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a – Fibras vegetais
A celulose é um carboidrato constituído por uma cadeia linear formada por
condensação de mais de 3 mil unidades de “β-glicose” (C 6H10O5). Dizemos que esta estrutura
celulósica é um polímero, onde o motivo base ou monômero, é repetido grande número de
vezes. O número de repetições é chamado GRAU DE POLIMERIZAÇÃO (G.P.). O grau de
polimerização da celulose é dependente da fonte de extração da mesma, bem como dos
processos de purificação e beneficiamento a que será submetida durante todo o
processamento industrial até o uso final como material têxtil.
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Figura 3: Representação esquemática dos arranjos moleculares em uma fibra
A existência de regiões cristalinas e amorfas na estrutura das fibras produz diferentes
comportamentos físicos entre as diferentes fibras, mas também, cada região é responsável por
diferentes propriedades em uma mesma fibra.
No caso da celulose, quanto mais alinhadas estiverem as moléculas em relação ao eixo
longitudinal, maior será a resistência da fibra, isto acontece pois, existe um maior número de
moléculas aptas a suportar o esforço de tração.
A absorção de água é um fenômeno comandado pelas regiões amorfas, isto porque
dificilmente as moléculas de água conseguem romper o grande número de ligações das
regiões cristalinas para penetrá-las. A água irá penetrar nas regiões amorfas, onde as
moléculas estão orientadas ao acaso e existem menos ligações entre as macromoléculas, ou
seja, mais espaços vazios.
b - Extração das fibras vegetais
Os processos de extração das fibras vegetais podem ser agrupados em mecânicos,
biológicos e mistos. Após a extração a fibra deverá ser preparada para a utilização industrial.
Os processos mecânicos são: descaroçamento (descaroçadores), desfibragem (manual e
mecânica) e lavagem. Os processos biológicos e químicos são: macerações e tratamentos
químicos (desengomagem). Os mistos são: maceração e desfibragem mecânica.
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Carneiro Lã WO
Cabra angora Mohair WM
Animais Cabra cachemere Cachemere WK
(Protéicas) Coelho angora Angora WA
Coelho Pelo de coelho WE
Bombix mori Seda S
(bicho da seda)
Minerais Rochas Amianto A
Rayon viscose CV
Regeneradas/ Modal e (Tencel) CM e (CLY)
Artificiais Celulose Cupro CC
vegetal Polpa de madeira Acetato CA
Triacetato CT
Poliéster PES
Sintéticas Matérias primas Poliamidas PA
Petróleo sintetizadas Poliacrílicas PAN
Elastanos EL
Polipropileno PP
Tabela 3: Classificação das fibras
Breve histórico
A maioria das fontes indica que a mais importante das fibras têxteis seja originária da
Índia. Textos chineses datados de 2.200a.C, fazem referência a tecidos de algodão. No Egito,
onde se desenvolveram as espécies produtoras de fibras mais longas, existem evidências de
sua utilização antes do linho. No museu têxtil de Lyon (França) encontram-se tecidos muito
finos de algodão, que envolviam múmias da XVIII dinastia (1570 a.C).
As expedições de Alexandre Magno (356-326 a.C) levaram a fibra para a Grécia e a
ocupação árabe da Europa entre os séc. IX e X introduziu a fibra na Espanha (Valencia) e na
Itália (Sicília), com sementes provenientes da Síria. As campanhas das cruzadas entre os séc.
XI e XIII auxiliaram na disseminação da fibra pelo continente europeu.
Na América, o cultivo teve início no México e Peru, onde Cristovão Colombo
encontrou vastas plantações. Na América do Norte, o cultivo teve início no século XVII, onde
teve grande impulso pelo desenvolvimento da máquina de descaroçamento do algodão, criada
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em 1791 por Eli Whitney na Georgia, o que liberou a mão de obra escrava para a expansão
da agricultura. Em 1871 foi criada a primeira bolsa para o comércio de algodão em New
Orleans.
Devido a suas excepcionais características, permitindo seu emprego numa vasta gama
de aplicações, o algodão no final do século XIX já dominava por completo o mercado têxtil
mundial, com uma participação de 80%.
Com o desenvolvimento das fibras químicas, sua participação vem decrescendo, mas
ainda continua majoritária, atualmente em torno de 60% no mercado de vestuário.
Fluxograma de obtenção
O algodão deve ser colhido logo depois da abertura da cápsula para prevenir que as
fibras se descorem e sujem pela ação do sol e das intempéries. Por outro lado, os capulhos das
partes inferiores da planta se desenvolvem antes dos outros e por causa deste
desenvolvimento desigual é necessário ir ao campo para colheita mais vezes a fim de retirar
da planta só o algodão maduro. O algodão pode ser colhido de duas maneiras; com emprego
de máquinas ou manualmente. A figura 4 apresenta a seqüência de operações para a
preparação do algodão para a utilização industrial.
