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Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4

Cadernos PDE

VOLUME I
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009
1

RESGATE DA CULTURA SERTANEJA DA COMUNIDADE SERTAO DE


CIMA/JAGUARIAIVA/PARANA

Luiz Gering 1
Marco Aurélio M. Pereira 2

RESUMO

Este artigo traz uma reflexão dos valores culturais, vivenciado pela comunidade
sertaneja, e sua conseqüente aculturação, a implementação da pesquisa de campo
constatou alguns problemas sociais com transformações em vários aspectos da
realidade, como a qualidade de vida, educação, saúde, lazer, religiosidade entre
outros, e com um distanciamento entre ricos e pobres e degradação do meio
ambiente. A observação da realidade em que vive a comunidade na qual a escola
Milton Sguário está inserida, nos fez perceber a perda de valores culturais, devido a
aculturação da população. A identidade camponesa, com prática da agricultura
familiar está desaparecendo e cedendo lugar ao cultivo do reflorestamento de pinus.
A constatação de grandes problemas sociais, a partir de certa fragilidade em relação
a qualidade de vida, parece ser natural pelo grande distanciamento entre
privilegiados e desfavorecidos, com destaque do deslocamento da riqueza produzida
para outros locais. O objetivo desse trabalho foi proporcionar espaços de reflexão
sobre a realidade em que vivem os moradores do Sertão de Jaguariaiva, e realizar
atividades escolares de valorização de sua identidade, para que se tornem assim
sujeitos de sua própria história, com maior autonomia. A metodologia adotada foi o
trabalho com a história oral, resgatando a memória cultural, com questionários e
entrevistas com as pessoas mais idosas e com mais conhecimento sobre a
formação e história do Sertão. Com os resultados alcançados, acreditamos ser
possível fazer com que os alunos, moradores do sertão, conheçam e valorizem a
sua identidade e sua história.

Palavras – chave: história oral, memória, identidade, valorização da vida.

ABSTRACT

This article provides a reflection of cultural values, experienced by the community,


and its consequent sertaneja acculturation, the implementation of field research
found some social problems with transformations in various aspects of reality, as the
quality of life, education, health, leisure, religiosity among others, and with a gap
between rich and poor and environmental degradation. The observation of the reality
you live in the community where the school Milton Sguário is inserted, made us
realize the loss of cultural values, because the acculturation of the population.
Peasant identity, with the practice of family agriculture is disappearing and yielding
1
*Professor de história da Rede Pública Estadual do Paraná, com licenciatura em Filosofia e
Especialista em Pedagogia para o Ensino Religioso, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
e-mail: luiz.gering@gmail.com
2
Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
2

place to the cultivation of reforestation of pinus. The finding of large social problems,
from a certain fragility in relation to quality of life, seems to be natural by the great
distance between privileged and disadvantaged, in particular the displacement of the
wealth produced in other locations. The goal of this work was to provide spaces for
reflection on the reality in which they live the inhabitants of Sertão Jaguariaiva,
school activities and perform the recovery of your identity, to become so subject to
their own history, with greater autonomy. The methodology adopted was working with
oral history, rescuing cultural memory, with questionnaires and interviews with older
people with more knowledge about the formation and history of the Sertão. With the
results achieved, we believe it is possible to do with students, residents do Sertão,
know and appreciate its identity and its history.

Keywords: oral history, memory, identity, valorization of life.

INTRODUÇAO

O presente artigo proposto como exigência de conclusão das atividades do


PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, implementado pela SEED
(Secretaria Estadual de Educação), dentro do programa da formação continuada dos
profissionais da educação, no sentido da valorização da qualidade do ensino-
aprendizagem, vem relatar a implementação do projeto, na comunidade sertaneja,
do Sertão de Cima com tema: “O resgate cultural via comunidade escolar” durante a
pesquisa percebe que a história cultural desse povo estava caindo no esquecimento
desvalorizando assim as riquezas dos primeiros habitantes do local, constituindo-se
em uma grande perca das contribuições deixadas pelos antepassados.
Caminhando por entre as diversas trilhas espalhadas nos diferentes cantos,
transitam sabedoria popular muitas vezes adormecida nas mentes das mais
variadas pessoas, cabendo ao pesquisador (estudioso) provocar o despertar dessa
sabedoria, para transformar a sociedade, através da narrativa oral e recuperação da
memória.
A valorização do entorno da escola é uma necessidade, para os educadores
que tem como objetivo um ensino aprendizado eficiente, com vista à verdadeira
conscientização, para o exercício da cidadania, caso contrário é apenas a pseuda
educação que para nada serve a não ser para criar marionetes em favor dos
aproveitadores do sistema.
Para consciência da identidade desse povo fez-se necessário compreender
as transformações ocorridas nos últimos trinta anos até os dias atuais. Foram essas
transformações que oportunizaram o desenvolvimento da pesquisa, que com a
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analogia junto a história nova desenvolve-se nova estratégia, para execução e


realização das atividades, funcionando como ferramenta alternativa na
concretização da pesquisa, contando também com a utilização da historia oral,
constituindo-se em uma nova metodologia para o entendimento da historia
contemporânea.
Com a valorização da cultura popular e o desmascaramento de preconceitos
que caracterizou a historia tradicional negando espaço para outras visões, neste
momento é conquistado novo espaço que através de sua complementaridade vem
surgindo como mais uma ferramenta de pesquisa e analise para o conhecimento
histórico. É através desta abertura para novas análises de conhecimento, e tendo
em vista a valorização da memória encarnada no seio da comunidade que se realiza
este artigo.
Por meio do grupo de trabalho em rede (GTR) houve integração entre os
professores de várias localidades do Estado, com desenvolvimento de diferentes
atividades, oportunizando assim a realização reflexiva do material didático
pedagógico aplicado na escola, os quais fizeram suas análises da viabilidade do
material, havendo assim partilha das experiências vivenciadas durante todo o
percurso da pesquisa, percebeu-se grande interesse pelos participantes e a
relevante contribuição, para aprimoramento do ensino-aprendizagem.
Percebe que as novas Diretrizes básicas, proposta para a disciplina de
História, vem de encontro com a Nova História Cultural, abrindo leque de
possibilidades, para compreensão da historiografia, favorecendo o reconhecimento
dos grupos negados pelo sistema.

