm operado. Isso não significa uniformizar e estabelecer um
padrão, como reclama os Estudos Culturais e o próprio paradigma emergente, mas possibilitar
um diálogo relacionado ao conteúdo e rigor científico das investigações, possibilitando,
consequentemente, o fortalecimento da linha. Vale salientar: esse fortalecimento não é sinônimo
de construir fronteiras, mas permitir conhecer os fundamentos, princípios e modos de operar no
campo, reconhecendo suas singularidades e contribuições para o fenômeno educativo.
Em suma, considerou-se que nos três trabalhos analisados, os pesquisadores
desenvolveram pesquisas coerentemente ancoradas à respectiva linha de pesquisa, Estudos
Culturais da Educação, o que nos possibilitou vislumbrar dentro dos aspectos analisados, sua
caracterização e especificidades próprias no que tange à escolha de métodos, teorias,
concepções de mundo e de homem que embasam a construção de conhecimento científico.

REFERÊNCIAS

COSTA, Marisa V.; WORTMANN, Maria L. Estudos Culturais e Educação: expandindo


possibilidades para compreender a dimensão educativa. In LISBOA FILHO, Flavi F.;
BAPTISTA, Maria M. (Orgs). Estudos Culturais e interfaces. Objetos, metodologias e
desenhos de investigação. Aveiro/Santa Maria: Universidade de Aveiro/Universidade Federal
de Santa Maria, 2016. Disponível em http://w3.ufsm.br/estudosculturais/arquivos/livros-
completos/ESTUDOS%20CULTURAIS%20E%20INTERFACES%202016.pdf. Acesso em:
20 de agosto de 2018.

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

GAMBOA, Silvio Sánchez. Tendências da pesquisa em educação: um enfoque


epistemológico. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2. ed. Chapecó: Argos,
2012. p. 49-67.

GERTRUDES, Rejanira Alves. Regras Escolares: estudo de caso sobre as relações de poder
no cotidiano escolar da "Chica". João Pessoa: Paraíba, 2016. Disponível em: <
http://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=1906 >. Acesso em:
março de 2018.

HALL, S. Estudos Culturais: dois paradigmas. HALL, S. Da diáspora: identidades e


mediações culturais. SOVIK, Liv (Org.). Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: UNESCO,
2003.
MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisa pós-
crítica ou sobre como fazemos nossas investigações. In:______;(Orgs). Metodologias de
pesquisa pós-crítica em educação. Belo Horizonte. Mazza edições, 2014, p. 17-24.
ROMÁRIO, Lucas. Pedagogia Surda: o papel de professoras surdas na construção de
identidades de alunas surdas e alunos surdos. João Pessoa: Paraíba, 2017. Disponível em: <
http://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=1906 >. Acesso em:
março de 2018.

SANTOS, Boaventura Sousa. Um discurso sobre as ciências. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SILVA, Jackeline Susann Souza da. Acessibilidade, barreiras e superação: estudo de caso de
experiência de estudantes com deficiência na educação superior. João Pessoa, Paraíba, 2014.
Disponível em: < http://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=1906 >.
Acesso em: março de 2018.

SILVA, Lucas Romário da. Pedagogia Surda: o papel de professoras surdas na construção de
identidades de alunas surdas e alunos surdos. João Pessoa: Paraíba, 2017. Disponível em: <
http://sigaa.ufpb.br/sigaa/public/programa/defesas.jsf?lc=pt_BR&id=1906 >. Acesso em:
março de 2018.

WELLER, V. PFAFF, N. Pesquisa qualitativa em Educação: origens e desenvolvimentos. In:


WELLER, V. PFAFF, N. (Orgs.). Metodologias de pesquisa qualitativa em Educação.
Petrópolis: Vozes, 2010.
ANÁLISE DA LÓGICA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO DE DISSERTAÇÕES DA
LINHA DE PESQUISA DE ESTUDOS CULTURAIS DA EDUCAÇÃO (2013-2017)

José Rodolfo do Nascimento Pereira


Josilene Rodrigues da Silva
Maria Thais de Oliveira Batista
Rafaela Maria e Silva Ferreira

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este trabalho tem por finalidade fazer uma análise dos aspectos: técnico-instrumental,
metodológico, teórico epistemológico, gnosiológico e ontológico presentes em dissertações
escritas no período de 2013 a 2017 na linha de pesquisa Estudos Culturais da Educação do
Programa de Pós-Graduação em Educação/UFPB. Busca-se compreender como as dissertações
selecionadas dentro dessa linha estão produzindo pesquisas e se estas estão condizentes com o
campo de estudo nas quais estão inseridas.
As dissertações analisadas foram: Discursos docentes sobre crianças cujos pais/mães
vivem em condição de conjugalidade homoafetiva, de Anna Luzia de Oliveira (2016) ;
Aprendendo a ser mulher? Construção de identidade de gênero: Memórias da relação de
mulheres com suas bonecas, de Isis Aluska dos Santos Silva (2016); Gênero e perspectivas de
escolha de cursos superiores: análise a partir de uma escola de ensino médio integrado a cursos
técnicos na área da computação, de Daiane Lins da Silva Firino (2017) e Gênero e Educação
Superior: perspectivas de alunas de Física”, de Valquíria Gila de Amorim (2017).
Tais dissertações têm como base as discussões de gênero entre outros temas próprios do
campo de pesquisa dos Estudos Culturais da Educação.
A relevância desse mapeamento permite a percepção da maneira como estes trabalhos
foram conduzidos, vislumbrando aproximações e distanciamentos, contribuindo para a própria
linha de pesquisa perceber sua própria produção de conhecimento científico. Assim como,
permite aos alunos e às alunas da linha, como também aos que pretendem nela ingressar,
possibilidades de direcionamentos na construção de seus próprios trabalhos.

METODOLOGIA
A pesquisa se ancora na abordagem qualitativa uma vez que a análise das dissertações
mencionadas não fez uso da linguagem estatística ou numérica. Buscou-se interpretar os dados
produzidos por meio da construção de significados, valores, motivações usando como subsídio
a teoria própria do campo dos Estudos Culturais da Educação.
Minayo apud Gerhardt e Silveira (2001) revela que na pesquisa qualitativa são
privilegiados os significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, aprofundando
nas relações, nos processos e nos fenômenos o que não pode ser reduzido à operacionalização
de variáveis.
A pesquisa qualitativa, segundo Richardson (2012), caracteriza-se como tentativa de
compreender significados e características situacionais de forma mais pormenorizada. Como a
investigação fará uso do instrumento de entrevista, conforme será melhor abordado a seguir,
para compreender experiências e trajetórias docentes, a abordagem qualitativa é mais adequada
para ir além das aparências superficiais do dia-a-dia, permitindo uma análise teórica dos
fenômenos sociais (RICHARDSON, 2012).
Sendo assim, fez-se o levantamento das dissertações, dentro do recorte temporal
indicado, no banco de dados do repositório de teses e dissertações da Universidade Federal da
Paraíba. Diante disso, deu-se as análises de cada dissertação, procurando evidenciar os
aspectos: técnico-instrumental, metodológico, teórico epistemológico, gnosiológico e
ontológico orientados por Gamboa (2012). Em seguida, apresentamos um quadro
demonstrativo e comparativo dos resultados encontrados para, por fim, indicar os resultados
advindos das análises.
A pesquisa fez uso de elementos do método comparativo tentando confrontar os dados
analisados para assim indicar possíveis aproximações e distanciamentos encontrados. De
acordo com Lakatos e Marconi (2003, p. 107) entendem que o “método comparativo permite
analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais”.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa é uma das principais atividades que sustentam o mundo acadêmico. Segundo
o sítio eletrônico Significados (2018), a etimologia da palavra pesquisa deriva do termo em
latim perquirere, que significa "procurar com perseverança". Compreende-se pesquisa como
um substantivo essencial quando se pretende construir conhecimento, pois há nela a equação
entre observação e reflexão. “O pesquisador age como sujeito colaborador direto no processo
de construção do conhecimento de forma a intervir no seu mundo e construí-lo da forma mais
adequada a sua vivência” (PEREIRA, 2018, p. 214).
Gamboa (2012) revela profunda preocupação com a superação da prescrição dos
manuais de investigação e pesquisa buscando novas formas de compreendê-la. Defende que as
questões do rigor metodológico, teórico e epistemológico têm como objetivos melhorar a
formação do/a pesquisador/a. Sendo assim, o autor resgata a importância da recuperação da
lógica interna da pesquisa, já que a mesma se estrutura numa produção de conhecimento que é
formada por conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos, teóricos, metodológicos e
técnicos.
Diante disso, Gamboa (2012), reconciliando os elementos rígidos da pesquisa com suas
origens filosóficas, discrimina como níveis de amplitude de uma pesquisa os seguintes: a)
Técnico-instrumental; b) metodológico; c) teórico; d) epistemológico; e) gnosiológico; f)
ontológico. Esses níveis, ao se articularem, produzem uma lógica de pensamento harmônica.
Partindo dessa concepção, deu-se as presentes análises de quatro dissertações na linha de
pesquisa de Estudos Culturais da Educação no Programa de Pós-Graduação em
Educação/UFPB.

“Discursos docentes sobre crianças cujos pais/mães vivem em condição de conjugalidade


homoafetiva”, de Anna Luzia de Oliveira (2016)

A dissertação Trata-se de uma pesquisa qualitativa pós-crítica que teve por finalidade
objetiva analisar os discursos de professores/as, de escolas municipais da cidade de Campina
Grande-PB, sobre as crianças cujos pais/mães vivem em condição de conjugalidade
homoafetiva. Para construir os dados da pesquisa a autora realizou entrevistas semiestruturada
e contou com a colaboração 12 professoras e 16 alunos/as inseridos/as em famílias
homoafetivas, todas as entrevistadas do sexo feminino, cujas idades variam de 29 a 54 anos.
Inserida na linha de pesquisa Estudos Culturais, a autora faz uma discussão sobre as
novas configurações familiar que vem se modificando ao longo da história, em decorrência de
transformações ocorridas na sociedade. Nessa conjuntura de transformações, surge uma
multiplicidade de arranjos familiares, dentre eles a parentalidade, comumente circundada de
polêmica por escapar à heteronormatividade vigente na sociedade. E problematiza o fato de que
muitas crianças hoje já estão inseridas nesses novos formatos de famílias o que requer reflexão
a esse respeito para que a escola possa lidar com as situações de preconceito e discriminação
que muitas dessas crianças enfrentam.
Desta forma, os discursos dos/as docentes são muito importantes para compreensão e
reflexão acerca de preconceitos e discriminações que algumas crianças sofrem na escola.
No tocante lógica da pesquisa em educação, o estudo é organizado segundo Gamboa
(2012) de forma ampla e a abordagem epistemológica poderá contemplar os fatores técnico-
instrumental que se refere aos passos da coleta dos dados; metodológicos que se aos
procedimentos e maneiras de tratamento do objeto estudado; teóricos que diz respeito aos
conceitos, fenômenos educativos, posicionamentos críticos, teorias, entre outro aspecto;
epistemológicos que se refere à cientificidade da pesquisa, a concepção de ciência do/a
pesquisar/a. São os requisitos necessários para provar ou não a validade de determinado
fenômeno; gnosiológicos diz respeito à concepção do/a pesquisador/a sobre o real. É sua
compreensão do abstrato e concreto no processo de investigação cientifica. Por fim, os fatores
ontológicos que são basicamente a concepção de homem e de sociedade que o/a investigador/a
tem. Seu entendimento e compreensão de educação, de mundo, de história, bem como da
realidade no qual seu objeto de pesquisa está inserido (GAMBOA, 2012).
Com nessas informações, me proponho a fazer uma analise desses fatores, presentes na
dissertação aqui analisada, tais como:
Técnico-instrumental: Utilizou-se de entrevista semiestruturada para coleta dos dados.
Metodológico: Metodologicamente a pesquisa se pauta na abordagem qualitativa pós-
crítica e o método utilizado análise do discurso. Teve como base teórica metodológica Gil
(2014).
Teóricos: Quanto ao aporte teórico, a pesquisa se apoia em autores/as próprios do
campo dos Estudos Culturais, bem como de referências específicas, tais como: Flakset al.,
(1995); Mello ( 2005ª); Uziel, (2007, 2009); Garcia et al., (2007); Zambrano, 2008; Mello;
Grossi; Uziel, (2009) que foram base para os argumentos de que crianças inseridas nos
contextos de famílias homoafetivas se desenvolvem sem problemas diferentes daqueles
vivenciados por crianças criadas por famílias heterossexuais. Opera com o conceito de poder,
figuração, subjetivação, a partir do entendimento de Elias (2008).
Epistemológicos: a autora faz uso de teorias e discussões próprias dos estudos sobre
homoafetividade e assume que a escola, como campo investigativo, é um ambiente atravessado
por relações de poder, sendo, então, um lugar de negociação de identidade e dos processos de
subjetivação (OLIVEIRA, 2016). Desse modo, a escola tem um papel fundamental na formação
da personalidade dos discentes.
Gnosiológico: a visão gnosiológica da pesquisa é marcada pelo entendimento de
família, educação e sociedade como processos em construção que tem organização bastante
variada e muda de cultura para cultura e ressalta que a família tradicional não é mais um modelo
a ser seguido.
Ontológicos: pensa que o processo civilizatório em nossa sociedade sugere refletir
sobre as interações entre a família e a escola nesse processo. A escola é o lócus de pesquisa da
autora e para ela a escola vem desempenhando um papel ativo e central na perpetuação da
heteronormatividade, mostrando-se incapaz de lidar com a diversidade de gênero e sexual.

