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Doutrina Espírita
Breve Informação

Conheçam a verdade e a verdade


os libertará. (Jesus)

Edison Carneiro
2 Doutrina Espírita Breve Informação

Ilustração da Capa: Ramo de Videira; Allan Kardec,


codificador da Doutrina Espirita foi instruído a utilizar o
ramo de videira como emblema da doutrina espírita
conforme a seguinte intrução dos espíritos “Porás no
cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o
emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos
todos os princípios materiais que melhor podem
representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o
espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o
bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu
sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito
adquire conhecimentos.
3

Prece inicial

Senhor!
Abençoa-nos a busca da Verdade, dilata-nos o Entendimento,
mas sobretudo aclara-nos a Consciência, para que todo o
conhecimento de Tuas Leis seja vivido com responsabilidade.
Auxilia-nos a compreendermos uns aos outros, a respeitarmos
nossas diferenças eventuais, a honrarmos nossa Semelhança
Essencial, que é sermos filhos do mesmo Deus, e a colocarmos
a Fraternidade, o Amor, acima das opiniões pessoais.
Fortaleçe-nos a Fé em Ti e em nós mesmos, Teus Filhos, para
que sejamos Leais Companheiros, Amigos, Irmãos, na Grande
Aventura da Vida: A Construção da Família Universal.
Edison Carneiro
18 de Fevereiro de 1984.
4 Doutrina Espírita Breve Informação

Índice
1.Introdução........................................................................................5
2.A Ciência Espírita apresenta os fatos.............................................8
Estrutura do Ser Humano...................................................................8
Reencarnação....................................................................................8
Sono e sonhos...................................................................................9
Esquecimento..................................................................................10
Mediunidade.....................................................................................10
Pluralidade dos Mundos Habitados..................................................17
3.A Filosofia Espírita explica as razões...........................................19
Deus................................................................................................. 19
Liberdade, Ação e Reação...............................................................20
Evolução..........................................................................................24
4.A Moral Espírita indica a conduta..................................................25
5.História e Doutrina Espírita...........................................................27
Antiguidade......................................................................................27
Jesus................................................................................................ 27
O Consolador...................................................................................28
Brasil................................................................................................ 29
6.A religião dos espíritos..................................................................30
A Doutrina Espírita é uma religião?..................................................30
Doutrina Espírita e religiosidade.......................................................30
Doutrina Espírita e religiões.............................................................31
Templos...........................................................................................33
Fé..................................................................................................... 33
Prece................................................................................................ 36
7.Os Grupos Espíritas......................................................................38
8.Missão dos espíritas......................................................................39
9.Resumo da doutrina espírita.........................................................42
Introdução 5

1.Introdução

Conceito de Doutrina.
Doutrina é um conjunto coerente de idéias. Há doutrinas
políticas, econômicas, filosóficas e sociais.

Conceito de Doutrina Espírita.


A doutrina espírita é um conjunto harmonioso de idéias que
possui as seguintes características:
■ Auxilia a pensar, a sentir e a agir,
■ de forma verdadeira, objetiva e sadia,
■ com relação a nós mesmos, o universo e Deus.
■ Foi dada pelos espíritos (pessoas que já morreram)
■ Foi codificada (transcrita e organizada em livros) por Al -
lan Kardec (Francês, * 1804, +1869)

A Doutrina Rumo
Com
Espírita nos De Forma a
Relação
auxilia a Felicidade

Pensar Verdadeira A Nós Mesmos

Sentir Sadia Ao Universo

Agir Objetiva A Deus


Objetivos da Doutrina Espírita
6 Doutrina Espírita Breve Informação

Níveis
A Doutrina Espírita é estruturada em 3 níveis:

1 Científico: Onde são apresentados os fatos


espíritas, quais sejam:

■ A estrutura do ser humano: Espírito, Perispírito e Corpo


físico;
■ A comunicação com os espíritos (Mediunidade);
■ A reencarnação: nascemos, vivemos e morremos muitas
vezes;
■ A pluralidade dos mundos habitados. No universo há
muitas regiões habitadas por seres inteligentes.

2 Filosófico: onde são explicadas as razões dos fatos


espíritas, entre as quais:

■ Deus, que é a razão primária de todas as coisas e que


estabeleceu leis que dirigem a criação; entre essas leis
há duas muito importantes para a compreensão dos
fatos espíritas:
■ Lei de Liberdade, Ação e Reação (Karma);
■ Lei de Evolução.

3 Moral: de onde tiramos regras de conduta correta para


a nossa vida, baseando-nos nos dois níveis anteriores.

Analogia: é como se a Doutrina Espírita fosse um edifício


com três andares: o primeiro seria a ciência; o segundo a
filosofia; o terceiro a moral, que é a finalidade da doutrina.
Introdução 7

Moral
Filosofia
Ciência
Níveis da Doutrina Espírita
8 Doutrina Espírita Breve Informação

2.A Ciência Espírita apresenta


os fatos

Estrutura do Ser Humano.


O ser humano é composto de 3 elementos:
Espírito: centelha divina onde reside nossa inteligência,
sentimento e individualidade moral. O espírito é imortal.
Perispírito: corpo semi material que permite ao espírito
exteriorizar-se. Quando alguém diz que viu um espírito, na
verdade ele viu o perispírito de um espírito. O perispírito
serve também para modelar o corpo físico por ocasião da
gestação.
Corpo físico: que vestimos ao nascer (encarnação) e
despimos ao morrer (desencarnação).

Reencarnação
Somos seres eternos cuja vidas se passam em dois
mundos:
Mundo Material, que é esse em que entramos ao nas -
1 cer, e no qual passamos a nossa vida carnal;
Mundo Espiritual, no qual adentramos ao morrer, le-
2 vando nossos conhecimentos, sentimentos, laços afeti -
vos etc. e o qual deixamos ao renascer. O mundo espi -
ritual é inacessível aos nossos órgãos dos sentidos materi -
ais (visão, audição etc).
A Ciência Espírita apresenta os fatos 9

Assim sendo vamos passando sucessivamente do Mundo


Espiritual ao Mundo Material, e vice-versa, através de nas -
cimentos e mortes, vivendo inúmeras vidas, num e noutro,
até a purificação de nosso espírito

Espírito MUNDO
Perispírito
ESPIRITUAL

Nascimento Morte
Encarnação Desencarnação

MUNDO Espírito
Perispírito
MATERIAL
Corpo Físico
Círculo das Encarnações

Sono e sonhos
Não é somente pela morte que nos desligamos do corpo
material; quando dormimos o corpo espiritual se desloca
do corpo carnal e adentramos no mundo espiritual; nessa
oportunidade entramos em contato com espíritos desencar -
nados e encarnados, bons e maus, que também “saíram do
corpo físico”, essas incursões no mundo espiritual dão ori -
gem a alguns sonhos.

