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ELÉTRICAS E DE
COMUNICAÇÃO
Projeto de
instalação elétrica
Filipe Sousa Barbosa
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai ser apresentado ao conceito de projeto, levando em
consideração as etapas de construção de um projeto de instalação elétrico predial.
Serão abordados os seguintes tópicos: ART, carta de solicitação e aprovação da
concessionária, memorial descritivo e memorial de cálculo, plantas, esquemas ver-
ticais, quadros de distribuição, convenções, especificações e lista de materiais. Por
fim, você será apresentado a exemplos de projetos de instalação elétrica predial.
Características básicas
Projeto de instalação elétrica é uma tradução técnica daquilo que se pretende
instalar, de modo que um profissional, capacitado tecnicamente, possa execu-
tar a instalação realizando com precisão o que foi planejado. Segundo Creder
e Costa (2016), o projeto elétrico é a antecipação da instalação, mas de forma
escrita, onde constam todos os detalhes, podendo ser destacados a localização
dos pontos de utilização da energia elétrica (tomadas e lâmpadas), os comandos
das lâmpadas, o caminho dos condutores, a divisão da instalação em circuitos,
2 Projeto de instalação elétrica
a seção nominal dos condutores, a carga de cada circuito, a carga total, entre
outros. A Figura 1 apresenta um projeto elétrico com todos os detalhes citados;
em sua concepção é possível perceber a utilização da simbologia conforme a
norma e de todos os elementos gráficos que representam as características
do projeto elétrico e que serão detalhados mais adiante.
Um projeto elétrico deve ser baseado em alguns itens que visam ofere-
cer ao projetista e ao seu executor etapas a serem seguidas, evitando que
problemas indesejados venham a ocorrer. Algumas etapas então nortearão
o projeto, tanto para o projetista como para seu cliente e seu executor, e
serão apresentadas a seguir.
Etapas de construção
Atender às normas é o primeiro passo para garantir o funcionamento perfeito
de cada ponto da instalação, a segurança das pessoas e a conservação dos
bens. Todo projeto elétrico predial é feito a partir de um projeto de enge-
nharia civil (plantas e cortes) e deve seguir as recomendações da NBR 5410,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Conforme o Código Civil
Brasileiro, ninguém pode alegar desconhecimento das leis e das normas ao
cometer erros que coloquem em risco vidas humanas e a segurança.
Desta forma, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) es-
tabelece que todos os contratos referentes à execução de serviços ou obras
de engenharia, agronomia, geologia, geografia ou meteorologia devem ser
objeto de uma anotação de responsabilidade técnica de obras e serviços (ART),
instituída por meio da Lei n° 6.496, de 7 de dezembro de 1977 (BRASIL, 1977).
A Resolução nº 1.025 (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA,
2009) estabelece que fica sujeito à ART no CREA todo o contrato relativo à
execução de obras ou prestação de serviços nas áreas de engenharia, agro-
nomia, geologia, geografia ou meteorologia, assim como todo profissional no
desempenho de cargo ou função que exerça atividades que exigem habilitação
legal e conhecimentos técnicos nessas áreas.
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Desenhos técnicos
A parte gráfica constitui-se de um conjunto de desenhos técnicos, que po-
dem, em instalações pequenas, ser apenas a planta geral da instalação,
como também, em instalações complexas, exigir uma grande quantidade de
desenhos de detalhes e diagramas.
A planta geral da instalação elétrica deve ter como base as plantas e
prumadas da obra, que já apresenta os traços das paredes, janelas, portas,
etc. Sobre essa planta são desenhados os trajetos dos eletrodutos, pontos
de luz, localização correta dos quadros, dos interruptores, das tomadas e de
todos os equipamentos a serem instalados. Na planta geral devem constar
todos os detalhes de projeto.
Somente com as plantas de uma obra é possível efetuar os cálculos de toda
a instalação elétrica, localizando de forma correta componentes e equipa-
mentos utilizados. A especificação dos componentes de acordo com a planta
e demais orientações técnicas será passada pelo projetista responsável,
que tem como função, também, acompanhar todo o trabalho da instalação,
fiscalizando a execução da obra.
