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Esta seleção

de textos foi pensada para


acompanhá-lo ao longo do ano.
São histórias, fábulas, poesias, adivinhas,
contos, lendas — estilos diversos de texto, escritos
por autores diferentes, que vieram de lugares
diferentes. Todos os textos estão acompanhados
de lindas ilustrações, que você também
vai poder apreciar.
Este Meu Livro de Histórias é seu, para uma
leitura prazerosa pessoal ou para que alguém
leia alguma das histórias para você.
Deixe que esses autores e suas histórias
encantadoras façam parte de sua vida
e imaginação.

2o ano

Meu livro - 2.indd 2-3 21/7/09 9:58:12 AM


Este material é parte integrante do livro Projeto Descobrir 2o ano . Não pode ser vendido separadamente.

2 0
ANO

ESTE LIVRO PERTENCE A:

1a edição – São Paulo, 2009


3a reimpressão

Miolo-PD-Port2-Meu livro de hist.indd 1 6/17/10 10:57 AM


Gerente editorial: Lauri Cericato
Editora: Rubette R. dos Santos
Editoras assistentes: Debora Missias / Érica Lamas / Andrea De Marco
Revisão: Pedro Cunha Jr. (coord.) / Lilian Semenichin / Renata Fontes
Licenciamento de textos: Stephanie S. Martini
Colaboradores
Seleção de textos: Marta Ferraz e Paula Junqueira
Assistência editorial: Fábio Nunes Tomaz Garcia / Camila Marques / Suria Scapin

Gerente de arte: Nair de Medeiros Barbosa


Projeto gráfico e diagramação: Hamilton Olivieri
Capa: Cristina Nogueira da Silva
Assistente de produção: Grace Alves

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Central de atendimento ao professor: (0xx11) 3613-3030

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
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Sumário
As doze princesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Conto de fadas

O soldadinho de chumbo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Conto clássico – Hans Christian Andersen

Siripita, o rei dos insetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13


Conto boliviano – Rogério Andrade Barbosa

Os amigos e o urso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Fábula – Esopo

O jacaré e a lagartixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Poesia – Alexandre Azevedo

Brincadeiras das crianças indígenas . . . . . . . . . . . . . . . . . 20


Informativo – Daniel Munduruku

Adivinhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Adivinha – Amir Piedade

Ditados populares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Parlenda – César Obeid

A casa que Pedro fez. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26


Conto popular cumulativo

Como antes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Trava-língua – Maurício Veneza

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

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PB
Ilustradores
Mariângela Haddad – As doze princesas
Márcia Széliga – O soldadinho de chumbo
Orlando – Siripita, o rei dos insetos
Faoza – O Amigo Urso
Mariângela Haddad – O jacaré e a lagartixa
Cecília Iwashita – Brincadeiras das crianças Indígenas
Camila de Godoy – Adivinhas
Camila de Godoy – Ditados populares
Biry Sarquis – A casa que Pedro fez
Faoza – Como antes

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As doze princesas
Recontado por Tânia Alexandre Martinelli
Conto de fadas

