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CRISTO
DEVOCIONÁRIO DE PÁSCOA
ILUSTRAÇÕES POR CLARISSE TERESA
O A L V O R E C E R D E
CRISTO
A Páscoa vem de Deus para as famílias. Em toda a narrativa bíblica vemos Deus operar por meio da
estrutura familiar — este é o padrão essencial no plano de Deus em toda a história.
Ao meditarmos nos dias da Páscoa, desde a libertação do povo judeu até a formação de uma grande
casa espiritual de todas as nações, o núcleo central é a família, a origem da história é uma perfeita
família, e o alvo final é a formação de uma nova família de muitos filhos, semelhantes a Jesus, para a
glória de Deus, o Pai.
Não há mais separação. Para sempre seremos uma família! Na Sua morte, nosso espírito ganha vida.
Cristo, que é um com o Pai, torna-se um com Sua Igreja. Nunca mais seremos apenas corpos mortais.
Nunca mais seremos somente uma família isolada. Para sempre, temos um Pai; eternamente, temos um
irmão. Isso é tão verdade que agora mesmo, na trindade, há um Deus com corpo humano que venceu a
morte, e, para sempre, carrega as marcas que fizeram nascer a Família do Cordeiro!
O Rei Humilde
Darli Lopes
Este último fato ocorreu para cumprir a profecia feita pelo profeta Zacarias. Quando os
judeus perceberam a semelhança clamaram: Hosana! Hosana! Que significa: Salva-nos
agora! Mas algo que também nos surpreende neste relato, é que o mesmo povo que
clamava por salvação neste dia, foi o mesmo que gritou poucos dias depois, "Crucifica-
o"! Israel crucificou o seu verdadeiro Rei.
Por vezes me pergunto, a qual rei temos clamado? Qual tem sido nosso grito? Temos
vivido nossos dias estendendo ramos e capas ao nosso Rei humilde para que Ele faça
morada em nós e assim nos tornemos parecidos com Ele?
Em Filipenses capítulo dois, Paulo nos exorta a termos a mesma atitude de Cristo que
não considerou ser igual a Deus, muito pelo contrário, humilhou-se e foi obediente até
sua morte na cruz.
Que o nosso clamor seja por vivermos como viveu o nosso Rei Jesus, que mesmo em
sua última semana de vida foi obediente, manso e humilde! Mas que ao terceiro dia de
sua morte, ressuscitou em um corpo de glória e se assentou ao lado de Deus Pai, onde
aguarda o dia em que Ele virá como juiz para julgar ímpios e libertar seus filhos, que
assim como Ele, suportaram todas as coisas e serão livres do pecado de uma vez por
todas.
Sim, ele diz: "Para você, é muito pouco ser o meu servo para restaurar as tribos de
Jacó e trazer de volta o remanescente de Israel. Farei também com que você seja uma
luz para os gentios, para que você seja a minha salvação até os confins da terra”
(Isaías 49:6)
A noite já dura algumas semanas, como resultado deste longo inverno frio no
hemisfério norte. Neste contexto, as nossas plantações morreram, assim como boa
parte dos nossos animais; não há onde encontrar comida. Nossas crianças estão
congelando e adoecendo... Já é março e em breve a primavera chegará, trazendo
consigo luz, calor e vida. As plantas voltarão a germinar, os animais procriarão mais
uma vez. Teremos comida, teremos água e conforto por mais alguns meses.
Esta seria a sua experiência, caso você vivesse num dos comuns rigorosos invernos do
antigo mundo pagão no hemisfério norte. Neste contexto, como não desejar e como
não celebrar a chegada da primavera? Então, percebendo que esse inverno externo
não se contrastava em nada com o nosso inverno interno, com os nossos medos,
anseios, frustrações, arrependimentos e outras questões, como não aguardar
ardentemente também por uma primavera para as nossas almas?
De fato, a Páscoa, assim como o Natal, são festas pagãs. Mas isso não precisa ser um
problema para nós. Cristo não veio reinventar a roda — tampouco festas religiosas.
