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ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE

PAVIMENTOS CONSTRUÍDOS A PARTIR


DE PRÉ-LAJES DE BETÃO

JOÃO MIGUEL CAMACHO ALVES

Relatório de Projecto submetido para satisfação parcial dos requisitos do grau de


MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRUTURAS

Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Carvalho Marques de Faria

MARÇO DE 2008
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2007/2008
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-508 1446
* miec@fe.up.pt

Editado por

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO


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4200-465 PORTO
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mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -
2007/2008 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2008.

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Este documento foi produzido a partir de versão electrónica fornecida pelo respectivo
Autor.
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Aos meus Pais

O Homem é, o que o ensinam a ser.


Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

AGRADECIMENTOS
O presente documento, é o culminar de longas horas de estudo, reflexão, trabalho e dedicação. É o
resultado de um objectivo académico a que me propus e que não teria sido possível ser concretizado
sem o apoio e ajuda de diversas pessoas. Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros
agradecimentos:

Aos meus pais e irmã, pela sua tolerância, compreensão e apoio, e que ao longo deste trabalho
contribuíram com todo o seu esforço e empenho.

À Mónica, pela ajuda e compreensão na realização das tarefas, e pela vontade demonstrada em ajudar.

A todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram e apoiaram ao longo deste trabalho.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

RESUMO
Ao longo dos tempos, a utilização de elementos pré-fabricados tem alcançado desenvolvimentos
significativos, sendo a sua utilização cada vez mais frequente. Existem inúmeras vantagens na
aplicação destes elementos, tais como, maior rapidez e maior economia. O presente documento irá
fazer uma abordagem profunda, dos elementos pré-fabricados, tipo pré-laje de betão, nomeadamente:
pré-lajes com treliças metálicas, pré-lajes alveolares, pré-lajes nervuradas e as pré-lajes em duplo “T”.
As várias etapas, que decorrem desde a construção até à colocação das mesmas, serão objecto de
estudo deste documento, assim como a preparação da superfície das pré-lajes para a posterior
colocação da camada de betão “in situ”. Também serão referidas as diferentes cargas que a estrutura
irá suportar, na fase de construção, enquanto pré-laje, e na fase de vida útil, quando se transforma em
laje composta.
Este trabalho aborda também o problema da menor aderência entre a superfície da pré-laje e a camada
de betão colocada “in situ”.Serão comparados neste documento os valores da rugosidade dados pela
FIP, e pelo EC2.
Serão referidas neste documento algumas particularidades no dimensionamento destes tipos de pré-
lajes e respectivas disposições construtivas.

PALAVRAS-CHAVE: Pré-fabricação, Pré-lajes, Laje composta, Aderência da interface, Fases de


construção

iii
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

ABSTRACT
The precast elements have reached developments that have made its use more and more frequent.
There are several advantages in the application of these elements such as being more fast and
economic. This document will analyse more deeply several types of precast elements, such as precast
slabs with lattice girders, hollow core slabs, percast slabs with stiffening ribs and double “T” slabs.
It will be studied the different stages that occur since the construction until its collocation, and also the
preparation of the precast slab surface for the “in situ” concrete layer collocation.
It will also be mentioned the different types of loads that the structure will support during the
construction stage as a precast slab and through the useful life when it became a composite slab.
Another problem that will be reported it’s about the shear at the interface between the precast slab and
the “in situ” concrete layer. The calculation of the roughness of the concrete surface will be made
based in FIP and Eurocode 2, and those values will be compared.
This document will specify, some particularities of the design of the precast slabs, and will analyse the
problems in precast slabs during the construction and useful life of element.

KEY WORDS: Precast elements, Precast slabs, Composite floor, Shear at the interface,
Constructions stages

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................................i
RESUMO ................................................................................................................................................. iii
ABSTRACT ............................................................................................................................................... v
SÍMBOLOS ............................................................................................................................................. vii

1. Introdução ....................................................................... 1
1.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS ............................ 1
1.2. DIFERENTES TIPOS DE PRÉ-LAJES.............................................................................. 2
1.2.1. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS ....................................................................................... 3
1.2.2. PRÉ-LAJES ALVEOLARES ............................................................................................................ 4
1.2.3. PRÉ-LAJES NERVURADAS ........................................................................................................... 6
1.2.4. PRÉ-LAJES EM DUPLO “T” ........................................................................................................... 7
1.3. TRANSPORTE E COLOCAÇÃO DAS PRÉ-LAJES ............................................................. 8
1.3.1. GERAL ...................................................................................................................................... 8
1.3.2. DESMOLDAGEM ......................................................................................................................... 8
1.3.3. O TRANSPORTE PARA A ÁREA DE ARMAZENAMENTO ..................................................................... 9
1.3.4. ARMAZENAMENTO ...................................................................................................................... 9
1.3.5. TRANSPORTE PARA O LOCAL DE OBRA......................................................................................... 9
1.3.6. LEVANTAMENTO......................................................................................................................... 9
1.3.7. COLOCAÇÃO EM OBRA.............................................................................................................. 10

2. Aderência de betões de diferentes fases................... 13


2.1. FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DEFINITIVA ................................................................ 13
2.1.1. FASE DE CONSTRUÇÃO ............................................................................................................ 13
2.1.2. FASE DEFINITIVA ...................................................................................................................... 15
2.2. ADERÊNCIA DAS SUPERFÍCIES ................................................................................. 15
2.2.1. GENERALIDADES...................................................................................................................... 15
2.2.1.1. Aderência segundo a FIP .................................................................................................. 16
2.2.1.2. Aderência segundo o Eurocódigo 2 .................................................................................. 18
2.3. CAMADA DE BETÃO COLOCADA “IN SITU” ................................................................. 20
2.3.1. ESPESSURA DA CAMADA DE BETÃO ........................................................................................... 20
2.3.2. SUPERFÍCIE DE CONTACTO ....................................................................................................... 20
2.3.2.1. Rugosidade da superfície .................................................................................................. 21

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

2.3.2.2. Resistência da superfície ................................................................................................... 21


2.3.3. PREPARAÇÕES QUE ANTECEDEM A COLOCAÇÃO DO BETÃO......................................................... 21
2.3.3.1. Limpeza da superfície ........................................................................................................ 21
2.3.3.2. Tratamento através da água.............................................................................................. 21
2.3.3.3. Pré-tratamento através de uma calda de cimento............................................................. 22
2.3.4. CARACTERÍSTICAS DO BETÃO A UTILIZAR ................................................................................... 22
2.3.5. COLOCAÇÃO DA CAMADA DE BETÃO “IN SITU” ............................................................................. 22
2.3.6. CURA DO BETÃO....................................................................................................................... 22

3. Estados Limites Últimos ............................................. 23


3.1. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS ..................................................................... 23
3.1.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO ................................................................................................... 23
3.1.1.1. Armadura superior ............................................................................................................. 23
3.1.1.2. Armadura inferior ............................................................................................................... 25
3.1.1.3. Armaduras nas juntas longitudinais e transversais ........................................................... 26
3.1.1.4. Armadura para momentos flectores negativos .................................................................. 27
3.1.2. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO ......................................................................... 28
3.1.2.1. Armaduras transversais ..................................................................................................... 28
3.2. PRÉ-LAJES ALVEOLADAS ........................................................................................ 31
3.2.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO ................................................................................................... 31
3.2.1.1. Armadura ordinária ............................................................................................................ 31
3.2.1.2. Armadura de pré-esforço ................................................................................................... 32
3.2.1.3. Armadura nos apoios ......................................................................................................... 33
3.2.2. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO ......................................................................... 35
3.2.2.1. Capacidade resistente ao corte da secção ....................................................................... 35
3.2.2.2. Efeitos de retracção, fluência ou variações de temperatura ............................................. 36
3.2.2.3. Aumento da capacidade de corte através do preenchimento dos alvéolos ...................... 38
3.2.2.4. Capacidade da Pré-laje à torção ....................................................................................... 38
3.2.2.5. Capacidade das juntas devido a cargas pontuais ............................................................. 39
3.2.2.6. Capacidade das pré-lajes ao punçoamento ...................................................................... 40
3.3. PRÉ-LAJES NERVURADAS ........................................................................................ 41
3.3.1. GENERALIDADES ...................................................................................................................... 41
3.3.2. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO .................................................................................................. 41
3.3.3. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO ......................................................................... 41
3.3.3.1. Ligação entre o banzo e a alma ........................................................................................ 41
3.3.3.2. Aderência entre a interface ................................................................................................ 42

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

3.4. PRÉ-LAJES EM DUPLO “T” ....................................................................................... 42


3.4.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO .................................................................................................. 42
3.4.2. LARGURA EFECTIVA ................................................................................................................. 43
3.4.3. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO ........................................................................ 43
3.4.4. LIGAÇÃO ENTRE O BANZO E A ALMA ........................................................................................... 43
3.4.5. ADERÊNCIA DAS SUPERFÍCIES .................................................................................................. 43

4. Estados Limites de Serviço......................................... 45


4.1. DEFORMAÇÃO ......................................................................................................... 45
4.1.1. FASE DE VIDA ÚTIL ................................................................................................................... 45
4.1.2. FASE DE CONSTRUÇÃO ............................................................................................................ 48
4.2. FENDILHAÇÃO ......................................................................................................... 48
4.2.1. ARMADURAS MÍNIMAS .............................................................................................................. 49
4.2.2. CONTROLO DA FENDILHAÇÃO SEM CÁLCULO DIRECTO ................................................................ 49
4.3. LIMITAÇÃO DAS TENSÕES ........................................................................................ 50

5. Disposições Construtivas ........................................... 53


5.1. RECOBRIMENTO ...................................................................................................... 53
5.2. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS .................................................................... 54
5.2.1. DIMENSÕES DA SECÇÃO TRANSVERSAL ..................................................................................... 54
5.2.2. DISPOSIÇÕES DAS TRELIÇAS .................................................................................................... 54
5.2.3. COMPRIMENTOS DE SOBREPOSIÇÃO NAS JUNTAS ...................................................................... 55
5.2.4. CONDIÇÕES DE APOIO .............................................................................................................. 56
5.2.4.1. Ligação entre a pré-laje e o apoio ..................................................................................... 57
5.2.4.2. Ligação entre a armadura da pré-laje e o apoio ............................................................... 57
5.2.4.3. Ligação entre a pré-laje e o apoio com uma armadura extra ........................................... 57
5.2.4.4. Armadura na junta transversa ........................................................................................... 58
5.3. PRÉ-LAJES ALVEOLADAS ........................................................................................ 58
5.3.1. DIMENSÕES DA SECÇÃO TRANSVERSAL ..................................................................................... 58
5.3.2. VALOR MÍNIMO DO RECOBRIMENTO DAS ARMADURAS ................................................................. 59
5.3.3. DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS.................................................................................................. 59
5.3.3.1. Armaduras de pré-esforço ................................................................................................. 59
5.3.3.2. Armaduras ordinárias ........................................................................................................ 60
5.3.4. JUNTAS ENTRE AS PRÉ-LAJES ................................................................................................... 60
5.4. PRÉ-LAJES COM NERVURAS DE BETÃO .................................................................... 60

6. Exemplos de aplicação ................................................ 63

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6.1. PRÉ-LAJE COM TRELIÇAS METÁLICAS ...................................................................... 63


6.1.1. CARGAS NA FASE DE CONSTRUÇÃO ........................................................................................... 65
6.1.2. CARGAS NA FASE DE VIDA ÚTIL.................................................................................................. 65
6.1.3. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA SUPERIOR............................................................................ 65
6.1.4. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA PARA OS MOMENTOS FLECTORES POSITIVOS ......................... 67
6.1.5. ARMADURA TRANSVERSAL ....................................................................................................... 68
6.1.6. ARMADURA DOS MOMENTOS FLECTORES NEGATIVOS ................................................................. 71
6.1.7. VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO ...................................................................... 71
6.1.7.1. Inércias da secção não fendilhada .................................................................................... 71
6.1.7.2. Inércias da secção fendilhada ........................................................................................... 72
6.1.8. DEFORMAÇÕES ........................................................................................................................ 73
6.1.8.1. Deformação na fase de construção ................................................................................... 73
6.1.8.2. Deformação na fase de vida útil ........................................................................................ 73
6.1.9. INÉRCIA DA SECÇÃO NÃO FENDILHADA ....................................................................................... 74
6.1.9.1. Inércia da secção fendilhada ............................................................................................. 74
6.1.9.2. Deformada total da laje composta ..................................................................................... 75
6.1.10. FENDILHAÇÃO .......................................................................................................................... 76
6.2. PRÉ-LAJE ALVEOLAR ............................................................................................... 77
6.2.1. FASE DE CONSTRUÇÃO ............................................................................................................. 78
6.2.2. FASE DE VIDA ÚTIL.................................................................................................................... 78
6.2.3. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA DE PRÉ-ESFORÇO ................................................................ 78
6.2.4. CÁLCULOS DAS TENSÕES ......................................................................................................... 79
6.2.5. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA Á FLEXÃO ......................................................................................... 80
6.2.6. RESISTÊNCIA AOS ESFORÇOS TRANSVERSOS ............................................................................ 81
6.2.7. ADERÊNCIA DA SUPERFÍCIE DE CONTACTO ENTRE OS DOIS BETÕES ............................................. 81
6.2.8. ARMADURA PARA OS MOMENTOS FLECTORES NEGATIVOS........................................................... 82
6.2.9. TENSÕES NO BETÃO ................................................................................................................. 82
6.2.10. FENDILHAÇÃO .......................................................................................................................... 83
6.2.11. DEFORMAÇÃO .......................................................................................................................... 83

7. Conclusões .................................................................. 85
7.1. CONCLUSÕES GERAIS.............................................................................................. 85

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

ÍNDICE DE FIGURAS
[1]
Fig. 1.1 - Vários elementos pré-fabricados (vigas, lajes e pilares),(Kim Elliott ) ................................... 2
Fig. 1.2 - Pré-laje com treliças metálicas ................................................................................................ 3
Fig. 1.3 – Colocação em obra das pré-lajes com treliças metálicas ....................................................... 4
Fig. 1.4 - Placas de pré-laje pré-esforçadas ........................................................................................... 4
Fig. 1.5 - Fabrico de pré-lajes alveolares ................................................................................................ 5
Fig. 1.6 - Pré-lajes alveolares.................................................................................................................. 5
[1]
Fig. 1.7- Secção transversal das pré-lajes alveolares (Kim Elliott ) ...................................................... 6
Fig. 1.8 – Pavimento constituído por pré-lajes alveolares, com aberturas para armadura para
[1]
momentos flectores negativos (Kim Elliott ) .......................................................................................... 6
Fig. 1.9- Pré-lajes nervuradas ................................................................................................................. 7
Fig. 1.10 - Pré-lajes nervuradas com blocos de aligeiramento ............................................................... 7
Fig. 1.11 – Pré-laje com vigas em "T" (exemplo) .................................................................................... 8
[1]
Fig. 1.12 - Pré-laje vigada com grande vão (Kim Elliott ) ...................................................................... 8
[4]
Fig. 1.13 - Armazenamento de pré-lajes com calços (LNEC ) .............................................................. 9
[4]
Fig. 1.14 - Vários tipos de levantamento das pré-lajes com treliças (LNEC ) ..................................... 10
Fig. 1.15 - Ângulo entre a pré-laje e o cabo de suspenção .................................................................. 10
Fig. 1.16 - Transporte das pré-lajes alveoladas .................................................................................... 10
[4]
Fig. 1.17 - Dispositivos de apoio (LNEC ) ........................................................................................... 11
Fig. 2.1 - Exemplo de combinação na fase de construção ................................................................... 14
Fig. 2.2 - Valores das tensões a meio vão: (a) com apoios intermédios; (b) sem apoios intermédios 14
Fig. 2.3 - Mecanismo dos esforços tangenciais .................................................................................... 16
Fig. 2.4 - Comparação entre os valores da resistência das superfícies segundo EC2 e FIP .............. 20
Fig. 3.1 - Extensões no aço e no betão ................................................................................................ 23
Fig. 3.2 - Comprimentos de L1 e L2 ....................................................................................................... 24
Fig. 3.3 - Secções a considerar perto das juntas .................................................................................. 26
[10]
Fig. 3.4 - Força tangencial (Rui Faria e Nelson Vila Pouca ) ............................................................. 29
Fig. 3.5 – Valores dos ângulos das armaduras e espaçamentos entre junção das armaduras laterais
da treliça ................................................................................................................................................ 29
Fig. 3.6 - Eixo neutro abaixo do banzo ................................................................................................. 32
Fig. 3.7 - Forças nos apoios .................................................................................................................. 34
Fig. 3.8 - Armadura nos apoios ............................................................................................................. 34
[6]
Fig. 3.9 - Esforços nos extremos da pré-laje (ver FIP ) ....................................................................... 36
Fig. 3.10 - Esforços existentes na laje composta.................................................................................. 37
Fig. 3.11 - Distribuição do esforço tangencial, devido à retracção ....................................................... 37
Fig. 3.12 - Pré-laje com alvéolos preenchidos ...................................................................................... 38
Fig. 3.13 - Pré-laje com forças de corte e torções ................................................................................ 39
Fig. 3.14 - Esforços nas juntas entre pré-lajes ...................................................................................... 39
Fig. 3.15 - Largura efectiva das nervuras centrais (beff) ........................................................................ 40
Fig. 3.16 - Zona de compressão das pré-lajes nervuradas .................................................................. 41
Fig. 3.17 - Zona de aderência pré-lajes nervuradas ............................................................................. 42
Fig. 3.18 - Largura efectiva das pré-lajes em "T" .................................................................................. 43
Fig. 5.1 - Disposições da treliça metálica .............................................................................................. 54
Fig. 5.2 - Distâncias entre armaduras ................................................................................................... 55
Fig. 5.3 - Valores de a1, a2 e ht .............................................................................................................. 55
Fig. 5.4 - Valores de α6 ......................................................................................................................... 56
Fig. 5.5 - Disposições das armaduras nas juntas ................................................................................. 56

xv
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Fig. 5.6 – Ancoragem da pré-laje no seu apoio .................................................................................... 57


Fig. 5.7 - Ancoragem devido à armadura da pré-laje ............................................................................ 57
Fig. 5.8 - Ancoragem através de uma armadura na camada de betão ................................................. 58
Fig. 5.9 - Armadura de esforço transverso das juntas .......................................................................... 58
Fig. 5.10 - Valores mínimos da secção transversal .............................................................................. 59
Fig. 5.11 - Distâncias às superfícies de betão ...................................................................................... 59
Fig. 5.12 - Valores nas juntas entre pré-lajes ........................................................................................ 60
Fig. 5.13 - Distâncias das nervuras de betão ........................................................................................ 61
Fig. 6.1 - Dimensões do pavimento a dimensionar ............................................................................... 63
Fig. 6.2 - Secção transversal da pré-laje ............................................................................................... 64
Fig. 6.3 - Diagrama de momentos flectores (fase de construção) ........................................................ 66
Fig. 6.4 - Diagrama dos momentos flectores com redistribuição .......................................................... 66
Fig. 6.5 - Diagrama dos momentos flectores na fase de vida útil ......................................................... 67
Fig. 6.6 - Momentos flectores redistribuídos ......................................................................................... 68
Fig. 6.7 - Esforços transversos na fase de vida útil ............................................................................... 68
Fig. 6.8 - Esforços transversos na fase de construção ......................................................................... 70
Fig. 6.9 - Nova secção transversal da pré-laje ...................................................................................... 70
Fig. 6.10 - Geometria da secção transversal......................................................................................... 71
Fig. 6.11 – Secção transversal da pré-laje alveolar .............................................................................. 77
Fig. 6.12 - Forças instaladas na secção transversal ............................................................................. 80
Fig. 6.13 - Pré-laje alveolar com camada de betão colocada "in situ" .................................................. 80
Fig. 6.14 - Diagramas de tensões da pré-laje ....................................................................................... 82

