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i
GEIVISON DOS SANTOS RIBEIRO
UBERLÂNDIA - MG
2019
ii
(Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da UFU)
(anexar ou “escanear”)
iii
Dedicatória
A minha mãe Mirabel Gonzaga e a minha esposa Andréa Teles com muito amor.
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por sua notável benevolência para comigo. Por todo
amor e cuidado atribuı́do a mim diante não somente dos momentos fáceis, mas também
dos momentos difı́ceis. Agradeço aos meus pais, Mirabel Gonzaga dos Santos e Genésio
Ribeiro (em especial, a minha mãe, por sempre torcer por mim), as minhas irmãs Cláudia
e Cristina, aos meus amigos Joed Muritiba, Fidel Eduardo e Rafael Reis, pelo grande
carinho que creditaram a mim, ao meu amigo e irmão Ismael, por sua imensa paciência,
amizade e simplicidade, ao meu companheiro de Cristianismo Pr. Luiz, por seu cotidiano
exemplo de amor para com o rebanho de Cristo, a minha amada esposa que esteve comigo
durante todos esses anos e ao meu filho Davi, por todas as vezes que cheguei cansado ou
triste e me acolheram com todo o amor e carinho apoiando-me nos meus planos e nunca me
deixando desistir pelas dificuldades. Obrigada pela luta e dedicação durante toda a minha
vida, em especial nesse perı́odo tão exaustivo... Vocês são tudo para mim e tudo o que eu
sou é por vocês! Agradeço a todos os meus tios, primos, em especial à minha tia Ducineia,
por sempre me estender a mão amiga. Agradeço ao meu nobre amigo Diego Alves por me
apoiar nos momentos mais difı́ceis com relação aos cursos de matemática (graduação e
mestrado) com seu grande coração. Por ser verdadeiro, leal e paciente. Por acreditar que
eu poderia chegar a concluir o mestrado. Agradeço-o por toda ajuda de custo, pois sem
isso, não sei se teria condições de chegar a estudar em Uberlândia... Agradeço a Capes pelo
apoio financeiro, à Universidade Federal de Uberlândia e à Faculdade de Matemática por
minha formação acadêmica, e por me apresentar os melhores professores que eu poderia ter
tido durante o curso de mestrado. Agradeço aos amigos que fiz durante todos esses anos
de estudo no mestrado, em especial ao meu amigo Geovany, pela sua imensa amizade,
companheirismo e simplicidade. Agradeço a cada professor que tive contato por toda
dedicação e ensinamento. Em especial, ao professor Alonso pelos momentos em que
estivemos a trocar ideias referentes ao amor de Deus. Não poderia deixar de ser grato
pela vida do professor Geraldo Botelho, um dos melhores professores que já tive a honra
de conhecer.
v
Agradeço demais ao professor Vinı́cius Vieira Fávaro (meu orientador) pela confiança
não somente em mim, mas em meu trabalho. Por todo o apoio que me passou, pela
amizade, pelas conversas, pelos conselhos e incentivos. Ao programa de Mestrado em
Matemática da UFU, pelo privilégio e a oportunidade de fazer o curso. Aos coordenadores
Dr. Thiago Aparecido Catalan, e a Dra. Rosana Sueli da Motta Jafelice (em especial a
Dra. Rosana Sueli da Motta Jafelice pela sua garra no que diz respeito ao ouvir cada
aluno com o coração) por serem tão prestativos e atenciosos sempre e por fim ao Dr.
Wilberclay Gonçalves de Melo, por ser quem foi durante a minha graduação e por tudo
aquilo que me ensinou relativo a vida e principalmente no que diz respeito a matemática.
vi
RIBEIRO. Linearidade em conjuntos de funções contı́nuas que não são diferenciáveis em
nenhum ponto 2019. - 99p. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia-MG.
Resumo
Neste trabalho, fazemos um estudo detalhado sobre funções contı́nuas que não são
diferenciáveis em nenhum ponto. Começamos construindo um exemplo de tal função
devido a Van Der Waerden e, em seguida, provamos que o conjunto N D[0, 1] de tais
funções é largo no sentido da categoria Baire em C[0, 1]. Provamos também que N D[0, 1]
é espaçável, mais ainda que os espaços de Banach separáveis podem ser vistos como
subespaços de N D[0, 1] ∪ {0}. Finalmente, provamos que o conjunto das funções Hölder
em nenhum lugar é denso-algebrável e, em particular, obtemos que N D[0, 1] é algebrável.
Palavras-chave: Espaço de funções contı́nuas, funções contı́nuas que não são diferenciáveis
em nenhum ponto, espaçabilidade, algebralidade.
vii
RIBEIRO, Linearity in sets of nowhere differentiable continuous functions. 2019. - 99p.
M. Sc. Dissertation, Federal University of Uberlândia, Uberlândia-MG.
Abstract
In this work we study in details the set of nowhere differentiable continuous functions.
We start constructing an example of such function due to Van Der Waeden and we prove
that the set N D[0, 1] of such functions is large in C[0, 1], in the sense of Baire category.
We also prove that N D[0, 1] is spaceable and, moreover, the separable Banach spaces can
be seen as subspaces of C[0, 1]. Finally, we prove that the set of nowhere Hölder functions
is dense-algebrable and in particular we obtain thar N D[0, 1] is algebrable.
viii
LISTA DE SÍMBOLOS
∅ Conjunto vazio
N Conjunto dos números naturais
R Conjunto dos números reais
E Espaço vetorial real ou complexo
span(A) Subespaço linear gerado pelo conjunto A
A Fecho do conjunto A
Br (f ) Bola aberta de centro f e raio r > 0
C[0, 1] Espaço vetorial de todas as funções contı́nuas de [0, 1] em R
N D[0, 1] Conjunto de todas as funções contı́nuas de [0, 1] em R que
são não diferenciáveis em nenhum ponto
N D± (A) Conjunto de todas as funções contı́nuas de A em R que
não possuem derivada finita a esquerda nem tampouco a direita de cada ponto
A Álgebra vetorial
A(u) Álgebra vetorial gerada pelo vetor u
N H[0, 1] Conjunto de todas as funções de [0, 1] em R que são Hölder em lugar algum
N H1 [0, 1] Conjunto de todas as funções de [0, 1] em R que são Lipschitz em ponto algum
m∗ (A) medida exterior do conjunto A
m(A) medida de Lebesgue do conjunto A
1
SUMÁRIO
Resumo vii
Abstract viii
Lista de Sı́mbolos 1
Introdução 1
1 Preliminares 3
1.1 Medida de Lebesgue na reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Espaços normados e resultados de análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Série de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Funções analı́ticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Algebrabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2
4 Álgebras em C[0, 1] consistindo de funções Hölder em nenhum lugar. 60
3
INTRODUÇÃO
1
de Lebesgue, espaços normados e resultados de análise. O segundo capı́tulo terá enfase
na estrutura topológica por parte do conjunto das funções contı́nuas não diferenciáveis
em ponto algum de [0, 1]. Lá, já na primeira seção construiremos a chamada função de
Van Der Waerden. Por conseguinte, na segunda seção, nosso foco estará em verificar
que existem muito mais funções contı́nuas não diferenciáveis em nenhum ponto do que
funções contı́nuas diferenciáveis em pelo menos um ponto, no sentido de categoria de
Baire. Quanto ao capı́tulo 3, estaremos interessados em explorar não somente a estrutura
algébrica do conjunto das funções contı́nuas não diferenciáveis em nenhum ponto, mas
também sua estrutura topológica. Veremos dois resultados. O primeiro é de 1999, devido
a Fonf, Gurariy e Kadets (veja [7]), e consiste na demonstração de que:
• O conjunto das funções contı́nuas que não são diferenciáveis em nenhum ponto é
espaçável (em partı́cular, lineável).
• Existe um subespaço vetorial E constituı́do por funções contı́nuas que não são
diferenciáveis em nenhum ponto (a menos da função nula) e um subconjunto A
Lebesgue mensurável de medida 1 no qual cada função em E quando restrita a A
não possui derivada finita nem a esquerda, nem tampouco a direita de cada ponto.
Já o segundo resultado é de 1995, devido a Rodrı́guez-Piazza (veja [13]) e garante que
qualquer espaço de Banach separável é (a menos de isomorfismo isométrico ) um espaço
constituı́do por funções contı́nuas que não são diferenciáveis em nenhum ponto, exceto
pela função identicamente nula.
Por fim, no último capı́tulo trataremos sobre a existência de álgebras vetoriais no
conjunto das funções nowhere Hölder, com base no artigo de Bayart e Quarta (veja [4]),
de 2007. Lá mostraremos que o conjunto das funções contı́nuas que não são diferenciáveis
em ponto algum tem uma estrutura algébrica realmente rica, pois o mesmo além de ser
espaçável, é também algébrável, isto é, contém (a menos da função nula) uma álgebra
infinitamente gerada. Para mais detalhes, veja a Seção 1.5.
2
CAPÍTULO 1
PRELIMINARES
onde (Ik )k∈N é uma coleção enumerável de intervalos abertos e |Ik | representa o
comprimento do intervalo Ik . Aqui o ı́nfimo é considerado sobre a coleção (Ik )k∈N e
esta é dita cobrir A devido à inclusão A ⊆ ∪k∈N Ik .
3
Listaremos abaixo algumas propriedades elementares satisfeitas pela medida exterior
de um conjunto constituı́do de números reais.
m∗ (E) = m∗ (E ∩ A) + m∗ (E ∩ A{ ), ∀ E ⊆ R, (1.1)
Teorema 1.1. Seja (An )n∈N uma sequência de conjuntos mensuráveis e dois a dois
disjuntos. Então, a união ∪n∈N An é mensurável e; além disso, vale a igualdade
∞
X
∗
m (∪n∈N An ) = m∗ (An ). (1.2)
n=1
Teorema 1.2. Seja (Bn )n∈N uma coleção enumerável de conjuntos mensuráveis. Então,
os conjuntos ∪n∈N Bn e ∩n∈N Bn são também mensuráveis.
4
Definição 1.3. Seja A um conjunto mensurável. Definimos a medida de Lebesgue do
conjunto A através da seguinte igualdade:
m(A) := m∗ (A).
Lema 1.1. Todo aberto de R pode ser escrito como uma união enumerável de intervalos
abertos dois a dois disjuntos.
Teorema 1.4 (Teorema dos compactos encaixados em R). Dada uma sequência
decrescente X1 ⊃ X2 ⊃ . . . ⊃ Xn ⊃ . . . de conjuntos compactos não-vazios em R, existe
(pelo menos) um número real que pertence a todos os Xn .
Definição 1.5 (Conjunto totalmente desconexo). Seja X ⊆ [0, 1]. Dizemos que X é
totalmente desconexo se X não contém intervalos.
Definição 1.6 (Conjunto Perfeito). Seja X ⊆ [0, 1]. Dizemos que A é perfeito em [0, 1]
se todos os seus pontos são de acumulação.
5
Definição 1.7. Denotamos por C[0, 1] o espaço vetorial de todas as funções contı́nuas de
[0, 1] em R. O espaço C[0, 1] se torna um espaço de Banach (normado e completo), com
a norma
kf k = sup |f (t)|.
t∈[0,1]
Notação: fn → f simplesmente.
Dizemos que tal série converge pontualmente (resp. uniformemente) se a sequência das
somas parciais converge pontualmente (resp. uniformemente) .
Teorema 1.7 (Critério de Cauchy para séries numéricas). Uma condição necessária e
X
suficiente para que uma série an seja convergente é que dado qualquer ε > 0, exista
6
n0 ∈ N tal que, para todo inteiro p,
|α| = α1 + . . . + αd .
7
∂ α := ∂1α1 ∂2α2 . . . ∂dαd , sendo ∂iαi := ∂ αi /∂xαi i , para cada i = 1, . . . , d.
No que se segue,
xα := xα1 1 xα2 2 . . . xαd d
ao passo que
α! := α1 !α2 ! . . . αd !.
X ∂ α F (x)
F (y) = F (x) + (y − x)α .
d
α!
α∈N
1.5 Algebrabilidade
Definição 1.13. Uma álgebra A sobre um corpo é um espaço vetorial com uma operação
binária de multiplicação de vetores, que tem a propriedade distributiva sobre a soma de
vetores e associativa quando faz sentido.
