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O GROTESCO

É uma palavra
que se origina
do italiano
grottesco, que
é derivado
de grotta, cujo
significado é
gruta.
O termo surge no século XIV, quando foram
descobertos soterrados em Roma corredores e
salões do palácio Casa Dourada, que teria sido
usado pelo imperador Nero após o grande
incêndio que consumiu boa parte da cidade em
64 dC (e cuja responsabilidade é atribuída a ele).
Domus Aurea
As descobertas feitas no palácio Domus
Aurea (Casa Dourada), do imperador
romano Nero, chamou muito a atenção de
todos pela decoração fantasiosa,
ornamental, com elementos naturais
misturados, sem nenhum estilo clássico.
Além de encontrar réplicas romanas de esculturas
clássicas gregas, desencavou-se, também, muitos
elementos decorativos incomuns, que chamaram
atenção.
Artistas do Renascimento como
Leonardo da Vinci, Rafael e
Boticelli se sentiram atraídos por
este lugar e em suas obras
imitaram a decoração dessas
grutas. Muitos artistas italianos
foram contratados para decorar os
tetos e as paredes das igrejas com
ornamentos grotescos.
Assim, surgiu um novo estilo na arte. Os
elementos típicos da decoração artística grotesca
são diversos: plantas, animais, frutas, raízes e
seres mitológicos. Tudo isso servia de elemento
decorativo.

Para alguns historiadores da arte, o grotesco


constitui uma CATEGORIA ESTÉTICA. Esta
categoria está presente em todo tipo de criação:
figuras deformadas, caricaturas horríveis,
personagens e criaturas sinistras.
Em resumo, esta
categoria se torna um
recurso para DISTORCER A
REALIDADE em sua
dimensão mais
extravagante e ridícula.
Deve-se destacar que o
grotesco na arte está
relacionado ao nosso
modo de perceber a
realidade.
O ornamento grotesco, de modo geral, se caracteriza
pela criação de universos fantásticos - repletos de seres
humanos e não-humanos, e deformados -, pelo apelo à
fantasia e ao mundo dos sonhos e pela fabricação de
outras formas de realidade.
Um dos primeiros exemplos do
ornamento grotesco é o friso
da Anunciação, 1486, de Carlo Crivelli
(1430 -1495), que se destaca pela
deformação de elementos naturais e
pela combinação original de volumes e
cores.

Nos grotescos de Luca Signorelli


(1450 - 1523) para a Catedral de
Orvieto, pintados entre 1499 e 1504,
há um emaranhados de objetos e
criaturas estranhas.
O estilo grotesco espalhou-se, a
partir do início do século XVI, da
Itália para toda a Europa.
Posteriormente, na França do
século XVII, a palavra grotesco
passou a ser usada como um
adjetivo, muitas vezes de
conotação ridícula, antinatural e
excessiva.
Com a ascenção do Neoclassicismo
na Europa, ao final do século XVIII,
o grotesco passou a ser um termo
depreciativo, desprezível, quase
uma ofensa estética.
Dizer que algo era grotesco era
denunciar que este objeto não
seguia os valores de ordem,
nobreza e clareza do período.
Definição
• 1. Que provoca riso pelo ridículo, pela extravagância, por ser
inverossímil, estapafúrdio ou caricato.

• 2. Diz-se do estilo artístico inspirado em ornamentos descobertos


nas ruínas de antigos monumentos romanos e que retratam
animais, homens e seres fantásticos entrelaçados com ramagens,
flores; BRUTESCO; GRUTESCO.
• 3. Diz-se de criação artística ou
estilo que se vale de ornamentos
de graciosa fantasia.

