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A FASE PRÉ-PROCESSUAL

I - INTRODUÇÃO

Para melhor possibilitar a investigação (esclarecimento) dos fatos que


interessam ao Direito Penal, a lei defere a determinados órgãos responsáveis pela segurança
pública a atribuição de investigar a existência e autoria de crimes comuns – a chamada
polícia judiciária (art. 144 da CF).

Esta fase de investigação tem natureza administrativa sendo realizada


anteriormente à provocação dá atuação do Poder Judiciário através da ação penal e do
processo.

Destina-se à formação da “Opinio Delicti” pelo órgão da acusação,


mantendo-se o juiz, nesta fase, alheio à qualidade das provas, apenas devendo tutelar a
prática de violação aos direitos e garantias individuais, ou resguardar a efetividade da
função jurisdicional.

Por outro lado, a formação do convencimento do encarregado da acusação


pode decorrer também de atividade administrativa (procedimento) ou de notícia (peças de
informação) trazida pelo interessado (notitia criminis).

II – DO INQUÉRITO POLICIAL:

A quem compete realizá-lo: autoridade policial nos prazos


determinados em lei a saber: Inquérito comum (polícia civil) – 10 dias para indiciado preso
ou 30 dias para indiciado solto; Inquérito policial militar –> 20 dias para indiciado preso
ou 40 dias para indiciado solto; inquérito na polícia federal --> 15 dias para indicado preso,
prorrogáveis por igual período por uma vez ainda a pedido fundamentado da autoridade
policial (Lei 5010/66, art. 66).

Excepcionalmente a lei atribui funções investigativas a outras autoridades


administrativas.

O inquérito deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial (ação


penal pública), mediante requisição do Ministério Público ou a requerimento do ofendido
ou seus representantes.

A notícia do crime pode ser oferecida por qualquer pessoa do povo.


Observe-se que a lei 10.446/2002, ampliou o rol de atribuições
investigativas da polícia federal para nelas incluir a apuração de delitos mencionados no art.
2º:
 Seqüestro, cárcere privado, extorsão mediante seqüestro (se o agente
tiver agido por motivos políticos ou em razão do exercício da função
da vítima);
 Formação de cartel;
 Violação de direitos humanos;
 Furto, roubo ou receptação de cargas, bem ou valores transportados em
operação interestadual ou internacional.

III - INQUÉRITO NA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

Neste caso o inquérito depende de representação do ofendido ou de


requisição do Ministro de Justiça (art. 5º § 4º, do CPP);

IV INQUÉRITO NA AÇÃO PENAL PRIVADA

Neste caso o inquérito depende de requerimento do ofendido, que deverá


atentar para o prazo de oferecimento da queixa-crime (06 meses ou 03 meses – crime de
imprensa) a partir do conhecimento da autoria ou data da publicação do ato, no segundo
caso.

Pode ocorrer o indeferimento do requerimento de Inquérito Policial, havendo


recurso ao órgão competente na administração policial equiparado ao Chefe de Polícia.

No âmbito federal, atribuição pertence à superintendência da polícia federal.

Obs.: Segundo Eugênio Pacelli de Oliveira atualmente o juiz não tem o


poder para requisitar instauração do IP (art. 5º, II) deve noticiar o fato ao MP para que ele
tome as medidas pertinentes (art. 40 do CPP).

A Lei 9430/96 - condiciona o encaminhamento ao Ministério Público de


procedimento administrativo da receita federal após o encerramento na última instância
administrativa, porém, o STF diz que o MP não está condicionado ao esgotamento da via
administrativa na sua atividade de Persecução Penal, não sendo o encerramento
administrativo condição de procedibilidade da ação penal pública em relação aos crimes
contra a ordem tributária previstos na Lei 8137/90.

Em recente decisão, a notificação do lançamento administrativo definitivo


do débito tributário foi considerada condição objetiva de punibilidade do crime tributário,
dada à natureza material deste tipo de delito, não correndo prazo prescricional até que este
ato (notificação definitiva do lançamento) se consume.1
1
CRIMINAL – RECURSO ESPECIAL – SONEGAÇÃO FISCAL – PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO DE APURAÇÃO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS – DISCUSSÃO ACERCA DA
EXISTÊNCIA DO DÉBITO – OBSTÁCULO AO PROCESSO PENAL – RECURSO DESPROVIDO – I. O
Supremo Tribunal Federal tem entendido que, "nos crimes do art. 1º da Lei 8.137/90, que são materiais ou de
resultado, a decisão definitiva do processo administrativo consubstancia uma condição objetiva de
punibilidade, configurando-se como elemento essencial à exigibilidade da obrigação tributária, cuja existência
ou montante não se pode afirmar até que haja o efeito preclusivo da decisão final em sede administrativa." II.
De acordo com a orientação da Quinta Turma desta Corte, a controvérsia deve ser examinada a partir da
apreciação das peculiaridades da situação em concreto, pois o processo criminal só encontra obstáculos na
esfera administrativa tributária quando se discute a existência do débito tributário e o quantum debeatur. III.
IV – ESCLARECIMENTOS IMPORTANTES SOBRE O INQUÉRITO

CONCEITO DE IP: é o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para


apuração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação possa ingressar em juízo.

NATUREZA: procedimento preparatório e administrativo;

DESTINATÁRIO: imediato (MP e Ofendido – ação privada); mediato (juiz), que pode com
base nele deferir medidas cautelares e receber a denúncia).

RESPONSÁVEL PELA REALIZAÇÃO: Policia Judiciária – exerce função auxiliar a


justiça, atua quando os atos que a policia administrativa pretendia evitar acontecem. Possui
a finalidade de apurar as infrações penais e suas respectivas autorias, a fim de fornecer ao
titular da ação penal elementos para propô-la.
Estado – Policia Civil – CF, Art. 144, § 4º;
União – Policia Federal – CF, Art. 144, § 1º, IV (exclusividade);

COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÃO: (Art. 4º do CPP) competência termo que equivale à


jurisdição, utilizado impropriamente pelo CPP. A atribuição para presidir IP é da autoridade
policial e delegada aos delegados de policia de carreira (salvo exceções) art. 144, § 1º e 4º
da CF.

Ratione Loci ou Ratione Materiae - a autoridade policial não pode


realizar atos fora de sua circunscrição devendo solicitar por precatória ou rogatória a
cooperação da autoridade local. Na capital não há esta restrição, mesmo havendo divisão
por circunscrição.