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Secagem do algodão: por diversos motivos como chuva, orvalho, método de colheita, ou
ainda devido ao fato do algodão ser colhido verde, o descaroçamento se torna difícil. Para se
ter um bom descaroçamento, o teor de umidade do algodão deve ser baixo, não exercendo os
7%. A alta umidade dificulta a limpeza e contribui sensivelmente para formar NEPS.
Descaroçamento: A função do descaroçamento é remover o algodão das sementes (caroço).
Depois de completada a separação o algodão é enfardado e as sementes têm como destino as
fábricas de óleo.
LÚMEN
a – Cutícula
É a parte mais externa da fibra e constitui uma camada de proteção, fina e resistente.
Nela são encontradas substâncias pécticas e microscópicas deposições de cera da ordem de
0,4% a 0,8% do peso total da fibra.
b – Parede primária
É constituída por celulose, que aparece no estado desorientado e formando uma rede de
fibrilas. A forma cristalina também é observada. A direção das fibrilas, seu maior ou menor
paralelismo e aproximação afetam profundamente a resistência da fibra.
c – Parede secundária
A parede secundária localiza-se abaixo da parede primária, representando a maior parte
da espessura desta. É constituída de várias camadas concêntricas de celulose quase, na forma
de fibrilas cristalinas aglomeradas em espirais, cujo sentido muda ao longo de uma mesma fi-
bra. Da sua natureza dependem fundamentalmente a resistência e a maturidade da fibra.
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d - Lúmen
É o canal central da fibra. De seção circular durante a formação desta, passa a ter con-
torno irregular após o processo de desidratação do algodão. Contém resíduo protéico do pro-
toplasma da célula que originou a fibra.
Morfologia
A forma da fibra de algodão está ilustrada na figura 6, a fibra mostra-se como uma fita
torcida sobre si mesma e dotada de um canal interno oco chamado lúmen.
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dependem da variedade do algodão. Assim ilustrativamente, pode-se observar na tabela 4 que
quanto maior for o comprimento da fibra, mais fina ela será e maior será o número de
torções.
Observando a tabela 4, pode-se concluir que quanto mais fino for o diâmetro da fibra,
mais flexível será a fibra, e como conseqüência mais maleável será o fio e também o tecido.
Logo, o toque do artigo final será mais suave.
As fibras de algodão não são do mesmo tamanho, ou seja, há diferenças grandes de
comprimento por melhor que seja o algodão. A figura 8 ilustra exemplos de diagramas de
comprimento destas fibras.
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A maturidade representa a espessura da parede da fibra. As seções transversais das
fibras maduras, imaturas e do algodão morto, vistas ao microscópio, estão ilustradas na
próxima figura.
As fibras imaturas, apresentam parede celular delgada e as torções são poucas ou muito
irregulares e concentradas em curtos segmentos. O algodão morto é o nome dado às fibras
que morreram antes de desenvolver o comprimento característico da espécie. A parede celular
é muito fina e praticamente não possui torções. Nos fios de algodão a presença maior ou
menor destas fibras imaturas e mortas é causa de diversos defeitos que prejudicam a
qualidade dos artigos confeccionados.
A fibra de algodão possui propriedades tais que, pode ser considerada como a fibra
natural de maior utilidade. As propriedades favoráveis combinadas com seu baixo custo
fazem com que possam ser convenientemente empregadas em múltiplas aplicações. O seu uso
tem uma abrangência que cobre as várias aplicações destinadas ao vestuário até os tecidos
industriais.
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será o atrito a ser vencido para desencaixar estas fibras e romper o fio. Portanto, fibras mais
longas resultam em fios mais resistentes.
A linha transversal desenhada na figura 9 mostra o caminho necessário para o
desencaixe das fibras nos dois casos.
No caso do fio de algodão que não é formado de fibras de mesmo comprimento, e sim
de fibras de tamanhos diferentes, percebe-se logo que quanto maiores forem às diferenças de
comprimento, mais fraco será o fio, pois as fibras curtas, no meio das fibras longas no fio,
impedirão que a área de contato entre elas seja grande. A figura 10 ilustra esta situação.
Figura 10: Fio com fibras regulares e fio com fibras irregulares
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Figura 11: Seção transversal de fios finos e grossos
Se no caso do algodão as fibras longas também forem as mais finas, então por dois
motivos o fio é mais resistente.