ontam que num castelo distante havia um rei que morava


com suas doze belíssimas filhas. Elas dormiam todas no mesmo
quarto, cada qual em sua cama.
Havia algum tempo, um grande mistério estava deixando
o rei bastante intrigado. É que, pela manhã, as solas dos sapatos
das princesas estavam tão gastas que parecia que elas tinham
dançado a noite inteira. Mas como isso seria possível se quando
as doze princesas iam dormir a porta do quarto era trancada à
chave, pelo lado de fora?
Foi então que o rei teve uma ideia luminosa: ofereceria a mão
de uma de suas filhas em casamento se algum homem conseguisse
desvendar esse mistério. Entretanto, caso isso não acontecesse após
três noites, ele seria condenado à morte.
Logo que a notícia se espalhou pelo reino, um príncipe
chegou ao castelo, dizendo-se disposto para a tarefa. Ao anoitecer,
ele foi levado a um quarto próximo ao das princesas. Ele deveria
ficar muito bem acordado, observando tudo, ouvindo os menores
ruídos. Nenhum detalhe poderia passar despercebido. Nenhum.
Mas, infelizmente, o plano não deu certo. O príncipe logo
adormeceu e não conseguiu descobrir absolutamente nada.
O mesmo se repetiu na segunda noite e na terceira. Um fracasso.
Furioso, o rei mandou matá-lo. Todos os homens que se
aventuravam no castelo do rei tinham o mesmo final trágico.
5
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Caminhando pela redondeza, vinha um ex-soldado de guerra.
Devido a tantos ferimentos, ele não podia mais lutar e por isso
andava pela floresta sem um rumo definido. Já cansado da
caminhada, acabou encontrando uma velha senhora:
— Para onde vai, meu filho? — ela lhe perguntou,
amavelmente.
— Não sei. Estou sem destino. Mas ouvi dizer que um rei
daria a mão de uma de suas filhas em casamento a quem
descobrisse um segredo… Talvez eu possa tentar e, quem sabe,
me tornar um rico fidalgo ou até mesmo um rei.
— Pois bem, se é isso o que deseja, devo lhe dar um conselho:
não beba o vinho que uma das princesas lhe oferecer, pois ele
contém um poderoso sonífero. — E, estendendo-lhe um manto
mágico, continuou: — Leve este manto com você. Ele o tornará
invisível assim que o vestir. Desse modo, poderá seguir as princesas
e descobrir o segredo.
O rapaz agradeceu à misteriosa senhora e partiu. Chegando
ao castelo, falou de suas intenções ao rei. Foi muito bem recebido
e tão logo anoiteceu foi levado ao mesmo aposento onde estiveram
antes muitos dorminhocos.
Pouco depois, a princesa mais velha levou-lhe uma taça de
vinho. Grato pela gentileza, o ex-soldado aceitou a bebida. Porém,
sem que a moça percebesse, jogou fora todo o conteúdo e,
instantes depois, fingiu que pegava no sono.
— Agora, vamos! — disse a princesa mais velha às irmãs,
animada como sempre.
As moças tiraram seus vestidos de gala do baú e se arrumaram.
Ficaram ainda mais lindas. Depois, a princesa mais velha bateu
palmas e, como mágica, a sua cama afundou no piso. Imediatamente
um alçapão foi aberto e as princesas foram descendo. Sem perder
tempo, o ex-soldado vestiu o manto e começou a segui-las.
A princesa mais nova, a última da fila, sentiu algo estranho.
Seu coração até palpitou mais forte.

6
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— Hmm…
Não sei… Mas eu
estou com o
pressentimento de que
alguma coisa ruim está prestes
a acontecer!
— Ora essa! Que bobagem!
— disse a princesa mais velha. —
Ninguém nunca vai descobrir nada.
Aquele rapaz terá o mesmo destino
dos outros. E vamos logo!
A princesa foi. Mas no instante
seguinte sentiu um puxão em seu
vestido.
— Ai! Alguém pisou no meu
vestido!
— Não seja boba! —
novamente a mais velha. —
Deve ter sido um prego na
parede!
Alguns passos depois, já entravam num bosque. O ex-soldado
ficou boquiaberto porque as folhas das árvores eram de prata.
Uma beleza sem igual! Puxou um galhinho para guardar como
prova. A princesa mais nova ouviu. Olhou para cá e para lá. E nada.

7
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Então, entraram num outro bosque cujas folhas eram de ouro.
Arrancou outro galho. A princesa ouviu novamente. Seguiram até
um terceiro bosque. O rapaz, deslumbrado, viu as folhas de puro
diamante! Quebrou mais um. A princesa foi ficando
apavorada. Mas não adiantava reclamar,
porque sua irmã mais velha não iria acreditar.
Mais à frente, um lago de águas
cristalinas surgiu. E lá estavam doze
barcos com doze príncipes à espera
das doze lindas princesas.
O ex-soldado entrou no barco
da princesa mais nova. E o
príncipe que estava com ela se
queixou porque, apesar de remar
com bastante força, parecia que
o barco estava mais pesado que
nas noites anteriores.
— Acho que você está
cansado por causa do calor —
disse a princesa.
Ao se aproximarem do
outro lado da margem, não só
avistaram um castelo magnífico
como também ouviram o som das
trompas e clarins. A música já
contagiava a todos. Que alegria!
Assim que entraram no castelo,
o baile começou. Felizes, príncipes
e princesas dançaram a noite inteira.
O ex-soldado aproveitou a festa,
dançando entre eles.

