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FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA AMAZÔNIA

COLEGIADO DE CIENCIAS E EDUCAÇÃO


LICENCIIATURA EM HISTÓRIA

MARIA DIOCILENE FERREIRA VAZ

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE DE(será que não ficaria melhor sem


esta preposição?) JARUMÃ:
UM ESTUDO NA CIDADE DE ABAETETUBA (PARÁ)

ABAETETUBA/PARÁ
2019

MARIA DIOCILENE FERREIRA VAZ

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE DE JARUMÃ:


UM ESTUDO NA CIDADE DE ABAETETUBA (PARÁ)

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Faculdade de Educação e Tecnologia da
Amazônia (FAM), no curso de Licenciatura
em História, como requisito parcial para a
obtenção do Grau de Licenciatura em História.
Orientador: Prof...........................

ABAETETUBA/PARÁ
2019

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I- O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA


1.1 Tipo de pesquisa
1.2 Sujeitos da pesquisa
1.3 Lócus da pesquisa
1.4 Os instrumentos de coleta de dados
CAPÍTULO I I–HISTÓRIA, CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE
ABAETETUBA
2.2 Histórico do Município de Abaetetuba
2.3Algumas Características do Município de Abaetetuba
CAPÍTULO II – NARRATIVAS DA HISTÓRIA DA COMUNIDADE DE JARUMÃ
3.1 Comunidade Jarumã: o inicio de tudo
3.2 A Saúde na Comunidade de Jarumâ
3.3 a educação na comunidade de Jarumã
3.4 a questão da economia na Comunidade de Jarumã
3.5 A religiosidade na Comunidade de jarumã

4 CONCLUSÃO

5 REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa com o tema “História e Memória da Comunidade de (não


seria do Jarumã?) Jarumã: um estudo na cidade de Abaetetuba (Pará)”, tem como objetivo
geral investigar a história do surgimento da comunidade de Jarumã, suas práticas culturais e
relações sociais a partir do reconhecimento de relatos orais dando ênfase a história do lugar e
em suas características.

O interesse pela temática é devido ser moradora da Comunidade do Jarumã e ter uma
vivência com esta comunidade e ao entrar na universidade meus horizontes ampliaram-se,
estimulando-me a refletir sobre a importância dos fatos históricos desta comunidade, seus
aspectos culturais e os desafios encontrados pelos trabalhadores em seu cotidiano.
Acrescento ainda que os moradores desta comunidade, majoritariamente não possuem
investimentos em infra-estruturas direcionadas a saúde, educação e subsídios para
desenvolver suas atividades conforme as especificidades do campo. Neste contexto observa-se
que os recursos são insuficientes para o desenvolvimento dessas atividades.
Porém para poder entender os fatores acima citado é preciso conhecer a história da
comunidade, quando surgiu, suas primeiras famílias, suas concepções, para poder entender
sua realidade atual, e isso só é possível através da memória de pessoas que vivenciaram esse
período.
A comunidade Jarumã inicialmente era uma pequena comunidade com poucas casas,
uma igreja, uma escola improvisada, estrada e ramais de terra batida, bem diferente de como é
hoje.
Seu povoamento se deu através da expansão de moradias, aumento da população, e as
famílias mais antigas foram construindo casas ao redor da área, pois cada morador tinha uma
quantidade significativa de terras.
Foram vendidas grandes áreas a pessoas que migraram da cidade para localidade, bem
como através da construção de um condomínio ofertado pelo projeto “Minha casa, minha
vida”, criado no ano de 2013, aproximadamente.
Na atualidade existe uma proposta de transformar a comunidade de Jarumã em bairro
justificando que esta já possui um posto médico, uma escola, uma creche, um condomínio,
quadra poliesportiva, estrada asfaltada e um aumento significativo da população, entre outros.
Porém para se obter informações sobre a história da comunidade de Jarumã precisa da
memória de pessoas que vivenciaram esse período.
Sabe-se que a memória dos moradores é composta por vivências, lugares, tempos em
diferentes momentos históricos, ressignificados, que consistem em nossos atos de lembrar e
esquecer a partir das evocações do presente (LE GOFF, 1994).
Diante desse contexto, apresentei as seguintes questões norteadoras: Como se originou
a comunidade de Jarumã? Quais foram às primeiras famílias? Quais as principais atividades
que foram e ainda são desenvolvidas pelos moradores da comunidade? Quais as dificuldades
enfrentadas pelos moradores rurais da localidade? Porque saíram para morar em outro
Município e depois voltaram para a comunidade? Esses questionamentos precisam serem
investigados, haja vista que a História da Comunidade de jarumã é pouco conhecida pelo
conjunto dos seus habitantes e pelos lugarejos e cidades vizinhas. Como moradora e futura
educadora gostaria que essa pesquisa ficasse como documentos gerais da comunidade para
gerações futuras.
O trabalho está estruturado...............................
CAPÍTULO I- O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA
1.1 Tipo de pesquisa
Como o objetivo de investigar a história do surgimento da comunidade de Jarumã, suas
práticas culturais e relações sociais a partir do reconhecimento de relatos orais dando ênfase a
história do lugar e em suas características, optou-se pela metodologia a pesquisa com
abordagens qualitativa e a história oral, segundo Minayo.