Há dois tipos de sonhos:


1 Sonhos eutópticos: são aqueles gerados pela nossa
imaginação e decorrentes de mecanismos psicológicos.
10 Doutrina Espírita Breve Informação

2 Sonhos reais: são as lembranças, embora mais ou me-


nos confusas, de nossa estada no mundo espiritual, onde
nos relacionamos com pessoas amigas (ou inimigas), visi -
tamos locais distantes, da terra ou do mundo espiritual.

Esquecimento
Quando “entramos” no nosso corpo físico nos esquecemos
de nossa estada no Mundo Espiritual, isso acontece tanto
no fenômeno do nascimento, quanto ao despertarmos do
sono.
Esse esquecimento não é completo, as impressões do
mundo espiritual perduram no nosso inconsciente e aflo -
ram na nossa vida cotidiana, trazendo-nos conhecimentos
que parecem inatos, simpatias e antipatias aparentemente
gratuitas, sensações de já conhecer lugares ou pessoas
que nesta encarnação estamos vendo pela primeira vez.
Na verdade esse esquecimento é parcial, esquecemos
datas, nomes, acontecimentos, mas as virtudes, os
talentos, os afetos e desafetos ficam registrados no nosso
espírito originando as virtudes, defeitos, afetos e desafetos
inatos.

Mediunidade
É a faculdade que nos permite entrar em contato com o
Mundo Espiritual, notadamente com espíritos
desencarnados.
Todos possuímos mediunidade, mas em graus diferentes.
Através da mediunidade podemos ser influenciados para o
bem ou para o mal, muitas vezes sem saber que essas
influencias são praticadas por espíritos desencarnados
A Ciência Espírita apresenta os fatos 11

MEDIUNIDADE

Através do mé-
dium o espírito
transmite a um
encarnado a
sua mensagem.
Espírito

Médium Encarnado

As faculdades mediúnicas são inúmeras, e cada pessoa as


possue de forma específica, porém é possível agrupá-las
em dois tipos:

1 Efeitos Físicos: onde há ação direta dos espíritos sob -


re a matéria densa, como por exemplo:
■ Materialização de espíritos, onde um desencarnado pode
tornar-se visível, ser fotografado etc.;
■ Voz direta, onde a voz ou outro som do mundo espiritual
pode ser exteriorizado e gravado por métodos diversos;
■ Movimentação de objetos, que pairam no ar, pedras que
são atiradas, coisas que caem de prateleiras etc.;
■ Ruídos inexplicáveis;
■ Objetos que pegam fogo sem causa aparente.
12 Doutrina Espírita Breve Informação

Efeitos Intelectuais: onde a ação dos espíritos se re-


2 flete na mente do médium, como:

■ Registrar o pensamento dos espíritos e transmiti-los seja


pela palavra escrita (psicografia) ou falada (psicofonia);
■ Ter visões do Mundo Espiritual (clarividência);
■ Ouvir sons do Mundo Espiritual (clariaudiência);
■ Afastar-se temporariamente do corpo físico (desdobra -
mento).

Mediunidade curativa
Um gênero importante de mediunidade, que se manifesta
ora através de efeitos físicos, ora por intermédio de efeitos
intelectuais, é a mediunidade curativa; neste caso os es-
píritos contribuem para a cura de doenças através de pro -
cessos como:
■ Passe curativo
■ Sopro curativo
■ Prescrição de tratamentos à base de remédios alopáti -
cos ou homeopáticos (médiuns receitistas);
■ Indicação de diagnósticos;
■ Intervenções cirúrgicas utilizando-se de efeitos físicos;
■ Transmissão de orientação, ou intervenções diretamente
na mente, efetuando tratamentos psicoterápicos.
■ Influência em profissionais de saúde (médicos e enfer -
meiros) intuindo-os quanto a melhor conduta terapêutica.
A Ciência Espírita apresenta os fatos 13

Mediunidade e Dinheiro
Toda ação mediúnica deve ser executada gratuitamente,
sem remuneração. Os espíritos não cobram, e o médium,
portanto, deve seguir o ensinamento de Jesus: “Dêem de
graça o que de graça receberam”

Milagres e predições
Muitas vezes, grandes revelações de natureza religiosa,
artística ou científica que nos parecem súbitos lampejos de
genialidade, na verdade se constituem em fenômenos me -
diúnicos, onde espíritos superiores transmitem suas idéias
através de processos mediúnicos que passam despercebi -
dos.
Através do estudo da mediunidade descobrimos igualmente
que fatos tidos por sobrenaturais ou miraculosos foram na
verdade fenômenos mediúnicos.

Características mediúnicas
As características mediúnicas mais importantes são:
■ Espontaneidade: algumas pessoas entram em transe
mediúnico com extrema facilidade, mesmo de forma
involuntária, enquanto outras necessitam de ambiente
adequado, preparação etc.; Quanto mais espontânea a
faculdade, mais necessita de educação mediúnica, para
que não ocorram transes indesejáveis.
■ Precisão: alguns médiuns transmitem com grande
fidelidade o pensamento dos espíritos, enquanto que
outros misturam seus próprios pensamentos e
sentimentos ao dos espíritos.

Dificuldades com a mediunidade


As principais dificuldades no trato da mediunidade são:
■ Mistificação: O médium, movido por interesses
escusos, simula comunicações mediúnicas que, na
realidade, não estão ocorrendo. Há uma fraude
deliberada.
14 Doutrina Espírita Breve Informação

■ Animismo: O médium entra em transe e mostra uma


personalidade diferente da que possui atualmente. Há
transe, há uma personalidade diversa, mas ainda é o
próprio médium que involuntariamente regride a uma
encarnação anterior e a revive. Não há fraude.
■ Filtragem: O médium mistura, involuntariamente,
pensamentos seus à comunicação do espírito
desencarnado, desfigurando-a. Não há fraude, pois o
que ocorre é involuntário.
■ Obsessão: É a principal dificuldade da mediunidade.
Espíritos inferiores ligam-se ao médium voluntária ou
involuntariamente, consciente ou inconscientemente, e
passam a influenciá-lo de forma doentia.