Obs.1: APF – AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE: A atribuição para

Hipótese em que o Tribunal a quo concedeu ordem de habeas corpus, para trancar a ação penal instaurada em
face do recorrido, diante do fato de que o débito foi objeto de impugnação em processo administrativo ainda
pendente de julgamento, no qual estava em discussão a própria existência do crédito tributário. IV. Recurso
desprovido. (STJ – RESP 200301638571 – (591029 GO) – 5ª T. – Rel. Min. Gilson Dipp – DJU 16.05.2005 –
p. 00383)
PENAL – CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA – ARTIGO 1º, I, DA LEI Nº 8.137/90 – PROCESSO
ADMINISTRATIVO-FISCAL – IMPRESCINDIBILIDADE DO LANÇAMENTO DEFINITIVO –
DENÚNCIA – DESCABIMENTO – NULIDADE DO PROCESSO AB INITIO – 1. Firmou-se o
entendimento desta Corte, ratificado por recentes julgados do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a
decisão definitiva do processo administrativo-fiscal constitui condição objetiva de punibilidade, eis que os
crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.137/90 são materiais, ou de resultado, dependendo para sua
consumação dos atos de "suprimir" ou "reduzir" tributo devido. 2. A 4ª Seção deste Regional e as duas Turmas
da Corte Suprema vêm reiterando essa orientação. 3. In casu, os débitos tributários que deram origem ao
oferecimento da denúncia permaneceram em discussão na via administrativa durante o transcorrer da
instrução criminal, tendo sido ofertada impugnação pelos contribuintes. 4. Ausente, na época da propositura
da ação penal, o lançamento definitivo procedido pela autoridade competente, incabível o recebimento da
peça acusatória, devendo o processo ser anulado ab initio. 5. O prazo prescricional começa a fluir desde o
trânsito em julgado da decisão na esfera administrativa. (TRF 4ª R. – ACr 2001.71.10.000149-7 – 8ª T. – Rel.
Des. Fed. Élcio Pinheiro de Castro – DJU 06.07.2005 – p. 799)
lavratura do APF é da autoridade do local onde se efetuou a prisão, e não da autoridade
com atribuição no local onde se consumou o delito. Os atos subsequentes da IP é que serão
realizados pela autoridade policial do local da consumação (art. 290 e 308).

Obs.2: não há nulidade do inquérito se presidido por autoridade policial


incompetente (sem atribuição), eis que não há o princípio do delegado natural.

INQUÉRITO EXTRAPOLICIAL – O IP não é a única forma de investigação (Art. 4º) há


outros:
Inquérito Policial Militar (CPPM);
Inquérito Judicial (lei de falências);
Investigação pelas Comissões Parlamentares de Inquérito  art. 58,
o
parágrafo 3 , da CF, sendo que a Lei 10001/2000 estabelece prioridade para as ações
instauradas mediante informações advindas da CPI;
Inquérito Civil Público – art. 129, III – MP;
Inquérito em caso de infração cometida na sede do STF (RISTF, Art. 43);
Lavratura de APF pela autoridade judiciária quando o delito for cometido
na sua presença ou contra ela (art. 307, CPP);
Remessa de autos do IP quando envolverem magistrado ou membro do
MP, ao tribunal ou órgão especial ou à PGJ ou PGR (LOMAN, art. 33, P. Único e Lei
8625/93, art. 41, P. Único).

INVESTIGAÇÃO PELO MP: questão ainda polêmica no STF, no STJ há julgado favorável
ao poder investigatório do MP, com base no Art. 8º, inciso IV, da lei complementar 75/90
(STJ, 5ª, Turma, rel. Min. Jorge Scarterini).

CARACTERISTICAS DO IP:

PROCEDIMENTO ESCRITO (art. 9º CPP);

SIGILOSO – compete à autoridade policial assegurar o sigilo do IP (CPP,


art. 20), no interesse da sociedade. O direito individual de obter informações do poder
público, pode sofrer restrições (art. 5º, XXXIII da CF), o sigilo não se estende ao juiz, nem
ao promotor.
No caso do advogado a lei n. 8906/94 faculta o conhecimento das peças
do IP, mesmo sem procuração, porém o juiz pode estender o sigilo do IP ao advogado. O
sigilo hoje é visto também como forma de garantir a intimidade do investigado.

OFICIALIDADE: É a atividade investigatória feita por órgãos oficiais,


não podendo ficar a cargo de particulares.

OFICIOSIDADE: conseqüência da legalidade. A atividade da policia


judiciária independe de provocação. Sendo a instauração do IP obrigatória quando houver
prova da materialidade de um delito, ressalvados os casos de Ação Penal Privada e Ação
Penal Pública Condicionada.
AUTORITARIEDADE: é conduzido pela autoridade policial (delegado de
carreira).

INDISPONIBILIDADE: A autoridade policial não pode arquivar, por si


só, o IP iniciado. (art. 17, CPP).

INQUISITIVO: As atividades persecutórias concentram-se nas mãos da


autoridade não há contraditório, nem ampla defesa (art. 14, indeferimento de diligências;
art. 107, do CPP, proíbe argüição de suspeição de autoridade policial).

Exceções: Inquérito Judicial, inquérito de expulsão de estrangeiro (PF a


requerimento do Min. da Justiça) Lei 6815/80, art. 70, aqui o contraditório é obrigatório.

VALOR PROBATÓRIO DO IP E VÍCIOS: o valor probatório é relativo, eis que as provas


nele produzidas não o são sob o manto do contraditório e ampla defesa. Somente a prova
pericial é que não necessita ser reproduzida em juízo.

A confissão em sede policial pode ser tomada como elemento de convicção desde que
esteja em compasso com o conjunto probatório produzido em juízo.

As falhas e vícios do IP não contaminam a ação penal, porque aquele é mero procedimento
preparatório da ação.

DISPENSABILIDADE: o IP não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser


dispensado pelo MP ou ofendido, caso já possuam elementos probatórios suficientes para a
propositura da ação penal. (CPP, Art. 12, 27, 39, § 5º e 16)

INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO: Não poderá exceder três dias e


deverá ser decretada pelo juiz, respeitadas as prerrogativas do advogado. Art.21 do CPP
parece-me ter sido revogado pelo art. 5º, LXIII (assistência da família e de advogado).
Além do mais a incomunicabilidade foi até vedada durante o estado de defesa. Damásio e
Vicente Greco Filho pensam que não houve revogação, vale ressaltar que a
incomunicabilidade não se estende ao advogado (art. 7º, lei 8906/94).