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 - Categorias segundo FIP .................................................................................................. 17


Quadro 2.2 - Valores da resistência da superfície ................................................................................ 18
Quadro 2.3 – Coeficientes μ e c segundo Eurocódigo 2....................................................................... 19
Quadro 3.1 - Valores de k1, k2, k3, k4 .................................................................................................... 27
Quadro 3.2 - Valores de Xu/d ................................................................................................................ 28
Quadro 3.3 - Perdas de pré-esforço ..................................................................................................... 32
Quadro 4.1 - Valores de flecha segundo CSTB .................................................................................... 45
Quadro 4.2 - Valores de flecha admissíveis na fase de construção ..................................................... 48
Quadro 4.3 - Valores recomendados de abertura de fendas máximos ................................................ 49
Quadro 4.4 - Diâmetro máximo dos varões .......................................................................................... 50
Quadro 4.5 - Espaçamento máximo dos varões ................................................................................... 50
Quadro 5.1 - Classes e designações de recobrimentos ....................................................................... 53
Quadro 5.2 - Valor dos recobrimentos mínimos (mm) .......................................................................... 53
Quadro 6.1- Valores das cargas aplicadas (kN/m2) ............................................................................. 64
Quadro 6.2 - Valores dos momentos na fase de vida útil (kN.m) ......................................................... 75
Quadro 6.3 - Valores das tensões limites ............................................................................................. 77
2
Quadro 6.4- Valores das cargas aplicadas (kN/m ) .............................................................................. 78

xvii
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

xi
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

SÍMBOLOS

Ac Área da secção transversal do betão


Ai Área da superfície de contacto entre os dois betões
As Área da secção de uma armadura para betão armado
As,min Área da secção mínima de armadura
Asw Área da secção das armaduras de esforço transverso
bi Largura total de uma secção transversal
bw Largura efectiva
c Coesão da interface
d Altura útil de uma secção transversal
Ec, Ecm Valor de cálculo do módulo de elasticidade do betão
Ecmv
Es Valor de cálculo do módulo de elasticidade do aço de uma armadura para betão armado
fcd Valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão
fck Valor característico da tensão de rotura do betão à compressão aos 28 dias de idade
fctd Valor de cálculo da tensão de rotura do betão à tracção simples
fctk Valor característico da tensão de rotura do betão à tracção simples
fctm Valor médio da tensão de rotura do betão à tracção simples
FEd,h Força tangencial horizontal
fsyd Valor de cálculo da tensão de cedência à tracção do aço das armaduras de betão armado
fsyk Valor de característico da tensão de cedência à tracção do aço das armaduras de betão
armado
fywd Valor de cálculo da tensão de cedência das armaduras de esforço transverso
Gpl Peso próprio da pré-laje
Gt,h Peso próprio da camada de betão colocada “in situ” húmida
Gt,s Peso próprio da camada de betão colocada “in situ” seca
h Altura total de uma secção transversal
I Momento de inércia da secção de betão
i Raio de giração
L Comprimento do vão
Le Comprimento de encurvadura
M Momento flector
Mcr Momento que leva á fendilhação da peça
MEd Valor de cálculo do momento flector actuante
Ø Diâmetro de um varão
Q Sobrecarga

vii
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Qc Cargas de construção
qEb Valor de cálculo da acção variável
R Reacção nos apoios
S Momento estático
t Distância entre os triângulos das treliças
VEd Valor de cálculo do esforço transverso actuante
x Altura do eixo neutro
z Braço do binário das forças interiores
νEd Valor de cálculo da tensão da junta
σcp Tensão de compressão do betão
α Ângulo das armaduras transversais

γc Coeficiente parcial relativo ao betão

γG Coeficiente parcial relativo às acções permanentes, G

γQ Coeficiente parcial relativo às acções varáveis, Q

γS Coeficiente parcial relativo ao aço das armaduras para betão armado

δ Incremento/coeficiente de redistribuição

εc Extensão do betão à compressão

εs Extensão do aço à tracção

εs’ Extensão do aço à compressão

θ Ângulo das escoras de betão

λ Coeficiente de esbelteza

λE Esbelteza euleriana

μ Coeficiente de atrito

ν Coeficiente de redução de resistência do betão fendilhado por esforço transverso

ρ Taxa de armaduras de esforço transverso

ρl Taxa de armaduras longitudinais

σc Tensão de compressão no betão

σn Tensão de compressão normal á superfície no betão

σRd Tensõ de compressão resistente

τEd Valor da tensão tangencial actuante

τRd Tensão tangencial resistente

viii
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

φ(t,t0) Coeficiente de fluência do betão entre as idades t e t0 em relação à deformação elástica aos
28 dias

Фc Ângulo das ondulações da superfície da pré-laje

ix

Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

1
Introdução
1. INTRODUÇÃO

1.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS


A competitividade no ramo da construção obrigou as empresas a uma constante actualização e
desenvolvimento tecnológico, e à criação de novos processos construtivos com vista a uma maior
eficiência e economia. Um dos grandes problemas que a construção enfrenta é a escassa
industrialização do ramo, pela necessidade da realização de muitas tarefas “in loco”. A
industrialização da construção permite elevar os padrões de qualidade na construção e a obtenção de
uma maior experiência, através da repetição de tarefas e procedimentos, o que permitirá uma maior
redução de custos, uma execução mais rápida, uma melhor qualidade, tanto no controlo dos materiais,
como nos acabamentos, e também a prevenção de erros na execução devido a experiências negativas.
Uma das soluções mais eficazes para implementar a industrialização na construção é através da
transferência de tarefas realizadas na obra, para fábricas habilitadas. Uma das formas de combater a
falta de industrialização da construção é através da produção de elementos pré-fabricados.
A pré-fabricação consiste na prévia execução de peças ou elementos que posteriormente serão
deslocados para a obra a construir. Existe uma variada gama de produtos pré-fabricados no mercado,
como por exemplo: vigas, pilares, paredes, sapatas, ou até lajes, estas últimas objecto de estudo deste
projecto. Este método de produção terá um maior impacto no futuro, em comparação com as soluções
tradicionais, se houver uma maior informação e aprovação por parte dos projectistas. Existem dois
tipos de elementos pré-fabricados: os construídos na obra, quando esta apresenta condições, sobretudo
de espaço livre para a colocação de moldes, e os construídos em fábricas, sendo posteriormente
transportados para o local da obra.
A pré-fabricação é actualmente, uma solução muito competitiva em relação aos métodos tradicionais
de construção, porque para além de assegurar uma melhor aparência para as peças ou elementos,
combina também uma maior rapidez de execução.
A rapidez de execução é fundamental, para a obtenção de um rápido retorno do investimento, e para o
cumprimento de prazos estabelecidos. Um dos factores de atrasos na construção é a lentidão dos
processos tradicionais na construção das estruturas de betão. Com a utilização de pré-fabricados há a
possibilidade de executar duas tarefas em paralelo, os elementos pré-fabricados são construídos
simultaneamente com a estrutura, mas só serão colocados no respectivo local, quando a estrutura
conferir uma resistência adequada para suportar estes elementos e possíveis cargas que estes possam
vir a transmitir à estrutura.
No que compete à economia, a pré-fabricação é vantajosa porque há uma enorme poupança em
recursos humanos, comparativamente com os métodos tradicionais de construção. Nos países onde a

1
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

mão-de-obra é muito dispendiosa é usual a utilização de componentes pré-fabricadas, porque não


necessita de muita mão-de-obra para a sua colocação. Nos países onde as condições climatéricas são
desfavoráveis poderá ser muito difícil para um trabalhador efectuar as correspondentes tarefas, o que
provoca um atraso na obra, pelo que neste aspecto a utilização de peças pré-fabricadas, também é
vantajosa.
A qualidade final da execução é outro ponto importante, que tem como objectivo responder cada vez
melhor às expectativas dos donos de obra e utilizadores, sendo cada vez mais valorizada.
Quando as peças são executadas em fábricas especializadas pode-se contar com inúmeras vantagens
associadas, em comparação com os métodos tradicionais: há uma maior qualificação de mão-de-obra,
pois há possibilidade de tornar os trabalhadores especialistas nos produtos que estão a executar;
existem melhores instalações e equipamentos nas fábricas, próprios para as tarefas específicas; a
possibilidade de automação de procedimentos, o que implica menor esforço humano; há um maior
controlo, para proporcionar as melhores condições para a cura do betão; obtém-se uma maior precisão
das peças, o que implicará melhores acabamentos e existe também a possibilidade de inspecções com
maior regularidade e avaliações experimentais, para um melhor controlo da qualidade do produto.
Actualmente, em Portugal, é possível adquirir produtos pré-fabricados com Certificado de Qualidade,
que obedecem às exigências da Norma NP EN ISO 9001:2000. A Fig. 1.1, representa vários elementos
pré-fabricados devidamente ligados entre si.

[1]
Fig. 1.1 - Vários elementos pré-fabricados (vigas, lajes e pilares),(Kim Elliott )

1.2. DIFERENTES TIPOS DE PRÉ-LAJES


Uma das principais vantagens da utilização de pré-lajes está associada à dispensa ou redução de
cofragem, o que se revela um aspecto importante porque possibilita uma poupança do tempo e dos
recursos necessários à execução das lajes. É também uma solução muito vantajosa quando existem
superfícies de grandes dimensões para betonar. Uma outra vantagem resulta do facto de serem
autoportantes, o que é benéfico para situações em que seja difícil o lançamento de escoras ao solo,
devido a dificuldades de acesso, ou até grandes alturas (por exemplo, num edifício alto, em que seja
necessário betonar os pisos superiores ou intermédios, antes dos pisos inferiores). Quando existem
dificuldades em retirar a cofragem, torna-se também favorável o uso de pré-lajes, por exemplo em
bancadas de recintos desportivos.

2
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Embora com inúmeras vantagens, a utilização destes elementos tem as suas limitações, pois são
elementos que necessitam de cuidados extras com acções dinâmicas, ou térmicas, que possam causar a
separação das duas superfícies em contacto. Se houver uma descontinuidade dos elementos, poderão
ocorrer fendas visíveis nas juntas de ligação.
Existe diferentes tipos de pré-lajes, cada um deles com as suas características particulares que serão
analisadas. Os tipos mais comuns são: pré-lajes com treliças metálicas, pré-lajes alveoladas, pré-lajes
nervuradas e pré-lajes vigadas.

1.2.1. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS


Este tipo de pré-laje é muito comum na construção, sendo muito utilizado em edifícios ou até em
pontes ou viadutos. São formadas por uma fina camada de betão e várias treliças metálicas que
deverão ser colocadas regularmente. Estas treliças têm várias funções, desde: o equilíbrio da peça na
fase de execução, resistência ao corte, também nesta fase e por fim a aderência da interface entre os
dois betões colocados em idades diferentes.
Correspondem ao tipo de pré-lajes mais leve dos referidos neste documento, embora necessitem de
equipamento elevatório para a correspondente colocação. O seu peso próprio varia geralmente entre 1
e 2,5 kN/m2, valores estes que dependem da espessura da lâmina de betão, em que as espessuras
poderão variar entre os 4 e 10 centímetros, sendo muito usuais espessuras na ordem dos 5 centímetros.
A largura destes elementos varia usualmente entre os 0,6 e 2,4 metros, sendo este último valor
limitado pela dificuldade de transportar para obra peças muito largas. O vão deste tipo de elementos
varia geralmente entre os 1,5 e os 8 metros. A Fig. 1.2, ilustra este tipo de elemento pré-fabricado.

Fig. 1.2 - Pré-laje com treliças metálicas

Contudo, estes elementos têm dificuldade em alcançar um vão de grandes dimensões. Caso seja
necessário dimensionar este tipo de elementos para grandes vãos, irá existir uma grande quantidade de
armadura nas treliças na fase de construção que na fase de vida útil da laje composta poderia ser
dispensada. Assim, nestes casos, para uma melhor e económica construção da estrutura, poderá ser
vantajoso a utilização de apoios a meio vão, ou até aos terços de vão, para reduzir significativamente a
área de armadura necessária nas treliças metálicas. A Fig. 1.3 ilustra a colocação em obra deste tipo de
elementos com os devidos apoios aos quartos de vão.

3
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Fig. 1.3 – Colocação em obra das pré-lajes com treliças metálicas

A espessura da lâmina de betão da pré-laje nunca poderá atingir um valor superior a 50 % da espessura
final da laje monolítica[2]. O betão geralmente utilizado para este tipo de elementos corresponde a
classes de resistência que variam entre a C20/25 e a C50/60.
Quando a armadura colocada na parte inferior destes elementos pré-fabricados não for suficiente para
resistir às solicitações na fase de vida útil da laje composta, é possível aumentar a quantidade de
armadura, colocando-a sobre a pré-laje, com as devidas regras apresentadas no subcapítulo 5.2.
Existe porém, um tipo de pré-laje com uma geometria transversal semelhante a este, no entanto em vez
das treliças metálicas, é formado simplesmente por placas de betão pré-esforçado, como é visível na
Fig. 1.4.

Fig. 1.4 - Placas de pré-laje pré-esforçadas

Embora com inúmeras vantagens, este tipo de pré-laje fica aquém dos outros tipos referidos neste
documento, em relação ao preço por metro quadrado, devido à complexidade de montagem das
treliças. Assim o custo deste tipo de elementos situa-se entre os 50 e 70 €/m2, dependendo dos vão, e
das condições na fase de execução que terá que suportar.

1.2.2. PRÉ-LAJES ALVEOLARES


As pré-lajes alveolares são um tipo de elementos pré-fabricados muito comuns no mercado. Uma das
vantagens é o facto de poderem dispensar a colocação de betão “in situ”, embora possa ser necessário
a colocação de uma camada de betão, tanto para um bom acabamento da laje final, como até para fins
estruturais, aumentando a rigidez e resistência da estrutura. Poderá haver casos em que a camada sirva
também para o recobrimento das armaduras que irão resistir aos momentos flectores negativos. A

4
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

espessura destes elementos costuma variar entre os 16 e os 30 centímetros, no entanto quando for
necessário atingir grandes vãos, o valor da espessura poderá atingir os 50 centímetros, sem a camada
de betão colocada “in situ”, obtendo daí um vão que poderá atingir os 18 metros. A largura destes
elementos costuma adquirir um máximo de 1,2 metros, já que este tipo de pré-laje necessita de
equipamento específico para a sua construção. Na Fig. 1.5 pode-se observar a fabricação das pré-lajes
alveoladas, com um equipamento específico. Esta figura demonstra a limitação da largura da pré-laje e
forma de execução dos alvéolos.

Fig. 1.5 - Fabrico de pré-lajes alveolares

No entanto, caso seja necessário uma largura inferior aos 1,2 metros, é possível cortar a pré-laje
longitudinalmente, adquirindo a largura pretendida.
Estes elementos, comparativamente com as pré-lajes com treliças metálica, são mais pesados, mas
quando formados em lajes compostas são mais leves que as lajes maciças, já que os alvéolos podem
aliviar em mais de 70% o peso próprio deste tipo de laje composta. O peso próprio destes elementos
costuma variar entre os 2,6 e 4,2 kN/m2, valores estes dependentes da espessura da pré-laje. A Fig. 1.6
apresenta um exemplo de pré-lajes do tipo alveolares.

Fig. 1.6 - Pré-lajes alveolares

Como já foi referido anteriormente, os alvéolos deste tipo de elemento têm a função de reduzir o peso
da laje final. No entanto, a resistência ao corte destes elementos ficará assegurada devido às nervuras
entre os alvéolos existentes, que quanto maior forem, conseguirão resistir a maiores esforços
transversos. A Fig. 1.7 apresenta a secção transversal deste tipo de estruturas.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

[1]
Fig. 1.7- Secção transversal das pré-lajes alveolares (Kim Elliott )

Quando for pretendido dimensionar um pavimento contínuo, como foi referido anteriormente será
necessário colocar armadura para os momentos flectores negativos. Nestes casos será inevitável
proceder à demolição da parte superior da pré-laje, com o objectivo de formar umas aberturas, para
assim conseguir encaixar a armadura necessária. Na Fig. 1.8, podemos verificar a disposição dessas
armaduras, e do alinhamento dos elementos pré-fabricados em obra.

Fig. 1.8 – Pavimento constituído por pré-lajes alveolares, com aberturas para armadura para momentos flectores
[1]
negativos (Kim Elliott )

As pré-lajes alveolares em comparação com as pré-lajes com treliças metálicas, são mais económicas,
embora, a grande desvantagem deste tipo de elemento, está na aquisição da forma como é fabricada. O
preço deste tipo de pavimento varia num intervalo de 30 a 50€/m2.

1.2.3. PRÉ-LAJES NERVURADAS


As pré-lajes nervuradas são outro tipo de elementos existentes no mercado também conhecidas como
pré-lajes em duplo “T” invertido. São constituídas por várias nervuras e uma fina camada, ambas
constituídas por betão armado. A espessura da lâmina de betão destas estruturas é semelhante às das
pré-lajes com treliças metálicas (aproximadamente 5 centímetros). Em relação às nervuras de betão
estas servem para resistir aos esforços de corte na fase de construção, e também para equilibrar o
binário de forças existentes nesta mesma fase, entre a armadura na parte inferior da secção e a parte de
betão comprimido existente nas nervuras, estas nervuras têm também a vantagem de não ter problemas

6
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

de encurvadura como o das treliças apresentadas anteriormente. A largura deste tipo de elementos
depende da disposição das nervuras, no entanto, as larguras mais comuns são 1,2 metros ou até metade
deste valor 0,6 metros. A altura das nervuras poderá atingir o valor da espessura da laje composta,
porém, para um melhor acabamento deverá inferior em 5 centímetros a espessura final, para contribuir
para a aderência entre a interface dos betões com diferentes idades. Na Fig. 1.9 pode-se visualizar uma
pré-laje do tipo nervurada.

Fig. 1.9- Pré-lajes nervuradas

Com o objectivo de tornar uma laje composta mais leve, pode-se utilizar uns blocos de aligeiramento,
que são colocados entre as nervuras que posteriormente serão cobertos com a camada de betão
colocada “in situ”. A Fig. 1.10 esquematiza a posição dos blocos de aligeiramento.

Blocos de aligeiramento

Fig. 1.10 - Pré-lajes nervuradas com blocos de aligeiramento

O preço deste tipo de pré-lajes é o mais competitivo dos apresentados anteriormente, situando-se entre
os 20 e os 35 €/m2.

1.2.4. PRÉ-LAJES EM DUPLO “T”


Um outro tipo de pré-lajes são as formadas por duplos “T”. São um tipo de pré-lajes muito utilizado,
quando o intuito passa por dimensionar lajes com grandes vãos. A espessura da lâmina de betão e a
largura destes elementos é semelhante às pré-lajes nervuradas apresentadas anteriormente e situa-se
nos 5 centímetros para a espessura e os 0,6 e os 1,2 metros para a largura. Em relação às nervuras,
estas são dimensionadas de acordo com o vão que se pretende obter, já que ao aumentar a altura da
nervura, aumenta o braço do binário de forças da secção, aumentando assim o momento flector
resistente. A sua largura pode variar entre os 10 e os 40 cm, dependendo muito dos esforços de corte
existentes. Em relação à sua altura, estas nervuras podem ir desde os 30 até aos 75 cm, atingindo uma
gama de vãos que obtêm dimensões desde os 4 aos 30 metros.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Fig. 1.11 – Pré-laje com vigas em "T" (exemplo)

[1]
Fig. 1.12 - Pré-laje vigada com grande vão (Kim Elliott )

1.3. TRANSPORTE E COLOCAÇÃO DAS PRÉ-LAJES


1.3.1. GERAL
Antes de estarem colocadas em obra, as pré-lajes terão que resistir a várias fases, que vão desde a sua
construção até à colocação em obra, passando pelo seu transporte. Para cada uma dessas fases será
necessário o devido cuidado, para que em nenhuma delas ocorra rotura, tanto total, como parcial, de
modo que a pré-laje não perca resistência estrutural, nem uma boa aparência.
As fases críticas das situações transitórias são:

a desmoldagem;
o transporte para a área de armazenamento;
o armazenamento (condições de apoio e de carga);
o transporte para o local de obra;
o levantamento (elevação);
a montagem e construção definitiva

1.3.2. DESMOLDAGEM
Quando as pré-lajes são executadas em fábrica são feitas em série, pelo que não podem estar muito
tempo nos moldes para que a produção possa continuar a bom ritmo. Desta forma, a resistência da
lâmina de betão não corresponde à resistência característica do betão aos 28 dias, mas sim à resistência
correspondente à idade do betão na altura que é retirado dos moldes. Segundo o Eurocódigo 2[3], na
secção (3.1.2 (5 a 9)), é especificado o valor da resistência do betão, com idade inferior a 28 dias.
Também poderá ser necessário ter em conta as forças dinâmicas provenientes da retirada dos moldes,
que possam ocorrer.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

1.3.3. O TRANSPORTE PARA A ÁREA DE ARMAZENAMENTO


O transporte para a área de armazenamento poderá variar muito entre as diferentes fábricas, de acordo,
com os mecanismos e áreas de armazenamento disponíveis. Caso seja necessária a elevação através de
gruas, pode-se obter mais informação no subcapítulo 1.3.6.

