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TESE DE DOUTORADO
NATAL-RN
2017
ALESSANDRA AGNA ARAÚJO DOS SANTOS
NATAL-RN
2017
ALESSANDRA AGNA ARAÚJO DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
PROF. Dr. ARIADNE DE SOUZA SILVA (Avaliador externo á instituição)
NATAL-RN
2017
“O bom não está na saída nem na chegada, mas na travessia. Qual o
caminho certo da gente? Nem pra frente nem pra trás! Só pra cima! Para
um trabalho que se quer, sempre a ferramenta se tem!”.
Palavras chaves: Metalurgia do pó. Metal duro. Ligantes alternativos. Aço inoxidável
austenítico 316L. Ligante FeNi. Fase eta η, Carbeto de cromo.
ABSTRACT
Hard metal WC-Co is used in the machining, drilling and or manufacturing of cutting
tools. Currently, 70% of the cutting tools are WC-binder carbides. In production numbers,
approximately 40,000 MT of WC-binder tools have been produced worldwide since
2011. Today, more than 90% of all WC-binder production uses cobalt as the main binder.
The superiority of cobalt over other binders is linked to several factors, the main being
the width of the carbon window in the phase diagram. The search for alternative binders
that may at least partially replace cobalt is of extreme importance due to the scarcity and
price of cobalt and especially the WC-Co system being carcinogenic. The goal of this
doctoral thesis was to analyze the feasibility of using alternatives binders 316L stainless
steel and FeNiCr alloy, in tungsten carbide. Both system WC-316L (5, 7 and 20% of
binder contents) and WC-20%FeNi with addition of chromium (in 5, 10 and 20% in
solution) were processed by powder metallurgy route following the steps: preparation of
the mixtures, milling (1h, 24h), compaction uniaxial (200MPa) and vacuum sintering
(1400oC/1h). The all samples were characterized by optical and electron microscopy, x-
ray diffraction, magnetic saturation and coercivity, hardness and electrolytic etching. The
calculation of vertical sections of the phase diagrams for the system WC-FeNiCr was
made. The results obtained and discussed demonstrate that the binder 316L, is not a viable
alternative in hard metal because it contains high chromium content. The binder 316L
when sintered with tungsten carbide will always precipitate eta phase, which makes its
application as an alternative binder in WC impossible. For the binder FeNiCr, the results
demonstrate that the maximum content of chromium that may be contained in solution in
tungsten carbide that there is no precipitation of chromium carbide is approximately 4%.
The addition of chromium above 4% in solution leads to the precipitation of chromium
complex carbides, and further drastically reduces the carbon window of the composite.
Keywords: Powder metallurgy. Hard metal. Alternative binders. Stainless steel austenitic
316L. FeNi binder. Eta phase η. Chromium carbide.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................17
2 REVISÃO DA LITERATURA METAL DURO: FUNDAMENTOS ..................19
2.1Definição ....................................................................................................................19
4.1.2 Influência do tamanho de partícula do ligante e sua relação com a porosidade ....71
4.1.5.1 Composição química do ligante 316L por EDS após sinterização com carbeto de
tungstênio .......................................................................................................................92
4.1.5.2 Composição química da fase eta das ligas da série WC-20%316L por EDS .....92
4.1.5.3 Composição química da fase carbeto de cromo das ligas da série WC-20%316L
por EDS ..........................................................................................................................93
4.1.5.5 Resultado do ataque químico eletrolítico das ligas da série WC-20%316L .......96
4.2.9 Influência do teor de cromo e sua relação com a janela de carbono no diagrama de
fase do compósito WC-FeNiCr .....................................................................................117
4.2.9.1Cálculos das secções dos diagramas de fase das séries WC-FeNiCr calculado
pelo software Termo-calc2016a ...................................................................................119
5 CONCLUSÃO ..........................................................................................................121
REFERÊNCIAS ........................................................................................................122
LISTA DE FIGURAS
Figura 10: Esquema do ciclo de sinterização via fase líquida para o WC-Co ..............30
Figura 11: Cortes verticias dos diagramas ternários a) WC-10%Co b) WC-10%Fe. ....32
Figura 12: Diagrama de fase ternário do M-C-Fe-Co-Ni...............................................33
Figura 16: a) Secção vertical do diagrama de fase Fe-Ni-W-C, calculado para Fe:Ni=20
wt% e Fe:Ni=3:1. b) Projeção da temperatura calculada para o Fe+Ni=20 wt%............39
Figura 17: a) Secção vertical do diagrama Fe-Ni-W-C, calculado para Fe+Ni=10 wt% e
FeNi=1:1. b) Projeção da temperatura calculado para Fe+Ni=10 wt%...........................40
Figura 22: Relação entre o caminho livre médio (MFP) de carbetos cementado em
relação a a) dureza. b) tenaciade á fratura ......................................................................49
Figura 30: Carta padrão de difração para o aço inox austenítico (carta 01-071-4649) .55
Figura 36: Moinho de bolas convencional utilizado na moagem das ligas da série WC-
316L e da série WC-FeNi. ...............................................................................................64
Figura 43: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 (100x). .......................73
Figura 46: Microscopia ótica da liga após ataque químico com Nital a) WC-5%316L
S/C (200x) b) WC-7%316L C/C 0,283 c) WC-20%316L C/C 0,783. ............................76
Figura 50: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C antes do ataque químico
(200x). .............................................................................................................................79
Figura 51: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C, após ataque químico com
Nital (200x). ....................................................................................................................80
Figura 52: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C, após ataque químico com
Murakami (200x). ............................................................................................................80
Figura 54: Microscopia eletrônica da liga WC-20%316L S/C com contraste de cores
(1000x) ...........................................................................................................................82
Figura 55: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 antes do ataque químico
(50x). ...............................................................................................................................84
Figura 56: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico
com Nital (50x)................................................................................................................84
Figura 57: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico
com Murakami (50x). ......................................................................................................85
Figura 58: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico
com Murakami, evidenciando a fase eta (50x). ...............................................................85
Figura 60: Microscopia eletrônica da liga WC-20%316L C/C 0,783 (1000x). .............87
Figura 61: Microscopia ótica da liga a)WC-20%316L C/C 0,9 sem ataque químico;
b)com ataque químico por Nital; c)com ataque químico por Murakami (100x). ............89
Figura 62: Microscopia eletrônica da liga WC-20%316L C/C 0,9 (3000x) .................90
Figura 63: Microscopia eletrônica da distribuição de carbeto de cromo nas ligas WC-
20%316L; a) WC-20%316L S/C; b) WC-20%316L C/C 0,783; c) WC-20%316L C/C
0,9 respectivamente (1000x)............................................................................................94
Figura 64: Difratograma das ligas da série WC-20%316L após ataque químico
eletrolítico. a)liga WC-20%316L S/C; b) liga WC-20%316L C/C 0,783; c) liga WC-
20%316L C/C 0,9 respectivamente. ................................................................................97
Figura 70: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,3, liga sem precipitação de
fase eta (500x). ..............................................................................................................101
Figura 71: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,4, liga com precipitação de
grafita (500x) ................................................................................................................102
Figura 72: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) S/C, liga com precipitação
de fase eta (2000x). ........................................................................................................103
Figura 73: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,3, liga sem
precipitação de fase eta (2000x). ...................................................................................103
Figura 74: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,4, liga com
precipitação de grafita (2000x). .....................................................................................104
Figura 75: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) S/C, evidenciando forte
precipitação de fase eta (500x). .....................................................................................104
Figura 76: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,05, liga com ausência
de precipitação de fase eta (500x). ................................................................................105
Figura 77: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,40, liga com
precipitação de grafita (500x). .......................................................................................105
Figura 80: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,05, com ausência
de precipitação de fase eta ou carbeto de cromo. ..........................................................107
Figura 88: Cálculos dos diagramas de fase das séries WC-FeNiCr, evidenciando a
redução da janela de carbono com o aumento do teor de cromo. ..................................118
Figura 91: Diagrama de fase para a liga WC-20%(FeNi10Cr), liga sem janela de
carbono. .........................................................................................................................120
LISTA DE TABELAS
Tabela 8: Identificação das ligas das séries WC-FeNi sem e com adição de cromo ....63
Tabela 11: Composição da fase eta na liga WC-20%316L S/C, segundo o mapeamento
eletrônico por EDS. Composição estequiométrica próxima de (Fe,Ni)3(W,Mo,Cr)3C.