“Aprendendo a ser mulher? Construção de identidade de gênero: Memórias da relação


de mulheres com suas bonecas”, de Isis Aluska dos Santos Silva (2016)

A presente dissertação tem como principal foco de pesquisa analisar as relações


existentes entre educação e a aprendizagem do gênero feminino, de modo que apresenta o
artefato cultural boneca como aspecto central do trabalho. Disserta, ainda, acerca do processo
de construção da autoimagem do ser mulher, tendo como parâmetro o modo como isto é
apreendido através de um objeto específico, o qual define como sendo a boneca este objeto de
interferência. A pesquisa foi desenvolvida a partir do estudo da memória, no que diz respeito à
relação de um grupo de mulheres com suas bonecas em suas respectivas infâncias.
A análise aqui realizada se deu através de uma caracterização dos seguintes critérios, os
quais se baseiam na produção de Gamboa (2012): técnico-instrumental;metodológico;
teóricos;epistemológicos; gnosiológicos e ontológicos.
No primeiro critério, referente ao técnico-instrumental, esta diz respeito a uma pesquisa
empírica com abordagem qualitativa - ancorada na área da Educação, na linha de Estudos
Culturais e nos Estudos Gênero. Encontramos o percurso de coleta de dados, sistematização e
desenvolvimento da pesquisa, sendo que na dissertação aqui analisada, a autora fez uso da
produção de textos biográficos e autobiográficos junto os sujeitos mulheres da sua pesquisa,
bem como com a realização de uma oficina de intervenção ao final da pesquisa realizada - sendo
registrada por meio de filmagens e fotos. Participaram da pesquisa 16 alunas da turma de
Pedagogia na qual a autora fez seu Estágio Docência, que auxiliaram na elaboração de
documentos primários que serviram de análise para o texto aqui analisado. A autora disserta,
assim, “[...] sobre histórias de mulheres a partir de suas próprias escritas” (SILVA, 2016, p.15).
No que se refere à metodologia, debruça-se na categorização a partir da análise de
conteúdo, de modo que as principais categorias que surgem ao longo do trabalho são:
Aprendizagem de gênero; Gênero; Identidade; Corpo/corporeidade. Silva (2016) inicia seu
percurso metodológico com a solicitação de produção de um texto descritivo, tendo como tema:
“Como eu me sinto como mulher”. Para ela, “o tema/título dessa escrita teve como intenção
captar mesmo antes da problematização de gênero em sala de aula, a visão delas sobre elas
mesmas como mulheres já adultas.” (p.17-18). O segundo momento contou com a elaboração
de um texto narrativo, em que as alunas foram solicitadas a relembrar uma antiga memória da
época de suas infâncias, com temática intitulando-se “Minha primeira boneca”. Esta etapa
oportunizou relacionar o objeto cultural e lúdico boneca, à aprendizagem do gênero feminino
que no texto foi discutido. Por último, foi realizada uma oficina de intervenção, em que foram
confeccionados alguns materiais em formato de corpo de boneca, que deram visibilidade a
discussão, de modo que possibilitou que as alunas viessem a “[...] explicar por que escolheu o
corpo da boneca de determinada cor, porque elaborou a boneca daquela forma e,
consequentemente, dar um nome à boneca.” (SILVA, 2016, p.18).
No que se trata do aporte teórico, a dissertação aqui apresentada faz uso dos Estudos de
Gênero relacionados à Educação, com a contribuição dos Estudos Culturais, pelo qual realiza
pesquisas bibliográficas em torno da história das bonecas e da mulher, bem como afirma a ideia
de que “ocorre igualmente uma autodestruição da memória feminina. [...] Todas essas razões
explicam que haja uma falta de fontes não sobre as mulheres nem sobre a mulher; mas sobre
sua existência concreta e sua história singular” (PERROT, 2007, p.22). As concepções de
gênero da autora se ancoram nos trabalhos de Moreno (1999), Carvalho (2008, 2010) e Louro
(1997), quando discutem aprendizagem de gênero;Silva (2012) na análise do processo
identitário e Le Breton (2007) na discussão sobre Corpo/corporeidade.
A pesquisa em seu caráter epistemológico, ao fazer uso dos Estudos de Gênero e Estudos
Feministas estabelece uma relação da mulher com a boneca através da memória, pela qual
analisa o processo em que tal relação se estabeleceu ao longo da formação de cada aluna
participante da pesquisa. A autora liga-se a uma epistemologia feminista ao abordar a boneca
enquanto objeto cultural motivador e reprodutor de uma aprendizagem do ser menina e mulher
nos diferentes contextos e tempos. Para Silva (2016) é importante analisar como a boneca detém
de um “[...] poder simbólico e representativo na vida das mulheres desde tempos remotos e a
importância de se analisar a relação da aprendizagem de gênero feminino com a boneca.”
(p.22).
Do ponto de vista gnosiológico, a pesquisa trata de uma visão de reprodução de uma
realidade em que a mulher é condicionada desde a infância a exercer certos papéis sociais nas
diferentes esferas do vivido, ao ponto que atribui o caráter de estereotipação e estigmatização
do ser mulher e reconhecer-se nesse gênero. O texto traz a ideia de um modelo de
comportamento baseado em normas aprendidas e apreendidas de como ser mulher, mas que,
contudo,ainda encontra espaço para reafirmação de uma identidade em construção e resistência
dos moldes apresentado histórico e culturalmente na sociedade.
Ontologicamente, o texto abarca uma ideia de sociedade demarcada por estigmas,
estereótipos e segregações de gênero que remetem a uma necessidade de equidade de gênero
ontológica defendida pela autora. Para a autora “a família, a escola, a política, os meios de
comunicação, o mercado e tantos outros meios reforçam a cada dia a idealização do que é ser
mulher” (SILVA, 2016, p.114). Desse modo, através das brincadeiras nos diferentes contextos
- família, escola e comunidade -, normas, valores, regras e aprendizagens são apresentados às
crianças sobre os papéis sociais do ser menino/menina ou homem/mulher.

“Gênero e perspectivas de escolha de cursos superiores: análise a partir de uma escola


de ensino médio integrado acursos técnicos na área da computação”, de Daiane Lins da
Silva Firino (2017)

A referida dissertação teve o objetivo de analisar a relação com a tecnologia e as


perspectivas de escolha de cursos superiores de jovens estudantes do Ensino Médio integrado
à área da Computação da Escola Estadual Estudante Rebeca Cristina Alves Simões/PB, mais
conhecida como Escola da Polícia Militar (CPM), buscando compreender se são influenciadas
por naturalizações e/ou estereótipos de gênero, levando as mulheres a escolherem
cursos/ocupações/especializações tradicionalmente femininos e os homens a buscarem
carreiras de prestígio social em redutos considerados masculinos. A análise evidenciou que
os/as estudantes possuem uma forte ligação com a tecnologia e que há diferenças de gênero na
forma como estes/estas se relacionam com a mesma, sendo uma delas a propensão das meninas
a buscarem informações e dos meninos a buscarem o entretenimento quando navegam na
internet. Além disso, verificou-se que a naturalização dos estereótipos de gênero nas relações
sociais parece influenciar as identificações dos/as jovens com as áreas do conhecimento e se
refletir nas escolhas de cursos superiores. Tais escolhas estavam associadas a atributos de
gênero, levando as meninas a escolherem carreiras da área de Ciências Humanas, Sociais e
Biológicas, ligadas ao cuidado, e direcionando os meninos para as carreiras de Ciências Exatas
e Tecnologia. Dessa forma, percebeu-se que as meninas, mesmo estando inseridas em cursos
técnicos da área da Computação, integrados ao Ensino Médio, não pretendem seguir carreira
na referida área, mas também o percentual de meninos que pretendem prosseguir nessa área foi
baixo, suscitando questionamentos para novas investigações. Também se observou a influência
da cultura militar, presente na escola investigada, nas pretensões de escolhas profissionais, pois
o Curso de Formação de Oficiais (CFO) obteve destaque entre as escolhas declaradas por ambos
os sexos.
Segundo Gamboa (2012),“O estudo que analisa as articulações entre o processo de
investigação científica e os pressupostos filosóficos, nos quais tal processo de se embasa,
podemos denominar “epistemologia da pesquisa”, ou simplesmente, “abordagem
epistemológica da pesquisa”“. Partindo desse princípio, analisarei a dissertação a partir das
lentes epistemológicas segundo as categorias: a) técnico-instrumental; b) metodológico; c)
teóricos; d) epistemológicos; e) gnosiológicos; f) ontológicos.
No que toca a questão técnico-instrumental segundo Firino (2017), foram aplicados
questionários com estudantes (do 1° ao 3° ano), sendo mulheres e homens. A pesquisa assumiu
uma abordagem quanti/qualitativa e um caráter exploratório e descritivo. Os dados foram
sistematizados em tabelas e gráficos, destacando-se o sexo e série/ano, e como caráter analítico,
a priori os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo de Bardin e nas teorizações
sobre gênero.
Na metodologia, a pesquisa assumiu uma abordagem empíricaquanti/qualitativa e um
caráter exploratório e descritivo.Os questionários foram aplicados na aula inaugural do ano
letivo citado, sendo a amostra casual, ou seja, todos os/as alunos/as que estavam presentes no
auditório da escola foram convidados a preencher o questionário. Dessa forma, alunos/as do 1°
ao 3° ano do ensino médio participaram da pesquisa.Adotaram-se algumas estratégias para
garantir o sucesso da aplicação: a)mesmo sendo questionários identificados garantiu-se
resguardar a identificação na divulgação dos resultados; b) solicitou-se que não deixassem
nenhuma questão sem responder; c) alocou-se o tempo necessário para que o questionário fosse
respondido sem pressa; d) permaneceu-se durante a aplicação no auditório para auxiliar em
caso de dúvidas a respeito das questões.Os sujeitos participantes da pesquisa foram estudantes,
de ambos os sexos,do primeiro ao terceiro ano do ensino médio integrado a cursos técnicos na
área da Computação da escola já citada, localizada em João Pessoa/PB.O método utilizado para
a análise dos dados foi a Análise de Conteúdo (AC), baseado em Laurence Bardin.Para
categorização dos dados a partir desta técnica a organização da análise,os quais, segundo Bardin
(2011), são: pré-análise, exploração do material etratamento dos resultados para inferências e
interpretação. A pré-análise tem o objetivo de organizar o material para o início das
reflexões.Nesta etapa foram tabulados os dados dos questionários em planilhas do Excel, em
que foram inseridas todas as perguntas do questionário e as respostas dos/as estudantes, e feito
o que Bardin (2011) denomina de “leitura flutuante”, que “consiste em estabelecer contato com
os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e
orientações” (p. 126).O cruzamento dos dados foi feito levando em consideração o enfoque
desta pesquisa, ou seja, as questões de gênero presentes nas respostas dos/as estudantes. Esses
cruzamentos geraram novas planilhas e foram realizados através da Tabela Dinâmica que é uma
funcionalidade do Excel que permite ir colocando em uma tabela, de forma automática, os
dados agrupados por categorias que vão sendo selecionados pela pesquisadora. Ainda dentro
desta etapa, foi feito o que Bardin (2011) denomina de categorização dos dados, ou seja, foram
elaboradas, a partir dos dados tabulados, unidades temáticas que serviram de norte para a análise
dos mesmos.A segunda etapa foi à exploração do material que, segundo Bardin (2011), é “a
fase de análise propriamente dita”, que nada mais é do que “a aplicação sistemática das decisões
tomadas”.Por fim, foi feito o tratamento dos resultados obtidos, fazendo inferências e
interpretações, buscando tornar os “resultados brutos” em achados “significativos (‘falantes’) e
válidos”.
As matizes teóricas que a priori foram usadas pela autora para embasar a dissertação,
partiram de autorespós-estruturalistas, autores que lidam com as perspectivas de gênero,
tecnologias e educação. Os conceitos que operaram de forma primária foram gênero e
tecnologias. Louro (1997) se sobressai com os conceitos de gênero e do olhar posicionado para
uma educação voltada para a equidade e igualdade de gênero assim bem como se colocam os
Estudos Culturais.
No aspecto epistemológico faz uso das teorizações próprias de gênero nas quais os/as
autores e autoras defendem de maneira científica que culturalmente na maioria dos casos o sexo
é algo que naturaliza as funções, condiciona as identidades e normatiza os corpos de maneira a
se inscreverem em lócus pertencentes ao seu sexo, por exemplo, Segundo Bruschini e Lombardi
(1999), às mulheres são destinadas funções mais ligadas aos “atributos femininos” que,
coincidentemente ou não, são as de menor prestígio social e remuneração; e, ademais, elas
encontram muitos obstáculos para chegar aos postos mais elevados, o que indica a presença do
“teto de vidro”.
Gnosiologicamente a pesquisa traz uma visão posicionada, de uma realidade social
demarcada e hierarquizada. A divisão sexual opera de maneira muito potente na vida dos
sujeitos e a discussão não poderia ser outra senão a busca pela equidade e igualdade de gênero.
O caráter ontológico é aquele que tem como foco o sujeito, a sua trajetória. Partindo
disso, podemos dizer que o sujeito nessa pesquisa é marcado pela divisão. A escola é um lócus
que por muitos fatores colabora com a classificação e hierarquização dos corpos.
Cotidianamente a luta por igualdade é intensa, no que diz respeito à igualdade sexual e de
gênero é algo que ontologicamente buscamos diariamente.
“Gênero e Educação Superior: perspectivas de alunas de Física”, de Valquíria Gila de
Amorim (2017)