Isaías nos diz que Ele veio para ser Luz para as nações. Ele veio iluminar o seu cosmos
criado com muito amor, mas que se envolveu nas trevas deste longo inverno
pecaminoso. Nós, que já experimentamos os efeitos duradouros de sua Obra,
deveríamos intencionalmente celebrá-la e refleti-la àqueles que ainda a aguardam.
✝
ORAÇÃO
Uma declaração pesada de Cristo arruína o clima festivo do jantar. Os discípulos estão
à mesa, celebrando a Páscoa, quando, de repente, o Senhor Jesus prenuncia: “um
dentre vós, o que come comigo, me trairá”. A Bíblia relata que eles logo começaram a
se entristecer, e a perguntar, um após o outro: “Porventura, sou eu?”.
É certo que, entre os discípulos, havia um traidor: Judas Iscariotes. Sabemos que sua
traição era parte do plano de Deus e havia sido predita nas Escrituras (Sl 41:9). A
traição de Judas foi, em certo sentido, única, e a história desse falso apóstolo mostra
como alguém pode permanecer com o coração não convertido, mesmo após usufruir
de privilégios imensuráveis – afinal, Judas ouviu, por três anos a fio, a pregação do
Deus encarnado; ainda assim, manteve- se afastado da fé genuína. Que não seja essa
a nossa condição…
No entanto, não podemos nos esquecer de que a seu próprio modo, todos os outros
discípulos fraquejaram, abandonando a Cristo na hora mais crucial. O Senhor Jesus
conhecia de antemão a debilidade de todos. Ele mesmo lhes disse: “Todos vós vos
escandalizareis” (Mc 14:27), e: “Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis
dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só” (Jo 16:32).
Os outros onze discípulos também pecaram contra o Senhor. Todos diziam que
morreriam com Ele, se necessário, e que jamais o negariam (Mc 14:31), no entanto,
nenhum deles foi capaz de sustentar seus destemidos discursos quando a provação
chegou.
Quando Jesus foi preso, os onze fugiram (Mc 14:50). O Senhor Jesus suportou a
traição de Judas e o abandono dos seus discípulos – mesmo daqueles mais próximos,
prometendo, ainda, que esses últimos o veriam depois que Ele ressuscitasse (Mc
14:28).
Quantas vezes o Senhor tem suportado nossos pecados? Ele não nos rejeita por causa
de nossas falhas e imperfeições. O que realmente destruiu Judas foi sua falta de
confiança na misericórdia de Deus. Ao contrário de Judas, porém, os onze discípulos
se ergueram novamente, através do arrependimento, e é por meio do arrependimento
que nós também podemos nos reerguer quando pecarmos. Cristo é o nosso Sumo
Sacerdote misericordioso!
✝
ORAÇÃO
48 Horas de Aflição
Jaqueline Krehnke
"Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero,
mas sim como tu queres". (Mateus 26:39)
Recentemente passamos por uma situação delicada de doença na família. Meu pai
precisou fazer uma cirurgia para retirar um tumor no intestino delgado e correu tudo
bem, mas na recuperação, houve uma complicação muito grave, os médicos tiveram
que fazer uma reabordagem e deixaram claro que as próximas 48 horas seriam
cruciais para vermos se meu pai sobreviveria durante a entubação na U.T.I.
A nossa família ficou aflita, irmãos de todos os lugares oravam por nós, eram
mensagens frequentes no WhatsApp perguntando como meu pai estava. Eu perdi a
fome, aquelas 48 horas foram, talvez, as mais intensas da minha vida. Ver alguém que
você ama entre a vida e a morte é uma experiência de muita insegurança — eu sentia o
meu peito apertado, a crise de ansiedade, que já não tinha há um bom tempo, resolveu
voltar. Cada toque ao telefone despertava muita tensão, mas no meio de tudo isso,
algo aconteceu.