8
CAPÍTULO 2
Neste capı́tulo, construiremos um exemplo de função contı́nua que não possui derivada
em ponto algum do seu domı́nio e verificaremos que funções desse tipo são mais frequentes
do que pensamos, no sentido de categoria de Baire. Atualmente, existem vários exemplos
conhecidos com funções deste tipo. Faremos a construção devido a Van der Waerden que
também será utilizada adiante.
Começaremos com as seguintes notações e definições.
Definição 2.1. Seja f ∈ C[0, 1]. Dizemos que f não é diferenciável em nenhum ponto
(nowhere differentiable), e escrevemos f ∈ N D[0, 1], se f não tem derivada em nenhum
ponto de [0, 1].
Definição 2.2. Sejam A ⊆ [0, 1] e f ∈ C(A). Dizemos que f não possui derivadas
laterais em lugar algum (ou em nenhum ponto), e escrevemos f ∈ N D± (A), se f não
possui derivada lateral a esquerda nem tampouco a direita de cada ponto de A.
9
exemplo é um dos mais simples e, foi justamente através de versões da função de Van der
Waerden, que se tornou possı́vel explorar resultados os quais veremos no decorrer desta
dissertação.
A fim de que a construção da função de Van der Waerden se torne real e efetiva,
exibiremos uma sequência de funções contı́nuas em toda reta cujos gráficos apresentam
cada vez mais “bicos”. Funções desse tipo possuem uma caracterı́stica interessante do
ponto de vista da não diferenciabilidade, haja vista que, de modo grosseiro, em cada
‘bico’ não é possı́vel traçar reta tangente ao gráfico.
Com o intuito de descrever tal sequência de funções contı́nuas, comecemos
considerando a função
f0 (x) := |x − nx |, x ∈ R, (2.1)
ao passo que
f0 (0, 47612) = |0, 47612 − 0| = 0, 47612.
Note que f1 (x) calcula a distância de 10 · x ao inteiro mais próximo a 10 · x. Por exemplo,
f1 (5, 4608) = é igual a distância entre 54, 608 e 55 que é 0, 392.
Indutivamente definimos fk : R → R, k ≥ 2, por
Em outra notação,
Proposição 2.1. A função f0 definida em (2.1) é limitada (por 1/2), é periódica (de
perı́odo 1) e contı́nua.
10
(a) gráfico de f0 (b) gráfico de f1
1
que f0 (x) ≤ . Além disso, f0 é contı́nua, pois seu gráfico é a “colagem”de segmentos e
2
ela é claramente periódica de perı́odo igual a 1.
∞
X fk (x)
ω(x) = , x ∈ R. (2.3)
k=0
10k
∞
X 1/2
e como é uma série convergente (série geométrica de razão menor que 1), segue
10k
k=0
do Teste de Weierstrass (veja Teorema 1.9) que a série (2.3) é convergente (na verdade,
uniformemente convergente).
Nosso objetivo agora é mostrar que ω é contı́nua, mas não é diferenciável em nenhum
∞
X fk (x)
ponto de R. Como cada fk , é contı́nua e converge uniformemente para ω(x) em
k=0
10k
R, segue do Teorema 1.8 que ω é contı́nua em R.
11
Agora resta provar que ω não possui derivada em ponto algum de R. Para isto,
para cada número real a dado, construiremos uma sequência real (xn )∞
n=1 de forma que
lim xn = a, mas que não exista o limite
n→∞
ω(xn ) − ω(a)
lim .
n→∞ xn − a
Sendo assim, seja a um número real arbitrário. Como todo número real possui uma
expansão decimal, optaremos por descrever a como sendo um número da forma a =
a0 , a1 . . . an−1 an an+1 . . . , onde ai ∈ {0, 1, . . . , 9}, para cada ai ∈ N.
x1 = 0, 44253 . . .
x2 = 0, 33253 . . .
x3 = 0, 34353 . . .
x4 = 0, 34263 . . . .
12
∞
X fk (xn ) − fk (a)
= (2.8)
k=0
10k (±10−n )
ω(xn ) − ω(a)
Verificaremos que os termos da sequência são números ı́mpares quando
xn − a
os ı́ndices são ı́mpares e pares quando os ı́ndices são pares. Para isso, faremos uso dos
seguintes lemas:
Lema 2.1. Se 10k · a < a0 a1 ...ak , 5, então 10k · xn ≤ a0 a1 ...ak , 5. Da mesma forma, se
10k · a ≥ a0 a1 ...ak , 5, então 10k · xn ≥ a0 a1 ...ak , 5.
ao passo que
fk (xn ) := f0 (10k · xn )
= f0 (a0 a1 . . . an−1 bn . . . ak , ak+1 . . .)
= f0 (a0 a1 . . . an−1 (an ± 1) . . . ak , ak+1 . . .) (2.10)
Os algarismos que estão a direita da vı́rgula informam qual é a relação entre o número
10k · a e o número a0 a1 . . . an−1 an . . . ak , 5. Por exemplo, se a = 2, 34152..., então 103 · a =
2341, 52... > 2341, 5, já que 0, 52 . . . > 0, 5. Por outro lado, 10 · a = 23, 4152... < 23, 5,
pois 0, 4152 . . . < 0, 5.
Além disso, como a única diferença entre an e xn está no n-ésimo termo, os algarismos
a direita da vı́rgula tanto do número 10k · xn quanto do número 10k · a são os mesmos.
Dessa forma,
13
• Se n10k a = a0 a1 . . . an−1 an . . . ak , então n10k ·xn = a0 a1 ...an−1 bn . . . ak .
e assim
= 0. (2.12)
fk (a) = f0 (10k · a)
= f0 (a0 a1 . . . ak , ak+1 . . . an . . .)
ao passo que
fk (xn ) = f0 (10k · xn )
= f0 (a0 a1 . . . ak , ak+1 . . . bn . . .)
= f0 (a0 a1 . . . ak , ak+1 . . . (an ± 1) . . .).
A hipótese de que k < n faz com que a parte inteira de ambos os números 10k ·xn e 10k ·a
seja a mesma, haja vista que única diferença entre eles está no n-ésimo termo, o qual se
encontra a direita da vı́rgula. Mais ainda, de acordo com Lema 2.1, temos n10k ·a = n10k ·xn .
Dessa forma, podemos supor, sem perda de generalidade, que n10k ·a = a0 a1 . . . ak . Assim,
(
±10−(n−k) , se k < n;
fk (xn ) − fk (a) = (2.14)
0, se k ≥ n.
14
A tı́tulo de exemplo, considere a = 0, 27451. Como x3 = 0, 27351 obtemos que
ao passo que
15
Agora, voltando a demonstração e fazendo uso do Lema 2.2, chegamos a
∞
ω(xn ) − ω(a) X fk (xn ) − fk (a)
=
xn − a k=0
10k (xn − a)
∞
X fk (xn ) − fk (a)
=
k=0
10k (±10−n )
n−1
X ±10−(n−k)
=
k=0
10k (±10−n )
n−1
X
= ±1. (2.15)
k=0
ω(xn ) − ω(a)
Isto significa que o n-ésimo termo da sequência é uma soma com
xn − a
exatamente n parcelas, cada uma igual a 1 ou −1. Logo, o n-ésimo termo da sequência é
um número ı́mpar, caso n seja ı́mpar, ou um número par, caso n seja par. Assim, o limite
ω(xn ) − ω(a)
lim (2.16)
n→∞ xn − a
não existe, provando que ω não é diferenciável em ponto algum de R, como querı́amos.
e que
f2 (a) = f2 (0, 1742521555)
= f0 (17, 42521555)
= |17, 42521555 − 17|
= 0, 42521555.
Logo,
16
Exemplos como esse nos fizeram perceber que sempre que tomarmos bn = an + 1 para o
caso em que k < n, an = 4 e an+1 6= 0 obteremos que n10k ·a é diferente de n10k ·xn . Isto
por sua vez fará com que fk (xn ) − fk (a) seja diferente de 10(n−k) .
Assim, não seria possı́vel obter a conclusão como em (2.15). Por isso, tomamos
bn = an − 1 para an = 4. Isto não traz problemas pois, no “pior”dos casos (n = k + 1),
temos
0, (ak+1 − 1)ak+2 . . . = 0, 3ak+2 . . . < 0, 5.
Aqui, embora o inteiro mais próximo de 102 · x4 e de 102 · a seja o mesmo, houveram
alterações em relação aos algarismos anteriores a a4 . O fato de tomarmos bn = an − 1,
quando an = 9, faz com que a única diferença entre 10k · a e 10k · xn se dê no n-ésimo
algarismo depois da vı́rgula e não nos outros algarismos, como vimos no exemplo acima.
Teorema 2.1 (Teorema de Baire). Seja M um espaço métrico completo. Toda interseção
enumerável de abertos densos é denso em M .
17
Demonstração. Veja [10, Proposição 19, p. 190].
O próximo resultado, além de mostrar que N D[0, 1] é denso em C[0, 1], verifica que
seu complementar é magro no sentido de Baire.
i) An é não vazio;
Demonstração. Fixe n ∈ N e tome α > n com o objetivo de provar i). Sendo assim,
defina g(t) := t · α, t ∈ [0, 1] e note que g ∈ An . Com efeito, é claro que g ∈ C[0, 1] e, além
disso,
g(t + h) − g(t) (t + h) · α − t · α |h| · α
= = = α > n,
h h |h|
para todo t ∈ [0, 1] e h satisfazendo t + h ∈ [0, 1]. Isto completa a prova de i).
Agora vamos checar a veracidade de ii). Para isso, seja f ∈ An . Mostraremos a
priori que existe r > 0 tal que para cada t ∈ [0, 1] seja possı́vel encontrar ht ∈ R, com
t + ht ∈ [0, 1] de maneira que |f (t + ht ) − f (t)| − n · |ht | > r. Para isso, vamos supor que
ocorra o contrário. Assim, para cada k ∈ N arbitrário, existe tk ∈ [0, 1] de maneira que
1
|f (tk + h) − f (tk ) | − n · |h| ≤ , para todo h, com tk + h ∈ [0, 1]. Como (tk )∞ k=1 ⊂ [0, 1]
k ∞
é limitada, segue do Teorema de Bolzano-Weierstrass que (tk )k=1 possui subsequência
convergente, digamos lim tkj = t0 ∈ [0, 1]. Assim,
j→∞
1
|f (t0 + h) − f (t0 )| − n|h| = lim |f (tkj + h) − f (tkj )| − n|h| ≤ lim = 0,
j→∞ j→∞ kj
para todo h. Porém, isso gera absurdo, em virtude de f ∈ An . Portanto, realmente existe
r > 0 tal que para cada t ∈ [0, 1] seja possı́vel encontrar ht de modo que
18
Vamos verificar que B r2 (f ) ⊆ An . Para isso, seja g ∈ B r2 (f ). Como
Para provar iii) considere f em C[0, 1]. Como toda função contı́nua real definida num
compacto é uniformemente contı́nua, segue que dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, se
x, y ∈ [0, 1] e |x − y| < δ, então |f (x) − f (y)| < ε. Isto nos diz que se subdividirmos o
intervalo [0, 1] num número finito de subintervalos I1 := [a0 , a1 ], . . . , Im := [am−1 , am ] com
comprimentos menores do que δ, o gráfico de f quando restrito a cada Ii passa a caber
num retângulo de altura ηi > 0 menor que ε, como ilustra a Figura 2.1.
Figura 2.1:
Considere feita está subdivisão. Nosso objetivo a partir daqui será mostrar que
Bε (f ) ∩ An 6= ∅. Para isso, construiremos primeiramente, para cada i = 1, . . . , m, uma
função gi definida no intervalo Ii que
• seja contı́nua;
• seu gráfico tenha a forma de uma reta ou de uma serra cujos dentes possuam arestas
com inclinação maior que n;
• tenha seu gráfico dentro do retângulo de base medindo |Ii | e altura ηi formado a
partir de Ii .
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Para estes fins, trace a reta r1 que passa pelos pontos (ai−1 , f (ai−1 )), (ai , f (ai )). Temos
que r1 tem inclinação
f (ai ) − f (ai−1 )
α= .
ai − ai−1
Se α > n, defina gi : [ai−1 , ai ] → R, por gi (x) = α · (x − ai−1 ) + f (ai−1 ). Note que gi é
contı́nua e a inclinação do seu gráfico é maior que n, pois seu gráfico é justamente a reta
r1 quando restrita a Ii (ver Figura 2.2).
