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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PROVA FINAL

Disciplina: Filosofia da Mente

Professor: Roberto Márcio Starling

Nomes:
 Douglas Felipe Gonçalves de Almeida
 Tiago José Quadros Pereira

1) Correlacione, segundo Chalmers, as afirmações:


“A consciência pode estar em todo lugar”
“(...) a diferença física que faz uma diferença no mundo é informação”
“organização funcional” se refere aos padrões físicos de causa/estímulos (input)
e efeito/comportamento (output).
A abordagem distinta de David Chalmers em relação à mente e à consciência
oferece uma visão provocadora que desafia as tentativas convencionais de reduzir
fenômenos mentais a meros processos físicos ou funcionais. Chalmers não apenas
destaca a organização funcional como explicativa para grande parte da cognição, mas
vai além, argumentando que a consciência permanece como uma propriedade
irreduzível. Nesse contexto, o filósofo australiano fundamenta sua perspectiva na
distinção entre dualismo e monismo na filosofia da mente, apontando para as limitações
inerentes das abordagens materialistas, funcionalistas e fisicalistas tradicionais.
Ao explorar a inadequação das explicações exclusivamente físicas ou funcionais
da mente, Chalmers propõe uma síntese original entre o funcionalismo e o dualismo de
propriedade. Sua argumentação sugere que a consciência é uma realidade não funcional,
coexistindo intricadamente com a organização funcional dos estados mentais não
conscientes. A expressão “a consciência pode estar em todo lugar” ressalta a visão
inovadora de Chalmers de que a consciência transcende limites, não se confinando a
uma localização específica no cérebro ou em qualquer sistema particular, mas sim,
sendo uma propriedade distribuída por todo o universo. Essa perspectiva revela o
panpsiquismo de Chalmers, indicando a possibilidade de a consciência estar presente
nos níveis mais fundamentais da realidade.
Ao afirmar que a diferença física – que efetua uma mudança no mundo – é
informação, Chalmers reconhece a importância crucial da organização funcional na
explicação de vários aspectos da mente. Contudo, ele enfatiza que a consciência
transcende essa análise funcional. Nessa perspectiva, ele explora a intricada relação
entre organização funcional e consciência, sugerindo que a organização funcional está
intrinsecamente vinculada aos padrões físicos de causa e efeito que podem estar
associados à consciência. A organização funcional, compreendida como padrões físicos
de causa/estímulos (input) e efeito/comportamento (output), destaca a abordagem de
Chalmers em sua análise da consciência em relação à informação e organização
funcional. Ele vai além ao afirmar que a consciência não é exclusiva dos seres humanos,
podendo também estar presente em sistemas não humanos, enquanto a informação
permeia todas as interações físicas que causam mudanças no mundo. Ademais,
Chalmers sugere que a organização funcional está intrinsecamente ligada à consciência,
ampliando a possibilidade de explicação da consciência em termos de padrões físicos de
causa e efeito.
Finalmente, ao introduzir o conceito de “pampsiquismo”, Chalmers não apenas
sugere, mas fundamenta a ideia de que a consciência é uma propriedade inerente ao
universo, manifestando-se em todos os lugares e em todos os níveis. Essa proposição
implica uma reconsideração profunda da relação entre mente e cosmos, representando
uma ruptura fundamental com as abordagens tradicionais que buscam reduzir a mente a
processos físicos ou funcionais específicos. A visão de Chalmers, ao ampliar a
compreensão da consciência, não apenas desafia, mas transforma os paradigmas
estabelecidos na filosofia da mente.
2) Comente a seguinte passagen de Ramachandran ao discorrer sobre a individualidade
conceitual e social: " uma das características do sitema de auto representação é que a
pessoa vai confabular para tentar encobrir os déficits nele existentes. Os principais
objetivos deste modo de agir, como vimos no Capítulo 7, são impedir a constante
indecisão e conferir estabilidade ao comportamento."
Antes de mais nada, cabe ressaltar e lembrar que o lado esquerdo do cérebro
controla o lado direito do corpo (e vice-versa). Esse lado, propõe Ramachandran, tem a
tarefa de criar um sistema de crença, um modelo da realidade no qual se esforça por
encaixar as novas experiências. Enquanto isso, o outro lado permanece atento às
anomalias que não se encaixam no modelo. Caricaturando um pouco, o hemisfério
esquerdo é o general conservador aferrado ao status quo, que nega ou minimiza o que
não se encaixa em sua visão de mundo. O contestador esquerdista é o hemisfério direito
que, como Advogado do Diabo, chama a atenção para as falhas do modelo e força a
busca de alternativas.
Nos casos de negação, a crítica do lado contestador é sufocada pelo derrame e o
lado conservador pode desenvolver sua lógica, divagar sem limites sobre suas ilusões e
ignorar os fatos que contrariam suas expectativas. Já os que tiveram o lado conservador
danificado podem perder os mecanismos freudianos de defesa. Toda perturbação coloca
em dúvida sua visão do mundo e de si próprios. Para seguir ao fulcral da questão,
precisa-se saber que no texto está abordado a relação entre a auto-sugestão e a negação
em pacientes com síndrome de negação, explorando a questão de se esses pacientes
podem estar cientes de seus déficits quando não estão sendo observados. O autor
conclui mencionando a complexidade e o enigma da natureza do eu e da
individualidade, destacando que questões como essas são fundamentais para a
compreensão científica e filosófica.
Assim, considerado as discussões feitas em aulas, o texto em si e, inclusive, a
apresentação de trabalho feita pelo grupo que compomos cujo teor abordado foi
especificamente a questão aqui posta, com a breve elucidação geral logo acima, temos
que essa passagem de Ramachandran foca e destaca uma característica singular do
sistema de auto representação humano, enfocando a propensão das pessoas em
confabular para encobrir déficits nesse sistema. A confabulação, ou a criação
inconsciente de histórias ou explicações falsas para preencher as lacunas na memória ou
na compreensão, é apresentada como uma estratégia utilizada pelo cérebro para
autopreservação. Ao encobrir déficits, a pessoa busca manter uma imagem coerente de
si mesma, evitando a constante indecisão que poderia surgir ao confrontar falhas na
representação interna.
Ramachandran sugere que a confabulação serve para conferir estabilidade ao
comportamento. Isso implica que a criação de narrativas coesas, mesmo que sejam
fictícias, pode ajudar a manter uma sensação de continuidade e coerência na
autoimagem e no comportamento. Isso pode ser crucial para a adaptação social e para
lidar com as demandas da vida cotidiana. Concluímos que a ideia de confabulação, que
comentamos, faz-se a encobrir déficits na auto representação e mostra a interseção entre
a individualidade conceitual (como uma pessoa se percebe internamente) e a dimensão
social (como ela é percebida pelos outros).

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