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088 - Hipopituitarismo
088 - Hipopituitarismo
O tratamento do HH na mulher abaixo dos 50 anos se faz pêutica no HC da mesma maneira que no hipotiroidismo primá-
forma cíclica, usualmente por via oral, com estrógenos por 25 dias, rio: os níveis de TSH estarão baixos ou mesmo indetectáveis no
associados a um progestágeno do 15º ao 25º dia, suspendendo- paciente com HC em reposição adequada de tiroxina.
se até o 5º dia do fluxo menstrual. A dose de estrógeno oral deve O tratamento da IAC pode ser feito com uma dose única
ser individualizada para evitar efeitos colaterais e atingir os objeti- diária de prednisona oral, geralmente entre 2,5 e 5,0 mg pela ma-
vos da reposição, seja feminização plena ou controle sintomático nhã. Na prática, essa dose é acertada empiricamente, tendo-se em
do hipoestrogenismo. Para tanto, as doses variam de 0,3 a 1,25 conta que o metabolismo do glicocorticóide apresenta variação in-
mg para os estrógenos conjugados, de 1,0 a 2,0 mg para o estra- dividual, sendo acelerado pelo uso de outras drogas ou hormônios
diol micronizado, de 0,01 a 0,02 mg para o etinil estradiol e em (barbitúricos, hidantoinatos, tiroxina), e que os efeitos de doses
torno de 2,0 mg para o valerato de estradiol. Essas doses geral- excessivas (síndrome de Cushing) podem levar meses a anos para
mente determinam níveis séricos de estradiol entre 30 e 50 pg/ se manifestar. Assim, o tratamento deve ser iniciado com doses en-
mL, que correspondem aos níveis observados no início da fase fo- tre 1,25 e 2,5 mg, sendo que essa última é eficaz em grande par-
licular. A associação cíclica de progestágenos [2,5-10 mg de ace- te dos pacientes, mas alguns poderão necessitar de 5 mg ou, mais
tato de medroxiprogesterona (MPA) ou derivado progestagênico raramente, de 7,5 mg ao dia.
sintético] permite a menstruação e evita a hiperplasia endometrial. É importante que pacientes com insuficiência adrenal sejam
Alternativamente, podem-se utilizar estrógenos e progestágenos si- orientados para ter em casa uma preparação de glicocorticóide pa-
multaneamente, de forma contínua, o que induz maior freqüência ra uso parenteral que deverá ser utilizada em intercorrências hipo-
de amenorréia sem elevar o risco de hiperplasia endometrial. Outras volêmicas (hemorragia, vômitos, diarréia), infecciosas, cirúrgicas,
alternativas à MPA são a progesterona micronizada (100 a 200 mg traumáticas e neurológicas (rebaixamento de consciência, convul-
diariamente) e os progestágenos tipo19-nor, noretindrona (0,35 são). A orientação de familiares próximos também é fundamental,
mg), gestodeno (0,75 mg) ou levonorgestrel (0,075 mg), sendo uma vez que muitas dessas intercorrências cursam com confusão
a escolha individualizada pela tolerância. O controle da prolifera- mental ou rebaixamento de consciência, incapacitando o pacien-
ção endometrial pode ser feito com ultra-sonografia e biópsia en- te para identificar o quadro e/ou para se auto-administrar o glico-
dometrial. Em casos de retardo puberal, a reposição de progeste- corticóide. Todos esses pacientes devem portar, em lugar visível,
rona deve ser iniciada após período de 1 a 2 anos de estimulação uma identificação alertando para sua condição com orientação te-
estrogênica em doses crescentes para permitir a completa matura- rapêutica para situações de urgência.