8
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Ao voltarem, o ex-soldado foi no barco da irmã mais velha
e chegando ao castelo, correu para o seu quarto.
— Olha só! — disse a princesa mais velha. Não disse que ele
não iria descobrir nada?
Na manhã seguinte, o rei quis saber se
o ex-soldado já havia descoberto onde as suas
filhas tanto gastavam as solas dos sapatos.
O ex-soldado então lhe disse:
— Todas as noites elas vão dançar
em um castelo subterrâneo — e lhe
mostrou as pequenas recordações
trazidas daquele mundo encantado.
O rei mandou chamar as
princesas. Perguntou-lhes se isso
era verdade. Vendo-se sem
saída, as moças foram
obrigadas a dizer que sim.
O rei, cumprindo a sua
promessa, perguntou ao rapaz
com qual das filhas ele
gostaria de se casar.
— Escolho a mais velha,
já que não sou muito novo.
Casaram-se naquele mesmo
dia. Durante a cerimônia,
o ex-soldado foi anunciado
como o novo herdeiro da coroa.
Há quem diga que até hoje as outras
princesas continuam a dançar no castelo
subterrâneo. As solas de seus sapatos são
prova disso: elas sempre aparecem gastas.
Todas as manhãs.

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O soldadinho de chumbo
Hans Christian Andersen
Recontado por Telma Guimarães
Conto clássico

o dia de seu aniversário, um menino recebeu de presente


uma caixa com vinte e cinco soldadinhos de chumbo, todos com
uniforme vermelho e azul. Os soldadinhos foram feitos da mesma
colher de chumbo, mas, apenas quando foi colocá-los sobre a
mesa, o menino percebeu que um deles era diferente. Na hora de
moldá-los, faltou chumbo e ele ficou só com uma perna.
Mesmo assim, permanecia firme sobre ela.
Na mesa estavam outros brinquedos. Havia uma caixa bem
colorida e um castelo com um lago feito de um pedaço de espelho.
À porta do castelo estava uma linda jovem. Feita de papelão, usava
um vestido de tule com uma pedra brilhante perto do ombro.
Ela era bailarina e seus braços erguiam-se para o alto; uma de suas
pernas, dobrada para trás, ficava encoberta pelo tule.
“Ela só tem uma perna! Seria a companheira ideal para mim!”,
ele pensou.
Depois que todos foram dormir, os brinquedos, como sempre
acontecia, saíram de seus lugares e divertiram-se a valer... Menos
o soldado e a bailarina, cada um paradinho em seu lugar. De onde
estava o soldadinho não parava de contemplar a bailarina.
À meia-noite, a caixa colorida se abriu. De dentro dela, um
gênio muito mal, saiu impulsionado por uma mola. Apontando para
o soldadinho, ordenou:
— Não fique olhando para coisas que não lhe dizem respeito!
O soldadinho não obedeceu e o gênio continuou, dizendo:
— Espere só até amanhã!

