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Gabriel Henrique Teixeira Caldas

A MORTE COMO UM CHAMADO ÉTICO:


Uma análise Lévinasiana

Projeto de Pesquisa apresentado à Faculdade de


São Bento do Rio de Janeiro (FSBRJ), como um
dos requisitos para a obtenção do grau de
bacharel em Filosofia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lucia Cavalcante Reis


Arruda

RIO DE JANEIRO
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3-4

2 REFERENCIAL TEÓRICO 5

3 METODOLOGIA 6

REFERÊNCIAS 7
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1 INTRODUÇÃO

A morte é um fenômeno universal que permeia a existência humana e tem sido


objeto de reflexão e questionamento ao longo da história. A partir disso, diferentes tradições
filosóficas, culturais e religiosas abordaram e ainda abordam a morte de maneiras distintas,
buscando compreender seu significado e impacto na vida humana, levantando questões
sobre a natureza da existência, o significado da vida, sua repercussão social na vida dos
outros e o mistério de uma possível vida póstuma, “Na impossibilidade de conhecer o após a
minha morte reside a essência do instante supremo” (LÉVINAS, 1980, p. 213).
Mediante o exposto, vemos que a morte é um tema que desperta profunda reflexão e
inquietação em nossa existência. Ao nos depararmos com a finitude da vida, somos
confrontados com questões fundamentais sobre o sentido, a responsabilidade e a ética.
Nesse contexto, para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre o assunto proposto e nos
comprometer com reflexões de cunho filosófico, abordaremos o fenômeno da morte através
dos olhares e discussões do filósofo judeu Emmanuel Lévinas em sua obra Totalidade e
Infinito que, embora não seja o tema central de sua filosofia, oferece uma perspectiva única
e desafiadora ao examinar a morte como um chamado ético que nos convoca a repensar
nossa relação com o outro e assumir a responsabilidade diante da finitude, ela que é tida
como “o absolutamente incognoscível” (POIRIÉ, 2007, p. 33).
Emmanuel Lévinas, filósofo francês do século XX, desenvolveu um pensamento
marcado pela centralidade da alteridade e da ética, que é vista como filosofia primeira,
“antes e para além da ontologia” (DERRIDA, 2008, p. 19), implicando assim, uma mudança
de perspectiva na tradição filosófica. Para ele, a morte não é apenas um evento pessoal, mas
uma experiência que nos coloca em contato com a presença singular e vulnerável do outro,
“ela não anula sua responsabilidade-para-com-outrem” (POIRIÉ, 2007, p. 33). Nesse
contexto, a morte se revela como um chamado ético, uma oportunidade para reconhecermos
a importância da alteridade e a responsabilidade que devemos ter em relação ao próximo.
A obra Totalidade e Infinito, que desempenha um papel fundamental neste trabalho,
servirá como base para explorar o tema da morte com relação à ética, assim como as demais
obras: Entre nós – ensaios sobre a alteridade, A morte e o tempo, Deus, a morte e o tempo e
O tempo e o outro. Além dessas obras, também será importante contar com o auxílio de
comentadores especializados, como: Jacques Derrida, François Poirié, Rogério Martins etc.
Será também buscando o apoio em teses e trabalhos científicos que, proporcionarão uma
fundamentação sólida e enriquecedora na elaboração deste texto monográfico.
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Assim sendo, buscar-se-á esclarecer a seguinte problemática, como podemos


