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3º MÓDULO - MOVIMENTOS POPULARES NO BRASIL – 3º

ANO ENSINO MÉDIO

GUERRA DE CANUDOS
A Guerra de Canudos ocorreu no arraial de Canudos,
sertão da Bahia, entre 1896 e 1897. O local era liderado por
Antônio Conselheiro e havia se transformado num polo de
atração para as populações marginalizadas do Nordeste.

Os beatos ou conselheiros caminhavam pelo sertão,


pregando uma forma de catolicismo popular e eram seguidos
por dezenas de fiéis. Por isso, também eram vistos como
ameaça pela Igreja Católica. Depois de peregrinar pelos
sertões de Pernambuco e Sergipe, Conselheiro andou pelo
interior da Bahia e, se instalou em Canudos. Neste lugar
ergueram a “cidade santa de Belo Monte”, que se transformou
num refúgio para os miseráveis da região. Canudos era uma
comunidade onde inexistiam diferenças sociais, onde os
rebanhos e as lavouras pertenciam a todos. Esse modelo sócio
Desta maneira, o governo da Bahia e o governo
econômico atraía milhares de sertanejos.
central resolveram acabar com suas instalações. O conflito é
Em 1896, ano em que começou a guerra, Belo Monte
considerado o maior movimento de resistência à opressão dos
tinha mais de 5 mil famílias. A defesa do reduto era mantida
grandes proprietários rurais realizado no Brasil. A Guerra de
por ex-jagunços, homens que trabalhavam como seguranças
Canudos foi descrita por Euclides da Cunha no livro “Os
para fazendeiros ou ex-cangaceiros, pessoas que viviam em
Sertões”, publicado em 1902.
bandos do sertão e atacavam as propriedades rurais
Causas da Guerra de Canudos
A destruição de Canudos
O arraial de Canudos era formado por moradores que
fugiam da extrema miséria em que viviam do sertão
Para os sertanejos, o arraial era a “terra prometida”.
nordestino. Em pouco tempo, o lugar reuniu 25.000 pessoas
Porém, para os padres que perdiam fiéis, e os proprietários de
constituindo, segundo os latifundiários, em foco de
terra que perdiam seus trabalhadores, era um “reduto de
monarquistas que desejavam derrubar a recém-instaurada
fanáticos” que devia ser eliminado. Padres e coronéis
república. No entanto, os sertanejos apenas se dirigiam ao
pressionaram o governador da Bahia para destruir o Arraial.
local em busca de melhores condições de vida.
Este enviou duas expedições militares que foram vencidas
É preciso lembrar que a mudança de regime político
pelos homens de Conselheiro. O vice-presidente Manuel
não significou mudanças significativas na economia do País. A
Vitorino, que ocupava a presidência como substituto
estrutura econômica do Brasil funcionava com base no
de Prudente de Moraes, enviou a terceira expedição,
latifúndio, onde predominava a monocultura e a exploração da
comandada pelo coronel Moreira César. Para o governo era
mão de obra que vivia na miséria.
uma questão de honra militar e nacional aniquilar os
“fanáticos”. Contudo essa expedição foi derrotada e Moreira
A comunidade de Canudos
César morto em combate.
As sucessivas derrotas militares se explicavam pelo
fato da grande maioria dos soldados desconhecerem a região
da caatinga, tão familiar ao povo de Canudos. Além disso, os
homens do Conselheiro lutavam pela sobrevivência e pela
salvação da alma, acreditando que travavam uma guerra
santa.
No Rio de Janeiro, acusava-se o presidente de fraqueza na
repressão ao movimento, considerado por muitos como
monarquista. Prudente de Moraes ordenou ao ministro da
Guerra, marechal Bitencourt, que embarcasse para a Bahia e
Por volta de 1893, reuniu-se no arraial de Canudos, às assumisse o controle direto das operações. Foi então
margens do rio Vaza-Barris, na Bahia, um grupo de fiéis, organizada nova expedição, com mais de 5000 homens sob o
seguidores de Antônio Conselheiro. Este era um beato, comando do general Artur Oscar, com a ordem de destruir
nascido no Ceará, que pregava a salvação da alma para quem Canudos.
o seguisse. Após intenso bombardeio de canhão, a missão foi cumprida.
Canudos foi totalmente destruído em 5 de outubro de 1897.
Consequência da Guerra de Canudos O socialismo exerceu importante papel na articulação
dos operários. Em 1906, fundou-se o Partido Socialista
A destruição de Canudos foi completa e milhares de Brasileiro, de tradição marxista, que mostrou aos
camponeses morreram no conflito.As tropas oficiais não trabalhadores que o antagonismo de classe move a história. O
fizeram prisioneiros e ainda chegaram ao ponto de anarquismo teve maior importância na organização do
desenterrar o corpo de Antônio Conselheiro para fotografá-lo. movimento operário brasileiro no início do século XX. Sua
Sua cabeça foi cortada e levada como troféu, repetindo uma principal preocupação seria a abolição da propriedade privada
prática que vinha do tempo da colônia. (burguesa liberal), pois havia a seguinte ideia: ‘os recursos
O governo central ainda enfrentaria várias revoltas naturais da terra pertencem a toda a sociedade, sua
no campo e na cidade como a Guerra do Contestado e a apropriação para fins privados é furto’.
Revolta da Vacina. As principais greves operárias ocorridas durante a
Primeira República foram articuladas pelos anarquistas. Outro
fato bastante presente era a grande circulação de jornais
FORMAÇÃO DO OPERARIADO BRASILEIRO anarquistas: A Lanterna, La Battaglia, o Semanário Avanti,
entre outros. Os anarquistas utilizavam a imprensa para
A Constituição Federal de 1891 se preocupava muito propagar com maior eficácia as ideias sociais de contestação
pouco com os problemas sociais. As relações de da ordem social vigente e tornar os operários conscientes
trabalho mantidas entre empregadores e empregados nas politicamente. Com a industrialização no Brasil,
indústrias e nas cidades eram estabelecidas principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo,
pela burguesia (mercantil, industrial, e financeira). houve uma rápida urbanização, na qual as cidades
O movimento operário ainda era muito incipiente, não tinha aumentaram sem nenhum planejamento, trazendo sérios
articulação política, apenas queria melhorar suas condições de problemas: falta de tratamento de água e esgoto,
vida. principalmente nos arredores onde se localizavam os bairros
operários e os cortiços, agravando a falta de higiene e
proliferação de doenças. Geralmente os operários viviam
precariamente e miseravelmente com suas famílias nos
cortiços ou habitações sublocadas.

SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação


artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São
Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922.

A formação do operariado brasileiro se efetivou


prioritariamente por brasileiros oriundos de regiões pobres e
pela grande maioria de imigrantes estrangeiros (italianos,
alemães, japoneses, poloneses, entre outros). Suas primeiras
articulações aconteceram a partir do surgimento de ligas
operárias e sociedades de resistência. Catálogo e cartaz da Semana de Arte Moderna, produzidos
As principais reivindicações dos operários giravam em pelo artista Di Cavalcanti
torno da melhoria das condições de trabalho (menor jornada O evento reuniu diversas apresentações de dança,
de trabalho, assistência ao trabalhador doente e acidentado) música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e
e pela melhoria das condições de vida (moradia, educação, escultura - e palestras. Os artistas envolvidos propunham uma
alimentação e saúde). Outra luta travada pelos trabalhadores nova visão de arte, a partir de uma estética inovadora
foi pela normatização e regulamentação dos direitos inspirada nas vanguardas europeias. Juntos, eles visavam uma
trabalhistas feminino e infantil. renovação social e artística no país e que foi deflagrada pela
A articulação política do operariado brasileiro teve "Semana de 22". O evento chocou grande parte da população
início com a vinda de teorias sociais advindas da Europa (por e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos,
meio dos imigrantes europeus). Suas principais teorias eram bem como a apresentação de uma arte “mais brasileira”.
o socialismo científico (Marx e Engels) e Houve um rompimento com a arte acadêmica, inaugurando
o anarquismo (Godwin e Bakunin). Os primeiros sindicatos assim, uma revolução estética e o Movimento Modernista no
foram formados e, concomitantemente, os trabalhadores Brasil.
foram desenvolvendo uma conscientização política e de Mário de Andrade foi uma das figuras centrais e
classe, organizando greves e manifestações de caráter principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22. Ele
principalmente reivindicatório. esteve ao lado de outros organizadores: o escritor Oswald de
Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti.
Características da Semana de Arte Moderna EXERCICIO DE FIXAÇÃO

Uma vez que o intuito principal desses artistas era NOME________________TURMA__TURNO__DATA__/__/__


chocar o público e trazer à tona outras maneiras de sentir, ver
e fruir a arte, as características desse momento foram: Resolva as Seguintes questões:
- Ausência de formalismo;
- Ruptura com academicismo e tradicionalismo; 1° Cite as causas da guerra de Canudos:
- Crítica ao modelo parnasiano;
- Influência das vanguardas artísticas europeias (futurismo, 2° Como eram vistos pela Igreja dos ditos ‘beatos’ como
cubismo, dadaísmo, surrealismo, expressionismo); Antônio Conselheiro?
- Valorização da identidade e cultura brasileira;
- Fusão de influências externas aos elementos brasileiros; 3° Quais as principais reinvindicações dos operários que
- Experimentações estéticas; iniciaram o movimento operário no Brasil?
- Liberdade de expressão;
- Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem 4° Quem foram os principais articuladores das primeiras
coloquial e vulgar; greves operárias no Brasil?
- Temáticas nacionalistas e cotidianas.
Alguns artistas que participaram da Semana de Arte Moderna 5° Quais outros desdobramentos culturais se inspiraram nas
de 1922: ideias da semana da arte moderna?
- Mário de Andrade (1893-1945)
- Oswald de Andrade (1890-1954)
- Graça Aranha (1868-1931)
- Victor Brecheret (1894-1955)
- Plínio Salgado (1895-1975)
- Anita Malfatti (1889-1964)
- Menotti Del Picchia (1892-1988)
- Ronald de Carvalho (1893-1935)
- Guilherme de Almeida (1890-1969)
- Sérgio Milliet (1898-1966)
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
- Tácito de Almeida (1889-1940)
- Di Cavalcanti (1897- 1976)
- Guiomar Novaes (1894-1979)
Podemos também citar outros desdobramentos
culturais que inspiraram-se nas ideias dos modernistas, como
o Tropicalismo e a geração da Lira Paulistana, nos anos 70, e
inclusive a Bossa Nova.

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