NOTITIA CRIMINIS: É a comunicação do delito à autoridade policial ou ministerial e


pode ser:
DE COGNIÇÃO DIRETA OU IMEDIATA: a autoridade toma
conhecimento do fato delituoso por seus próprios meios (atividades rotineiras, formais,
investigações, comunicação da policia administrativa) e delação anônima (noticia
inqualificada).
DE COGNIÇÃO INDIRETA OU MEDIATA: quando a autoridade toma
conhecimento do fato por algum ato jurídico de comunicação (particular ou público). ex.:
delatio criminis, requisição ministerial, representação do ofendido;
DE COGNIÇÃO COERCITIVA – ocorre nos casos de flagrante delito
(obs.: nos casos de ação privada ou condicionada, para lavratura do APF é necessária o
requerimento ou representação do ofendido).
INICIO DO INQUÉRITO:
De ofício (cognição direta, independe de provocação, ação penal pública
incondicionada, ato (portaria), exige justa causa.

O fato de a conduta estar amparada por excludentes de ilicitude não


autoriza a dispensa do IP.

Por requisição da autoridade judiciaria ou do MP: art. 40 do CPP, para


alguns (Eugênio Pacelli de Oliveira, por exemplo) a nova ordem constitucional tornou
privativo do MP o poder de requisitar IP (art. 129, I e VIII da CF), nesse caso a autoridade
não pode se recusar a instaurar o IP.

Delatio Criminis – é a comunicação do delito feita pelo ofendido


(representação  delação postulatória). Requisitos art. 5º, II e § 1º do CPP.
A autoridade policial pode indeferir o requerimento de abertura do IP. Há
recurso para o secretário de segurança pública ou autoridade superior prevista nos
regimentos policiais (polícia federal  superintendente).

A delação anônima pode ser admitida, desde que com cautela redobrada.

Nos crimes de ação penal pública condicionada só se inicia o IP mediante:


1) representação do ofendido ou seu representante legal (delatio
postulatória): o IP não pode ser instaurado sem a representação; a requisição pelo MP deve
estar acompanhada da representação.

A RETRATAÇÃO é possível desde que antes do oferecimento da denúncia


(art. 25). A representação é simples manifestação do ofendido ou representante legal (estão
revogados os dispositivos do CPP que tratam da representação legal do ofendido maior de
18 anos e menor de 21 anos).

A representação poderá ser apresentada ao MP, ao Juiz e ao Delegado.

2) requisição do Ministro da Justiça:

- crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,


- contra a honra do presidente ou chefe de governo estrangeiro,
- alguns crimes da lei de imprensa.

A requisição será encaminhada ao chefe do Ministério Público.

Nos crimes de ação penal privada só se procede o IP com o requerimento do


ofendido, que terá prazo de seis meses (03 meses na lei de imprensa) para apresentar a
queixa-crime (art. 38).

A mulher casada pode requerer a instauração do IP independentemente de


autorização marital (art. 226, §5º da CF revogou o art. 35 do CPP).
PEÇAS INAUGURAIS DO IP:
Portaria;
APF;
Requerimento do ofendido (ou representante), representação (delatio
postulatória);
Requisição do MP ou Juiz;
Representação do ofendido ou representante (requisição do Ministro da
Justiça);

PROVIDÊNCIAS:
- Comparecimento da AP ao local do crime para evitar que sejam alteradas
as coisas antes da chegada dos peritos. Exceção: acidentes de trânsito (lei 5970/73);
- Apreensão de documentos e instrumentos do crime, após serem liberados
pelos peritos;
- Busca e apreensão: domiciliar (art. 5º CF)- por ordem judicial; pessoal
(art. 240 a 250 CPP) – basta a fundada suspeita do agente policial.
As buscas podem ser realizadas em domingos e feriados (art. 797). Obs.:
em escritório de advocacia deve ser acompanhada por um representante da OAB.

- Condução coercitiva do ofendido ou testemunhas (art. 201 e 228) sob


pena de desobediência (art. 219);

- Reconhecimento: Art. 226 a 228 CPP – deve ser lavrado ato


pormenorizado, assinado pelo ofendido (quem reconheceu), autoridade e 02 testemunhas
que presenciaram o reconhecimento. Reconhecimento fotográfico tem relativo valor
probatório;
- Acareações : (Art. 230);
- Exames de corpo de delito: nos crimes que deixarem vestígios
(obrigatoriamente por dois peritos), salvo se for laudo de constatação de toxicidade.
- Reconstituição do crime: obs.: o acusado não é obrigado a participar, mas
pode ser conduzido coercitivamente pela autoridade judicial para comparecer (art. 260).
A condução coercitiva para interrogatório policial pode ser feita pela
autoridade policial (TJSP). Para Souza Nucci e Eugênio Pacelli, somente o juiz pode
determinar a condução coercitiva do indiciado. Este último chega a defender que o art. 260
estaria derrogado em razão do principio constitucional da ampla defesa e da desobrigação
de auto-incriminação;

- Indiciamento: É o ato pelo qual fica identificado o provável autor do fato


delituoso, passando ele a ser o alvo principal das investigações. Deve ser acompanhada da
identificação civil ou criminal do suspeito. Ver Lei 9034/95 – organização criminosa; Lei
10054/2000 – identificação criminal. A CF diz que o civilmente identificado não será
submetido à identificação criminal, salvo nos casos expressos em lei (art. 5º, LVIII, CF). A
identificação criminal compreende a fotográfica e a datiloscópica;
- Encerramento e relatório: concluídas as investigações a autoridade
policial tem de fazer um minucioso relatório (CPP, art. 10, §1º). No caso de crime de tóxico
deverá indicar a classificação da conduta nos art. 12 ou 16 (art. 37 da Lei 6368/76). Feito o
relatório, os autos serão remetidos ao juiz, acompanhado dos instrumentos do crime e
objetos que interessem a prova e relatório da vida pregressa do indiciado. No juízo, os autos
serão remetidos ao MP.