10
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11
11
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No dia seguinte, o soldado foi deixado junto à janela aberta.
O maldoso gênio, dando um pulo da caixa, empurrou
o soldadinho, que foi cair do lado de fora, sobre as pedras
da calçada. Como estava chovendo muito, ele foi levado pela
correnteza. Vendo o soldadinho na água, dois meninos
o recolheram e o colocaram dentro de um barco de papel.
Todo valente, ele seguiu no barco que entrou por um canal.
Aos poucos o barquinho de papel foi ficando encharcado,
até que afundou.
“Por culpa do gênio eu nunca mais vou ver a bailarina!”,
pensou o soldadinho, enquanto era engolido por um peixe.
Não muito depois, o peixe em que ele estava parou de nadar.
Foi pescado por alguém que, em seguida, vendeu-o na feira.
Uma sorridente cozinheira comprou o peixe e o levou para
casa. Colocou-o sobre a mesa da cozinha e começou a prepará-lo
para o almoço. Ao abrir a barriga do peixe, qual não foi sua
surpresa! Chamou as pessoas da casa e todos atenderam curiosos.
— Como o meu soldadinho foi parar dentro de um peixe? -
perguntou o menino.
Surpreendentemente, estava de volta a casa onde tudo começou.
Nem um pouco orgulhoso de seu passeio, foi colocado novamente
sobre a mesa. Lá ele só tinha olhos para a bailarina. Ela estava ali
parada em uma só perna como antes, e ele sentiu vontade de chorar.
Então, o menor dos meninos, sem motivo algum, jogou o
soldado na chama acesa do fogão.
Ele sentiu um calor terrível! Culpa do fogo ou do amor pela
bailarina? Suas cores tinham sumido... Culpa da chuva ou da
tristeza que sentia?
Estava derretendo quando olhou para a bailarina. Olhou a
tempo de ver a porta abrir de repente e um vento fazer com que
a bailarina voasse, voasse... para perto dele, no fogo.
Mais tarde, a cozinheira ficou surpresa! Entre as cinzas do fogão,
havia um coraçãozinho de chumbo e uma pedra brilhante... Juntos!

12
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Siripita, o rei dos insetos
Rogério Andrade Barbosa
Conto boliviano

um dia muito distante, o leão da montanha, que em aymara


é chamado de Pumma, arrogante como sempre, travou
a maior discussão com Siripita, o saltitante grilo.
— Saia do meu caminho — bradou o soberano dos montes.
— Não saio — rebateu Siripita. — Se você é o rei dos animais,
eu sou o rei dos insetos.
O orgulhoso Pumma, respeitado por sua força e tamanho,
ameaçou:
— Se eu lhe der uma patada, acabo com sua realeza num
instante — rugiu, arrepiando o pelo amarelado.
O grilo, pequenininho, não se intimidou e desafiou
o grandalhão para uma guerra:
— Você não é tão forte quanto pensa. Amanhã cedo, aqui
mesmo, estarei com minha tropa à espera de seu exército.
O Pumma, furioso com a ousadia de Siripita, derrubou
o frágil oponente no chão com um simples golpe de sua cauda.
— Vai ser muito fácil — concordou, tripudiando sobre
o grilo, antes de desaparecer no meio dos penhascos.
No dia seguinte, os animais convocados pelo Pumma
acorreram ao seu chamado: lhamas, vicunhas, ursos, jaguares,
touros, cachorros, ovelhas, enfim, todos os bichos de quatro patas
que habitam os vales, montanhas e florestas da Bolívia.

13
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14
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Siripita, por sua vez, já aguardava o inimigo no lugar
combinado — uma planície desprovida de árvores — com sua
tropa de insetos em posição de combate.
Assim que foi dado o sinal para começar a luta, milhares de
insetos saíram voando e saltando no meio do capinzal. Eram tantos,
que formavam uma nuvem escura, cobrindo a luz do Sol. De uma
hora para outra, o dia cedeu lugar às trevas da noite. Abelhas,
vespas, marimbondos e formigas, aproveitando-se da escuridão,
se jogavam contra os animais, picando-os e ferroando-os sem
dó nem piedade.
O Pumma e seu exército, atordoados, bateram em retirada.
Os quadrúpedes, aos trambolhões, se jogaram dentro das águas
geladas de um rio para se livrarem do enxame de insetos
comandado pelo vitorioso Siripita.
A união faz a força, afirmam os contadores de histórias
de Irupana, na região de Yungas.