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica,


mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa
opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para
OU-SEtodas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o
que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores
qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social,
uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que
seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa 1.

Buscamos em diversas fontes conhecimento a respeito do assunto entre elas os


relatos orais de pessoas idosas da comunidade, pessoas da associação de moradores e do
sindicado local. moradores antigos, bem como leitura de atas das reuniões e demais
documentos encontrados, além de fotografias antigas, e mapas que lembram o iniciam da
história local da comunidade de Jarumã, porém daremos ênfase a memória dos moradores.
Segundo Jacques Le Goff, a memória é a propriedade de conservar certas
informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao
indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas.
“O estudo da memória passa da Psicologia à Neurofisiologia, com cada aspecto seu
interessando a uma ciência diferente, sendo a memória social um dos meios fundamentais
para se abordar os problemas do tempo e da História”2.
Nos trabalhos de Portelli são explicitados que

De fato, os textos – tanto os relatos orais como diálogos de uma entrevista


– são expressões altamente subjetivas e pessoais, como

1 MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis:
Vozes, 2010.
2 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. p. 46.
manifestações de estruturas do discurso socialmente definidas e
aceitas, (motivo, fórmula, gênero, estilo). Por isso, é possível,
através dos textos, trabalhar com fusão do individual e do social,
com expressões subjetivas e práxis objetivas articuladas de maneira
diferente e que possuem mobilidade em toda narração ou entrevista 3.

Ainda para o autor, as fontes orais são de extrema importância para o andamento de
um trabalho de pesquisa, pois devemos ter todo cuidado para entrevistar e narrar essas fontes,
pois essas narrações poderão ser questionadas enquanto veracidade dos fatos.
[...] refletir que os documentos, sejam eles escritos, ou iconográficos, ou
orais, não expressam um significado, central, coerente, comunal, não são
transparentes nem inocentes, foram produzidos segundo determinados
interesses e estratégias, assim como implicam uma desigualdade na sua
apropriação. Mais do que perguntar o que um documento significa os
historiadores hoje perguntam como ele funciona4.

E ainda a produção de significados e o funcionamento desses documentos estão


transversalizados pelas questões de classes, grupo social, gênero, etnia, religião, geração,
língua. Para Verena Alberti, “fazer história oral, não é simplesmente adquirir uma grande
quantidade de depoimentos, sem nenhuma utilidade, mas, deve ser vista como um meio de
ampliar o conhecimento sobre o passado”5.

1.2 Sujeitos da pesquisa.


Para conseguir informações a respeito do objetivo desta pesquisa realizamos entrevista com
05 moradores da comunidade rural de Jarumâ, Abaetetuba, que representaremos como (M1),
(M2), (M3), (M4), (M5), (M6), (M7) nos relatos orais:
A moradora que nesse trabalha será identificada por (M1) é a senhora Deusarina Ferreira
Rodrigues, 65 anos de idade, aposentada nasceu, se criou, é moradora há 65 anos na
comunidade;
A (M2) A Sra. Tereza Vasconcelos 86 anos de idade, também aposentada, é uma das pessoas
que faz parte das primeiras famílias que habitaram a localidade de Jarumã, mora na
comunidade há 70 anos.
(M3), (M4), (M5) FALTA TEERMINAR

3 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. p. 46.


