Você está na página 1de 3

Professor: Péricles Aluna: Maria Viória Bessa Série: 3 A

A preocupação mundial com os desmatamentos da Amazônia brasileira é em parte


motivada pela imagem de um processo destrutivo no qual os benefícios
econômicos e sociais são menores que as perdas ambientais. Essa percepção é
também subjacente aos diagnósticos, formulação e avaliação das políticas
públicas propostas pelas organizações governamentais e não-governamentais que
atuam na região, incluindo o Banco Mundial. Este trabalho sugere, contudo, que
esta percepção é em parte equivocada, principalmente no tocante ao diagnóstico
das motivações e aos agentes responsáveis pelos desmatamentos, na avaliação dos
benefícios econômicos e sociais do processo e, por conseguinte, nas implicações
de políticas públicas para a região. O objetivo desse relatório é mostrar que,
diferentemente das décadas de setenta e oitenta, quando a ocupação econômica foi
induzida por incentivos e políticas governamentais, os desmatamentos recentes
em várias regiões da Amazônia são impulsionados pela pecuária de média e
grande escalas. Obedecendo à lógica privada, a dinâmica do processo de ocupação
tornou-se autônoma, como demonstra o crescimento significativo dos
desmatamentos na década de noventa, apesar da redução substancial dos estímulos
e incentivos das políticas governamentais. Dentre as causas dessa transformação
destacam-se as mudanças e adaptações tecnológicas e gerenciais das atividades
pecuárias às condições geo-ecológicas da Amazônia Oriental que permitiram o
aumento da produtividade e a redução dos custos. A viabilidade privada da
pecuária não significa que ela seja desejável do ponto vista social ou sustentável
do ponto de vista ambiental. Os benefícios privados devem ser comparados com
os custos ambientais e sociais decorrentes da expansão das atividades pecuárias e
dos desmatamentos.
Do ponto de vista social, é legítimo argumentar que os benefícios privados da
pecuária de larga escala são distribuídos de forma excludente, pouco contribuindo
para reduzir a desigualdade econômica e social. Aponta-se, contudo, que a
diminuição do preço da carne nomercado nacional e o aumento de exportações
propiciados pela expansão da pecuária na Amazônia Oriental poderão significar
benefícios sociais que ultrapassam as fronteiras setoriais e regionais. Do ponto de
vista ambiental, não obstante as incertezas de mensuração, as parcas evidências
disponíveisindicam que os custos dos desmatamentos podem ser significativos,
superando inclusive os benefícios privados da pecuária, sobretudo quando se
consideram as incertezas associadas às perdas irreversíveis de um patrimônio
genético e ambiental pouco conhecido. Nesse sentido, atividades como o manejo
florestal sustentável seriam consideradas superiores do ponto de vista social e
ambiental. Contudo,seja para viabilizar o manejo florestal como alternativa de
exploração privada,seja para internalizar os custos ambientais da pecuária, serão
necessários instrumentos de políticas, mecanismos de financiamento e estruturas
de fiscalização de difícil implementação. As recomendações de políticas do estudo
são: i) a necessidade de reconhecer a lógica privada do processo atual de ocupação
Professor: Péricles Aluna: Maria Viória Bessa Série: 3 A

daAmazônia brasileira; ii)reorientar o foco das políticas para os pecuaristas como


agentes.

O desenvolvimento agropecuário nessa região frequentemente provoca


controvérsia, dado o tremendo valor ecológico do meio ambiente. Primeiramente,
a pecuária – e agora com o repentino surgimento da soja – tratores e gado
marcham firmemente por terras que, por milênios, sustentaram somente florestas
úmidas fechadas, ecossistemas naturais e povos indígenas dispersos. Com
tendências contínuas de demanda por commodities agrícolas do Brasil, o avanço
da agropecuária, provavelmente, irá continuar. O presente capítulo considera a
expansão intensiva desta atividade na Amazônia, de interesse para a promoção da
ciência e da sustentabilidade no âmbito da comunidade do Experimento de Grande
Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA). O desenvolvimento efetivo e
a política ambiental para a Bacia Amazônica devem estar totalmente
fundamentados no entendimento da agropecuária da região.
A Amazônia era relativamente “vazia” até recentemente. Nesse sentido, para se
compreender a dramática chegada da agricultura e da pecuária na região é
necessário considerar os vigorosos esforços do governo brasileiro com relação a
isso. Esses esforços se desenrolaram durante a última metade do século vinte,
envolvendo uma variedade de políticas públicas, algumas das quais voltadas,
especificamente, para a Amazônia. Outras, concebidas para a economia nacional,
e que não tiveram impactos significativos. Conforme mencionado, a Amazônia
vivenciou uma prosperidade considerável durante o advento da borracha, com
substancial interação econômica tanto no Brasil, quanto no exterior. Com base
nisso, focalizaremos a expansão atual, iniciada nos anos 1960, período que tem
sido referido como o crescimento súbito
A discussão de políticas públicas é seguida por descrições sobre pecuária e plantio
de soja e para cada uma delas são apresentadas características do mercado e
trajetórias de expansão. Embora estas descrições setoriais contenham uma riqueza
de dados, elas não fornecem uma arquitetura conceitual para a análise de impactos
ambientais das condições do mercado em expansão. Para isto, o capítulo evoca o
modelo clássico de uso da terra de Von Thünen explicando a dinâmica da
cobertura da terra na Amazônia, em relação às ligações entre soja-pecuária, com
dados de sensoriamento remoto dos Estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia,
discutindo cenários de avanços agrícolas na floresta. As conclusões seguem
considerando possíveis respostas de políticas ao desmatamento e ao contexto
social de intensificação agrícola, com especial atenção às questões de seguridade
da posse da terra e equidade distribucional.
•Bibliografias
MARGULIS Sergio, Banco Mundial (20003)
Professor: Péricles Aluna: Maria Viória Bessa Série: 3 A

ROBERT Walker , RUTH D.F (2019)

Você também pode gostar