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O MÉTODO DOS QUADRADOS MÍNIMOS

Profª.: Sarah Faria Monteiro Mazzini Costa


O MÉTODO DOS QUADRADOS
MÍNIMOS
Na Unidade 4 vimos como interpolar uma função através de pontos
conhecidos de seu gráfico. Entretanto, esse método não é aconselhável
quando é preciso obter um valor aproximado da função em um ponto que
está fora do intervalo determinado pelos pontos conhecido.

Para esses casos utilizaremos o Método dos quadrados mínimos.


• CASO LINEAR DISCRETO

Consideremos um conjunto de dados isolados e vamos aproximá-los por uma


função do primeiro grau, ou seja, vamos aproximá-los por uma reta.

Exemplo: Determinar a equação da reta que passa pelos pontos 𝟏, 𝟔 , (𝟐, 𝟏𝟑)
e (𝟒, 𝟒𝟓).

Ao calcular o determinante destes três pontos (ou ao tentar encontrar a


equação da reta que contém os três) percebemos que estes não são
colineares. É possível escolher apenas dois pontos para determinar uma
aproximação para a reta procurada, mas quais pontos devemos escolher? Em
outras palavras:
Qual a melhor aproximação para a reta procurada?
Dado um ponto 𝒙𝒊 , 𝒚𝒊 e seu correspondente 𝒙𝒊 , 𝒂𝒙𝒊 + 𝒃 , podemos medir o
quanto a reta 𝒚 = 𝒂𝒙 + 𝒃 se distancia do conjunto de dados { 𝒙𝟎 , 𝒚𝟎 , … , (𝒙𝒏 , 𝒚𝒏 )}
através dos elementos

𝟐
𝒅𝒒𝒊 = 𝒚𝒊 − 𝒂𝒙𝒊 + 𝒃 ,

Chamados desvios quadrados.


𝒏 𝒏 𝟐
O objetivo é encontrar 𝑸 = σ𝒊=𝟎 𝒅𝒒𝒊 = σ𝒊=𝟎 𝒚𝒊 − 𝒂𝒙𝒊 + 𝒃 o menor possível.
Utilizando ferramentas do cálculo encontramos as equações
𝒏 𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝟐𝒊 + 𝒃 ෍ 𝒙𝒊 = ෍ 𝒙𝒊 𝒚𝒊
𝒊=𝟎 𝒊=𝟎 𝒊=𝟎
𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝒊 + 𝒃 𝒏 + 𝟏 = ෍ 𝒚𝒊
𝒊=𝟎 𝒊=𝟎
Os valores de 𝒂 e 𝒃 encontrados ao resolver as equações anteriores fornecem
os coeficientes da reta que melhor aproxima os pontos{ 𝒙𝟎 , 𝒚𝟎 , … , (𝒙𝒏 , 𝒚𝒏 )}.

Exemplo: Voltando ao exemplo enunciado no terceiro slide, resolvendo o


sistema
𝒏 𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝟐𝒊 + 𝒃 ෍ 𝒙𝒊 = ෍ 𝒙𝒊 𝒚𝒊
𝒊=𝟎 𝒊=𝟎 𝒊=𝟎
𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝒊 + 𝒃 𝒏 + 𝟏 = ෍ 𝒚𝒊
𝒊=𝟎 𝒊=𝟎
𝟗𝟒
Obtemos 𝒂 = e 𝒃 = −𝟏𝟎. Portanto a reta que melhor aproxima os pontos
𝟕
𝟗𝟒
𝟏, 𝟔 , (𝟐, 𝟏𝟑) e (𝟒, 𝟒𝟓) é a reta 𝒚 = 𝒙 − 𝟏𝟎.
𝟕
• CASO QUADRÁTICO DISCRETO

Para este caso, a aproximação é dada por uma parábola. Dados os


pontos 𝒙𝟎 , 𝒚𝟎 , … , 𝒙𝒏 , 𝒚𝒏 , encontramos os coeficientes da parábola 𝒚 = 𝒂𝒙𝟐 +
𝒃𝒙 + 𝒄 resolvendo o sistema
𝒏 𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝟒𝒊 + 𝒃 ෍ 𝒙𝟑𝒊 + 𝒄 ෍ 𝒙𝟐𝒊 = 𝒙𝟐𝒊 𝒚𝒊


𝒊=𝟏 𝒊=𝟏 𝒊=𝟏
𝒏 𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝟑𝒊 + 𝒃 ෍ 𝒙𝟐𝒊 + 𝒄 ෍ 𝒙𝒊 = 𝒙𝒊 𝒚𝒊
𝒊=𝟏 𝒊=𝟏 𝒊=𝟏
𝒏 𝒏 𝒏

𝒂 ෍ 𝒙𝟐𝒊 + 𝒃 ෍ 𝒙𝒊 + 𝒄 𝒏 + 𝟏 = ෍ 𝒚𝒊
𝒊=𝟏 𝒊=𝟏 𝒊=𝟎
O método discreto pode se tornar cada vez mais geral, com
aproximação por funções polinomiais de grau arbitrário.

Essa aproximação se torna cada vez mais precisa. Entretanto a


complexidade do problema aumenta à medida em que fazemos isso.
• O CASO CONTÍNUO

Seja 𝒇 uma função contínua em um intervalo [𝒂, 𝒃]. Queremos aproximar a


função 𝒇 por um conjunto de funções também contínuas em [𝒂, 𝒃] ,
escolhidas de alguma forma.

Para o caso simplificado de duas funções 𝒈𝟏 (𝒙) e 𝒈𝟐 𝒙 , precisamos


encontrar duas constantes reais 𝜶𝟏 e 𝜶𝟐 tais que 𝝓 𝒙 = 𝜶𝟏 𝒈𝟏 𝒙 + 𝜶𝟐 𝒈𝟐 (𝒙)
esteja o mais próximo possível de 𝒇 𝒙 .
Para o método dos mínimos quadrados, fazer com que 𝝓(𝒙) esteja o mais
próximo possível de 𝒇 𝒙 significa que

𝒃
𝑸=න 𝒇 𝒙 −𝝓 𝒙 𝟐 𝒅𝒙
𝒂

deve ter o menor valor possível.

Exemplo: Encontre uma função do primeiro grau que minimiza o desvio


quadrado total em relação à função 𝒇 𝒙 = 𝒙𝟑 + 𝟔 no intervalo 𝟎, 𝟏 .

𝟏
Neste caso devemos calcular ‫𝟎׬‬ 𝒙𝟑 + 𝟔 − 𝒂𝒙 + 𝒃 𝒅𝒙 .
Temos

𝟏
𝟐𝟕𝟒 𝟑𝟐𝒂 𝟐𝟓𝒃 𝒂𝟐
𝑸=න 𝒙𝟑 + 𝟔 − 𝒂𝒙 + 𝒃 𝒅𝒙 = − − + + 𝒂𝒃 + 𝒃𝟐
𝟎 𝟕 𝟓 𝟐 𝟑

Para encontrar o valor mínimo de 𝑸, precisamos deriva-lo em relação a 𝒂 e a 𝒃 e


igualar essas derivadas a zero.

Fazendo isso encontramos a função 𝜹 𝒙 = 𝟎, 𝟗𝒙 + 𝟓, 𝟖 que minimiza o desvio


quadrado total em relação à função 𝒇 𝒙 = 𝒙𝟑 + 𝟔 no intervalo 𝟎, 𝟏 .

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