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Resumo
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Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará. Professora Adjunto III da Universidade Federal do
Ceará, Faculdade de Educação, Departamento de Teoria e Prática do Ensino. Pesquisadora nas áreas de
alfabetização, educação especial, educação inclusiva.
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Doutora Honoris Causa em Psicomotricidade Relacional e Análise Corporal da Relação pela Associação
Brasileira de Medicina Psicossomática do Distrito Federal (ABMPDF). Psicomotricista Relacional e Analista
Corporal da Relação.
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PhD em Psicopedagogia pela Université de Laval – Quebec - Canadá. Pós-Doutorado em Linguagem Escrita
pela Universidade de Barcelona. Professora Titular da Universidade Federal do Ceará – Faculdade de Educação
– Departamento de Estudos Especializados. Pesquisadora nas áreas de alfabetização, educação especial,
educação inclusiva.
ISSN 2176-1396
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Introdução
de Fortaleza. A seleção das escolas baseou-se em dois critérios: altos índices de violência e
baixas taxas de alfabetização. Neste texto, para efeito de análise dos dados considerou-se a
amostra de 323 crianças.
Referencial Teórico
Nas últimas décadas, a escola tem passado por mudanças significativas no que diz
respeito à sua identidade e ao papel que deve desempenhar ante essa nova lógica social. Em
função das mudanças da instituição familiar e do crescimento das exigências do mundo
moderno, cobra-se da escola a capacidade de lidar com as múltiplas demandas de sua clientela
e se delega a ela a responsabilidade de preparar, praticamente sozinha, a criança e o jovem
para a sua inserção nessa sociedade em movimento. Trata-se de milhões de pessoas –
crianças, jovens e adultos – em milhares de escolas e salas de aula, criando modos de ser e de
entender o seu mundo e o mundo em geral de modos diversificados. Estes aspectos têm
exigido das pessoas o desenvolvimento de competências socioemocionais.
Nesse cenário, rompe-se com determinismos e grandes modelos explicativos e
buscam-se novas formas de compreensão do real, em que o diferente e o divergente se
instalam. Por mais que se tente homogeneizar as escolas e a vida escolar, a elas são levados
hábitos sociais diferenciados, múltiplas etnias, culturas específicas, representações parceladas,
situações sociais díspares, pronúncias diferentes, linguajares grupais, valores heterogêneos,
sujeitos diferentes etc. (GATTI, 1995). “Temos dificuldades de incluir todos na escola porque
a multiplicidade incontrolável e infinita de suas diferenças inviabiliza o cálculo, a definição
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letras, dentre outras. Na hipótese alfabética, a criança grafa as palavras com marcas de
oralidade, escrevendo do jeito que fala. À medida que estabelece maior interação com a
linguagem escrita, os pequenos aprendizes passam a compreender que a escrita não é uma
representação fiel da fala, defrontando-se, assim, com novos problemas ortográficos da nossa
língua.
Procedimentos metodológicos
A seleção das escolas baseou-se em dois critérios: altos índices de violência e baixo
índice de aprendizagem da leitura e da escrita.
A implantação deste projeto de pesquisa iniciou-se com as reuniões para formação e
orientação dos professores especialistas em Psicomotricidade Relacional selecionados,
abordando as diretrizes da pesquisa, para que pudessem apresentar-se e posicionar-se no
ambiente escolar com essa nova perspectiva profissional. Esse processo envolveu formação
pessoal, planejamento, orientações e formação para realizarem palestras aos pais e
professores. Nessa etapa, também participaram de uma formação realizada por pesquisadores
da Universidade Federal do Ceará (UFC), para aplicação dos pré e pós-testes a respeito da
linguagem escrita e dos comportamentos sócio-emocionais.
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M= Média e DP= Desvio Padrão.
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Nome do Teste em Inglês:Strenghts Difficulties Questionnaire – SDQ.
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No início da sessão são estabelecidas as regras do jogo em acordo com o grupo. Nesse
sentido, ressalta-se que: pode-se brincar de todas as formas que se imagina, mas é preciso
cuidar para não se machucar nem machucar o outro, tanto por fora como por dentro (ferir os
sentimentos do outro); não é permitido estragar os materiais da Psicomotricidade Relacional;
não se pode mexer nos materiais da sala que não estão no jogo; não é permitido sair da sessão
sem justificativa; deve-se cuidar do ambiente; enfim, deve-se garantir que os participantes
compreendam que, apesar de se tratar de um jogo livre, há regras no jogo e que elas devem
ser conhecidas e respeitadas por todos.
