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GUERRA DE CANUDOS

Canudos: O Campo Em Chamas


MARCO ANTONIO VILLA
Marco Antonio Villa é um
historiador, escritor e comentarista
político brasileiro, professor
aposentado da Universidade Federal
de São Carlos. É bacharel e
licenciado em história, mestre em
sociologia e doutor em história
social pela Universidade de São
Paulo.
CONTEXTO HISTÓRICO
Econônomia Social
Desigualdade e contraste entre as elites
Dependência da Exportação de produtos
urbanas e as massas rurais.
primários, principalmente o café.
Marginalização e pobreza da população do
Abolição da Escravidão.
campo.
Secas, falta de Infraestrutura e
Concentração fundiária no Nordeste.

Política Religioso
Proclamação da República em 1899. Separação da Igreja com o Estado.
Constituição de 1891. Liberdade religiosa.
Política do “Café com Leite”. Messianismo.
Resistências de setores monarquistas. Romanização da Igreja Católica
O QUE É
CANUDOS?
Cidadezinha no Norte da Bahia.
Meados do século XIX passava
por uma crise.
A chegada da República!
Avanço Econômico?
Uma liderança.
ANTONIO CONSELHEIRO

Antônio Vicente Mendes Maciel.


Nasce em 1828 em Quixeramobim, no sertão
do Ceará.
Assume os negócios da família em 1855.
O casamento com Brasilina Laurentino de
Lima.
1861 – Traição e a vagância pelo sertão.
ANTÔNIO
CONSELHEIRO
Em 1872 começam as suas pregações no
sertão de Pernambuco.
Começa a ser perseguido pelos padres.
1876 – é preso por solicitação do vigário de
Itapicuru-de-Cima (Levado para
Salvador).
Enviado de Fortaleza para Quixeramobim.
É visto vagando pelos sertões baianos.
ANTÔNIO
CONSELHEIRO
O prestígio de Antônio Conselheiro
cresce.
1882 – arcebispo da Bahia D. Luís envia
uma circular.
O Arcebispo e o Hospício.
1893 – Antônio Conselheiro tinha 63
anos, seu grupo era grande e aumentava
a cada dia.
Fixação em Belo Monte.
formação de Canudos
Antônio Conselheiro
Final da década de 80: Movimentava-se exclusivamente na
região norte do estado da Bahia: Monte Santo, Bom Concelho,
Bom Jesus e Cumbre
1893- Funda uma povoação - Abandonando mais de 20 anos de
peregrinação.

Local escolhido: Antiga fazenda abandonada há cerca de 2


anos.
PRIMEIROS HABITANTES POLÍTICA
Acompanhantes de Antônio Conselheiro O governo estadual não oficializou o
Corrente migratória dos estados município nem designou delegado,
Pernambuco, Piauí, Ceará, Alagoas, Minas juiz e outras autoridades
Gerais e até São Paulo
Deserdados de terra

CRESCIMENTO LAICIZAÇÃO
Casas construídas pelos próprios sertanejos
Antônio Conselheiro - Liderança da
- paredes de paus amarrados e barro,
esfera religiosa
cobertas com folhas de icó e palha.
Negócios públicos - Responsabilidade
Centro comercial - casas construídas em
dos principais líderes João Abade;
alinhamentos, voltadas para as igrejas -
Pajeú; Joaquim Macambira e Antônio
construindo uma nova espécie de praça
Vilanova
central do arraial.
ORGANI ZAÇÃO ECONÔMI CA
Os sertanejos entregavam metade dos seus bens para o fundo de administração
responsabilizado por Antônio Vilanova

Os recurso da comunidade eram crescidos por esmolas recebidas de vários


estados e pela arrecadação de um terço dos lucros que os comerciantes
conseguiam nas feiras vizinhas do arraial

O dinheiro não circulava em Canudos - era emitido um vale e com o passar dos
anos esse vale também foi aceito nas cidades vizinhas

Na economia se desta a criação de gados, especializando-se no comercio de


couro e peles de bode e carneiros.
CONFLITOS INICIAIS

Monte Marciano acusa Antônio de não só estabelecer uma seita


política-religiosa mas principalmente de colocar em risco as
instituições republicanas

A Igreja com medo com a influência de Antônio necessita


transforma-lo em um inimigo do Estado

Ralph Della Cava: “causa do padre Cícero, ao contrário da de


Antônio Conselheiro não era uma revolução social, mas a
redenção de cada um”
CONFLITOS INICIAIS

O boato de que Antônio Conselheiro iria pessoalmente a cidade


se transforma em uma ameaça de “invasão a Juazeiro”