Além disso, gi coincide com f|Ii nos extremos, pois gi (ai−1 ) = α·(ai−1 −ai−1 )+f (ai−1 ) =
f (ai−1 ) e g(ai ) = α(ai − ai−1 ) + f (ai−1 ) = f (ai ) e, claramente o gráfico de gi está dentro
do subretângulo de base |Ii | e comprimento ηi formado a partir de Ii .
Agora, se α ≤ n, fixe λ > n e trace a reta s1 cuja inclinação é λ e que passa pelo ponto
(ai−1 , f (ai−1 )). Essa reta toca a reta y = ηi em um ponto (xi0 , ηi ), onde xi0 pertence ao
intervalo (ai−1 , ai ), conforme Figura 2.3.
20
Feito isso, trace a reta s2 que passa pelos pontos (xi0 , ηi ), (ai , f (ai )) e verifique se a
sua inclinação é maior do que n. Se o for, pare o processo e defina gi : [ai−1 , ai ] → R
como sendo a função cujo gráfico é a junção dos segmentos gerados por s1 e s2 dentro do
retângulo que estamos considerando (vide novamente Figura 2.3). Neste caso temos que
gi é contı́nua e seu gráfico tem a forma de uma serra cujos dentes possuem arestas com
inclinação maior do que n; gi coincide com f|[ai−1 ,ai ] nos extremos; e o gráfico de gi está
dentro do subretângulo de base |Ii | e comprimento ηi formado a partir de Ii .
Caso a inclinação de s2 seja menor ou igual a n, trace a reta t1 de maneira que t1
tenha inclinação maior do que n e passe pelos pontos (x0 , ηi ), (xi1 , f (ai−1 )), para algum
xi1 pertencente ao intervalo [ai−1 , ai ). Feito isso, considere a reta t2 que passa pelos pontos
(x1 , f (ai−1 )),(ai , f (ai )), conforme Figura 2.4 .
21
nos levar definir a função gi satisfazendo as propriedades requeridas.
Como g1 (a1 ) = g2 (a1 ), g2 (a2 ) = g3 (a2 ),..., gm−1 (am−1 ) = gm (am−1 ), definindo
g : [0, 1] → R, por g(x) = gi (x) se x ∈ Ii , segue que g está bem definida, é contı́nua
e seu gráfico tem a forma de uma serra cujos dentes possuem arestas com inclinação
maior que n. Além disso, g coincide com f nos extremos e g tem seu gráfico dentro da
união dos m retângulos gerados a partir dos subintervalos I1 , . . . , Im .
Isto nos diz que g ∈ An e kg − f k∞ < max{ηi : i = 1, ..., m} < ε, ou seja
g ∈ Bε (f ) ∩ An 6= ∅.
∞
\
Resta-nos provar o item iv). Para isso, seja f ∈ An . Afim de verificar que
n=1
f ∈ N D[0, 1], provaremos que
f (t + h) − f (t)
lim
h→0 h
∞
\
não existe, seja qual for o t ∈ [0, 1]. Com efeito, f ∈ An significa que, para n ∈ N e
n=1
t ∈ [0, 1], existe hn,t de modo que
f (t + hn,t ) − f (t)
> n.
hn,t
Dessa forma,
f (t + hn,t ) − f (t)
lim = +∞.
n→+∞ hn,t
Como f é limitada (pois é contı́nua e está definida num compacto), existe Mt ≥ 0, tal
que |f (t)| ≤ Mt , para todo t ∈ [0, 1]. Com isso,
para todo n ∈ N.
Perceba que sequência (hn,t )∞ n=1 possui uma subsequência que converge para 0, pois
caso contrário existiria pelo menos um δ0 > 0 tal que |hn,t | ≥ δ0 , para todo n ∈ N. Nestes
termos, terı́amos que
f (t + hn,t ) − f (t) 2Mt
≤ ,
hn,t δ0
para todo n ∈ N, o que não é possı́vel haja vista que
f (t + hn,t ) − f (t)
lim = +∞.
n→+∞ hn,t
22
obtemos
f (t + h) − f (t) f (t + hnj ,t ) − f (t)
lim = lim = +∞,
h→0 h j→+∞ hnj ,t
Os itens provados na Proposição 2.2 juntamente com o Teorema 2.1 garantem que
N D[0, 1] é denso em C[0, 1]. Mais ainda, o fato de (N D[0, 1]){ ser magro (no sentido de
categoria de Baire), nos dá condições de inferir que existem, nesse sentido, “muito mais”
funções contı́nuas que não possuem derivada em nenhum ponto do que funções contı́nuas
que são diferenciáveis em pelo menos um ponto.
23
CAPÍTULO 3
A ESPAÇABILIDADE DE N D[0, 1] E UM
INGREDIENTE ESTRUTURAL DA
TEORIA DOS ESPAÇOS DE BANACH
Construir uma função contı́nua que não é diferenciável em nenhum ponto do seu domı́nio
não é uma tarefa fácil. Talvez seja por isso que num primeiro instante a nossa intuição nos
diga que não existam muitas funções com essa particularidade. No entanto, verificamos
que o conjunto dessas funções é “grande”, no sentido de categoria de Baire (veja Teorema
2.2). Sendo assim, torna-se natural a busca por estruturas lineares no conjunto N D[0, 1].
Mais precisamente:
Será possı́vel identificar espaços vetoriais fechados de dimensão infinita
dentro de N D[0, 1] ∪ {0}? Em outras palavras, N D[0, 1] é espaçável em C[0, 1]?
A resposta para essa pergunta é sim, e é devida a Fonf, Gurariy e Kadets em [7] , além
de Rodrı́guez-Piazza em [13] como verificaremos no decorrer deste capı́tulo.
Após S. Banach verificar que quase todas as funções em C[0, 1] não possuem derivada
finita a esquerda nem tampouco a direita de cada ponto de [0, 1], (veja [3]), a seguinte
pergunta também é natural:
Existe um subespaço fechado de dimensão infinita Y ⊆ C[0, 1] tal que cada
função não nula em Y não possua derivada a esquerda, nem tampouco a direita
de cada ponto de [0, 1]?
O resultado a seguir é devido a Fonf, Gurariy e Kadets em [7] e responde positivamente
à primeira pergunta, além disso, dá uma resposta positiva parcial para a pergunta logo
acima.
24
Teorema 3.1. N D[0, 1] é espaçável em C[0, 1]. Em outras palavras, existe um subespaço
fechado e de dimensão infinita E ⊆ C[0, 1], de maneira que seus elementos não nulos são
funções nowhere differentiable. Além disso, existe um subconjunto Lebesgue-mensurável
A ⊆ [0, 1] com medida igual a 1, para o qual ψ|A ∈ N D± (A), para cada ψ ∈ E \ {0}.
x, se x ∈ [0, 1/4] ;
u1 (x) := 1/2 − x, se x ∈ [1/4, 3/4] ; (3.1)
x − 1, se x ∈ [3/4, 1] .
e estenda-a via periodicidade para toda reta (note que u1 terá perı́odo 1).
Passo 2. Defina um : [0, 1] → R (m ≥ 2) de maneira que
25
Passo 3. Para cada n ∈ N fixo, considere os seguintes intervalos
l + (s − 1)/4 l + s/4
Jn,s,l := , n−1 ,
8n−1 8
Através das Figuras 3.3 e 3.4 podemos perceber como se comportam os intervalos Jn,s,l
para os casos n = 1 e n = 2.
Jn,s,l ⊆ Jp,α,λ
Demonstração. Com efeito, o fato de p estar no conjunto {1, ..., n} para n ∈ N fixo, nos
diz que p = n − r, para algum r ∈ {0, 1, ..., n − 1}. Como
segue que
4 · l + s ≤ 4 · 8n−1 − 1 + 4 = 4 · 8n−1
= (4 · 8n−r−1 ) · 8r = t · 8r , (3.3)
onde t = 4 · 8n−r−1 ∈ N.
Seja m o menor número natural menor ou igual a t que satisfaz
4 · l + s ≤ m · 8r . (3.4)
26
A minimalidade de m nos diz que (m−1)·8r < 4·l +s. Logo (m−1)·8r ≤ 4·l +(s−1).
Consequentemente,
(m − 1) · 8r 4 · l + (s − 1)
n−1
≤ . (3.5)
4·8 4 · 8n−1
Como
(m − 1) · 8r m−1 m−1
n−1
= n−r−1
= ,
4·8 4·8 4 · 8p−1
e
m · 8r m m
n−1
= n−r−1
= ,
4·8 4·8 4 · 8p−1
m−1 4 · l + (s − 1) 4·l+s m
p−1
≤ n−1
< n−1
≤ . (3.6)
4·8 4·8 4·8 4 · 8p−1
Portanto,
4 · l + (s − 1) 4 · l + s m−1 m
Jn,s,l := , ⊆ , . (3.7)
4 · 8n−1 4 · 8n−1 4 · 8p−1 4 · 8p−1
m−α
Por conseguinte, escolha α ∈ {1, 2, 3, 4} de modo que seja divisı́vel por 4 (a
4
m−α
cada quatro números naturais consecutivos um deles é divisı́vel por 4) e tome λ = .
4
O fato de m ≤ t := 4 · 8n−r−1 , α ∈ {1, 2, 3, 4} e n − r = p implicará que
m−α
≤ 8p−1 − 1 (3.8)
4
4 · l + (s − 1) 4 · l + s m−1 m
Jn,s,l := , ⊆ ,
4 · 8n−1 4 · 8n−1 4 · 8p−1 4 · 8p−1
4 · λ + (α − 1) 4 · λ + α
= , := Jp,α,λ (3.9)
4 · 8p−1 4 · 8p−1
27
como querı́amos.
up (x2 ) − up (x1 )
= ±1 (3.10)
x 2 − x1
X
ϕp (x) := ur (x), x ∈ R. (3.11)
r∈σp
1
Como cada ur é limitada pela constante =: Mr , que depende somente de r, e
4 · 8r−1
X X X 1
Mr ≤ Mr = < ∞,
r∈σp r∈N r∈N
4 · 8r−1
podemos fazer uso do teste de Weierstrass (ver Teorema 1.9) para garantir que ϕp está
bem definida.
Passo 4. Defina E por
+∞
E := span{ϕp }p=1 (3.12)
Pela definição E é fechado em C[0, 1]. Como C[0, 1] é Banach, e todo fechado dentro
de um espaço de Banach também é Banach (ver Proposição 1.3) segue que E é um espaço
de Banach.
Mostraremos agora que E é constituı́do, a menos da função nula, apenas por funções
contı́nuas não diferenciáveis em nenhum ponto. Em outras palavras, verificaremos que
28
+∞
E \ {0} ⊆ N D[0, 1]. Para isso, tome arbitrariamente ψ ∈ E \ {0} = span{ϕp }p=1 \ {0}.
Daı́, existem a1 , a2 , . . . ∈ R não todos nulos tais que
+∞
X
ψ= ai · ϕ i
i=1
Mais precisamente,
+∞
X
ψ= ai · ϕi , (3.13)
i=q0
0
onde q0 := min{i: ai = 6 0}. Suponha por absurdo que ψ (x0 ) exista para algum x0 ∈ [0, 1].
|aq | 1
Assim, para ε ∈ 0, 0 , existe j > q0 , j ∈ N, tal que se x e x0 satisfazem |x−x0 | < 2j
4 8
1
e |x0 − x0 | < 2j , então
8
29
Figura 3.5: o intervalo Jn,s0 ,l0
Lema 3.2. Seja n ∈ N. O perı́odo comum entre as funções un+1 , un+2 , . . . é igual a 81−n .
= 81−(n+r) · u1 8n+r−1 · x + 8r ,
(3.14)
u1 8n+r−1 · x + 8r = u1 8n+r−1 · x + 8r − 1 + 1
= u1 8n+r−1 · x + 8r − 1
.
= u1 8n+r−1 · x + 8r − 1 − 1 + 1 ..
= u1 8n+r−1 · x + 8r − 2
..
.
= u1 8n+r−1 · x
(3.15)
para cada r ∈ N.
De (3.14) e (3.15) segue que
= 81−(n+r) · u1 8n+r−1 · x
=: un+r (x) ,
para todo r ∈ N. Logo as funções un+1 , un+2 , . . . possuem perı́odo 81−n , como
querı́amos.