4 Idem.
5 ALBERTI, Verena. Manual da história oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. p. 109
1.3 Lócus da pesquisa
A pesquisa de campo foi realizada na Comunidade de Jarumã, localizada PA 409, quilometro
5, zona rural da cidade de Abaetetuba-PA.

Figura 1: Mapa da Comunidade de Jarumã

1.4 Os instrumentos de coleta de dados


Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi de importância a aquisição das
informações por meio de entrevistas com questionário aberto, em virtude de responder nossas
indagações e anseios a respeito da História da Comunidade de Jarumã. De acordo com
Dencker (2000), a entrevista permite uma maior flexibilidade na elaboração das questões e
consegue maior sinceridade por parte do entrevistado.
A escolha pela aplicação de entrevistas com roteiro semiestruturado e gravadas em um
aparelho celular foi em função de deixar o entrevistado opinar livremente, essas entrevistas
aconteceram em clima de conversa informal, o que enriqueceu a coleta de dados mesmo em
assuntos que não pareciam ligados ao foco da pesquisa, mas dificultou a formalização e
sistematização dos dados.
A partir da leitura das entrevistas foram retiradas as falas de acordo com os pontos de
interesse para a pesquisa. Segundo Trivinos (1987, p. 137) “a entrevista pode ser um meio do
qual precisamos para obter as certezas que nos permite avançar em nossas investigações”.
Foram 05 os participantes do estudo sendo .........................
CAPÍTULO II – HISTÓRIA, CONTEXTO E LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE
ABAETETUBA

2.2 História do Município de Abaetetuba

Geograficamente, a nossa área de estudo está localizada no município de Abaetetuba, no


estado do Pará. A gênese do município de Abaetetuba, “está relacionada com a história de
Beja, que, a princípio, constituíam Vilas distintas e, posteriormente, foram incorporadas e
passaram a pertencer ao mesmo município”.

Os frades capuchos de Santo Antônio, após fundarem o Convento do Una,


em Belém, em 1617, passaram a percorrer as terras onde habitavam os índios
remanescentes da tribo Potiguar. Nesse território construíram uma aldeia
com caráter de missão religiosa. O então governador Francisco Xavier de
Mendonça Furtado, 1753, nomeou a nova aldeia de Sumaúma. Tempos
depois, a aldeia de Sumaúma foi instalada como Freguesia, com o nome de
São Miguel de Beja. Os frades capuchos ali permaneceram até 1653, sendo
substituídos pelos padres jesuítas, inicialmente através do padre alemão
Aluízio Conrado Pfeil, que já catequizava a tribo dos índios abaetés 6.

Como podemos observar segundo o autor, a origem de Abaetetuba está relacionada


com a vila de Beja, que fica um pouco afastada do município, aonde atualmente é um centro
de lazer principalmente no mês de férias escolares que recebe muitos veranistas de vários
municípios do estado do Pará.
Para Jorge Machado a cidade de Abaetetuba foi fundada por Francisco Azevedo
Monteiro, português de nascimento, dono de uma sesmaria que trafegava no rio Jarumã desde
1712, esse rio fica localizado próximo da atual cidade de Abaetetuba7.
Segundo a lenda no dia 8 de dezembro de 1724, dia consagrado a Nossa Senhora
da Conceição, Francisco Azevedo Monteiro, viajando com sua família, de Belém para sua
sesmaria, foi pego de surpresa por uma violenta tempestade e foi obrigado a desviar sua rota.
Este navegador temendo por sua vida e de seus parentes, prometeu que se
chegasse vivo a terra firma, construiria uma capela em homenagem a Nossa Senhora da

6 Cf. MACHADO, Jorge. O município de Abaetetuba: geografia física e dados estatísticos. Abaetetuba:
Alquimia, 2008. p. 12.
7 Idem.
Conceição como pagamento da promessa, conclusão, Francisco se salvou ele e sua família e
pagou a promessa8.
O mesmo construiu a capela, no local onde hoje se chama “Cruzeiro”, no início da
atual travessa Pedro Rodrigues às margens do rio Maratauíra, posteriormente ele tomou posse
da terra e comunicou ao governador da província do Pará. Construída a capela, em torno da
mesma se foram agrupando alguns casebres dando origem a um povoado9.

