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O termo “lugar de fala” trata-se da concepção do dever que um indivíduo ou grupo possui acerca das

lutas sociais, de modo que seja analisado se ele é apenas um observador da causa ou se tem
participação principal no movimento em questão.
Partindo desse princípio, percebe-se a elevada importância que essas organizações têm em se
posicionar sobre os direitos, ocupar certos locais, e assim, expressar suas vivências e gerar discussões
sobre certos temas como o racismo, a transfobia ou o feminismo, consolidando produções e
epistemologias nesses espaços.
Contudo, um grande problema surge quando certas atitudes contrapõem o conceito da epistemologia
hegemônica. Principalmente nas mídias digitais, lugar em que os ativistas de manifestações do
feminismo, LGBTQI+ e dos negros utilizam seu “local de fala” de forma equivocada, restringindo esses
debates somente a sua comunidade, em vez de propor diálogos construtivos entre todos, isto é,
pessoas brancas, homens, que apesar de não possuírem protagonismo em tais causas, devem
participar de falas sobre essas pautas de extrema relevância.
Conforme dito por Djamila Ribeiro, em sua abordagem ao feminist stand point" (ponto de vista
feminista), “O lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras
perspectivas”. Esse pensamento é observado nas situações em que o mundo patriarcal e branco é
deixado de lado e o universo de negros e mulheres pretas, transexuais, entre outros, é debatido, tal
como suas dificuldades, barreiras e persistências são colocadas em pauta, uma vez que ausentes
chances de comunicações com outras esferas sociais podem ocasionar uma redução seu
conhecimento e perspectiva de mundo.
A permanência da distorção do “lugar de fala” tende a impor limites aos coadjuvantes dos
movimentos. O acontecimento no programa televisivo brasileiro “Encontro com Fátima Bernardes”,
apresentou uma coibição de aprendizado e entendimento sobre a organização feminista, nele um
homem, branco, é refutado e silenciado: “Isso que você está fazendo é mansplaining, que é o homem
explicar o feminismo para a mulher. Situações como essa interrompem a chance de diálogos e
obtenção de conhecimentos sobre os grupos minoritários, mas perseverantes na causa, além de
impedir o entendimento àqueles que ainda não têm informações necessárias de tais questões.
Enquanto somente o negro puder falar sobre racismo, o transexual acerca da transfobia e a mulher
sobre o feminismo, o compartilhamento de ideias não será feito, e o princípio maior que é o combate
ao preconceito, à discriminação, ao machismo e a tantos outros males da sociedade não terá efeito.

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