✝
ORAÇÃO
A Última Ceia
Fabiano Krehnke
Diferente de todas as quintas-feiras, esta foi especial. Por que não dizer santa? Este
dia foi de fato separado, único em toda história. Uma mesa foi preparada, um jantar foi
planejado. Não qualquer ceia, mas uma refeição santa foi instituída na quinta-feira da
semana mais dramática e revolucionária que já existiu.
O pôr do sol anunciava o que estava por vir. A mesa de madeira recebia doze homens
mais um — aquele que teria uma mensagem difícil, porém importante, pra entregar:
“Um de vocês me trairá”, diz ele no meio do jantar. Choque, pavor e gritos de “Eu não,
Senhor” se espalharam pela casa daquele certo homem do qual pouco sabemos.
Para além da revelação do amigo traidor, havia um convite estendido àqueles doze
homens. Convite que se estenderia para todos os discípulos de Jesus ao longo das
eras: um chamado à koinonia, uma oportunidade de comungarmos, de nos
apropriarmos de Cristo e dos benefícios da graça redentora ao participarmos do
sangue e do corpo do próprio Cristo.
O que faz desta que ceia uma ceia especial? Por que o pão e o vinho se tornam
elementos distintos aqui? Eles são a Ceia do Senhor! O Cristo, que dá se si mesmo
como ele próprio é em sua natureza doadora, não de má vontade ou em pequenas
porções, como se tivesse medo de esgotar as suas riquezas, ou mesmo suspeitasse
que elas fossem limitadas.
Quando Jesus parte o pão e distribui o cálice, os discípulos não permaneceram sendo
meros espectadores, eram agora participantes. Jesus não só partiu o pão e encheu o
cálice, mas entregou-os a cada um para que comessem e bebessem. Muito mais que
uma ilustração, foi um chamado à participação.
A sua generosidade mostra que que ele sabe de seus recursos inesgotáveis. Ele
concede de acordo com as riquezas da sua glória — a sua própria plenitude infinita. Ele
não só aponta para uma realidade externa, ele mesmo é aquilo que oferece. E ainda
hoje ele nos convida: “tome um pedaço de pão, pegue uma taça de vinho, encontre um
lugar à mesa e alimente-se de mim!”.
✝
ORAÇÃO
Está Consumado!
Yasmin Pinheiro
(Jo 19:30)
“Está consumado!”
A descrição em si da crucificação é super breve. Como foi para Jesus? Nos quatro
evangelhos há registro de sete momentos em que Jesus falou na cruz, entre outros
aspectos elas nos apontam para sua humanidade e perfeição. Jesus se entregou
completamente ao sofrimento em forma de traição, injustiça, mentira, escárnio e
aflições físicas do começo ao final deste dia. É importante destacar claramente a
postura de entrega ativa de Jesus a crucificação e a morte em si, João registrando o
momento da morte em si “Mais tarde, sabendo então que tudo estava concluído, para
que a Escritura se cumprisse (...) Jesus disse: “Está consumado!” Com isso, curvou a
cabeça e entregou o espírito.” (Jo 19:28-30).
A alegria da Sexta-Feira Santa é esta: “Está consumado!” (Jo 19:30). Sim, de uma vez
por todas, está consumado. Jesus destrói os pecados do mundo, e nada fazemos para
acrescentar ao sacrifício que ele já fez...
Não podemos passar tão rápido por este dia - a graça não foi de graça, ela custou
muito a Jesus. João registrou os acontecimentos deste dia com um propósito: Aquele
que o viu, disso deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que está
dizendo a verdade, e dela testemunha para que vocês também creiam. (Jo 19:35) Para
que creiamos! “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para
que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16
✝
ORAÇÃO
O Sábado Eterno
Lucas Gonçalves
Esta instrução tinha como alvo auxiliar didaticamente Israel a desvincular sua
identidade e sua segurança do seu trabalho. O Sábado lhes reforçaria a identidade e o
sustento recebidos gratuitamente do Senhor, a quem foram chamados a amar e a
celebrar de todo o coração.