PRAZOS:

10 DIAS – indiciado preso (pode haver devolução para diligências


complementares, desde que não se exceda o prazo, para oferecimento de denúncia (05
dias);
30 DIAS – indiciado solto;
20 DIAS – IPM preso;
40 DIAS – IPM solto;
15 DIAS – IP Federal, prorrogáveis por mais 15 dias (art. 66 da Lei
2
5010/66 );
crimes contra economia popular (art. 10, § 1º, Lei 1521/51) – prazo de 10
dias, indiciado preso ou solto;

- crimes de tóxicos (lei 10409/2002) prazo de 15 dias, indiciado preso,


podendo ser duplicado; prazo de 30 dias, indiciado solto, podendo ser duplicado3;

CONTAGEM DO PRAZO: prazo processual, mas não se prorroga para o primeiro dia útil
se cair num feriado. Despreza-se o dia do começo, computa-se do fim. (art. 798, §1º CPP);

ARQUIVAMENTO: providência que cabe ao juiz a requerimento do MP. No caso de


divergência aplica-se o art. 28 do CPP. Pode ser:

IMPLÍCITO: Quando o Parquet não diz porque não promoveu a ação


conta algum dos indiciados. Não existe em face do principio da obrigatoriedade e
indisponibilidade da ação penal, sendo certo que na ação penal pública não vigora o
principio da indivisibilidade.
EXPLÍCITO OU DIRETO: quando o Mp diz os motivos do arquivamento.
INDIRETO: ocorre quando o membro do Ministério Público reconhece
2
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver preso,
podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e
deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá
apresentar o preso ao Juiz.
Art. 67. A autoridade policial deverá remeter, em vinte e quatro horas, cópia do auto de prisão em flagrante ao
Procurador da República que funcionar junto ao Juiz competente para o procedimento criminal.
3
Art. 29. O inquérito policial será concluído no prazo máximo de 15 (quinze) dias, se o indiciado estiver
preso, e de 30 (trinta) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, mediante pedido
justificado da autoridade policial.
sua ausência de atribuição para oferecimento da denúncia, mas o juiz não reconhece sua
incompetência no caso. Solução: remessa ao PGJ ou a Câmara de Revisão do MPF, nos
termos do art. 28 do CPP.

Obs.: se o juiz reconhece sua incompetência nos termos do parecer


ministerial, o feito é remetido para a justiça competente e poderá ser suscitado conflito (ao
STJ, nos casos de conflito entre quaisquer Tribunais, ou Tribunais e Juízes a eles não
vinculados ou entre Juízes vinculados a tribunais diversos – art. 105, I, d – , ou aos
TJ/TRF, nos casos de competência territorial).
Obs.2: o juiz não pode determinar arquivamento de IP sem manifestação
ministerial neste sentido, se o fizer caberá CORREIÇÃO PARCIAL.
Obs.3: O despacho que determina o arquivamento é irrecorrível, salvo nos
crimes contra a economia popular onde haverá recurso de ofício (art. 7º da lei 1521/51) e
nas contravenções do art. 58 e 60 da lei 6259/44 (art. 6º , parágrafo único da lei 1508/51),
onde caberá R.S.E. Há também a possibilidade de recurso dentro do procedimento previsto
no art. 28 do CPP, definido no art. 12, inciso XI, da Lei 8625/93.4

Reformado o despacho de arquivamento, o tribunal deve proceder na


forma do art. 28, do CPP, sob pena de violar a titularidade da ação penal (art. 129, I
da CF).

Obs.4: na ação penal privada não há necessidade do pedido de


arquivamento, basta o curso do prazo decadencial do direito de queixa. Caso seja requerido
o arquivamento, deve ser recebido como renúncia tácita ao direito de queixa, dando ensejo
à extinção de punibilidade.

Obs. 5: Havendo conflito de atribuições entre promotores de Estados


diferentes, segundo alguns doutrinadores, compete ao STF dirimir o conflito, nos termos do
art. 102, I, f, da CF/88. O STF (BI 276, DJU de 08/08/2002) entendeu o contrário, sob o
fundamento de que a questão não apresenta potencialidade ofensiva suficiente para colocar
em risco o pacto federativo, com a ruptura da harmonia entre as relações dos integrantes
dos estados-membros. Seria, pois, da competência do STJ dirimir o conflito virtual de
jurisdição (competência), desde que as respectivas autoridades judiciárias emitissem juízo
de valor sobre as manifestações ministeriais.5

4
Art. 12. O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos os Procuradores de Justiça, competindo-
lhe:
omissis
IX - decidir sobre pedido de revisão de procedimento administrativo disciplinar;
5

Conflito de Atribuições e Competência Originária do Supremo (Transcrições) Informativo 403/2005


Pet 3528/BA*

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO


RELATÓRIO: Este processo veio à Corte ante pronunciamento do Procurador-Geral de Justiça Adjunto do Ministério Público do Estado
da Bahia, de folha 119 a 123, sobre os seguintes fatos:
a) o inquérito policial visa a elucidar a prática de crime de roubo – artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal;
b) o processo revelador do inquérito foi enviado à Promotoria de Justiça de Feira de Santana, que se manifestou pela
incompetência da Justiça Estadual da Bahia, em face de conexão com crime da competência da Justiça Federal – o descaminho, presentes
os objetos roubados;
Exercícios:

1. Assinale a alternativa correta em relação à atuação do magistrado no inquérito policial:

I - se o Ministério Público não incluir um dos indiciados na denúncia, nem sobre ele
formular pedido direto de arquivamento, operou-se arquivamento implícito, de tal maneira
que lhe é vedado, posteriormente, aditar a denúncia para incluí-lo. Se o fizer deve o juiz
rejeitar o aditamento;