30
Agora, segue de (3.11) e (3.13) que
+∞ +∞
" #
X X X X
ai · ϕi (x) − ai · ϕi (x0 ) ur (x) − ur (x0 )
+∞
ψ(x) − ψ(x0 ) i=q0 i=q0 X r∈σi r∈σi
= = ai ·
x − x0 x − x0 i=q0
x − x0
+∞
X X ur (x) − ur (x0 )
= ai · . (3.16)
i=q0 r∈σi
x − x0
1
Pelo Lema 3.2 e do fato que x = x0 ± , segue que
8n
ur (x) = ur (x0 ), (3.17)
X X ur (x) − ur (x0 )
ai = 0. (3.19)
i≥q0 r∈σi
x − x0
2i−1 >n
Como
+∞
X X ur (x) − ur (x0 ) X X ur (x) − ur (x0 ) X X ur (x) − ur (x0 )
ai = ai + ai ,
i=q0 r∈σi
x − x0 i≥q0 r∈σi
x − x0 i≥q0 r∈σi
x − x0
2i−1 ≤n 2i−1 >n
Seja mi o maior número natural tal que mi · 2i−1 ≤ n. Note que t ∈ {η ∈ N : η > mi }
31
implica t · 2i−1 > n.
O fato de r ∈ {η · 2i−1 : η > mi } faz com que r > n (basta lembrar da propriedade
acima satisfeita por mi ). Como σi = {η · 2i−1 : η ≤ mi } ∪ {η · 2i−1 : η > mi }, tem-se
(através de (3.17)) que
X ur (x) − ur (x0 )
= 0. (3.20)
x − x0
r∈{η·2i−1 :η>mi }
Logo,
Como
up (x) − up (x0 )
= ±1,
x − x0
para cada p ∈ {1, . . . , n} (veja (3.10)) e
r ∈ {η · 2i−1 : η ≤ mi } ⇒ r ≤ n
0
Afirmação 3.1. Para n0 = n + 2q0 −1 , existe S ⊆ {0, 1, . . . , 8n −1 − 1} tal que
[
Jn,s,l = Jn0 ,s0 ,l0 .
s0 ∈{i}4i=1
l0 ∈S
q −1 q −1 s q −1 s
Demonstração. A priori, tome λ0 = 82 0 ·l+82 0 · −1 e note que λ0 ∈ N (82 0 · ∈ N).
4 4
32
Além disso,
l + s/4 λ0 + 1 0
n−1
= n0 −1 ⇔ (l + s/4) · 8n −n = λ0 + 1
8 8
q−1 q−1 s
⇔ λ0 = 82 · l + 82 · − 1. (3.22)
4
Perceba que
Mais ainda,
q−1 q−1
1 s 82 82 · s q−1
1≤s≤4 ⇒ ≤ ≤1⇒ ≤ ≤ 82
4 4 4 4
2q−1 2q−1
8 8 ·s q−1
⇒ −1≤ − 1 ≤ 82 − 1 (3.24)
4 4
0
Vamos mostrar que λ0 ∈ {0, . . . , 8n −1 − 1}
Com efeito, note a partir de (3.23) e (3.24) que
q−1
82 q−1 q−1 s 0 q−1 q−1 0
0< − 1 ≤ λ0 = 82 · l + 82 · − 1 ≤ 8n −1 − 82 + 82 − 1 = 8n −1 − 1.
4 4
como queriamos.
q−1
2q−1 2q−1 s 82 q−1 s
Agora tome λ00 =8 ·l+8 · − e note que λ00 ∈ N(82 · ∈ N). Perceba
4 4 4
que
l + (s − 1)/4 λ00 0
n−1
= n 0 −1 ⇔ (l + (s − 1)/4) · 8n −n = λ00
8 8
q−1 q−1 (s − 1)
⇔ λ00 = 82 · l + 82 ·
4
2q−1
q−1 q−1 s 8
= 8 2 · l + 82 · − . (3.25)
4 4
Diante de (3.23) e (3.24)
q−1 q−1
2q−1 2q−1 s 82 n0 −1 2q−1 2q−1 82 0
0≤ λ00 =8 ·l+8 · − ≤8 −8 +8 − < 8n −1 − 1.
4 4 4
33
0
O que mostra que λ00 ∈ {0, . . . , 8n −1 − 1}.
λ0 λ0 + (1 − 1)/4
Como n0 0−1 = 0 é o extremo esquerdo do intervalo Jn0 ,1,λ00
8 8n0 −1
λ0 + 1 λ0 + 4/4
e n0 −1 = é o extremo direito do intervalo Jn0 ,4,λ0 segue de (3.22) e (3.25)
8 8n0 −1
Jn0 ,1,λ00 ⊂ Jn,s,l
e
Jn0 ,4,λ0 ⊂ Jn,s,l .
Com isso, todos os intervalos da forma Jn0 ,s0 ,l0 que se encontram entre os intervalos Jn0 ,1,λ00
e Jn0 ,4,λ0 se encontram contidos em Jn,s,l . Isto prova a afirmação em questão.
1 1
Saber que 0 < = |Jn0 ,s0 ,l0 |, nos dá condições de exibir x0 ∈ [0, 1] de modo que
8n 4 · 8n0 −1
1
• |x0 − x0 | = n0 ;
8
• O intervalo cujos extremos são x0 e x0 esteja contido em Jn0 ,s0 ,l0 .
Agindo de forma análoga ao que foi feito a partir do Lema 3.2, chegamos que
sendo m0i o maior número natural que satisfaz m0i · 2i−1 ≤ n0 . Das equações (3.21) e (3.27)
segue que,
34
X X
ai · ±1 . (3.28)
i∈{i>q0 : 2i−1 ≤n0 } r∈{η·2i−1 : η≤m0i }
Vamos mostrar que mi = m0i , para o caso i > q0 e também que m0q0 = mq0 + 1. Com
efeito, de mi · 2i−1 ≤ n e m0i · 2i−1 ≤ n0 obtém-se que
No entanto, a condição i > q0 faz com que 2i−1 > 2q0 −1 . Sendo assim,
m0i = mi . (3.30)
e assim,
m0q0 − mq0 ≤ 1.
Logo,
ou m0q0 = mq0 ou m0q0 = mq0 + 1.
o que gera um absurdo devido a m0q0 ser o maior inteiro não negativo que satisfaz
m0q0 · 2q0 −1 ≤ n0 . Portanto,
m0q0 = mq0 + 1. (3.31)
• Equação (3.10)
35
tem-se o seguinte:
Demonstração. A priori note que {i > q0 : 2i−1 ≤ n} ⊆ {i > q0 : 2i−1 ≤ n0 }, uma vez que
n < n0 . Suponha que exista i ∈ {i > q0 : 2i−1 ≤ n0 }, com 2i−1 > n. De n < 2i−1 , temos
que 2j+1 < 2i−1 . Com isso, j + 1 < i − 1. Isto é, i > j + 2.
Por outro lado, de 2i−1 ≤ n0 temos que 2i−1 ≤ 2j+1 + 2q0 −1 < 2j+1 + 2j+1 = 2j+2
(lembre que n = 2j+1 ) ı́mplicando que i − 1 < j + 2. Assim, i < j + 3. Porém, isto gera
um absurdo, devido a i ∈ N. Portanto, {i > q0 : 2i−1 ≤ n} = {i > q0 : 2i−1 ≤ n0 } como
querı́amos.
Usando o Lema 3.3 assim como as igualdades (3.30), (3.31) e (3.32), podemos concluir
que
36
X X X X
= aq0 · (±1) + ai · ±1 − ai · ±1
i∈{i>q0 : 2i−1 ≤n} r∈{η·2i−1 : η≤mi } i∈{i>q0 : 2i−1 ≤n0 } r∈{η·2i−1 : η≤mi }
X X X X
= aq0 · (±1) + ai · ±1 − ai · ±1
i∈{i>q0 : 2i−1 ≤n} r∈{η·2i−1 : η≤mi } i∈{i>q0 : 2i−1 ≤n} r∈{η·2i−1 : η≤mi }
= aq0 · (±1).
Sendo assim,
Dq = m = 2j+1 + k · 2q−1 : j ∈ N, k = 0, 1 .
(b) Aq é Lebesgue-mensurável;
37
Demonstração. Para provar o item (a), tome arbitrariamente x = 0.x1 x2 . . . xp . . . ∈ [0, 1].
1
Dado ε > 0 arbitrário, escolha j0 ∈ N de modo que (q)
< ε. Feito isso, tome
8nj0
y = 0.y1 y2 . . . yp . . . de maneira que
(q) (q)
• yi = xi , para cada i = 1, . . . , nj0 , nj0 + 1;
A maneira como y foi tomado faz com que o mesmo satisfaça a propriedade P, ou
seja, y ∈ Aq . Além disso, como
(q) 1
|y−x| = 0. 00 . . 00} (yn(q) +2 −xn(q) +2 ) . . . = 0, (yn(q) +2 −xn(q) +2 ) . . . × 8−nj0 <
| .{z (q)
<ε
(q)
(nj +1)−vezes
j0 j0 j0 j0
8nj0
0
sendo g m (x) := (fm (x), . . . , fm+5 (x)), para cada x ∈ [0, 1] (aqui, m ∈ N). Como cada
g m é contı́nua, ( suas funções coordenadas são contı́nuas) e toda função contı́nua definida
num espaço de medida é mensurável, tem-se que g m é mensurável. O fato da união
enumerável de conjuntos mensuráveis ser mensurável faz com que Aq possa ser visto
como interseção enumerável de conjuntos mensuráveis, o que por sua vez é também um
conjunto mensurável, provando assim (b).
Resta provar o item (c). Com efeito, o conjunto Aq foi definido como sendo um
subconjunto de [0, 1]. Como Aq é mensurável tem-se que m (Aq ) = m∗ (Aq ) ≤ 1
(aqui, m∗ denota( a medida exterior). )Suponha por absurdo que m (Aq ) < 1. Como
+∞
X [
m∗ (Aq ) := inf |Ik | : Aq ⊆ Ik , onde (Ik )k∈N é uma coleção enumerável de
k=1 k∈N
38
(q)
intervalos abertos, existe uma coleção enumerável de intervalos abertos Ik cobrindo
k∈N
Aq de modo que
+∞
X
(q)
I
k =: r < 1. (3.34)
k=1
(q) (q) (q) (q) (q)
Digamos que Ik := ak , bk , com ak , bk ∈ R. Sem perder generalidade, considere
que
(q) (q) (q)
• Ik := ⊆ [0, 1] para cada k ∈ N (isto é possı́vel haja vista que qualquer
ak , bk
intervalo aberto cobrindo Aq intersecta (0, 1));
(q) (q)
• ak+1 = bk , para cada k fixo. (isto é possı́vel, pois cada intervalo aberto pode ser
escrito como união disjunta entre intervalos abertos, de acordo com [11]).
Diante disso,
˙
[ (q) (q)
Aq ⊆ ak , bk
k∈N
sendo que
+∞
! ! !
˙
X [ [ [h i
(q) (q) (q) (q) (q)
r =: Ik = m Ik =m Ik =m ak , bk = m (I)
k=1 k∈N k∈N k∈N
[h (q) (q)
i
sendo I = ak , bk . Note que I trata-se de um intervalo (união de intervalos fechados
k∈N
subsequentes com extremos em comum) contendo Aq cujo comprimento r por sua vez é
menor que 1 (ver (3.34)). Isto significa que seu complementar em [0, 1], ou é um intervalo
não-degenerado, ou se trata da união de dois intervalos não-degenerados, o que é um
absurdo em virtude de (a). Dessa forma, m (Aq ) = 1 e isto prova (c).
\
Passo 7. Tome A = Aq .
q≥1
Perceba que A é uma interseção enumerável de conjuntos mensuráveis, pois de acordo
com o item (a) do Lema 3.4 cada Aq é mensurável. Sendo assim, A é mensurável.
Note também que m (A) ≤ 1, devido a A ⊆ Aq ⊆ [0, 1], para todo q ≥ 1. Como
!{ !
\ [ [ X
{ c { c
A = Aq = Aq , inferimos que 0 ≤ m A = m Aq ≤ m A{q .
q≥1 q≥1 q≥1 q≥1
Como m A{q = 0, para cada q ≥ 1, concluimos que m A {
= 0. Dessa forma,
m (A) = 1.