Essa dissertação teve como escopo questionar os motivos que a Física é um campo
majoritariamente masculino, apresentando números reduzidos de mulheres. Denuncia que esse
fenômeno ainda não é suficientemente investigado e objetiva analisar experiências vivenciadas
pelas alunas no curso de graduação de Física na Universidade Federal da Paraíba –UFPB. A
pesquisa trouxe como resultados falas femininas que revelam constrangimentos, debilidades e
desafios desnudando uma barreira de gênero. Do clima hostil e frio à assédios sexuais, a autora
concluiu que a permanência feminina de discentes da graduação de Física enfrenta o estereótipo
de gênero, o preconceito, a discriminação, o sexismo e o assédio sexual, que se apresentam
invisibilizados e naturalizados em inúmeras situações (AMORIM, 2017).
Na leitura da produção acadêmica à luz de Gamboa (2012, p. 58-59), procurou-se centrar
a análise nos seguintes critérios:a) técnico-instrumental; b) metodológico; c) teóricos; d)
epistemológicos; e) gnosiológicos; f) ontológicos.
O primeiro critério é o técnico-instrumental, sendo referente “aos processos de coleta,
registro, organização, sistematização e tratamento dos dados e informações” (GAMBOA, 2012,
p. 58). Na presente dissertação identificou-se como técnica de coleta de dados entrevistas
estruturadas presencial e online. O registro foi feito por meio de diário de campo.
Houvetranscrição dos áudios das entrevistas presenciais e do uso do próprio documento
redigido pelos/as entrevistados/as. A sistematização se deu no agrupamento do material
empírico em categorias: gendramento nas disciplinas escolares e questões de gênero nos cursos
masculinizados; e, em seguida, reuniu-se as respostas em similares, opostas e específicas. Já a
técnica de análise de dados utilizada foi a análise do discurso.
Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa empírica de método qualitativo haja
vista a análise aportada nos estudos culturais, mais especificamente feministas. Seus passos
metodológicos, segundo seu diário de campo,iniciam-se com a construção de um roteiro de
entrevista, seguido da identificação e busca dos sujeitos (que passou por alguns percalços), que
culmina na entrevista de cinco mulheres e três homens, o qual se fez uso da técnica de Flick
(AMORIM, 2017) da bola de neve que solicita aos sujeitos iniciais indicações de contatos de
outros possíveis sujeitos da pesquisa. A análise dos dados se baseou no agrupamento das
informações coletadas em categorias já elucidadas, assim como o novo agrupamento em
respostas similares opostas e específicas, conforme já dito. Foi empregada análise de discurso
e teve como resultados efeitos elucidativos da desigualdade de gênero e
invisibilização/naturalização dessa realidade.
Já quanto ao aporte teórico, conforme já elucidado pela metodologia, é uma pesquisa
que faz uso dos estudos feministas e de gênero e dos estudos culturais da ciência. O uso de
conceitos e categorias como gendramento, androcentrismo, sexismo e gênero, a exemplo,
denunciam sua escolha teórica. A visão de gênero é ancorada, principalmente em Scott e
Haraway, que enfatiza as relações de poder que causam diferenciações entre homens e mulheres
com suas mais diversas intersecções: raça, geração, classe, origem e muito mais. Faz uso
também da teoria crítica do Pierre Bourdieu, especificamente quanto seus estudos sobre a
dominação masculina.
Do ponto de vista epistemológico, faz uso de epistemologia própria feminista que insere
um novo modo de fazer ciência que se afasta do tradicionalmente aceito, característica própria
dos estudos culturais. Aqui a autora se posiciona e se afeta politicamente na relação sujeito-
objeto, rompendo com a suposta necessidade de afastamento do objeto. A pesquisa feminista
precisa ser comprometida e, por isso, inaugura epistemologia própria. Liga-se a uma
epistemologia feminista mais tradicional que toma a mulher como sujeito/objeto de estudos –
ela que fora ocultada na produção científica tradicional (LOURO, 2010). A autora denuncia
que o “ser mulher” seria antagônico às ciências diante da perspectiva epistemológica do
paradigma tradicional cartesiano e preconizando que a elas caberia o mundo privado (família,
filhos e o lar) e aos homens, “superiores”, caberiam o poder e as ciência (SCHIENBINGER
apud AMORIM, 2017). Por isso, para se opor epistemologicamente dessa ideia, autoras
feministas criaram uma epistemologia própria e feminista.
A gnosiologia que a pesquisa retrata é a visão de uma realidade marcada pela
desigualdade baseada na diferença sexual. Denuncia a divisão sexual do trabalho, a exclusão, a
discriminação e os impasses que mulheres físicas perpassam. Perante essa realidade, a forma
de conhecer, conceituar, classificar e formalizar não poderia ser outra que não a de denúncia
das desigualdades de gênero e de busca pela equidade.
O caráter ontológico é uma visão de ser humano, de sociedade, da história, da educação
e da realidade de equidade de gênero. Revela-se que as desigualdades advindas dessas
diferenças não se justificam por meios naturais ou biológicos, mas sim por meio de uma cultura
androcêntrica, patriarcal, sexista e desigual. Ou seja, a visão ontológica é aquela que denuncia
as relações de poder nas “naturalizações” percebidas entre homens e mulheres e suas demais
intersecções e que luta por uma justa equidade de gênero.
ARTICULAÇÃO DOS RESULTADOS

Na pretensão de melhor dar visibilidade aos resultados das dissertações analisadas nessa
pesquisa, construiu-se uma tabela com o resumo dos resultados dos níveis de amplitude que
constituem uma pesquisa.
Cada dissertação foi nomeada pela letra D seguida do número correspondente a ordem
que ela se apresenta no texto e foram colocadas nas linhas da tabela. Nas colunas, estão os
níveis de amplitude, segundo Gamboa (2012), que possuem uma pesquisa.
Tabela 1 – Resultados das análises
Técnico- Metodológic Teóricos Epistemológicos Gnosiológic Ontológicos
instrumental o os
D1 Entrevistas Abordagem Estudo de Epistemologia . Há Sociedade e
semiestruturad qualitativa pós- gênero, entendimento orientação
as. crítica e o homoafetivida de família, sexual.
método de, família, educação, e
utilizado parentalidade. sociedade como
análise do processos em
discurso. construção.
D2 Pesquisa Categorização Estudos da Epistemologia Estereotipação Equidade de
empírica com – elaboração de memória, de feminista e gênero
abordagem textos – oficina gênero, estigmatização
qualitativa de intervenção identitários e do ser mulher
Produção – análise de de corpo
pelos sujeitos conteúdo relacionados à
de textos educação e
biográficos e aos estudos
autobiográfico culturais.
s
Oficina de
intervenção
com uso de
imagens e
fotos
Análise de
conteúdo
D3 Pesquisa Elaboração do Estudos de Epistemologia Desigualdades Equidade de
empírica com questionário - gênero feminista de gênero gênero
abordagem categorização
quanti/qualitat –
iva Intercruzamen
Questionário to dos dados e
com questões inferências –
abertas e análise de
fechadas conteúdo
Análise de
conteúdo
D4 Pesquisa Construção do Estudos Epistemologia Desigualdade Equidade de
empírica com roteiro de feministas e feminista de gênero gênero
abordagem entrevista – de gênero e
qualitativa busca e estudos
Entrevistas entrevista dos culturais das
estruturadas sujeitos – ciências
presencial e categorização
online – análise de
Análise de discurso
discurso
Fonte: Dados das Dissertações analisadas (2018)

Segundo a presente tabela, é possível fazer uma análise comparativa dos resultados
obtidos. Primeiramente, percebe-se que todas as pesquisas são empíricas, duas com abordagem
qualitativa e uma quanti/qualitativa. A predominância da abordagem qualitativa é própria das
ciências humanas tendo uma delas abordagem qualitativa pós-crítica.
A técnica de coleta de dados é diversa, característica própria dos Estudos Culturais que
questionam a rigidez metodológica tradicional e opera com inovações, não somente quanto seus
objetos, mas também na sua própria forma de fazer ciências. Percebe-se o uso de entrevistas,
questionários, textos (auto) biográficos, oficina de intervenção, e outros.
A técnica de análise variou entre análise do conteúdo e a análise do discurso. Esses tipos
de análises coadunam bem com quem se pretende estudar fenômenos próprios da esfera social
e, especificamente, da educação. Elas permitem dar maior ênfase aos sujeitos participantes da
pesquisa, centralizando suas falas como produtoras de conhecimento científico. Essa
característica é fundamental ao/à pesquisador/a dos Estudos Culturais.
Metodologicamente, os passos foram semelhantes. Primeiro se constrói o próprio
instrumento de coleta de dados, seja questionário ou roteiro de entrevista ou mesmo o tema
objeto da produção textual. Depois, faz-se uso da categorização baseada nos resultados da
coleta. A última etapa parte para a análise. D2 se diferencia, apresentando, por fim, oficina de
intervenção.
Todas as pesquisas versam, preponderantemente, sobre a temática de gênero e, portanto,
fazem o uso teórico dos Estudos de Gênero. Uma faz uma análise mais a respeito da
sexualidade, mas o gênero atravessa sua abordagem. Acrescentam algumas Teorias Feministas,
identitárias, de Corpo e Memória. Por esta razão temática, incluem-se dentro da epistemologia
feminista, da visão gnosiológica de uma realidade marcada por desigualdades e apresentam a
perspectiva ontológica de uma relação entre objeto e sociedade pautada na igualdade/equidade
de gênero.
O tema de gênero e sexualidade fazem com que essas pesquisas rompam com a forma
tradicional cartesiana de compreensão do conhecimento e do modo de fazer ciência. Sendo
assim, apresentam similitudes que exigem do/a pesquisador/a posturas posicionadas e
comprometidas com a mudança da realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As dissertações estudadas nessa produção indicam que a linha de pesquisa dos Estudos
Culturais da Educação está empenhada com perspectivas epistemológicas, gnosiológicas e
ontológicas comprometidas com as diferenças, no caso mais específico, com o marcador
gênero. Este fenômeno exige um modo de pesquisar posicionado e que busca o enfrentamento
da realidade desigual.
Quanto às técnicas-instrumentais, estas variam. Isso é próprio dos Estudos Culturais,
haja vista que a escolha da técnica depende do seu campo que é extremamente rico e diverso.
Variedade não significa descomprometimento com um rigor metodológico que caracterize
esses estudos como científicos.
Conclui-se que a linha vem produzindo dissertações que estão harmônicas com sua
teoria e que exigem um modo de pesquisar filosoficamente comprometido com seus sujeitos e
objetos.