.........................................................................................................................................83
Tabela 13: Composição da fase ligante 316L segundo o mapeamento eletrônico por
EDS .................................................................................................................................87
Tabela 14: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico por EDS.
Composição estequiométrica próxima de (Fe,Ni)3(W,Mo,Cr)3C ................................88
Tabela 16: Composição da fase ligante 316L segundo o mapeamento eletrônico por
EDS .................................................................................................................................91
Tabela 17: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico por EDS.
Composição estequiométrica próxima de (Cr,Fe)7C3....................................................91
Tabela 18: Composição da fase de carbeto de cromo segundo o mapeamento eletrônico
por EDS. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3............................................91
Tabela 19: Composição química do aço 316L sinterizado com carbeto de tungstênio
segundo mapeamento eletrônico por EDS. .....................................................................92
Tabela 20: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico com EDS das ligas
WC-20%316L..................................................................................................................92
Tabela 21: Composição da fase de carbeto de cromo segundo o mapeamento eletrônico
com EDS, nas ligas WC-20%316L. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3. .93
Tabela 23: Resultado do ensaio de dureza para as ligas da série WC-316L. .................98
Tabela 28: Transformação de fase sofrido pelo ligante nas séries WC-FeNi. .............115
Metal duro e carbeto cementado são termos equivalentes. O termo metal duro
“hard metal’’é preferencialmente utilizado na Europa, enquanto que nos USA se utiliza
carbeto cementado ‘’cemented carbide’’. Desde sua descoberta por Schröter em 1922,
metal duro que possui a fase WC é chamado ‘’carbeto cementado’’.
De acordo com GERMAN (2005), cermete é um compósito que consiste de uma
fase dura cerâmica em uma matriz metálica.
LENGAUER (2012) fornece uma definição mais precisa: carbetos cementados
são compósitos á base de Ti(C,N) que exibem estrutura de face centrada (CFC). São
compósitos de elevada resistência ao desgaste, vida útil longa e boa qualidade da
superfície de corte. As partículas duras são ricas em nitrogênio e na vizinhança a presença
de elementos de liga tais como, molibidênio e tungstênio, favorecem a molhabilidade
otimizando assim as propriedades mecânicas.
2.2 Classificação
de bolas, moinhos de alta energia, moinhos Atrittor, cada método possui características
particulares. Moinhos de bolas são efetivos na redução de pós de partículas grosseiras (>
2 µm) e podem produzir distribuição fina e homogênea de tamanho de partículas, esse
tipo de pó produzido tem uma baixa tendência ao crescimento de grão durante a
sinterização, obtendo assim um sinterizado de microestrutura homogênea. Por outro lado,
quando se trabalha com distribuição de tamanho de partículas < 2 µm, o moinho de bolas
é pouco efetivo na redução do tamanho das partículas (Z. ZAK FANG, MARK C.
KOOPMAN., 2014).
Moinhos Atrittor são mais agressivos que os moinhos de bolas são
aproximadamente 11 vezes mais efetivos na redução do tamanho de partículas que os
moinhos de bolas. Partículas finas ( < 2 µm) podem ser moídos, entretanto, esses moinhos
têm tendência a produzir partículas muitas finas, as vezes com distribuição de tamanho
bimodal. Partículas com esse comportamento têm tendência a crescimento de grão
durante a sinterização com consequente obtenção de sinterizados de estrutura pouco
uniforme. Ambos os equipamentos, moinhos de bolas e moinhos Atrittor, são utilizados
na indústria, a depender do tipo de microestrutura desejada (Z. ZAK FANG, MARK C.
KOOPMAN., 2014).
Após a moagem os pós são secados e granulados para posterior compactação. Para
consolidação do formato final da peça vários métodos podem ser empregados, a citar:
compactação, extrusão, injeção e etc. Compactação uniaxial é o método mais econômico
e utilizado. Extrusão de carbetos cementados é utilizado na produção de correias. O
método por injeção é utilizado para fabricar peças pequenas de complexa geometria que
não podem ser processadas por outro método (Z. ZAK FANG, MARK C. KOOPMAN.,
2014).
Os carbetos cementados são geralmente sinterizados em fase líquida em condições
de vácuo. A sinterização é a etapa crítica na obtenção das propriedades ótimas. Uma
inovação na etapa de sinterização na indústria de carbetos cementados nas últimas duas
décadas foi o SINTER-HIP. SINTER-HIP é um método de substituição da sinterização á
vácuo convencional. Esse método possui duas etapas: a primeira sinteriza a estrutura em
vácuo, da maneira tradicional, e a segunda é uma sinterização sob pressão isostática que
varia entre 3 e 10 Mpa. Outra vantagem desse método em relação a sinterização
convencional é a eliminação da porosidade residual.
Quando se tem deficiência de carbono, será formada fase eta η. Fase eta, η, é uma
fase de carbetos podendo ser do tipo W-Co-C. Fórmulas estequiométricas típicas de fase
eta são: Co3.2W2.8C, Co2W4C. A fase eta é uma fase dura e frágil sendo responsavél pelo
detrimento das propriedades mecânicas do compósito. A formação dessa fase deve
portanto ser evitada. Por outro lado, quando se tem excesso de carbono, serão formados
além de porosidade, grafita livre (COMPREHENSIVE HARD MATERIALS., 2014).
Portanto, a importância do compósito estar dentro da região do diagrama de fase
conhecido como janela de carbono (região de duas fases: WC+fcc). Quando o teor de
carbono estequiométrico é baixo (< 5,52 wt%) para o WC-10%Co, a densidade e dureza
tendem a aumentar quando o teor de carbono diminui. Nessa região a deficiência de
carbono leva a uma maior dissolução de W no cobalto, isso não só eleva a densidade do
cobalto como também diminui a eficiência da etapa solução-reprecipitação durante a
sinterização (principal etapa na LPS). O resultado será um compósito de grão fino de alta
dureza e fragilidade (COMPREHENSIVE HARD MATERIALS., 2014).
