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O GeoGebra como ferramenta no estudo de Geometria Plana no Ensino

Médio

Mykaio Afonso Mesquita de Almeida1, Carlos Ian Bezerra de Melo², João


Luzeilton de Oliveira3.
1
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central,
e-mail: mykaio.almeida@aluno.uece.br
2
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central,
e-mail: carlosian.melo@uece.br
3
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central,
e-mail: joao.luzeilton@uece.br

RESUMO. Com os impactos da pandemia do COVID-19 o uso de novas


tecnologias no processo de ensino aumentou exponencialmente e, nas escolas, isso
está cada vez mais comum, por facilitarem e reforçarem conceitos e propriedades
nas quais o aluno possui mais dificuldade. Foi observando essa situação que
desenvolvemos esta pesquisa, cujo objetivo é averiguar a utilização do GeoGebra no
estudo de Geometria Plana em uma escola do Ensino Médio. O estudo foi realizado
a partir do acompanhamento das aulas de um professor, nas quais foi utilizado o
GeoGebra como ferramenta de ensino. Como resultados, percebemos que, mesmo
com as dificuldades de acesso por parte dos alunos, o GeoGebra potencializou o
aprendizado de conceitos de Geometria Plana, a partir da boa aplicação realizada
pelo professor.
Palavras-chave: TDIC. GeoGebra. Geometria Plana.

1. INTRODUÇÃO

O uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) avança


exponencialmente em relação ao surgimento de novas metodologias utilizadas pelos
professores. Recentemente, com os tempos de quarentena devido à pandemia de COVID-19
que atinge todo o mundo, os métodos de ensino tiveram que adaptarem-se à forma de Ensino
Remoto Emergencial (ERE), trazendo consigo algumas dificuldades, como, por exemplo, a
falta de comunicação entre o professor e o aluno, a evasão dos alunos nas aulas remotas, entre
outros desafios que impactaram na construção efetiva dos aprendizados.
Por este motivo tem-se buscado estratégias de ensino que possam suprir essa lacuna na
aprendizagem que atingiu grande parte dos professores e alunos que estavam acostumados
com os métodos de lousa e pincel, os quais não se mostraram eficazes ao ensino remoto, pois
a utilização desses recursos estáticos poderia desestimular a criatividade e o envolvimento dos
estudantes. Fez-se necessário que os educadores se moldassem ao desafio de ter que aprender
a usar os softwares de Geometria Dinâmica para o ensino e procurar novos recursos didáticos,
com o intuito de estimular a participação e o engajamento dos alunos nas aulas remotas com
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essas novas tecnologias.
Conforme afirmam Brandão e Cavalcante (2015, p. 2),
No contexto escolar, a tecnologia transformou a realidade do processo de ensino e
aprendizagem. Os alunos passaram a utilizar o computador para preparar os
trabalhos, dispõem de softwares de apresentação de slides para exposição de
seminários e podem relacionar os conteúdos trabalhados na escola com as notícias
do mundo ao seu redor através da internet.
Entretanto, há dificuldades no uso de softwares de Geometria Dinâmica, como, por
exemplo, a falta de computadores que permitam a inserção do aluno e uma formação
específica para que o professor seja capacitado para esse uso. Sabendo que essa dificuldade
afeta muitos docentes, nesta pesquisa focalizaremos uma tecnologia que pode ser trabalhada
em conjunto com o professor nas disciplinas de matemática.
O software educativo GeoGebra, criado pelo matemático Markus Hohenwarter, foi
desenvolvido para educação matemática na Universidade de Salzburg, na Holanda, como um
programa livre. Com inúmeras funções derivadas da Geometria, Álgebra e Cálculo, como, por
exemplo, construção de figuras geométricas, pontos, vetores, segmentos de retas, funções,
cônicas, também é possível aprofundar nos conteúdos voltados à matemática do ensino
superior, tais como derivadas e integrais de funções, podendo, assim, ser usado em diferentes
níveis, desde a pré-escola até a universidade (SANTOS, 2015).
Segundo Paiva (2012, p. 2),
Com relação à forma de abordagem, o GeoGebra pode ser classificado de duas
formas: instrucionista e construcionista. Na abordagem instrucionista o professor
utiliza esse software como ferramenta de apoio na transmissão do conhecimento, já
na abordagem construcionista o aluno pode manipular o software.
Assim, podemos destacar como o GeoGebra se destaca em relação a outros softwares
de Geometria Dinâmica; além do fato de ser um software livre, ele é totalmente traduzido
para o português e conta com diversas fórmulas de manipulação. Araújo e Nóbriga (2010, p.1)
apontam, ainda,
[...] o fato de se poder acessar as funções, tanto via botões na barra de ferramentas,
quanto pelo campo de entrada. Além disso, pode-se alterar as propriedades dos
objetos construídos via janela de álgebra e também através de algumas ferramentas
do botão direito do mouse.
Trazendo para o ensino de matemática, o uso do software é interessante, visto que há
certa dificuldade dos alunos em entender o conteúdo matemático e suas abstrações.
Apresentar o programa pode, assim, instigá-los a buscar novas fontes de conhecimento, tendo
sua criatividade como objeto de construção do seu conhecimento usando do programa que
busca a compreensão do ensino da matemática através na conexão entre a teoria e a prática.
A presente pesquisa se baseou numa pergunta principal: Que impactos a inserção do
software GeoGebra pode causar no aprendizado dos alunos no conteúdo de Geometria Plana
no Ensino Médio? Partindo dessa pergunta, derivaram-se outros questionamentos: Como o
GeoGebra poderia contribuir para a prática do professor de matemática? Quais os desafios dos
alunos ao serem inseridos no uso do GeoGebra com o auxílio do professor?
A seguir, discorremos sobre a metodologia, explicando como ocorreu a pesquisa.