RESGATE DA CULTURA SERTANEJA DA COMUNIDADE SERTAO DE


CIMA/JAGUARIAIVA/PARANA

Com a História oral percebe o confronto entre passado e presente, onde a


história não é apenas conhecimento, mas também pratica social, formando cidadãos
sujeitos historicamente constituídos, que possam perceber a sua inserção na
História como sujeitos (no presente), herdeiros (do passado) e construtores (do
futuro), sendo de grande importância para o processo de ensino aprendizagem, no
sentido de conscientizar os alunos, alunas e comunidade da importância do resgate
cultural, fazendo com que sejam motivados em conhecer a História vivida pelos
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antepassados repensando assim os valores vivenciados no mundo da globalização


com o consumismo desenfreado, afetando as pequenas localidades como o
exemplo da comunidade sertaneja, interligando aos costumes vivenciados na vida
urbana, para aprimoramento dos mecanismos defendidos pelo neoliberalismo,
inclusive rompendo com a qualidade de vida.
A história oral constitui em uma metodologia muito usada em pesquisas
históricas e sociológicas, como forma de valorização das recordações de memórias
individuais, sendo um método de recolhimento de informações através de
entrevistas com pessoas que vivenciaram algum fato de relevância e importância.
Mesmo sendo muito usada, sua credibilidade é questionada por muitos
estudiosos, alegando que o entrevistado pode ter uma falha de memória, criando
uma trajetória artificial, e assim fantasiar, omitir ou mesmo mentir, mesmo com essa
não confiabilidade da memória, conseguiu estabelecer uma metodologia bem
estruturada para produção de dados a partir de relatos orais, tornando uma opção
metodológica que enriquece e inova a relação de conteúdos abordados,
promovendo a busca de produções historiográficas diversas.
A transformação para melhor de uma determinada realidade acontece
repentinamente no momento da valorização dos sujeitos envolvidos, quando eles
percebem o potencial intrínseco em cada membro que compõe a comunidade,
através da percepção da importância de cada indivíduo na solução de seus
problemas. Motivando a união de todos ao bem comum, para a existência da
unidade dentro da grande diversidade cultural.
Muito traço cultural vem sendo incorporado no modo de vida no campo,
mesmo assim existem traços do mundo camponês que voltam a ser respeitada,
como forma de resgate de alguns valores humanos, os quais foram sufocados pelo
tipo de urbanização que vem caracterizando nosso processo de desenvolvimento,
buscando a efetivação da autenticidade.
Nas últimas duas décadas, pode-se considerar como sendo quase um senso
comum a idéia de que identidades coletivas são construções políticas e sociais e
que devem ser tratadas como tal. Desta nova perspectiva, passou-se a afirmar que
indivíduos constroem suas identidades e que a manutenção destas identidades
depende do processo resultante das interações mantidas por estes indivíduos no
processo de compreensão de si próprios e de suas intervenções na realidade.
Identidades coletivas passaram a ser compreendidas a partir não só de um
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agregado de interações sociais, mas também da razão político-administrativa de


atores sociais. Afinal, se identidades são construídas, a que interesses elas servem
e quem são aqueles excluídos do processo?
A noção de identidade, que rompe com as dicotomias entre indivíduo e
sociedade, passado e presente, bem como entre ciência e prática social, está tão
associada à idéia de memória como esta última à primeira. O sentido de
continuidade e permanência presente em um indivíduo ou grupo social ao longo do
tempo depende tanto do que é lembrado, quanto o que é lembrado depende da
identidade de quem lembra.
Castells (2000) observa que as identidades “constituem fontes de significado
para os próprios atores, por eles originadas, e constituídas por meio de um processo
de individuação”, o que torna toda e qualquer identidade resultante de uma
construção, que tem como objetivo organizar significados que se mantenham ao
longo do tempo, em um determinado espaço e em um contexto social e político
fortemente marcado por relações de poder. Por isso Castells propõe a seguinte
distinção entre os processos de construção de identidades:
Identidade legitimadora: introduzida pelas instituições dominantes da
sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos
atores sociais; Identidade de resistência: criada por atores que se encontra em
posições/ condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação,
construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em
princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo
oposta a estes últimos; Identidade de projeto: quando os atores sociais, as
utilizações de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance constroem uma nova
identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a
transformação de toda a estrutura social.
Para Pollak (1989), ao privilegiar a análise dos excluídos, dos marginalizados
e das minorias, a história oral ressaltou a importância de memórias subterrâneas
que, como parte integrante das culturas minoritárias e dominadas, se opõe à
“Memória oficial: [...] existem nas lembranças, de uns e de outros, zonas de sombra,
silêncios, ‘não-ditos’. As fronteiras desses silêncios e ‘não-ditos’ com o
esquecimento definitivo e o reprimido inconsciente não são evidentemente
estanques e estão em perpétuo deslocamento. Essa tipologia de discursos, de
silêncios, e também de alusões e metáforas, é moldada pela angústia de não
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encontrar uma escuta. (POLLAK, 1989, p.3).


Pollak ainda afirma, que aquilo que “a memória individual grava, recalca,
exclui, relembra é, evidentemente, o resultado de um verdadeiro trabalho de
organização”, assim como também é o trabalho de construção de um texto ficcional,
principalmente se está calcado em memórias individuais e coletivas. Para o autor, há
uma ligação muito estreita entre a memória e o sentimento de identidade - o sentido
da imagem de si, para si e para os outros. Esse sentimento é “[...] a imagem que a
pessoa adquire ao longo da vida referente a ela própria, a imagem que ela constrói e
apresenta aos outros e a si própria, para acreditar na sua própria representação,
mas também para ser percebida da maneira como quer ser percebida pelos outros.
Nessa construção da identidade, há três elementos essenciais. Há a unidade física,
ou seja, o sentimento de ter fronteiras físicas, no caso do corpo da pessoa, ou
fronteiras de pertencimento ao grupo, no caso de um coletivo; há a continuidade
dentro do tempo, no sentido físico da palavra, mas também no sentido moral e
psicológico; finalmente, há o sentimento de coerência, ou seja, de que os diferentes
elementos que formam um indivíduo são efetivamente unificados. (POLLAK, 1992,
p. 204)”.
O trabalho de Halbwachs tem servido como fonte de aprendizado a toda uma
geração de historiadores, antropólogos e sociólogos que se voltam hoje para o
estudo da construção de mentalidades e identidades coletivas. Por possibilitar uma
melhor compreensão da relação entre identidade, "ego" e representações coletivas
presentes nos quadros sociais da memória, seu trabalho continua a nos mostrar
hoje, como mostrou no passado, que nossa capacidade de pensar, agir e
transformar o mundo necessita sempre considerar seus limites, pois há nestes
processos, aspectos que, por mais que os incorporemos nos antecedem e sobre os
quais não temos total controle e que as marcas deixadas pelo passado não são tão
imperceptíveis e inócuas como muitos supõem.