Muitas variavéis durante o processamento podem afetar o teor de carbono no
compósito sinterizado. As etapas de moagem e sinterização são etapas críticas na
determinação do teor de carbono. Durante a etapa de moagem, o teor de carbono é
dependente do teor de carbono do pó de WC, que também pode ser ajustado pela adição
de carbono na forma de grafita. Durante o patamar de sinterização o teor de carbono
também pode ser afetado. Outras variavéis como tipo de forno e vácuo também podem
influenciar na variação do teor de carbono, devendo portanto serem controlados
(COMPREHENSIVE HARD MATERIALS., 2014).
A sinterização convencional de carbeto cementado, WC-Co, é um processo
térmico de ciclo longo (18-24h, incluindo aquecimento e resfriamento). Essa etapa longa
de sinterização leva á uma variavél negativa: crescimento do grão. Recentemente, a fim
de se evitar o crescimento do grão, se procede a ciclos curtos de sinterização
(COMPREHENSIVE HARD MATERIALS., 2014).
A qualidade dos carbetos cementados é geralmente monitorado pela densidade,
porosidade, saturação magnética, coercitividade e dureza. Outras técnicas também podem
ser aplicadas, tais como, inspeção dos lagos de cobalto formados e distribuição do
tamanho de grão. A inspeção dessas variavéis é padronizada por normas da American
Society for Testing and Materials (ASTM) (COMPREHENSIVE HARD MATERIALS.,
2014).
O sistema do metal duro á base de WC(Co, Ni, Fe), pode ser classificado como
dois sistemas reativos, porque ocorrem reações de solução de W e C no ligante e reações
no sistema ternário eutético (WC + Metal Liquido). Entretanto, outras fases
podem aparecer, tais como, precipitação de carbono ou carbetos (que devem ser evitados).
Na temperatura de sinterização no estado sólido, só há interação da solução WC (SILVA,
A. G. P., 1996).
Em grande parte da literatura de metal duro é citada somente sinterização em fase
líquida, e muito pouco é mencionado acerca da sinterização via fase sólida. De fato,
comercialmente, todo metal duro é produzido via sinterização em fase líquida. No
entanto, a sinterização via estado sólido ocorre, mas o efeito da densificação fica a cargo
da sinterização via fase líquida. A fase líquida é a grande responsavél pelo mecanismo
de capilaridade e densificação do compósito, sendo a sinterização em estado sólido não
considerada (SILVA, A. G. P., 1996).
A contribuição da sinterização em estado sólido todavia é significante. BOCK
(1995) aponta 90 wt% de densificação anterior a formação da fase líquida. SNOWBALL
et al., (1968) reporta obtenção de amostras sinterizadas via estado sólido, com densidade,
dureza e resistência a reputura transversal comparavél á amostras sinterizadas em fase
líquida.
Os modelos teóricos de sinterização via fase sólida subdividem o processo de
sinterização em três estágios (GOMES, 1995). O estágio inicial, caracterizado pela
formação de contatos interpartículas, seguido pela formação e crescimento de pescoços,
até o ponto onde eles começam a se interferir. O estágio intermediário, caracterizado pela
densificação do compacto e pelo decréscimo dos diâmetros dos poros interligados e o
estágio final, caracterizado pelo isolamento e eliminação gradual dos poros (Figura 9).
Não existe uma clara distinção entre os estágios da sinterização. Geralmente, a fase inicial
corresponde a uma microestrutura com grandes curvaturas. A taxa de formação do
pescoço e a contração são pequenas e o tamanho do grão é menor que o da partícula. Na
fase intermediária os poros tornam-se arredondados, mas permanecem interligados e pode
ocorrer crescimento do grão na sua fase final.
Para produtos onde a alta porosidade é desejada, como filtros, o estágio inicial é
o único a ser realizado. Para os aços sinterizados com especificações de alta densidade e
alta resistência é necessário alcançar o estágio final, algumas vezes de uma maneira não
completa, ou somente até a parte final do estágio intermediário. Os modelos idealizados
de sinterização feitos por vários autores são específicos para cada estágio. Como o modelo
de crescimento de grão para o 1º estágio, o modelo da contração dos pós para os estágios
intermediário e final e o modelo da contração dos poros para o estágio final
(THÜMMLER, 1993).
Figura 10: Esquema do ciclo de sinterização via fase líquida para o WC-Co.
2.5.2 W-C-Fe-Ni
Figura 16: a) Secção vertical do diagrama de fase Fe-Ni-W-C, calculado para Fe:Ni=20
wt% e Fe:Ni=3:1. b) Projeção da temperatura calculada para o Fe+Ni=20 wt%.
Figura 17: a) Secção vertical do diagrama Fe-Ni-W-C, calculado para Fe+Ni=10 wt% e
FeNi=1:1. b) Projeção da temperatura calculado para Fe+Ni=10 wt%.
2.5.3 W-C-Cr
carbetos estáveis de cromo do tipo, M7C3 e M3C2 também foram reportados. Esses
carbetos dissolvem pequenas quantidades de W, entre 3,8 – 8,8 wt%. A temperatura
invariante para as quatro fases em equilíbrio (WC + M2C + M3C2 + grafita) foi reportada
sendo 1498oC (GUSTAFSON., 1988).
2.5.4 W-C-Cr-Fe
Figura 22: Relação entre o caminho livre médio (MFP) de carbeto cementado em
relação a a) dureza b) tenaciade á fratura.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Figura 26: Carta padrão de difração para o carbeto de tungstênio (carta 025-1047).
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Figura 30: Carta padrão de difração para o aço inox austenítico (01-071-4649).
A carta padrão de difração do aço inox austenítico (Figura 30) é a carta padrão para o
material puro, ou seja, a carta apresenta apenas picos referentes a fase CFC (estrutura cúbica
de face centrada). Já o difratograma do pó do 316L utilizado nessa tese de doutorado (Figura
29), apresentou duas fases: a fase austenítica γ (CFC), e a fase ferrítica α (CCC).
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
3.1.5 Pó de carbono
Pó de carbono, negro de fumo, com tamanho médio de partícula de 208 nm foi utilizado. A
Tabela 6 apresenta as propriedades físicas desse pó como fornecido pelo fabricante.
Todas as ligas foram processadas por moagem convencional (moinho de bolas, 24h).
No entanto, uma liga (liga WC-5%316L) foi moída por moagem de alta energia (1h) para efeito
de comparação. Tanto a moagem convencional quanto a de alta energia foram realizadas à
úmido com cicloexano. Para todas as ligas, com excessão da liga moída por moagem de alta
energia (20g), foi utilizada uma carga de 100g de pó. Após a etapa de moagem o cicloexano foi
evaporado em um rotavapor e o pó residual foi passado em uma peneira de abertura de 200 µm
e subsequente granulado em um tubular mix por 15 minutos.
