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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO

RELATÓRIO PARCIAL

(2019 – 2020)

INVESTIGANDO A RESILIÊNCIA DE COMUNIDADES


QUILOMBOLAS ,GARANHUNS-PE

INVESTIGANDO A RESILIÊNCIA DA COMUNIDADE DE ESTRELA

Relatório Parcial apresentado à Pró-


Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação
e Inovação como parte dos
requisitos do Programa de Iniciação
Científica do IFPE, sob orientação
do(a) Prof(a). Edinéa Alcântara de
Barros e Silva

Roberta Thaís de Farias Silva


GARANHUNS
FEV/2020

1.Introdução

De acordo com o INCRA (2016) no Artigo 2º do Decreto 4.887/2003, são considerados


remanescentes das comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de
auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com
presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. INC

Tal caracterização deve ser atestada mediante auto definição da própria comunidade. Esse ponto
traz de uma forma clara a questão da consciência da identidade coletiva, da consciência do que
se é, enquanto o parâmetro principal que todo grupo humano utiliza e sempre utilizou em toda a
história, na construção de sua identidade coletiva.

A história da escravidão mostra a luta e perseverança ,marcadas por atos de coragem e


determinação ,que caracterizam a “Resistência Negra" cujas formas variavam em revoltas, fugas,
condições de trabalho e vida, religião, até os mocambos ,mas conhecidos como
quilombos(MONANGA,2011).

De acordo com GOMES(2011), Zumbi é uma das figuras mais misteriosas e intrigantes da
história brasileira. Cercado de incógnitas, sua biografia remonta não apenas um cenário de lutas
e resistência, mas também a capacidade que um povo tem de resistir, enfrentar a realidade em
busca de seus ideais. Seria Zumbi dos Palmares não apenas um dos maiores ícones da luta pelas
desigualdades, mas diante das adversidades enfrentadas, da escravidão, do sofrimento e opressão,
seria ele um símbolo de resiliência? No ser humano a resiliência demonstra não apenas a
capacidade de adaptação, mas também de evolução após os momentos de adversidades, com isso
ao abordar esse episódio, seria razoável afirma que ao enfrentar o poder hegemônico vigente em
virtude de seus princípios estaria registrado na história das lutas libertárias no Brasil um dos
grandes exemplos da resiliência?

E como resiliência pode ser definida como “a capacidade humana de enfrentar, vencer e se
fortalecer ou se transformar por experiências adversas” (ALCÂNTARA, FURTADO,
MONTEIRO, 2011) a experiência do Quilombo dos Palmares marcou a história de um povo e de
suas lutas. Palmares tem na sua origem na luta e resistência, a resiliência de um povo para resistir
a situações adversas.

Vale apontar a superação da ideia de raça, a contribuição dos africanos nas artes plásticas, na
religião e na música. Segundo SOUZA(2006) as ações afirmativas que recentemente vêm sendo
implantadas na sociedade brasileira: “( ...) a garantia do acesso a posições às quais os afro-
brasileiros estiveram sistematicamente excluídos é um começo na conquista de condições mais
igualitárias para o desenvolvimento de todas as pessoas, independente de suas origens étnicas
ou sociais” (p.144).

O objetivo geral da presente pesquisa é a resiliência de comunidades quilombolas situadas no


munícipio de Garanhuns, com foco na comunidade quilombola Estrela analisando os principais
fatores que colaboram para o desenvolvimento da resistência e formação de sua identidade
cultural. Objetivando-se especificamente:

• Investigar os fatores, aspectos e indicadores da resiliência da comunidade quilombola de Estrela.

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• Investigar normas e mecanismos de resistência da comunidade quilombola.
•Registrar a história de resistência e de luta e o modus vivendi quilombola.

2.Metodologia

Na realização da presente pesquisa na Comunidade Quilombola de Estrela, Garanhuns-PE


utilizou-se uma visão multi e interdisciplinar, para que os aspectos como a cultura, meio ambiente
e socioeconômicos fossem contemplados. O estudo de caso foi o instrumento instituído para
estruturar a pesquisa, que de acordo com Yin (2006), é o mais indicado para este objeto de estudo.

•Planejamento •Realização de
•Analise
de atividades; entrevistas
Qualitativa;
individuais e
•Nivelamento em grupos; •Registro do
de material coletado;
informações; •Observação
direta,
observação
participante;

Infográfico 1 – Metodologia dividida em etapas.


Fonte: Elaborada pelo autor.

3. Resultados

Diante de todos os dados e informações coletadas a partir do questionário elaborado e devidamente


aplicado aos indivíduos da comunidade quilombola Estrela foi possível perceber pilares que dão estrutura
para a resiliência comunitária na comunidade de Estrela: A Cultura que determina as tradições e os
costumes, aspectos importantes na vida cotidiana da comunidade; Identidade Cultural, na qual o
indivíduo passa a se reconhecer como quilombola e parte de um grupo social e assim aprendem a lutar
por aquilo que acreditam; Coletividade, pois a partir do momento em que os indivíduos sentem-se como
parte de um grupo, eles passam a ter objetivos e metas para o bem da comunidade geral;

Foi possível perceber diante dos relatos, que ocorreu uma melhora através dos anos no que diz respeito
ao mercado de trabalho e educação para os indivíduos da comunidade, entretanto pode-se notar que
houve uma certa diminuição nas tradições passadas por gerações , que haviam anteriormente em Estrela.

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4.Conclusões

Após investigar os fatores, aspectos e indicadores da Resiliência da comunidade quilombola


Estrela no município de Garanhuns, PE é possível identificar os desafios que um grupo, uma
sociedade que é multicultural no seu modo de vida enfrenta para poder garantir sua devida
permanência como também seu retorno a esse universo tão rico e diversificado
culturalmente.

A cultura, religião ,coletividade e identidade cultural são os principais fatores que sustentam a
resiliência em circunstâncias vivenciadas pelos indivíduos da comunidade.

Percebe-se que a comunidade de Estrela sofreu e ainda sofre nos dias de hoje impactos que a
globalização causou e que apesar de suas tradições virem diminuindo com o tempo,
principalmente entre os mais jovens, a comunidade como um grupo tentam encontrar formas
e mecanismos de revive-las e preservar sua cultura que é tão rica e diversificada.

Referências
ALCÂNTARA, E. Resiliência urbana de cidades costeiras: um recurso para enfrentar as
mudanças climáticas. 2014. 89f.Relatório Final (Programa de pós-doutorado) – Laboratório de
Estudos Periurbanos, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
ALCÂNTARA, Edinéa de Barros e Silva. FURTADO, Maria de Fátima Ribeiro de Gusmão.
MONTEIRO, Circe Maria Gama. Resiliência Social Urbana: Compreendendo como comunidades
pobres sobrevivem em face de políticas públicas inadequadas. Encontro da Sociedade Brasileira
de Economia Ecológica. Brasília- 2011.

GOMES, Flávio dos Santos .De olho em Zumbi dos Palmares : histórias, símbolos e memória
social — São Paulo: Claro Enigma, 2011

INCRA. REGULARIZAÇÃO DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA :perguntas & respostas-2016


Disponível em:< http://www.incra.gov.br/pt/ >.Acesso em 16 de Julho de 2020
MUNANGA, Kalengele & GOMES ,Milla Lino. O Negro no Brasil de Hoje. São Paulo, Editora
Global.

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SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 2 ed. Porto Alegre:
Bookman, 2006.

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