A obsessão pode ser:


Obsessão Simples: o obsessor importuna o obsedado
1 com pensamentos maus, mas o obsedado resiste pro-
curando manter o equilíbrio.
A Ciência Espírita apresenta os fatos 15

Fascinação: o obsediado não mais opõe resistência


2 efetiva, passando a aceitar como seus os pensamentos
do obsessor, mesmo aqueles mais disparatados podem
parecer-lhe verdades incontestes.

3 Subjugação: o obsediado passa a ser controlado de


forma completa pelo obsessor, estendendo-se esse
controle às ações, que podem ser completamente absur -
das, mas que o obsedado julga normais; o obsessor pode
estender seu domínio mesmo ao corpo físico, provocando
movimentos involuntários no obsediado.

O que nos torna vulneráveis a obsessão são:


■ Vícios Morais: egoísmo, orgulho, vaidade, avareza, cru -
eldade, pessimismo etc.
■ Falta de Coragem: a expressar-se no medo, covardia
face à vida, fuga.
■ Vícios Materiais: alcoolismo, drogas, jogo etc..

Quais os sinais de a uma possível obsessão?


■ pensamentos e sentimentos inoportunos que teimam em
permanecer em nossa mente malgrado o desejo de nos
libertarmos deles;
■ pensamentos e conversas fixados num único ponto;
■ comportamentos em desacordo com a nossa maneira ha-
bitual de ser;
■ dificuldade face à oração;
■ perturbações do sono: insônia, pesadelos etc;
■ irritabilidade, antipatia acentuada pelos que nos cercam;
■ não aceitação de qualquer crítica;
■ emotividade excessiva, prantos freqüentes e inexplica-
dos;
■ fuga das ocupações úteis, queixas constantes, ansieda -
de;
16 Doutrina Espírita Breve Informação

■ pessimismo, visão sombria do mundo;


■ achar que nossos sofrimentos são maiores que os dos
outros;
■ achar que somos melhores que os outros;
■ descrença face a bondade, a misericórdia e a justiça de
Deus;
■ tendência acentuada a vícios: alcoolismo, drogas, jogos,
etc.

O que podemos fazer para evitar a obsessão?


■ Reforma Íntima: esforço perseverante na nossa
reeducação moral, buscando conhecer-nos melhor,
alimentarmos virtudes e libertarmo-nos dos vícios.
Praticarmos a lei de amor a Deus e ao próximo.
■ Oração: cultivar a vigilância moral e a oração sincera
em todas as situações de nossa vida.
■ Atividades Úteis: mantermo-nos ocupados com coisas
úteis aproveitando o tempo. Mentes férteis e
desocupadas são terreno baldio sujeito à invasão de
ervas daninhas.

Qual o ponto fundamental para a cura da obsessão?


A vontade íntima do obsidiado de libertar-se dessa
enfermidade, modificando-se intimamente, eliminando as
brechas morais que permitem a ação do obsessor.

Como o espiritismo pode contribuir para a cura da


obsessão?
■ indicando o caminho correto para a reforma íntima, ensi -
nando-nos o Evangelho de Jesus e conscientizando-nos
da necessidade de segui-lo.
■ fortalecendo a fé através de explicações racionais sobre
os grandes problemas da vida;
■ promovendo a educação mediúnica.;
A Ciência Espírita apresenta os fatos 17

■ esclarecendo os espíritos perturbadores em reuniões de


doutrinação e evangelização de desencarnados;
■ favorecendo o desligamento entre obsessor e obsedado
através do passe.

Pluralidade dos Mundos Habitados


No Universo existem inúmeros mundos habitados por
espíritos.
■ Há regiões povoadas apenas por desencarnados, por
exemplo a cidade espiritual Nosso Lar, que fica a
aproximadamente 1200Km de altitude na região do
Estado do Rio de Janeiro;
■ outras onde convivem encarnados e desencarnados,
por exemplo, a superfície terrestre.

Graus de evolução
Essas comunidades estão em vários graus de evolução:
■ Inferiores: o mal predomina sobre o bem, por exemplo,
a Terra.
■ Intermediários: há mistura entre o bem e o mal.
■ Superiores: o bem supera o mal.
■ Divinos: o bem reina inteiramente
À medida que o espírito progride em moralidade e
sabedoria vai habitando mundos superiores.

MUNDOS:
Inferiores Intermediários Superiores Divinos
BEM
BEM
BEM BEM
MAL MAL MAL
18 Doutrina Espírita Breve Informação

Uranografia
Uranografia é a parte da Doutrina Espírita que trata da
“geografia” do mundo espiritual
As principais regiões da Terra, do ponto de vista espiritual,
são:
■ Crosta: é o solo onde pisamos. Nesse plano convivem
encarnados e desencarnados.
■ Trevas: são as regiões que estão abaixo da crosta, são
assim chamadas, pois nelas não chega a luz do sol. São
habitadas por espíritos renitentes no mal.
■ Umbral: são as regiões que ficam acima da crosta, onde
os acúmulos de matéria mental, exalada por encarnados
e desencarnados 1 , criam paisagens atormentadas
habitadas por desencarnados em sofrimento.
■ Regiões superiores: são regiões que ficam acima do
umbral e que são habitadas por espíritos de condição
moral mais elevada. Quando no futuro, resolvermos os
nossos problemas morais, iremos habitá-las.

As regiões inferiores (crosta, trevas, umbral) são


constantemente assistidas por espíritos superiores que aí
vão, trabalhar pela elevação moral de seus habitantes, pois
ninguém fica sem a proteção de Deus.

