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João Henrique Macedo Sá, Pedro Luiz Borges Chaffe e Debora Yumi de Oliveira
RESUMO
A interceptação é o primeiro processo pelo qual a água da chuva passa na bacia hidrográfica. O monitoramento e modelagem desse processo são importantes
para se quantificar qual a parcela da chuva realmente chega ao solo. O objetivo deste trabalho foi fazer análise comparativa dos modelos de Gash e de Rutter
para a estimativa da perda por interceptação (I) na bacia experimental do rio Araponga. A área de estudo está localizada no planalto Norte Catarinense.
É uma área completamente coberta por Floresta Ombrófila Mista secundária. Foi utilizado um pluviógrafo para o monitoramento da chuva externa (P),
para o monitoramento de chuva interna (Tf) foi utilizado uma calha interligada com pluviógrafo e para o monitoramento de escoamento pelos troncos (Sf)
foi utilizado um sistema de 4 árvores interligadas a outro pluviógrafo.Todos os parâmetros foram monitorados entre 26/02/2014 e 04/10/2014. A P
total foi de 1.352mm, distribuídos em 60 eventos; a Tf total foi de 1.006 mm e o Sf somou 18 mm. A I obtida nas medidas de campo foi de 328 mm,
correspondendo a 24% da precipitação total incidente acima do dossel. O erro relativo da simulação com o modelo de Gash esparso foi de 81% para a I
acumulada utilizando os parâmetros obtidos a partir de relações em píricase 6% utilizando os parâmetros calibrados. O modelo de Rutter esparso teve erro
relativo de I acumulada de 77% utilizando os parâmetros obtidos a partir de relações empíricase diminui para 0% utilizando os parâmetros calibrados.
Palavras Chave: Interceptação. Floresta Ombrófila Mista. Modelo de Gash. Modelo de Rutter.
ABSTRACT
Monitoring and modeling interception is important to quantify how much water actually arrives at the soil surface. The objective of the present work was to
perform a comparative analysis of the Gash and Rutter models for the estimation of loss by interception (I) in the Araponga river catchment. The study area
is localized in the Northern Santa Catarina State plateau. The catchment is completely covered by secondary Mixed Ombrophilous Forest. Total rainfall
(P) was measured using a tipping bucket rain gauge, throughfall (Tf) was measured using a trough connected to a rain gauge and stemflow (Sf) was measured
from 4 different trees. It was all recorded automatically every 5min from 26/02/2014 to 04/10/2014. P, Tf and Sf during the period were 1352 mm,
1006 mm and 18 mm, respectively. Total interception loss was 328 mm, corresponding to 24% of total rainfall. The total relative error for I of the Gash
model was 81% when using parameters derived from measured data and 6% for calibrated parameters. The total relative error of I for the Rutter model was
77% when using parameters derived from measured data and 0% for calibrated parameters.
1009
Sá et al.: Análise comparativa dos modelos de Gash e de Rutter para a estimativa da
interceptação por Floresta Ombrófila Mista
Figura 2 – Fotografias dos pontos de monitoramento: (a) estação meteorológica do rio Feio; (b) pluviógrafo de medição da chuva
externa (P ); (c) calha para coleta da chuva interna (Tf ); e (d) mangueiras da coleta do escoamento pelos troncos (Sf )
c P aTf
DestaIforma, partir dados medidos em campo,
Sfdos (3) C é o armazenamento na copa; Et é a taxa de evaporação de
(1)
a perda por interceptação total pode ser estimada por: tronco; e Ct é o armazenamento no tronco.
A intensidade de chuva externa (R, mm h-1) é dividida
(2) I P Tf Sf I f (4) em taxa de precipitação interna livre (pR), taxa de entrada de
tronco (pt R) e taxa de entrada da copa ((1-p-pt )R). A saída do
Nesse estudo não foi considerada a perda por inter- compartimento de armazenamento copa é a evaporação da
ceptação pelo chão florestal (If). copa (E) e a taxa de drenagem da copa (D); a chuva interna é
(5) assim dada por pR+D. A saída do compartimento de armaze-
namento tronco é devido à taxa de evaporação do tronco (Et )
Estimativa de Evapotranspiração e escoamento pelos troncos (Sf ).