2. METODOLOGIA

O estudo foi iniciado através do Projeto de Extensão “A utilização de softwares de

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Geometria Dinâmica no ensino da matemática”, coordenado pelo Prof. Dr. João Luzeilton de
Oliveira, com o propósito de investigar a aplicação do GeoGebra no contexto da Educação
Básica, visando facilitar o entendimento de conteúdos matemáticos de geometria pelos alunos.
As atividades foram desenvolvidas na cidade de Choró-CE, numa turma de 2º ano do
Ensino Médio da escola EEMTI Emanuel, por ser esta a única escola de Ensino Médio do
município. Acompanhamos as aulas de um professor de matemática no período em que
abordava o conteúdo de Geometria Plana, especificamente nos tópicos de Semelhança de
Triângulos, Círculo e Circunferência e Trigonometria.
Em seguida, juntamente com o professor, fizemos uma análise do livro didático do 2°
ano da disciplina de matemática usado na escola, em busca de pensar em sequências didáticas
que pudessem ser aplicadas a partir do GeoGebra. Em seguida, foi introduzido o software
para auxiliar na explicação e compreensão de alguns conteúdos, sendo as aulas registradas
através de fotos e de relatórios. O projeto foi, assim, dividido em três fases:
Na primeira, foi apresentado o GeoGebra à turma, suas principais funções, barras de
menu, criação de figuras planas e demonstração simples de algumas propriedades de
polígonos. Além disso, foram observadas as práticas do professor em questão no estudo de
Geometria Plana, em particular, no conteúdo de Círculo e Circunferência, fazendo anotações
de ideias e metodologias que poderiam ser aplicadas com o GeoGebra na sala de aula.
Na segunda fase, juntamente com o professor, criamos algumas representações no
GeoGebra, para ajudar nas resoluções dos conteúdos, tal como, a demonstração das leis do
seno e do cosseno usando o GeoGebra, demonstração dos ângulos notáveis e algumas
atividades que foram resolvidas usando o software. Semanalmente eram aplicadas as
animações feitas no GeoGebra, um recurso da Geometria Dinâmica, para uso em sala de aula.
Na terceira e última fase, aplicamos um questionário aos alunos, através do Google
Forms, com o objetivo de saber se o GeoGebra contribuiu de alguma forma para facilitar o
seu aprendizado sobre o conteúdo ministrado. Realizamos, ainda, uma entrevista com o
professor da turma.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das etapas realizadas foi possível identificar que há uma dificuldade dos
alunos na compreensão dos conteúdos apresentados pelo professor na sala de aula. Mas
também identificamos que o uso do GeoGebra pode ter sua parcela de contribuição para o
desenvolvimento do aluno, pois, segundo dados do questionário aplicado, mais da metade dos
alunos consideraram que essa tecnologia facilitou seu aprendizado.
Ao apresentar o software, tivemos uma boa recepção dos alunos; alguns deles
baixaram o aplicativo para celular, porém tiveram dificuldades em seu uso. Os dados do
questionário apontaram, ainda, que usar o GeoGebra em conjunto com a apresentação das