REFERÊNCIAS

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Dissertação (Mestrado). UFPB/CE: João Pessoa, 2017.

LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Fundamentos de metodologia científica. 5.


Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-


estruturalista. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 18
ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
OLIVEIRA, Anna Luzia. Discursos docentes sobre crianças cujos pais/mães vivem em
condição de conjugalidade homoafetiva. Dissertação (Mestrado). UFPB/CE: João Pessoa,
2016.

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In: GAMBOA, Silvio Sanchez. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. 2. ed.
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<https://www.significados.com.br/pesquisa/>. Acesso em: 14 mai. 2018.

SILVA, Isis Aluska dos Santos. Aprendendo a ser mulher? Construção de identidade de
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PEREIRA, José Rodolfo N. Novas configurações para a construção do conhecimento na


contemporaneidade: riscos e possibilidades. 2018. In: Anais Eletrônicos do Congresso
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PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. Tradução: Angela M.S. Côrrea. São Paulo:
Contexto, 2007.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba
Linha de pesquisa Educação Geográfica
A APLICAÇÃO DA ABORDAGEM EPISTEMOLÓGICA COMO INSTRUMENTO
DE ANÁLISE NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA

Anderson Santos de Santana

INTRODUÇÃO

A realidade pedagógica hoje não é a mesma de séculos atrás, a globalização modificou


a sociedade e a forma como as pessoas vivem, transformando a realidade econômica, cultural
e política. Na educação surgiram novos paradigmas e novos tipos de aprendizagens, como as
novas tecnologias, transformando aceleradamente o sistema educacional. Vimos nas últimas
décadas um maior interesse das ciências nos assuntos da educação, na Geografia isso está
presente em sua história, principalmente no campo acadêmico.
A importância dada aos assuntos educacionais foi tardia nas ciências geográficas, o
primeiro programa de Pós-Graduação em Geografia no Brasil só foi criado em 1971 na
Universidade de São Paulo – USP, depois foram se instituindo outros programas como na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1972, na Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) em 1976 e na Universidade Estadual de São Paulo em 1977. É nos anos
70 que começam a se fazer pesquisa científica na Geografia, é dessa época que surgem os
primeiros mestres e doutores em Geografia no país. De lá para cá muita coisa mudou, de acordo
com Bauzys e Ribeiro (2014), houve uma grande expansão na criação e institucionalização de
programas de pós-graduação em Geografia no Brasil, atualmente existem 57 cursos de mestrado
e 29 de doutorado, o que mostra a preocupação e o desejo de se fazer pesquisa na Geografia.
Porém, o que se pretende destacar é que em seu processo de construção inicial e
histórico, dentro dos cursos de Pós-Graduação em Geografia no país não foi dado uma maior
relevância em um primeiro momento em se fazer pesquisas nas áreas de ensino de Geografia,
a preocupação nessa fase era outra, “com relação especificamente ao contexto da pesquisa sobre
ensino realizada em Programas de Pós-Graduação em Geografia no Brasil, observa-se que ela
acompanha o movimento geral da área, de pouca demonstração quantitativa nos anos de 1970
e de 1980” (CAVALCANTI, 2016, p.407). As primeiras linhas de pesquisa e suas áreas de
concentração eram voltadas ao urbano, a natureza, a cartografia, a geomorfologia, as questões
agrárias e aos recursos naturais sendo carros-chefes nas pesquisas geográficas. Essa presença
marcante dessas categorias de conhecimento predominou até a década de 1990, foi nesse
período que surgiu um olhar mais geográfico ao ensino da Geografia nos programas de pós-
graduação.
Autores da área, como Vesentini (1987), Pereira (1995), Santos (1995), Callai (1998) e
Cavalcanti (1998), foram os que se preocuparam em investigar a Geografia escolar, abrindo
debates e discussões sobre o ensino de Geografia, esses geógrafos merecem grande destaque,
pois suas pesquisas deram maior significação e importância aos temas ligados a Educação
Geográfica, onde ela deixa de ser vista pela mera definição dos conteúdos escolares, ganhando
destaque nas reflexões pedagógicas dentro das Universidades. A própria forma de pensar a
teoria e a prática também avançou, provocando grandes mudanças no campo da Ciência
Geográfica no Brasil como destaca Zanatta:

Desde então, os geógrafos que assumiram a posição antipositivista passaram, com


base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Geografia Crítica, a questionar os
fundamentos epistemológicos da Geografia Positivista e a propor novos caminhos
para a ciência geográfica e a prática do seu ensino. Dentre eles, podem-se destacar os
nomes de Antônio Carlos R. Moraes, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Armando
Correia da Silva, Carlos Walter P. Gonçalvez, José W. Vesentini, Milton Santos, Ruy
Moreira, Wanderley M. Costa, que contribuíram para repensar a ciência geográfica
(ZANATTA, 2010, p.288).

Com essa nova tendência do pensamento geográfico no final dos anos 80 e início dos
anos 90 se pôde refletir as relações do ensino com os conceitos geográficos, iniciava uma
consolidação das pesquisas em educação na pós-graduação, ganhando espaço nas universidades
em se preocupar na realidade do ensino, da escola básica e na formação de professores em uma
perspectiva geográfica, “essa área ganhou espaço acadêmico, profundidade teórica, amplitude
temática”. A pesquisa passou a focar temas diversificados e a sugerir abordagens”
(CAVALCANTI,2016, p. 405). Abordagens essas que foram diversas a realidade do ensino no
Brasil.
É só nos anos 1990 e 2000 que as pesquisas sobre o ensino de Geografia nos programas
de pós-graduação ganham maior expansão, isso se deve a realidade na época, mudanças
estavam ocorrendo na Educação Brasileira, em 1995 é criado o Conselho Nacional de Educação
(CNE) tendo um papel consultivo e deliberativo ajudando em propor ideias na educação,
visando fazer uma aproximação com a realidade educacional no país, em 1996 é aprovada a
Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1997 e 1998, respectivamente
é apresentado os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1ª a 4ª séries e de 5ª a 8ª séries
e em 1998 é aprovada as primeiras Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio que
mais tarde foi atualizada e renovada, essas mudanças educacionais a nível nacional mudaram
todo o contexto da escola e do ensino, como também nos cursos de graduação e da pós-
graduação.
O tema sobre o ensino na área geográfica aumentou em nível de debates, discussões e
pesquisas “devido à responsabilidade social da Universidade pela formação de quadros
capacitados para o ensino. Para o ensino da geografia e, no caso em pauta, para a formação de
docentes para o ensino superior e de pesquisadores de alto nível” (LENCIONI, 2013, p.17).
Pesquisas feitas por Cavalcanti (1998), Pontuschka (1999), Zanatta (2003) e Pinheiro
(2005) apontam que houve uma distribuição mais equitativa na ampliação dos programas de
Pós- Graduação em Geografia no Brasil como também um avanço na institucionalização de
linhas de pesquisas voltadas ao ensino de Geografia, em recentes estudos Cavalcanti (2017)
identificou 62 programas no ano de 2015, tendo 17 linhas específicas ligadas ao Ensino de
Geografia. Outro fator relevante nessa nova realidade nos programas de pós-graduação são as
diversidades temáticas apresentadas nas linhas de pesquisas sobre Educação Geográfica,
Pinheiro (2005, p.53) constatou 10 categorias temáticas das pesquisas acadêmicas sobre o
ensino de Geografia, que são : Prática Docente Educativa, Educação Ambiental, Formação de
Professores, Representações Espaciais, Características dos Alunos, Livro Didático, Currículos
e Programas, Formação de Conceitos, História da Geografia e Conteúdo - Método.
Reafirmando essa multiplicidade no campo acadêmico, levantamentos feitos por Callai,
Castellar e Cavalcanti (2012) comprovam que nos dias atuais existe um grande interesse nos
programas de Pós-Graduação em Geografia no Brasil, elas identificaram diversas categorias
que são estudadas nesses programas, que são: Ensino em contextos diferenciados; Formação de
conceitos; História da Geografia Escolar; Metodologias; Diferentes Linguagens; Formação,
saberes e práticas docentes; Currículos e políticas públicas e Livros didáticos. Toda essa
pluralidade só comprova a importância em se pesquisar, consolidar e melhorar a teoria e a
prática no ensino da Geografia, como afirma Lana de Souza Cavalcanti:

Com essas novas orientações, reafirmou-se o papel relevante da Geografia na


formação das pessoas, mas reconhecendo que mudanças relacionadas ao cotidiano
espacial de uma sociedade globalizada, urbana, informacional, tecnológica, requerem
uma compreensão do espaço que inclua a subjetividade, o cotidiano, a
multiescalaridade, a comunicação, as diferentes linguagens do mundo atual
(CAVALCANTI, 2017, p. 405).

Diante dessa nova realidade ocorreu uma integralização entre os conceitos geográficos
(Espaço, Território, Região, Paisagem e Lugar) com o ensino de Geografia, fazendo e
produzindo pesquisas relacionadas à educação com essas categorias de analises, o fazer
pesquisa na Geografia também mudou com essas mudanças, como destaca Beatriz Aparecida
Zanatta:

Essa tendência chamou a atenção dos especialistas do ensino de Geografia para a


importância da valorização da dimensão afetiva, do significado do lugar, do
sentimento de pertencimento e das representações do espaço vivido no processo de
conhecimento do aluno. Nessa linha, o trabalho pedagógico deve estar relacionado ao
espaço vivido, a realidade do aluno deve ser a referência para a compreensão do
espaço em suas diferentes escalas, as representações, o espaço vivido e a Geografia
da percepção constituem um belo campo de pesquisa contemporânea para o ensino de
Geografia (ZANATTA, 2010, p.290).

Diante disso o campo de pesquisa dessa ciência se ampliou no país, a Geografia melhora
e qualifica na sua concepção didático-pedagógica ao fazer uma relação entre o global e o local,
integrando a realidade natural e social com a educação. Ampliando suas abordagens em se fazer
pesquisa. Um levantamento feito por Pontuschka (1999) corrobora com essas afirmações, ela
analisou o acervo de teses e dissertações do departamento de Geografia da USP e obsevou que
nessas últimas décadas se teve um maior interesse dos acadêmicos em fazer pesquisa em
educação Geográfica, pesquisas voltadas ao ensino como: educação ambiental na visão do
geógrafo, desenvolvimento de conceitos como o de paisagem, a linguagem de imagens na
construção de conceitos, o ensino de Geografia e os métodos interdisciplinares, a importância
do vídeo em sala de aula são algumas pesquisas direcionadas ao ensino de Geografia. O que
comprova que existem muitos problemas no campo do ensino de Geografia no Brasil que
necessitam de ideias e propostas para a melhoria da qualidade na educação geográfica.
Contudo é importante observar que mesmo com esses avanços, ainda vemos entraves
em melhorar esse cenário no campo da pesquisa no ensino de Geografia. Estudos feitos por
Silva e Dantas (2005) mostram que as distribuições dos programas de Pós-Graduação em
Geografia no Brasil apresentam grandes disparidades em termos regionais e estaduais. De
acordo com esses autores a regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são as que mais contemplam
programas de pós-graduação dessa ciência no Brasil, existindo lacunas nas regiões Norte e
Nordeste. Há ainda a presença marcante de áreas de concentração da Geografia Física e
Geografia Humana, “a pouca visibilidade existente em relação ao ensino, dispersa a produção
acadêmica, dificultando sua divulgação. A concentração geográfica da pesquisa ocorre ao
mesmo tempo, dispersa e diluída, tornando-a desapercebida no contexto da pesquisa geral da
Geografia” (PINHEIRO, 2005, p. 101), há ainda outro fator, quando se tem áreas de
concentração ligadas a educação, as linhas de pesquisas que as compõem não detém grande
número de vagas, ficando um maior quantitativo para áreas ligadas ao urbano, a geomorfologia
e aos estudos ambientais.
Em relação à Região Nordeste, inicialmente as pesquisas acadêmicas sobre o ensino de
Geografia eram investigadas e realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação, esse
contexto muda com o tempo, como afirma Ramalho e Madeira (2005):

Olhando para a área da educação, e especificamente para as regiões Norte e Nordeste,


os desafios são grandiosos. Ao contrário, porém, de outras épocas, hoje essas regiões
dispõem de capacidade instalada em condições de responder a essa demanda, apesar
dos históricos desequilíbrios regionais e intraregionais do país, que se reproduzem na
mentalidade e na visão da própria academia. De toda forma, percebe-se um
amadurecimento no discurso das representações regionais. Antes, o enfoque estava
muito mais nas discrepâncias regionais; hoje, volta-se de preferência para as políticas
públicas da educação (RAMALHO E MADEIRA, 2005, p. 74).

