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Le Rotière Brabérrimè

Causas e Desenvolvimento da
Guerra de Canudos

[Cada bloco do roteiro foi feito com o intuito de parecer uma reportagem retirada de um
jornal da época. Naquele tempo, obviamente, não havia televisão, e por isso, as
reportagens eram lidas em alto e bom som nas praças públicas das cidades.]

1. Introdução

[Dê ênfase ao ler o texto em negrito! Ele age como o título da reportagem.]

Jornalista A: Um alerta à República! Na noite de anteontem, recebemos do nosso


correspondente no Rio um despacho de um alto funcionário da Bahia comunicando-nos
de uma perigosa ameaça no sertão nordestino que tem assombrado a soberania do Estado
enquanto República.

Jornalista B: O beato Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido popularmente como


Antônio Conselheiro, juntamente de seus fiéis, reuniram-se no arraial de Canudos em
1893, fundando o que nomearam de “cidade santa de Belo Monte”. E vem cada vez mais
ganhando voz em seus ideais monarquistas.

2. Perseguição Pela Igreja

[Tratem o bloco 2 bloco e o bloco 3 como se fizessem parte da mesma reportagem.]

Jornalista A: O Fanatismo Monarquista e Religioso em Canudos. Ontem, por volta


das dezessete horas da tarde, recebemos novamente de nosso correspondente um
telegrama enviado de Salvador por um funcionário de Waldir Pires, até então governador
do Estado da Bahia, após sofrer severa pressão pelo arcebispo, que relata estar cada vez
mais perdendo seus fiéis para os delírios de Antônio Conselheiro.

Jornalista B: O telegrama informa sobre as atividades dos conselheiristas, registradas


pelos capuchinhos: João Evangelista de Monte Marciano e Caetano de Leo, juntamente
do padre da cidade de Cumbe, Vicente Sabino dos Santos. Dentre elas, cabem-se destacar
o descaso do pagamento dos impostos e a recusa de seguir ordens das autoridades,
desafiando a igreja, o exército e as figuras governamentais.
3. Ideais Monarquistas

Jornalista A: As crenças e práticas religiosas de Conselheiro escondem uma agenda


política oculta que busca a restauração do regime monárquico, retirando do povo a
liberdade e a autonomia tão duramente conquistadas.

Jornalista B: O beato utiliza de sua loucura e fanatismo religioso para se aproveitar do


desespero e da pobreza do povo sertanejo para disseminar sua visão contrária aos
princípios republicanos estabelecidos no país, atraindo qualquer um à sua causa,
independentemente de sua crença. Tendo, dessa maneira, conseguido reunir cerca de 20 a
25 mil cabeças em prol de seus ideais.

4. A Denúncia De Invasão À Juazeiro

Jornalista A: Alerta! Invasão dos Jagunços a Juazeiro! Relatos alarmantes indicam


que Antônio Conselheiro está convocando sua jagunçada a deixarem o arraial de Canudos
para empreender uma invasão a Juazeiro.
Recebemos esta notícia de um comerciante de madeira da região, que diz ter sido
ameaçado a ter seu material roubado pelo líder messiânico e seu grupo após ter se
recusado a vender de seu produto a ele.
Temendo a possível invasão, as autoridades de Juazeiro enviaram um pedido de
assistência ao governo estadual baiano, que foi atendido com um destacamento policial a
cem praças sob o comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.

5. O Estopim da Guerra

Jornalista B: Guerra Declarada Contra Canudos! Na madrugada de ontem, o batalhão


liderado pelo Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira foi surpreendido em Uauá pelos
conselheiristas. Após horas de combate, os canudenses finalmente bateram em retirada
após terem baixas significativas. Entretanto, o batalhão, que antes era formado por 113
unidades, sofreu uma perda de 10 integrantes, sendo eles um oficial, sete soldados e dois
guias, além de terem 17 outros feridos. Com isso, Manuel Pires decidiu cancelar a marcha
a Canudos e recuar a Juazeiro.
Após este episódio, esperamos uma resposta do presidente da República, Prudente de
Morais, a este ataque.