E GIÕES SUPERIORES
R
UMBRAIS
contituem a matéria mental C
1
RO
Quando pensamos emitimos formas STessas
mentais, A formas que
REVAS
A Filosofia Espírita explica as razões 19

3.A Filosofia Espírita explica


as razões

Deus.
Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas
as coisas.
Não podemos conhecer a Deus na sua essência, mas
devemos conhecer seus atributos.
Deus é:
■ Único: há um só Deus.
■ Impessoal: Deus não tem as paixões, imperfeições ou
limitações humanas.
■ Eterno: Deus está além do tempo, não tendo tido
começo, nem terá fim.
■ Justo: Deus premia o bem e corrige o mal. As aparentes
injustiças que vemos decorrem de termos um
conhecimento parcial da realidade, desconhecendo
causas passadas e conseqüências futuras.
■ Misericordioso: Deus não quer a morte do pecador,
mas que ele se converta e viva. A misericórdia de Deus
se manifesta pela renovação de oportunidades e não
pela revogação da sua justiça.
■ Bom: Deus nos criou para sermos felizes.
■ Onipresente: Deus está presente em todo o universo
durante todo o tempo.
■ Onisciente: Deus sabe tudo, é impossível enganá-lo.
20 Doutrina Espírita Breve Informação

■ Onipotente: Todo o poder reside em Deus, as criaturas


desfrutam de um poder limitado e concedido por Deus
que o dá e o retira segundo sua sabedoria infinita.
■ Criador: Deus criou todas as coisas com um propósito
bom.

Espíritos Santificados
Jesus, embora sendo a mais perfeita criatura que
conhecemos, é uma criatura, não devendo ser confundido
com o Deus, o Criador
Deus atende às suas criaturas através das próprias
criaturas, notadamente por intermédio dos espíritos
santificados. Os espíritos santos cumprem a vontade de
Deus, mas são criaturas, distintos de Deus, que é único.

Leis Divinas
Deus se manifesta através de leis naturais que dirigem os
fatos materiais e morais, individuais e coletivos.
Ao contrário das leis humanas, as leis de Deus são
perfeitas e imutáveis.
À medida que purificarmos os nossos sentimentos iremos
tendo uma visão mais aperfeiçoada de Deus.

Liberdade, Ação e Reação


Nós possuímos liberdade de ação (livre arbítrio), porém
essa liberdade é condicionada pelas conseqüências morais
de nossos atos (reação).
O equilíbrio entre nossas ações, reações que sofremos e
liberdade que dispomos, mostra a perfeição das leis de
Deus.
A Filosofia Espírita explica as razões 21

Re
ão


ão
Liberdade

Ciclos
Os ciclos de liberdade, ação e reação são:

■ Ciclo da boa ação


1. Dispondo de liberdade,
2. Praticamos o Bem que é o mesmo que amor,
3. Recebemos reações boas do bem praticado a se
expressarem em:
a. alegria pela paz de consciência;
b. mais liberdade, incentivo para fazermos o
melhor.
■ Ciclo da má ação
22 Doutrina Espírita Breve Informação

1. Dispondo de liberdade
2. Praticamos o mal que é o mesmo que desamor,
3. Recebemos reações más do mal praticado, a se
expressarem em:
a. sofrimento pelos sentimentos de culpa
b. sofrimento por perda de liberdade
c. sofrimento pelo distanciamento do bem
4. O sofrimento leva ao
5. Arrependimento que leva à
6. Reparação que leva à
7. Purificação que leva ao
8. Repúdio do mal que leva ao
9. Incentivo para fazermos o melhor
Deus permite que escolhamos entre os ciclos da boa ou da
má ação, para firmar em nós, pela experiência, que a melhor
escolha sempre é a da boa ação.

Ação boa Reação boa Induz ao


Liberdade
Ação má Dor
bem
Purificação
A Filosofia Espírita explica as razões 23

Reação
As conseqüências morais (reação) de nossos atos
poderão manifestar-se:
■ Nesta vida;
■ No plano espiritual (após a morte);
■ Numa próxima encarnação.
A lei de ação e reação atinge todos os departamentos
de nossa vida:
■ O corpo pela saúde e pela doença;
■ O sentimento pelos afetos e desafetos;
■ Os bens pela riqueza ou pela miséria.
Na lei de ação e reação vemos a justiça e a misericórdia
de Deus
24 Doutrina Espírita Breve Informação

Evolução
Amar e Saber
Através das vidas sucessivas, com sua multiplicidade de
experiências nos dois mundos, espiritual e material, iremos
desenvolvendo o amor e a sabedoria, tornando-nos
melhores e mais felizes.
O principal conhecimento é o conhecimento de si mesmo.
A manifestação mais elevada de amor é a caridade cristã.

Auto-Educação
Embora não possamos regredir em capacidade de amar e
saber, a rapidez do aperfeiçoamento espiritual dependerá
de nosso esforço na auto-educação (reforma íntima).
A reforma íntima tem como ponto inicial o auto-
conhecimento, seguido do reforço dos bons hábitos
(virtudes) e a conseqüente diminuição dos maus hábitos
(vícios).
A virtude mais importante é a caridade, o pior vício é o
egoísmo.
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal
é a lei. (Allan Kardec)
A Moral Espírita indica a conduta 25

4.A Moral Espírita indica a


conduta
A Regra
O resumo das leis morais que devem reger a nossa
conduta é: Ama a Deus com toda a tua alma, com todo o
teu coração, com todo o teu entendimento e a teu próximo
como a ti mesmo.

Jesus
O modelo da perfeita conduta é Jesus Cristo, que nos
mostra no Evangelho o Caminho, a Verdade e a Vida.

Virtudes
As virtudes mais importantes são a caridade e a humildade

Vícios
Os piores vícios são o egoísmo e o orgulho.

A Justiça
Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos
nossos devedores.

O Juiz
O juiz que devemos acatar sempre é a voz de Deus que
fala na nossa consciência.

O Importante
Na vida não vale tanto o que temos, nem tanto importa o
que somos. Vale o que realizamos com aquilo que
possuímos e acima de tudo importa o que fazemos de nós.
(Emmanuel)
26 Doutrina Espírita Breve Informação
História e Doutrina Espírita 27

5.História e Doutrina Espírita

Antiguidade
As idéias espíritas são muito antigas.
Deus nunca deixou a humanidade ao desamparo de idéias
que auxiliassem o homem a tornar-se melhor.
Desde a mais remota antiguidade, mensageiros
encarnaram-se em todos os povos do planeta trazendo a
luz da verdade.
Moisés, Fo-Hi, Crisna, Buda, Confúcio, Sócrates, Cícero
trouxeram idéias como: A unicidade de Deus, o corpo
espiritual, a lei de ação e reação, a reencarnação, a
evolução, a importância do amor, a comunicação dos
espíritos etc.