39
Com o intuito de verificar que ψ|A ∈ N D± (A), para todo ψ ∈ E \{0}, suponha que
0 |a q |
ψ+ (z0 ) existe para algum z0 = 0.z1 z2 . . . zp . . . ∈ A. Assim, para ε ∈ 0, , escolha
4
1 1
j > q, j ∈ N, de tal forma que se x e x0 são tais que x − z0 < 2j e x0 − z0 < 2j , então
8 8
ψ(x) − ψ(z0 ) ψ(x0 ) − ψ(z0 ) 0
ψ(x) − ψ(z0 ) 0 0 ψ(x ) − ψ(z 0 )
− = − ψ + (z0 ) + ψ + (z0 ) −
x − z0 x0 − z0 x − z0 x0 − z0
0
ψ(x) − ψ(z0 ) 0
ψ(x ) − ψ(z 0 ) 0
≤ − ψ+ (z0 ) + − ψ + (z 0 )
x − x0 x0 − z0
|aq |
< ε+ε=2·ε< . (3.35)
2
1
Estes três itens nos permitem exibir x ∈ A, com x > z0 de tal forma que x − z0 =
8 2j 0 +1
e [z0 , x] ⊆ J2j0 +1 ,s,l , (para isso, basta tomar x = 0.y1 y2 . . . yp . . . com y2j0 +1 = 2 e yr = zr ,
0 1
para todo r 6= 2j +1 ) assim como x0 ∈ A, com x0 > z0 , tal que x0 − z0 = j0 +1 q−1 e
82 +2
0 0
[z0 , x ] ⊆ J2j +1 +2q−1 ,s0 ,l0 ,(para isso, basta tomar x = 0.w1 w2 . . . wp . . . com w2j +1 +2q0 −1 = 2
0 0
0
e wr = zr , para todo r 6= 2j +1 + 2q0 −1 ). Como as contas a partir daqui se tornam análogas
0
as contas feitas a partir do Lema 3.2, podemos concluir que ψ+ (z0 ) não existe.
0
Com isso, resta-nos provar que ψ− (t) não existe seja qual for o t ∈ A. Para isso,
0
porabsurdo que ψ− (t) exista, para algum t = 0.t1 t2 . . . tp . . . ∈ A. Assim, para
suponha
|aq | j
ε ∈ 0, , escolha j > q0 , j ∈ N, de maneira que se x e x0 são tais que t − x < 1/82
4
j
e t − x0 < 1/82 , então
40
Como já visto anteriormente, é possı́vel encontrar s ∈ {1, 2, 3, 4} e l ∈ {0, 1, . . . , 8n−1 − 1}
0
tais que t ∈ Jn,s,l , assim como s0 ∈ {1, 2, 3, 4} e l0 ∈ {0, 1, . . . , 8n −1 −1} tais que t ∈ Jn0 ,s0 ,l0 ,
logo podemos escolher j 00 ≥ j de forma que
l00 + (s00 − 1)/4 1
• t − j 00 +1 −1
≥ j 00 +1
, para algum s00 ∈ {1, 2, 3, 4} e algum l00 ∈
2
8 00 82
j +1 −1
{0, 1, . . . , 82 − 1},
Como as contas a partir daqui se tornam análogas as contas feitas a partir do Lema
0
3.2, a nossa conclusão é que ψ− (t) não existe.
3.1.1 A construção de K
Novamente dividiremos a demonstração em alguns passos.
Passo 1. Tome uma sequência crescente de números naturais (mn )∞
n=0 de forma que
41
• m0 = 1;
mn 10 · 2n+2
• ≥ , para cada n = 1, 2, ...;
mn−1 1/6
mn
• seja divisı́vel por 4.
mn−1
Temos que
Como
mk
≤ 1, para cada k ∈ {1, 2, ..., n − 1} (3.38)
mn−1
mk mn−1 1/6
≤ ≤ , sempre que k ∈ {1, 2, ..., n − 1}. (3.39)
mn mn 10 · 2n+2
Dessa forma,
• Se r for menor que s, então qualquer elemento do interior de In,r seja menor do que
qualquer elemento do interior de In,s ;
1
• bn,j − an,j = ;
mn
42
• Cada In,j definido seja dividido em cinco subintervalos da forma {In,j i
}5i=1 , cada um
1
com comprimento (isto é possı́vel, haja vista que a soma dos comprimentos
5 · mn
1 1
dos cinco intervalos é igual a 5 · = ≤ 1);
5 · mn mn
i
Figura 3.6: Os intervalos In,j , para i = 1, 2, 3, 4, 5.
2
In+1,2j−1 ⊆ In,j (3.41)
4
In+1,2j ⊆ In,j (3.42)
para cada j.
Mais ainda,
43
De acordo com o Teorema 1.4, temos
∞
\
In+r,2r ·j−2r +1 6= ∅ (3.46)
r=0
e
∞
\
In+r,2r ·j 6= ∅. (3.47)
r=0
2n
[
x0 ∈ In,j , para cada n ∈ N. (3.48)
j=1
n +∞
˙ 2
[ \
Passo 3. Tome Kn := In,j , para cada n ∈ N ∪ {0} e K := Kn . Segue de (3.43)
j=1
n=1
que
K0 ) K1 ) K2 ) . . . Kn−1 ) Kn ) . . . . (3.49)
+∞
\
K= Kn 6= ∅.
n=1
44
(ver construção de K) e x ∈ ∩Kn , tem-se que para cada n ∈ N, existe um único
j(n) ∈ {1, . . . , 2n } de modo que x ∈ In,j(n) . Da mesma forma, como x ∈ Kn+1 , existe um
único j(n + 1) ∈ {1, . . . , 2n+1 } para o qual x ∈ In+1,j(n+1) . A maneira como tais intervalos
foram construidos (ver (3.41) e (3.42)) assegura que In+1,j(n+1) ⊂ In,j(n) . Assim, ou
j(n + 1) = 2 · j(n) − 1, ou j(n + 1) = 2 · j(n). Diante disso, para cada ε > 0 dado, escolha
1
n0 ∈ N de modo que < ε. Segue de (3.46), de (3.47) e da forma como os In,j s foram
mn0
construı́dos, que existe pelo menos um x0 6= x tal que x0 ∈ In0 ,j(n0 ) ⊆ (x − ε, x + ε). Isto
significa que x não é um ponto isolado. Portanto, K é perfeito.
Resta provar que K é totalmente desconexo, isto é, que K não contém intervalos. Para
1
isso, tome a, b, ∈ R arbitrários com a < b. Como existe n0 ∈ N de modo que < b−a
mn0
1
e além disso, |In0 ,j | = , para todo j ∈ {1, ..., 2n }, tem-se que (a, b) * In0 ,j , para todo
mn0
j ∈ {1, ..., 2n }. Logo, (a, b) * Kn0 e portanto, (a, b) * K, haja vista que K ( Kn0 . Dessa
forma K é totalmente desconexo.
Definição 3.1. Sejam f : [0, 1] → R uma função e I um subconjunto de [0, 1]. Definimos
a oscilação de f no conjunto I como sendo o número
Lema 3.5. Existe um operador linear T : C (K) → C[0, 1] que torna os seguintes itens
válidos, para cada f ∈ C(K):
45
Faremos com que T f seja estendida continuamente de forma conveniente para todo o
[0, 1]. Para isso, vamos fazer o seguinte:
Para cada n ≥ 0 e j ∈ {1, ..., 2n }, fixe xn,j ∈ In,j ∩ K. Feito isso, defina T f tanto em
an,j como em bn,j de modo que
Se z, w ∈ In,j ∩ ([0, 1] \ K), a demonstração será feita em dois casos. Primeiro, considere
o caso em que não existem pontos de K entre z e w. Como T f é afim no interior de cada
subintervalo de In,j ∩([0, 1] \ K), existe pelo menos um y ∈ K satisfazendo T f (y) < T f (z)
(veja Figura 3.8, para ilustrar). Com isso,
46
Figura 3.8: Caso em que não existe pontos de K entre z e w.
Já para o caso em que existe pelo menos um ponto de K entre z e w escolha y de forma
que T f (y) < T f (z) (veja Figura 3.9, para ilustrar). Daı́,
Por fim, se z ∈ In,j ∩ K e w ∈ In,j ∩ ([0, 1] \ K), perceba que, como z ∈ K e z está
entre an,j e w, recaimos no caso em que existe pelo menos um ponto de In,j ∩ K entre
47
dois pontos de In,j ∩ ([0, 1] \ K). Dessa forma,
1
Assim sendo, tome n0 ∈ N de forma que 2−n0 · kf k∞ < ε e < δ. A partir daı́, escolha
mn0
δ1 > 0 de modo que (x0 − δ1 , x0 + δ1 ) ⊆ In0 ,jn0 . Assim,
Como
ωf (In0 ,jn0 ∩ K) := sup |f (r) − f (t)|,
r,t∈In0 ,jn ∩K
0
1 1
Como r0 , s0 , x0 ∈ In0 ,jn0 ∩ K, In0 ,jn0 = e < δ, tem-se que |x0 − r0 | < δ e
mn0 mn0
|x0 − s0 | < δ. Assim, se u ∈ [0, 1] ∩ (x0 − δ1 , x0 + δ1 ), segue de (3.55), (3.56) e (3.57) que
48
Portanto, T f é contı́nua em K, como querı́amos.
Quanto a linearidade de T , tome f, h ∈ C e λ ∈ R arbitrários. Sabemos de (3.50) que
De (3.51) temos
1 − 2−n · (f + λ · h) (xn,j )
T (f + λ · h) (an,j ) =
1 − 2−n · f (xn,j ) + λ · 1 − 2−n · h(xn,j )
=
= T f (an,j ) + λ · T h(an,j ) = (T f + λ · T h) (an,j ), (3.60)
para algum j0 ∈ {1, ..., 2n−1 }. No entanto, t ∈ ˙ n,2j0 , uma vez que t ∈
/ In,2j0 −1 ∪I / Kn =
2n 2 4
∪˙ j=1 In,j (ver (3.44) e (3.45)). Como In,2j0 −1 ∪I
˙ n,2j0 ⊆ In−1,j0 ∪I
˙ n−1,j0 ( In−1,j0 , concluı́mos
que
já que
˙ n,2j0 −1 ∪(b
In−1,j0 = [an−1,j0 , an,2j0 −1 )∪I ˙ n,2j0 −1 , an,2j0 )∪I
˙ n,2j0 ∪(b
˙ n,2j0 , bn−1,j0 ].
Como
49
˙ n,2j0 −1 , an,2j0 )∪(b
concluı́mos que T f é afim em [an−1,j0 , an,2j0 −1 )∪(b ˙ n,2j0 , bn−1,j0 ].
Assim, |T f (t)| é menor ou igual ao máximo da função |T f | restrita ao fecho de
˙ n,2j0 −1 , an,2j0 )∪(b
[an−1,j0 , an,2j0 −1 )∪(b ˙ n,2j0 , bn−1,j0 ], máximo esse que é garantido em um dos
extremos do intervalo em que t se encontra (ver (3.62)).
De (3.51), temos
1
Como |I| ≥ (ver Passo 2, na construção de K), tem-se que
(5 · mn−1 )
|x − y| |x − y|
2 · kf k∞ · ≤ 2 · kf k∞ · .
|I| |1/(5 · mn−1 )|
50
Dessa forma,
|x − y|
|T f (x) − T f (y)| < 2 · kf k∞ · . (3.67)
|1/5 · mn−1 |
k+1 k 1 1
= + = an,j + = bn,j ,
mn mn mn mn
Mais ainda,
k k+1
, ⊆ [aν−1,j , aν,2j−1 ) ∪˙ (bν,2j−1 , aν,2j ) ∪˙ (bν,2j , bν−1,2j ] . (3.69)
mn mn
51
k k+1 k k+1
Seja I o intervalo em (3.69) que contém , . Como e estão em I,
mn mn mn mn
segue de (3.67) que
k+1 k
k
k + 1 mn − mn
T f − T f ≤ 2 · kf k∞ ·
mn mn 1/(5 · mν−1 )
1/mn
= 2 · kf k∞ ·
1/(5 · mν−1 )
mν−1
= 10 · kf k∞ ·
mn
mn−1
≤ 10 · kf k∞ · . (3.70)
mn
mn−1 1/6
Como ≤ , ( ver (3.36) ), inferimos que que
mn 10 · 2n+2
mn−1 1/6
10 · kf k∞ · ≤ n+2 · kf k∞ .
mn 2
Com isso,
k k + 1 1/6
T f − Tf ≤ n+2 · kf k∞ , (3.71)
mn mn 2
52
Figura 3.10: gráfico da função g
Além disso,
53
Vamos mostrar que S está bem definida e que Sf ∈ C[0, 1], para cada f ∈ C(K). Com
efeito, como T f ∈ C[0, 1], resta-nos verificar que
∞
X f (sn )
· g(mn · t) ∈ R, para cada t ∈ [0, 1] (3.78)
n=1
2n+1
Como cada f ∈ C(K), é contı́nua e definida num compacto, existe constante Cf que
satisfaz |f (t)| ≤ Cf , para todo t ∈ K. Como g é limitada por 1, tem-se que
f (sn )
= |f (sn )| · |g(mn · t)| · 1 ≤ Cf · 1 =: Mn .