1.3.4. ARMAZENAMENTO
A fase de armazenamento, depende muito das condições de espaço, existentes na fábrica que produz
estes elementos. Na maior parte dos casos as pré-lajes são armazenadas horizontalmente, sobrepostas
entre si. Entre cada pré-laje deverão ser colocados calços que deverão apoiar-se no betão, e quando os
elementos tiverem treliças metálicas, deverão ser maiores que a altura das treliças. Quando forem
menores, os calços deverão ser sobrepostos, de modo a evitar o contacto entre pré-lajes – ver Fig. 1.13.
Um outro cuidado necessário é que estes calços nunca se apoiam nas nervuras; assim, estes calços
deverão resistir, sem grandes deformações, às cargas provenientes das pré-lajes superiores. O limite
máximo de pré-lajes sobrepostas, aconselhado pelo LNEC[4], são de 15 pré-lajes por pilha. As
distâncias entre os calços deverão ser tais que não possam ocorrer deformações permanentes
excessivas nos elementos, nem a fissuração dos mesmos.

[4]
Fig. 1.13 - Armazenamento de pré-lajes com calços (LNEC )

1.3.5. TRANSPORTE PARA O LOCAL DE OBRA


Segundo o LNEC[4], a entrega dos elementos nunca se deverá efectuar, antes de o betão ter atingido
uma resistência mínima à tracção de aproximadamente 1,9 MPa. Quando as pré-lajes são transportadas
para a obra, devem estar muito bem amarradas, de forma a evitar saltos, que poderão danificar os
elementos. Quando as pré-lajes são transportadas horizontalmente, os apoios devem satisfazer às
condições de Armazenamento, neste caso a distância entre apoios será estabelecida tendo em conta as
solicitações dinâmicas a que estas estruturas poderão estar submetidas.

1.3.6. LEVANTAMENTO
Para o levantamento destas estruturas, deverão ser colocados vários apoios de suspensão, de modo a
evitar estragos na pré-lajes. Nas pré-lajes com treliças metálicas, poderá ser utilizado um dispositivo
de suspensão, com a forma de quadro, ou até vigas de suspensão, com fim de evitar grandes esforços
horizontais na pré-laje, ver Fig. 1.14. O ângulo que o cabo do apoio de suspensão terá que fazer com a
horizontal é de pelo menos 60°, como demonstra a Fig. 1.15, de notar também, que o apoio de
suspensão deverá ser colocado, num nó que diste de pelo menos três nós, a contar a partir da
extremidade.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

[4]
Fig. 1.14 - Vários tipos de levantamento das pré-lajes com treliças (LNEC )

60
°

Fig. 1.15 - Ângulo entre a pré-laje e o cabo de suspenção

Fig. 1.16 - Transporte das pré-lajes alveoladas

1.3.7. COLOCAÇÃO EM OBRA


As pré-lajes deverão ser colocadas num dispositivo de apoio, que lhe confira ao elemento pré-
fabricado uma estabilidade total. Será necessária uma base nivelada em todo o seu comprimento de
apoio, quando exista perigo de escorregamento, devido às tolerâncias de fabrico e de montagem ou
ainda possíveis ressaltos. Geralmente os dispositivos de apoio são colocados perpendicularmente às
nervuras, e deverão ser nivelados, antes da colocação das pré-lajes.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

[4]
Fig. 1.17 - Dispositivos de apoio (LNEC )

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

2
ADERÊNCIA DE BETÕES DE
DIFERENTES FASES
2. ADERÊNCIA DE BETÕES DE DIFERENTES FASES

2.1. FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DEFINITIVA


Para um correcto e económico dimensionamento de uma estrutura de betão é necessário definir as
cargas que essa estrutura terá que resistir durante o seu período de vida útil.
No caso das pré-lajes existem duas fases de cargas distintas, que deve-se ter em conta para o
dimensionamento deste tipo de estruturas. Numa primeira fase, a pré-laje, com a sua pequena rigidez e
resistência, ficará sujeita às cargas provenientes da sua construção, até certo limite de tempo. Já na
fase de vida útil da estrutura, é considerada como elemento composto1 e terá que resistir às cargas,
para as quais a estrutura foi dimensionada.

2.1.1. FASE DE CONSTRUÇÃO


Na fase de construção as pré-lajes terão que resistir às cargas inerentes à sua execução. Assim,
podemos considerar como cargas de construção as seguintes:
O peso próprio da pré-laje;
O peso próprio da camada de betão colocada “in situ”;
Nesta fase o betão colocado na obra está húmido. Segundo o Eurocódigo 1[5], para betão húmido
deve-se acrescentar o valor de 1kN/m3 ao peso próprio do betão seco.
As cargas de construção
Estas cargas têm em consideração, o peso dos trabalhadores, o peso do equipamento utilizado, mas
também consideram os excessos de betão acumulado, na fase em que este está a ser espalhado. O
valor a considerar para estas cargas será de (1KN/m3).
No entanto existem outros problemas, que deverão ter uma cuidada importância nesta fase. Quando na
fase de construção, a flecha do elemento pré-fabricado, adquire valores significativos na zona de maior
flecha irá acumular muita quantidade de betão, aumentando o peso nessa zona. Este fenómeno é
considerado como o “efeito poça”, que é o acréscimo da altura do betão “in situ” devido à deformação
dos elementos pré-fabricados.
Caso não seja necessário a colocação de apoios na fase de construção, as pré-lajes são consideradas
como simplesmente apoiadas, já que os apoios que poderão ser constituídos por vigas ou mesmo

1
Elemento monolítico formado pela pré-laje e camada de betão colocada “in situ”.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

paredes resistentes, permitem a total rotação do elemento. Contudo, se os esforços provocados, na fase
de construção, no aço ou no betão, adquirirem valores muito maiores do que na fase de vida útil da
estrutura, como não é possível reduzir as cargas de construção, uma óptima solução é a colocação de
apoios intermédios, ao longo do vão, para que o valor dos esforços nas secções transversais sejam
significativamente reduzidos. Nestes casos a estrutura é considerada como contínua, e no seu
dimensionamento deverão ser tidos em conta, os momentos negativos gerados nos apoios intermédios.
Quando se estiver perante a existência destes apoios intermédios no cálculo dos esforços da estrutura,
será necessária a consideração de certas combinações para conseguir obter o valor mais desfavorável
de esforços provocados nas secções. A realização das combinações è realizada de forma análoga às
outras estruturas de betão armado, tendo em consideração as cargas permanentes e as sobrecargas.
Assim para a consideração das combinações, será necessário subdividir as cargas de construção em
duas partes. A primeira parte das cargas será constituída pelo peso próprio do elemento pré-fabricado
(Gpl), enquanto que a segunda parte das cargas será constituída pelo peso próprio do betão colocado
“in situ” (Gc) e pelas cargas de construção (Qc), atrás referidas. Na Fig. 2.1, pode-se observar uma
possível combinação na fase de construção.

Qc+Gc
Gpl

Fig. 2.1 - Exemplo de combinação na fase de construção

A colocação dos apoios assegura uma visível redução das tensões das fibras extremas da secção
transversal. Na Fig. 2.2, podemos ver a redução das tensões devido à colocação de apoios intermédios.
Esta medida irá influenciar na economia final da obra, já que os esforços vão diminuir, reduzindo
assim a quantidade de material resistente nesta fase da obra.

a) b)

ql²
M M= pl²
32 M= 8
R 5 ql M
R= 8

ql²
Mq= 8
MR Rl² Mq
MR= 8

Mq ql²
Mq= 8

Fig. 2.2 - Valores das tensões a meio vão: (a) com apoios intermédios; (b) sem apoios intermédios

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

2.1.2. FASE DEFINITIVA


Nesta fase, o pavimento é considerado como um elemento composto, porque os seus diferentes
componentes (pré-laje e camada de betão colocada “in situ”) já se encontram perfeitamente ligados
entre si, aumentando assim a rigidez e a resistência do elemento composto em comparação com o
elemento pré-fabricado.
Assim, as cargas a considerar nesta fase, serão as cargas que a estrutura terá que suportar ao longo da
correspondente vida útil. Estas cargas serão constituídas pelos seguintes componentes:
Peso próprio do elemento composto;
Ao contrário da fase de construção, qualquer peso próprio de betão existente, não será
agravado, por não ser considerado como betão húmido;
Cargas permanentes;
Sobrecargas;
tanto as cargas permanentes, como as sobrecargas estão regulamentadas, através do Eurocódigo 1 [5], e
dependem da utilização prevista para o pavimento. Quando este é monolítico o dimensionamento
destes pavimentos processa-se de forma análoga à das lajes maciças.

2.2. ADERÊNCIA DAS SUPERFÍCIES


2.2.1. GENERALIDADES
Todas as grandes obras são constituídas por elementos compostos construídos faseadamente, já que
não é possível construir uma estrutura numa única operação contínua. No caso de elementos pré-
fabricados, mais precisamente as pré-lajes, poderá existir um problema de aderência entre estes
elementos e a camada de betão colocada “in situ”, devido às diferentes idades ou classes de
resistência dos betões envolvidos. Para uma pré-laje, juntamente com a camada de betão colocada “in
situ” ser considerada monolítica, é necessária uma perfeita aderência de modo a equilibrar todos os
esforços tangenciais a que a superfície vier a estar sujeita.
Um dos maiores problemas da aderência é a quantificação da correspondente resistência, já que os
métodos utilizados para o tratamento das superfícies variam de elemento para elemento, e as técnicas e
mão de obra utilizadas para a sua construção também variam. Contudo, existem regulamentos que
quantificam valores para a rugosidade das superfícies através do método de execução, que as
superfícies das pré-lajes foram sujeitas, que serão descritos à frente. Assim, esta classificação da
rugosidade de uma superfície depende do resultado de testes experimentais realizados, por diversas
entidades, e que através dos resultados obtidos especificaram parâmetros que tentam quantificar o
mais próximo possível, o valor da rugosidade da superfície. As classificações que serão mencionadas
neste documento referem-se a dois regulamentos, protagonizados pela FIP[6], e pelo European
Standard, através do Eurocódigo 2[3].

15
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

2
2.2.1.1. Aderência segundo a FIP
Através da FIP[2], pode-se perceber o fenómeno da aderência entre duas superfícies de betão através de
mecanismos básicos, como demonstra a Fig. 2.3, assim, é possível explicar a transferência de esforços
tangenciais entre as superfícies de betão.

Фc

Fig. 2.3 - Mecanismo dos esforços tangenciais

A aderência das superfícies entre duas camadas de betão, depende da: forma das superfícies, da sua
coesão, e caso se aplique, do seu reforço estrutural. Se a superfície não tiver atrito, a resistência entre
as superfícies exclusivamente dependente das ondulações existentes na superfície, e respectiva tensão
normal aplicada nestas mesmas superfícies. Assim se as ondulações forem rígidas este mecanismo
pode ser descrito através da equação (2.1):

(2.1)

em que Фc, é o maior ângulo que as ondulações fazem com a horizontal, como indica a Fig. 2.3, e σ a
tensão normal à superfície.
Contudo, através de ensaios experimentais foi possível concluir que haveria um fenómeno, não
presente na fórmula, que aumentava a capacidade de resistência ao escorregamento. Então para
representar esse valor foi introduzido o valor (c), que representa a coesão da superfície, e que depende
da rugosidade da superfície, e do tipo de betão utilizado, tanto na pré-laje como na camada de betão
colocada “in situ”. Assim, ao ser adicionado este parâmetro à equação (2.1), o valor da resistência das
superfícies, passa a ser igual à equação (2.2).

(2.2)

Caso a resistência da superfície não seja suficiente para suportar os esforços tangenciais actuantes,
será necessário introduzir armadura a atravessar a junta de betonagem, para conferir à superfície uma
maior resistência ao escorregamento. Desta forma a resistência da interface passa a ser descrita pela
equação (2.3):

2
Fédération Internationale de la Précontrainte

16
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(2.3)

em que (Ai) é a área da superfície de contacto entre os dois betões e (As) é a área de armadura que
atravessa a junta de betonagem. Pode-se também verificar que a relação entre a armadura que
atravessa a superfície (As), e a superfície de contacto (Ai), aumenta quando o ângulo (θ), que a
armadura transversal faz com a horizontal diminui.
Os fenómenos atrás descritos contribuem para a transferência de esforços na superfície das duas
camadas. Contudo, existem outros fenómenos que serão prejudiciais, como por exemplo a poluição na
superfície, ou até excesso de humidade, e serão referidos, no subcapítulo 2.3.
Segundo a FIP[6], a classificação das superfícies é feita de acordo com uma escala de diferentes graus
de rugosidade. A sua classificação depende essencialmente do tratamento que levou a superfície dos
elementos pré-fabricados, na sua fase de construção. Assim a classificação da rugosidade, depende dos
seguintes tratamentos da superfície:
i. Superfície que foi alisada com uma colher de trolha ou talocha, não tão lisa como a anterior.
ii. Superfície em que o betão foi colocado no molde, e compactado, sempre com a intenção de
trazer os agregados à superfície, geralmente verificam-se algumas ondulações e pequenas
arestas.
iii. Uma superfície que foi executada a partir de moldes deslizantes, igualmente sem o tratamento
posterior.
iv. Uma superfície produzida por uma técnica de extrusão de betão, de modo a produzir
propositadamente ondulação e algumas arestas acentuadas.
v. Uma superfície em que o betão foi escovado, quando molhado, para se obter uma textura mais
rugosa.
vi. Igual ao ponto (v) mas com uma textura mais pronunciada, é igualmente escovada, mas
combinada com um ancinho de aço.
vii. Superfície onde o betão foi comprimido sem nenhuma tentativa de o alisar, deixando um
aspecto áspero com agregado grosseiro.
viii. Superfície que foi pulverizada quando molhada, de modo a expor o agregado sem o perturbar
ix. Uma superfície que foi sujeita a equipamento mecânico para formar certas nervuras para
garantir um melhor atrito.

Para efeitos de cálculo, a FIP[6], recomenda subdividir esta escala em duas diferentes categorias: a
Categoria 1 engloba desde o grau (i) até ao (vi), e a Categoria 2, que abrange os restantes. Assim, de
acordo com o Quadro 2.1, pode-se consultar os parâmetros das superfícies, de acordo com as suas
categorias;
Quadro 2.1 - Categorias segundo FIP

c tanφc

Categoria 1 0,2fctd 0,6

Categoria 2 0,4fctd 0,9

17
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

neste quadro o valor de (fctd) é obtido através do valor de cálculo da tensão de rotura do betão à
tracção, dada de acordo com o Eurocódigo 2[3], e que pode ser calculado de acordo com a equação
(2.4);

(2.4)

em que (αct) é um valor que tem em conta os efeitos de longo prazo da resistência à tracção e os efeitos
desfavoráveis resultantes do modo como a carga é aplicada, o valor recomendado é 1.
Segundo a FIP[6] , quando se estiver perante o caso (i) ou (ii), o valor da coesão dado por esta tabela,
pode ser considerado elevado, sendo recomendado o uso do valor 0,1fctd. Também segundo esta
entidade, o valor máximo da tensão tangencial resistente na superfície de contacto, fica assim limitada
em 0,2 fcd, assim de acordo com o Quadro 2.1 e a equação (2.3), pode-se reescrever uma nova
equação.

(2.5)

(2.6)

As Área da secção de armaduras que atravessa a superfície


Ai Área de contacto das duas superfícies
σ Tensão normal à superfície

Se a relação entre a área de armaduras (As), e a superfície de contacto (Ai), for menor que (ρ<0,001) o
reforço através das armaduras deixa de ser considerado na equação (2.5). Para a esta entidade, quando
o valor das tensões tangenciais são baixas, pode-se considerar que o valor da resistência da junta de
betonagem dependa apenas da coesão do betão menos resistente, existente na superfície entre os dois
betões, desprezando assim as cargas normais à superfície existentes no elemento composto, esses
valores de resistência poderão ser consultados no Quadro 2.2.
Quadro 2.2 - Valores da resistência da superfície

(i) - (ii)

(iii) – (vi)

(vii) – (x)

2.2.1.2. Aderência segundo o Eurocódigo 2


Em relação à aderência segundo o Eurocódigo 2[3], os critérios definidos são ligeiramente diferentes.
Embora tenha menos tipos de classificação comparativamente à FIP, particulariza mais cada tipo que
aborda, com os seus devidos coeficientes. Os tipos de superfície que o Eurocódigo 2 refere, na secção
(6.2.5(2)), são:
i. Muito lisa – superfície moldada por aço, plástico ou moldes de madeira especialmente
preparados;

18
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

ii. Lisa – uma superfície extrudida ou executada com moldes deslizantes ou executada sem
cofragem e não tratada após vibração;
iii. Rugosa – uma superfície com rugosidades de pelo menos 3 mm de altura e espaçadas cerca de
40 mm, obtidas por meio de raspagem, de jacto de água, ar ou areia ou por meio de quaisquer
outros métodos de que resulte um comportamento equivalente;
iv. Indentada – uma superfície com reentrâncias na superfície de betão
a partir destas classificações obtêm-se os valores dos coeficientes μ e c, que podem ser consultados no
Quadro 2.3, e que dependem da rugosidade da junta.
Quadro 2.3 – Coeficientes μ e c segundo Eurocódigo 2

Superfície c μ

Muito Lisa 0,25 0,5

Lisa 0,35 0,6

Rugosa 0,45 0,7

Indentada 0,5 0,9

O valor da tensão tangencial da junta de betonagem pode ser obtido através da equação (2.7).

(2.7)

β Relação entre o esforço longitudinal na secção de betão novo e o esforço longitudinal


total na zona de compressão ou na zona de tracção, ambos calculados na secção
considerada
valor de cálculo da tensão tangencial na junta
z braço do binário da secção composta
bi largura da junta de betonagem

Com os parâmetros obtidos no Quadro 2.3, pode-se obter o valor de cálculo da tensão tangencial
resistente na junta através de:

(2.8)

ceμ valores definidos no Quadro 2.3


α ângulo das armaduras com a horizontal
fctd valor definido na equação (2.4)
As/Ai
σn tensão devida ao esforço normal exterior mínimo da junta, que pode actuar
simultaneamente com o esforço transverso, positivo se compressão com σ n<0,6fcd,
e negativo se de tracção. Quando σn é de tracção, c fctd deve ser igual a 0

Através das equações (2.5) e (2.8), foi possível obter a Fig. 2.4, comparando a tensão tangencial
resistente, de acordo com o FIP[6] e o Eurocódigo 2[3], variando os coeficientes propostos por cada uma
destas comissões.