TfRutter
I c P de
O modelo Sf foi adaptado para considerar
(3) es-
(6) I aP bpotencial na bacia foi estimada com
A evapotranspiração
(1)
paços abertos entre as copas das árvores (VALENTE; DAVID;
o método de Penman modificado (DOORENBOS; PRUITT, GASH, 1997), aqui chamado modelo de Rutter esparso. A prin-
(7) 1977), a partir dos Idados
I c de
I f temperatura, umidade relativa(2)
do cipal diferença Tf neste
I P éque Sf
modelo
If o balanço é realizado
(4)para
ar, radiação solar incidente e velocidade do vento monitorados a área coberta e para a área descoberta separadamente (Figura
na estação meteorológica do rio Feio. 3). A evaporação é considerada apenas na fração em que há
cobertura florestal. Na formulação original do modelo de Rutter
(8) em florestas esparsas, a taxa de evaporação poderia ser superior
E
p F W Rad n 1 W f u ea ed (5)
à (1– p – pt )R (fração da chuva externa que chega à copa), ou
seja, seria considerado que a copa não estaria sendo molhada.
onde Ep é a evapotranspiração potencial (mm d-1); F é o fator Outra modificação em relação ao modelo de Rutter original é
(9) 1 p para
de correção pt aRdt
em
região Edt WΔC
Ddtquestão; (6)
é o fator de pondera- que a água chega aos troncos somente após saturação da copa.
ção relacionado com temperatura e altitude; Radn é a radiação
líquida expressa em evaporação equivalente (mm d-1); f(u) é a
pt Rdt Modelo de Gash
com o vento;
Sf Et dt ΔC t (7)
função relacionada ea é a pressão de vapor de
(10) água no ar saturado (mbar); e ed é a pressão de vapor de água O modelo de Gash (1979) foi o primeiro modelo
na condição real (mbar). analítico de interceptação, sendo uma solução simplificada do
m
O método c
I m de Penman P
j 1 j modificado resulta em médias
(8) modelo de Rutter. O modelo representa a precipitação como
diárias de evapotranspiração potencial. Essas médias foram
(11) transformadas em valores de evapotranspiração potencial com
Perda por
resolução temporal de 5 minutos, seguindo a transformação
1 E Essa interceptação
n Precipitação total
proposta
In por
c nPg (2009).
Chaffe
j 1
transformação
P j Pg supõe que, (9)
nas R
E + Et
1 p pt Rdt IDdt
N
t ΔC
2 St,c Ct,c
t I Edt (6)
Nash 1 t 1 N
(13) Gotejamento Drenagem de tronco
2
Sf EtIdt t ΔC Di,c = (1 – pd) Dc Dt,c = d(Ct,c – St,c)/dt
pt Rdt It (7)
t 1
onde p é o coeficiente de chuva interna livre (proporção da chuva Precipitação Escoamento Chuva
interna + pelos troncos = líquida
que chega diretamente
Im c aomsolo, sem colidir com os elementos
N1 P j (8) (1 – c) R + c Di,c c Dt,c Rn
N j
I c t I c t desviada para os troncos;
florestais); pt é o coeficiente de água
R é a intensidade
t da chuvat externa; D é a taxa de drenagem de Figura 3 - Fluxograma do modelo de Rutter esparso. (Modificado
E é de1 1
(14)
copa;Erro a taxa evaporação
N da água interceptada
100% pela copa; de Valente et al.(1997) e Chaffe(2009)
1 Ec n
I t
In c nPg
R
t 1 j 1 P j Pg (9)
1011
1 E n
I n q pt c 1
1 R E n
j 1 P j Pg
(11)
In c nPg
R
j 1 P j Pg (9)
Sá et al.: Análise comparativa dos modelos de Gash e de Rutter para a estimativa da
I I minterceptação
I n I q I npor
q Floresta Ombrófila Mista
(12)
I q qSt (10)
entrada de uma série de eventos que são separados por intervalo I c P TfN Sf 2 (3)
de tempo suficiente para
I aP b
a secagem completa da copa. Este mo- (1) I t I t
Nash 11t 1 E n
pt c 1
delo, assim como o de Rutter, foi reformulado para considerar
o caso de copa esparsa, I I cdividido
If em dois componentes: o (2) do
I n q N
P 2j Pg
(13)
(11)
I P Tf RSf IIft I
j 1
(4)
dossel e dos espaços abertos entre as copas (GASH; LLOYD; I c P Tf t 1Sf (3)
LACHAUD, 1995). I aP b (1)
O modelo de Gash separa o processo de intercepta- sendo Nash(Θ) o coeficiente de Nash & Sutcliffe (1970) para
ção em três fases: aImolhagem I c I f ou umedecimento do dossel, (2) o conjunto deI parâmetros I I n INqΘ; I(t)
Nm
I n qa perda por interceptação (12)
E
a saturação F W Rad secagem.