A partir das necessidades de se mapear e conhecer as problemáticas na escola básica, na


educação superior e nos assuntos gerais do ensino, as universidades públicas dessas regiões se
preocuparam em investir mais nos temas pedagógicos. Pinheiro (2017) identificou quatro
programas na região Nordeste que abordam o ensino de Geografia, três são acadêmicos e um é
profissional, que são: Universidade Federal da Paraíba com a linha de Pesquisa “Educação
Geográfica”, Universidade Federal de Pernambuco tendo como linha de pesquisa “Educação,
cultura, política e inovação na produção contemporânea do espaço”, Universidade Federal do
Piauí com a linha de pesquisa em “Ensino de Geografia”, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte com suas linhas de pesquisas “Saberes geográficos no espaço escolar e Metodologia
do Ensino de Geografia”.
No estado da Paraíba, há na Universidade Federal da Paraíba o Programa de Pós-
Graduação em Geografia (PPGG/UFPB), que apresenta como área de concentração: Território,
Trabalho e Ambiente, compondo em umas das suas três linhas a “Linha de Pesquisa em
Educação Geográfica”, além disso, o programa tem a perspectiva de formar mestres e doutores
com objetivos de: Investigar os processos de reprodução do espaço as dinâmicas
socioambientais espaciais de modo a fortalecer a ciência geográfica, Analisar as relações entre
Estado, sociedade e educação, mediante investigações sobre as políticas públicas e as práticas
sociais escolares e Analisar a relação entre o campo e a cidade, bem como as relações de
trabalho que permeiam essas duas dimensões espaciais, em suas diferentes escalas geográficas
e cartografias sociais. A existência dessa linha de Educação Geográfica em um curso de Pós-
Graduação traz muita relevância e importância para o ensino de geografia no estado da Paraíba,
pois possibilita aos profissionais da educação a se qualificarem em suas áreas com a
preocupação em solucionarem problemas ligados ao ensino de Geografia em contextos locais,
regionais e nacionais.
Tendo uma linha ligada ao ensino, o programa de Pós-Graduação em Geografia tem a
responsabilidade de analisar os diversos desafios que a educação vive atualmente, como
também refletir as múltiplas indagações na área do ensino na contemporaneidade como defende
Madeira e Ramalho (2005):

Ao refletirmos sobre os desafios contemporâneos e as demandas recebidas pela


área de educação, não podemos deixar de considerar os compromissos que lhe
são inerentes: a construção da cidadania, a emancipação humana e a conquista
da transformação da sociedade. Toda ação no campo educacional, inclusive a
pesquisa, tem o compromisso fundamental com a formação do povo e a
consolidação da cidadania, fato que se expressa no referencial das temáticas
que dão sustentação pesquisas. (MADEIRA E RAMALHO, 2005, p. 80).

É esse o caminho que a linha de pesquisa em Educação Geográfica busca, em ter a


perspectiva de produzir conhecimentos através das pesquisas e formar pesquisadores que
estejam empenhados com a melhoria da sociedade em que eles vivem, além disso, as pesquisas
“devem provocar mudanças na forma de o pesquisador conceber e agir em seu trabalho de
docente formador ou em formação nos variados campos de inserção da educação” (MADEIRA
E RAMALHO, 2005, p. 80). As atuais temáticas e categorias que a linha estuda e pesquisa
atualmente são: Formação de professores de Geografia e Práticas educativas; Metodologias
para o Ensino de Geografia; Práticas Pedagógicas; Relação Cidade e Educação e Ensino de
Geografia, isso mostra o desejo do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPB em
melhorar as disparidades regionais no contexto do ensino de Geografia, se consolidando como
referência nas pesquisas no campo da educação. Outro fator importante e que merece destaque
são os números de dissertações de mestrado defendidas na linha de Educação Geográfica, de
acordo com Pinheiro (2017) do ano de 2007 até o ano de 2017, foram defendidas 39 dissertações
dentro do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba. A
quantidade de pesquisas em tão pouco tempo revelam o interesse de muitas pessoas em fazer
pesquisas voltadas para o ensino de Geografia, contudo a qualidade das produções acadêmicas
também é um fator que merece grande importância.
Pesquisas sobre as produções acadêmicas nas pós-graduações possibilitam refletir e
debater sobre as potencialidades e fragilidades dessas pesquisas em relação a suas bases
metodológicas e epistemológicas, André (2007). Porém sabe-se que escrever e desenvolver uma
pesquisa se torna uma grande responsabilidade que o pesquisador tem em mãos, pesquisar,
analisar, investigar e escrever se transforma em um desafio na construção desse trabalho
científico. Fazer pesquisa em Educação se torna muito mais desafiador, a concretização dessa
produção deve ser realizada com seriedade, pois não é tarefa fácil obter uma pesquisa que tenha
uma relevância na comunidade científica e ainda assim com qualidade.
Para uma pesquisa ser tornar relevante é preciso articular o problema com as
metodologias, o referencial teórico e o método, Gamboa (2012) afirma que é muito comum nas
práticas das produções das pesquisas se encontrarem diversos problemas no processo de
elaboração. “Ao mesmo tempo em que a insuficiência de produção científica engendra
problemas, a geração de conhecimentos sem criticidade, fragmentada, também os cria, haja
vista que muitas vezes não propicia uma leitura precisa da realidade” (SILVA E GAMBOA,
2014, p.51), problemas esses relacionados às sistematizações, aos resultados e a nível
epistemológicos. Gamboa defende a importância de se terem estudos reflexivos sobre a
qualidade das produções das pesquisas científicas nos programas de pós-graduação, já que ele
entende que existem grandes problemas a níveis epistemológicos:

Desse modo, faz-se necessária a realização frequente de avaliações a respeito do que


tem sido desenvolvido, em termos de pesquisa científica, nas diversas áreas do
conhecimento e, mais precisamente, nos programas de pós-graduação stricto sensu,
uma vez que estes concretizam espaços privilegiados pelo sistema educacional
brasileiro para o desenvolvimento da pesquisa científica (SÁNCHEZ GAMBOA,
1998).

Ainda segundo esse autor é necessário que o pesquisador faça uma reflexão teórica,
filosófica e crítica do seu próprio conhecimento, Gamboa (2014):
Primeiro, pela contribuição que podem trazer para a superação de inúmeros problemas
que enfrentamos na realidade, especialmente na área educacional. Segundo, e no
mesmo sentido, se a pesquisa é importante para auxiliar o homem a superar os
problemas que encontra, é preciso que se analise a própria pesquisa, que se investigue
os caminhos adotados para o seu desenvolvimento, que se identifiquem os interesses
e determinantes sócio-político-econômicos que a norteiam e, ainda, que se explicitem
as suas principais tendências numa esfera específica do conhecimento. Isso para que
não apenas os problemas identificados pelo homem na realidade sejam superados, mas
também para que possam ser superados os problemas percebidos no próprio ato de
investigar (SILVA E GAMBOA, 2014, p. 51).

Para isso é necessário fazer a “Pesquisa da Pesquisa” ou como propõe o autor, fazer uma
“Análise Epistemológica” das pesquisas científicas. Segundo Gamboa o esquema
paradigmático ou “Investigações Epistemológicas se caracterizam como:

Tipos, estilos ou formas de organizar e articular procedimentos que os pesquisadores


privilegiam e desenvolvem para produzir as respostas para os problemas abordados
por suas investigações. As maneiras como são abordados os problemas de pesquisa,
ou a forma como o sujeito trata o objeto na relação cognitiva, ou a organização de
procedimentos que definem os pontos de partidas dos projetos determinam as escolhas
metodológicas e teóricas. Daí por que a utilização do termo tem sentido e é pertinente
para definir modelos ou paradigmas científicos. (GAMBOA, 2013, p.269).

Esses estudos epistemológicos se preocupam com as tendências teórico-filosóficas, as


opções paradigmáticas e os diferentes modos de interpretar a realidade. Além disso, se
preocupam nos múltiplos estilos do desenvolvimento do objeto cientifico, nas formas de como
se comunicam os sujeitos e o objetos na sociedade, e tratam o real, o abstrato e o concreto na
construção desse conhecimento como também se interessa nos critérios de cientificidade onde
se fundamentas as pesquisas, pois “os estudos epistemológicos procuram na filosofia seus
princípios e na ciência seu objeto, tendo como função não só abordar os problemas gerais das
relações entre a tradição filosófica e a tradição científica, mas ainda servem como ponto de
encontro entre elas” ( GAMBOA, 1998, p.47).
As contribuições da Análise Epistemológica de Gamboa que possibilitam avaliar as
dissertações permitem conhecer:

a) os diversos pressupostos implícitos nas pesquisas; b) os tipos de pesquisas que vêm


sendo desenvolvida numa determinada área do saber; c) suas tendências
metodológicas; d) pressupostos epistemológicos e ontológicos; e) concepções de
ciência; assim como os condicionantes socioeconômicos que determinam, à produção
científica, a aplicação dos seus resultados e processos de veiculação (SILVA E
GAMBOA, 2014, p.54).

Isso é essencial para o desenvolvimento das ciências, pois, além de desenvolver a


críticidade como umas de suas atividades fundamentais, essa análise conduz ao processo de
conhecimento para novas conceituações teóricas, revisões epistemológicas, destruição de
mitos, como também para a elaboração de novas metodologias. Dessa forma como defende
Gamboa (2014) se torna mais essencial fazer análises dando importância aos aspectos internos
(lógico-gnosiológicos, metodológicos e ontológicos), como os aspectos externos (histórico-
sociais) das pesquisas produzidas na área de Educação.
Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise preliminar das
produções acadêmicas do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPB, da linha de
Pesquisa “Educação Geográfica”. Destacando nessas reflexões a lógica estrutural das pesquisas
dessas dissertações segundo os estudos de Gamboa, objetivando assim conhecer e analisar
nessas produções a suas qualidades que mostram consistência teórica a partir das contribuições
do esquema paradigmático de Gamboa (2006). As repostas dessas análises envolverão diversos
níveis, que serão: técnico, metodológico, teórico, epistemológico, gnosiológico e ontológico.
Esse estudo se torna importante, pois reflexões desse tipo ainda são novas no campo da
Educação Geográfica, contudo poderá oferecer subsídios para a formação de pesquisadores do
ensino de Geografia e servir de instrumento para o ensino na universidade nos espaços da pós-
graduação.