ção uterina antes do início dos ciclos menstruais. Na crise aguda de insuficiência adrenal, não se deve esperar
A administração de estrogênios via transdérmica, com ade- os resultados das dosagens hormonais para iniciar o tratamento com
sivos ou gel, propicia concentrações plasmáticas de estradiol mais glicocorticóide. Nas primeiras 24 horas, são utilizadas doses altas
estáveis e reduz a conversão a estrona quando comparada às formu- de glicocorticóide e hidratação parenteral com solução fisiológica.
lações de uso oral. Por não apresentar uma primeira passagem pelo Tradicionalmente, utiliza-se a hidrocortisona IV (100 mg em bo-
fígado, o uso de estrogênio transdérmico evita os efeitos indesejá- lus, seguida por 50 a 100 mg a cada 8 horas), mas qualquer outro
veis na coagulação e pressão arterial, embora não favoreça o perfil glicocorticóide disponível, em doses equivalentes, será igualmen-
lipídico. Além disso, interfere menos nos níveis de SHBG, permi- te efetivo. Em situações de estresse moderado, sem impedimento
tindo maior fração de hormônio livre circulante e biologicamente da via oral, o paciente deve estar orientado para aumentar sua dose
ativo. A aplicação de uma dose de 50 a 100 µg de etinil-estradiol diária de glicocorticóide (ou aquela que seria sua dose diária) cerca
via transdérmica, duas vezes por semana, ou de 1,5 g de gel con- de 2 a 4 vezes, durante 2 a 4 dias, reduzindo-a gradualmente à me-
tendo 1,5 mg de estradiol hemi-hidratado equivale à ingestão oral dida que houver melhora sintomática. Mesmo nessas situações me-
de 0,625 a 1,25 mg de estrógeno conjugado, sendo que a adição nos graves, deverá sempre se comunicar com o médico e procurar
de progestágenos ao adesivo não altera a absorção do estrógeno. atendimento caso não ocorra a melhora clínica esperada. Na pre-
Alguns sistemas de aplicação utilizam adesivos contendo quanti- sença de insuficiência adrenocorticotrófica associada, o tratamen-
dades variáveis de estradiol que permitem mimetizar as variações to com tiroxina não deve ser iniciado antes da reposição glicocor-
fisiológicas de seus níveis ao longo do ciclo menstrual. Alguns pa- ticóide devido ao risco de crise de insuficiência adrenal.
cientes podem apresentar alergia no local de aplicação do adesivo
ou mesmo queda dos níveis estrogênicos antes do previsto.
O HC, assim como o primário, é tratado com levotiroxina
via oral. A dose da medicação no adulto jovem varia de 0,7 a 1,5
µg/kg/dia, sendo geralmente mais baixa nos idosos. Nas crian-
ças, as doses variam de acordo com a idade: 8 a 10 µg/kg/dia até
os 6 meses, 6 a 8 µg/kg/dia dos 6 aos 12 meses, 5 a 6 µg/kg/dia 089 Deficiência do Hormônio do
de 1 a 5 anos, 4 a 5 µg/kg/dia dos 6 aos 12 anos. Essas doses de- Crescimento
vem ser ajustadas individualmente com da monitorização clínica e
laboratorial a cada 6 semanas até se atingir a dose de manutenção, Antônio Roberto Chacra
após o que a monitorização poderá ser feita a cada 6 meses. Doses Ana Maria J. Lengyel
excessivas de hormônio tiroideano podem causar sintomas de tiro-
toxicose e desencadear insuficiência adrenal, bem como favorecer
o desenvolvimento da osteoporose, ao passo que doses baixas po-
dem elevar ainda mais o risco cardiovascular já elevado pela DGH
A queixa da baixa estatura é freqüente. Na grande maioria dos
pacientes não existe causa endocrinológica e a queixa decor
re de pressões socioculturais em relação à possibilidade de o in
coexistente. Os níveis séricos de T4 livre deverão ser mantidos no divíduo ser “baixo” na idade adulta. O crescimento depende da
meio da faixa normal, evitando-se valores normais baixos ou nor- ação sinérgica de vários hormônios: hormônio do crescimento
mais elevados, que são os menos freqüentes na população geral. O (somatotrofina), insulina, hormônios tiroidianos, cortisol e es
TSH não pode ser utilizado como parâmetro de adequação tera- teróides sexuais.