1 W Nas
f u duas
e e (5) I P Tf
I
c t; I(t|Θ)
t Sf
ac perda
II f por interceptação calcu-
t (4)
p e por final n a a d primeiras fases observada no tempo
(molhagem e saturação do dossel) as taxas reais de evaporação lada Erro
Ptempo
Ic no Tf
t
Ic P TfNN Sf
tSf1
usando o t 1
conjunto 100% (3) Θ; o(3)
deparâmetros valor
(14)
são substituídas
I aP por b suas taxas médias para todo o(1) período que médio da perda por
interceptação observada; e N o número de
I aP b (1)
IIctt I t
2
está sendo modelado. passos no tempo.
1 I pFIW pt Rdt Ddt Edt ΔC (6) 1 t t 11
I 1 W f para u os (2) I P TfO erroSfc
E c I por
fRad ea medeventos Nash I (3)(13)
p A perda I ninterceptação
c If
que são(5)
(2) PIf Tf foi
relativo I
NSfcalculado paracada
(4) evento consi-
2
I P Tf Sf
insuficientes para saturação
I aP bdo dossel (P<Pg, sendo Pg o me- (1) derando a I acumulada I ft pelos
simulada I modelos (4)
de Gash e de
nor volume ppara t Rdt Sf Edo
a saturação t dt ΔC t é calculada a partir (7)
dossel), da Rutter, sendo utilizado para t 1comparar a estimativa da perda por
I I I
c P Tf Sf I f
seguinte equação:
1 p pt Rdt Ddt Edt ΔC
c f (2)
(6) interceptação I I pela
P copa
Tf dos
Sf dois modelos. (3)
(4)
I aP b (1)
E F W Radn 1 W f u mea ed
p E F W Rad I m n c 1 WP j f u ea e(5) d (5) N N
Ic t
p
pt Rdt I SfI c IEf t dt ΔC t
j 1
(8)
(7)
(2) I c t
I P t 1Tf Sf t 1 I f (4)(14)
Erro
N
100%
1 p pt sendo E
Rdt FDdt W Rad 1C W fflorestal;
cobertura u ea e(6)ePjd o total de pre-
(5)
Ic t
1 p pt Rdt
pc a proporção Edtde n Δ
cipitação no evento
Ddt Edt ΔC
I 1j.c Em Pn (6)
In c nPg m
Para os n eventos
j que
1 jjsão 1
P j Pg
suficientes para saturar
(8)
(9)
a
t 1
n
I n q pt c 1 I t jI1 t Pj Pg (11)
I m In I q I n q tR1 (12)
3,5
Nash I Im1 I n NI q I n q 2
Evapotranspiração potencial (mm/d)
(13)
(12)
N 1
EN I tn I
3,0
1 t 1 N
(12).
IIc Ntt I t
t 1 (13)
I It 1NI I
1,5
Nash N 1 (13)
q I c ntq 2 2
2
I t I I mI c N tn (12)
t I t t1It I tI 1,0
Erro
t 1 1
t N1 t 1 100 % (14)
Erro 1 dos
0,5
Cálculo Nashde Modelos (13)
I c It t I 2
N
t 1 0,0
N 2
I t utilizados
t foram
20 fev 01 abr 11 mai 20 jun 30 jul 08 set 12 out
N
Para o cálculo N dot Ierro o coeficiente
t Ic t Nash 1 t 1
1N Tempo (d)
2 300
Tf
0
Pontos Envoltória
0.04
250
0.02
Chuva interna (mm)
1
Considerando que um evento tem início com registro 50
0
de precipitação e final marcado pela ocorrência de pelo menos 0 2 4
80
Escoamento pelos tronco (mm)
200
4 Sf = 0,02P - 0,08
70
3.5
60
150
3
50
100 2.5
40
2
50
30
1.5
20
0 1
0 10 20 30 40 50 60
10 Evento
0.5
0
0 10 20 30 40 50 60 0
Evento 0 50 100 150 200 250 300 350
Chuva externa (mm)
Figura 6 – Lâmina d’água de chuva externa (P ), chuva interna
(Tf ) e escoamento pelos troncos (Sf ) registrados em cada evento Figura 8 – Relação entre escoamento pelos troncos e chuva externa
1013
Sá et al.: Análise comparativa dos modelos de Gash e de Rutter para a estimativa da
interceptação por Floresta Ombrófila Mista
para a curva envoltória, sendo obtido um valor de 1,17 mm, de evaporação de copa (ε) foi estipulada como sendo 0,10
conforme pode ser observado na Figura 7. (CHAFFE et al., 2010).