19
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

τRd (MPa)
5 Tensão Tangencial Resistente
FIP (Categoria 1)
4 FIP (Categoria 2)
EC2 (Muito Lisa)
3 EC2 (Lisa)
EC2 (Rugosa)
2 EC2 (Indentada)

0
0 ρmin.fyd 1 2 3 4 5 ρ.fyd (MPa)

Fig. 2.4 - Comparação entre os valores da resistência das superfícies segundo EC2 e FIP

De acordo com este gráfico pode-se verificar que a FIP tem uma atitude mais conservadora que o
Eurocódigo 2, embora quando os regulamentos não consideram armadura a atravessar a junta de
betonagem, os valores do Eurocódigo 2, para as superfícies lisas, são muito semelhantes aos da FIP.
Quando as tensões tangenciais são elevadas, poderá ser difícil quantificar o valor resistente das
superfícies de contacto. Devido a isso para o CEB[7], quando o valor tensão de corte for superior a
0,3fctd, ou se for necessário considerar cargas dinâmicas, deverá ser colocada uma armadura
devidamente ancorada a ligar as duas camadas de betão.

2.3. CAMADA DE BETÃO COLOCADA “IN SITU”


Um dos aspectos referidos anteriormente foi o da aderência nas superfícies, contudo, não bastam só as
características existentes nas superfícies dos elementos pré-fabricados, mas também, o tratamento que
é realizado numa fase posterior à colocação do betão em obra. Neste ponto são abordadas várias
formas de resolver certos problemas que antecedem a colocação de betão “in situ”.

2.3.1. ESPESSURA DA CAMADA DE BETÃO


As camadas de betão colocadas “in situ” podem ter como finalidade o reforço estrutural ou
simplesmente a obtenção de um melhor aspecto visual. A sua espessura, deverá ser superior a 30 mm,
embora, geralmente, nunca seja inferior a 50 mm. Quando as camadas são muito finas é necessário ter
em conta cuidados especiais, tais como a constante espessura ao longo de toda a camada. Um outro
aspecto é a evaporação da água na fase de cura, em que para ser realizada uma boa cura serão
necessários certos cuidados particulares nesta fase de construção, tais como as condições de
temperatura e humidade. Quando se estiver perante camadas de betão com uma espessura menor que
80 mm, os métodos convencionais de aumento da aderência através da armadura transversa poderão
ser inadequados.

2.3.2. SUPERFÍCIE DE CONTACTO


As características principais que afectam a ligação entre as camadas de betão, e a sua transferência de
esforços, são: a rugosidade, a resistência, e a limpeza da superfície.

20
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

2.3.2.1. Rugosidade da superfície


Quando a nova camada de betão é colocada “in situ”, adquire a mesma configuração que a superfície
do elemento pré-fabricado, já que quando é aplicada, encontra-se num estado viscoso, e por isso
maleável. O aspecto da superfície, e a quantificação da rugosidade, poderá ser consultado no
subcapítulo 2.2.

2.3.2.2. Resistência da superfície


É necessário ter em consideração que a resistência de ligação entre as duas superfícies de betão, nunca
poderá exceder o menor valor da capacidade resistente à tracção dos dois betões (pré-laje e camada de
betão). Se no tratamento do elemento pré-fabricado, for aplicada muita água na superfície durante a
fase de cura do betão, podem começar a aparecer certas partículas muito finas do agregado à
superfície, o que provoca uma quebra na resistência da superfície. Um método para detectar uma fraca
superfície consiste em riscar facilmente a superfície da pré-laje, através de um prego, ou elemento
similar. Quando existem pequenas fendas à superfície, estas são improváveis de afectar a ligação entre
superfícies, mas podem indicar que a cura do betão não foi adequada.

2.3.3. PREPARAÇÕES QUE ANTECEDEM A COLOCAÇÃO DO BETÃO


Segundo as equações da resistência da superfície, pode-se facilmente concluir que o seu valor depende
essencialmente da rugosidade da superfície. Contudo, estudos realizados por Vesa e Gustavsson[6]
indicam que as preparações que antecedem a colocação do novo betão, têm um grau de importância
semelhante ao da rugosidade. Esses factores são constituídos pela: limpeza da superfície, compactação
e cura do betão, e humidade na superfície.

2.3.3.1. Limpeza da superfície


Para a boa ligação entre as duas camadas de betão, as superfícies das pré-lajes deverão ser limpas das
pequenas partículas de agregado que se possam formar, no período de cura do betão. Também deverá
ser feita uma inspecção, para verificar a limpeza das superfícies devido a impurezas que possam existir
entre as reentrâncias da superfície.
Os problemas mais comuns que afectam a interface entre os dois betões são: o pó, a areia, o óleo ou
até o gelo. Uma sujidade provocada por óleo deverá ser removida mecanicamente, ou através de
produtos que não danifiquem o betão. Quando estivermos perante impurezas tais como: pó, ou areias,
estas deverão ser removidas através de jactos de água, ar comprimido ou até através da sua sucção
com aspiradores. Varrer a superfície, poderá não ser suficiente para remover o pó que se encontra no
interior das reentrâncias da superfície.

2.3.3.2. Tratamento através da água


O tratamento da superfície através da aplicação de água, antes da colocação da camada de betão,
poderá ser vantajoso. Nas condições climatéricas acima dos 30 °C, a aplicação de água será
imprescindível para arrefecer a interface do betão antes da colocação da camada de betão. Contudo, a
superfície deverá estar seca imediatamente antes da colocação do betão. As zonas húmidas são

21
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

permitidas, porém, se existirem poças de água estas deverão ser removidas, já que uma superfície
molhada poderá resultar num decréscimo de resistência quando comparada com uma superfície seca.
Segundo a FIP[6], o valor da perda da resistência da superfície poderá chegar aos 50%. O resultado
deste fenómeno deve-se à água que se acumula nas reentrâncias, impedindo assim o betão de penetrar
nessas reentrâncias.

2.3.3.3. Pré-tratamento através de uma calda de cimento


Um método usado ocasionalmente é através da aplicação de uma pasta feita de cimento, em que a
razão água cimento é superior à utilizada na camada de betão. Porém este método não é muito
recomendado, porque segundo a FIP[6], não há procedimentos normalizados para o fazer daí ser difícil
garantir que este processo é realizado correctamente. Quando esta técnica é utilizada, é necessário
garantir a boa colocação de modo a, evitar que esta seque antes da colocação dessa mesma camada.

2.3.4. CARACTERÍSTICAS DO BETÃO A UTILIZAR


O betão a utilizar na camada de betão colocada “in situ” deverá ter boas características aderentes, e
baixa retracção. Segundo a FIP[6], o valor máximo do agregado admissível é de metade da espessura da
camada de betão. Contudo, o valor recomendado pela mesma entidade é de 1/3 o valor da espessura.

2.3.5. COLOCAÇÃO DA CAMADA DE BETÃO “IN SITU”


É fundamental que a camada de betão colocada “in situ” seja devidamente compactada para uma
melhor eficiência na aderência da superfície. Se a camada de betão não estiver bem compactada, a
resistência da superfície reduz consideravelmente e será muito variável. Por outro lado, testes
demonstrados pela FIP[6] demonstram que a excessiva compactação da camada de betão não aumenta
a resistência da ligação entre as superfícies. Devido a estas razões, a qualidade da mão-de-obra é
fundamental. Quando em certas zonas de betonagem, na fase de construção, ocorrer o escoamento de
betão, essa zona deverá ser limpa e deverá ser obtida uma solução que impeça o vazamento do betão.
Nestes casos o escoamento do betão irá impedir uma boa compactação e daí uma perda na resistência
da interface.

2.3.6. CURA DO BETÃO


Nos climas quentes, secos e/ou ventosos, a camada de betão deverá ser protegida para evitar a rápida
retracção devido à secagem. Tal protecção poderá ser conseguida através da protecção com água ou
com uma membrana que evite a rápida cura do betão. Qualquer que seja a protecção, deverá ser
colocada de modo a não danificar a superfície da camada de betão. Caso seja utilizada uma membrana,
esta deverá ser testada antes da utilização, não só para garantir que reduz significativamente a perda de
água do betão, mas também para verificar que não danifica o acabamento do pavimento.
Segundo a FIP[6], a cura deverá ter lugar quanto mais cedo possível, desde a construção da superficie, e
deverá continuar até atingir cerca de 50 % do valor de cálculo. Se a temperatura média exceder os 10
°C, a cura poderá normalmente ser interrompida quando atingir os 3 dias. É importante salientar que a
incorrecta cura do betão poderá levar a um decréscimo de resistência na ligação, tanto entre superfícies
como nos apoios. Este problema será tanto maior, quanto menor for a espessura da camada de betão
colocada “in situ”.

22
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

3
Estados Limites Últimos
3. ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS

3.1. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS


3.1.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO

3.1.1.1. Armadura superior


Quando estes tipos de pré-lajes são colocados em obra, são considerados como simplesmente
apoiados, daí existirem essencialmente momentos flectores positivos. Estes momentos deverão ser
resistidos pela armadura longitudinal superior existente na lâmina de betão, e pela armadura inferior
conforme demonstra a Fig. 1.1. Geralmente nesta fase a armadura colocada na lâmina de betão, não
será condicionante, já que esta terá que resistir a esforços superiores provenientes da fase de vida útil
da estrutura. No entanto, a armadura longitudinal superior terá um papel importante na fase de
construção já que serão estas a ajudar a equilibrar o binário de forças que existirá no elemento pré-
fabricado. Caso o eixo neutro se situe na lâmina de betão, a zona de betão à compressão irá contribuir
para a resistência da peça.

Fs '

Fs

Fig. 3.1 - Extensões no aço e no betão

Se o projectista optar pela colocação de apoios intermédios a estrutura ficará sujeita a momentos
flectores negativos na zona do apoio, sendo necessário verificar se a armadura situada na parte
superior das treliças resiste a esses momentos flectores.
Nos casos em que a pré-laje é simplesmente apoiada e autoportante, só terá momentos positivos, ou
nos casos em que a pré-laje tenha os apoios intermédios bastante afastados entre si, a armadura
superior da treliça terá que resistir às compressões provocadas por esses esforços. O aço como tem
uma elevada resistência à tracção, mas quando se encontra comprimido, a sua resistência diminui
devido a fenómenos de encurvadura.

23
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Desta forma será necessário proceder ao cálculo do valor da resistência do aço superior à compressão.
Assim, será necessário calcular o valor da esbelteza Euleriana (λE), e o valor da esbelteza da peça (λ),
que serão iguais às equações (3.1) e (3.2).

(3.1)

(3.2)

Le comprimento de encurvadura
i raio de giração

Em relação ao comprimento de encurvadura, o valor desta componente na armadura superior da treliça


será igual ao comprimento entre a união entre a armadura da treliça lateral, ver Fig. 3.2. No caso das
armaduras transversais, o seu comprimento de encurvadura, como poderá ser visível na Fig. 3.2, será
calculado de maneira análoga ao da armadura superior, em que o valor do seu comprimento de
encurvadura, passa a ser igual a Le=0,8.L2, segundo a Norma Espanhola MV103[9].

L1
L2

Fig. 3.2 - Comprimentos de L1 e L2

Em relação ao valor do raio de giração poderá ser calculado através da equação seguinte:

(3.3)

então depois de obtido os valores de esbelteza, calculados anteriormente, pode-se proceder ao cálculo
do valor da esbelteza equivalente:

(3.4)

assim, o valor da resistência à compressão será calculado através da equação (3.5), que será reduzido
pelo factor calculado pela equação (3.6), valor esse que depende da encurvadura à flexão.

24
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(3.5)

(3.6)

(3.7)

[8]
α factor de imperfeição (segundo EC3 é igual a 0,49)

Desta forma, depois de obtida a resistência à compressão da armadura superior (σRd) será possível
proceder ao dimensionamento da armadura, que estará de acordo com as equações de equilíbrio entre
as forças presentes no betão e no aço.
No entanto, segundo Kim Elliott[1], o dimensionamento da armadura superior pode ser realizado de
forma mais simples. Segundo este autor, na fase construtiva o elemento que resiste aos momentos
criados pelas cargas existentes é a treliça metálica (armadura superior e inferior), ou seja, a lâmina de
betão é desprezada em termos de resistência da pré-laje. Assim o valor da armadura superior será
calculado através da equação (3.8).

(3.8)

M1 momento máximo na fase de construção


z1 distância entre o centro das armaduras superiores e inferiores
3
Fyd resistência da armadura à compressão

3.1.1.2. Armadura inferior


O dimensionamento da armadura inferior será efectuado tendo em conta a mais desfavorável das duas
fases que a pré-laje terá que resistir. Estas fases são as referidas no subcapítulo 2.1 e são a fase de
construção, que dificilmente será a condicionante, e a fase de vida útil da estrutura. Quando esta
ultima fase é a condicionante o dimensionamento desta armadura processa-se de forma análoga às
lajes maciças.
Este tipo de pré-laje tem geralmente a armadura total da futura laje composta, incorporada na lâmina
de betão. Porém, caso necessário, poderá ser colocada uma armadura extra na superfície da lâmina de
betão da pré-laje, com o conveniente recobrimento mínimo que poderá ser consultado no Capítulo 5
Para efectuar o cálculo da armadura inferior, deve-se ter em conta a variação do binário de forças, sem
a consideração da camada de betão (z1), e com a consideração desta camada (z2).

(3.9)

3
Segundo Kim Elliott, esta resistência é igual ao valor da tensão de cedência do aço à tracção.

25
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

M1’ momentos na fase de construção (peso próprio: pré-laje e camada de betão)


M2 momento devido às cargas permanentes e sobrecargas
z1 braço entre as duas armaduras
z2 braço entre a armadura inferior e a resultante de forças do betão

O valor do momento flector resistente na fase de construção (M1’) difere do momento resistente (M1)
também calculado para a equação (3.8), porque neste caso, as cargas de construção e o aumento de
peso do betão húmido, não são consideradas.
Quando a laje composta é armada numa única direcção, a armadura secundária, transversal à direcção
principal mínima exigida, segundo o Eurocódigo 2[3], corresponde a 20% do valor da armadura
principal.

3.1.1.3. Armaduras nas juntas longitudinais e transversais


Quando se pretende dimensionar uma elevada área de piso, a solução a adoptar é, geralmente, a
justaposição de vários elementos pré-fabricados, que em conjunto irão formar o pavimento. Como
existe uma descontinuidade entre os vários elementos pré-fabricados, é necessário o dimensionamento
de armadura para ligação da junta entre elementos pré-fabricados adjacentes, para que estes consigam
transmitir todas as cargas necessárias entre os diferentes elementos. Estando perante uma laje armada
numa direcção, se a descontinuidade for paralela à direcção principal, na direcção oposta, a armadura a
colocar na junta será igual à colocada na pré-laje (20 % da armadura principal).
Quando por outro lado, há descontinuidade entre pré-lajes, longitudinalmente, será necessário efectuar
o cálculo do valor da área de armadura necessária na junta transversal. Essa armadura é calculada, com
a redução do braço do binário de forças. O valor dessa diminuição, é aproximadamente de 3 cm que é
a soma do recobrimento superior da pré-laje com a distância mínima de 1 cm das armaduras da junta
de betonagem à superfície da pré-laje como mostra o Capítulo 5. A título de exemplo, estando perante
um braço de 12 cm, com uma diminuição de 3 cm nas juntas, a armadura necessária é superior em
33% à armadura necessária na pré-laje. Existe também um outro aspecto relevante a ter em
consideração, que é a verificação da cedência das armaduras nas juntas, que deverá ser verificada, a
fim de evitar uma rotura frágil da estrutura.
Em relação aos esforços de corte, existem duas secções a considerar para a verificação da resistência
ao corte nas juntas. Na Fig. 3.3, é possível observar essas duas secções.

h0 ht
A2 A3
A1
B A

Fig. 3.3 - Secções a considerar perto das juntas

Para a verificação ao corte da secção (A) os valores a utilizar são (ht),(A1) e caso exista (A3). Na secção
(B), os valores a utilizar são (h0), (A2) e caso exista (A3).

26
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Na ausência de cálculos mais elaborados, segundo o Eurocódigo 2[3] (10.9.3 (5)) se as acções forem
uniformemente distribuídas, esforço transverso na junta, por unidade de comprimento poderá ser igual
à equação (3.10):
(3.10)

2
qeb valor de cálculo da acção variável (KN/m )
bi largura do elemento

Se o valor do esforço transverso for maior que a resistência da junta, para evitar a rotura da junta, ou
até a quebra de ligação entre o elemento pré-fabricado e a camada de betão, a pré-laje terá que ser
reforçada com armadura para esforço transverso, ver capítulo 5

3.1.1.4. Armadura para momentos flectores negativos


Como já referido anteriormente, quando a laje composta estiver concluída, irão formar-se momentos
negativos nos apoios, já que a estrutura se torna hiperestática. Desta forma será necessário
dimensionar uma armadura negativa capaz de evitar a abertura de fendas excessivas, de modo a evitar
a rotura da estrutura. Segundo o LNEC[4], no caso de lajes simplesmente apoiadas, que não tenham
momentos negativos, será necessário uma armadura mínima nos apoios, dimensionada de acordo com
os valores de momentos iguais a (0,15 Mo), em que (Mo) é o valor momento isostático calculado a
partir da equação M0=p.l2/8, para acções calculadas a partir do estado limite último.
Um método simples, que se pode tornar económico para o dimensionamento de lajes compostas, é
através da redistribuição de esforços, na fase final de vida útil da estrutura, permitida pelo Eurocódigo
2[3]. Segundo este regulamento na secção (5.5), os momentos no estado limite último, calculados com
base numa análise elástica linear, podem ser redistribuídos desde que a distribuição de momentos daí
resultante, continue a equilibrar as cargas aplicadas. De acordo com as equações (3.11) e (3.12), pode-
se calcular a relação máxima admissível entre os momentos calculados através de uma análise elástica
linear, e os momentos finais redistribuídos.

(3.11)

(3.12)

Profundidade do eixo neutro no estado limite último após a redistribuição


Relação entre o momento após a redistribuição e o momento flector elástico
K1, k2, k3, k4 valores no Quadro 3.1

Quadro 3.1 - Valores de k1, k2, k3, k4

k1 0,44

k2 1,25(0,6+0,0014/εcu2)

k3 0,54

k4 1,25(0,6+0,0014/εcu2)

27
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

porém, o Eurocódigo 2[3], limita a redistribuição num máximo de 30 %, contudo para uma análise mais
detalhada, é aconselhada a consulta do regulamento. Se limitarmos os valores de (xu/d), Quadro 3.2, e
se a relação entre os momentos dos apoios intermédios e os momentos no vão estiver entre 0,5 e 2, não
será necessário verificar a capacidade de rotação da estrutura.
Quadro 3.2 - Valores de Xu/d

Xu/d Classe de Betão

≤ 0,25 ≤ C50/60

≤ 0,15 ≥ C55/67

O Eurocódigo 2[3], dá-nos um intervalo, em que os valores dos momentos negativos pode variar, mas
cabe ao projectista definir qual a melhor solução a adoptar, em cada caso particular.