METODOLOGIA

A implementação do projeto foi realizada durante o terceiro período do


programa de Desenvolvimento Educacional, o qual envolveu toda comunidade
escolar,. Essa etapa é considerada como a mais importante pelo fato da integração
de toda escola e seu entorno, a empolgação com todos os envolvidos, foi muito
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grande, tornando gratificantes todos os momentos em que se percebeu o brilho nos


olhos dos alunos e demais pessoas que contavam as histórias dos antepassados,
esse encantamento é a razão da importância da continuidade do desenvolvimento
do projeto e criação de outros, com vista à promoção do ensino-aprendizagem,
através do envolvimento da comunidade e integração trabalhando a individualidade
dentro da totalidade, exterminando toda e qualquer forma que alimente a exclusão.
Para realização das entrevistas junto a comunidade, primeiramente foi
elaborado um questionário contemplando diferentes aspectos relacionado ao
contexto sertanejo, para promoção do desenvolvimento da consciência da realidade
implícita e explicita, no sentido da implementação da consciência reflexiva a qual, foi
utilizado pelos alunos no período de sua concretização.
As atividades foram realizadas em equipe a qual fez uma análise dos
questionamentos, para realização das atividades extraclasse, cada equipe
selecionou algumas pessoas do local, as quais julgaram ter mais conhecimento
sobre a realidade sertaneja, para aplicação da pesquisa foi utilizado um
questionário. A distribuição das atividades junto aos alunos da 8ª série do ensino
fundamental, com 2ª e 3ª série do ensino médio do Colégio Estadual Milton Sguário,
demonstrou uma infinidade de aspectos das raízes da comunidade muitas se
identificando com as pesquisas dos historiadores consagrados.
Durante a implementação do projeto foram realizadas varias atividades que
se desdobraram até a conclusão da pesquisa, aproveitando as contribuições
fornecidas pelos integrantes do GTR, pois houve atividades exclusivas para
enriquecimento do material, cada integrante forneceu sua contribuição,
aperfeiçoando assim a confecção do material didático pedagógico, e
conseqüentemente sua implementação, na qual se percebeu grande aprimoramento
viabilizando sua implementação com sucesso.
A implementação foi iniciada no Colégio, com apresentação do programa de
desenvolvimento educacional e projeto desenvolvido na escola, para professores e
os demais profissionais da educação. Em seguida foi realizada uma reflexão sobre o
material didático pedagógico, com espaços para cada um acrescentar sua
contribuição, e aplicabilidade aos alunos com os demais membros da comunidade.
Após essa etapa, foi apresentado aos alunos e logo em seguida foi introduzido o
tema, com analogia ao filme (Narradores de Javé) mostrado a todos os educandos,
com a realização de uma série de atividades relacionando o filme com as realidades
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vivenciadas pela comunidade, após essa etapa tem início a reflexão sobre o
questionário e sua aplicação junto à comunidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A conversa com o Prof. José Axt, foi muito importante para realização desse
artigo. A História do Sertão começa antes da chegada do homem branco, quando os
índios possuíam uma via terrestre que cortava o sertão de cima, no período pré-
colombiana de 200 légua existente no século XVI tida como transitável era o
chamado caminho de Peabiru, percorrido inicialmente pelo explorador espanhol
Dom Alvarez Nuñes “Cabeça de Vaca” em 1541. Era uma rota continental que
ligava o Oceano Atlântico ao Pacífico.
O tronco principal partia de São Vicente ou de Cananéia no litoral paulista,
entrava no território paranaense pelo Vale do Assungüi, seguindo pela região dos
Campos Gerais e pelos cursos dos rios Tibagi, Cantu e Ivaí, atingindo o Rio Paraná,
penetrava em território paraguaio e terminava no Peru pela Cordilheira dos Andes. O
caminho do Peabiru possuía numerosas ramificações para o norte e para o sul com
denominações diferentes. Muitas pessoas transitando por essa via terrestre tiveram
oportunidade de conhecer um dos principais produtos da economia paranaense, a
erva mate.
Com a chegada dos primeiros habitantes na região do sertão, já foi possível
perceber a existência de grande quantidade de erva mate nativa e muito utilizada
pelos povos indígenas, percebendo assim sua importância apesar de ser uma erva
proibida pelas autoridades da igreja Católica. Os primeiros moradores faziam a
coleta da erva e com cargueiros nos lombos dos burros ou mesmo de cavalos
transportavam até a cidade na época não existiam estradas apenas alguns carreiros
de difícil acesso, na cidade as ervas eram comercializadas com objetivo de comprar
os produtos de primeira necessidade não produzidos no sertão como, por exemplo,
o sal, querosene e tecidos.
A pesquisa foi realizada na comunidade dos bairros que compõe o Sertão de
Cima, os quais se localizam no município de jaguariaíva estado do Paraná cidade
que contem aproximadamente 33 mil habitantes, a qual foi elevada à categoria de
freguesia em 1823, no ano de 1875 a categoria de vila, em 1892 a categoria de
município e em 1908 a categoria de cidade.
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Uma das figuras de maior projeção na formação do município foi o coronel


Luciano carneiro lobo o qual adquiriu a fazenda jaguariaíva, em 1795. Apos a morte
de sua primeira esposa, D. Francisca, passou a residir definitivamente na fazenda, e
em 1810, contraiu núpcias com Isabel Branco e Silva, que prestou relevantes
serviços ao município.
Outro incentivador e grande contribuidor pelo progresso da região foi o senhor
Francisco Xavier da silva, do qual sucederam as famílias Ferreira de Almeida, Melo
Sampaio e Marques.
O toponimio de origem indígena significa: jaguar = cachorro mau, ou seja, o
conhecido lobo + y = água=aiva= do outro lado, significando “cachorro mau que
ladra do outro lado da água”,com alusão ao “pouso” dos tropeiros que descansavam
as margens do rio no local., os quais após o descanso seguiam com suas tropas do
Viamão deslocando para são Paulo
A Cidade de Jaguariaíva desenvolveu muito desde sua fundação até os dias
atuais, onde tem como fonte geradora de renda as empresas madeireiras instaladas
no local, que movimenta o comercio, mas também se destaca a grande contribuição
do povo sertanejo. Os quais deslocam de ônibus para comprar vestimentas,
alimentos, medicamentos, para procurar atendimento medico quando estão doentes
e até mesmo para passear no comercio.
Com essa mudança no estilo de vida camponês para adquirir produtos não
produzidos no local, são induzidos a encarnar o modo de ser imposto pela pós
modernidade, transformando seu modo de ser, mas não em conformidade com o
contexto local e sim como a mídia exige e assim percebe cada vez mais o
consumismo desenfreado, afetando também as pequenas comunidades, com
transformações nas histórias locais.
As comunidades do sertão de cima são privilegiadas com a beleza natural
deixadas pelo criador (Deus), onde ainda existe mata nativa embora grande parte já
devastada. Durante o mês de maio desabrocham as flores nativas do local
denominadas pelos povos mais antigos como (flor de maio) o nome se deu em
função do aparecimento dessas flores serem mais marcantes no mês de maio, as
quais deixam os bairros ainda mais enfeitados e mais belos.
A história sertaneja está em construção, mas sabe-se que sua economia
esteve por muitos anos fundamentados na economia de subsistência, onde cada
família trabalhando conjuntamente para produzir os alimentos para sua subsistência,
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como mandioca, feijão milho, alho, cebola, vagem, cenoura, beterraba, couve, frutas
em geral, carnes de frango e porcos, além de outros produtos para promoção da
qualidade de vida, com manutenção da própria identidade além da valorização da
terra. Esta comunidade conhecida como sertaneja é o distrito que primeiramente foi
denominado Jaguaricatu, depois Bertagnoli e finalmente Eduardo Xavier da Silva
composto das seguintes: comunidades3 popularmente conhecidas como sertão.
Em 1915, instalou-se uma serraria de médio porte da firma J. Hauer & Cia.,
no Bairro da Boa Esperança, gerenciada por Francisco Bertagnolli para explorar as
grandes áreas de pinheirais e outras espécies de madeira nobre existentes na Boa
Esperança e em outras áreas do Sertão de Cima, iniciando assim a devastação das
matas, como ocorreu em diferentes partes do território nacional, tendo como
conseqüência o desequilíbrio da natureza com inúmeras catástrofes vivenciadas na
atualidade.
Na Boa Esperança, além da serraria desenvolveu-se um vilarejo que contava
com alguma infraestrutura, como hospedaria, armazém de secos e molhados,
açougue, barbearia, ferraria e farmácia. Ali foi construída uma igreja e um cemitério
e quando tudo fazia crer que o povoado tinha condições de prosperar e até se
transformar em uma vila, a serraria começou a ser desativada com o esgotamento
da matéria prima. Os “desbravadores” ou “devastadores” do Sertão de Cima se
transferiram para outras paragens, o vilarejo entrou em decadência deixando uma
herança protagonizada pela ação do homem que dificilmente será reconstituída pela
natureza.
Outras serrarias de pequeno porte foram instaladas no interior do município e
entre elas a de Domingos Scolaro, em 1928, no Bairro do Gentio, quando foi
inaugurada a “Estrada do Gentio”. Após a exaustão da madeira, muitos
descendentes da família Scolaro se radicaram na cidade e entre eles Antônio,
Humberto e ainda, João Pivovar e Miguel Valenga.
Em 1940, começou a se instalar no Distrito Eduardo Xavier da Silva, no bairro
da Cachoeira a empresa de J. Sguário & Cia., para produzir pasta mecânica. A
empresa tinha entre seus sócios João e Luiz Sguário, Edgard Barbosa, João Lupion,
Rivadávia Vargas e os irmãos João e Alberto Menin. Em 1951, foi iniciada a
construção da fábrica de papelão, no bairro do Jangai (na Barra Brava). A conclusão