6. Mais um fracasso

Jornalista A: A Segunda Expedição, a Segunda Derrota. Pressionado pela igreja e


pelos latifundiários, o governador da Bahia organizou uma segunda expedição ao arraial
de Canudos com o intuito de destruí-lo. Liderados dessa vez pelo major Febrônio Pereira
de Brito, o batalhão era composto por 250 soldados e 10 oficiais das forças do estado da
Bahia. Porém, mais uma vez, os jagunços se provaram verdadeiros adversários no campo
de batalha.

Jornalista B: A campanha começou dia 18 de janeiro, com o avanço da tropa de


Febrônio Brito ao arraial. Em 20 de janeiro, após dois dias de luta, a expedição foi
repelida com pesadas baixas pelos conselheiristas. E devido à retirada às pressas, boa
parte dos armamentos carregados pelos militares foi abandonado, e agora estão nas mãos
dos canudenses.
Com pelo menos 100 homens mortos e com o armamento agora em posse dos selvagens
liderados pelo beato, indignado com o cenário, o presidente da República denomina
Antônio Conselheiro como revolucionário monarquista e inimigo do governo
republicano.

7. A Humilhação do Exército

Jornalista A: Uma Grande Investida Contra Canudos. Diante das perdas e constante
pressão dos florianistas, o governo federal assumiu a repressão, preparando assim, a
primeira expedição regular a Canudos. O presidente interino do Brasil, Manuel Vitorino,
designou o coronel Antônio Moreira César, o corta-cabeças, como líder dessa expedição.
O efetivo do coronel César é composto por um exército robusto de 1,3 mil homens, seis
canhões Krupp recém-comprados da Alemanha, cinco médicos, dois engenheiros
militares, ambulâncias e um comboio cargueiro com munições de guerra e de boca.
Os conselheiristas não terão a mínima chance de responder a este ataque.
A expedição rumará a Canudos nesta manhã de 27 de fevereiro com um único objetivo:
neutralizar a ameaça a República conhecida como Antônio Conselheiro.
Que a sorte esteja a favor de nossos heróis republicanos.

Jornalista B: Um Ultraje Ao Exército Brasileiro. É com grande pesar em nossos


corações que viemos vos comunicar, caros leitores, sobre um dos maiores fracassos e
motivo de maior vergonha do exército brasileiro. As tropas comandadas pelo coronel
Antônio César foram completamente dizimadas, aniquiladas e subjugadas pela barbárie
de Conselheiro.
Comunicamos também a morte do coronel, que foi dada em campo de batalha. Que
Deus tenha em suas mãos a alma deste digníssimo e aclamado herói brasileiro,
condecorado pelos seus feitos nos episódios da revolta da armada e da revolução
federalista.
O comando da expedição foi passado para o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira
Tamarindo, que também veio a óbito no mesmo dia.
Com a perda de seus comandantes e de vários soldados, a expedição se viu na obrigação
de retroceder, concedendo assim, mais uma infortuna vitória aos monarquistas.

8. Última Expedição a Canudos


Jornalista A: Perca de Tempo! Como se já não bastassem três grandes fracassos, o
marechal Carlos Machado de Bittencourt, até então ministro da guerra, planeja mais
uma expedição para destruir o arraial de Canudos. A expedição contará com o comando
do general Artur Oscar de Andrade Guimarães e será composta por duas colunas
lideradas pelos generais João da Silva Barbosa e Cláudio do Amaral Savaget, ambas
formadas por mais de 4 mil homens armados com os equipamentos mais modernos
disponíveis.
Jornalista B: Uma Luz de Esperança! A expedição de Artur Oscar vem mostrando,
mesmo que aos poucos, bons resultados. O general conseguiu estabelecer, no fim de
maio, seu posto de comando no Morro da Favela, em Canudos. E por mais que seu
exército tenha sofrido uma perda de 1000 soldados, reforços estão a caminho vindo dos
estados do Amazonas, Pará, Bahia e São Paulo. Estimasse que esses reforços somem de 8
a 10 mil homens.