Nas ligas da série WC-316L foi variado o tamanho de partícula do carbeto de tungstênio
(0,81 a 6,4 µm), percentual de ligante (5 a 20 wt%) e tempo de moagem (1h, 24h).
O percentual mínimo de ligante em metal duro é de 3 wt%. A utilização desse percentual
de ligante é pouco usual pois não favorece a sinterização via fase líquida. Por essa razão
preferimos iniciar a série WC-316L com um teor de ligante de 5 wt%. Não verificamos
correlação entre a fase carbeto de tunsgtênio e o percentual de ligante para 5 wt%, logo, o teor
de ligante foi aumentado para 7 wt%. Continuando a não correlação para 7 wt%, aumentamos
o percentual de ligante para 20 wt% e o tamanho do carbeto de tungstênio para 6,4 µm.
Para melhor efeito de comparação entre as fases formadas foi utilizado percentual de
ligante de 20 wt% e pó de carbeto de tungstênio de 6,4 µm (série WC-20%316L e todas as ligas
das séries WC-FeNiCr).
A Tabela 7 apresenta a identificação das ligas da série WC-316L e a Tabela 8 a
identificação das ligas da série WC-FeNiCr.
WC-20%(FeNi) S/C* - -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,05 0,05 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,10 0,10 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,15 0,15 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,20 0,20 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,30 0,30 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,35 0,35 -
WC-20%(FeNi) C/C** 0,40 0,40 -
WC-20%(FeNi5Cr) S/C* - 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,05 0,05 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,10 0,10 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,20 0,20 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,30 0,30 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,35 0,35 1
WC-20%(FeNi5Cr) C/C** 0,40 0,40 1
WC-20%(FeNi10Cr) S/C* - 2
WC-20%(FeNi20Cr) S/C* - 4
Fonte: Autora.
Figura 36: Moinho de bolas convencional utilizado na moagem das ligas da série WC-316L e
da série WC-FeNiCr.
Fonte: Autora.
O moinho planetário é um moinho de alta energia e foi utilizado para preparar a liga
WC-5%316L. O processamento dessa liga em moinho planetário Pulverisette 6 foi realizada a
úmido na presença de ciclohexano por 1 hora com rotação de 300 rpm.
3.2.4 Compactação
Fonte: Autora.
3.2.5 Sinterização
Fonte: Autora.
magnéticas, ensaio de ataque químico eletrolítico e cálculo das secções do diagrama de fase da
série WC-FeNi com adição de cromo são descritas a seguir.
Fonte: Autora.
A difração de raios-X foi utilizado para a identificação das fases presentes nas ligas. O
difratômetro utilizado foi um PANALYTICAL X’PERT PRO BRAG-BRENTANO X RAY
POWDER DIFFRACTOMETER, radiação CuKα, λ = 1,5406 angstrons. As condições de
medição foram: tempo/scan de 40s e tempo de 30 minutos para cada amostra. As análises dos
difratogramas foi realizada com o auxilio do software PANalytical X’pert Data collector 2.2i,
para medição, software PANalytical X’pert Data Viewer 1.4 para conversão, software
PANalytical X’pert HighScore plus 4.1.
O microscópio ótico é um instrumento óptico, que faz uso da refração da luz oriunda de
uma série de lentes, dotadas, ou não, de filtros multicoloridos e/ou ultravioleta, para ampliar e
regular estruturas invisíveis (ou difíceis de serem visualizadas) à olho nu. É constituído por
uma parte ótica para ampliação das imagens e, uma parte mecânica para suportar o sistema
ótico e realizar a focagem. Após a etapa de preparação metalográfica descrita no item 3.3.1, as
amostras estão prontas para o ensaio de microscopia ótica. Os objetivos da utilização da técnica
de microscopia ótica foram: identificação qualitativa da porosidade, identificação de terceiras
fases como a fase eta ou grafita e análise da distribuição da fase ligante no carbeto de tungstênio.
O ensaio de dureza Vickers foi realizado numa máquina Hardness tester M4U 025 Emco
(TU Wien), a carga utilizada no ensaio foi de 30 kgf de acordo com a norma ISO 3878. A Figura
40 apresenta o equipamento utilizado. Os valores da dureza apresentados neste trabalho são a
média de 5 indentações.
Fonte: Autora.
A dureza na escala vickers (HV) se baseia na área projetada da impressão residual,
determinada com base nas diagonais da impressão residual: HV = P/A. Onde ‘’P’’ é a carga
máxima do ensaio e ‘’A’’ é a área da impressão residual.
O ensaio de saturação magnética é um ensaio não destrutivo que tem como objetivo
mensurar qualitativamente a precipitação de fases indesejadas como a fase eta. O WC é não
magnético no entanto o ligante geralmente o cobalto o é. Logo, a saturação magnética do
compósito WC-Co é a saturação do cobalto puro. Porém, como o cobalto dissolve parte do WC
que é não magnético, a saturação magnética do compósito WC-Co é sempre menor que a
saturação magnética do cobalto puro. Quanto maior for a precipitação de fases não magnéticas,
por exemplo, a fase eta, geralmente, menor será a saturação magnética do compósito. O ensaio
de saturação magnética se inicia pesando um pequeno pedaço do corpo de prova numa balança
ligada ao equipamento que faz a medição de saturação. Após a pesagem, o corpo de prova é
colocado no interior de um porta amostra também ligado ao equipamento. Ao sinal do software
instalado no computador ligado ao equipamento, retiramos rapidamente o corpo de prova do
porta amostra que mede assim a saturação magnética.
A coercitividade também é um ensaio não destrutivo que tem como objetivo ser uma
medida indireta do tamanho de grão do carbeto de tungstênio. O tamanho de grão do carbeto
de tungstênio tem efeito direto no desempenho mecânico da ferramenta. O tamanho de grão
ideal do carbeto vai depender do tipo de aplicação a que se destina a liga. No entanto,
geralmente, em metal duro se busca por um grão fino. A coercitividade é medida colocando o
corpo de prova no interior do equipamento que mede a coercitividade, o valor é dado pelo
softaware instalado no computador ligado ao equipamento.
O ensaio de ataque químico eletrolítico foi realizado nas amostras da série WC-
20%316L e de todas as ligas da série WC-FeNiCr. O ensaio iniciou com a imersão das amostras
em uma solução de NaOH 2,5M fortemente alcalina, com pH 14. A solução de NaOH dissolve
o carbeto de tungstênio deixando inalterado o ligante. Após o ataque eletrolítico as amostras
foram preparadas para o ensaio de difração de raios-x. A partir do ensaio de difração de raios-
x podemos determinar qual a estrutura do ligante e assim verificar se o ligante sofreu
transformação martensítica. A Figura 41 apresenta o equipamento utilizado no ensaio de ataque
químico eletrolítico.
Fonte: Autora.
Este capítulo é dividido em duas partes. A primeira parte trata da análise das ligas da
série WC-316L, e a segunda da análise das ligas da série WC-FeNiCr. As ligas das séries WC-
316L e WC-FeNiCr foram avaliadas em relação a sua microestrutura, influência do teor de
cromo e sua relação com a precipitação de carbetos, propriedades magnéticas (saturação
magnética e coercitividade), propriedade mecânica (dureza Vickers), cálculo das secções dos
diagramas de fase das ligas da série WC-FeNiCr.