Francisco Monteiro chamou esse povoado de “povoado de nossa senhora da


conceição do Abaeté”, e assim o pequeno povoado foi crescendo, até que por
volta de 1773, Manoel da Silva Raposo integrante de uma das famílias
marajoaras que estavam migrando para o povoado começou a dar cara nova
ao povoado, reconstruindo a capela de Francisco Monteiro, alinhando as
poucas casas, construindo a primeira rua do povoado, atual Tv. Pedro
Rodrigues, construiu o primeiro cemitério do povoado10.

Os trabalhos de Manoel Raposo atraíram muitas famílias para o povoado, e com


isso fazendo o povoado crescer, ganhou do governo a posse de quase toda a sesmaria de
Francisco Monteiro. Esse modelo de organização de Manoel da Silva Raposo se assemelha a
Corrêa, que define a cidade como uma forma de organização do espaço pelo homem,
considerando-a como expressão concreta de processos sociais na forma de um ambiente físico
construído sobre o espaço geográfico11.
Em seguida o pequeno povoado se transformou em freguesia, graças ao padre
Aluízio Conrado Pfeil, que veio visitar a região, e acabou ajudando, estimulando os
moradores, organizando-os e administrando o lugar junto com Raposo, este antes de morrer
doou a igreja e a sesmaria que havia recebido do governo. Com isso o padre Pfeil logo
aumentou as dimensões da sesmaria, e depois pediu a seus superiores a elevação do povoado
à categoria de Freguesia no que foi atendido12.

Com todo esse crescimento a freguesia de Abaeté se tornou vila denominada


Vila de Abaeté, dando inicio a criação da primeira Câmara Municipal, em 1881, e
depois se tornando cidade:

8 Cf. MACHADO, 2008. p. 12.


9 Idem.
10 Cf. MACHADO, 2008. p. 26.
11 CORRÊA, Roberto Lobato. Processos espaciais e a cidade. Rio de Janeiro: IBGE. Revista Brasileira de
Geografia. Ano 41. n. 3. jul./set. 1979. Disponível em biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em setembro de 2016.
12 Cf. MACHADO, 2008. p. 12.
Com a vila de Abaeté, avançou-se mais no caminho para a plena
fundamentação do município. A vila cresceu e assumiram proporções de
cidade, o que por si só já caracterizava necessidade de maiores
perspectivas para evolução. Tais perspectivas surgiram quando o
governador Lauro Sodré, através da lei nº 324 de 6 de julho de 1895
transmudou a antiga vila em CIDADE. A 15 de agosto de 1895, o Dr. João
Hozanah de Oliveira, procurador geral do Estado, procedeu à inst86alação
da Cidade. Com a instalação da Cidade, os aspectos jurídicos cederam
lugar aos aspectos territoriais concernentes à estruturação do patrimônio
municipal13.

Segundo Machado14 em 1903, a intendência de Abaeté abriu uma questão


judicial contra a diocese, pois, as terras onde estava edificada a cidade pertenciam à
diocese do Pará, por doações de Manoel da Silva Raposo, cujos domínios o padre
Jerônimo Pimentel, quase meio século depois, ampliou para toda a extensão das
antigas terras de Francisco Monteiro.

O fato criava embaraços ao município, que não era legítimo dono do seu
território. Iniciou-se um processo de desapropriação. Os advogados de ambas as
partes chegaram a um acordo. A diocese seria indenizada em dez contos de réis.
Uma nova escritura foi lavrada no dia 13 de outubro de 1904.