9. Diário de Santos de 7 de outubro de 1897

[Esta é de fato uma reportagem publicada no final do século 19 pelo Diário de Santos. A
reportagem comemora a vitória do exercito e a destruição do arraial de Canudos.]

Jornalista A: Canudos está tomado!

Essa notícia, esperada já de há muito tempo, ecoa nesta hora agradavelmente em todos
os corações brasileiros.

Está finalmente terminada a grande luta, a sanguinolenta tragédia, onde tantas vidas
queridas da República foram sacrificadas, através dos mais ingentes rasgos de coragem,
dos mais abnegados sacrifícios pela honra e pela grandeza das instituições democráticas,
que por felicidade nossa nos regem desde o glorioso dia 15 de novembro de 1889.

Jornalista B: Está vingado o sangue do bravo soldado Moreira César e de tantos outros
que demonstraram que a República possui no seu seio dedicações ardentes, braços fortes,
que não trepidam diante dos perigos e das ameaças, nem mesmo da própria morte.

Essa extraordinária epopeia de civismo e de coragem servirá de lição à futuras tentativas


de restauração, que porventura irrompam de cérebros desequilibrados, e falará bem alto
da firmeza e do prestígio desta República cada vez mais forte e cada vez mais invencível
pelo brilho e pela dedicação intransigente com que a defendem os seus filhos.

Jornalista A: No dia em que, com o coração retalhado da mais profunda dor, choramos
nestas colunas o fracasso calamitoso da expedição Moreira César, afirmamos que essa
enorme catástrofe seria logo reparada pela espada valorosa do soldado republicano.

O fanatismo encapotado do Antônio Conselheiro resistiu até ao último momento,


oferecendo uma luta toda desigual, de traições e de surpresas, de guerrilhas e de
emboscada, através das lúgubres caatingas, donde partiam as balas certeiras dos sectários
da monarquia, assassinando covardemente os nobres defensores da nobre causa da Pátria.

Jornalista B: Canudos está arrasado!

Esse fato quer dizer que vamos entrar na normalidade da nossa vida política, sem mais
enxergar na atmosfera que nos cerca essa nuvem de apreensões e de dúvidas, que se
avolumava dia a dia, trazendo para o nosso espírito a dolorosa mágoa da incerteza do
futuro.

Jornalista A: Tudo isso terminou.

No horizonte da Pátria rasga-se uma nova aurora de esperanças.


A República mais uma vez venceu.

Que o sangue dos soldados republicanos, da heroica mocidade empenhada na defesa da


República, seja como o sangue dos mártires, com que se firme de vez a sólida e
inabalável fé republicana.

Referências:
 https://bahia320102myblog.wordpress.com/o-discurso-ideologico-do-diario-da-bahia-e-
os-jornais-da-epoca-sobre-a-guerra-de-canudos-1896-a-1897/
 https://brasilescola.uol.com.br/historiab/
canudos.htm#Quais+são+as+causas+da+Guerra+de+Canudos%3F
 http://querepublicaeessa.an.gov.br/uma-supresa/161-canudos-nas-paginas-dos-
jornais.html#:~:text=Durante%20a%20maior%20parte%20do,elite%20letrada%20do
%20nosso%20país.
 https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0445a.htm
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Antônio_Conselheiro
 https://www.todamateria.com.br/guerra-de-canudos/#:~:text=Causas%20da%20Guerra
%20de%20Canudos&text=receio%20do%20governo%20com%20o,a%20população
%20que%20ali%20vivia.
 https://outraspalavras.net/outrasmidias/ha-120-anos-comecava-a-guerra-de-canudos/
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Uauá
 https://museudarepublica.museus.gov.br/wp-content/uploads/2017/10/
CronoCanudos.pdf
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Antônio_Moreira_César

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