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Jangai, Bonsucesso, Boa Esperança, Gentil, Alves, Cadeado, Espigão Alto, Lanças, Cerrado da Roseira,
Morro Azul,Chapadão, Cachoeira , Campina do Elias, barrinha e bairro dos Barretos.
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da unidade fabril deu-se em 1953 e após dois meses de funcionamento a represa


rompeu pela pressão da água destruindo parcialmente a fábrica que teve de ser
reconstruída, voltando a funcionar somente em 1954. Mais tarde as empresas
receberiam a denominação de Indústria, Comércio e Cultura de Madeiras Sguário
S/A. Na década de 70, passou a se chamar Companhia Sengés de Papel e Celulose
com sede em Sengés. Em 01/09/88, a fábrica de papelão passou a ter a
denominação de “Milton Sguário Indústria e Comércio de Papel e Pasta Mecânica
Ltda.”.
As empresas estiveram em atividade até 13 de janeiro de 2010, com a
exploração do reflorestamento de Araucária e de Pinus de suas propriedades, para
produzir pasta mecânica e papelão, utilizando mão-de-obra local, com cerca de 150
empregos diretos e indiretos. As fábricas se caracterizam por apresentarem um
processo mecânico-artesanal de produção sem a utilização de qualquer processo
químico ou energético, utilizando somente o potencial hidráulico (rodas de água)
para gerar os equipamentos e produzir pasta mecânica e papelão de alta qualidade
para o mercado consumidor de São Paulo.
Essas comunidades são constituídas por um povo simples, preocupado mais
com a própria subsistência, embora hoje seja visível um apego ao consumismo.
Um fenômeno que ocorreu a cerca de uns trinta anos atrás, quando iniciou
alguns movimentos evangélicos reduzindo drasticamente os adeptos da religião
Católica, tendo como resultado o fortalecimento da religiosidade evangélica, a qual
se tornou hegemônica em praticamente todos os bairros do Sertão, impondo assim
seus princípios.
O povo sertanejo possui inúmeras razões para ser considerado capaz de
atingir a autonomia, independentes das elites, pois possuem uma riqueza enorme de
recursos naturais e humanos. Por esta razão é capaz de resgatar a cultura que
perderam e como conseqüência a qualidade de vida, para tanto, basta despertar a
memória adormecida e buscar racionalizar o meio em que vive e reconstruir o
grande valor que já foi vivenciado no passado, ou seja, a solidariedade.
No Brasil, o preconceito faz parte da história. O processo histórico brasileiro
tem sido marcado por questões referentes à discriminação do indivíduo enquanto
negro, mulato, indígena e /ou qualquer outra origem que não a européia, ou do
hemisfério norte, para favorecimento dos grupos privilegiados economicamente em
detrimento dos menos favorecidos.
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No entorno do Colégio Estadual Milton Sguário, convive com uma grande


disparidade social, além de sua grande extensão territorial, sendo que muitos alunos
deslocam cerca de 40 ou 50 km., para chegar até o Colégio.
É importante destacar o rico folclore de praticamente todas as comunidades
sertanejas, as quais permanecem vivas na memória dos sertanejos, principalmente
com as manifestações ocorridas durante as festas juninas, tão comuns entre
algumas localidades, fazendo parte das comemorações realizadas no Colégio, com
grande prestígio da comunidade e pessoas de outras localidades.
Enfim o povo sertanejo procura demonstrar sua identidade através de muitas
manifestações, mas sua riqueza incontestável se encontra no contato que mantém
com a natureza e o espírito de solidariedade, apesar de não ser o mesmo do
passado ainda é possível perceber esses traços.
A ligação à identidade no campo e cidade só é estabelecido a partir da
relação através do sistema capitalista, na ótica do neoliberalismo do mundo
consumista, o qual vem implicando na vivência das pequenas comunidades
sertanejas, só vencendo essa tentação através de muita força de vontade,
rompendo assim com a verdadeira autenticidade que é ser o que realmente é.
Percebe muitas vezes que ser autentico constitui em uma árdua tarefa, a qual só se
concretiza a partir de muita luta, para eliminação das constantes cópias, que é ser o
que não condiz com a realidade. O direito de ser diferente de não ser igual deve ser
inquestionável.
Para entender a identidade local de um povo, faz-se necessário, compreender
a transformação ocorrida nos últimos trinta anos, a qual oportunizou ser possível
praticar essa pesquisa nesse sentido, com a História Nova é proporcionada uma
nova metodologia, oportunizando novas ferramentas com a utilização da História
oral, se constituindo em uma nova metodologia para entendimento da História
contemporânea.
Percebe assim uma identidade em constante processo de construção, nunca
está pronta acabada e muito menos dentro da complexidade da atual conjuntura
tecnológica da informatização e do constante trabalho realizado pela mídia, no
desmantelamento da cultura vigente, para uma reconstrução em conformidade com
modelos consumistas defendidos nos quatro cantos do planeta, provocando assim
uma constante aculturação da sociedade.
Percebe também, grandes desigualdades sociais vivenciadas, demonstrado
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através da agravante e crítica injustiça social. As atuais políticas educacionais vêm


