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ABAETETUBA/PARÁ
2019
ABAETETUBA/PARÁ
2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O interesse pela temática é devido ser moradora da Comunidade do Jarumã e ter uma
vivência com esta comunidade e ao entrar na universidade meus horizontes ampliaram-se,
estimulando-me a refletir sobre a importância dos fatos históricos desta comunidade, seus
aspectos culturais e os desafios encontrados pelos trabalhadores em seu cotidiano.
Acrescento ainda que os moradores desta comunidade, majoritariamente não possuem
investimentos em infra-estruturas direcionadas a saúde, educação e subsídios para
desenvolver suas atividades conforme as especificidades do campo. Neste contexto observa-se
que os recursos são insuficientes para o desenvolvimento dessas atividades.
Porém para poder entender os fatores acima citado é preciso conhecer a história da
comunidade, quando surgiu, suas primeiras famílias, suas concepções, para poder entender
sua realidade atual, e isso só é possível através da memória de pessoas que vivenciaram esse
período.
A comunidade Jarumã inicialmente era uma pequena comunidade com poucas casas,
uma igreja, uma escola improvisada, estrada e ramais de terra batida, bem diferente de como é
hoje.
Seu povoamento se deu através da expansão de moradias, aumento da população, e as
famílias mais antigas foram construindo casas ao redor da área, pois cada morador tinha uma
quantidade significativa de terras.
Foram vendidas grandes áreas a pessoas que migraram da cidade para localidade, bem
como através da construção de um condomínio ofertado pelo projeto “Minha casa, minha
vida”, criado no ano de 2013, aproximadamente.
Na atualidade existe uma proposta de transformar a comunidade de Jarumã em bairro
justificando que esta já possui um posto médico, uma escola, uma creche, um condomínio,
quadra poliesportiva, estrada asfaltada e um aumento significativo da população, entre outros.
Porém para se obter informações sobre a história da comunidade de Jarumã precisa da
memória de pessoas que vivenciaram esse período.
Sabe-se que a memória dos moradores é composta por vivências, lugares, tempos em
diferentes momentos históricos, ressignificados, que consistem em nossos atos de lembrar e
esquecer a partir das evocações do presente (LE GOFF, 1994).
Diante desse contexto, apresentei as seguintes questões norteadoras: Como se originou
a comunidade de Jarumã? Quais foram às primeiras famílias? Quais as principais atividades
que foram e ainda são desenvolvidas pelos moradores da comunidade? Quais as dificuldades
enfrentadas pelos moradores rurais da localidade? Porque saíram para morar em outro
Município e depois voltaram para a comunidade? Esses questionamentos precisam serem
investigados, haja vista que a História da Comunidade de jarumã é pouco conhecida pelo
conjunto dos seus habitantes e pelos lugarejos e cidades vizinhas. Como moradora e futura
educadora gostaria que essa pesquisa ficasse como documentos gerais da comunidade para
gerações futuras.
O trabalho está estruturado...............................
CAPÍTULO I- O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA
1.1 Tipo de pesquisa
Como o objetivo de investigar a história do surgimento da comunidade de Jarumã, suas
práticas culturais e relações sociais a partir do reconhecimento de relatos orais dando ênfase a
história do lugar e em suas características, optou-se pela metodologia a pesquisa com
abordagens qualitativa e a história oral, segundo Minayo.
1 MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis:
Vozes, 2010.
2 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. p. 46.
manifestações de estruturas do discurso socialmente definidas e
aceitas, (motivo, fórmula, gênero, estilo). Por isso, é possível,
através dos textos, trabalhar com fusão do individual e do social,
com expressões subjetivas e práxis objetivas articuladas de maneira
diferente e que possuem mobilidade em toda narração ou entrevista 3.
Ainda para o autor, as fontes orais são de extrema importância para o andamento de
um trabalho de pesquisa, pois devemos ter todo cuidado para entrevistar e narrar essas fontes,
pois essas narrações poderão ser questionadas enquanto veracidade dos fatos.
[...] refletir que os documentos, sejam eles escritos, ou iconográficos, ou
orais, não expressam um significado, central, coerente, comunal, não são
transparentes nem inocentes, foram produzidos segundo determinados
interesses e estratégias, assim como implicam uma desigualdade na sua
apropriação. Mais do que perguntar o que um documento significa os
historiadores hoje perguntam como ele funciona4.
6 Cf. MACHADO, Jorge. O município de Abaetetuba: geografia física e dados estatísticos. Abaetetuba:
Alquimia, 2008. p. 12.
7 Idem.
Conceição como pagamento da promessa, conclusão, Francisco se salvou ele e sua família e
pagou a promessa8.
O mesmo construiu a capela, no local onde hoje se chama “Cruzeiro”, no início da
atual travessa Pedro Rodrigues às margens do rio Maratauíra, posteriormente ele tomou posse
da terra e comunicou ao governador da província do Pará. Construída a capela, em torno da
mesma se foram agrupando alguns casebres dando origem a um povoado9.
O fato criava embaraços ao município, que não era legítimo dono do seu
território. Iniciou-se um processo de desapropriação. Os advogados de ambas as
partes chegaram a um acordo. A diocese seria indenizada em dez contos de réis.
Uma nova escritura foi lavrada no dia 13 de outubro de 1904.