METODOLOGIA

Por se tratar de uma proposta de investigação e retroalimentação de saberes, optou-se


por uma abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa foca na interpretação do mundo real
privilegiando a “análise de micro processos, através do estudo das ações sociais individuais e
grupais. Realizando um exame intensivo dos dados, tanto em amplitude quanto em
profundidade” (MARTINS, 2004, p. 292), ela aproxima tanto o sujeito com o objeto do
conhecimento, tornando um fator central de sua metodologia A análise dos dados no método
qualitativo permite trabalhar todo o material coletado, os registros das observações de sala de
aula, os questionários, as análises dos documentos e outras informações disponíveis. Esse tipo
de pesquisa permite a investigação ter um maior critério, uma confiabilidade da pesquisa,
articulação do micro e macrossocial e subjetividade na análise da pesquisa.
De acordo com Pimenta (2006) os métodos qualitativos nos aproximam da realidade do
mundo empírico, a concepção da pesquisa qualitativa segue uma regra básica para a
investigação, Bogdan e Biklen (1994) fazem algumas observações, segundo esses autores a
fonte direta de coleta de dados é o ambiente natural observado e o pesquisador é o instrumento
primordial, nada é desconsiderado pelo investigador e tudo que acontece no espaço de estudo
da pesquisa pode ser uma fonte para conhecer e entender o objeto de estudo que vai ser
analisado e também o processo da investigação, da observação é mais valorizado do que os
resultados. Por valorizar o sujeito e sua subjetividade a busca e a construção dos resultados e o
seu significado tem uma importância maior, a construção dos dados não é feita de forma rápida,
a pesquisa qualitativa determina que o pesquisador analise, fazendo um detalhamento maior
nos dados encontrados. Desta forma a classificação da presente pesquisa é um estudo descritivo,
bibliográfico- exploratório e analítico, possibilitando apresentar e analisar os dados a serem
desvendados.
Com base nessas orientações este trabalho é fruto também de uma pesquisa do tipo
“Estado da Arte” ou “Estados do Conhecimento”. Ferreira (2002) afirma que nos últimos anos
tem se produzido consideráveis pesquisas desse tipo no Brasil, a autora ainda conceitua esse
tipo de que pesquisa destacando que são:

Definidas como de caráter bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de


mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e
privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm
sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em
periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários. Também são
reconhecidas por realizarem uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da
produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias
e facetas que se caracterizam enquanto tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob
os quais o fenômeno passa a ser analisado (FERREIRA, 2002, p.258).

Nesse sentido a presente pesquisa pretende fazer um recorte das dissertações do


Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPB na Linha de Pesquisa “Educação
Geográfica”. Para isso foi utilizado como orientações para a investigação a pesquisa
bibliográfica e análise documental recorrendo às bases e aos estudos teóricos de Silvio Sánchez
Gamboa.
Diante disso o processo pelas buscas das respostas envolverá os níveis de análises
propostas por Gamboa (2006): o técnico, metodológico, teórico, epistemológico, gnosiológico
e ontológico. Onde o nível técnico-instrumental se refere aos processos de coleta, registro,
organização, sistematização e tratamento dos dados e as informações. Os Metodológicos fazem
alusão aos passos, procedimentos e maneiras de abordar e tratar o objeto investigado. Teóricos,
dizem respeito aos fenômenos educativos e sociais privilegiados núcleos conceituais básicos,
pretensões críticas a outras teorias, tipo de mudança proposta, autores citados.
Epistemológicos fazem referências aos critérios de “cientificidade”, como concepção
de ciência, concepção dos requisitos da prova ou validez, concepção de causalidade,
Gnosiológicos se refere ao entendimento que o pesquisador tem do real, o abstrato e o concreto
no processo da pesquisa científica; o que implica diversas maneiras de abstrair, conceituar,
classificar e formalizar; ou seja, diversas formas de relacionar o sujeito e o objeto da pesquisa
e que se refere aos critérios sobre a “construção do objeto” no processo de conhecimento.
E por fim, os Ontológicos que é a concepções de homem, da sociedade, de história, da
educação e da realidade, que se articulam na visão de mundo implícita em toda produção
científica. Esta visão de mundo (cosmovisão) tem uma função metodológica integradora e
totalizadora que ajuda a elucidar os outros elementos de cada modelo ou paradigma.
Dessa maneira, compõe o universo de estudo, o programa do PPGG/UFPB, e as
informações das produções de dissertações ligadas a Linha de Pesquisa “Educação Geográfica”.
Sendo assim, o presente estudo, realizou-se no primeiro semestre de 2018 um levantamento de
dissertações presentes no Repositório Eletrônico Institucional (REI) da UFPB.
Com isso foi feita uma triagem em que consistiu na localização, tabulação e análise das
produções de dissertações encontradas no Repositório Institucional, sendo coletadas as
dissertações defendidas entre 2013 e 2016. Com estes critérios, foram identificadas duas
dissertações de mestrado que fazem parte dos estudos dessa pesquisa. Posteriormente, realizou-
se a leitura atenta dos resumos desses trabalhos utilizando dos referenciais de Gamboa (2012).
Para o tratamento dos dados se empregou a análise epistemológica de Gamboa (2006)
que denomina de Esquema Paradigmático. Através desse instrumento de análise se buscou
conhecer sua estrutura básica da pesquisa, ou seja, sua estrutura paradigmática.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção apresento a descrição de cada dissertação, apresento título, instituição e ano
de publicação. Dando prosseguimento, realizo uma analise geral dessas produções seguindo a
categorização de Silvio Sánchez Gamboa, fazendo observações de duas produções acadêmicas
a partir dos seguintes critérios: a) técnico-instrumental; b) metodológico; c) teóricos; d)
epistemológicos; e) gnosiológicos; f) ontológicos (GAMBOA, 2014, p. 58).

A) TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Para o processo de coleta de dados durante a pesquisa, foram utilizados: questionários,


para possibilitar a verificação das diferenças e semelhanças entre as informações obtidas; e
trabalho de campo, para uma observação direta das atividades do grupo e de entrevistas com
informantes para captar suas explicações e interpretações que ocorrem no grupo. Para a
tabulação das respostas objetivas, foram realizados registros estatísticos organizando as
informações por meio de gráficos, quadros e tabelas. Para os dados subjetivos, todas as
respostas foram transcritas e organizadas de modo que pudéssemos interpretar o ponto de vista
dos professores e alunos envolvidos.

B) METODOLÓGICO

A pesquisa teve um estudo do tipo etnográfico e uma abordagem qualiquantitativa, uma


vez que se pretendeu analisar tanto aspectos subjetivos quanto objetivos, se utilizando dos
principais métodos: Levantamento Bibliográfico e Trabalho de Campo.

I. Levantamento Bibliográfico: Nessa etapa foi realizada uma pesquisa bibliográfica de autores
que abordam o tema relacionado às novas tecnologias e também de literaturas que discutem
sobre questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem de Geografia, e se estudou
obras de autores da Pedagogia, Psicologia e Didática. Essa fase do levantamento Bibliográfico
a pesquisadora dividiu em dois eixos o primeiro deles refere-se às novas tecnologias, o segundo
eixo teórico, buscou-se refletir sobre o ensino de Geografia.

II. Trabalho de Campo: Nessa fase foi feita a observação direta nas redes públicas de ensino,
fazendo um recorte dos espaços que a pesquisa desejou analisar, tendo o propósito de fazer uma
verificação das teorias estudadas. Para isso o Trabalho de Campo da Pesquisa foi dividido em
três fases:

• 1ª fase – Caracterização da Área de Estudo


• 2ª fase – Caracterização dos Professores de Geografia
• 3ª fase – Caracterização dos Alunos

1ª fase – Caracterização da Área de Estudo: Buscou-se mostrar a localização da área de estudo


que faz parte da pesquisa, no caso, a cidade de João Pessoa-PB. A pesquisa em pauta foi
realizada em oito escolas públicas municipais, nos seguintes bairros: Bancários, Jardim
Cidade Universitária e Mangabeira.

2ª fase – Caracterização dos Professores de Geografia: Foram analisados inicialmente os


questionários que foram aplicados aos professores. Dentre alguns elementos investigados
foram: a formação acadêmica, a instituição em que fizeram o curso de graduação, o tipo de
modalidade de ensino usada pela instituição durante o período em que cursaram a graduação,
o tempo de atuação no magistério e a quantidade de tempo que lecionam na escola envolvida
nessa pesquisa.

3ª fase – Caracterização dos Alunos: Foram analisados inicialmente os questionários que


foram aplicados aos alunos. Dentre alguns elementos investigados foram: os bairros onde
moram, a quanto tempo estudam nas escolas pesquisadas, idade dos alunos.
C) TEÓRICOS

Na análise teórica foram identificados na dissertação “A”: os fenômenos educativos e


sociais privilegiados; os núcleos conceituais básicos; as pretensões críticas e outras teorias
utilizadas; o tipo de mudança proposta e os autores citados conforme os núcleos propostos pelo
autor da dissertação.

I. Fenômenos Educativos e Sociais Privilegiados:


• Produtos de Sensoriamento Remoto.

II. Núcleos Conceituais Básicos: Foram realizadas discussões baseadas em teóricos que abordam
as temáticas:
• Sensoriamento Remoto;
• Paisagem e Espaço;
• Processo de Ensino-aprendizagem;
• Geografia Escolar.

III. Pretensões Críticas e Outras Teorias: O trabalho critica as teorias da Geografia tradicional. A
Geografia, na sua perspectiva metodológica, deve assumir uma postura de mudança, de repensar
velhas formas de ver o mundo, de buscar novos sentidos para a existência humana, de resgatar
a vida em todas as suas dimensões e de assumir como parte integrante desta sociedade e
responsável pelo seu futuro. Os métodos e as teorias da Geografia tradicional, baseados em
levantamentos empíricos, tornaram-se insuficientes para dar conta de uma nova perspectiva de
ensino. Os avanços da tecnologia e um novo modelo de produção imposto pelo capitalismo
suscitavam emergência de um novo perfil de profissional que pudesse dar conta dessa nova
realidade. A educação, então, assumiu o papel de qualificar esse profissional para que atendesse
aos padrões de qualificação exigida por esse mercado. (MARTINS, 2011, p. 65).

IV. Tipo de Mudança Proposta: O trabalho não definiu claramente sua proposta de mudança, no
entanto, o debate e diagnostico das potencialidades do uso do sensoriamento remoto na sala de
aula, pode gerar uma reflexão sobre o uso dessas tecnologias e provocar uma mudança na prática
pedagógica dos professores de Geografia.

V. Autores Citados:
D) EPISTEMOLÓGICOS (Critérios de Cientificidade)

I. Concepção de Ciência: O objeto da pesquisa, no caso da dissertação escolhida para analise, são
os produtos de sensoriamento remoto. O Sensoriamento Remoto é uma ferramenta bastante
recorrente em diversas ciências, inclusive nas Ciências Geográficas. Por se tratar de um
instrumento utilizado em diversos processos metodológicos, existe uma vasta produção
científica sobre o tema. O trabalho segue uma lógica científica, com levantamento bibliográfico,
entrevistas e aplicação de questionário in loco, analise dos dados e resultados, entre outras etapas
exigidas no rigor cientifico. Dessa forma, nota-se que o estudo é um produto cientifico. Sendo
assim, o Sensoriamento Remoto irá propiciar novos caminhos no ensino-aprendizagem dos
conceitos geográficos aos alunos e professores de Geografia do Ensino fundamental II.

II. Concepção dos Requisitos da Prova ou Validez: Para a prova/validez da pesquisa, a


pesquisadora fez a realização dos seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa
bibliográfica; levantamento de dados por meio da construção dos questionários e entrevistas;
Trabalho de campo, onde o pesquisador observou a realidade empírica dos alunos e professores;
caracterização da área de estudo, o que possibilitou um diagnóstico estrutural e funcional das
escolas; caracterização dos professores de Geografia e dos alunos.

III. Concepção de Causalidade: No trabalho a causalidade se dá na ação do uso dos produtos de


Sensoriamento remoto no processo de ensino-aprendizagem de Geografia no ensino
fundamental II.
E) GNOSIOLÓGICOS

O trabalho relaciona o sujeito e o objeto da pesquisa de forma a não tirar o foco principal
do sensoriamento remoto, que na pesquisa foi o objeto estudado. No nível gnosiológico, o autor
procurou: Analisar as potencialidades e limitações dos produtos de sensoriamento remoto para
o processo de ensino e aprendizagem de Geografia no ensino fundamental II; Conhecer as
concepções dos alunos e professores de Geografia a respeito do sensoriamento remoto e seus
produtos; Identificar como os alunos e professores veem os produtos do sensoriamento remoto
no processo de aprendizagem dos conteúdos da disciplina de Geografia; Diagnosticar o papel
que os produtos de sensoriamento remoto podem desempenhar no ensino da cartografia na
disciplina de Geografia a partir dos olhares de alunos e professores. E, por fim, buscou verificar
como os alunos e professores percebem os produtos de sensoriamento remoto no estudo dos
problemas socioambientais do bairro onde se localiza a escola. Promovendo a assim, a relação
da ação do sujeito sobre o objeto da pesquisa.