demonstrando constante preocupação com os problemas sociais, como
discriminações, preconceito, questões de respeito aos grupos sociais heterogêneos,
os quais vêm sofrendo durante praticamente todo nosso processo histórico, cabendo
aos educadores aproveitarem essa oportunidade, contribuindo para minimizar de
vez as mazelas do mundo atual, e assim construir um mundo melhor.
Com a valorização da cultura popular, com o desmascaramento de alguns
preconceitos que marcou a História tradicional e sua complementaridade, vem
surgindo como mais uma ferramenta de pesquisa e análise para o conhecimento
histórico, através da construção desse novo conhecimento, tendo em vista a
valorização da memória encarnada no seio da comunidade.
Essa ótica vem revelando possibilidades para compreensão e subseqüente
transformação da realidade, assim cada pessoa (comunidade) possa representar
perante a sociedade tal qual é dentro de sua autenticidade e ao mesmo tempo
flexível para o enfrentamento do sistema neoliberal do capitalismo pós-moderno
mantendo sua identidade de sujeito do processo histórico.
O sistema capitalista implantado no mundo globalizado, com o consumismo
desenfreado que parcialmente acabou afetando a comunidade do Sertão de Cima,
no município de Jaguariaíva, assim como outras culturas sertanistas, modificou
profundamente a identidade sertaneja.
Hoje por exemplo, a solidariedade tão característica do passado, quando
eram feitos mutirões para realizar atividades agrícolas, nos dias atuais, não existe
mais. Mutirões conforme conceitos populares são ajuntamento de pessoas para
realizar determinadas atividades conjuntas, em troca de alimentos e lazer ( bailes)
ou em troca de dias de trabalho, na verdade nada mais é que uma ajuda mútua para
realizar trabalhos emergenciais, os quais são urgência, para sua execução é a
pratica da solidariedade humana aparentemente extinta na atualidade.
Neste estudo, foi demonstrada uma concepção de identidade, na comunidade
sertaneja a qual está arraigada e interligada aos costumes da vida urbana mais
especificamente, representar como as pessoas se enxerga, e como enxergam uns
aos outros no mundo, nesse complexo processo dinâmico de recriação e
reconstrução da identidade.
Antes de conceituar identidade, é importante falar da história de
controvérsias que há por trás desse conceito. Identidade é um conceito, o qual não
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comporta uma definição única, como se acreditava inicialmente. Aristóteles criou a


teoria de que identidade é a "unidade da substância:”
“Em sentido essencial, as coisas são idênticas do mesmo modo em que é unidade,
já que são idênticas quando é uma só em sua matéria (em espécie ou em número)
ou quando sua substância é uma. É, portanto, evidente que a identidade de qualquer
modo é uma unidade, seja porque a unidade se refira a uma única coisa,
considerada como duas, como acontece quando se diz que a coisa é idêntica a si
mesma." (ARISTÓTELES apud ABBAGNANO, 1982, p. 503).
Entende que muitas vezes o habitante de comunidades rurais sertanejas
como as do Sertão de Cima, deixa transparecer ao mundo uma imagem
(característica) que não condiz com a realidade vivenciada, pelo fato de estarem se
espelhando nos modelos que o sistema neoliberal do capitalismo exige de todos,
desprovendo as pessoas de suas próprias identidades.
Por isso, foi realizado o resgate de valores sertanejos perdidos no caminho
capitalista, esperando com isso, beneficiar as comunidades menos favorecidas no
sentido de melhorar a qualidade de vida dos mesmos, valorizando a cultura regional.
Para entender a identidade do povo sertanejo, houve a necessidade de
descobrir um pouco sobre seu processo histórico, descobrindo como era a vida dos
antepassados e assim pode entender o presente, para compreensão dessa
realidade. Fez-se necessário uma investigação de campo, na qual os alunos
realizaram varias entrevista com alguns moradores do bairro, com análise, e
comprovação de como foi e atualmente vive o povo sertanejo.
Com o processo histórico, a identidade vem sendo construindo e
reconstruindo a todo instante no caso específico do sertão de Jaguariaíva, houve
uma alteridade ainda maior recentemente quando ocorreu o fechamento da fábrica
de papelão, foi durante a realização do material didático pedagógico, que a
comunidade é surpreendida por esse fato novo, afetando a vida econômica e
identidade da população local. Esse ocorrido aconteceu no dia 13 de janeiro de
2010, no local havia uma única fabrica de papelão em funcionamento, pois as
demais já havia sido fechada em épocas anteriores, esse fenômeno fragilizou
significativamente a economia do Sertão de Cima e conseqüentemente o modo de
ser da comunidade.
A fábrica foi fundada no ano de 1940, e sendo denominado Milton Sguário e
Cia., com o grande empenho da família Sguario foi instalada no bairro do Jangai.
15

Segundo a população local seus fundadores foram: Sr. João e Luiz Sguario, com os
filhos do Sr. Luis Sguário o Sr. Celso e Milton Sguário do qual deu origem ao nome
do Colégio Estadual Milton Sguario, para a qual atende todos os bairros do sertão de
cima, comunidades em que se realizou a pesquisa, com a implementação do projeto
de intervenção.
Com a implantação da firma Sguário no local, logo formou uma vila ao redor,
com grande número de casas e construção de alguns sobrados em estilo antigo,
com apenas duas pequenas portas e duas janelinhas cada construção.
Os moradores locais convencionaram chamar de prédio, pois na década de
1940, os habitantes da região desconheciam casas feitas de tijolos e muito menos
sobrados, esse tipo de habitação foi incorporada junto a vida da comunidade,
tornando assim uma nova identidade carregada de aspectos da cidade, com as
tradições locais, associando a vida operária, com a vida agrícola, tirando sua
sobrevivência da terra e do salário recebido na fábrica.
Essas casas foram feitas pelos proprietários da firma para seus próprios
funcionários, para ficarem próximo ao local de trabalho, racionalizando assim o
funcionamento da empresa, oportunizando a excelência na produção de seus
produtos, mas apesar de toda eficácia e preocupação de seus administradores
houve muitos momentos de crises, esse empreendimento constituiu em uma cultura
própria para o local, mas após quase 70 anos de funcionamento a fabrica Sguário
veio fechar as portas.
Os trabalhadores da fábrica, além do trabalho na empresa, também
preservavam sua identidade, e com esses costumes produziam parte dos alimentos
consumidos por seus familiares, o costume vivenciado nas cidades através do
trabalho assalariado vivenciado por parte da população sertaneja durante quase
setenta anos, a qual é incorporada na vida dessas pessoas, assim sendo podemos
perceber que esse ocorrido fará parte do passado dessas pessoas, ou seja, ficara
na memória coletiva da comunidade em documentos históricos para serem refletidos
nos campos de conhecimento para que as futuras gerações possam tomar ciência
de sua própria identidade a esse respeito é interessante relatar os dizeres de José
Antônio Vasconcelos 2007.
Podemos afirmar que a historia enquanto campo de conhecimento, sempre
existiu. Assim como o passado de uma pessoa é importante para que ela
saiba reconhecer sua própria identidade, também os vários povos da terra
buscam narrativos acerca do seu passado, pois as comunidades humanas
também têm identidade. Reconhecemos-nos como brasileiros, por exemplo,
16

porque o Brasil tem um passado que nos ajuda a compreender nossa


própria identidade Coletiva.