3.1.2. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO


3.1.2.1. Armaduras transversais
Nestes tipos de pré-lajes, as armaduras transversais assumem duas funções muito importantes, uma é o
aumento da resistência ao corte, do elemento pré-fabricado na fase de construção, a outra não menos
importante, é o aumento da aderência que a armadura provoca entre as pré-lajes e a camada de betão
colocado “in situ”.
Quando as tensões normais à superfície da interface entre os dois betões são baixas, numa atitude
conservativa, a aderência da superfície pode ser considerada como sendo apenas o valor da coesão
entre os dois betões. Se a junta de betonagem não estiver fissurada o esforço resistente da junta de
betonagem é obtido através da equação (2.8) ou pelo Quadro 2.2. Por outro lado, se a junta de
betonagem se encontrar fissurada, a resistência entre superfícies diminui. Segundo o Eurocódigo 2 [3],
secção (6.2.5 (4)), o valor do parâmetro da coesão (c), quando a junta de betonagem se encontra
fendilhada, é igual a 0 se a junta for lisa ou rugosa, e é igual a 0,5 para as juntas indentadas. Então para
o seu dimensionamento é necessário descobrir qual a rotura condicionante da pré-laje (corte, ou
escorregamento), para poder calcular a armadura transversal necessária nas treliças metálicas. Assim,
para um primeiro dimensionamento pode-se assumir que a situação mais desfavorável será a rotura da
aderência na superfície entre os dois betões. Esta situação terá que ser avaliada na fase definitiva da
laje composta quando a camada de betão colocada “in situ” ganha presa e começa a transmitir
esforços entre as superfícies, já que na fase de construção, quando o betão está húmido não provoca
solicitações nas superfícies de contacto. O valor do esforço tangencial máximo que se irá formar na
superfície resulta das cargas em estado limite último para que a estrutura foi projectada. De referir
também que nestas cargas, não estão incluídas o peso próprio da pré-laje, nem da camada de betão
colocada “in situ”, já que estas não provocam esforços tangenciais entre si. Assim, através da Fig. 3.4,
pode-se perceber melhor o mecanismo das forças tangenciais presentes na camada de betão:

28
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

[10]
Fig. 3.4 - Força tangencial (Rui Faria e Nelson Vila Pouca )

Desta forma será possível obter o valor da força horizontal, na superfície entre betões, devido às
cargas aplicadas na estrutura.

(3.13)

(3.14)

t Ver Fig. 3.5 espaço entre treliças está a frente


VEd,2 Valor do esforço transverso resultante das cargas permanentes e sobrecargas,
aplicadas depois de construída a estrutura

Então, será necessário equilibrar esta força (FEd,h), com a resistência da superfície. Assim tendo em
conta a rugosidade da superfície, o dimensionamento da armadura necessária para resistir à força
aplicada, será de acordo com a equação (3.15).

(3.15)

α e α’ dados de acordo com a Fig. 3.5


μ parâmetro definido em capítulo da Aderência das Superfícies

Fig. 3.5 – Valores dos ângulos das armaduras e espaçamentos entre junção das armaduras laterais da treliça

Depois de concluída esta primeira parte de dimensionamento da armadura, é então necessário verificar
se a armadura calculada resiste aos esforços de corte, na fase de construção. Assim, a resistência da
pré-laje fica condicionada pela resistência ao corte da lâmina de betão e da treliça metálica. Nesta fase
as cargas consideradas terão que ser majoradas, de acordo com os estados limites últimos. Depois de
obtido o valor do esforço transverso máximo (VSd,1), este terá que ser comparado com o esforço
máximo ao corte (VRd,1), resistente por parte da pré-laje, na fase de construção.

29
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(3.16)

(3.17)

τRd resistência do betão EC2


bi valor da distância entre treliças
d1 distância entre a armadura inferior e superfície da pré-laje
d2 distância entre a armadura superior e inferior
Ast área da armadura de esforço transverso de um varão
fywd valor de cálculo da tensão de cedência das armaduras de esforço transverso

O valor de cálculo da tensão de cedência das armaduras de esforço transverso (fywd), deverá ser
reduzido, como indicado em 3.1.1.1, porque, como parte das armaduras de esforço transverso se
encontram à compressão, este dimensionamento estará do lado da segurança.
Existem porém valores mínimos, entre a relação de armaduras que atravessam as juntas de betonagem,
e a superfície de contacto, entre os betões. Segundo o Eurocódigo 2[3] (9.2.2 (5)) a taxa de armadura, e
a taxa de armadura mínima, são dadas de acordo com as equações (3.18) e (3.19).

(3.18)

(3.19)

t espaçamento entre as treliças (ver Fig 3.5)


ρw terá que ser maior que ρw,min

Segundo a FIP[6], o valor mínimo da taxa de área da armadura que atravessa a superfície está
estabelecido como 0,001, ver capítulo 2 . Se a relação de armadura que atravessa a superfície, e a área
de superfície, for menor que este valor, então estas armaduras são consideradas como não tendo
qualquer efeito na resistência da superfície.
Se qualquer laje composta respeitar as condições acima descritas, então estão criadas condições para o
elemento composto ser considerado monolítico.
Quando as resistências, tanto ao corte como à flexão, não respeitam o estipulado pelas normas, uma
boa solução é diminuir o espaçamento entre as treliças, aumentando assim o número destas, em vez de
aumentar muito as armaduras inferiores ou superiores.
Depois de verificada esta a resistência na fase de construção, será necessário verificar o esforço
transverso resistente, para resistir às cargas que a estrutura venha a suportar. Fazendo uma analogia às
lajes maciças, depois de obtido o esforço transverso de cálculo (VSd), temos que comparar com o valor
de cálculo do esforço transverso resistente (VRd,c), de acordo com o Eurocódigo 2[3] , na secção (6.2.2
(1)), caso o elemento composto esteja fendilhado.

(3.20)

30
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Com um valor mínimo de:

(3.21)

com o valor de d em mm

Asl área da armadura longitudinal de tracção


bw menor largura da secção transversal

Ned esforço normal na secção devido às acções aplicadas ou ao pré-esforço


Ac área da secção transversal de betão
Crd,c é igual a 0,12

3.2. PRÉ-LAJES ALVEOLADAS


As Pré-lajes Alveoladas são muito comuns na construção de pavimentos elaborados a partir de
elementos pré-fabricados. Uma laje formada por este tipo de elementos é uma laje composta mais leve
que as maciças devido aos alvéolos existentes, que reduzem significativamente a quantidade de betão
da estrutura diminuindo assim o seu peso e respectiva economia de betão. Numa análise estrutural,
pode-se dizer que este tipo de lajes funciona como um conjunto de várias nervuras em “I”,
acompanhadas por uma lâmina inferior à tracção, onde deverá ser colocada armadura, e uma lâmina
superior à compressão. Deste modo, estas lajes são armadas numa só direcção, à paralela aos alvéolos.
Este tipo de elementos, têm a vantagem de não ser necessária a colocação de uma camada de betão
colocada “in situ”, já que a pré-laje tem capacidade para suportar grande parte das cargas finais.
Contudo poderá ser colocada uma camada de betão “in situ”, quer para aumentar a rigidez da
estrutura, quer para melhorar o seu aspecto final. Segundo a CEB[7], para a camada de betão ser tida
em conta na resistência estrutural, terá que ser ter uma espessura superior a 40 mm.
Este tipo de pavimento tem uma outra vantagem, que é a facilidade na colocação de tubos no
pavimento, quer sejam, tubos de água, eléctricos ou até de gás, fazendo uso dos alvéolos para a
colocação e suporte, desses mesmos tubos.
A maioria deste tipo de pré-laje é pré-esforçada embora existam casos não muito comuns deste tipo de
elementos fabricados a partir de betão armado.

3.2.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO

3.2.1.1. Armadura ordinária


Nas pré-lajes alveoladas, como qualquer secção de betão o seu dimensionamento é realizado tendo em
conta as equações de equilíbrio. Se o eixo neutro da peça estiver acima dos alvéolos, o seu cálculo é
imediato. No entanto se o eixo neutro estiver entre os alvéolos terá que ser tida em conta a secção dos
alvéolos que não contribui para a resistência da peça, ver Fig. 3.6.

31
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

x
d

Fig. 3.6 - Eixo neutro abaixo do banzo

Quando a pré-laje tiver uma largura menor que 1,20 m, a colocação de armaduras de distribuição não
são necessárias. Contudo, se o valor da largura for superior a 1,20 m então será necessário colocar
armadura para fazer face aos esforços aplicados. A armadura mínima nestes casos serão barras de 5
mm espaçadas entre si de 500 mm.

3.2.1.2. Armadura de pré-esforço


A norma de produtos pré-fabricados[11], fornece um método simplificado para uma estimativa do valor
de cálculo das perdas de pré-esforço a tempo infinito, para elementos correntes produzidos para
armazenagem. Estes elementos tanto poderão ser pré-lajes com lâminas finas de betão ou pré-lajes
alveoladas, desde que a sua altura não ultrapasse os 320 mm. Esta estimativa depende do valor da
tensão inicial aplicada na armadura de pré-esforço.
Nesta estimativa de perdas, o elemento estrutural deverá cumprir certos requisitos necessários para a
sua aplicação. Então para uma correcta estimativa de perdas de pré-esforço a tempo infinito, através
deste método as condições que deverão ser satisfeitas, são as seguintes:
a. o betão tenha massa volúmica normal e de consistência dura;
b. a relaxação do aço de pré-esforço seja muito baixa: classe 2;
c. o endurecimento do betão seja acelerado por tratamento térmico e que seja atingida pelo
menos 50% da resistência aos 28 dias após decorrido um período igual ou inferior a 10 h;
d. a tensão de compressão no betão após transferência ao nível dos fios não for superior a 12
MPa;
e. a tensão de tracção no betão adjacente aos fios devido ao pré-esforço, o peso próprio e
qualquer outra acção permanente, não seja superior a 4 MPa;

desta forma pode-se obter as estimativas de pré-esforço a tempo infinito através do Quadro 3.3:
Quadro 3.3 - Perdas de pré-esforço

Perda final a tempo infinito em %


Tensão inicial nos fios
da força de pré-esforço inicial
(σ0máx)
(ΔP/P0 %)
mín( 0,85 fpk; 0,95 fp0,1k ) 22 %
0,80 fpk 21 %
0,75 fpk 20 %
0,70 fpk 19 %
0,65 fpk 17 %

32
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

3.2.1.3. Armadura nos apoios


Como já foi referido em 3.1.1.4, quando o pavimento se torna composto, podem-se formar momentos
negativos nos apoios. Quando se formarem este tipo de momentos, deverão ser tidos em conta tal
como num outro tipo de pré-laje. No entanto, segundo as normas EN 1168[14], devem ser considerados
valores mínimos de momentos nos apoios, valor esse que será obtido, através do menos valor das
equações (3.22) e (3.24).

(3.22)

(3.23)

MGp Valor do momento máximo característico no vão devido às cargas permanentes


MQ Valor do momento máximo característico no vão devido às sobrecargas

(3.24)

sendo o valor de (ΔM), a considerar nesta equação, corresponde ao maior valor entre as seguintes
equações:

(3.25)

(3.26)

No entanto, se as juntas transversais entre as extremidades finais dos elementos pré-fabricados for
inferior a 50 mm, ou se essas juntas não estiverem preenchidas com betão, então, o valor de (ΔM),
deverá ser calculado de acordo com o menor dos seguintes valores:

(3.27)

(3.28)

a é o valor do comprimento que a laje está apoiada


ay o valor da armadura transversal presente no apoio
Nedt o valor de cálculo da força normal na estrutura acima do pavimento
Nedb o valor de cálculo da força normal abaixo do pavimento
μo coeficiente de atrito na parte superior da laje
μb coeficiente de atrito na parte inferior da laje

33
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Se a ligação entre elemento pré-fabricado e o apoio for de betão – betão, então o valor do coeficiente
de atrito (μ0) e (μb) será igual a 0,84. A Fig. 3.7, exemplifica os parâmetros atrás referidos

NEd

0 MEdt

As
h

0 NEdb

2 a/ 3
NEdb

c a

Fig. 3.7 - Forças nos apoios

Quando o valor dos momentos gerados nos apoios for inferior ao dado pela equação (3.29), então
segundo este regulamento, é possível omitir o reforço nos apoios.

(3.29)

h altura da laje em m
W t módulo da secção relativamente à fibra superior

Caso a condição acima não se verifique, deverá ser necessário colocar armadura, devidamente
dimensionada de acordo com os momentos existentes nos apoios. Quando houver armadura negativa
para colocar no pavimento, poderá ser colocada: na camada de betão colocada “in situ”, nas juntas
entre as pré-lajes, nos alvéolos, ou em dispositivos, construídos propositadamente, para colocar este
tipo de armadura, como mostra a Fig. 3.8.

Fig. 3.8 - Armadura nos apoios

4
Para outros casos consultar a Norma EN 1168:2005[14]

34
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

3.2.2. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO


3.2.2.1. Capacidade resistente ao corte da secção
A resistência ao corte de um elemento composto, pode ocorrer devido a duas situações, que são: a
rotura por esforço transverso, ou a rotura por falta de aderência da superfície entre a pré-laje e a
camada de betão. Nestes elementos, a parte da estrutura que resistirá ao corte, são as nervuras centrais
entre os alvéolos. Deste modo, as equações a utilizar para a verificação da conformidade ao esforço
transverso são as apresentadas pelo Eurocódigo 2[3] secção (6.2.2). Segundo este regulamento, caso as
lajes se encontrem fendilhadas, a sua verificação é realizada de acordo com equação (3.20), em que o
valor de (b), é a soma da menor espessura das nervuras da pré-laje. Contudo em zonas não
fendilhadas, muito comum em elementos pré-fabricados, a resistência ao esforço transverso deve ser
limitada pela resistência à tracção do betão. Segundo o Eurocódigo 2[3], essa resistência ao esforço
transverso é dada por:

(3.30)

(3.31)

bw largura da secção transversal ao nível do centro de gravidade


S momento estático da área situada acima do eixo que passa pelo centro de gravidade
da secção em relação a esse eixo
lx distância da secção considerada ao início do comprimento de transmição
[3]
lpt2 limite superior do comprimento de transmição (ver EC2 )
σcp tensão de compressão do betão ao nível do centro de gravidade devida às acções
axiais e/ou pré-esforço (σcp = NEd/Ac em MPa, NEd>0 para compressão)

Segundo a Norma EN 1169[14], pode-se obter a tensão de cálculo ao corte com a influência das duas
fases que a pré-laje terá que resistir, fase de construção e fase de vida útil. Assim, pode-se considerar a
rigidez existente em cada uma das fases de forma independente, equação (3.33). Desta forma para
calcular a segurança das lajes compostas ao corte, pode-se utilizar as seguintes equações:

(3.32)

(3.33)

(3.34)

α ver a equação (3.31)


VEdg valor de cálculo do esforço transverso devido ao peso da estrutura (pré-laje + camada
de betão)
VEdq valor de cálculo do esforço transverso devido às cargas adicionais, que a estrutura
terá que suportar
S Momento estático da secção de betão da pré-laje
S0 Momento estático da secção de betão do elemento composto
I Momento de inércia da secção de betão da pré-laje
I0 Momento de inércia da secção de betão do elemento composto

35
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Para uma verificação do esforço transverso, não é necessário considerar os valores que se situam entre
a face do apoio, e uma distância de 0,5 h, já que pode-se considerar que as cargas que actuam nesta
zona descarregam directamente no apoio.
Se os esforços transversos, não provocarem rotura ao corte, será necessário, verificar a resistência
aderente da camada de betão colocada “in situ”. Assim o valor do esforço tangente na junta de
betonagem será igual à equação (3.35), e que deverá ser confrontado com o valor da equação (2.5)

(3.35)

St é o valor do primeiro momento de inércia da área da camada de betão em relação ao


eixo neutro do elemento composto
bt comprimento transversal da interface da camada de betão

3.2.2.2. Efeitos de retracção, fluência ou variações de temperatura


Fenómenos como retracção, fluência e variações de temperatura, poderão causar esforços tangenciais,
ou tracções na superfície de contacto entre os dois betões. Os esforços são em geral baixos, e quando a
fluência é considerada, as tensões podem ser normalmente desprezadas. Contudo nos extremos dos
vãos, pode-se desenvolver um grande esforço transverso, ou tracções elevadas como mostra a Fig. 3.9.
Estes esforços podem levar à rotura entre a ligação das duas camadas de betão.

[6]
Fig. 3.9 - Esforços nos extremos da pré-laje (ver FIP )

Para efectuar o cálculo dos esforços nas superfícies será necessário ter em conta os efeitos de fluência
e retracção. Numa primeira abordagem será necessário calcular o valor do esforço axial existente na
camada de betão colocada “in situ” devido aos fenómenos acima descritos. Assim, o valor do esforço
axial será igual à equação seguinte:

(3.36)

(3.37)

Ni valor do esforço axial


Ei’’ módulo de elasticidade, tendo em conta fenómenos de fluência
Δεsn diferença da extensão devido á retracção
χ coeficiente de idade, geralmente, igual a 0,8

36
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

φ coeficiente de fluência

Depois de obtido o valor do esforço axial da camada de betão colocada “in situ”, será necessário
calcular o valor dos esforços presentes na superfície entre os dois betões. Assim, o valor deste esforço,
será o resultado entre o esforço axial acima calculado, com o valor dos esforços que serão transmitidos
para a pré-laje, ver Fig. 3.10.

N1 N1
1 1

e
No
2 2 Mo

Fig. 3.10 - Esforços existentes na laje composta

Assim, o valor dos esforços tangentes que a interface terá que resistir poderão ser calculados através
da equação seguinte.

(3.38)

Nt esforço que será transmitido à superfície


z1 distância do eixo da camada de betão à parte inferior do elemento
z0 distancia do centro de gravidade à parte inferior do eixo

Segundo a FIP[6], o valor da tensão existente nos extremos da pré-lajes, através da retracção do betão
superior, (ver Fig. 3.11), poderá ser obtido através da equação (3.36).

3t

Fig. 3.11 - Distribuição do esforço tangencial, devido à retracção

(3.39)

Este valor terá que ser comparado com o valor da resistência da superfície equação (2.5) ou (2.8). No
entanto, se este valor for superior ao da tensão resistente, será necessário calcular o valor da armadura
que resistirá a estes esforços.

37
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(3.40)

Ai área onde será colocada a armadura (Ai=3tb)


c, tan(φc) valores do Quadro 2.1

3.2.2.3. Aumento da capacidade de corte através do preenchimento dos alvéolos


Quando a resistência ao corte de um pavimento constituído por pré-lajes alveolares, de acordo com a
equação (3.30), não é suficiente, uma das soluções que se pode adoptar é o preenchimento dos
alvéolos, conferindo assim uma maior resistência ao corte da estrutura. Para executar o preenchimento,
será necessário cortar a parte acima dos alvéolos, obtendo assim, uma abertura para colocar betão.
Existem porém, algumas regras referentes ao preenchimento dos alvéolos, que serão importantes ter
em conta. O comprimento do preenchimento dos alvéolos deverá que ser superior ao comprimento de
transmissão da força pré-esforçada, ou ao valor necessário, calculado através do diagrama de esforços
transversos, e somando a esse valor a altura do elemento composto.
O acréscimo de peso do betão provocado pelo preenchimento dos alvéolos, terá que ser tido em conta
na fase de construção, não existindo qualquer resistência nessa fase. Assim, o aumento da capacidade
resistente ao corte da laje composta, poderá ser definido através do aumento da parcela, definida pela
equação (3.41).

(3.41)

n número de alvéolos preenchidos com betão


bc o valor máximo do comprimento transversal dos alvéolos
o valor de cálculo da tensão de rotura à compressão do betão colocado “in situ”

d h

bc

Fig. 3.12 - Pré-laje com alvéolos preenchidos

3.2.2.4. Capacidade da Pré-laje à torção


Quando para além dos esforços transversos, a estrutura é sujeita simultaneamente a torções, o valor de
cálculo do esforço transverso resistente é agravado pelas torções, assim a verificação da integridade da
estrutura é feita de acordo com:

(3.42)

38
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(3.43)

VETd Valor de cálculo do esforço transverso actuante, provocado pelo momento torsor
TEd Valor de cálculo do momento torsor actuante
bw – é a distância ao sítio (extremo) mais distante a nível do centro de gravidade

Fig. 3.13 - Pré-laje com forças de corte e torções

3.2.2.5. Capacidade das juntas devido a cargas pontuais


Quando existirem cargas pontuais ou lineares (i.e. alvenarias interiores), estas irão provocar esforços
de corte nas juntas longitudinais dos elementos pré-fabricados. Assim, se estivermos perante um
pavimento constituído por pré-lajes alveoladas, pode-se ter dois tipos diferentes de rotura transversal
ao corte. O primeiro tipo é quando a resistência da espessura acima e abaixo do alvéolo do elemento
pré-fabricado não resiste às cargas aplicadas. O outro tipo de rotura sucede quando a junta entre os
elementos não é suficientemente resistente. Assim, devido a estas duas condições a resistência ao corte
fica verificada se o esforço aplicado respeitar o menor valor das equações (3.44) e (3.45).