É bem sabido na literatura do metal duro que o tamanho de grão do carbeto de tungstênio
tem forte influência nas propriedades mecânicas. Para metal duro à base de carbeto de
tungstênio, geralmente, se utiliza um tamanho de carbeto de 1-2 µm.
Foram utilizados dois pós de carbeto de tungstênio de diferentes tamanhos de partícula,
um de 0,81 µm (submicron) e outro de 6,4 µm (extra grosso). A energia motriz para a
sinterização consiste na redução da energia superficial dos pós, como a energia superficial dos
pós está associada a energia de volume das partículas e é inversamente proporcional ao diâmetro
das partículas, partículas menores sinterizam mais eficientemente que partículas maiores. Por
isso foi utilizado inicialmente o tamanho de partícula menor. No entanto, não foi possível
correlacionar o tamanho de grão do carbeto com os baixos teores de ligante, por isso o teor de
ligante foi aumentado para 20 wt% e o tamanho do grão do carbeto para 6,4 µm.
foi fina. As ligas da série WC-316L com 5 e 7 wt% de ligante apresentaram porosidade
excessiva e fina. A porosidade excessiva dessas ligas foi devido também a combinação entre o
ligante com distribuição de tamanho extra-grosso e da utilização do carbeto de tungstênio de
tamanho submicron. A Figura 42 apresenta a microscopia ótica para a liga WC-316L com 5
wt% de ligante. Essa liga apresenta porosidade fina com alguns poros alinhados na direção da
compactação.
Porosidade fina
Fonte: Autora.
Já para as ligas da série WC-316L com 20 wt% de ligante a porosidade foi apenas
residual. O tamanho de grão do carbeto nessas ligas (6,4 µm) favoreceu o rearranjo das
partículas durante a sinterização, favorecendo assim a redução da porosidade. A Figura 43
apresenta a microscopia ótica para a liga WC-20%316L C/C 0,783. A microscopia ótica das
ligas da série WC-316L com 20 wt% de ligante apresentaram somente porosidade residual.
Porosidade residual
Fonte: Autora.
Figura 44: Microscopia ótica da liga a)WC-5%316L b) WC-7%316L C/C 0,283 c) WC-
20%316L C/C 0,783.
Porosidade
WC
Porosidade
WC
WC
316L
Porosidade
Fonte: Autora.
4.1.4 Influência do teor de carbono
O 316L apresenta baixo teor de carbono, na faixa de 0,03%. A fase eta, fase danosa em
metal duro, precipita quando há deficiência de carbono no compósito. Logo, a adição de
carbono algumas vezes se faz necessária com o objetivo de reduzir a precipitação dessa fase.
Nas ligas WC-316L e WC-FeNiCr sem adição de carbono ocorreu forte precipitação de
fase eta. Nesse sentido foi adicionado carbono as ligas com objetivo de mitigar a precipitação
dessa fase.
A adição de carbono nas ligas da série WC-316L diminuiu a precipitação de fase eta,
sem contudo exclui-lá totalmente. Todas as ligas da série WC-316L apresentaram precipitação
da fase eta, independentemnete do teor de carbono adicionado. A Figura 45 apresenta os
difratogramas das ligas dessa série, todas com a presença da fase eta.
Fonte: Autora.
Os difratogramas das ligas com 5 e 7 wt% de ligante não apresentaram a fase ligante.
Nessas ligas foram identificadas somente as fases carbeto de tungstênio e a fase eta. A liga WC-
5%316L processada por moagem convencional (24h) foi a liga com maior precipitação de fase
eta. Enquanto que a liga WC-5%316L processada por moagem de alta energia (MAE, 1h) sem
adição de carbono, teve precipitação de fase eta inferior à aquela. Para as ligas com teor de
ligante 20 wt% a fase ligante foi detectada.
A Figura 46 apresenta a microscopia ótica das ligas com 5, 7 e 20 wt% de ligante
respectivamente após ataque químico.
Figura 46: Microscopia ótica da liga após ataque químico com Nital a) WC-5%316L
S/C (200x) b) WC-7%316L C/C 0,283 c) WC-20%316L C/C 0,783.
Fonte: Autora.
O reagente químico Nital revela o ligante (ferrita, austenita, martensita), mas não revela
carbetos. As ligas com 5 e 7 wt% de ligante apresentaram elevada porosidade, fato que dificulta
uma interpretação objetiva após o ataque químico. Já as ligas com 20 wt% de ligante,
apresentaram somente porosidade residual, fato que facilita a interpretação após ataque químico
(após o ataque químico essas ligas apresentaram claramamente as fases ligante e eta).
As figuras 47, 48 e 49 apresentam as imagens das ligas com 5, 7 e 20 wt% de ligante
respectivamente, por microscopia eletrônica de varredura.
As Figuras 47 e 48 ligas WC-5%316L e WC-7%316L respectivamente, apresentaram
apenas duas fases: WC e porosidade. Enquanto que a Figura 49 liga WC-20%316L, apresentou
duas fases: ligante e fase carbeto de tungstênio.
WC
Porosidade
Fonte: Autora.
Porosidade
WC
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Figura 50: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C antes do ataque químico (200x).
Porosidade
WC
316L
Fonte: Autora.
Figura 51: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C, após ataque químico com Nital
(200x).
Fase ligante
Fonte: Autora.
Figura 52: Microscopia ótica da liga WC-20%316L S/C, após ataque químico com Murakami
(200x).
Fase eta
Fonte: Autora.
316L
WC
Fase eta
Fonte: Autora.
Figura 54: Microscopia eletrônica da liga WC-20%316L S/C com contraste de cores (1000x).
316L
Carbeto de cromo
Fase eta
WC
Fonte: Autora.
Tabela 10: Composição da fase 316L na liga WC-20%316L S/C, segundo o mapeamento
eletrônico por EDS.
Elemento m% peso % atômico
Ferro 75,66 78,67
Cromo 5,63 6,28
Níquel 13,51 13,36
Fonte:Autora.
Tabela 11: Composição da fase eta na liga WC-20%316L S/C, segundo o mapeamento
eletrônico por EDS. Composição estequiométrica próxima de (Fe,Ni)3(W,Mo,Cr)3C.
Elemento m% peso % atômico
Tungstênio 65,71 28,43
Ferro 21,8 31,05
Cromo 4,51 6,9
Níquel 3,65 4,95
Fonte: Autora.
Tabela 12: Composição da fase de carbeto de cromo na liga WC-20%316L S/C, segundo o
mapeamento eletrônico por EDS. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3.
Elemento m% peso % atômico
Carbono 6,75 25,74
Tungstênio 7,7 1,92
Ferro 43,98 36,08
Cromo 37,92 33,43
Níquel 3,65 2,85
Fonte: Autora.