c) a Juíza de Direito da 2ª Vara Criminal de Feira de Santana assentou a inexistência de conexão, acionando o disposto no artigo
28 do Código de Processo Penal;
d) o Procurador-Geral de Justiça, após consignar a ausência de conflito negativo de competência, ante a fase do processo –
simplesmente investigatória –, entendeu competir a atuação à Procuradoria da República na Bahia;
e) o Ministério Público Federal refutou tratar-se, no inquérito, do crime previsto no artigo 334 do Código Penal, tendo em conta as
balizas subjetivas e objetivas da espécie;
f) o Juízo federal, corroborando a conclusão do Juízo estadual, rechaçou o que se poderia enquadrar como conflito virtual de
jurisdição e, apontando o procedimento como única solução, devolveu o processo de inquérito à 2ª Vara Criminal de Feira de Santana;
g) a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado da Bahia considerou configurado o conflito entre órgãos integrantes da União e de
um Estado federado, a atrair a incidência da norma da alínea “f” do inciso I do artigo 102 da Carta da República.
Determinei a remessa do processo ao Procurador-Geral da República, que se pronunciou em peça que tem a seguinte síntese:
Conflito de atribuições entre membros do Ministério Público Estadual e Federal. Possível conexão entre os crimes
previstos no art. 157, § 2º, I e art. 334, ambos do Código Penal. Inocorrência (sic). Investigações voltadas exclusivamente para o
delito de roubo. Conflito decidido para determinar a remessa dos autos ao Ministério Público Estadual.
O Fiscal da Lei remete à jurisprudência desta Corte e do Superior Tribunal de Justiça. Na Petição nº 1.503/MG, o Supremo, ante
virtual conflito de jurisdição entre os juízos federal e estadual, conferira interpretação ao artigo 105, inciso I, alínea “d”, da Constituição
Federal, decidindo pela competência do Superior Tribunal de Justiça para apreciar a matéria – Plenário, relator ministro Maurício Corrêa,
com acórdão publicado no Diário da Justiça de 14 de novembro de 2002. No Conflito de Atribuição nº 154, a Primeira Seção do Superior
Tribunal de Justiça, reportando-se a precedentes, proclamara, na dicção do ministro José Delgado – acórdão publicado no Diário da
Justiça de 18 de abril de 2005:
PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL X MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADUAL. NÃO-CONHECIMENTO. PRECEDENTES.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que não se conhece de conflito de atribuições,
por incompetência da Corte, em que são partes o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual, por não se
enquadrar em quaisquer das hipóteses previstas no art. 105, I, “g”, da CF/1988".
(...)
O Procurador-Geral da República alude à circunstância de o Conflito de Atribuição nº 154 haver sido remetido pelo Superior
Tribunal de Justiça ao Órgão, concluindo o então Subprocurador-Geral Cláudio Lemos Fonteles pela competência do Procurador-Geral
da República para dirimi-lo. Daí haver Sua Excelência passado ao julgamento do conflito, retornando-me o processo.
É o relatório.
VOTO: - De início, tem-se a impossibilidade de se adotar a solução que prevaleceu quando o Plenário apreciou a Petição nº
1.503/MG. É que aqui não é dado sequer assentar um virtual conflito de jurisdição entre os juízos federal e estadual. Ambos estão
uníssonos quanto à atribuição do Ministério Público Estadual. Assim, cabe expungir o envolvimento de órgãos investidos no ofício
judicante em conflito, quer presente a configuração do fenômeno, quer a capacidade intuitiva e, portanto, a presunção de virem a
discordar sobre a matéria. Afasta-se, assim, a interpretação analógica que prevaleceu quando do pronunciamento anterior e que girou em
torno do preceito da alínea “d” do inciso I do artigo 105 da Constituição Federal, a revelar competir ao Superior Tribunal de Justiça
processar e julgar originariamente os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, inciso I,
alínea “o”, da Carta da República bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
Eis o precedente, sendo que não compus o Plenário quando formalizado, ante ausência justificada:
EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E ESTADUAL. DENÚNCIA.
FALSIFICAÇÃO DE GUIAS DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUSÊNCIA DE CONFLITO FEDERATIVO.
INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE. 1. Conflito de atribuições entre o Ministério Público Federal e o Estadual. Empresa privada.
Falsificação de guias de recolhimento de contribuições previdenciárias devidas à autarquia federal. Apuração do fato delituoso.
Dissenso quanto ao órgão do Parquet competente para apresentar denúncia.
2. A competência originária do Supremo Tribunal Federal, a que alude a letra “f” do inciso I do artigo 102 da
Constituição, restringe-se aos conflitos de atribuições entre entes federados que possam, potencialmente, comprometer a
harmonia do pacto federativo. Exegese restritiva do preceito ditada pela jurisprudência da Corte. Ausência, no caso concreto, de
divergência capaz de promover o desequilíbrio do sistema federal.
3. Presença de virtual conflito de jurisdição entre os juízos federal e estadual perante os quais funcionam os órgãos do
Parquet em dissensão. Interpretação analógica do artigo 105, I, “d”, da Carta da República, para fixar a competência do
Superior Tribunal de Justiça a fim de que julgue a controvérsia.
Conflito de atribuições não conhecido.
II - pode o juiz determinar o arquivamento de inquérito policial sem requerimento nesse
sentido do Ministério Público, posto que o Código de Processo Penal proíbe apenas o
arquivamento direto pela autoridade policial.
III - o deferimento pelo Juiz de arquivamento do inquérito em ação penal privada implica
em declaração de extinção da punibilidade pela renúncia.
IV- deferido o arquivamento de inquérito policial, o art. 18 do CPP permite o
desarquivamento apenas com base em fatos novos.

a) a II e a IV estão corretas.

Também não é possível assentar-se competir ao Procurador-Geral da República a última palavra sobre a matéria. A razão é muito
simples: de acordo com a norma do § 1º do artigo 128 do Diploma Maior chefia ele o Ministério Público da União, não tendo ingerência,
considerados os princípios federativos, nos Ministérios Públicos dos Estados. Todavia, diante da inexistência de disposição específica na
Lei Fundamental relativa à competência, o impasse não pode continuar. Esta Corte tem precedente segundo o qual, diante da conclusão
sobre o silêncio do ordenamento jurídico a respeito do órgão competente para julgar certa matéria, a ela própria cabe a atuação:
CONFLITO DE JURISDIÇÃO - 1. No silêncio da Constituição, que não estabelece o órgão para decidir conflitos de
jurisdição entre Tribunais Federais e Juizes, a competência cabe ao Supremo Tribunal Federal.
2. É competente o Tribunal Regional Eleitoral para processar e julgar mandado de segurança contra atos de sua
Presidência ou dele próprio (Conflito de Jurisdição nº 5.133, relator ministro Aliomar Baleeiro, DJ de 22 de maio de 1970).
C.J. - I. Compete ao S.T.F., no silêncio da C.F., na redação da Emenda nº 1/1969, decidir conflitos de jurisdição entre um
Tribunal e um juiz.
II. Cabe à Justiça Federal, nos termos do art. 110 da C.F. e Emenda nº 1/1969, processar e julgar reclamações
trabalhistas contra o INPS (Conflito de Jurisdição nº 5.267, relator ministro Aliomar Baleeiro, DJ de 4 de maio de 1970).