Jesus
Com a encarnação de Jesus, governador espiritual da
Terra, divinas claridades se derramam sobre a Terra. Da
manjedoura à ressurreição, sua vida foi uma demonstração
das verdades eternas, ensinadas com a autoridade do
exemplo.
Visto sua palavra revestir-se por vezes do véu do símbolo
para poder atingir a mentalidade da época, prometeu o
"Consolador", "Espírito de Verdade" "que ensinará todas as
coisas" e "vos fará lembrar de tudo o que tenho dito".
28 Doutrina Espírita Breve Informação

O Consolador
O consolador prometido por Jesus manifestou-se na Terra
com toda a sua intensidade no século 19, através de
revelações claras sobre as realidades espirituais, feitas por
espíritos superiores, através de inúmeros médiuns.

A Obra de Allan Kardec


Allan Kardec (* 1804, + 1869), pseudônimo do francês
Leon Hippolyte Denizar Rivail, coligiu e organizou (1856 a
1868) estes ensinos dados pelos espíritos superiores em
cinco livros de valor inestimável na revivescência do
Evangelho de Jesus e compreensão das verdades
espirituais; são eles:
■ O Livro dos Espíritos: Contendo os princípios da
Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a
natureza dos espíritos e suas relações com os homens,
as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro
da humanidade segundo os ensinamentos dados pelos
espíritos superiores com a ajuda de diversos médiuns.
■ O Livro dos Médiuns: Contendo o ensino especial dos
espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o mundo
invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as
dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na
prática do espiritismo.
■ O Evangelho Segundo o Espiritismo: contendo as
explicações das máximas morais do Cristo, sua
concordância com o espiritismo e a sua aplicação as
várias posições da vida.
■ O Céu e o Inferno: Contendo o exame comparado das
doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida
espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras,
sobre os anjos e os demônios, sobre as penas etc,
História e Doutrina Espírita 29

seguido de numerosos exemplos da situação da alma


durante e depois da morte.
■ A Gênese: Contendo as características da Doutrina
Espírita, os atributos de Deus, os diversos sistemas
sobre a criação do mundo, as explicações e análise dos
milagres e das predições do Evangelho.

O Ev Segundo o
O Livro dos
O Livro dos

A Gênese
O Céu e o
Espiritismo
Espíritos

Médiuns

Inferno

Brasil
A Doutrina Espírita desenvolveu-se muito no Brasil, sendo
de se notar os vultos:
■ do médico Adolfo Bezerra de Menezes, que com sua
dedicação de apóstolo assentou as bases do espiritismo
na nossa pátria na última década do século 19;
■ do médium Francisco Cândido Xavier que, no século
20, por mais de 60 anos, enriqueceu a Doutrina Espírita
com a psicografia de mais de 400 livros.
30 Doutrina Espírita Breve Informação

6.A religião dos espíritos

A Doutrina Espírita é uma religião?


A doutrina espírita não constitui uma religião no sentido
comumente aceito, pois ela:
■ Não dispõe de um corpo de sacerdotes;
■ Não estabelece rituais;
■ Não se apóia numa hierarquia ou organização;
■ Não tem esquemas para o ingresso de fiéis;
■ Não pleiteia qualquer autoridade sobre os seus simpati -
zantes;
■ Não distingue os seus adeptos com títulos, rituais ou
promessas de salvação.

Doutrina Espírita e religiosidade


De outro lado a Doutrina Espírita incentiva o sentimento
religioso ao:
■ Destacar a importância da fé;
■ Esclarecer a eficácia da prece;
■ Estabelecer claramente a responsabilidade e as conse -
qüências morais de nossos atos;
■ Incentivar o amor a Deus e ao próximo;
■ Mostrar a importância de seguir os exemplos dos heróis
da fé e da virtude.
A religião dos espíritos 31

Doutrina Espírita e religiões2


Toda crença é respeitável.
No entanto, se buscaste a Doutrina Espírita, não lhe ne -
gues fidelidade.

Toda religião é sublime.


No entanto, só a Doutrina Espírita consegue explicar-te os
fenômenos mediúnicos em que toda religião se baseia.

Toda religião é santa nas intenções.


No entanto, só a Doutrina Espírita pode guiar-te na solução
dos problemas do destino e da dor.

Toda religião auxilia.


No entanto, só a Doutrina Espírita é capaz de exonerar-te
do pavor ilusório do inferno, que apenas subsiste na cons -
ciência culpada.

Toda religião é conforto na morte.


No entanto, só a Doutrina Espírita é suscetível de descer -
rar a continuidade da vida, além do sepulcro.

Toda religião apregoa o bem como preço do paraíso aos


seus profitentes.
No entanto, só a Doutrina Espírita estabelece a caridade
incondicional como simples dever.

Toda religião exorciza os Espíritos infelizes.


No entanto, só a Doutrina Espírita se dispõe a abraçá-los,
como a doentes, neles reconhecendo as próprias criaturas
humanas desencarnadas, em outras faixas de evolução.

Transcrição da mensagem de Doutrina Espírita de Emmanuel - Psic. F.


2

C. Xavier - Livro “Religião dos Espíritos” - Ed. FEB.


32 Doutrina Espírita Breve Informação

Toda religião educa sempre.


No entanto, só a Doutrina Espírita é aquela em que se per -
mite o livre exame, com o sentimento livre de compressões
dogmáticas, para que a fé contemple a razão, face a face.

Toda religião fala de penas e recompensas.


No entanto, só a Doutrina Espírita elucida que todos colhe -
remos conforme a plantação que tenhamos lançado à vida,
sem qualquer privilégio na Justiça Divina.

Toda religião erguida em princípios nobres, mesmo as que


vigem nos outros continentes, embora nos pareçam estra -
nhas, guardam a essência cristã.
No entanto, só a Doutrina Espírita nos oferece a chave
precisa para a verdadeira interpretação do Evangelho.
Porque a Doutrina Espírita é em si a liberdade e o entendi -
mento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com
todas as aventuras marginais e com todos os exotismos,
sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que vei-
cula.
Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liberta,
vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não
colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos
crimes do pensamento.

“Espírita” deve ser o teu caráter, ainda mesmo te sintas em


reajuste, depois da queda.

“Espírita” deve ser a tua conduta, ainda mesmo que


estejas em duras experiências.

“Espírita” deve ser o nome de teu nome, ainda mesmo


respires em aflitivos combates contigo mesmo.

“Espírita” deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda


mesmo que, por isso, te faltem as passageiras subvenções
e honrarias terrestres.

Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo.


A religião dos espíritos 33

E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento


moral em todos os mundos.

Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua


responsabilidade mais alta, porque dia virá em que serás
naturalmente convidado a prestar-lhe contas.

Templos
A Doutrina Espírita valoriza particularmente três templos:

1 O templo interior: constituído no íntimo de nós


mesmos, onde no silêncio de nosso coração
oferecemos a Deus nossas boas obras e nossa reforma
íntima.

2 O templo do lar: onde nas relações com nossos


familiares, de convívio por vezes agradável, outras,
penoso, oferecemos a Deus nosso amor afetuoso e
responsável.

3 Odiversas
templo da sociedade: onde em contato com as mais
pessoas oferecemos a Deus nosso amor
fraterno e universal.


Conforme conceituação de Emmanuel, destacado mentor
espiritual, fé é guardar no coração a certeza iluminada da
presença de Deus com todos os valores da razão, tocados
pelo perfume do sentimento.
34 Doutrina Espírita Breve Informação

Discorrendo rapidamente sobre os pontos principais dessa


definição, podemos afirmar:
■ A fé é filha do amor e da razão; ela cresce na medida
que Deus cresce na nossa compreensão e no nosso
amor.
■ A fé não é um rótulo exterior, emprestado de alguma de -
nominação religiosa, nem afirmativa labial.
■ A fé é força que nasce dentro do peito, íntima, individual,
conseqüência do amor a Deus, benção do amor de Deus.
■ Fé e razão devem se olhar face a face, sem temores re -
cíprocos. A fé que se distancia do raciocínio, não é fé, é
fanatismo.
■ A fé retrata a imagem de Deus em nós.

A fé deve:
■ Ser alegre porque Deus é bom;
■ Ser corajosa porque Deus é presente;
■ Ser humilde porque Deus é perfeito;
■ Ser modesta porque Deus é todo-poderoso;
■ Ser paciente porque Deus é eterno;
■ Ser compassiva porque Deus é misericordioso;
■ Ser amorosa porque Deus é amor.

Utilidade da fé
A fé gera as virtudes ao despertar os sentimentos nobres
que nascem quando, através da razão e do sentimento,
identificamos a presença de Deus.
Quando descobrimos Deus através da razão e do
sentimento, ainda que seja num pequeno ângulo da vida,
nossas almas se povoam de forças novas, nascidas do
Amor de Deus, maravilhas do Amor de Deus.
A religião dos espíritos 35

Gerando as virtudes a fé elimina os vícios e galgamos mais


um degrau da evolução.

Conquista da fé
A conquista da fé pode ser melhor visualizada através de
uma imagem, onde um jardineiro cultiva uma planta:
Para que a planta cresça, três fatores estarão sempre pre -
sentes no zelo do jardineiro:
■ Sol na medida certa;
■ Terra boa;
■ Água conforme as necessidades.
O jardineiro somos nós, a planta é a fé, e esses três
fatores deverão sempre estar presentes no nosso zelo,
para que nossa fé se desenvolva:
■ Sol, que é Estudo, Esclarecimento, Luz.
■ Terra, que é Trabalho;
■ Água, que é Renovação Interior.

Chuva Sol
Renovação Esclarecimento

Terra
Trabalho
Experiência

A Conquista da Fé
36 Doutrina Espírita Breve Informação

Prece
A expressão da fé chama-se oração.
A fé se expressa em pensamentos, emoções, palavras e
atos.
Assim, as preces poderão ser feitas através de: pensa-
mentos, emoções, palavras e atos.
São expressões de fé no bem e para o bem, e conseqüen -
te-mente preces:
■ A acurada concentração mental do cirurgião que busca o
alívio do enfermo confiado aos seus cuidados;
■ As fortes emoções da mãe angustiada face à queda mo -
ral do filho que ela procura reerguer;
■ A palavra boa, dita pela professora primária interessada
na formação de seu aluno;
■ O trabalho árduo do agricultor no amanho da terra
para a produção do alimento e sustento da família.
■ A súplica que o crente sincero faz a um poder maior
justo e bom, seja na mesquita, na sinagoga, no
templo budista, no centro espírita ou na igreja cristã.

Forma e conteúdo
A Doutrina Espírita afirma que na prece o que importa é o
que se irradia de nossa alma, na expressão de nossos
sentimentos; a forma nada conta.
Devemos orar de preferência com as expressões
espontâneas do nosso sentimento, ou se não pudermos,
podemos valer-nos de fórmulas memorizadas pelo
sentimento, que falar a Deus faz bem ao coração.

Eficácia da prece
Toda prece tem resposta; nem sempre será o que
esperamos, sempre será o que necessitamos:
A religião dos espíritos 37

■ A prece fortalece a consciência indicando o caminho do


bem.
■ A prece alimenta o sentimento fornecendo energias no -
vas
■ A prece ilumina o entendimento descortinando soluções;
■ A prece controla o tempo abreviando os sofrimentos pela
resignação e eternizando o bem pela ligação com Deus;
■ A prece santifica o trabalho direcionando-o na constru -
ção do Reino de Deus;
■ A prece solidifica a fraternidade universalizando-a sob o
mesmo Deus;
A prece purifica a visão espiritual permitindo-nos ver Deus.
38 Doutrina Espírita Breve Informação

7.Os Grupos Espíritas


Com Allan Kardec surgiram os grupos espíritas,
sociedades independentes que agregam simpatizantes da
Doutrina Espírita e que procuram praticá-la e divulgá-la
através das atividades, de:
■ Regeneração: recuperação de alcoólatras, drogados,
marginais etc..
■ Auxílio: provimento aos necessitados materiais e morais
através de albergues, asilos, orfanatos, hospitais, casas
de sopa etc.
■ Comunicação: amparo à atividade mediúnica através da
educação e desenvolvimento de médiuns, diagnóstico e
terapêutica das obsessões, orientações espirituais,
mensagens de consolo e ensino, curas espirituais etc.
■ Esclarecimento: manutenção de editoras, livrarias,
clubes do livro, cursos e palestras sobre a Doutrina,
programas de rádio, jornais etc.
■ Oração: auxílio a toda sorte de problemas através da
prece.

Embora não atendendo integralmente aos fins a que se


propuseram, carregando a soma dos defeitos e qualidades
de seus integrantes, os grupos espíritas tem dado boa
contribuição na construção de um mundo melhor.

