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Clube da Esquina: conheça a trajetória do

grupo mineiro
Se você é amante da MPB com certeza já ouviu falar sobre o Clube da
Esquina. Este grupo está entre os artistas mais famosos do Brasil, ao lado de
grandes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Secos e
Molhados e tantos outros nomes que fizeram história na música nacional. O
que poucos sabem, contudo, é que o Clube da Esquina nunca foi uma banda,
mas sim um movimento que dominou Minas Gerais. 

Criado por um grupo de artistas e amigos, o grupo se reunia para cantar e


dividir composições. O trabalho do Clube da Esquina ficou tão popular que se
tornou até mesmo um disco e conquistou, na época, o País inteiro. Por isso,
hoje, esse movimento está entre os mais conhecidos, assim como o álbum
homônimo a ele.

A história do Clube da Esquina


O Clube da Esquina é o nome de um movimento criado por Milton
Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes e Márcio
Borges, na década de 1960.

O grupo se conheceu em Minas Gerais, em um momento em que todos se


encontravam na cidade de Belo Horizonte. O início desse movimento
começou mais precisamente em 1963, quando Milton Nascimento, o Bituca,
se mudou para o Edifício Levy, em BH, onde morava a família Borges. 

Na época, Milton se mudou para Belo Horizonte para completar seus estudos.
Ainda jovem, ele havia deixado Três Pontas, sua cidade natal, a pouco tempo.
Foi em seu prédio, em busca de novas amizades, que ele se aproximou de Lô
Borges e de toda a família.
Segundo Lô, ao conhecer Milton a conexão entre eles ocorreu de forma
instantânea, algo que ele descreve como mágico. Borges narra que o encontro
ocorreu da seguinte maneira: ele desceu para comprar pão, mas não chegou à
padaria. Isso porque ao chegar no quinto andar, o jovem foi atraído por
música e, quando encontrou a origem do som, se deparou com Nascimento.  

Milton, em seguida, conheceu os outros irmãos Borges, com quem criou laços
em pouco tempo. Eles conversavam sobre música e compartilhavam suas
experiências como letristas e músicos. É preciso ressaltar que Nascimento já
era amigo de Wagner Tiso, com quem havia tocado em uma banda. 

Para conversar sobre música e tocar juntos, o pequeno grupo se reunia na


esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis. Por isso, se auto intitulam de
Clube da Esquina. Além de Milton Nascimento, Wagner Tiso e os irmãos
Borges, Fernando Brant, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga
também se reuniam para cantar no mesmo local. 

Lô Borges e Milton Nascimento – Uma parceria


de milhões

Por mais que Milton Nascimento tenha se aproximado de todos os membros


do Clube da Esquina, principalmente dos irmãos Borges, seu grande
companheiro de música foi Lô Borges. A amizade e parceria musical dos dois
foi se fortalecendo a cada encontro dos músicos, que sempre que podiam
tocavam algo e tentavam compor juntos.  

Acontece, no entanto, que por mais que o Clube da Esquina tenha surgido na
década de 60, foi apenas na década de 70 que Milton e Lô realmente
colaboraram juntos. Em entrevista, Nascimento descreve sua primeira
parceria com Borges como inusitada, mas assim como Lô, o cantor afirma
que tudo ocorreu de forma mágica. 

Milton Nascimento disse: “Uma das lembranças mais fortes que eu tenho
desse tempo foi quando eu percebi que o Lô tinha crescido, a gente chegou
num bar lá em BH e em vez de refrigerante ele pediu uma batida de limão.
Saímos dali e fizemos nossa primeira parceria, Clube da Esquina 1”. 
Ainda na mesma entrevista, ele afirma que compuseram a música em pouco
tempo, com uma sintonia perfeita. Quando terminaram, se depararam com
duas pessoas paradas na sala, Márcio Borges, um dos irmãos mais velhos de
Lô e que, após ouvir a música que ambos criaram, já escrevia uma letra para
ela. E Maria Borges, mãe dos irmãos Borges, e que naquele momento de
debulhava em lágrimas.

Clube da Esquina
Após a primeira canção em parceria com Lô Borges, Milton Nascimento já
estava determinado a gravá-la. Na verdade, os planos do cantor iam muito
além, ele desejava gravar um álbum com as músicas que já tinha feito em
parceria com o Clube da Esquina.