Com o projeto bem feito, o projetista também poderá se certificar se os
fios e a proteção estão adequados à uma possível expansão de carga a ser
instalada, evitando sobrecargas e curto-circuitos indesejados.
6 Projeto de instalação elétrica
Dimensões Iluminação Tomadas de uso geral (TUG) Tomadas de uso específico (TUE)
Projeto de instalação elétrica
[m]
[kVA]
Dependência
pontos
pontos
Potência
Potência
Potência
Potência
Potência
Aparelho
Área [m²]
total [VA]
Perímetro
total [kVA]
Número de
Número de
Corrente [A]
Corrente [A]
Corrente [A]
unitária [VA]
unitária [kVA]
Potência [kW]
Banheiro 1,75 5,5 1 100 100 0,79 1 600 0,6 4,72 Chuveiro 5,4 5,4 42,52
Circuitos Potência
Seção Corrente
Corrente
Tensão [V] Local condutor disjuntor
Quantidade x [A]
Nº Tipo Total [VA] [mm²] [A]
potência [VA]
Cozinha 1 x 100
Projeto de instalação elétrica
Corredor 1 x 100
1 Iluminação 127 400 3,15 1,5 10
Quarto 1 x 100
Banheiro 1 x 100
Quarto 3 x 100
2 TUG 127 400 3,15 2,5 16
Corredor 1 x 100
Figura 3. Recorte da norma ND5.1 com os dados da entrada de energia de um projeto elétrico
residencial.
Fonte: Cemig Distribuição (2017, p. 6–2).
Usamos aqui um exemplo simples de projeto, para que ficasse claro o passo
a passo. Segundo Gebran e Rizzato (2017), o importante é contar com um bom
planejamento e uma boa previsão de carga. Um projeto precisa ser claro, de
fácil entendimento, sempre seguindo as normas pertinentes. É fundamental
que seja facilmente interpretado por todos os envolvidos na sua execução.
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Referências
BRASIL. Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977. Institui a " Anotação de Responsabilidade
Técnica " na prestação de serviços de engenharia, de arquitetura e agronomia; autoriza
a criação, pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA, de
uma Mútua de Assistência Profissional; e dá outras providências. Brasília: Presidência
da República, 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6496.
htm. Acesso em: 15 fev. 2021.
CARVALHO JÚNIOR, R. Instalações elétricas e o projeto de arquitetura. 8. ed. São Paulo:
Blucher, 2017. 288 p.
CEMIG DISTRIBUIÇÃO. Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária: rede de
distribuição aérea: edificações individuais. Belo Horizonte: Cemig, 2017. 181 p. (Norma
de Distribuição, ND-5.1). Disponível em: https://www.cemig.com.br/wp-content/uplo-
ads/2020/07/nd5_1_000001p.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Resolução n° 1.025, de 30 de outubro
de 2009. Dispõe sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica e o Acervo Técnico
Profissional, e dá outras providências. Brasília: CONFEA, 2009. 14 p. Disponível em:
http://normativos.confea.org.br/downloads/1025-09.pdf. Acesso em: 15 fev. 2021.
CREDER, H.; COSTA, L. S. Instalações elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 494 p.
GEBRAN, A. P.; RIZATTO, F. A. P. Instalações elétricas prediais. Porto Alegre: Bookman,
2017. 232 p. (Série Tekne, eixo Infraestrutura).
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410: instalações elétricas
de baixa tensão: Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 209 p.
CEMIG DISTRIBUIÇÃO. Formulário para pedidos de ligação nova na área urbana: versão
J. Belo Horizonte: Cemig, 2020. 1 p. Disponível em: https://novoportal.cemig.com.
br/wp-content/uploads/2020/10/Formulario-Lig-Nova-Urbana-e-Aum-Carga-sem-
-disjuntor-geral.doc. Acesso em: 15 fev. 2021.