O Movimento Espírita é mais acentuado no Brasil onde


existem alguns milhares de grupos espíritas; podemos, no
entanto, identificar grupos espíritas em todos os outros
continentes.
Missão dos espíritas3 39

8.Missão dos espíritas3


Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar
o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniqüida -
des terrenas? Ah! Bendizei o Senhor, vós que haveis posto
a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos
da crença revelada pelas proféticas vozes superiores,
ides pregar o novo dogma da reencarnação e da ele-
vação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou
mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.
Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as
vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!...
sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina.
É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propaga -
ção os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas
ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíri -
tos elevados. Certamente falareis a criaturas que não q ue-
rerão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta in -
cessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos
avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tira -
nos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu
o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vos-
sos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto
ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados
golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa infe -
rioridade em face dos mundos disseminados pelo infinito!...
lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide
e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia
mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ig -
norantes, vossas línguas se soltarão e falareis como ne -
nhum orador fala.

3
O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB – Cap XX Os trabalhadores
de última hora
40 Doutrina Espírita Breve Informação

Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas


as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de es -
perança e de paz.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo cami-
nho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, por -
quanto o pastor saberá defender suas ovelhas das foguei -
ras imoladoras.
Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do
que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais
os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais con -
seguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus
vos conduz.
Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Dian -
te de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão,
como a bruma da manhã aos primeiros raios do Sol nas -
cente. A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Je -
sus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas,
jazem depositados nos corações dos homens a impureza e
todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então,
cheios de coragem, para removerdes essa montanha de
iniqüidades que as futuras gerações só deverão conhecer
como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imper -
feitamente conheceis os tempos que antecederam a civili -
zação pagã.
Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as sub -
versões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a
luz divina se espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a des -
prezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos
e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os
mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis
fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e
louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e
baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a
Terra lhes destina.
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à
obra! O arado está pronto; a terra espera; arai!
Missão dos espíritas3 41

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confi -


ou; mas, atenção! Entre os chamados para o Espiritismo
muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e se -
gui a verdade.
Pergunta. - Se, entre os chamados para o Espiritismo,
muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reco-
nheceremos os que se acham no bom caminho?
Resposta. - Reconhecê-los-eis pelos princípios da ver-
dadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reco-
nhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo;
reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua ab -
negação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-
los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque
Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, es -
ses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele
destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem
dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. -
Erasto, anjo da guarda do médium. (Paris, 1863.) 4

4
Na terceira edição francesa esta mensagem saiu incompleta e
sem assinatura. Completamo-la em confronto com a 1ª edição do
original. - A Editora da FEB, em 1948 .
42 Doutrina Espírita Breve Informação

9.Resumo da doutrina
espírita 5

Os seres que se manifestam designaram-se a si mesmos,


como dissemos, pelo nome de Espíritos ou Gênios, e di -
zem ter pertencido, alguns pelo menos, a homens que vi-
veram na Terra. Constituem eles o mundo espiritual, como
nós constituímos, durante a nossa vida, o mundo corporal.
Resumimos aqui, em poucas palavras, os pontos principais
da doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente
respondermos a certas objeções:
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso,
soberanamente justo e bom.
Criou o Universo, que compreende todos os seres anima -
dos e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal,
e os seres imateriais o mundo invisível ou espírita, ou seja,
dos Espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno,
preexistente e sobrevivente a tudo.
O mundo corporal não é mais do que secundário, poderia
deixar de existir, ou nunca ter existido, sem alterar a es -
sência do mundo espírita.
Os espíritos revestem temporariamente um invólucro mate -
rial perecível, cuja destruição, pela morte, os devolve à li -
berdade.
Entre as diferentes espécies de seres corporais, Deus es -
colheu a espécie humana para encarnação dos espíritos
que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, sendo

5
Resumo feito por Allan Kardec, codificador da doutrina espírita, no
Livro dos Espíritos, item VI da Introdução.
Resumo da doutrina espírita5 43

isso que lhe dá superioridade moral e intelectual perante


as demais.
A alma é um espírito encarnado, do qual o corpo não é
mais que um invólucro.
Há no homem três coisas:
1- O corpo ou ser material, semelhante aos ani -
mais e animado pelo mesmo princípio vital;
2- A alma ou ser imaterial, espírito encarnado no
corpo
3- O laço que une a alma ao corpo, princípio inter -
mediário entre a matéria e o Espírito.
O homem tem assim duas naturezas: pelo seu corpo, parti -
cipa da natureza dos animais, dos quais possui os instin -
tos; pela sua alma, participa da natureza dos Espíritos.
O laço ou perispírito, que une o corpo e o Espírito, é uma
espécie de invólucro semimaterial. A morte é a destruição
do invólucro mais grosseiro, a carne. O espírito conserva o
segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível
para nós no seu estado normal, mas que ele pode tornar
com permissão, visível e mesmo tangível, como se verifica
nos fenômenos de aparição.
O Espírito não é, portanto, um ser abstrato, indefinido, que
só o pensamento pode conceber. É um ser real, circunscri -
to, que, em certos casos, pode ser apreciado pelos nossos
sentidos da vista, da audição e do tato.
Os espíritos pertencem a diferentes classes, não sendo
iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber,
nem em moralidade. Os da primeira ordem são os espíritos
superiores, que se distinguem dos demais pela perfeição,
pelos conhecimentos e pela proximidade de Deus, a pure -
za dos sentimentos e o amor do bem: são esses os anjos
ou espíritos puros. As demais classes se distanciam mais e
mais desta perfeição. Os das classes inferiores são inclina -
dos às nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho
etc., e se comprazem no mal. No seu número, há os que
não são nem muito bons, nem muito maus; antes, pertur -
badores e intrigantes já que a malícia e a inconseqüência
44 Doutrina Espírita Breve Informação