aulas de Círculo e Circunferência facilitou que os alunos entendessem as principais partes do
conteúdo, como o cálculo de área e perímetro.
Quando estávamos a desenvolver representações pelo GeoGebra encontramos muitas
facilidades em associar o ensino de matemática com a inserção dos softwares, usando da
experimentação, conceito que refere-se à ampliação do processo de ensino-aprendizagem por
meio das experiências práticas, podendo trazer a conexão dos alunos com o GeoGebra.
Na entrevista com o professor, o mesmo afirmou que não fez curso ou formação
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específica para o GeoGebra, mas que o utilizava a partir de conhecimentos adquiridos pela
experiência e também durante sua graduação, nas aulas da disciplina de Informática e
Programas Matemáticos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi satisfatório perceber que os métodos aplicados serviram na sala de aula, pois
recebemos muitos feedbacks positivos sobre o GeoGebra, em que professores se interessaram
e gostariam de aprender a usá-lo e utilizá-lo em suas aulas. Foi um trabalho interessante e
proveitoso no que se diz respeito ao aprendizado dos alunos e uma grande experiência para a
nossa formação como professor de matemática.
Expandir os horizontes, se especializar, estar disposto a encarar as transformações de
uma sociedade que está em constante mudança, são desafios corriqueiros para o professor se
distanciar do pensamento de que “aula boa” é somente aquela que faz uso dos métodos
tradicionais (lousa e pincel). Isso nos desperta a vontade de ser professores abertos às novas
tecnologias, que vieram para somar em nossa gama de conhecimentos didáticos.
Agradecemos, por fim, à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Ceará
(PROEX/UECE), que, através do Projeto de Extensão: A utilização de softwares de
Geometria Dinâmica no ensino da matemática, tem propiciado experiências formativas e
investigativas de grande importância para a formação de professores de matemática.

5. REFERÊNCIAS

ARAUJO, Luis Claudio Lopes de; NÓBRIGA, Jorge Cássio Costa. Aprendendo matemática
com o Geogebra. São Paulo: Exato, 2010.

BRÃANDÃO, Pollyanna de Araújo Ferreira; CAVALCANTE, Ilane Ferreira. Reflexões


acerca do uso das novas tecnologias no processo de formação docente para a educação
profissional. In: CÓLOQUIO NACIONAL, 3., Anais [...], 2015. Disponível em:
http://ead.ifrn.edu.br/portal/wp-content/uploads/2016/02/Artigo-29.pdf. Acesso em 10 out.
2022.

PAIVA, Gustavo Henrique Nogueira Rezende. Manual de atividades no Geogebra para a


Educação Básica. Taguatinga, DF. 2012.

SANTOS, Cinthia Danielle Jerônimo. Softwares educativos e educacionais: possibilidades


para o ensino de funções na matemática da educação básica. 2015. Monografia (Licenciatura
em Matemática) – Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Aplicadas e
Educação, Rio Tinto, Paraíba, 2015. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/14564?locale=pt_BR. Acesso em 10 out.
2022.

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