15
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Os amigos e o urso
Esopo
Recontada por Beth Santos
Fábula

ois viajantes caminhavam por uma estrada. De repente, um


grande urso surgiu do nada e ergueu-se diante deles. Mais que
depressa, um dos rapazes subiu no galho de uma árvore e ficou
escondido entre a folhagem. Seu companheiro, sem alternativa,
deitou no chão e prendeu a respiração, fingindo-se de morto.
O urso cheirou o pobre viajante dos pés à cabeça, ou
melhor, dos pés à orelha. Depois, afastou-se e sumiu na
mata. Descendo da árvore, o primeiro rapaz perguntou ao
amigo ainda deitado no chão:
— Afinal, o que o urso cochichou na sua orelha?
— Ah! Ele me disse para pensar melhor antes de
viajar com quem abandona os amigos na hora
do perigo.

17
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O jacaré e a lagartixa
Alexandre Azevedo
Poesia

O jacaré
É uma
La...
gar...
ti...
i...
i...
i...
i...
xa
que espicha...
É ou não é?!

19
2º ano - Port 3.indd 19 20/7/09 9:8:9 PM
Brincadeiras
das
crianças indígenas
Daniel Munduruku
Informativo

Há muitas brincadeiras que as crianças indígenas fazem que


você pode aprender. Dificilmente alguém verá uma criança
indígena brincando sozinha. Ela estará sempre com outras crianças.
Todas as crianças indígenas conhecem as mesmas brincadeiras e,
quando alguém inventa alguma coisa nova, vai logo contar para as
outras. A mesma coisa acontece com os brinquedos. No entanto, as
crianças quase nunca fazem seus próprios brinquedos. Isso é tarefa
dos pais e das mães, porque para fazer determinados brinquedos é
preciso saber usar facas e outros objetos cortantes. São os pais que
confeccionam os brinquedos para os filhos. E estes têm
a obrigação de cuidar bem dos brinquedos.

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E se quebram, o que acontece? Normalmente, a própria
criança dá um jeitinho de consertar usando palha, cipós e folhas.
A verdade é que as crianças indígenas nunca jogam um brinquedo
fora, pois sabem que foi feito com carinho por aqueles que lhes
querem muito bem.
As crianças indígenas são muito criativas na hora de brincar.
Elas não têm lojas onde comprar os brinquedos, por isso inventam
sempre novas brincadeiras para passar o tempo e para aprender,
pois os índios aprendem enquanto brincam e brincam enquanto
aprendem.
Desde cedo, os pequenos índios aprendem a conhecer
a natureza e, aproveitando-se dela, fazem instrumentos simples
para brincar. Fazem arcos e flechas, bichos de palha, bonequinhas
de barro ou de sabugo de milho, canoas pequeninas de madeira ou
de palha de açaizeiro, peões, petecas e diversos brinquedos feitos
de coco e palha de palmeira tucum ou babaçu. Fazem também
bolas de palha, panelinhas, bichinhos de barro, trançados de palha.
As meninas gostam de brincar de esconder e todos, todos
mesmo, gostam de brincar de pega-pega em um riozinho.
É a melhor hora do dia. É muito gostoso!

21
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Adivinhas
Amir Piedade
Adivinha

Pertence à tradição popular. É um enigma que


precisa ser desvendado e que começa sempre
com “o que é o que é”.

1. O que é o que é que tem


boca e não come, tem asa e não
voa, tem bico e não pinica?

2. O que é o que é mais alto que um


homem e mais baixo que uma galinha?

3. O que é o que é que


a primeira Deus dá
e a segunda tem
que comprar?

22
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4. O que é o que é que tem
pernas e não pode andar?

5. O que é o que é que tem olhos mas não


vê, tem boca mas não fala, tem braços mas não
abraça, tem mãos mas não pega e tem pés mas
não anda?

6. O que é o que é que é magro para


chuchu, tem dentes mas nunca come e, mesmo
sem ter dinheiro, dá comida a quem tem fome?