Na Tabela 9 verificamos que o teor de cromo no ligante 316L varia entre 16-18%. No
entanto, após a sinterização com WC o teor de cromo caiu para 5,63%. Esse resultado sugere
que a quantidade remanescente de cromo seguiu para a formação de fase eta e de outros
carbetos, como o carbeto de cromo.
A liga WC-20%316L S/C apresentou alta precipitação de fase eta, fato que preconiza
deficiência de carbono, sendo assim foi adicionado carbono a próxima liga da série (liga WC-
20%316L C/C 0,783). As Figuras 55, 56, 57 e 58 apresentam a microscopia ótica da liga WC-
20%316L C/C 0,783 antes e após ataque químico.
Figura 55: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 antes do ataque químico (50x).
Fonte: Autora.
Figura 56: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico com
Nital (50x).
Ligante
Fase eta
Porosidade
Fonte: Autora.
Figura 57: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico com
Murakami (50x).
Fase eta
Fonte: Autora.
Figura 58: Microscopia ótica da liga WC-20%316L C/C 0,783 após o ataque químico com
Murakami, evidenciando a fase eta (50x).
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
A Figura 59 apresenta três fases, carbeto de tungstênio, ligante e fase eta. A Figura 60
apresenta a microscopia eletrônica com contraste de cores, evidenciando a precipitação de
quatro fases: carbeto de tungstênio, ligante, fase eta e carbeto de cromo.
As Tabelas 13, 14 e 15 apresentam a composição aproximada das fases formadas na liga
WC-20%316L C/C 0,783 (Figura 60).
Tabela 13: Composição da fase ligante 316L segundo o mapeamento eletrônico por EDS.
Elemento m% peso % atômico
Ferro 78,87 80,71
Cromo 5,38 5,91
Níquel 12,69 12,35
Tabela 14: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico por EDS. Composição
estequiométrica próxima de (Fe,Ni)3(W,Mo,Cr)3C.
Tabela 15: Composição da fase de carbeto de cromo segundo o mapeamento eletrônico por
EDS. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3.
A quantidade de fase eta na liga WC-20%316L C/C 0,783 diminuiu quando comparada
a liga WC-20%316L S/C, no entanto, a liga WC-20%316L C/C 0,783 continua com deficiência
de carbono. Sendo assim, foi adicionado mais carbono (0,9g em 100g de WC-20%316L) a
próxima liga da série.
A Figura 61 apresenta a microestrutura da liga WC-20%316L C/C 0,9 por microscopia
ótica antes e após ataque químico.
Figura 61: Microscopia ótica da liga a)WC-20%316L C/C 0,9 sem ataque químico; b)com
ataque químico por Nital; c)com ataque químico por Murakami (100x).
Precipitação
de grafita
Fonte: Autora.
Fonte: Autora
Fase eta
Fonte: Autora.
Fonte: Autora
A figura 62 a) apresenta quatro fases: carbeto de tungstênio, ligante, fase eta e grafita.
A figura 62 b) apresenta a mesma imagem da Figura 62 a) com contraste de cores. Na Figura
62 b) podemos diferenciar cinco fases formadas: carbeto de tungstênio, ligante, fase eta, grafita
e carbeto de cromo.
As Tabelas 16, 17 e 18 apresentam as composições aproximadas das fases formadas na
liga WC-20%316L C/C 0,9.
Tabela 16: Composição da fase ligante 316L segundo o mapeamento eletrônico por EDS.
Elemento m% peso % atômico
Ferro 78,64 80,47
Cromo 5,17 5,68
Níquel 13,21 12,86
Fonte: Autora.
Tabela 17: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico por EDS. Composição
estequiométrica próxima de (Cr,Fe)7C3.
Tabela 18: Composição da fase de carbeto de cromo segundo o mapeamento eletrônico por
EDS. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3.
Elemento m% peso % atômico
Carbono 8,57 31,88
Tungstênio 12,66 3,08
Ferro 33,91 27,12
Cromo 42,54 36,54
Níquel 1,01 0,77
Fonte: Autora.
4.1.5.1 Composição química do ligante 316L por EDS após a sinterização com carbeto de
tungstênio
O aço inoxidável 316L possui entre 16-18% de cromo. Aproximadamente 68% do teor
de cromo desse aço quando sinterizado com WC saiu da solução para se precipitar na forma de
carbetos de estequiometria complexa. A Tabela 19 apresenta a composição aproximada desse
aço quando sinterizado com WC para as ligas com 20 wt% de ligante.
Tabela 19: Composição química do aço 316L sinterizado com carbeto de tungstênio segundo
mapeamento eletrônico por EDS.
A partir da análise da Tabela 19, chegamos a conclusão que o máximo teor de cromo
que pode estar contido em um ligante Fe-Ni-Cr sinterizado com WC é de aproximadamente
5%. Ligantes alternativos tais como o 316L, com teor de cromo acima de 5%, levará a formação
e precipitação de carbetos complexos tais como a fase eta e carbeto de cromo.
4.1.5.2 Composição química da fase eta por EDS nas ligas da série WC-20%316L
A Tabela 20 apresenta a composição da fase eta segundo mapeamento com EDS das
ligas WC-20%316L.
Tabela 20: Composição da fase eta segundo o mapeamento eletrônico com EDS das ligas WC-
20%316L.
Identificação da liga m% %W % Cr % Ni %C
Fe
WC-20%316L S/C 22,6 63,5 5,7 3,9 4,3
WC-20%316L C/C 0,783 21,9 63,5 5,7 3,4 5,0
WC-20%316L C/C 0,9 21 63,8 4,4 3,8 6,9
Fonte: Autora.
A fase eta formada nas ligas WC-20%316L S/C e WC-20%316L C/C 0,783 tem
composição química estequiométrica próxima de (Fe,Ni)3(W,Mo,Cr)3C. O teor de cromo e dos
outros elementos de liga permanece praticamente similiar para essas ligas.
O aço inoxidável 316L quando utililizado como ligante alternativo no carbeto de
tungstênio, não apresenta janela de carbono, uma vez que uma pequena variação de carbono de
0,783g para 0,9g levou a precipitação de grafita no compósito (liga WC-20%316L C/C 0,9).
4.1.5.3 Composição química da fase de carbeto de cromo por EDS nas ligas da série WC-
20%316L
Tabela 21: Composição da fase de carbeto de cromo segundo o mapeamento eletrônico com
EDS, nas ligas WC-20%316L. Composição estequiométrica próxima de Cr7C3.
Identificação da liga m% C % Cr % Fe % Ni %W
WC-20%316L S/C 6,8 37,9 44 3,6 7,7
WC-20%316L C/C 0,783 10 39,8 34,2 1,1 13,8
WC-20%316L C/C 0,9 8,6 42,5 33,9 1,0 12,7
Fonte: Autora.
Figura 63: Microscopia eletrônica da distribuição de carbeto de cromo nas ligas WC-
20%316L; a) WC-20%316L S/C; b) WC-20%316L C/C 0,783; c) WC-20%316L C/C 0,9
respectivamente (1000x).
Carbeto de
cromo
Fonte: Autora.