Resumindo a questão das características das fibras de algodão percebemos o quanto
estas influenciam na resistência do fio, na sua elasticidade e maleabilidade. Já o fio irá
influenciar no toque, no caimento, na resistência, na elasticidade etc. do artigo final.
Não devemos no entanto pré estabelecer que as fibras melhores são sempre as mais finas
e longas.
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Tipo: será representado por códigos compostos por dois dígitos que corresponderão à cor das
fibras, à presença de folhas (impurezas) e ao modo de preparação (beneficiamento) do
produto.
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Grau da folha: será determinado por meio de códigos que referem-se à quantidade de
impureza que está dentro das escala representada por um jogo de amostras dos Padrões
Físicos Universais
Comprimento de fibras: será designado por um Código Universal que expressará sua medida
relacionada com as medidas em polegadas que usadas internacionalmente
Fora de padrão: será considerado Fora de Padrão o algodão que for classificado com os tipos
de códigos: 81, 82, 83, 84 e 85.
Algodão colorido
O algodão colorido foi desenvolvido pelos incas e astecas há 4500 a.C. e por outros povos
antigos das Américas, África e Austrália. Possui na maioria dessas espécies primitivas, fibras
na tonalidade marrom, porém já foram descritos algodões coloridos nas tonalidades verde,
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amarela, azul e cinza. No Brasil, foram coletadas plantas de algodoeiros asselvajados, nas
tonalidades creme e marrom, em misturas com algodoeiros brancos cultivados, conhecidos
como algodões arbóreos.
A herança da coloração da fibra normalmente é controlada por um gene dominante, mas com
alelos em locus diferentes. Algumas tonalidades de cores são fortemente influenciadas pelo
ambiente (luz solar, tipo de solo, ano). Entre as tonalidades de cores, a verde é a mais
influenciada pelo ambiente, enquanto a creme e a marrom são as mais estáveis.
Esses algodões foram, por longos períodos, descartados pela indústria têxtil mundial e até
mesmo foi proibida sua exploração em vários países por serem considerados como
contaminação indesejável dos algodões de tonalidade branca normal. No Brasil, a partir de
1989, foi iniciado o trabalho de melhoramento genético, após uma visita de empresários
têxteis japoneses, que demonstraram interesse em adquirir este tipo de fibra.
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São fibras extraídas dos caules. A matéria-prima de que são constituídas é também,
como no algodão, celulose na sua maior parte. O linho é considerado uma fibra liberiana por
ter atuação no vegetal como condutor da seiva e não como elemento estrutural do caule. É
dita também fibra macia.
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O linho é pouco utilizado nos artigos têxteis atuais. Os métodos de produção são
laboriosos e custosos, de tal forma que, seu uso se reserva a artigos de maior preço. O linho é
utilizado em artigos de alta qualidade tais como: vestuários finos, toalhas, lençol, etc.
Considerando-se a sua grande resistência dinamométrica, utiliza-se também na
fabricação de telas para velas de barcos e lonas de alta resistência.
Morfologia
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de linho.
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Vista longitudinal Corte transversal
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de rami.
As fibras de linho e rami são usadas em vestidos, conjuntos, tecidos planos geralmente
para ternos, calças, blazers masculinos e casacos, etc. femininos com fios 100% ou em
misturas principalmente com poliéster. Há também especialidades como meias masculinas,
lençóis, etc.
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As fibras comerciais tanto de linho como as de rami são constituídas de várias fibras
elementares. As de rami têm 60 a 150 mm de comprimento e um diâmetro médio de 20 a 40
µm (0,020 a 0,040 mm). As de linho têm aproximadamente 25 mm de comprimento menor, e
diâmetro médio da ordem de 19-25 µm.
1.7 Fibras de Lã
Cresce na pele de animais vertebrados, CARNEIRO, camelo, angorá, cashemire, alpaca,
lhama, vicunha...
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Morfologia
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de lã.
O corte transversal das fibras de lã revela que estas são elípticas. Em geral as fibras mais finas
(merino) e algumas ligeiramente mais grossas (cruzas).
As fibras merino mais finas tem por exemplo um comprimento de 55 a 60mm e uma finura
de 17 a 18 µm. O mícron metro (µm) é a milésima parte do milímetro.
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Morfologia
A seda é produzida a partir da excreção do bicho da seda (Bombix – Mori). No seu ciclo de
vida, da larva à borboleta, forma o casulo, que é um invólucro oval formado de dois
filamentos de seda na qual a larva se encerra para sofrer a sua metamorfose.
