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ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL COQUEIROS

ENSINO FUNDAMENTAL

SAMYELE VIEIRA MOSSI

FRANKENSTEIN, PROMETHEU E DISCRIMINAÇÃO

SÃO VICENTE DO SUL


2023
FRANKENSTEIN, PROMETHEU E DISCRIMINAÇÃO

MARY SHELLEY

Antes de falarmos sobre Frankenstein é importante falarmos da autora. Mary


Wollstonecraft Shelley nasceu no dia 30 de agosto de 1797, em Londres seus pais eram o
filósofo William Godwin e a escritora Mary Wollstonecraft que faleceu de forma trágica
apenas 11 dias depois de dar à luz a Mary. A futura escritora teve uma infância
intelectualmente estimulante proporcionada por seu pai que possuía sua tutela na época.
Em 1814, aos 17 anos conheceu o poeta Percy Bysshe Shelley, e logo estavam
apaixonados. Neste mesmo ano os dois fugiram para viverem juntos.
No ano de 1816 a primeira esposa de Percy foi encontrada morta em um lago, com
suspeitas de suicídio, porém as causas nunca foram devidamente esclarecidas. Após este
ocorrido, Mary e Percy se casaram, e foram passar um feriado na Suíça, mais especificamente
em Genebra. Ficaram hospedados no mesmo hotel onde estava Lord Byron, e após algumas
discussões sobre o campo sobrenatural, veio à mente a ideia de uma competição entre eles, a
fim de descobrir quem escreveria a melhor história de terror.
Mary foi a primeira escritora de ficção científica da história, aos 19 anos começou a
escrever “Frankenstein” , também conhecido como “O Prometeu Moderno”, a qual só fora
completada quando a escritora retornou à Inglaterra e se dedicou ao término do livro de
ficção.
Mary e seu esposo tiveram quatro filhos, contudo, tiveram morte precoce, exceto
Percy Florence, o único filho que ficou vivo.
Entre 1818 e 1822 viveram na Itália, até a morte de Shelley, que se afogou no
naufrágio de seu barco durante uma tempestade. Mary e Percy voltaram para Londres, onde
sua atividade como escritora era sua profissão. Escreveu profissionalmente até o momento de
sua morte, tornou-se altamente reconhecida como grande romancista ainda em vida.
Mary Shelley faleceu em decorrência de um câncer cerebral, em fevereiro de 1851, na
cidade de Londres, deixando um legado para muitas gerações.
Como podemos perceber, Mary passou por inúmeras angústias, a perda da mãe, ser
renegada por seu pai por ter se envolvido com um homem casado e as mortes prematuras de
seus filhos. Na noite em que esteve no hotel, sonhou com um ser grotesco feito de carne, há
indícios de que as dores e angústias de Mary foram a grande inspiração para seu romance.

PROMETHEU

Prometheu foi um titã grego, criador da humanidade e que desacatou Zeus no


momento em que decidiu entregar o fogo das forjas de Hefesto para o ser humano, depois
disso Prometheu foi acorrentado a uma pedra e sendo visitado diariamente por uma águia que
comia- lhe o fígado. Podemos criar um paralelo entre Prometheu e Victor Frankenstein,
ambos desrespeitaram as leis e a ordem de uma entidade superior, Prometheu deu fogo ao
humano, Frankenstein deu vida ao humano e descobriu o segredo da vida e, ambos foram
punidos vivendo em culpa e agonia, Prometheu culpado pois sabia que Zeus castigaria a
humanidade por seu “pecado”, Frankenstein sabendo dos corpos que tirou do descanso, da
aberração que ele deu a vida, o que os difere é que Frankenstein morreu Prometheu é imortal.

O MONSTRO

Ao contrário das adaptações o monstro original, não e burro como um zumbi que anda
cambaleando, o monstro original é sensivel, curioso e amargurado. O que faríamos se
tivéssemos a certeza que um deus que nos criou existe e ainda mais certeza que ele nos
abandonou por nossa aparência, quando ele nos fez assim?
O monstro queria ser amado e quando muito foi rejeitado se revoltou contra seu criador,
disposto a tirar tudo dele. O monstro é a maior vítima, ele não veio ao mundo porque quis, ele
é feito de corpos que já estavam mortos e não deveriam reviver, ele discriminado por ter um
corpo e uma voz que ele não teve escolha e, quando se encontra com seu criador, pede apenas
uma companheira, alguém que retribua seus sentimentos, alguém igual para dividir a vida e
tem seu pedido recusado.
O monstro nasceu fadado a ser sempre um reflexo de erro e vergonha até para quem o
criou. É triste pensarmos que um dos únicos momentos em que o monstro pode ter se sentido
amado foi quando foi quando Frankenstein o perseguiu para matá-lo
Quando Frankenstein morre, o monstro deixa implícito que cometera suicidio, mesmo
tendo sido abandonado, quem o criou era o único que poderia ter algum carinho por ele, se o
criador morreu, o que resta?

VICTOR FRANKENSTEIN

Ao contrário das adaptações, no livro original Victor Frankenstein, não é um louco, ele
é apenas um jovem curioso, amante das ciências naturais e quer descobrir respostas para suas
dúvidas. Frankenstein criou o monstro como experimento, após descobrir o segredo da vida,
mas só percebeu o que fez quando sua criação estava gritando em seu laboratório cegada pela
luz. Frankenstein era um curioso e eufórico jovem, mas sua curiosidade o tornou obsessivo,
passou meses sem comer ou dormir direito, profanando túmulos e estudando, mas será que
podemos julgá-lo tanto?
Qual o limite da ciência? O limite da ciência seria o momento que ultrapassariamos a
moral e o bom senso, nos tornando desumanos e cruéis ou indo contra a ordem natural. Já não
estamos fazendo isso? Ainda a testes de produtos e medicamentos em animais, já clonamos
animais, a ciência está descobrindo como fazer humanos artificialmente e já estudos para
chegarmos perto da vida eterna. Victor Frankenstein não seria mais que um personagem, mas
um arquétipo presente em toda a raça humana? Quantas noites você já não deixou de dormir
para buscar respostas? Quantas teorias já criou? Isso tudo não te deixa próximo a Frankenstein
de alguma forma?
A curiosidade pode levar a lugares bons e ruins, Frankenstein foi levado para o lado
ruim, o quão próximo estamos deste lado?
Frankenstein é o humano com apetite voraz e incontrolável por conhecimento, o ser
disposto a comprovar suas teorias custe o que custar. Você profanaria túmulos para descobrir
o segredo da vida? Provavelmente sua resposta é não, assim como a de Victor Frankenstein
antes de ser tomado pela curiosidade.

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