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Urupês e o nascimento de Jeca Tatu

“Urupês”, obra publicada originalmente em 1918, reúne ao todo 14


contos de Monteiro Lobato. Segundo o prefácio da 2a. Edição do livro,
esta obra surgiu do artigo “Velha praga”, publicado originalmente no
jornal O Estado de São Paulo no ano de 1914. Na época, Monteiro
Lobato dedicava-se ao trabalho na fazenda que recebeu como herança
de seu avô e amargava um ano terrível por conta da seca. Além do
problema causado pela seca do inverno, Monteiro Lobato estava
exausto das constantes queimadas praticadas pelos caboclos. Por conta
disso, ele resolveu escrever uma carta de indignação ao jornal, que viu
naquele Com o dinheiro arrecadado com a venda de sua fazenda,
Monteiro Lobato comprou a Revista do Brasil em 1918 e passou a
publicar, além de suas próprias obras, livros de diversos outros
escritores. Posteriormente, a Editora da Revista do Brasil passaria a se
chamar Cia. Gráfico-Editora Monteiro Lobato e, após o colapso dessa,
ressurgiria como Companhia Editora Nacional, que é a maior do Brasil e
uma das maiores da América Latina. Assim, pode-se dizer que Monteiro
Lobato lançou a indústria nacional do livro através da publicação de
Urupês. A preocupado em reproduzir nos seus textos a riqueza da fala
brasileira da zona rural, com seus coloquialismos e neologismos
tipicamente orais. De acordo com a crítica literária, o recurso da
oralidade foi a maior ousadia do escritor em Urupês, pois nessa época o
uso do português coloquial em obras era visto como algo “inferior” e sem
valor literário. Dessa forma, pode-se dizer que Urupês é uma obra que
de certa forma antecede as convenções estilísticas propostas pelos
modernistas da Semana de 22. Ainda com relação à linguagem
empregada por Monteiro Lobato, é interessante notar a grande influência
que Urupês teve sobre a língua portuguesa falada no Brasil. A partir do
livro surgiram diversas palavras e expressões que hoje são
dicionarizadas, como por exemplo o termo “jeca”, que vem da
personagem Jeca Tatu e passou a ser sinônimo de “caipira”, “morador
da zona rural” ou ainda “pessoa de hábitos rudimentares”. Por fim, é
importante ressaltar que a importância de Urupês não ficou restrita ao
campo literário através de suas inovações estilísticas e linguísticas, mas
teve também grande influência na indústria e no mercado cultural do
Brasil. Isso porque até a Primeira Guerra Mundial, grande parte dos
livros brasileiros eram impressos na Europa através de editoras
estrangeiras, principalmente as francesas. Monteiro Lobato modificou
essa forma editorial ao imprimir por conta própria o livro Urupês nas
oficinas do jornal O Estado de São Paulo. Com o dinheiro arrecadado
com a venda de sua fazenda, Monteiro Lobato comprou a Revista do
Brasil em 1918 e passou a publicar, além de suas próprias obras, livros
de diversos outros escritores. Posteriormente, a Editora da Revista do
Brasil passaria a se chamar Cia. Gráfico-Editora Monteiro Lobato e,
após o colapso dessa, ressurgiria como Companhia Editora Nacional,
que é a maior do Brasil e uma das maiores da América Latina. Assim,
pode-se dizer que Monteiro Lobato lançou a indústria nacional do livro
através da publicação de Urupês.
Urupês é a primeira produção literária de Lobato. As narrativas se
passam com frequência na pequena cidade de Itaoca, região do interior
de São Paulo. O último enredo, Urupês, considerado o segundo artigo
contido nesta obra, introduz a imagem de Jeca Tatu, o sertanejo
característico, lento, avesso ao trabalho, desprovido de cultura,
desnecessário. É assim que o autor descreve o caboclo, um tipo de
orelha-de-pau, ou seja, pequeno cogumelos, daí o título Urupês, que
traduz esta espécie de fungo. As demais narrativas discorrem sobre os
personagens que pululam no campo, relatam suas aventuras e infortúnios,
apresentam sua fala e seus hábitos cotidianos.

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