F) ONTOLÓGICOS

No trabalho, o autor tem uma concepção do homem como um agende modificador do


espaço, onde altera de forma significativa a fauna e a flora. O objeto da pesquisa servirá para
destacar as alterações do homem no espaço, possibilitando ou não, o entendimento dos
conceitos Geográficos pelos alunos. Ressalta-se no texto a concepção de mundo integradora,
onde o conhecimento é formado por meio da soma dos conhecimentos científicos, dos saberes
filosóficos, dos conhecimentos empíricos e dos saberes populares. O sensoriamento remoto
contribui para representar os usos e ocupações do solo, de uma geração à outra; indicar as
marcas e limites de cada grupo social e as dinâmicas de suas atividades socioculturais. Nesse
processo de transformação, os aspectos culturais do homem na sociedade, podem servir de base
para que seja realizada uma leitura e análise da realidade.
A) TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Nesse critério foram feitas entrevistas transcritas, notas de campo, fotografias,


produções pessoais, depoimentos e observação participante, entrevistas minuciosas,
apontamentos por escrito, registros de diálogo e conversas, uso de vídeos, fotografia, análise de
documentos e história de vida.

B) METODOLÓGICO

A pesquisa teve uma abordagem qualitativa e foram utilizados os seguintes métodos:

• Estudo de Caso;
• Entrevista semiestruturada;
• Grupo focal;
• Levantamento Bibliográfico.

I. Estudo de Caso: Esse método foi realizado em 3 fases, para tratar o objeto pesquisado:
• Fase Exploratória;
• Fase de delimitação do estudo e de coleta dos dados;
• Fase de análise sistemática dos dados e de elaboração do relatório.
II. Entrevista Semiestruturada: Nessa etapa foram utilizadas entrevistas semidiretivas e
semiabertas com os coordenadores dos cursos de Geografia e com os professores das
universidades pesquisadas ligados ao uso das geotecnologias, a fim de analisar a formação que
o curso de licenciatura em Geografia tem oferecido aos futuros professores, bem como o uso
das geotecnologias no ensino de Geografia. Para esse momento foi feito um roteiro previamente
elaborado com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às
circunstâncias momentâneas à entrevista. Com a finalidade de fazer emergir informações de
forma mais livre.

III. Grupo Focal: Foi feito um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido com os alunos
que estavam no último período dos cursos de licenciatura em Geografia da UFPB, campus I,
João Pessoa, e na UFCG, campus I, Campina Grande, com o propósito de obter informações de
caráter qualitativo em profundidade. Tendo o propósito de não ser uma entrevista de grupo e
sim objetivando a interação do grupo para gerar dados. Cada grupo foi organizado com pequeno
número de pessoas para incentivar a interação entre os membros; cada sessão durou de uma a
duas horas; a conversação concentrou-se em poucos tópicos (no máximo cinco assuntos); as
pessoas foram convidadas para participar da discussão sobre determinado assunto. O moderador
do Grupo Focal levantou assuntos identificados num roteiro de discussão usando técnicas de
investigação para buscar opiniões, experiências, ideias, observações, preferências, necessidades
e outras informações com o propósito de captar informações e não dar informações.

IV. Levantamento Bibliográfico: Nessa fase foi feita à leitura de livros, artigos e periódicos, se
fazendo o uso e acesso do site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) a Revista Brasileira de Educação em Geografia para pesquisar bibliografias
que ajudariam no embasamento teórico-metodológico da pesquisa. Esse momento também se
buscou ler especialistas que trabalhavam as temáticas: formação inicial e continuada de
professores de Geografia; docência no Ensino Superior; Diretrizes Curriculares Nacionais para
a formação de professores; currículo; ensino de Geografia; Geotecnologias; e o uso de
geotecnologias no ensino-aprendizagem de Geografia.

C) TEÓRICOS

Na análise teórica foram identificados na dissertação “B”: os fenômenos educativos e


sociais privilegiados; os núcleos conceituais básicos; as pretensões críticas e outras teorias
utilizadas; o tipo de mudança proposta e os autores citados conforme os núcleos propostos pelo
autor da dissertação.

I. Fenômenos Educativos e Sociais Privilegiados:


• Geotecnologias.

II. Núcleos Conceituais Básicos: Foram Realizadas discussões baseadas em teóricos que abordam
as temáticas:
• Formação inicial e continuada de professores de Geografia;
• Docência no Ensino Superior;
• Currículo;
• Ensino de Geografia;
• Geotecnologias e o seu uso no ensino-aprendizagem de Geografia.

III. Pretensões Críticas a Outras Teorias: Critica a teoria/princípio da autonomia dos alunos de
Geografia no processo de aprendizagem:
“Segundo Khaoule & Souza (2013), apesar de ser recorrente a ideia de que os alunos
das universidades são capazes, sozinhos, de estabelecerem essa relação, vários estudos
baseados na teoria histórico-cultural de Vigotsky, como o de Couto (2005), o de
Cavalcanti (2005), o de Souza (2009), dentre outros, apontam que, no processo de
formação do professor de Geografia, é primordial a mediação do professor formador
na construção do conhecimento desse profissional. Para esses autores, essa mediação
é decorrente da interferência nos processos intelectuais, afetivos e sociais dos alunos.
Com isso o professor de Geografia precisa ter uma sólida formação teórico-conceitual
na disciplina para, então, cumprir esse papel. De mesma forma pode-se inferir que a
intervenção do professor na aprendizagem deve estar presente também no Ensino
Superior” (SILVA, p. 86).

IV. Tipo de Mudança Proposta:


• Mudança nos currículos dos cursos de Geografia;
• Melhoria na qualidade do ensino das geotecnologias no ensino superior;
• Reflexão e mudança das práticas pedagógicas dos docentes dos cursos de Geografia.

V. Autores Citados:

D) EPISTEMOLÓGICOS (Critérios de Cientificidade):

I. Concepção de Ciência: O objeto da pesquisa, no caso da dissertação escolhida para analise, é a


Geotecnologias. A Geotecnologia é um instrumento bastante estudado nas ciências Geográficas
e outras ciências, como: a Cartografia, a Geologia, a Biologia e etc. O trabalho segue uma lógica
científica, com levantamento bibliográfico, entrevistas e aplicação de questionário in loco,
analise dos dados e resultados, entre outras etapas exigidas no rigor cientifico. Assim, fica claro
que o estudo é um produto cientifico. Sendo assim, a Geotecnologia irá propiciar novas
possibilidades nas práticas pedagógicas dos professores para o ensino de Geografia.

II. Concepção dos Requisitos da Prova ou Validez: Para a prova/validez da pesquisa, a


pesquisadora fez a realização de levantamento bibliográfico, identificação dos PPC dos cursos
de licenciatura em Geografia, utilização do grupo focal e questionários com os discentes das
IES pesquisadas e entrevistas com coordenadores e docentes das IES pesquisadas. Através da
reflexão e avaliação da metodologia utilizada no trabalho a pesquisadora fez a contextualização
e análise dos PPC dos cursos de geografia das universidades pesquisadas e observou o olhar do
aluno no contexto de sua formação.

III. Concepção de Causalidade: No trabalho a causalidade se dá na ação do uso das Geotecnologias


no ensino-aprendizagem de Geografia sobre a formação dos licenciandos em Geografia.

E) GNOSIOLÓGICOS

O trabalho relaciona o sujeito e o objeto da pesquisa, buscando investigar, se durante


sua formação acadêmica, os sujeitos da pesquisa tiveram: Acesso em algum componente
curricular, acesso a algum tipo de geotecnologia (dados referentes ao sensoriamento remoto, ao
Sistema de Posicionamento Global (GPS), softwares de SIG (Sistema de Informação
Geográfica), cartografia digital, dentre outros). E se os futuros professores entrevistados se
sentem habilitados em utilizar esses recursos em suas práticas pedagógicas. Promovendo a
assim, a relação da ação do sujeito sobre o objeto da pesquisa.

F) ONTOLÓGICOS

No trabalho, a pesquisadora tem uma concepção do homem como sujeito ativo


transformador da realidade. Porque através do uso dessas Geotecnologias na formação inicial,
ele vai inserir em suas práticas pedagógicas novas possibilidades para o ensino da Geografia.
A pesquisa tem uma visão de mundo integradora, porque ela é constituída por conhecimentos
que foram adquiridos a partir de experiências, de saberes e informações, obtidos dos sujeitos
pesquisados, da história. Da ciência e da educação. Compartilhados entre diversos grupos
sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo mostra a importância de haver mais pesquisas sobre análises


epistemológicas das dissertações acadêmicas, nos dias atuais tornam-se cada vez mais
importantes investigações de aspectos internos lógico-gnosiológicos e metodológicos, quanto
externos: histórico-sociais, sobre as pesquisas produzidas na Educação. Como afirma Silva
(2011) há “a inexistência de estudos que se propusessem a analisar as tendências e implicações
epistemológicas das pesquisas desenvolvidas no âmbito dos programas de pós-graduação
stricto-sensu e relacioná-las com contextos mais abrangentes” (SILVA, 2011, p.231).
Como foi verificado através desse trabalho, existem poucos estudos que analisam a
própria concepção das pesquisas nas áreas de “Educação Geográfica” que visem uma reflexão
epistemológica sobre essas produções, se faz necessário debater e até mesmo questionar os
pressupostos teóricos e epistemológicos que orientam esses trabalhos acadêmicos ligados ao
ensino de Geografia no Brasil. Silva (2011) Gamboa (2006) defende que as pesquisas precisam
constantemente serem avaliadas, o que exige ter uma reflexão crítica, teórica e filosófica do
próprio conhecimento do pesquisador e do ato de pesquisar.
Esses autores afirmam que existem em muitas pesquisas dos Programas de Pós-
Graduação uma diversidade de dados que podem ser analisados a fim de se conhecer os
múltiplos elementos que há nesses estudos, além de identificar as principais características
epistemológicas e metodológicas que orientam essas produções nesses programas. O próprio
pesquisador também tem que ter uma visão crítica do que se está produzindo na sua pesquisa,
um dos grandes problemas gira em torno da qualidade de fazer ciência e na própria produção
científica.
Sendo assim é necessário que esses pesquisadores tenham uma formação de qualidade
em fazer pesquisa, é importante que os Programas de Pós-Graduação formem seus
pesquisadores com bases filosóficas, epistemológicas e metodológicas com o foco em se fazer
investigação científica eficiente. E uma boa investigação se constrói pelo comprometimento
que vai embasar a produção e a investigação do trabalho científico. Os processos formativos
desses futuros pesquisadores devem possibilitar a construção de práticas de análises, a
exercícios de criticidades, permitindo que esses pesquisadores sejam avaliadores e
autoavaliadores de suas próprias produções científicas. Dessa forma a análise Gamboa (2006)
com os seus procedimentos tem muito a contribuir para a construção e formulação das
produções cientificas acadêmicas melhorando nos processos da formação epistemológica e
metodológica dos trabalhos científicos.
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OS(AS) AUTORES(AS)

Adriege Matias Rodrigues. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba,


Mestranda em Educação pela Universidade Federal da Paraíba na linha de Pesquisa Políticas
Educacionais (PPGE-UFPB). Pesquisadora em Currículo e Práticas Educativas (GEPPC da
UFPB). E-mail: adriege_matias@hotmail.com

Alanna Maria Santos Borges. Mestranda em História da Educação pelo Programa de Pós-
Graduação em Educação na Universidade Federal da Paraíba - PPGE/CE/UFPB. Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB, com área de aprofundamento em
Educação Especial. Integrante do Grupo Pesquisa História da Educação no Nordeste
Oitocentista - GHENO, vinculado ao Diretório dos Grupos de Pesquisa Nacional do CNPq e o
do Grupo de Estudos e Pesquisas História da Educação da Paraíba- HISTEDBR/PB. Possui
estudos sobre Educação, Gênero, História das Mulheres, Infância Escolar e Higienismo no
Estado da Paraíba. E-mail: alannam.borges@gmail.com

Alexandre Nascimento da Silva. Graduado em Economia pela UFPB e Administração pela


UEPB, Pós-Graduado em Recursos Humanos pela FATEC, com MBA em Data WareHouse
Business Inteligence. Mestrando em Administração pela FG - Laureate e em Educação pela
UFPB. E-mail: bbalexandre1@gmail.com

Aline Rodrigues de Almeida. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em


Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Linha de Pesquisa em
Educação Popular. Graduada em Pedagogia com área de aprofundamento em Educação de
Jovens e Adultos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadora do Observatório
de Educação Popular (UFPB) e do Grupo de Pesquisa Pedagogia Social Crítica e Direitos
Humanos (GPESCDH/UFPB). E-mail: aline.ralmeidas2@gmail.com

Ana Cláudia da Silva Rodrigues. Doutora em Educação, docente vinculada ao Departamento


de Educação, campus III – CCHSA – UFPB, Bananeiras-Pb. Professor Permanente do
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB (Campus I). Líder do grupo de Pesquisa
Currículo e Práticas Educativas. Orientadora de Iniciação Científica.