Em 1930, o Decreto nº6, do Governo Revolucionário, anexou o município de


Abaetetuba ao de Igarapé-Miri, um feito que durou menos de um ano, até que os
dois municípios voltassem a se separar, o que ocorreu com a edição do decreto
estadual nº78, de dezembro de 193015.

2.3Algumas Características do Município de Abaetetuba

13 MACHADO, Jorge .Terras de Abaetetuba. 1986


14 Idem.
15 MACHADO, Jorge .Terras de Abaetetuba. 1986
CAPÍTULO III – NARRATIVAS SOBRE A HISTÓRIA DA COMUNIDADE DE JARUMÃ

3.1 Comunidade Jarumã: o inicio de tudo


De acordo com a memória dos moradores que foram entrevistados e alguns
documentos fornecidos pelo sindicato dos trabalhadores, a comunidade de Jarumâ, pertence à
zona rural do município de Abaetetuba, no estado do Pará, iniciou as margens do rio Jarumã,
através das família Pantoja, Costa, Rodrigues, Vasconcelos e Mourão, como se pode ver nas
falas a seguir.
Olha o Jarumã, começou a ser povoado daqui das cabeceiras do rio Jarumã, as
primeiras casas foi da família Pantoja, logo na frente a família Costa que era dos
meus pais o senhor Manoel Pereira da Costa e a minha mãe a Idalina Ferreira da
Costa, mais na frente, a família do finado Marciano Vasconcelos e da dona Antônia.
Depois veio as famílias da dona Ines e da dona Chica e depois a família do Miguel
Rodrigues. Logo depois, a casa da dona Maria Paca Vasconcelos e de seu esposo
fogueteiro. Lá pra cima minha mãe dizia que tinha a família do tio Miguel Mourão,
que naquele tempo, era a maior família que tinha (M1)

O povo fala que iniciou através de muitas famílias, como a família Pantoja, que
eram rico naquela época, a família Costa, a do pessoal dos Rodrigues, a família
Vasconcelos e a do Mourão (M2)

3.2 A Saúde na Comunidade de Jarumâ


3.3 a educação na comunidade de Jarumã

Figura 2: Escola Adriano Cardoso-1990


3.4 a questão da economia na Comunidade de Jarumã
3.5 A religiosidade na Comunidade de jarumã

CONSIDERAÇÕES FINAIS
8 -REFERÊNCIAS

ALBERTI, Verena. Manual da história oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. p. 109

CORRÊA, Roberto Lobato. Processos espaciais e a cidade. Rio de Janeiro: IBGE. Revista
Brasileira de Geografia. Ano 41. n. 3. jul./set. 1979. Disponível em biblioteca.ibge.gov.br.
Acesso em janeiro de 2019.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. p. 46.


MACHADO, Jorge. O município de Abaetetuba: geografia física e dados estatísticos.
Abaetetuba: Alquimia, 2008. p. 12.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29.
ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva - Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação-São Paulo: Atlas, 1987.
ENTREVISTA COM A DONA DEUSARINA FERREIRA RODRIGUES- idade 65 anos -
nas

Olha o Jarumã, começou a ser povoado daqui das cabeceiras do rio Jarumã, as primeiras casas
foi da família Pantoja, logo na frente a família Costa que era dos meus pais o senhor Manoel
Pereira da Costa e a minha mãe a Idalina Ferreira da Costa, mais na frente, a família do finado
Marciano Vasconcelos e da dona Antônia. Depois veio as famílias da dona Ines e da dona
Chica e depois a família do Miguel Rodrigues. Logo depois, a casa da dona Maria Paca
Vasconcelos e de seu esposo fogueteiro. Lá pra cima minha mãe dizia que tinha a família do
tio Migue Mourão, que naquele tempo, era a maior família que tinha.

Com o tempo, os filhos foram crescendo e ajudando família e fazendo casas nos terrenos dos
seus pais, que eram muito grandes. Depois, começaram vim gente de outras partes e
começaram a comprar terras e fazer casas, descendo aqui onde era só um caminho que é a
estrada de Beja. Nessa época tinha uma escolinha, que davam aula, mas não era assim como
agora com esse prédio ai grande, funcionava na época na casa do tio Miguel Mourão, onde eu
até estudei três mês. Eu até estudei nessa escola, mas era ruim porque não tinha cadeira, era só
uma mesa comprida e com um banco longo, um de cada lado da mesa.