Esse entendimento é fortalecido pelo fato de órgãos da União e de Estado membro estarem envolvidos no conflito, e aí há de se
emprestar à alínea “f” do inciso I do artigo 102 da Constituição Federal alcance suficiente ao afastamento do descompasso, solucionando-
o o Supremo, como órgão maior da pirâmide jurisdicional.
Aliás, pela propriedade, cumpre ressaltar o que citado na manifestação do Ministério Público do Estado da Bahia, na óptica
proficiente do ex-Subprocurador de Justiça e professor da Faculdade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ – Dr. Paulo Cézar Pinheiro
Carneiro:
O juiz quando determina o encaminhamento dos autos do inquérito para outro órgão do Ministério Público, o faz
exercitando unicamente atividade administrativa, como chefe que é dos serviços administrativos do cartório... O despacho de
encaminhamento tem natureza simplesmente administrativa... Não existe nenhuma atividade jurisdicional e mesmo judicial na
hipótese. Uma vez que, na prática, existe um despacho administrativo, lacônico que seja, não podemos transformá-lo de uma
penada, sem o exame mais cauteloso de cada hipótese em declinação da competência de um juízo, sob pena de subvertermos toda
ordem processual, além dos demais e gravíssimos inconvenientes e ilegalidades que tal medida acarretaria.
Então, a seguir, em análise da problemática versada neste processo, o autor da consagrada obra “O Ministério Público no Processo
Civil e Penal” – Rio de Janeiro – Forense, 5ª Edição, 1995, página 212, observa:
(...)
Não há nada de estranho, de anormal, em conferir a órgão judiciário da nação o poder de dirimir conflitos de atribuições
entre órgãos autônomos e independentes entre si. Pelo contrário, a relevância das questões em jogo exige que o órgão
encarregado de dirimir estes conflitos tenham os predicados que atualmente só a magistratura tem, de sorte a garantir
julgamento técnico e isenção total. Não é o STF que, originariamente, julga as causas judiciais entre Estados membros? Como,
então, se poderia afirmar que haveria quebra de independência e autonomia dos Estados membros se a ele fosse também
conferido o poder de decidir os conflitos de natureza administrativa entre estes mesmos entes? Não existe, até o momento, no
nosso sistema constitucional, nenhum órgão ou ente superior que tenha o poder de decidir a que Estado competiria determinado
tipo de atribuição.
Transporte-se o enfoque para o conflito de atribuições entre o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal. A
solução há de decorrer não de pronunciamento deste ou daquele Ministério Público, sob pena de se assentar hierarquização incompatível
com a Lei Fundamental. Uma coisa é atividade do Procurador-Geral da República no âmbito do Ministério Público da União, como
também o é atividade do Procurador-Geral de Justiça no Ministério Público do Estado. Algo diverso, e que não se coaduna com a
organicidade do Direito Constitucional, é dar-se à chefia de um Ministério Público, por mais relevante que seja, em se tratando da
abrangência de atuação, o poder de interferir no Ministério Público da unidade federada, agindo no campo administrativo de forma
incompatível com o princípio da autonomia estadual. Esta apenas é excepcionada pela Constituição Federal e não se tem na Carta em
vigor qualquer dispositivo que revele a ascendência do Procurador-Geral da República relativamente aos Ministérios Públicos dos
Estados. Tomo a manifestação do Procurador-Geral da República, Dr. Antônio Fernando Barros Silva de Souza, contida à folha 130 à
137, não como uma decisão sobre o conflito, mas como parecer referente à matéria.
A competência para dirimir o conflito de atribuições envolvido o Ministério Público do Estado da Bahia e o Federal é realmente
do Supremo, conforme decidido no Mandado de Segurança n° 22.042-2, relatado pelo ministro Moreira Alves e assentado sem
discrepância de votos:
MANDADO DE SEGURANÇA. QUESTÃO DE ORDEM QUANTO A COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
b) a II e a V estão corretas.
c) a I e a III estão corretas.
d) nenhuma das alternativas.

(CONCURSO PROCURADOR AUTÁRQUICO INSS)

2. Considere a seguinte situação hipotética: Um promotor de justiça recebeu inquérito


policial versando sobre determinado crime de ação penal pública incondicionada.
Examinando os elementos contidos na peça informativa, concluiu que o comportamento