A Figura 8 apresenta o gráfico para a obtenção de St,
que corresponde ao oposto do coeficiente linear da reta de Tabela 2 – Parâmetros estimados dos modelos de
regressão entre os valores de escoamento pelos troncos e de interceptação. Proporção de cobertura florestal (c),
chuva externa, ou seja, St=-(-0,08) = 0,08. capacidade de armazenamento da copa (Sc), capacidade de
A reta de regressão entre Sf e Tf – (1 – c)Pg fornece armazenamento do tronco (St), proporção de água desviada da
uma estimativa do valor de pd, que corresponde a (inclinação copa para os troncos (pd) e proporção da taxa de evaporação de
da reta)/(1 + inclinação da reta) (VALENTE; DAVID; GASH., tronco em relação à taxa de evaporação de copa (ε)
1997). Neste estudo, pd foi estimado como 0,04 (Figura 9).
Parâmetros
1,5 c Sc St pd ε
- [mm] [mm] - -
Monitorado 0,37 1,17 0,08 0,04 0,10
Escoamento pelos troncos (mm)
Intervalo
Parâmetro Unidade
mín. máx. Figura 10 – Simulação do modelo de Rutter de chuva interna (Tf ) e
c 0,25 0,95 - escoamento pelos troncos (Sf ) para o maior evento (n°35), chuva
Sc 1,00 4,00 mm externa (P ) de 326 mm com o valor de Nash de 0,85
St 0,10 3,00 mm
pd 0,05 0,60 - As simulações com o modelo de Rutter utilizando os
ε 0,05 0,50 -
parâmetros calibrados resultaram em valores de erro relativo
por evento acima de 200%, o que não ocorreu ao se utilizar os
Os valores calculados encontram-se na Tabela 2. A parâmetros obtidos a partir de relações empíricas. A variância
proporção da taxa de evaporação de tronco em relação à taxa do erro relativo para a I acumulada por evento das simulações
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RBRH vol. 20 no.4 Porto Alegre out./dez. 2015 p. 1008 - 1018
300
Rutter RutterC Gash GashC
250 250
200
200 150
Erro Relativo (%)
100
150 50
0
Rutter Rutter_c Gash Gash_c
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Chuva externa (mm)
Figura 11 – Erro relativo para a I acumulada por evento pelo modelo de Gash e pelo modelo de Rutter e boxplot do erro relativo por
evento dos dois modelos. GashC e RutterC é a simulação dos modelos utilizando os parâmetros de entrada calibrado
Figura 12 – Perda por interceptação acumulada monitorada, estimativa pelo modelo de Gash e estimativa pelo modelo de Rutter.
GashC e RutterC é a simulação dos modelos utilizando os parâmetros de entrada calibrado
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Sá et al.: Análise comparativa dos modelos de Gash e de Rutter para a estimativa da
interceptação por Floresta Ombrófila Mista
Tabela 3 - Coeficientes de correlação de Spearman. IntmáxP é a intensidade máxima da chuva externa, IntmáxTf é a intensidade
máxima da chuva interna, IntmedP é a intensidade média da chuva externa, P é a chuva externa, Tf é a chuva interna e Sf é o
escoamento pelos troncos. Os dados em negrito indicam que há correlação significativa (pS<0,05)
com o modelo de Gash foi menor com os parâmetros obtidos o erro relativo não é necessariamente determinado pelo tipo,
a partir de relações empíricas do que com o emprego os pa- duração ou intensidade máxima e média do evento. O erro rela-
râmetros calibrados, como pode ser observado na Figura 11. tivo da simulação com o modelo de Rutter teve correlação com
Nos dois modelos, as simulações com os parâmetros a P, Tf, Sf, duração do evento e o período sem chuva no evento.
calibrados resultaram em menores erros relativos para a perda
por interceptação (I) acumulada durante todo o período. O erro
relativo da perda por interceptação (I) acumulada do modelo Conclusão
de Rutter foi de 77% utilizando os parâmetros obtidos a partir
de relações empíricas e de 0% com os parâmetros calibrados. No presente trabalho o processo de interceptação em
O modelo de Gash resultou em uma maior variação nas duas uma bacia coberta por Floresta Ombrófila Mista foi monitorado
simulações consideradas, sendo que o erro relativo das simula- e simulado com os modelos de Rutter esparso e de Gash esparso.