O fio de seda retirado por desenrolamento do casulo, antes que a larva o perfure, é constituído
de dois filamentos de aproximadamente 1 denier cada e com comprimento variando de 800 a
1000 m.
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras da seda.
A seção transversal dos filamentos é triangular, o que dá aos mesmos um grande brilho.
O emprego da seda pode ser muito variado, porém sempre em produtos de alta
qualidade. Como exemplos, temos os tecidos para blusas femininas, camisas, gravatas, xales,
lenços, etc.
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O rayon viscose é uma fibra celulósica transformada quimicamente. Por causa destas
modificações a fibra é mais fraca e delicada e absorve mais umidade do que as outras fibras
celulósicas como o algodão o linho e o rami.
Pode-se produzir fios contínuos multifilamentos que são chamados simplesmente de Rayon
(uma alusão à continuidade do raio), ou fibras cortadas, que recebem o nome de viscose ou
fiocco viscose.
Morfologia
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de viscose.
Tanto o rayon viscose como a viscose em seção transversal, mostram uma superfície irregular
chamada de “serrada” que aparece longitudinalmente como estrias.
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Efeito de brilho causado pela seção transversal do rayon viscose
Os filamentos de rayon viscose podem ser produzidos opacos e de tom fosco, semi opacos ou
ainda brilhantes e relativamente transparentes, dependendo dos aditivos na fabricação. Com
isso, estes fios podem atender a diversas aplicações mencionadas e aos vários requisitos que a
moda impõe.
Os fios multifilamentos são mais e mais usados apenas em artigos de moda feminina como
vestidos, saias blusas e para camisaria com tecidos como a javanesa. As fibras cortadas são
usadas na fabricação de fios fiados ou em mistura com poliéster para diversas aplicações de
vestuário feminino e em misturas para camisaria e calças masculinas.
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de liocel.
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Vista longitudinal Corte transversal
As fibras de liocel são fibras celulósicas também, porém o processo de fabricação difere
muito daquele do rayon viscose entre outras coisas por ser ecologicamente correto. Esta fibra
apresenta-se com seção redonda e em tom opaco e pouco brilhante ao contrário do rayon.
O Tencel é fruto de muitos anos de pesquisa, onde o desafio maior era obter um solvente não
tóxico e ecologicamente correto para a celulose, recuperável e economicamente viável.
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Morfologia
A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de poliéster.
As fibras de poliéster podem ter seção transversal diferenciada como a trilobal, muito comum
no mercado. Estas fibras com seção trilobada são mais brilhantes pelo efeito de espelho
côncavo similar ao do rayon viscose.
Outras seções transversais de fibras de poliéster tem outros objetivos, como é o caso da marca
CoolMaX da Invista, que devido à seção transversal perfilada produz um efeito capilar
intenso o conduz rapidamente a umidade e suor, evitando assim que o corpo fique molhado.
A próxima figura mostra a seção transversal desta fibra
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Seção transversal da fibra Coolmax®
As aplicações do poliéster são inúmeras, sendo para as fibras cortadas, freqüente a mistura
poliéster/algodão e poliéster/viscose nas proporções 67/33% e 50/50% para diversas
aplicações de vestuário.
Morfologia
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A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras da poliamida.
Através do uso ou não de aditivos os filamentos podem ser brilhantes, semi opacos ou opacos
para atender às diversas aplicações e efeitos solicitados pela moda.
Morfologia
As fibras acrílicas são fibras sintéticas que podem ser fiadas a seco ou a úmido.
É interessante notar o fato que as fibras acrílicas possuem, pelo seu processo de fabricação,
micro fissuras distribuídas aleatoriamente na superfície da fibra e são justamente estas
fissuras as responsáveis pela capacidade de isolação térmica. Nas fibras de lã o ar retido,
devido a presença de escamas, o responsável pela ótima isolação térmica da fibra.
As fibras acrílicas, ao contrário das fibras de poliéster são sempre muito diferentes entre as
várias marcas.
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A figura abaixo mostra a vista longitudinal e o corte transversal das fibras de acrílico
Acrilan®.
As fibras de poliuretano também chamadas de elastanos são fios multifilamentos têxteis, que
aos olhos aparecem como fio monofilamento, pois os filamentos estão colados entre si. Estes
fios são muito elásticos e tem comportamento similar ao da borracha natural (látex), com a
vantagem de poderem ser muito mais finos.
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Morfologia
As fibras de Lurex são usadas unicamente como adorno e a aplicação depende muito das
tendências da moda feminina. Aparecem mais freqüentemente em tecidos planos para paletós,
vestidos de noite, lenços de cabeça, etc.
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