- Tendo sido o presente mandado de segurança impetrado, por se tratar de ato complexo, contra o governador e o
Tribunal do Estado de Roraima, bem como contra o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, e versando ele a questão
de saber se a competência para a constituição da lista sêxtupla e do impetrante - o Ministério Público desse Estado - ou de um
dos impetrados - o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios -, não há duvida de que, nos termos da impetração da
segurança, há causa entre órgão de um Estado-membro e órgão do Distrito Federal, configurando-se, assim, hipótese prevista na
competência originária desta corte (artigo 102, I, “f”, da Constituição Federal), uma vez que o litígio existente envolve conflito
de atribuições entre órgãos de membros diversos da Federação, com evidente substrato político.
- Correta a inclusão do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios no pólo passivo do mandado de segurança,
pois, em se tratando de ato complexo de que participam, dentro da esfera de competência própria, órgãos e autoridades
sucessivamente, mas que não estão subordinados uns aos outros, para a formação de ato que só produz efeito quando o último
deles se manifesta, entrelaçando-se essa manifestação as anteriores, esses órgãos e autoridades, a partir daquele de que emanou
o vício alegado, devem figurar, como litisconsortes, no pólo passivo do mandado de segurança.
Reconhecimento da competência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar originariamente o presente
mandado de segurança, com fundamento na letra “f” do inciso i do artigo 102 da Constituição Federal.
Suplantada essa questão preliminar, valho-me do mesmo pronunciamento para assentar que compete ao Ministério Público do
Estado da Bahia a atuação no inquérito formalizado e que tem como escopo, tão-somente, apurar o crime de roubo, pouco importando, no
caso, a origem da mercadoria roubada:
19. Assiste razão, na presente controvérsia, ao Procurador da República.
20. In casu, instaurou-se o incluso inquérito policial com o único objetivo de se apurar eventual crime de roubo, mediante
o emprego de arma de fogo, previsto no art. 157, § 2°, I, do Código Penal, perpetrado pelos indiciados JOSÉ CARLOS DA
SILVA, JOSÉ AGNALDO DA PUREZA COUTINHO E JORGE DO NASCIMENTO, no dia 29/03/2003, na cidade de Feira de
Santana/BA.
21. Conforme se depreende dos elementos probatórios coligidos, sequer chegou a se comprovar, nestes autos, a
materialidade do suposto delito de contrabando ou descaminho, previsto no art. 334 do Código Penal, e inicialmente imputado
ao indiciados.
22. Nesse sentido, em que pese a elaboração de laudo pericial pela polícia civil do Estado da Bahia, a fls. 113/114, não se
conseguiu apurar autenticidade dos selos e embalagens dos cigarros subtraídos pelos indiciados, bem como a eventual ilicitude
de seu ingresso no território nacional, eis que, no exame pericial realizado, verificou-se a ausência de material padrão para
confronto, em razão da falta de selos sobre as carteiras de cigarros (fls. 113/114).
23. Ademais, ainda que restasse comprovada nestes autos a existência material do crime de contrabando ou descaminho
(art. 334 do CP), de competência da Justiça Federal, não haveria nenhum motivo para justificar a unidade de processo e
julgamento na esfera federal, tendo em vista a inexistência de qualquer das espécies de conexão, previstas no art. 76 do Código
de Processo Penal, capazes de demonstrar algum ponto de afinidade com relação ao delito de roubo.
24. Isto porque, na hipótese, em primeiro lugar, não se poderia imputar a autoria de um eventual crime de contrabando ou
descaminho aos indiciados. É que a mercadoria alienígena pertencia à vitima do crime de roubo, e não aos imputados. Em
segundo lugar, se, realmente, crime de contrabando ou descaminho ocorreu, foi em contexto diverso, constituindo-se em infração
autônoma e sem qualquer vínculo de interligação com o delito de roubo ora investigado.
25. Nessa perspectiva, a circunstância de ter a mercadoria roubada, provavelmente, origem ilícita, foi absolutamente
casual em relação à conduta realizada pelos indiciados, não importando em qualquer ponto de afinidade, contato, aproximação
ou influência na respectiva apuração de um e outro evento criminoso.
26. Dessa forma, nem mesmo a conexão probatória ou instrumental, prevista no art. 76, III, do Código de Processo Penal,
serviria como fundamento para a unidade de processo e julgamento dos delitos em apreço na Justiça Federal.
27. A conexão probatória ou instrumental encontra seu fundamento, segundo ensina Fernando da Costa Tourinho Filho,
“na manifesta prejudicialidade homogênea que existe. Se aprova de uma infração influi na prova de outra, é evidente que deva
haver unidade de processo e julgamento, pois, do contrário, teria o Juiz de suspender o julgamento de uma, aguardando a
decisão quanto à outra.” (Processo Penal, 2° Volume, 24ª edição, revista e atualizada, São Paulo: Saraiva, 2002, página
184/185).
28. No caso dos autos, não há qualquer vínculo de interdependência entre a prova do crime de roubo e a prova de um
eventual crime de contrabando ou descaminho. É indiferente, para a comprovação do delito de roubo, a identificação, por
intermédio de exame merceológico, da origem alienígena e da introdução ilícita em território nacional da mercadoria roubada.
Não existe, nesse aspecto, nenhuma prejudicialidade homogênea entre as provas referentes a ambos os delitos, a qual poderia
sugerir a unidade de processo e julgamento do feito perante a Justiça Federal. Qualquer que seja o resultado de perícia
destinada à comprovação do crime de contrabando ou descaminho, em nada influirá na materialidade e autoria referentes ao
delito de roubo objeto desses autos.
narrado não se ajustava a nenhum modelo de lei, tratando-se de conduta atípica, estranha ao
direito penal. Dessa forma, requereu o arquivamento do inquérito policial.
Diante dessa situação, julgue os itens seguintes.

1- Caso discorde do pedido de arquivamento, o magistrado determinará a remessa dos


autos ao procurador-geral de justiça. ratificado o pedido de arquivamento, não será
ilegal a decisão do juiz de remeter o inquérito a policia judiciária para novas
diligências.
2- Se o pedido de arquivamento for deferido, não poderá a pessoa que figure como vítima
ou quem tenha qualidade para representá-la ingressar com uma queixa-crime
subsidiária, visando á propositura da ação penal, sob o pretexto de que o promotor de
justiça não ofereceu denúncia no prazo legal.
3- Se o inquérito policial estiver sendo presidido pelo genitor do indiciado, na condição de
delegado, caberá ao órgão do Ministério Público opor a suspeição da autoridade
policial.
4- Será cabível a ação penal privada subsidiária se proposta após o pedido de
arquivamento formulado pelo Ministério Público, mas antes de sua apreciação pelo juiz.
5- Aceita a ação penal privada subsidiária, o Ministério Público retornará à condição de
parte principal em caso de desídia do querelante, ou seja, quando tenha ocorrido uma
omissão caracterizada da perempção. Nesse caso, não haverá extinção da punibilidade.
(CONCURSO PARA MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS/2001-
2002)

3. Assinale a alternativa I NC O R R E T A :

a) no inquérito policial podem requerer diligências: o Ministério Público, o indiciado, o


ofendido ou seu representante legal;
b) se o Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal, permitindo o ajuizamento
de ação penal privada subsidiária, poderá o Promotor de Justiça repudiar a queixa,
oferecendo denúncia substitutiva;
c) tendo sido o arquivamento do inquérito policial efetivado por requerimento do
Promotor de Justiça e ordenamento do Juiz, pode a autoridade policial proceder a
novas investigações;
d) estando o processo ainda na fase de instrução, uma vez revogada a prisão preventiva, o
mesmo juiz não poderá decretá-la novamente;
e) o Ministério Público não é ouvido previamente para a prestação de fiança pelo infrator.