2n+1 · g(mn · t) (3.80)
2n+1 2n+1
∞
X
Como Mn < ∞ (série geométrica de razão menor que 1), podemos fazer uso do
n=1
teste de Weierstrass (ver Teorema 1.9), assim como do Teorema 1.8 para concluir não
∞
X f (sn )
somente que a série n+1
· g(mn · t) converge absolutamente e uniformemente em
n=1
2
[0, 1], mas que a função H definida em (3.79) é contı́nua . Isto prova (3.78) e (3.79), como
querı́amos. Consequentemente, Sf é contı́nua em [0, 1].
Agora, vejamos que S é linear. Com efeito,
∞
X (f1 + α · f2 ) (sn )
S (f1 + α · f2 ) (t) = T (f1 + α · f2 ) (t) + · g(mn · t)
n=1
2n+1
∞ ∞
X f1 (sn ) X f2 (sn )
= T f1 (t) + α · T f (t) + n+1
· g(mn · t) + α · n+1
· g(mn · t)
n=1
2 n=1
2
= Sf1 (t) + α · Sf2 (t) = (Sf1 + α · Sf2 ) (t),
Como
54
• mn · an,j ≤ mn · t ≤ mn · bn,j ⇔ an,j ≤ t ≤ bn,j ;
Dessa maneira,
∞
X f (sn )
Sf (t) = T f (t) + · g(mn · t)
n=1
2n+1
= f (t) + 0 = f (t),
∞
X f (sl )
De (3.75), (3.83) e do fato da série · g(ml · t) convergir absolutamente, segue que
l=1
2l+1
∞ ∞ ∞
X f (sl ) X |f (sl )| X |f (sl )|
· g(ml · t) ≤ · |g(ml · t)| ≤
2 l+1 2 l+1 2l+1
l=n l=n l=n
∞ ∞
X kf k∞ X 1 kf k∞
≤ = kf k∞ · =
l=n
2l+1 l=n
2l+1 2n
−n
= 2 · kf k∞ . (3.84)
Logo,
∞
X f (s l )
|Sf (t)| ≤ |T f (t)| + · g(m · t)
l+1 l
2
l=n
≤ 1 − 2−n · kf k∞ + 2−n · kf k∞
55
Assim,
kSf k∞ ≤ kf k∞ .
concluı́mos que
kf k∞ ≤ kSf k∞ .
pode ser descrito como um produto de números divisı́veis por 4 (ver Passo 2, na
ms
construção de K), segue que o próprio é divisı́vel por 4. Em consequência, os números
mn
ms ms
·k e · (k + 2) são divisı́veis por 4 (soma de números divisı́veis por 4 é ainda um
mn mn
56
número divisı́vel por 4). De (3.74), segue que
ms ms
g ·k =g · (k + 2) = 0. (3.86)
mn mn
n−1 n−1
X |f (sl )| ml ml X |f (sl )| ml ml
· g · k − g · (k + 2) ≤ · · (k + 2) − · k
l=1
2l+1 mn mn
l=1
2l+1 mn mn
n−1 n−1
X |f (sl )| 2 · ml X 2 · kf k∞ ml
= · ≤ ·
l=1
2l+1 mn l=1 2l+1 mn
n−1
X 2 · kf k∞ 2n+1 · ml 2 · kf k∞ 1
= n+1
· l ≤ ·
l=1
2·2 2 · mn 2 · 2n+1 6
1/6
= · kf k∞ . (3.87)
2n+1
De (3.73), (3.86), (3.87), do item (c) do Lema (3.5) e do fato de n estar em Df chegamos
a
k k + 2
Sf − Sf =
mn mn
X ∞ X ∞
k f (s l ) k k + 2 f (s l ) k + 2
= T f + · g ml · − Tf + · g ml ·
mn 2l+1 m m 2 l+1 m
n n n
l=1 l=1
X n X n
k k + 2 f (s l ) k f (s l ) k + 2
= T f − Tf + · g ml · + · g ml ·
mn mn 2 l+1 m 2 l+1 m
n n
l=1 l=1
n
X f (sl ) k k + 2 k k + 2
≥ · g ml · − g ml · − T f − Tf
2 l+1 m m m mn
n n n
l=1
n−1
f (s ) k
k+2
X
f (sl )
k
k+2
n
= n+1 · g mn · − g mn · + · g ml · − g ml ·
2 mn mn 2 l+1 mn mn
l=1
k k + 2
− T f − Tf
mn mn
n−1
f (sn ) X f (s ) k
k + 2
l
≥ n+1 · |g (k) − g (k + 2)| − · g ml · − g ml ·
2 2 l+1 mn mn
l=1
k k + 2
− T f − Tf
mn mn
n−1
|f (sn )| · |g (k) − g (k + 2)| X |f (sl )| k k + 2
≥ − · g ml · − g ml ·
2n+1 l=1
2l+1 mn mn
57
k k + 2
− T f
− Tf
mn mn
|f (sn )| · |g (k) − g (k + 2)| 1/6 1/6
≥ n+1
− n+1 · kf k∞ − n+1 · kf k∞
2 2 2
|f (sn )| 1/6 1/6
= − n+1 · kf k∞ − n+1 · kf k∞
2n+1 2 2
kf k∞ 1/6 1/6
≥ (1 − 1/6) · n+1 − n+1 · kf k∞ − n+1 · kf k∞
2 2 2
kf k∞ 1/6
= − 3 · n+1 · kf k∞
2n+1 2
kf k∞ 1/2
= − n+1 · kf k∞
2n+1 2
1/2
= · kf k∞ ,
2n+1
como querı́amos.
Sf (x) − Sf (x0 )
lim = (Sf )0 (x0 ).
x→x0 x − x0
Dessa forma, para ε = 1, existe δ > 0 de tal forma que se x ∈ [0, 1] e 0 < |x − x0 | < δ,
então
|Sf (x) − Sf (x0 )|
< 1 + | (Sf )0 (x0 )|.
|x − x0 |
1 1
Por outro lado, se x ∈ [0, 1] for tal que |x − x0 | ≥ δ, então ≤ . Como Sf é
|x − x0 | δ
contı́nua definida num compacto, existe uma constante de limitação C > 0 que satisfaz
Com isso, se a, b ∈ [0, 1] são tais que x0 ∈ [a, b], segue de (3.88) que
|Sf (a) − Sf (b)| ≤ |Sf (a) − Sf (x0 )| + |Sf (x0 ) − Sf (b)| ≤ M · |a − x0 | + M · |x0 − b|
= M · (x0 − a) + M · (b − x0 ) = M · (b − a) . (3.89)
58
k k+2
Como x0 ∈ , , para algum k ∈ {0, 1, ..., mn − 2}, podemos fazer uso de (3.89)
mn mn
e obter que
k k + 2 k k + 2 2
Sf − Sf ≤ M · − =M· . (3.90)
mn mn mn mn mn
Porém,
10 · 2n+2
mn ≥ > 2n+2 ,
1/6
para todo n ≥ 1 (ver construção de K). Em particular,
10 · 2n+2
mn ≥ > 2n+2 ,
1/6
2·M mn
≥ lim n+2 = +∞,
kf k∞ n∈Df 2
59
CAPÍTULO 4
|f (y) − f (x)|
lim = +∞,
y→x |y − x|α
60
Definição 4.2. Seja f ∈ C[0, 1]. Diremos que f é Lipschitz em ponto algum, (f ∈ N H1 ),
se para cada x ∈ [0, 1] e C > 0, for possı́vel encontrar y ∈ [0, 1] de modo que
|f (y) − f (x)| > C · |y − x|.
para cada y 6= x ∈ [0, 1] (isto é possı́vel, pois f é analı́tica). Usando o fato de que f é
não constante, garantimos que existe pelo menos um n ∈ N para o qual f (n) (F (x)) 6= 0.
f (n) (F (x))
Denotando por an e tomando k = min{n ∈ N : f (n) (F (x)) 6= 0}, obtemos que
n!
∞
X
f (F (y)) = f (F (x)) + an · (F (y) − F (x))n
n=k
∞
!
X
= f (F (x)) + (F (y) − F (x))k · ak + ak+1 · (F (y) − F (x)) + ak+i (F (y) − F (x))i
i=2
k
= f (F (x)) + (F (y) − F (x)) · (λ + P (x, y)), (4.1)
∞
X
onde λ = ak e P (x, y) = ak+1 · (F (y) − F (x)) + ak+i (F (y) − F (x))i são tais que λ 6= 0
i=2
e P (x, x) = 0.
Perceba que lim (F (y) − F (x)) = 0, (F ∈ C[0, 1]). Assim,
y→x
∞
X
lim P (x, y) = ak+1 · lim (F (y) − F (x)) + lim [ak+i (F (y) − F (x))i ] = 0.
y→x y→x y→x
i=2
|F (y) − F (x)|
lim = +∞.
y→x |y − x|α/k
61
Assim, de (4.1), temos
k
|(f ◦ F )(y) − (f ◦ F )(x)| |F (y) − F (x)|
lim = lim α · lim |λ + P (x, y)| = +∞.
y→x |y − x|α y→x |y − x| k y→x
Portanto, f ◦ F ∈ N H.
f ◦ u ∈ N H. (4.2)
Perceba que
f ◦u(z) = f (u(z)) = λ1 ·u(z)+λ2 ·u(z)2 +...+λm ·u(z)m = (λ1 ·u+λ2 ·u2 +...+λm ·um )(z),
Proposição 4.1. N H1 ⊆ N D.
A partir daqui verificaremos que h ∈ N D. Para isso, suponha por absurdo que h0 (x)
existe para algum x ∈ [0, 1]. Assim, para ε = 1 > 0, existe δ > 0, o qual podemos tomar
1
menor do que , de tal forma que, para cada y ∈ [0, 1], com 0 < |y − x| < δ, tenha-se
2
1
Como δ < , existe pelo menos um y ∈ [0, 1] de maneira que |y − x| ≥ δ. Como h é
2
limitada ([0,1] é compacto e f é contı́nua) existe uma constante de limitação C > 0 de
62
modo que |h(y) − h(x)| ≤ |h(y)| + |h(x)| ≤ 2 · C, para todo y ∈ [0, 1] com |y − x| ≥ δ.
Dessa forma,
• Diremos que β > γ, se existe m ∈ {1, ..., r} de forma que βm < γm e βi = γi , para
cada i ∈ {m + 1, ..., r}.
Lema 4.2. Existe uma sequência (uk )k≥1 ⊆ C[0, 1] tal que para cada a ∈ [0, 1], r ∈ N e
i1 , i2 , ..., ir ∈ Z satisfazendo 1 ≤ i1 < i2 < ... < ir , existe uma sequência (hn )n≥1 ⊆ R com
lim hn = 0 para a qual
n→∞
(a) lim |ui1 (a + hn ) − ui1 (a)|β1 · ... · |uir (a + hn ) − uir (a)|βr /hαn = +∞, sempre que
n→∞
β ∈ Nr e α > 0;
(b) |ui1 (a + hn ) − ui1 (a)|β1 · . . . · |uir (a + hn ) − uir (a)|βr >> |uj (a + hn ) − uj (a)|, sempre
que β = (β1 , β2 , . . . , βr ) ∈ Nr e j ∈ / {i1 , i2 , . . . , ir };
(c) |ui1 (a + hn ) − ui1 (a)|β1 · ... · |uir (a + hn ) − uir (a)|βr >> |ui1 (a + hn ) − ui1 (a)|γ1 · . . . ·
|uir (a + hn ) − uir (a)|γr , sempre que β = (β1 , β2 , ..., βr ), γ = (γ1 , γ2 , ..., γr ) ∈ N r e
β > γ.
63
Demonstração. Faremos esta demonstração através de alguns passos:
Passo 1. Considere a função
sendo
(
atn +1 + 1, se an ∈ {0, 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8};
btn +1 =
atn +1 − 1, se an ∈ {4, 9}.
64
Portanto,
a + hn = xtn +1 . (4.10)
1
|uik (a + hn ) − uik (a)| ≥ · f 0 ·p )! (a + hn ) − f(p ·p0 ·p )! (a)
( 0 i (p ·p
ik i n ik i n
10 pik · pn ) k
k k
1
|uik (a + hn ) − uik (a)| ≥ · f (a + h ) − f (a)
0 0
(pik ·pi ·pn )! n (pik ·pi ·pn )!