Ensaios magnéticos são vitais para controle de qualidade do metal duro. O uso de
métodos não-destrutivos para avaliar a estrutura de metal duro é de suma importância devido
ao metal duro de forma geral, ter estrutura fina, sendo assim de difícil inspeção.
A saturação magnética é utilizada no controle de qualidade e para estimar a composição
Co-W-C. Enquanto que a coercitividade é utilizada para estimar o tamanho do carbeto de
tungstênio.
O valor obtido de saturação magnética no metal duro é normalmente a saturação
magnética do Co-W-C. A saturação magnética é ainda algumas vezes expressa em termos de
percentual de saturação máxima obtida para o cobalto puro. Geralmente o ligante no metal duro,
contém W e C em solução. A presença de C não afeta a saturação magnética, mas, a
concentração de W a diminui.
Já a coercitividade em metal duro é influenciada principalmente por duas variavéis:
tamanho de partícula do carbeto de tunsgtênio, quanto mais fina for a partícula de carbeto, maior
a quantidade de grãos de diferentes orientações cristalográficas, a quantidade de maior número
de contornos atuará como barreira a desmagnetização, ou seja maior será a coercitividade, e
teor de ligante, as interfaces entre ligante e carbeto impedem o movimento dos domínios
magnéticos, quanto maior a área da fronteira maior a coercitividade, a redução do teor de ligante
aumenta a fronteira entre os domínios, aumentando assim a coercitividade. A Tabela 22
apresenta os valores de saturação magnética e coercitividade para as ligas da série WC-316L.
Tabela 22: Valores de saturação magnética e de coercitividade para as ligas da série WC-316L.
Identificação das ligas Ms μT m3 kg-1 HC ka/m
WC-5%316L S/C 15 253
WC-7%316L S/C 21 222
WC-7%316L C/C 0,28 30 250
WC-7%316L C/C 0,35 25 253
WC-20%316L S/C 31 120
WC-20%316L C/C 0,783 71 127
WC-20%316L C/C 0,9 66 121
Fonte: Autora.
Figura 64: Difratograma das ligas da série WC-20%316L após ataque químico eletrolítico.
a)liga WC-20%316L S/C; b) liga WC-20%316L C/C 0,783; c) liga WC-20%316L C/C 0,9
respectivamente.
Fonte: Autora.
Metal duro, como o próprio nome sugere, são materiais extremamente duros, muitas
vezes acima de 1000 HV30. De forma geral a dureza em metal duro varia de acordo com o
tamanho e percentual das fases de carbeto de tungstênio e de ligante, entre 1000 e 2000 HV.
Mantendo constante o percentual de fase dura de tamanho submicron, quanto menor o tamanho
e teor do ligante mais duro será o compósito. Por exemplo, para WC-5%Co (ligante de tamanho
submicron) a dureza fica na faixa de 1800 HV. Para WC-5%Co (ligante de tamanho grosso) a
dureza fica na faixa de 1450 HV.
Como o ligante 316L utilizado apresentou tamanho de grão classificado como grosseiro,
esperamos obter resultados de dureza abaixo daquela obtida para o compósito convencional
WC-Co utilizando ligante submicron. A Tabela 23 apresenta os resultados do ensaio de dureza
para as ligas da série WC-316L.
4.2.1 Porosidade
Fonte: Autora.
Porosidade
Fonte: Autora.
Figura 67: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi10Cr) S/C (500x).
Fonte: Autora.
Figura 68: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi20Cr) S/C (500x).
Fonte: Autora.
Fase eta
Fonte: Autora.
Figura 70: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,3, liga sem precipitação de
fase eta (500x).
Fonte: Autora.
Figura 71: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,4, liga com precipitação de grafita
(500x).
Precipitação de grafita
Fonte: Autora.
Figura 72: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) S/C, liga com precipitação de fase
eta (2000x).
Fase WC
Fase eta
Fase FeNi
Fonte: Autora.
Figura 73: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,3, liga sem precipitação de
fase eta (2000x).
WC
Fase FeNi
Fonte: Autora.
Figura 74: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi) C/C 0,4, liga com precipitação de
grafita (2000x).
Fase Grafita
Fonte: Autora.
Fase eta
Fonte: Autora.
Figura 76: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,05, liga com ausência de
precipitação de fase eta (500x).
Fonte: Autora.
Figura 77: Microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,40, liga com precipitação de
grafita (500x).
Fase grafita
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Tabela 24: Composição aproximada do ligante na liga WC-20%(FeNi5Cr) S/C por EDS.
Elemento %m em peso % atômico
W 2,27 0,71
Cr 4,08 4,48
Fe 76,03 77,69
Ni 17,61 17,12
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Figura 80: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,05, com ausência de
precipitação de fase eta ou carbeto de cromo.
FeNi5Cr
WC
Fonte: Autora.
Figura 81: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,40, com precipitação de
grafita.
Precipitação de grafita
Fonte: Autora.
A microscopia ótica da liga WC-20%(FeNi5Cr) S/C, apresentou três fases: WC, ligante
e fase eta (Figura 75). No entanto, na microscopia eletrônica podemos visualizar quatro fases:
WC, ligante, fase eta e carbeto de cromo (Figura 78). A liga WC-20%(FeNi5Cr) S/C possui
teor de cromo de 5 wt% em solução, todavia, após a sinterização o teor de cromo ficou em
4,08% (Tabela 23). Esse resultado demonstra que o teor limite de cromo em solução em ligantes
à base de FeNi em WC é de aproximadamente 4%.
A Figura 79 apresenta a distribuição de carbeto de cromo na liga WC-20%(FeNi5Cr)
S/C. Podemos observar nessa imagem relevante dispersão e precipitação desse carbeto (Figura
79). Esse resultado corrobora com a afirmativa que teores de cromo acima de 5 wt% em solução,
não são indicados em compósitos à base de WC.
A liga WC-20%(FeNi5Cr) C/C 0,05, não apresentou fase eta ou carbeto de cromo
(Figuras 76 e 80).
A janela de carbono dessa série (ligas WC-20%(FeNi5Cr)) continua estreita (0,25 wt%),
entretanto, ligeiramente maior que as ligas sem adição de cromo (0,20 wt%).
Fonte: Autora.
Figura 83: Microscopia eletrônica da liga WC-20%(FeNi10Cr) S/C.
WC
Ligante
Carbeto de
cromo
Fonte: Autora.
Tabela 25: Composição aproximada do ligante na liga WC-20%(FeNi10Cr) S/C por EDS.
Elemento %m em peso % atômico
W 14,66 4,53
Cr 2,78 3,04
Fe 64,15 65,31
Ni 15,94 15,44
Fonte: Autora.
Carbeto de
cromo
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Carbeto
de cromo
WC
Ligante
Fonte
Tabela 26: Composição aproximada do ligante na liga WC-20%(FeNi20Cr) S/C por EDS.