(3.44)

(3.45)

fctd valor de cálculo da tensão de rotura do betão do elemento sujeito à tracção;


fctdj valor de cálculo da tensão de rotura do betão aplicado nas juntas, sujeito à tracção;
fctdt valor de cálculo da tensão de rotura do betão colocado “in situ”, sujeito à tracção;
Σhf é a soma das menores espessuras da parte superior e inferior do elemento
prefabricado, e também da camada de betão colocada “in situ”
hj é a altura útil da junta entre as pré-lajes
ht espessura da camada de betão colocada “in situ”

Fig. 3.14 - Esforços nas juntas entre pré-lajes

39
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Desta forma, a capacidade de corte que a laje deverá resistir em relação a uma carga concentrada,
deverá ser calculada de acordo com a equação seguinte:

(3.46)

vRdj o menor valor entre


a o valor do comprimento da carga paralela à junta
as a distância do centro da carga, ao centro da junta (ver Fig. 3.14)

3.2.2.6. Capacidade das pré-lajes ao punçoamento


A capacidade de resistência ao punçoamento na ausência de justificações particulares, é verificada
através da equação (3.47). Assim, a capacidade das pré-lajes em resistir a uma carga concentrada
deverá ser igual a:

(3.47)

beff largura efectiva das nervuras centrais (ver Fig. 3.15)


σcp tensão de compressão do betão no centro de gravidade da peça
α ver equação (3.31)

Fig. 3.15 - Largura efectiva das nervuras centrais (beff)

Se a camada de betão colocada “in situ” tiver funções estruturais, a espessura dessa camada deverá ser
tida em conta, no cálculo da resistência ao punçoamento.
Para cargas concentradas em que mais de 50% das cargas está aplicada sobre (bw2) (nervura de bordo),
a fórmula da resistência é aplicável se houver pelo menos uma armadura de pré-esforço nessa nervura,
e houver reforço ao esforço transverso. Se alguma destas condições não se verificar, a resistência dada
pela equação (3.47) deverá ser dividida por 2. O esforço transverso deverá ser formado por armadura
no topo do elemento, ou na camada de betão colocada “in situ” com um comprimento de pelo menos
1,20 metros e completamente ancorada, e deverá ser calculada para uma força igual à força total da
carga concentrada.
Se uma carga acima do alvéolo tiver uma largura menor que metade da largura do alvéolo, uma
segunda resistência deve ser calculada com esta mesma equação, mas em vez de (h), deve-se substituir

40
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

pelo menor valor da espessura acima do alvéolo da pré-laje, e o valor de (beff) deverá ser substituído
pela largura da carga. Deve-se ter em consideração o valor mais baixo da resistência calculada.

3.3. PRÉ-LAJES NERVURADAS


3.3.1. GENERALIDADES
Este tipo de elemento pré-fabricado é muito semelhante às pré-lajes com treliças metálicas, em que a
única diferença é na constituição das nervuras, que em vez de treliças metálicas passam a ser
constituídas por nervuras à base de betão. Neste caso, a zona constituída por betão que irá estar a
compressão, tem uma boa resistência à compressão, ver Fig. 3.16.

Fig. 3.16 - Zona de compressão das pré-lajes nervuradas

3.3.2. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO


Estes elementos necessitam de armaduras inferiores para resistir às tracções instaladas no banzo. O
dimensionamento destas estruturas é executado de forma análoga às lajes com treliças metálicas
através das equações de equilíbrio. No entanto, nestes casos, a zona à compressão será a soma das
larguras das nervuras constituintes da pré-laje que será a largura efectiva no dimensionamento. A
quantificação de cargas é igual aos elementos atrás referidos neste documento.

3.3.3. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO


Numa fase de construção as nervuras de betão existentes, serão fundamentais para a resistência ao
corte já que serão estas que irão suportar a grande parte dos esforços transversos existentes nesta
estrutura, sendo estas dimensionadas de acordo com os mesmos esforços referidos.

3.3.3.1. Ligação entre o banzo e a alma


A zona de ligação entre o banzo e a alma, é uma zona que poderá estar sujeita a esforços de corte, que
poderão ser destrutivos para a estrutura. Assim, segundo o Eurocódigo 2[3] , a resistência ao esforço
transverso do banzo pode ser calculada considerando o banzo como um sistema de escoras
comprimidas de betão associadas a tirantes constituídos pelas armaduras transversais traccionadas.
Desta forma, a tensão de corte longitudinal é determinada pela variação do esforço normal
longitudinal, situado na parte considerada do banzo;

(3.48)

hf espessura do banzo na ligação


Δx comprimento longitudinal da zona do banzo considerado
ΔFd variação do esforço normal no banzo ao longo de Δx

41
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

com o valor deste esforço, será possível efectuar o cálculo da armadura necessária na ligação entre
alma e banzo de forma a evitar a rotura por corte. Assim, o valor da armadura terá que respeitar as
equações (3.49) e (3.50), que representam a área de armadura necessária e o valor máximo de esforço
transverso, segundo o qual não haverá o esmagamento das escoras de betão comprimidas.

(3.49)

(3.50)

sf espaçamento entre as armaduras da ligação


θf ângulo das escoras de betão para banzos traccionados

3.3.3.2. Aderência entre a interface


Segundo o Eurocódigo 2[3] , quando a fendilhação atravessa a junta de betonagem das pré-lajes, o valor
da coesão (c), é considerado igual a zero quando a superfície não é indentada. No caso das pré-lajes
com treliças, as armaduras transversais é que resistem aos esforços tangentes na superfície. No caso
deste tipo de pré-lajes, caso a junta de betonagem esteja fendilhada, será a secção das nervuras que não
está fendilhada a resistir a esses esforços. A largura efectiva (bi) poderá ser calculada de acordo com a
Fig. 3.17.

bi

Fig. 3.17 - Zona de aderência pré-lajes nervuradas

Quando o elemento pré-fabricado não estiver fendilhado, o comprimento de contacto entre as


superfícies deverá ser maior, para ter em conta a superfície de contacto das nervuras de betão.

3.4. PRÉ-LAJES EM DUPLO “T”


3.4.1. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
As pré-lajes em forma de duplo “T”, ou lajes π, são o tipo de pré-lajes que conseguem obter maiores
vãos. O dimensionamento deste tipo de pré-lajes é realizado de forma análoga às vigas em “T”, em
que o eixo neutro, tanto poderá estar no banzo, ou na alma do elemento pré-fabricado. A dimensão da
altura da alma será influenciada pela necessidade da pré-laje em resistir a momentos elevados, porque,
desta forma, o braço de forças aumenta, aumentando assim o valor da resistência do elemento.

42
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

3.4.2. LARGURA EFECTIVA


A largura efectiva da zona do banzo superior terá que preencher os seguintes requisitos:

b
bf bw bf

hf1
hf2

ba a

Fig. 3.18 - Largura efectiva das pré-lajes em "T"

3.4.3. DIMENSIONAMENTO AO ESFORÇO TRANSVERSO


Este tipo de pré-laje resiste os esforços de corte de forma análoga às pré-lajes nervuradas.

3.4.4. LIGAÇÃO ENTRE O BANZO E A ALMA


Para o dimensionamento da armadura resistente ao corte entre o banzo e a alma pode-se utilizar as
equações (3.48) e (3.49), utilizadas para as pré-lajes nervuradas em que o valor do ângulo das escoras
de betão comprimido adquire um novo intervalo, passando a estar entre: 1,0 ≤ cot(θf)≤ 2,0.
No entanto segundo a FIP[2], o valor da armadura de corte entre o banzo e a alma é calculado tendo em
conta o valor da camada de betão e diferentes características. Assim, o valor da armadura necessária, é
dado de acordo com a equação (3.51).

(3.51)

Fmd valor médio da força longitudinal, na zona do banzo


av distância entre os valores de momento nulo e momento máximo
Asf soma das armaduras de esforço transverso no banzo e na camada colocada “in situ”
sf valor do espaçamento entre a armadura de esforço transverso
τrd1 e τrd2 tensao de resistência
hf1,hf2 valores de acordo com a figura

3.4.5. ADERÊNCIA DAS SUPERFÍCIES


A aderência entre este tipo de pré-laje e o betão colocado “in situ”, é geralmente realizada através da
interface dos dois betões quando o eixo neutro se situa no banzo, ou na alma. Contudo, se o eixo

43
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

neutro se situar na camada de betão colocada “in situ”, a junta de betonagem irá estar fendilhada, e
será necessário dimensionar armadura, para resistir aos esforços tangentes existentes.

44
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

4
Estados Limites de Serviço
4. ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO
4.1. DEFORMAÇÃO
O controlo da deformação é um dos aspectos importantes para o correcto funcionamento da estrutura,
bem como o seu aspecto final. Porém existem limites máximos admissíveis, para evitar a elevada
deformação e consequentes patologias nas estruturas, ou até o desconforto na sua utilização.

4.1.1. FASE DE VIDA ÚTIL


Segundo a Norma sobre as regras gerais para produtos prefabricados de betão [11] , os valores da
deformação são limitados em:
a. L/500 para lajes de uso regular com acabamentos frágeis, ou quando as flechas possam
danificar partes adjacentes à estrutura, tais como alvenarias;
b. L/350 para lajes geralmente não acessíveis, em que a sua flecha não danifica outros elementos;
c. L/250 para geralmente as lajes sob os telhados.

No entanto, esta flecha poderá obter um valor elevado quando o vão atingir grandes dimensões,
segundo o CSTB[12] , quando a flecha atinge 1 cm o valor limite de uma flecha poderá ser reduzido em
comparação com os valores acima calculados, como indica o Quadro 4.1. Como se pode observar
neste quadro, a fórmula de cálculo da flecha limite altera-se quando o valor da flecha atinge os 1 cm.

Quadro 4.1 - Valores de flecha segundo CSTB

Tipo Vão (m) Flecha (m)


L≤5m
a
L>5m
L ≤ 3,5 m
b
L > 3,5 m
L ≤ 2,5 m
c
L > 2,5 m

A Norma EN 13747[8] proporciona um método simples de verificação da flecha. Este método é


utilizado apenas quando as cargas são uniformemente distribuídas. As cargas que serão consideradas
para o cálculo são:

45
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Gc peso próprio da camada de betão


Gpl peso próprio da Pré-laje
Gp cargas permanentes, aplicadas depois da construção da laje
Q cargas variáveis, aplicadas depois da construção
Este método parte de certos pressupostos que poderão ser alterados se houver informações mais
detalhadas sobre as variáveis existentes no cálculo. Esses pressupostos são: a razão entre o módulo de
elasticidade do betão é igual a 15, e a razão entre o betão colocado em obra e a pré laje igual a 1; no
caso de carregamentos com longa duração tal que cause fluência, o módulo de Elasticidade do Betão
poderá ser calculado através da fórmula:

(4.1)

5
coeficiente de fluência é igual a 2

O momento que provoca o aparecimento da primeira fenda é calculado tendo em conta o valor médio
de tensão de rotura do betão à tracção (fctm), a inércia da peça e a distância do centro de gravidade à
fibra mais traccionada da peça. Assim o valor deste momento será igual a:

(4.2)

Assim, o valor da flecha total que ocorrerá na estrutura a partir da fase de construção até à fase de vida
útil da estrutura, é calculada através da equação

(4.3)

(4.4)

(4.5)

=0 se

se

Inércia da secção fendilhada


Inércia da secção não fendilhada

No entanto, o que provoca certos danos nas componentes ligadas à estrutura (como por exemplo
alvenarias), não é o valor total da flecha da laje composta, mas sim o valor da flecha que ocorre depois
dessas componentes se encontrarem construídas. Assim, para calcular a flecha que poderá danificar os

5
Para informações mais detalhadas consultar Eurocódigo 2[3] , secção (3.1.3)

46
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

elementos ligados à estrutura será a diferença entre a deformação total, e a deformação ocorrida depois
desses elementos se encontrarem construídos.
Se a construção dos elementos ligados à estrutura, ocorre logo após construção da pré-laje, o valor da
flecha será dado pela equação (4.6):

(4.6)

(4.7)

(4.8)

=0 se
se

no entanto caso a construção desses elementos, ocorra muito depois da construção da laje composta, o
seu valor será de acordo com a equação (4.9).

(4.9)

(4.10)

(4.11)

=0 se
se

Caso existam apoios intermédios, o valor da flecha que ocorre depois da construção é contabilizado a
partir do instante em que os apoios são retirados.
De acordo com as equações (4.6) e (4.9), pode-se calcular a flecha que ocorre logo após a fase de
construção ou retirada dos apoios, até à fase de construção dos elementos ligados à estrutura.

(4.12)

em que o coeficiente está compreendido entre 0 e 0,5 e depende do número de dias entre a
construção dos elementos e a retirada dos apoios.

(4.13)

(4.14)

47
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

t número de dias

Por fim, o valor da flecha que os elementos ligados à estrutura irão resistir será calculado através da
equação (4.15). É a partir deste valor que os valores limites de deformação admissíveis atrás descritos,
terão que ser comparados.

(4.15)

Quando se tratam de pré-lajes com treliças metálicas é possível reduzir a flecha final, através de um
coeficiente nunca menor que 0,85 que deverá ser demonstrado por testes experimentais. Esta redução
deve-se ao facto das treliças metálicas serem benéficas para a redução da flecha da estrutura.

4.1.2. FASE DE CONSTRUÇÃO


Como referido no subcapítulo Fase de construção e fase definitiva, a deformação das pré-lajes nunca
poderá ser excessiva, porque para além do peso extra que terá que suportar devido à acumulação de
betão na zona deformada, poderá trazer também problemas de ordem estética à estrutura, já que o
betão depois de ganhar presa poderá ficar com uma saliência, irreversível na laje composta. Para que
problemas destes não ocorram, a verificação do valor da flecha em fase de construção poderá ser
indispensável para o eficaz controlo da deformação da estrutura.
Quando são colocados apoios intermédios, a deformada nesta fase é calculada de forma análoga à
flecha total (equação (4.3)), com os dados referentes as pré-lajes, por se tratar de uma fase de
construção. Assim, a camada de betão como está húmida, o peso próprio terá que ser aumentado, e as
cargas de construção, também serão tidas em conta. Como referido anteriormente, numa fase de
construção não são consideradas as cargas permanentes nem as sobrecargas de vida útil da obra.
Segundo o regulamento EN 13747[8], quando são colocados apoios intermédios, o valor da flecha
admissível é de 1 cm para valores de vãos inferiores a 4 m, como pode-se observar no quadro seguinte.
Quadro 4.2 - Valores de flecha admissíveis na fase de construção

Flecha Vão

10 mm L ≤ 4,00 m

L/400 L > 4,00 m

4.2. FENDILHAÇÃO
O aparecimento de fendas no betão armado é muito difícil de contrariar. São normais em estruturas
sujeitas a flexão, esforço transverso, torção ou tracção resultante de fenómenos intrínsecos no betão.
Com o aparecimento dessas fendas poderão aparecer outros problemas inerentes, tais como: corrosão
das armaduras; permeabilidade em que poderá levar diminuição do tempo de vida da estrutura; falta de
estanqueidade em reservatórios e também ao mau aspecto da estrutura.

48
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

O controlo da fendilhação é verificado para estados limites de utilização. Na ausência de requisitos


específicos tais como a impermeabilidade, o Quadro 4.3 apresenta os limites máximos para a abertura
de fendas segundo o Eurocódigo 2[3] , perante as quais a estrutura não terá problemas estruturais, ou de
aspecto devido à fendilhação;
Quadro 4.3 - Valores recomendados de abertura de fendas máximos

Elementos de Betão Elementos de Betão pré-


Armado com armaduras esforçado com armaduras
Classes de não aderentes aderentes
Exposição
Combinação de acções Combinação de acções
quase-permanente frequente
X0,XC1 0,4 0,2
6
XC2,XC3,XC4 0,2
XD, XD2, XS, 0,3
Descompressão
XS2, XS3

para as classes de exposição X0 e XC1 a largura de fendas não têm influência sobre a durabilidade, o
limite é estabelecido para garantir um aspecto aceitável da estrutura.

4.2.1. ARMADURAS MÍNIMAS


A necessidade de colocação de uma quantidade mínima de armadura serve para evitar a não
plastificação das armaduras, quando é formada a primeira fenda. Se as armaduras estivessem
plastificadas a fenda formada teria tendência a aumentar até atingir grandes dimensões, isto devido à
incapacidade da armadura em retomar o seu estado inicial. Então, para efectuar o cálculo desta
quantidade de armadura denominada como mínima, pode-se recorrer à equação (4.16)

(4.16)

As,min área de armadura mínima na zona traccionada


Act zona em tracção imediatamente antes da formação da primeira fenda
Tensão admissível no aço.
valor da resistência do betão à tracção (fctm), ou inferior (fctm(t))
coeficiente7 que considera o efeito das tensões não uniformes
1,0 para larguras (b) inferiores a 300 mm
0,65 para larguras (b) superiores a 800 mm
0,4 para uma secção sujeita a flexão, sem esforço normal de compressão

4.2.2. CONTROLO DA FENDILHAÇÃO SEM CÁLCULO DIRECTO


No caso das lajes de betão armado solicitadas à flexão e sem tracção axial significativa, não são
necessárias medidas específicas para controlar a fendilhação quando a espessura total da laje é inferior

6
Para estas classes de exposição deve verificar-se, ainda, a descompressão para a combinação quase permanente de
acções.
7
Para valores intermédios, o coeficiente é calculado através de uma interpolação.

49
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

a 200 mm e o seu dimensionamento tenha tido em consideração o disposto na secção 9.3 do


Eurocódigo 2[3] .
No entanto, como medida de simplificação pode-se controlar a fendilhação através do Quadro 4.4, e
Quadro 4.5, para o controlo desta. Se ambos estiverem dentro dos parâmetros de tensão do aço
admissível a fendilhação fica controlada, se por outro lado, estiverem fora das tensões admissíveis não
são conclusivos e será necessário calcular o valor da largura das fendas, e então comparar com os
admissíveis.
Quadro 4.4 - Diâmetro máximo dos varões

Diâmetro máximo dos varões (mm)


Tensão do aço
wk=0,4 mm wk=0,3 mm wk=0,2 mm
160 40 32 25
200 32 25 16
240 20 16 12
280 16 12 8
320 12 10 6
360 10 8 5
400 8 6 4
450 6 5 -

Quadro 4.5 - Espaçamento máximo dos varões

Espaçamento máximo dos varões (mm)


Tensão do aço
wk=0,4 mm wk=0,3 mm wk=0,2 mm
160 300 300 200
200 300 250 150
240 250 200 100
280 200 150 50
320 150 100 -
360 100 50 -

4.3. LIMITAÇÃO DAS TENSÕES


Quando existem tensões muito elevadas no betão, poderá ocorrer a formação de fendas longitudinais,
microfendilhação ou níveis de fluência elevados. Estes tipos de imperfeições, tornam a estrutura mais
permeável reduzindo a sua durabilidade. Esta fendilhação também poderá provocar corrosão das
armaduras.
Para evitar estes tipos de problemas há que limitar as tensões de compressão, tanto na combinação de
acções raras, como combinação de acções quase-permanentes. Para as combinações raras o
Eurocódigo 2[3] na secção (7.2 (2)), recomenda a limitação das tensões consoante o valor 0,6 fck.