A Lei do Sábado não fora criada para aprisionar o povo, como posteriormente alguns
líderes buscariam fazer; ele apontava para um descanso contemplativo e relacional,
profundamente enraizado no próprio Criador que, mesmo sendo um Deus amante do
trabalho, conforme Gênesis 1 e 2 nos mostra, no sétimo dia escolheu descansar e
desfrutar dos frutos de seus trabalhos.
Todavia, uma vez que não confiamos a nossa identidade e a nossa provisão a Deus,
buscando garanti-las a partir de nossos próprios esforços, negligenciamos o privilégio
do descanso ao qual o Sábado nos direciona, de tal modo que semeamos e colhemos o
peso esmagador de tentarmos ser autossuficientes.
Pela Graça, essa não é a palavra final. O nosso representante, Jesus Cristo, foi bem
sucedido onde falhamos, morrendo na cruz e permanecendo em pleno silêncio ao
longo de todo o Sábado de Aleluia.
Sua Obra, no entanto, não se restringe a este Sábado, tão especial. Sua ressurreição
no domingo nos revela a grandeza da graça conquistada: o descanso contemplativo,
que o sábado nos convocava a desfrutar, é uma realidade infinitamente maior do que
jamais poderíamos imaginar. Ele é eterno e transbordante de Vida Plena.
O Sábado de Aleluia nos aponta à certeza do Sábado Eterno, para o qual fomos
criados. Há dois mil anos, Cristo descansou em nosso lugar para que pudéssemos
descansar nele, tanto agora no presente quanto no porvir. O convite nos ecoa:
“Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei”
(Mt 11.28).
✝
ORAÇÃO
O início do fim de uma vida sob o escuro do pecado, o começo do Sol desmedido da
Nova Criação, a luz da presença irrestrita e irresistível do Criador. Uma realidade
grandiosa, de fato, inaugurada no amanhecer ordinário de um jardim que, talvez fora
os perfumes levados por uma discípula enlutada, tivesse nada mais que o cheiro da
vegetação remota.
O sabor dos pães e frescor das frutas chegarão às últimas consequências do prazer e
satisfação, bem como o deleite da arte e a criatividade da ciência. O deslumbre da
mesa entre amigos perderá o limite. O eterno encontro com o Senhor virá.
✝
ORAÇÃO
RELÓGIO DA PAIXÃO
Acompanhe o “Relógio da Paixão” na sexta feira santa. Medite sobre cada período
e sobre cada passo percorrido pelo Salvador em seu caminho de sofrimento.
RELÓGIO DA PAIXÃO
05 horas
JESUS É CONDUZIDO A PILATOS
Aqui temos o relato da acusação de Cristo diante
06 horas
JESUS É DESPREZADO POR HERODES
Herodes tratou Jesus muito mal: "Herodes, com os
RELÓGIO DA PAIXÃO
07 horas
HERODES DEVOLVE JESUS A PILATOS
Herodes não conseguiu ver um milagre, mas não
desejou condená-lo, nem como um malfeitor, e
08 horas
JESUS É FLAGELADO
Os açoitamentos romanos normalmente eram muito
RELÓGIO DA PAIXÃO
09 horas
JESUS É COROADO DE ESPINHOS
A flagelação, então em uso, era uma punição
escarros e as bofetadas.
10 horas
JESUS É CONDENADO À MORTE
Depois de não achar uma testemunha sequer,
11 horas
JESUS RECEBE A CRUZ
"Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua
12 horas
JESUS É CRUCIFICADO
Cristo ficou suspenso cerca de três horas,
RELÓGIO DA PAIXÃO
13 horas
JESUS CONVERTE O BOM LADRÃO
A história da salvação do ladrão agonizante é um
15 horas
JESUS MORRE NA CRUZ
Já crucificado, Cristo foi forçado a suportar uma
RELÓGIO DA PAIXÃO
16 horas
JESUS É TRANSPASSADO PELA LANÇA
Para se assegurarem de que Ele já estava morto,
17 horas
JESUS É DESCIDO DO MADEIRO
Os discípulos arrancaram os cravos e baixaram o
18 horas
JESUS É SEPULTADO
Cristo foi sepultado para que a sua morte fosse
Páscoa
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