E, em 1972, após se tornar um dos maiores nomes da música brasileira, ele


propôs à gravadora EMI-Odeon a produção de um álbum duplo, em que
reuniria os músicos mineiros. Na época, todos os membros do Clube da
Esquina já se destacavam no cenário artístico do País.  

Milton então convidou Lô Borges e Beto Guedes para se reunirem no Rio de


Janeiro com o intuito de comprar as músicas do álbum. Os três alugaram uma
casa em Piratininga, na região de Niterói, e lá, na praia de mar Azul,
compuseram os maiores sucessos do Clube da Esquina. Em seguida, as
canções foram para estúdio e o grupo gravou a maioria.  
Na época, Borges e Guedes tocavam em uma banda cover dos Beatles e
devido a influência dos músicos de Liverpool, adicionaram elementos do rock
em suas músicas. Já Milton contribuiu com uma mistura de jazz e bossa nova,
algo que já vinha de suas canções anteriores. 

Por mais que as músicas do álbum tivessem conquistado a população, além de


ter surpreendido músicos da época, a crítica foi dura com o Clube da Esquina.
Muitos compararam o trabalho do grupo com Chico Buarque, Caetano Veloso
e Gilberto Gil, músicos muito famosos na época, mas que não produziam um
som nada similar ao de Nascimento, Borges e Guedes.

Clube da Esquina 2

Mesmo que não tenha caído nas graças da crítica, em 1978, Milton
Nascimento lançou o Clube da Esquina 2. Desta vez, o álbum contou com
novos integrantes como Flávio Venturini e Murilo Antunes.
A continuação marcou muitas pessoas, mas não conseguiu repetir o sucesso
que foi Clube da Esquina e, para muitos fãs, foi a não presença de alguns
membros originais que tornaram as novas músicas mais “fracas”.

Membros Clube da Esquina


A maioria dos membros do Clube da Esquina se tornaram músicos de
destaque no País, sendo o maior nome de todos, o de Milton Nascimento. O
cantor gravou 34 álbuns em sua carreira e, atualmente, está entre os maiores
nomes da música brasileira.  

Lô Borges, por sua vez, ficou muito famoso por sua participação no álbum
Clube da Esquina. Principalmente pelas músicas Paisagem da Janela, Clube
da Esquina nº 2 e O Trem Azul. O músico, contudo, coleciona outros
sucessos em sua carreira como compositor.  
Além de Lô Borges, outro irmão Borges ficou bem famoso. Marcio Borges é
conhecido pela composição de Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, uma das
músicas mais populares do Clube da Esquina, e ainda se destacou como
escritor, com o livro Clube da Esquina – 40 anos e Os Sonhos Não
Envelhecem. 

Outro nome muito conhecido do Clube da Esquina é o de Fernando Brant,


que compôs sucessos como Maria, Maria, uma das maiores músicas da
carreira de Milton Nascimento, e Travessia. O músico faleceu em 2015 após
complicações de uma cirurgia. Além de Brant, o contrabaixista Paulinho
Carvalho e Tavito Carvalho também faleceram. 

Wagner Tiso é outro nome de destaque no Clube da Esquina. Além de ter


participado do clube original, ajudou na produção do primeiro álbum e fez
parte da banda Som Imaginário. Além disso, é preciso citar Paulinho Braga,
considerado, atualmente, um dos maiores bateristas brasileiros. Ele fez
diversas parcerias com Milton Nascimento e Wagner Tiso. 

E para fechar com chave de ouro, Nivaldo Ornelas. O músico fundou o Clube
Berimbau, local em que os músicos do Clube da Esquina se reuniam durante
os anos 60. 

Principais músicas do Clube da Esquina


Agora que você já conhece a história do Clube da Esquina e a importância
deles para a música brasileira, confira as principais canções do grupo. 

 Clube da Esquina II;

 Um Girassol da Cor do Seu Cabelo;

 Tudo o Que Você Podia Ser;

 O Trem Azul;
 Paisagem da Janela;

 Saídas e Bandeiras Nº2;

 Cais;

 Nada Será Como Antes;

 Estrelas;

 Os Povos;

 Um Gosto de Sol;

 San Vicente;

 Nuvem Cigana;

 Me Deixa Em Paz;

 Trem de Doido;

 Lilia;

 Cravo e Canela;

 Dos Crues;

 Ao Que Vai Nascer;

 Pelo Amor de Deus.

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