A professora, que dava aula era a professora Deusa. Nessa casa onde era a escola, no final de
semana, faziam festa, era um barracão grande era lá que nos estudava, mas eu parei porque
tinha que ir ajudar meus pais a capinar a roça, porque isso era o nosso sustento, era de lá que
agente sobrevivia. Nesse tempo minha filha, escola era luz. Nós não tínha.. tempo nessa
época, era muito difícil, ou agente estudava ou agente trabalhava.
Aqui no começo, tinha também uma igreja, a igreja do Beca, que agora é a do São Miguel. O
homem que construiu essa capela, foi o finado Beca. Ele já tinha feito uma lá nas cabeceiras
do rio Jarumã, e depois fez essa daqui do Jarumã centro. O padre que rezava a missa eu me
lembro bem, era o padre Ilário. Aqui minha filha não tinha quase nada, só algumas casa que
era distante uma das outras, por causa dos terrenos grande que todas as famílias quase tinha, e
a igreja e a escolinha que funcionava no barracão de festa que eu te falei né.

Não tinha estrada, só tinha um caminho que levava até a cidade, para ir né pra cidade nos ia
andando, quando chegava nos igarapés agente atravessava por cima de umas estivas, feita de
açaizeiro e quando a agua tava grande então era pior, nos tinha que tirar a roupa e colocar na
cabeça e atravessar. Quando morria alguém, então tinha que levar o morto pelo rio na
montaria, pelo caminho não tinha condição. Nos tinha que atravessar três igarapé para poder
chegar na cidade.

Nesse tempo não se tinha carro, moto, bicicreta nada mesmo, depois de um tempo que
começou aparecer. Quando a gente fazia farinha, uma parte ficava para a gente cumer com e
outra era levado para a cidade para vender. Pra chegar lá na cidade, cada um levava um pouco
de farinha na cabeça. Depois de uns tempos prá cá, que foi apartecer umas bicicreta, mais só
serviu pra carregar mandioca, por que ninguém sabia andar. Eu mesmo, só aprendir andar de
bicicreta, depois de grande.

Também as famílias, aqui plantavam todo tipo de frutas. Naquele tempo não se comprava
quase nada, porque todos os pessoal plantava. Meu pai era descendente de índio, então o
nosso terreno tinha tinha de tipo que é planta: tinha bananal, cupuaçuzal, cacual, pupunhal,
açaizal, tinha de tudo mesmo. Agente levava fruta pra cidade, pra trocar e pra vender, e
sempre atravessando de igarape e ingarapé. O primeiro era o da fabrica, onde é agora o
balneário lago azul, o outro era o igarapé açu, aquele que fica perto do condomínio e outro é
aquele, lá perto do quartel da policia que não existe mais.

Agente, criava também galinha, porco, pato, era desse jeito que as famílias sobreviviam. O
porto onde descia os mortos, pra ir pra cidade, era o porto da dona Inés, depois passou pro
porto de casa, pensa minha filha lá aparece, demais vizagem e matinta pereira. Quando eu era
criança ainda, minha mãe trancava a casa bem cedo da noite e quando, davas seis horas em
diante da noite, virava o sururu no porto de tanta visagem e denoite beem de noite, a matinta
virava o bicho, era um assobio terive, que arrepiava todo o corpo. Ninguém, descia pro
terreiro, depois das seis da tarde.
Agente jantava as cinco horas e cada um procurava sua ariroca. Nos escutava grito, gemido,
tudo que é ruim e ate hoje aparece visagem lá. Por isso quando eu arrumei marido, nos
mudamos a casa, aqui pra beira da estrada.

O nosso terreno era muito grande, mas os japoneses quando vieram, roubaram mais da
metade. Digo assim, porque meu pai, pagava de dois em dois anos o INCRA, mas mesmo
assim os japoneses falcificaram o documento dizendo que era deles. Ai nos acabamos, ficando
só com a parte que nós moramos até hoje.
ANEXOS

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