50
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Já para o caso das acções quase-permanentes, se a tensão no betão for inferior a 0,45 fck, é considerada
uma fluência linear, caso contrário, será necessário considerar uma fluência não linear. Para estruturas
em fase de construção a tensão do betão poderá ser limitada entre os 0,45 fck e 0,6 fck, dependendo da
duração da sua construção.
Em relação às armaduras, as suas tensões de tracção devem igualmente ser limitadas, com o objectivo
de evitar: as deformações não elásticas, o excessivo grau de fendilhação e deformação, a protecção das
armaduras à corrosão. Por isso para as acções características, a redução da tensão das armaduras
recomendada é de 0,8, assim, temos uma tensão máxima de 0,8fyk.

51
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

52
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

5
Disposições Construtivas
5. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

5.1. RECOBRIMENTO
Relativamente à durabilidade dos produtos pré-fabricados, as distâncias entre as armaduras e as
superfícies da lâmina de betão estão regulamentadas de acordo com a Norma NP EN 13369[11]. As
classificações da agressividade do meio e dos recobrimentos mínimos, são dados através do Quadro
5.1 e Quadro 5.28, respectivamente.
Quadro 5.1 - Classes e designações de recobrimentos

Classes Agressividade Designação da Classe

A Baixa X0 - XC1

B Moderada XC2-XC3-XC4

C Normal XD1-XF1-XA1-XF2

D Elevada XA2-XD2-XS1-XF3

E Muito elevada XD3-XS2-XS3-XF4-XA3

Quadro 5.2 - Valor dos recobrimentos mínimos (mm)

Estribos e varões de
Outras armaduras Armaduras de pré- Outras armaduras de
ligação para betão
para betão armado esforço em lajes pré-esforço
armado em lajes
Classes ≥ C40/50 ≤ C40/50 ≥ C40/50 ≤ C40/50 ≥ C40/50 ≤ C40/50 ≥ C40/50 ≤ C40/50
A 10 15 10 15 20 25
B 10 15 20 25 30
C 15 20 25 30 35
D 20 25 30 35 40
E 30 35 40 40 40

8
Para uma informação mais detalhada, consultar a Norma NP EN 13369[11]

53
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

5.2. PRÉ-LAJES COM TRELIÇAS METÁLICAS


Para o bom dimensionamento das treliças das Pré-lajes é necessário respeitar certas normas relativas à
disposição construtiva. Essas disposições construtivas poderão ser consultadas nas normas referentes a
pavimentos construídos a partir de elementos prefabricados[8].

5.2.1. DIMENSÕES DA SECÇÃO TRANSVERSAL


Segundo o Eurocódigo 2[3], a espessura mínima de uma laje maciça, deverá ter o valor de 50 mm.
Contudo segundo o LNEC[4], a espessura mínima que a lâmina de betão, de uma pré-laje poderá atingir
é de 40 mm.

5.2.2. CLASSE DO BETÃO A UTILIZAR


Para os elementos pré-fabricados está também regulamentada uma classe de resistência do betão
mínima. Assim, de acordo com a Norma NP EN 13369:2003 a classe de betão para produtos de betão
armado terá que ser igual ou superior a C25/30, e para a classe de betão pré-esforçado C 30/37.

5.2.3. DISPOSIÇÕES DAS TRELIÇAS


O ângulo que as armaduras transversais fazem com a superfície de contacto (direcção horizontal), terá
que estar compreendido entre os 45° e os 90°. A distância entre a armadura e a superfície superior não
poderá ser inferior a 10 cm, e a distância da armadura com a superfície inferior (recobrimento), terá
que respeitar os valores dados em 5.1-Recobrimento
A distância entre a armadura superior e a superfície da pré-laje não poderá ser muito pequena, para
assim conseguir uma perfeita ligação entre os dois betões. Esta é uma armadura que resiste
essencialmente a esforços provenientes da fase de construção. Caso a sua distância à superfície da pré-
laje adquirisse valores pequenos seria necessário uma grande quantidade de armadura, para conseguir
resistir aos momentos flectores negativos provenientes dessa fase, porque o braço de forças era menor,
logo a área de armadura maior. Assim, de acordo com a Fig. 5.1, a distância mínima a considerar será
de 20 mm. O valor do nó da treliça mais próximo do apoio, também está regulamentado, assim, a
distância máxima da treliça em relação ao apoio, nunca deverá exceder os 250 mm.

20
10
c

250

Fig. 5.1 - Disposições da treliça metálica

As armaduras longitudinais também terão que respeitar certos limites mínimos, isto para ser possível
efectuar uma boa compactação do betão e não haver problemas de passagem dos agregados. Os
valores desse espaçamento poderão ser consultados através da Fig. 5.2.

54
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Fig. 5.2 - Distâncias entre armaduras

As treliças não poderão ser muito espaçadas entre si, assim segundo a Norma europeia[8], o limite
máximo entre as treliças (a1), e o limite entre as treliças e o bordo da pré-laje (a2), ver Fig. 5.3, é dado
de acordo com as equações (5.1)e (5.2).

a1 a2

ht

Fig. 5.3 - Valores de a1, a2 e ht

(5.1)

(5.2)

altura da pré-laje (mm)

5.2.4. COMPRIMENTOS DE SOBREPOSIÇÃO NAS JUNTAS


As juntas entre as pré-lajes terão que ser suficientemente fortes para transmitir esforços entre si, para
isso os seus comprimentos de sobreposição terão que estar correctamente calculado, em relação às
forças instaladas nos varões. Então para calcular o valor do comprimento de amarração, de forma
simplificada, e segundo o Eurocódigo 2[3], pode-se considerar os valores obtidos através da equação
(5.3).

(5.3)

(5.4)

9
(5.5)

(5.6)

lb,rqd valor de amarração de referência

9
Valor válido para lajes com espessura inferior a 25 cm e para varões com diâmetros menores que 32mm

55
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

fbd valor de cálculo da tensão de rotura da aderência


10
igual a 1 para uma maior segurança de amarração
igual a 1,5, ver Fig. 5.4.
Valor de cálculo da tensão na secção do varão a partir da medição do
comprimento de amarração

O valor de (α6) é igual a 1,50, porque mais de 50% das sobreposições encontram-se dentro do
intervalo de 0,65 l0:
0,65 l0 0,65 l0

l0

Fig. 5.4 - Valores de α6

assim o valor do comprimento de sobreposição será calculado tendo em conta os esquemas


apresentados na seguinte figura:

lb,rq
v + lo v + lo d lb,rqd
v
l0

Fig. 5.5 - Disposições das armaduras nas juntas

5.2.5. CONDIÇÕES DE APOIO


Quando as pré-lajes são executadas, deve-se prever certos aspectos que sejam úteis para o futuro da
pré-laje composta, tais como armaduras para posteriores ligações aos apoios. No entanto se essas
condições não estiverem previstas no dimensionamento, a ligação entre a pré-laje e o apoio terá que
ser efectuada tendo em conta as alternativas existentes e de modo a garantir a segurança da ligação
com o apoio. Desta forma, pode-se considerar três tipos de ligação entre as pré-lajes e os apoios:
encosto da pré-laje no apoio; ligação através de armadura previamente disposta na pré-laje; ligação
através de uma armadura previamente dimensionada colocada “in situ”. Segundo o Eurocódigo 2[3],
na secção (9.2.1.4), se o grau de encastramento dos apoios for considerado fraco ou nulo, o valor da
área da armadura inferior existente nos apoios extremos, deverá ser de pelo menos 25% do valor da
armadura a meio vão. O valor do comprimento de amarração dos apoios também é calculado de
acordo com o Eurocódigo 2[3], secção (8.4.4).

10
Para mais informação acerca da redução do comprimento de amarração consultar Eurocódigo 2[3] , na cláusula 8.4.4 (2)

56
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

(5.7)

(5.8)

lb,rqd valor obtido através da equação (5.4)


fbd valor obtido através da equação (5.5)
11
igual a 0,7 para uma maior segurança de amarração

5.2.5.1. Ligação entre a pré-laje e o apoio


Quando for possível apoiar parte significativa da pré-laje no apoio, quer seja por disponibilidade da
pré-laje ou do apoio, o valor do comprimento de amarração é dado pela equação (5.7), com um valor
mínimo de 60 mm.

lbd

Fig. 5.6 – Ancoragem da pré-laje no seu apoio

5.2.5.2. Ligação entre a armadura da pré-laje e o apoio


Nos casos em que não seja possível apoiar parte da pré-laje correspondente ao valor do comprimento
de amarração nos apoios, deverá ser prevista uma armadura inserida na pré-laje, dimensionada para
respeitar o comprimento de amarração dado de acordo com a equação (5.7). O valor mínimo do
comprimento de amarração admissível para estes casos é de 100 mm.

lbd

Fig. 5.7 - Ancoragem devido à armadura da pré-laje

5.2.5.3. Ligação entre a pré-laje e o apoio com uma armadura extra


Este poderá ser o caso mais comum e que não necessita de medidas particulares na fase de execução
da pré-laje. Assim, para existir uma boa ligação nos apoios deverá ser respeitado o valor do
comprimento de amarração e o valor do comprimento de sobreposição, equação (5.3). No entanto

11
Para mais informação acerca da redução do comprimento de amarração consultar Eurocódigo 2[3] , na cláusula 8.4.4 (2)

57
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

também deverá ser respeitado o valor mínimo do comprimento de amarração dado pela equação (5.7).
O valor dos comprimentos de amarração e sobreposição podem ser observados na Fig. 5.8
l0 l0

lbd lbd

Fig. 5.8 - Ancoragem através de uma armadura na camada de betão

5.2.5.4. Armadura na junta transversa


Caso os esforços de corte na junta sejam superiores à resistência da junta, então deverá ser prevista
uma armadura para resistir a esses esforços. Essa armadura deverá ser contemplada pela pré-laje,
como demonstra a Fig. 5.9.

1ª hipótese 2ª hipótese

Ac
Aj
Ap

Fig. 5.9 - Armadura de esforço transverso das juntas

5.3. PRÉ-LAJES ALVEOLADAS


5.3.1. DIMENSÕES DA SECÇÃO TRANSVERSAL
Devido à sua secção transversal complexa as pré-lajes alveolares terão que respeitar certos limites
normalizados, tanto no que respeita aos valores das nervuras centrais, como às espessuras situadas
acima e abaixo dos alvéolos. Assim, o valor mínimo das nervuras centrais das pré-lajes, terá que ser o
maior dos valores de acordo com a equação (5.9).

(5.9)

h, dg valores em (mm)

Em relação ao valor admissível para as espessuras acima e abaixo dos alvéolos, a Norma EN 1168 [14] ,
define como valor mínimo o obtido através da equação seguinte,

(5.10)

58
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

no entanto o valor da menor espessura superior não poderá ser inferior a 0,25 bc, ver Fig. 5.10, em que
o valor de bc é a distância entre as espessuras superiores em 20%, da espessura mínima.
bc

1,2 hf

1,2 hf
hf
Fig. 5.10 - Valores mínimos da secção transversal

5.3.2. VALOR MÍNIMO DO RECOBRIMENTO DAS ARMADURAS


Neste tipo de pré-lajes há que ter especial atenção aos recobrimentos, porque existem várias faces
expostas muito próximo das armaduras, ver Fig. 5.11. Assim sendo o valor terá que respeitar os
valores mínimos impostos pelo subcapíulo 5.1, em cada uma das faces expostas. Assim o valor da
distância entre a armadura e as superfícies circundantes, deverá estar de acordo com o Quadro 5.2.

c2

c1
c

Fig. 5.11 - Distâncias às superfícies de betão

5.3.3. DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS


5.3.3.1. Armaduras de pré-esforço
Segundo a Norma 1168[14] as armaduras de pré-esforço deverão estar uniformemente distribuídas ao
longo da secção transversal do elemento pré-fabricado. Nas secções transversais com largura igual a
1,20 m deverão existir pelo menos quatro fios ou cordões de pré-esforço. No entanto, quando a secção
transversal situa-se, entre os 0,60 m e os 1,20 m terá que existir no elemento, pelo menos três fios ou
cordões. Quando a secção transversal for inferior a 0,6, a pré-laje terá que ter pelo menos dois fios ou
cordões de pré-esforço.
Em relação ao espaçamento entre as armaduras de pré-esforço estas, serão obtidas pelas equações
seguintes:

(5.11)

(5.12)

lh valor da distância entre fios ou cordões horizontal


lv valor da distância entre fios ou cordões vertical
dg,Ф valores em (mm)

59
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

5.3.3.2. Armaduras ordinárias


As armaduras longitudinais das pré-lajes alveoladas também têm que complementar certos requisitos
impostos pela Norma 1168[14]. Assim, o valor da distância entre os varões terá que ser inferior a 300
mm. Deverá existir pelo menos um varão nas nervuras mais próximas dos bordos.
O valor da distância mínima entre varões será igual à dos aços de pré-esforço, então o valor permitido
deverá ser superior ao valor das equações (5.11) e (5.12).
O dimensionamento da armadura transversal não será necessário em pré-lajes com largura até 1,20 m.
No entanto, caso a largura da pré-laje ultrapasse os 1,2 m, deverão ser calculadas armaduras, para
resistir às condições de carga impostas. Nestes casos, a armadura mínima transversal será constituída
por varões de 5 mm espaçados 500 mm.

5.3.4. JUNTAS ENTRE AS PRÉ-LAJES


As pré-lajes alveoladas, como têm geralmente uma pequena camada de betão colocada “in situ”,
grande parte das forças verticais terão que ser transmitidas através das juntas entre as pré-lajes. Então,
para garantir uma boa resistência das juntas estas deverão ser indentadas, ver Fig. 5.12. Para o bom
escoamento do betão para o interior da junta, e respectiva boa compactação o valor da largura superior
deverá ser de pelo menos 30 mm.

30

30

35
2,8
30

Fig. 5.12 - Valores nas juntas entre pré-lajes

5.4. PRÉ-LAJES COM NERVURAS DE BETÃO


Nestas pré-lajes as nervuras de betão têm as mesmas funções que as treliças metálicas, ou seja, o seu
dimensionamento dependerá da fase de execução da laje composta. Segundo a Norma EN 13747 [11] a
largura mínima a adoptar para a nervura de rigidez é de 55 mm quando estivermos perante uma pré-
laje com várias nervuras de betão. Assim, a distância entre: as nervuras (a1); o espaço livre entre as
nervuras (a2); e entre a nervura mais próxima do bordo, com esse mesmo bordo (a3), deverá estar de
acordo com as equações (5.13), (5.14) e (5.15), respectivamente. A Fig. 5.13, as distâncias das
nervuras a considerar.
(5.13)

(5.14)

(5.15)

60
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

a1
a2

bw

hf
hp
a3

Fig. 5.13 - Distâncias das nervuras de betão

61
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

62
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6
Exemplos de aplicação
6. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
6.1. PRÉ-LAJE COM TRELIÇAS METÁLICAS
Pretende-se dimensionar um pavimento, de um edifício público, com 4,8 metros de largura, por 10
metros de comprimento, possuindo uma viga intermédia, em que as pré-lajes apoiarão. O esquema
representativo é o seguinte:
10
4,8

0,4

Fig. 6.1 - Dimensões do pavimento a dimensionar

Na fase de construção este tipo de elemento é pouco resistente. Desta forma, os materiais a utilizar,
não poderão ser de classes muito baixas. Assim, utilizar-se-á um betão na lâmina da pré-laje da classe
C30/37 e as armaduras a utilizar serão do tipo A500 (fcd = 20 MPa; fctd = 1,33 MPa; fyd = 435 MPa).
Como se trata de um edifício público, as cargas a considerar segundo o RSA[15] são, para as cargas
permanentes 2,5 kN/m2, e para as sobrecargas 4 kN/m2.
A altura da laje será calculada, através de estimativas que dependem do vão, e que de certa forma
controlam a deformada da laje. Assim o valor a adoptar deverá estar entre os seguintes valores.

Com estes resultados, podemos estimar uma espessura da laje composta de 0,16 m. Em relação á
lâmina de betão, o valor a adoptar será o mínimo regulamentar que são os 0,05 m.
Desta forma as cargas presentes na estrutura de betão adquirem os seguintes valores:
- peso próprio da pré-laje:

63
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

- camada de betão colocada “in situ”:

-cargas de construção:

Todos os valores das cargas presentes neste caso estão inseridos no Quadro 6.1.
Quadro 6.1- Valores das cargas aplicadas (kN/m2)

Cargas/metro Cargas/pré-laje (2,4 m)

Gpl 1,25 3

Gt,s / Gt,h 2,75 / 2,86 6,60 / 6,86

Qc 1 2,4

Gp 2,5 6

Q 4 9,6

Em relação às dimensões da pré-laje, estas serão dimensionadas de acordo com o Capítulo 5.

Assim, a geometria da secção do elemento pré-fabricado, irá estar de acordo com os valores
regulamentares calculados. O espaçamento a adoptar entre treliças será de 0,8m e o espaçamento entre
as treliças de bordo e o bordo, será de 0,4 m. A geometria da secção transversal da peça poderá ser
visível na figura seguinte.
100

400 800 800 400

Fig. 6.2 - Secção transversal da pré-laje

64
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6.1.1. CARGAS NA FASE DE CONSTRUÇÃO


Nesta fase, as cargas a serem consideradas são o peso próprio da pré-laje, que será contabilizado como
carga permanente, e as cargas de construção e o peso próprio do betão colocado “in situ”,que serão
consideradas como sobrecarga.

Estas cargas são utilizadas para calcular a armadura superior da pré-laje, necessária para suportar os
esforços na fase de construção.

6.1.2. CARGAS NA FASE DE VIDA ÚTIL


Nesta fase serão contabilizadas as cargas, que a estrutura terá que resistir na sua fase de vida útil. Estas
cargas serão, o peso próprio da estrutura, as restantes cargas permanentes e as sobrecargas.

6.1.3. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA SUPERIOR


Na fase de construção as pré-lajes encontram-se simplesmente apoiadas.

Com este valor será possível calcular a armadura necessária, para resistir aos momentos flectores
positivos.

O valor de z1 a considerar é a distância entre os braços das duas armaduras, superior e inferior. Em
relação a fyd,r , é o valor de cálculo da tensão de cedência à compressão do aço das armaduras de betão
armado. Num primeiro pré-dimensionamento, pode-se considerar este valor igual a 300 MPa, valor
este que depois será confirmado.

65
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Como calculado anteriormente, a estrutura irá possuir três treliças, assim o valor da área de armadura
obtida deverá ser dividido por esse valor

No entanto, para não ser necessário colocar grande quantidade de armadura, poderá ser mais
económico, a colocação de apoios centrais na fase de construção. Assim, caso seja colocado um apoio,
o valor dos momentos flectores positivos será menor, contudo, o valor dos momentos flectores
negativos gerados nos apoios também terão que ser verificados. Desta forma, o novo diagrama de
momentos flectores será o ilustrado na Fig. 6.4.

Fig. 6.3 - Diagrama de momentos flectores (fase de construção)

Porém, se forem consideradas as alternâncias de sobrecargas, com um valor de cargas permanentes de


1,35(3) = 4,05 kN/m2 e um valor de sobrecargas igual a 1,5(2,4+6,86)=13,89 kN/m2, passar-se-á a ter
um diagrama de momentos flectores como demonstra a figura seguinte.

Fig. 6.4 - Diagrama dos momentos flectores com redistribuição

O valor da armadura terá que ser dimensionada de acordo com os momentos flectores negativos
MEd=14 kN.m, ou pelos momentos flectores positivos MEd=10kN.m

66
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Neste último caso será necessário confirmar se o valor da tensão resistente do aço é inferior aos 300
MPa. Para o cálculo do varejamento é necessário aplicar as fórmulas do subcapítulo 3.1.1.1.

O valor de α será de acordo com o EC3[8] e que será igual a 0,49

Como o valor da tensão resistente do aço é menor que 300 MPa, será necessário recalcular o valor da
armadura necessária.

Embora o valor da resistência á compressão de um varão com o diâmetro de 16 mm seja superior á


tensão resistente calculada, será adoptado este valor, pois não irá influenciar na armadura existente.