Nessa visão é possível entender melhor a importância do processo


construtivo da identidade, pois assim como reconhecemos como brasileiros, o povo
localizado na comunidade Eduardo Xavier da Silva, são reconhecidos como povos
sertanejos.
Maurice Halbwachs relata em seu livro A memória coletiva relata que nossas
lembranças são coletiva embora aparentando estar só “Não é necessário que outros
homens estejam lá que se distingam materialmente de nós: porque temos sempre
conosco e em nós uma quantidade de pessoas”.
A memória do povo tem sua dispersão, muitas vezes com desaparecimento
quase completo, surgindo à necessidade do desdobramento dos pesquisadores,
para efetivação e veracidade dos fatos relatados pela memória preservada. É nesse
sentido que surge a preocupação na construção deste artigo, mas com certeza a
importância para futuras pesquisas que venham de encontro com esta realidade.
Percebe com pai da história, o historiador Heródoto viajante das comunidades de
seu tempo, vivia procurando conhecer e documentar as diferentes memórias
narradas pelo povo, das quais muitas podiam ser verídicas, enquanto outras
fabulosas tratadas como mitos, mas sempre com a necessidade da investigação.
Pode-se dizer que cultura são, as crenças, representações que regula a
relação dos homens entre si e com o mundo, sendo um conjunto de conhecimentos
acumulados por uma sociedade e transmitidos de geração em geração, por meio do
aprendizado (educação), ocorrendo essa transmissão de conhecimento adquirido
por meio da linguagem.
Entender, compreender as diferentes facetas da realidade de forma
respeitosa tal qual é, é ter consciência da cultura e sua diversidade. Cada ser
humano possui suas características próprias, sendo único nem mesmo os gêmeos
são idêntico, digo semelhantes, pelo fato de ser único, nesse sentido o respeito a
diversidade torna-se de suma importância e de responsabilidade dos educadores na
conscientização para o tratamento respeitoso ao diferente, rompendo com todas as
formas de discriminação do humano contra o humano.
Quando se refere ao termo cultura, percebe certa complexidade ao tratar essa
questão, apesar de inúmeros pensadores, realizarem suas pesquisas sobre esse
17

tema, parece quase impossível, obter uma definição, conceituação pronta e acabada
isto é de forma conclusiva. Pode-se refletir sobre o texto contido no livro de
educação e diversidade de Mario Sérgio 2007, p, 27 e 28, que diz o seguinte:

(...) cultura é um conjunto de princípios (explícitos e implícitos) herdados por


indivíduos membros de uma dada sociedade; princípios esses que mostram
aos indivíduos como ver o mundo, como visioná-lo emocionalmente e como
se comportar em relação às outras pessoas, às forças sobrenaturais ou aos
deuses e ao ambiente natural. Essa cultura também proporciona aos
indivíduos um meio de transmitir suas diretrizes para geração seguinte
mediante o uso de símbolos, da linguagem, da arte e dos rituais. Em certa
medida, a cultura pode ser vista como uma “lente” herdada para que o
individuo perceba e entenda o seu mundo e para que aprenda a viver nele.
Crescer em determinada sociedade é uma forma de enculturação pela qual
o individuo, aos poucos, adquire a sua “lente”. Sem essa percepção de
mundo, tanto a coesão quanto a continuidade de qualquer grupo humano
seriam impossíveis.

Percebe que a cultura é passada de geração para geração, sendo dinâmica,


em contínua transformação, sempre nos projetando para o futuro e assim resultando
no novo ser, assim sendo o homem e a mulher não é o que é, mas o que ainda não
é, o qual se constitui em um projeto de vir a ser.
A cultura não sendo estática, ela é caracterizada por uma série de
desdobramentos e assim constituindo em uma grande diversidade cultural, onde
cada povo convive com aspectos diferenciados da cultura, essa diversidade é que
faz com que sejamos diferentes, muitas vezes conviver no mesmo espaço com
muitas culturas diferentes, onde cada qual deve o respeito ao diferente.
Dentro dos aspectos culturais é interessante ressaltar a importância da
religiosidade vivenciada pelos antigos moradores da região, na qual construiu o
famoso mito da Santa do Paredão a qual é de suma importância para reflexão.
Apesar de a mesma continuar vivo entre os habitantes da região, essa lenda faz
parte da memória de muitos moradores das diversas localidades do sertão,
enriquecendo a cultura sertaneja e reunindo milhares de pessoas no dia da
comemoração no final de maio, nesse sentido a relevância da reflexão sobre esse
fenômeno.
Durante todo o percurso da história da humanidade foram marcados pelos
mais diferentes fenômenos, provocando susto e admiração frente aos mistérios da
natureza, instigando a fé das pessoas, para a importância e o desenvolvimento da
religiosidade, com a necessidade do despertar a consciência da responsabilidade do
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respeito às minorias, considerando sagrada a liberdade de pensamento, de


consciência e de religião, também com o direito sagrado de entrar neste ou naquele
templo, terreiro ou tenda, bem como o direito de adorar e deixar de adorar esta ou
aquela divindade, além do direito humano e divino de pensar e deixar de pensar, de
dizer e de ouvir.
O verdadeiro religioso é aquele capaz de comungar seus princípios de forma
respeitosa, que mesmo os mais fanáticos de outras denominações vem dar os
parabéns por atitudes de valorização das demais religiões, demonstrando
compreensão e respeito por todos os princípios de religiosidade até então
conhecido.
O povo sertanejo é identificado por uma grande religiosidade, a qual é
percebida nas diferentes formas de relacionamento, como nas festividades
comemorativas das festas religiosas e laicas. Com demonstração de
comportamento de respeito e de admiração frente a todo e qualquer manifestação
de fenômeno da religiosidade da comunidade na sua totalidade a qual é
demonstrada junto aos evangélicos e a grande devoção envolvendo a Santa do
Paredão.
Um grande fenômeno ocorreu a cerca de uns trinta anos atrás, quando iniciou
alguns movimentos evangélicos reduzindo drasticamente os adeptos da religião
Católica, tendo como resultado o fortalecimento da religiosidade evangélica, a qual
tornou-se hegemônica em praticamente todos os bairros do Sertão, impondo assim
seus princípios, fazendo com que toda e qualquer decisão política de repercussão
social necessariamente seja refletido junto a opinião da comunidade evangélica.
Religiosidade é você crer em algo, uma crença passada de geração a
geração, e a união do ser humano com Deus, ou seja, a fé que o ser, usa para
interagir com um Ente de confiança com outros seres.
Religião, cada um tem sua maneira acreditar, muitos aspectos, fenômenos
que acontecem ao redor do mundo tem como resultado curas de doenças
,milagres ,isso é dado como religião,aparições de santos em certos lugares ,que
desde então viram pontos turísticos é o caso da lenda da Santa do Paredão ,que
no ano de 1820, quando jaguariaíva ainda não existia era apenas uma vasta área de
terra cheia de matas e campos , surgiu a lenda da Santa do Paredão.
A origem exata da imagem da santa ninguém sabe. O que chama a atenção
até hoje é o surgimento do desenho de uma imagem na pedra, num paredão, as uns
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80 metros de altura, trabalhado pela natureza de modo admirável muitas historias


