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ESTADO DO ACRE

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

RESOLUÇÃO CEE/AC 135/2013


Dispõe sobre a oferta de Educação de
Jovens e Adultos (EJA) para alunos
em privação de liberdade nos
estabelecimentos penais, no âmbito
do Estado do Acre.

A Presidente do Conselho Estadual de Educação do Acre, Profª. Iris Célia


Cabanellas Zannini, no uso das atribuições que lhe confere a Lei Complementar nº
162, de 20 de junho de 2006.

Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988, na Lei


7.210/1984, bem como, na Resolução nº 14, de 11 de novembro de 1994 do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária que fixou regras mínimas
para o tratamento do preso no Brasil;

Considerando a Lei 11.741 de 16 de julho de 2008 que altera o dispositivo


da Lei 9.394/1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional
técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional
e tecnológica;

Considerando a Resolução nº 03 de 11 de março de 2009 do Conselho


Nacional de Política Criminal e Penitenciária - CNPCP, que dispõe sobre as
Diretrizes Nacionais para a oferta de educação nos estabelecimentos penais;

Considerando o que dispõe o Parecer CEE/AC nº 88/2008 e a Resolução


CEE/AC nº 36/2009 que analisa e aprova a Política e Organização de Jovens e
Adultos do Acre e Referenciais Curriculares dos Cursos de EJA I Ensino
Fundamental 2º Segmento e Ensino Médio;

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Considerando o que dispõe a Resolução CNE/CEB Nº 02, de 19 de maio de
2010, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a oferta de Educação para jovens
e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais.

RESOLVE:

Art. 1º - Estabelecer normas gerais para a oferta da Educação Básica para


adultos privados da liberdade em estabelecimentos penais na forma desta
Resolução.

Art. 2º - A oferta da Educação Básica em contexto de privação de liberdade


deve estar calcada na legislação educacional vigente no país, na Lei de Execução
Penal, nos tratados internacionais firmados pelo Brasil no âmbito das políticas de
direitos humanos e privação de liberdade, e da Educação Profissional, devendo
atender as especificidades dos diferentes níveis e modalidades de educação e
ensino e extensivas aos presos provisórios, condenados, egressos do sistema
prisional e aqueles que cumpram medida de segurança.

Art. 3º - A oferta de educação para jovens e adultos em estabelecimentos


penais obedecerá às seguintes orientações:
I – é atribuição da Secretaria de Estado de Educação e Esporte realizar em
articulação com o órgão responsável pela administração penitenciária e outros
órgãos afins, a oferta da educação básica com qualidade nas unidades prisionais, na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional;
II – será financiada com as fontes de recursos públicos vinculados à
manutenção e desenvolvimento do ensino, entre as quais o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), destinados à modalidade de Educação de Jovens e Adultos e,
de forma complementar, com outras fontes estaduais e federais;
III – estará associada às ações complementares de cultura, esporte, inclusão
digital, educação profissional, fomento à leitura e a programas de implantação,
recuperação e manutenção de bibliotecas destinadas ao atendimento à população
privada de liberdade, inclusive as ações de valorização dos profissionais que
trabalham nesses espaços;
IV – promoverá o envolvimento da comunidade e dos familiares dos
indivíduos em situação de privação de liberdade e preverá atendimento diferenciado

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de acordo com as especificidades de cada medida e/ou regime prisional,
considerando as necessidades de inclusão e acessibilidade, bem como as
peculiaridades de gênero, raça e etnia, credo, idade e condição social da população
atendida;
V - poderá ser realizada mediante vinculação a unidades educacionais
dentro das prisionais e/ou nas salas anexas vinculadas as unidades que funcionam
fora dos estabelecimentos penais;
VI – desenvolverá políticas de elevação de escolaridade associada à
qualificação profissional, articulando-as, também, de maneira intersetorial, a políticas
e programas destinados a jovens e adultos;
VII – contemplará o atendimento em todos os turnos;
VIII – será organizada de modo a atender às peculiaridades da clientela no
que diz respeito ao tempo, espaço e rotatividade da população carcerária levando
em consideração a flexibilidade prevista no art. 23 da Lei nº 9.394/1996 (LDB), tais
como:
a) organização curricular;
b) calendário;
c) novas metodologias e novas tecnologias educacionais;
d) formas de oferta (programas educativos na modalidade de educação a
distância;
e) tempo e percurso de aprendizagem;
f) avaliação.

Art. 4º - Visando à implementação, acompanhamento e avaliação da oferta


da educação em espaço de privação de liberdade, com vistas ao planejamento e
controle social, o Sistema de Ensino deverá:
I – implantar nos estabelecimentos penais ou nas salas anexas, estratégias
de divulgação das ações educacionais para os internos, incluindo chamadas
públicas destinadas a matrículas em EJA, em Educação Profissional, bem como
inscrições no ENEM para exame de certificação e possível prosseguimento de
estudos;
II - promover em articulação com o órgão responsável pelo sistema prisional,
programas e projetos de fomento à pesquisa, de produção de documentos de
materiais didáticos e a organização de campanhas sobre o valor da educação em
espaço de privação de liberdade.

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Art. 5º - A oferta da educação profissional nos estabelecimentos penais
deverá obedecer ao que dispõe a Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo
Conselho Nacional de Educação e normas do Conselho Estadual de Educação,
inclusive com relação ao Estágio Supervisionado Obrigatório.

Art. 6º - O Sistema de Ensino deverá promover parcerias com as diferentes


esferas intersetoriais como: saúde, universidades, instituições de Educação
Profissional e demais organizações da sociedade civil, com vistas à formulação,
execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas de Educação de Jovens
e Adultos em situação de privação de liberdade, numa perspectiva complementar à
política educacional implementada.

Art. 7º - O Sistema de Ensino deve contemplar no seu planejamento a


adequação dos espaços físicos e instalações e a oficialização das escolas das
unidades prisionais ou salas anexas disponíveis para a implementação das ações de
educação, de forma a atender às exigências desta Resolução.
§ 1º - As escolas prisionais, legalmente instaladas e oficializadas, deverão
providenciar o seu credenciamento junto ao Conselho Estadual de Educação,
conforme orientações da Resolução CEE/AC nº 189/2010.
§ 2º - Onde comprovadamente não houver condições físicas para a criação
das unidades educativas, o Sistema poderá criar salas/anexos, vinculadas e sob a
responsabilidade de uma escola básica do Sistema de Ensino, devidamente
credenciada.
I – As salas anexas deverão ser autorizadas por meio de Portaria pelo
Secretário de Estado da Educação, devendo o seu representante legal elaborar o
Projeto Político Pedagógico – PPP, Regimento Escolar e Plano Curricular, e
apresentá-los ao CEE para a devida aprovação;
II – O plano de curso para a oferta de Educação de Jovens e Adultos seja
em qual for a modalidade de oferta deve obedecer as Diretrizes Curriculares
Nacionais estabelecidas para a Educação Básica, os pareceres e resoluções do
Conselho Estadual de Educação do Estado do Acre, em vigor;
III – A matrícula, a transferência e toda a documentação relativa ao
educando, ficará sob a guarda da escola responsável.

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Art. 8º - O Conselho Estadual de Educação e a Secretaria Estadual de
Educação atuarão na fiscalização destas diretrizes, articulando-se, para isso, com os
Conselhos Penitenciários Estaduais ou seu congênere.

Art. 9º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

REGISTRE-SE, PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE

Rio Branco-AC, 13 de maio de 2013.

Consª. Raimunda Coelho de Carvalho


Vice Presidente do CEE/AC

Aprovada na Reunião Ordinária do dia 10 de maio de 2013.

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