• 4. Diz-se de categoria
estética que tem por tema o
disforme, o ridículo, o
extravagante e até
o kitsch ou que privilegia
esse tipo de imagem.
Cabeças grotescas
Por grotesco pode-se entender
tudo aquilo que se utiliza do
rebaixamento, deslocamento de
sentidos, tudo aquilo que faz uso
de situações absurdas, emerge na
animalidade, utiliza-se das partes
baixas do corpo (ou faz referência
a ela) como forma de atingir o
riso.
Características principais
•Rebaixamento – bathos na retórica clássica
•Deslocamento escandaloso de sentido
•Situações absurdas, animalidade
•Desarmonia do gosto
•Mesmo padrão de reações: riso, horror, espanto
e repulsa
•Sempre associada ao disforme e ao onírico
GROTESCO nos dias atuais
Apesar das críticas aos fenômenos
grotesco/midiático, ele está presente na sociedade
desde os tempos remotos, sobrevivendo até os dias
atuais das mais diversas maneiras, em várias
ferramentas estéticas e artísticas.
Gêneros
Representado - quando utiliza o suporte escrito,
isto é, literatura e imprensa, ou o suporte
imagístico, tais como pintura, fotografia, cinema,
televisão, entre outros. Jornais de
cunho sensacionalista ou popularesco apoiam-se
neste gênero como forma para atrair leitores
Atuado: ocorre por meio de situações de
comunicação direta, vividas ou encenadas nos
palcos. Subdivide-se em três naturezas:

Espontânea – são acontecimentos da vida real que expõe


questões irrelevantes para o grande público como sendo algo
publicável. Um exemplo são os programas de colunismo
social.
Encenada (burlesca) – São formas de grotesco
apresentadas em peças teatrais. Muito comum no
teatro cômico, faz rir utilizando gestos e expressões
conhecidos e risíveis do novo público.

Carnavalesca – "aparece nos ritos e festas regidos


pelo espírito carnavalesco, desde festejos populares
até o carnaval propriamente dito.”
Televisão
•Riso cruel – sofrimento do outro
•Riso massivo – miséria, opressão, falta
de solidariedade recaem na indiferença.
•Pode-se rir de tudo e ser compensado
por prêmios
•Reality-show. Trash
Mídia
“O grotesco é a estética da hibridização de universos
culturais diferentes. O grotesco exaspera essas
diferenças. Foi a ele que a TV, no final da década de 60,
apelou quando quis atrair os migrantes de segunda e
terceira geração, das classes C e D, cujo universo
cultural é o do circo, da praça, da feira”. Muniz Sodré
Mídia
“Sendo o grotesco uma estética perfeita para arregimentar público, tem
a capacidade de atrair tanto as classes mais baixas quanto um
telespectador de nível mais elevado. Mas esse efeito de estranhamento
pode funcionar para seduzir o público e prendê-lo diante da tela até
chegar o comercial, como também ajudar a desvelar o poder de uma
determinada estrutura. (...) O grotesco tem uma função alienante, mas
também pode ter uma função altamente crítica.”, Muniz Sodré
Espécies - modalidades expressivas
Escatológico – Dejetos humanos, secreções, partes baixas do
corpo

Teratológico – Monstruosidades, aberrações, deformações,


bestialismos

Chocante – Sensacionalismo

Crítico – Charge (reprodução realista de personagens),


caricatura de natureza crítica ou paródica – desmascara
convenções.
Exemplos
de grotesco
• Chargistas
• A revolução dos bichos,
George Orwell
• A metamorfose – Kafka
• Marilyn Manson – músico
• Macunaíma – Mario de Andrade
• Programas de tv diversos
• Salvador Dalí
• Machado de Assis,
Nelson Rodrigues,
Monteiro Lobato, Rubem Fonseca
O Corcunda de
Notre Dame
Alice no País
das Maravilhas
A Revolução
dos Bichos
A Metamorfose
O GROTESCO
na fotografia
contemporânea
Joel-Peter Witkin
fotógrafo
americano.
Utiliza cadáveres
como modelos e
trata as fotos
para dar aspecto
antigo.
David Nebreda

Fotógrafo espanhol. Vive praticamente


recluso num pequeño apartamento em Madri.
Se comunica através das suas fotos.
Jan Saudek
fotógrafo tcheco,
mostra delírios e
fetichismos em
imagens.
fotógrafo alemão.Cria um mundo escuro e
Herr Buchta estranho, com cenas de mutilação, entre
outros temas.
Daikichi Amano
fotógrafo japonés, toma
como referência a
mitologia para criar
imagens impactantes.
Stefan Heilemann
fotógrafo e
designer alemão,
trabalha muito
com preto e
cores fortes.
E no fotojornalismo?
E na publicidade?
“...é o fenômeno
da desarmonia do
gosto.”
Bibliografia:
O Império do
Grotesco

Muniz Sodré e
Raquel Paiva
Editora Mauad

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