surgiram com o passar dos anos. Uma delas, contada pelo senhor Justino de
Miranda, morador da época, nas imediações do paredão, diz que, as margens do rio,
alguns homens caçavam e já depois do meio dia, sem que tivessem tido sucesso na
caçada, ouvirão repetidamente os latidos dos cães furiosos. Correram para verificar
o que acontecia. Os cães continuavam latindo sem parar. O terreno era muito
irregular, mata muito fechada e os cachorros haviam se embrenhado num local de
acesso muito difícil. Após vencer os obstáculos, verificaram que os cães, muito
bravos, latiam e investiam contra alguma coisa.
O primeiro caçador a chegar, vê então uma cena da qual nunca mais se
esquecerá: os cães, aos pés de um alto paredão de pedra ,latindo contra um facho
forte de luz, que dele emanava. Essa visão foi testemunhada por todos os caçadores
que viram. No meio do mato, ao pé do paredão no meio de uma luz forte azulada,
estava aparecendo a imagem de uma Santa. Uma imagem de Santa que eles nunca
tinham visto porém imaginavam ser algo divino possivelmente de uma Santa.
A religiosidade aflorava naquela época e os caçadores imediatamente
voltaram para o povoado, os quase trinta quilômetros contando a todos o que viram.
As pessoas ficavam admiradas e logo começaram a visitar o local. E, não muitos
tempos depois, iniciaram-se algumas romarias para ver a Santa do Paredão.
Alguns já falavam em construir uma capela, mas, de repente, ninguém mais
via a Santa. Ela havia preparado uma surpresa. A imagem, vista pelos caçadores,
inicialmente na parte baixa do paredão, não mais aparecia ali. Mas não demorou
muito para que voltassem a acontecer. Só que a partir de então, no centro do
paredão, em local a que jamais se poderia chegar, pois o paredão tinha cerca de
100 metros de altura.
Esses fatos tiveram registros a partir de 1820 em jaguariaíva, contém uma
curiosa coincidência com o grande fenômeno religioso do Brasil daquele contexto,
pelo fato de paralelamente a época ter havido diversas aparições ligada a
religiosidade, como por exemplo ás aparições de Nossa Senhora Aparecida, com
versão negra da mãe de Jesus, no Rio Paraíba, no Estado de São Paulo.
A época era do tropeirismo. Por ali passava o histórico caminho de via mão. E
os maiores divulgadores da historia da Santa do Paredão foram os tropeiros que
transportavam de tudo, levando VIAMÃO-RS a Sorocaba-SP mulas carregadas de
produtos. Ao passarem por ali , encantavam-se com tudo que ouviam. Era na época
20

o único meio de transporte e comunicação. Eles se incumbiam de espalhar pelo


Brasil a fama da Religiosidade da região e da Santa. Isso com certeza ajudaram a
convencer o imperador do Brasil, Dom Pedro I, no dia 15 de setembro de 1823, a
assinar o alvará elevando a fazenda jaguariaíva à condição de freguesia.
O Paredão em que aparece a Santa fica na zona rural do município de
jaguariaíva, a 22 km do centro da cidade, na estrada PR 092, ainda sem
pavimentação, que liga a cidade com o Distrito Eduardo Xavier da Silva, Sertão de
Cima e o município de Dr. Ulysses. Existem placas que orienta o motorista para
chegar com facilidade ao local, que é muito freqüentado por romeiros.
No mês de maio, ultimo domingo do mês, acontece uma caminhada ecológica
ao local, com a participação de milhares de pessoas, que saem a pé do centro da
cidade e caminham os 22 km até o local, onde acontece missa e festa com
barraqueiros, muletas , fotos e objetos dos mais variados são depositados num local
parecido com uma gruta durante o ano todo, quando velas são queimadas em
agradecimento por graças recebidas.
Muitos são os testemunhos de pessoas que alcançaram cura ou graças pela
interseção da Santa do Paredão.
Por algumas informações obtidas sobre a religiosidade dos primeiros
habitantes do Brasil, acredito que a lenda tenha sido iniciada com escravos trazidos
da áfrica sendo convertidos pela igreja católica, mantendo suas tradições religiosas.
E também logo após foram surgindo varias outras religiões com crenças e praticas
populares que se instalaram no país com outras tradições religiosas cristãs e não
cristãs com destaque para as diversas igrejas protestantes.
Dentre vários comentários entre mitos e lendas nos bairros do sertão de cima
também foi possível descobrir junto a comunidade do bairro Bom sucesso, que em
um local de difícil acesso denominado vale do Codó o qual fica a cerca de 8
quilômetros do povoado ,existem correntes muito antigas as quais são fixadas em
pedras debaixo e junto as águas do rio .
Segundo relatos na antiguidade existiam índios ou escravos presos no local
embora ninguém saiba ao certo, existem muitas duvidas e curiosidade entre a
comunidade local em descobrir esse grande mistério. Os antepassados apenas
relatavam terem descoberto essas enormes correntes enquanto caçavam próximo
ao local, sendo um pouco deserto da civilização devido ao difícil acesso, mas com a
presença de uma mata fechada e lindas águas cristalinas.
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Durante a pesquisa realizada pelos alunos também houve conscientização