Tempo para brincar de forma livre – momento de jogos espontâneos, no qual se
investe no dinamismo e na comunicação tônica e propiciam-se situações que ampliem
possibilidades de desenvolvimento psicomotor da criança e do grupo;
Tempo para descansar – também se denomina de momento de relaxamento. É o tempo
em que o psicomotricista investe no retorno à calma para que o grupo baixe as tensões e
encontre um tônus mais afetivo e adequado ao ambiente ao qual voltará a se inserir após a
sessão;
Tempo para organização dos materiais – após o relaxamento, o grupo é conduzido
pelo profissional a organizar o ambiente. Nesse momento, é preciso investir em
comportamentos de cooperação, de ajuda mútua, a fim de que todos ajudem a guardar o
material utilizado na sessão;
Verbalização final no tapete – uma vez organizado o material, segue-se para a
organização da roda de conversa. Este, assim como o momento inicial, também constitui uma
passagem, sendo que agora o movimento é oposto: do mundo simbólico para a realidade.
Portanto, é um tempo dedicado à escuta do grupo, ao estímulo para a elaboração do que foi
vivido, ao compartilhamento de experiências positivas e/ou negativas, devendo, assim, ser
respeitado. Durante a conversa final, a criança retoma o conteúdo vivido e estabelece ligações
entre o simbólico e o real. Conforme Le Boulch (2001, p. 151), “a expressão verbal da
experiência vivida do corpo é a prolongação natural do trabalho psicomotor”, momento
especial em que se trabalha também a um nível de organização psíquica e mental;
Saída da sala – momento de separação final, no qual o profissional conduz, de forma
organizada, as crianças à sala de aula e ao professor.
Ressalta-se que o planejamento para a definição das sessões teve que sofrer ajustes e
adequações, uma vez que o espaço e o material utilizados nas sessões não eram adequados ou
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não existiam. Nesse sentido, os ajustes e a superação desses obstáculos foram possíveis
mediante o diálogo e a orientação dos pesquisadores do CIAR.
Resultados e discussão
Os dados da pesquisa foram obtidos por meio do pré e do pós-teste, bem como por
meio dos registros realizados após cada sessão de psicomotricidade relacional. Foram
considerados depoimentos de pais, professores das crianças e dos gestores das escolas.
Buscou-se verificar contribuições da intervenção psicomotora relacional para a aprendizagem
escolar e para o desenvolvimento de competências socioemocionais, bem como as influências
dessas habilidades sobre a aprendizagem, e sobre a adaptação e permanência das crianças nas
escolas, especialmente daquelas que apresentavam maiores dificuldades na interação com
seus pares, manifestando episódios de violência.
Os resultados obtidos serão apresentados por meio do tratamento estatístico e das
análises qualitativas dos dados colhidos ao longo do processo investigativo. Neste trabalho, a
discussão será apresentada em uma única categoria: Relação entre comportamentos
socioemocionais e aprendizagem da leitura e da escrita.
Avaliação da
aprendizagem 1
Grupo a 19,50 0,71 14,00 1,41 0,170
Grupo b 10,50 6,84 7,50 5,56 0,034*
Grupo c 9,33 6,43 7,75 6,13 0,015*
Avaliação da
aprendizagem 2
Grupo a 11,44 6,95 9,96 6,11 0,093
Grupo b 9,42 6,17 6,46 5,26 0,005*
Grupo c 8,29 6,17 6,86 6,04 0,353
Avaliação da
aprendizagem 3
Grupo a 11,43 6,75 9,85 6,22 0,074
Grupo b 9,43 6,04 6,43 5,30 0,003*
Grupo c 7,25 6,32 6,68 6,06 0,641
Avaliação da
aprendizagem 4
Grupo a 11,78 6,10 10,24 6,08 0,113
Grupo b 9,12 6,63 7,05 5,76 0,007*
Grupo c 7,59 5,90 5,91 5,74 0,370
Fonte: Elaborada pelos pesquisadores (2015).
Nota: *Significância assumida p < 0,05; DP = Desvio Padrão.
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Um Teste t para amostras emparelhadas indicou que, à exceção do grupo c, no primeiro teste de aprendizagem,
as diferenças de médias só foram significativas no grupo b, em todos os testes de aprendizagem .
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O desafio das diferenças nas escolas. Petropólis, Rj:
Vozes, 2008.