ções realizadas com os parâmetros obtidos a partir de relações O período de monitoramento foi de 26/02/2014 a 04/10/2014,
empíricas foi de 81% e com os parâmetros calibrados foi de sendo obtidos 62.116 dados de P, Tf e Sf, divididos em 60 even-
6%. Apesar dos melhores resultados obtidos com a utilização tos de precipitação. A perda por interceptação observada foi
do modelo de Rutter, este possui uma aplicabilidade limitada, de 24%. Neste estudo foi verificada a viabilidade da utilização
pois requer dados com maior resolução temporal em relação dos modelos de Rutter e de Gash para simular as perdas por
ao modelo de Gash. interceptação pela vegetação para a região.
Verifica-se que, nas simulações utilizando os valores O modelo de Gash gerou uma subestimativa de I da
dos parâmetros encontrados a partir de relações empíricas, os ordem de 81% do total acumulado para o período monitora-
dois modelos subestimaram a I acumulada (Figura 12). Com a do. Porém, na simulação com os parâmetros calibrados o erro
utilização dos parâmetros calibrados, os dois modelos apresen- relativo baixou para 6%.
taram uma melhoria significativa no valor final de I acumulada, A aplicação do modelo de Rutter com os parâmetros
porém isso não implica em uma melhor ajuste dos modelos à obtidos a partir de relações empíricas produziu uma subestimava
série observada ao longo do período monitorado. dos valores medidos de I acumulada durante o período analisado.
Para verificar a existência de correlação entre as ca- Entre os dois modelos, a melhor simulação foi com o
racterísticas dos eventos e os erros relativos dos resultados das emprego do modelo de Rutter, com o qual foi obtido o menor
simulações, foram calculados os coeficientes de correlação de valor de erro relativo para a I acumulada ao final do período
Spearman (pS), apresentados na Tabela 3. Os valores que estão monitorado. O menor erro relativo da I acumulada utilizando
em negrito indicam que os pares das variáveis têm correlação o modelo de Rutter foi de 0% e com o modelo de Gash de 6%.
significativa (pS<0,05). Os modelos de perda por interceptação utilizados nesse
O erro relativo da simulação com o modelo de Gash trabalho tiveram como limitação identificada a representação não
não teve correlação com as características dos eventos, portanto adequada do processo de interceptação em eventos pequenos.
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Isto também pode ocorrer pela dificuldade de amostragem da terra firme submetida à extração seletiva de madeira na Amazônia
chuva interna e escoamento pelos troncos em florestas mistas, Central. Acta Amaz., v.35, n.1, p.55-62, 2005.
que são mais variáveis do que em florestas temperadas.
FRANKEN, W.; LEOPOLDO, P.R.; MATSUI, E.; RIBEIRO,
M.N.G. Estudo da interceptação da água da chuva em cobertura
AGRADECIMENTOS florestal Amazônica do tipo terra firme. Acta Amaz., v.12, n.2,
p.327-331, 1992.
Parte deste estudo foi financiada pela Financiadora de
Estudos e Projetos – FINEP, por meio dos projetos Manejo de GASH, J. H. C. An analytical model of rainfall interception in
águas pluviais em meio urbano – MAPLU (projeto nº17457) e forests. Q. J. R. Meteorol. Soc., v.105, p.43-55, 1979.
Rede de Pesquisa em Monitoramento e Modelagem de Processos
Hidrossedimentológicos em Bacias Representativas Rurais e GASH, J.H.C.; LLOYD, C.R.; LACHAUD, G. Estimating sparse
Urbana do Bioma Mata Atlântica – RIMA (projeto nº3.07.0058). forest rainfall interception with an analytical model. J. Hydrol.,
Os autores agradecem ao Prof. Masato Kobiyama da UFRGS Amsterdam, v.170, p.79-86, 1995.
e a Ma. Joana Nery Giglio pelas primeiras instalações de equi-
pamentos para monitoramento de interceptação na bacia e aos GERRITS, A.M.J.; SAVENIJE, H.H.G. Interception. In:
membros do Laboratório de Hidrologia da UFSC pelo auxílio WILDERER, P. Treatise on Water Science. Oxford: Academic
no campo. Os autores agradecem também ao Conselho Nacio- Press, v.2, p.89-101, 2011.
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior GIGLIO, J.N. Interceptação da chuva em pequena bacia experimental
– CAPES pelas bolsas de estudo. coberta por Floresta Ombrófila Mista. 2013. 194 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Ambiental) – Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
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Precipitação interna e interceptação da chuva em floresta de Interceptação das chuvas em um fragmento de floresta da Mata
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