29 de outubro 1896: Juiz Leone comunica ao Governador da


Bahia, Luís Viana, sobre a iminente invasão

4 de novembro de 1896: Juiz Leone insiste novamente e Luiz


Viana solicita um batalhão a ser enviado a Juazeiro
Após uma semana não há sinal de conselheiristas
1º Resolvem surpreender os sertanejos
19 de novembro de 1896 - acampam em Uauá
E X P EDI Ç ÃO Dois dias depois são surpreendidos pelos ataques dos conselheiristas armados de
facões, foices, machados e alguns fuzis

Parte de Salvador em 25 de novembro de 1896 e se fixa em Monte Santo


2º 18 de janeiro de 1897- primeiro combate
E X P EDI Ç ÃO As tropas rompe o cerco
Na manhã do dia 19 os sertanejos atacam de surpresa e ocorre a retirada obrigatória
das forças

Chefe da expedição Coronel Antônio Moreira Cesar


3º Teme que os conselheiristas fujam antes da chegada das tropas
E X P EDI Ç ÃO 3 de março de 1897 ordena bombardeio por duas horas
Moreira Cesar é ferido gravemente e morre no dia 4 de março
DEFESA
Evitavam o combate direto - Preferiam emboscar as tropas

Os ataques só ocorriam quando haviam condições e serviam para


capturar as armas e munições

Desenvolveram estratégias originais - Movimentavam pela caatinga e


atacavam a noite

Estratégias militares é caracterizada pela ênfase defensiva


4º EXPEDIÇÃO
Presidente da República nomeia o general Artur Oscar de Andrade
Guimarães como comandante

Tropas divididas em duas colunas:


1º- comandada pelo general João da Silva Barbosa, operando desde
Monte Santos
2º comandada pelo general Cláudio do Amaral Savager, operando
desde Aracaju (SE)

A 1º coluna parte de Monte Santo pra Canudos e a 2º trava um grande


combate com os conselheiristas
Os militares, com a lista dos prisioneiros em
mãos, chamavam os sertanejos. Depois de
O acordados, pois a “chamada para a morte” era

ANIQUILAMENTO realizada à noite, eram amarrados e conduzidos


a um local ermo e chacinados. Antes de morrer,
obrigavam os prisioneiros a dar vivas “à
República”, mas os sertanejos morriam dando
Antônio Beatinho faz negociação
vivas ao Bom Jesus Conselheiro
com Arthur Oscar; Villa,1992, p.65

Apesar das garantias de Arthur


Oscar, os prisioneiros começaram a
ser degolados pelos soldados;
AS CONSEQUÊNCIAS...
O corpo de Antônio Conselheiro foi foi exumado
no dia 6 de outubro, às 11 horas; Era um horror (...). Era de fazer
medo. A podridão fedia a léguas
Arthur Oscar ordena a destruição completa de
de distância, os bichos a gente
Canudos. Nada deveria lembrar o arraial;
via correndo pelos cadáveres e
urubu fazia nuvem. Tudo
Os prisioneiros, em grupos de cem, são levados
abandonado, ninguém ficou
para Monte Santo e Queimadas.;
enterrado.
Os órfãos chamados de “jaguncinhos” são
Manuel Círíaco, 50 anos após o conflito
distribuidos pelos militares;
A MEMÓRIA DE CANUDOS

KENNETH MAXWELL

Kenneth R. Maxwell é um historiador


britânico. É especialista em História Ibérica
e no estudo das relações entre Brasil e
Portugal no século XVIII, sendo um dos
mais importantes brasilianistas da
atualidade.
A Memória coletiva não é somente uma
conquista é também um instrumento de poder
Le Goff

Para alguns, a construção do açude foi uma tentativa de apagar a


memória de canudos;

era preciso apagar Canudos das mentes das crianças e dos poucos
sobreviventes, para evitar repetição e ressentimento;

trabalhos de religiosos ligados a Teologia da Libertação;


Meninos de Canudos no Euclides da Cunha aos 10
Vaza Barris ao Sul
Liceu Selesiano de Salvador anos de idade
INDICAÇÕES PARA APROFUNDAR NO TEMA

Link: https://drive.google.com/drive/folders/1sq2Kce7z-vJWl6Qp_WV49mGEU-nD9mS4?usp=sharing
Referências
VILLA, Marco Antonio. Canudos: O campo em chamas. 1. ed. Sáo
Paulo: Brasiliense, 1992.

VILLA, Marco Antônio. Canudos: o povo da terra. 2ª. ed. São Paulo:
Editora Ática, 1997. 278 p. ISBN 8508055919.

MAXWELL, Keneth. A memória de Canudos. p.40-77


OBRIGADO!

Camile Eduarda dos Santos Guimarães


Lislei Souza Duarte
Yan Gomes da Silva

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