29. A propósito, verifica-se, inclusive, a instauração de inquérito pela Polícia Federal, no intuito de apurar o suposto
crime de contrabando ou descaminho ora debatido, sem que isso prejudique ou influa na instrução probatória realizada nestes
autos, referente ao crime de roubo, o que demonstra, mais uma vez, a autonomia entre os dois eventos criminosos e a distinção
entre as condutas examinadas (fls. 116 e 118).
30. Portanto, resta à Justiça Estadual da Bahia processar e julgar o crime de roubo apurado nestes autos, e, por sua vez, à
Justiça Federal a apreciação de eventual crime de contrabando ou descaminho objeto de investigação diversa.
Dirimo o conflito proclamando, portanto, a atribuição do Ministério Público do Estado da Bahia.
4. EM CADA UM DOS ITENS ABAIXO, É APRESENTADA UMA SITUAÇÃO
HIPOTÉTICA, SEGUIDA DE UMA ASSERTIVA A SER JULGADA. (Concurso para
Advogado da União, de 23.11.2002).

a) Maria ofereceu uma queixa-crime em desfavor de seu ex-namorado, João,


imputando-lhe a prática de um crime de estupro tentado. Após o recebimento da
peça acusatória pelo juiz, com a designação do interrogatório, Maria apresentou
uma renúncia expressa. Nessa situação, caberá ao juiz declarar a extinção da
punibilidade.
b) Pedro ingressou com uma ação penal privada subsidiária da pública, ante a inércia
do Ministério Público, apresentando uma queixa- crime contra Joaquim, pela
prática do crime de estelionato básico. Por ocasião da instrução criminal, Joaquim
reparou o dano causado, e Pedro concedeu o perdão, que foi aceito prontamente
pelo querelado. Nessa situação, caberá ao juiz declarar a extinção da punibilidade e
arquivar os autos.
c) Após o oferecimento de denúncia pelo órgão do Ministério Público, o juiz deixou
de recebê-la expressamente, designando a data do interrogatório e determinando a
citação do réu e a notificação do parquet. Nessa situação, em face da ausência de
recebimento expresso da denúncia, o processo, mesmo que tenha tramitado
regularmente, será nulo de pleno direito.
d) Um indivíduo, empregado de uma empresa particular, apresentou uma delatio
criminis perante o Ministério Público, noticiando a prática de crime de calúnia, por
parte de seu empregador, contra a sua pessoa. Nessa situação, o órgão do Ministério
Público poderá requisitar a instauração de inquérito policial para apurar a infração
penal.
e) Submetido a julgamento pelo tribunal do júri pela prática do crime de homicídio,
André obteve a desclassificação da infração penal e foi condenado pela prática de
crime de lesão corporal seguida de morte. A sentença penal condenatória transitou
em julgado para as partes. Nessa situação, por ser a sentença penal transitada em
julgado título executivo judicial, para a reparação do dano, os herdeiros da vítima
poderão executá- la no juízo cível contra André.

5. O INQUÉRITO POLICIAL, A CARGO DA POLÍCIA FEDERAL: (XIX Concurso


Ministério Público Federal)

(a) ( ) sempre acompanhará a denúncia ou a queixa;


(b) ( ) deve dar-se através do contraditório;
(c) ( ) não tem prazo para seu término quando solto o réu;
(d) ( ) deve ser concluído no prazo de 1 5 dias prorrogáveis por igual prazo se preso o
indiciado.

6. A PRISÃO, EM FLAGRANTE DELITO, DE UMA PESSOA, PELA POLÍCIA


FEDERAL SERÁ SEMPRE COMUNICADA: (XIX Concurso Ministério Público Federal)
(a) ( ) somente ao Juiz Federal;
(b) ( ) ao Juiz Federal e ao Procurador da República;
(c) ( ) ao Juiz de Direito e ao Promotor de Justiça local;
(d) ( ) à Justiça e ao Ministério Público.

7. O PRAZO PARA A CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE


TRÁFICO DE ENTORPECENTES, QUANDO PRESO O INDICIADO, SERÁ: (XIX
Concurso Ministério Público Federal)

(a)( ) cinco dias;


(b)( ) dez dias;
(c)( ) quinze dias;
(d)( ) quinze dias prorrogáveis por igual período.

8. EM SEDE DE INQUIRITO POLICIAL (XX Concurso Ministério Público Federal).

(a) ( ) é ilimitado o acesso do advogado aos autos do mesmo.


(b) ( ) se lastreado, unicamente, em busca e apreensão considerada ilegal aplica-se a
doutrina do fruits of the poisonous tree.
(c) ( ) o arquivamento, motivado em deficiência do quadro apuratório, rebus sic stantibus, é
definitivo.
(d) ( ) vale a afirmação de que há vícios (nulidades) procedimentais.

9. EM TEMA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL (XX Concurso Ministério Público


Federal).

(a) ( ) está a mesma monopolizada no trabalho policial.


(b) ( ) o inquérito civil público é bastante a embasar persecução criminal judicial.
(c) ( ) ainda que o inquérito civil público preencha adequadamente o fumus boni iuris a
legitimar a persecução criminal, é imperativa a formalização do procedimento criminal no
próprio Ministério Público para o ajuizamento da denúncia.
(d) ( ) cabe ao Juiz, rejeitando a denúncia, indicar os dados de investigação, ausentes na
peça acusatória, e então devolver os autos ao Ministério Público à complementação das
investigações.

10. Examine a assertiva e diga se é certa(C) ou errada(E):

Se o representante do Ministério Público, ao receber os autos de inquérito policial, requer o


arquivamento da ação, a vitima poderá oferecer queixa, dando inicio a ação penal privada
subsidiária da pública.

Acerca do inquérito policial e da ação penal privada, julgue os itens que se seguem.
11- O desconhecimento por parte do querelante de outros envolvidos na conduta tida como
delituosa na queixa-crime, impossibilitando a inclusão no pólo passivo, não ofende o
princípio da indivisibilidade da ação penal privada e, em conseqüência, não gera a extinção
da punibilidade pela renúncia tácita.
12- Arquivado o inquérito policial a requerimento do Ministério Público, devido ao fato de
as investigações não apurarem a autoria do suposto crime de ação penal pública
incondicionada, é vedado ao magistrado, com parecer contrário do parquet, de ofício,
reabri-lo e determinar novas diligências.

RESPOSTAS: 1)D; 2)ECEEC; 3)D; 4)EEEEC; 5)D; 6)D; 7)D; 8)B; 9)B; 10)E; 11)C;
12)C.

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