10( p0ik · pn )ik
k k
∞
X 1 (pik ·m)!
(pik ·m)!
= i · f 0 10 · (a + hn ) − f 0 10 · a . (4.14)
m=0
10m k
f0 10(pik ·m)! · (a + hn )
= f(pik ·m)! (a + hn )
= f(pik ·m)! (xtn +1 ))
= 0, sempre que (pik · m)! ≥ tn + 1. (4.15)
65
Como
(pik · m)! ≥ tn + 1 ⇔ (pik · m)! > tn ⇔ (pik · m)! > (pi1 · ... · pir · pn )!
⇔ pik · m > pi1 · ... · pir · pn
pi · ... · pir
⇔ pik · m > p i k · 1 · pn )
p ik
⇔ m > p0ik · pn , (4.16)
Como
p0 ·p p0i ·pn −1
n
ik kX
X
1 1 1
mki · r m
= 0
(pi ·pn ) k i · r p 0 ·p +
ik n mki · rm
m=0 10
10 k
m=0
10
p0 ·p −1
ik n
1 X 1
≥ (p0 ·p )ik · rp0i ·pn −
mik
· rm
10 ik n k
m=0 10
p0 ·p −1
ik n
1 X 1
= · r − · r
0
p ·p m
(p0i ·pn )ik ik n mik
10 k
m=0 10
0·pn −1
1 pikX 1
≥ · rp0i ·pn − ik · rm ,
(p0i ·pn )ik k 10m
10
k
m=0
66
1
segue de (4.18), da definição de f(pik ·p0i ·pn )! dada em (2.2) e do fato que i ≤ 1 que
k 10m k
0
·pn −1
1 pikX 1
|uik (a + hn ) − uik (a)| ≥ · rp0i ·pn − · r
m
(p0i ·pn )ik k 10m i k
10
k
m=0
1 0
0
= · f0 10(pik ·pik ·pn )! · (a + hn ) − f0 10(pik ·pik ·pn )! · a
(p0i ·pn )ik
10 k
p0i ·pn −1
k
X 1
·m)! ·m)!
(p
(p
− 10mik · f0 10 k
i
· (a + hn ) − f0 10 k i
· a
m=0
1
= · f (a + h ) − f (a)
0 0
(p0i ·pn )ik
(pik ·pi ·pn )! n (pik ·pi ·pn )!
k k
10 k
p0i ·pn −1
kX
1
− 10mik · f(pik ·m)! (a + hn ) − f(pik ·m)! (a)
m=0
1
≥ · f (a + h ) − f (a)
0 0
(p0i ·pn )ik
(pik ·pi ·pn )! n (pik ·pi ·pn )!
k k
10 k
p0i ·pn −1
kX
− f (a + h ) − f (a) , (4.19)
(pik ·m)! n (pik ·m)!
m=0
como querı́amos.
pi1 · ... · pir
(pik · p0ik · pn )! = pik · · pn ! = (pi1 · ... · pir · pn )! = tn .
pik
67
Como (ver (2.2))
(
±10−(n−k) , se k < n;
fk (xn ) − fk (a) =
0, se k ≥ n.
chegamos a
f(pik ·p0i ·pn )! (a + hn ) − f(pik ·p0i (a) = 10−1 .
·pn )!
k k
Assim,
1 10−1 1
· f(pik ·p0i ·pn )! (a + hn ) − f(pik ·p0i ·pn )! (a) = = . (4.21)
(p0i ·pn )ik k k (p0i ·pn )ik (p0i ·pn )ik +1
10 k 10 k 10 k
Como
(pik · m)! < (pi1 · ... · pir · pn )! ⇔ pik · m < pi1 · ... · pir · pn
pi · ... · pir
⇔ p ik · m < p ik · 1 · pn )
pik
⇔ m < p0ik · pn
⇔ m ≤ p0ik · pn − 1.
Como
segue que
68
Assim,
Com isso,
p0i ·pn −1
k
X 10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
f(pik ·m)! (a + hn ) − f(pik ·m)! (a) ≤ p0ik · pn · . (4.25)
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
m=0
como querı́amos.
1
|uik (a + hn ) − uik (a)| ≥ · f(pik ·p0i ·pn )! (a + hn ) − f(pik ·p0i ·pn )! (a)
( 0 i
10 pik · pn ) k k k
69
1 10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
≥ i − p0ik · pn · .
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
k
p0i ·pn +1
10 k
lembrando que
rm = f0 10(pik ·m)! · (a + hn ) − f0 10(pik ·m)! · (a)
= f(pi ·m)! (a + hn ) − f(pi ·m)! (a)
k k
m > p0ik · pn
f(pik ·m)! x(tn +1) − f(pi ·m)! (a) = 0, para todo
k
m > p0ik · pn ⇔
⇔ pik · m > pik · p0ik · pn
70
pi1 · ... · pir
⇔ p ik · m > p ik · · pn
pik
⇔ pik · m > pi1 · ... · pir · pn
⇔ (pik · m)! > (pi1 · ... · pir · pn )!
⇔ (pik · m)! > tn
⇔ (pik · m)! ≥ tn + 1 (4.27)
Assim,
p0 ·p
ik n ∞
X 1 X 1
|uik (a + hn ) − uik (a)| = i · rm + i · r m
m=0 10m mk
k
m=p0i ·pn +1
10
k
p0 ·p p0 ·p
ik n ∞ ik n
X 1 X 1 X 1
=
m i k
· rm + m ik
· 0 =
m ik
· rm + 0
m=0 10 m=p0i ·pn +1
10
m=0 10
k
p0 ·p
n
ik
X
1
= mki · rm
(4.28)
m=0 10
Como rm = ±10[(pi1 ·...·pir ·pn )!+1−(pik ·m)!] , sempre que 0 ≤ m ≤ p0ik · pn (ver (2.2) e (4.40)),
tem-se que
p0 ·p p0 ·p
n ik n
ik
X X
1 1
−[( i1 ir n )
(p ·...·p ·p !+1− p ·m !
( ik ) ] .
i · rm
= i · ±10
m=0 10m m=0 10m
k k
Considerando
p0 ·p
ik n
X 1
− [(t +1)− (p ·m )! ]
Ak,n := i · ±10 n i k (4.29)
m=0 10m
k
71
podemos continuar com o raciocı́nio afim de obtermos que
p0i ·pn −1
kX
i
1 1
h
0
Ak,n
= (p0 ·p )ik · ±10
− (tn +1)− p i ·p
k ik
·p n !
+ · ±10 −[ n
(t +1)− ( ik ) ]
p ·m !
i
10 ik n m=0
10m k
p0 ·p −1
i ik n
1 1
h
0
− (t +1)− p ·p ·p ! [ n ( ik ) ] .
X
− (t +1)− p ·m !
n i n
≤ (p0 ·p )ik · ±10 k ik + i · ±10
m=0 10m
k
10 ik n
1
Usando os fatos que mik
≤ 1 e (pik · m)! < (pi1 · ... · pir · pn − 1)!, para cada
10
0 ≤ m ≤ p0ik · pn − 1 (ver (4.23)), garantimos que
p0ik ·pn −1
1 X
−1 − [( (p ·...·p ·p )!+1− (p ·m ) ! ]
Ak,n ≤ 0 i
(p ·p ) k
· ±10 + ±10 i 1 i r n ik
10 ik n
m=0
p0 ·p −1
ik n
1 −1
X − [( (p ·...·p ·p )!+1− (p ·...·p ·p −1 )! ]
≤ 0 i
(pi ·pn ) k · ±10 + ±10 i 1 i r n i1 i r n
10 k
m=0
10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
1 0
= + p
(p0i ·pn )ik +1 ik n
· p ·
10(pi1 ·...·pir ·pn )!+1
10 k
( pi1 ·...·pir ·pn −1)!
1 0
10
< (p0i ·pn )ik +1 + pik · pn ·
( )
p ·...·p ·p !
10 k 10 i1 ir n
Sendo |uik (a + hn ) − uik (a)| = Ak,n (ver (4.28) e (4.29)), segue de (4.30) que
p0ikX
·p −1
n
1 −1
− [( i1 ir n )
(p ·...·p ·p !+1− ( ik ) ]
p ·m !
|uik (a + hn ) − uik (a)| ≤ (p0 ·p ) k
i · ±10 + ±10
10 ik n
m=0
p0 ·p −1
ik n
1 −1
X
−[((pi1 ·...·pir ·pn )!+1−(pi1 ·...·pir ·pn −1)!]
≤
(p0i ·pn )ik · ±10 + ±10
10 k
m=0
10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
1 0
= (p0i ·pn )ik +1 + pik · pn · (pi1 ·...·pir ·pn )!+1
10 k 10
(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
1 0 10
< (p0i ·pn )ik +1 + pik · pn ·
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
10 k
1 0 10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
= (p0 ·p )ik +1
+ p ik · p n · .
10 ik n 10(pi1 ·...·pir ·pn )!
72
como gostarı́amos. Diante de (4.11) e (4.13) podemos concluir que
1 1
|uik (a + hn ) − uik (a)| ∈ (p0i ·pn )ik +1
− εk , (p0i ·pn )ik +1
+ εk
10 k 10 k
Neste sentido,
Cβ
(ui1 (a + hn ) − ui1 (a))β1 · . . . · (uir (a + hn ) − uir (a))βr ≈
Pr i ,
j
(4.32)
β p0 ·p
j=1 j i n
j
10
Passo 7. Vamos verificar o item (a). Para isso, tomaremos β = (β1 , ..., βr ) ∈ Nr e α > 0
de forma arbitrária. Fazendo uso de (4.9) chegamos a
Cβ Cβ
Pr i
j
=
Pr i
j
β p 0 ·p β p 0 ·p
j=1 j i n j=1 j i n
hαn · 10 j
±10−[α·(tn +1)] · 10 j
e daı́
Cβ Cβ
=
i1
ir ij
( 0 ·p
)
β
hαn · 10 i1
1 p n β
· ... · 10 ir
r (p 0 ·p
n ) Pr 0
j=1 βj pij ·pn
±10−[α·(tn +1)] · 10
|Cβ |
= i
j r
βj p0i ·pn
P
j=1
10−[α·(tn +1)] · 10 j
|Cβ |
= i .
j
(4.33)
− α·(tn +1)− rj=1 βj p0i ·pn
P
j
10
Como r
X i j
α · (tn + 1) = α · ((pi1 · pi2 · . . . · pir · pn )! + 1) > βj p0ij · pn ,
j=1
73
para n ∈ N suficientemente grande (o fatorial cresce muito mais rápido que qualquer soma
finita que não o possui), segue de (4.33) que
Cβ |Cβ |
lim = lim
i1
i
ir
hαn · 10β1 (pi1 ·pn ) · ... · 10βr (pir ·pn )
0
n→∞ 0 n→∞ j
− α·(tn +1)− rj=1 βj p0i ·pn
P
j
10 i
Pr j
α·(tn +1)− βj p0i ·pn
= lim |Cβ | · 10 j=1 j
n→∞
= +∞.
lim (|ui1 (a + hn ) − ui1 (a)|β1 · ... · |uir (a + hn ) − uir (a)|βr )/hαn = +∞.
n→∞
Como uim ∈ C[0, 1], tem-se que lim |uim (a + hn ) − uim (a)| = 0. Sendo assim,
n→∞
lim |uim (a + hn ) − uim (a)|βm −γm = +∞ (lembre que βm − γm < 0). (4.34)
n→∞
Por outro lado, não se tem hipótese sobre a diferença γj − βj , para j ∈ {1, . . . m − 1}. No
entanto, se γj = βj , para todo j ∈ {1, . . . m − 1}, então a expressão
1
γ1 −β1
(4.35)
|ui1 (a + hn ) − ui1 (a)| · . . . · |uim−1 (a + hn ) − uim−1 (a)|γm−1 −βm−1
74
= lim |uim (a + hn ) − uim (a)|βm −γm = +∞. (4.36)
n→∞
Caso γj < βj , para todo j ∈ {1, . . . m − 1}, a expressão em (4.35) será igual a
a qual por sua vez é limitada (lembre que cada uij é contı́nua definida num compacto), e
assim,
Já para o caso em que existe pelo menos um j0 para o qual γj0 > βj0 , chegamos a
1
lim = +∞. Isto nos fará recair em um dos casos anteriores,
n→∞ |ui (a + hn ) − ui (a)|γj0 −βj0
j0 j0
uma vez que cada fator da forma |uik (a + hn ) − uik (a)|γk −βk será limitado. Diante disso,
segue que
Passo 8. Vamos verificar (b). Para este feito, tome j ∈ N de forma que j 6= ik , para
cada k ∈ {1, ..., r}, e em seguida escolha n ∈ N de modo que j < n. De j < n,
segue que o número p0j · pn ∈ / N (lembre que cada pis com s = 1, . . . , r é primo).