Elemento %m em peso % atômico
W 49,02 17,63
Cr 4,08 5,19
Fe 32,65 38,67
Ni 9,12 10,28
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
A Figura 85 microscopia ótica após ataque químico apresentou três fases: WC, ligante
e carbeto. Na Figura 86 microscopia eletrônica foi identificado as mesmas fases que na Figura
85. A Tabela 25 apresenta a composição aproximada do ligante por EDS. O teor de cromo no
ligante foi de 20 wt% em solução, no entanto, a técnica por EDS apresentou teor de 4,08%
(precipitação de 15,92 wt%). Nessa liga como na liga anterior (WC-20%(FeNi10Cr) S/C), não
foi identificado fase eta, no entanto, houve maior precipitação de carbeto de cromo (Figura 87).
O aço inox 316L utilizado como ligante alternativo neste trabalho possui teor de cromo
na faixa de 16-18%, podemos assim correlacionar as ligas WC-316L com a liga WC-
20%(FeNi20Cr) S/C (liga com teor de cromo 20 wt% em solução). O aço inox 316L assim
como o ligante (FeNi20Cr) possui teor de cromo elevado para aplicações em WC. O cromo é
um dos elementos mais reativos na formação de carbetos, e quanto maior seu teor em solução
maior será a precipitação de carbeto de cromo (Figuras 79, 84 e 87).
Concluimos com os resultados obtidos nas séries WC-FeNiCr que o teor máximo de
cromo em ligantes sinterizados com WC deve ser de aproximadamente 4% (Tabelas 23, 24 e
25).
Sabemos que quanto maior a precipitação de fases não magnéticas em metal duro por
exemplo, a fase eta, menor será a saturação do compósito. Carbetos tais como o carbeto de
cromo, possuem magnetismo difuso o que também influencia no resultado.
em solução (com variação também no teor de carbono), por sua vez o valor da coercitividade
salta de 85 para 288 HC ka/m. No entanto, da liga WC-20%(FeNi-10Cr) para WC-20%(FeNi-
20Cr) S/C, a coercitividade cai de 245 para 170 HC ka/m.
Tabela 28: Estrutura do ligante após ataque químico eletrolítico nas séries WC-FeNiCr.
Somente as ligas sem adição de cromo sofreram transformação martensítica, ligas WC-
20%(FeNi) C/C 0,10 e WC-20%(FeNi) C/C 0,30. As fases ferrítica e martensítica não são de
fácil diferenciação a partir do difratograma, podendo muitas vezes serem confundidas, liga WC-
20%(FeNi5Cr) S/C (liga com transformação ferrítica e martensítica).
Para a maioria das ligas não ocorreu transformação de fase. A estrutura do ligante
continuou austenita-ferrita tal como no difratograma do pó FeNi utilizado (Figura 34).
Ligantes que possuem estrutura austenítica como a maioria das ligas das séries WC-
FeNiCr aqui estudadas, a dureza obtida é geralmente baixa. No entanto, caso haja transformação
de fase austenita-martensita a dureza tende a aumentar.
As ligas das séries WC-FeNiCr apresentaram valores de dureza similar entre 940-1040
HV30. Somente duas ligas sofreram transformação de fase austenita-martensita, liga WC-
20%(FeNi) C/C 0,10 e liga WC-20%(FeNi) C/C 0,30.
4.2.9 Influência do teor de cromo e sua relação com a janela de carbono no diagramas de
fase do compósito WC-FeNiCr
O teor de cromo nas ligas das séries WC-FeNi foi de 5, 10 e 20 wt% em solução. À
medida que aumentamos o teor de cromo aumentamos a precipitação de carbeto de cromo nas
séries (Figuras 79, 84 e 87). O aumento do teor de cromo também diminui a largura da janela
de carbono conforme os cálculos dos diagramas de fases (Figura 88).
A janela de carbono é a região do diagrama de fase do metal duro, onde somente duas
fases co-existem: WC e ligante. Essa é uma região de interesse na indústria do metal duro, uma
vez que é ela que delimita a deficiência e o excesso de carbono no compósito. Quanto mais
larga for a janela de carbono, melhor, uma vez que mais fácil será o controle do teor de carbono,
é mais fácil será a obtenção do metal duro.
A Figura 88 apresenta os cálculos dos diagramas de fase para o as séries WC-FeNi com
adição de cromo.
Figura 88: Cálculos dos diagramas de fase das séries WC-FeNiCr, evidenciando a redução da
janela de carbono com o aumento do teor de cromo.
4.2.9.1 Cálculos das secções dos diagramas de fase das séries WC-FeNiCr calculado pelo
software Termo-calc2016a
Figura 91: Diagrama de fase para a liga WC-20%(FeNi10Cr), liga sem janela de carbono.
O aço inox 316L possui teor de cromo entre 16-18%, o cromo é um dos elementos mais
reativos no que tange a formação de carbetos. A formação de carbeto de cromo em metal duro
não é desejavél uma vez que a formação desse carbeto, está associado a fragilidade da estrutura
do metal duro. O sistema WC-316L estudado nessa tese de doutorado, apresentou em todas as
ligas fase eta e ou carbeto de cromo. O sistema WC-316L é um sistema complexo, com
precipitação de fases duras e frágeis como carbeto de cromo, carbeto de ferro e fase eta. Essas
fases atuam potencializando a concentração de tensões na estrutura do compósito, reduzindo
drasticamente sua resistência mecânica. Em solução com o carbeto de tungstênio, o aço inox
316L, tem seu teor de cromo reduzido em mais de 70% (na fase ligante), sendo o teor
remanescente aproximadamente 13% de cromo, precipitado na forma de carbetos complexos.
O teor de cromo na fase ligante nas ligas da série WC-20%316L ficou em aproximadamente
5% em solução. As ligas da série WC-20%316L não sofreram transformação de fase induzida
pela plasticidade (TRIP). Uma vez demonstrada a inviabilidade do uso do ligante alternativo
316L em carbeto de tungstênio devido ao elevado teor de cromo desse aço, procedeu-se a
segunda etapa do trabalho que foi verificar qual o teor máximo de cromo que pode estar contido
em um ligante à base de FeNi para que possa ser sinterizado com carbeto de tungstênio de forma
que após a sinterização co-existam apenas duas fases: fase carbeto de tungstênio e fase ligante.
Os resultados obtidos das séries com WC-FeNiCr com 5, 10 e 20% de cromo,
apresentaram teor de cromo em solução de aproximamente 4%. Ou seja, o teor máximo de
cromo em solução em ligantes à base de FeNi sinterizados com carbeto de tungstênio é de
aproximadamente 4%. Teor de cromo de até 4% em solução em WC é o limite para que que
não haja precipitação de carbetos. Teores de cromo acima de 4% levam a precipitação de
carbetos complexos e ainda reduz a janela de carbono do compósito. Somente duas ligas da
série WC-FeNi sofreram transformação de fase do tipo TRIP (ligas sem adição de cromo). As
ligas da série WC-FeNi com adição de cromo de 5, 10 e 20% não sofreram transformação de
fase do tipo TRIP. Os resultados obtidos e discutidos das séries WC-FeNiCr comprovam e
reforçam que o aço inox 316L com 16-18% de cromo, não pode ser utilizado como ligante em
carbeto de tungstênio, uma vez que, esse aço possui teor de cromo acima do teor toleravél em
metal duro.
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