compreender a morte como um chamado ético, segundo a filosofia de Emmanuel Lévinas?
E, como a experiência da morte nos leva a transcender nosso “eu” egoísta e reconhecer a
importância da ética da alteridade? Com isso, esta pesquisa monográfica terá como objetivo
geral explorar acerca do tema da morte como um chamado ético, através da perspectiva
Lévinasiana, analisando como ela se relaciona com a responsabilidade ética e a alteridade,
que nos convida a sair do eu centrado em si mesmo e a considerar as demandas do outro em
sua singularidade. Para tanto, como objetivos específicos, será necessário compreender as
principais ideias e conceitos do filósofo sobre: a ética do rosto do outro, a responsabilidade
infinita e a relação com a finitude.
Por fim, para a elaboração desta dissertação monográfica, percorremos um itinerário
que irá se desenvolver em três capítulos, a saber: o primeiro será abordado uma
compreensão geral do pensamento lévinasiano acerca da ética. No segundo, chamaremos
atenção sobre a visão da morte e da finitude humana na filosofia de Lévinas e, por fim, no
terceiro, a morte como um convite à vivência dessa ética da alteridade.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A discussão sobre a morte e a ética sempre foi relevante, porém, nos dias de hoje,
com o progresso das ciências, o aumento do individualismo e a crescente indiferença em
relação ao próximo, essas temáticas se tornaram ainda mais prementes, sobretudo com os
últimos anos que passamos com o aparecimento de uma nova Pandemia, a Covid-19, onde
milhares de vidas foram perdidas, e pudemos ver a indiferença com essas mortes por conta de
alguns governos e pessoas que não acreditavam nos casos.
Ao longo da história da filosofia, desde os tempos de Platão até os dias atuais,
encontramos uma tradição rica em teorias e reflexões sobre a morte, um assunto
simultaneamente assustador e intrigante. Deste modo, no contexto contemporâneo, há um
interesse crescente pelo estudo desse tema, mas também a comunhão desta com a ética e a
responsabilidade em relação ao outro. Dentro do vasto campo de pensadores contemporâneos,
a abordagem Lévinasiana da morte como um chamado ético traz contribuições para essa
pesquisa.
Através deste, será possível compreender como a morte não é apenas um evento
existencial e biológica, mas a oportunidade de um chamado ético que nos convoca a assumir a
responsabilidade para com o outro. Ele que teve uma profunda experiência durante a Segunda
Guerra Mundial, onde serviu no exército francês e feito prisioneiro pelos alemães, influenciou
profundamente sua visão filosófica, levando-o a refletir sobre questões de violência, opressão
e relação do sujeito como “Outro” (MARTINS, 2014).
Em suma, a presente pesquisa permitirá explorar e analisar como a filosofia de
Emmanuel Lévinas pode contribuir para a reflexão ética contemporânea, especialmente no
que diz respeito à nossa relação com a morte pessoal e a de outrem, pois “essa
responsabilidade pela morte de outrem, é significância irredutível a tal ponto que é a partir
dela que o sentido da morte deve ser entendido” (LÉVINAS, 2002, p. 2016). Além disso,
investigar as ideias de Lévinas sobre a morte como uma convocação ética permite ampliar o
debate sobre o significado da vida humana, a importância da alteridade e a necessidade de
uma ética baseada na responsabilidade pelo outro. Dessa forma, a morte revela nossa finitude,
sempre através da experiência de morte do outro, pois “minha morte é um acontecimento do
qual eu não participarei” (POIRIÉ, 2007, p. 33), e nos confronta com a necessidade de adotar
uma postura ética que deve colocar o cuidado e a responsabilidade pelo outro no centro de
nossas vidas.
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3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para a elaboração desta pesquisa monográfica será o método


dedutivo, que se baseia em um processo de raciocínio lógico partindo de princípios gerais
para chegar às conclusões que serão apresentadas neste trabalho acadêmico, a morte como um
chamado ético na filosofia Lévinasiana. Serão conduzidas pesquisas bibliográficas, artigos
científicos, teses monográficas e doutorais, assim como serão explorados recursos
secundários, como vídeos e revistas científicas, que podem fornecer contribuições adicionais,
embora não sejam considerados indispensáveis.

Ano 2023
Meses Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Levantamento
X X X
Bibliográfico
Revisão do
X X X
material
Leitura e
X X X X
fichamento
Entrega do
X
projeto
Redação do
X X
Capítulo I
Redação do
X X
Capítulo II
Redação do
X X
Capítulo III
Introdução e
X X
Conclusão
Revisão X
Entrega da
X
Monografia
7

REFERÊNCIAS

DERRIDA, Jacques. Adeus a Emmanuel Lévinas. São Paulo: Perspectiva, 2008.

LÉVINAS, Emmanuel. De Deus que vem à idéia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Lisboa: Edições 70, 1980.

MARTINS, Rogério Jolins. Introdução a Lévinas: pensar a ética no século XXI. São Paulo:
Paulus, 2014.

POIRIÉ, François. Emmanuel Lévinas: ensaios e entrevistas. São Paulo: Perspectiva, 2007.

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