Faremos uso do maior natural menor que p0j · pn o qual será denotado por p0j · pn .
Aqui, pj · p0j · pn ∈ N, pois se trata de um produto entre dois números naturais. Como
pi · ... · pir
Perceba que 1 + p0j · pn < 1 + p0j · pn = 1 + 1
· pn < 1 + pi1 · ... · pir · pn (pj > 1).
pj
75
Dessa forma,
Além disso,
m > p0j · pn
f(pj ·m)! x(tn +1) − f(pj ·m)! (a) = 0, para todo
⇔ pj · m > pj · p0j · pn
pi · ... · pir
⇔ pj · m > pj · 1 · pn
pj
⇔ pj · m > pi1 · ... · pir · pn
⇔ (pj · m)! = [pj · m]! > [pi1 · ... · pir · pn ]! = (pi1 · ... · pir · pn )!
⇔ (pj · m)! > tn
⇔ (pj · m)! ≥ tn + 1 (4.40)
76
Assim,
+∞
X 1
|uj (a + hn ) − uj (a)| = · f x − f (a)
m j (pj ·m)! (tn +1) (pj ·m)!
10
m=0
[p0j ·pn ]
X 1
= · f x − f (a)
mj (pj ·m)! (tn +1) (pj ·m)!
10
m=0
[pX
j n]
0 ·p
1
≤ 10mj · f(pj ·m)! x(tn +1) − f(pj ·m)! (a)
(4.41)
m=0
De acordo com (2.2), f(pj ·m)! x(tn +1) − f(pj ·m)! (a) = ±10−(tn +1−(pj ·m)!) , para cada m >
0
pj · pn (ver (4.40)). Assim,
[pX
j n]
0 ·p
1
10mj · f(pj ·m)! x(tn +1) − f(pj ·m)! (a) =
m=0
[pX
j n]
0 ·p
1 −[t +1−(p ·m)!]
= 10mj · 10 (4.42)
n j
m=0
Note que
x(tn +1) − f(pj ·[pj ·pn ])! (a) = 10−[(pi1 ·...·pir ·pn )!+1−(pj ·[pj ·pn ])!]
0
f(p
j ·[pj ·pn ])!
=
10(pi1 ·...·pir ·pn )!+1
10(pj ·[pj ·pn ])!
0
<
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
≤ . (4.43)
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
[p0jX
·pn ]−1 [p0jX
·pn ]−1
77
[p0jX
·pn ]−1
10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
=
m=0 10(pi1 ·...·pir ·pn )!
0 10(pi1 ·...·pir ·pn −1)!
= pj · p n · . (4.44)
10(pi1 ·...·pir ·pn )!
[pX
j n]
0 ·p
−[(t +1)−(p ·m)!]
|uj (a + hn ) − uj (a)| = 10 n j
m=0
Como
1
10 2 (pi1 ·...·pir ·pn )! n
→ +∞
pi1 · ... · pir · pn
78
e cada uk é contı́nua definida num compacto, tem-se que
1
β1 βr 10 2 (pi1 ·...·pir ·pn )! n
|ui1 (a + hn ) − ui1 (a)| · ... · |uir (a + hn ) − uir (a)| · → +∞,
pi1 · ... · pir · pn
Ck,n
uik (a + hn ) − uik (a) ≈ (p0i ·pn ik
, (4.45)
10 k )
e (hn )∞
n=1 a sequência que aparece em (4.9).
Como lim gik (a + hn ) − gik (a) = 0 (pois gik ∈ C[0, 1]), segue que, para n ∈ N
n→∞
suficientemente grande,
Dk,n
gik (a + hn ) − gik (a) ≈ (p0i ·pn )ik
,
10 k
Rk
vik (a + hn ) − vik (a) = gik (a + hn ) − gik (a) + δk · [uik (a + hn ) − uik (a)] ≈ (p0i ·pn ik
,
10 k )
79
Assim sendo, para cada ε > 0 e f ∈ C[0, 1], existe p ∈ P[0, 1] que satisfaz
ε ε
kp − f k∞ < . Como (uk )k ⊆ C[0, 1], existe qk ∈ P[0, 1] para o qual kuk − qk k∞ < .
2 2 · δk
kf − vk k∞ = kf − (gk + δk · uk )k∞
= kf − (p − δk · qk + δk · uk )k∞
≤ kf − pk∞ + kδk · qk − δk · uk k∞
< ε.
Isto significa que o conjunto {vk }∞ k=1 também é denso em C[0, 1]. Sendo assim, sem que
haja perda de generalidade, considere que o conjunto {uk }∞ k=1 seja denso em C[0, 1], e a
0
partir daı́ leve em consideração a álgebra A gerada pelos uk s.
Passo 2. Vamos verificar que A \ {0} ⊆ N H. Para isso, considere f ∈ A \ {0} e a ∈ [0, 1]
um número fixo. De f ∈ A \ {0}, segue que existem d ∈ N, h : [0, 1] → Rd dada por
h(x) = (u1 (x), ..., ud (x)), para cada x ∈ [0, 1] e uma função polinomial F em d variáveis
tal que f = F ◦ h. Como toda função polinomial é analı́tica, podemos fazer uso de sua
série de Taylor (ver Definição 1.12) , e neste sentido teremos que
X ∂ λ F (h(a))
f (y) = (F ◦ h) (y) = F (h(y)) = · (h(y) − h(a))λ
d
λ!
λ∈N
X ∂ λ F (h(a))
= F (h(a)) + · (h(y) − h(a))λ (4.46)
d
λ!
λ∈N0
∂ λ F (h(a))
para cada y ∈ [0, 1]. Como F é polinomial, a derivada a partir de um certo
λ!
momento vai começar a zerar. Isto fará com que a soma em (4.46) se torne finita. Em
outras palavras, vai existir um conjunto finito Λ ⊆ Nd para o qual
X ∂ λ F (h(a)) X ∂ λ F (h(a))
· (h(y) − h(a))λ = · (h(y) − h(a))λ . (4.47)
d
λ! λ∈Λ
λ!
λ∈N0
Assim,
X ∂ λ F (h(a))
f (y) = f (a) + · (h(y) − h(a))λ
d
λ!
λ∈N0
X ∂ λ F (h(a))
= f (a) + · (h(y) − h(a))λ
λ∈Λ
λ!
80
X
aλ · u1 (y) − u1 (a))λ1 · ... · (ud (y) − ud (a))λd
= f (a) + (4.48)
λ∈Λ
∂ λ F (h(a))
sendo aλ = 6= 0.
λ!
Sejam
r := min{card{i : λi 6= 0} : λ = (λ1 , . . . , λd ) ∈ Λ}
e
Λ0 = {λ ∈ Λ : card{i : λi 6= 0} = r}.
Note que r é a menor quantidade de λ0i s não nulos para cada λ = (λ1 , ..., λd ) ∈ Λ0 .
Escolha λ0 ∈ Λ0 de forma que λ0 = (λ01 , ..., λ0d ) seja máximo com relação a ordem
reversa definida logo após o Corolário 4.1.
Feito isso, denote f (y) − f (a) por ∆(y). Assim, diante de (4.48) temos
X
aλ · u1 (y) − u1 (a))λ1 · ... · (ud (y) − ud (a))λd
∆(y) =
λ∈Λ
0 0
= aλ0 · u1 (y) − u1 (a))λ1 · ... · (ud (y) − ud (x))λd
X
aλ · u1 (y) − u1 (a))λ1 · ... · (ud (y) − ud (a))λd
+
λ∈Λ0 \{λ0 }
X
aλ · u1 (y) − u1 (a))λ1 · ... · (ud (y) − ud (a))λd
+
λ∈Λ\Λ0
∆1 (y) = aλ0 · ui1 (y) − ui1 (a))β1 · ... · (uir (y) − uir (a))βr
(4.49)
sendo que os βi0 s são não nulos, (lembre que λ0 tem r coordenadas não nulas) e os i0k s são
crescentes ( 1 ≤ i1 < ... < ir ).
O Lema 4.2 garante que existe uma sequência real (hn )n≥1 , (lembre que (hn )n≥1
depende da escolha dos i0k s) convergindo para zero, a qual faz com que os u0ik s satisfaçam
os itens (a), (b) e (c).
81
|aλ0 | · |ui1 (a + hn ) − ui1 (a))|β1 · . . . · |uir (a + hn ) − uir (a))|βr
≥ P (4.50)
λ∈Λ0 −{λ0 } |aλ | · |u1 (a + hn ) − u1 (a))λ1 · . . . · (ud (a + hn ) − ud (a))λd |
Como j0 ∈
/ {i1 , ..., ir }, podemos fazer uso do item b) do Lema 4.2 para obter que
∆1 (a + hn ) n
→ +∞ (4.52)
|uj0 (a + hn ) − uj0 (a)|
Como as u0m s são limitadas, ((um )m≥1 ⊆ C[0, 1]), existe uma constante Mi ≥ 0 (i = 1, ..., d)
82
tal que |ui (a + hn ) − ui (a)| ≤ |ui (a + hn )|+|ui (a)| ≤ 2·Mi , para cada i 6= j0 e todo n ∈ N.
Dessa forma,
Portanto,
|∆1 (a + hn )| n
→ +∞ (veja (4.50)). (4.54)
|∆2 (a + hn )|
para cada n ∈ N. Nesse contexto, λ = (λ1 , ..., λd ) ∈ Λ \ Λ0 significa que pelo menos
r + 1 das suas coordenadas são não nulas. Em outras palavras, existe pelo menos um j0
diferente dos i0k s para o qual λj0 6= 0. Por conseguinte, observe que a verificação de que
83
para cada λ ∈ Λ \ Λ0 , acabará implicando que
(novamente, isto vai decorrer do fato de que Λ é finito). Sendo assim, vamos verificar
(4.56). Para isso, escolha λ = (λ1 , ..., λd ) ∈ Λ \ Λ0 de modo que j0 ∈
/ {i1 , ..., ir } e λj0 6= 0.
Daı́,
|aλ |−1
|uj0 (a + hn ) − uj0 (a)|λj0 −1 · Πdi=1,i6=j0 |ui (a + hn ) − ui (a))|λi
|∆1 (a + hn )| n
o que mostra que → +∞, como gostarı́amos (ver (4.55)).
|∆3 (a + hn )|
Em resumo, |∆1 (a + hn )| >> |∆2 (a + hn )| e |∆1 (a + hn )| >> |∆3 (a + hn )|.
E isto nos diz que
|∆2 (a + hn )| n
→0 (4.57)
|∆1 (a + hn )|
e que
|∆3 (a + hn )| n
→ 0. (4.58)
|∆1 (a + hn )|
Sabemos que
∆(a + hn ) = ∆1 (a + hn ) + ∆2 (a + hn ) + ∆3 (a + hn )
84
para cada n. Assim,
|∆1 (a + hn )| = |∆(a + hn ) − ∆2 (a + hn ) − ∆3 (a + hn )|
≤ |∆(a + hn )| + |∆2 (a + hn )| + |∆3 (a + hn )|
para cada n.
Logo,
|∆1 (a + hn )| n
→ +∞.
|hn |α
Isto, juntamente com (4.57), (4.58) e (4.59) nos dá condições de concluir que
|∆(a + hn )| n
→ +∞.
|hn |α
Como
|f (a + hn ) − f (a)| |∆(a + hn )|
α =
|hn | |∆1 (a + hn )|
para cada l ∈
/ {j0 }.
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Porém, uj0 ∈ A. Isto significa que (usando a fórmula de Taylor para funções
analı́ticas), existe um conjunto finito Λ ⊆ Nm tal que
X
uj0 (a + hn ) = aλ · (ui1 (a + hn ) − ui1 (a)))λ1 · ... · (uir (a + hn ) − uir (a))λm ,
λ∈Λ
para todo n ∈ N, pois Λ é finito e as u0ik s são limitadas. Porêm, isto gera um absurdo!
Portanto, A é infinitamente gerada.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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