6.1.4. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA PARA OS MOMENTOS FLECTORES POSITIVOS


O dimensionamento da armadura que resiste aos momentos flectores positivos será efectuado tendo
em conta as cargas que a estrutura irá sofrer ao longo da sua vida útil. Então o valor do vão a
considerar é o final, e não o considerado para a fase de construção da estrutura. Desta forma os valores
dos momentos flectores devido a uma carga de psd=14,76 kN/m2,

Fig. 6.5 - Diagrama dos momentos flectores na fase de vida útil

67
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Para um dimensionamento económico, será possível redistribuir o valor dos momentos flectores. Se
redistribuirmos o permitido pelo EC2[3] , obtemos o valor seguinte:

logo só será permitida uma redistribuição de 25%. Desta forma, o valor do novo diagrama de
momentos flectores, Fig. 6.6, ficará com os seguintes valores:

Fig. 6.6 - Momentos flectores redistribuídos

Uma vez que o valor dos momentos redistribuídos é superior ao valor dos momentos com alternância
de sobrecargas, o valor que será dimensionado é o de MEd=33,3 kN.m.

De acordo com o EC2[3], a armadura de distribuição será 20% da armadura principal:

6.1.5. ARMADURA TRANSVERSAL


Numa primeira abordagem, será considerado que a condição desfavorável é a ligação entre os dois
betões.

Fig. 6.7 - Esforços transversos na fase de vida útil

68
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Como as armaduras laterais das treliças, são muito onduladas, será vantajoso considerar varões com
pequenos diâmetros. Assim, admite-se que o diâmetro do varão é de 6 mm, e posteriormente será feita
a verificação da conformidade desse varão. Quando estiverem a actuar esforços tangenciais nas
superfícies de betão, parte das armaduras laterais, estarão à compressão e a outra parte à tracção. Para
efeitos de cálculo, pode-se calcular a resistência destas armaduras à compressão, e numa atitude
conservadora, admitir que estão todas à compressão. Assim o valor resistente das armaduras, será
igual a:

O valor de α será de acordo com o EC3[8] o qual será igual a 0,49, e o valor de Le = 0,8x0,113

Com a resistência à compressão das armaduras laterais das treliças, então a armadura necessária para
resistir aos esforços tangenciais existentes entre as duas superfícies dos betões de diferentes idades
será:

No entanto esta armadura, é a necessária para resistir aos esforços tangenciais entre superfícies, num
comprimento, igual ao comprimento dos triângulos formados pelas treliças, assim sendo, o valor desta
armadura deverá ser dividido pelo número de nervuras (3), e pelo número de varões que atravessam a
interface dos dois betões (4).

69
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Depois de verificada a aderência entre os dois betões, será necessário verificar se a pré-laje resiste ao
corte vertical da estrutura, na fase de construção. Desta forma, deverão ser calculados os esforços
transversos, Fig. 6.8, na fase de construção.

Fig. 6.8 - Esforços transversos na fase de construção

Como existem três nervuras, esse valor será repartido pelas mesmas.

Num dimensionamento económico, para reduzir o diâmetro dos varões, é aconselhável aumentar o
número de treliças da pré-laje. Assim, se aumentarmos para 4 treliças ficamos com a geometria
presnte na Fig. 6.9.
100

300 600 600 600 300

Fig. 6.9 - Nova secção transversal da pré-laje

Neste caso será necessário verificar a armadura superior da pré-laje e a armadura lateral das treliças,
visto serem estas a que serão fundamentais na fase de construção da laje composta.

70
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Para a pré-laje resistir aos esforços de corte verticais, com quatro treliças o valor do diâmetro da
armadura lateral, deverá ser de pelo menos:

Caso a armadura não fosse suficiente, uma boa solução seria o aumento do ângulo das armaduras
laterais das treliças metálica.

6.1.6. ARMADURA DOS MOMENTOS FLECTORES NEGATIVOS


Como foi calculado anteriormente, o valor do momento flector negativo no apoio central, na fase de
vida útil da estrutura tem o valor de MEd=34,58kN.m.

6.1.7. VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO


A deformada terá que ser verificada, na fase de construção, para evitar possíveis problemas tais como
a excessiva flecha que será irreversível, na fase final da obra.

50

2400

Fig. 6.10 - Geometria da secção transversal

6.1.7.1. Inércias da secção não fendilhada


Com a nova geometria da peça calculada, podemos calcular o centro de gravidade da secção.

Em que z1 é a distância da armadura superior à parte inferior do elemento e z2 é a distância da


armadura de baixo à parte inferior da estrutura.

71
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Depois de efectuado o cálculo do centro de gravidade da secção, pode-se proceder ao cálculo das
inércias

6.1.7.2. Inércias da secção fendilhada


Se for considerado, que o eixo neutro se situa na lâmina de betão, então o valor de x é dado por:

Em que o valor de z1‘ é a distância da armadura superior à superfície da lâmina de betão e z2’ a
distancia da superfície da lâmina à armadura inferior.
Como o valor de x não é um valor positivo, então o eixo neutro não se encontra na lâmina de betão,
logo o valor do centro de gravidade da peça quando esta se encontra fendilhada ficará acima da
lâmina. Para calcular o eixo neutro será da seguinte forma:

Como o valor de MGt+MGpl é superior ao valor de Mcr, então a secção encontra-se fendilhada. Então o
valor da inércia da peça quando esta se encontra fendilhada é:

72
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Desta forma a flecha da estrutura será calculada de acordo com as equações apresentadas no Capítulo
4.

6.1.8. DEFORMAÇÕES

6.1.8.1. Deformação na fase de construção


Como o valor do momento em que se forma a primeira fenda é menor que o momento existente, então
o valor de ξt será igual a:

Sendo o valor limite da flecha igual a L/400. Assim o valor limite será:

Como o valor limite é superior ao valor de cálculo, então a deformação na fase de construção é
respeitado.

6.1.8.2. Deformação na fase de vida útil


Depois de verificado este limite, será verificado o valor da flecha final da estrutura. Esta flecha será
calculada tendo em conta a rigidez final da laje composta. Deverão ser cumpridos os pressupostos
apresentados no Capítulo 4.
A flecha final tem em conta efeitos de fluência, assim deverá ser calculado um novo módulo de
elasticidade, que tenha em conta esses fenómenos.

O valor do centro de gravidade, da laje composta será aproximadamente:

73
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6.1.9. INÉRCIA DA SECÇÃO NÃO FENDILHADA

6.1.9.1. Inércia da secção fendilhada


Para calcular o valor da inércia da secção fendilhada, será necessário saber qual a posição do eixo
neutro.

em que o valor de z1’ e z2’ são as distâncias da parte superior da laje composta às armaduras superiores
e inferiores, respectivamente.
Assim os valores das novas inércias são:

74
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

O valor do momento que começa a fendilhar a estrutura será:

Quadro 6.2 - Valores dos momentos na fase de vida útil (kN.m)

MGpl 6,81
MGt 15,6
MGp 13,64
MQ 8,728
Mtotal 44,78

Como o valor de Mtotal é superior ao valor de Mcr, então a secção encontra-se fendilhada.

6.1.9.2. Deformada total da laje composta


O valor de ξt será igual a:

Este será o valor total da flecha da laje composta. No entanto, a flecha final que ocorrerá depois da
construção de elementos susceptíveis de serem danificados pela flecha será, calculado seguidamente.
Como o valor de Mcr é menor que o valor de MEd então a estrutura não estará fendilhada.

75
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Se for considerado que os apoios serão retirados 10 dias depois da construção, então:

Então a flecha final, da estrutura será:

Como 10 mm é menor que 6,65 mm então a verificação á deformação da estrutura fica assim
verificada.

6.1.10. FENDILHAÇÃO
Como se trata de uma laje, vamos considerar que a estrutura poderá fendilhar até 0,3 mm.

76
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

A fendilhação deverá ser verificada nas duas fases, a que o elemento estará sujeito. Assim na fase de
construção será:

A tensão do aço na laje composta é igual a:

Os valores limites para a fendilhação deve ser inferior a 0,3 mm. Como referido no Capítulo 4, a
fendilhação poderá ser controlada, através do diâmetro dos varões e do espaçamento entre eles. Desta
forma o Quadro 6.3, mostra os valores limites da tensão do aço, quando estivermos perante um
diâmetro de 10 mm, e um espaçamento de 100 mm.
Quadro 6.3 - Valores das tensões limites

320 MPa

//0,1 320 MPa

Como as tensões respeitam os limites regulamentados, então a estrutura não terá problemas de
fendilhação.
Os desenhos relativos a este exemplo, poderão ser visíveis em anexo.

6.2. PRÉ-LAJE ALVEOLAR


Vamos dimensionar o pavimento anterior, mas utilizando pré-lajes alveolares pré-esforçadas. Para a
geometria da secção transversal a adoptar. Estas pré-lajes, devido aos moldes que as fabricam, têm
geralmente uma largura de 1,2 m. Para a altura vamos considerar a mesma da pré-laje anterior 0,16 m.
Para a espessura adoptar-se-á o valor mínimo regulamentado.
O betão utilizado para a sua construção é um C25/30, e as armaduras têm as seguintes características
Ap1860 (fpk=1860MPa, fp0,1k=1670MPa).
Assim a geometria da peça será: 2
A = 0,1136 m
1,14 yc = 0,0788 m
0,03

-4 4
I = 3,524E m
-3 3
S = 2,89E m
0,10

0,16

e = 0,0488 m
L=5m
0,03
0,03

0,10 0,02
1,20 d = 0,13 m

Fig. 6.11 – Secção transversal da pré-laje alveolar

Assim sendo o valor do peso próprio da pré-laje, será igual a:

77
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Então podemos colocar as cargas no quadro seguinte:


2
Quadro 6.4- Valores das cargas aplicadas (kN/m )

Cargas/metro Cargas/pré-laje (1,2 m)


Gpl 2,37 2,84
Qc 1 1,2
Gp 2,5 3
Q 4 4,8

6.2.1. FASE DE CONSTRUÇÃO


Nesta fase, as cargas a serem consideradas são o peso próprio da pré-laje, que será contabilizado como
carga permanente, e as cargas de construção que será considerada como sobrecarga.

6.2.2. FASE DE VIDA ÚTIL


Para o dimensionamento da armadura inferior, é necessário ter em conta as cargas a que a estrutura
estará submetida ao longo da sua vida útil, que são: o peso próprio do elemento pré-fabricado, as
restantes cargas permanentes e as sobrecargas.

6.2.3. DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA DE PRÉ-ESFORÇO


Para o dimensionamento da armadura de pré-esforço, vamos considerar que em serviço a fibra inferior
da pré-laje encontra-se no estado de descompressão σinf=0. Desta forma será necessário calcular o
valor do momento flector para as cominações quase permanente, na fase de construção e na fase final
de vida útil da estrutura.
Na fase de construção

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Na fase de vida útil

Desta forma pode-se proceder ao cálculo da tensão dos cabos de pré-esforço a tempo infinito.

Se for aplicada uma força na armadura de pré-esforço de 0,8 fpk, segundo o Quadro 3.1, obtêm-se as
perdas de pré-esforço que se situarão nos 21%. Assim para o dimensionamento da armadura de pré-
esforço podemos considerar:

Esta armadura deverá ser distribuída pelas nervuras deste tipo de elemento.

6.2.4. CÁLCULOS DAS TENSÕES

Na fase de construção

Na fase de vida útil da estrutura

79
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6.2.5. CÁLCULO DA RESISTÊNCIA Á FLEXÃO

0,85fcd
x 0,8 x

Fp

Fig. 6.12 - Forças instaladas na secção transversal

O eixo neutro da peça encontra-se abaixo dos alvéolos, existindo perda de resistência pela ausência de
betão. Em relação ao momento flector resistente, este deverá ser comparado o máximo entre o flector
actuante na fase de construção e o da fase de vida útil da obra.

Como a pré-laje, não resiste a estes esforços, então será necessário colocar uma camada de betão para
aumentar a resistência do elemento. Se for colocada uma camada de 0,05 m, então a nova geometria
do elemento será de acordo com a Fig 6.13.

2
A = 0,1785 m
1,14 yc = 0,1128 m
-4 4
I = 8,060E m
0,03

0,05

-3 3
S = 5,34E m
e = 0,0828 m
0,10

L=5m
d = 0,18 m
0,03
0,03

0,10 0,02
1,20

Fig. 6.13 - Pré-laje alveolar com camada de betão colocada "in situ"

Assim o novo valor da resistência da peça à flexão será igual a:

80
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Como o valor de MRd é superior ao valor de MEd então com a camada de betão colocada “in situ” a
peça verifica à flexão.

6.2.6. RESISTÊNCIA AOS ESFORÇOS TRANSVERSOS


Para calcular a resistência ao esforço transverso será necessário calcular as novas cargas, tendo em
conta o peso da camada de betão colocada “in situ”.

Este valor será comparado com o valor do esforço transverso resistente.

Como VRd,c>VEd, fica assim verificado a segurança da estrutura ao esforço transverso.

6.2.7. ADERÊNCIA DA SUPERFÍCIE DE CONTACTO ENTRE OS DOIS BETÕES


Como existe uma camada de betão, de idade diferente à da pré-laje, será necessário calcular os
esforços tangentes e respectivas resistências aderentes. Para isso é necessário saber o valor do primeiro
momento de inércia St da camada de betão em relação ao eixo.

Se a superfície for considerada lisa, e se não for considerada a existência de armadura nas juntas de
betonagem dos dois betões, então, o valor da resistência tangencial das superfícies poderá ser
calculado através da seguinte equação.

como , então a aderência entre a interface dos dois betões fica assim verificada.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

6.2.8. ARMADURA PARA OS MOMENTOS FLECTORES NEGATIVOS


Tratando-se de uma laje com continuidade, e tal como calculado no exercício anterior, a armadura nos
apoios deverá resistir a um valor aos momentos flectores negativos de:

6.2.9. TENSÕES NO BETÃO


Para calcular as tensões no betão, é necessário ter em conta os esforços que são aplicados na estrutura,
a Fig. 6.14, ilustra o somatório de tensões aplicadas na pré-laje que vão dar origem às tensões finais
aplicadas na laje composta
Mqp,vu
yc,0
I0
Ph Ph e Mqp,pp
yc yc
Ac I I

Fig. 6.14 - Diagramas de tensões da pré-laje

Para proceder ao cálculo, é necessário saber o valor dos esforços provocados na fase de construção e
os restantes esforços aplicados na fase de vida útil da estrutura. Assim os valores dos momentos
flectores na fase de serviço são:

Então, o valor das tensões existentes no betão da pré-laje são:

82
Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

Tensão na zona superior da camada de betão colocada “in situ”

6.2.10. FENDILHAÇÃO
Em relação à fendilhação, será necessário avaliar as tensões existentes nas fibras extremas, para um
estado limite de serviço. Como o valor da tensão na fibra inferior é igual a -0,99 MPa, então a fibra
mais desfavorável, não chega a fendilhar na fase de serviço.

6.2.11. DEFORMAÇÃO
Para o cálculo da deformada temos que obter o valor final das cargas em serviço a actuar na laje
composta na fase de vida útil:

Então o valor da flecha será igual a:

O valor limite de deformação será então igual aos valores apresentados no Quadro 4.1 e no Quadro
4.2, para a flecha na fase de vida útil e fase de construção respectivamente.

Como o valor limite é inferior ao valor de cálculo, então a flecha da estrutura fica assim verificada.

Os desenhos relativos a este pavimento poderão ser encontrados em anexo.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

7
Conclusões
7. CONCLUSÕES
7.1. CONCLUSÕES GERAIS
Actualmente, os elementos pré-fabricados são soluções muito competitivas em relação aos métodos
tradicionais utilizados na construção, porque combinam uma maior: rapidez, economia e qualidade.
No entanto, existe um problema associado aos elementos pré-fabricados que é a aderência entre os
betões de diferentes idades. Esta aderência deverá ser adquirida através de armadura de costura, ou das
características das superfícies que estarão em contacto com o betão colocado “in situ”.
Comparando todos os elementos referidos neste documento, torna-se evidente que as pré-lajes com
treliças metálicas são aquelas que apresentam menor capacidade para suportar as cargas existentes
durante a fase de construção. Nessa fase, existe pouca resistência à flexão, porque a armadura da zona
superior da treliça não consegue suportar grandes esforços. Em relação ao corte vertical, este tipo de
esforço será resistido pela pequena lâmina de betão e pelas treliças metálicas. Será necessário neste
tipo de elemento, ter cuidados especiais com a flecha na fase de construção, já que estes elementos
apresentam uma pequena rigidez. No entanto quando esta laje se encontra composta, resiste a valores
elevados de sobrecarga, sendo a sua utilização muito comum em pontes e viadutos. No entanto, este
tipo de elementos tem uma grande desvantagem, a construção da sua armadura é muito complexa, o
que acarreta elevados custos no produto final.
As pré-lajes alveolares são as que conseguem suportar um maior valor de cargas na fase de
construção, em comparação com os tipos aqui apresentados. Este tipo de elemento, é muito
competitivo, quando as sobrecargas não são muito elevadas, porque quando o eixo neutro se situa
abaixo dos alvéolos, haverá uma redução da resistência à flexão, devido à inexistência de betão nos
alvéolos. No entanto se for colocada uma camada de betão o problema do eixo neutro, poderá ser
solucionado. Este tipo de elemento é penalizado em relação aos outros na aderência entre a interface
da pré-laje e o betão colocado “in situ”, visto ter uma menor superfície de contacto, ou a ausência de
armadura. Em relação aos custos, este tipo de elemento tem um valor intermédio nas pré-lajes aqui
referidas.
Na fase de construção as pré-lajes nervuradas, são mais resistentes que as com treliças metálicas,
embora não alcancem os valores das alveoladas. No entanto, em relação à aderência da interface, este
tipo de elemento, obtem maiores valores que a alveolada, devido à maior superfície de contacto,
embora tenham uma aderência limitada, devido à falta de armadura. Estes elementos são os mais
competitivos no mercado, em relação ao preço.
As pré-lajes em duplo “T” são as pré-lajes que conseguem atingir os maiores vãos. O sistema de
aderência é feito de forma análoga ao das pré-lajes alveoladas, em que esta irá depender da rugosidade

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

da superfície de contacto entre os dois betões e as características destes mesmos materiais. Este tipo de
elemento tem um preço muito semelhante ao das pré-lajes nervuradas.

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Análise e dimensionamento de pavimentos construídos a partir de pré-lajes de betão

BIBLIOGRAFIA
[1] Elliott, Kim, Precast Concrete Structures, Butterworth Heinemann, Oxford, 2002
[2] FIP Guide to good practice, Composite Floor Structures, 1998
[3] Eurocódigo 2 (EC2) Norma Europeia EN 1992-1-1:2004
[4] LNEC Cadernos de encargos de execução e regras de cálculo e de concepção para pavimentos de
lajes maciças executadas a partir de prelajes com nervuras em “treillis”, Lisboa, 1975
[5] Eurocódigo 1 (EC1) Norma Europeia NP EN 1991-1-1
[6] FIP Guide to good practice, Shear at the interface of precast and in situ concrete, 1982
[7] CEB-FIP Model Code – 78
[8] Eurocódigo 3 (EC3) Norma Europeia ENV 1993-1-1:1992
[9] Apontamentos académicos do Professor Mota Freitas, ano 2006/2007
[10] Faria, R., Vila Pouca, N., Nova regulamentação para o projecto de estruturas de betão, Esforço
transverso, Torção e Punçoamento, DECivil 1999
[11] Norma Portuguesa EN NP 13369:2003, Regras gerais para produtos pré-fabricados
[12] CSTB, Dalles pleines confectionné´s à partir de prédalles préfabriquées et béton coule en
oeuvre,1985
[13] European Standard EN 13747:2005, Precast concrete products – Floor plate for floor system
[14] European Standard EN 1168:2005, Precast concrete products – Hollow core slabs
[15] Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, Porto Editora, Porto,
2005

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ANEXOS



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