sobre a importância de se Valorizar o meio ambiente, no sentido de sua preservação
dentro do mundo capitalista. Essa foi uma necessidade pelo fato do capitalismo tudo
ser medido pelo ter (dinheiro), para favorecimento do consumismo, na maioria das
vezes é uma tarefa quase impossível, pois a mídia não manifesta o positivo de tudo
isso, inclusive às questões de saúde com a importância do equilíbrio da mãe
natureza.
Os alunos fizeram uma confrontação junto aos relatos da comunidade para
entender como vem ocorrendo as mudanças da natureza, envolvendo o clima , a
flora e a fauna no local, como era alguns anos atrás e como esta nos dias atuais.
Sabendo que o equilíbrio da natureza só é possível acontecer a partir da consciência
da coletividade, para valorização da importância da preservação dos recursos da
natureza e ciência de que o ser humano e os demais seres da natureza estão
intimamente ligados, sendo impossível a existência humana desvinculada dos
demais elementos que compõe o meio ambiente.
Tudo que existe no universo é resultado da Criação Divina, sendo o ser
humano a mais perfeita obra da Criação e dotado de liberdade, com capacidade de
submeter os demais elementos da natureza. Os humanos fazem uso de forma
inconseqüente muitas vezes provocando um desequilíbrio da harmonia da natureza,
como pode ser constatado em várias partes do planeta inclusive em alguns
reflorestamentos de pinus no Sertão de Jaguariaíva, fragilizando as nascentes de
água e colocando em risco espécies de animais e vegetais alterando sua flora e
fauna primitiva.
Meio ambiente pode-se considerar todos os elementos que compõe o globo
terrestre, elementos estes considerados importantes, para o equilíbrio e harmonia
para a continuidade da vida no planeta, onde cada elemento da natureza tem sua
finalidade específica dentro da inter-relação, para a preservação harmônica da
totalidade do Universo.
A consciência da comunidade para o resgate da qualidade de vida deve
começar pela preservação do meio ambiente, cada entidade, e mesmo cada pessoa
fazendo sua parte e sensibilizando as autoridades competentes em defesa da causa
comum, só assim é possível vivenciar uma vida digna.
Nosso meio ambiente vem sofrendo uma série de degradação como pode
observar nos noticiários veiculados pela mídia, a qual vem noticiando
22

constantemente sobre os malefícios ocasionados com o efeito estufa, com a


destruição da camada de Ozônio. Essa realidade pode ser observada inclusive na
região do Sertão em especial os mananciais de água doce através das práticas de
reflorestamentos de pinus, empreendida por grandes empresas do ramo de
reflorestamento.
É importante também refletir sobre agroecologia, a qual pode ser definida
como um processo de produção de alimentos e demais produtos em comunhão com
a natureza. Os (as) agricultores (as) praticam suas atividades sem agredir o meio
ambiente, tornando-se autônomos dos “pacotes tecnológicos” com seus caros e
degradantes insumos industriais, objetivando não somente as sobras financeiras,
mas principalmente qualidade de vida. Pode ser a base para um desenvolvimento
sustentável nos aspectos sociais, ambientais e econômicos, envolvendo todas as
dimensões humanas como as políticas, técnicas e culturais, em processos
educativos e metodologicamente adequados, onde os(as) trabalhadores(as)
assumem o protagonismo maior e aumentam seu poder de intervenção na
sociedade, de forma organizada.
A agroecologia tem a missão de desafiar a fusão de ciência, projeto e
processo propondo uma nova inserção de relação ecológica necessária para uma
relação produtiva sustentável, e ao mesmo tempo com partilha de novas condições
para as relações sociais e econômicas entre os humanos, com novo projeto de
sociedade. Trata-se de uma identidade biológica que insere a espécie humana com
parte integrante da natureza (uma nova identidade como espécie), associada a uma
nova identidade sócio-política.
Com essa nova ótica de conceber o mundo pode restabelecer o renascimento
da sociedade com dimensão de valorização da espécie humana, é inconcebível a
existência humano vivendo de forma alienada das demais espécies. Nesse sentido o
ser humano tem sua qualidade de vida garantindo a partir do momento em que
valoriza o meio ambiente, é do conhecimento de todos da intrínseca relação de
todos os elementos da natureza. Salvar a espécie humana é salvar todos os
elementos que compõe a natureza, caso contrário à humanidade está condenado, a
comunidade sertaneja está engatinhando para conscientização dessa nova
mentalidade germinando na consciência do novo mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Com a participação no PDE, houve a oportunidade do rompimento com o


tradicionalismo, onde os professores eram meros repetidores de conhecimento, na
maioria das vezes presos aos livros didáticos, a partir da reflexão junto ao programa
de desenvolvimento educacional, oportuniza a consciência da construção do
conhecimento, junto com nossos alunos através da pratica da pesquisa, mesmo não
sendo fácil, pelo fato da necessidade do desprendimento, com praticas rotineiras e
busca de novas atitudes em relação à educação. É necessário perceber, que o
ensino-aprendizagem só se concretiza se houver, a consciência de ambas as partes
envolvidas, foi o que pode perceber com relação ao desenvolvimento dos trabalhos
com os alunos, durante a implementação do projeto.
Conhecer e reconhecer a cultura dos primeiros habitantes da região
possibilitou aos alunos perceberem concretamente que a situação vivenciada por
eles na atualidade, não foi determinado apenas por seus antepassados, mas
principalmente por mecanismos de interesses políticos e econômicos internacionais
que viam no modo de vida simples dos sertanejos um atraso em relação a pós
modernidade agrícolas, sem a preocupação com o ser humano ou com o meio
ambiente, construído pela natureza que foram sendo substituídas pela tecnologia
moderna das máquinas e grandes propriedades, com degradação do meio ambiente
através do reflorestamento de pinus reconfigurando o espaço anterior, com
incorporação dos princípios do capitalismo neoliberal.
Com a conscientização dos alunos e comunidade escolar sobre a
importância da preservação do meio ambiente, e o equilíbrio da natureza é possível
acontecer a partir da consciência da coletividade, para valorização da importância da
preservação dos recursos da natureza e ciência de que o ser humano e os demais
seres da natureza estão intimamente ligados, sendo impossível à existência humana
desvinculada dos demais elementos que compõe o meio ambiente..
Percebe relevantes experiências de religiosidade vivenciadas, e ruptura com
a igreja católica, com surgimento de Igrejas evangélicas em massa no local, com
diferentes mudanças de identidade no processo histórico do povo sertanejo e
identificação de diferentes relações políticas, econômicas, sociais, religiosas e
culturais, junto a comunidade e com sua identidade, na relação com o meio
ambiente e cultura camponesa, foi desenvolvido a consciência da importância da
agricultura familiar em detrimento da economia exploratória de degradação do meio
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ambiente, praticado pelas empresas de reflorestamento de pinus; bem como as


grandes transformações ocorridas durante o processo histórico de existência das
comunidades sertanejas.
O projeto de pesquisa foi fundamentado na importância da historia de um
povo não ficar no esquecimento e foi elaborado com a participação dos alunos da 8ª
serie do ensino fundamental e 2ª e 3ª série do ensino médio, do Colégio Estadual
Milton Sguário.

REFERÊNCIAS
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PERES,Carmem Lúcia Vital; O Lugar da Memória e a Memória do Lugar na


Formação de Professores: a reinvenção da escola como uma comunidade
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transcrita e traduzida por Monique Augras. A edição é de Dora Rocha. Estudos
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Ensino e Pesquisa para as Escolas de Nível médio e Fundamental, História
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THOMSPON, Alistair. Histórias (co) movedoras: História Oral e Estudos de


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