Anderson Santos de Santana. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da


Universidade Federal da Paraíba (PPGG/UFPB). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Ciência,
Educação e Sociedade. Colaborador do Grupo de Pesquisa Sobre Formação Docente. Graduado
em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco. Fui voluntário no GIERSE- Grupo
Interdisciplinar de Estudos em Representações Sociais e Educação, no Centro de Educação-
CE/UFPE. Participei como colaborador do Laboratório de Ensino de Geografia e
Profissionalização Docente (LEGEP-UFPE). E-mail: santosantana89@hotmail.com

Beatriz Xavier Macedo da Luz Bisneta. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-
Graduação em Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Linha de
Pesquisa em Educação Popular. Graduação em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa,
pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: bia.xxavier@gmail.com
Bruna Kedman Nascimento de Souza Leão. Graduada em Pedagogia pela Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Psicopedagogia Institucional pelo Centro Integrado
de Tecnologia e Pesquisa (CINTEP). Atualmente é mestranda em Educação na UFPB e Bolsista
CAPES/FAPESQ - BRASIL. E-mail: brunakedmanl@gmail.com

Déborah Kallyne Santos da Silva. Graduada em Psicopedagogia pela Universidade Federal


da Paraíba, especialista em Neuropsicopedagogia e Educação Especial e Mestranda em
Educação pela Universidade Federal da Paraíba na linha de Pesquisa Políticas Educacionais
(PPGE-UFPB), Pesquisadora em Educação, Políticas Públicas e o Mundo do Trabalho, da
Universidade Federal da Paraíba, Psicopedagoga do Município de Lagoa de Dentro - PB.
E-mail: kall.ld@hotmail.com

Eduardo Jorge Lopes da Silva. Doutor em Educação pela Universidade Federal de


Pernambuco. Mestre e Pedagogo pela Universidade Federal da Paraíba. Professor lotado no
Departamento de Fundamentação da Educação/Centro de Educação/UFPB. Professor
permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/CE/UFPB). Membro do
Comitê Científico ASESOR da Aliança Iberoamericana de Enfermidades Raras (ALIBER),
Tortana/Murcia/Espanha. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas Educação de Jovens e Adultos
e Diversidade (GEPEJAD/CNPq/UFPB)

Flávia Mayara Félix Dantas. Licenciada em Letras Língua Portuguesa e Literatura pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista em Literatura e Ensino
pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN); Graduanda em Pedagogia-Licenciatura
pela UFRN; Especializanda em Ensino de Língua Portuguesa e Matemática numa perspectiva
transdisciplinar pelo IFRN. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: finha_flavinha@hotmail.com

Francisca Natália da Silva Ramos. Bacharel em psicologia pelo Centro Universitário Doutor
Leão Sampaio, como bolsista do Programa Universidade para Todos (PROUNI). Pós-graduada
em Docência do ensino superior pela Faculdades Integradas de Patos. Militante do movimento
social Levante Popular da Juventude, com a função de coordenação da frente de mulheres do
movimento e célula territorial. Experiência profissional na área da educação e clínica.

Géssica Mayara de Oliveira Souza. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da


Paraíba, Mestranda em Educação pela Universidade Federal da Paraíba na linha de Pesquisa
Políticas Educacionais (PPGE-UFPB). Pesquisadora em Currículo e Práticas Educativas –
Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Curriculares (GEPPC-UFPB).
E- mail: gessicamayara04@gmail.com

Iranir Pontes Silva. Licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB). E-mail: iranir-bsr@live.com

Jailson Batista dos Santos. Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em


Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Linha de Pesquisa em
Educação Popular. Graduação em Pedagogia com área de aprofundamento em Educação do
Campo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Extensionista em Língua Brasileira de
Sinais (LIBRAS) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Integrante/Militante do
Movimento LGBT da Paraíba/Movimento do Espírito Lilás (MEL). Pesquisador do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação Superior e Sociedade (GEPESS/UFPB). E-mail:
jaylsonbatysta@gmail.com

João Djane Assunção da Silva. Bacharel em Comunicação Social com linha de formação em
Educomunicação pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
joaodjane@gmail.com

José Rodolfo do Nascimento Pereira. Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal da


Paraíba (UFPB), mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) inserido na
Linha de Pesquisa dos Estudos Culturais da Educação, membro do Grupo de Estudos de Gênero
e Sexualidade(s) o GESSEX sob a coordenação da profª draª Jeane Félix da Silva e professor
da educação básica; busco pesquisar no mestrado como o currículo como dispositivo pode
(re)produzir, (re) articular as aprendizagens sobre corpo, gênero e sexualidade(s) na educação.
E-mail: rodolfonp2016@gmail.com

Josilene Rodrigues da Silva. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba-


UFPB (2014) e especialista em Gênero e Diversidade na Escola -GDE (2015) também UFPB.
Possui experiência com formação de professores. Atualmente é aluna do Programa de Mestrado
em Educação pela Universidade Federal da Paraíba e atua como monitora de oficinas
pedagógicas no Ponto de Cultura da Paraíba no município de Bananeiras-PB. E-mail: josi-
rodrigues69@hotmail.com

Juliana Maia Tavares. Juliana Maia Tavares. Graduada em Pedagogia pela Universidade
Federal da Paraíba, Graduada em Processos Gerencias pela Faculdade Estácio da Paraíba, Pós-
graduada em Educação Global pela FESPE, Pós-graduanda em Docência do Ensino Superior
pela Faculdade Estácio da Paraíba e mestranda em Educação pela Universidade Federal da
Paraíba, Coordenadora da Faculdade Estácio da Paraíba, Professora da Escola Constructor Sui
Sistema de Ensino, Pesquisadora em Avaliação da Educação Superior – (GAES – UFPB).
E-mail: jmaiatavares@gmail.com

Lívia Maria Montenegro Lins. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Atualmente, mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
da UFPB. E-mail: liviamontenegro@gmail.com

Marcilane da Silva Santos. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em


Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Linha de Pesquisa em
Educação Popular. Graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Extensão Popular (EXTELAR/UFPB). E-mail:
marcilane.santos@gmail.com

Marcondes dos Santos Lima. Mestrando em Educação, em específico, na linha de pesquisa


História da Educação pela Universidade Federal da Paraíba. Licenciado em Pedagogia pelo
Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (2018). Integrante do Grupo de Estudo
e Pesquisa História da Educação, Cultura e Literatura (GEPHECL) do Centro de Educação -
UFAL. Integra também os grupos de pesquisa: História da Educação no Nordeste Oitocentista
(GHENO) e História da Educação da Paraíba (HISTEDBR/ PB. Possui estudo sobre Educação,
Instituições Escolares, Sujeitos Escolares e Cultura Escolar; e Fundamentos Historiográficos
no Ensino de História nos anos iniciais. E-mail: mcds1@outlook.com

Maria Liliane Santos da Silva. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal da


Paraíba (UFPB); Especialista em Ciências da Linguagem com ênfase no Ensino de Língua
Portuguesa (CLELP) pela UFPB virtual; Especialista em Educação para as Relações Étnico-
Raciais na Educação Infantil pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
lilisantosufpb@gmail.com

Maria Selma Santos de Santana. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação


em Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Linha de Pesquisa em
Educação Popular. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação em
Supervisão e Orientação escolar, pela UFPB. Especialista em Educação Profissional Integrada
a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) pela UFPB. Professora da Educação
Básica da Rede Municipal de Ensino de João Pessoa e da Rede Municipal de Ensino de
Sapé/Paraíba. Integrante do Grupo de Pesquisa Educação de Jovens e Adultos e Educação
Popular: a Pesquisa a Serviço da Prática Educativa (UFPB). E-mail:
professora.selminha@gmail.com

Maria Thaís de Oliveira Batista. Graduada em Pedagogia (UFCG), atualmente mestranda em


educação (UFPB), especialista em Docência do Ensino Superior (IESMIG), especialista em
Educação Infantil e Anos Iniciais (IESMIG). Atualmente é professora da Faculdade São
Francisco da Paraíba e Formadora da Educação Infantil do Município de Cajazeiras/PB. E-mail:
thaisoliveirabst@gmail.com

Nívea Maria do Nascimento da Silva. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-


Graduação em Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), da Linha de
Pesquisa de Educação Popular. Graduação em Letras Português pela Faculdade Evangélica
Cristo Rei (2013) e graduação em Pedagogia - Licenciatura Plena pela Universidade Estadual
Vale do Acaraú, UVA-CE, Sobral, Brasil (2005). Pesquisadora do grupo de pesquisa Educação
Popular e Movimento Sociais do Campo, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Professora da Rede Pública de Ensino da Prefeitura Municipal de Mari - PB.

Rafaela Maria e Silva Ferreira. Graduada em Direito, graduanda em Pedagogia e mestranda


da Linha de Estudos Culturais da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação,
tendo toda sua trajetória acadêmica desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
É membro do Grupo de Estudos de Gênero e Sexualidade(s) (GESSEX) e do Grupo de Pesquisa
do CNPq Gênero, Educação, Diversidade e Inclusão (GEDI). Desenvolve pesquisa no campo
da Educação, Ensino Superior, Gênero, Diversidade(s) e Estudos Culturais da Educação. E-
mail: rafaelamariaferreira@gmail.com
Rosilda Santos do Nascimento. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal da
Paraíba (UFPB); Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). E-mail: rosildaanizio@gmail.com

Rossana Farias Queiroz Ferrer. Graduada em Ciências Biológicas, possui Especialização


em Educação Ambiental, Graduanda em Pedagogia pela UFPB e Mestranda em História da
Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE, na Universidade Federal da
Paraíba – UFPB. E-mail: rossanafs@hotmail.com

Tiago Licarião de Melo. Mestrando em História da Educação pelo Programa de Pós-


Graduação em Educação – PPGE, na Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Desenvolve
pesquisas sobre os Manuais de Filosofia do séc. XIX no Brasil Imperial e Primeira República.
Graduado no curso de Licenciatura Plena em História pela UPE - Universidade de Pernambuco,
Campus Nazaré da Mata. Possui Pós-Graduação em Metodologia do Ensino de História e
Geografia e Complementar Magistério Superior. Atualmente é Graduando no Curso de
Bacharelado em Ciências Sociais pela UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Cursa licenciatura em Filosofia pela Uninter – Centro Universitário /PR na modalidade
educação EAD. E-mail: tiagolicariao@hotmail.com

Walquiria Nascimento da Silva. Graduada em Letras-Libras pela Universidade Federal da


Paraíba (UFPB). Especialista em Língua Brasileira de Sinais pela Sociedade Educacional de
Santa Catarina (SOCIESC). Atualmente, mestranda em Educação pelo Programa de Pós-
graduação em Educação da UFPB. E-mail: wal_ns@hotmail.com

Ynakam Luis de Vasconcelos Leal. Possui graduação em Licenciatura em Geografia pela


Universidade Estadual da Paraíba (2011). Especialização em Educação Continuada.
Atualmente é professor efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba (IFPB, Coordenador de Formação Geral no Campus Avançado Cabedelo Centro
(CACC). Mestrando em Educação no PPGE-UFPB na linha de Educação Popular, membro
pesquisador do Observatório da Educação Popular (UFPB). Tem experiência na área de
Geografia, com ênfase em Educação. E-mail; ynakam.leal@ifpb.edu.br

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