parecem ser as suas características; são eles os Espíritos


estouvados ou levianos.
Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem.
Todos se melhoram, passando pelos diferentes graus da
hierarquia espírita. Esse melhoramento se verifica pela en -
carnação, que a uns é imposta como uma expiação, e a
outros como missão. A vida material é uma prova a que
devem submeter-se repetidas vezes, até atingirem a perfei -
ção absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador, de
que eles saem mais ou menos purificados.
Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos Espíritos, de
onde havia saído para reiniciar uma nova existência mate -
rial, após um lapso de tempo mais ou menos longo, duran -
te o qual permanece no estado de espírito errante.
Devendo o espírito passar por muitas encarnações, conclu -
í-se que todos nós tivemos muitas existências, e que tere -
mos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, seja na
Terra, seja em outros mundos.
A encarnação dos Espíritos verifica-se sempre na espécie
humana. Seria um erro acreditar-se que a alma ou espírito
pudesse encarnar-se no corpo de um animal.
As diferentes existências corporais do Espírito são sempre
progressivas e jamais retrógradas, mas a rapidez do pro -
gresso depende dos esforços que fazemos para chegar à
perfeição.
As qualidades da alma são as do espírito que encarnamos.
Assim o homem de bem é a encarnação de um bom Espíri -
to, e o homem perverso, a de um Espírito impuro.
A alma tinha a sua individualidade antes da encarnação, e
a conserva após a separação do corpo.
No seu regresso ao mundo dos Espíritos, a alma reencon -
tra todos os que conheceu na Terra, e todas as suas exis -
tências anteriores se delineiam na sua memória, com a re -
cordação de todo o bem e todo o mal que tenha feito.
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria. O
homem que supera essa influência, pela elevação e purifi -
Resumo da doutrina espírita5 45

cação de sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos, com


os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas
más paixões, como a inveja, o orgulho, a avareza etc., e
põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites gros -
seiros, aproxima-se dos Espíritos impuros, dando prepon -
derância à natureza animal.
Os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do
Universo.
Os Espíritos não encarnados, ou errantes, não ocupam ne -
nhuma região determinada ou circunscrita; estão por toda
parte, no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelan -
do-nos sem cessar. É toda uma população invisível que se
agita ao nosso redor.
Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e mesmo sobre
o mundo físico, uma ação incessante. Eles agem sobre a
matéria e sobre o pensamento, e constituem uma das for -
ças da natureza, causa eficiente de uma multidão de fenô -
menos até agora inexplicados ou mal explicados, e que
não encontram uma solução racional.
As relações dos espíritos com os homens são constantes.
Os bons espíritos nos convidam ao bem, nos sustentam
nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com cora -
gem e resignação; os maus nos convidam ao mal: é para
eles um prazer ver-nos sucumbir e nos assemelharmos ao
seu estado.
As comunicações ocultas, verificam-se pela influência boa
ou má que eles exercem sobre nós, sem o sabermos, ca -
bendo ao nosso julgamento discernir as más e boas inspi -
rações. As comunicações ostensivas realizam-se por meio
da escrita, da palavra ou outras manifestações materiais,
na maioria das vezes, através de médiuns que lhes servem
de instrumentos.
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou pela evo-
cação. Podemos evocar todos os Espíritos: os que anima -
ram homens obscuros e os dos personagens mais ilustres,
qualquer que seja a época em que tenham vivido; os de
nossos parentes, de nossos amigos ou inimigos, e deles
46 Doutrina Espírita Breve Informação

obter, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, in -


formações sobre a situação que se acham no espaço, seus
pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações
que lhes seja permitido fazer-nos.
Os espíritos são atraídos na razão de sua simpatia pela
natureza moral do meio que os evoca. Os espíritos superi -
ores gostam das reuniões sérias, em que predominam o
amor ao bem e o desejo sincero de instrução e melhoria.
Sua presença afasta os Espíritos inferiores, que encon -
tram, ao contrário, um livre acesso, e podem agir com in -
teira liberdade, entre as pessoas frívolas ou guiadas ape -
nas pela curiosidade, e por toda parte onde encontram
maus instintos. Longe de obtermos deles bons conselhos e
informações úteis, nada mais devemos esperar do que futi -
lidades, mentiras, brincadeiras de mau gosto ou mistifica -
ções, pois freqüentemente se servem de nomes veneráveis
para melhor nos induzirem ao erro.
Distinguir os bons e os maus Espíritos é extremamente fá -
cil. A linguagem dos Espíritos superiores é constantemente
digna, nobre, cheia da mais alta moralidade, livre de qual -
quer paixão inferior, seus conselhos revelam a mais pura
sabedoria, e têm sempre por alvo o nosso progresso e o
bem da humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrá -
rio, é inconseqüente, quase sempre banal e mesmo gros -
seira; se dizem às vezes coisas boas e verdadeiras, dizem
com mais freqüência falsidades e absurdos, por malícia ou
por ignorância; zombam da credulidade e divertem-se à
custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade e
embalando-lhes os desejos com falsas esperanças. Em re -
sumo, as comunicações sérias, na perfeita acepção do ter -
mo, não se verificam senão nos centros sérios, cujos
membros estão unidos por uma íntima comunhão de pen -
samentos dirigidos ao bem.
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do
Cristo, nesta máxima evangélica: “Fazer aos outros o que
quereríamos que os outros nos fizessem”, ou seja, fazer o
bem e não fazer o mal. O homem encontra nesse princípio
a regra universal de conduta, mesmo para as menores
ações.
Resumo da doutrina espírita5 47

Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualida -


de são paixões que nos aproximam da natureza animal,
prendendo-nos à matéria; que o homem que, desde este
mundo, se liberta da matéria, pelo desprezo das futilidades
mundanas e o cultivo do amor ao próximo, se aproxima da
natureza espiritual; que cada um de nós deve tornar-se
útil, segundo as faculdades e os meios que Deus nos colo -
cou nas mãos para nos provar; que o forte e o poderoso
devem apoio ao fraco, porque aquele que abusa da sua
força e de seu poder, para oprimir o seu semelhante, viola
a lei de Deus. Eles ensinam, enfim, que, no mundo dos Es -
píritos, nada pode permanecer escondido, o hipócrita será
desmascarado e todas as suas torpezas reveladas; que a
presença inevitável e em todos os instantes daqueles que
prejudicamos é um dos castigos que nos estão reservados;
que aos estados de inferioridade e de superioridade dos
Espíritos correspondem penas e alegrias que são desco -
nhecidas na terra.
Mas eles ensinam também, que não há faltas irremissíveis
que não possam ser apagadas pela expiação. O homem
encontra o meio necessário, nas diferentes existências que
lhe permitem avançar, segundo o seu desejo e os seus es -
forços, na via do progresso, em direção à perfeição, que é
o seu objetivo final.

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