O povo fala que iniciou através de muitas famílias, como a família Pantoja, que
eram rico naquela época, a família Costa, a do pessoal dos Rodrigues, a família
Vasconcelos e a do Mourão (M2)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8 -REFERÊNCIAS
ALBERTI, Verena. Manual da história oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. p. 109
CORRÊA, Roberto Lobato. Processos espaciais e a cidade. Rio de Janeiro: IBGE. Revista
Brasileira de Geografia. Ano 41. n. 3. jul./set. 1979. Disponível em biblioteca.ibge.gov.br.
Acesso em janeiro de 2019.
Olha o Jarumã, começou a ser povoado daqui das cabeceiras do rio Jarumã, as primeiras casas
foi da família Pantoja, logo na frente a família Costa que era dos meus pais o senhor Manoel
Pereira da Costa e a minha mãe a Idalina Ferreira da Costa, mais na frente, a família do finado
Marciano Vasconcelos e da dona Antônia. Depois veio as famílias da dona Ines e da dona
Chica e depois a família do Miguel Rodrigues. Logo depois, a casa da dona Maria Paca
Vasconcelos e de seu esposo fogueteiro. Lá pra cima minha mãe dizia que tinha a família do
tio Migue Mourão, que naquele tempo, era a maior família que tinha.
Com o tempo, os filhos foram crescendo e ajudando família e fazendo casas nos terrenos dos
seus pais, que eram muito grandes. Depois, começaram vim gente de outras partes e
começaram a comprar terras e fazer casas, descendo aqui onde era só um caminho que é a
estrada de Beja. Nessa época tinha uma escolinha, que davam aula, mas não era assim como
agora com esse prédio ai grande, funcionava na época na casa do tio Miguel Mourão, onde eu
até estudei três mês. Eu até estudei nessa escola, mas era ruim porque não tinha cadeira, era só
uma mesa comprida e com um banco longo, um de cada lado da mesa.
A professora, que dava aula era a professora Deusa. Nessa casa onde era a escola, no final de
semana, faziam festa, era um barracão grande era lá que nos estudava, mas eu parei porque
tinha que ir ajudar meus pais a capinar a roça, porque isso era o nosso sustento, era de lá que
agente sobrevivia. Nesse tempo minha filha, escola era luz. Nós não tínha.. tempo nessa
época, era muito difícil, ou agente estudava ou agente trabalhava.
Aqui no começo, tinha também uma igreja, a igreja do Beca, que agora é a do São Miguel. O
homem que construiu essa capela, foi o finado Beca. Ele já tinha feito uma lá nas cabeceiras
do rio Jarumã, e depois fez essa daqui do Jarumã centro. O padre que rezava a missa eu me
lembro bem, era o padre Ilário. Aqui minha filha não tinha quase nada, só algumas casa que
era distante uma das outras, por causa dos terrenos grande que todas as famílias quase tinha, e
a igreja e a escolinha que funcionava no barracão de festa que eu te falei né.
Não tinha estrada, só tinha um caminho que levava até a cidade, para ir né pra cidade nos ia
andando, quando chegava nos igarapés agente atravessava por cima de umas estivas, feita de
açaizeiro e quando a agua tava grande então era pior, nos tinha que tirar a roupa e colocar na
cabeça e atravessar. Quando morria alguém, então tinha que levar o morto pelo rio na
montaria, pelo caminho não tinha condição. Nos tinha que atravessar três igarapé para poder
chegar na cidade.
Nesse tempo não se tinha carro, moto, bicicreta nada mesmo, depois de um tempo que
começou aparecer. Quando a gente fazia farinha, uma parte ficava para a gente cumer com e
outra era levado para a cidade para vender. Pra chegar lá na cidade, cada um levava um pouco
de farinha na cabeça. Depois de uns tempos prá cá, que foi apartecer umas bicicreta, mais só
serviu pra carregar mandioca, por que ninguém sabia andar. Eu mesmo, só aprendir andar de
bicicreta, depois de grande.
Também as famílias, aqui plantavam todo tipo de frutas. Naquele tempo não se comprava
quase nada, porque todos os pessoal plantava. Meu pai era descendente de índio, então o
nosso terreno tinha tinha de tipo que é planta: tinha bananal, cupuaçuzal, cacual, pupunhal,
açaizal, tinha de tudo mesmo. Agente levava fruta pra cidade, pra trocar e pra vender, e
sempre atravessando de igarape e ingarapé. O primeiro era o da fabrica, onde é agora o
balneário lago azul, o outro era o igarapé açu, aquele que fica perto do condomínio e outro é
aquele, lá perto do quartel da policia que não existe mais.
Agente, criava também galinha, porco, pato, era desse jeito que as famílias sobreviviam. O
porto onde descia os mortos, pra ir pra cidade, era o porto da dona Inés, depois passou pro
porto de casa, pensa minha filha lá aparece, demais vizagem e matinta pereira. Quando eu era
criança ainda, minha mãe trancava a casa bem cedo da noite e quando, davas seis horas em
diante da noite, virava o sururu no porto de tanta visagem e denoite beem de noite, a matinta
virava o bicho, era um assobio terive, que arrepiava todo o corpo. Ninguém, descia pro
terreiro, depois das seis da tarde.
Agente jantava as cinco horas e cada um procurava sua ariroca. Nos escutava grito, gemido,
tudo que é ruim e ate hoje aparece visagem lá. Por isso quando eu arrumei marido, nos
mudamos a casa, aqui pra beira da estrada.
O nosso terreno era muito grande, mas os japoneses quando vieram, roubaram mais da
metade. Digo assim, porque meu pai, pagava de dois em dois anos o INCRA, mas mesmo
assim os japoneses falcificaram o documento dizendo que era deles. Ai nos acabamos, ficando
só com a parte que nós moramos até hoje.
ANEXOS