7. O que é o que é
que corre a casa toda
e vai dormir num canto?

Respostas: 1. bule, 2. chapéu, 3. dentição, 4. mesa, 5. boneca, 6. garfo, 7. vassoura.

23
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Ditados populares
César Obeid
Parlenda

Sou brincalhão de palavras


Com essa literatura
Dos ditados populares
Eu tenha desenvoltura
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura.

Vou contar outro ditado


No meu verso meio louco
Atenção meu pessoal
Quero ouvir refrão de troco
Que a alegria do pobre
Sempre dura muito pouco.

Outro provérbio do povo


O poeta adianta
Se hoje me encontro triste
Atiço minha garganta
E o povo diz comigo
Quem canta os males espanta.

24
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25
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A casa que Pedro fez
Musicado por Bia Bedran
Conto popular cumulativo

sta é a casa que Pedro fez


Este é o trigo
Que está plantado no quintal da casa que Pedro fez
Este é o rato
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Este é o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Este é o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Esta é a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.

26
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27
2º ano - Port 3.indd 27 20/7/09 9:8:46 PM
Esta é a moça mal vestida,
Que ordenhou a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Este é o moço todo rasgado,
Noivo da moça toda mal vestida,
Que ordenhou a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Este é o padre de barba feita,
Que casou o moço todo rasgado,
Com aquela moça toda mal vestida,
Que ordenhava a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.

28
2º ano - Port 3.indd 28 20/7/09 9:8:51 PM
Este é o galo que cantou de manhã,
Para acordar o padre de barba feita,
Que casou o moço todo rasgado,
Com a moça toda mal vestida,
Que ordenhava a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.
Este é o fazendeiro que colheu o milho,
Para dar ao galo que cantou de manhã,
Para acordar o padre de barba feita,
Que casou o moço todo rasgado,
Com a moça toda mal vestida,
Que ordenhava a vaca de chifre torto,
Que atacou o cão,
Que espantou o gato,
Que matou o rato,
Que comeu o trigo
Que está na casa que Pedro fez.

29
2º ano - Port 3.indd 29 20/7/09 9:8:57 PM
Como antes
Maurício Veneza
Trava-língua

O pato branco tinha um prato preto,


o pato preto tinha um prato de prata.
O pato branco deu seu preto prato
em troca do prato de prata do pato preto.
O prato de prata ficou com o pato branco
e o pato preto ficou com o preto prato.
Mas o pato branco deu pra trás
e quis de volta seu prato preto:
— Este prato de prata não presta!
Nem é de prata, é de plástico!
O pato preto deu pra trás
e quis de volta seu prato de prata:
— Este prato preto não presta!
Este prato não é prático!
Os patos desfazem o trato.
O pato preto deu seu preto prato
em troca do prato de prata do pato branco
e o branco pato deu seu prato de prata
em troca do preto prato do pato preto.
E ficou tudo como era antes.

30
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31
2º ano - Port 3.indd 31 20/7/09 9:9:5 PM
Bibliografia
Alexandre Azevedo. Poeminhas animais.
São Paulo: Atual, 2008.

Amir Piedade. Folcloriando.


São Paulo: Ed. Elementar, 2004.

Bia Bedran. CD Bia canta e conta 2.


Rio de Janeiro: Rob Digital, 2001.

César Obeid. Minhas rimas de cordel.


São Paulo: Moderna, 2005.

Daniel Munduruku. Coisas de índio.


São Paulo: Callis, 2006.

Maurício Veneza. Embola, enrola e rola.


São Paulo: Atual, 2003.

Rogério Andrade Barbosa.


Lendas e fábulas dos bichos de nossa América.
São Paulo: Melhoramentos, 2003.

32
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Esta seleção
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acompanhá-lo ao longo do ano.
São histórias, fábulas, poesias, adivinhas,
contos, lendas — estilos diversos de texto, escritos
por autores diferentes, que vieram de lugares
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vai poder apreciar.
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Deixe que esses autores e suas histórias
encantadoras façam parte de sua vida
e imaginação.

2o ano

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